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Um Amor Exigente

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O que é amar? Você saberia responder a essa questão? Será que o que praticamos em nossa família e principalmente com os nossos filhos pode ser considerado amor? Difícil responder a todas essas perguntas. Como alguém tem o direito de julgar o amor sentido por outro e a forma como esse amor é expresso, principalmente quando ele toca à nossa relação “pais e filhos”.

A pergunta não é fácil, mas o tema é pertinente. Muito mais pessoas do que imaginamos procuram ajuda todos os dias por terem uma visão distorcida do que é amar. Acredito que seja um atrevimento da minha parte dizer que a pessoa não sabe amar, mas quando vemos os fatos, com bom senso, acabamos por chegar a essa conclusão.

Para não parecer pretensiosa, citarei alguns casos de mães e pais que acreditam que amam de mais os seus filhos. Amam tanto que não sabem lhes colocar limites, amam tanto que são capazes de prejudicar a si próprios e a se reduzirem a nada simplesmente para satisfazer todas as suas vontades . E o pior de tudo, é que sentem que essa é a sua obrigação. E vendo assim, penso que onde haja obrigação, o amor já não está assim tão bem de saúde.

Pais que precisam ir ao dentista, mas que já estão na prestação do terceiro telemóvel do filho, pois ele precisa estar atualizado. Pais que apanham dos próprios filhos. Filhos que não fazem absolutamente nada para ajudar aos seus pais, nem mesmo cuidar do seu próprio quarto e pertences. Filhos que exigem, pais que sofrem mais se sacrificam, afinal amar é deixar que nos pisem e nos reduzam a lixo.

Pais que aceitam todos os atos perversos dos filhos em nome do amor absoluto que acreditam que sentem por eles. Pais cegos e que já foram tão bombardeados que perderam a sanidade para distinguirem o que é bom do que é mal. Pais que viraram “tábuas de tiro ao alvo” e embora sofram, aprenderam a suportar, calar e acabam por se convencerem de que para um filho, são capazes de tudo, até de deixar de ser gente. Pais também são gente! Queria ter sido a criadora dessa expressão, mas não sou. Ela faz parte de um grupo muito bem organizado, do “amor exigente”, que entre outras ações, ajudam pais a amarem os seus filhos de uma forma saudável e também a se enxergarem como seres humanos. Quantos pais degradados e humilhados por seus filhos, quantos pais que deixaram de “ser gente”. O amor exigente é colocado em prática quando nos damos conta que também temos o direito de sermos amados pelos nossos filhos. Quando o nosso filho nos olha como gente, quando vê que a mãe precisa ir ao dentista e que isso é mais importante do que o seu telemóvel novo.

Quando um filho lava a louça para uma mãe que trabalhou o dia inteiro para

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trazer o pão para dentro de casa. Quando o filho percebe que na relação do amor familiar, não deve só ter direitos e receber, mas que também deve fazer a sua parte, amando e dando demonstrações concretas desse amor. Esse amor gratuito de que tanto ouvimos e que por muitas vezes até pregamos, resume-se muitas vezes a mera escravidão. O amor verdadeiro é um amor de sentido duplo, que vê a realidade e que faz dos envolvidos seres comprometidos com o bem do outro.

“!O teu amor sem exigências me humilha. A tua exigência sem amor me revolta. O teu amor exigente me engrandece.”

(Amor exigente)

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