ufrrj instituto de zootecnia programa de pÓs...
TRANSCRIPT
i
UFRRJ
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ZOOTECNIA
DISSERTAÇÃO
Inclusão de Aditivos na Ensilagem de Gramíneas
Tropicais
Marcos Roberto Begnini
2010
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
INCLUSÃO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM DE
GRAMÍNEAS TROPICAIS
MARCOS ROBERTO BEGNINI
Sob a Orientação do Professor
João Batista Rodrigues de Abreu
e co-orientação do Professor
Jailton da Costa Carneiro
Dissertação submetida como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre em Ciências no Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, Área de
Concentração em Produção Animal.
Seropédica, RJ.
Dezembro de 2010 f
f
f
D
i
s
s
e
r
t
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
MARCOS ROBERTO BEGNINI
Dissertação submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Ciências no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção
Animal.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM ___/___/ 2010.
Prof. Dr. João Batista Rodrigues de Abreu - UFRRJ
(Orientador)
Prof. Dr. João Carlos de Carvalho Almeida - UFRRJ
Prof. Dr. Fábio Nunes Lista, UNIVASF
v
DEDICATÓRIA
A Deus por ter me concedido saúde, força e estar sempre me protegendo.
Ao meu pai Renato Ernesto Begnini pelo apoio incondicional e amor sem medida, e confiança
sempre em mim depositada.
A minha querida mãe Nivete Maria Pesente Begnini, pelo amor, carinho e incentivo em
minhas empreitadas.
A minha irmã Marcia Begnini Sfredo por estar sempre me apoiando em todos os momentos.
Ao meu cunhado Eleandro Sfredo pelo apoio e incentivo.
Ao meu grande amor, Ariana Luparelli Riguetti, por todo o carinho e afeto, além de ser a
minha grande companheira, que sempre me apoiou e esta sempre do meu lado.
Ao meu sobrinho Victor Angelo Sfredo.
Aos meus demais familiares e amigos.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido saúde e condições de realizar mais este trabalho.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ao Instituto de Zootecnia e ao Departamento
de Nutrição Animal e Pastagem, pela oportunidade de realização do curso.
Ao orientador e amigo Professor Dr. João Batista Rodrigues de Abreu pela credibilidade e
dedicação desde os tempos de graduação, bem como sua orientação para condução deste
trabalho.
Ao meu co-orientador Jailton da Costa Carneiro pela atenção e colaboração e pelo
aprendizado recebido na realização deste trabalho.
Aos professores do IZ, em especial aos do PPGZ, pelos ensinamentos transmitidos para
minha formação profissional.
Aos membros componentes da banca examinadora Prof. Dr. João Carlos de Carvalho
Almeida e Prof. Dr. Fábio Nunes Lista, pela avaliação do trabalho, orientação e sugestões
fornecidas.
Aos Amigos e Zootecnistas Raphael dos Santos Gomes e Flavio Henrique Vidal Azevedo,
pelo apoio e ajuda de fundamental importância para a realização deste trabalho.
Aos funcionários e administradores do Campo Experimental de Coronel Pacheco pela
colaboração sem medir os esforços na realização do experimento.
A minha irmã Marcia Begnini e meu cunhado Eleandro Sfredo, pelo carinho e votos de
confiança oferecidos.
A minha namorada e futura esposa, grande incentivadora, Ariana Luparelli Rigueti pelo amor
e paciência e por estar sempre do meu lado.
Aos amigos Anderson Ferrari e Rafael Pressoto, conselheiros e companheiros de boa
convivência.
E a todos aqueles que não foram citados, mas que contribuíram, direta ou indiretamente, para
a realização deste experimento.
A Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais por ter financiado este projeto.
vii
BIOGRAFIA
MARCOS ROBERTO BEGNINI, filho de Renato Ernesto Begnini e Nivete Maria
Pesente Begnini, nasceu em 31 de janeiro de 1983, na cidade de Xanxêre, estado de Santa
Catarina.
Cursou o 1º grau no Colégio Agrícola Demétrio Baldissareli, no distrito de Marechal-
Borman em Chapecó-SC, concluindo-o em dezembro de 1997.
Cursou o 2o grau na Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, Concórdia-SC,
concluindo-o em dezembro de 2000.
Ingressou em 2005 no curso de graduação em Zootecnia da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica-RJ, graduando-se em dezembro de 2008.
Em março de 2009, iniciou o curso de Pós-Graduação stricto sensu em Produção
Animal, em nível de Mestrado, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em
Seropédica-RJ, submetendo-se à defesa de tese em dezembro de 2010.
viii
RESUMO
BEGNINI, Marcos Roberto. Inclusão de Aditivos na Ensilagem de Gramíneas Tropicais.
2010. 74p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia, Produção Animal). Instituto de Zootecnia,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2010.
Este trabalho foi conduzido no Centro Nacional de Pesquisa Agropecuária Gado de Leite
(CNPGL), no município de Coronel Pacheco, localizada na Zona da Mata-MG. Objetivou-se
avaliar o efeito da adição de polpa cítrica (PC) e de inoculante bacteriano enzimático
comercial SI-ALL C4 da Alltech sobre as características fermentativas, nutritivas e da perda
de matéria seca das silagens de gramíneas pré-secadas, da grama estrela (Cynodon
nlemfuensis Vanderyst) e da Brachiaria brizantha cv. Marandú. Foram adotados os seguintes
tratamentos: Silagem das gramíneas pré-secadas com inoculante e sem adição de polpa cítrica
(CISP); com inoculante e com adição de polpa cítrica (CICP); sem inoculante e sem adição de
polpa cítrica (SISP); sem inoculante e com adição de polpa cítrica (SICP). Também foram
analisadas as gramíneas antes de serem ensiladas. A PC foi adicionada na base de 8% do peso
da matéria original das gramíneas. O inoculante foi aplicado na dosagem recomendada pelo
fabricante de 5 g/t de forragem com auxilio de um pulverizador costal. O Delineamento
utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco repetições, e as médias foram comparadas
pelo teste Student-Newman-Keus a 5%. O experimento foi conduzido durante o período de
julho de 2009 a setembro de 2009. Foram determinados o pH, teores de matéria seca, proteína
bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, celulose, hemicelulose e lignina,
nitrogênio amoniacal, poder tampão, teor de carboidratos solúveis e a degradabilidade ruminal
in situ. Os silos experimentais foram confeccionados com tubos de PVC com diâmetro de 4
polegadas e 50 cm de altura, providos de uma válvula tipo Bunsen. Depois de realizado o
corte da brachiaria e da grama estrela aos 42 e 35 dias de crescimento vegetativo
respectivamente, as gramíneas foram emurchecidas durante um período de 6 horas. A abertura
dos silos ocorreu 60 dias após a ensilagem. A adição de 8% de polpa cítrica melhorou o perfil
de fermentação da silagem da grama estrela e da brachiaria. O uso de inoculante bacteriano e
polpa cítrica proporcionaram menores percentuais de perda de matéria seca no processo de
ensilagem para brachiaria, o que não foi verificado para a grama estrela. O inoculante
bacteriano-enzimático melhorou a estabilidade da silagem de brachiaria, mas não se verificou
diferença entre os tratamentos para estabilidade da grama estrela. A associação de polpa
cítrica e inoculante bacteriano enzimático proporcionaram maior degradabilidade ruminal e
melhores padrões de fermentação na confecção da silagem da grama estrela e da Brachiaria.
Palavras-chave: Polpa cítrica, Inoculante bacteriano enzimático, Degradabilidade in situ.
ix
ABSTRACT
BEGNINI, Marcos Roberto. Include additive on ensilage of tropical grasses. 2010.74p.
Dissertation ( Master Science in animal production) Instituto de Zootecnia, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2010.
This study was conducted in the Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite (CNPGL)
Experimental Station in Coronel Pacheco, localized on Zona da Mata-MG. The main
objective was to evaluate the effect of addition of the citrus pulp (CP) and commercial
enzymatic bacterial inoculant SI-ALL C4 of the Alltech on the fermentation and nutritious
characteristics and the dry matter damages of grass silages wilted, of the (Cynodon
nlemfuensis Vanderyst) and the Brachiaria brizantha cv. Marandú. The following treatments
were evaluated: grass silages wilted with inoculant and without citrus pulp (CISP), with
inoculant and citrus pulp (CICP), without inoculant and without citrus pulp (SISP), without
inoculant and with addition of citrus pulp (SICP). Grass were evaluated too, before had been
silaged. The citrus pulp was added of the base of 8% by weight of the original material of
grasses. The experimental design was completely randomized with five replications and the
average was comparison with Student-Newman-Keus of 5% probability. This study was
conducted from January to December of 2009. Were evaluated dry matter (DM) content,
crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), cellulose,
hemicelluloses and lignin, fractions of nitrogen and carbohydrates, buffer capacity, soluble
carbohydrates, fermentation characteristics (pH, ammonia N), and “in situ” dry matter
digestibility. The experimental silos were making of PVC with capacity of 3 liters, fitted with
a Bunsen-type valve. After the grasses cut was realized (brachiaria and cynodon), at 42 and
35 days of vegetative growth respectively, the grasses were wilted during a period of 6 hours
of sun exposure. Silos opening occurred 60 days after ensiling. The adition of 8% of citrus
pulp improved the profile of the silage fermentation of cynodon and brachiaria. The use of
bacterial inoculant and citrus pulp caused a lower percentage of dry matter loss on the ensiling
process for brachiaria, which was not verified to Cynodon silage. The enzymatic bacterial
inoculant improved the stability of brachiaria silage, but no difference was found between
treatments for the estability of cynodon. The association of citrus pulp and enzymatic-
bacterial inoculant provided higher rumen degradability and improved the profile of
fermentation in making silage of Cynodon nlemfuensis Vanderyst and of Brachiaria brizantha
cv. Marandú.
Key words: Citrus Pulp, enzymatic bacterial inoculant, Degradability in situ.
x
INDICE DE TABELAS
Tabela 1. Composição bromatológica, características de carboidratos solúveis, e
capacidade tampão da brachiaria, pré-secada aos 42 dias de crescimento e
da polpa cítrica utilizada para confecção dos tratamentos. .................................... 25
Tabela 2. Composição bromatológica, pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) de
silagens de Brachiaria brizantha confeccionadas com ou sem inclusão de
polpa cítrica e ou inoculante bacteriano enzimático. .............................................. 30
Tabela 3. Perda total no processo de fermentação, Perdas em percentual do material
ensilado na forma de Gases (%) e Efluente (%) da silagem de Brachiaria
brizantha pré-secada confeccionada com e sem polpa cítrica e ou
inoculante bacteriano enzimático. .......................................................................... 32
Tabela 4. Temperatura ambiente (ºC) e das silagens de Brachiaria brizantha pré-
emurchecida após a abertura por um período de nove dias. ................................... 33
Tabela 5. Parâmetros de degradação ruminal in situ da matéria seca da Brachiaria
brizantha e da silagem de Brachiaria brizantha pré-sacada confeccionada
com e sem inoculante bacteriano enzimático e ou polpa cítrica. ............................ 34
Tabela 6. Composição bromatológica e características de carboidratos solúveis e
capacidade tampão do Cynodon nlemfuensis pré-secado aos 35 dias de
crescimento e da polpa cítrica utilizada para confecção dos tratamentos. ............. 42
Tabela 7. Composição bromatológica, pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) de
silagens de Cynodon nlemfuensis confeccionadas com ou sem inclusão de
polpa cítrica e ou inoculante bacteriano enzimático. .............................................. 46
Tabela 8. Perda total no processo de fermentação, Perdas em percentual do material
ensilado na forma de Gases (%) e Efluente (%) da silagem de Cynodon
nlemfuensis pré-secado confeccionado com polpa cítrica e ou inoculante
bacteriano enzimatico. ............................................................................................ 49
Tabela 9. Temperatura ambiente (ºC) e das silagens de Cynodon nlemfuensis pré-
secado após a abertura por um período de nove dias. ............................................ 50
Tabela 10. Parâmetros de degradação ruminal in situ da matéria seca da Cynodon
nlemfuensis e da silagem de Cynodon nlemfuensis pré-sacado
confeccionado com e sem inoculante bacteriano enzimático e com ou sem
polpa cítrica. ........................................................................................................... 50
xi
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 2
2.1 Silagem ................................................................................................................................ 2
2.2 Princípios da Ensilagem ...................................................................................................... 3
2.3 Armazenamento ................................................................................................................... 4
2.4 Gramíneas Tropicais ............................................................................................................ 6
2.5 Sazonalidade ........................................................................................................................ 7
2.6 Características da Brachiaria brizantha cv. Marandú ......................................................... 8
2.7 Características do Cynodon nlenfuensis cv. estrela de Porto Rico ...................................... 9
2.8 Características Peculiares .................................................................................................. 11
2.9 Teor de Matéria Seca de Gramíneas Tropicais .................................................................. 12
2.10 Pré-emurchecimento ......................................................................................................... 13
2.11 Aditivos Microbiológicos ................................................................................................. 14
2.12 Polpa Cítrica ..................................................................................................................... 16
2.13 Estabilidade ...................................................................................................................... 17
CAPITULO I INCLUSÃO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM DA Brachiaria
brizantha PRÉ-SECADA ........................................ Erro! Indicador não definido.
RESUMO
ABSTRACT ............................................................................................................................ 21
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 22
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 23
2.1 Localização e Clima ........................................................................................................... 23
2.2 Condução do Experimento ................................................................................................. 23
2.3 Tratamentos ........................................................................................................................ 24
2.4 Avaliações .......................................................................................................................... 24
2.5 Delineamentos Experimentais e Análise Estatística ........................................................... 27
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 28
3.1 Composição Bromatológica, Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e pH .................................. 28
3.2 Perdas Durante o Processo de Fermentação ....................................................................... 31
3.3 Estabilidade Aeróbia da Silagem ........................................................................................ 32
3.4 Degradabilidade Ruminal ................................................................................................... 33
4 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 35
CAPITULO II INCLUSÃO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM DO Cynodon
nlemfuensis vanderyst PRÉ-SECADO ................ Erro! Indicador não definido.
RESUMO
ABSTRACT
xii
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 39
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 40
2.1 Localização e Clima ........................................................................................................... 40
2.2 Condução do Experimento ................................................................................................. 40
2.3 Tratamentos ........................................................................................................................ 41
2.4 Avaliações .......................................................................................................................... 41
2.5 Delineamentos Experimentais e Análise Estatística ........................................................... 44
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 45
3.1 Composição Bromatológica, Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e pH .................................. 45
3.2 Perdas Durante o Processo de Fermentação ....................................................................... 48
3.3 Estabilidade Aeróbia da Silagem ........................................................................................ 49
3.4 Degradabilidade Ruminal ................................................................................................... 50
4 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 52
CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS ................................................................. 54
1
1 INTRODUÇÃO
O clima e as estações do ano possuem grande influência sobre o crescimento e
desenvolvimento das plantas forrageiras. Assim, a produção de forragem no período seco do
ano é reduzida obtendo-se baixas capacidades de suporte das pastagens.
Com isso, é necessário e de fundamental importância efetuar ajustes nas taxas de
lotação e ciclos de pastejo (período de pastejo e descanso da pastagem), de acordo com as
flutuações na disponibilidade de forragem, evitando-se assim um super pastejo e/ou uma
degradação da pastagem. Desta forma, é imprescindível o estabelecimento de uma estratégia
para fornecimento de alimento durante o período de deficiência.
Uma das melhores práticas para esse fim é a conservação de forragem excedente ou
de campos agricultáveis e que pode ser feita através de silagem, sendo uma das formas mais
utilizada, indicada e eficaz para este fim.
Praticamente em todo mundo, a conservação de forragem tem sido um fator crucial
para obtenção de boa produtividade em ruminantes, pois permite alimentação constante
durante todo período do ano (MUCK e SHINNERS, 2001), com alimento de boa qualidade.
Esta uniformidade de quantidade e qualidade proporciona aumento médio nas taxas de
lotação, possibilitando a manutenção de um número constante de animais no rebanho durante
o ano.
No Brasil as espécies forrageiras mais utilizadas para produção de silagem são o
milho, o sorgo e o capim-elefante. Entretanto, existem outras forrageiras, como cana-de-
açúcar, Brachiaria sp., Cynodon sp., Panicum sp., entre outras que são utilizadas em menor
escala percentual para serem ensiladas, entretanto plantadas em grande escala no Brasil, e
destinadas exclusivamente como culturas ou pastagens.
Estudando algumas dessas gramíneas Bergamaschine et al. (2006) observaram que
essas forrageiras possuem características inadequadas para serem ensiladas, tais como o alto
teor de umidade, baixo teor de carboidratos solúveis e o elevado poder tampão, o que justifica
assim sua menor utilização.
Por outro lado, Nussio et al. (2002) consideraram que as gramíneas tropicais por serem
perenes e apresentarem uma alta produção de MS no período chuvoso, a ensilagem excedente
de produção destas forrageiras seria uma alternativa interessante para os produtores como
forma de minimizar a escassez de alimento, no período seco.
2
Desta forma, a utilização de técnicas que reduzam o teor de umidade como o pré-
emurchecimento e uso de alimentos com elevado teor de matéria seca ou a utilização de co-
produtos como a polpa cítrica, associadas ou não a utilização de aditivos estimulantes da
fermentação, podem constituir-se uma excelente alternativa tecnológica de forma a melhorar
o padrão de fermentação das silagens de gramíneas tropicais.
Assim o presente trabalho tem como objetivo analisar a adição de inoculante
bacteriano enzimático e da polpa cítrica sobre características fermentativas e nutritivas de
silagem de gramíneas pré-secadas, bem como a perdas que ocorrem no processo de
ensilagem.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Silagem
A ensilagem é um método de conservação que compreende o armazenamento da
forragem em condições de anaerobiose, objetivando o desenvolvimento de bactérias
produtoras de ácido lático a partir de substratos como açúcares solúveis, ácidos orgânicos e
compostos nitrogenados solúveis (SANTOS, 2010).
Essas plantas são geralmente picadas em partículas menores para favorecer o seu
armazenamento, auxiliando a compactação e eliminação do oxigênio em um curto período de
tempo e armazenada em silos (PEREIRA et al., 2008).
O tamanho de partícula inferior a 20-30 mm pode favorecer a disponibilidade de
carboidratos solúveis e, consequentemente, estimula o crescimento das bactérias láticas
segundo (MCDONALD et al. 1991).
A ensilagem é o processo físico de produção da silagem que vai desde o corte da
gramínea até o fechamento do silo (PEREIRA et al., 2008).
O principal objetivo da ensilagem é preservar o máximo possível os nutrientes
originais da planta forrageira para ser usada como alimento, em épocas do ano onde a oferta
de alimento volumoso é reduzida ou até mesmo nula ( KUNG JUNIOR, 2009).
A silagem vem sendo considerada um dos processos mais importantes de conservação
de volumoso para os animais, pois permite oferta de alimento constante nos períodos críticos
do ano, principalmente no período seco. Neste período o ganho animal é nulo ou até negativo
devido à escassez de alimento volumoso, ocasionando grandes perdas aos criadores.
3
A técnica da ensilagem é principalmente, mais estudada e utilizada em regiões frias,
devido à ocorrência de inverno mais úmido, dificultando outras técnicas de conservação como
a fenação, além do período de transição entre espécies forrageiras de verão e inverno,
comumente empregadas nestes ambientes, caracterizados por redução do crescimento da
forrageira da saída da estação e a reduzida taxa de crescimento inicial da planta empregada na
estação subsequente.
Existem varias formas de avaliar a qualidade de um alimento conservado, dentre elas o
olfato, as análises químicas e microbiológicas e o desempenho animal, além dos aspectos
físicos, principalmente a massa específica (ME) da forragem e o tamanho médio de partículas,
que devem ser priorizados nessa avaliação (JOBIM et al., 2007).
Segundo Pedreira (2010) em situações nas quais a técnica de fenação é difícil, a
ensilagem de gramas-bermuda pode ser uma alternativa para conservação. Assim, as
gramíneas dos gêneros Panicum (Tanzânia e Mombaça), Braquiaria brizantha e Cynodon
(Tifton) também têm sido utilizadas para ensilagem nos últimos anos, porém o capim-elefante
ainda é a gramínea forrageira tropical mais estudada para este fim (BERGAMASCHINE et
al., 2006).
2.2 Princípios da Ensilagem
Para que se tenha uma silagem de boa qualidade existem 3 fatores muito importantes,
o primeiro é a rápida retirada do ar do silo, o segundo é a rápida produção de ácido lático
permitindo a rápida diminuição do pH, e o terceiro é diminuir ao máximo o contato do ar com
a silagem (KUNG JUNIOR, 2009).
A conservação de uma forragem na forma de silagem envolve processos bioquímicos e
microbiológicos complexos. A forragem ensilada é conservada por um processo de
fermentação, passando por várias etapas, desde o seu corte até ser utilizada para a alimentação
animal, podendo ocorrer algumas alterações quantitativas e qualitativas deste alimento
(VILELA et al., 2005).
A fermentação anaeróbia da silagem se constitui na conversão de carboidratos solúveis
em ácidos orgânicos, através da ação de microorganismos, que se multiplicam e desenvolvem
intensa atividade fermentativa ao encontrarem condições adequadas no meio. Quando o pH
abaixo de um dado valor ou os níveis de ácidos são suficientes para inibir a fermentação, a
forragem torna-se estável e, como silagem, é preservada enquanto permanecerem aquelas
condições (MCDONALD et al., 1991).
4
A atividade aeróbia ocorre normalmente no início do processo, devido à presença de
oxigênio, propiciando o desenvolvimento de microorganismos aeróbios, principalmente,
bactérias epífitas, presentes no alimento, que consomem o oxigênio, mas reduzem as
quantidades de carboidratos solúveis oriundos, principalmente, do extravasamento celular.
Bons silos devem ter a atividade aeróbia minimizada, pois, além das perdas
supracitadas, a oxidação dos carboidratos solúveis proporcionada pela aerobiose leva a uma
produção excessiva de calor, causando danos irreparáveis à proteína da forragem, aumentando
o teor de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (MCDONALD et al., 1991).
Segundo Kung Junior (2009), a rápida queda do pH diminui a quebra das proteínas
pela inativação enzimática das plantas, da mesma forma inibe o crescimento de
microorganismos indesejáveis como enterobacterias e Clostridium.
Devemos ressaltar que o rápido estabelecimento da condição de anaerobiose é o
princípio básico para a obtenção de uma silagem de boa qualidade. Fatores como a rápida
velocidade de carregamento do silo, influenciado por logística de corte e transporte, a
compactação adequada, que é influenciada por umidade do material ensilado, tamanho de
partículas e operação de compactação eficiente e a fonte de carboidratos solúveis em conjunto
influenciam esta qualidade.
Na fermentação, os carboidratos solúveis são convertidos a ácidos orgânicos, reduzem
o pH e conservam a silagem. Por outro lado, a proteína é convertida em vários compostos
nitrogenados não proteicos, de modo que 40-75% do nitrogênio da silagem encontra-se como
NNP (PEREIRA e REIS, 2001).
2.3 Armazenamento
As silagens são armazenadas em compartimentos denominados de silos, esses podem
ser de várias formas e tamanhos. Porém um fator preponderante para a ensilagem é a
compactação da forrageira, e este fator é dependente do tamanho da partícula em que a
gramínea foi ensilada.
Silagens confeccionadas com baixa massa específica (ME) apresentam maiores
espaços entre partículas, tendo uma alta concentração de oxigênio, este por sinal pode
aumentar o tempo para que o pH da silagem diminua a níveis de evitar que microorganismos
deteriorem a silagem, assim pode-se obter perda de MS, devido a ação enzimática das plantas,
respiração, proteólise, além do consumo de carboidratos por microorganismos que produzem
fermentações secundarias (MCDONALD et al., 1991).
5
Por outro lado Collao Saens (2005) relata que partículas de tamanho muito elevado
diminuem o consumo de alimento pelos animais.
Valores descritos na literatura considerados ideais sobre a densidade de silagem de
gramíneas é descrita por RUPPEL et al. (1995) sendo valores superiores a 550 kg/m3e
inferiores a 850 kg/m3de MV.
Entretanto Holmes e Muck (1999) encontraram valores satisfatórios para silagem de
milho de 225 kg/m3de MS. Amaral et al. (2008), avaliando 4 quatro diferentes pressões de
compactação em capim-Marandú não verificaram diferenças para produção de efluente.
Segundo McDonald et al. (1991), quando as gramíneas são ensiladas, e o tamanho de
corte das partículas forem menores que 20-30 mm pode-se ter uma melhor disponibilidade de
carboidratos solúveis, este fato pode estimular o desenvolvimento das bactérias (bactérias
láticas) para que ocorra uma boa fermentação.
No entanto em nível de campo uma correta compactação é difícil de ser verificada,
sendo devida a falta de informação por meio dos produtores e também pela dificuldade de ser
realizada.
O volume de efluente produzido em um silo é influenciado por vários fatores,
destacando-se o teor de MS, tamanho de partícula, processamento, tipo de silo e compactação
(JOBIM et al., 2007).
Entretanto quando o material possui alta umidade e for compactado excessivamente
poderá ocorrer uma grande quantidade de produção de efluente, fator este que ocasiona perdas
qualitativas e quantitativas diminuindo principalmente os teores de carboidratos solúveis
fundamentais para que ocorra uma boa fermentação (JOBIM et al., 2007).
Para avaliações de silagens os métodos mais empregados são pela avaliação
qualitativa de silagens através dos ácidos orgânicos (láctico, acético, propiônico, butírico), o
pH e o nitrogênio amoniacal (ZAPOLLATO, 2009). É com base nestes parâmetros que
ocorrem às principais transformações que possivelmente tenham ocorrido no processo de
fermentação (MCDONALD et al., 1991).
Em silagens consideradas de boa qualidade, o ácido láctico é predominante, e em
geral, deve ser maior que a soma de todos os outros ácidos presentes, com uma relação ácido
láctico/ácido acético maior que 3. O ácido butírico deverá ter baixa participação ou até mesmo
ser inexistente, condição que dificilmente ocorre (MCDONALD et al., 1991).
Entretanto, pode-se obter por meio de uma inspeção cuidadosa da silagem, através da
cor, cheiro e textura - avaliações sensitivas PUPO (1981) - uma indicação prática de alguns
6
tipos comuns de fermentação, sendo os parâmetros físicos indicadores de silagem de boa
qualidade, tais como coloração verde amarelada, odor agradável (frutas) e possuindo sabor
azedo (ácido láctico).
A digestibilidade pode ser uma maneira para avaliação, pois possui uma correlação
com o consumo de alimentos, obtendo uma melhor resposta produtiva dos animais em função
do consumo, digestibilidade e do metabolismo dos nutrientes (CABRAL et al., 2006).
2.4 Gramíneas Tropicais
As gramíneas tropicais, devido à via C4 de fixação de carbono, caracterizam-se por
apresentarem elevadas taxas fotossintéticas e, também, produtividade de matéria seca muito
superior à das forrageiras de clima temperado do tipo C3 (TAIZ e ZEIGER, 2007). Outro fator
preponderante é a taxa de acúmulo da ordem de 150 a 200 kg/ha/dia de MS no verão pode
ser atingida tal como acontece nos capins Tanzânia e Mombaça, cultivares de Panicum
maximum (SANTOS, 1997).
Outras gramíneas, como o Tifton 85, apresentam elevado potencial de produção. Alves
et al. (2001) estimaram para essa forrageira a produção de 24,2 t/ha/ano de MS, quando
adubada com 400 kg/ha/ano de nitrogênio. Carneiro et al. (2001), avaliando acessos de
Brachiaria brizantha, no Acre, verificaram para essa gramínea potencial de produção de
15.000 kg/ha/ano de MS.
Segundo Gonçalves et al. (2003) a baixa produção e a redução na qualidade da
forragem, apresentadas pelas espécies tropicais, durante a época seca do ano, acarreta baixos
índices de produtividade tanto de leite quanto de carne. Este fato leva à necessidade de se
armazenarem forragens de alto valor nutricional para alimentar os animais nesta época do
ano.
Nesse sentido, procura-se por forragens que apresentem altas produções de matéria
seca, com boa relação lâmina/colmo e alto valor nutritivo, a fim de atender as demandas de
produção, sendo considerado um alimento de alto valor nutritivo, quando comparadas a
espécies que possuem grande participação da fração colmo em sua composição
(BALSALOBRE et al., 2001).
As gramíneas tropicais quando já estabelecidas em uma determinada área são de fácil
manejo e seus tratos culturais e seu atendimento de exigências em calagem e adubação podem
propiciar alta produtividade e serem conservadas na forma de silagem (COELHO et al.,
2003).
7
Contudo devemos resaltar a grande importância do fator maturidade das gramíneas
tropicais da planta com consequente diminuição de seu valor nutritivo, fator este comum
nestas plantas e pode ser minimizado com a utilização da ensilagem destas plantas quando se
encontram com elevado valor nutritivo ( RIBEIRO, 2008).
2.5 Sazonalidade
Nos ambientes tropicais, as plantas forrageiras possuem diferentes produções de
matéria seca durante as estações do ano, diminuição significativa no período do inverno e/ou
estiagem, ocasionando uma escassez de alimento para os animais devido estas alterações
climáticas, refletindo em baixo desempenho produtivo em animais mantidos em pastagens
durante determinada época do ano (PEREIRA, 2006).
As gramíneas tropicais possuem uma alta produção de forragem (EVANGELISTA et
al., 2009), com uma qualidade variando de média a alta, porém essa produção e qualidade se
concentram principalmente no verão ou período das águas (NUSSIO, 2002) gerando muitas
vezes um excedente de produção que pode ser armazenado na forma de feno ou silagem, a um
baixo custo, reduzindo assim os problemas da falta de alimento no período seco
(EVANGELISTA et al., 2009).
A conservação de alimento na forma de silagem é considerada um processo para
manter o alimento conservado, possibilitando a manutenção da qualidade e quantidade do
alimento volumoso e a lotação das propriedades pecuárias, com os animais na condição
corporal adequada (ANDRIGUETTO et al., 1981).
Mesmo em gramíneas que possuem alto potencial de produção de matéria seca, fatores
climáticos fazem com que a distribuição seja irregular, podendo resultar em substanciais
perdas por excesso no período de chuvas ou déficit no período seco do ano.
Resultados na literatura como os apresentados por Botrel et al. (1987), ao
determinarem as taxas de crescimento de diversas gramíneas, observaram haver significativa
diferença entre os períodos chuvosos e secos. Da mesma maneira, Alvim et al. (1998) na
Zona da Mata de Minas Gerais, Alvim et al. (1999) e Alvim et al. (2000) registraram, em
condições de corte, na época da seca, produção de matéria seca pelas gramíneas Coast-cross,
Tifton 85 e Tifton 68, muito inferiores que na época das chuvas. Segundo Pedreira e Mattos
(1981), ao estudarem o comportamento de 25 plantas forrageiras, durante o período de dois
anos, concluíram que a média de produção destas plantas no período seco foi de 13.2%
comparando a produção obtida no período das águas.
8
Alvim et al. (1997), ao analisarem a produção de vacas leiteiras alimentadas com
pastagens de Coast-cross, não verificaram diferença de produção por animal entre os períodos
do ano (seca e chuva), porém ao observarem uma produção mais reduzida da pastagem no
período da seca ocasionando redução na taxa de lotação, verificaram como consequência, uma
menor produção de leite/ha nessa época do ano. Quando esses animais passaram a ser
suplementados com 3,0 kg de concentrado/vaca, a produção de leite por área no período
chuvoso foi o dobro do obtido no período seco e, quando suplementados com 6,0 kg de
concentrado, a produção de leite foi 80% superior no período chuvoso.
Resultados muito semelhantes, demonstrando o efeito negativo da menor produção de
forragem de pastagem na Coast-cross e de capim-Angola durante a época da seca sobre a
produção de leite, são descritos por Alvim et al. (1992), Alvim et al. (1999 b ) e Alvim et al.
(2001).
No entanto Bernardes et al. (2003), estudando a produção de efluente em silagens de
capim-marandu produzidas com compactação de 900 kg.m-3 e inclusão de 0, 5 e 10% de polpa
cítrica peletizada, observaram que o escoamento de líquido (109, 71 e 17 L.t-1 de silagem,
respectivamente) observando grande quantidade de efluente quando ensilada esta graminea
sem o uso de aditivo.
Desta forma a utilização de aditivos que forneçam substratos fermentescíveis e
tenham capacidade de absorção da umidade, como a polpa cítrica sãouma alternativa para a
ensilagem de gramíneas (RIBEIRO, 2008). Assim Bergamaschine et al. (2006) ao ensilarem o
capim Marandu com 24% de MS, verificaram que a inclusão de PCP ou o emurchecimento
elevaram os teor de MS e reduziram a proteólise.
2.6 Características da Brachiaria brizantha cv. Marandú
A Brachiaria brizantha cv. Marandú, também chamada de braquiarão e brizantão, é
um cultivar lançado no Brasil em 1984 pela Embrapa Gado de Corte e Embrapa Cerrados e,
segundo Macedo (2006), essa planta responde por cerca de 80% das pastagens dos estados da
região norte e por cerca de 50% das pastagens cultivadas no Brasil.
É uma planta perene, cespitosa, com colmos iniciais prostrados, mas produzindo
perfilho predominantemente ereto, possuindo rizoma, formando touceiras que podem chegar
até 1,2 metros de altura, apresentando uma produção de até 18 t/ha/ano de MS. Assim é muito
utilizada para pastejo, pois é considerada resistente à seca (SEIFFERT, 1980).
9
As plantas do gênero Brachiaria tiveram um papel importante no Brasil, permitindo o
desenvolvimento da pecuária em áreas de baixa fertilidade, assim são consideradas a base das
pastagens cultivadas Brasil, porem essa gramínea é considerada pouco tolerante a baixas
temperaturas.
Segundo Soares Filho (1994) esta planta se adapta em condições de até 3.000 m de
altitude, e com preciptação média de 700 mm com até 5 meses de secos no período do
inverno, sendo assim recomendada para ser plantada em áreas de média a boa fertilidade,
sendo tolerante a uma acidez.
Temperatura considerada ótima para seu desenvolvimento está entre 30 e 35 graus
Celsius, sendo a mínima para seu crescimento de 15 graus, é considerada tolerante a geada,
porem possui baixa tolerância ao sombreamento preferindo sol pleno (GHISI e PEDREIRA,
1987).
A Brachiaria brizantha cv. marandu apresenta elevada produção de materia seca
sendo muito utilizada na alimentação de ruminantes ( SOARES FILHO, 1994). Esta planta
apesar de adptar-se a condições adversas, responde bem a adubações podendo apresentar
elevadas produções chegando a 36 toneladas de matéria seca, segundo (GHISI e PEDREIRA,
1987).
Entretanto, no momento do corte, esta gramínea como as demais plantas forrageiras
apresenta baixos teores de CHO e MS (RIBEIRO, 2008). Fator este que pode acondicionar
perdas de matéria seca no momento da ensilagem desta planta.
2.7 Características do Cynodon nlenfuensis cv. estrela de Porto Rico
As plantas do gênero Cynodon ou também chamados pelos nomes comuns de “capim-
bermuda”, “grama-bermuda”, “capim-estrela” e “grama-estrela” compreendem um amplo
grupo de genótipos do gênero Cynodom (TALIAFERRO et al., 2004).
Harlan (1970) descreveu duas variedades de grama-estrela, a variedade Robustus,
caracterizada por plantas robustas, racemos longos e delgados e a variedade Nlenfuensis que
tendem a serem delgadas, menos robustas, com racemos mais curtos e geralmente mais
adaptados a temperaturas mais altas e ao estresse hídrico do que a variedade Robustus.
O principal centro de origem e distribuição das gramas-estrela parece corresponder à
faixa tropical do leste da África, principalmente Quênia, Tanzânia e Uganda e Angola, na
África Ocidental (PEDREIRA, 2010).
10
As gramas-estrela ocorrem em regiões cuja latitude varia de 15ºN a 15ºS e a altitudes
até 2.300 m. Adaptam-se melhor á regiões com precipitação anual superior a 800 mm e com
temperaturas que não sejam inferiores a -6oC (MISLEVY et al., 1989 citados por
SOLLENBERGER, 2008). Toleram períodos curtos (3 a 5 dias) de alagamento com lâmina
de água de 2 a 5 cm (MISLEVY, 2006). Possuem boa tolerância à seca e são pouco tolerantes
ao sombreamento.
Informações obtidas na literatura indicam que as gramas-estrela preferem solos
úmidos, desde que não encharcados e férteis (MISLEVY, 2006). No entanto, no estado do
Acre, a grama-estrela roxa é cultivada em pastagens com solos mal drenados, sujeitos ao
encharcamento, nos quais apresentaram excelente adaptação (ANDRADE et al., 2009).
A grama-estrela se destaca nos sistemas de produção pecuários devido ao fácil
estabelecimento, elevado potencial de produção de biomassa e alta aceitabilidade. A elevada
produtividade e persistência da grama-estrela estão relacionadas a solos devidamente
adubados ou de alta fertilidade natural (ANDRADE et al., 2009).
A produção anual de matéria seca varia próximo de 5.000 kg/ha em sistemas pouco
tecnificados e de 10.000 a 15.000 kg/ha em sistemas mais tecnificados, chegando a 25.000
kg/ha em sistemas intensivos que utilizam irrigação e altas dosagens de adubação nitrogenada
(COOK et al., 2005). A grama-bermuda e a grama-estrela estão entre as mais importantes
gramíneas forrageiras do grupo C4 usadas em pastagens e na produção de feno em regiões
tropicais e subtropicais (ANDRADE et al., 2009).
As gramíneas do gênero Cynodon se reproduzem tanto por mudas ou estolões
(propagação assexuada) como por sementes (propagação sexuada) (TALIAFERRO et al.,
2004). Entretanto, embora haja produção de sementes viáveis nas gramas-estrela, a
quantidade produzida é geralmente muito baixa, inviabilizando essa forma de propagação.
A grama-estrela deve ser plantada com uso de estolões maduros, colhidos de plantas
com 10 a 14 semanas (70 a 100 dias) de rebrotação (MISLEVY, 2006).
Verifica-se que o uso de intervalos entre desfolha superiores há 30 dias reduz de forma
acentuada o teor proteico da grama-estrela, com implicações importantes para o manejo dessa
gramínea em sistemas de pastejo rotacionado. Isso se deve, principalmente, à redução da
proporção de folhas e aumento de colmos que ocorre com a maturidade das gramíneas, já que
as folhas apresentam maior valor nutritivo do que os colmos (ANDRADE et al., 2009).
As gramíneas do gênero Cynodon segundo Herrera, (1996) assim como a mandioca e
o sorgo podem ter potencial cianogênico, ou seja, acumulam glicosídeos cianogênico em seus
11
tecidos, o que pode resultar na formação de ácido cianídrico (HCN) quando as folhas são
trituradas ou mastigadas pelos animais.
De acordo com Mislevy (2006), apesar de teores relativamente altos de ácido
cianídrico em gramíneas do gênero Cynodon, são pequenas as chances de haver intoxicação
de ruminantes por essas gramíneas.
2.8 Características Peculiares
Para que se tenha uma silagem de boa qualidade é necessário que ocorra uma boa
fermentação, este fato depende do teor de carboidratos solúveis, umidade e capacidade
tampão. Gramíneas tropicais apresentam baixos teores de carboidratos solúveis e alto teor de
umidade. Portanto, para que se obtenham silagens de boa qualidade reduzindo perdas de
matéria seca, isso pode ser realizado através da adição de açúcares e aditivos, e assim,
promovendo o aumento no teor de matéria seca, acelerando a fermentação inicial para que o
pH apresente declínio mais acelerado (BALSALOBORE et al., 2001).
A capacidade tampão (CT) em plantas forrageiras é definida como a resistência que a
massa de forragem apresenta ao abaixamento do pH ( JOBIM et al., 2007).
O conhecimento da CT da forragem a ser ensilada é importante, pois fornece
informações em relação à velocidade de queda do pH. Segundo Cherney e Cherney (2003)
citados por Jobim et al. (2007) quando a planta apresenta alta CT, a velocidade de queda do
pH é lenta e em consequência, as perdas na ensilagem são maiores, reduzindo a qualidade da
silagem.
Sollenberger et al. (2004) reportaram que a principal limitação de se conservar
gramíneas tropicais é decorrente dos baixos teores de carboidratos solúveis, os quais poderiam
limitar a ação de bactérias benéficas a fermentação, independentemente da população epifítica
da forragem.
Nas plantas forrageiras fresca, cerca de 75 a 90% do nitrogênio total está presente na
forma de proteína formada por aminoácidos, peptídeos, amidas, nucleotídeos e clorofila. Na
ensilagem ocorre uma proteólise, com 40 a 60% do nitrogênio sendo solubilizado em
compostos não proteicos. O tempo de ocorrência da proteólise diminui com o aumento da MS
da silagem e com a redução do pH. A diminuição rápida do pH é um dos fatores mais
importantes quando são ensiladas plantas com altos teores de proteína, como a alfafa, pois a
atividade das enzimas proteolíticas é inibida quando o pH reduz de 4,5 a 4,0 (MCDONALD et
al., 1991).
12
Quando ensilamos plantas com altos níveis de MS, pode ocorrer um aumento da
temperatura. Nestas condições de umidade e temperatura elevada, acima de 55°C, há
ocorrência de reações não enzimáticas entre os carboidratos solúveis e grupos aminas dos
aminoácidos, resultando em compostos denominados produtos da reação de Maillard (VAN
SOEST, 1994).
2.9 Conteudo de Matéria Seca de Gramíneas Tropicais
O conteúdo de MS da planta é considerado um dos principais fatores responsáveis pela
qualidade final da silagem. Este determina as alterações que podem ocorrer durante o
processo de fermentação da forragem.
Um dos principais problemas encontrados com ensilagem de gramíneas tropicais é o
ponto de ensilagem, pois existe uma disparidade entre qualidade, encontrada em estágios mais
jovens, de menor conteúdo de matéria seca e quantidade, que ocorre em estágios mais
avançados e de menor valor nutritivo. Desta forma técnicas de ensilagem com materiais com
alto valor nutritivo e MS permitem ensilar plantas com umidade inadequada obtendo assim
uma silagem de boa qualidade (EVANGELISTA et al., 2009).
A confecção de silagens de gramíneas tropicais sem o devido conhecimento deste
momento adequado acarreta em perdas por fermentações secundárias que podem favorecer o
crescimento de bactérias do gênero Clostridium que são indesejáveis para uma boa
fermentação (NUSSIO et al., 2002).
Quando ensiladas gramíneas com alto teor de umidade, uma grande quantidade de
efluente pode ser gerada e assim carrear e alguns compostos orgânicos como açúcares, ácidos,
proteína e minerais (NUSSIO et al., 2002).
Outras substâncias provenientes da degradação de aminoácidos (cadaverina,
pudestrina, histamina e demais aminas biogênicas) e amônia também afetam negativamente a
qualidade da silagem, pois são decorrentes de fermentações secundárias que diminuem o valor
nutricional da silagem (NUSSIO et al., 2002).
Com relação a perdas ocorridas por efluentes, Corrêa e Pott (2001) demonstraram
haver uma relação direta entre o conteúdo de matéria seca do material, a produção de
efluentes e perda de matéria seca da silagem.
Por outro lado, Nussio et al. (2002) acreditaram que, além do teor de matéria seca da
forragem, a intensidade de compactação está correlacionada com as perdas por efluente. Desta
forma Loures et al. (2005), que verificou que a silagem de capim-elefante com alto teor de
13
umidade (13% MS) apresentou maior perda de efluentes com a elevação na pressão de
compactação.
Como o efluente é rico em compostos solúveis (N solúvel, açúcar, produtos da
fermentação e minerais), sua perda pode resultar em desproporcional perda de nutrientes
digestíveis, bem como causar danos para o meio ambiente (MUCK e SHINNERS, 2001).
A fermentação secundarias causada por bactérias do gênero Clostridium sp, resulta em
perda de matéria seca, bem como na produção de silagem menos aceitáveis (MCDONALD,
1981).
Em alguns casos mais severos, a silagem com fermentação causada por Clostridium
sp. poderá causar doenças (MCDONALD, 1981). Uma forma de prevenir este tipo de
fermentação é promover rápida queda do pH da silagem para inibir o crescimento de
microrganismos do gênero Clostridium. Segundo Muck e Shinners (2001), o pH para
interromper o crescimento desses microrganismos varia com o tipo de forrageira e seu
conteúdo de matéria seca.
Segundo Woolford (1984), quando se possui uma alta quantidade de carboidratos,
proporcionam-se melhores condições para bactérias homofermentativas, assim há uma maior
produção de ácido lático, permitindo uma melhor conservação da forragem em meio ácido.
A silagem com níveis de matéria seca igual ou superior a 35% diminui e evita
fermentações indesejáveis, bem como perdas desse material na forma de deterioração e
efluente, além de aumentar o consumo deste alimento pelos animais (LOURES et al., 2005).
2.10 Pré-emurchecimento
O pré-emurchecimento nada mais é que a remoção parcial de água da planta, sendo
uma opção para proporcionar condições ideais para a forrageira ser ensilada, e assim permitir
que o excedente de forragem produzida possa ser armazenado para posterior alimentação dos
animais durante o período de escassez de alimentos (PEREIRA e REIS, 2001).
Segundo Pedreira (2010) o pré-emurchecimento tem objetivo de reduzir o teor de
umidade, que em valores elevados (acima de 70%) provavelmente induzirá a proliferação de
bactérias heterofermentativas, as quais promovem fermentações indesejáveis na forragem
(fermentações acéticas, butírica e o aparecimento de clostridium spp).
Outro ponto importante é que o emurchecimento diminui a eliminação de efluentes,
diminuindo as perdas que são geradas pela atividade da água, assim sendo considerada uma
técnica de redução de fermentações secundárias (CORREIA e POTT, 2001).
14
Ha ocorrência de diferenças entre características qualitativas em silagens, com ou sem
emurchecimento, desta forma a silagem pré-emurchecidas apresentam valores relativamente
mais acentuados de pH (>4,5) e, normalmente, com pouca presença de ácido lático e alto teor
de carboidratos solúveis, em consequência do aumento da pressão osmótica e/ou redução no
poder tampão da massa ensilada, proporcionando eficiente fermentação do material ensilado
(VILELA, 1998).
Pedreira et al. (2001) avaliaram o efeito do pré-emurchecimento em capim Tifton 85
(Cynodon dactylon) e demonstraram que o mesmo quando exposto ao sol por um período de
três ou seis horas, aumentou em 14,2 e 16,9 unidades percentuais o teor de matéria seca,
respectivamente. Outras características importantes foram observadas como o fato do pré-
emurchecimento da forrageira não afetar o pH e o teor de proteína bruta, mas reduzir a relação
nitrogênio amoniacal do nitrogênio total. Apesar dos altos valores de pH, a proteólise foi
considerada baixa, esse fator pode ser explicado, possivelmente, pela redução da atividade
dos Clostrídium sp., resultando na preservação da proteína bruta.
Rotz e Muck (1994) relataram que a maior parte da perda de água da planta ocorre
através da transpiração, realizada através dos estômatos, que cobrem cerca de 1 a 3% da
superfície da planta e são responsáveis por 80 a 90% da água que deixa a planta. Segundo
Wright et al. (2000) quando a planta fica por um período muito longo em exposição ao sol ou
em condições de tempo desfavoráveis, essa desidratação pode reduzir a qualidade nutricional
deste alimento.
2.11 Aditivos Microbiológicos
Segundo Kung Junior, (2009) os inoculantes tem sido usados para manter ou melhorar
o valor nutritivo das forrageiras armazenadas na forma de silagem.
O inoculante bacteriano enzimático tem como função aumentar a população de
bactérias ácido láticas e pela ação das enzimas promover a ruptura parcial de parede celular
melhorando a qualidade de fermentação e consequentemente, melhorar a preservação da
qualidade da forragem (REIS et al., 2004).
Segundo Kung Jr. e Ranjit (2001), a utilização de aditivos microbiológicos tem como
objetivo diminuir ou até mesmo impedir o crescimento de microrganismos aeróbios
especialmente aqueles associados com instabilidade aeróbia, (ex. leveduras, Listeria), além
dos anaeróbios indesejáveis como clostrídeos e enterobactérias, inibir a atividade de proteases
15
e deaminases, inserindo condições aos microrganismos benéficos para dominar a
fermentação.
Inoculantes microbianos usados como aditivos incluem bactérias homofermentativas,
heterofermentativas, ou a combinação destas. Os microrganismos homofermentativos
caracterizam-se pela taxa de fermentação mais rápida, menor proteólise, maior concentração
de ácido lático, menores teor de ácido acético e butírico, menor teor de etanol, e maior
recuperação de energia e matéria seca (ZAPOLLATO et al., 2009).
Bactérias heterofermentativas utilizam ácido lático e glicose como substrato para
produção de ácido acético e propiônico, os quais são efetivos no controle de fungos, sob baixo
pH (ZAPOLLATO et al., 2009).
Os principais fatores de não obter uma silagem de boa qualidade com o uso de aditivos
são: competitividade epífita na planta, baixos teores de açúcar, excesso de oxigênio, alta
umidade e problemas na aplicação do produto, dentre outros (KUNG JR. et al., 2003).
A maior parte das enzimas utilizadas como aditivos em silagens são co-produtos
microbianos com alguma atividade enzimática. O princípio de utilização de enzimas é o de
estimular a quebra de carboidratos complexos (amidos, celulose e hemicelulose) em açúcares
simples que seriam prontamente fermentados pelas bactérias ácido láticas (VILELA, 1998).
Segundo Ribeiro et al. (2009), a combinação de bactérias heterofermentativas e
homofermentativas favorece a redução dos valores de pH, nitrogênio amoniacal e as perdas
fermentativas em silagens tratadas.
A adoção de técnicas que reduzam a atividade de água (pré-emurchecimento), bem
como o uso de aditivos que promovam a elevação de MS e no teor de açúcares na massa
ensilada, geralmente, reduzem as perdas resultantes de fermentações indesejáveis. Materiais
(grãos de cereais, polpa cítrica etc.) podem ser utilizados para elevar a concentração de
açúcares solúveis e o teor de matéria seca (BALSALOBRE, 2001).
Segundo Lima et al. (2001), a utilização de até 15% de aditivos (sacharina ou fubá) na
silagem de capim Coast-cross (Cynodon dactylon) com sete e nove semanas de rebrota não
proporcionaram efeitos benéficos nas características da fermentação ou comprometeu-as.
Evangelista et al. (2001), observou que silagens com alto teor de MS (38%)
apresentaram dificuldade de serem compactadas durante a ensilagem. Porém, quando o
capim Coast-cross foi ensilado com cinco semanas de rebrota, verificou-se melhora nas
características fermentativas pela adição de aditivos (LIMA 2000, EVANGELISTA, 2000)
com 24 % de matéria seca.
16
No entanto Manno et al. (2002), ao ensilarem Cynodon dactylon não observaram
efeitos da utilização de aditivos microbianos sobre o pH e a digestibilidade "in vitro" da
matéria seca.
Ao avaliar a adição de substratos fermentescíveis e adição de inoculante bacteriano a
silagem de Panicum maximum cv. Tanzânia (IGARASI, 2002) observou que a adição de
polpa cítrica ocasionou um aumento da matéria seca e proporcionou uma maior densidade
energética à silagem.
Costa et al. (2001), ao realizarem uma revisão de literatura da utilização de aditivos
microbiológicos na ensilagem de gramíneas tropicais, concluíram que os resultados científicos
são inconsistentes, e baixo numero de trabalhos com essas plantas forrageiras.
Os efeitos de aditivos microbianos durante a ensilagem ainda podem ser considerado
modesto, e os resultados são, em geral, insuficientes, para o estabelecimento de posições
conclusivas sobre o assunto (ZAPOLLATO, 2009).
2.12 Polpa Cítrica
No Brasil tem aumentando o número de agroindústrias gerando uma grande
quantidade de co-produtos que poderiam ser usado como aditivos em silagens de gramíneas
tropicais, reduzindo assim os custos com alimentação dos animais e diminuindo,
possivelmente, a poluição ambiental com o não adequado destino desses resíduos
(EVANGELISTA, 2009).
A polpa cítrica peletizada é um co-produto da indústria de processamento do suco de
laranja que passa pelo processo de perda de umidade e peletização, sendo assim um co-
produto que é comercializado e utilizado mundialmente na alimentação de ruminantes
(MENEZES Jr. 2000).
Este co-produto é caracterizado por proporcionar um aumento do teor de MS da
forragem apresentando capacidade de elevar o seu peso em 145 % quando em contato com
forrageiras úmidas e apresenta conteúdos de carboidratos totais entre 11 e 43,1 % (LOPEZ,
1990).
A polpa cítrica peletizada (PC) é rica em pectina, um carboidrato altamente degradável
no rúmen, que em comparação ao amido, promove um padrão de fermentação ruminal com
maior relação acetato/propionato e reduzida produção de ácido lático. Portanto, o
fornecimento de (PC) que possui fibra de elevada digestibilidade, provavelmente ocasionou a
maior digestibilidade desse nutriente nas dietas mistas (MENEZES Jr. 2000).
17
A polpa cítrica peletizada (PCP) possui ótima qualidade nutricional e sua
disponibilidade coincide com a entressafra do milho, estimulando sua utilização na
alimentação animal (BRUNO FILHO, 2000).
Segundo Nussio et al. (2002), a polpa cítrica peletizada possui entre 85-90% do valor
energético do milho. Além de possuir uma fração fibrosa de alta digestibilidade e reduzido
teor de lignina (1%), possibilitando ampla digestão da celulose e da hemicelulose.
(MONTEIRO, 1998).
A variedade da laranja, os métodos de processamento utilizados, as condições e o
tempo de armazenagem são os principais fatores responsáveis pelas variações observadas nas
características químicas e físicas, no valor nutricional, na aceitabilidade e na qualidade
microbiológica da polpa cítrica (MEJÍA e FERREIRA, 2000).
A polpa cítrica passa por vários processos, como adição de óxido ou hidróxido de
cálcio, que além de produzir a secagem dos resíduos cítricos frescos (casca, polpa, bagaço e
semente), neutraliza os ácidos orgânicos contidos na fruta até obter um pH próximo a 6,9.
(MEJÍA e FERREIRA, 2000).
As etapas seguintes consistem basicamente de uma mistura de processos que incluem
a desidratação mecânica, secagem a temperaturas entre 100 e 160ºC, moagem, peneiramento
e, finalmente, sua apresentação sob a forma farelada ou peletizada. O produto obtido contém
entre 7 e 11% de umidade (MEJÍA e FERREIRA, 2000).
O uso de polpa cítrica resulta em menor risco de acidose do que os alimentos com alto
teor de amido, que induzem o animal a acidose porque favorecem a produção de ácido
propiônico no rúmen (SCHALCH, 2001).
Assim a utilização de polpa cítrica na ensilagem de gramíneas tropicais pode ser uma
alternativa para melhorar os padrões de fermentação das silagens, sendo útil aos pecuaristas
como fonte de alimento barata para oferecer aos animais.
2.13 Estabilidade
A estabilidade aeróbia da silagem pode ser conceituada como a resistência da massa
de forragem a deterioração após a abertura do silo, ou seja, a velocidade com que a massa
deteriora após exposta ao ar, sendo a elevação em 2 oC na temperatura da silagem exposta ao
ar, em relação ao ambiente, como medida de rompimento da estabilidade aeróbia (O´KIELY,
1999).
18
A estabilidade da silagem é determinada pela oxidação de substrato que ocorre após a
abertura do silo, assim atividade dos microrganismos que decompõem a silagem será mais
intensa, quanto melhor for a qualidade da silagem, em função dos maiores teores de
carboidratos solúveis e de ácido lático residuais. Os principais substratos utilizados são os
ácidos, o etanol e os açúcares solúveis, resultando em aumento do pH e redução na
digestibilidade e no conteúdo de energia (JOBIM, 2007).
As pesquisas sobre deterioração de silagens durante a utilização evidenciam que a
temperatura, a concentração de carboidratos solúveis, a população de fungos e leveduras e a
concentração de ácidos orgânicos em interação com o pH são os parâmetros que mais afetam
a estabilidade das silagens durante a fase de utilização (JOBIM, 2007).
Quando se observa um aumento do pH após a abertura do silo, queda no teor de
carboidratos solúveis e baixa concentração de ácido lático são os principais indicadores da
deterioração aeróbia. Mas em condições de campo, a deterioração da silagem pode ser
facilmente identificada pela elevação da temperatura no painel do silo(JOBIM, 2007).
Durante a utilização da silagem, é inevitável a exposição do painel do silo ao
oxigênio, com consequente crescimento de microrganismos aeróbios e perda de componentes
nutritivos da silagem. A preocupação com estas perdas na fase de utilização da silagem levou
pesquisadores de diferentes partes do mundo a concentrarem pesquisas com esse enfoque
(JOBIM, 2007).
20
RESUMO
Este trabalho foi conduzido no Campo Experimental do Centro Nacional em Pesquisa em
Gado de Leite (CNPGL) no município de Coronel Pacheco, localizada na Zona da Mata-MG.
Objetivou-se avaliar o efeito da adição de polpa cítrica (PC) e de inoculante bacteriano -
enzimático comercial SIL–ALL C4 sobre as características fermentativas, nutritivas e perda
de matéria seca das silagens da gramínea Brachiaria brizantha cv. Marandú pré-secada.
Foram realizados os seguintes tratamentos: Silagem da gramínea pré-secada com inoculante e
sem adição de polpa cítrica (CISP); com inoculante e com adição de polpa cítrica (CICP); sem
inoculante e sem adição de polpa cítrica (SISP); sem inoculante e com adição de polpa cítrica
(SICP). Também foi analisada a gramínea antes de ser ensilada. A PC foi adicionada na base
8% do peso da matéria original da gramínea e o inoculante enzimático bacteriano foi aplicado
na dosagem de 5 g/t de forragem seguindo as doses recomendadas pelo fabricante. O
Delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco repetições, e as médias
foram comparadas pelo teste Student-Newman-Keus a 5% de probabilidade. Durante o
período de julho de 2009 a setembro de 2009, foram determinados os teores de matéria seca,
proteína bruta, Fibra em detergente neutro, fibra em detergente acido, celulose, hemicelulose
e lignina, as frações de nitrogênio e carboidratos, poder tampão, teor de carboidratos solúveis,
pH, nitrogênio amoniacal e a degradabilidade ruminal in situ. Os silos experimentais foram
confeccionados com tubos de PVC com diâmetro de 4 polegadas e 50 cm de altura, providos
de uma válvula tipo Bunsen. Depois de realizado o corte da gramínea aos 42 dias de
crescimento vegetativo, a gramínea foi pré-emurchecida durante um período de 6 horas. A
abertura dos silos ocorreu 60 dias após a ensilagem. Observou-se melhora (P<0,05) no pH
com o tratamento C.IC.P e melhores teores para PB e menores perdas na forma de gases e
efluentes. Obtiveram-se menores teores (P<0,05) de lignina e melhor estabilidade da silagem
com adição do aditivo bacteriano-enzimático. Não se verificou diferença quando não foi
usado nenhum aditivo para as variáveis EE, FDA, Celulose, N-FDN, N-FDA, N-NH3. A
adição de polpa cítrica aumentou (P<0,05) os teores de MS, diminuição do FDN e melhorou
os parâmetros de fermentação das silagens.
Palavras-chave: Inoculantes, degradabilidade in situ, Polpa cítrica.
21
ABSTRACT
This study was conducted in the Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite (CNPGL)
Experimental Station in Coronel Pacheco, localized in Zona da Mata-MG. The main objective
was to evaluate the effect of addition of the citrus pulp (PC) and commercial enzymatic-
bacterial inoculant SI-ALL C4 of the Alltech on the fermentation and nutritious
characteristics and the dry matter damages of grass silages wilted, of the Brachiaria brizantha
cv. Marandú. The following treatments were evaluated: grass silages wilted with inoculant
and without citrus pulp (CISP), with inoculant and citrus pulp (CICP), without inoculant and
without citrus pulp (SISP), without inoculant and with addition of citrus pulp (SICP). Grass
were evaluated too, before had been silaged. The citrus pulp was added at the base of 8% by
weight of the original material of the grass and the enzymatic-bacterial inoculant was applied
at a dose of 5g/ton of forage following the manufacturer's recommended doses. The
experimental design was completely randomized with five replications and the average was
comparison with Student-Newman-Keus of 5% probability. This study was conducted from
January to December of 2009. Were evaluated dry matter (DM) content, crude protein (CP),
neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), cellulose, hemicelluloses and
lignin, fractions of nitrogen and carbohydrates, buffer capacity, soluble carbohydrates,
fermentation characteristics (pH, ammonia N), and “in situ” dry matter digestibility. The
experimental silos were making of PVC with diameter of 4 inches and 50 cm high fitted with
a Bunsen-type valve. After the grass cut was realized, at 42 of vegetative growth, the grass
was wilted during a period of 6 hours of sun exposure. Silos opening occurred 60 days after
ensiling. Obtained smaller value (P<0,05) the lignin and bether stability aerobic of silage with
addition enzymatic additive. It was not ob obtained difference (P<0,05) whem was not used
the any additive for the varied EE, ADF, cellulose, N-FDN, N-FDA, ammonia N. The
addition of citrus pulp improve (P<0,05) the dry matter (DM), decrease of (ADF) and
improve the fermentation of silage parameter. The addition of citrus pulp and enzymatic-
bacterial inoculant provided better levels (P<0,05) for PB, pH and provided smaller losses in
the form of gases and effluents. Obtained a lower lignin and improved stability of silage with
the use of enzymatic-bacterial inoculant. There was no difference when it was not used any
additive for the variables EE, ADF, cellulose, N-FDN, N-FDA, ammonia N. The addition of
citrus pulp increased (P<0,05) the dry matter (DM), reduced ADF and improved the
fermentation characteristics of silages.
Keywords: Inoculante, degradability in situ, citrus pulp.
22
1. INTRODUÇÃO
O Brasil ocupa lugar de destaque na área pecuária, principalmente na produção de leite
e carne de bovinos. Possui um sistema de criação baseado em sistemas a pasto, apresentando
menor custo, quando comparados com os sistemas de confinamentos adotados por países de
clima temperado.
No entanto, por ser um país de clima tropical, é diretamente afetado pelas intempéries
climáticas que acometem nas diferentes estações do ano. Fato este de suma importância, pois
possui a necessidade de manter a oferta de alimento constante durante todo ano, requerendo
assim a utilização de tecnologias como a conservação de forragens por meio da ensilagem, a
fim de garantir a oferta nos meses de menor precipitação e luminosidade.
A Brachiaria brizantha cv. Marandú também chamada de braquiarão e brizantão é
uma planta perene, cespitosa, lançada no Brasil em 1984 pela Embrapa Gado de Corte
(PEDREIRA, 2010). E segundo Macedo (2006) essa planta responde por cerca de 80% das
pastagens dos estados da região norte e por cerca de 50% das pastagens cultivadas no Brasil.
A braquiária como as gramíneas tropicais quando utilizadas para ensilagem, possuem
elevado teor de umidade, são pobres em carboidratos solúveis e apresentam alto poder tampão
quando ensilados (NUSSIO, 2001), ou seja, possui características indesejáveis para o
processo de conservação.
A quantidade de carboidratos solúveis prontamente disponíveis para o
desenvolvimento das bactérias desejáveis, principalmente as láticas, promovem uma rápida
formação de acido lático e consequente diminuição rápida do pH, o que inibe a atividade
proteolítica das enzimas vegetais e do desenvolvimento das bactérias indesejáveis (MUCK,
1988). Porém quando a braquiária se encontra no ponto ideal de ser ensilada, apresenta uma
alta umidade, tornando o ambiente propicio para desenvolvimento de microorganismos que
ocasionam em perdas de matéria seca através da produção de fermentações secundarias.
Uma alternativa para melhorar ou diminuir as perdas é a adição de aditivos na
ensilagem com alto conteúdo de matéria seca ou através do pré-emurchecimento da forrageira
antes de ser ensilada.
A polpa cítrica peletizada é um co-produto da indústria de suco de laranja, utilizada
em grande escala na alimentação de ruminantes e por possuir uma um alto teor de MS pode
ser uma alternativa para ser adicionada a gramínea no momento da ensilagem.
23
Além do Co-produto, a utilização de aditivos bacteriano-enzimáticos aumentam a
população de bactérias produtoras de ácido lático melhorando a qualidade de fermentação e
consequentemente, preservação da qualidade da forragem (REIS, 2004).
Já o pré-emurchecimento pode ser uma alternativa para diminuir a umidade da planta
forrageira em exposição ao sol por um curto período de tempo.
Neste sentido objetivou-se avaliar a combinação da adição de polpa cítrica mais
inoculante enzimático bacteriano na braquiária pré-emurchecida da Brachiaria brizantha cv.
Marandú.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização e Clima
O experimento foi conduzido numa área de pastagem de Brachiaria brizantha, durante
o período de julho 2009 a setembro de 2009, no Campo Experimental de Coronel Pacheco,
pertencente a Embrapa Gado de Leite, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais.
O Município de Coronel Pacheco é situado a uma latitude sul de 21° 33' 22" e 43° 06'
15" de longitude oeste, com altitude de 426 metros. A precipitação pluviométrica anual,
média de 30 anos, é de 1.600 mm, com cerca de 90% desse total ocorrendo de outubro a abril.
O clima da região é do tipo Cwa (mesotérmico) segundo Köppen é definido como clima
temperado chuvoso no verão e com inverno seco entre junho e setembro (Embrapa, 1980), em
um Neossolo Flúlvico Distrófico (Embrapa, 1999).
2.2 Condução do Experimento
A gramínea Brachiaria brizantha foi rebaixada em junho de 2009 com um corte de
padronização rente ao solo, em seguida foi realizada uma adubação com aplicação de 250 kg
da fórmula 20-05-20.
Para promover o emurchecimento da gramínea a mesma foi cortada aos 42 dias de
rebrota, e depois foi distribuída sobre uma área cimentada, permanecendo por seis horas, após
esse período, foi processada por uma picadeira do tipo forrageira estacionaria.
Após o capim pré-secado ter sido picado, este foi dividido em duas porções, em uma
foi retirada a amostra para analises químicas e outra aplicada o inoculante comercial e/ou
aditivo enzimático bacteriano SIL–ALL C4 da Alltech, que apresenta como garantia
Streptococcus faecium, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus salivarius na proporção de 10
24
bilhões de UFC/g de cada espécie e enzimas hemicelulases e celulases a 5%. O aditivo foi
aplicado com pulverizador costal, na dosagem de 5 g/t de forragem (dissolvido em 1 litro de
água mineral) seguindo recomendações do fabricante.
Os silos experimentais foram confeccionados a partir de ductos de eletroducto com 4”
de diâmetro e 50 cm de comprimento. No fundo de cada silo foi condicionada uma bolsa
confeccionada com TNT 100 contendo areia seca, com peso conhecido, com objetivo de
adsorver o efluente produzido. Na outra extremidade, a tampa, foi provida de uma válvula
tipo Bunsen.
A polpa cítrica utilizada foi adicionada e distribuída em camadas simulando a prática
de campo, sendo a quantidade empregada de 8 % do peso da forrageira ensilada (matéria
original). O material ao ser ensilado foi compactado manualmente, com auxilio de uma barra
de ferro, para uniformizar a compactação dos silos de forma a proporcionar massa especifica
semelhante aproximada de 600/ m3 kg de silagem (matéria original).
2.3 Tratamentos
Para avaliar o efeito da polpa cítrica e do inoculante bacteriano enzimático no
processo de ensilagem realizou-se o enchimento de cinco silos experimentais, para cada um
dos seguintes tratamentos:
T1)Silagem da gramínea pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P);
T2) Silagem da gramínea pré-secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.I.C.P);
T3) Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P);
T4) Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e com adição de polpa cítrica (S.I.C.P).
2.4 Avaliações
Os silos, assim como a forragem acondicionada e as bolsas com areia foram pesadas
no momento da confecção da silagem. Após 60 dias, os silos foram abertos e novas pesagens
foram realizadas para estimar as perdas por gás e efluente.
Amostras da forragem de Brachiaria brizantha e da polpa cítrica foram retiradas antes
do momento da ensilagem, bem como da silagem ao abrir os silos. De todas as amostras de
silagem, uma sub-amostra foi colocada em uma prensa hidráulica para extração do suco da
silagem sobre pressão de 2 toneladas. Com esse suco foram determinado o pH e o nitrogênio
amoniacal segundo a técnica descrita por AOAC (1970).
25
As perdas por fermentação foram calculadas pela diferença entre os pesos das massas
obtidos ao enchimento e à abertura dos silos, multiplicados pelos respectivos teores de
matéria seca.
Na tabela 1 estão apresentados os dados de composição bromatológicada matéria seca
da forragem pré-secada e da polpa cítrica utilizada para ensilagem.
Tabela 1. Composição bromatológica, características de carboidratos solúveis, e
capacidade tampão da brachiaria, pré-secada aos 42 dias de crescimento e da polpa cítrica
utilizada para confecção dos tratamentos.
Parâmetros Brachiaria Polpa
MS % 23 89,0
PB % 12,4 8,9
FDN % 66,5 30,9
FDA % 34,8 24,7
Hemicelulose % - 6,2
Celulose % 28,9 12,0
Lignina % 5,88 -
N-FDN % 0,75 0,59
N-FDA % 0,15 0,27
Cinzas % 11,0 5,8
CHO sol mg/g 220,86 -
CT (Eq.mg/100g de MS) 32,4 -
– MS – matéria seca, PB- proteína bruta, FDN – Fibra detergente neutro, FDA – Fibra detergente acido, Hcel –
Hemicelulose, Cel – celulose, N-FDN- nitrogênio em fibra detergente neutro, N-FDA- nitrogênio em fibra
detergente acido, Cin – Cinzas, CHO sol- Carboidratos solúveis, CT- Capacidade Tampão.
Corte realizado aos 42 dias.
Para a determinação da estabilidade aeróbia das silagens utilizou-se uma alíquota de
silagem não compactada, onde essa amostra foi colocada em balde sem tampa, que por sua
vez foi coberto por tecido tipo “gaze”. No meio da massa foi posicionado um termômetro, e
duas vezes ao dia (07 e 19 horas) foram aferidas as respectivas temperaturas de cada amostra,
durante nove dias após a abertura dos silos, com anotação da temperatura ambiente no
momento da tomada da temperatura das silagens. Para evitar altas variações de temperatura
ambiente, os baldes foram mantidos no laboratório com temperatura aproximada de 25 graus.
Foram determinadas matéria seca, teor proteína bruta, Fibra em detergente neutro e
Fibra em detergente ácido, celulose, hemicelulose e lignina segundo Silva e Queiroz (2002).
Além do poder tampão segundo Tosi (1973) e do teor de carboidratos solúveis segundo
(PASSOS, 1999).
Para determinar a degradabilidade ruminal e mensurar o desaparecimento de tecidos
foram utilizadas três vacas da raça Holandesa, ambas multíparas, secas, com peso médio de
aproximadamente 550 kg, munidas de fistula ruminal, adaptadas por um período de 14 dias,
26
alimentadas com dietas a base de silagem de capim elefante e foram avaliadas as respectivas
taxas de degradação da forrageira, estimadas pela técnica in situ, utilizando bolsas de tecido
sintético, de porosidade média de 45 µm, sacos de náilon (ankom-bar diamond, inc., Parma
Idaho – USA), incubados no rúmen. Essas bolsas apresentam dimensões de 10 x 20 cm.
Para determinação da degradabilidade da matéria seca o material foi secado em estufa
de ventilação forcada, a 55°C, e posteriormente moído, em moinho de faca, com peneiras de
crivo de 5,0 mm, e a quantidade de forrageira introduzida nas bolsas de nylon foi de
aproximadamente 6 g. Durante a incubação os sacos foram presos numa corrente e agrupados,
segundo seus respectivos tempos, e suspensos por um fio de náilon de 60 cm de comprimento
no rúmen. As amostras de cada tratamento para os tempos de avaliação foram colocadas em
duplicata, com o objetivo de obter amostra em quantidade suficiente para análise.
As bolsas foram embebidas em água até o total umedecimento e foram colocadas por:
6, 24, 48 e 96 horas no rúmen dos animais. Após estes períodos as bolsas foram retiradas,
lavadas em água corrente na torneira até a água sair límpida, e armazenadas em freezer a –
20° C.
Para a padronização do processo de limpeza das bolsas, somente ao final do ensaio de
degradabilidade ruminal foram posteriormente lavadas em tanquinho, e após sofrerem 2
enxágües, levadas a estufa ventilada, a 55 oc, por 72 horas, sendo posteriormente pesadas e
moídas em moinho de faca tipo “Willye”, de modo que o tamanho das partículas fosse de
aproximadamente 1 mm e assim alocadas em potes hermeticamente fechados, para posteriores
analises.
Para a determinação da temperatura inicial dos sacos foram tø, ou seja, do material que
sai da bolsa sem ser por ação dos microrganismos (material solúvel + pequenas partículas),
foram feitas quatro réplicas. As bolsas foram inseridas em balde com água, onde
permaneceram por 30 minutos. Após esta fase, as bolsas foram processadas como as demais,
que foram incubadas nos animais.
Os parâmetros da degradabilidade “in situ" foram determinados a partir da equação
exponencial proposta por Mehrez e Ørskov (1977), modificada por Sampaio (1988), conforme
descrito a seguir:
27
Onde:
d = Degradabilidade (%);
A = Potencial de máxima degradação,
B = fração degradável após t0;
c = taxa de degradação do material degradável.
2.5 Delineamentos Experimentais e Análise Estatística
O Delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições, e as
médias foram comparadas pelo teste Student-Newman-Keus (SNK), a 5% probabilidade. Os
resultados obtidos foram interpretados utilizando o pacote estatístico SAS, General Linear
Models Procedure, de acordo com o quadro de análise de variância (quadro 1), para os
parâmetros de composição bromatológica, carboidratos solúveis, N-NH3, poder tampão,
estabilidade aeróbia e perdas na forma de efluente e gasosa.
O modelo estatístico utilizado foi:
Onde:
yij: valor observado na unidade experimental que recebeu o tratamento
i, repetição j;
m=efeito da média geral;
ti= efeito do tratamento i;
eij= erro aleatório (resíduo).
O processamento dos resultados de degradabilidade in situ foi feito pelo método
interativo, utilizando-se o procedimento NLIN do pacote estatístico SAS (1989). Os horários
em que a taxa de degradação for inferior ao valor determinado pelo tø (material solúvel +
pequenas partículas) não foram utilizados para obtenção da equação. As vacas foram
utilizadas como repetição. Foram avaliados os quatro tratamentos descritos e a forragem verde
após o emurchecimento, totalizando cinco tratamentos.
28
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Composição Bromatológica, Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e pH
Observou-se uma baixa eficiência do período de pré-emurchecimento da Brachiaria
brizantha, ou seja, reduzida perda de umidade pela exposição da planta ao sol, como pode ser
observado através do teor de matéria seca da forrageira no momento em que se iniciou o
enchimento dos silos experimentais (Tabela 1), quando o teor de MS foi de 23%, valor abaixo
do preconizado por LOURES et al. (2005) para obtenção de bons parâmetros de fermentação.
Quando a gramínea foi ensilada houve diferença significativa para a característica teor
de matéria seca entre os tratamentos com e sem adição de polpa cítrica (P<0,05), na massa
ensilada. O teor de matéria seca das silagens aumentou quando foram adicionados 8% de
polpa cítrica, com base na matéria natural (Tabela 2), à silagem da gramínea pré-emurchecida.
Este comportamento pode estar relacionado ao elevado conteúdo de MS da polpa cítrica
(89%) e em relação aos tratamentos sem adição deste aditivo, sendo a maior diferença de 23
% entre os tratamentos com inclusão de polpa e inoculante bacteriano-enzimático e o
tratamento sem inclusão do inoculante bacteriano enzimático.
Este resultado foi semelhante ao obtido por Evangelista et al. (2001), ao adicionarem
doses de polpa cítrica (5, 10 e 15%) em silagem de Coast-cross e por Rodrigues (2005) ao
adicionar em quantidades de polpa cítrica 0; 2,5; 5; 7,5; 10; 12,5 e 15% em silagem de capim
Marandú onde verificaram aumento linear no teor de MS das silagens. Este fato,
possivelmente, está relacionado à capacidade de absorção de água da polpa cítrica, decorrente
do seu elevado teor de pectina. Mesmo apresentando alta umidade, é possível que a pectina
indisponibilize a água para que ocorra o crescimento de bactérias indesejáveis (Rodrigues,
2005).
Contudo, Netto et al. (2002) não verificaram aumento significativo do teor de MS ao
adicionarem 10% de polpa cítrica peletizada na silagem de capim-elefante. SILVEIRA (1975)
descreveu que o teor mínimo de MS para ensilagem deve ser de 30%. Neste trabalho as
silagens com adição de polpa cítrica obtiveram resultados muito próximos ao preconizado por
este autor apresentando teores 28,62% e de 27,99 % de matéria seca para os tratamentos
(C.I.C.P) e (S.I.C.P), respectivamente, (fato este devido à planta não ter passado por um
processo eficaz de emurchecimento para elevar o teor de MS). Deve-se ainda ressaltar que o
teor de matéria seca obtido neste trabalho são inferiores ao encontrado por Castro et al.
29
(2006), no qual observou que o emurchecimento a teores médios de MS de 450 g/kg MS
favoreceu os parâmetros de fermentação (pH, N-NH3 e poder tampão).
Devemos destacar que o teor de MS encontrado antes da ensilagem (pré-
emurchecimento) não foi eficiente para elevar os níveis de matéria seca preconizado por
SILVEIRA (1975). Evangelista et al. (2004) observaram o capim-marandu ensilado após
emurchecimento de 1,32 a 3,02 horas pode ser satisfatoriamente armazenado na forma de
silagem, conciliando vantagens operacionais e de qualidade da forragem e com seis horas de
secagem da planta em pleno sol, o teor de MS elevar de 27,22 para 62,50%, considerando as
condições que a temperatura média do dia foi de 23,1ºC.
O teor de PB, conforme apresentado na tabela 2, apresentou diferença significativa
(P>0,05) do tratamento controle para os demais, assim o valor obtido de 9,9 % PB da silagem
confeccionada sem aditivos, provavelmente, deve-se ao aumento da proteólise que ocorreu no
processo de ensilagem. Entretanto, a silagem sem aditivos apresentou teores de PB
satisfatório por Coelho da Silva e Leão (1979) que preconizando nível mínimo necessário de
7% de PB para a boa atividade da microbióta ruminal. Os demais tratamentos apresentaram
valores de PB superiores à testemunha, indicando que a utilização conjunta ou isolada dos
dois diferentes tipos de aditivos pode ter agido sobre a redução dos teores de PB, que
provavelmente teriam sido convertidos a outras frações de N como N-NH3, N-FDA e N-FDN.
Trabalhando com capim Marandú, Reis et al. (2004) e Ribeiro et al. (2009), observaram
aumento PB da silagem com adição de PC em forragem emurchecida.
Não houve efeito (P>0,05) da inclusão da PC e do inoculante bacteriano enzimático
sobre os teores de extrato etéreo, FDA, celulose, N-FDN, N-FDA e N-NH3 conforme
apresentados na Tabela 2.
Também os teores de FDN das silagens (Tabela 2) foram melhores (P<0,05) quando
houve inclusão de 8% de polpa cítrica, o que é justificado pelo baixo teor de FDN deste
aditivo (30,9 % da MS), em comparação ao teor observado na Brachiária brizantha (66,5%).
Os teores de FDN registrados neste experimento estão de acordo com os observados por
Pedreira et al. (2001).
As porcentagens de FDN encontradas nos tratamentos com uso de polpa cítrica estão
dentro da recomendada por Van Soest (1994), para não inibir consumo e digestibilidade de
MS para ruminantes, tendo ainda relatado que o aumento dos valores de FDN correlaciona-se
negativamente com consumo do alimento, e que para forragem o limite estaria próximo a 55-
60%. Igarasi (2002) observou diminuição dos teores de FDN com a adição de polpa cítrica, e
30
atribuiu este resultado ao menor teor de fibra da PC em relação à gramínea, ocorrendo,
portanto, diluição da fibra da silagem resultante. Comportamento semelhante foi verificado
por Crestana et al. (2001) ao adicionarem PC na ensilagem do capim-Tanzânia.
Tabela 2. Composição bromatológica, pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) de silagens de
Brachiaria brizantha confeccionadas com ou sem inclusão de polpa cítrica e ou inoculante
bacteriano enzimático.
Parâmetros Silagem de Brachiaria brizantha
C.I.S.P(T1) C.I.C.P(T2) S.I.S.P (T3) S.I.C.P (T4) CV%
MS % 22,34 B 28,62 A 21,87 B 27,99 A 3,94
PB % 10,9 A 10,7 A 9,9 B 11,4 A 5,80
EE % 2,3 A 2,6 A 2,5 A 3,2 A 35,03
FDN % 61,6 A 52,3 B 60,4 A 52,3 B 5,41
FDA % 38,3 A 35,4A 33,2 A 33,7 A 9,74
Celulose % 31,2 A 28,5 A 27,6 A 27,9 A 10,89
Lignina % 4,3 A 4,5 A 3,2 B 3,2 B 14,58
N-FDN % 0,37 A 0,43 A 0,5 A 0,40 A 18,11
N-FDA % 0,18 A 0,21 A 0,18 A 0,22 A 21,67
N-NH3 mg/100 ml 57,96 A 69,16 A 85,54 A 62,72 A 25,39
pH 4,47 B 4,07 D 5,05 A 4,29 C 2,69
– MS – matéria seca, PB- proteína bruta, FDN – Fibra detergente neutro, FDA – Fibra detergente acido, Hcel –
Hemicelulose, Cel – celulose, N-FDN- nitrogênio em fibra detergente neutro, N-FDA- nitrogênio em fibra
detergente acido, Cin – Cinzas, CHO sol- Carboidratos solúveis, PT- Poder Tampão.
Medias seguida por letras semelhantes na mesma linha não se diferenciam estatisticamente (P>0,05).
Corte realizado aos 35 dias.
Observou-se menor pH (P>0,05) no tratamento com inclusão de polpa cítrica e
inoculante bacteriano enzimático, valor este que se encontra dentro da faixa descrita por
McDonald (1981) para que ocorra uma fermentação adequada representando 20 % a menos
em relação ao tratamento sem nenhum aditivo. O mesmo não foi demonstrado por Evangelista
et al. (2000), que ao adicionarem 4% de polpa cítrica em silagem da gramínea estrela roxa
(Cynodon nlemfuensis Vanderyst), não observaram alteração do pH.
Neste trabalho o pH mais elevado correspondeu ao tratamento sem a inclusão dos
aditivos, ratificando que para esta característica essas inclusões foram adequadas a redução do
pH e consequente possível melhoria do valor nutricional e estabilidade da ensilagem. Este
resultado está de acordo com estudo realizado por kung (2001), que relatou o efeito da adição
de inoculante microbiano (bactérias homofermentativas) ocasionam rápido declínio do pH e
baixo pH final. Da mesma forma, Coan et al. (2007) relataram que a polpa cítrica, possui
elevado potencial absorvente e por disponibilizar carboidratos fermentescíveis às bactérias
acido láticas, contribui para redução do pH e desta forma para melhor conservação das
silagens acrescidas desse aditivo.
31
Assim, a adição de aditivo microbiológico ou de polpa cítrica obteve resultados
intermediários de pH (Tabela2), pois foram obtidos com a inclusão de um dos aditivos
separadamente, quando o mesmo é comparado com o tratamento controle, mostrando haver
efeito sinérgico entre a redução de umidade associada à maior disponibilização de
carboidratos fermentescíveis e o uso de microorganismos e complexo enzimático. Este fato
foi observado por Rodrigues et al. (2001), pois houve diminuição do pH quando utilizando
aditivo biológico em silagem de alfafa em comparação ao grupo controle.
Segundo Van Soest (1994), em silagens convencionalmente conservadas, o pH alto é
indicativo de maior produção dos ácidos butírico e acético que são característicos dos
processos de fermentações indesejáveis. Entretanto, o pH isoladamente não pode ser
considerado como critério seguro para avaliação da fermentação, pois seu efeito inibitório
sobre as bactérias depende da velocidade do abaixamento e da umidade do meio (Woolford,
1984).
3.2 Perdas Durante o Processo de Fermentação
Observou-se diferença significativa (P<0,05) entre o tratamento controle para os
demais tratamentos (Tabela 3) proporcionando redução na perda sob a forma de gases de
silagens de Brachiaria brizantha pré-secada. Este fato pode estar relacionado ao efeito
associativo da utilização de inoculante bacteriano enzimático e polpa cítrica.
Para a variável perda na forma de efluente verificou-se diferença significativa
(P<0,05) entre os tratamentos que foram adicionados polpa cítrica para os demais tratamentos
Este efeito pode estar relacionado à capacidade de absorção de umidade da polpa cítrica,
quando adicionada a ensilagem de Brachiaria brizantha pré-secada. Resultados semelhantes
foram encontrados por Nussio et al. (2002) ao avaliarem silagens de capim-Tanzânia com
três tamanhos de partícula diferentes, com adição de 10% de polpa cítrica ou com capim pré-
emurchecido, apresentaram redução nas perdas por efluente em relação à silagem controle.
Observou-se maior perda total significativa (P<0,05) no processo de fermentação
quando não utilizado algum aditivo. A utilização isolada de um aditivo e ou adição dos dois
aditivos, proporcionou redução destas perdas.
32
Tabela 3. Perda total no processo de fermentação, Perdas em percentual do material
ensilado na forma de Gases (%) e Efluente (%) da silagem de Brachiaria brizantha pré-
secada confeccionada com e sem polpa cítrica e ou inoculante bacteriano enzimático.
Tratamentos Gases (%) Efluente (%) Total (%)
C.I.S.P 1,27 B 0,57 A 1,84 AB
C.I.C.P 0,95 B 0,30 AB 1,26 B
S.I.S.P 1,76 A 0,77 A 2,53 A
S.I.C.P 1,25 B 0,18B 1,43B
CV% 18,75 71,27 29,41
Medias seguida por letras semelhantes na mesma linha não se diferenciam estatisticamente (P>0,05). Silagem
da gramínea pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P), Silagem da gramínea pré-
secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.I.C.P), Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante
e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P),Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e com adição de polpa
cítrica (S.I.C.P).
3.3 Estabilidade Aeróbia da Silagem
No nono dia após a abertura das silagens, o tratamento com adição conjunta dos
inoculantes apresentaram temperatura superior à ambiente e na avaliação da tarde do décimo
dia foi observada nas silagens de Brachiaria brizantha, com exceção da silagem
confeccionada com inoculante bacteriano e sem polpa cítrica, efeito negativo na estabilidade
aeróbica, ou seja, houve rompimento da estabilidade aeróbia da silagem. Segundo O´kiely et
al. (2001) este fato é verificado com a elevação da temperatura da silagem 2ºC a mais do que
a temperatura ambiente (Tabela 4).
Este comportamento pode ser justificado pelo fato de que silagens bem conservadas,
provavelmente por ação de aditivos atingiram o pH de equilíbrio antes da sem inoculante,
preservando os carboidratos e outros princípios nutritivos, disponíveis em maior quantidade
após a abertura do silo. Este maior aporte de nutrientes pode ser utilizado por
microorganismos aeróbios ou aeróbios facultativos, que acarreta na perda da estabilidade do
material ensilado. Jobim (2007) após fazer uma revisão de literatura afirmou que quanto
melhor for a qualidade da silagem, em função dos maiores teores de carboidratos solúveis e
de ácido lático residuais menor é estabilidade da silagem.
33
Tabela 4. Temperatura ambiente (ºC) e das silagens de Brachiaria brizantha pré-
emurchecida após a abertura por um período de nove dias.
DIAS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
PERÍODO T M T M T M T M T M T M T M T M T M T
Temperatura
Ambiente
(oC)
23,0 20,9 23,2 21,8 25,0 23,3 23,0 22,0 23,2 21,0 22,0 21,5 23,0 23,5 26,0 22,0 26,0 23,5 26,0
Temperatura Silagem (OC)
C.I.S.P 22,8 20,7 22,0 20,6 23,7 22,5 22,8 21,5 23,0 20,8 21,3 20,8 22,2 21,8 23,5 22,1 23,5 23,2 24,9
C.I.C.P 22,8 20,4 22,0 20,6 23,7 23,0 23,3 22,2 22,9 21,2 22,4 21,3 22,5 23,3 25,3 24,3 25,8 26,2 31,7
S.I.S.P 23,0 20,7 22,0 20,9 23,8 22,5 23,0 22,0 22,9 20,8 21,7 20,8 22,0 22,0 23,7 22,3 23,4 23,3 35,0
S.I.C.P 22,9 20,4 21,8 20,3 23,5 22,2 22,8 22,0 22,9 20,7 21,3 20,6 21,8 22,1 23,5 22,6 23,8 23,3 35,0
Silagem da gramínea pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P), Silagem da gramínea
pré-secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.I.C.P), Silagem da gramínea pré-secada, sem
inoculante e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P),Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e com adição
de polpa cítrica (S.I.C.P).
3.4 Degradabilidade Ruminal
As variáveis referentes à estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da MS das
diferentes silagens de Brachiaria brizantha pré-secadas são apresentadas na Tabela 5.
Independente da utilização de inoculante bacteriano enzimático, as silagens de Brachiária
brizantha confeccionadas com 8% de polpa cítrica proporcionaram maiores valores de
potencial de máxima degradabilidade da matéria seca quando comparadas àquelas que não
foram confeccionadas com polpa cítrica. Da mesma forma Ribeiro et al. (2009) observaram
que a adição de 5 ou 10% de polpa cítrica peletizada na ensilagem do capim-Marandú
diminuiu proporcionalmente do material original os teores dos componentes de FDN da
parede celular e aumentou a digestibilidade in vitro da MS da silagem.
A degradabilidade efetiva no rúmen, com taxa de passagem estimada em 0,06%/h foi
superior em silagens de Brachiaria brizantha confeccionados com a polpa cítrica e com
inoculante (56,72 vs 48,55%), ou sem inoculante (56,90 vs 47,61%). Estes maiores índices
segundo Martins, et al. (1999) deve-se principalmente a polpa cítrica, pois apresenta alto
potencial de elevada degradabilidade, sendo de (86%), com a taxa de degradação de 2% por
hora. Quanto ao efeito do uso de inoculante bacteriano enzimático (C.I.S.P) na confecção de
34
silagem de Brachiaria brizantha pré-secado não se observa aumento no percentual na
degradabilidade efetiva do rúmen.
Tabela 5. Parâmetros de degradação ruminal in situ da matéria seca da Brachiaria
brizantha e da silagem de Brachiaria brizantha pré-sacada confeccionada com e sem
inoculante bacteriano enzimático e ou polpa cítrica.
Tratamentos A B c S
Degradabilidade efetiva
(%) em função da taxa
de passagem no rúmen
(%) (%) (/h) (%) 0,06/h R2
C.I.S.P 76,7 60,0 0,039333 24,8 48,55 0,999
C.I.C.P 80,7 59,6 0,04713 30,5 56,72 0,9993
S.I.S.P 73,2 59,8 0,04372 22,4 47,61 0,9985
S.I.C.P 79,2 62,6 0,050813 28,2 56,90 0,99990
Barquiária brizanta 72,4 62,3 0,04581 20,1 74,10 0,9990
A= fração potencialmente degradável; B = fração potencialmente degradável sob ação da microbiota se não houvesse lag-time; c = taxa constante de degradação da fração potencialmente degradável por ação da microbiota; S= fração solúvel mais
partículas com tamanho reduzido que atravessam os poros do náilon; R2 = coeficiente de determinação do ajuste dos dados ao
modelo utilizado por Sampaio (1988).
Comparando os índices de parâmetros de fermentação no rúmen da matéria seca de
Brachiaria brizantha que não foi submetido ao processo de ensilagem observa-se que o
mesmo foi ligeiramente inferior (1,2 %) ao ensilado. O resultado deste estudo indica que o
processo de ensilagem não prejudicou a degradabilidade da matéria seca no rúmen da
Brachiaria brizantha.
35
4 CONCLUSÕES
A adição de PC e inoculante bacteriano enzimático proporcionaram maior teor de PB,
maior queda do pH e menores perdas na forma de gases e efluentes.
A adição de PC aumenta os conteúdos de MS, diminui o FDN e melhora os
parâmetros de degradação das silagens.
37
RESUMO
Este trabalho foi conduzido no Campo Experimental da Empresa Brasileira Agropecuária
no Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite (CNPGL) de Coronel Pacheco, no
município de Coronel Pacheco, localizada na Zona da Mata-MG. Objetivou-se avaliar o efeito
da adição de polpa cítrica (PC) e de inoculante bacteriano - enzimático comercial SIL–ALL
C4 da Alltech sobre as características fermentativas, nutritivas e perda de matéria seca das
silagens da gramínea pré-secada Cynodon nlemfuensis Vanderyst. Foram adotados os
seguintes tratamentos. Silagem da gramínea pré-secada com inoculante e sem adição de polpa
cítrica (CISP); com inoculante e com adição de polpa cítrica (CICP); sem inoculante e sem
adição de polpa cítrica (SISP); sem inoculante e com adição de polpa cítrica (SICP). Também
foi analisada a gramínea antes de ser ensilada. A PC foi adicionada na base 8% do peso da
matéria original da gramínea. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com
cinco repetições, e as médias foram comparadas pelo teste Student-Newman-Keus a 5% de
probabilidade. Durante o período de julho de 2009 a setembro de 2009, foram determinados
matéria seca, os teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente
acido, celulose, hemicelulose e lignina, capacidade tampão, teor de carboidratos solúveis, pH,
nitrogênio amoniacal e a degradabilidade ruminal in situ. Os silos experimentais foram
confeccionados com tubos de PVC com diâmetro de 4 polegadas e 50 cm de altura, providos
de uma válvula tipo Bunsen. Depois de realizado o corte da gramínea aos 35 dias de
crescimento vegetativo, a gramínea foi pré-emurchecida durante um período de 6 horas (de
exposição ao sol). A abertura dos silos ocorreu 60 dias após a ensilagem. A adição de PC e
inoculante bacteriano-enzimático na silagem de Cynodon nlemfuensis Vanderyst
proporcionaram melhores teores (P<0,05) PB, FDA, pH, N-NH3 e aumento dos teores de N-
FDN. Não se verificou diferença da adição de aditivos (P<0,05) para as variáveis EE,
Celulose, Lignina, perdas de matéria seca na forma de gases e efluentes e estabilidade aeróbia
das silagens. A adição de polpa cítrica aumentou (P<0,05) a proporção de MS, diminuição do
FDN e melhorou os parâmetros de fermentação das silagens.
Palavras-chave: Inoculantes, Digestibilidade in situ, Polpa cítrica.
38
ABSTRACT
This study was conducted in the Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária of Centro
Nacional de Pesquisa em Gado de Leite (CNPGL) Experimental Station in Coronel Pacheco,
localized in Zona da Mata-MG. The main objective was to evaluate the effect of addition of
the citrus pulp (PC) and commercial enzymatic-bacterial inoculant SI-ALL C4 on the Alltech
on the fermentation and nutritious characteristics and the dry matter damages of grass silages
wilted, of the Cynodon nlemfuensis Vanderyst. The following treatments were evaluated:
grass silages wilted with inoculant and without citrus pulp (CISP), with inoculant and citrus
pulp (CICP), without inoculant and without citrus pulp (SISP), without inoculant and with
addition of citrus pulp (SICP). Grass were evaluated too before had been silaged. The citrus
pulp was added of the 8% in a fresh matter basis of the grass. The experimental design was
completely randomized with five replications and the average was comparison with Student-
Newman-Keus of 5% probability. This study was conducted from January to December of
2009. Were evaluated dry matter (DM) content, crude protein (CP), neutral detergent fiber
(NDF), acid detergent fiber (ADF), cellulose, hemicelluloses and lignin, fractions of nitrogen
and carbohydrates, buffer capacity, soluble carbohydrates, fermentation characteristics (pH,
ammonia N), and “in situ” dry matter digestibility. The experimental silos were making of
PVC with diameter of 4 inches and 50 cm high fitted with a Bunsen-type valve. After the
grass cut was realized, at 35 of vegetative growth, the grass was wilted during a periodo of 6
hours of sun exposure. Silos opening occurred 60 days after ensiling. The addition of citrus
pulp and enzymatic-bacterial inoculants in cynodon silage provided betters levels (P<0,05) for
crude protein, acid detergent fiber, pH, ammonia N and increased concentrations of N-NDF.
There was no differences in the use of additives (P<0,05) to the variables EE, cellulose,
lignin, dry matter losses in the form of gases and effluents, and silage aerobic stability. The
addition of citrus pulp increased (P<0,05) the dry matter, reduced the NDF and improved the
fermentation characteristics of silages.
Keywords: Inoculante, degradability in situ, citrus pulp.
39
1. INTRODUÇÃO
O Brasil ocupa hoje lugar de destaque em nível mundial como grande produtor de
carne e leite, sendo o sistema de produção baseado em pastagens característico de países de
clima tropical, onde requer pastagens produtivas durante todo o ano.
Entretanto, as estações do ano com as variações de precipitação, temperatura,
fotoperíodo, dentre outros fatores influenciam o crescimento das forrageiras, o que demanda a
utilização de tecnologias como de conservação de forragens, que desta forma é capaz de
manter a oferta de alimentos em épocas de escassez.
A grama estrela (Cynodon nlemfuensis Vanderyst.) é considerada uma planta rústica,
possuindo uma rápida cobertura do solo e adaptam-se as intempéries climáticas, porém
apresentam características semelhantes às demais gramíneas tropicais, apresentando baixos
teores de MS, de carboidratos solúveis e alto poder tampão (BERGAMASCHINE, 2008).
O Cynodon nlemfuensis quando se encontra no ponto considerado bom de ensilagem
possui alta umidade, fato este que implica em crescimento de microorganismos indesejáveis
que se desenvolvem em ambiente úmido (Wilkinson, 1983).
Segundo Whittemburry et al. (1967) uma pressão osmótica permite o desenvolvimento
das bactérias do gênero Clostridium e demais microorganismos que utilizem açúcares, ácido
lático, proteínas e aminoácidos e produzam ácidos acético e butírico, nitrogênio amoniacal
(N-NH3) e aminas, sendo que essas substâncias estão diretamente correlacionadas com a
aceitabilidade deste alimento pelos animais.
Para que ocorra uma boa fermentação os carboidratos solúveis são os substratos
prontamente disponíveis para que ocorra o desenvolvimento das bactérias desejáveis,
principalmente as láticas, que produzem ácido lático fazendo com que o pH rapidamente
inibindo assim a atividade proteolítica das enzimas vegetais, e principalmente inibindo o
crescimento de bactérias indesejáveis (MUCK, 1988).
Segundo Santos et al. (2010) estes fatores podem ser corrigidos e uma das maneiras é
a inclusão de aditivos no momento da ensilagem.
Outra forma de melhorar o teor de MS das gramíneas é pelo pré-emurchecimento da
gramínea ao sol e pela adição de produtos ou co-produto com alto teor de Matéria Seca como
grãos de cereais e subprodutos da industrialização de alimentos, casca de café, casca de soja,
polpa de cítrica peletizada e outros (VILELA, 1997).
A polpa cítrica é um co-produto da indústria de suco de laranja, que vem sendo
utilizada para alimentação de ruminantes, poís quando adicionada a forragens no momento da
40
ensilagem proporcionam aumento do teor de MS, melhorando a fermentação, sendo capaz de
elevar o seu peso em até 145% (EVANGELISTA, 1996). Outra vantagen é que a PC possui
alto teor de pectina, carboidrato de alta degradabilidade ruminal, melhorando a
digestibilidade dos alimentos quando adicionada a dieta.
A técnica do pré-emurchecimento é uma alternativa diminuição dos teores de água da
planta, permite reduzir perdas através da eliminação de efluentes e gases proporcionando boa
fermentação (SANTOS, 2010). Assim o pré-emurchecimento da gramínea usado junto com a
utilização de aditivos enzimáticos pode ser uma alternativa para melhorar os parâmetros de
fermentação de gramíneas tropicais.
Com base nesse propósito objetivou-se avaliar a adição de poupa cítrica (8% da
matéria natural) e inoculante enzimático na ensilagem do Cynodon nlemfuensis pré-secada.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização e Clima
O experimento foi conduzido numa área de pastagem de Cynodon nlemfuensis
Vanderyst, durante o período de julho 2009 a Setembro de 2009, no Campo Experimental de
Coronel Pacheco, pertencente a Embrapa Gado de Leite, localizada na Zona da Mata de
Minas Gerais.
O Município de Coronel Pacheco é situado a uma latitude sul de 21° 33' 22" e 43° 06'
15" de longitude oeste, com altitude de 426 metros. A precipitação pluviométrica anual,
média de 30 anos, é de 1600 mm, com cerca de 90% desse total ocorrendo de outubro a abril.
O clima da região é do tipo mesotérmico, que segundo Köppen é definido como clima
temperado chuvoso no verão e com inverno seco entre junho e setembro (Embrapa, 1980), em
um Neossolo Flúlvico Distrófico (Embrapa, 1999).
2.2 Condução do Experimento
A gramínea (Cynodon nlemfuensis Vanderyst), foi rebaixada com um corte de
padronização rente ao solo em junho de 2009, em seguida foi realizada uma adubação com
aplicação de 250 kg da fórmula 20-05-20.
Para promover o emurchecimento da gramínea a mesma foi cortada aos 35 dias de
rebrota, e depois foi distribuída sobre uma área cimentada, permanecendo por seis horas, após
esse período, foi processada por uma picadeira do tipo forrageira estacionaria.
41
Após o capim pré-secado ter sido picado, este foi dividido em duas porções, em uma
foi retirada a amostra para analises químicas e outra aplicada o inoculante comercial e/ou
aditivo enzimático bacteriano SIL–ALL C4 da Alltech, que apresenta como garantia
Streptococcus faecium, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus salivarius na proporção de 10
bilhões de UFC/g de cada espécie e enzimas hemicelulases e celulases a 5%. O aditivo foi
aplicado com pulverizador costal, na dosagem de 5 g/t de forragem (dissolvido em 1 litro de
água mineral) seguindo recomendações do fabricante.
Os silos experimentais foram confeccionados a partir de ductos de eletroducto com 4”
de diâmetro e 50 cm de comprimento. No fundo de cada silo foi condicionada uma bolsa
confeccionada com TNT 100 contendo areia seca, com peso conhecido, com objetivo de
adsorver o efluente produzido. Na outra extremidade, a tampa, foi provida de uma válvula
tipo Bunsen.
A polpa cítrica utilizada foi adicionada e distribuída em camadas simulando a prática
de campo, sendo a quantidade empregada de 8 % do peso da forrageira ensilada (matéria
original). O material ao ser ensilado foi compactado manualmente, com auxilio de uma barra
de ferro, para uniformizar a compactação dos silos de forma a proporcionar massa especifica
semelhante aproximada de 600/ m3 kg de silagem (matéria original).
2.3 Tratamentos
Para avaliar o efeito da polpa cítrica e do inoculante bacteriano enzimático no
processo de ensilagem realizou-se o enchimento de cinco silos experimentais, para cada um
dos seguintes tratamentos:
T1)Silagem de gramíneas pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P);
T2) Silagem de gramíneas pré-secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.IC.P);
T3) Silagem de gramíneas pré-secada, sem inoculante e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P);
T4) Silagem de gramíneas pré-secada, sem inoculante e com adição de polpa cítrica (S.I.C.P).
2.4 Avaliações
Os silos, assim como a forragem acondicionada e as bolsas com areia foram pesadas
no momento da confecção da silagem. Após 60 dias, os silos foram abertos e novas pesagens
foram realizadas para estimar as perdas por gás e efluente.
42
Amostras da forragem Cynodon nlemfuensis Vanderyst e da polpa cítrica foram
retiradas antes do momento da ensilagem, bem como da silagem ao abrir os silos. De todas as
amostras de silagem, uma sub-amostra foi colocada em uma prensa hidráulica para extração
do suco da silagem sobre pressão de 2 toneladas. Com esse suco foram determinado o pH e o
nitrogênio amoniacal segundo a técnica descrita por AOAC (1970).
As perdas por fermentação foram calculadas pela diferença entre os pesos das massas
obtidos ao enchimento e à abertura dos silos, multiplicados pelos respectivos teores de
matéria seca.
Na tabela 1 estão apresentados os dados de composição bromatológica da matéria seca
da forragem pré-secada e da polpa cítrica utilizada para ensilagem.
Tabela 6. Composição bromatológica e características de carboidratos solúveis e
capacidade tampão do Cynodon nlemfuensis pré-secado aos 35 dias de crescimento e da polpa
cítrica utilizada para confecção dos tratamentos.
Parâmetros Cynodon Polpa
MS % 27,0 89,0
PB % 9,6 8,9
FDN % 74,7 30,9
FDA % 42,1 24,7
Hemicelulose % 32,6 6,2
Celulose % 33,8 12,0
Lignina % 5,22 -
N-FDN % 0,75 0,59
N-FDA % 0,15 0,27
Cinzas % 10 5,8
CHO sol mg/g 261,4 -
CT (Eq.mg/100g de MS) 26,6 -
– MS – matéria seca, PB- proteína bruta, FDN – Fibra detergente neutro, FDA – Fibra detergente acido, Hcel –
Hemicelulose, Cel – celulose, N-FDN- nitrogênio em fibra detergente neutro, N-FDA- nitrogênio em fibra
detergente acido, Cin – Cinzas, CHO sol- Carboidratos solúveis, PT- Poder Tampão.
Corte realizado aos 35 dias.
Para a determinação da estabilidade aeróbia das silagens utilizou-se uma alíquota de
silagem não compactada, onde essa amostra foi colocada em balde sem tampa, que por sua
vez foi coberto por tecido tipo “gaze”. No meio da massa foi posicionado um termômetro, e
duas vezes ao dia (07 e 19 horas) foram aferidas as respectivas temperaturas de cada amostra,
durante nove dias após a abertura dos silos, com anotação da temperatura ambiente no
momento da tomada da temperatura das silagens. Para evitar altas variações de temperatura
ambiente, os baldes foram mantidos no laboratório com temperatura aproximada de 25 graus.
Foram determinadas matéria seca, teor proteína bruta, Fibra em detergente neutro e
Fibra em detergente ácido, celulose, hemicelulose e lignina segundo Silva e Queiroz (2002).
43
Além do poder tampão segundo Tosi (1973) e do teor de carboidratos solúveis segundo
(PASSOS, 1999).
Para determinar a degradabilidade ruminal e mensurar o desaparecimento de tecidos
foram utilizadas três vacas da raça Holandesa, ambas multíparas, secas, com peso médio de
aproximadamente 550 kg, munidas de fistula ruminal, adaptadas por um período de 14 dias,
alimentadas com dietas a base de silagem de capim elefante e foram avaliadas as respectivas
taxas de degradação da forrageira, estimadas pela técnica in situ, utilizando bolsas de tecido
sintético, de porosidade média de 45 µm, sacos de náilon (ankom-bar diamond, inc., Parma
Idaho – USA), incubados no rúmen. Essas bolsas apresentam dimensões de 10 x 20 cm.
Para determinação da degradabilidade da matéria seca o material foi secado em estufa
de ventilação forcada, a 55°C, e posteriormente moído, em moinho de faca, com peneiras de
crivo de 5,0 mm, e a quantidade de forrageira introduzida nas bolsas de nylon foi de
aproximadamente 6 g. Durante a incubação os sacos foram presos numa corrente e agrupados,
segundo seus respectivos tempos, e suspensos por um fio de náilon de 60 cm de comprimento
no rúmen. As amostras de cada tratamento para os tempos de avaliação foram colocadas em
duplicata, com o objetivo de obter amostra em quantidade suficiente para análise.
As bolsas foram embebidas em água até o total umedecimento e foram colocadas por:
6, 24, 48 e 96 horas no rúmen dos animais. Após estes períodos as bolsas foram retiradas,
lavadas em água corrente na torneira até a água sair límpida, e armazenadas em freezer a –
20° C.
Para a padronização do processo de limpeza das bolsas, somente ao final do ensaio de
degradabilidade ruminal foram posteriormente lavadas em tanquinho, e após sofrerem 2
enxágües, levadas a estufa ventilada, a 55 oc, por 72 horas, sendo posteriormente pesadas e
moídas em moinho de faca tipo “Willye”, de modo que o tamanho das partículas fosse de
aproximadamente 1 mm e assim alocadas em potes hermeticamente fechados, para posteriores
analises.
Para a determinação da temperatura inicial dos sacos foram tø, ou seja, do material que
sai da bolsa sem ser por ação dos microrganismos (material solúvel + pequenas partículas),
foram feitas quatro réplicas. As bolsas foram inseridas em balde com água, onde
permaneceram por 30 minutos. Após esta fase, as bolsas foram processadas como as demais,
que foram incubadas nos animais.
44
Os parâmetros da degradabilidade “in situ" foram determinados a partir da equação
exponencial proposta por Mehrez e Ørskov (1977), modificada por Sampaio (1988), conforme
descrito a seguir:
d A e p c*t
Onde:
d = Degradabilidade(%);
A = Potencial de máxima degradação,
B = fração degradável após t0;
c = taxa de degradação do material degradável.
O tempo de colonização (TC) foi calculado pela seguinte equação:
2.5 Delineamentos Experimentais e Análise Estatística
O Delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições, e as
médias foram comparadas pelo teste Student-Newman-Keus (SNK), a 5% probabilidade. Os
resultados obtidos foram interpretados utilizando o pacote estatístico SAS, General Linear
Models Procedure, de acordo com o quadro de análise de variância (quadro 2), para os
parâmetros de composição bromatológica, carboidratos solúveis, N-NH3, poder tampão,
estabilidade aeróbia e perdas na forma de efluente e gasosa.
O modelo estatístico utilizado foi:
Onde:
yij: valor observado na unidade experimental que recebeu o tratamento
i, repetição j;
m=efeito da média geral;
ti= efeito do tratamento i;
eij= erro aleatório (resíduo).
O processamento dos resultados de degradabilidade in situ foi feito pelo método
iterativo, utilizando-se o procedimento NLIN do pacote estatístico SAS (1989). Os horários
em que a taxa de degradação for inferior ao valor determinado pelo tø (material solúvel +
pequenas partículas) não foram utilizados para obtenção da equação. As vacas foram
utilizadas como repetição. Foram avaliados os quatro tratamentos descritos e a forragem verde
após o emurchecimento, totalizando cinco tratamentos.
45
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Composição Bromatológica, Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e pH
Houve diferença significativa para matéria seca entre os tratamentos com e sem adição
de polpa cítrica (P<0,05), na massa ensilada. A matéria seca das silagens aumentou quando
adicionado 8% de polpa cítrica com base na matéria natural (Tabela 7). Este comportamento
pode estar relacionado ao elevado conteúdo de MS da polpa cítrica (89%) e em relação aos
tratamentos sem adição deste inoculante, sendo que a maior diferença foi de 18 unidades
percentuais entre os tratamentos com inclusão de polpa e inoculante
microbiológico/enzimático e o tratamento sem inclusão dos inoculantes.
Este resultado foi semelhante ao obtido por Evangelista et al. (2001), ao adicionarem
doses de polpa cítrica (5, 10 e 15%) em silagem de Coast-cross e por Rodrigues et al. (2005)
ao adicionarem quantidades crescentes de polpa cítrica 0; 2,5; 5; 7,5; 10; 12,5 e 15% em
silagem de capim Marandú. Possivelmente, este resultado é devido à capacidade de absorção
de água da polpa cítrica, decorrente do seu elevado teor de pectina. Mesmo a pectina
apresente alta umidade, é possível que ela indisponibilize a água para que ocorra o
crescimento de bactérias indesejáveis (RODRIGUES, 2005). Contudo, Netto et al. (2002) ao
adicionarem 10% de PC ensilagem de capim elefante não observou diferença no teor de
matéria seca desta gramínea.
SILVEIRA (1975) descreveu que o valor mínimo de MS para ensilagem deve ser de
30. Neste trabalho, apenas as silagens com adição de poupa cítrica obtiveram esta
percentagem de matéria seca, sendo que tratamentos sem adição de poupa cítrica obtiveram
resultados muito próximos ao preconizado por este autor, apresentando teores 28,33% e de
27,83 % matéria seca para os tratamentos (C.I.S.P) e (C.I.CP) respectivamente, fato este
devido à planta ter passado por um processo eficaz de emurchecimento para elevar o teor de
MS.
Assim, o emurchecimento determinou menor intensidade do processo de fermentação,
com o incremento do conteúdo de MS da forragem ensilada, corroborando os relatos
encontrados na literatura (EVANGELISTA, 2000). Deve-se ainda ressaltar que o teor de
matéria seca obtido neste trabalho são inferiores ao encontrado por Castro et al. (2006), no
qual observou que o emurchecimento o que ocasionou médias de MS de 450 g/kg MS o que
favoreceu os parâmetros de fermentação (pH, N-NH3 e poder tampão).
46
Tabela 7. Composição bromatológica, pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) de silagens de
Cynodon nlemfuensis confeccionadas com ou sem inclusão de polpa cítrica e ou inoculante
bacteriano enzimático.
Parâmetros Silagem de Cynodon nlemfuensis pré-secado CV%
C.I.S.P(T1) C.I.C.P(T2) S.I.S.P (T3) S.I.C.P (T4)
MS % 28,33B 34,07A 27,83B 33,54A 1,95
PB % 9,8 A 9,5 A 8,8 B 9,8 A 4,95
EE % 2,1 A 2,6 A 1,9 A 2,7 A 39,01
FDN % 66,9 A 59,4 B 68,2 A 59,6 B 3,78
FDA % 39,1 B 38,3B 41,1 A 38,6 B 2,92
Celulose % 33,6 A 29,0 A 34,6 A 32,0 A 11,69
Lignina % 3,3 A 3,6A 4,1 A 4,0 A 17,27
N-FDN % 0,42 A 0,43 A 0,32 B 0,43 A 18,34
N-FDA % 0,16 B 0,2 A 0,15 B 0,23A 17,49
N-NH3 mg/100 ml 58,2 B 66,0 AB 75,9 A 64,4 AB 11,38
pH 4,45 B 4,1 C 4,85 A 4,32 B 2,42
– MS – matéria seca, PB- proteína bruta, FDN – Fibra detergente neutro, FDA – Fibra detergente acido, Hcel –
Hemicelulose, Cel – celulose, N-FDN- nitrogênio em fibra detergente neutro, N-FDA- nitrogênio em fibra
detergente acido, Cin – Cinzas, CHO sol- Carboidratos solúveis, PT- Poder Tampão.
Medias seguida por letras semelhantes na mesma linha não se diferenciam estatisticamente (P>0,05).
Corte realizado aos 35 dias.
Observou-se menor pH (P>0,05) no tratamento com inclusão de polpa cítrica e
inoculante enzimático (C.I.C.P), valor este que se encontra dentro da faixa descrita por
McDonald (1981) para que ocorra uma fermentação adequada. O mesmo não foi demonstrado
por Evangelista et al. (2000), que ao adicionarem 4% de polpa cítrica em silagem da gramínea
estrela roxa (Cynodon nlemfuensis Vanderyst), não observaram alteração do pH.
O pH mais elevado correspondeu ao tratamento sem a inclusão dos aditivos,
ratificando que para esta característica, essas inclusões foram adequadas na redução do pH e
possivelmente melhoria do valor nutricional e estabilidade da ensilagem. Este resultado esta
de acordo com estudo realizado por KUNG (2001), que relata um feito teórico da adição de
inoculante microbiano (bactérias homofermentativas) no rápido declínio do pH e baixo pH
final. Da mesma forma, Coan et al. (2007) relataram que a polpa cítrica, por possuir um
elevado potencial absorvente e por disponibilizar carboidratos fermentescíveis às bactérias
ácido láticas, contribui para a redução do pH e melhor conservação das silagens acrescidas
desse aditivo.
Desta forma, a inclusão de aditivo bacteriano enzimático e ou polpa cítrica
proporcionou valores intermediários de pH (tabela7), mostrando haver efeito sinérgico entre a
redução de umidade associada a maior disponibilização de carboidratos fermentescíveis e o
uso de microorganismos e complexo enzimático. Este fato foi observado por Rodrigues et al.
47
(2001) pois houve diminuição do pH quando utilizou-se aditivo biológico em silagem de
Alfafa quando comparando ao grupo controle.
Entretanto, segundo Van Soest (1994), em silagens convencionalmente conservadas, o
pH alto é indicativo de maior produção dos ácidos butíricos e acéticos que são característicos
dos processos de fermentações indesejáveis. Entretanto, o pH isoladamente não pode ser
considerado como critério seguro para avaliação da fermentação, pois seu efeito inibitório
sobre as bactérias depende da velocidade do abaixamento e da umidade do meio (Woolford,
1984).
Para os teores de PB (tabela 7) houve diferença (P<0,05) entre o tratamento (S.I.S.P)
para os demais, assim o valor obtido de 8,8% PB da silagem confeccionada sem polpa cítrica
e sem inoculante bacteriano provavelmente deve-se ao aumento da proteólise que ocorreu no
processo de ensilagem. Entretanto este resultado é considerado satisfatório por Coelho da
Silva e Leão et al. (1979) que preconizam o nível mínimo necessário de 7% de PB para o bom
funcionamento ruminal. Os demais tratamentos apresentaram valores de PB similares e
superiores ao tratamento testemunha, indicando que a utilização conjunta ou isolada dos dois
diferentes tipos de inoculantes pode ter agido sobre a redução da proteólise.
Os teores de N-FDA (Tabela 7) foram maiores (P<0,05) para os tratamentos com
adição de polpa cítrica, sugerindo que a adição de polpa cítrica, também promove aumento
das frações indigeríveis. Isto pode ser justificado pelo provável aquecimento da silagem,
como proposto por Mir et al. (1995). Este fenômeno pode ter ocorrido nas silagens com
elevados níveis de polpa, possivelmente em função da elevação do teor de matéria seca ou,
então, da baixa disponibilidade de água livre. O aquecimento da forragem, também é
conhecido como reação de Mayllard ou caramelização, promovendo uma complexação do
nitrogênio à fibra, especialmente a hemicelulose, levando à indisponibilização do nitrogênio
(Rodrigues, 2005).
Os valores de N-FDN (Tabela 7) foram iguais (P>0,05) para os tratamentos que
utilizaram um ou todos os tipos de inoculantes, os quais se apresentaram superiores ao
tratamento testemunha, indicando que a fração de nitrogênio ligada ao FDN apresentou
comportamento de elevação com o emprego destes inoculantes.
A confecção de silagem de grama estrela pré-emurchecida sem a utilização de aditivos
favoreceu o aumento de nitrogênio amoniacal, conforme apresentado na Tabela 7. Sendo o
menor valor obtido com o uso de inoculante bacteriano enzimático, que não diferiu dos
demais tratamentos com adição de inoculante, os quais foram semelhantes à testemunha. Este
48
comportamento indica uma possível melhor ação do complexo bacteriano-enzimático sobre a
redução de N-NH3, quando atuando sem a contribuição da maior redução de umidade
proporcionada pelo emprego da polpa cítrica, que pode(m) ter atuado sobre diminuição do
crescimento de bactérias heterofermentativas. Resultados semelhantes foram encontrados por
Coan et al. (2004) que observaram diminuição nos teores de nitrogênio amoniacal (N-NH3) da
silagem de capim Marandú quando usaram 5 ou 10% de polpa cítrica como aditivo.
Outra possível justificativa é de que a baixa proteólise resultante de atividade das
enzimas do vegetal, que desintegram proteína da forragem no interior dos silos permanecem
ativas apenas em pH acima de 5,0, condição possivelmente encontrada por mais tempo após o
fechamento do silo, apenas no tratamento testemunha. Silveira (1987), após fazer uma revisão
de literatura afirmou que as silagens com teores de nitrogênio amoniacal de até 8% do N total
são consideradas de boa qualidade.
Não houve efeito significativo (P>0,05) da inclusão da polpa cítrica e do inoculante
enzimático sobre os teores de lignina, extrato etéreo, celulose, conforme apresentados na
Tabela 7.
Os teores de FDN das silagens (Tabela 7) foram melhores (P<0,05) quando houve
adição de polpa cítrica, o que é justificado pelo baixo teor de FDN deste aditivo (30,9 % da
MS), em comparação ao teor observado no Cynodon nlemfuensis (74,4%). Os teores de FDN
registrados neste experimento estão de acordo com os observados por Pedreira et al. (2001).
As porcentagens de FDN observadas nos tratamentos com uso de polpa cítrica estão dentro da
recomendada (VAN SOEST, 1994). Para não inibir consumo e digestibilidade da MS, o autor
relata ainda que o aumento de valores de FDN correlaciona-se negativamente com o consumo
do alimento, e para forragem o limite estaria próximo a 55% a 60%.
A elevação do teor de FDA ocorreu de forma significativa (P<0,05) apenas para o
tratamento testemunha, superior aos demais, os quais foram semelhantes, conforme
apresentado na Tabela 7. Este comportamento pode estar associado a maior extensão de
fermentação neste tratamento, possibilitando o maior consumo de carboidratos solúveis e
consequente aumento dos valores de parede celular, aumentando, desta forma, os
componentes da fração fibrosa (MCDONALD, 1981).
3.2 Perdas Durante o Processo de Fermentação
A utilização de aditivos (inoculante bacteriano enzimático e polpa cítrica) não
proporcionaram diferenças para a variável redução de perda, seja na forma de gases ou
49
efluente, em de silagens de Cynodon nlemfuensis pré-secado (Tabela 8). Provavelmente o fato
de não haver diferença, pode ser definido ao fato da planta passar por um processo de pré-
emurchecimento eficiente, que diminuiu a umidade da planta, proporcionando boas condições
de ensilagem, com menores perdas de material da silagem, não demonstrando diferença entre
os tratamentos com adição de poupa cítrica e aditivo enzimático.
Tabela 8. Perda total no processo de fermentação, Perdas em percentual do material
ensilado na forma de Gases (%) e Efluente (%) da silagem de Cynodon nlemfuensis pré-
secado confeccionado com polpa cítrica e ou inoculante bacteriano enzimatico.
Tratamentos Gases (%) Efluente (%) Total (%)
C.I.S.P 1,38 A 0,21 A 1,59 A
C.I.C.P 1,42 A 0,16 A 1,58 A
S.I.S.P 2,0 A 0,29 A 2,28 A
S.I.C.P 2,25 A 0,13 A 2,34 A
CV% 27,72 65,73 26,67 Médias seguidas de letras semelhantes na mesma coluna não diferem estatisticamente (P>0,05)pelo teste SNK.
Silagem da gramínea pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P), Silagem da gramínea
pré-secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.I.C.P), Silagem da gramínea pré-secada, sem
inoculante e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P),Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e com adição
de polpa cítrica (S.I.C.P).
3.3 Estabilidade Aeróbia da Silagem
Não foi observada diferença significativa (P>0,05) ou efeito negativo na estabilidade
aeróbica em ambos os tratamentos. Não foi detectada elevação da temperatura da silagem
superior à 2ºC em relação à temperatura ambiente, para a silagem de Cynodon nlemfuensis
pré-secado e confeccionada com aditivos (inoculante bacteriano enzimático e ou polpa
cítrica). Estes valores estão descritos na Tabela 9.
50
Tabela 9. Temperatura ambiente (ºC) e das silagens de Cynodon nlemfuensis pré-secado
após a abertura por um período de nove dias.
DIAS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
PERÍODO T M T M T M T M T M T M T M T M T M T
Temperatura
Ambiente
(oC)
23,0 20,9 23,2 21,8 25,0 23,3 23,0 22,0 23,2 21,0 22,0 21,5 23,0 23,5 26,0 22,0 26,0 23,5 26,0
Temperatura Silagem (OC)
C.I.S.P 22,7 20,2 21,8 20,3 23,7 22,6 22,7 21,2 22,6 20,7 21,2 20,8 21,5 22,2 24,0 22,5 24,0 23,3 27,7
C.I.C.P 22,7 20,7 22,0 20,7 24,0 22,4 23,0 21,1 23,0 20,7 21,2 20,8 21,7 22,3 23,8 22,6 23,9 23,0 25,0
S.I.S.P 22,9 20,3 22,2 20,5 23,8 22,7 22,8 21,3 22,8 20,3 20,8 20,6 22,0 22,0 23,7 22,4 23,8 23,2 24,8
S.I.C.P 23,0 20,3 22,2 20,0 24,0 22,4 22,9 21,3 22,9 20,8 21,3 21,0 21,8 22,3 23,7 22,3 24,1 23,2 24,7
Silagem da gramínea pré-secada, com inoculante e sem adição de polpa cítrica (C.I.S.P), Silagem da gramínea
pré-secada, com inoculante e com adição de polpa cítrica (C.I.C.P), Silagem da gramínea pré-secada, sem
inoculante e sem adição de polpa cítrica (S.I.S.P),Silagem da gramínea pré-secada, sem inoculante e com adição
de polpa cítrica (S.I.C.P).
3.4 Degradabilidade Ruminal
As variáveis referentes à estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da MS das
diferentes silagens de Cynodon nlemfuensis pré-secado são apresentadas na Tabela 10.
Tabela 10. Parâmetros de degradação ruminal in situ da matéria seca da Cynodon
nlemfuensis e da silagem de Cynodon nlemfuensis pré-sacado confeccionado com e sem
inoculante bacteriano enzimático e com ou sem polpa cítrica.
Tratamentos A B c S
Degradabilidade efetiva (%) em
função da taxa de passagem no
rúmen
(%) (%) (/h) (%) 0,06/h R2
C.I.S.P 74,6 58,6 0,0254 22,5 40,0 0,9992
C.I.C.P 77,8 54,8 0,02738 24,5 41,7 0,9994
S.I.S.P 71,3 60,1 0,02751 19,0 37,9 0,9991
S.I.C.P 71,4 55,6 0,036970 23,5 44,7 0,9992
Cynodon nlemfuensis 73,2 57,9 0,024995 19,5 36,5 0,9993
A= fração potencialmente degradável; B = fração potencialmente degradável sob ação da microbiota se não
houvesse lag-time; c = taxa constante de degradação da fração potencialmente degradável por ação da
microbiota; S= fração solúvel mais partículas com tamanho reduzido que atravessam os poros do náilon; R2 =
coeficiente de determinação do ajuste dos dados ao modelo utilizado por Sampaio (1988).
Independente da utilização de inoculante bacteriano enzimático, as silagens de
Cynodon nlemfuensis confeccionadas com 8% de polpa cítrica proporcionaram maiores
valores de potencial de máxima degradabilidade da matéria seca quando comparadas àquelas
que foram confeccionadas sem polpa cítrica.
51
Quanto ao efeito do uso de inoculante bacteriano enzimático na confecção de silagem
de Cynodon nlemfuensis, observou-se que o mesmo proporcionou aumento de
aproximadamente 5.2% na degradabilidade efetiva do rúmen de silagens de Cynodon
nlemfuensis que não foram confeccionadas com polpa cítrica (40,0 VS 37,90%). Entretanto,
quando a silagem foi confeccionada com polpa cítrica o resultado do inoculante bacteriano
enzimático foi inferior em aproximadamente 4 pontos percentuais na degradabilidade efetiva
da silagem de Cynodon nlemfuensis.
A degradabilidade efetiva no rúmen, estimada utilizando-se valor teórico de taxa de
passagem de 0,06%/h, se observa que em silagens de Cynodon nlemfuensis confeccionados
com a polpa cítrica e sem inoculante quando comparada às demais silagens avaliados. Esta
silagem apresentou 7% a mais de degradabilidade efetiva no rúmen quando comparada a
silagem confeccionada com polpa cítrica e com inoculante bacteriano (44,7 VS 41,7%).
Comparando-se os valores destas silagens com as confeccionadas sem polpa cítrica, este valor
é no mínimo 11,0% superior. Este maior índice deve-se principalmente a polpa cítrica, que
apresentam alto potencial de máxima degradabilidade (A) (86%, com a taxa de 2%/h)
(Martins et al., 1999). Comparando os índices de parâmetros de fermentação no rúmen da
matéria seca de Cynodon nlemfuensis que não foi submetido ao processo de ensilagem,
observa-se que o mesmo foi ligeiramente inferior 3 pontos percentuais ao ensilado. O
resultado deste estudo indica que o processo de ensilagem não prejudicou a degradabilidade
da matéria seca no rúmen.
52
4-CONCLUSÕES
A adição de PC e inoculante bacteriano enzimático na silagem de Cynodon nlemfuensis
Vanderyst, melhorou os teores para PB, FDA, N-NH3 e aumento dos teores de N-FDN e
diminuição do pH.
Não se verificou diferença da adição de aditivos para as variáveis EE, Celulose, Lignina,
perdas de matéria seca na forma de gases e efluentes e estabilidade aeróbia das silagens.
A adição de polpa cítrica aumenta os conteúdos de MS, diminuiu o FDN e melhorou os
parâmetros de degradabilidade das silagens.
53
CONCLUSÕES GERAIS
O uso de inoculante bacteriano e polpa cítrica proporcionaram menores percentuais de
perda de matéria seca na ensilagem de brachiaria brizantha.
O inoculante bacteriano enzimático melhorou a estabilidade da silagem de brachiaria
brizantha.
A associação de Polpa cítrica e inoculante bacteriano - enzimático proporcionaram
maior potencial de degradabilidade ruminal na confecção da silagem de Cynodon nlemfuensis
Vanderyst e da Brachiaria brizantha.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS
ALVES, M.J.; PEREIRA, O.G.; CECON, P.R. Rendimento forrageiro e valor nutritivo do
capim-tifton 85 sob diferentes doses de nitrogênio, colhido ao atingir 30, 40 e 50 cm de altura.
In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais... Piracicaba: Escola Superior
de Agricultura "Luiz de Queiroz", 2001.
ALVIM, M.J.; BOTREL, M.A. Efeito de doses de nitrogênio na produção de leite de vacas
em pastagem de Coast-cross. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n.3, p. 577-
583, 2001.
ALVIM, M.J.; SIMÃO NETO, M.; DUSI, G.A. Efeito da disponibilidade de forragem e da
adubação em pastagem de capim-angola sobre a produção de leite. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 27, n.11, p. 15411-1550, 1992.
ALVIM, M.J.; VERNEQUE, R.S.; VILELA, D.; CÓSER, A.C.; BOTREL, M.A.;
REZENDE, J.C. Estratégia de fornecimento de concentrado para vacas da raça Holandesa em
pastagem de Coast-cross. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n.9, p. 1711-
1720, 1999 b.
ALVIM, M.J.; VILELA, D.; LOPES, R.S. Efeitos de dois níveis de concentrado sobre a
produção de leite de vacas da raça Holandesa em pastagem de Coast-cross (Cynodon dactylon
(L.) Pers). Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 26, n.5, p. 967-975,
1997.
ALVIM, M.J.; XAVIER, D.F.; BOTREL, M.A. Resposta do Coast-cross (Cynodon dactylon
(L) Pers) a diferentes doses de nitrogênio e intervalos de corte. Revista da Sociedade
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 27, n.5, p. 835-840, 1998.
ALVIM, M.J.; XAVIER, D.F.; VERNEQUE, R.S.; BOTREL, M.A. Respostas de Tifton 68 a
doses de nitrogênio e intervalos de cortes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 35,
n.9, p. 1875-1882, 2000.
ALVIM, M.J.; XAVIER, D.F.; VERNEQUE, R.S.; BOTREL, M.A. Respostas de Tifton 85 a
doses de nitrogênio e intervalos de cortes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34,
n.12, p. 2345-2352, 1999a.
ANDRADE, C.M.S; Assis,G.M.L.; FAZOLIN, M.; GONÇALVES, R.C.; SALES, M.F.L.;
VALENTIM, J.F.; VIDAL, J.L.; Grama-estrela-roxa: Gramínea Forrageira para
Diversificação de Pastagens no Acre. Rio Branco, AC. Embrapa Acre, 83 p. 2009.
ANDRIGUETTO, J.M. Nutrição animal. 4 ed. São Paulo: Nobel, v.1, p.396. 1981.
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMICAL (AOAC). Wasghinton.
Official methodos of analysis of the Association of analytical Chjemists. 11 edition.
Washington, D.C.1015, p. 1970.
55
AMARAL, R.C.;BERNARDES,T.F.; SIQUEIRA, G.R.; REIS, R.A. Estabilidade aeróbia de
silagens de capim-Marandu submetidas a diferentes intesidades de compactação na ensilagen.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.977-983, 2008.
BALSALOBRE, M.A.A.; NUSSIO, L.G.; MARTHA JUNIOR, G.B. Controle de perdas na
produção de silagens de gramíneas tropicais. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, Anais.... Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.38, p.890-911, 2001.
BERGAMASCHINE, A.F., PASSIPIERI M. e VERIANO FILHO W.V., Qualidade e valor
nutritivo de silagens de capim-marandu (B. brizantha cv. Marandu) produzidas com aditivos
ou forragem emurchecida. Revista Brasileira de Zootecnia, 35: p.1454-1462, 2006.
AMARAL, R.C.; BERNARDES, T.F.; SIQUEIRA, G.R.; REIS, R.I. Características
fermentativas e químicas de silagens de capim-marandu produzidas com quatro pressões de
compactação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.532-539, 2007.
BOTREL, M.A; ALVIM, M.J.; MOZZER, O.L. Avaliação agronômica de gramíneas
forrageiras sob pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 22, n. 9/10, p. 1019-
1025, 1987.
BRUNO FILHO, J.R.; BERCHIELLI, T.T.; ANDRADE, P. et al. Digestibilidade da polpa
cítrica peletizada na alimentação de bovinos. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia. Anais... Viçosa, MG, 37., p.400. 2000.
CABRAL, L.S.; VALADARES FILHO, S.C.; DETMANN, E., MALAFAIA, A.M.,
ZERVOUDAKIS, J.T., SOUZA, A.L., VELOSO, R.G., NUNES, P.M.M. Consumo e
digestibilidade dos nutrientes em bovinos alimentados com dietas à base de volumosos
tropicais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2406-2412, 2006.
CASTRO, F.G.F., NUSSIO, L.G., HADDAD, C.M., CAMPOS, F.P., COELHO, R.M.,
MARI, L.J., TOLEDO, P.A. Características de fermentação e composição químico-
bromatológica de silagens de capim-tifton 85 confeccionadas com cinco teores de matéria
seca. Revista Brasileira de Zootecnia, 35: 7-20. 2006.
CARNEIRO, J.C.; VALENTIM, J.F.; WENDLING, I.J. Avaliação de Brachiaria spp., nas
condições edafoclimáticas do Acre. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais..., Piracicaba: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, p.162-163. 2001.
COELHO DA SILVA, J.F., LEÃO, M.I. Fundamentos de nutrição dos ruminantes.
Piracicaba: Livro ceres. p. 380, 1979.
COAN, R. M.; REIS, R. A.; FREITAS, D.; BALSALOBRE, M. A. A. Suplementação de
bovinos em pastagens. 1. ed. Jaboticabal: Funep, 2004.
COAN, R.M. et al. Dinâmica fermentativa e microbiológica de silagens dos capins tanzânia e
marandu acrescidas de polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira Zootecnia, v.36, n.5,
p.1502-1511, 2007.
56
COELHO, E.M; ITAVO, L.C.V.; MIGLIANO, L.C.B.; DIAS, A.M; GOMES, R.C. Uso de
aditivos absorventes para confecção de silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum
Schum cv. Napier). In Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais. 40., Santa
Maria, 2003.
COLLAO SAENZ, E.A. Modelagem da redução do tamanho de partículas na alimentação de
ruminantes. Ciência e Agrotecnologia, v.29, n.4, p.886-893, 2005.
COOK, B. G.; PENGELLY, B. C.; BROWN, S. D.; DONNELLY, J. L.; EAGLES, D. A.;
FRANCO, M. A.; HANSON, J.; MULLEN, B. F.; PARTRIDGE, I. J.; PETERS, M.;
SCHULTZE-KRAFT, R. Tropical forages: an interactive selection tool. Cali: CIAT; St.
Lucia: CSIRO; 1 CD-ROM. 2005.
CORRÊIA, L.A; POTT, E.B. Silagem de capim. In: Simpósio Forragicultura e Pastagens, 2.,
2001, Lavras. Anais..., Lavras: Universidade Federal de Lavras, p. 255-272, 2001.
COSTA, C.; MONTEIRO, A.L.G.; BERTO, D.A.; ALMEIDA JÚNIIOR, G.A.A.; LOPES,
A.B.R.C. Impacto do uso de aditivos e/ou inoculantes comerciais na qualidade de
conservação e no valor alimentício de silagens. In: Simpósio Sobre Produção e Utilização de
Forragens Conservadas, Maringá. Anais... Maringá: Universidade Estadual de Londrina,
Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia, p.87-126. , 2001.
CRESTANA, R. F.; AGUIAR, R. N. S.; NUSSIO, L. G. et al. . Efeito da fermentação na
fração fibra de silagens de capim Tanzânia. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia. Anais… Piracicaba: FEALQ, 38., p.354–355, 2001.
DUTRA, A.R., QUEIROZ, A.C., OLIVEIRA, J.V., PEREIRA, J. C., MÂNCIO, A. B.
Bovinos mestiços alimentados com diferentes proporções de volumoso: concentrado.
Digestibilidade aparente dos nutrientes, ganho de peso e conversão alimentar. Revista
Brasileira de Zootecnia, 30(1): p. 261-269, 2001.
EVANGELISTA, A. R., LIMA, J. A., BERNARDES, T. F. Avaliação de Algumas
Características da Silagem de Gramínea Estrela Roxa (Cynodon nlemfuensis Vanderyst).
Revista Brasileira Zootecnia, v. 29, n. 4, p. 941-946, 2000.
EVANGELISTA, A. R.; SILVA, L. V.; CORREIA, L. F. A.; et al. Efeito de diferentes níveis
de polpa cítrica, como aditivo seco em silagem de capim napier (Pennisetum purpureum,
Schum.). In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais... Fortaleza:
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 33, p.354-355, 1996.
EVANGELISTA, A.R.; LIMA, J.A.; SILVA, C.L.; BERNADES, T.F.; OLIVEIRA, S.G.
Aditivos na silagem de Coast-cross (Cynodon dactylon (L) Pers.) I- Sachariana e fubá de
milho. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais..., Viçosa: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 37, 1 CD. 2000.
EVANGELISTA, R.A.; LIMA, J.A.; SIQUEIRA, G.R.; SANTOS, R.V. Aditivos na silagem
de Coast-cross (Cynodon dactylon (L) Pers.). Farelo de trigo e polpa cítrica. In: Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais... Piracicaba: Sociedade Brasileira de
Zootecnia. 38., p.71-72, 2001.
57
EVANGELISTA, A.R., PINTO, J.C., LOPEZ, L., TAVARES, V.B., Opportunities for
inclusion of tropical grasses silage in ruminant total mixed rations. in: ZOPOLLATTO,
M.,MURARO, G. B., NUSSIO, L.G., Proceedings of the International Symposium On Forage
Quality and Conservation. Proceeding, Piaracicaba-SP, p. 280, 2009.
GHISI, O.M.A.A.; PEDREIRA, J.V.S. Características agronômicas das principais Brachiaria
spp. In: Encontro Sobre Capins do Gênero Brachiaria, Anais... Nova Odessa: Instituto de
Zootecnia, p. 19-57, 1987.
GONÇALVES, G. D., SANTOS, G. T., JOBIM, C. C., DAMASCENO, J.C., CACATO, U.,
BRANCO, A. F., Determinação do Consumo, Digestibilidade e Frações Protéicas e de
Carboidratos do Feno de Tifton 85 em Diferentes Idades de Corte. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.32. n.4, p. 804-813, 2003.
HARLAN, J. R. Cynodon species and their value for grazin gand hay. Herbage Abstracts, v.
40, p. 233-238, 1970.
HERRERA, R. S. El Género Cynodon para La producción de forraje en Cuba. In: Workshop
Sobre o Potencial Forrageiro do Genero Cynodon, Anais... Juiz de Fora: Embrapa Centro
Nacional de Produção de Gado de Leite, p. 181, 1996.
HOLMES, B.J.; MUCK, R.E. Factors affecting buncker silo densities. Madison: University
of Wisconsin, p.7, 1999.
IGARASI, M.S. Controle de perdas na ensilagem de capim-Tanzânia (Panicum
maximum Jacq. Cv. Tanzânia) sob os efeitos do teor de matéria seca, do tamanho de
partícula, da estação do ano e da presença do inoculante bacteriano. Dissertação
(Mestrado em Produção Animal) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, São Paulo. p.132, 2002.
JOBIM, C.C.; NUSSIO, L.G.; REIS, R.A.; SCHMIDT, P. Avanços metodológicos na
avaliação da qualidade da forragem conservada. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa -
MG, Suplemento especial. v.36, p.101-119, 2007.
KUNG JR., L.; RANJIT, N.K. The effect of Lactobacillus buchneri and other additives on the
fermentation and aerobic stability of barley silage. Journal of Dairy Science, v.84, n.5,
p.1149-1155, 2001.
KUNG Jr., L.; STOKES, M.R.; LIN, C.J. Silage additives. In: BUXTON, D.R.; MUCK, R.E.;
HARRISON, J.H. (Eds.) Silage science and technology. Madison: American Society of
Agronomy, Crop Science Society of America, Soil Science Society of America, p.251-304.
2003.
KUNG Jr, l. Effects of microbial additives in silages: facts and perspectives
in:ZOPOLLATTO, M.,MURARO, G. B.,NUSSIO, L.G., Proceedings of the International
Symposium On Forage Quality and Coservation, Procceeding. Piracicaba - São Paulo, p.
280, 2009.
LIMA, J.A.L.; EVANGELISTA, A.R.; OLIVEIRA, S.G.; SILVA, C.L.; BERNADES, T.F.
Aditivos na silagem de coast cross (Cynodon dactylon (L.) Pers.) II- Farelo de trigo e polpa
58
cítrica. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais...Viçosa: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 37.,1 CD. 2000.
LIMA, J.A.L.; EVANGELISTA, A.R.; SANTOS, R.V.; SIQUEIRA, G.R. Aditivos na
silagem de Coast-cross (Cynodon dactylon (L.) Pers.) 2. Sacharina e fubá. In: Reunião Anual
da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais... Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia,
38., p.72-73, 2001.
LOPEZ, L. G. Control de calidad de pulpas de remolacha y de cítricos. In: VI CURSO DE
ESPECIALIZACIÓN MATTERIAS PRIMAS ALTERNATIVAS PARA LA
ALIMENTACIÓN ANIMAL, Universidad Politécnica de Madrid, ETSIA, Madrid, p. 31,
1990.
LOURES, D.R.S.; NUSSIO, L.G.; PAZIANI, S.F. PEDROSO, A.F.; MARI, L.J.;RIBEIRO,
J.L.; ZOPOLLATTO,M.; SCHMIDT, P.; JUNQUEIRA, M.C.; PACKER, I.U.; CAMPOS,
F.P. Efeito de enzimas fibrolíticas e do teor de matéria seca em silagens de capim-Tanzânia
sobre os parâmetros ruminais, o comportamento ingestivo e a digestão de nutrientes em
bovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p.736-745, 2005.
LUIS, L., RAMIREZ, M. Estudio de algunos indicadores bioquimicos y microbiológicos em
em silaje de CRA-265. Pastos y Forrajes, v.11, n.1, p.88-93, 1988.
LUIS, L.; RAMIREZ, M. Estudio de los principales grupos de microorganismos presentes en
um ensilaje de Guine SIH- 127. Pastos y Forrajes, v.9, n.2, p. 147-153, 1986.
MACEDO, M.C.M Aspectos edáficos relacionados com a produção de barquiária brizanta
cultivar marandu. In: BARBOSA, R.A(ED). Morte de Pastos de Braquiárias, Campo Grande,
MS. Embrapa gado de corte, p.35-65, 2006.
MANNO, M.C.; PEREIRA, O.G.; MARTINS, H.; LIMA, K.R.S.; MONTEIRO, R.B.N.C.;
ARAÚJO, D.; PACHECO, L.B.B. Composição bromatológica de silagens de capim Coast
cross, com e sem inoculante microbiano. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 39., 1 CD, 2002.
McDONALD, P. The biochemistry of silage. Nova York: John Wiley & Sons, p. 226,1981.
McDONALD, P.; HENDERSON, A .R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2. ed.
Aberystwyth: Chalcombe Publications, p. 340, 1991.
MARTINS, A. S.; ZEOULA, L. M.; PRADO, I. N. Degradabilidade ruminal in situ da
matéria seca e proteína bruta das silagens de milho e sorgo e de alguns alimentos
concentrados. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 28, n. 5, p. 1109-
1117, 1999.
MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R. A study of the artificial fibre bag technique for determing
the digestibility of feed in the rume. The Journal of Agricultural Science, v.88, n.3, p.645-
650, 1977.
59
MEJÍA, A.M.G.; FERREIRA, W.M. Produção e caracterização bromatológica da polpa
cítrica seca. Revista Conselho Federal de Medicina Veterinária, (Suplemento técnico),
v.19, p.23-33, 2000.
MARTINEZ, J.C., SANTOS, F.A.P.; VOLTOLINI, T.V.; IMAIZUMI, H.; CARMO, C.A.;
OLIVEIRA, P.A.F. Efeito do processamento do grão de milho e sua substituição parcial por
polpa cítrica peletizada sobre a digestibilidade de nutrientes de vacas em lactação. In: Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais... Viçosa-MG. Sociedade Brasileira de
Zootecnia, p.429, 2000.
MISLEVY, P. Stargrass. Gainsville: University of Florida, 2006. (University of Florida.
IFAS Extension SS-AGR-62). Disponível em: <http://edis.ifas.ufl .edu/ AG154>. Acesso em:
05 junho de 2010.
MISLEVY, P.; BROWN, W. F.; CARO-COSTAS, R.; VICENTE-CHANDLER, J.;
DUNAVIN, L. S.; HALL, D. W.; KALMBACHER, R. S.; OVERMAN, A. J.; RUELKE, O.
C.; SONODA, R. M.; SOTOMAYOR-RIOS, A.; STANLEY JUNIOR, R.L.; WILLIAMS, M.
J. Florico stargrass. Gainsville: University of Florida, 15 p. (University of Florida. Circular
S-361), 1989.
MIR, Z.; JAN, E.Z.; ROBERTSON, J.A.; Mir, J. A.; McCartney, D.H. Effects of microbial
inoculant and moisture content on preservation and quality of round baled alfalfa. Canadian
Journal of Animal Science, v.75, n.1, p.15-23, 1995.
MONTEIRO, A.L.G.; GARCIA, C.A.; NERES, M.A.; SPERS, R.C.; PRADO, O.R. Efeito da
substituição do milho pela polpa cítrica no desempenho e características das carcaças de
cordeiros confinados. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais...
Botucatu: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 35.,v.1, p.95-97. 1998.
MUCK, R.E. Factors influencing silage quality and their implications for management.
Journal of Dairy Science, v.71, p.2992- 3002, 1988.
MUCK, R.E.; SHINNERS, K.J. Conserved forage (silage and hay): progress and priorities.
In: Internacional Grassland Congress, 9., 2001, São Pedro. Anais ... São Pedro: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, p. 753-762, 2001.
NETTO, A.R.; PAIVA, F.A.; HERLING, V.R. et al. Efeito de aditivos e pré-emurchecimento
na composição química de silagens de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum cv.
Napier). In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais… Recife: 39.,
(Forragicultura. FOR-245), 2002.
NUSSIO, L. G., CASTRO, F, G., SIMAS, J.M. Effects of dry matter content and microbial
additive on tifton 85 (Cynodondactylon ssp.) wilted silage fermentation parameters. In:
International Grassland Congress, São Pedro, São Paulo. Anais... Brazilian Society of Animal
Husbandry. 19, p.790-792. 2001.
NUSSIO, L.G.; PAZIANI, S.F.; NUSSIO, C.M.B. Ensilagem de capins tropicais. In: Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais ... Recife: Sociedade Brasileira de
Zootecnia, 39., p.60-99. 2002.
60
O'KIELY, P.; MOLONEY, A.; KEATING, T.; SHIELS, P. Maximising output of beef
within cost efficient, environmentally compatible forage conservation systems. Dunsany:
Grange Research Centre, (Beef Productions Series, 10), p. 64,1999.
PEDREIRA, M.S.; MOREIRA, A L.; REIS, R.A.; COAN, R.M.; SILVEIRA, R.N.;
AZEVEDO, P.T.; SEIXAS, P.F. Características químicas e fermentativas do Tifton 85
(Cynodon spp.) ensilado com diferentes conteúdos de matéria seca e níveis de polpa cítrica.
In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Anais ... Piracicaba: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 38., p. 100-102. 2001.
PEDREIRA, C.G.S. Genero cynodon In: FONSECA, M.F., MARTUSCELLO, J.A., Plantas
Forrageirras, Lavras. Universidade Federal de Lavras, p. 235-254. 2010.
PEDREIRA, J.V.S., MATTOS, H.B. Crescimento estacional de 25 espécies e variedades de
capins. Boletim da Indústria Animal, 38(1), p.220-231, 1981.
PEREIRA, J.A.; REIS, R.A. Produção e utilização de forragem pré-secada. In: Simpósio
Forragilcultura e Pastagens, Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2, p. 235-254,
2001.
PUPO, N.I.H. Manual de pastagens e forrageiras. Campinas: Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola, p.343, 1981.
REIS, R.A.; BERNARDES, T.F.; AMARAL, R. Teores de compostos nitrogenados do capim
Marandu (Brachiaria brizantha, cv. Marandu) ensilado com polpa cítrica peletizada. In:
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande. Anais... Campo
Grande: Sociedade Brasileira de Zootecnia, CR-ROM. Forragicultura. 40, p.426, 2004.
RIBEIRO, J.L.; NUSSIO, L.G.; MOURÃO, G.B.; Mari, L.J.; Zopollatto, M.; Paziani, S.F.
Valor nutritivo de silagens de capim-marandu submetidas aos efeitos de umidade, inoculação
bacteriana e estação do ano. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.7, p.1176-1184, 2008.
RIBEIRO, J.L.; NUSSIO, L.G.; MOURÃO, G.B.; Mari, L.J.; Zopollatto, M.; Paziani, S.F.
Efeitos de absorventes de umidade e de aditivos químicos e microbianos sobre o valor
nutritivo, o perfil fermentativo e as perdas em silagens de capim-Marandú. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.38, n.2, p.230-239, 2009.
ROTZ, C. A. AND R. E. MUCK. Changes in forage quality during harvest and storage. Pages
828-868 in Forage Quality, Evaluation, and Utilization. G. C. J. Fahey, M. Collins, D. R.
Mertens, and L. E. Moser, eds. American Society of Agronomy, Madison, WI. 1994.
RUPPEL, K.A.; PITT, R.E.; CHASE, L.E.; GALTON, D.M. Bunker silo management and its
relationship to forage preservation on dairy farms. Journal of Dairy Science, v.78, p.141-
153, 1995.
RODRIGUES, P.H.M.; BORGATTI, L.M.O.; GOMES, R.W.; Roberta PASSINI, R.; Paula
Marques MEYER, P.M. Efeito da Adição de Níveis Crescentes de Polpa Cítrica sobre a
Qualidade Fermentativa e o Valor Nutritivo da Silagem de Capim-Elefante. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1138-1145, 2005.
61
SAMPAIO, I.B.M. Experimental designs and modelling techniques in the study of
roughage degradation in rumen and growth of ruminant. Thesis (Phylosophy Doctor) -
University of Reading, Reading, p. 228, 1988.
SANTOS, M.V.; GÓMEZ CASTRO, A.G., PEREA, J.M.; GARCÍA, A.; GUIM, A.; PÉREZ
H. Fatores que afetam o valor nutritivo da silagens de forrageiras tropicais. Archivos de
Zootecnia, v.59, p. 25-43, 2010.
SANTOS, P.M. Estudo de algumas características agronômicas de Panicum maximum
(Jacq) cvs. Tanzãnia e Mombaça para estabelecer seu manejo. Piracicaba, Dissertação
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, São Paulo, f. 62,
1997.
SAS. Userguide: statistics. Cary: SAS Institute, p. 965, 1989.
SCHALCH, F.J.; SCHALCH, E.; ZANETTI, BRISOLA, M.L. Substituição do milho grão
moído pela polpa cítrica na desmama precoce de bezerros leiteiros. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.30, p. 280-85, 2001.
SHEPERD, A.C.; KUNG, L. Effect of enzyme additive on composition of corn silage ensiled
at various stages of maturity. Journal of Dairy Science, Savoy, v. 79, p. 1767-1773, 1996.
SEIFFERT, N.F. Gramíneas forrageiras do gênero Brachiaria. Campo Grande: Embrapa -
Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Corte. Circular Técnica, n.1, p.83, 1980.
SILVEIRA, A. C. Técnicas para produção de silagens. In: Simpósio Sobre Manejo da
Pastagem, Anais... Piracicaba: ESALQ, 2, p. 156-186, 1975.
SILVEIRA, A.C. Produção e utilização de silagens. In: Semana de Zootecnia, Anais…
Pirassununga: Fundação Cargill, p.119-134, 1987.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, p. 235, 2002.
SOARES FILHO, C.V. Recomendações de espécies e variedades de Brachiaria para
diferentes condições. In: Simpósio Sobre Manejo de Pastagem Brachiaria, 11., Piracicaba, SP,
Anais... Fundação de estudos agrários Luiz de Queiroz, P. 25-29, 1984.
SOLLENBERGER, L. E. Sustainable Production Systems for Cynodon Species in the
Subtropics and Tropics. Revista Brasileira de Zootecnia, Número especial. v.37, p.85-100,
2008.
SOLLENBERGER, L e ; REIS, R A ; NUSSIO, L. G. ; CHAMBLISS, C G ; KUNKLE, W.
Conserved forage. In: MOSER, L.E.; BURSON, B.L.; SOLLENBERGER, L.E. (Eds.) Warm
season grasses. Madison: American Society of Agronomy, Crop Science Society of
America, Soil Science Society of America, p.355-387, 2004.
Taiz, L.; Zeiger, E. Fisiologia Vegetal. 3.ed. – Porto Alegre: Artmed Editora, p. 346, 2004.
62
PASSOS, L. P. Métodos analíticos e laboratoriais em fisiologia vegetal. Embrapa-Centro
Nacional de Pesquisa Gado Leite. Coronel Pacheco, p. 223, 1996.
PEDREIRA, M. S., MOREIRA, A. L., REIS, R. A., COAN, R. M., SILVEIRA, R. N.,
AZEVEDO, P. T., SEIXAS, P. F. Características químicas e fermentativas do Tifton 85
(Cynodon) ensilado com diferentes conteúdos de matéria seca e níveis de polpa cítrica. In:
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 38., Piracicaba, SP, Anais... p.100-102,
2001.
PEREIRA, R.G.A. Processos de ensilagem e plantas a ensilar. Porto Velho, RO: Embrapa
Rondônia, Documentos, P.13, 2008.
PEREIRA, O.G., OBEID, J.A., NASCIMENTO Jr., D. FONSECA, D.M., Simpósio sobre
Manejo Estratégico da Pastagem, III, Viçosa, Anais...,p. 430, 2006
PUPO, N.I.H. Manual de pastagens e forrageiras.Campinas: Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola, p.343, 1981.
TALIAFERRO, C. M.; ROUQUETTE JR., F.; MISLEVY, P. Bermuda grass and stargrass.
In: MOSER, L.; BURSON, B.; SOLLENBERGER, L. (Ed.) Warm Season (C4) Grasses.
Madison: In: American Society of Agronomy, Crop Science Society of America, Soil
Science Society of America, p.417-475, 2004.
TOSI, H. Ensilagem de gramíneas tropicais sob diferentes tratamentos. Botucatu, Tese
(Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, São
Paulo, p. 107, 1973.
VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2 ed. New York: Cornell
University Press, p.476, 1994.
VILELA, D. Aditivos para silagens de plantas de clima tropical. In: Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 35., 1998, Botucatu. Anais ... Botucatu: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 1 CD. 1998.
VILELA, D.; LIMA, J.; RESENDE, J.C. Forrageiras que estão revolucionando a pecuária
brasileira. In: Relatório Técnico Anual da Embrapa – Centro Nacional de Pesquisa em
Gado de Leite. Juiz de Fora-MG, 2005.
WHITTENBURRY, R.; McDONALD, P.; BRYAN JONES, D.G. A short review of some
biochemical and microbiological aspects of ensilage. Journal of Science and Food
Agriculture, v.18, n.2, p.441-444, 1967.
WILKINSON, J.M. Silages made from tropical and temperate crops. 1. The ensiling process
and its influence on feed value. World Animal Review, v.45, n.45, p.36-42, 1983.
WOOLFORD, M.K. The silage fermentation, New York: Marcel Dekker, p.23-132, 1984.
WRIGHT, D. A.; GORDON, F. J.; STEEN, R. W. J.; PATTERSON, J. A. Factors influencing
the responses in intake of silage and animal performance after wilting of grass before ensiling:
a review. Grass and Forage Science, v.55, n.1, p.1-13, 2000.