turismo de praia

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    Ministrio do TurismoSecretaria Nacional de Polticas de Turismo

    Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento TursticoCoordenao Geral de Segmentao

    Turismo de sol e praia:Orientaes Bsicas2 Edio

    Braslia, 2010

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    Presidente da Repblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da Silva

    Ministro de Estado do TurismoLuiz Eduardo Pereira Barretto Filho

    Secretrio-ExecutivoMrio Augusto Lopes Moyss

    Secretrio Nacional de Polticas do TurismoCarlos Silva

    Diretor do Departamento de Estruturao, Articulaoe Ordenamento TursticoRicardo Martini Moesch

    Coordenadora-Geral de SegmentaoSskia Freire Lima de Castro

    Coordenadora-Geral de RegionalizaoAna Clvia Guerreiro Lima

    Coordenadora-Geral de Informao Institucional

    Isabel Cristina da Silva Barnasque

    Coordenadora-Geral de Servios TursticosRosiane Rockenbach

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    Coordenao-Geral Sskia Freire Lima de Castro

    Wilken Souto

    Coordenao tcnica Marcela Souza

    Reviso tcnica Rafaela Lehmann

    Equipe Tcnica Alessandra Lana

    Alessandro Castro

    Ana Beatriz SerpaBrbara Rangel

    Cristiano Borges

    Fabiana Oliveira

    Luis Eduardo Delmont

    Priscilla Grintzos

    Salomar Mafaldo

    Consultoria contratada Marinez Scherer

    Colaborao Andr Luis Lima - Ministrio do Meio Ambiente (MMA)

    Jair Silva - Secretaria de Patrimnio da Unio (SPU/MPOG)

    Mrcia Oliveira - Ministrio do Meio Ambiente (MMA)

    Agradecimentos Instituto Ambiental Ratones (IAR)

    Ministrio do Meio Ambiente (MMA)

    Secretaria do Patrimnio da Unio/MPOG

    Prof. M. Mara Flora Lottici KrahlRosiane Rockenbach Ministrio do Turismo (MTur)

    Contatos [email protected]

    [email protected]

    agrdecemos todos que contriburm n elboro d 1 edio deste documento:

    Tnia Brizolla, Jurema Monteiro, Ana Beatriz Serpa, Ana Paula Bezerra, Carolina Juliani de Campos,

    Carolina C. Neves de Lima, Francisco John Castro Pires, Gleidson Diniz, Guilherme Coutinho, Lara

    Chicuta Franco, Milton Paulo Sena Santiago, Talita Lima Pires, Carmlia Amaral, Oneida Freire, Rosana

    Frana, Simone Scorsato

    Fch Tcnc

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    O comportamento do consumidor de turismo vem mudando e, com isso,surgem novas motivaes de viagens e expectativas que precisam ser atendidas.Em um mundo globalizado, onde se diferenciar adquire importncia a cadadia, os turistas exigem, cada vez mais, roteiros tursticos que se adaptem ssuas necessidades, sua situao pessoal, seus desejos e preferncias.

    O Ministrio do Turismo reconhece essas tendncias de consumo como

    oportunidades de valorizar a diversidade e as particularidades do Brasil.Por isso, prope a segmentao como uma estratgia para estruturao ecomercializao de destinos e roteiros tursticos brasileiros. Assim, para que asegmentao do turismo seja efetiva, necessrio conhecer profundamenteas caractersticas do destino: a oferta (atrativos, infraestrutura, servios eprodutos tursticos) e a demanda (as especificidades dos grupos de turistasque j o visitam ou que viro a visit-lo). Ou seja, quem entende melhor osdesejos da demanda e promove a qualificao ou aperfeioamento de seus

    destinos e roteiros com base nesse perfil, ter mais facilidade de insero,posicionamento ou reposicionamento no mercado.

    Vale lembrar que as polticas pblicas de turismo, incluindo a segmentaodo turismo, tm como funo primordial a reduo da pobreza e a inclusosocial. Para tanto, necessrio o esforo coletivo para diversificar e interiorizaro turismo no Brasil, com o objetivo de promover o aumento do consumo dosprodutos tursticos no mercado nacional e inseri-los no mercado internacional,

    contribuindo, efetivamente, para melhorar as condies de vida no Pas.

    A aprendizagem contnua e coletiva. Diante disso, o Ministrio do Turismodivulga mais um fruto do esforo conjunto entre poder pblico, sociedade civile iniciativa privada: as verses revisadas e atualizadas de nove Cadernos deOrientaes Bsicas de Segmentos Tursticos. Apresenta, tambm, dois novoscadernos: Turismo de Sade e Segmentao do Turismo e Mercado, que passama fazer parte desta coletnea. O objetivo difundir informaes atualizadaspara influir na percepo daqueles que atuam no processo de promoo,desenvolvimento e comercializao dos destinos e roteiros tursticos do Brasil.

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    1. INTRODUO....................................................................................... 11

    2. ENTENDENDO O SEGMENTO..............................................................132.1 Aspectos histricos ...................................................................... 13

    2.2 Conceituao e caracterizao ..................................................... 14 2.2.1 Conceituao .................................................................... 14 2.2.2 Caracterizao.................................................................... 17

    2.2.3 Principais atividades praticadas no ambiente de sol e praia......17 2.3 Estudos e pesquisa sobre o segmento .......................................... 19 2.3.1 Perfil do turista de Sol e Praia.............................................. 22 2.4 Marcos legais............................................................................... 233. BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO ..........................33 3.1 Identificao e anlise de recursos............................................... 35 3.2 Estabelecimento de parceria e formao de redes........................ 37 3.3 Envolvimento da comunidade local .............................................. 40

    3.4 Aspectos gerais para a estruturao do segmento ....................... 41 3.4.1 Gesto ambiental e territorial em praias ..............................44

    3.5 Agregao de atratividade ........................................................... 49 3.6 Acessibilidade .............................................................................. 51

    4.CONSIDERAES FINAIS...................................................................... 555.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................ 57

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    O Brasil possui cerca de 8.500 km de linha de costa e uma rica diversidadecultural e socioambiental, com uma grande rede hidrogrfica com 35.000 kmde vias navegveis e cerca de 9.260 km de margens de reservatrios de guadoce oriundos da implantao de hidreltricas. Essa combinao de atrativostursticos caracteriza uma expressiva oferta de recursos e paisagens quecomplementam um quadro de grande potencialidade para a estruturao deprodutos tursticos sustentveis e de qualidade, propiciando o desenvolvimento

    do Pas.

    Nesse conjunto amplo e complexo de ambientes aparecem s praiasnaturais martimas, fluviais e lacustres e as artificiais, sendo importante acompreenso das caractersticas e representatividade de cada uma delas parao desenvolvimento do segmento.

    As praias martimas, fluviais e lacustres so bens de valor coletivo e representamuma das bases para o investimento no turismo. Sua conservao deve ser objeto

    de ateno do setor pblico, privado e do terceiro setor. A cadeia produtivado turismo deve trabalhar de forma integrada pelo respeito ao ambiente querepresenta a base para o seu desenvolvimento. Cabe destacar, tambm, aimportncia de iniciativas de sensibilizao e conscientizao ambiental paraos turistas que usufruem das praias para o lazer e possuem papel essencialpara a manuteno de tais ambientes.

    Em virtude da preocupao do Ministrio do Turismo em desenvolver os

    ambientes naturais para fins tursticos, com base na sustentabilidade ambientale no consumo consciente, a presente publicao representa a segunda ediodo caderno de Orientaes Bsicas do Turismo de Sol e Praia, com o intuitoprincipal de difundir informaes mais recentes e atualizadas acerca dosegmento. O documento traz os aspectos histricos e conceituais relativos aosegmento, destacando as principais atividades praticadas no ambiente de Sole Praia que se inter-relacionam com outros segmentos tursticos e apresentaum panorama mais completo de legislaes ligadas ao setor.

    Este Caderno apresenta, tambm, estudos e pesquisas recentes que apontamo potencial do segmento em mbito nacional e internacional e aborda a

    1. int

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    2.1 Aspectos histricosA funo balneria aparece na Europa em meados do sculo XVIII, primeira-mente sob os princpios teraputicos do banho de mar, receitado por mdicospara aquelas pessoas que sofriam de algum mal e que tinham no ambientedas cidades um lugar insalubre. O mar, a salinidade da gua, o sol, a brisa ea paisagem martima, mesmo que ainda timidamente, surgem nesse perodocomo uma fuga para o restabelecimento fsico e mental das populaes maisnobres.1

    No sculo XIX, os espaos praianos ganham uma funo social e na Europaque a praia assume o papel de vilegiatura2 balnear, principalmente na Ingla-terra, Frana, Itlia e Espanha, por meio dos spas, do iatismo, dos bailes e dospasseios beira-mar. O processo de industrializao e melhoria dos sistemasde transporte tambm facilita o acesso s cidades litorneas e o visitante jno somente originrio de classes abastadas, a praia se populariza.

    O prestgio das reas litorneas em relao ao lazer no sculo XIX foi desta-que na rea do Mediterrneo, que passou a ser um lugar de atrao tursticamundial, inicialmente para uma demanda seletiva e, a partir da dcada de 60,do sculo XX, para um turismo massivo. Nessa dcada, o turismo comea aser considerado como um fenmeno social, com o crescimento expressivo dosfluxos tursticos nas regies litorneas.

    ainda na dcada de 60 que esse segmento amplia-se para outros continentes,surgindo, assim, os grandes destinos tursticos litorneos, como Acapulco (M-xico), Via Del Mar (Chile), Mar del Plata (Argentina), Punta Del Este (Uruguai).

    No Brasil, o processo de expanso do Turismo de Sol e Praia se consolida nosanos 70 com a construo de segundas residncias no litoral.3 O segmentosurge no Rio de Janeiro, na faixa de Copacabana, se expande para as outrasreas das regies Sudeste e Sul, posteriormente, para todo o litoral brasileiro.

    1 Corbin, 1989.2 Temporada em que habitantes da cidade passam no campo ou praia, e outros no vero; veraneio. Atualmente o termo utilizado segunda residncia.3Moraes, 1995. Os Impactos da Poltica Pblica Urbana sobre a Zona Costeira . Programa Nacional do Meio Ambiente. Braslia.

    2. entnn gnt

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    No incio da dcada de 80, o Turismo de Sol e Praia passa a ser desenvolvidojunto a margens de rios e entorno de lagos e de reservatrios interiores, sendobastante comum o emprego do termo orla para esses ambientes.

    Atualmente, merece destaque a regio Nordeste como destino de Turismo de

    Sol e Praia do Brasil,4

    principalmente por suas caractersticas climticas de sole calor o ano todo.

    2.2 Conceituao e caracterizao

    2.2.1 ConceituaoVrias acepes tm sido utilizadas para o segmento de Sol e Praia, tais comoTurismo de Sol e Mar, Turismo Litorneo, Turismo de Praia, Turismo de Balne-rio, Turismo Costeiro e inmeros outros. Diante disso e para fins de formulaode polticas pblicas, considera-se o segmento denominado como:

    Turismo de Sol e Praia constitui-se das atividades tursticas

    relacionadas recreao, entretenimento ou descanso em praias,

    em funo da presena conjunta de gua, sol e calor .5

    5

    Para melhor entendimento, fazem-se necessrias algumas explicaes:

    a) Atividades tursticasAs atividades tursticas pertinentes ao segmento Turismo de Sol e Praia socaracterizadas pela oferta de servios, produtos e equipamentos de:

    Operao e agenciamento turstico; Transporte; Hospedagem; Alimentao; Recepo e conduo de turistas; Outras atividades complementares.

    b) Recreao, entretenimento e descanso em praiasNesse caso, a recreao, o entretenimento e o descanso esto relacionados aodivertimento, distrao ou ao usufruto e contemplao da paisagem. Tam-bm para fins desse segmento turstico.

    c) Presena conjunta de gua, sol e calor

    4Segundo pesquisas de Hbitos de Consumo do Turismo do Brasileiro 2007 e 2009. Disponveis em http://www.turismo.gov.br5 BRASIL, Ministrio do Turismo. Segmentao do Turismo: Marcos Conceituais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006.

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    A combinao desses elementos constitui-se o principal fator de atratividade,ocasionada especialmente por temperaturas quentes ou amenas propcias balneabilidade.6

    d) Praias

    As praias so formadas pela rea coberta e descoberta periodicamente pelasguas, acrescida da faixa subseqente de material detrtico, tal como areias,cascalhos, seixos e pedregulhos, at o limite onde se inicie a vegetao natu-ral, ou, em sua ausncia, onde comece outro ecossistema.7

    Diante disso, de maneira mais resumida, pode-se considerar praia:

    Praia: rea situada ao longo de um corpo de gua, constituda

    comumente de areia, lama ou diferentes tipos de pedras.

    Este conceito abrange as praias martimas, fluviais e lacustres (margensde rios, lagoas e outros corpos de gua doce) e praias artificiais(construes similares s praias naturais beira de lagos, represas eoutros corpos d gua).

    vlido ressaltar que a praia rea de bem comum do povo sendo garantidoo seu livre e franco acesso a elas e ao mar. (Art. 10 da Lei n7.661/88).

    As praias brasileiras se caracterizam pela existncia da faixa de areia, mas sedistinguem uma das outras pelo relevo, pelas ondas que chegam costa enuances de cor da areia. Por suas particularidades podem ser agrupadas peloperfil de inclinao suave, intermedirio e inclinado e pelo aspecto da areia grossa, fina, compacta ou fofa ; elementos que, associados aos ventos e aextenso da plataforma continental, determinam o ritmo e o movimento deondulao das guas do mar.8

    Para melhor entendimento do ambiente de praia, faz-se necessrio compre-ender alguns conceitos dos diferentes tipos de praia, como os que seguem aseguir:

    Praias martimasAs Praias Martimas so ambientes adjacentes ao mar e que sofrem influnciadas mars e das ondas. So ambientes dinmicos em constante mudana de

    6 Balneabilidade a qualidade das guas destinadas recreao de contato primrio. Art. 2 da Resoluo do CONAMA n 274 de 29 denovembro de 2000.7 Lei n 7.661, de 16 de maio de 1988 - Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e d outras providncias.8 EMBRATUR. Plano Aquarela - Marketing Turstico Internacional do Brasil 2007-2010. Braslia: EMBRATUR, 2010: 107.

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    seus atributos fsicos e biolgicos.

    O turismo nas praias martimas responsvel pela atrao dos maiores fluxosde visitantes estrangeiros no Brasil,9 o que contribui significativamente para acaptao de divisas internacionais para o Pas.

    Praias fluviais e lacustresA formao das praias fluviais e lacustres est intimamente relacionada aotransporte e tipo de sedimentos trazidos pelos rios e aos perodos de cheiase de estiagens. Com as cheias, as praias podem desaparecer e, na estiagem,podem se tornar bem extensas e propcias para o turismo, recreao e lazer.

    No Brasil, quando cessa a poca de chuvas, em geral nos meses de maio asetembro, os rios diminuem seu volume e surgem as praias. Nesse contexto,observa-se o crescimento de atividades tursticas que trocam a gua do marpelas praias de gua doce, configurando uma tendncia mundial de apro-veitamento de alternativas de descentralizao e de diversificao da ofertaturstica.

    Praias artificiaisSo construes similares s praias naturais beira de lagos, represas e outroscorpos de gua, sendo que os procedimentos de implantao visam a dotar a

    rea com a infraestrutura necessria ao funcionamento do empreendimento,envolvendo obras de engenharia para aterramento das margens dos corposde gua.

    Como praias artificiais destacam-se os reservatrios de hidroeltricas. Apesarde o objetivo principal ser a gerao de energia eltrica, os reservatrios pos-suem tambm potencial em termos do aproveitamento das guas para turis-mo, sendo condicionado, contudo, a critrios e normas da usina e dos rgosambientais competentes, que em muitos casos esto refletidos no planeja-mento da regio, como medidas compensatrias ou de mitigao de impac-tos10 diretos e indiretos.

    Os principais usos alternativos dos reservatrios de hidroeltricas so os ba-nhos, a pesca, a navegao, a captao de gua, a recreao e lazer, que soopes que o lago oferece devido s suas caractersticas. Entretanto, quaisquerque sejam os usos, existem preocupaes em relao qualidade da gua, emtermos de coleta e destinao de resduos e de tratamento de esgoto.

    9 Vide o item Estudos e Pesquisas sobre o Segmento deste Caderno.10 Impactos: qualquer alterao benfica ou adversa causada pelas atividades, servios e/ou produtos de uma atividade natural (enchentes) ouantrpica (lanamento de efluentes, desmatamentos etc.).

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    2.2.2 CaracterizaoComo foi visto no tpico anterior, a recreao, o entretenimento e o descan-so esto ligados ao divertimento, distrao ou contemplao da paisagem.Estes aspectos se relacionam diretamente com Turismo de Sol e Praia. A com-binao desses elementos constitui o principal fator de atratividade nas praias,

    caracterizadas especialmente por temperaturas quentes ou amenas propcias balneabilidade.

    Independentemente das caractersticas de cada praia, o segmento est asso-ciado ao nmero de horas de sol anual de um determinado local, o que gerauma concentrao muito grande de turistas nacionais ou internacionais nosdestinos nas pocas de mais sol.

    Assim, o Turismo de Sol e Praia est diretamente associado gua e seus es-paos imediatos, como os principais recursos tursticos e de lazer. No entanto,seus espaos ultrapassam o segmento de Sol e Praia e associam-se tambm aatividades nuticas, de pesca, de aventura, de ecoturismo, entre outras.

    Alm das distintas caractersticas fsicas e geogrficas das praias, os destinosde Sol e Praia se diferem em seu processo de desenvolvimento ao longo doterritrio, em funo das diferentes atividades sociais e econmicas locais,ou seja, da dinmica de uso e ocupao em termos de espao e tempo. Assim,

    pode-se afirmar que as praias so espaos de multiusos, e devem ter umaabordagem que permita tratar as evidncias empricas relacionadas com asdiretrizes e estratgias contidas na documentao existente acerca do assunto,que d suporte e indica caminhos para as aes governamentais e privadasno desenvolvimento do segmento de Sol e Praia e do turismo como um todo.

    Historicamente, o segmento tem sido associado ao turismo de massa, porconcentrar um grande nmero de pessoas na mesma poca e em um s lugar.

    Apresenta altas taxas de sazonalidade,11 o que traz como consequncia umademanda concentrada nos meses de vero ou estiagem (no caso das praiasfluviais) e em perodos de frias ou feriados prolongados.

    2.2.3. Principais atividades praticadas no ambiente de sole praiaA diversidade de prticas de Sol e Praia, que muitas vezes esto relacionadas

    11Sazonalidade: caracterstica da atividade turstica que consiste na concentrao das viagens em perodos determinados (frias, feriadosprolongados) e para o mesmo tipo de regio (vero: praia, inverno: mont anha/int erior); alta e baixa temporada ou ocupao. BRASIL, Ministrio

    do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 08 Promoo e Apoio aComercializao. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007.

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    a outros segmentos, varia sob diferentes aspectos, em funo dos territriosque so praticadas, dos servios disponveis, habilidades, tipo de praia etc.Dentre as atividades possveis de serem praticadas por turistas no ambiente deSol e Praia, pode-se observar:

    Quadro 1 - Exemplos de Atividades Praticadas no ambiente do Segmento

    Atividade Descrio

    Recreao decontato primriocom a gua

    Ex: banho de mar, lago, rio; nado etc.

    Surf

    uma prtica desportiva martima, freqentemente considerada partedo grupo de atividades denominadas esportes radicais, dado o seu as-pecto criativo, cuja proficincia verificada pelo grau de dificuldade dosmovimentos executados ao acompanhar o movimento de uma onda domar sobre uma prancha, medida que esta onda se desloca em direo praia. Ex: Surf, Skimboard, Bodyboard, Stand Up Paddle, etc.

    Kitesurf

    um esporte aqutico que utiliza uma pipa (tambm conhecida comopapagaio) e uma prancha com uma estrutura de suporte para os ps.A pessoa, com a pipa presa cintura, coloca-se em cima da prancha e,sobre a gua, impulsionada pelo vento que atinge a pipa. Ao control-lo, atravs de uma barra, consegue-se escolher o trajeto e realizar saltos.

    Windsurf

    O windsurf, ou prancha a vela, praticado com uma prancha idntica prancha de surf e com uma vela entre 2 e 5 metros de altura e consisteem planar sobre a gua utilizando a fora do vento.

    Mergulho

    uma prtica que consiste na explorao subaqutica, utilizando-se ouno de equipamentos especiais. Ex: livre, autnomo, dependente, flutu-

    ao, etc. O mergulho uma atividade normalmente considerada comoturismo de aventura ou ecoturismo e, na maioria dos casos, so realiza-dos no ambiente de Sol e Praia.

    Atividades comEquipamentosNuticos

    Atividades relativas ao mar, lago, rio, e/ou praticadas nas reas marti-mas, lacustres ou fluviais, com auxlio de equipamentos nuticos. Ex:Passeios de barco,jet ski, banana boat, caiaque, lancha, esqui-aqutico,etc.

    Atividades

    esportivas erecreacionais(areia)

    Todas as atividades esportivas e recreacionais praticadas na parte ter-restre da orla. Ex: banhos de sol, caminhadas, frescobol, vlei de praia,futevlei, futebol de areia etc.

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    Como se pode observar, no ambiente de Sol e Praia, possvel realizar umagrande diversidade de atividades que, tendo em vista as caractersticas trans-versais do segmento, abrange tambm atividades de outros segmentos tu-rsticos, como o Turismo Nutico, o Ecoturismo, o Turismo de Aventura e oTurismo de Pesca.

    Cabe ressaltar, ainda, que a demanda de turistas que viaja com a motivaoprincipal de visita a praias, muitas vezes, agrega a seu roteiro outras atividadesfora desse ambiente, como a visita a monumentos histricos, feiras de artesa-nato, restaurantes tpicos e manifestaes artsticas e culturais. Assim, permiteque um destino diversifique ainda mais a sua oferta turstica, apresentandoas diversas possibilidades de contato e de conhecimento da cultura local e dadiversidade da fauna e da flora existentes.

    2.3 Estudos e pesquisa sobre o segmentoSegundo dados da Organizao Mundial do Turismo (apudPlano Aquarela2007-2010:107), a regio do Mediterrneo, composta por um grupo de 24pases da Europa, frica e Oriente Mdio o principal destino turstico domundo, tendo registrado anualmente quase 100 milhes de chegadas de tu-ristas internacionais de Sol e Praia. A Espanha, em conjunto com a Itlia, aGrcia, a Frana e a Turquia representam 85% desse volume.

    No entanto, esses territrios tursticos costeiros tradicionais de proximidadecomo o Mediterrneo (para os europeus), o Caribe (para os americanos), oHava (para americanos e japoneses) esto alcanando uma fase de maturida-de ou saturao, em funo da rapidez e facilidades da viagem. crescentea tendncia entre os turistas dos principais mercados emissores em procuraralternativas para frias em praias consideradas exticas, distantes de seusroteiros habituais.

    Em relao ao mercado mundial para o segmento de Sol e Praia a OMT apontaas seguintes tendncias para as primeiras duas dcadas do sculo XXI: 12

    Destinos de Sol e Praia distantesEstima-se que nos prximos anos a busca por viagens lugares de Sole Praia distantes tenha um crescimento superior mdia geral. Taisdestinos esto aos poucos substituindo os destinos tursticos costeirosconsiderados tradicionais, estabelecidos h bastante tempo, os quaisesto cada vez mais alcanando uma fase de saturao, adquirindo

    12 Elaborado com base no Plano Aquarela - Marketing Turstico Internacional do Brasil 2007-2010. O Plano tem como objetivoimpulsionar o turismo internacional no Brasil, incrementando o nmero de turistas estrangeiros no pas e a conseqente ampliao de entradade divisas. Disponvel em http: //www.turismo.gov.br

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    uma imagem de antiquados e defasados. Esta imagem motiva a queo turista busque os destinos mais distantes, considerados exticos.

    Destino de Sol e Praia de boutique um tipo de Turismo de Sol e Praia em que os turistas buscam

    destinos com instalaes sofisticadas, mas em lugares mais tranquilose menos desenvolvidos, que preservam mais a sua identidade local.Tal segmento produz um volume menor de turistas, mas de alto nvelsocial e econmico. Embora as caractersticas e singularidade do lugarsejam importantes, so os servios e equipamentos de qualidadeagregados aos atrativos que melhor caracterizam tais produtos. Opotencial do mercado europeu para este tipo de Turismo de Sol e Praia considerado hoje em 5 milhes de turistas, ou mais de 50 milhesde pernoites.

    Viagem (ou frias) combinadasTrata-se de viagem que devem combinar o componente Sol e Praia,mais uma visita turstica de interesse especial, como turismo culturalou ecoturismo. A escolha do destino est condicionada em funoda concentrao de oferta (diversidade) e singularidade (atrativosespecficos do destino), para reforar os conhecimentos sobre o lugare a possibilidade de experincias nicas.

    NaturismoA International Naturism Federation (INF) define o naturismo comoum modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pelaprtica do nudismo coletivo; observando condutas de auto-respeito,respeito pelos outros e pelo meio ambiente. Segundo a INF existematualmente cerca de mil centros e clubes de naturismo em todo omundo. O clima tropical, as caractersticas geogrficas e a extensoda costa brasileira, fazem do pas um destino privilegiado para ospraticantes do naturismo. Segundo a Federao Brasileira de Nudismo

    existem atualmente cerca de 250 mil naturistas no pas e 10 praiasoficiais de naturismo, com legislao prpria e proteo aos usuriose mais de 30 praias em que a prtica do naturismo eventual, nessecaso so praias desertas que proporcionam privacidade aos banhistas.

    Neste contexto o Brasil se destaca como destino de grande potencialidadepara competir neste mercado. A extensa costa brasileira, em funo das dife-renas climticas e geolgicas, abriga um rico mosaico de paisagens e ambien-tes, recortada por centenas de praias. Praias que se diferenciam pelo cenrio,

    determinado pela geografia, cor da gua, textura e colorao das areias, ma-rs, esturios, ilhas, manguezais, restingas, dunas, falsias, costes rochosos

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    e recifes de corais.

    Com predominncia de sol durante todo o ano, a costa brasileira banhadapor guas quentes que ocupam grande parte das bordas tropicais e subtropi-cais do Atlntico Sul Ocidental e ventos brandos que garantem a tranqilidade

    de banhistas e adeptos de prticas esportivas como o mergulho, o surfe e avela. A diversidade da fauna e da flora litornea, a preservao de extensasfaixas da regio costeira e a existncia de praias isoladas e desertas permite acombinao do segmento de Sol e Praia com atividades prprias de ecoturis-mo, por exemplo.

    Segundo diversas pesquisas realizadas no mbito do turismo, o Segmento deSol e Praia merece destaque nos mercados nacional e internacional. Ainda deacordo com o Plano Aquarela, o turismo e o lazer destacaram-se (70%) comoprincipal motivao da viagem ao Brasil em 2004 e 2006. Dentre o lazer, demodo geral, ainda com base nesses dois anos, os principais aspectos moti-vadores da visita ao Brasil foram s belezas naturais, a diversidade brasileirae o povo e a cultura popular, sendo o item praia martima especificamente,representante de 31% e 37%, respectivamente. Assim, estes itens so constan-temente utilizados nas campanhas promocionais para sensibilizar os turistaspara viajar ao Brasil.

    Na anlise dos produtos ofertados pelo trade internacional em seus catlogosimpressos, possvel identificar a liderana dos produtos do Segmento Sol ePraia como os mais ofertados na maioria dos pases analisados, como Argen-tina, Chile, Frana e Portugal.

    Pesquisas sobre a demanda turstica internacional13 apontam que 60,4% dosturistas tm como motivao das viagens a lazer o Turismo de Sol e Praia.

    No Brasil, segundo as pesquisas de Hbitos de Consumo do Turismo do Bra-sileiro14 (FIPE/MTur), a predileo por roteiros de praias foi destaque dentre asprincipais opinies sobre a escolha de servios e produtos tursticos. Dentre osclientes atuais aqueles que compraram servios de turismo em pacotes ouem partes nos ltimos dois anos 64% e 64,9% elegeram como roteiro prefe-rido s praias brasileiras, em 2007 e 2009, respectivamente.

    Dentre os motivos da escolha de um destino turstico, interessante observarque a praia aparecia em primeiro lugar em 2007 com 31%, seguida por beleza

    13 BRASIL, Embratur; FIPE. Estudo da Demanda Turstica Internacional 2005-2007. Disponvel em http: //www.turismo.gov.br14 BRASIL, Ministrio do Turismo; FIPE. Hbitos de Consumo do Turismo do Brasileiro. Braslia, 2007 e 2009 . Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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    natural (29%) e histria, arte e cultura (10%). J em 2009, o principal motivofoi beleza natural com 33,9%, seguido pelas praias (21,2%), cultura locale populao (13,2%) e perfil do local (12,5%). Assim, importante destacarque, apesar de ter a praia como uma das principais motivaes para a escolhade um destino, o turista hoje em dia tambm procura por outras atividades

    que agreguem valor a este atrativo. Quanto mais atrativos diferenciados odestino possuir, maior diversidade e quantidade de visitantes poder atrair.Importante tambm ressaltar que, se o destino de Sol e Praia aliar a belezanatural e respeito cultura local a sua oferta, a possibilidade de ser um grandeatrativo ampliada.

    Ainda de acordo as duas ltimas pesquisas de Hbitos de Consumo do TuristaBrasileiro (2007 e 2009) citadas, a regio Nordeste do Brasil se destaca. 33%e 37,4%, respectivamente, dos turistas que viajaram nos ltimos dois anos es-colheram o Nordeste. Dentre os turistas que pretendem viajaram nos prximosdois anos, 60% e 54,6%, respectivamente, elegeram a regio como destinoturstico pretendido de sua prxima viagem.

    Hoje j possvel observar destinos tursticos que, mesmo tendo o Segmentode Sol e Praia como o principal indutor da vinda dos turistas, oferecem tam-bm atividades, por exemplo, de turismo cultural, como visita a monumentoshistricos, participao em eventos de natureza religiosa e manifestaes po-

    pulares, artesanato e gastronomia local. A oferta de atividades nuticas e depesca tambm pode ser agregada, bem como a visita para outros atrativosnaturais, contemplando atividades de caminhadas e trilhas.

    Para o desenvolvimento do segmento, outro ponto importante entenderos princpios bsicos da escolha de um destino entre os diferentes grupos deconsumidores, caracterizando assim as necessidades, desejos e satisfaes decada grupo, de forma detalhada.

    2.3.1 Perfil do turista de Sol e PraiaEstabelecer um perfil nico do turista de Sol e Praia um desafio, j que estesegmento est associado a uma rede de atividades e dinmicas distintas aolongo do territrio.

    importante entender os princpios bsicos da escolha do destino entre osdiferentes grupos de consumidores, caracterizando assim as necessidades, de-sejos e satisfaes de cada grupo, de forma detalhada.

    O que se percebe so algumas caractersticas comuns aos turistas e usurios da

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    praia motivados pelo desejo de descanso, prticas esportivas, diverso, novasexperincias e busca de vivncias e interao com as comunidades receptoras.

    Alguns estudos gerais apontam que o turismo no litoral especialmente sensvel variao da renda dos consumidores, na medida em que o aumento de renda

    do turista significa um incremento na sua demanda por esse tipo de lugar.

    O Brasil no possui estudos especficos que apontem o perfil do turista de Sole Praia, porm, as caractersticas fsicas e a oferta de servios de um destinopodem vir a indicar o tipo de freqentador do mesmo. Assim, praias de maraberto, com ondas, muitas vezes so procuradas pelo pblico jovem e espor-tista, enquanto que aquelas de enseadas e baas tero famlias como pblicoprincipal. Da mesma forma, praias de rios e reservatrios atraem diferentesturistas.

    A qualidade e tipos de servios e infraestrutura presentes nas praias tambmpodem vir a influenciar no perfil do turista que a freqenta. Por exemplo, aqualidade, quantidade e tipo de hospedagem disponvel.

    2.4 Marcos legaisA base legal que incide no Turismo de Sol e Praia est associada a aspectosde gesto patrimonial, ordenamento territorial, gesto de recursos hdricos,

    gesto da zona costeira e da orla martima, gesto ambiental, os quais sodetalhados nos itens a seguir. As atividades do Turismo de Sol e Praia desen-volvem-se, de forma geral, em reas consideradas de preservao permanentee ecologicamente frgeis, devendo, portanto, ter uma gesto adequada demaneira a evitar e/ou minimizar impactos.

    A importncia das zonas costeiras e sua fragilidade frente aos desequilbriosprovocados pela ao humana assumem no incio deste sculo proporescada vez maiores e passam a ser a preocupao em escala mundial. O adven-to do aquecimento global e a constante ameaa do aumento em volume dasguas ocenicas repercutem na sustentabilidade das zonas costeiras e, princi-palmente, na sobrevivncia das praias.

    O conceito de zona costeira e as preocupaes internacionais com esse am-biente remontam da dcada de 70. Diversas discusses e conferncias j foramrealizadas em mbito internacional, culminando com um captulo15 especialsobre o tema na Agenda 21. As discusses e a documentao internacional

    15 Captulo 17 - Dispe sobre a proteo dos oceanos, de todos os tipos de mares inclusive mares fechados e semifechados e das zonascosteiras, e proteo, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos.

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    tiveram um papel significativo na construo de normas para o uso do espaolitorneo.

    O Brasil possui um arcabouo normativo bastante importante no que se re-fere ao uso, ocupao e conservao do solo na zona costeira e em reas

    adjacentes a corpos de gua. A seguir so apresentadas algumas legislaesrelacionadas ao segmento.

    Quadro 2 Legislao e dispositivos legais relacionados ao Segmento16,17

    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    LegislaoTurstica

    Lei no 11.771,de 17 deSetembro de2008.

    Poltica Nacional de Turismo16 - define as atribuies do

    Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e es-tmulo ao setor turstico, tendo como um de seus objetivosdesenvolver, ordenar e promover os diversos segmentostursticos; alm de propiciar a prtica de turismo susten-tvel nas reas naturais, promovendo a atividade comoveculo de educao e interpretao ambiental e incenti-vando a adoo de condutas e prticas de mnimo impactocompatveis com a conservao do meio ambiente natural.No que se refere prestao de servios tursticos de modogeral, aplicam-se alguns dispositivos legais pertinentes a

    operao e ao agenciamento turstico emissivo e receptivo,a meios de hospedagem, guiamento, transporte, eventosetc. Assim, disciplina a prestao de servios tursticos, ocadastro,17 a classificao e a fiscalizao dos prestadoresde servios tursticos.

    16 Disponvel em http: //www.turismo.gov.br17 O cadastro pode ser realizado por meio do endereo eletrnico do CADASTUR http: //w ww.cadastur.turi smo.gov.br

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    DocumentosInternacio-naisDestacados

    Lei de Gesto daZona Costeira

    dos EUA 1972

    Instrumento legal pioneiro na matria de gesto e con-

    servao das zonas costeiras.

    Declarao de1972 -Conferncia deEstocolmo

    Define o Programa dos Mares Regionais do PNUMA comouma tentativa de gesto do meio ambiente ou gesto in-tegrada das atividades humanas com impacto no meio am-biente.

    Resoluo 29/73- Conselho da

    Europa

    Todo desenvolvimento das zonas litorneas deveria serprecedido de regulamentao: limites para reas edifica-das, subordinao das licenas para construo, princpiodo livre acesso s margens do mar, regulamentao da ex-

    plorao dos recursos naturais e adoo de um sistema decontrole de qualidade da guas costeiras.

    Resoluo161/76

    Conselho da Organizao para a Cooperao e o Desen-volvimento Econmico (OCDE) visa proteo eficaz daszonas costeiras contra os riscos originados da urbanizaoe industrializao.

    Resoluo 1/81- Carta Europiado Litoral

    Aborda os problemas do desenvolvimento das regiescosteiras e ilhas, enfatizando a proteo e o desenvolvi-mento do litoral.

    Agenda 21- Rio 92

    Na Seo II, que trata da Conservao e Administrao deRecursos para o Desenvolvimento, o Captulo 17 se dedicaa Proteo dos oceanos, mares e reas costeiras e seusrecursos.

    Programa deAo Globalde Proteodos AmbientesMarinhos de

    Fontes Baseadasem Terra doPNUMA (2000)

    Reforou o Programa de Mares Regionais ao focar as fontesde contaminao de origem terrestre e orientar um planode atuao conjunta do Brasil, Uruguai, Argentina e Para-

    guai.

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    Recursoshdricos ebalneabili-

    dade

    Lei no 7.661

    de 16 de maiode 1988

    Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) - O Bra-sil aparece como um das naes que possui uma legislao

    especfica para a Gesto Costeira, norteando o uso dos es-paos litorneos e instituindo o PNGC.

    Decretono 5.300/2004

    Regulamenta a Lei no 7.661 de 16 de maio de 1988 - definenormas gerais visando a gesto ambiental da zona costeirado pas, estabelecendo as bases para formulao de polti-cas, planos e programas federais, estaduais e municipais.Classificao da orla martima - define normas gerais visan-do gesto ambiental da zona costeira e orienta como sed a classificao da orla martima em trs classes, segundo

    critrios como seu processo de urbanizao e as atividadescompatveis com a preservao e conservao das carac-tersticas e funes naturais da orla martima.

    Constituioda RepblicaFederativa doBrasil de 1988.

    Elenca como bens pertencentes Unio as praias flu-viais e martimas. Define tambm a Zona Costeira comoPatrimnio Nacional, assegurando que sua utilizao sedar dentro de condies que assegurem a preservaodo meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursosnaturais.

    Lei no9.433/1997

    Poltica Nacional de Recursos Hdricos institui a poltica,cria o Sistema Nacional de Recursos Hdricos e d outrasprovidncias, a partir do Cdigo de guas (Decreto no24.643/1934). Os seus dispositivos regulamentam o uso ea classificao das guas brasileiras, definindo o contedomnimo necessrio aos Planos de Recursos Hdricos.

    Lei no 9.984,de 17 de julhode 2000

    Dispe sobre a criao da Agncia Nacional de guas (ANA),entidade federal de implementao da Poltica Nacional deRecursos Hdricos e de coordenao do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hdricos.

    ResoluoCONAMA no274 de 29 denovembro de2000

    Dispe sobre padres de balneabilidade.

    ResoluoCONAMA no341, de 25 desetembro de

    2003

    Dispe sobre critrios para a caracterizao de atividades ouempreendimentos tursticos sustentveis como de interessesocial para fins de ocupao de dunas originalmente des-providas de vegetao, na Zona Costeira.

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    Recursoshdricos e

    balneabili-dade

    ResoluoCONAMA no357, de 17 demarode 2005

    Dispe sobre a classificao dos corpos de gua e diretrizesambientais para o seu enquadramento, bem como esta-

    belece as condies e padres de lanamento de efluentese d outras providncias.

    Territriomartimo

    DecretoLei no 9.760,de 5 de setem-bro de 1946e Lein 9.636, de 15

    de maio de1998

    Patrimnio da Unio (bens imveis da Unio) - convm sa-lientar os terrenos de marinha.18 Com o avano das cinciasnaturais e entendimento da dinmica costeira por um lado,e de outro lado, com o povoamento intenso e desordena-do do litoral, as reas de terrenos de marinha necessitamdesempenhar funes pblicas de proteo a natureza.19Assim, ao definir ocupaes, equipamentos e usos de reas

    deve-se atentar para as restries legais e normas aplicveis,principalmente nos bens da unio, nas reas de uso comumdo povo e nas reas de Preservao Permanente.

    Lei no 8.617, de4/1/1993

    Dispe sobre o mar territorial, a zona contgua, a zonaeconmica exclusiva e a plataforma continental brasileiros.

    Ordenamen-to do solo

    Lei no 6.766, de19 de dezembrode 1979.

    Dispe sobre o parcelamento do solo urbano e d outrasprovidncias.

    Lei Federalno 10.257 de10 de julhode 2001

    Estatuto das Cidades - estabelece normas de ordem pblicae interesse social que regulam o uso da propriedade urbanaem prol do bem coletivo, da segurana e do bem-estardos cidados, bem como do equilbrio ambiental. Esta-belece como diretrizes a ordenao e controle do uso dosolo, de forma a evitar, entre outros, seu parcelamento, aedificao, o uso excessivo ou inadequado em relao in-fra-estrutura urbana, a poluio e a degradao ambiental.

    Decreto no4.297, de 10 de

    julhode 2002

    Zoneamento Econmico Ecolgico (ZEE) - estabelece os

    critrios para a implementao do zoneamento.

    1819

    18 rea em profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para a parte de terra, da posio da linha do preamar mdio de 1831,os situados no continente, na costa martima e nas margens dos rios e lagos, at onde se faa sentir a influncia das mars e os quecontornam as ilhas situadas em zona onde se faa sentir a influncia das mars. - Art. 2 do Decreto-lei n 9760, de 05.09.1946.19 LEME MACHADO, 1995.

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    Educaoambiental

    Lei no 6.938,de 31 de agostode 1981

    Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente.

    Lei no 9.795,de 27 de abrilde 1999

    Dispe sobre a educao ambiental, institui a Poltica Na-cional de Educao Ambiental e d outras providncias.

    Fauna

    ResoluoCONAMA no 09,de 24 de outu-bro de 1996

    Estabelece corredor de vegetao e rea de trnsito fauna.

    ResoluoCONAMA no 10

    de 24 de outu-bro de 1996.

    Regulamenta o licenciamento ambiental em praias onde

    ocorre a desova de tartarugas marinhas.

    Flora

    Lei no 4.771, de15 de Setembrode 1965.

    Cdigo Florestal - trata das florestas existentes no territrionacional e as demais formas de vegetao reconhecidas deutilidade s terras que revestem. Em suas disposies apre-senta os critrios para definio de reas de preservaopermanente, como a obrigatoriedade de preservao dasreas especificadas onde se desenvolve ou pretende desen-volver atividades tursticas.

    Lei no 11.284,de 02 de marode 2006

    Dispe sobre a gesto de florestas pblicas para a produosustentvel e institui, na estrutura do Ministrio do MeioAmbiente, o Servio Florestal Brasileiro (SFB) e o Fundo Na-cional de Desenvolvimento Florestal (FNDF).

    Lei no 11.428,de 22 de dezem-bro de 2006

    Dispe sobre a utilizao e proteo da vegetao nativa doBioma Mata Atlntica e d outras providncias.

    reas dePreservao

    Permanente,Unidadesde Con-servao,Biodiversi-dade

    Lei no 7.754, de14 de abril 1989

    Estabelece medidas para proteo das florestas existentesnas nascentes dos rios e d outras providncias.

    Decreto no99.274, de 06de junho de1990

    Regulamenta a Lei no 6.902/1981 e a Lei no 6.938/1981,que dispem, respectivamente, sobre a criao de EstaesEcolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a PolticaNacional do Meio Ambiente e d outras providncias.

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    reas dePreservaoPermanente,Unidadesde Con-servao,Biodiversi-

    dade

    Resoluo doCONAMA de 20de maro de2002

    reas de Preservao Permanente (APP) - define como reasprotegidas, cobertas ou no por vegetao nativa, com afuno ambiental de preservar os recursos hdricos, a pai-sagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxognico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas. No contexto dos destinosde sol e praia, APPs so aquelas reas situadas ao longodos rios ou de qualquer curso de gua em largura varivel,dependendo da largura do rio; ao redor das lagoas, lagosou reservatrios dgua naturais ou artificiais; ao redordas nascentes; no topo de morros, montes, montanhas eserras; nas encostas com declividade superior a 45; nas

    restingas; nas dunas; nos locais de refgio ou reproduode aves migratrias; nos locais de refgio ou reproduode exemplares da fauna ameaadas de extino; ou aindanas praias, em locais de nidificao e reproduo da faunasilvestre.

    Lei no 9.985, de18 de Julho de2000 e Decretono 4.340, de 22de agosto de2002.

    Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza(SNUC) e Decreto de regulamentao - estabelecem crit-rios e normas para a criao, implantao e gesto dasUnidades de Conservao, nas suas categorias de ProteoIntegral e de Uso Sustentvel. Alm dos princpios de or-

    ganizao espacial, o SNUC contempla, entre suas dire-trizes, a promoo da educao e interpretao ambien-tal, da recreao em contato com a natureza e do turismoecolgico.

    Decretono 1.992/1996

    Reservas Particulares do Patrimnio Natural (RPPN) - esta-belece meios para que as propriedades privadas possamconservar ou preservar locais de relevante beleza cnica ourepresentaes de condies naturais primitivas ou recu-peradas. Define RPPN20 e estabelece que o seu objetivo aproteo dos recursos ambientais da regio.

    Lei no 11.284 de02 de maro de2006

    Dispe sobre a gesto de florestas pblicas para a produosustentvel; institui, na estrutura do Ministrio do MeioAmbiente, o Servio Florestal Brasileiro (SFB); cria o FundoNacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF); altera as Leisnos 10.683/03, 5.868/72, 9.605/98, 4.771/65, 6.938/81 e6.015/73 e d outras providncias.

    20

    20 rea de domnio privado a ser especialmente protegida, por iniciativa de seu proprietrio, mediante reconhecimento do Poder Pblico,por ser considerada de relevante importncia pela sua biodiversidade, ou pelo seu aspecto paisagstico, ou ainda por suas caractersticasambientais que justifiquem aes de recuperao.

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    LegislaoPrincipais

    InstrumentosLegais

    Escopo

    Stiosarque-

    olgicos,Cavidadessubterrnease patrimnioHistrico eCultural

    Lei no 3.924,de 26 de julho

    1961

    Dispe sobre os monumentos arqueolgicos e pr-histri-cos.

    Decreto no3.551, de 04 deagosto de 2000

    Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imate-rial que constituem patrimnio cultural brasileiro, cria oPrograma Nacional do Patrimnio Imaterial e d outrasprovidncias.

    SaneamentoLei no 11.445,de 05 de janeirode 2007

    Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bsico;altera as Leis nos 6.766/79, 8.036/90, 8.666/93, 8.987/95;revoga a Lei no 6.528/78 e d outras providncias.

    Preveno

    de Impactose licen-ciamentoAmbiental

    Lei no 9.966, de28/3/2000

    Dispe sobre a preveno, o controle e a fiscalizao dapoluio causada por lanamento de leo e outras substn-cias nocivas ou perigosas em guas sob jurisdio nacionale d outras providncias.

    ResoluoCONAMA no269 de 14 desetembro de2000

    Regulamenta o uso de dispersantes qumicos em derramesde leo no mar.

    Resoluo

    CONAMA no377 de 09 deoutubro de2006

    Dispe sobre licenciamento ambiental simplificado de siste-mas de esgotamento sanitrio.

    ResoluesCONAMAno 001/86e 237/97

    Dispem, respectivamente, sobre o procedimento para ex-igncia do Estudo e Impacto Ambiental (EIA) juntamentecom o Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA) e o licencia-mento ambiental como regra geral, de forma simplificada.

    Decreto Federal

    no

    4.136, de 20de fevereiro de2002

    Dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s in-fraes s regras de preveno, controle e fiscalizao dapoluio causada por lanamento de leo e outras substn-cias nocivas ou perigosas em guas sob jurisdio nacional,prevista na Lei no 9.966/00 e d outras providncias.

    No tocante a legislao ambiental, devem tambm ser considerados os do-cumentos do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), do ConselhoNacional de Recursos Hdricos (CNRH), da Comisso Interministerial para osRecursos do Mar (CIRM), as leis e decretos que regulamentam, reconheceme protegem o direito a terra e demais dispositivos relativos s comunidadesindgenas, quilombolas, ribeirinhas e outras, alm das legislaes de m-bito estadual e municipal que incidem sobre o segmento que podem ser

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    encontradas nas respectivas Cmaras Legislativas.

    Por fim, uma lei que merece destaque a Lei no 8078, de 11 de setembro de1990, que institui o Cdigo de Defesa do Consumidor, estabelece uma sriede direitos ao consumidor em relao qualidade do produto ou servio, ou

    seja, o direito ao princpio da qualidade; o direito do consumidor de ser infor-mado sobre as reais caractersticas dos produtos e servios, ou seja, o direitoao princpio da transparncia; e, por ltimo, a norma d proteo contratualao consumidor ou o direito ao princpio da proteo contratual.

    O Cdigo do Consumidor deu nova redao a vrios dispositivos da Lei no

    7.347, de 24/07/1985, que previne ao de responsabilidade por danos cau-sados ao meio ambiente (art. 1, I). Com o entrosamento entre as duas leis, odireito de defesa dos consumidores e das vtimas poder ser exercido em juzo,individualmente, ou a ttulo coletivo. A defesa coletiva ser exercida quandose tratar de interesses, ou direitos difusos, entendida como os trans-indivi-duais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadase ligadas por circunstncias de fato (art. 81, pargrafo nico, I do Cdigo).

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    As caractersticas apresentadas e a base legal comentada anteriormente soinsumos para o desenvolvimento do Turismo de Sol e Praia, pois de um ladoconfiguram os fundamentos tcnicos e institucionais propcios integrao e,de outro, as regras gerais e especficas que incidem sobre o segmento.

    O Brasil possui em sua zona costeira cerca de 400 municpios,21 e segundo o

    ltimo Censo do IBGE

    22

    neles habitam uma populao em torno de 34 milhesde habitantes. No perodo de vero, alguns destes municpios podem ter suapopulao quadriplicada.

    Esse movimento, muitas vezes, implica em problemas para o destino turstico,uma vez que o aumento repentino do nmero de habitantes nem sempre acompanhado pela infraestrutura urbana necessria. H tambm ocasiesem que os equipamentos tursticos superdimensionados, como por exemplo,meios de hospedagem, ficam ociosos na maior parte do ano. Esse fato pode

    ocasionar problemas de saneamento bsico, na malha viria, na segurana, naprestao de servios, na rede hoteleira, entre outros.

    Outro problema comum a destinos tursticos de Sol e Praia so as deficinciasem saneamento bsico, pois a contaminao do solo e das guas trazpossveis danos para a sade humana e para a qualidade ambiental,como a contaminao e a intoxicao provocada pelas cianotoxinas23 eas micoses originadas do contato com areia contaminada. Assim, torna-

    se importante a sinalizao das praias para informar no s a qualidadeda gua, mas tambm as necessrias condies de segurana, acesso,qualidade das areias, entre outros.

    Observa-se ainda uma tendncia voltada implantao de resorts24 e de

    21 Dados do Ministrio do Meio Ambiente, Gesto Costeira e Marinha, 2009.22 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, 2000, http://www.ibge.gov.br23 Toxina produzida por um grupo de organismos aqutico denominados Cianobactrias, do qual as Algas Azuis fazem parte. Essas toxinas,quando produzidas em grande quantidade, podem ser altamente prejudiciais sade humana, ocasionando tambm mortandade de

    peixes e outros animais.24Resort um empreendimento hoteleiro de alto padro em instalaes e servios, fortemente voltado para o lazer em rea de amploconvvio com a natureza, na qual o hspede no precise se afastar para atender s suas necessidades de conforto, alimentao, lazer eentretenimento. Disponvel em: http://www.resortsbrasil.com.br

    3. Bases para o desenvolvimentodo segmento

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    condomnios vinculada a uma poltica imobiliria de crescimento, ou seja, aloteamentos e a vendas de glebas25 de terras litorneas. Esse ritmo de ocupaodesconsidera muitas vezes a comunidade local e afeta ambientes significativosde suporte/proteo orla martima, como os manguezais, as matas derestinga, os recifes de corais, entre outros considerados de alta fragilidade e

    alta produtividade biolgica.

    Nesse contexto, vale destacar as tendncias internacionais de valorizao daqualidade ambiental das praias, com o reconhecimento de esforos de di-versas entidades para a melhoria do ambiente marinho, costeiro, fluvial oulacustre, por meio do cumprimento de critrios de certificao, que incluemeducao, informao, gesto ambiental, de segurana e equipamentos.

    Diante disso, ressalta-se a importncia da gesto e do planejamento para oTurismo de Sol e Praia. fundamental o acompanhamento e a monitoria dofluxo de visitantes dos produtos tursticos e do destino como um todo, deforma a definir estratgias de diversificao da oferta e distribuio do fluxode visitantes entre produtos e atrativos tursticos de um mesmo destino ou re-gio. O trabalho integrado entre os setores pblico, privado e a sociedade civilorganizada tambm essencial, para uma definio do posicionamento dodestino para o mercado e adoo em conjunto as estratgias para a realizaodo turismo de forma sustentvel e benfica para o prprio destino.

    Empreendimentos e localidades planejados e que levem em conta as particu-laridades sociais e ambientais de cada praia podem ser vetores de desenvol-vimento sustentvel.26 O desenvolvimento do turismo pode colaborar para aconservao dos recursos naturais e culturais, desde que realizado de formaorganizada e com planejamento. At mesmo a recuperao do ambiente podeser impulsionada caso sejam adotadas medidas mitigadoras e regulatrias.Cabe ressaltar, alm das implicaes ambientais, seu poder de contribuir paraa circulao de capital, possibilitando o desenvolvimento econmico de umaregio e a gerao de emprego e renda, o que implica a conseqente melhoriae manuteno da qualidade de vida das comunidades receptoras.

    Ressalta-se, ainda, que o Turismo de Sol e Praia quando realizado da formaadequada, permite um retorno social e econmico para a comunidade en-volvida, promove a educao ambiental27 e utiliza de forma sustentvel seus

    25 Solos cultivveis.26 Para saber mais sobre desenvolvimento turstico sustentvel vide o Caderno do Programa de Regionalizao do Turismo: Contedo

    Fundamental Turismo e Sustentabilidade, disponvel em http://www.turismo.gov.br.27 De acordo com o Art. 1 da Lei n 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por educao ambiental os processos, por meio dos quaiso indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservaodo meio ambiente.

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    recursos, o que, alinhados a uma gesto responsvel, polticas e diretrizes efi-cientes, entre outras ferramentas, garante s geraes futuras os mesmos be-nefcios e belezas naturais desfrutados atualmente.

    3.1 Identificao e anlise de recursos

    Para desenvolver as potencialidades tursticas de uma regio, imprescindvelque haja planejamento. Assim, o levantamento de informaes tursticas eno tursticas, dentro dos processos de planejamento e gesto, fundamentalpara a elaborao de um pensamento estratgico sobre aquilo que se preten-de em relao ao destino trabalhado. Ou seja, para que se possa identificar aviabilidade para o desenvolvimento do Turismo de Sol e Praia em uma regio preciso conhecer os espaos e recursos naturais que podero potencializar asatividades desenvolvidas a partir da gua, do sol e calor, em associao com asestruturas, os servios tursticos e de apoio existentes nas regies.

    Com o intuito de buscar informaes acerca da regio, uma estratgia reco-mendada a inventariao da oferta turstica,28 que compreende o levanta-mento, a identificao e o registro dos atrativos, dos servios e equipamentostursticos e da infra-estrutura de apoio a atividade, tendo como finalidade ser-vir de instrumento de consolidao das informaes para fins de planejamentoe gesto da atividade turstica.

    O processo de inventariao possibilita o levantamento de diversos elementosda oferta turstica do segmento de Sol e Praia, tais como:

    Os atrativos naturais existentes na regio, como costas ou litoral,hidrografia, terras insulares etc.; assim como suas caractersticasrelevantes (fauna, flora, qualidade da gua e areia etc.);

    A infraestrutura de apoio ao turismo e os servios e equipamentostursticos (de hospedagem, alimentao, transporte etc.);

    Informaes bsicas do municpio (legislao, administrao, feriados

    etc.), meios de acesso, sistema de comunicao, segurana etc.

    Vale ressaltar que, informaes atualizadas e confiveis acerca da oferta turs-tica de determinado municpio, so fundamentais para a formatao de pro-dutos e estratgias de promoo eficazes, podendo facilitar e incrementar aoferta de produtos complementares, aumentando assim a permanncia mdiae a qualidade da experincia do turista que o visita.

    Os destinos de Sol e Praia, alm das caractersticas fsicas e geogrficas das

    28 Formulrios e metodologia de inventariao da oferta turstica esto disponveis no stio eletrnico http://www.turismo.gov.br

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    praias, tambm se diferenciam em seu processo de desenvolvimento ao longodo territrio, em funo das diferentes atividades sociais e econmicas locais,ou seja, da dinmica de uso e ocupao em termos de espao e tempo. im-portante compreender se existem reas naturais sensveis na zona da costa, s-tios de valor histrico-cultural, quais so os ecossistemas existentes na regio,

    entre outras informaes essenciais para o desenvolvimento do segmento.

    A esse respeito, observa-se que a zona costeira vem sendo objeto de estudosde interesse do turismo, seja em funo dos levantamentos para diretrizesde uso e ocupao (zoneamento), seja para caracterizao e classificaoda orla martima e seus recursos ambientais, envolvendo atrativos naturais(manguezais, restingas, baas, sacos, pennsulas/cabos/pontas, falsias/bar-reiras, dunas, recifes) e qualidade ambiental.

    Diferentemente das praias martimas, os estudos/levantamentos de caracteri-zao das praias fluviais e lacustres ainda so escassos ou so muito abran-gentes para a interveno em escala microrregional ou intramunicipal.

    Dependendo do espao onde se localizam (atributos naturais fixos e social-mente construdos), as praias fluviais e lacustres, tal como as martimas, po-dem ser classificadas para fins de gesto, por meio de estudos voltados adaptao dos procedimentos metodolgicos do Projeto Orla, associando as-

    pectos fsico-naturais a caractersticas de uso e ocupao: praia urbana, praiarural e praia natural.

    Assim, para se realizar um planejamento ou gesto de um destino, funda-mental a construo de um processo que articule informaes e dados sobreas regies e destinos tursticos, tendo em vista, ainda, que o perodo de baixatemporada nas praias pode ser minimizado por meio de estratgias de atrati-vidade, como diversificao da oferta de produtos tursticos e eventos direcio-nados a um pblico especfico ou inter-relacionado com os demais perodosdo ano.

    A elaborao de um diagnstico que subsidie a correta tomada de decisese definio de estratgias de mercado, a fim de melhorar o desempenho tu-rstico de uma localidade, fundamental para o desenvolvimento do turis-mo. Uma das formas de se alcanar este panorama por meio de estudos epesquisas sobre as caractersticas e tendncias do segmento e sobre a regioespecfica.

    As pesquisas de demanda turstica possuem papel primordial nesse proces-

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    so, pois fornecem dados sobre as preferncias e caractersticas do turista,assim como a anlise dos produtos e as atividades ofertadas pelo mercado,do impacto econmico de seu desenvolvimento em mbito local, regional enacional. Para que uma regio se posicione de forma mais competitiva nomercado, deve haver um perfeito entendimento do potencial da oferta e das

    possibilidades de se relacionar os produtos existentes para os diferentes perfisde clientes. Assim, estas informaes podero servir, ainda, como subsdiopara a formulao de polticas pblicas e o direcionamento de esforos paraa iniciativa privada.

    3.2 Estabelecimento de parceria e formao de redesO estabelecimento de parcerias e a formao de redes um fator de granderelevncia para o desenvolvimento de um segmento turstico em uma regio.As parcerias podem ocorrer entre o poder pblico e a iniciativa privada queoferecem servios tursticos e complementares de apoio ao turista. Para seefetivar o estabelecimento de parcerias, importante a identificao das li-deranas entre os atores da cadeia produtiva, a definio de diretrizes paraa formao de novas parcerias e a criao de um frum permanente para adiscusso dos assuntos de interesse comum.

    Para a estruturao de um destino turstico, as parcerias permitem a realizaode diversas aes de forma conjunta. Poder pblico, iniciativa privada e tercei-

    ro setor, trabalhando de forma articulada com a comunidade local e com osturistas e usurios das praias permite a realizao de diversas aes, progra-mas e projetos de forma integrada, que viabilizam, entre outros, a melhoriada produtividade, reduo de custos, facilidades de acesso a novos mercados,troca de experincias e maior acesso a informaes.

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    Figura 1 Inter-relaes entre os diversos atores e setores dos destinos de Sol e Praia

    As parcerias podem ocorrer entre o poder pblico e a iniciativa privada queoferece servios complementares de apoio ao turista, bem como atividades deoutros segmentos tursticos que podem compor uma oferta mais diversa, porexemplo.

    Assim, para se efetivar o estabelecimento de parcerias, recomenda-se: Identificar lideranas entre os atores da cadeia produtiva; Analisar e avaliar parcerias j estabelecidas; Estabelecer diretrizes para a formao de novas parcerias.; Articular as parcerias com parceiros reais e potenciais, com o sistema

    S29 e as instituies de ensino tanto tcnicas quanto superior na rea

    29 Previstas pela Constituio Federal do Brasil, representa conjunto de instituies com o intuito de qualificar e promover o bem-estar

    social de seus trabalhadores, entre elas: Servio Social da Indstria (SESI), Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ServioNacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Servio Social do Comrcio (SESC), Servio Social do Transporte (SEST), o Servio Nacionalde Aprendizagem do Transporte (SENAT), Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) e o Servio de Apoio s Microe Pequenas Empresas (SEBRAE).

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    de turismo; Criar um frum de debates permanente para a discusso dos assuntos

    de interesse comum.

    O carter de domnio pblico das praias naturais objeto de legislao e vem

    sendo motivo de integrao entre os rgos gestores de turismo, de meioambiente, do patrimnio da Unio e autoridade martima, como o caso doProjeto de Gesto Integrada da Orla Martima30 que busca o ordenamento dosespaos litorneos sob domnio da Unio. Assim, o fortalecimento das parce-rias interinstitucionais aparece como estratgia fundamental para integraode polticas e aes para o desenvolvimento do segmento em diversos nveis eescalas de atuao. A consolidao desses mecanismos de planejamento e degesto do turismo est atrelada tambm s novas possibilidades de trabalharde forma integrada com realidades cada vez mais complexas, de forma des-

    centralizada e participativa, apoiando o desenvolvimento, portanto, do seg-mento de Turismo de Sol e Praia de forma organizada e com planejamento.

    Diante disso pode-se afirmar que a formao de redes torna-se um importanteinstrumento de gesto do Turismo de Sol e Praia, uma vez que o segmentopossui grande interface com outras reas. Tal ferramenta, alm de gerar umagesto coordenada do destino, divide as responsabilidades das aes planeja-das por toda a rede formada, o que aumenta o controle social exercido pela

    sociedade civil e reduz o risco de mudanas bruscas relacionadas s polticasgovernamentais, levando continuidade das aes pactuadas e ao aumentodas chances de sucesso do que foi planejado e almejado para o destino.

    Como forma de incentivo organizao de redes, o Ministrio do Turismo dis-pe de metodologia de desenvolvimento de gesto de destinos tursticos comfoco na estratgia de segmentao do turismo31. O mtodo foi desenvolvidono mbito do Projeto Destinos Referncia em Segmentos Tursticos, que tevecomo premissa a participao efetiva dos representantes locais e de toda acadeia produtiva relacionada com o segmento elencado, levando formaode um Grupo Gestor que assumiu o papel de lder do processo e de animadorda rede formada.

    Tal metodologia foi aplicada no municpio de Jijoca de Jericoacoara/CE, como

    30O Projeto Orla vem para responder a uma srie de desafios como reflexo da fragilidade dos ecossistemas da orla, do crescimento do uso eocupao de forma desordenada e irregular, do aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes. Disponvel em http://www.mma.

    gov.br31 Sistema Cores de Planejamento de Gesto de Destinos, desenvolvido no mbito do Projeto Destinos Referncia em Segmentos Tursticos:ferramenta de planejamento turstico que estimula do envolvimento dos diferentes setores tursticos na gesto do destino. (BRASIL, Ministrio do

    Turismo & ICBC, Instituto Casa Brasil de Cultura. Destinos Referncia em Segmentos Tursticos. Goinia: Instituto Casa Brasil de Cultura,2010). Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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    Destino Referncia em Turismo de Sol e Praia, onde foram realizadas aesde planejamento e estruturao do segmento. Esta experincia serve comomodelo referencial para multiplicao em outros destinos com vocao paraTurismo de Sol e Praia.

    O Ministrio do Turismo, dispe, tambm, de outras metodologias, entre elasa de formao de redes de cooperao para a roteirizao turstica,32 que tempor objetivo apoiar a produo de roteiros tursticos de forma articulada eintegrada. Importante ressaltar que a roteirizao turstica uma das estra-tgias usadas no Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil,que busca estruturar, ordenar, qualificar, ampliar e diversificar a oferta tursti-ca. um processo voltado para a construo de parcerias em nveis municipal,regional, estadual, nacional e internacional. A idia integrar e fortalecer ocompromisso entre os atores envolvidos, de modo a aumentar os negciosnas regies tursticas, promover a incluso social, resgatar e preservar valoresculturais e ambientais.

    O MTur disponibiliza, ainda, o Caderno de Turismo Formao de Redes, com opasso a passo para formalizao de uma rede social, com foco no desenvolvi-mento do turismo.

    Essas e outras metodologias e documentos orientadores sobre parcerias e for-

    mao de redes podem ser acessadas no stio eletrnico (site) http://www.turismo.gov.br.

    3.3 Envolvimento da comunidade localPara o desenvolvimento de um segmento turstico, to importante como aarticulao entre o poder pblico, iniciativa privada e terceiro setor o en-volvimento da comunidade, representando ainda uma das premissas para odesenvolvimento sustentvel de qualquer segmento turstico.

    O desenvolvimento turstico deve considerar a vocao do destino, de formaa envolver a comunidade para que ela participe verdadeiramente do processoe possa usufruir de seus resultados. A interpretao e a educao patrimonialso os instrumentos adequados para promover essa integrao, oferecendoaos moradores a possibilidade de (re)descobrir novas formas de olhar e apre-ciar o lugar onde vivem. A interpretao, associada aos princpios da educaopatrimonial, mais do que informar. Em sua essncia, ela deve ter a capaci-dade de convencer as pessoas do valor e dos significados do patrimnio (am-

    biental, cultural, artstico etc.), promovendo assim uma relao de respeito e

    32 Para mais informaes sobre a metodologia de formao de redes de cooperao, consulte http://www.turismo.gov.br

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    atitudes conscientes de conservao.

    Se a comunidade conhece e valoriza seu patrimnio, se orgulha do que , elase torna um elo importante na interao com o visitante, contribuindo parasua interpretao, para conduzir seu olhar e sensaes sobre o lugar, bem

    como para a sensibilizao do atores comerciais.

    Uma boa prtica em envolvimento da comunidade local no desenvolvimentodo turismo de Sol e Praia pde ser observada na Ilha de St. Maarten/St. Martin(Caribe).33 Diante da necessidade de envolver a comunidade nesse processo eprincipalmente fazer com que a mesma se percebesse como co-responsvel eelo dentro da cadeia produtiva, onde o turismo capaz de beneficiar a todose gerar emprego e renda diante de sua vasta capilaridade de atuao, foi cria-do o Host Program. Um programa de sensibilizao e capacitao que tevecomo metas envolver a todos, desde taxistas, equipes da imigrao etc. O ob-jetivo foi fazer com que todos estivessem preparados para receber os turistascom o mesmo nvel de informaes e padro de atendimento.

    Outro exemplo que vale destacar a iniciativa do Instituto Baleia Jubarte (IBJ)34na Bahia, que tambm mantm aes de envolvimento da comunidade. Aimplantao de um programa na rdio comunitria, a realizao de palestrasem escolas locais e de uma festa anual da baleia, propicia a interatividade da

    comunidade com as aes de educao ambiental e sensibilizao do IBJ.

    Outra boa prtica observada foi na Costa dos Coqueiros BA, onde foi criadoo Festival Sabor do Forte, que contribuiu para o aprimoramento dos produ-tos regionais e incluso social com realizao de cursos para a capacitao dacomunidade local, representado, tambm, uma nova atrao aos turistas.35

    Atualmente muitas aes similares de envolvimento e empoderamento da co-munidade local costeira vm sendo desenvolvidas. De maneira geral, estasatividades contam com apoio de vrios setores da sociedade como ONGs,empresariado local e poder pblico.

    3.4 Aspectos gerais para a estruturao do segmentoPara a estruturao do segmento de Turismo de Sol e Praia, importante res-saltar questes ligadas ao uso da praia e o desenvolvimento de seu entorno,como a adoo de limites legalmente adotados, pois a urbanizao e uso do

    33 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais-Relatrio de visita tcnica St. Maarten / St. Martin/Caribe, 2006. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br34 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o turismo nacional - Relatrio de visita tcnica Costados Coqueiros/BA, 2008/2009. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br35 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o turismo nacional - Relatrio de visita tcnica Costados Coqueiros/BA, 2008/2009. Disponvel em http: //www.excelenciaemturismo.gov.br

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    solo nas imediaes da praia afetam a qualidade do produto turstico.

    A especulao imobiliria, que muitas vezes vem acompanhada de urbani-zao desordenada, ocupao de ambientes frgeis ou ainda ocupaes nalinha de costa, impedindo o acesso livre e franco praia, um dos grandes

    problemas em destinos de Sol e Praia.

    Uma vez que a infraestrutura para o turismo de Sol e Praia est baseada em:temperatura e calor, litoral e suas praias, comunicaes e transporte (acesso),servios de limpeza de areia, guas e saneamento bsico;36 o destino deve tero cuidado com a construo de equipamentos nas adjacncias de praias. Essaocupao deve ser implantada em conjunto com a infraestrutura adequada,pois a boa qualidade do tratamento de efluentes e a destinao correta deresduos slidos condio imperativa para a qualidade do produto tursticooferecido. Planos de evacuao em casos de derrame de leo, contaminaodas guas e do solo por efluente, ou outro desastre ecolgico tambm soessenciais para a manuteno da qualidade desse destino.

    Tambm condio essencial presena de acessos estruturados e sinaliza-dos, equipamentos de segurana, sinalizao turstica adequada, sanitrios,segurana e demais servios de atendimento ao turista e comunidade local.

    A sinalizao das praias e dos atrativos deve ser indicativa e interpretativa,orientando o visitante s atividades predominantes em cada praia, alm deservir de suporte a aes de educao ambiental.37

    Os equipamentos tursticos devem ser adaptados s caractersticas locais, coma valorizao da paisagem e das caractersticas culturais existentes. Como cita-do ao longo do texto, a construo de equipamento de hospedagem nas ad-jacncias de praias litorneas deve obedecer s normas quanto localizaoe altura dos empreendimentos, como previsto na legislao de uso do solo,eacesso livre praia, conforme previsto em lei.Para direcionar os destinos de Sol e Praia, ajudando na estruturao adequa-da, existem no mundo vrios sistemas de gesto scio-ambiental aplicadostanto rea do municpio, quanto s reas de uso comum do povo (praias) ebens da Unio.38

    36 Montejano, 2001.37 De acordo com o 1 Artigo da Lei n 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por educao ambiental os processos, por meio dos quais

    o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservaodo meio ambiente.38 Para saber mais, consulte BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: ContedoFundamental Turismo e Sustentabilidade.Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http: //www.turismo.gov.br

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    No que tange a sistemas de gesto e certificao de municpios destaca-seduas iniciativas europias: ECO XXI e QualityCoast. O sistema ECO XXI ins-pirado nos princpios subjacentes Agenda 21 e que procura reconhecer asboas prticas de sustentabilidade desenvolvidas no municpio, valorizandoum conjunto de aspectos considerados fundamentais construo do De-

    senvolvimento Sustentvel, alicerados em dois pilares: educao no sentidoda sustentabilidade e qualidade ambiental.39 J o sistema QualityCoast foidesenvolvido pela Unio Costeira e Marinha (EUCC) e analisa o desempenhoambiental do municpio em trs vertentes natureza, qualidade ambiental escio-economia.40

    Por outro lado, as certificaes direcionadas s praias buscam avaliar caracte-rsticas de uma praia em particular, normalmente turstica, por meio de crit-rios de conformidade mensurveis. Estes esquemas so desenvolvidos comouma ferramenta para a gesto de praias pelas organizaes que outorgam ascertificaes e pelas autoridades locais que as solicitam.41

    Nesse contexto, existem certificaes scio-ambientais como o Programa In-ternacional Bandeira Azul, que certifica anualmente mais de 3.300 praias emarinas em 49 pases de todos os continentes. Existem ainda sistemas desen-volvidos por pases isolados como as normas IRAM 42100 (Argentina), NMX-AA-120-SCFI-2006 (Mxico), NTS-TS-001-2 (Colmbia), ou ainda o Prmio

    Ecoplayas (Peru), a iniciativa Playa Natural (Uruguai), ou o Prmio Praia Limpada organizao Keep Australia Beautiful (Austrlia).

    O Brasil trabalha com o Programa Bandeira Azul desde 2006, por meio deuma rede de Organizaes No-Governamentais e da representao junto aFEE (Fundao para Educao Ambiental),42 aliando gesto ambiental parti-cipativa de praias e mudana de comportamento por meio da educao einformao ambiental.43

    Aes de conscientizao, educao e capacitao so muito importantespara a estruturao do destino. Cursos, palestras e oficinas para os prestado-res de servios, gestores municipais e sociedade civil organizada agregam valore qualificam o destino turstico. Um exemplo de campanha de conscientizaoque pode ser utilizada pelos municpios a srie de campanhas criada pelaSecretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministrio do Meio Ambiente,

    39 Disponvel em http://www.abae.pt/programa/ECOXXI. Acesso em outubro de 2010.40 Para saber mais, consulte http://www.qualitycoast.info41 FEE, 2006.42 FEE sigla em ingls para Foundation for Environmental Education.43 Para saber mais acesse http://www.iarbrasil.org.br ou http://www.blueflag.org

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    chamada Conduta Consciente que demonstra como deve ser o comporta-mento da populao em ambientes recifais, marinhos e de praias.44

    Esses programas e normas salientam a necessidade de que os equipamentostursticos devem ser adaptados s caractersticas locais, com a valorizao da

    paisagem e das caractersticas culturais existentes, sempre em consonnciacom a legislao ambiental e patrimonial; a necessidade de segurana e aces-sibilidade do turista e usurios locais; a qualidade de gua para balneabilida-de; alm da importncia dos sistemas de gesto ambiental aplicados s praiasde maneira participativa de todos os setores da sociedade.

    No que tange a praias de ambientes naturais conservados, a partir de diversosrequisitos para a realizao de atividades de visitao, e cuidados com o am-biente natural, o Ministrio do Meio Ambiente elaborou documento especfi-co para implementao da visitao em unidades de conservao, Diretrizespara Visitao em Unidades de Conservao.45 O documento inclui diretrizespara a interpretao ambiental, participao das comunidades locais e popu-laes tradicionais na gesto da visitao em UC, integrao da visitao aodesenvolvimento local e regional, realizao de atividades por pessoas comdeficincia e para prestao de servios de apoio visitao.

    Assim, tomados os devidos cuidados com o ambiente natural, por meio de

    fiscalizao e informao ambiental, bem como com o bem estar dos usuriosna praia, pode-se alcanar a excelncia em destinos de Sol e Praia.

    3.4.1 Gesto ambiental e territorial em praiasA importncia das zonas costeiras e sua fragilidade frente aos desequilbriosprovocados pela ao humana assumem no incio deste sculo proporescada vez maiores e passam a ser a preocupao em escala mundial. O ad-vento do aquecimento global e a constante ameaa do aumento em volumedas guas ocenicas repercutem na sustentabilidade das zonas costeiras e,principalmente, na sobrevivncia das praias.

    O conceito de zona costeira e as preocupaes internacionais com esse am-biente remontam da dcada de 70. Uma srie de discusses e conferencias jforam realizadas em mbito internacional, culminando com um captulo espe-cial sobre o tema na Agenda 21, captulo 17.46 As discusses e documentao

    44 A Campanha Conduta Consciente em Praias est disponvel para organizaes e prefeituras. Para mais informaes, consulte http://

    www.mma.gov.br45 Disponvel em http://www.mma.gov.br46 Dispe sobre a proteo dos oceanos, de todos os tipos de mares inclusive mares fechados e semifechados e das zonas costeiras, eproteo, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos.

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    internacional tiveram um papel significativo na construo de normas para ouso do espao litorneo.

    O Brasil possui um arcabouo normativo bastante importante no que se re-fere ao uso, ocupao e conservao do solo na zona costeira e em reas

    adjacentes a corpos de gua. Nesse contexto importante destacar a Consti-tuio Federal, que elenca como bens pertencentes Unio as praias fluviaise martimas. A Constituio tambm define a Zona Costeira como PatrimnioNacional, assegurando que sua utilizao se dar dentro de condies queassegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos re-cursos naturais. No se pode deixar de comentar tambm as normas que es-tipulam as reas de Preservao Permanente (APPs) Nesse contexto ressalta-sea Lei no 4.771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Cdigo Florestal e aResoluo do CONAMA de 20 maro de 200247.

    O Pas aparece como um das naes que possui uma legislao especfica paraa Gesto Costeira, a Lei no 7.661/1988, norteando o uso dos espaos litorne-os e instituindo o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC).

    O PNGC executado observando normas, critrios e padres relativos ao con-trole e manuteno da qualidade do meio ambiente. Os Estados e munic-pios podero instituir, por meio de lei, os respectivos planos estaduais e muni-

    cipais de gerenciamento costeiro. No entanto observa-se que dos municpioscosteiros, somente um pequeno nmero possui um Plano Municipal de Geren-ciamento Costeiro. A Lei Nacional de Gerenciamento costeiro tambm colocaas praias como bens pblicos de uso comum do povo, sendo assegurado,sempre, livre e de franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direo e sen-tido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurana nacionalou includos em reas protegidas por legislao especfica. Assim, os munic-pios devem prevenir e fiscalizar atividades que levem ao bloqueio do acessos praias, a fim de cumprir a legislao e proporcionar o uso livre e franco atodos os cidados.

    A Lei no 7661/88 foi regulamentada em 2004 por meio do Decreto no 5.300que, entre outras providncias, implementa a figura de gesto da orla mar-tima. Essa gesto tem como objetivo planejar e implementar aes nas reas

    47 APPs so reas protegidas, cobertas ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem,a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaeshumanas. No contexto dos destinos de sol e praia, APPs so aquelas reas situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso de gua em

    largura varivel, dependendo da largura do rio; ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios dgua naturais ou artificiais; ao redor dasnascentes; no topo de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas com declividade superior a 45; nas restingas; nas dunas; noslocais de refgio ou reproduo de aves migratrias; nos locais de refgio ou reproduo de exemplares da fauna ameaadas deextino; ou ainda nas praias, em locais de nidificao e reproduo da fauna silvestre .

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    que apresentem maior demanda por intervenes na zona costeira, a fim dedisciplinar o uso e ocupao do territrio. Dessa forma, fica estabelecido peloDecreto n 5300/2004 que a orla martima deve ter um processo de caracteri-zao socioambiental, classificao e planejamento da gesto. A metodologiapara a gesto da Orla Martima se encontra nas publicaes do pelo Projeto

    Orla, 48 de iniciativa do Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e da Secretariade Patrimnio da Unio (SPU), seguindo os seguintes critrios estabelecidosno Quadro 01. Lembra-se que o processo de implementao do Projeto Orla participativo e integrado com as outras aes do municpio.

    Importante tambm pontuar que o Decreto no 5.300/2004 salienta que osempreendimentos a serem desenvolvidos na zona costeira devem ter planeja-mento integrado com a instalao de infraestrutura adequada (saneamento e

    sistema virio, por exemplo).Assim, de acordo com a noo de territrio adotada pelo Ministrio do Turis-mo, adequado que o planejamento e a gesto do segmento de Sol e Praiaadotem os seguintes recortes:

    A Orla martima49 uma rea de interao entre os fenmenos terrestrese marinhos, que abriga as praias martimas, os principais equipamentose servios de suporte e diferentes atividades socioeconmicas. Ex: Os

    municpios costeiros possuem diversas atividades que interagem, ouno, entre si, como tursticas, nuticas, comerciais, esportivas etc.

    A Orla martima tambm abriga outros ambientes e recursos naturaisque completam a paisagem50 litornea, como manguezais, dunas,falsias, lagunas, esturios. Ex: A zona costeira pode ter conexes combacias hidrogrficas e corpos dgua interiores e/ou com outros tiposde fauna, flora, tipo de solo etc.

    As bacias e sub-bacias hidrogrficas, com seus corpos dgua, comestrutura de relevo caracterstica de sua formao geolgica (planalto,plancie), com seus recursos naturais (flora, fauna etc.), com modos deocupao varivel no tempo e no espao pelos usos predominantes(gerao de energia eltrica, agricultura, minerao, infra-estruturaurbana), so regies onde se localizam as praias fluviais, lacustres eartificiais (margens de rios, lagos, e de reservatrios de hidroeltricas).

    48 http://www.mma.gov.br49 Orla martima a faixa contida na zona costeira, de largura varivel, compreendendo uma poro martima e outra terrestre,caracterizada pela interface entre a terra e o mar (Artigo 22 do Decreto Federal 5.300/2004.).50 Paisagem o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranas que representam as sucessivas relaes localizadasentre o homem e a natureza (Santos, 1996, p. 83).

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    Ex: Para se fazer um planejamento ou gesto de um destino, deve serlevado em conta como se d a ocupao e o uso da orla, se existemreas naturais sensveis na zona da costa, se existem stios de valorhistrico-cultural, quais os ecossistemas existentes na regio entre outrasinformaes determinantes para se trabalhar o Segmento de Sol e Praia.

    Em conjunto a esses recortes esto as orientaes de carter administrativo(leis, decretos, deliberao normativa etc) e gerencial (polticas, planos, pro-gramas, projetos) que interagem para qualificao dos destinos tursticos. Taisorientaes esto tambm baseadas, em mbito nacional, pelas diretrizes defuncionamento da atividade turstica e de ordenamento territorial: a criaoe gesto de espaos protegidos, gesto da zona costeira e da orla martima,gesto de recursos hdricos (inclusos os instrumentos de enquadramento decorpos dgua e controle da qualidade da gua) e a gesto municipal (pla-

    nos diretores e instrumentos de gesto ambiental municipal, como os PlanosMunicipais de Gerenciamento Costeiro).

    Quadro 3 Orientador para classificao da orla martima

    Tipologia ClassesEstratgias

    Predominantes

    Abrigada no

    urbanizada Exposta nourbanizada Semi- abrigada

    no urbanizada Especial no

    urbanizada

    Classe A

    Trecho da orla martima com atividades com-patveis com a preservao e conservao das cara-ctersticas e funes naturais; possui correlaocom os tipos que apresentam baixssima ocupao,com paisagens com alto grau de conservao ebaixo potencial de poluio.

    PreventivaPressupondo aadoo de aespara conservaodas caractersticasnaturais existentes.

    Abrigada em

    processo deurbanizao

    Exposta emprocesso deurbanizao Semi-abrigada

    em processo deurbanizao Especial em

    processo deurbanizao

    Classe BTrecho da orla martima com atividades com-patveis com a conservao da qualidade ambientalou baixo potencial de impacto; possui correlaocom os tipos que apresentam baixo a mdio aden-samento de construes e populao residente,com indcios de ocupao recente, paisagens par-cialmente modificadas pela atividade humana emdio potencial de poluio.

    Contr