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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Financeira e Contábil Renata Aparecida Azoni UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONFORME A NOVA LEI 11.638/07 LINS SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Financeira e

Contábil

Renata Aparecida Azoni

UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS

PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONFORME A

NOVA LEI 11.638/07

LINS – SP

2009

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RENATA APARECIDA AZONI

UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE

AUDITORIA CONFORME A LEI 11.638/07

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Financeira e Contábil sob a orientação dos professores André Ricardo Ponce dos Santos e Heloisa Helena Rovery da Silva.

Lins – SP

2009

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RENATA APARECIDA AZONI

UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE

AUDITORIA CONFORME A LEI 11.638/07

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Financeira e

Contábil.

Aprovada em:_________/_________/_________

Banca Examinadora:

Prof. M.Sc. André Ricardo Ponce dos Santos

Mestre em Administração pela Faculdade de Gestão e Negócios da

Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

___________________________________

Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

___________________________________

Lins – SP

2009

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AGRADECIMENTOS

A DEUS

Por iluminar sempre o meu caminho, e me dar forças nos momentos mais

difíceis e jamais me abandonar.

Obrigada senhor por tudo que me concedeste.

AOS MEUS ORIENTADORES ANDRÉ RICARDO E HELOISA DA SILVA

Obrigada pela compreensão, dedicação, disposição que sempre tiveram, e por

partilhar seus conhecimentos para a realização deste trabalho.

Parabéns pela competência e que Deus os abençoe sempre.

Renata Aparecida Azoni

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RESUMO

O presente estudo decorre da necessidade de aprimorar e aprofundar o conhecimento ao que se refere aos procedimentos de auditoria conforme a lei 11.638/07. Este estudo resgata dados históricos sobre auditoria, auditor, Ética, Responsabilidade Social, Educação Profissional Continuada e traz o conceito e alterações ocorridas com a vigência da lei que alterou e revogou alguns artigos da lei das Sociedades Anônimas que é a 6.404/76. O âmbito da sociedade anônima é extremamente importante atualmente, assim como foi historicamente, por possibilitar o desenvolvimento de atividades impossíveis sem o levantamento de capital e tornou-se um dos principais instrumentos do sistema capitalista, basta observar que, mesmo em menor quantidade possui a mesma relevância econômica, ou até maior, que as sociedades limitadas. Um dos aspectos mais importantes da nova lei é a maior transparência das informações, e abre definitivamente a economia brasileira para o mercado de capitais global atraindo assim novos investimentos, devido à introdução dos padrões contábeis confiáveis e universalmente conhecidos. Muitas melhorias foram sendo introduzidas na normatização contábil brasileira desde então por meio da CVM e de outros órgãos reguladores e como muitos sabem, a União Européia, em conjunto com mais outros setenta paises, adotam ou estão no caminho da adoção das normas do IASB – International Accounting Standards Board -, e o governo brasileiro assumiu o compromisso de também seguir esse caminho. Cabe ressaltar que esta lei não é, em si, a internacionalização, alguns de seus artigos adotam algumas dessas normas, mas, o que é muito importante, ela permite que o Brasil dite seu ritmo daqui para frente normatizando nessa direção, principalmente porque provoca a segregação entre a contabilidade societária e a fiscal, que era o maior motivo da impossibilidade de evolução Também não há dúvidas de que a implementação desta nova lei exigirá amplos debates e capacitação dos usuários, ou seja, um enorme impacto na qualificação profissional dos contadores, onde cabe ressaltar a importância da educação profissional continuada.

Palavras–chave: Auditoria. Sociedade Anônima. lei 11.638/07.

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ABSTRACT

This study arises from the need to enhance and deepen knowledge in regard to audit procedures as the law 11638/07. This study presents historical data on audit, auditor, Ethics, Social Responsibility, Continuing and Professional Education brings the concept and changes in the life of the law amending and repealing certain articles of the Law of Corporations which is 6404/76. The scope of the corporation is extremely important today, as it was historically, by enabling the development of activities impossible without the removal of capital and became a major instrument of the capitalist system, it suffices to note that, even in small amounts has the same economic relevance, or even more, the companies limited. One of the most important aspects of the new law is the greater transparency of information, and finally opening the Brazilian economy to the global capital market thereby attracting new investment, due to the introduction of reliable accounting standards and universally known. Many improvements have been made to standardize accounting Brazilian since then through the CVM and other regulatory bodies and as many know, the European Union, together with over seventy other countries, have adopted or are in the path of adoption of the standards of the IASB - International Accounting Standards Board - and the Brazilian government also undertook to follow this path. It is important that this law is not, in itself, internationalization, some of its articles adopt some of these standards, but very importantly, it allows the country dictate their pace going forward in this direction standardized, mainly because it causes the segregation between the accounting and corporate tax, which was the biggest reason for the impossibility of evolution There is no doubt that the implementation of this new law will require extensive discussions and training of users, an enormous impact on the professional qualifications of accountants, where it is emphasize the importance of continuing professional education

Word-keys: Audit. Anonymous Society. Law 11638/07.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BACEN – Banco Central do Brasil CFC – Conselho Federal de Contabilidade CPC – Comitê de Pronunciamento Contábil CRC – Conselho Regional de Contabilidade CVM – Comissão de Valores Mobiliários IAIB – Instituto de Auditores Independentes do Brasil IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade OIO – Instituto de Auditores Internos do Brasil PED – Processamento Eletrônico de Dados PIB – Produto Interno Bruto S/A – Sociedade Anônima SFN – Sistema Financeiro Nacional TCU – Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO I – A AUDITORIA.......................................................................... 12

1 CONCEITO E DEFINIÇÃO DE AUDITORIA......................................... 12

1.1 Origem da auditoria independente......................................................... 15

1.2 Surgimento da auditoria no Brasil.......................................................... 18

1.3 Tipos de auditoria................................................................................... 19

1.3.1 Auditoria no setor público....................................................................... 20

1.3.2 Auditoria independente.......................................................................... 20

1.3.3 Auditoria interna..................................................................................... 21

1.4 O auditor e órgãos nacionais................................................................. 24

1.5 Ética profissional.................................................................................... 27

1.6 Normas e procedimentos de auditoria................................................... 29

1.7 Normas profissionais de auditor independente...................................... 31

1.7.1 Competência técnica profissional........................................................... 31

1.7.2 Independência........................................................................................ 32

1.7.3 Responsabilidade do auditor na execução dos trabalhos...................... 32

1.7.4 Honorário................................................................................................ 33

1.7.5 Guarda da documentação...................................................................... 33

1.7.6 Sigilo....................................................................................................... 33

1.7.7 Responsabilidade pela utilização do trabalho do auditor interno........... 34

1.7.8 Responsabilidade pela utilização do trabalho de especialistas............. 34

1.7.9 Informações anuais aos conselhos regionais de contabilidade............. 34

1.7.10 Educação continuada............................................................................. 35

1.7.11 Exame de competência profissional....................................................... 35

1.8 Função social e responsabilidade do auditor......................................... 35

1.9 Legislação brasileira relacionada à auditoria......................................... 38

CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO DE MODO ESTRUTURADO DE

UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A LEI 6.404/76 E 11.638/07.......... 40

2 DEFINIÇÃO DAS LEIS 6.404/76 E 11.638/07....................................... 40

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2.1 Definição de s/a aberta e fechada...........................................................44

2.2 Empresas obrigadas a se enquadrarem como S/A................................ 45

2.3 Definição de lucro real............................................................................ 46

2.4 Análise comparativa entre a lei 6.404/76 e 11.638/07........................... 48

CAPÍTULO III – EVIDENCIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES OCORRIDAS

NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO............................................................................. 53

3 ELIMINAÇÃO DAS RESERVAS DE REAVALIAÇÃO, JÁ QUE

NOVAS REAVALIAÇÕES ESTÃO PROIBIDAS............................................. 54

3.1 Eliminação das reservas de prêmios por emissão de debêntures

e doações e subvenções para investimento..................................................... 56

3.2 Eliminação da conta de Lucros Acumulados, só poderá existir a

de prejuízos acumulados.................................................................................. 58

CONCLUSÃO................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS................................................................................................ 62

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INTRODUÇÃO

Condizentes que o cenário contábil sofre inúmeras alterações em sua

legislação, as empresas buscam constantemente profissionais que possa

auditar suas informações de modo que se obtenha clareza e confiabilidade nos

números apresentados.

O auditor independente é possuidor de uma capacidade profissional que

permite a utilização de procedimentos adequados com os trabalhos de

auditoria, trabalhos que se tornam mais complexos quando a empresa está

enquadrada pela legislação do lucro real.

Muitas empresas estão migrando para a tributação do lucro real, porém

é importante e necessário que os proprietários estejam cientes das diversas

obrigações, principalmente porque a determinação do lucro é com base em

demonstrações financeiras trimestrais e consequentemente semestrais e

anuais.

Sendo assim, essa legislação tributária exige que as empresas optantes

pelo lucro real mantenham atualizadas e a disposição do fisco a escrituração

contábil e fiscal.

O descumprimento das obrigações tributárias pode caracterizar crime

contra a ordem tributária, mas cabe ressaltar que a lei não pune a simples falta

de recolhimento de tributos, e sim a que decorre da adoção de meios

fraudulentos para supressão ou redução de tributos devidos.

Portanto, o auditor deve tomar muito cuidado para não fazer juízos com

base em meras conjecturas, o dolo e fraudes devem ser provados em qualquer

hipótese.

Diante do exposto, percebe-se que um trabalho de auditoria em uma

empresa enquadrada pela legislação do lucro real, deve ser muito minucioso,

ou seja, complexo.

No final de 2007, entrou em vigor a lei 11.638/07 que altera e revoga

alguns artigos da lei 6.404/76 e 6.385/76 que regulamenta as sociedades

anônimas, que são obrigatoriamente optantes pelo lucro real. Assim, existem

normas e procedimentos de auditoria, onde os procedimentos se refletem nas

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ações a serem praticadas e as normas tratam das medidas de qualidade de

execução dessas ações.

A lei 6.404/76, há mais de trinta anos, provocou a maior revolução da

história da normatização contábil brasileira, modernizando-a enormemente à

época.

Muitas melhorias foram sendo introduzidas na normatização contábil

brasileira desde então por meio da Comissão de Valores Mobiliários - CVM e

de outros órgãos reguladores, e agora no final de 2007 com a aprovação da lei

11.638/07, mais um enorme avanço foi dado, pois esta lei permite que a nossa

contabilidade possa convergir rapidamente com as normas internacionais.

Essa lei, não é em si, a internacionalização, mas já alguns de seus

artigos adotam algumas dessas normas, mas o que é muito importante, ela

permite que o Brasil dite seu ritmo daqui para frente normatizando nessa

direção.

Sua importância está na medida do que se propõe alinhar os princípios

contábeis utilizados no país ao padrão IFRS (International Financial Reporting

Standards).

Utilizado em diversos paises, dando mais transparência ao desempenho

das empresas e segurança ás operações, reduzindo assim o risco nos

negócios.

Assim, surgiu à necessidade de pesquisar o trabalho do auditor

independente, se está mais complexo frente às novas exigências da lei

11.638/07? Pois, essa nova lei contábil causou um enorme impacto na

qualificação profissional dos auditores, e também contadores que devem

alinhar-se diante da nova lei, para atender a todos os requisitos.

O objetivo desse trabalho é resgatar os principais conceitos e

características sobre os trabalhos de auditoria, assim como evidenciar o perfil

de um auditor perante a legislação do Conselho Federal de Contabilidade e

Conselho Regional de Contabilidade - CFC/CRC.

Diante da nova lei, apresentar de modo estruturado uma análise

comparativa entre a lei 11.638/07 e 6.404/76, e demonstrar as alterações

ocorridas no patrimônio líquido.

Para realizar este trabalho, foi utilizado o método de pesquisa

bibliográfica, sendo que, a revisão realizada tem base nas linhas teórica dos

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seguintes autores: Almeida, Andrade, Attiê e Crepaldi, abrangendo o período

de 1998 a 2008.

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CAPÍTULO I

A AUDITORIA

1 CONCEITO E DEFINIÇÃO DE AUDITORIA

No âmbito de estudo da ciência contábil, os trabalhos de auditoria estão

sendo considerados instrumentos de aferição de procedimentos contábeis

empregados em uma organização. Neste contexto, segundo Franco e Marra

(2001), a contabilidade, através de suas técnicas e procedimentos, estuda e

controla o patrimônio, com a finalidade de demonstrar e fornecer informações

sobre sua estrutura e sua composição.

Entre as mais diversificadas áreas de atuação das diversidades da

ciência contábil, a auditoria vem alcançando um desenvolvimento excepcional.

O trabalho de auditoria compreende o exame de documentos, livros e

registros, inspeções e obtenções de informações e confirmações internas e

externas, relacionados com o controle do patrimônio de uma determinada

entidade ou conjunto de aziendas.

Os exames são efetuados de acordo com as normas de auditoria

geralmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgarem

necessários, para obter elementos de convicção com o objetivo de comprovar

se os registros contábeis foram executados de acordo com os princípios

fundamentais e normas de contabilidade, e se suas demonstrações contábeis

refletem adequadamente a situação econômica financeira do patrimônio da

organização.

A auditoria é a técnica contábil utilizada para avaliar as informações

geradas pela contabilidade, sendo assim a auditoria é um complemento

indispensável para que os princípios fundamentais da contabilidade sejam

cumpridos na íntegra.

O trabalho de auditoria vangloria a contabilidade, pois fiscaliza o controle

do objeto comum, o patrimônio, que através de suas técnicas, obtém

informações sobre a mutação do mesmo.

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Este procedimento tão empregado tem como objetivo confirmar a

confiabilidade dos meios na qual ela utiliza os registros dos fatos e as

demonstrações contábeis, aperfeiçoando seus fins, e auxiliando na divulgação

de informações para fins de orientação administrativa e de investidores, assim

como no cumprimento de obrigações legais, fiscais e controle patrimonial.

Através desta, atesta-se a adequação dos registros e informando as

deficiências observadas.

Sendo assim:

Auditoria é a técnica contábil que através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações relacionadas com o controle do patrimônio de uma entidade, objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas de contabilidade e se as demonstrações contábeis refletem adequadamente a situação econômica financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 28).

O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do

patrimônio administrativo, os quais compreendem registros contábeis, papéis,

documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a veracidade dos

registros e a legitimidade dos atos da administração.

Admite-se também, que a auditoria pode ter por objeto os fatos não

registrados documentalmente, mas relatados por aqueles que exercem

atividades relacionadas com o patrimônio administrativo, cuja informação

mereça confiança.

Pode a auditoria, basear-se em informações obtidas externamente a

organização, como à confirmação de contas correntes de terceiros e de saldos

bancários. Essas informações de fontes externas oferecem melhores

características de credibilidade do que aquelas obtidas dentro da própria

entidade auditada.

Sobre este objeto a auditoria exerce sua ação preventiva, para

confirmar a veracidade dos registros e a confiabilidade dos comprovantes, com

a finalidade de opinar sobre as demonstrações contábeis.

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O fim principal da auditoria é a confirmação dos registros contábeis e

demonstrações contábeis e alcançado seus objetivos, ela contribui para

confirmar os próprios fins da contabilidade, pois avalia a adequação dos

registros, dando à administração, ao fisco, e aos proprietários, a convicção de

que suas demonstrações contábeis refletem ou não a situação do patrimônio

em um determinado momento.

Entretanto, a finalidade da auditoria não é apenas de confirmar a

existência dos registros e sua veracidade, mas vai além, julgando da

moralidade do ato praticado. O registro poderá estar tecnicamente elaborado,

assim como o fato ser legalmente comprovado, porém o ato da administração

poderá ser moralmente indefensável, cabendo para a auditoria apontá-lo para

julgamento dos titulares do patrimônio da organização ou de seus possíveis

credores.

Embora a auditoria não se destine a descoberta de fraudes, erros ou

irregularidades praticadas por administradores ou funcionários, ela

frequentemente apura tais fatos, através de procedimentos que lhe são

próprios.

A auditoria deixou de ser apenas um instrumento criado pela administração para aumentar seus controles sobre o pessoal administrativo. Atualmente é meio indispensável de confirmação da eficiência dos controles e fator de maior tranqüilidade para a administração e maior garantia para investidores, bem como para o próprio fisco, que tem na auditoria o colaborador eficiente e insuspeito, que contribui indiretamente para melhor aplicação das leis fiscais. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 34).

Para a sociedade em sua plenitude, à auditoria oferece algumas

vantagens, nas quais pode-se destacar:

a) permite a credibilidade das demonstrações contábeis das

organizações auditadas;

b) assegura a veracidade das informações, das quais dependerá a

tranqüilidade quanto à sanidade das organizações; e

c) informa, através de suas demonstrações contábeis, o conjunto das

organizações, o grau de evolução e solidez da economia nacional.

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1.1 Origem da auditoria independente

De acordo com Boynton; Johnson e Kell (2002), a auditoria surgiu em

época tão remota quanto à contabilidade. As autoridades providenciavam

verificações independentes nos registros de arrecadação de impostos, na

Grécia eram realizadas inspeções nas contas de funcionários públicos, os

romanos comparavam gastos com autorizações de pagamentos, e os nobres

de castelos medievais ingleses indicavam auditores que revisavam os registros

contábeis e relatórios preparados pelos criados. Sob a ótica de Attiê, os

trabalhos de auditoria são originários da Inglaterra.

Segundo se tem noticias a atividade de auditoria é originária da Inglaterra que, como dominadora dos mares e do comércio em épocas passada, teria iniciado a disseminação de investimentos em diversos locais e por conseqüência, o exame dos investimentos mantidos naqueles locais. (ATTIÊ, 1998, p. 27).

A auditoria das organizações começou com legislação britânica durante

a Revolução Industrial em meados do século XIX. Com a expansão do

mercado e o acirramento da concorrência, houve a necessidade das

organizações ampliarem suas instalações fabris e administrativas, investirem

no desenvolvimento tecnológico e aprimorarem os controles e procedimentos

internos, visando a redução de custos e a maximização dos lucros.

Para processar todas essas mudanças as organizações tiveram que

adquirir recursos junto a terceiros, principalmente empréstimos a longo prazo,

assim como a abertura de seu capital para novos acionistas. Diante disso,

houve então, uma necessidade de informações para que os investidores

pudessem avaliar seu futuro investimento.

A melhor forma de obter essas informações é através das

demonstrações contábeis, devendo estas conter dados fidedignos para sua

mensuração.

Desde então essas demonstrações passaram a ter uma importância

significativa, já que a auditoria atua como medida de segurança contra a

possibilidade de manipulação das informações. Assim, os futuros investidores

passaram a exigir que as demonstrações fossem examinadas por um

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profissional independente da organização com capacidade técnica

reconhecida, esse profissional, é o auditor externo ou independente.

Inicialmente, os trabalhos de auditoria tinham que ser realizados por um

o mais acionistas, que não fossem administradores da organização e que

recebiam delegação dos demais acionistas.

A profissão contábil rapidamente se apresentou para atender às

necessidades do mercado e logo a legislação foi alterada, permitindo que

outras pessoas que não fossem acionistas realizassem a auditoria, empresas

de auditoria, então surgiram.

No inicio do século XX, a demanda por auditoria expandiu velozmente

em razão do crescimento da venda de títulos ao público, tornando necessária a

uniformidade na apresentação das demonstrações contábeis.

Na década de quarenta, eram observadas três alterações importantes na

prática de auditoria, a saber:

a) passagem de verificação detalhada das contas para verificação por

amostragem como base para emissão de parecer sobre a adequação

das demonstrações contábeis;

b) desenvolvimento da prática de vincular os testes a serem realizados

à avaliação dos controles internos da entidade auditada; e

c) redução da ênfase na detecção de fraudes como objetivo de uma

auditoria.

Na década de oitenta, para que houvesse serviços de alta qualidade, os

auditores independentes foram obrigados a participar anualmente de

programas de educação profissional continuada, como condição para que

mantivessem seus registros.

Assim, voluntariamente, a profissão adotou um programa de revisão por

partes, onde cada empresa de auditoria submete suas práticas de

contabilidade e auditoria por outra, a cada três anos.

Nos anos noventa, começou um período de transação para os setores

de contabilidade e auditoria, pois nessa época as práticas empresariais

estavam modificando-se rapidamente e a contabilidade sofreu grande impacto

da tecnologia da informação.

Segundo Cook e Winkle (1979), a prática da auditoria independente,

desenvolveu-se com o passar do tempo para atender as necessidades de

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vários usuários da demonstração contábil e outros relatórios, e por

conseqüência da confiabilidade do trabalho do auditor independente, esta

atividade transformou-se em profissão.

As primeiras auditorias consistiam em exames detalhados dos registros

e destinavam em verificar se os lançamentos estavam corretos e sua finalidade

era detectar desfalques.

Com a expansão do sistema contábil e o envolvimento do maior número

de pessoas, foi possível dividir o trabalho dentro da empresa, auditores

internos tornaram-se parte importante do sistema de controle interno.

Segundo Cook e Winkle (1979), os exames de auditoria tornaram-se

proibitivo devido seu elevado custo, pois chegou-se a conclusão de que os

objetivos de se detectarem erros e falhas poderia ser atingido através de um

bom sistema de controle interno, assim o papel do auditor mudou, passando a

busca de erros para o exame do sistema e testes de evidências, de modo que

se pudesse emitir um parecer sobre a exatidão das demonstrações contábeis.

Nos dias de hoje o exame de auditoria consiste em:

a) um exame do sistema de controle interno contábil para determinar se

o modo em que é projetado permite a manutenção de registros

exatos;

b) testes das transações a fim de determinar se o sistema de controle

contábil funciona como deve; e

c) testes de evidências para confirmar os dados apresentados nas

demonstrações financeiras.

A finalidade da auditoria moderna, geralmente, não é de descobrir desfalques, e sim de possibilitar ao auditor emitir seu parecer sobre a fidedignidade das demonstrações financeiras apresentadas. (COOK; WINKLE, 1979, p.14).

Sendo assim, vem ao encontro com Almeida (2003), segundo o autor,

não é objetivo principal do auditor externo detectar irregularidades, mas sim

examinar as demonstrações contábeis de acordo com as normas de auditoria.

A auditoria independente é exercida por firmas de contadores, as quais

variam de tamanho, a menor delas se compõe de um único contador e do outro

extremo, grandes firmas internacionais com vários contadores na posição de

sócio e outros que compõem o pessoal.

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Os profissionais que trabalham sozinhos devem estar aptos a

reconhecerem os limites de sua capacidade, pois só se devem prestar serviços

para os quais se estiverem realmente preparados para a consecução de suas

atividades.

Segundo Attiê (1998), a auditoria tem experimentado expressiva

evolução nos últimos anos, permitindo aos que trabalham na área um

crescimento substancial de conhecimento em todos os campos que envolvem a

contabilidade e os demais setores de uma empresa.

Atualmente a auditoria é vista como instrumento de controle

administrativo.

A auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado. (ATTIÊ, 1998, p.25).

Para Attiê (1998), a causa da evolução da auditoria, foi o

desenvolvimento econômico dos Paises.

A veracidade das informações, o cumprimento das metas, a aplicação

de capital investida de forma licita e o retorno do investimento, foram algumas

das preocupações que exigiram a opinião de alguém não ligado aos negócios e

que confirmasse de forma independente a qualidade e a precisão das

informações prestadas, dando desta forma o ensejo ao aparecimento do

auditor.

1.2 Surgimento da auditoria no Brasil

Por volta da década de 1940, surgiu a auditoria no Brasil, que estava

relacionada com a instalação de empresas internacionais de auditoria

independente, uma vez que investimentos também internacionais foram aqui

implantados e consequentemente tiveram de ter suas demonstrações

financeiras auditadas.

Esse fato ocorreu em função da necessidade legal, principalmente nos

Estados Unidos da América, de os investimentos provenientes do exterior.

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Essas empresas praticamente iniciaram a auditoria no Brasil, e

trouxeram todo um conjunto de técnicas de auditoria, que posteriormente foram

aperfeiçoadas.

Somente em 1965, pela lei nº. 4728 foi mencionado pela primeira vez na

legislação brasileira a expressão auditores independentes.

Posteriormente, o Banco Central do Brasil - BACEN, estabeleceu uma

série de regulamentos, tornando obrigatória a auditoria externa ou

independente em quase todas as entidades integrantes do Sistema Financeiro

Nacional – SFN e companhias abertas.

O BACEN estabeleceu também por meio da circular nº. 179, de 11 de

maio de 1972 as normas gerais de auditoria, ressalta-se que a resolução nº.

321/72 do CFC aprovou as normas e procedimentos de auditoria, os quais

foram elaborados pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil –IAIB-,

atualmente denominado IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores.

Mais recentemente, a lei das sociedades por ações, lei nº. 6404/76 em

seu artigo 177, determinou que as demonstrações financeiras ou contábeis das

companhias abetas (ações negociadas em bolsa de valores), fossem

obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na CVM.

A lei das sociedades anônimas determinou que as companhias abertas,

além de observarem as normas expedidas pela CVM, serão obrigatoriamente

auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão.

A lei nº. 6385, de 7 de dezembro de 1976, criou a CVM e estabeleceu a

disciplina e fiscalização para as atividades de auditoria das companhias

abertas, dando à referida comissão atribuição de examinar a seu critério os

registros contábeis, livros ou documentos dos auditores independentes.

Somente auditores independentes registrados na CVM, poderão auditar

companhias abertas, instituições, sociedades ou empresas que integram o

sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários.

1.3 Tipos de auditoria

1.3.1 Auditoria no setor público

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20

A Constituição Federal de 1988 foi quem determinou as regras em

relação a fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial da

União.

A auditoria no setor público é a atividade de avaliação independente,

que deve avaliar a eficiência e a eficácia dos sistemas de controle, verificando

a observância à legislação vigente, visando assegurar a correta aplicação dos

bens públicos.

Ela é exercida pelo Congresso Nacional, com o auxilio do Tribunal de

Contas da União - TCU, e pelo sistema de controle interno dos Poderes

Legislativos, Executivo e Judiciário.

O controle interno do Poder Judiciário é composto pelo Conselho da

Justiça Federal, o controle interno do Poder Executivo pela Secretaria Federal

de Controle Interno, e o Poder Legislativo pelo Tribunal de Contas da União e o

Congresso Nacional.

Os objetivos da auditoria do setor público são: avaliar e julgar as contas

dos gestores dos recursos públicos; fiscalizar a aplicação de quaisquer

recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajustes ou outros

instrumentos congêneres a Estado, ao Distrito Federal ou a Município e

verificar a observância às normas.

Para exercer a auditoria no setor público, o profissional auditor deve

conhecer a legislação aplicável à área auditada, assim como às técnicas de

auditoria, contabilidade e noções de direito.

Como em qualquer tipo de auditoria, o profissional auditor deve ter

facilidade para obter e manusear os dados, assim como ser detentor de uma

grande capacidade expressiva.

Diante dessas qualificações, os resultados serão apresentados em

formas de relatórios, elaborado segundo normas próprias de auditoria.

1.3.2 Auditoria independente

De acordo com Attie (1998), esta é uma atividade que deve avaliar a

eficiência e a eficácia dos sistemas de controle de toda a entidade, visando

assegurar a consistência dos dados contábeis.

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21

Tem por objetivo, emitir parecer sobre as demonstrações financeiras, de

acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação específica,

aplicada a cada entidade.

As demonstrações financeiras das companhias abertas são obrigadas a

serem auditadas por auditores independentes registrados na CVM.

O auditor deve manter-se atualizado com os Princípios Fundamentais e

Normas Brasileiras de Contabilidade, com as técnicas contábeis,

especialmente na área de auditoria.

Para que o auditor independente possa assumir a responsabilidade por

uma auditoria, ele deve conhecer a atividade da organização, tornando desta

maneira, mais fácil à compreensão das transações e as praticas contábeis

utilizadas pela entidade.

É através do parecer que o auditor expressará sua opinião sobre as

demonstrações contábeis, e através do mesmo, o auditor assume uma

responsabilidade técnico-profissional.

1.3.3 Auditoria interna

A auditoria interna é um conjunto de procedimentos técnicos que tem por

objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos da

entidade.

Esta é uma atividade exclusiva do contador registrado no CRC, segundo

norma do CFC.

A auditoria interna é autônoma e independente, e contribui com os

resultados da organização cumprindo sua meta básica, emitir opinião

conclusiva a respeito das operações examinadas; avaliar os fluxos, sistemas,

planos de controle interno e desempenho da organização; auxiliar a alta

administração e os demais membros da área administrativa.

A auditoria interna pode atuar em qualquer tipo de entidade, seja pública

ou privada, porém de acordo com o decreto nº. 84.128/79, as entidades

públicas, sociedade de economia mista, e todas controladas direta ou

indiretamente pela União, autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo

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Poder Público e os órgãos da administração direta, deverão manter unidade de

auditoria interna.

É responsabilidade do órgão de auditoria interna e do auditor interno,

individualmente demonstrar competência profissional. O órgão deve escolher

auditores que possuam em conjunto a experiência e os conhecimentos

técnicos necessários para execução das tarefas com eficiência.

Para o exercício da auditoria interna, é necessário o conhecimento

especializado em controles internos, para facilitar a identificação de

deficiências ou possibilidades de melhorias, devendo os auditores serem

capazes de comunicar-se bem, verbalmente e por escrito, para transmitir seus

objetivos, métodos, conclusões e recomendações com eficácia.

É através do relatório que é um instrumento técnico, que o auditor

comunica os trabalhos realizados, ele deve ser redigido com objetividade e

imparcialidade. Trata-se de um documento confidencial e deve ser apresentado

ao superior imediato ou a pessoa autorizada que tenha solicitado.

Neste relatório destacam-se as causas de alguma vulnerabilidade do

controle interno identificado às conseqüências geradas, identificadas ou

passiveis de ocorrer, procurando relatar as recomendações para fortalecer o

controle interno.

Segundo Motta (1992), existem formas de auditoria que compõem esses

três tipos mencionados anteriormente, essas formas serão utilizadas de acordo

com a atividade de cada empresa auditada, as mais usadas são: auditoria

operacional; auditoria de balanço; auditoria de PED (processamento eletrônico

de dados); e perícia contábil.

1.3.3.1 Auditoria operacional

Essa auditoria na maioria dos casos aplica-se em empresas industriais,

entretanto, a maneira de proceder da auditoria operacional, pode ser aplicada a

operações típicas de instituições financeiras e empresas comerciais.

1.3.3.2 Auditoria de balanço

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Este trabalho é o mais comum na área de auditoria, pois constitui-se em

emitir uma opinião sobre as demonstrações financeiras, e esta opinião é

formada através da avaliação do controle interno, o qual produz as

demonstrações que representam a posição patrimonial e financeira da entidade

auditada, de conformidade com princípios contábeis geralmente aceitos.

1.3.3.3 Auditoria de processamento eletrônico de dados

Auditores da área contábil deparam-se muitas vezes com controles onde

as operações são processadas eletronicamente, todavia, o objetivo geral de

uma auditoria não muda em um ambiente de processamento eletrônico de

dados - PED, mas a utilização de um computador muda o processamento,

armazenamento e comunicação das informações contábeis, podendo afetar o

sistema de controle interno. Desta forma o auditor deve ter conhecimento

suficiente do ambiente de PED para planejar, executar, supervisionar e revisar

o trabalho realizado pela equipe de auditoria.

O auditor deve considerar a necessidade, ou não, de utilizar a ajuda de

um especialista em PED para completar sua avaliação e entendimento do

controle interno da entidade, pois um ambiente de PED pode afetar os

procedimentos seguidos pelo auditor para obter um entendimento suficiente

dos sistemas de controles internos e contábeis; a avaliação do risco inerente e

do risco de controle por meio dos quais o auditor chega a avaliação do risco de

auditoria e pode afetar o planejamento e execução dos testes de controle e

aplicação de procedimentos adequados para alcançar o objetivo de auditoria

por parte do auditor.

Mesmo com a ajuda do especialista, o auditor pode aplicar determinados

testes no PED para certificar-se de que todos os documentos estão sendo

processados, sendo assim, o resultado deste teste levará o especialista a

formar uma opinião.

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1.3.3.4 Perícia contábil

Realiza-se em litígio quando algum dado financeiro tenha de ser

comprovado, o juiz em questão nomeará um perito que irá aplicar testes para

obter a referida comprovação.

Apesar de não ser um auditor o perito aplicará testes idênticos a um

trabalho normal de auditoria. O laudo a ser emitido pelo perito será especifico

para a atuação em que tiver sido nomeado, o perito se restringirá a comprovar

o valor da ação e nunca poderá emitir uma opinião sobre o desfecho da

questão.

1.4 O auditor e órgãos nacionais

Para ser um auditor, é necessário ser bacharel em ciências contábeis

com registro no Conselho Regional de Contabilidade da região do profissional

contábil, porém são várias as condições que o auditor deve preencher para o

exercício de sua profissão, entre elas, culturais e técnicas.

Nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros Países desenvolvidos,

esses profissionais após obterem o diploma em faculdade devem ter

experiência necessária e ainda submetem-se a um exame da capacidade

técnica para obterem o titulo de Contador Público Certificado, que os habilita a

praticar a auditoria. Em alguns estados, o período de experiência é mais curto

ou às vezes essa exigência é eliminada para os indivíduos que tenham

conhecimento profundo em contabilidade.

No Brasil, para ser um auditor independente, além de ser um contador

habilitado, para atuar em áreas regulamentadas como mercado de capitais;

companhias abertas; sistema financeiro de habilitação; sociedade de economia

mista e órgãos públicos além de outros, o auditor independente precisará ser

credenciado na CVM.

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O auditor deve ter capacidade para lidar com pressão por prazos e

resultados, ser discreto e manter sigilo sobre as informações e principalmente

fazer parte de um processo de educação profissional continuada, pois através

do mesmo, estará sempre atualizado como exige a profissão.

Assim como a auditoria, os auditores também são classificados em três

grupos, a saber:

a) Auditores independentes;

b) Auditores internos; e

c) Auditores públicos.

O auditor tornou-se um profissional com participação estratégica no

desenvolvimento da competitividade da organização, e os principais motivos

que levam uma organização a contratar um auditor independente são:

obrigação legal; medida de controle interno tomado pelos acionistas,

proprietários ou administradores; imposição de um banco para ceder

empréstimo; imposição de fornecedor para financiar a compra; atender

exigências do próprio estatuto ou contrato social; para efeito de compra da

empresa; para efeito de incorporação, cisão e fusão da empresa; e para fins de

consolidação das demonstrações contábeis.

O auditor independente é um profissional contratado pela empresa para opinar sobre suas demonstrações financeiras, que representam informações contábeis fornecidas por esta, consequentemente a responsabilidade do auditor independente restringe-se a sua opinião ou parecer expressos sobre essas demonstrações financeiras. (ALMEIDA, 2003, p. 32).

Os principais órgãos relacionados com os auditores são: CVM;

IBRACON; CFC; CRC; e OIO.

CVM: A Comissão de Valores Mobiliários é uma entidade autárquica e

vinculada ao Ministério da Fazenda, ela funciona como órgão fiscalizador do

mercado de capitais no Brasil, foi criada pela lei nº. 6.385/76. O auditor

independente que pretende exercer atividade no mercado de valores

mobiliários (companhias abertas e instituições, empresas que integram o

sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários), deve

providenciar o seu registro na CVM.

Segundo a instrução nº. 04/78 da CVM, o auditor independente para

obter o registro, deve comprovar cumulativamente:

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a) estar registrado no CRC;

b) haver exercido atividade de auditoria por um período não inferior a

cinco anos, contando a partir da data de registro no CRC;

c) ter no mínimo cinco auditorias publicadas em jornal de grande

circulação; e

d) estar exercendo atividade de auditoria, mantendo escritório

profissional legalizado, em nome próprio, com instalações

compatíveis com o exercício da atividade de auditoria independente.

A CVM também estabelece normas de contabilidade a serem seguidas

pelas citadas sociedades, a saber: norma de avaliação de investimento pelo

método de equivalência patrimonial; norma de consolidação de demonstração

financeira e reavaliação de ativos.

IBRACON: Instituto Brasileiro de Contadores, antes denominado Instituto

dos Auditores Independentes do Brasil. O Ibracon é uma pessoa jurídica de

direito privado sem fins lucrativos e eminentemente técnica, tem como objetivo,

fixar princípios de contabilidade, e elaborar normas e procedimentos

relacionados com auditoria interna e externa e também perícia contábil.

A partir de 08 de junho de 2001, o IBRACON passou a denominar-se

Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, aprovado pela assembléia

Geral Extraordinária. Congrega profissionais de diferentes atividades, com

interesse no estudo técnico da contabilidade.

O Ibracon está dividido em seis câmaras, a saber:

a) Auditores independentes;

b) Auditores internos;

c) Peritos judiciais;

d) Contadores da área privada;

e) Contadores da área pública; e

f) Câmara dos professores.

O IBRACON tem as categorias associadas, que são membros e

estudantes. O membro deverá estar registrado no CRC e atuando na área

profissional em que deseja participar. O estudante deverá comprovar que está

estudando no curso de ciências contábeis.

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Assim como a CVM, o Ibracon também emite normas de contabilidade:

contabilização de variação cambiais; investimentos; estoques; imobilizado;

ativo diferido e outros.

CFC e CRC: O Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos

Regionais de Contabilidade foram criados pelo decreto lei nº. 9.295, de 27 de

maio de 1946. Esses representam entidades de classe dos contadores, ou

seja, é o local onde o aluno, após concluir o curso de ciências contábeis na

universidade se registra na categoria de contador.

A finalidade principal desses conselhos é o registro e a fiscalização do

exercício da profissão de contabilista.

OIO: Instituto dos Auditores Internos do Brasil, fundado em 20 de

novembro de 1960, é uma sociedade civil de direito privado e sem fins

lucrativos. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento da auditoria

interna, mediante intercambio de idéias, reuniões, conferencias, congressos e

outros. Os membros do OIO constituem-se em três classes:

a) membros efetivos: nesta classe são aceitos somente auditores

internos;

b) membros associados: nesta classe são aceitos auditores

independentes, educadores, escritores e outros, desde que não se

qualifiquem como membros efetivos e se ocupem de assuntos

relativos à auditoria; e

c) membros honorários: esta classe é composta de pessoas que por

grandes serviços prestados à auditoria interna ou ao Instituto,

mereçam reconhecimento por unanimidade da diretoria e aprovação

do conselho deliberativo.

1.5 Ética profissional

A ética é um assunto muito relevante na profissão contábil, diante disso, é

necessário o trabalho de conscientização no que diz respeito a melhor conduta

do profissional.

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Através desta conscientização é que entenderemos o conceito de ética

como forma normatizadora da conduta humana na profissão de auditor.

Ética vem da palavra grega Ethos que significa caráter.

Moral refere-se ao que é certo e errado no comportamento humano,

assim ética lida com questões que tratam da interação entre pessoas.

A ética estuda a ação representada pela conduta humana, e essa ação é

variável e passível de observação.

A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis apresenta uma versão

simplificada do conceito de ética, como sendo um ramo da filosofia com o que

é moralmente bom ou mal certo ou errado, concluindo assim o raciocínio de

que ética e moral são sinônimos.

A ética profissional deve incluir normas de comportamento que tenham

finalidades tanto práticas quanto idealísticas que o profissional possa utilizar.

Com o passar do tempo às pessoas e principalmente os profissionais,

vão entendendo a importância do comportamento ético para um bom

desempenho de suas profissões.

Embora possam ser concebidos para encorajar comportamento ideal,

códigos de ética profissional devem ser simultaneamente realistas e aplicáveis.

Segundo Boynton; Johnson e Kell (2002), um código de ética para que

faça sentido, deve estar acima da lei e abaixo do ideal, e o mesmo afeta muito

a reputação de uma profissão e a confiança com que ela é vista.

Uma profissão precisa ser reconhecida não somente pela qualidade dos

serviços que presta, mas também por seus valores.

Os cinco valores a seguir, foram identificados como valores básicos

associados à profissão de auditor independente, com registro no CRC:

a) educação continuada e aprendizagem pela vida inteira;

b) competência;

c) integridade;

d) atualização com questões amplas de negócios; e

e) objetividade.

Em conjunto esses valores são importantes para que a profissão

obtenha confiança dos que utilizam seus serviços.

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Todo profissional deve ter consciência de sua profissão e através dessa

consciência, ele conseguirá garantir a condução de suas atividades dentro dos

padrões morais que exige sua profissão.

É comum ouvir-se dizer que a ética é filha da moral, observando que há

pessoas com excelente comportamento ético, mas não tem comportamento

moral, e da mesma forma, pode ter um ótimo comportamento moral e um

péssimo comportamento ético.

Quando a pessoa consegue unir as duas virtudes, pode-se dize que ela

é dotada de um ótimo caráter. Assim, considera-se a ética como um estado de

espírito, é quase hereditário, é familiar. Enquanto a moral é adquirida pela

pessoa através do conhecimento e da vida, ou seja, ética vem do berço, e a

moral está relacionada com a cultura.

Com o cumprimento digno de seu trabalho, o profissional terá

reconhecimento pessoal e prosperidade, para tanto é necessário o

conhecimento da ética profissional, ou seja, as normas de conduta que regem

o exercício da profissão, tanto para alcançar a qualidade dos serviços, quanto

em defesa de toda classe profissional.

Conforme Boynton; Johnson e Kell (2002), a Fundação Instituto de

Pesquisas Contábeis dividiu a expressão ética em ramos distintos, e assim

definiu como ética pessoal aquela normalmente aplicada em referência aos

princípios de conduta das pessoas em geral, e como ética profissional a que

serve como indicativo do conjunto de normas que baliza a conduta dos

integrantes de determinada profissão.

1.6 Normas e procedimentos de auditoria

As normas de auditoria se diferem dos procedimentos, pois os mesmos

se relacionam com as ações a serem praticadas, e as normas tratam das

medidas de qualidade da execução destas ações e dos objetivos a serem

alcançados.

As normas dizem respeito às qualidades profissionais do auditor e sua

avaliação pessoal pelo exame efetuado e o relatório emitido.

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As normas de auditoria fixam limites nítidos de responsabilidades e dão

orientação útil quanto ao comportamento do auditor em relação à capacitação

profissional e aos aspectos requeridos para a execução de seu trabalho.

À medida que as necessidades determinam à aplicação de novas

normas, que são aceitas pela profissão contábil, elas passam a ser designadas

normas de auditoria geralmente aceitas.

As normas gerais e não especificas são semelhantes em todos os

paises, variam apenas no grau de detalhamento, como decorrência da

evolução profissional e novas circunstâncias que devem ser consideradas no

exercício da função do auditor.

Os paises economicamente mais evoluídos e adiantados do ponto de

vista profissional, foram os primeiros a estabelecer normas de auditoria, nos

Estados Unidos da América do Norte, onde as primeiras normas de auditoria

surgiram, foram sendo aperfeiçoadas e consolidadas através de outros

pronunciamentos que reúnem todos os anteriores e eliminam aqueles

substituídos por pronunciamentos mais recentes.

No Brasil as primeiras normas de auditoria surgiram em 1972, com base

na experiência de outros paises mais adiantados, sendo este trabalho

elaborado pelo IBRACON e oficializado pelo CFC por meio da resolução

321/72 e confirmada pela resolução 220 de 15/05/72 do Banco Central do

Brasil. Assim, Franco e Marra chamam à atenção:

Por normas de auditoria são entendidas as regras estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão contábil, em todos os paises, com o objetivo de regulação e diretrizes a serem seguidas por esses profissionais no exercício de suas funções. Elas estabelecem conceitos básicos sobre as exigências em relação a pessoa do auditor, à execução de seu trabalho e ao parecer que por ele deverá ser emitido.(FRANCO; MARRA, 2001, p. 56).

Os procedimentos de auditoria são os conjuntos de técnicas que

permitem ao auditor obter evidências ou provas suficientes e adequadas para

fundamentar sua opinião sobre as demonstrações contábeis e abrangem

testes de observância e testes substantivos.

Os testes de observância visam a obtenção de razoável segurança de

que os procedimentos de controle interno estabelecidos pela administração

estão em efetivo funcionamento e cumprimento.

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Os testes substantivos visam a obtenção de evidencia quanto a

suficiência, a exatidão e a validade dos dados produzidos pelo sistema contábil

da entidade, dividindo-se em: testes de transações e saldos; e procedimentos

de revisão analítica.

1.7 Normas profissionais de auditor independente

A Resolução CFC nº. 821/97 de 17 de dezembro de 1997aprova a NBC

P 1, que se refere às Normas Profissionais de Auditor Independente, e é

composto pelos seguintes itens a serem seguidos pelos auditores

independentes:

a) competência Técnica-Profissional;

b) independência;

c) responsabilidades do Auditor na Execução dos Trabalhos;

d) honorários;

e) guarda da Documentação;

f) sigilo;

g) responsabilidade pela Utilização do Trabalho do Auditor Interno;

h) responsabilidade pela Utilização do trabalho de Especialistas;

i) informações Anuais aos Conselhos Regionais de Contabilidade;

j) educação continuada; e

k) exame de Competência profissional.

1.7.1 Competência técnica-profissional

O contador, na função de auditor independente, deve manter seu nível

de competência profissional pelo conhecimento atualizado dos Princípios

Fundamentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade,

das técnicas e da legislação aplicável a auditoria e a entidade auditada.

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Para que o auditor possa assumir a responsabilidade por uma auditoria

das demonstrações contábeis, ele deve conhecer primeiramente a atividade da

entidade, para analisar se as transações e as práticas contábeis estão sendo

aplicadas adequadamente, e também para identificar o que tem relevância e o

que não tem.

Tendo conhecimento da atividade da empresa a ser auditada, o auditor

poderá aceitar ou recusar a proposta, pois através do mesmo, o auditor

conhecerá da complexidade das operações e do grau de exigência requerido

para a realização da auditoria.

1.7.2 Independência

O auditor deve ser independente, ele não pode ser influenciado por

fatores estranhos, por procedimentos que resultem perda de sua

independência.

O auditor deve recusar o trabalho ou renunciar a função quando: Há

vinculo conjugal ou grau de parentesco; relação de trabalho mesmo que

indireto nos dois últimos anos; participação direta ou indireta como acionista ou

sócio; e qualquer outra situação de conflito que venha ser definida pelos órgãos

reguladores e fiscalizadores.

1.7.3 Responsabilidades do auditor na execução dos trabalhos

O auditor deve aplicar o máximo de cuidado e zelo na realização dos

trabalhos e na exposição de suas conclusões, devendo ser imparcial.

O auditor deve considerar a ocorrência de fraudes, e quando distorções

por fraude ou erro, afetarem as demonstrações contábeis de forma relevante, é

necessário demonstrar seus papeis de trabalho para os órgãos reguladores e

fiscalizadores, para provar que seus exames foram realizados de acordo com

as normas de auditoria independente.

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1.7.4 Honorário

O auditor deve estabelecer seus honorários, levando em consideração a

complexidade do serviço; os custos; números de horas previstos; e a

capacitação técnica dos profissionais que irão participar da execução dos

serviços.

Os honorários deverão constar de carta proposta, elaborada antes da

execução dos serviços e também devera constar a descrição dos serviços a

serem realizados; prazo estimado para a realização dos serviços; relatórios a

serem emitidos; condições de pagamento dos honorários e principalmente,

constar que o trabalho será efetuado segundo as Normas de Auditoria

Independente das Demonstrações Contábeis.

1.7.5 Guarda da documentação

O auditor deverá guardar todos os seus papeis de trabalho, relatórios e

pareceres, no prazo mínimo de cinco anos, para fins de fiscalização do

exercício profissional.

1.7.6 Sigilo

O auditor deve respeitar e assegurar o sigilo relativamente às

informações obtidas durante o seu trabalho na entidade auditada.

As informações, somente serão divulgadas caso o auditor seja

autorizado por escrito pela administração da entidade e fundamentadamente

pelo CFC, CRC e pelos órgãos reguladores e fiscalizadores, quando o trabalho

for realizado em entidades sujeita ao controle dos mesmos, para que o outro

auditor tenha uma base do ultimo parecer de auditoria.

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1.7.7 Responsabilidade pela utilização do trabalho do auditor interno

Mesmo quando o auditor interno contribuir com a realização do trabalho

de auditoria externa, a responsabilidade do auditor independente não será

modificada, segundo Franco e Marra (2001).

1.7.8 Responsabilidade pela utilização do trabalho de especialistas

O auditor pode utilizar especialistas legalmente habilitados com a

finalidade se contribuir com a realização do trabalho, mantendo o auditor sua

integral responsabilidade.

Porém, quando o especialista é contratado pela entidade auditada sem

vínculo empregatício, a responsabilidade do auditor fica restrita a sua

competência.

1.7.9 Informações anuais aos Conselhos Regionais de Contabilidade

O auditor deverá enviar até 30 de junho de cada ano ao CRC, na forma

a ser regulamentada pelo CFC:

a) as informações sobre seus clientes, cuja sede seja a da jurisdição do

respectivo Conselho e que o objetivo do trabalho seja a auditoria

independente, realizado em demonstrações contábeis relativas ao

exercício encerrado até o dia 31 de dezembro do ano anterior;

b) a relação dos nomes de seu pessoal técnico existente em 31 de

dezembro do ano anterior; e

c) a relação de seus clientes, cujos honorários representem mais de

10% do seu faturamento anual, bem como os casos onde o

faturamento de outros serviços prestados aos mesmos clientes de

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auditoria ultrapassarem, na media dos últimos três anos, os

honorários dos serviços de auditoria.

Quando solicitado, o auditor deverá disponibilizar e fornecer no prazo de

trinta dias a relação de seus clientes e outras informações necessárias à

fiscalização da atividade da auditoria independente.

1.7.10 Educação continuada

Para o exercício da atividade, o auditor independente deverá comprovar

a participação em programa de educação continuada, na forma a ser

regulamentada pelo CFC, na qual será o objeto de pesquisa no Capítulo III.

1.7.11 Exame de competência profissional

É necessário que o auditor independente se submeta ao exame de

competência profissional, para que possa exercer a atividade.

1.8 Função social e responsabilidade do auditor

O auditor tem uma função social de relevância, pois atua na defesa de

interesses coletivos e trabalha para a apuração de corretas prestações de

contas, sendo assim há uma necessidade de conquistar confiança e respeito,

que deve resguardar a qualquer preço.

Por isso, há uma grande responsabilidade por parte do auditor, pois do

seu trabalho depende a defesa de interesse de muitas pessoas, podendo ser

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pequenos e modestos investidores, que não possui meio para fiscalizar a ação

do administrador.

É por esse motivo que a auditoria vem ganhando grande projeção, e o

auditor cada vez mais responsabilidade, principalmente quando se destaca a

lei regulamentadora do dispositivo constitucional sobre a participação dos

empregados nos lucros das empresas.

Segundo Franco e Marra (2001), com a evolução da economia popular,

quase todos os cidadãos são investidores potenciais, tornando a atuação do

auditor independente de absoluto interesse público, porém isso ainda não

ocorre totalmente no Brasil, onde a maioria das empresas são fechadas,

pertencentes a pequenos grupos, onde o objetivo da auditoria é o controle

administrativo.

Essa função social já está florescendo no Brasil, como decorrência do

desenvolvimento do mercado de capitais, cuja legislação prevê interferência do

auditor independente para opinar sobre os balanços das companhias que

procedem à emissão e colocação pública de ações.

Essa função pública, cada vez mais relevante, traz crescente responsabilidade ao auditor, pois seu trabalho tem como finalidade prestar contas ao grande público, que subscreverá as ações das companhias abertas. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 106).

Existe uma distinção entre as responsabilidades do auditor e as dos

dirigentes da empresa, onde, a empresa é responsável, pelos elementos

apresentados nas demonstrações contábeis, podendo o auditor manifestar-se

em relação à forma de apresentação dos mesmos, porém sua responsabilidade

limita-se à emissão de parecer sobre as demonstrações examinadas.

O auditor independente deve usar seu julgamento e quais os

procedimentos de auditoria serão necessários para lhe fornecer base razoável

para emitir seu parecer, devendo ser um julgamento esclarecido de profissional

qualificado.

Quando uma entidade comete fraudes ou alguns erros, os quais não são

detectados no exame de auditoria, o auditor só será punido caso não tenha

cumprido corretamente as normas de auditoria.

Se o auditor detecta a existência de fraudes, e as mesmas podem afetar

seu parecer, ele deve encaminhar a descoberta para os representantes da

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37

empresa, para determinar se a empresa ou o auditor continuará com as

investigações.

O auditor independente tem a responsabilidade de observar as normas

éticas estabelecidas pelo Instituto de Auditores Independentes do Brasil,

denominado IBRACON no ano de 2001, a saber:

a) não obter clientes em concorrência com seus colegas;

b) manter elevado padrão de serviço;

c) basear-se somente em elementos seguros de convicção;

d) cobrar honorários justos;

e) não aceitar trabalho que tenha vínculo econômico ou de parentesco;

f) manter sigilo profissional;

g) não aceitar trabalhos com finalidade de defesa de interesses pessoais

h) demonstrar consideração por sua classe e colegas;

i) respeitar o código de ética da profissão.

O profissional auditor independente assume responsabilidade civil pelos

danos que na sua atuação profissional possa causar a terceiros, por exemplo,

a entidades sujeitas à fiscalização da CVM.

A Lei nº. 6.385/76 é muito enfática em relação ao assunto, ao

estabelecer no inciso 2º. Art. 26, as empresas de auditoria contábil, ou

auditores independentes responderão civilmente pelos prejuízos que causarem

a terceiros, em virtude de culpa ou dolo no exercício das funções previstas

neste artigo.

Porém, só lhe cabe essa responsabilidade quando o auditor não

respeitar as normas e procedimentos de auditoria, e ignorar os princípios de

contabilidade.

Cabe ressaltar que se o auditor assumisse a responsabilidade de

detectar fraudes, pela extensão de seu trabalho, o custo seria muito alto e se

tornaria impraticável para as empresas.

Através de um controle interno adequado, esse custo é reduzido, e o

auditor determina a extensão de seu exame e os procedimentos a serem

aplicados, onde devem ser previstas as investigações mais profundas em

contas onde o controle interno seja deficiente.

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38

1.9 Legislação brasileira relacionada à auditoria

No Brasil, desde 1965 o Poder Público tem reconhecido à necessidade

da intervenção do auditor independente em atividades públicas e particulares.

Com a vigência da Lei 4.728, surge pela primeira vez na legislação

brasileira, a expressão auditores independentes.

A Lei nº. 4.728, de 14 de julho de 1965, é o texto legal pioneiro a

mencionar a auditoria e o auditor independente. Essa lei institui, em bases

consistentes, o chamado Mercado de Capitais.

Em conseqüência da criação da CVM, lei 6.385/76, esta assumiu os

poderes antes atribuído ao Banco Central do Brasil, para registro e fiscalização

dos auditores independentes habilitados a procederem á auditoria das

entidades sujeitas a fiscalização desses órgãos.

Segundo Franco e Marra (2001), atualmente estão revogadas todas as

resoluções e circulares do Banco Central do Brasil que tratam do registro e

comportamento dos auditores independentes e estabelecem normas contábeis

e de auditoria para a sociedade de capital aberto, tendo em vista que a

competência passou a CVM. O Banco Central conservou a competência no

que diga respeito às entidades do sistema financeiro.

A seguir, algumas normas que dizem respeito a obrigatoriedade da

auditoria independente:

a) Superintendência de Seguros Privados – SUSEP – Circular nº.

10/92, art.1º. Estabelece auditoria independente para sociedades

seguradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de

previdência privada.

b) Banco Central do Brasil – Resolução nº. 2.267/96. Reitera

obrigatoriedade da auditoria independente para Instituições

Financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Bacen,

Fundos de Investimento regulamentados pelo Bacen e

Administradoras de Consórcio.

c) Comissão de Valores Mobiliários – CVM – Instrução nº. 247/96.

Reitera a obrigatoriedade de auditoria para demonstrações contábeis

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consolidadas e para todas as controladas, aberta ou fechadas,

incluídas na consolidação.

d) Comissão de Valores Mobiliários – CVM – Instrução nº. 265/97.

Institui auditoria independente para as sociedades beneficiárias de

recursos oriundos de incentivos fiscais.

e) Lei nº. 9.656/98 – Art. 22. Estabelece auditoria obrigatória para as

Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde.

Estão sujeitas à auditoria obrigatória as seguintes entidades:

a) bancos comerciais;

b) bancos de Investimento;

c) fundos de Investimento em Condomínio;

d) sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários;

e) todas as demais entidades financeiras sujeitas a fiscalização do

Banco Central do Brasil;

f) bolsa de Valores;

g) companhias Abertas e as que emitirem títulos negociáveis no

Mercado de Capitais, incluídas suas demonstrações contábeis

consolidadas;

h) sociedades Seguradoras;

i) empresas beneficiárias de Incentivos Fiscais (Sudene, Sudam etc.);

j) empresas que operam com recursos do Sistema Financeiro de

Habitação;

l) entidades da Previdência Privada (Abertas e Fechadas);

m) empresas de Leasing ou Arrendamento Mercantil;

n) operadoras de Consórcio;

o) operadoras de Planos e Assistência à Saúde.

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CAPÍTULO II

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A LEI 6.404/76 E 11.638/07

2 DEFINIÇÃO DAS LEIS 6.404/76 E 11.638/07

Este capítulo tem como objetivo apresentar uma estruturação das

adaptações da Lei 11.638/07 realizadas na Lei 6.404/76. Neste sentido é

importante e necessário destacar as suas definições principais que serão

abarcadas neste trabalho.

A Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre regulamentação

das sociedades por ações, ou seja, toda sociedade anônima.

No Brasil e no mundo inteiro, a sociedade anônima passou por três

fases sistematizadas: sistema de monopólio e privilegio do estado; sistema de

concessão ou autorização pelo estado e o sistema de liberdade de

constituição, com ressalvas, inaugurado pelo código comercial brasileiro de

1850, na esteira do código comercial francês de 1807 e importante

consideração também da lei francesa de 24 de julho de 1867.

As sociedades por ações, datam do século XVII, quando o estado

ambicionado por sua política colonialista e a concomitante formação do

mercantilismo, associou-se a iniciativa privada para o levantamento de

volumoso capital.

Essas sociedades eram promovidas pelo estado como descentralização

política, social e econômica de suas funções. Com o desenvolver da Revolução

Industrial, e o advento do capitalismo, as sociedades por ações objetivavam

libertar-se da influencia estatal, liberdade que experimentaram após a

Revolução Francesa.

Mas devido aos decorrentes abusos, começaram a ser constituídas

mediante autorização governamental, segundo legislação napoleônica. Então,

finalmente, nos postulados da lei de 24 de julho de 1867 estabelece-se a

liberdade de formação e funcionamento de sociedades comerciais inclusive

anônimas.

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Esta livre iniciação societária se estendeu aos demais paises onde se

encontram ditas sociedades, inclusive o Brasil.

Há escritores que afirma sociedades por ações na idade média,

referindo-se a sociedades de credores, porém, não importam as sociedades

analisadas, ambas tinha em comum a limitada responsabilidade dos sócios

equivalente ao valor das respectivas contribuições.

A sociedade anônima é extremamente importante atualmente, assim

como foi historicamente, por possibilitar o desenvolvimento de atividades

impossíveis sem o levantamento de capital e tornou-se um dos principais

instrumentos do sistema capitalista, basta observar que, mesmo em menor

quantidade possui a mesma relevância econômica, ou até maior, que as

sociedades limitadas.

Segundo a Legislação da lei 6.404/76, a sociedade anônima é

tipicamente empresarial, não sendo permitida sua constituição para fins não

empresariais, independente do seu objeto, serão sempre consideradas

sociedades empresárias. Portanto, em nenhuma hipótese poderá ser

constituída uma sociedade simples (não empresária) na modalidade de

companhia ou S/A.

Santos (2009) chama a atenção quanto à forma de constituição de uma

sociedade por ações, pois esta modalidade empresarial não é registrada

através de contrato e sim de estatuto social, o qual deverá definir o objeto de

modo preciso e completo, podendo a companhia ter por objeto participar de

outras sociedades. Ainda que não prevista no estatuto, a participação é

facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de

incentivos fiscais.

Assim como nos demais tipos societários, a exemplo da sociedade

limitada, estabelece o artigo 7º da referida lei que o capital social da companhia

poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de

bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

O acionista deve exercer o direito de voto no interesse da companhia,

sendo considerado abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à

companhia ou a outros acionistas, de obter para si ou para outrem vantagem a

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que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar prejuízo para a companhia

ou para outros acionistas.

Corroborando o direito à fiscalização da gestão dos negócios por parte

dos acionistas, o código civil determina em seu artigo 1.020 que os

administradores são obrigados a prestar aos sócios, contas justificadas de sua

administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço

patrimonial e o de resultado econômico.

As empresas constituídas sob a modalidade de sociedade anônima

poderão ser de dois tipos: Companhia Aberta, aquela que disponibiliza seus

valores mobiliários para negociação no mercado através de Bolsa de Valores, e

Companhia Fechada cujas ações pertencem somente aos acionistas

constantes no estatuto social e estas companhias não negociam no mercado

de ações.

Destaca-se que somente os valores mobiliários de emissão de

companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser

negociados no mercado de valores mobiliários. Portanto, nenhuma distribuição

pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na

Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6.404/76, artigo § 1º e § 2º).

As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a

seus titulares são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.

As ações ordinárias são aquelas que conferem aos seus titulares o

direito que a lei reserva ao acionista comum, sem restrições e sem privilégios.

O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez que dela

decorrem apenas os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade

anônima. Nas companhias fechadas às ações poderão ser divididas em

classes diferentes, já na aberta serão todas iguais.

As ações preferenciais são aquelas que conferem aos seus titulares uma

série de direitos diferenciados, como a prioridade na distribuição de dividendos

no mínimo superior a 10% (dez por cento) que foi atribuído às ordinárias,

fixação de dividendos mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso do

capital, com ou sem prêmio. As ações preferenciais podem ou não conferir o

direito de voto aos seus titulares.

As ações de fruição são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações

foram totalmente amortizadas. O seu titular estará sujeito as mesmas restrições

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da ação ordinária ou preferencial amortizada, salvo se os estatutos ou a

assembléia geral que autorizou a amortização dispuserem em outro sentido.

As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferências da

companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes, e o número

de ações preferências sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício

desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das

ações emitidas.

A lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, foi introduzida para um novo

estímulo à meta de elevar o nível de investimento da economia a 25% do PIB,

índice referencial para sustentar o crescimento em torno de 5% ao ano.

Conforme Dias (2008), desde 1976, quando foi publicada a lei das

sociedades por ações, não acontecia nada de tão importante para a

contabilidade no Brasil como esta lei 11.638 em vigor desde janeiro de 2008,

sua importância está na medida do que se propõe: alinhar os princípios

contábeis utilizados no país ao padrão IFRS (International Financial Reporting

Standards), utilizado em mais de cem paises, dando mais transparência ao

desempenho das empresas e segurança as operações, reduzindo o risco dos

negócios.

Para os contadores é além de tudo um bom desafio, pois passam a ser

profissionais do mundo e precisam estar preparados para lidar com novas

exigências.

Segundo Dias (2008), esta lei altera para melhor e revoga dispositivos

da lei 6.404/76, e da lei 6.385/76, e se estende às sociedades de grande porte

disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras,

desobrigando a apresentação da Demonstração das Origens e Aplicações de

Recursos e Demonstração do Fluxo de Caixa para determinadas empresas.

Para fins exclusivos da lei 11.638/07, sociedades de grande porte são as

sociedades ou conjunto de sociedades sob controle comum que atingiram no

ano anterior saldos de ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e

quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00

(trezentos milhões de reais)..

Como já visto, à lei 6.404/76 dispõe sobre as sociedades anônimas, e a

lei 6.385 de 7 de dezembro de 1976, dispõe sobre a Comissão de Valores

Mobiliários – CVM, sendo que o sistema financeiro nacional, mais

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precisamente as companhias integrantes do mercado de capitais, tem como

agente fiscalizador a Comissão de Valores Mobiliários, que regulamenta as

companhias de capital aberto.

2.1 Definições de s/a aberta e fechada

A sociedade anônima pode ser aberta ou fechada conforme os valores

mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no

mercado de valores mobiliários.

A sociedade anônima é de capital aberto quando os valores mobiliários

de sua emissão são admitidos à negociação no mercado de valores

mobiliários, ou seja, negociações em bolsa ou no mercado de balcão. Ressalta-

se que para a emissão de ações, é necessário autorização e controle da

Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

Segundo Trevisan (2007) uma companhia é considerada aberta quando

promove a colocação de valores mobiliários em bolsas de valores ou no

mercado de balcão. Assim, entendem-se como valores mobiliários as ações,

bônus de subscrição, debêntures e notas promissórias para distribuição

pública.

Uma das principais vantagens nesta espécie de sociedade é a liquidez

do capital. Um empreendedor que investe seu dinheiro neste tipo de

companhia terá mais vantagens quando da venda de suas ações, devido as

suas negociações, cuja venda pode se realizar rapidamente, levando em

consideração a segurança da sua aplicabilidade, especialmente se o

empreendimento for a uma sociedade próspera e age com seriedade.

É importante ressaltar que, torna-se comum que no momento da

abertura de capital, as empresas também solicitem a CVM a autorização para

realizar uma venda de ações ao público, tecnicamente conhecida como

distribuição pública de ações. Isso se dá devido ao fato de que a primeira

colocação pública de títulos da companhia, que é denominada como Oferta

Pública Inicial (Initial Public Offering).

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A sociedade anônima de capital fechado são aquelas que não emitem

valores mobiliários negociáveis no mercado, ou seja, suas ações não estão

disponíveis no mercado para negociação. Essa restrição advém dos sócios

escolherem seus companheiros, haja vista a presença de laços familiares ou

de confiança mútua. Disso decorre o inferior grau de liquidez do investimento

neste tipo de sociedade, que é constituída por subscrição particular.

Trevisan (2007) define sociedade de capital fechado como uma

companhia constituída por pessoas ligadas entre si com laços de parentesco

ou de amizade e seu capital social fica em casa ou em família.

Nesta espécie de companhia o empreendimento é para empresas de

médio e pequeno porte, onde os recursos são obtidos pelos esforços das

pessoas que fazem parte do quadro de acionistas.

Entende-se que deve haver o registro das ações junto a CVM, porém,

pode limitar-se a venda das ações para o público em geral, cuja restrição pode

ser feita através dos seus estatutos.

2.2 Empresas obrigadas a se enquadrarem como s/a

A constituição de uma sociedade anônima deve ser de duas ou mais

pessoas, o capital social é dividido em frações, as quais são denominadas

ações. De acordo com a lei, as sociedades anônimas terão como órgãos

sociais a Assembléia Geral, o Conselho Administrativo, a Diretoria e o

Conselho Fiscal, sendo eles responsáveis pelos poderes da sociedade.

É relevante destacar que uma sociedade anônima, não possui um

contrato social de acordo com as demais pessoas jurídicas, mas sim, um

estatuto social. Neste estatuto estará definido o objeto da sociedade de modo

preciso e completo, assim como, o valor do capital social expresso em moeda

nacional e também o número das ações em que se divide o capital,

estabelecendo se as ações terão, ou não, valor nominal.

Para uma empresa ser uma Sociedade Anônima, ela não pode estar

cadastrada como optante pelo Simples Nacional.

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Segundo a legislação, somente as empresas optantes pelo Lucro Real é

que se enquadram neste tipo de sociedade.

Sendo assim, entende-se que as sociedades anônimas, além de

seguirem a Lei 6.404/76, estão sujeitas a legislação do Imposto de Renda

apurado sob o regime de Lucro Real que será abordada no próximo item.

De modo geral, as empresas optam pela migração para a Sociedade

Anônima pelo fato de obterem maiores fontes de recursos, tais como emissão

de debêntures, commercial papers, emissão de ações no mercado de capitais,

entre outros.

Porém, torna-se relevante destacar que durante o processo de criação

de uma Sociedade Anônima, é realizado um processo analítico sobre os

procedimentos que serão adotados, conforme preceito da legislação.

2.3 Definição de lucro real

Lucro real é o resultado apurado na demonstração do resultado do

exercício, o termo real serviu para diferenciar-se do presumido e arbitrado, que

não são apurados pela escrituração contábil. O resultado baseado na

escrituração contábil, é o que mais se aproxima do lucro real, daí a origem da

denominação.

As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão determinar o

lucro com base em balanço anual ou balancetes trimestrais. A empresa que se

enquadrar em qualquer dos incisos do artigo 14 da lei 9.718/98, está obrigada

a ser tributada pelo lucro real.

Lucro real é o lucro liquido do período apurado na escrituração comercial, denominado lucro contábil ajustado pelas adições, exclusões e compensações autorizadas pela legislação do imposto de renda. (OLIVEIRA et al., 2002,p.174)

Outra definição sobre Lucro Real é a de Neves e Viceconti (1998) onde

afirma que o Lucro Real é o Resultado do Período-base antes de computar as

provisões dos Impostos sobre o Lucro. Assim, as empresas enquadradas no

lucro real devem manter suas escriturações atualizadas, devido à

complexidade da apuração e principalmente obrigatoriedade da legislação, as

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mesmas devem escriturar o LALUR, Livro de Apuração do Lucro Real. Neste

livro constarão as adições e exclusões ao lucro ou prejuízo contábil, pois

existem despesas não - dedutíveis e receitas não - tributáveis.

O Lucro Real leva em consideração todas as despesas contabilizadas

pela empresa para fins de abatimento de seu Lucro, ficando este excedente

(lucro) sujeito à aplicação da alíquota do Imposto de Renda e da Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido, assim, o contador deverá manter constantemente

atualizada a contabilidade da empresa para fins de determinação do imposto a

ser pago no final do trimestre.

De acordo com Carlin (2008), estarão obrigadas ao regime de tributação

com base no lucro real (anual ou trimestral) as pessoas jurídicas:

a) cuja receita total, no ano-calendário anterior, tenha excedido o limite

de R$ 48.000.000,00 ou de R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo

número de meses do período, quando inferior a doze meses (Lei

10.637/02);

b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de

investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,

sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de

crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores

mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,

empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito,

empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de

previdência privada aberta;

c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundo do

exterior;

d) que, autorizadas pela legislação tributária, queiram usufruir de

benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto de

renda;

e) que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento

mensal pelo regime de estimativa, na forma exemplificada em texto

específico neste módulo;

f) que explorem as atividades de prestação cumulativa e continua de

serviços de assessoria crediticia, mercadológica, gestão de credito,

seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,

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compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a

prazo ou de prestação de serviços (factoring).

2.4 Análise comparativa entre a lei 6.404/76 e 11.638/07

A lei 6.404, há mais de 30 anos, provocou a maior revolução da história

da normatização contábil brasileira, modernizando-a enormemente à época.

Muitas melhorias foram sendo introduzidas na normatização contábil

brasileira desde então por meio da CVM e de outros órgãos reguladores, mas,

a partir de um certo ponto, a lei, que alavancara aquela enorme revolução, aos

poucos foi funcionando como um empecilho a novas mudanças.

Esses entraves foram ficando extremamente importantes, porque

passaram a impedir que o Brasil partisse de forma mais rápida e agressiva à

internacionalização de suas normas contábeis.

Agora, ao final de 2007, com a aprovação da lei 11.638, finalmente a

nossa contabilidade poderá convergir rapidamente com as normas

internacionais.

Cabe ressaltar que esta lei não é, em si, a internacionalização, alguns de

seus artigos adotam algumas dessas normas, mas, o que é muito importante,

ela permite que o Brasil dite seu ritmo daqui para frente normatizando nessa

direção, principalmente porque provoca a segregação entre a contabilidade

societária e a fiscal, que era o maior motivo da impossibilidade de evolução.

Com a lei 11.638, houve avanços e inovações nas práticas contábeis,

em relação à lei 6.404/76, sendo os principais:

2.4.1 Alterações das Demonstrações Financeiras

2.4.1.1 Balanço Patrimonial: passa a incluir o grupo intangível no ativo

permanente e ajuste de avaliação patrimonial no patrimônio liquido;

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2.4.1.2 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados: essa demonstração

pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido

com extinção da conta de Reserva de Reavaliação, inclusão das contas

Reservas de Incentivos Fiscais, Ajuste de Avaliação Patrimonial e Prejuízo

Acumulado;

2.4.1.3 Demonstração do Resultado do Exercício: esta demonstração foi

mantida com a inclusão de uma nova linha especifica com Participações de

debêntures de empresas e administradores e de instituições ou Fundos de

assistência de previdência de empregados;

2.4.1.4 Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos: deixa de ser

publicada sendo substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa;

2.4.1.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa: passa a ser elaborada e divulgada

pelas empresas e não será obrigatória para as companhias fechadas com

Patrimônio Liquido inferior a R$ 2 milhões;

2.4.1.6 Demonstração de Valor Adicionado: passa a ser elaborada e divulgada

apenas pelas companhias abertas.

A lei 11.638/07 manteve a publicação das notas explicativas; relatório da

administração e o parecer do conselho fiscal.

A legislação inova em relação ao parecer da auditoria que passa a ser

obrigatório para as sociedades de grande porte.

Em respeito ao artigo 176 da lei, todas as sociedades de grande porte,

ainda que não constituídas sob forma de sociedade por ações, são obrigadas a

publicar as demonstrações financeiras.

Está prevista na legislação que o Comitê de Pronunciamento Contábil,

CPC, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários, CVM, e o Banco

Central do Brasil, BACEN, expedirão normas que deverão ser elaboradas em

consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados pelos

principais mercados de valores mobiliários.

Com isso, facilita a convergência das normas e práticas contábeis

executadas em nosso país aos padrões internacionais de contabilidade.

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2.4.2 Alterações na classificação e nos critérios de avaliação de ativos e

passivos:

No subgrupo de Investimentos, serão contabilizadas as participações

permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza não

classificáveis no ativo circulante e que não se destinem a manutenção da

atividade da companhia ou da empresa.

No Imobilizado, serão contabilizados os direitos que tenham por objeto

bens corpóreos destinados a manutenção das atividades da companhia ou da

empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de

operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses

bens.

No Intangível, serão registrados os direitos que tenham por objeto bens

incorpóreos destinados à manutenção da companhia inclusive o fundo de

comercio adquirido.

No Diferido, estarão alocadas as despesas pré-operacionais e os gastos

e reestruturação que contribuirão efetivamente para o aumento do resultado de

mais de um exercício social e que não configurem uma redução de custos ou

acréscimo na eficiência operacional.

No Patrimônio Liquido, foi criado um subgrupo para registrar os ajustes

de avaliação patrimonial em que serão contabilizadas as adaptações

correspondentes a valores de mercado dos ativos e passivos.

Esse fato exige a adequação das contas de Reserva de Lucros a

Realizar, de Reserva da Capital e Reserva de Lucros, incluindo a conta

Reserva de Incentivos Fiscais em que será considerada, de acordo com

proposta do administrativo em assembléia geral, parte ou totalidade das

doações e subvenções governamentais para investimentos derivados de

entidades governamentais.

Os valores destinados a essa reserva poderão ser excluídos da base de

cálculo dos dividendos obrigatórios.

2.4.3 Avaliação de ativos e passivos nos processos de transformação,

incorporação, fusão e cisão:

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A lei define que as operações realizadas nos processos de

transformação, incorporação, fusão e cisão entre partes não relacionadas terão

seus ativos e passivos necessariamente contabilizados pelo valor de mercado.

2.4.4 Avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas:

Para a sistemática de avaliação de investimentos em sociedades

coligadas e controladas a lei procurou aproximar-se dos procedimentos

previstos pela CVM.

Assim, estabelece que, para se considerar a relevância do investimento

e a utilização do método de equivalência patrimonial na avaliação dos

investimentos, deve se levar em conta a participação mínima de 20% no caso

das coligadas do capital votante e menciona o texto referente a grupos de

sociedades.

2.4.5 Avaliação dos ativos e passivos:

A possibilidade de constituição de reserva de reavaliação foi substituída

pela obrigatoriedade de avaliar os elementos do ativo e do passivo pelo valor

de mercado.

A contrapartida dos ajustes pelo valor de mercado será em conta

denominada, ajustes de avaliação patrimonial no patrimônio liquido. Para os

ativos aplicados em institutos financeiros, inclusive derivativos, a legislação

prevê a avaliação por valor de mercado ou equivalente. Já os ativos e passivos

de longo prazo serão avaliados a valor presente liquido.

De um modo geral, a nova legislação trouxe as empresas brasileiras,

maior facilidade de inserção em mercados internacionais e aumenta de forma

geral o grau de transparência das demonstrações financeiras, alem disso,

promove a convergência as normas internacionais e propõe alterações

significativas que aumentam a confiabilidade dos dados das empresas.

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As modificações inseridas nas peças contábeis têm como principal

finalidade a utilização das mesmas demonstrações utilizadas no exterior.

As sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob forma de

sociedades por ações, também sofreram alterações, a lei determina agora que,

as mesmas precisam elaborar suas demonstrações como se fossem

sociedades por ações, e auditá-las por auditor registrado na CVM.

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CAPÍTULO III

APRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES OCORRIDAS NO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com as alterações introduzidas pela lei 11.638/07, esta divide

o Patrimônio Líquido (PL) em: capital social; reservas de capital; ajustes de

avaliação patrimonial; reservas de lucros; ações em tesouraria e prejuízos

acumulados.

Patrimônio Líquido representa o registro do valor que os proprietários de

uma empresa têm aplicado no negócio. Neste sentido, a principal conta do

Patrimônio Líquido é o Capital Social, que representa o investimento efetuado

na empresa pelos seus proprietários. Este investimento pode assumir a forma

de ações, se for sociedade anônima ou quotas se for uma limitada.

Segundo Ribeiro (2005), o PL é composto pelos recursos que os sócios

(acionistas) aplicaram na empresa, ainda, segundo o autor, esta aplicação de

recursos pode ser integralizada em dinheiro ou em bens. Por este motivo, o PL

é composto pelos Capitais Próprios da organização. Sob a ótica de Padoveze

(2006), o Patrimônio Líquido significa a sobra, o resíduo, em valor, dos

elementos patrimoniais.

Para atender ao disposto da lei 6.404/76 art. 182, deverão estar

discriminados na conta do Capital Social o montante subscrito pelos sócios ou

acionistas e, por dedução, a parcela ainda não realizada.

As reservas de capital são contribuições recebidas dos proprietários e de

terceiros que não representam receitas ou ganhos e que, portanto, não devem

transitar em conta de resultado.

A conta Ajuste de Avaliação Patrimonial foi criada pela lei 11.638/07, e

tem como objetivo registrar valores que, já pertencentes ao patrimônio liquido,

não transitaram ainda pela conta de resultado do exercício, mas o farão no

futuro.

É o caso de ajustes de ativo e passivo ao valor de mercado no caso de

determinadas reorganizações societárias. Além disso, estarão dentro deste

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grupo outros ajustes que vierem a ser determinados pela CVM no processo de

internacionalização das normas contábeis brasileiras.

Foi editada a deliberação CVM nº 534/2008, que aprova o

pronunciamento CPC – 02, emitido pelo Comitê de Pronunciamento Contábeis

sobre efeitos nas mudanças nas taxas de câmbio e conversões de

demonstrações contábeis. Por esse pronunciamento as variações cambiais de

investimentos permanentes em entidades no exterior não transitarão de

imediato pelo resultado, devendo ficar em conta própria no patrimônio liquido

até que tais investimentos sejam, por exemplo, alienados.

Essa conta de Ajustes de Variações Patrimoniais poderia também servir

de guarda chuva para esses valores transitórios apesar de provavelmente, vir a

ser utilizada uma conta específica só para esse fim, já que essa é a prática

internacional.

A conta Reserva de lucros, é constituída pela apropriação de lucros da

companhia. Representam lucros reservados e constituem garantia e segurança

adicional para a saúde financeira da companhia, porque são lucros

contabilmente realizados que ainda não foram distribuídos aos sócios ou

acionistas.

As Ações em Tesouraria representam o produto da operação de compra

pela companhia, de suas próprias ações, para revendê-las futuramente, e pode

ser feita com o objetivo de participar no mercado de suas próprias ações,

visando influir, de maneira limitada, na liquidez e na cotação de tais ações.

Prejuízos Acumulados é uma conta que registra as perdas acumuladas

da entidade já absorvidas pelas demais reservas ou lucros acumulados.

As principais alterações serão descritas a seguir.

3 ELIMINAÇÃO DAS RESERVAS DE REAVALIAÇÃO, JÁ QUE NOVAS

REAVALIAÇÕES ESTÃO PROIBIDAS

Os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão ser mantidos

até a sua efetiva realização ou estornados até o final do exercício social em

que esta lei entrar em vigor.

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Não é mais permitido efetuar reavaliações do imobilizado tangível, até

mesmo as empresas que estavam obrigadas a fazê-la pelo menos a cada

quatro anos, não só estão desobrigadas como também impedidas de aplicá-la.

Os saldos atualmente existentes irão desaparecendo à medida que

forem sendo realizadas mediante depreciações e outras formas de redução do

valor do imobilizado reavaliado até sua extinção, isso também é válido para as

companhias fechadas.

Para as empresas que quiserem efetuar a baixa completa dos saldos

ainda existentes dessa reavaliação, deverão jogar as reservas contra os

valores reavaliados inscritos nos respectivos ativos imobilizados, desde que

essa baixa se dê até o final de 2008 ou do exercício em que entrar em vigor a

lei para o caso das que não encerrarem seus exercícios sociais em 31 de

dezembro.

Todos os saldos que existirem de reavaliação nos ativos imobilizados,

para o caso de quem não efetuar esse estorno autorizado pela lei, passam a

fazer parte do custo de tais ativos e enquanto esses valores forem relevantes,

a empresa deverá comentar o fato em suas notas explicativas, de que o ativo

contém reavaliações efetuadas até ou em tal ano.

Ressalta-se que a chance de estorno de saldos de reavaliação é para o

primeiro exercício social da vigência da nova lei, futuramente se esses valores

reavaliados se mostrarem irrecuperáveis, restará à prática do impairment, ou

seja, do reconhecimento como perda no resultado das parcelas não passiveis

de recuperação.

Além de suas reavaliações, as entidades devem observar a necessidade

de uniformidade de tratamento entre a investidora e suas controladas e

coligadas.

A investidora deve determinar as suas controladas e recomendar as

suas coligadas a adoção da mesma alternativa. Caso a coligada adote

alternativa diferente daquela recomendada pela investidora, esta deve ajustar

as demonstrações contábeis da investida quando da adoção do método de

equivalência patrimonial, a fim de manter a uniformidade de procedimentos.

Como por exemplo:

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3.1 Eliminação das reservas de prêmios por emissão de debêntures e

doações e subvenções para investimento

A alínea c do § 1º do art. 182 da lei 6.404/76 determinava que os

prêmios recebidos na emissão de debêntures ficassem diretamente

reconhecidos no patrimônio líquido, em conta de reserva de capital. De acordo

com a nova legislação se realiza este procedimento, o que significa que esses

valores recebidos na emissão de debêntures, acima do valor nominal

determinado para a liquidação desses valores mobiliários, terão que transitar

pelo resultado.

Por analogia, a parcela do lucro líquido decorrente da amortização de

prêmio na emissão de debêntures pode também ser destinada para conta

específica, para que não seja distribuída como dividendo.

Os saldos das reservas de capital referentes aos prêmios recebidos na

emissão de debêntures e as doações para investimento, existentes no inicio do

exercício social em que a entidade adotar pela primeira vez a lei 11.638/07,

devem ser mantidos nessas respectivas contas até sua total utilização, na

forma prevista na lei das sociedades por ações.

Os prêmios recebidos na emissão de debêntures a partir do inicio do

período ou do exercício de adoção inicial da lei 11.638/07, devem ser

registrados em conta de passivo para apropriação ao resultado periodicamente

nos termos das disposições contábeis aplicáveis previstas na NBC T 19.14 –

Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários.

Conforme o art. 195-A da lei 6.404/76, introduzido pela lei 11.638/07, a

assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar

para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de

doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser

excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório.

As entidades devem aplicar os critérios de reconhecimento de receita,

nos termos da NBC T 19.4 – Subvenção e Assistência Governamentais, em

relação às subvenções geradas, ou que se tornarem recebíveis ou, ainda,

compensáveis a partir do início do período ou do exercício social em que

adotar pela primeira vez a lei 11.638/07.

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As subvenções e doações para investimento não poderão ser

registradas na reserva de capital e sim transitar pelo resultado, porém, para

que não se perca o incentivo fiscal ligado a tais subvenções, o valor do lucro

relativo a tais montantes não poderá ser distribuído aos sócios. Daí a opção de

destinação desses valores para a reserva de Incentivos Fiscais, sendo que

esse montante pode ser excluído também do cálculo do dividendo mínimo

obrigatório.

Assim, com a nova alteração tornam-se equivalentes os resultados com

os parâmetros das normas internacionais, em que todos os valores recebidos

dessa natureza transitam pelo resultado, não correndo o risco de perder os

benefícios tributários.

Sendo assim, para as subvenções recebidas de forma incondicional,

sem que nenhuma obrigação reste ainda à empresa, o seu registro será

diretamente para o resultado. E na destinação, esse montante sairá de Lucros

Acumulados para a Reserva de Incentivo Fiscal. Se o resultado do exercício for

prejuízo e não puder ser constituída a Reserva, ou se o resultado for

insuficiente, isso significará que o resultado negativo já terá sido compensado

com a reserva, total ou parcialmente.

Em muitos casos a subvenção não é incondicional, dependendo de

algum evento futuro para sua efetivação. Nesses casos, o valor da subvenção

não poderá ser registrado como resultado e sim no passivo, sendo que o

reconhecimento como resultado só poderá ocorrer quando todas as obrigações

forem cumpridas. Por exemplo, se um terreno é recebido de uma prefeitura

com a condição de a empresa ficar no município por 20 anos, oferecer um

determinado número de empregos, gerar um determinado valor de ICMS etc., o

reconhecimento como resultado só poderá se efetuado após realizadas todas

as obrigações.

E no caso de despesas operacionais a serem registradas no futuro por

conta desse ativo recebido, o diferimento deve ser efetuado de forma a fazer

contraposição a tais despesas. Por exemplo, o recebimento de um

equipamento como subvenção, deve fazer com que a receita dessa subvenção

seja distribuída ao longo do tempo para fazer face às despesas com a

depreciação.

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3.2 Eliminação da conta de Lucros Acumulados, só poderá existir a de

Prejuízos Acumulados

Conforme modificação introduzida pela lei 11.638/07, não pode mais

aparecer nos balanços, saldo na conta de Lucros Acumulados. Todo o

resultado precisará obrigatoriamente ser destinado, e as parcelas do resultado

a serem retidas precisarão ser contabilizadas nas reservas próprias. Só poderá

haver saldo na forma de Prejuízos Acumulados.

O Lucro Líquido do exercício deve ser integralmente destinado de

acordo com os fundamentos contidos nos arts. 193 a 197 da lei das S.A.

Esses artigos falam sobre as Reservas e Retenção de Lucros, sendo

elas: Reserva legal; Reservas estatutárias; Reservas para contingências e

Incentivos Fiscais; Retenção de lucros e por fim, Reservas de lucros a realizar.

Art. 193 Reserva Legal, do lucro liquido do exercício, 5% (cinco por

cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da

reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.

§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício

em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital

de que trata o § 1º do art. 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital

social.

§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social

e somente só poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o

capital.

Art. 194 Reservas estatutárias, o estatuto poderá criar reservas desde

que, para cada uma, indique de modo preciso e completo a sua finalidade; fixe

os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão

destinados a sua constituição e estabeleça o limite máximo da reserva.

Art. 195 Reservas para contingências, a assembléia geral poderá, por

proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido a

formação de reserva com finalidade de compensar em exercício futuro, a

diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser

estimado.

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§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da

perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a

constituição da reserva.

§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as

razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.

Foi acrescentada pela lei 11.638/07, junto ao art. 195 a Reserva de

Incentivos Fiscais, onde a assembléia geral poderá por proposta dos órgãos de

administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro

liquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para

investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo

obrigatório.

Art. 196 Retenção de lucros, a assembléia geral poderá, por proposta

dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do

exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado.

§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a

justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as

fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a

duração de até cinco exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior

de projeto de investimento.

§ 2º O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia geral ordinária

que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver

duração superior a um exercício social.

Art. 197 Reservas de lucros a realizar, no exercício em que o montante

do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202,

ultrapassar a parcela realizada do lucro liquido do exercício, a assembléia geral

poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso a

constituição de reserva de lucros a realizar.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do

lucro líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores: o

resultado liquido positivo da equivalência patrimonial, e o lucro, rendimento ou

ganho líquido em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de

mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra após o término do

exercício social seguinte.

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§ 2º A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para

pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202,

serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada

exercício que forem os primeiros a serem realizados em dinheiro.

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CONCLUSÃO

Com o desenvolvimento deste trabalho, chegamos à conclusão de que

com as alterações da nova lei 11.638/07, realmente não só o trabalho do

auditor, mas de todo profissional relacionado ao meio tornou-se mais

complexo.

A nova legislação abre definitivamente a economia brasileira para o

mercado de capitais global, e para a sua correta implementação, exigirá dos

usuários muito debate e capacitação profissional.

Cada vez mais a Ciência Contábil cresce em importância e seus

impactos sepultam definitivamente o que chamavam no passado de efeitos

meramente contábeis.

E por esses motivos, cada vez mais se faz necessária a participação dos

nossos profissionais em programas de educação profissional continuada.

O objetivo maior deste trabalho foi demonstrar que muitas melhorias

vêm sendo introduzidas na normatização contábil, e esta nova legislação

contábil permite que a nossa contabilidade se alinhe com o mercado

internacional e melhora a lei das Sociedades por Ações, consequentemente

transformando os nossos contadores em profissionais do mundo que precisam

estar preparados para tantas novidades.

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