ufcd 3543

Upload: benedita-osswald

Post on 12-Oct-2015

198 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • AGENTE EM GERIATRIA

    PSICOLOGIA DA VELHICE

    PAULO XAVIER

    JANEIRO 2009

  • OBJECTIVOS

    No final do mdulo de Psicologia da Velhice, as(os) formandas(os) devero ser capazes de:

    enunciar a importncia da gerontopsicologia no reconhecimento dos problemas que se colocam pessoa idosa;

    reconhecer a importncia da sexualidade na velhice.

    DESTINATRIOS

    Este manual dirige-se a formandas(os) do curso de Agente em Geriatria.

  • 1. ASPECTOS BIOLGICOS E PSICOLGICOS DO ENVELHECER

    O processo de envelhecimento humano traz alteraes ao nvel biolgico e ao nvel psicolgico.

    O mdulo de Psicologia da Velhice no se debrua directamente sobre o desgaste das capacidades fsicas mas tem que as considerar porque o nosso

    corpo e a nossa mente se influenciam mutuamente.

    Por exemplo, as perdas de memria (dimenso psicolgica) esto associadas morte das clulas do crebro (dimenso fsica).

    Muitas depresses (dimenso psicolgica) que ocorrem na terceira idade so, por um lado, causadas pela percepo da perda de capacidades (fsicas) e, por sua vez, conduzem a uma inrcia e a uma inactividade muito prejudiciais para a sade (fsica) do idoso.

    Por tudo isto, os aspectos biolgicos e

    os aspectos psicolgicos devem ser entendidos como inseparavelmente associados; como faces de uma mesma moeda.

    Actividade 1. Identifique uma situao da sua vida na qual o seu estado fsico tenha influenciado o seu estado emocional e uma situao na qual uma tenso psicolgica tenha afectado a sua sade fsica.

  • 1.1. EMOES E VELHICE

    O avano da idade traz-nos experincia e conhecimento, contudo traz tambm o desgaste do corpo e das funes fisiolgicas.

    Essa deteriorao fsica pode ser de tal forma acentuada que compromete os aspectos positivos acima mencionados. A percepo de que essa deteriorao inevitvel faz com que a velhice se torne um fenmeno ameaador e angustiante para muitas pessoas.

    No apenas a perspectiva do desgaste e da incapacidade fsica que assusta o idoso. A aproximao da morte, a senilidade e a demncia, a solido e o abandono, so tudo factores que contribuem para que o processo de envelhecimento esteja repleto de medos e ansiedades.

    O processo de envelhecimento frequentemente vivido com muitos medos que, por vezes, desencadeiam reaces pouco racionais.

  • Nem sempre a envolvente social e familiar valoriza o patrimnio de experincia e de conhecimento dos seus idosos que, desta forma, se vem despromovidos e desinvestidos

    social e afectivamente.

    Na nossa sociedade actual, extraordinariamente orientada para a produtividade e para a valorizao do corpo, da actividade fsica e da juventude, o idoso no usufrui do estatuto de outrora. O idoso sente-se frequentemente desvalorizado e rejeitado como um fardo indesejvel, com prejuzos enormes para a sua auto-estima e para o seu gosto pela vida.

    Actividade 2. Do lado esquerdo da tabela esto alguns dos fenmenos associados ao envelhecimento. Para cada um deles, identifique os sentimentos e estados emocionais que estes podem produzir.

    Alteraes na aparncia fsica:

    embranquecimento, queda ou adelgaamento dos cabelos;

    tendncia obesidade; perda da elasticidade e hidratao da pele; apagamento do brilho dos olhos; desgaste ou perda dos dentes; aparecimento de verrugas e outros sinais; aparecimento de varizes; reduo do busto (nas mulheres); reduo da largura dos ombros e alargamento da bacia; etc

  • Alteraes nas capacidades sensoriais:

    diminuio ou perda da audio e da acuidade visual;

    diminuio do paladar, do olfacto e do tacto, etc

    Alteraes na capacidade fsica:

    reduo da fora na voz diminuio to tnus muscular e maior propenso a quedas;

    diminuio dos reflexos, etc

    Alteraes no estado geral de sade:

    maior dificuldade na cicatrizao das feridas; perturbaes do sono; maior propenso s doenas orgnicas crnicas, tais como:

    inflamaes e infeces cataratas diabetes hipertenso arterial aterosclerose insuficincia renal deformaes torxicas reumatismo tumores, etc

    Este tipo de sentimentos comporta um desafio para os profissionais que trabalham em servios geritricos.

    Se verdade que muito importante que os idosos se mantenham activos fsica e mentalmente, tambm acontece que nem sempre estes se encontram motivados para tal. H mesmo idosos que oferecem grande resistncia psicolgica e que tendem a deprimir-se.

    1.2. MOTIVAO

    Motivao o nome que damos s foras que nos movem. O que nos impele a trabalhar? O que faz com que nos envolvamos em actos de solidariedade e de cidadania? Porque que cantamos e danamos ou samos de casa para assistir a uma pea de teatro.

    As motivaes so os mecanismos que nos impelem para a realizao de determinadas aces.

  • Maslow, em 1943, props um modelo que hierarquizava as necessidades humanas, representando-o sob a forma de uma pirmide. Embora haja muitas objeces ao modelo do Maslow e alguns dos seus pressupostos, a pirmide ajuda-nos a sistematizar e a compreender melhor os diferentes tipos de motivao humanos.

    Maslow organizou as necessidades humanas em cinco nveis de crescente complexidade.

    As necessidades da base da pirmide so as mais bsicas e que esto directamente relacionadas com a sobrevivncia da pessoa. So necessidades comuns a qualquer ser vivo e que constituem motivaes que partilhamos com os restantes organismos do reino animal. Embora possamos pontualmente negligenciar estas necessidades (quando, por exemplo, uma actividade mais apaixonante nos faz esquecer a fome), na realidade no podemos deixar de as suprir mais tarde ou mais cedo, sob risco de ameaarmos a nossa sade e a nossa vida.

    As necessidades de segurana esto tambm, de alguma forma, ligadas sobrevivncia e integridade fsica da pessoa mas, so j de uma ordem superior e de maior complexidade. J sofrem uma maior influncia de factores socioculturais. Quando um idoso esconde a caixa das bolachas que lhe foi oferecida, no o faz por ter fome (Nvel Fisiolgico) mas motivado pela necessidade de no perder algo que seu (Nvel da Segurana).

  • O terceiro nvel o Afectivo. Este nvel j muito complexo e muito sujeito a influncias sociais, o que no quer dizer que apenas se observe nos seres

    humanos. Nos mamferos em geral muito frequente observarmos comportamentos motivados por este tipo de necessidade. Todos somos fortemente motivados por factores desta natureza e as pessoas idosas no so excepo. A famlia e os amigos, desempenham aqui um papel muito importante.

    A necessidade de Estima tambm conhecida como de Estatuto ou de afirmao pessoal. uma necessidade com uma componente social fortssima. J aqui referimos que o idoso se sente, por vezes, despromovido socialmente. Essa

    percepo da perda de estatuto faz-se frequentemente acompanhar de comportamentos que procuram reafirmar e reivindicar essa dignidade, embora dificilmente sejam bem sucedidos. No invulgar assistirmos a brigas entre idosos e crianas que resultam da necessidade do idoso disputar a ateno e a considerao das quais as crianas so alvo.

  • O nvel mais elevado e complexo o da Realizao Pessoal. So as necessidades desta ordem que nos levam a agir em defesa de valores, sacrificando o nosso conforto fsico e, inclusivamente, colocando em risco a nossa prpria vida. Por vezes encontramos idosos que nos transmitem um enorme sentimento de serenidade e de realizao pessoal. Olham para trs e vem tudo o que construram com o seu trabalho, a famlia que criaram, a sabedoria que apreenderam. Contudo, no basta viver das realizaes do passado. importante que a motivao para continuar a construir e a melhorar o mundo sua volta persista. H idosos que se mantm activos e conscientes de que

    o seu saber tem um papel importante e que deve ter utilidade prtica. Desde coisas simples como contar histrias aos netos, at formas mais elaboradas de participao na comunidade, tudo contribui para que o idoso alimente a sua necessidade de auto-realizao.

    Actividade 3. Pense em, pelo menos, trs comportamentos positivos e trs comportamentos negativos que j tenha observado em pessoas idosas e identifique em que nvel de necessidades estavam as motivaes de cada um deles.

    I. Nvel Fisiolgico

    II. Nvel da Segurana

    III. Nvel Afectivo

    IV. Nvel do Estatuto

    V. Nvel da Realizao Pessoal

  • 1.3. PADRES COMPORTAMENTAIS

    O referencial do curso fala em Tipologias de Personalidade, contudo, talvez seja mais indicado falarmos em Padres de Comportamento.

    O termo Personalidade remete-nos para caractersticas estruturais mais ou menos fixas que se reflectem de forma consistente nos comportamentos das pessoas.

    Os comportamentos que se nos apresentam de forma repetida e consistente so designados de Padres.

    Ento, porqu falarmos de Padres em vez de Personalidade? H trs razes.

    A primeira o foco. Dado que nunca temos uma percepo total do comportamento de algum, mais justo focalizarmo-nos apenas nos comportamentos que podemos observar, procurando no fazer generalizaes excessivas.

    A segunda o determinismo. Se aceitamos que os comportamentos que estamos a observar so o produto de uma caracterstica estrutural da pessoa, custa-nos mais acreditar que essa pessoa possa ter comportamentos diferentes. Ora, na realidade todos sabemos que os nossos comportamentos variam, dependendo tambm das circunstncias.

    A terceira a nossa auto-programao. Se reduzimos a pessoa a um tipo de personalidade, conformamo-nos a esse esteretipo e no fazemos tudo o que est ao nosso alcance para ajudar a pessoa a mudar os seus comportamentos. Se, pelo contrrio, nos focalizarmos nos comportamentos, mais fcil estabelecermos objectivos de mudana e monitoriz-los.

    tambm importante compreender que estes padres comportamentais no surgem exclusivamente na terceira idade. So padres que tm a sua gnese muito mais cedo mas que podem intensificar-se como consequncia do envelhecimento e dos seus outros efeitos.

  • Negao

    Dificuldade menor ou maior em aceitar-se como algum que est a envelhecer ou que est velho.

    Manifesta-se atravs de comportamentos exuberantes que podem, inclusivamente, ser excessivos e colocar em risco a sade do idoso.

    Este tipo de comportamentos requer muito tacto da parte de quem lida com o idoso porque, se por um lado pode ser necessrio refrear um pouco alguns excessos, por outro lado corremos o risco de ofender o idoso e atacar a sua auto-estima.

    Nestas situaes, mais do que tentar controlar ou condicionar, importante fornecermos alternativas que permitam ao idoso optar voluntariamente por comportamentos mais adequados sem perder a face. Para isso til conhecermos aquilo que mais motiva o idoso.

    Apatia

    possvel observar, em alguns idosos, um declnio na manifestao da afectividade, dos interesses, das aces, das emoes e dos desejos.

    Quando no estimulados, estes idosos tendem a deprimir-se e a deixar de interagir com os outros.

    Os sinais de apatia devem, por isso, ser detectados e combatidos precocemente para evitar um declnio das capacidades sociais e afectivas que comprometa seriamente a qualidade de vida do idoso.

    Devemos evitar que esse idoso fique isolado ou que se auto-exclua das actividades.

    Se possvel, devemos tentar compreender de que tipo de emoes negativas que esse idoso se est a tentar proteger e qual a sua origem.

  • Rigidez

    Corresponde a uma dificuldade na assimilao ou mesmo averso a ideias, coisas e situaes novas. Em contrapartida, existe um apego maior aos valores j conhecidos e convencionados, aos costumes e s normas j institudas.

    Trata-se de um mecanismo de defesa natural em algum que se sente menos capaz de lidar com as mudanas. A pessoa tende a agarrar-se ao que lhe familiar e aos territrios nos quais sempre se sentiu competente.

    Contrariar este tipo de comportamento intil e contraproducente. Forar um idoso a aceitar algo a que resiste ou tentar mostrar-lhe que a sua resistncia exagerada apenas acentua os mecanismos reactivos de defesa.

    prefervel aceitarmos a resistncia do idoso e darmos-lhe tempo para que ele observe a forma como os outros lidam com as mudanas. Dessa forma, o idoso poder, eventualmente, vir a ganhar confiana e a tornar-se mais flexvel. No fundo, o princpio a flexibilidade no se fora.

    Isolamento

    A pessoa idosa pode tender a evitar o contacto com os outros.

    Esta tendncia pode so corresponder a uma busca intencional da solido mas a uma dificuldade de se confrontar com os sentimentos que as relaes lhe produzem.

    O isolamento pode ser acompanhado de sentimentos de profunda tristeza, de baixa auto-estima, de inutilidade e menos-valia e, paradoxalmente, da sensao de abandono e rejeio pelos demais. Ou seja, no incomum a pessoa idosa marginalizar-se e sentir que foram os outros que a rejeitaram.

    Nestes casos, o importante procurar envolver estas pessoas em actividades no ameaadoras e que elevem a sua auto-estima. preciso mostrar-lhes que so vlidas e que a sua presena apreciada e desejada.

  • Vitimizao

    Colocarmo-nos no papel de vtimas uma forma aprendida de captar a ateno e a condescendncia dos outros e de nos desresponsabilizarmos do que de mal nos acontece.

    Justifica a resignao e a imutabilidade ou coloca o nus da mudana nos outros. Por isso, um refgio fcil.

    um padro difcil de combater mas podemos evitar aliment-lo. muito importante que o idoso se assuma como um construtor activo do seu destino e das suas circunstncias. A nossa ajuda consiste, sobretudo em ajudar o idoso a perceber de uma forma positiva, factos e eventos que ele descreve como fatalidades ou ofensas externas.

    Infantilizao

    Os comportamentos regressivos e infantis so outra forma (no construtiva) de reivindicar ateno e afecto.

    O amuo, a impertinncia, a manipulao, o abuso, a conflituosidade, so comportamentos que desencadeiam nos outros reaces de zanga, de confronto e de controlo. Na verdade, estes comportamentos produzem uma aproximao por parte dos outros, porm, trata-se de uma aproximao carregada de emoes negativas.

    caso para se dizer prefiro que me ralhes do que me desprezes. Provocar os outros pelo lado da irritao uma medida desesperada de quem sente no ter habilidade para atrair as pessoas de uma forma positiva.

    Cientes desta motivao, cabe-nos a ns corresponder aos pedidos de ateno de uma forma no reactiva. Ou, ainda melhor, devemos agir de forma preventiva para que o idoso no tenha necessidade de recorrer a estratgias infantis de chamada de ateno.

  • Obsesso

    Os idosos so muito vulnerveis a pensamentos e comportamentos obsessivos como os sintomas hipocondracos, as fobias e as compulses.

    Com o envelhecimento, frequente haver um aumento da ansiedade associada ao medo da doena e da morte, assuntos que se tornam muito presentes face ao declnio das capacidades fsicas e mentais bem como morte de familiares e amigos.

    Quaisquer tentativas de desconstruir pela lgica ou minimizar a importncia dos focos de obsesso so recebidas com desconfiana e hostilidade.

    A demonstrao de empatia e vontade em ajudar pode parecer um encorajamento mas, na realidade, acalma os pensamentos obsessivos e traz alguma tranquilidade ao idoso.

    Qualquer um destes padres comportamentais disfuncional e, levado a extremos, torna-se patolgico.

    muito importante agirmos de forma consciente e preventiva, no intuito de proteger e preservar a sade mental e a qualidade de vida dos idosos.

    Actividade 4. Analise cada um dos casos e identifique os vrios padres comportamentais que ocorrem em cada um. Reflicta sobre como agiria com cada um destes idosos.

    A Dona Idalina uma pessoa passiva. No ambiciosa mas vive acima das suas possibilidades. cautelosa com contactos novos, mostrando-se desconfiada. extremamente optimista e pouco realista. A aposentao libertou-a das responsabilidades e, desde ento, no sente nenhuma disposio para qualquer tipo de actividade.

    A Dona Carmela defensiva e emocionalmente descontrolada. convencional nas relaes sociais e apresenta um comportamento fechado. Os seus empregos nunca foram fonte de prazer, mas apenas o caminho para atingir um futuro promissor. preconceituosa e tenta passar uma imagem de auto-suficincia. pessimista quanto velhice e inveja frequentemente a juventude. Adia a reforma para no entrar em contacto com o envelhecimento e trabalha arduamente, acalmando apenas quando a isso a obrigam.

    O Sr. Albino pouco ambicioso, pouco competente e com constantes sentimentos de fracasso. rgido, inflexvel no modo de pensar, agressivo, competitivo, preconceituoso e culpa os outros pelo seu insucesso. Tem enorme medo de envelhecer, critica os mais jovens pelas suas posturas e agarra-se desesperadamente ao seu trabalho. Tende frequentemente introspeco.

    O Sr. Romeu sempre vtima das circunstncias, vivendo em constante conflito. hostil consigo mesmo e no se interessa pelos outros. Considera a velhice uma triste etapa da vida, no se revolta contra ela mas tambm no faz nada para mudar ou construir algo de novo. No tem medo da morte porque ela representa a possibilidade de libertar-se dessa vida to insatisfatria.

  • 2. AJUSTAMENTOS PSICOSSOCIAIS DA VELHICE

    Eis algumas das coisas mais importantes s quais o idoso pode ver-se obrigado a ajustar-se:

    ao decrscimo de fora e de sade; reforma; eventual viuvez; necessidade de se filiar num grupo de pessoas idosas; necessidade de manter obrigaes sociais e cvicas; necessidade de investir no exerccio fsicos; necessidade de ter cuidados redobrados com a alimentao; mudana de papis sociais.

    Vejamos algumas delas com um pouco mais de detalhe.

    2.1. A SADE E AS CAPACIDADES FSICAS E MENTAIS

    O envelhecimento comporta modificaes fsicas j referidas aqui e modificaes nas capacidades mentais que ainda iro ser abordadas neste manual. Aumenta a propenso para as doenas, h uma perda de fora muscular e diminuio de algumas capacidades cognitivas.

    A velocidade com que esta deteriorao se d pode ser retardada com hbitos de vida saudveis e com um quotidiano activo e estimulante. Fazer uma alimentao saudvel, fazer exerccio fsico adequado e realizar actividades social e intelectualmente desafiantes so apenas alguns exemplos de como se pode envelhecer com qualidade.

    Se ao longo da vida a pessoa no agiu preventivamente, as exigncias de uma velhice minimamente saudvel comportam uma mudana de hbitos, por si s, bastante difcil.

    Deixar de fumar, deixar de beber lcool, beber muita gua, seguir uma dieta pobre em sal e rica em clcio, so ajustamentos muito comuns que o idoso tem que fazer.

    O idoso deve tambm adaptar-se s falhas de memria, s mudanas do sono, diminuio da fora ou da agilidade para actividades que antes eram fceis e s dores.

  • 2.2. A IDENTIDADE E OS PRECONCEITOS SOCIAIS

    Envelhecer significa ter que fazer ajustamentos do ponto de vista identitrio.

    Ao reformarmo-nos, abandonamos uma carreira, uma profisso e a forma como isso nos definiu como pessoa durante anos. Se no encontramos uma forma de nos mantermos activos, corremos srios riscos de nos virmos a sentir inteis e sem valor.

    Quando h perda de poder econmico e passa a haver dependncia financeira relativamente aos familiares mais prximos (principalmente os filhos) essa sensao de menos-valia ainda mais acentuada.

    medida que envelhecemos vamos sendo categorizados socialmente como velhos. A essa categoria so associadas vrias caractersticas, quase todas negativas, ou seja, h muitos preconceitos sociais relativamente aos idosos.

    Os idosos so frequentemente percebidos como um fardo, como regressados infncia, como senis, casmurros e rabugentos, etc.

    Ora, os idosos j foram novos e, nessa altura, partilharam de alguns ou de muitos desses preconceitos, pelo que agora sabem a forma como so julgados socialmente.

    Este ajustamento no nada fcil e implica encontrar formas de sentir e de comunicar uma identidade positiva. Implica igualmente aprender a lidar com a crescente falta de autonomia e de liberdade que tende a ocorrer.

    O idoso tambm pode ser estimulado a procurar ocupaes que lhe tragam realizao e auto-estima (por exemplo, trabalho voluntrio, cursos nas universidades snior, etc.).

  • 2.3. AS PERDAS

    Com o passar dos anos, a dimenso da famlia tende a alargar, mas a famlia nuclear vai ficando progressivamente mais pequena medida que os filhos vo saindo de casa dos pais. Chega a um ponto em que o casal tem que reaprender a viver s.

    Por outro lado, quanto mais tempo vivemos, mais pessoas queridas perdemos. So os familiares, os amigos e, por vezes o(a) nosso(a) companheiro(a). Nem sempre fcil aprender a viver sem pessoas que fizeram parte da nossa vida durante anos.

    A viuvez uma perda muito importante que produz transformaes muito grandes na vida da pessoa. No apenas nos casais harmoniosos que a viuvez comporta grande sofrimento. At nos casais conflituosos o padro de permanente atrito desempenha um papel importante na vida afectiva das pessoas. Tambm nesses casos a morte de um companheiro produz um enorme vazio.

    A convivncia com a perda relembra e refora a eminncia da prpria morte. Essa tambm uma preparao que a pessoa idosa deve fazer de forma a conseguir continuar a viver tranquilamente e com qualidade.

    2.4. AS MUDANAS DE AMBIENTE

    O idoso que vive em sua casa ou com familiares precisa que a casa sofra alteraes para ajudar na sua deslocao e segurana. As escadas e as casas de banho so, normalmente, espaos que exigem requisitos especiais de adaptao ao idoso.

    O idoso que vai viver para uma instituio (lar, hotel geritrico) tem que se adaptar a um ambiente completamente diferente da sua casa. Apesar de poder ganhar em termos de conforto e da qualidade dos cuidados de sade, deixa de estar no seu territrio para estar num espao alheio, deixa de ser

  • nico para ser um entre muitos, perde grande parte da sua autonomia bem como a liberdade de alterar o espao onde vive.

    3. ASPECTOS COGNITIVOS DO ENVELHECIMENTO

    Frequentemente, o envelhecimento est associado a dificuldades de memria e lentido de raciocnio. Nesse sentido, acredita-se que os idosos ficam com dificuldades em memorizar e compreender situaes novas que lhes so apresentadas rapidamente mas, em contrapartida, superam os jovens em raciocnios que exigem maior "sabedoria".

    A Neuropsicologia, uma rea do cientfica que investiga as relaes entre crebro e cognio, inclusivamente na terceira idade, tem mostrado que as crenas do senso comum acerca dos efeitos do envelhecimento nas funes cognitivas tm algum fundamento mas so apenas parcialmente verdadeiras.

    Por exemplo, o declnio de algumas capacidades de memria (no todas) mais acentuado do que o das capacidades lingusticas (que envolvem conhecimentos aprendidos durante a vida do indivduo).

    Os investigadores tm diversas teorias sobre o que est por trs dessa deteriorao, mas a maioria suspeita que o envelhecimento causa uma perda de clulas enorme numa pequena regio da parte frontal do crebro que leva a uma queda na produo de um neurotransmissor chamado acetilcolina. A acetilcolina vital para a aprendizagem e para a memria.

    Alm disso, algumas partes do crebro essenciais para a memria so altamente vulnerveis ao envelhecimento. Uma delas, chamada de hipocampo, perde 5% dos seus neurnios por cada dcada que passa com uma perda total de 20% quando se chega aos 80 anos.

  • A juntar a tudo isto, o prprio crebro encolhe e torna-se menos eficiente medida se vai envelhecendo.

    claro que outras coisas podem ocorrer com o crebro que podem acelerar esse declnio das funes cognitivas. Eis alguns exemplos:

    Medicamentos, especialmente os calmantes e hipnticos

    Abuso de bebidas alcolicas ou tabaco Doenas silenciosas (por ex. mau

    funcionamento da tiride) Stress e ansiedade Depresso Inactividade e desinteresse pela vida Falta de desafios e novos objectivos Problemas sensoriais (diminuio da

    viso e da audio) Infeces Exposio a txicos Factores genticos

    Estas e outras causas que provocam um declnio das funes cognitivas e que podem ser tratadas durante o envelhecimento indicam alguns caminhos para um envelhecimento cognitivo mais estvel.

    Em outras palavras, a Neuropsicologia tem demonstrado que a crena de que o envelhecimento constitui um perodo de declnio inevitvel est sendo actualmente desafiada, considerando o aumento de sujeitos que envelhecem no apenas de forma activa e independente como tambm de forma criativa.

    Vejamos agora em maior detalhe a evoluo de algumas funes cognitivas principais como a memria a inteligncia e a aprendizagem.

    3.1. A MEMRIA

    Uma das queixas mais comuns em idosos a perda da memria. to frequente que, infelizmente, ainda existe a crena de que se trata de um evento normal e inevitvel do processo de envelhecimento.

    Porm, isso no verdade. O fenmeno comum mas no normal e muito menos se trata de algo simples e linear

  • Atravs do estudo das dificuldades de memria observadas em acidentados ou vtimas de guerra que sofreram uma leso cerebral, a Neuropsicologia Cognitiva confirmou a existncia de mltiplos sistemas de memria.

    Actualmente acredita-se que a memria no una. Ela pode ser classificada segundo diferentes parmetros e um deles o temporal.

    Designamos por Memria de Curto Prazo o mecanismo que nos permite reter conhecimentos adquiridos recentemente enquanto que a Memria de Longo Prazo o mecanismo atravs do qual armazenamos conhecimentos adquiridos h mais tempo.

    No te ofendas, Alzira, mas ns ramos amigos, parentes, esposos, ou qu?

    do conhecimento geral que os idosos recordam mais facilmente memrias de acontecimentos antigos do que coisas que ocorreram muito recentemente. O que isso nos diz que a Memria de Curto Prazo mais afectada pelo avano da idade do que a Memria de Longo Prazo.

    A Memria de Curto Prazo tambm designada de Memria de Trabalho. a memria que nos permite fazer tarefas complexas, envolvendo duas ou mais actividades que precisam ser realizadas ao mesmo tempo (por exemplo, fixar um nmero de telefone enquanto se procura um lpis e um papel para o anotar). Esse tipo de memria envolve muita ateno, e com a idade, a ateno fica bastante prejudicada.

    Outro tipo de memria tambm bastante afectado no envelhecimento a memria que est dirigida para os acontecimentos futuros, vulgarmente chamada de "memria de agenda" mas cujo nome cientfico Memria Prospectiva (por exemplo, lembrar-se de tomar um medicamento a cada 4 horas ou lembrar-se de ir ao mdico no dia tal). uma memria direccionada ao que se passa no dia-a-dia de cada pessoa. Ela exige muitos mecanismos de ateno mas tambm outros mecanismos cognitivos importantes: o planeamento, a inteno e a motivao.

  • Para uma pessoa se lembrar de tarefas futuras preciso:

    1. fazer um bom planeamento das actividades a realizar durante o perodo que antecede a aco;

    2. ter uma inteno forte de se lembrar de a realizar, para ser capaz de activar a lembrana no momento certo;

    3. ter um alto grau de motivao, ou seja, querer realizar a tarefa.

    Sem motivao, um planeamento adequado no realizado e a inteno torna-se muito frgil para activar a lembrana necessria.

    Compreende-se, assim, que as falhas de memria podem ser decorrentes de outras dificuldades que no apenas a de armazenamento e de recuperao. Existe um envolvimento da motivao, da ateno e da inteno, pelo que pessoas que no possuam um humor positivo (por estarem ansiosas ou deprimidas) apresentaro dificuldades de memria bastante graves, no conseguindo organizar seu dia-a-dia de forma adequada.

    Falmos de dois tipos de memria que so muito afectados pelo envelhecimento, contudo, h um outro tipo de memria, denominado de Memria Semntica (aquela que guarda o significado de objectos e factos), que parece resistir muito mais ao avano da idade.

    Quanto memria de acontecimentos pessoais, ela fica preservada para os eventos relacionados com os perodos da infncia, da adolescncia ou da vida adulta do idoso.

    Como j foi dito e sobejamente conhecido, os idosos lembram-se muito bem de factos antigos e conseguem contar histrias bastante ricas em detalhes e coerncia. Porm, quando se lhes conta uma histria, a maioria dos idosos no tem dificuldade em compreender o seu significado e em resumir o seu contedo mas pode esquecer detalhes que no esqueceria numa histria pessoal antiga. Esse esquecimento deve-se s falhas da Memria de Curto Prazo.

    Muitas terapias de adaptao do indivduo a uma idade mais avanada incluem o enriquecimento e a valorizao de auto-biografias, dando um significado novo vida do idoso.

  • Chamamos esquecimentos benignos queles que, com frequncia, ocorrem em pessoas activas que tm possibilidades de desempenhar adequadamente as suas tarefas dirias. Tais esquecimentos podem ser: no se lembrar de um nome mas "ter a palavra na ponta da lngua; ir buscar alguma coisa e esquecer-se do que ia fazer, etc.

    Estes esquecimentos no ocorrem exclusivamente aos idosos e so, geralmente, compensados espontaneamente pelo indivduo, ainda que possam causar problemas no seu quotidiano.

    O esquecimento benigno afecta ambos os sexos e as causas mais frequentes so o stress, alguns distrbios afectivos leves e a idade avanada. O declnio cognitivo tende a aumentar a partir dos 85 anos, quando existe um risco maior de desenvolver demncia.

    difcil prever em que situaes esses esquecimentos vo piorar e tornar-se uma doena degenerativa. Pesquisas que estudaram a evoluo de grandes grupos com queixas de esquecimento benigno observaram que metade dos pacientes no piora. Parte desses pacientes tm distrbios afectivos, como depresso e ansiedade, cuja terapia psicolgica ou medicamentosa produz tambm uma melhoria dos esquecimentos.

    Infelizmente, 50% dos pacientes diagnosticados como portadores de esquecimentos benignos, evoluem para a doena de Alzheimer. Essa doena, que se inicia com sintomas muito parecidos aos esquecimentos benignos irreversvel e, progressivamente, as dificuldades em todas reas da cognio (como linguagem, ateno e raciocnio) vo-se tornando mais graves.

  • Actualmente, ainda existe um enorme desconhecimento sobre o que significa um envelhecimento cognitivo normal, respeitando as suas limitaes caractersticas, e como distingu-lo precocemente de um envelhecimento patolgico.

    Assim, ao lado de um enorme investimento nas reas mdicas para encontrar formas de estagnar a evoluo da doena de Alzheimer, uma grande parte das actuais investigaes da Neuropsicologia Cognitiva tem-se dedicado a procurar "marcadores cognitivos". Esses marcadores so sinais ou sintomas que devem distinguir, de forma precoce, as manifestaes da doena de Alzheimer dos esquecimentos benignos, uma vez que existem solues teraputicas para os portadores de esquecimentos benignos.

    Muitas instituies que prestam cuidados a idosos tm tido bons resultados a este nvel atravs da realizao de exerccios que estimulam a ateno, da elaborao de listas de afazeres, jogos de memria e actividades que implicam associaes de acontecimentos, objectos, nomes, fotografias etc.

    3.2. A INTELIGNCIA

    Existem muitas definies para o conceito de inteligncia mas consensual que esta envolve a nossa habilidade para pensar e para resolver problemas.

    Alguns estudos demonstram que, no envelhecimento, h um padro de comprometimento da inteligncia que geralmente se manifesta num pior desempenho em testes de avaliao dessa rea. No entanto, estes dados deve ser interpretados com muito cuidado, visto que:

    As perdas sensoriais (especialmente a viso e a audio) no so levadas em conta nos resultados dos testes neuropsicolgicos e/ou de inteligncia;

    O desempenho em testes de inteligncia pode muito bem ser afectado negativamente por estados de ansiedade em indivduos que s foram testados quando eram muito jovens.

  • Os testes podem tambm confundir agilidade de resposta com capacidade intelectual.

    frequente, pessoas com mais idade, preferirem sacrificar a rapidez de resposta para dedicar um maior cuidado na anlise das questes ou mesmo rejeitarem respostas simples e automticas preferindo elaborar melhor o raciocnio.

    Existe uma grande diversidade de pessoas e muitos idosos mantm durante mais tempo as capacidades de aprendizagem devido forma como o seu crebro foi exercitado ao longo da vida.

    Um dos factores que parece estar correlacionado com uma manuteno das capacidades de aprendizagem o nvel de escolaridade.

    A sade fsica tambm apresenta uma correlao positiva com a aprendizagem.

    Est comprovado que, apesar de algumas limitaes, o desempenho de muitos idosos em tarefas cognitivas nobres so superiores s dos jovens. Essa superioridade manifesta-se atravs de:

    Maior experincia de vida Maior nmero de informaes Melhor capacidade de julgamento Maior ndice de acertos quando a velocidade no conta Maior capacidade de resolver problemas

    Conhecer bem as capacidades intelectuais da pessoa idosa muito importante para que melhor possamos encontrar actividades adequadas e estimulantes.

    3.3. A APRENDIZAGEM

    O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sinttica como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competncias e mudam o comportamento.

    Os conhecimentos podem ser absorvidos atravs de tcnicas de ensino ou mesmo pela simples aquisio de hbitos.

    A vontade e a capacidade de aprender so caractersticas essenciais do psiquismo humano, contudo, ambas tendem a diminuir ao longo do processo de envelhecimento.

    Os factores que para isso contribuem so vrios e j foram sendo aqui apresentados.

  • A aprendizagem implica capacidade de reteno dos conhecimentos, ou seja, memria. O que afectar a memria afecta, naturalmente, a capacidade de aprendizagem.

    Outra dimenso fundamental para o processo de aprendizagem a linguagem. Os nossos raciocnios so expressos sob a forma de enunciados verbais e quanto mais competentes formos em termos lingusticos, maior a nossa capacidade para apreender factos complexos.

    Essa uma das razes pelas quais a escolaridade influi no retardar do envelhecimento do crebro. A leitura , tambm, um exerccio excelente de enriquecimento da nossa linguagem e de promoo da nossa capacidade de aprendizagem.

    Em terceiro lugar, a aprendizagem implica interaco. na relao com os outros que enfrentamos os maiores desafios e que somos obrigados a evoluir. Assim se compreende que seja to importante que o idoso se mantenha socialmente activo. As relaes e o convvio no so apenas importantes por razes afectivas mas tambm pelo estmulo que constituem para a capacidade de aprendizagem.

    Por ltimo, a idade influencia os modos de aprendizagem e as motivaes para a mesma.

    Os conhecimentos podem ser entendidos como associaes entre conceitos e a aprendizagem corresponde assimilao de novos conceitos a essa rede de conhecimentos. Ao longo da vida vamos acumulando experincias e construindo uma rede de conhecimentos cada vez mais rica e complexa. Por conseguinte, um idoso possui uma base de conhecimentos to alargada que se torna, para ele, mais fcil assimilar novos conceitos bem como avaliar se uma determinada informao

    til ou intil e decidir at que ponto pertinente fazer o esforo de a incorporar.

    Essa uma das razes pelas quais os idosos se mostram frequentemente desinteressados de aprender coisas que entusiasmam os jovens.

  • 3.4. ESTMULO DAS FUNES COGNITIVAS

    O agente em geriatria presta cuidados continuados a pessoas idosas e tem oportunidade de construir com elas uma relao prxima e de grande confiana. Este profissional est, por isso, numa posio privilegiada para ajudar os idosos a desenvolver comportamentos e actividades que estimulem as suas funes cognitivas.

    Cai-se, muitas vezes, no erro de colocar os idosos em frente a um televisor durante horas. No obstante a televiso seja uma distraco fcil e sempre disponvel, quando vista em excesso, tem efeitos negativos nas funes cognitivas:

    Produz inactividade em pessoas que precisam muito de se manter activas; Desenvolve uma atitude passiva em pessoas que precisam muito de

    interagir com outros e com o meio ambiente; aparentemente variada mas repetitiva e montona para o crebro ao fim

    de um tempo prolongado de exposio; Cansa os olhos e pode provocar cefaleias.

    Portanto, o agente em geriatria deve evitar o fcil e emprenhar-se na dinamizao de actividades estimulantes bem como no apoio e aconselhamento dos idosos.

  • Na caixa que se segue, encontra-se uma lista de conselhos que podemos dar aos idosos com o objectivo de melhorar a sua condio mental e preservar as funes cognitivas por mais tempo.

    Actividade 5. Pense num jogo que conhea que exercite a memria, um jogo que implique a resoluo de problemas e um jogo que exija a realizao de actividades muito variadas (por exemplo, escrita, coordenao motora e expresso de emoes).

    Saia de casa, tenha actividades sociais (muito importante para a sade mental); Seja flexvel, veja um problema sob diferentes prismas, como se fossem diferentes pessoas; Procure os seus amigos; Mantenha-se sempre activo; Experimente escovar os dentes com a outra mo (esse pequeno gesto activa outras reas do crebro); Vista-se com uma mo s. Um dia com a direita, outro com a mo esquerda; Aprume-se; use uma roupa de cor diferente das usuais; Experimente escrever com a mo errada; Saia da rotina; Varie a ordem de sua rotina; Escolha um caminho diferente; Leia um livro; Leia em voz alta (activa outras reas do crebro); Oua msica; Troque de estao do rdio para uma diferente; V ao teatro e ao cinema; Assista a um documentrio; Faa palavras cruzadas; Durma do outro lado na cama, durma virado para os ps da cama, de vez em quando, s para variar; Tenha mais contacto com a natureza e observe-a; Experimente sabores diferentes dos habituais; Dedique um dia a um sentido diferente (a todos os cheiros, formas geomtricas, cores, sons, etc.); Preste ateno a todos os sons e cheiros na rua, junto aos cafs, padaria, ao supermercado,

    peixaria, s livrarias; Compre barro e modele um peixe, uma flor, etc.; Pinte uma tela. Faa de conta que um artista; Faa de conta que um cantor. Cante sua msica; Preste ateno a sua refeio, sabor, cheiro, textura do alimento, talheres, loua, conversas, risos; Inicie um novo passatempo; Cuide de uma planta ou de um aqurio; Pratique o relaxamento; Experimente um banho com leos aromticos, perfumes diferentes, etc.; Pratique a meditao; Exercite seu corpo; Escreva uma histria, um conto, uma poesia; Faa exerccios respiratrios; Faa exerccios fsicos moderados; Decore um verso, uma msica, a lista de compras; Faa aulas de dana ou pratique a dana; Faa um curso de culinria; Associe uma msica a uma cor e a um cheiro. Evite tenses desnecessrias. Quando no entender bem algo que lhe foi dito, pergunte! Anote tudo o que for importante num caderno ou numa agenda. Participe em jogos que envolvam raciocnio. Seja uma pessoa flexvel, esteja aberto para ouvir. As pessoas que no so flexveis acabam por ser

    excludas do seu meio social. Quando lhe fizerem uma pergunta e no conseguir lembrar-se da resposta imediatamente, no se sinta

    constrangido, use recursos para ganhar tempo extra para responder: sorria, ajeite os culos, repita a pergunta, respire fundo, limpe a garganta, etc.

  • 4. A SEXUALIDADE NA PESSOA IDOSA

    Em primeiro lugar importante compreender que, neste manual, o conceito de sexualidade entendido como muito mais do que sexo. uma questo de identidade, de expresso de afectos, de relao com o corpo e com os papis sociais associados ao gnero.

    Mesmo no que respeita especificamente actividade sexual propriamente dita, devemos tambm compreender que esta no deixa de ser importante nesta fase da vida. Apesar de esta poder no ser igual em termos de quantidade e qualidade, esta poder ser sempre agradvel e gratificante.

    As alteraes biolgicas e psicossociais que ocorrem ao longo da vida (e que j aqui foram referidas) so factores determinantes para a expresso comportamental da sexualidade.

    A sexualidade est presente em tudo: em todo o nosso corpo, quer na estrutura, quer nas funes; no nosso psiquismo e na nossa identidade; nas relaes que estabelecemos com os outros; na organizao social, na estrutura das famlias, das instituies, na cultura, etc.

    Determinantes Biolgicos

    Entende-se por determinantes biolgicos da vivncia da sexualidade na terceira idade, os factores genticos, neurolgicos, hormonais, anatmicos e fisiolgicos.

    Destes factores considera-se pertinente clarificar as alteraes que ocorrem a nvel fisiolgico diferenciando-as em termos de gnero masculino e feminino.

    O processo de envelhecimento sexual inicia-se entre os 30 e os 35 anos, ao qual se segue um processo lento que varia de pessoa para pessoa.

    Nas mulheres o processo de envelhecimento sexual tem uma marca biolgica evidente: a menopausa.

    J nos homens no existe uma marca claramente identificvel. Verificam-se sim, alteraes lentas e fundamentalmente regulares.

    A menopausa (meno=menstruao, pausis=cessao), um processo natural na mulher, que se caracteriza pela paragem definitiva das menstruaes, resultante da diminuio progressiva do ritmo de ovulao.

    O climatrio corresponde ao perodo onde se iniciam as primeiras manifestaes sinalizadoras da menopausa, tais como, irregularidades

  • menstruais, afrontamentos, alteraes de humor, terminando cerca de um ano aps a data da ltima menstruao.

    A falncia dos ovrios ocorre habitualmente entre os 45 e os 50 anos.

    Com o envelhecimento, a mulher sofre ainda outras alteraes fisiolgicas:

    A vagina diminui de tamanho, fica mais estreita e perde a elasticidade;

    A lubrificao de aparecimento mais demorado e menos intensa;

    Diminuio da intensidade e da frequncia das contraces;

    Os seios perdem a firmeza e o tamanho.

    A passagem de uma fase reprodutiva, para uma fase ps reprodutiva vai exigir s mulheres um ajustamento fsico e psicolgico.

    Este torna-se mais difcil pelo negativismo socialmente construdo e individualmente incorporado, que

    tende a desvalorizar a mulher nesta fase da vida, uma vez que, na sociedade, a feminilidade ainda se encontra fortemente conotada com a maternidade. A perda de capacidade procriativa pode ter um significado gerador de sentimentos de inferioridade.

    A andropausa (andros=masculino, pausis=cessaao), foi o termo encontrado para fazer a analogia com a menopausa (feminina) chegando mesmo a chamar-se de menopausa masculina. Contudo, no existe consenso quanto ao termo, uma vez que este significa etimologicamente acabou como homem, podendo levar assim a interpretaes erradas, quer no que respeita vivncia da sexualidade, quer no que concerne ao exerccio do papel de gnero.

    Ao contrrio do que acontece no feminino, no homem no existe um marcador claro sendo que a sua manifestao varia muito de homem para homem, quer quanto ao seu aparecimento, quer quanto sua intensidade, no fazendo sentido no caso de alguns homens falar em andropausa.

    O envelhecimento masculino em geral podem levar ao surgimento de alteraes sexuais, que no devem contudo, ser generalizadas a todos os homens.

  • As principais alteraes fisiolgicas que ocorrem no homem so:

    Diminuio da produo de esperma e de testosterona, a partir dos 40 anos e 55 anos respectivamente;

    Ereco mais lenta e menos firme; Diminuio da quantidade de

    smen emitido; Elevao menor e mais lenta dos

    testculos; Reduo da tenso muscular.

    As mulheres aceitam melhor que os homens as alteraes que afectam a esfera estritamente sexual. Contudo, aceitam pior o processo geral de envelhecimento, nomeadamente no que diz respeito sua imagem corporal.

    A diminuio do interesse sexual e da frequncia sexual so caractersticas mais preponderantes nas mulheres. Estes dados encontram-se contudo excessivamente ligados numa sexualidade funcional, focada nos genitais e no desempenho sexual.

    No que respeita ao homem, estas alteraes podem ser mal aceites sobretudo se este assimilou o modelo de sexualidade juvenil, (reduo da relao sexual ao acto coital), na medida em que dado como perdido.

    O homem idoso consegue atingir e manter uma ereco adequada, com as condicionantes que (a) pode levar mais tempo a consegui-lo e (b) exige uma estimulao mais eficaz e localizada no genital. A tendente diminuio da actividade sexual nos homens, no resulta obrigatoriamente da existncia de disfunes sexuais.

    A forma negativa com que os idosos vivem a sua sexualidade nesta fase da sua vida muitas vezes causada pela comparao da sexualidade presente com a do passado.

    O prprio estado fsico geral, bem como os problemas de sade concretos, podem favorecer ou limitar o interesse na actividade sexual durante a velhice, com especial relevo para doenas do foro oncolgico, quadros depressivos, a diabetes, problemas reumatolgicos e cardiovasculares entre outros.

    Todavia, algumas destas limitaes fisiolgicas, e a situao clnica dos idosos, podem converter-se numa vantagem para a relao sexual,

  • nomeadamente no retardamento do processo de excitao e num maior controlo do processo de ejaculao.

    Na verdade, estas caractersticas da sexualidade na velhice proporcionam a que ambos os gneros possam desfrutar de relaes sexuais mais lentas e mais centradas nas carcias mtuas e na comunicao.

    Desde que exista uma adaptao adequada s alteraes fisiolgicas, poder verificar-se um enriquecimento da sexualidade na terceira idade.

    Logo, a velhice no justifica em si mesma uma perda brusca e significativa da actividade sexual.

    Mesmo quando o coito no possvel ou desejado, numa relao, possvel que a sexualidade e o erotismo continuem a possibilitar inmeras formas de obter prazer e satisfao sexual.

    Condicionantes Psicossociais

    Os factores Psicossociais podem tambm condicionar a vivncia da sexualidade na terceira idade.

    Primeiramente teremos de ter em conta o contexto social e histrico em que os idosos estiveram inseridos ao longo do seu ciclo de vida, uma vez que este, aberto ou repressivo, pode influenciar a forma como o idoso encara a sua sexualidade.

    A histria sexual de cada indivduo influncia a vivncia da sexualidade na terceira idade.

    Eis alguns dos principais factores psicossociais que condicionam a actividade sexual na velhice:

    O modelo de sexualidade dominante (modelo juvenil, genital e reprodutivo) ameaador porque no idoso estas caractersticas no esto presentes;

    O modelo dominante de figura corporal atractiva (baseado na juventude, elegncia, vigor fsico, ausncia de gordura) pode levar a que os idosos se sintam feios e indesejveis do ponto de vista sexual, visto que j no se enquadram nestas caractersticas;

    A ausncia de parceiro sexual os vivos e os solteiros dificilmente dispe de parceiros sexuais mesmo que o desejem;

    O tipo de relaes estabelecidas (rotineiras, insatisfatrias ou conflituosas) pode diminuir o desejo sexual, o grau de excitao e at mesmo a prpria capacidade sexual;

    As dificuldades econmicas ou sociais podem diminuir o interesse e as capacidades sexuais, na medida em que, esta situao pode gerar tenso e sensao de marginalizao;

    As condies fsicas (lcool, fadiga fsica, obesidade, falta de higiene) podem influenciar o desejo sexual e as possibilidades de se tornarem atractivos;

  • O receio de no serem capazes de terem relaes sexuais coitais ou de proporcionar prazer pode causar ansiedade e insegurana;

    A atitude negativa por parte dos filhos e da sociedade em geral pode tornar-se numa dificuldade insolvel na medida em que os persegue e os culpabiliza.

    As atitudes conservadores das Instituies para a terceira idade cria dificuldades acrescidas para os idosos e a falta de espao e de condies adequadas faz com que os idosos no casados no possam viver a sua sexualidade dentro delas.

    As convenes sociais relativas idade so desfavorveis, mulher, na medida em que deve casar-se com homens mais velhos ou da mesma idade e os homens tendem a casar-se com mulheres mais jovens.

    Um olhar mais atento, permite concluir que alguns dos condicionalismos enumerados tm subjacente crenas e pressupostos falsos, que tm vindo a deturpar a forma como a sexualidade vivida e sentida pelos idosos.

    Na verdade, existem na nossa sociedade uma srie de falsas ideias associadas sexualidade na terceira idade, tais como:

    O coito e a emisso de semn conduzem a um envelhecimento e morte;

    A masturbao um acto infantil; Aps a menopausa a mulher perde

    satisfao sexual; Os idosos so vulnerveis a desvios

    sexuais como o exibicionismo e parafilias;

    As mulheres idosas que apreciam sexo foram ninfomanacas;

    Quem deixa de ter capacidade sexual nunca mais voltar a ter;

    Os idosos no tm capacidades fisiolgicas que lhes permitam ter comportamentos sexuais;

    Os idosos no tm interesses sexuais; Os idosos que se interessam pela

    sexualidade so perversos; Os desvios sexuais so mais frequentes

    nos idosos; A actividade sexual m para a sade,

    especialmente na velhice; A reproduo o nico fim da sexualidade e, portanto, no faz sentido que

    os idosos tenham actividade sexual; Os homens idosos tm interesses sexuais mas as mulheres no; Os idosos, pelo facto de serem idosos, so feios; indecente e de mau gosto que os idosos manifestem interesses sexuais; A masturbao apenas ocorre em idosos com perturbaes psquicas; Os idosos com doenas deixam de ter actividade sexual.

  • Ao longo dos tempos a questo da sexualidade foi sempre entendida de diversas formas, revestida de ambivalncias. Se por um lado foi reprimida, por outro lado tambm era desejada, continuando contudo, a ser objecto de transgresses privadas.

    A sexualidade faz parte da nossa existncia e no pode, por isso, ser indissocivel da nossa condio humana.

    Esta dimenso humana no pode ser ocultada ou culpabilizada, nem envolvida por atitudes que enviesem e dificultem a vivncia gratificante da mesma.

    No h motivos para que a vivncia da sexualidade na velhice no seja uma realidade se assim for pretendida. Na verdade, as expresses da sexualidade, o prprio desejo com o decorrer da relao, da idade e dos acasos e percursos de vida, mudam ao longo do tempo, no advindo necessariamente do processo de envelhecimento.

    Por este motivo no existe relao directa com a vivncia da sexualidade na terceira idade. Quer pelas questes morais, quer pela representao social que existe sobre o idoso, a vivncia da sexualidade na velhice tem frequentemente uma conotao negativa, ou de estranheza, podendo esta, acabar por ser interiorizada constituindo-se assim uma condicionante, impondo muitas vezes a sua prpria castrao.

    Este tipo de atitudes moldadas pelo preconceito e pela ignorncia suportam todo um conjunto de comportamentos que negam os mais elementares direitos do indivduo. Direitos esses que podem colocar em causa a auto-determinao do indivduo e sua prpria qualidade de vida.

    Com efeito, vivemos numa sociedade que por um lado estimula e por outro lado reprime a sexualidade. Aos jovens permitida, embora que criticado, a vivncia da sua sexualidade como fenmeno natural, mas ao idoso secundarizado esta dimenso, pensando-se mesmo, estes como seres assexuados ou ento como um desbragado.

    Deve-se entender que a sexualidade no exclusiva dos jovens e dos adultos saudveis e atraentes, mas sim uma expresso de cada ser individualmente.

  • A sexualidade deve fazer parte integrante no projecto de vida do idoso, e por isso deve ele prprio decidir se quer ou no viv-la.

    Todo o homem sem dvida um ser sexual, e isso manifesta-se no que , no que faz, e como pensa. Assim sendo, a sua expresso faz parte integrante do seu projecto de vida.

    As necessidades fsicas, biolgicas, e psicolgicas, embora se alterem ao longo da vida, no mudam o facto de ser-se pessoa, com sentimentos, vontades, gostos, em poucas palavras: no lhes retira a capacidade de amar, sentir e desejar.

    A forma de viver a sexualidade ao longo da vida, vai-se alterando, quer pelo amadurecimento prprio do processo de envelhecimento, quer por alteraes ao nvel fisiolgico, afectivo e emocional. As diferentes fases da vida, comportam diferentes formas de viver e sentir o amor e a sexualidade.

    Amor e sexualidade na pessoa idosa

    preciso reconhecer o protagonismo da amizade, do amor e da companhia: a reciprocidade e a entrega sem limites.

    S o amor traduzido em reciprocidade e fidelidade podem preencher e dar sentido a esta ltima etapa da nossa vida.

    Para o Idoso, imprescindvel levar uma vida sexual saudvel e agradvel at ao final, acompanhado da pessoa amada, sentindo uma mo que o acaricie, que o atrai e o ama. Sendo esta a melhor razo para continuar a viver.

    O amor e a sexualidade esto sempre a postos para serem redescobertos, aprendidos e revalorizados.

    medida que a pessoa envelhece e as limitaes biolgicas aparecem, surge a necessidade de fazer um inventrio da sua vida sexual e uma avaliao das relaes sexuais mantidas at ento.

  • Obtendo como resultado a constatao de que o prazer no se reduz a uma parte do corpo, mas que todo ele participa.

    Parte do segredo est em descobrir que a expresso sexual no uma questo de fora, juventude, atletismo e produo, mas da prpria capacidade sensual, s vezes mais agradveis que as respostas genitais.

    A sexualidade humana implica duas linguagens complementares que nem sempre actuam juntas.

    A primeira linguagem demasiado imperiosa, agressiva, dura, descontrolada, de exigncias rpidas (dos jovens).

    A segunda linguagem, empreende um jogo gratuito, ldico e sem rodeios, com o nico objectivo de transmitir felicidade e recebe-la.

    So pois as pessoas idosas que devem ensinar-nos que o tacto, a carcia e a ternura, no esto vinculados ao processo de envelhecimento biolgico e, com a idade em vez de diminuir e deteriorar-se, aumentam em qualidade e necessidade para, como o melhor remdio, permitir viver com prazer e alegria.

    Os idosos devem considerar a sexualidade na sua idade como um jogo relaxante, expansivo e ocupacional do tempo de que dispem e ao qual tem direito. Por intermdio do jogo ertico livram-se do peso de todas as preocupaes provenientes da vida real. Este jogo um grande meio e uma das funes e significados da sexualidade humana.

    A carcia faz com que o idoso sinta o seu corpo como sendo valioso, desejado, atraente e querido, numa sociedade que o abandona.

    uma sensao agradvel que estimula as pessoas a aproximarem-se sem gerar de modo sistemtico a necessidade de coito. Vai-se desencadeando em todo o corpo, indo parar ao crebro, que avalia, e que depois aceita ou rejeita, a passagem aco do contexto afectivo.

    O tacto tem uma intensa conotao psquica. No uma simples sensao fsica, mas emoo e comunicao. Sentimos, amamos, detestamos e comunicamos por meio da pele. Por intermdio do tacto estabelecemos a

  • nossa primeira comunicao quando nascemos e a melhor linguagem que nos resta para falarmos no processo de envelhecimento.

    O contacto cutneo simultaneamente uma emoo, uma comunicao, algo que proporciona segurana.

    Os estmulos cutneos so essenciais e imprescindveis para a auto-realizao da pessoa idosa.

    Uma estimulao tctil cheia de ternura uma necessidade primria para aceitar de maneira activa o processo de envelhecimento e que deve ser satisfeita para que as pessoas idosas continuem a desenvolver-se como seres humanos saudveis e equilibrados (psquico e fsico).

    Como profissionais da rea da geriatria devemos ter estes factos sempre presentes e devemos dar o nosso contributo para que a sociedade, as instituies e os prprios idosos aceitem a sexualidade de uma forma mais natural e menos preconceituosa.

  • BIBLIOGRAFIA

    Manual de psicologia do idoso Teresa Ramilo, Instituto Monitor, 2000

    Manual do formador: Apoio a idosos em meio familiar Maria do Carmo Cabdo Sanches e Ftima Joo Pereira, Projecto Delfim, s.d.

    Psicologia do adulto e do idoso Helena Marchand, 2005

    Psicologia do envelhecimento do idoso Jos H. Barros de Oliveira, Legis Editora, 2005

    Psicologia do idoso Ana Castanho, Soforma formao profissional, 1999