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GÓIS, Monijany Lins de. Desenvolvimento local em sociabilidades urbanas de pequena escala: a abaxicultura
no projeto de assentamento Santa Lúcia em Araçagí - PB. Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e
Sociologia, v.3, n.9, p. 107-124, novembro de 2019. ISSN 2526-4702.
ARTIGO
http://www.cchla.ufpb.br/sociabilidadesurbanas/
Desenvolvimento local em sociabilidades urbanas de pequena escala: a
abaxicultura no projeto de assentamento Santa Lúcia em Araçagí - PB1
Local development in small scale urban sociabilities: pineapple production in the Santa Lúcia settlement project in Araçagí - PB
Monijany Lins de Góis
Resumo: A Paraíba se destaca no cenário nacional como o maior produtor de abacaxi. O cultivo do abacaxi representa um importante fator econômico, principalmente para as pequenas
comunidades rurais distribuídas pelo Estado. O Projeto de Assentamento Santa Lúcia, situado no
município de Araçagí - PB segue a tendência do cultivo do abacaxi como principal atividade
produtiva. A produção no próprio assentamento faz com que muitos jovens não migrem para
grandes centros urbanos, permanecendo e trabalhando na atividade produtiva local. O objetivo do
trabalho é enfatizar esta atividade produtiva do cultivo do abacaxi como o principal fator do
desenvolvimento da comunidade estudada, o Assentamento Santa Lúcia, no sentido de promover a
melhoria da qualidade de vida dos seus assentados. O trabalho se caracteriza como sendo de
caráter exploratório e quanto aos procedimentos técnicos como um estudo de caso. Os resultados
mostram que a abacaxicultura proporciona diversos empregos ao longo dos anos e junto a eles
uma melhoria na qualidade de vida para produtores e trabalhadores, além do crescimento
econômico local, tanto do Assentamento Santa Lúcia como do município onde o mesmo está
inserido. Palavras-chave: desenvolvimento local, abacaxicultura, assentamentos rurais
Abstract: Paraíba stands out on the national scene as the largest pineapple producer. Pineapple
cultivation represents an important economic factor, especially for small rural communities
distributed throughout the state. The Santa Lúcia Settlement Project, located in the municipality of
Araçagí - PB, follows the trend of pineapple cultivation as the main productive activity.
Production in the settlement itself means that many young people do not migrate to large urban
centers, staying and working in the local productive activity. The objective of this work is to
emphasize this productive activity of pineapple cultivation as the main factor of development of
the studied community, the Settlement Santa Lúcia, in order to promote the improvement of the
quality of life of its settlers. The work is characterized as exploratory and technical procedures as a
case study. The results show that pineapple cultivation provides several jobs over the years and
together with them an improvement in the quality of life for producers and workers, besides the
local economic growth, both of Santa Lucia Settlement and the municipality where it is inserted.
Keywords: local development, pineapple farming, rural settlements
A Paraíba se destaca no cenário nacional como o maior produtor de abacaxi. O cultivo
do abacaxi representa um importante fator econômico, principalmente para as pequenas
comunidades rurais distribuídas pelo Estado. O Projeto de Assentamento Santa Lúcia, situado
no município de Araçagí - PB segue a tendência do cultivo do abacaxi como principal
atividade produtiva. A produção no próprio assentamento faz com que muitos jovens não
migrem para grandes centros urbanos, permanecendo e trabalhando na atividade produtiva
local.
1Este artigo foi construído a partir da pesquisa de graduação, sob a orientação da Profa. Leiliam Cruz Dantas,
que resultou na Monografia Desenvolvimento local com base na produção de abacaxi no projeto de
assentamento Santa Lúcia – Araçagí – PB, defendida no ano de 2015, na Universidade Federal de Campina
Grande – UFCG, como um dos requisitos necessários à obtenção do grau de bacharel em Ciências Econômicas.
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O Projeto Assentamento Santa Lúcia do município de Araçagí, situado no estado da
Paraíba, surgiu em 1993, quando os trabalhadores, do que até era então fazenda, se
organizaram e foram em busca da aquisição das terras através de lutas do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, na fazenda os trabalhadores eram tidos como
escravos, ou seja, trabalhando na fazenda e tendo seus rendimentos confiscados pelo
fazendeiro. Diversos foram os apoios obtidos de grandes líderes. Atualmente no
Assentamento existe uma associação que vem trabalhando para o fortalecimento da
organização social, política e econômica das famílias, visando sempre uma melhor qualidade
de vida.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2015), o município
de Araçagí possui aproximadamente 17.186 habitantes. O referido assentamento possui 1.041
hectares e 100 famílias residentes, que trabalham com o plantio do abacaxi direta ou
indiretamente.
Pretende-se fazer uma análise do Projeto de Assentamento Santa Lúcia, situado,
Estado da Paraíba considerando a agricultura e em especial a cultura do abacaxi como
principal potencialidade produtiva do município e propulsor do desenvolvimento local. Esta
cultura tão importante para a localidade é hoje a principal fonte de renda para os trabalhadores
rurais, não apenas da comunidade foco do estudo, mas de outros assentamentos, sítios e
pequenas propriedades existentes na redondeza, contribuindo assim para o desenvolvimento
do município.
O objetivo do trabalho é enfatizar esta atividade produtiva do cultivo do abacaxi como
o principal fator do desenvolvimento da comunidade estudada, o Assentamento Santa Lúcia,
no sentido de promover a melhoria da qualidade de vida dos seus assentados. O trabalho se
caracteriza como sendo de caráter exploratório e quanto aos procedimentos técnicos como um
estudo de caso. Os resultados mostram que a abacaxicultura proporciona diversos empregos
ao longo dos anos e junto a eles uma melhoria na qualidade de vida para produtores e
trabalhadores, além do crescimento econômico local, tanto do Assentamento Santa Lúcia
como do município onde o mesmo está inserido.
Desenvolvimento econômico local
Segundo Furtado (1971), a teoria do desenvolvimento trata de explicar em uma
perspectiva macroeconômica, as causas e o mecanismo do aumento persistente da
produtividade do fator trabalho e suas repercussões na organização da produção e na forma
como se distribui e utiliza o produto social. Para diversos autores, desenvolvimento é apenas
outro nome para o fenômeno crescimento econômico. Por esta visão, o crescimento
econômico é um processo contínuo de progresso científico e sua aplicação à técnica de
produção, mediante acumulação de capital. Porém, é possível indagar esta proposição, pois o
“progresso da civilização” não foi verificado uniformemente em todas as regiões habitadas do
mundo, concentrando-se em alguns poucos países (BALDWIN, 1979).
Há diferenças entre desenvolvimento e crescimento econômico, em que
desenvolvimento econômico está relacionado à melhoria do bem estar da população, medido
através de indicadores de educação, saúde, renda, pobreza, etc., sendo o Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH, o critério mais utilizado para comparar o desenvolvimento
de diferentes economias. Já o crescimento econômico é o aumento do Produto Interno Bruto-
PIB, ou seja, uma elevação da produção da região estudada, em que o PIB é calculado através
da soma de todos os produtos e serviços finais de uma região para um determinado período
(ECONOMIA E REALIDADE, 2014).
Dentro do desenvolvimento econômico de maneira geral, está situado o
desenvolvimento local, em que se apontam as potencialidades de uma determinada localidade
nesta direção. O desenvolvimento local é uma estratégia que considera o desenvolvimento de
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comunidades identificadas geograficamente por seus recursos e potencialidades. Entretanto,
quando mencionamos o desenvolvimento local, trata-se do desenvolvimento das pessoas e de
suas comunidades. Com isso podemos observar que são várias as abordagens e interpretações
citadas a respeito do desenvolvimento local ao decorrer da pesquisa.
A noção de desenvolvimento local é posta como uma ação coordenada,
descentralizada e focalizada que visa ativar e melhorar, de maneira sustentável, as condições
de vida dos habitantes de uma localidade, na qual o desenvolvimento estimula a ampla
participação dos atores relevantes deste processo (COELHO, 1996; FONTES; 1998 apud
DANTAS, 2003).
Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
(2011), o Desenvolvimento Local tem a finalidade de promover iniciativas de
desenvolvimento endógeno, ou seja, recursos oriundos da própria região, levando em conta as
diferentes realidades dos territórios brasileiros, como forma mais consistente de enfrentarmos
problemas da pobreza. Não se pode deixar de conceituar também o desenvolvimento local
que, de acordo com Buarque (2008), nessa transição para um novo paradigma do
desenvolvimento mundial, está associado a um processo acelerado de globalização com a
intensa integração econômica e a formação de blocos regionais. O autor conceitua
desenvolvimento local como sendo um “processo endógeno de mudança, que leva ao
dinamismo econômico e à melhoria da qualidade de vida da população em pequenas unidades
territoriais” (BUARQUE, 2008, p. 25).
Conforme o Programa Capacitar Paraná (2010), o desenvolvimento econômico local
atualmente encontra-se em evidência como novo conceito de promoção do bem estar social.
Há muitas organizações em todo o mundo que promovem o desenvolvimento econômico local
promovendo o bem estar social. A definição pura do termo corresponde à totalidade de todas
as medidas realizadas por parte do poder público e da iniciativa privada ao nível local, com
vista o aumento do grau da competitividade do município.
O termo “competitividade sistêmica” difundiu-se entre os profissionais que trabalham
com Desenvolvimento Econômico Local. Esse termo possui auto significado, de acordo com
as economias locais, com o olhar pela totalidade de fatores que influenciam o
desenvolvimento econômico local e o estar atento à interligação destes (PROGRAMA
CAPACITAR PARANÁ, 2010). Como destaca Albuquerque (1998), a competitividade é
sistêmica, já que ela depende de todos os elementos do ambiente imediato da empresa, visto
que a qualidade desse ambiente é determinante para a eficiência produtiva e,
consequentemente, para a competitividade das empresas, ao permitir a redução dos seus
custos econômicos de transação. Existem vários instrumentos que podem ser usados para dar
um impulso ao fomento da economia local. A sua escolha depende, em primeiro lugar, dos
objetivos que se pretendem alcançar localmente e, em segundo lugar, da sua disponibilidade
ao nível local ou da disponibilidade de recursos para poder fazer uso dos mesmos
(CAPACITAR PARANÁ, 2010).
Muls (2008) relata que as abordagens sobre o desenvolvimento econômico local
podem ser apresentadas como o resultado da falência dos modelos tradicionais de
desenvolvimento fundados, seja na compreensão do Estado nacional como principal agente
promotor do desenvolvimento, seja nas funções alocativas do mercado como facilitador do
ótimo econômico.
Do ponto de vista econômico pode-se obter algumas informações sobre as linhas de
abordagens existentes do Desenvolvimento Econômico Local, somando assim os possíveis
conhecimentos.
Um importante ator do desenvolvimento econômico local são as micro e pequenas
empresas. Estas podem desempenhar um papel importante e acionar um processo de
desenvolvimento endógeno a partir do momento em que elas se organizem em redes
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e, além disso, que essas redes estejam articuladas com outras formas intermediárias
de coordenação que, juntas, representam o ambiente institucional de um território ou
região. Quanto maior é o grau de coesão das redes (sociais e econômicas, formais e
informais) entre as formas intermediárias de coordenação, que se manifestam
essencialmente no plano territorial, maior é o estoque de capital social deste
território e maiores serão as chances de sua estratégia de reação autônoma,
redirecionar, a seu favor, as forças que emanam da pressão heterônoma. A
elaboração de uma estratégia territorial de reação autônoma deve contar com a
participação de todas as representações institucionais envolvidas (poder público
local, empresas e sociedade civil) (MULS, 2008).
Campanhola e Silva (2000) revelam que o desenvolvimento local deve ser, acima de
tudo, um processo de reconstrução social, que deve se dar “de baixo para cima”, ou seja,
começar do menor para o maior e contar com a participação efetiva dos atores sociais.
Existem concepções variadas a respeito do desenvolvimento econômico local, de acordo com
as diversas percepções sobre o assunto e as ênfases diferenciadas dadas aos seus aspectos.
Para Coelho e Fontes (1998 apud DANTAS, 2003), o desenvolvimento econômico
local deve ser visto sob a ótica da criação de redes de desenvolvimento local. Este
procedimento é considerado uma forma inovadora de fazer política de desenvolvimento local.
As redes devem incluir todos os atores desde os governamentais, as associações diversas, os
pesquisadores e até as entidades representativas da sociedade civil.
De acordo como grupo Combate à Pobreza pela Promoção do Desenvolvimento Local
(2014), promover o Desenvolvimento Local significa implementar ações em territórios ou
microregiões, que permitam a ativa participação do cidadão, o efetivo controle social sobre a
gestão pública, através do fortalecimento da sociedade civil e o fortalecimento de grupos
sociais, antes marginalizados nas esferas de tomada de decisão (COMBATE A POBREZA
PELA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL, 2014).
Conforme a Cooperative for Assistance and Relief Everywhere - CARE (2014), na
prática, o conceito de Desenvolvimento Local leva em consideração cinco campos de
dimensões: a) a inclusão social; b) o fortalecimento e a diversificação da economia local; c) a
inovação na gestão pública; d) a proteção ambiental e o uso racional de recursos naturais e e)
a mobilização social.
Conforme Swinburn et al. (2006) o propósito do desenvolvimento econômico local é
construir a capacidade econômica, de uma determinada área, para melhorar sua perspectiva
econômica e a qualidade de vida de todos. Este é um processo pelo qual os parceiros públicos,
o setor empresarial e os não governamentais trabalham coletivamente, tendo em foco criar
condições melhores ao crescimento econômico e geração de emprego.
O sucesso de uma comunidade depende da sua habilidade em se adaptar à dinâmica
econômica de mercado, seja em escala local, nacional e internacional. Estrategicamente
planejado, o desenvolvimento econômico local está sendo cada vez mais usado para fortalecer
a capacidade local das comunidades de uma região, melhorar o ambiente para investimentos e
aumentar a produtividade e a competitividade dos negócios locais, dos empreendedores e dos
trabalhadores. A capacidade das comunidades para melhorar a qualidade de vida, criar novas
oportunidades econômicas e lutar contra a pobreza, depende dessas serem capazes de
compreender os processos de desenvolvimento econômico local e agirem estrategicamente no
mercado que muda constantemente e que é cada vez mais competitivo (SWINBURN et
al.2006).
Para Swinburn et al. (2006), o desenvolvimento econômico local evoluiu como uma
abordagem política no começo dos anos de 1970 em resposta ao entendimento dos governos
municipais de que os negócios e o capital se deslocavam de um lugar para outro de acordo
com as vantagens concorrenciais.
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O desenvolvimento local envolve uma estratégia cujo objetivo é procurar, por meios
endógenos, uma integração vantajosa ou uma inserção no desenvolvimento econômico
regional, estadual, nacional e, se possível, internacional. Trata-se de uma estratégia proativa
cujo interesse é combater a cultura passiva normalmente encontrada nas localidades, que se
contentam em receber os benefícios emitidos pelas políticas públicas dos governos estadual e
federal (AMARAL; CARRILLO, 2011).
O desenvolvimento econômico local não é simplesmente o reflexo de um processo de
desenvolvimento nacional em uma dada localidade. O que caracteriza o processo de
desenvolvimento econômico local é o protagonismo dos atores locais na formulação de
estratégias, na tomada de decisões econômicas e na sua implementação (PORTAL DO
DESENVOLVIMENTO LOCAL, 2014).
A globalização aumenta as oportunidades e a concorrência por investimentos locais.
Ela oferece oportunidades para os empresários locais se desenvolverem em novos mercados,
mas também apresenta desafios para os concorrentes internacionais que entram nos mercados
locais. As corporações multissetoriais, multinacionais de produção, bancárias e de serviços
competem mundialmente para encontrar locais eficientes, em termos de custos, para a sua
instalação. As indústrias tecnologicamente avançadas requerem habilidades altamente
especializadas e uma infraestrutura tecnológica de apoio. Entretanto, todos os setores da
indústria e dos serviços precisam, cada vez mais, de habilidades altamente especializadas e
específicas, além de um ambiente favorável para o desenvolvimento dos negócios. As
condições locais determinam a vantagem relativa de uma área e das suas habilidades para
atrair e reter os investimentos. Mesmo as cidades pequenas e suas áreas rurais adjacentes,
podem desenvolver oportunidades econômicas locais em nível nacional ou internacional, isso
por meio da valorização dos pontos fortes da sua economia local (SWINBURN et al.2006).
No nível federal, as reformas macroeconômicas, fiscais e monetárias causam impacto
direto na economia do nível local. Os sistemas regulatórios e jurídicos nacionais, tais como a
reforma fiscal, privatização das agências de telecomunicação e os novos padrões ambientais,
influenciam diretamente o ambiente local para os negócios, quer seja ampliando ou até
reduzindo o potencial para o desenvolvimento econômico local. Em muitos países as
atividades do governo federal continuam sendo descentralizadas, aumentando a
responsabilidade dos governos municipais em reter e atrair a indústria privada (SWINBURN
et al.2006).
Ao nível regional, de acordo com Swinburn et al. (2006), as comunidades, dentro de
suas regiões, geralmente competem para atrair os investimentos externos e locais. Existem
oportunidades para que as comunidades dentro das diversas regiões colaborem, umas com as
outras, no sentido de ajudar no crescimento econômico de cada uma, por exemplo, apoiando
melhorias de infraestrutura e do meio ambiente, que possam ter um impacto regional mais
amplo. Uma associação de municípios, ou governos estaduais, pode servir para facilitar esses
tipos de esforço do desenvolvimento econômico local, atuando como intermediária entre
governos federais e municipais.
O desenvolvimento rural depende do surgimento de iniciativas que favoreçam o
aumento, a permanência e a reaplicação da renda da agricultura no próprio município,
estimulando o comércio local. A pequena produção agrícola tem-se constituído ultimamente
em um dos temas de maior interesse, tanto dos estudiosos das ciências sociais e agrárias como
das autoridades governamentais. Tal preocupação decorre do reconhecimento da importância
desta forma de produção no conjunto da economia e que se expressa na participação da oferta
de alimentos e matérias-primas agrícolas, quando se considera concentração de grande parte
da população nos centros urbanos, a evolução do processo inflacionário etc. Por outro lado,
reconhece-se que as condições de trabalho e de vida da maioria dos pequenos produtores são
ainda bastante precárias, tornando-os vulneráveis às adversidades do meio em que vivem e
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produzem. Destacam-se, neste particular, o problema da posse e do uso da terra, a
comercialização da produção, o reduzido nível de organização política, dentre outros fatores,
que se constituem em fortes restrições sociais e econômicas à melhoria de suas condições de
vida (INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA EM AGRICULTURA, 2014).
O significado do "espaço" da pequena produção no capitalismo pode ser melhor
avaliado, se definidos os conceitos e as características do pequeno produtor. Contudo, esta
não é uma tarefa fácil, visto que uma definição pressupõe qualificar algo em função (ou em
relação) a algum parâmetro. No debate mais "ortodoxo", o pequeno produtor situa-se entre
aquele elemento proletarizado e a classe capitalista proprietária dos meios de produção. Nesse
sentido, Nakano (1981) o define como produtor simples de mercadoria (com algum grau de
mercantilização) em contrapartida ao camponês "puro" (produção de subsistência). O
primeiro estaria sujeito às relações de valor, enquanto não participante do processo de
valorização do capital. Em suas próprias palavras:
(...) o argumento apresentado neste texto é de que, ao nível da produção imediata na
agricultura, se impõe apenas a lógica do valor e não a do capital, apesar de que, ao
nível global, nas suas relações externas, a produção agrícola esteja subordinada à
lógica do capital p.91 (NAKANO, 1981).
Como se percebe, apesar de muito difundida e utilizada, a noção de desenvolvimento
rural continua a ser de definição complexa e multifacetada, passível de ser abordada por
perspectivas teóricas das mais diversas. Mesmo assim, de modo amplo, neste trabalho, o
desenvolvimento rural é definido como um processo que resulta de ações articuladas, que
visam induzir mudanças socioeconômicas e ambientais no âmbito do espaço rural para
melhorar a renda, a qualidade de vida e o bem-estar das populações rurais (SHNEIDER,
2004).
Segundo Shneider (2004), existem múltiplos níveis da nova abordagem do
desenvolvimento rural e estariam apoiados em seis mudanças gerais, são elas:
Primeiro, fazendo com que esta perceba que o rural pode fornecer muito mais do
que alimentos e matérias-primas. Segundo, uma necessidade urgente em definir um
novo modelo agrícola que seja capaz de valorizar as sinergias e a coesão no meio
rural, entre atividades agrícolas e não-agrícolas, entre ecossistemas locais e
regionais, permitindo a convivência de iniciativas e atividades diversificadas.
Terceiro, um desenvolvimento rural capaz de redefinir as relações entre indivíduos,
famílias e suas identidades, atribuindo-se um novo papel aos centros urbanos e à
combinação de atividades multi-ocupacionais, com claro estímulo à pluriatividade.
Quarto, um modelo que redefina o sentido da comunidade rural e as relações entre
os atores locais, sejam eles os agricultores ou os novos usuários (proprietários de
sítios de lazer, moradias secundárias, empresas, condomínios, etc.). Quinto, um
desenvolvimento rural que leve em conta a necessidade de novas ações de políticas
públicas e o papel das instituições, que não podem ser mais exclusivamente
direcionados à agricultura. Sexto, e último, levar em consideração as múltiplas
facetas ambientais, buscando garantir o uso sustentável e o manejo adequado dos
recursos p. 27 (SHNEIDER, 2003).
Marsden (1995), Saraceno (1998), Moyano & Paniagua (1998) apud Campanhola &
Silva (2000) consideram que um dos pontos que emergem quando se enfoca a questão do
desenvolvimento é a separação entre os espaços urbano e rural. Historicamente, as áreas rurais
eram aquelas dedicadas essencialmente a atividades agropecuárias, caracterizavam-se pela
baixa densidade populacional e eram tidas como uma categoria residual frente ao processo de
urbanização, tratando as áreas rurais como opostas ao meio urbano. Mais recentemente,
passou-se a observar mudanças importantes no meio rural nos países desenvolvidos, que
deixou de ser exclusivamente agrícola para se tornar uma mescla de atividades produtivas e
de serviços das mais diferentes naturezas. Hoje há uma divisão clara entre rural e urbano.
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O Projeto de Assentamento Santa Lúcia em Araçagí - PB
Nos últimos anos as ocupações tornaram-se uma das principais formas de ingresso na
terra. Essa forma de luta tem se intensificado e fortalecido a identidade de cada trabalhador/a
camponês que, dentro de sua comunidade, de forma individual ou coletiva, vivenciam a luta
política e a construção significativa de um projeto de vida.
Esse elemento produziu os processos de espacialização e territorialização da terra, ou
como disse Fernandes (1999, p.242), é a expressão do resultado de cada conquista na terra.
Como exemplo podemos apresentar o Projeto de Assentamento Santa Lúcia/PB, que vem
constituindo a ampliação de mais uma luta conquistada, a partir da resistência e atuação dos
movimentos sociais,que na divergência com latifúndio e assentados, conseguiram mais uma
fração de um território conquistado. Neste contexto, o P. A. Santa Lúcia tem buscado
desenvolver-se com vistas à sua sustentabilidade econômica, no sentido da melhoria das
condições de vida da sua população, em que se destaca a atividade produtiva do cultivo do
abacaxi.
O Assentamento Santa Lúcia está situado no município de Araçagí, localizado na
microrregião de Guarabira, estado da Paraíba, a 90 quilômetros da capital João Pessoa. Sua
população, de acordo com o censo do IBGE, ultrapassava os 17.000 habitantes que ocupam
uma área de 228 km² (IBGE, 2014). O Assentamento está inserido na unidade geoambiental
dos serrotes, inselbergues e maciços residuais. A vegetação é da caatinga hipoxerófila, com
pequenas áreas de florestas caducifólias. O seu regime climático é quente, com chuvas de
inverno no período de fevereiro a agosto e a precipitação média anual é de 750mm (IBGE,
2015).
O município surgiu em meados do século XVIII, quando a região servia de pousada
para os mercadores e tangedores de gado que praticavam o comércio entre a cidade de
Mamanguape, Mari e os sertões do estado. Logo, alguns dos mercadores fizeram amizades
com os índios Guandus que ali residiam e logo se fixaram num lugar chamado Rio dos Araçás
(IBGE, 2014). Conforme registros da BIBLIOTECA IBGE (2015), um português chamado
Manoel estabeleceu-se em um lugar chamado de Tainha e casou-se com Francisca,
popularmente conhecida como Dona Chiquinha, que deu origem a várias gerações.
Logo, Manoel doou uma propriedade situada no povoado Rio dos Araçás, que então
naquele local surgiu Araçagí, a palavra é Tupi e significa “água de araçá”. Então, chegou em
1870 a família Melo, Padre Raulino Ricardo e trabalhadores que se interessavam pelo
progresso deste povoado, onde edificaram a primeira casa e o templo. Temos que a
emancipação política foi conseguida com os esforços de três homens: João Pessoa de Brito,
João Felix da Silva e Olívio Câmara Maroja, que foi obtida graças a Lei Estadual 2.147, de 22
de julho de 1959 (BIBLIOTECA IBGE, 2012).
O Assentamento Santa Lúcia situa-se na microrregião de Guarabira e em específico na
cidade de Araçagí que tem uma estimativa de 17.186 habitantes de acordo com o IBGE
(2014), com um grande potencial econômico, através da principal fruta cultivada no
município, o abacaxi, não deixando de lado as outras frutas e criações existentes no
município. Araçagí faz limite ao norte com Sertãozinho, ao sul com Capim, ao leste com
Mamanguape e Itapororoca e ao Oeste com Guarabira e Pirpirituba.
O P.A. Santa Lúcia, localizado no município de Araçagí, possui uma área total 1.041
ha, sendo utilizado no cultivo do abacaxi 400 ha, com pretensão de aumento do cultivo,
podendo chegar aos 600 ha. O Assentamento engloba 100 famílias e uma população de cerca
de 506 habitantes, representando assim um quarto da área total (INCRA/EMATER-PB,2015).
Vejamos a localização no mapa a seguir:
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FIGURA 1 – Mapa do município de Araçagí - PB
Fonte: (IBGE, 2015).
O Projeto de Assentamento Santa Lúcia existe desde 1993, quando os trabalhadores
que moravam na fazenda onde hoje é situado o assentamento se organizaram com diversos
apoios e foram lutar contra o proprietário da fazenda, pois eram tidos como escravos. De
acordo com informações obtidas em pesquisa direta, estes trabalhadores realizavam suas
atividades em um regime de escravidão, durante algum tempo, de tal modo que os mesmos
não tinham sequer liberdade de comprar o essencial para a subsistência fora da fazenda. Na
mesma vigorava o famoso barracão, natural no período da escravatura, de posse do
proprietário da fazenda. Desta forma, além de trabalharem para ele, também davam lucros
com a compra da comida e material para o trabalho de subsistência, deixando assim todo
dinheiro na fazenda, rendendo mais ainda ao proprietário (Pesquisa direta, janeiro/2015).
Em 1993 começou a luta, com o apoio do presidente do sindicato do município de
Araçagí, o padre, religiosos e líderes de movimentos de Guarabira, pois Guarabira fornecida
toda assistência, sendo ela então conhecida como a Capital do Brejo. Com toda essa estrutura
e organização, os mesmos lutaram por seus direitos de 1993 à 1996. Em meados de 1996, a
luta foi dada por vencida e com ela foi feita toda uma estrutura e organização, criaram a
associação atual em 1997, onde tudo que for resolvido tem que ser decidido em assembléia
geral (IBGE, 2012).
Atualmente, o Assentamento Santa Lúcia tem 100 famílias, unidas com o propósito do
desenvolvimento local e a obtenção de uma boa qualidade de vida. O poder aquisitivo do
assentamento é significativo, a distribuição da terra é feita em lotes, em que cada assentado
tem em média 10 hectares de terra para trabalho. Com isso, os mesmos cultivam da melhor
maneira possível, mas a sua principal potencialidade produtiva é a cultura do abacaxi, não
deixando de mencionar a plantação de mandioca, milho, feijão, batata, entre outros (Pesquisa
direta, julho/2014).
Diversos são os investimentos disponibilizados através do governo, incentivando a
produção e por sequência gerando a obtenção de lucros. O Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA) é um grande parceiro do assentamento, proporcionando aos
mesmo apoio financeiro, qualificação profissional, consultoria econômica, estudo de caso e
viabilidade econômica juntos com outros orgão existentes (Pesquisa direta, julho/2014).
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O P. A. Santa Lúcia possui uma entidade associativa, a Associação dos Agricultores
da Comunidade Santa Lúcia, constituída em 27 de setembro de 1996, para promover o
desenvolvimento sustentável do conjunto das famílias, por meio de atividades econômicas,
culturais e desportivas. Desde sua criação, a associação vem trabalhando para fortalecer a
organização social, política e econômica das famílias beneficiárias, promovendo formas de
cooperação que ajudem na produção e na comercialização dos seus produtos, respeitando os
direitos dos associados junto ao poder público, principalmente no atendimento das
necessidades básicas da educação, saúde, habitação, transporte e lazer. Os trabalhos da
associação são direcionados ao fortalecimento dos grupos informais na fabricação de ração
animal, da raspa da mandioca, da comercialização do abacaxi na Empasa Paraibana de
Abastecimento e Serviços Agrícolas – EMPASA em João Pessoa-PB e na Ceasa na cidade de
Recife – PE (Pesquisa direta, janeiro/2015).
O P. A. Santa Lúcia possui uma casa sede para realização de reuniões, treinamentos,
assembléias e demais eventos que por ventura apareçam. A casa Sede era a antiga casa do
fazendeiro, antes das reividicações e movimentos sem terra, com a concessão da fazenda e
posse dos assentados, ela tornou-se o ponto de apoio para todos aqueles que alí lutaram por
seus direitos de ter seu espaço de terra,sua moradia, cultivarpara seu sustento, atualmente a
casa é utilizada apenas para eventos do próprio assentamento, eventos estes de interesse de
todos os moradores. Essa casa é considerada a Sede da Assosciação, observa-se casa na FIG.
2.
FIGURA 2 – Casa Sede do P. A. Santa Lúcia
Fonte: Monijany Lins de Góis, janeiro de 2015
Os assentados do P. A. Santa Lúcia participam do Programa Nacional da Reforma
Agrária e vivem basicamente da produção agropecuária e dos benefícios do governo. A
pesquisa realizada verificou que a renda média por família gira em torno de 1,5 salários.
A área de produção do abacaxi dos assentamentos do município de Araçagí é bastante
distinta, variando de 2,0 até 6,0 ha. Atualmente, o P. A. Santa Lúcia possui uma área de
produção de 400 ha, mas ainda tem área para ampliação da cultura, levando em consideração
que a área total do P. A. Santa Lúcia é de 1.041 hectares. O sistema de produção do abacaxi
no assentamento é convencional, ou seja, utilizam-se instrumentos de maneira primordial
utilizando para a produção da lavoura de maneira geral e alguns assentados utilizam a
irrigação de salvamento2. Os órgãos de apoio técnico que atuam no assentamento buscam
2Irrigação de salvamento é o tipo de irrigação feita em terrenos que sofrem com a falta de água, utilizando
mangueiras ou canos para irrigação.
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orientar os assentados quanto à importância de se produzir um abacaxi com práticas mais
sustentáveis³ e ecologicamente corretas. A transição para uma produção orgânica é algo que
está se buscando inserir aos poucos no sistema de produção.
No P. A. Santa Lúcia existem instituições parceiras que de uma forma ou de outra,
atuam na comunidade, são elas:
1. Assessoria de Grupo Especializada Multidisciplinar em Tecnologia e Extensão –
AGEMTE;
2. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE;
3. Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão – SEPLAG;
4. Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e Pesca – SEDAP;
5. Prefeitura Municipal de Araçagí – PMA;
6. Comissão Pastoral da Terra – CPT.
Estas entidades têm firmado alguns convênios de capacitação de assentados, apoio a
comercialização, melhoria na infraestrutura social e produtiva do assentamento. A Assessoria
de Grupo Especializado Disciplinar em Tecnologia e Extensão – AGEMTE vem trabalhando
no assentamento e tem grandes perspectivas com relação a seu desenvolvimento econômico,
principalmente na transformação da matéria prima e na sua comercialização.
A partir das entrevistas realizadas junto à amostra das famílias do P.A. Santa Lúcia,
constatou-se o baixo nível de escolaridade dos chefes das famílias que ali residem,
acreditando-se que este baixo grau de escolaridade pode ser um fator comprometedor para
alguns dos problemas encontrados na produção e comercialização do principal produto
cultivado, que é o abacaxi. Sob este aspecto, comerciantes vão à busca da comercialização do
abacaxi e não pagam o valor estabelecido. Esta prática acarreta prejuízo ao assentado por ele
não realizar uma venda assegurada com contrato ou similar, como também o repasse da
mercadoria para o atravessador ao invés de levar para os galpões na EMPASA ou Packing
House, situados nas cidades de João Pessoa e Recife.
Outro aspecto relevante diz respeito à renda das famílias do P. A. Santa Lúcia e com
ela a sua qualidade de vida, poder de compra, mudanças advindas após o plantio do abacaxi,
tendo o mesmo como o carro forte da economia daquela comunidade. Conforme os dados
coletados, os assentados do P. A. Santa Lúcia consideram a sua renda satisfatória. O
rendimento médio gira em torno de um salário e meio. Vale salientar que a pesquisa foi feita
com uma amostra de 20% da quantidade total das famílias que são 100. Na percepção dos
assentados, essa renda vem representando para os eles uma melhor qualidade de vida, um
maior poder de compra, comparado ao período no qual não se produzia o abacaxi. Como
exemplo disto, verifica-se a aquisição de meios de transporte como carros, motos, imóveis,
entre outros bens materiais possuídos por boa parte dos assentados, fato este observado
através das visitas técnicas ao assentamento, anterior à realização das entrevistas.
As famílias do P. A. Santa Lúcia, além da renda advinda do abacaxi, possuem
complementação de rendas através dos programas assistenciais do governo, proporcionando
aos mesmos mais uma elevação no seu poder de compra e na qualidade de vida, seja através
de auxílio previdenciário, como também de bolsas de incentivo, a exemplo da bolsa escola e
da bolsa família. A partir dos dados apresentados, 35% de uma amostra de 20 famílias
recebem auxílio previdenciários sendo estes através da aposentadoria, em todos os casos por
terem idade necessária para a mesma. Do total de famílias entrevistadas, 25% delas recebem
Bolsa Escola, enquanto 40% das famílias recebem auxílio do Programa Bolsa Família. Estas
³Práticas Sustentáveis é do tipo que obtêm certificado por ações sócio ambientais.
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últimas, tanto o Programa Bolsa Escola como o Programa Bolsa Família, seus beneficiários
possuem filhos de até 17 anos que estudam na rede pública de ensino e também por terem
filhos e serem classificados como renda baixa.
Conforme o IBGE (2015), Araçagí possui 1.800 hectares de terra com plantio ativo do
abacaxi. Levando em consideração todos os produtores do município, a quantidade produzida
anualmente do abacaxi no município é de 48 milhões de frutos.
Estão envolvidas no plantio do abacaxi 80% das famílias que residem no P.A. Santa
Lúcia. As demais famílias de um total de 20% estão envolvidas no plantio de lavoura branca e
também oferecem sua mão de obra aos produtores de abacaxi, que contratam a mão-de-obra
em diversos períodos no processo produtivo, chegando algumas vezes a contratar de
comunidades circunvizinhas quando não se tem essa mão-de-obra disponível no próprio
assentamento. Diversos dos agricultores não tem a mão de obra necessária na produção em
casa, precisando assim contratar a parte e esse é um dos motivos que faz com que o processo
de produção do abacaxi se torne caro.
Observa-se que 80% das famílias de um total de 100 famílias trabalham com a
produção do abacaxi e lavoura branca apenas para consumo, enquanto que os 20% restantes
trabalham apenas com a lavoura branca, para consumo próprio e também exposição em feiras,
uma vez na semana no próprio assentamento e na feira livre do município, ao qual o
assentamento está inserido, vale salientar que a maior parte dos produtores que plantam
apenas a lavoura branca são aqueles que já têm uma idade elevada e que já recebem auxílio
previdenciário.
Um aspecto que deve ser levado em consideração diz respeito ao uso sustentável da
terra que é um dos elementos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 para que a terra
cumpra sua função social. Se por um lado o assentamento possibilitou a soberania alimentar
dos agricultores. Pode-se perceber uma tendência ao cultivo de monoculturas, como a do
abacaxi que não se dá de forma orgânica, acarretando assim diversos danos ambientais, e
muito menos visa abastecer o consumo interno, o que torna o assentamento, ou melhor, a sua
produção cada vez mais vulneráveis às oscilações dos preços de mercado, que por sua vez,
são controlados pela lei da oferta e da procura. Como bem afirma Oliveira (1986) isso
acarretaria para o agricultor,
Ao produzir cada vez mais para atender o mercado (capitalista), tornar-se vítima do
processo, ficando sujeito aos altos e baixos do mercado e também as crises
decorrentes das elevadas taxas de juros e podendo também sofrer com a
superprodutividade decorrente da utilização de utensílios agrícolas (mecanização e
adubos), de maneira que, a superprodução pode ser sinônimo de falência devido a
queda de preços no mercado dos seus produtos (OLIVEIRA, 1986. p.8-10).
Nesta perspectiva não se pode restringir os assentamentos a um mero aspecto
econômico intrínseco ao território, mas sim pela diversidade de possibilidades que o envolve
desde os elementos concretos e abstratos, como bem afirma Santos (2007) ao dizer que o
território deve ser entendido como o território usado, ou seja, o chão mais a identidade que é o
sentimento de pertencer aquilo que nos pertence. Em suma, “o território é o fundamento do
trabalho, o lugar de residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida”
(SANTOS, 2007, p. 14).
Conforme informações verbais do presidente da Associação do P. A. Santa Lúcia
(Pesquisa direta, janeiro de 2015), a produção do abacaxi viabilizou o crescimento econômico
local, tanto do município de Araçagí - PB como também do próprio assentamento e na
microrregião de Guarabira, que tem um comércio significativo e com grande potencialidade.
Pode-se considerar que este fator promoveu uma alavancagem da economia local, trazendo
resultados satisfatórios para os indivíduos que residem nessa localidade. Conforme
anteriormente mencionado, de acordo com o grupo Combate à Pobreza pela Promoção do
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Desenvolvimento Local (2014), promover o desenvolvimento local significa implementar
ações em territórios ou microrregiões que permitam a ativa participação do cidadão, o efetivo
controle social sobre a gestão pública através do fortalecimento da sociedade civil e o
fortalecimento de grupos sociais antes marginalizados nas esferas de tomada de decisão. Vale
salientar que o abacaxi é o carro forte daquela comunidade, mas não podemos deixar de lado
as outras produções existentes.
Além do abacaxi cultiva-se também a chamada lavoura branca, composta por batata,
feijão, macaxeira, castanha, milho, inhame, sendo ela de importância elevada na vida dos
assentados. Todos têm em suas casas a liberdade que é fundamental, trabalham para si
próprios, produzindo para seu próprio autossustento, assim, regulando seu tempo de trabalho
e a intensidade do mesmo e, com isso, ganhando em qualidade de vida. Alguns excedentes de
produtos tendem a ser comercializados em maior quantidade, destacam-se o inhame e o
milho, fato que indica a importância do assentamento para o abastecimento de alimentos do
município de Araçagí - PB, bem como de outros municípios vizinhos.
Os assentados do P. A. Santa Lúcia também cultivam outras frutas, além do abacaxi,
como manga, caju, laranja, graviola, goiaba, acerola, sendo elas tanto para o consumo próprio,
como para a comercialização nas feiras, as quais alguns produtores participam. Entretanto, a
produção do abacaxi é a principal e a cultura mais comercial da comunidade.
Com relação às dificuldades relativas à plantação do abacaxi, muitos produtores
relatam problemas que vão desde o plantio à comercialização.
Observa-se que da amostra de 20%, através da entrevista realizada, os produtores
afirmam que a maior parte dos problemas encontrados no plantio são as doenças que ficaram
em primeiro lugar com 85% das indicações, em segundo lugar a falta de água com 10% e em
terceiro as despesas relacionadas ao cultivo do produto, como as compras de mudas,
agrotóxicos, limpezas dos terrenos e demais atividades. Conforme visto, as doenças ainda
afetam bastante a produção do abacaxi, principalmente pelo fato que se a doença tomar conta
do fruto e o mesmo ser perdido. Alguns agrotóxicos são utilizados, mas nem sempre surtem
efeito, fazendo com que os produtores, algumas vezes, tenham prejuízos consideráveis,
resultando em perdas, pois no período do plantio esse é o principal problema encontrado.
No P. A. Santa Lúcia, segundo alguns produtores, a renda obtida com a venda do
abacaxi varia de acordo com o período da venda, com o fruto e principalmente com a oferta
do produto. De acordo com relatos dos produtores, o hectare do abacaxi, quando “o preço tá
bom”, varia entre R$ 8.000,00 e R$ 14.000,00 no período da colheita, que é feita
aproximadamente a cada 18 meses, período necessário desde a plantação à colheita, podendo
também ser vendido por menos ou até mais, dependendo exclusivamente do comprador e da
época de venda.
Na realização das entrevistas foram detectadas diversas dificuldades e dentre elas
estão os problemas relacionados à comercialização realizada e dentro da comercialização,
estão os calotes que vem ocorrendo com frequência a alguns dos agricultores. Os produtores
de abacaxi do P. A. Santa Lúcia estão sendo lesados por muitos dos atravessadores e
comerciantes que vão à busca da compra do abacaxi na própria comunidade e ao realizar a
compra, não pagam o valor estipulado, ou na maior parte das vezes não comparecem para
cumprir com os acordos. Alguns dos casos podem ser causados pela má escolaridade existente
entre os agricultores, sem se quer terá possibilidade de fazer um contrato de compra e venda,
ou algo que assegurasse ao agricultor o direito de receber aquele valor pré-estabelecido.
Percebe-se que 75% dos assentados da amostra, enfrentam problemas com os calotes
sofridos através dos atravessadores e apenas 25% enfrentam dificuldades com os preços dos
transportes para levar o abacaxi até os Packing House na CEASA em Recife e João Pessoa.
Apesar de que nem todos os produtores querem levar a sua produção para os Packing House,
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o que causa por consequência o risco com os atravessadores que vão à busca da produção no
próprio lugar do plantio.
Segundo alguns produtores, os gastos no plantio do abacaxi de início são bastante
dispendiosos, pois o abacaxi só é colhido entre 15 e 18 meses e cada pé de abacaxi plantado
só dá um fruto, sendo assim, alguns dos produtores do abacaxi adquirem financiamentos e
empréstimos bancários para a viabilização de seus projetos, observa-se o GRÁF. 11 a seguir:
Compreende-se que por ser dispendioso o plantio do abacaxi, 70% dos produtores da
amostra utilizam o banco para financiar o plantio, viabilizando uma maior quantidade
plantada com a possibilidade de resultados satisfatórios, enquanto que 30% afirma não utilizar
financiamento ou empréstimo bancário por conseguirem manter o próprio plantio.
A estrutura oferecida pela associação para facilitar a produção e comercialização do
abacaxi são os Packing House localizados nas CEASA em Recife e João Pessoa, que
fornecem apoio para que os produtores transportem seu produto, para que haja uma
comercialização nos grandes centros distribuidores, possibilitando assim, uma melhor
comercialização, com preços melhores do que quando vendidos no próprio plantio aos
atravessadores, com os quais correm riscos de calote. A comercialização no Packing House,
apresenta a garantia e a segurança na hora da venda de receber o referido pagamento.
Visto que o abacaxi em algumas vezes é descartado na hora da comercialização por
não atingir o seu tamanho necessário e o P.A. Santa Lúcia ser rico em árvores frutíferas, os
assentados discutem a possibilidade da implantação de uma fábrica de polpa e derivados que
pudessem vir das frutas da região. Com isto pode-se aumentar as possibilidades de
crescimento e elevar o índice de emprego para os jovens da comunidade, utilizando as frutas
que porventura não são absorvidas no comércio para transformá-las em produtos
industrializados, gerando assim uma nova fonte de renda.
Diante do que foi visto no P. A. Santa Lúcia, os assentados tem um projeto que prevê a
instalação de uma agroindústria, ou seja, uma unidade de beneficiamento de frutas que visa
produzir polpa de frutas congeladas, geléia e doces a partir do processamento de frutas
existentes na comunidade. Diversas são as espécies frutíferas encontradas no P. A. Santa
Lúcia, tais como: caju, manga, graviola, goiaba, acerola e o seu principal produto, que é o
abacaxi, sendo essas frutas os principais componentes da agroindústria. Visto que certa
quantidade de abacaxi algumas vezes não é levada para comercialização devido a padrões
existentes no mercado com relação ao seu tamanho, essa quantidade não será mais dada como
imprópria, sendo aproveitadas na agroindústria para a fabricação de diversos alimentos
provenientes do abacaxi e demais frutas.
Com essa iniciativa, os agricultores podem vender o seu produto no próprio
assentamento, sem muitos gastos com o transporte, barateando os custos e porventura
adquirindo uma nova fonte de renda. Além de promover emprego para os jovens da
comunidade. E com essa inserção no mercado regional a agroindústria movimentará toda uma
economia circunvizinha, através da disponibilização dos seus produtos no comércio.
Com a implantação dessa unidade de beneficiamento de frutas no Assentamento Santa
Lúcia, serão inúmeros os benefícios para todas as famílias envolvidas nesse projeto. O
primeiro será a organização da produção e a inserção de um produto industrializado,
proveniente da agricultura camponesa, ou seja, de reforma agrária, no mercado do Estado da
Paraíba.
Ao se implantar essa agroindústria os assentados visam aproveitar os excedentes da
produção do abacaxi, criar opção adicional de renda através da agregação de valor à
produção, estimular o desenvolvimento da fruticultura com base na vocação potencial da
região, estimular a implantação de pomares em escala comercial, instigar a cooperação
agrícola e uma gestão compartilhada.
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Conforme os produtores, existe a possibilidade da criação dessa agroindústria, visto
que o projeto da mesma está nas mãos do Governo do Estado, além da ampliação do cultivo
da abacaxicultura, proporcionando assim, mais rentabilidade, melhores condições de vida,
dando continuidade a melhorias ocorridas e por sequência continuando a viabilizar o
desenvolvimento econômico local do próprio P. A. Santa Lúcia e do município de Araçagí,
além de continuar do ranking de um dos mais maiores produtores de abacaxi do Estado.
Considerações Finais
As informações contidas no trabalho apresentam alguns indícios da relevância do
assentamento em questão, não apenas para os agricultores que nele habitam, mas também para
o município como um todo, seja pela garantia da produção do abacaxi, como fator elevador da
potencialidade do local e da região, ou pelo fornecimento de alimentos excedentes para sua
comercialização. Além disso, quando o assentamento proporciona a vida na terra, impede que
muitos indivíduos migrem para os grandes centros regionais ou nacionais, evitando o
crescimento de conglomerados urbanos.
Ao passar dos anos, observa-se que o aumento do índice de emprego através da
plantação e comercialização do abacaxi, o que vem proporcionando melhor qualidade de vida
para os proprietários e para os trabalhadores que fornecem sua mão de obra, o município no
onde o P. A. Santa Lúcia está inserido. Uma melhor qualidade de vida está presente na vida
de todas as famílias do P. A. Santa Lúcia, além da renda advinda do cultivo do abacaxi,
muitas das famílias são beneficiadas com algum programa do governo, seja ele assistencial
previdenciário ou bolsas existentes, como bolsa família, bolsa renda, ao somar todos esses
benefícios, essas família puderam obter veículos e até mesmo um imóvel, vivendo em
condições melhores e mais humanas. Um dos grandes problemas existentes é o baixo nível de
escolaridade, que por muitas vezes alguns produtores chegam a vender sua produção de
maneira insatisfatória e com isso acarretado perdas consideráveis, por estarem sujeitos a
calotes dos atravessadores.
Com um melhor grau maior de escolaridade, os agricultores teriam a possibilidade de
ter uma renda mais elevada, através do conhecimento, realizando contratos com os
atravessadores, obtendo assim uma garantia do que foi comercializado conforme o acordo
realizado, evitando assim os prejuízos frequentes ocorridos entre os produtores e
atravessadores. Além de a escolaridade poder influenciar significativamente na renda, pode
também influenciar na agricultura de forma direta, em que colocaria a disposição dos
agricultores diversas técnicas de cultivo para a obtenção de um fruto nos padrões de
comercialização e livres das doenças.
A cultura do abacaxi é, de acordo com os produtores, a responsável por grande parte
da renda dos moradores, mesmo daqueles que não cultivam a cultura, pois os agricultores que
não fazem parte do grupo que produz o abacaxi acabam por fazer parte do processo produtivo,
disponibilizando mão de obra necessária para os produtores, que plantam o abacaxi, na
comunidade em estudo e nas fazendas e sítios circunvizinhas, promovendo o desenvolvimento
econômico local, tanto no assentamento, como no município onde o mesmo está inserido e
demais centros urbanos, que direta ou indiretamente participam do processo produtivo ou de
comercialização. Além da ampliação da abacaxicultura, existem propostas de implantação de
uma agroindústria relacionada à fábrica de polpas e derivados do abacaxi e das demais frutas
produzidas na região, o que pode gerar uma renda extra, pois além de utilizar o excedente do
abacaxi que não é vendido, implicaria novas oportunidades de emprego para os jovens.
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