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Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br Página1 Turma e Ano: Regular/2016 Aula: Comentários à Lei nº 8.112/90 Professor (a): Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitor (a): Bruna Pedroni Aula 16 Demissão – Parte Final Sobre o decreto citado na aula anterior: Trata-se do Decreto 3.035/99, que delega competência de atos presidenciais ao Ministro de Estado e ao Advogado Geral da União: Art.1 o Fica delegada competência aos Ministros de Estado e ao Advogado-Geral da União, vedada a subdelegação, para, no âmbito dos órgãos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional que lhes são subordinados ou vinculados, observadas as disposições legais e regulamentares, especialmente a manifestação prévia e indispensável do órgão de assessoramento jurídico, praticar os seguintes atos: I- julgar processos administrativos disciplinares e aplicar penalidades, nas hipóteses de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidores; Na União, portanto, quem demite é o Ministro de Estado ou o AGU. Efeitos da demissão: Conforme art. 137, Lei 8.112, o servidor fica incompatibilizado para nova investidura pelo prazo de 5 anos, caso demitido. Art.137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. A referência aos incisos do art. 117 são só para destituição de cargo em comissão. Então, independente do motivo, o servidor demitido ficará proibido de retornar ao serviço público federal por 5 anos. Obs.: Fala-se em serviço público FEDERAL porque é uma sanção administrativa, consagrando- se a autonomia político administrativa contida no art. 18, CRFB: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

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Page 1: Turma e Ano: Regular/2016 - Amazon S3...Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994; 6 Já no art. 3º retoma-se a contagem do prazo de onde ele parou. Prescrição intercorrente: É aquela

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Turma e Ano: Regular/2016

Aula: Comentários à Lei nº 8.112/90

Professor (a): Luiz Oliveira Castro Jungstedt

Monitor (a): Bruna Pedroni

Aula 16

Demissão – Parte Final

Sobre o decreto citado na aula anterior:

Trata-se do Decreto 3.035/99, que delega competência de atos presidenciais ao

Ministro de Estado e ao Advogado Geral da União:

Art.1o Fica delegada competência aos Ministros de Estado e ao Advogado-Geral da União, vedada

a subdelegação, para, no âmbito dos órgãos da Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional que lhes são subordinados ou vinculados, observadas as disposições legais e regulamentares, especialmente a manifestação prévia e indispensável do órgão de assessoramento jurídico, praticar os seguintes atos:

I- julgar processos administrativos disciplinares e aplicar penalidades, nas hipóteses de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidores;

Na União, portanto, quem demite é o Ministro de Estado ou o AGU.

Efeitos da demissão:

Conforme art. 137, Lei 8.112, o servidor fica incompatibilizado para nova investidura pelo

prazo de 5 anos, caso demitido.

Art.137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

A referência aos incisos do art. 117 são só para destituição de cargo em comissão. Então,

independente do motivo, o servidor demitido ficará proibido de retornar ao serviço público federal

por 5 anos.

Obs.: Fala-se em serviço público FEDERAL porque é uma sanção administrativa, consagrando-

se a autonomia político administrativa contida no art. 18, CRFB:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

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A regra, portanto, é a sanção administrativa se limitar ao ente que a aplicou. O PÚ do art. 137, Lei 8.112, impossibilita o retorno do ex servidor ao serviço público federal:

Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor qu e for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

Com o dispositivo, o servidor nunca mais poderá voltar ao serviço público na esfera federal,

pois as hipóteses em referência são gravíssimas.1

[Art. 132]

I - crime contra a administração pública;

IV - improbidade administrativa; [Rodapé: O magistrado deve ser cauteloso para não caracterizar uma

infração disciplinar como improbilidade administrativa devido a sua gravidade.]

VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;

X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI - corrupção;

A impossibilidade de voltar ao serviço público não caracteriza pena perpétua?

Isso não seria inconstitucional?

Não, pois não se trata de pena, mas sanção administrativa que só se restringe ao ente

aplicador.

Art.136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

Crime e contravenção não se incluem porque provavelmente já terão reflexo na condenação

penal.

Qual o reflexo de uma condenação penal não-funcional que um servidor pode

encarar no serviço público?

1. Se houver sursis, nenhum efeito no serviço público.

2. Em caso de condenação inferior a 4 anos é possível que o servidor

busque na própria 8.112/90 o auxilio reclusão:

Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes

1 É a chamada demissão a bem do serviço público.

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Obs.: Não há perda de cargo.

3. Em caso de condenação superior 4 anos perde-se o cargo, conforme

art. 92, I, b, CP:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada

pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4

(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

Demais penalidades funcionais:

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)3

Advertência e Suspensão

Advertência se aplica para sanções leves. Vejamos o art. 129, Lei 8.112/90:

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Pelo exposto, a advertência deve estar expressa, escrita na ficha funcional do servidor que,

conforme art. 131 da mesma lei, podem ser canceladas futuramente:

Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.

2 Não necessariamente são condenações penais.

3 O PÚ trabalha com os antecedentes do servidor.

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Já a suspensão é para sanções leves, de até 30 dias, e médias, de 30 a 60 dias, conforme art.

130, Lei 8.112/90:

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de

violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.

§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em

multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Sendo assim, ao tomar uma advertência não se pode tomar outra, indo para suspensão.

O §2º é interessante porque a suspensão de um servidor pode sobrecarregar seus colegas,

por exemplo. Dessa forma, a autoridade pode deixar de aplicar a suspensão e substituí-la por multa.

Cassação do inativo:

Ocorre nos casos puníveis com demissão, mas que envolvam servidores aposentados

ou em disponibilidade.4

Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será

aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.

Se fala em destituição porque quem preenche é um particular, o qual não tem cargo efetivo.

Lembrando que se fosse servidor de carreira em cargo em comissão o correto seria dizer

“afastamento”.

Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art.

35 será convertida em destituição de cargo em comissão.

Fica na ficha funcional, portanto.

O art. 136 traz a destituição do cargo em comissão nos casos do art. 132, já mencionados, o

que implica a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário:

Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art.

4 Como não se pode falar em demissão do inativo, ele é cassado. Porém, na prática, equivale à demissão.

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132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

Prescrição:

De acordo com a gravidade da infração, teremos um lapso temporal para impor a

sanção:

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;

II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;

III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.

§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime.

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

Sobre o § 3º: tomei uma providência, não tenho mais que me preocupar em relação à

prescrição, desde que o processo não fique paralisado e encare a prescrição intercorrente.

O § 4º Se refere a prescrição intercorrente.

A Lei 9.873/99 trabalha a regra geral da prescrição quinquenal, da prescrição punitiva do

servidor público. Então no que a Lei 8.112/90 for omissa, recorre-se à 9.873/99.

[Lei 9.873/99]

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

Prevê a regra geral da prescrição quinquenal. 5

5 A demissão também é quinquenal.

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Quando o legislador fala em exercício do Poder de Polícia ele afasta o servidor, mas o último

aparece no Poder Disciplinar. Logo, esta lei é para punir externamente e a 8.112/90, internamente.

Art. 2o Interrompe-se a prescrição da ação punitiva: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;

No item II, podemos apontar a sindicância e o processo disciplinar como analogia.

Obs.: Interrompida a prescrição, a contagem começa do zero.

Art. 3o Suspende-se a prescrição durante a vigência:

I - dos compromissos de cessação ou de desempenho, respectivamente, previstos nos arts. 53 e 58 da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994; 6

Já no art. 3º retoma-se a contagem do prazo de onde ele parou.

Prescrição intercorrente:

É aquela que o art. 1º, §1º, da lei 8.973/99 traz: 3 anos de paralisação do processo

administrativo. A prescrição intercorrente resultará no arquivamento do processo e potencial

responsabilização dos responsáveis pela perda do prazo.

§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.

O que demonstra que o processo não está paralisado?

A ocorrência de atos necessários ao andamento do processo, coisas que realmente se

justificam. Do contrário, fica clara a intenção de evitar a prescrição intercorrente com atos não muito

úteis ao processo.

Aposentadoria

No Brasil, há dois regimes de aposentadoria: o Regime Geral de Previdência social – RGPS, que

abrange o regime celetista, envolvendo o INSS. Bem como o Regime Próprio de Previdência Social –

6 Cuidado! A 8.884/94 hoje é 12.529/11, Lei do Super Cade.

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RPPS, que atinge o regime do cargo público, do servidor estatutário (é o que interessa para nossos

estudos).

A reforma da previdência que Temer está encaminhando atinge os dois regimes, mas mais o

geral. 7

Como artigos que versam sobre o tema, no regime geral temos o art. 201, CRFB. Mas como

nosso alvo é o Regime Próprio, focaremos no art. 40, do mesmo diploma.

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o dispo sto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Cada ente da federação tem o seu regime próprio de previdência social, que devem existir

concomitantemente ao seu regime único.

7 Como a Emenda 20/98, que mexeu nos dois regimes e, poster iormente, a Emenda 41/03, que alterou

apenas o Regime Próprio.