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PESQUISA JURÍDICA APLICADA NA FGV DIREITO SP Um breve recorte de algumas das principais temáticas de estudo em 2016

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PESQUISA JURÍDICA APLICADA NA FGV DIREITO SP

Um breve recorte de algumas

das principais temáticas de

estudo em 2016

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A pesquisa jurídica aplicada na FGV Direito SP 4

Indicadores do Estado de Direito 5

Privacidade e Proteção de Dados Pessoais 6

Liberdade de Expressão em Período Eleitoral no Brasil 7

Observatório da Lei Eleitoral 8

Supremo em Pauta 9

Aprimoramento do Licenciamento Ambiental de Grandes Empreendimentos 10

Deslocamento de Pessoas em Decorrência de Grandes Empreendimentos 11

Guia Exame de Equidade de Gênero 12

Sub-representação de Mulheres em Altos Cargos de Gestão 13

A Sociedade Anônima e a Democracia na América do Sul: Regulação e Governança

Corporativa14

Processo de Nomeação de Dirigentes de Agências Reguladoras: uma Análise

Descritiva15

Índice de Transparência do Contencioso Administrativo dos Estados (ICAT) 16

Apoio e agradecimentos

Projetos já concluídos

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ÍNDICE

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Desde sua criação, a Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito SP) está comprometida com práticas inovadoras tanto no ensino, ao utilizar mé-todos participativos, quanto na pesquisa, ao conduzir estudos empíricos e interdisciplina-res com foco na melhoria do ambiente institu-cional e regulatório brasileiro a partir do inte-resse público e do desenvolvimento do país.

Ao longo dos anos, a pesquisa aplicada na FGV Direito SP foi se estruturando com o objetivo de gerar maior impacto. Atualmen-te, a Coordenadoria de Pesquisa Jurídica Aplicada (CPJA) tem a missão de articular e fomentar pesquisas de natureza aplicada, visando o aperfeiçoamento e a universaliza-ção do Estado de Direito no Brasil, com es-pecial atenção à mensuração e qualificação das instituições responsáveis pela interpre-tação e aplicação do Direito.

A área de pesquisa aplicada da FGV Di-reito SP tem buscado ampliar seu espectro de pesquisas, de forma a contribuir para a superação de problemas complexos, com dimensão jurídico-institucional, que im-põem obstáculos ao desenvolvimento de nossa sociedade. Neste sentido, os diversos núcleos e grupos de pesquisa jurídica da FGV Direito SP debruçam-se sobre temas novos e ainda pouco explorados, bem como sobre questões recorrentes, para as quais o Direito ainda não possui respostas.

Entre os temas atualmente em estudo na FGV Direito SP estão:

• O processo de licenciamento am-biental em projetos de infraestrutura

A noção de Estado Democrático de Di-reito pressupõe o respeito à hierarquia das normas criadas por representantes politica-mente constituídos, de modo que tais nor-mas devam ser obedecidas por todos, inclu-sive pelo poder estatal. O Poder Judiciário é uma das instâncias de controle dos limi-tes de atuação do Estado, devendo garan-tir que as normas sejam respeitadas. Cria-do em 2009 pela FGV Direito SP, o projeto Indicadores do Estado de Direito monitora a percepção da sociedade brasileira sobre a existência e o funcionamento do Estado de Direito nas suas mais diferentes áreas, desde o exercício dos direitos fundamentais até o desempenho das instituições públicas e privadas na garantia desses direitos e da ordem social.

São dois indicadores: o ICJBrasil – Índice de Confiança na Justiça Brasileira, e o IPCL-Brasil – Índice de Percepção do Cumprimen-to da Lei. O ICJBrasil acompanha minuncio-samente o sentimento da população em relação ao Judiciário brasileiro, examinando se o cidadão acredita que essa instituição cumpre sua função com qualidade, se o custo-benefício de sua atuação é vantajoso e se essa instituição é levada em conta no dia-a-dia do cidadão comum para a solução de conflitos. O IPCLBrasil mede, também de forma minuciosa, a percepção dos brasileiros em relação ao respeito dos cidadãos às leis e às ordens de algumas autori-dades, retratando a relação do indiví-duo com o Estado de Direito.

Ao avaliarem a qualidade do Es-tado de Direito, esses indicadores são capazes de expor algumas falhas tan-to na eficiência do Judiciário quanto no cumprimento das leis. Observan-do os dados da pesquisa, é possível

• A privacidade e a proteção de dados pessoais

• O monitoramento da aplicação das leis eleitorais

• A avaliação sistemática da confiança da população no Judiciário

• As decisões do Supremo Tribunal Federal

• A diversidade de gênero nos cargos de alta gestão

• A transparência fiscal

Nos últimos anos, a pesquisa aplicada na FGV Direito SP gerou diversos resulta-dos e produtos a partir do estudo de temas sensíveis, como:

• Segurança pública• Meio ambiente e sustentabilidade• Tributação das organizações da so-

ciedade civil• Acesso à terra• Regiões metropolitanas

Esta publicação busca oferecer ao leitor alguns exemplos de pesquisa jurídica aplicada que têm ocupado a atenção dos professores e pesquisadores da FGV Direito SP em 2016. Nas próximas páginas, você conhecerá um pouco desses projetos e alguns resultados já obtidos, assim como projetos já concluídos.

A PESQUISA JURÍDICA APLICADA NA FGV DIREITO SP

O olhar do Direito sobre os principais problemas que desafiam a sociedade brasileira

IndIcadores do estado de dIreItoÍndices que monitoram o funcionamento da Justiça e o cumprimento da lei

propor soluções para aprimorar o desem-penho do Judiciário e, consequentemente, reforçar a importância de se respeitar as leis no Brasil.

A divulgação dos índices causa um im-pacto positivo no Poder Judiciário: com suas falhas em evidência, percebe-se um empenho maior do próprio poder em me-lhorar seu funcionamento. O ICJBrasil e o IPCLBrasil são divulgados semestralmente e já produziram mais de 20 relatórios, com ampla divulgação na imprensa, seja em jor-nais, revistas ou televisão.

Ao longo de sete anos de pesquisa, fo-ram feitas diversas parcerias institucionais para a divulgação e análise dos dados. En-tre esses parceiros estão instituições como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e a Associação Brasileira de Anun-ciantes (ABA).

Equipe

• Coordenação acadêmica: Luciana Gross Cunha

• Coordenação executiva: Luciana de Oliveira Ramos e Fabiana Luci de Oliveira

• Pesquisadores: Rodrigo De Losso Silveira Bueno, Joelson de Oliveira Sampaio, Renan Gomes De Pieri e Cristiana Cavalieri.

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Dedicada a desvendar como se dá a re-moção de conteúdo na internet por decisão da Justiça Eleitoral brasileira, a pesquisa parte da análise empírica de decisões judi-ciais de todos os tribunais eleitorais do país. O objetivo é produzir um mapa da estraté-gia de remoção de conteúdo nas últimas eleições gerais, realizadas em 2014, e com-preender como o juízo eleitoral interpreta a lei e aplica sanções quando se trata da re-moção de conteúdo.

Realizada pelo Grupo de Ensino e Pes-quisa em Inovação (GEPI) da FGV Direito SP, a pesquisa permite que a sociedade en-tenda como a Justiça se posiciona frente a temas sensíveis como a liberdade de ex-pressão na internet e compreenda melhor as estratégias de candidatos e partidos po-líticos. A contribuição para a sociedade bra-sileira fica evidente na medida em que os produtos do projeto enriquecem o debate legislativo, orientam a formulação de po-líticas públicas e informam o cidadão e os operadores do Direito brasileiros.

A pesquisa é financiada pela Presidência da Fundação Getulio Vargas e pelo Google e Facebook e conta ainda com uma parce-ria estratégica com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Seus primeiros resultados serão divulgados em setembro de 2016 e devem fomentar o de-bate sobre o tema, dada a proximidade das eleições municipais. Ao longo do primeiro ano, o projeto realizou um workshop com a participação de atores relevantes envolvi-dos com o tema, como juízes, acadêmicos, sociedade civil e advogados, e gerou convi-tes para uma presença mais ativa do grupo junto a formuladores de políticas públicas.

Desenvolvido pelo Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação (GEPI) da FGV Direi-to SP, o projeto Privacidade e Proteção de Dados Pessoais se insere no conjunto de de-bates para a elaboração do marco legal de proteção de dados pessoais no Brasil, pro-movido pela Secretaria Nacional do Consu-midor (Senacon) do Ministério da Justiça por meio de consultas e audiências públicas en-tre 2015 e 2016.

Para contribuir com a elaboração das normas e com a regulamentação do Marco Civil da Internet, o projeto, que tem como parceiros o Comitê Gestor da Internet (CGI) e o Google, promoveu um levantamento de boas práticas e protocolos internacionais de gestão de dados de usuários de internet e fez uma análise do regime de proteção de dados pessoais da União Europeia.

A pesquisa resultou na elaboração de três estudos técnicos, disponíveis na plataforma de consulta pública do Ministério da Justiça e no site da FGV Direito SP, e culminou na contribuição efetiva para o aprimoramento da minuta do anteprojeto de lei de proteção de dados pessoais. O GEPI também partici-pou de duas audiências públicas para discutir propostas de altera-ção no texto legal e do evento internacio-nal The Fourth Global Congress on Intellec-tual Property and the Public Interest, reali-zado na Universidade Nacional de Nova De-lhi, na Índia.

A dedicação do GEPI à investigação dos impactos da tec-nologia no sistema

LIberdade de expressão em período eLeItoraL no brasIL

prIvacIdade e proteção de dados pessoaIs

Um estudo para compreender as decisões de remoção de conteúdo na internet

Efetiva contribuição na elaboração da legislação brasileira sobre o tema

Equipe

• Coordenação acadêmica: Mônica Steffen Guise Rosina e Alexandre Pacheco da Silva

• Coordenação executiva: Diogo Rais e Victor Nobrega Luccas

• Pesquisadores: Ramon Alberto dos Santos e Carlos Liguori Filho

• Estagiário: João Pedro F. Salvador

jurídico brasileiro levou à nomeação de um de seus coordenadores, o professor Alexan-dre Pacheco da Silva, como membro da Câ-mara de Segurança e Direitos do Comitê Ges-tor da Internet. O GEPI também participa dos cursos da Escola de Governança da Internet do CGI em atividades destinadas à formação de magistrados, promotores e investigadores de polícia na temática privacidade e proteção de dados pessoais.

Equipe

• Coordenação acadêmica: Mônica Steffen Guise Rosina e Alexandre Pacheco da Silva

• Coordenação executiva: Alexandre Pacheco da Silva

• Pesquisadores: Rodrigo Moura Karolczak e Carlos Augusto Liguori Filho

• Colaboradores: Luis Fernando Prado Chaves (Opice Blum Advogados) e Carla Alves Segala (Opice Blum Advogados)

• Estagiário: João Pedro F. Salvador

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Criado em abril de 2014 para desvendar o Supremo Tribunal Federal (STF), o pro-jeto Supremo em Pauta realiza pesquisas acadêmicas e acompanha, ao vivo, todos os julgamentos do plenário do tribunal pela TV Justiça. O Supremo em Pauta pretende produzir impacto a partir da qualificação do debate público sobre a pauta e as decisões do Supremo, bem como sobre questões de fundo como a qualidade do desenho institu-cional e a cultura jurídica.

Do ponto de vista acadêmico, o Supre-mo em Pauta atua na produção de dados e na realização de pesquisas que permitam a atores institucionais e sociais relevantes mo-dificar sua interação com o STF. A pesquisa “Reformas Institucionais na Construção da Pauta e Presidência do STF” investiga o real poder da presidência do tribunal para deci-dir o que será julgado e o que aguardará jul-gamento por tempo indeterminado, tendo em vista que o desenho institucional do STF impacta no funcionamento do próprio tri-bunal e na habilidade das partes de avança-rem adequadamente suas causas, com im-plicações em demandas sociais e na relação entre os poderes. O estudo resultará em um policy paper para a Presidência do STF, com indicadores de gestão da pauta de julgamento capazes de tornar o tribunal mais eficiente, transparente e democrático.

Em outra frente, a pesquisa “STF Democrático” tem o objeti-vo de criar produtos que atuem na disseminação de informações so-bre causas de potencial estratégi-co que ainda serão julgadas e que não chegam ao conhecimento amplo da sociedade, permitindo a ela uma atuação mais qualificada

As eleições municipais de 2016, com es-timativa de mais de 500 mil candidatos a 67.888 cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores e mais de 140 milhões de eleito-res, são as mais experimentalistas dos últi-mos anos, já que sobre elas incidem duas re-centes reformas eleitorais, promovidas pela Lei nº 12.891/2013 e pela Lei nº 13.165/2015.

Essas inovações e seus contornos não produzirão efeitos apenas sobre os candi-datos. O atual cenário digital formado pelas redes sociais coloca o eleitor no centro do jogo eleitoral: suas manifestações no exercí-cio de sua liberdade de expressão e no en-gajamento político-cidadão produzem con-teúdo sujeito à Justiça Eleitoral, forçando-o a também lidar com o rol de limitações e proibições.

Em uma arena onde não basta conhe-cer a lei, cabe aos tribunais a fixação dos contornos dessas inovações. O projeto Ob-servatório da Lei Eleitoral surge neste contexto e tem o objetivo de examinar as decisões judiciais que transformam as regras eleitorais.

Os pesquisadores da FGV Di-reito SP acompanham sistemati-camente as decisões da Justiça Eleitoral e dos tribunais superiores relativas às eleições. O resultado é a produção de análises sobre seus impactos na disputa eleitoral e a alimentação de um banco de dados sobre a jurisprudência em forma-ção. O projeto pretende contribuir para qualificar o debate público acerca de uma possível reforma po-lítica, ao apontar os problemas da atual legislação e a interpretação da Justiça sobre elas.

supremo em pautaobservatórIo da LeI eLeItoraLUm projeto para desvendar o Supremo Tribunal FederalUm projeto para acompanhar as eleições mais experimentalistas dos últimos

anos

e coordenada. As pesquisas se debruçam sobre mais de 12 mil processos e têm reve-lado os gargalos institucionais e democráti-cos na construção da pauta do STF.

Desde o início do Supremo em Pauta fo-ram publicadas 221 análises produzidas pela equipe do projeto nos principais jornais im-pressos e online do país e concedidas mais de 170 entrevistas a veículos de comunica-ção. A parceria com o jornal O Estado de S. Paulo garante a exposição do Supremo em Pauta aos mais de 200 mil assinantes do jornal e a 42 milhões de leitores de seu site, que têm acesso a um blog exclusivo produ-zido pela equipe do projeto.

Equipe

• Coordenação: Eloísa Machado de Almeida e Rubens Glezer

• Pesquisadores: Lívia Guimarães e Lucas Costa Caetano

O Observatório da Lei Eleitoral publica, semanalmente, análises sobre decisões judi-ciais nas versões impressa e digital do jornal Valor Econômico, com o qual mantém uma parceria de conteúdo para a cobertura das Eleições 2016, e colabora constantemen-te com outros meios de comunicação por meio de entrevistas e da elaboração de arti-gos. Para além das análises, a pesquisa está centrada nos três pilares do sistema políti-co-eleitoral: o voto, os partidos políticos e o financiamento de campanhas.

Equipe

• Coordenação: Diogo Rais• Pesquisadores: Luciana Ramos, Eloísa

Machado de Almeida, Rubens Glezer, Nikolay Henrique Bispo e Carolina Dalla Pacce

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Realizada pelo Grupo de Ensino e Pes-quisa em Direitos Humanos e Empresas (GDHeE) da FGV Direito SP, o projeto pre-tende oferecer subsídios para o aprimora-mento do atual marco legal e para o plane-jamento de grandes empreendimentos com o objetivo de garantir os direitos de popu-lações vulneráveis (como indígenas, ribeiri-nhos, quilombolas etc.) e, ao mesmo tempo, oferecer parâmetros claros para o arbitra-mento de responsabilidades públicas e pri-vadas nas parcerias e concessões realizadas entre poder público e empresas.

Iniciada em 2016, a pesquisa estabele-cerá parâmetros a serem aplicados pelas empresas na gestão do deslocamento de pessoas decorrente de seus empreendi-mentos, que sejam capazes de prevenir o impacto das obras nos direitos de popula-ções vulneráveis e, ao mesmo tempo, redu-zir as externalidades do negócio, evitando, por exemplo, a judicialização cada vez mais recorrente nesses casos. Para isso, serão construídos indicadores de resultado base-ados no conceito de “moradia adequada”, oferecendo informações qualificadas para órgãos licenciadores e financiadores e para as empresas.

O projeto tem como parceiros o Busi-ness and Human Rights Resource Center, o Instituto Socioambiental (ISA), o Minis-tério Público Federal, a Sociedade Brasilei-ra para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Universidade Federal do Pará (UFPA). Uma das etapas da pesquisa será a utilização de um aplicativo para celular com o objetivo de mapear riscos e monitorar impactos de grandes empreendimentos nos direitos das

Um dos temas mais relevantes da área de infraestrutura em discussão no Brasil, o licenciamento ambiental é um dos objetos de estudo do Grupo de Ensino e Pesquisa em Direitos Humanos e Empresas (GDHeE) da FGV Direito SP. A pesquisa pretende ma-pear a tomada de decisão do licenciamento ambiental de projetos de infraestrutura com o objetivo de identificar os gargalos para sua eficiência e efetividade e oferecer subsí-dios para o aprimoramento do licenciamen-to ambiental federal.

Ao longo do projeto, que teve várias frentes, 40 organizações foram consultadas e participaram da pesquisa oferecendo seus pontos de vista e contribuições. Em uma das etapas, a pesquisa econométrica des-vendou alguns mitos e mostrou a correlação entre a transparência dos órgãos licencia-dores e sua eficiência e, em outra frente, uma análise de tendência jurispruden-cial mostrou que as prin-cipais demandas apresen-tadas ao Poder Judiciário dizem respeito à ausência de planejamento de gran-des obras de infraestrutura e aos impactos sociais, em detrimento aos impactos ambientais.

Em parceria com o Iba-ma e o Observatório de Grandes Obras do Institu-to Socioambiental (ISA), o GDHeE analisa alterna-tivas de monitoramento, participação e controle do licenciamento ambien-

desLocamento de pessoas em decorrêncIa de Grandes empreendImentos

aprImoramento do LIcencIamento ambIentaL de Grandes empreendImentos

Subsídios para o marco legal e diretrizes para empresas em projetos de infraestrutura

Um estudo para mapear a tomada de decisão em projetos de infraestrutura

populações locais a partir da coleta de in-formações georrenferenciadas. O aplicativo, desenvolvido em outro projeto do GDHeE, visa avaliar a efetividade de medidas de prevenção e mitigação adotadas, além de estabelecer um canal de escuta entre em-presas e a comunidade impactada.

Os pesquisadores do GDHeE foram con-vidados a integrar a equipe de especialistas organizada pela SBPC para a construção de diretrizes e monitoramento do reassen-tamento de ribeirinhos da Volta Grande do Xingu, deslocados com a construção da Usi-na Hidrelétrica de Belo Monte. A partir da aplicação piloto do aplicativo e de indica-dores de processo e resultado, pretende-se gerar informações que serão apresentadas ao Ibama, para avaliação do cumprimento de uma das condicionantes estabelecida para a construção da usina.

Equipe

• Coordenação: Flávia Scabin• Pesquisadores: Flávia Scabin, Thiago

Acca, Júlia Ferraz, Surrailly Yussef, Marília Xavier, Daniela Jerez, Tamara Brezigello

tal de grandes empreendimentos. O grupo participou da força-tarefa dedicada a discu-tir e elaborar o Projeto de Lei nº 3.729/2004, que trata do aprimoramento do licenciamento ambiental federal, junto à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, e hoje contribui com um anteprojeto de lei do Executivo sobre o mesmo tema.

Equipe

• Coordenação: Flávia Scabin• Pesquisadores: Flávia Scabin, Nelson

Novaes, Ana Carolina Honora e Vitor Calcenoni

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A pesquisa do Grupo de Ensino e Pes-quisa em Direito, Gênero e Identidade da FGV Direito SP busca atestar a sub-repre-sentação de mulheres em altos cargos de gestão e comprovar que a mulher adentrou no mercado de trabalho, mas não lhe foi conferido tratamento equitativo, nem tam-pouco permitiu sua ascensão a espaços de poder no ambiente privado.

Em uma segunda fase, o estudo preten-de analisar os motivos que levaram as mu-lheres a serem sub-representadas nos car-gos de alta administração empresarial no Brasil, mais especificamente nos conselhos de administração e diretorias.

Entre os resultados da pesquisa até o momento está um relatório quantitativo so-bre a sub-representação das mulheres nas empresas e um policy paper com apresen-tação dos problemas a serem enfrentados e soluções validadas com atores nacionais e internacionais. O grupo participou ainda de uma audiência pública no Senado para

Empresas que trazem em seus valores os direitos humanos e o respeito aos seus funcionários, tratando-os de forma equitati-va, além de promover a diversidade no am-biente laboral e garantir melhores decisões, ganham até em produtividade e, ao exerce-rem sua função social de forma plena, pro-movem o desenvolvimento do país. Reali-zada pelo Grupo de Ensino e Pesquisa em Direito, Gênero e Identidade da FGV Direito SP, a pesquisa tem o intuito de avaliar qual o grau de consciência e maturidade das empresas brasileiras quanto à questão da equidade de gênero, avaliar o quanto este valor está introjetado nas políticas e proces-sos das empresas e prover a sociedade de dados e parâmetros para o debate.

Em fase de elaboração, a pesquisa cole-tará dados importantes, por meio do méto-do do survey de autoavaliação das empre-sas, e proverá às empresas brasileiras um instrumento para avaliar seu monitoramento e suas práticas e políticas de equidade entre os gêneros. Os dados coletados pretendem demonstrar e eventualmente correlacionar o perfil de cada empresa, incluindo seus dados demográficos, e o relacionamento da empre-sa com o tema da equidade de gênero.

A pesquisa é realizada em parceria com a revista Exame, cuja lista de responden-tes do seu Guia de Sustentabilidade servirá para que seja aplicado o survey. Os resul-tados serão publicados no Guia Exame de Equidade de Gênero, a ser lançado em um evento com a presença de empresários e formadores de opinião. A partir da pesqui-sa, que tem entre os parceiros o Banco Itaú, o Women Leaders in Latin America e a EY, será gerado um ranking de empresas e boas práticas e um prêmio.

sub-representação de muLheres em aLtos carGos de Gestão

GuIa exame de equIdade de Gênero

Uma radiografia da presença da mulher no setor empresarial

Uma avaliação da política de equidade entre os gêneros nas empresas brasileiras

Equipe

• Coordenação: Ligia Paula Pires Pinto Sica

• Pesquisadoras: Ligia Paula Pires Pinto Sica, Heloisa Bianquini e Vitória Oliveira

debater a fundamentação de um projeto de lei e de inúmeras reportagens publicadas na imprensa, qualificando o debate público so-bre o tema.

Equipe

• Coordenação: Ligia Paula Pires Pinto Sica

• Pesquisadores sênior: Ligia Paula Pires Pinto Sica, Alexandre Di Miceli, Angela Donaggio e Luciana de Oliveira Ramos

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A pesquisa analisa o quadro de dirigentes das agências reguladoras brasileiras quanto ao regime jurídico, ao perfil dos dirigentes e ao processo de nomeação. Foram seleciona-das 18 agências reguladoras de infraestrutu-ra, sendo seis delas federais (Anatel, Aneel, Anac, ANP, Antaq e ANTT) e 12 estaduais. No total, houve análise de 144 mandatos, 105 perfis de dirigentes e 87 sabatinas.

Por meio da análise de fontes documen-tais primárias, como atos de nomeação e de exoneração e atas de votação no Senado Federal, e com base nas diretrizes traçadas nas leis de criação das agências, a pesqui-sa descreve empiricamente a dinâmica ins-titucional da política de nomeação de seus dirigentes, a tramitação do processo de no-meação e o perfil dos dirigentes analisados.

Os resultados obtidos, amplamente di-vulgados em reportagens na grande im-prensa, demonstram que apenas 6% dos nomeados são originários da iniciativa pri-vada e apenas 58% dos dirigentes têm traje-tória profissional conexa com a natureza da função regulatória da agência.

A pesquisa, inédita e financiada pelo Grupo CCR, ainda demonstrou que leva-se, em média, 188 dias para se fazer uma nova indicação de dirigente às agências regula-doras e um em cada cinco mandatos não são cumpridos até o fim.

O projeto tem por objetivo verificar se há relação entre grau de democracia e re-gulação das sociedades anônimas de dez países da América do Sul, analisando como as instituições jurídicas podem se relacionar com as instituições econômicas. O objeti-vo é estimular o debate de ideias acerca do desenvolvimento econômico e social desses países. Especificamente, buscou-se relacio-nar o grau de democracia (obtido através de uma média entre diversos índices inter-nacionais) e o grau de regulação das socie-dades anônimas e sua adequação às boas práticas de governança corporativa (obtido através da construção de índice próprio).

A pesquisa teve como resultado pri-mordial a demonstração de uma forte cor-relação entre o grau de democracia e a regulação das sociedades anônimas, nota-damente em relação às práticas de gover-nança corporativa.

Para além desse resultado, a pesquisa serviu de base para a construção do Índice de Governança Corporativa (IGC), que con-templa 388 questões aplicadas às leis de sociedades anônimas e às leis de mercado de capitais de cada um dos países analisa-dos. O índice deriva de uma base de dados com 7.760 observações que podem ser ex-pandidas, conforme a intenção de abarcar mais países.

A disseminação da pesquisa acontecerá nas universidades dos países analisados e por meio de organismos multilaterais como a OCDE, o IFC-Banco Mundial e o BID.

processo de nomeação de dIrIGentes de aGêncIas reGuLadoras: uma anáLIse descrItIva

a socIedade anônIma e a democracIa na amérIca do suL: reGuLação e Governança corporatIva

Um estudo inédito que descreve a dinâmica da escolha e o perfil dos nomeados

Uma relação entre a democracia e as instituições econômicas

Equipe

• Coordenação: Antonio Angarita• Pesquisadoras sênior: Ligia Paula Pires

Pinto Sica e Angela Donaggio

Equipe

• Coordenação: Bruno Meyerhof Salama e Arthur Barrionuevo

• Pesquisadora-chefe: Juliana Bonacorsi de Palma

• Consultor: Pedro Dutra

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A luta por transparência carrega o poten-cial de abrir caminhos para superar proble-mas práticos do direito tributário brasileiro, permitindo que a legalidade seja conhecida pelo cidadão e submetida ao controle de toda a sociedade para o fortalecimento das instituições. Este é o principal tema de pes-quisa do Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da FGV Direito SP, que utiliza instrumentos a fim de intervir no debate público em defe-sa da transparência na tributação.

Um dos produtos de pesquisa do NEF é o Índice de Transparência do Contencioso Administrativo Tributário (ICAT), que busca medir e incentivar a transparência das ins-tâncias administrativas que julgam proces-sos tributários nos estados brasileiros.

A principal ideia da pesquisa é desen-volver um índice considerado referência para medir a transparência fiscal no Brasil, que incentive boas práticas, di-vulgue informações fiscais de for-ma simétrica e contribua para o desenvolvimento de um sistema tributário fácil e eficiente. A fim de aferir o grau de transparência do contencioso administrativo tri-butário, os pesquisadores do NEF têm realizado pesquisas empíricas nos portais da internet de adminis-trações tributárias e seus conten-ciosos, investigando a acessibili-dade do cidadão a lançamentos e julgamentos. Desde 2013 já foram divulgadas três aferições do ICAT, a última delas em 2016.

O ICAT é utilizado para impul-sionar a transparência ativa, na

índIce de transparêncIa do contencIoso admInIstratIvo dos estados (Icat)

Um indicador para avaliar a transparência das instâncias administrativas fiscais nos estados brasileiros

medida em que avalia a disponibilização de documentos e informações fiscais nos sites dos fiscos; para estimular formas de regu-lação da qual participam diversos atores sociais que podem, por exemplo, utilizar táticas como o “naming and shaming” (nomear e envergonhar); e para impulsio-nar a competição saudável entre estados por mais transparência no contencioso administrativo.

Equipe

• Coordenação: Eurico Marcos Diniz de Santi e Isaias Coelho

• Coordenação Executiva: Nilson Vieira Oliveira

• Coordenação do Projeto ICAT: José Clovis Cabrera

PROJETOS Já CONCLUÍDOSProdutos e resultados da pesquisa jurídica aplicada na FGV Direito SPAo longo dos últimos anos uma série de pesquisas realizadas pela FGV Direito SP produziu de-zenas de produtos e resultados, seja na qualificação do debate público, seja na elaboração de propostas legislativas ou policy papers. Conheça algumas dessas pesquisas e seus resultados.

Subsídios para a Regulamentação das Áreas de Proteção Permanente (APPs) no Brasil, que gerou a proposição de um instrumento regulatório mais eficiente discutido com a Frente Parlamentar Ambientalista.

Compras Públicas Sustentáveis, pesquisa realizada por meio do projeto “Democratização de Informações no Processo de Elaboração Normativa”, firmado entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (SAL/MJ), que apresentou propostas de elaboração normativa para estipular crité-rios de sustentabilidade que levem ao aperfeiçoamento da gestão pública sustentável.

Subsídios para os Planos Municipais de Resíduos Sólidos, pesquisa que resultou na publicação do “Guia para a Implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos nos Municípios Brasileiros”, em parceria com a Rede Nossa São Paulo e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e apoio financeiro da Fundação Avina e do Programa Cata Ação.

O Simples Social e a Tributação das Organizações da Sociedade Civil, pesquisa realizada no âmbito do Projeto Pensando o Direito da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (SAL/MJ) em conjunto com o Ipea que teve o objetivo de identificar e analisar os principais problemas do cumprimento de obrigações tributárias pelas organizações da sociedade civil e propor parâmetros para a simplificação do regime tributário aplicável a elas.

O Cenário da Tributação das Organizações da Sociedade Civil, estudo financiado pela Open Society Foundation com o objetivo de levantar os tributos lançados, pagos e que foram objeto de renúncia fiscal pelas organizações da sociedade civil, que demonstrou a inconsistência das informações existentes sobre a tributação dessas instituições.

O ITCMD e as Doações para Organizações da Sociedade Civil, feita em parceria com o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e apoio da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e da Associação Paulista de Fundações (APF) para mapear as legislações estaduais sobre o Imposto Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD) referente ao tratamento dado para as organizações da sociedade civil.

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Governança Metropolitana, pesquisa que partiu do reconhecimento do maior amparo jurídico dado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Estatuto da Metrópole para identificar os principais entraves da gestão metropolitana, impactada por uma realidade urbana na qual as infraestruturas dos municípios se sobrepõem, trazendo desafios à formulação de políticas públicas de âmbito metropolitano.

O Brasil Que Queremos/A Polícia que Queremos, projeto criado durante as manifestações de 2013 que teve início com um ciclo de debates e evoluiu para uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e as escolas de Direito e de Administração da FGV em São Paulo, resultando na pesquisa “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública” e no livro “Polícia e Democracia: 30 anos de estranhamentos e esperanças”.

Os Tribunais, a Função Social da Propriedade e a Ocupação do Solo, pesquisa que gerou dois relatórios que analisam de que forma o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal de Justiça de São Paulo reconhecem e aplicam o conceito de função social da propriedade previsto na Constituição de 1988.

Conflitos Fundiários e Ações Reivindicatórias no Estado de São Paulo, projeto que partiu da análise de autos de ações reivindicatórias em trâmite no Tribunal de Justiça de São Paulo para compreender as razões fáticas e jurídicas do surgimento de conflitos fundiários urbanos e rurais e a identificação de uma tipologia explicando suas causas.

Pontal do Paranapanema: Contribuições à Política de Regularização Fundiária, estudo realizado com o apoio do Instituto de Terras do Estado de São Paulo para mostrar os obstáculos a serem superados para a efetividade da Lei nº 11.600, que estabeleceu regras para a regularização das terras no Pontal do Paranapanema, na região oeste do Estado de São Paulo.

APOIO E AGRADECImENTOS• Presidência da Fundação Getulio Vargas• Associação Brasileira de Anunciantes (ABA)• Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)• Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais

(Abong)• Associação Paulista de Fundações (APF)• Banco Itaú• Bloomberg• Business and Human Rights Resource Center• Comitê Gestor da Internet (CGI)• Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP/FGV)• Exame• EY• Facebook• Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo (FEAUSP)• Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)• Fundação Avina• Google• Grupo CCR• Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE)• Infomoney• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (Ibama)• Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)• Instituto Socioambiental (ISA)• Instituto de Terras do Estado de São Paulo• Ministério Público Federal• Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis• O Estado de S.Paulo• Open Society Foundation• Programa Cata Ação• Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)• Rede Nossa São Paulo• Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça

(SAL/MJ)• Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)• Universidade Federal do Pará (UFPA)• Valor Econômico• Women Leaders um Latin America

Page 11: Um breve recorte de algumas das principais PESQUISA ... · todos participativos, quanto na pesquisa, ao conduzir estudos empíricos e interdisciplina- ... IndIcadores do estado de

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