exemplos diagnósticos participativos

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Estendal das propostas para o bairro, Casal da Mira, 2011 CASAL DA MIRA; AMADORA DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO: UMA ABORDAGEM PRÓXIMA DAS PESSOAS Grupo de Jovens Azimaia-camoanha fotográfica O bairro é nosso 2013 Descobrir o que o Bairro tem de melhor: bem sabemos o que se diz por aí, e se reco- lhêssemos o que de bom se diz sobre o bairro, para vari- ar? As fotografias, feitas por um fotógrafo voluntário, fo- ram expostas no comércio e organizações locais e podem ser vistas no site do Casal da Mira. Moradores no Porta a Porta Casal da Mira 2011 Porta-a-Porta: visitas a todas as casas do bairro, uma no inicio do projeto (2011) distribuindo cheques de saberes, com um grupo de moradores e técnicos de organizações locais, como meio de dar a conhecer o projeto, conhecer as pessoas e recolher sugestões e um 2º para avaliar o impacto do Mira Kapaz (Maio 2014). Estendal comunitário: uma corda estendida e pequenos pedaços de papel coloridos para cada pessoa colocar su- gestões pode ser uma meto- dologia usada em festas, eventos ou até reuniões. Co- res diferentes foram usadas para diferentes desafios ou po de propostas. Maratona fotográfica: e que tal passear pelo bairro com grupos de várias idades e origens com máquinas em punho e algumas perguntas no bolso. O melhor é que também po- dem ser momentos de convívio e jogo, com pistas e outras curiosidades para descobrir! Esta metodologia foi especial- mente bem sucedida com crianças. Crianças do Bairro Casal da Mira propõem a localização para um museu durante o peddy paper realizado em 2012 No decorrer da intervenção comunitária no bairro do Casal da Mira (CM), Amadora (freguesia Encosta do Sol), um local sobre o qual exisam poucas informações (em termos de recursos e não de fragilidades), optou-se por desenhar o próprio diagnósco com a comunidade local. Neste contexto, em que a desconfiança para com as instuições e o desconhecimen- to da maioria dos projetos era muito evidente, foi ainda mais importante envolver os moradores no processo. Após dois momentos com instuições, em que se mapearam respostas, lacunas e ideias, foram pensados momentos aber- tos à comunidade onde foi proposto aos presentes contribuir para desenhar e concrezar o processo de diagnósco. Des- tes momentos surge o 1º Porta-a-Porta (2011) em que os entrevistadores foram moradores, a equipa do projeto e membros de organizações locais. A frase mais escutada pelo bairro foi no CM não há nadaou no CM as pessoas não têm esperança”. Face a isto, urgia perceber o que há no maior e mais valioso recurso de todos: as pessoas. Pelo processo, foi possível perceber o que de fato não havia e o que poderia haver. E encontrou-se riqueza, sonhos, planos, projetos, desilusões e esperança. Muita esperan- ça. Assim nasceu o projeto Mira Kapaz.

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Page 1: Exemplos Diagnósticos Participativos

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DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO: UMA ABORDAGEM PRÓXIMA DAS PESSOAS

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Descobrir o que o Bairro tem de melhor: bem sabemos o que se diz por aí, e se reco-lhêssemos o que de bom se diz sobre o bairro, para vari-ar? As fotografias, feitas por um fotógrafo voluntário, fo-ram expostas no comércio e organizações locais e podem ser vistas no site do Casal da Mira.

Moradores no Porta a Porta Casal da Mira 2011

Porta-a-Porta: visitas a todas as casas do bairro, uma no inicio do projeto (2011) distribuindo cheques de saberes, com um grupo de moradores e técnicos de organizações locais, como meio de dar a conhecer o projeto, conhecer as pessoas e recolher sugestões e um 2º para avaliar o impacto do Mira Kapaz (Maio 2014).

Estendal comunitário: uma corda estendida e pequenos pedaços de papel coloridos para cada pessoa colocar su-gestões pode ser uma meto-dologia usada em festas, eventos ou até reuniões. Co-res diferentes foram usadas para diferentes desafios ou tipo de propostas.

Maratona fotográfica: e que tal passear pelo bairro com grupos de várias idades e origens com máquinas em punho e algumas perguntas no bolso. O melhor é que também po-dem ser momentos de convívio e jogo, com pistas e outras curiosidades para descobrir! Esta metodologia foi especial-mente bem sucedida com crianças. Crianças do Bairro Casal da Mira propõem a localização para

um museu durante o peddy paper realizado em 2012

No decorrer da intervenção comunitária no bairro do Casal da Mira (CM), Amadora (freguesia Encosta do Sol), um local sobre o qual existiam poucas informações (em termos de recursos e não de fragilidades), optou-se por desenhar o próprio diagnóstico com a comunidade local. Neste contexto, em que a desconfiança para com as instituições e o desconhecimen-to da maioria dos projetos era muito evidente, foi ainda mais importante envolver os moradores no processo.

Após dois momentos com instituições, em que se mapearam respostas, lacunas e ideias, foram pensados momentos aber-tos à comunidade onde foi proposto aos presentes contribuir para desenhar e concretizar o processo de diagnóstico. Des-tes momentos surge o 1º Porta-a-Porta (2011) em que os “entrevistadores “ foram moradores, a equipa do projeto e membros de organizações locais.

A frase mais escutada pelo bairro foi “no CM não há nada” ou “no CM as pessoas não têm esperança”. Face a isto, urgia perceber o que há no maior e mais valioso recurso de todos: as pessoas. Pelo processo, foi possível perceber o que de fato não havia e o que poderia haver. E encontrou-se riqueza, sonhos, planos, projetos, desilusões e esperança. Muita esperan-ça. Assim nasceu o projeto Mira Kapaz.

Page 2: Exemplos Diagnósticos Participativos

PRINCIPAIS DESAFIOS

Atrasos nas respostas formais: a equipa e os parceiros poderão ser intermediários, tentando obter informa-ções e promovendo a transparência, exercendo pressão para o cumprimento.

Preparação para entrevistar moradores: esta tarefa delicada exige treinar a atitude de não julgamento, es-cuta ativa e valorização de todos os contributos.

Decisão coletiva: o consenso nem sempre é fácil, prin-cipalmente se existem assuntos prementes. É importan-te estabelecer o que está ao alcance e o que pode ser necessitar de outra abordagem, ajustando expetativas.

Envolver na solução: implica tempo e disponibilidade. É crucial deixar claro que a equipa não vai responder a todos os problemas e encontrar formas simples de par-ticipação respeitando o tempo das pessoas e da comu-nidade. Existe uma comissão de moradores? Ótimo! Podem ajudá-los a continuar o trabalho iniciado!

PRINCIPAIS IMPACTOS E RESULTADOS ALCANÇADOS + 600 pessoas entrevistadas e + 20 pessoas envolvidas

na organização Natal do Bairro e uma árvore de natal e presépio comu-

nitário 1º proposta do bairro vencedora do Orçamento partici-

pativo 2013 e 4 propostas elaboradas para 2015 Marca “Mira Sabi” e mercados de rua regulares para

potenciar os saberes locais 4 grupos de alfabetização de adultos (+ 50 pessoas) 2 grupos de formação TIC (+ 30 pessoas) Campanha “o Bairro é nosso, a Casa é nossa”, exposição

de fotografias de moradores com frases positivas, 1 lim-peza do bairro, 2 maratonas fotográficas

Site do Casal da Mira (resultados da pesquisa pelo CM deixam de ser apenas negativos)

1 associação local e vários grupos informais no bairro

Apresentação de Propostas e Projetos: É importante que exis-tam resultados visíveis do DP, para que este seja consequente. Além de constituir uma oportunidade de envolver os moradores nas iniciativas que propõem, atesta que vale a pena participar.

Eventos Comunitários: são momentos de celebração mas também podem ser de levanta-mento de ideias, devolução e reflexão sobre o DP, propondo a votação sobre as propostas. Um coração (ou mais) para cada um votar na que mais gosta e alguém com a tarefa de explicar em que consistem ou um painel de recolha de sonhos no CM funcionaram muito bem!

Festa de Natal no Bairro Casal da Mira , 2013

Quem trabalha na área comunitária conhece as dificuldades em mobilizar pessoas para reuniões ou assembleias, principal-mente em contextos de descrença no trabalho das organizações. Embora sejam importantes os espaços para debater idei-as, nem tudo tem que acontecer em contextos formais, com todos sentados à mesma mesa. É importante preparar o terreno, colocar avisos nas portas dos prédios e passar a palavra, apresentarmo-nos às pessoas, explicar bem para que serve a informação recolhida, deixar os contatos da equipa, levar folhas para registar informações e fazer só 2 ou 3 perguntas simples.

Exposição das fotografias, frases e propostas: momentos públicos onde estarão decisores e organizações são ideais para expor os resultados do diagnóstico com citações ou imagens, que valem mais que mil palavras! No CM foram ex-postas várias vezes as fotografias com frases positivas sobre o bairro bem como os vários placards de votação de propostas., e um barómetro do progresso do diagnóstico.

Com vontade de experimentar? Nos anexos pode encontrar fichas práticas para aplicação destas metodologias. Bom trabalho!

Votação de propostas para o Bairro, 2014

Preparação coletiva do diagnóstico, 2011

Page 3: Exemplos Diagnósticos Participativos

CONHECER, SONHAR E PLANEAR

Os primeiros passos para conhecer o território e preparar a interven-ção realizaram-se através da animação de uma sessão de diagnóstico e planeamento com a rede local (RODA - Rede de Organizações para o Desenvolvimento da Adroana e mais tarde alargada ao BCV e Alcoi-tão), convidando outros parceiros-chave e moradores. Promoveu-se a realização de um mapeamento físico das respostas locais existentes nos 3 bairros, aferindo o que estava a ser feito e identificando recur-sos e potencialidades locais. Sonharam-se os territórios, planearam-se ações e priorizaram-se as grandes linhas estratégicas de ação.

Para melhor conhecer o território foi também fundamental recolher outras informações sobre os territórios, nomeadamente a análise de diagnósticos e planos locais já existentes, bem como dados estatísti-cos oficiais (INE). Isto possibilitou o desenho do plano de ação co-construído com parceiros-chave.

BREVE CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

Os bairros de Alcoitão (Al), Adroana e Cruz Vermelha (BCV), em Alcabideche, Cascais, caracterizam-se por carências económico-sociais,

pobreza, insuficiência de respostas ao nível de emprego/qualificação, ocupação de jovens e atividades de convivialidade. Alcoitão e BCV

apresentam um espaço público e edificado pouco qualificado, imagem externa negativa e insuficiência de dinâmicas comunitárias de

base. Na Adroana existiam já dinâmicas de organização comunitária e o RODA, uma rede de parceiros desenvolvida a partir da interven-

ção do CLDS LINK I. Resultante de um processo de diagnóstico participativo com diferentes stakeholders (moradores, rede local, outras

organizações), a intervenção local centrou-se na co-construção integrada de três linhas estratégicas / desafios: Território e a Envolvente;

Relação entre Pessoas no Território, Indivíduos e Famílias, percursos de desenvolvimento qualificados.

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2014

Sessão de trabalho com Parceiros da RODA no âmbito do DP. Alcabideche, 2012

ALCOITÃO, ADROANA, Bº DA CRUZ VERMELHA

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO: OUVIR PELA VOZ DA COMUNIDADE

FÓRUNS COMUNITÁRIOS

Em que se identificaram necessidades, aspetos positivos do bairro, oportunidades/potencialidades, ideias para melhorar o bairro e como os moradores gostariam de se implicar no de-senvolvimento de soluções. As sessões foram animadas com a técnica de dotmocracy (deaRatingSheets). A divulgação reali-zou-se através de cartazes, redes sociais, parceiros, conversas de rua e boca-a-boca.

CONVERSAS DE RUA

As conversas de rua, a observação das dinâmicas do território e o an-dar na rua (frequentar os cafés, lojas, cumprimentar as pessoas e fazer conversa) foram estratégias-chave. São fundamentais em espe-cial onde há fragmentação da relação entre instituições e população e laços de comunidade fragilizados. Estas conversas foram palcos im-portantes para construir confiança, dar a conhecer o K’CIDADE e o plano de desenvolvimento local, identificar necessidades, oportunida-des, sonhos, competências, talentos, pessoas-chave e mobilizar lide-res locais. .

CONVERSAS COM PARCEIROS

Realização de entrevistas semi-directivas a organizações locais e concelhias com intervenção nas áreas da saúde, apoio social, educação, cultura, desporto, cívico, etc. O objetivo foi o de aprofundar conhecimento sobre a sua ação, identificar neces-sidades, potencialidades e formas de colaboração.

Morador participando num dos fóruns comunitários dinamizados através da metodologia “idea rating sheets”, 2013

Page 4: Exemplos Diagnósticos Participativos

IMPACTOS QUE RESULTARAM DO DIAGNÓSTICO

O RODA integrou o DP, fez uma mudança estratégica alar-gando a sua intervenção aos 3 bairros, fortalecendo o traba-lho em parceria/ de forma colaborativa e em rede;

Novos parceiros associaram-se ao RODA, participando nos fóruns ou em projetos locais (ex. Ludoteca Alcoitão, Igreja Nazareno, C.R.F. Profissional de Alcoitão);

Elaboração pelos parceiros da RODA de um plano de ação integrado, com uma visão prospectiva a 10 anos, incorporan-do a voz da população através de intervenções em áreas pri-orizadas por todos, integrando e diversificando as dimensões de intervenção;

Resultante do DP surgiriam ações em que parceiros e mora-dores, tomaram decisões de forma conjunta e co-implementaram soluções à medida (Ex. Mãos à Horta, Cozi-nha €co-Criativa, Grupos de Interesse, Loja de Trocas, ...);

Realização de várias ações de melhoria da envolvente dos bairros pela CMC (ex: lombas, redes no campo de futebol de Alcoitão, entre outras);

Mobilização da comunidade (moradores e organizações) para uma ação coletiva e organizada por ocasião do concurso de PIC – Projetos de Inovação Comunitária para apresentação de projetos em áreas para as quais não existiam respostas ou eram diminutas (e.g. desporto, cultura, cidadania, lazer/convívio, entre outras).

Plano de Desenvolvimento Local fortalecido em diversidade de parceiros envolvidos, nº de respostas/projetos criados.

PRINCIPAIS DESAFIOS

Mobilizar pessoas com pouca experiência de participa-ção, sobretudo em territórios onde se verifica uma rela-ção de divórcio com as organizações, de reclamação de intervenções anteriores que terminaram de forma abrupta, sendo necessário criar e adaptar diferentes es-tratégias de mobilização da população;

Fazer as pessoas acreditarem que é possível participar, que também podem ter um papel activo na melhoria da sua comunidade e que esta responsabilidade é de todos e não apenas das instituições;

Apesar do interesse no processo/metodologias do DP, muitos parceiros não entendem este processo como uma missão sua. Não têm esta metodologia como um instrumento de ação;

Para que a participação seja consequente é importante existirem decisões deliberativas, compromissos efetivos, assumidos e respeitados por todos, nomeadamente pelo poder público e decisores locais sob pena de comprome-ter a sua participação e envolvimento futuros.

Sessão do RODA. Confrontação entre as ações priorizadas pelos parcei-ros e o diagnóstico/necessidades apontados pelos moradores e institui-ções, 2013

Reuniões de moradores para planeamento de ações a desenvolver em Alcoitão, 2013

COM A REALIZAÇÃO DO DP OS PARCEIROS FORTALECERAM E APROFUNDARAM A SUA FORMA DE OLHAR E AGIR SOBRE O TERRITÓRIO. O PLANE-AMENTO LOCAL INCLUIU A VOZ E O SENTIR DA PO-PULAÇÃO, BEM COMO A SUA PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS LOCAIS

FESTA COMUNITÁRIA

O passo seguinte consistiu em sistematizar conversas e encontrar a melhor forma de devolver o diagnóstico e planeamento às comuni-dades envolvendo-as nas soluções/propostas.

Em Alcoitão, optou-se por devolver este levantamento na “festa comunitária”. Os eventos comunitários são uma celebração mas também momentos-chave para devolver informações, mobilizar e animar as comunidades para a participação.

Criou-se, assim, uma ferramenta de tipo “puzzle” que continha o resumo dos desafios e soluções identificados por organizações e população. A comunidade foi convidada a identificar também ou-tros desafios/necessidades/soluções que ainda não se encontras-sem ali expressos. Os dinamizadores procuraram ainda que a co-munidade expressasse outras dimensões: “Gostava de participar na solução? Como poderia ser feito? Como poderia ajudar?”, identifi-cando pessoas-chave. Resultante deste DP saíram ações/projetos implementados pela comunidade.

Sessão de trabalho com parceiros e moradores para a preparação do puzzle

de DP , 2013

Page 5: Exemplos Diagnósticos Participativos

PRIMEIROS PASSOS

O K’ Cidade iniciou a sua intervenção no Bairro do Pendão, em 2013, procurando, desde o início, priorizar o olhar sobre o território, escutando os agentes que o compõem e o tornam dinâmico e vivo. Esse conhecimento mais profundo, primeiro passo para uma intervenção eficaz, foi feito através do Diag-nostico Participativo que no Pendão teve como objetivos:

Conhecer o território (intervenientes, problemas, necessi-dades, recursos, potencialidades, dinâmicas locais);

Possuir uma base sólida para a elaboração de um plano de trabalho/ação baseado nos conhecimento obtidos;

Impulsionar a participação, a reflexão e envolvimento dos participantes nas decisão e construção de soluções.

Sendo o K’CIDADE um ator externo, recém-chegado ao terri-tório, foram dados os primeiros passos para a mobilização e adesão local através de visitas exploratórias procurando ob-servar e dialogar com os diferentes agentes do território. Contudo esse conhecimento prévio não conferia ao K’CIDADE a legitimidade de, simplesmente, se apresentar, expor as suas conclusões sobre o bairro e iniciar a intervenção. Era neces-sário um conhecimento mais aprofundado envolvendo os atores locais em redor de uma mesma mesa, identificando necessidades do território, recursos e potencialidades, assim como, mobilizar para uma colaboração efetiva.

UM OLHAR SOBRE O PENDÃO

O bairro do Pendão localiza-se na freguesia de Queluz, concelho de Sintra e distingue-se pela grande diversidade habitacional (gestão camarária, de cooperativas, de gestão privada, de arrendamento e venda livre) e pela heterogeneidade da sua população (portuguesa, de etnia cigana, imigrantes, muitos oriundos dos PALOP). É um bair-ro onde a maioria da população sofre de profundas carências ao ní-vel socioeconómico e onde o desemprego aumentou consideravel-mente.

Os adultos de têm baixa escolaridade e experiências profissionais indiferenciadas, tendo hoje grandes dificuldades em encontrar traba-lho. Possuem contudo a motivação e a determinação em arranjar trabalho, pela urgência do rendimento, pelas famílias que tem a seu cargo e pelo desejo que alimentam de terem uma vida melhor. Ape-sar de apresentam vontade de participar e de melhorar a sua vida, a sua mobilização nem sempre é fácil pois raramente são chamados a participar. Muitos jovens estão desocupados, não trabalham e não estuda, mas possuem, mas têm sonhos e aspirações para o futuro sentindo apenas dificuldade em definir os passos para os concretizar.

Ao nível do tecido institucional, apesar de existir algum desconheci-mento do trabalho que as organizações realizam entre si, existe o interesse em criar mais e melhores respostas para uma comunidade que ambicionam seja mais ativa.

A MOBILIZAÇÃO DOS PARCEIROS

Sendo o K’CIDADE um ator externo, recém-chegado ao território, a mobilização e adesão do tecido associativo local era crucial para ex-plorar o território e para nele intervir de forma eficaz. Neste sentido, as visitas exploratórias foram determinantes procurando conhecer as instituições e as suas diferentes sensibilidades, mas também dar o conhecer o K’CIDADE e o trabalho que tem desenvolvido, trabalho esse profundamente ancorado na participação e acção colaborativa dos vários agentes locais.

A equipa beneficiou ainda, do conhecimento que alguns parceiros locais já detinham do K’ CIDADE e do seu trabalho por terem partici-pado num evento na Tapada das Mercês em que foram apresentados vários projetos comunitários. O tecido associativo local participou e mobilizou a população residente, utentes dos seus serviços para que também participassem no diagnóstico.

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Grupo de Jovens do Pendão

PENDÃO/QUELUZ-SINTRA MIRA

DIAGÓSTICO PARTICIPATIVO: PARA UMA COMUNIDADE EM MOVIMENTO

Page 6: Exemplos Diagnósticos Participativos

DINANIZAÇÃO DO PROCESSO

As entrevistas foram realizadas pelo coordenador da equipa e por um técnico, numa data pré agendada com dirigentes das organizações/membros dos órgãos sociais. Os focus group, com duração de 2h foram constituídos por grupos de 8 a 10 pessoas. Tanto nas entrevistas como nos focus group as questões coloca-das centraram-se em torno de “que necessidades sente”, “o que faz falta”, “o que é importante para si”, que aspetos positivos tem para si o bairro?”, “o que poderia ser melhorado”?, procu-rando o dinamizador (K’ CIDADE) que todos participassem de igual modo.

Identificados e analisados os problemas, recursos e potenciali-dades, foi feito o mapeamento dos principais problemas e sua hierarquização de acordo com a sua gravidade. Depois, foram identificadas áreas prioritárias e, em função destas, os participan-tes apresentaram várias ideias/contribuições para a sua resolu-ção ou atenuação. Foi feito um processo de votação (cada partici-pante um voto) sendo eleitas algumas propostas bem como, identificados os recursos necessários e existentes. Após esta deci-são, a etapa final consistiu em questionar de novo “o que gosta-riam de fazer?”,” qual poderia ser o seu contributo?”, procuran-do o dinamizador orientar as conversas para que os presentes se envolvam efetivamente na construção de soluções. Esta fase permitiu ainda percecionar os diferentes interesses e sensibilida-des das organizações, a sua maior ou menor abertura para a par-ticipação e ação, de que forma se poderá (ou não) colaborar com esse parceiro. Posteriormente, foi feita a sistematização e anali-se de toda a informação recolhida através do DP e elaborado um plano de ação. O diagnóstico foi devolvido à comunidade através de sessões para o efeito ou aproveitando eventos comunitários permitindo uma visão mais completa da realidade, agora parti-lhada por todos os stakeholders.

DIFICULDADES SENTIDAS

A entrada num território que desconhecemos e para o qual somos uma entidade “externa” nem sempre é fácil. Para ate-nuar todo o tipo se sensações de mal-estar que a nossa pre-sença pudesse causar, foi fundamental conhecer as organiza-ções e de forma aberta e transparente expor que as nossas intenções de trabalho se baseiam na colaboração, na parceria, que procuramos a complementaridade de esforços e recursos, potenciar do que já existe e contruir em conjunto respostas inexistentes;

A visão pouco apreciativa que muitas organizações têm da po-pulação ( que não quer fazer nada e que não vale a pena envol-ve-la) embate na nossa visão de pessoas com competências e saberes e que são capazes de contribuir significativamente para ultrapassar problemas. Para muitas pessoas, este foi o primeiro momento em que foram ouvidas e pude- ram expres-

PRINCIPAIS IMPACTOS QUE RESULTARAM DO DIAGNÓSTICO

Território com um de um plano de ação co-construído, que reflete as necessidade e prioridades de ação;

Maior conhecimento sobre as perceções das pessoas dando visibilidade a problemas que sentem e para os quais os parcei-ros não estavam sensibilizados, (ex requalificação urbana);

Parceiros a trabalhar numa lógica de parceria em torno das prioridades identificadas. Foi constituído um grupo de trabalho sobre emprego, tendo evoluído para Grupo de Emprego Queluz-Belas. Foi lançada uma estratégia para a requalificação urbana;

As conversas informais e a mobilização de jovens possibilitou a realização de um evento comunitário organizado por jovens que não se conheciam entre si. Este evento permitiu também aprofundar o diagnóstico com a recolha dos sonhos para o Pendão;

Foram lançadas as bases para a abertura do espaço comunitá-rio do Pendão cujas atividades se baseiam nas necessidades e interesses manifestados pela comunidade, sendo também um espaço onde ela própria se reúne e planifica as ações a realizar;

Desmistificação da ideia da participação das pessoas para as organizações e que, aos poucos vão construindo uma visão diferente dos seus beneficiários que “até têm ideias e fazem coisas”.

O CRUZAMENTO DE OLHARES QUE O DP PERMITE É FUNDAMENTAL PARA QUE PERCEÇÕES DA POPULA-ÇÃO E ORGANIZAÇÕES, POR VEZES DIVERGENTES, SE ENCONTREM, DANDO VISIBILIDADE A PROBLE-MAS PARA OS QUAIS NEM TODOS ESTARIAM SEN-SÍVEIS

METODOLOGIA UTILIZADA

No âmbito deste DP foram feitas duas consultas: uma primeira (Maio 2013) para um conhecimento preliminar do território, baseado em entrevistas e conversas com os atores locais (formais e informais) e um segundo (Outubro 2003) de aprofundamento do conhecimento e de mobilização da comunidade, optando nesta fase, pela realização de:

reuniões com técnicos da CAF- Comissão de Acompanhamento á Família, constituída por 16 organizações;

sessões de focus group (5) com diferentes grupos de moradores envolvendo 70 pessoas (crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres, beneficiários do RSI, população de etnia cigana, imigran-tes, estudantes , desempregados);

Entrevistas semi-directivas (22), realizadas a entidades locais (agrupamentos de escolas, IPSS, Juntas de Freguesia, organizações de base local e instituições membros da CAF);

Conversas informais, envolvendo cerca 30 pessoas, jovens e adul-tos, desempregados, emigrantes, etc., realizadas na rua e em lo-cais de frequência habitual dos moradores.

Dinamização da dinâmica “Muro dos Sonhos do Pendão,” no âmbito de uma festa comunitária local, 2013

Page 7: Exemplos Diagnósticos Participativos

PRIMEIROS PASSOS

Os mecanismos que levam à realização do DP neste território resultaram tanto da dinâmica alavancada pelo K’CIDADE, co-mo do contato espontâneo que alguns moradores manifesta-ram junto do K’CIDADE para resolver problemas relacionados com a degradação do edificado/habitações e a requalificação dos espaços comuns à envolvente das casas. primeiros en-contros/conversas destinaram-se a escutar estes moradores, a identificar outros, perceber necessidades, motivações, frus-trações e definir possíveis ações. Dado o processo de DP ter ocorrido em cooperativas e tempos distintos, recorrendo a diferentes técnicas, não podemos apenas falar de um DP mas sim de vários diagnósticos embora todos com um mes-mo propósito:

1) Ouvir a população sobre o bairro (diagnóstico) e recolher sugestões de melhoria (soluções);

2) Elaborar e devolver ‘conclusões’, definir estratégia/ações, recursos/parceiros a mobilizar e exequibilidade das ações

BREVE CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

Em 2009, inicia-se a intervenção do K’ CIDADE no Vale de Chelas com a fixação de uma Equipa de Intervenção Comunitária da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) em parceira com a Fundação Aga Khan (AKF). Este é um território de contrastes, marcado por fenómenos de pobreza e de exclusão social. A sua população é maioritariamente por-tuguesa, originária dos êxodos rurais dos anos 50/60 do século passado português, e realojada (entre 1999/2001) em 3 bairros de cooperativas (Bairro Horizonte, Belo Horizonte e Lisboa Nova), criadas em 1976 nas freguesias da Penha de França (ex-freguesia de São João) e do Beato, no âmbito das ‘Operações SAAL’* promovido pelo Estado Português para a erradicação dos bairros de barracas em Lisboa.

A localização relativamente marginal deste território face ao restante tecido consolidado da cidade, a coexistência de uma população com baixos níveis socio económicos e de instrução, foi agudizado pelo per-sistente atraso na execução do Plano de Urbanização do Vale de Chelas (primeiro plano data dos passados anos de ‘60), conduzindo à crescen-te degradação do ambiente físico e socioeconómico (e.g., do espaço público expectante, rede transportes e acessibilidades, da falta de equipamentos, precariedade económica, imagem externa negativa), a par da degradação geral do edificado social e da insolvência das coope-rativas.

De destacar que nos anos ’80, ‘90 continuaram a existir movimentos de moradores que assumiram um papel importante na busca de soluções para os problemas do bairro junto do poder público. Mas face á inercia e/ou morosidade dos processos, instalou-se a desilusão e descrença nas instituições, bem como no impacto efetivo da participação.

SABER OLHAR PARA AS OPORTUNIDADES

A realização do processo de DP no Vale de Chelas beneficiou amplamente de uma conjuntura favorável que incluiu (a) disponibilidade de recursos humanos adicionais (mestrandas da Faculdade de Arquitetura de Verona, Itália), (b) vontade política por parte da CML (vereação da habitação) por ocasi-ão do lançamento do Programa BIP-ZIP (2011/2012) que fi-nancia e descentraliza a ação (gestão local participada) e ain-da, (c) candidaturas ao Orçamento Participativo (OP) da Jun-ta Freguesia de São João (atual Penha de França).

Foi fundamental integrar e gerir estas vontades e oportuni-dades de modo a mobilizar e reunir entidades publicas, par-ceiros e moradores em torno deste DP, mapeando necessida-des, oportunidades, recursos, identificando e co-construindo propostas de ação integradas e adaptadas às necessidades locais. Em torno deste DP e do olhar conjunto para as opor-tunidades reuniram-se parceiros do ‘Setor Público’ -Projeto Sementes (Escolhas), J. F. Beato e S. João, CML (habitação), e do ‘3º Setor’ - Médicos do Mundo, Creche Missão Nossa Se-nhora (SCML), Clube Musical União (CMU), Comissão de Mo-radores do Bairro Horizonte (CMBH), Grupo Informal de Mo-radores do Beato, AKF-PT & SCML (K’CIDADE).

Requalificação do parque infantil da 'praceta dos pequeninos' resultante de um projeto BIP ZIP, baseado no processo de diagnostico realizado no Vale de Chelas

Sessões de devolução dos resultados do diagnóstico aos morado-res, no ‘Vitória Clube de Lisboa’ (clube de desporto, cultura & recreio).

* As ‘operações SAAL’ (Serviço de Apoio Ambulatório Local) foram num curto período pós-25 de Abril de ‘74, uma intensa experi-ência de democracia e intervenção participativas no domínio das políticas públicas (serviços de descentralização) para a habitação social. É hoje ainda uma referência para os Estudos Urbanos pela forma como envolveu arquitetos, engenheiros, juristas, geógrafos, sociólogos e, sobretudo, os próprios moradores de bairros degradados, numa esforço associativo para lutar por uma habitação condigna e pelo direito à cidade.

Requalificação do parque infantil da 'praceta dos pequeninos' resultante de um projeto BIP ZIP, basea-

do no processo de diagnostico realizado no Vale de Chelas

Num sistema que se organiza de forma hierár-quica, a participação nos processos comunitá-rios, de atores conotados pela população como decisores, é mobilizador da sua própria partici-pação

VALE DE CHELAS

UM PROCESSO DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVOS

As pessoas mobilizam-se para questões que lhes dizem diretamente respeito desde que exista uma perspetiva de concretização da suas expectativas

Page 8: Exemplos Diagnósticos Participativos

PRINCIPAIS IMPACTOS QUE RESULTARAM DO DIAGNÓSTICO

Arranjo, requalificação e pintura do edificado das Cooperativas (por candidatura a fundos ou voluntariado), substituição das coberturas de amianto, criação de novas infraestruturas (6 proje-tos concluídos), requalificação da envolvente (4 projetos)

Maior cuidado dos moradores na preservação do edificado (e.g., exemplo, 5 de 14 blocos organizaram-se em condomínio) e das infraestruturas, partes e espaços verdes comuns.

A mobilização e o envolvimento do poder publico local e do teci-do institucional renovou as redes locais de parceria e de trabalho sociocomunitário.

Colaboração dos órgãos autárquicos (CML e JF) para correspon-der às solicitações da população e fomentar ‘relações de proxi-midade’ entre ‘representantes’ e ‘representados’.

Mobilização e ação coletiva territorial face a novas oportunida-des (e.g., Programa BIP/ZIP) para concretizar propostas dos mo-radores (e.g., Parque Intergeracional BH). O DP constituiu o ‘quadro de referência’ para as várias candidaturas apresentadas (e aprovadas) àquele Programa e outros fundos.

A ‘CMBH’ candidata e vence (2012) 2 projetos ao OP da JFSJ (requalificação do talude; construção do campo multidesporti-vo).

O processo de DP e planeamento integrado destes bairros é apresentado pela CML como uma boa-prática de governação da cidade, junto de parceiros nacionais e europeus, como um exem-plo a seguir por outros, regenerando assim a imagem do bairro e inovando a ação profissional/técnica do desenvolvimento local.

DIFICULDADES SENTIDAS

Mobilização inicial da população para o diagnóstico, ou para mantê-la ativa ao longo do processo participado. A perspetiva real de concretização das suas expectativas, a par do envolvi-mento direto do poder público (decisores), facilitam, viabilizam e exponenciam a participação da população local;

Os métodos participativos não são ‘prática do quotidiano’ e dos afazeres técnicos/profissionais da generalidade das instituições, sobretudo do poder público, tornando difícil a sua apropriação. Ainda que reconheçam e valorizem os processos de ‘consulta’ para o desenvolvimento local com recurso a metodologias parti-cipativas, não são métodos a que habitualmente recorram, seja por desconhecimento, por falta de disponibilidade e/ou por não ser esse o seu papel/função da instituição,

No tempo que medeia entre o final do processo de DP e a con-cretização das ações daí resultantes é preciso gerir expectativas e que passam não só pelos recursos e fundos existentes e/ou a mobilizar, como pela ‘vontade politica’. Uma solução é fazer acontecer pequenas ações com visibilidade pública local (e.g., arranjo de canteiros, arte urbana...);

Na gestão do confronto e da tensão instalada entre as partes interessadas, das vontades e compromisso, pois a mudança apenas poderá surgir se houver vontade e compromisso das partes e esforço colaborativo para ultrapassar obstáculos e encontrar soluções.

DINAMIZAÇÃO DO PROCESSO

A divulgação (datas das sessões de consulta para diagnóstico e planeamento) foi feita pelos parceiros (cartazes) mas sobretudo pelo ‘boca-a-boca’ e ‘porta-a-porta’ feito pelos grupos (in)formais (CMBH, residentes) junto dos vizinhos e nos blocos residenciais envolventes. O processo participativo compôs-se por três momen-tos distintos:

1- Identificação das necessidades locais, sendo os participantes desafiados a identificarem no bairro e espaço envolvente as zonas prioritárias para intervenção a partir da ‘maquete 3D’, e a sugeri-rem melhorias. Nas conversas de rua pelo bairro, eram afixados na parede um ortofotomapa e papel-cenário (para registo dos contri-butos), suscitando-se a curiosidade e aproximação das pessoas. Os

animadores do processo explicavam o objetivo e orientavam as pessoas para o registo de necessidades, interesses e motivações: “O que faz falta nesta área cidade?”, “O que poderia existir no es-paço público para melhorar a vida de quem aqui vive?”, “E onde?”, “O que poderia trazer mais vida e pessoas ao bairro?” A reunião de moradores em torno desta animação de rua gerou, espontanea-mente, 200 propostas a partir de espaços de diálogo e relação ‘out of the office’ para obter soluções ’out of the box’.

2- Dinamização de sessões de devolução das propostas recolhidas junto dos moradores para seleção das intervenções prioritárias (o quê e para quê, onde e com quem), e identificação de recursos (como, com quem), mobilizando as pessoas para a ação coletiva. A Comissão/Grupo de Moradores tendo por base as escolhas dos vizinhos, procura fazer o desenho da intervenção. Em simultâneo, no BH preparou-se uma exposição sobre a Cooperativa, desde a sua génese aos dias de hoje, mobilizando toda a comunidade na recolha de fotografias e documentos antigos. Esta iniciativa pro-porcionou ainda o reencontro dos moradores com a equipa de arquitetos da ‘operação SAAL’ deste bairro. O resultado de todo o trabalho de DP foi apresentado numa exposição pública em insta-lações do ‘Clube Musical União’ (CMU), uma sociedade recreativa local com mais de 100 anos.

3- Realização de sessões de trabalho entre moradores, técnicos locais, da CML e do executivo das J. Freguesia para analisar e discu-tir as propostas de intervenção dos moradores (requalificação do edificado e dos espaços expectantes, segurança e construção de espaços de convívio e equipamentos para crianças e jovens).

METODOLOGIA UTILIZADA

Nestes DP e dado que as populações não respondem facilmente ao apelo da ’participação’, recorreu-se a métodos distintos con-forme a idade e as diferentes ‘zonas para intervenção’:

Construção de maquete 3D do bairro para estímulo à participa-ção e interação entre moradores e organizações na produção de um processo de DP e planeamento comunitário participado.

Realização de conversas porta a porta e de rua recorrendo a um ortofotomapa (fotos aéreas do território da ação) para identifica-ção e registo de áreas que devem ser alvo de intervenção.

Produção de desenhos por crianças imaginando o ‘bairro ideal’.

‘Maquete 3D’ do Bairro Horizonte, construída para estimular a participa-ção da população/comunidade locais, 2011

Neste processo de diagnóstico foi-se igual-mente ganhando consciência de que o traba-lho em parceria possibilita protagonizar e in-fluenciar medidas de politica publica com in-cidência local