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Tudo sobre seguros, previdência complementar aberta e capitalização PUBLICAÇÃO ESPECIAL DA ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS MAIO 2016

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Tudo sobre seguros, previdência complementar aberta e capitalização

PUBLICAÇÃO ESPECIAL DA ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS MAIO 2016

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99Fundamentos do seguro

A presente publicação reproduz alguns textos sobre o mercado de seguros, previdência complementar aberta e capitalização que fazem parte do portal Tudo Sobre Seguros (www.tudosobreseguros.org.br).

O portal é uma criação da Escola Nacional de Seguros e tem o objetivo de melhorar a compreensão do público sobre o funcionamento do mer-cado, ou seja, o que faz e como opera. O portal está em sintonia com a missão da Escola Nacional de Seguros de promover, por meio do ensino, da pesquisa e da divulgação, o desenvolvimento do mercado segurador.

O conjunto de textos que integram a presente publicação se refere à parte mais geral do portal, isto é, a que trata dos fundamentos do mer-cado de seguros, dos tipos de seguros, dos principais entes do merca-do – corretores e seguradoras – e da visão geral dos seguros pessoais e empresariais. Além disso, a seção “O seguro cobre?” aborda eventos recentes em que a existência de riscos e suas realizações – os sinistros, como são chamados – causados por desastres naturais, acidentes etc., evidenciam a importância do mercado segurador como mecanismo de proteção de vidas e de patrimônios.

Muito mais, entretanto, o leitor poderá encontrar acessando o portal na Internet. O portal apresenta os produtos mais importantes da indústria do seguro e suas características principais e orienta o consumidor sobre a melhor forma de contratar esses produtos, o que fazer em caso de sinistro, as diversas coberturas de risco e as dúvidas mais frequentes em cada ramo de seguro. Disponibiliza ainda indicadores econômico-finan-ceiros, artigos e estudos sobre o mercado. De forma objetiva e direta, cada tipo de seguro ou modalidade de previdência complementar aberta ou de título de capitalização tem descrição detalhada e específica.

Desejamos, assim, uma ótima leitura da presente publicação bem como convidamos os leitores a acessarem na Internet www.tudosobreseguros.org.br e entrarem em contato com um material ainda mais rico e diverso.

Lauro Vieira de FariaCoordenador do Portal

Apresentação

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maio 2016 º www.tudosobreseguros.org.br

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99Fundamentos do seguroSumárioSumário

Apresentação 3Sumário 4 e 5

Fundamentos do seguro Risco 6Gerenciar o risco 7Como funcionam os seguros? 8Cálculo da probabilidade 11Ajustando o preço pela franquia 12Seguros e Finanças 14Riscos seguráveis e não seguráveis 14

Tipos de seguros Classificação 17Seguros facultativos e obrigatórios 17Seguros em grupo e individuais 20

Seguros conforme o regime de financiamento 21

Uma visão geral dos seguros para indivíduos

O que é seguro e por que posso precisar dele? 23

Sobre o que devo pensar ao comprar um seguro? 24

Seguro de vida 24Previdência complementar 24Seguro de automóveis 24Seguro saúde 25Seguro residencial 25Títulos de capitalização 25Onde compro seguro? 26

Está tendo problemas para encontrar cobertura de seguro? 26

Precisa de ajuda para entender seu risco? 26

O contrato de seguro 27

O que fazer se alguma coisa der errado? 29

Uma visão geral dos seguros para empresas

Que tipos de seguro devo considerar para minha empresa? 30

Como comprar os seguros empresariais? 31

O que devo fazer ao comprar seguro para minha empresa? 31

Como são estabelecidos os preços dos seguros empresariais? 33

Quanto de cobertura eu preciso? 34Como devo pagar meu seguro? 34Renovando sua apólice 35Notifique sua seguradora 35

A quem reclamar problemas com seguradora ou intermediário? 35

O que posso fazer para minimizar os riscos de seguro do meu negócio? 35

Questões de seguro relativas a prédios com ocupação múltipla 36

Construção e acesso 36Controle de utilização do imóvel 36

O seguro cobre? Gestores procuram proteção 37Contra a inadimplência 38Mar de lama e de rejeitos 40

Doenças complexas: o que oseguro cobre 42

Aluguel seguro 44Brinquedos caros 46

Seguro rural em ano de megaexportação

47

Cuidado com as enchentes 49Tragédia na noite 51Previdência e mercado de ações 53

Para viajar com segurança,contrate bem 54

Seguro para animais de estimação 56

54

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99Fundamentos do seguro 7Fundamentos do seguro89 Fundamentos

do seguro6 Fundamentos do seguro

Fundamentos do seguro

RiscoA vida é cheia de riscos. A rigor, o ser humano

acorda pela manhã e não sabe como estará ao final do dia.

No ditado popular, quem arrisca petisca. Contudo,

em muitos casos, ocorre o inverso: o risco causa perdas, em vidas ou em propriedades, cujo impac-to financeiro é negativo. Assim, estritamente falando, risco é um evento ou condição incerta, isto é, que pode ou não ocorrer no futuro, e cuja ocorrência tem um efeito negativo e que pode ser expresso em ter-mos monetários.

Esse evento pode ser totalmente incerto, como a queda de um raio, ou certo, mas acontecendo em data incerta, como a morte. O impacto financeiro de um sinistro pode atingir milhões de reais e levar a em-presa que não se precaveu à falência, ou o indivíduo a perder parte substancial de um patrimônio que lhe exigiu anos para acumular. É nesse momento que o seguro se torna importante.

É o termo utilizado para definir, em qualquer ramo de seguro, o acontecimento do evento incerto previsto (uma perda) e coberto no contrato. O termo tem origem no latim “sinistra” que significa esquerda, como em mão esquerda ou lado esquerdo, e que era associado, na Antiguidade, com situações ou coisas negativas, maliciosas, danosas, ignominiosas etc.

O que é sinistro?

Gerenciar o riscoA inevitável realidade do risco levou a humanidade

a procurar gerenciar o risco. Existem vários modos de fazê-lo, a saber:

• Evitar o risco: é o caso do indivíduo que, planejando viajar de carro, ao observar os pneus gastos do seu automóvel, desiste de viajar.

• Reduzir o risco: no caso anterior, o indivíduo viaja, mas a uma velocidade baixa, de modo a evitar ter de frear bruscamente e arriscar uma derrapagem perigosa.

• Correr o risco: o indivíduo que decide correr o risco tem, por sua vez, três possibilidades de gerenciá-lo:

a) Autosseguro: é o método pelo qual o indivíduo separa ou acumula um montante em dinheiro para compensar determinada perda potencial que pode sofrer no futuro. O autosseguro é um méto-do pouco efetivo, pois a maioria das pessoas não ganha o suficiente para acumular, na quantidade e no tempo necessários, os montantes reque-ridos. Assim, acaba sendo um eufemismo para designar os indivíduos que não estão segurados.

b) Mutualismo: é um contrato no qual o risco de um patrimônio conjunto é dividido entre os inte-ressados, tendo por base o patrimônio atribuído a cada um. A administração do mutualismo cabe aos próprios interessados. Assim, uma empresa que detém, por exemplo, 15% do patrimônio total exposto a algum risco de perda, paga 15% do custo estimado de mutualismo.Se os sinistros acabam sendo maiores do que o previsto, os interessados aportam recursos adicionais, de forma a manter as indenizações prometidas.Historicamente, esse foi o começo do seguro:

navegadores se reuniam e estimavam as perdas anuais no patrimônio conjunto (embarcações e suas cargas). Então, repartiam essa perda esti-mada entre eles, segundo a participação de cada um no patrimônio total.Atualmente, é modalidade ainda utilizada em alguns países, mas pouco utilizada pelos con-sumidores, já que estes optam por não incor-rer nos custos de administração do mutualismo, que exigem recursos elevados e conhecimento especializado.

c) Seguro: é a opção moderna e mais usada de gerenciamento do risco. Envolve a transferência do risco de perda de uma entidade (empresa ou indivíduo) para outra entidade (seguradora) que vende o seguro e recebe em troca um prêmio.

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99Fundamentos do seguro 9Fundamentos do seguro89 Fundamentos

do seguro8 Fundamentos do seguro

A seguradora se especializa em assumir riscos, tarefa nada fácil e barata. O conjunto de prêmios permite às seguradoras formar reservas que ser-virão para pagar os sinistros.O seguro envolve, ainda, a agregação do risco e divisão das perdas (ou mutualismo), pois as segu-radoras agrupam riscos semelhantes em carteiras

É a soma em dinheiro paga pelo segurado ao segurador, para que este assuma a responsabilidade de um determinado risco de perda. A palavra vem do latim “praemium”, junção de “prae”, recompensa, com o verbo “emere”, obter.

Atenção: em hipótese alguma “prêmio de seguro” representa o valor (ligado a loterias, por exemplo) que a seguradora deve ao segurado.

O que é prêmio?

As reservas ou provisões são valores matematicamente calculados pelas seguradoras, com base nos prêmios recebidos dos segurados para garantia de indenizações de riscos assumidos.

Elas indicam o montante de recursos que a empresa deve guardar no presente para cumprir com suas obrigações no futuro.

Os dois tipos principais de reservas das companhias de seguros são: reservas de sinistros e reservas de prêmios não ganhos. Estas últimas representam a parcela do prêmio que não foi ganho nem usado. É calculada pro-rata.

Por exemplo, após três meses, a reserva de prêmio não ganho relativa a uma apólice de um ano que custou R$ 1.200,00 é de R$ 900,00, e o prêmio ganho, de R$ 300,00.

A reserva de sinistro é uma estimativa matematicamente calculada do que a seguradora terá de pagar à frente, em indenizações. Dependendo do ramo e do risco, outras reservas podem ser acrescentadas.

Por exemplo, em apólices que cobrem riscos de baixa frequência e alta gravidade, pode ser necessário constituir reservas contra catástrofes.

Os órgãos reguladores do seguro fixam os percentuais mínimos, que devem ser respeitados pelas seguradoras na constituição das provisões mais importantes.

O que são reservas?

distintas, de modo a melhor estimar as respectivas perdas e prêmios de seguros. O risco é transferi-do, pois a seguradora tem de arcar com as inde-nizações referentes a uma dada carteira, mesmo quando a soma dos prêmios recolhidos for inferior ao valor das indenizações. Claro que a empresa não sobrevive se esse prejuízo ocorrer continuamente.

Como funcionam os seguros?

O seguro é um contrato entre um indivíduo ou uma empresa e uma seguradora. O indivíduo paga um preço chamado “prê-mio” e a companhia, em troca, promete pagar eventual perda financeira correspondente du-rante o período da apólice.

O risco é transferido do segu-rado para a seguradora. O se-gurado gasta um pouco mais, porém, fica mais tranquilo.

as indenizações à medida que ocorrem os sinistros. Se os sinistros não ocorrem, a seguradora fica com os prêmios.

O documento que formaliza esse contrato se cha-ma apólice.

O princípio da boa-fé

O seguro é um contrato inevitavelmente especu-lativo. A seguradora recebe as informações do se-gurado e, com base nelas, traça um perfil do risco e calcula a perda esperada e o prêmio.

Se o segurado omite informações que agravariam o risco, ameaçando de prejuízo a seguradora, ele falta com o principio da boa-fé. O mesmo ocorre se a empresa, aproveitando-se do desconhecimento da maioria dos segurados a respeito das tecnicalidades do mercado, deliberadamente usa de terminologias vagas na apólice de modo a, por exemplo, esconder certas exclusões.

Nesses casos, a lei diz que o contrato é nulo. A lei impõe aos contratantes o dever de obedecer ao principio da boa-fé, pois, na falta dele, o acúmulo de prejuízos de parte a parte levaria a suspeitas generalizadas e, no limite, à inviabilização do pró-prio mercado.

Note-se que esse princípio é aplicável a todos os contratos e transações. Ele proíbe o agente de esconder da outra parte o que sabe confiden-cialmente, para induzi-la a um negócio que não ocorreria ou ocorreria de modo diverso se essa parte tivesse acesso à informação sonegada. E vice-versa.

A seguradora reúne o conjunto de prêmios numa conta chamada reserva ou provisão e aplica os re-cursos respectivos no mercado financeiro.

Com base nesses recursos, a seguradora paga

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do seguro10 Fundamentos do seguro

Apólice é um documento emitido por uma seguradora, que formaliza a aceitação do risco, objeto do contrato de seguro. Nela devem estar discriminadas todas as condições, como o bem ou a pessoa segurada, as coberturas de risco e garantias contratadas, estipulantes e beneficiários, o valor do prêmio, o prazo do contrato e as exclusões – isto é, as situações em que a indenização não é devida –, entre outras.

A emissão da apólice não dá, necessariamente, início à cobertura do bem. O bem estará coberto (segurado) assim que o risco tiver sido aceito pela seguradora. Essa operação poderá resultar na emissão de um contrato de seguro ou certificado de cobertura. A apólice será enviada posteriormente.

Ao receber a apólice, é importante que o segurado verifique se as condições ali contidas são as mesmas que informou ao corretor de seguros quando assinou o contrato. A origem do termo vem do francês “police” e do italiano “polizza”, ambos tendo por origem o latim “pollicitatio” ou promessa, no caso, de pagar indenização por perda que teve como contrapartida o pagamento anterior de um prêmio.

O prêmio de seguro é baseado na quantidade de risco. Riscos baixos pagam prêmios baixos e riscos altos pagam prêmios altos.

As seguradoras coletam informações sobre os segurados potenciais ou efetivos e sobre suas propriedades, de forma a determinar, o mais precisamente possível, o montante de risco de perda que está em jogo em cada caso e, daí, o prêmio respectivo.

Depois, a seguradora agrega em uma carteira um grande número de pequenas apólices de um mesmo ramo.

A prática do seguro é complicada, mas o mecanismo básico é simples.Suponha que um segurado pague um prêmio de R$ 1.500,00 por uma apólice de seguro de

automóveis contra roubo, colisão e danos a terceiros.Se não acontecer o sinistro, o segurado não ficará triste por ter pagado os R$ 1.500,00. Afinal, ele

despendeu um valor relativamente pequeno que lhe permitiu se livrar de uma perda potencial grande, do ponto de vista individual.

De fato, a seguradora pode ter que pagar R$ 30.000,00 se houver uma colisão com perda total e, quem sabe, R$ 500 mil se da colisão resultar um ferimento traumático a terceiro.

O mesmo vale para outras situações de risco, como por exemplo, uma empresa que está realizando investimentos elevados e quer se precaver contra riscos de incêndio na nova planta.

Assim, a disponibilidade do seguro incentiva a economia, pois o consumidor tem segurança para adquirir bens de valor mais alto, e o empresário, por sua vez, confiança para realizar investimentos que podem exigir recursos vultosos, seus e de terceiros.

O que é apólice? Cálculo da probabilidade

Uma seguradora não pode assumir o risco de ter de pagar uma indenização de R$ 30.000,00 contra um prêmio de ape-nas R$ 1.500,00. Do ponto de vista da seguradora, o mecanismo envolve:

• A aferição precisa do risco, o que é feito por meio de técnicas de Estatística; e • A redução (idealmente, a eliminação) do risco por um processo de

há uma possibilidade significativa (de 20%, digamos) de dois carros de sua carteira serem roubados. Isso dobraria suas despesas em indenizações e, obvia-mente, desestimularia o negócio.

Porém, se a seguradora conseguisse reunir e se-gurar 10 mil carros em condições de risco similares aos 10 anteriores, ela estaria amparada por uma lei da Estatística que prova que cai para menos de 1% a probabilidade de os sinistros serem o dobro da média.

Mais precisamente, essa lei garante que, quanto maior o numero de carros segurados, mais e mais a média da amostra (o grupo de carros) se aproximará dos 10%, que vêm a ser a média de roubos da po-pulação, isto é, do total de carros da região.

É esse aspecto da teoria de probabilidade que permite à seguradora lidar com as variações nos pa-drões de perdas existentes no mundo real. Essa lei da Estatística se chama “Lei dos Grandes Números” que, junto com o mecanismo de agregação e parti-lha dos riscos, torna o seguro possível e desejável.

A seguradora ganha ao explorar o fato de que aquilo que é altamente imprevisível para o indivíduo é também altamente previsível para grandes amostras de uma população.

agregação e partilha do risco.

O exemplo mais simples de partilha do risco é o cosseguro citado anteriormente.

Entretanto, para a maioria das seguradoras, a utilização do cosseguro é indesejável, pois o segu-rado, amparado no contrato, geralmente se recusa a aportar recursos adicionais quando as segura-doras alegam que as perdas foram maiores do que o esperado.

Assim, as seguradoras devem confiar em dois mecanismos adicionais muito importantes:

• Manter em balanço um volume adequado de capital próprio para suportar perdas além do esperado (esse é também um dos alvos principais dos órgãos reguladores e seguros) e • Agregar uma grande quantidade de riscos similares.

Suponha que se saiba o seguinte: numa região e num ano, em média, 10% dos carros são roubados. No mundo real, o padrão de perdas (carros rouba-dos) é instável. Assim, uma seguradora que seguras-se apenas 10 carros poderia muito bem achar que

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do seguro12 Fundamentos do seguro

A lei dos grandes números

Essa lei, base do seguro, diz o seguinte: “Dada uma amostra de observações independentes e identicamente distribuídas de uma variável aleatória, a média da amostra tende a se igualar à média da população, na medida em que o número de obser-vações aumenta”.

O enunciado da lei pode parecer esotérico, mas é facilmente ilustrado com o exemplo da média de valores que se obtém ao jogar um dado por certo número de vezes.

A média da “população” (números das seis faces do dado) é a média teórica e assume o valor de 3,5, que vêm a ser a soma de 1, 2, 3, 4, 5 e 6, todos com iguais chances de sair, divididos por 6.

Entretanto, valores bem diferentes de 3,5 podem ocorrer se, digamos, o dado for lançado apenas 20 vezes.

O que a lei dos grandes números nos garante é que, aumentando cada vez mais a amostra (no caso, o número de lançamentos), o valor cada vez mais se aproxima de 3,5. Você pode checar isso se tiver paciência!

É importante notar que a lei dos grandes números só funciona se os eventos forem independentes, ou seja, se a chance de roubo do meu carro for inde-pendente da chance do meu vizinho.

Isso explica por que as seguradoras procuram “espalhar” os riscos que estão em zonas geográficas distintas e por que nenhuma seguradora terá uma carteira de incêndio baseada apenas em moradores de um único prédio.

A seguradora, com base na agregação de riscos e na lei dos grandes números, pode ofertar apólices a um custo relativamente baixo.

Digamos que a seguradora Beta faça seguro contra incêndio de 100 mil casas, cada uma valendo R$ 300 mil. A probabilidade de uma casa se incendiar é de 2 em 1.000 por ano. Assim, o valor esperado anual de despe-sas com indenizações para Beta é de 0,002 x 100.000 x 300.000, que é igual a R$ 60 milhões por ano.

Se outros R$ 60 milhões forem necessários para co-brir as despesas de Beta com corretagem de seguros, pessoal administrativo, impostos e a taxa de lucro que considera adequada, segue-se que o prêmio de segu-ro pago por cada segurado seria de R$ 1.200,00.

Note que a parcela do prêmio relativa apenas ao risco de incêndio é metade disso, R$ 600 para cada segurado. Essa parcela é chamada no mercado de seguros de “prêmio puro de risco”, ao qual são soma-dos os demais itens, chamados de “carregamento”, para formar o prêmio comercial ou total.

O segurado compra o seguro pagando mais do que o prêmio puro por ser avesso ao risco. Mas, para ele, esse é um ótimo negócio! No nosso exemplo, cada proprietário se livra de uma perda possível e ca-tastrófica de R$ 300 mil em troca de um prêmio de apenas R$ 1.200,00. Portanto, podemos escrever a equação do prêmio de seguro da seguinte forma:

• Prêmio comercial = Perda esperada + Despesas + Impostos + Lucro esperado• Perda esperada = Prêmio puro de seguro• Despesas + Impostos + Lucro esperado = Carregamento

Ajustando o preço pela franquia

No exemplo acima, o valor do prêmio de seguro é dado. Na prática, entretanto, não precisa ser assim. O prêmio pode ser reduzido pela aceitação de uma franquia. A franquia é uma coparticipação, contratu-

almente acordada e fixada, do segurado no risco e, consequentemente, no valor da indenização. Tipica-mente, quanto maior o valor da franquia, menor o valor do prêmio e vice-versa.

A franquia é um mecanismo aberto a qualquer ramo de seguros, mas é muito utilizada nos ramos de automóveis e de saúde. Quando o veículo se-gurado sofre danos parciais, a seguradora é acio-nada para arcar com os custos dos reparos. Nesse momento, o segurado também participa, assumindo uma parte desses custos.

O segurado que assume uma franquia de R$ 2.000,00, por exemplo, está assumindo a responsa-bilidade de arcar com as despesas até esse valor. Se o prejuízo for de R$ 5.000,00, o segurado pagará os R$ 2.000,00 correspondentes à franquia e a segura-dora, os R$ 3.000,00 que faltam.

A mesma coisa ocorre no seguro saúde, onde a coparticipação atinge despesas com médicos, inter-nações e exames. Esse foi o meio que as segurado-ras encontraram para enfrentar os custos crescentes

da Medicina e para manter os prêmios em níveis ra-zoáveis e a oferta de seguros vigente.

O valor da franquia deve ser motivo de reflexão do segurado. Assim, é razoável que um motorista no-vato escolha uma franquia relativamente baixa, pois, em geral, estará particularmente exposto ao risco de pequenas batidas.

Se escolher uma franquia relativamente alta, pode ter de arcar com as despesas de todas essas ba-tidas, o que vai doer no bolso, sem dúvida. Com a franquia mais baixa, pagará um prêmio um pouco mais caro, mas esse é o preço do risco.

O inverso ocorre com o motorista maduro. Aí os riscos mais presentes são de roubo ou de uma ba-tida inevitável, talvez de grandes proporções, com o que se entende como normal que o motorista expe-riente escolha uma franquia mais cara e, portanto, obtenha um prêmio relativamente mais barato.

A franquia pode ser dedutível ou simples. No primeiro caso, a seguradora é obrigada a indenizar

somente os valores de prejuízos que excede-rem o valor da franquia, que sempre será de-duzido da indenização total. No segundo caso, a seguradora está de-sobrigada de indenizar quando os prejuízos fo-rem inferiores à franquia, mas obrigada a fazê-lo integralmente quando a excederem.

A franquia pode, ainda, ser facultativa ou obri-gatória, neste caso não cabendo alternativa ao usuário senão aceitá-la.

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do seguro14 Fundamentos do seguro

Seguros e FinançasNo mercado de seguros, a receita de

prêmios precede o pagamento de indeniza-ções, às vezes, em anos. Pense, por exem-plo, no caso de casais jovens que adquirem seguros de vida ou de saúde. A probabilida-de de sinistros, nesse caso, é bem baixa nos primeiros anos de vigência das apólices.

Os recursos dos prêmios são aplicados nos mercados financeiro e de capitais e, em menor proporção, no mercado de imó-veis. Em consequência, as seguradoras auferem uma receita adicional, decorrente de operações financeiras e não diretamen-te relacionada ao mercado de seguros.

Riscos seguráveis e não seguráveis

Utilizando o mercado de seguros, uma pessoa pode construir uma rede de proteção bastante efetiva em sua vida e suas propriedades. Mas nem todos os riscos são seguráveis. Pense nos seguintes riscos:

• Você tem uma carteira de ações e teme que os papéis caiam fortemente de valor.• Você abriu uma empresa e teme não ser capaz de atingir a taxa de lucro que estimou.• Você vai viajar para uma região conturbada e teme ser vítima de um atentado terrorista.• Você precisa tirar certa nota num exame da faculdade e teme não ser capaz de fazê-lo.• Você vai jogar num cassino e teme perder o dinheiro que reservou para isso.

Nenhuma seguradora vai se dispor a fazer se-guro para esses riscos. Ao contrário, em todo o mundo, as seguradoras procuram excluir expli-citamente das coberturas os danos resultantes desses eventos. Seja porque são de difícil previ-são, seja porque podem ser muito afetados pelas

se menos vigilante com seu carro. Ele age as-sim porque as consequências negativas do rou-bo não serão suas, mas de responsabilidade da companhia de seguros.

O “risco moral” está relacionado à chamada assimetria de informação - as seguradoras têm dificuldade de saber de antemão como reagirão seus segurados depois de contratado o seguro.

De certa maneira, o risco moral existe em maior ou menor grau em todas as carteiras de seguros, mas nos casos mais extremos, em que a mudança de comportamento é previsível, pode inviabilizar o seguro.

Atenção: não se deve confundir risco moral – a mudança natural de comportamento que aumen-ta a chance de sinistro – com a fraude, que cria o falso sinistro.

• Baixa incidência de “seleção adversa”: a “seleção adversa” é mais um problema decorrente da assimetria de informação. Ela se refere a um processo de mercado em que os resultados “ruins” são naturalmente “selecionados” (contratados) em detrimento dos bons.

O caso mais simples é de uma população de, por exemplo, fumantes e não fumantes e uma se-guradora de saúde que cobra preços idênticos por não saber diferenciar, a priori, quem pertence a cada grupo.

Ao fim e ao cabo, os segurados não fumantes desistirão do seguro, pois vão perceber que es-tão bancando os segurados fumantes e, portan-to, pagando um preço mais caro pelo seu risco específico.

E a seguradora, ao reajustar para cima o prêmio, pode verificar que a apólice se tornou invendável.

ações do segurado, ou ainda, porque concentram fortemente os riscos.

Mais precisamente, as condições necessárias para que um risco seja segurável são as seguintes:

• Grande número de eventos (lei dos grandes números): já comentamos essa lei da Estatística, fundamental para a viabilidade dos seguros. Quanto maior o número de segurados, maior a estabilidade de resultados de sinistros que uma seguradora pode esperar.

• Eventos independentes entre si (desconcentração de riscos): para que a lei dos grandes números seja plenamente aplicável, é preciso que os riscos sejam independentes entre si. Nenhuma seguradora formará uma carteira de seguro rural apenas numa região, ou de seguro de incêndio num mesmo prédio.

• Experiência suficiente (cálculo correto de probabilidades): pode ser que os eventos sejam independentes e que haja grande número de interessados no seguro, mas se houver grande imprevisibilidade, como nos casos de guerras ou atentados terroristas, o seguro não será feito. O mesmo acontece se não houver suficiente experiência pregressa, que permite aos atuários o cálculo preciso da probabilidade de perda.

• Baixa incidência de “risco moral”: “risco moral” é a possibilidade de uma pessoa ou empresa, depois de estar segura, comportar-se diferentemente do que faria se estivesse inteiramente exposta ao risco.

O caso típico é o do indivíduo que fez seguro de roubo de automóvel e, depois disso, tornou-

Tais receitas têm dupla vantagem:

• Para a economia, são recursos que promovem o desenvolvimento dos mercados financeiro e de capitais, de fundamental importância para o crescimento econômico; e

• Para o mercado de seguros, são recursos adicionais que as seguradoras podem utilizar na sua capitalização, no desenvolvimento de novos produtos ou no barateamento dos produtos existentes.

Isso é comumente observado nos mercados competitivos em que o colchão de segurança re-presentado pelas receitas financeiras permite às se-guradoras melhor administradas reduzir o preço de suas apólices e obter vantagem competitiva.

É essa peculiaridade do mercado de seguros que explica também a crescente inter-relação das segu-radoras com os bancos. As seguradoras descobri-ram que podem aumentar a venda de produtos de seguros agregando a eles os produtos financeiros, e vice-versa, no caso dos bancos.

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99Fundamentos do seguro 17Tipos de

seguros89 Fundamentos do seguro16 Fundamentos do seguro

Novamente, a seleção adversa é um risco em todos os ramos de seguros, mas onde ela se tornar domi-nante, pode tornar o risco não segurável.

Alguns riscos não seguráveis são importantes para a economia como um todo. Nesses casos, os governos costumam assumi-los, estabelecendo os chamados seguros sociais.

É o caso, por exemplo, do seguro-desemprego e dos sistemas estatais de previdência e assistência social.

No primeiro caso, observa-se concentração de riscos, porque o desemprego costuma evoluir em ondas periódicas que afetam grande número de tra-balhadores ao mesmo tempo.

Nos sistemas de previdência e assistência so-cial, o principal problema é a seleção adversa, ou seja, a maioria dos segurados constitui risco ele-vado e não suportaria prêmios fixados com parâ-metros de mercado. ▼

O atuário é o profissional que calcula o impacto financeiro do risco e da incerteza. Ele pesquisa e analisa dados para estimar a probabilidade e o custo provável da ocorrência de eventos como a morte, a doença, o ferimento, a invalidez ou a perda de propriedade.

De posse desses dados, o atuário cumpre sua função clássica, que é a de calcular os prêmios e reservas para seguros que cobrem vários riscos.

Os atuários igualmente calculam as contribuições financeiras que os indivíduos fazem aos fundos de pensão, que são exigidas para produzir renda de aposentadoria, e podem aconselhar a empresa sobre a maneira como ela deve investir os recursos para obter o máximo de rentabilidade de seus investimentos à luz dos riscos potenciais.

Um bom atuário precisa estar familiarizado com ampla gama de assuntos. Desde logo precisa ter profundo conhecimento do cálculo de probabilidades e de matemática financeira, mas também de economia, finanças e dos negócios próprios do mercado de seguros.

Os atuários são essenciais para a indústria de seguros, previdência complementar aberta e capitalização, seja como empregados ou como consultores.

Outros setores também necessitam de seus serviços, como por exemplo, as agências governamentais que administram os sistemas estatais de previdência e assistência social.

Recentemente, houve um alargamento do campo da atuária para incluir gestão de ativos de investimento, em função da convergência das áreas de finanças e gestão de riscos com a ciência atuarial.

Atualmente, portanto, os atuários trabalham também como gerentes de risco e analistas de investimento. No Brasil, a profissão é regulamentada pelo Decreto-Lei nº 66.408, de 1970, e normas complementares.

Para exercer a profissão de atuário é necessário ser graduado em Ciências Atuariais e estar inscrito no Instituto Brasileiro de Atuária (IBA - www.atuarios.org.br) que, em 2005, instituiu uma prova de habilitação para seus novos membros.

O que faz o atuário?

Tipos de seguros

ClassificaçãoExistem no Brasil, classificados oficialmente, 95

ramos de seguros que apresentam grande nível de detalhamento. Por exemplo, o seguro de responsabi-lidade civil tem 15 ramos diferentes, os seguros liga-dos à agricultura contam com 13 ramos distintos etc.

Por essa razão, utiliza-se frequentemente um nível mais agregado de análise derivado do Anexo à Circular n° 455, de 06/12/12, da Superintendência de Seguros Privados (Susep – www.susep.org.br), órgão regulador do setor, que trabalha com 16 níveis. A eles deve-se acrescentar um 17° ramo agregado relativo aos seguros de saúde, que são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS – www.ans.org.br).

A tabela na página seguinte detalha esses níveis.

Um quadro preciso desses ramos encontra-se no site da Susep na Internet, link Normativos – Circular n° 455, de 06/12/12.

Existe ainda um nível maior de agregação, que divide o mercado em seguros de vida, seguros de saúde e seguros elementares.

Os seguros de vida incluem as apólices contra risco de morte e acidentes pessoais, bem como os planos de previdência privada aberta. Já os seguros elementares são os que têm por finalidade a garantia de perdas, danos ou responsabilidades sobre obje-

tos ou pessoas, excluída desta classificação os se-guros do ramo vida.

No Brasil, o Decreto nº 60.589, de 23/10/67 clas-sificou separadamente o seguro saúde, mas, no exterior, costuma-se incluí-lo junto com os seguros elementares formando o chamado ramo “não vida”.

Seguros facultativos e obrigatórios

Os seguros podem ser ainda facultativos ou obri-gatórios. A maioria dos seguros vendidos no Brasil tem contratação facultativa, mas a lei determina a contratação de uma série de seguros que passam assim a ser obrigatórios. Veja a lista abaixo.

• Seguros Obrigatórios de Responsabilidade Civil dos Proprietários de Veículos Automotores de Via Terrestre • Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil dos Proprietários de Veículos Automotores Hidroviários • Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil dos Transportadores em Geral • Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil do Construtor de Imóveis em Zonas Urbanas por Danos a Pessoas ou Coisas • Seguro Obrigatório de Transporte de Bens

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seguros89 Fundamentos do seguro18 Tipos deseguros

Pertencentes a Pessoas Jurídicas• Seguro Obrigatório de Danos Pessoais a Passageiros de Aeronaves Comerciais e de Responsabilidade Civil do Transportador Aeronáutico• Seguro Rural Obrigatório• Seguro Obrigatório Contra Riscos de Incêndio de Bens Pertencentes a Pessoas Jurídicas• Seguro Obrigatório de Garantia do Cumprimento das Obrigações do Incorporador e Construtor de Imóveis e de Garantia do Pagamento à Cargo do Mutuário• Seguro Obrigatório de Bens Dados em Garantia de Empréstimos ou Financiamentos de Instituições Financeiras Públicas

• Seguro Obrigatório de Edifícios Divididos em Unidades Autônomas• Seguro Obrigatório de Crédito à Exportação

Os seguros acima estão listados no artigo 20 do Decreto-Lei 73/66, que dispõe sobre o Sistema Na-cional de Seguros Privados, e estão vigentes. A eles, juntaram-se com o tempo outros seguros obrigató-rios por lei. São eles:

• Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de via Terrestre (DPVAT) – Foi criado pela Lei n° 6194 de 19/12/74 e tem como objetivo amparar as vítimas de acidentes de trânsito causados por veículos automotores e/ou

por suas cargas, em todo o território nacional, independente de quem seja a culpa desses acidentes.

• Seguro de Danos Pessoais de embarcações ou suas Cargas (DPEM) – Foi instituído pela Lei nº 8.374, de 30/12/91 e tem por finalidade dar cobertura de vida e acidentes pessoais a pessoas, transportadas ou não, inclusive aos proprietários, tripulantes e condutores das embarcações, e a seus respectivos beneficiários ou dependentes, independentemente da embarcação estar ou não em operação. • Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) – É um seguro antigo, instituído na época do presidente Vargas, mas assumiu maior relevância jurídica a partir da Lei 5.316, de 14/09/67. Objetiva garantir ao empregado segurado do regime de previdência social um seguro contra acidente do trabalho, às expensas do empregador, mediante pagamento de um adicional sobre a folha de salários, com administração atribuída à Previdência Social.

• Seguro Habitacional do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) – Esse seguro foi estabelecido em 1964, junto com a Lei n° 4.380 que criou o Banco Nacional da Habitação (BNH). Ele cobre morte e invalidez do mutuário e danos físicos ao imóvel financiado no âmbito do SFH.

• Seguro de Responsabilidade Civil dos Transportadores relativo aos danos pessoais provocados aos usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional – Esse seguro foi instituído pelo Decreto nº. 2.521, de 20/03/98 e visa indenizar as

vítimas de acidentes no transporte coletivo interestadual e internacional de passageiros, sem prejuízo da cobertura do seguro obrigatório de danos pessoais (DPVAT).

• Seguro Carta Verde – É o seguro obrigatório para automóveis quando em viagem para países do Mercosul e cobre responsabilidade Civil por danos pessoais e materiais causados a terceiros não transportados pelo veículo segurado. Foi criado pela Resolução nº. 120/94, do Grupo Mercado Comum, do Mercosul.

Agora atenção! Durante muitos anos, as dificulda-des de fiscalização do pagamento dessas apólices fizeram com que a maioria fosse deixada de lado pela população, quase esquecida de que são de contratação obrigatória.

Enquanto a lei não impunha sanção contra o inadimplemento da obrigação, o esquecimento teve pouca ou nenhuma consequência. Isso mudou em 2007. De fato, com a edição da Lei Complementar n° 126/07, o governo impôs multas pesadas para quem não contratar os seguros legalmente obrigatórios.

A Lei alterou o artigo 112 do Decreto-Lei n° 73/66 que passou a ter o seguinte teor: “às pessoas que deixarem de contratar os seguros legalmente obriga-

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Ramos de segurosGrupos Características Gerais

1 Patrimonial Seguros contra incêndio, roubo de imóveis bem como os seguros compreensivos residenciais, condominiais e empresariais

2 Riscos Especiais Seguros contra riscos de petróleo, nucleares e satélites

3 Responsabilidades Seguros contra indenizações por danos materiais ou lesões corporais a terceiros por culpa involuntária do segurado

4 Cascos (em ‘run off’) Seguros contra riscos marítimos, aeronáuticos e de hangar

5 Automóvel Seguros contra roubos e acidentes de carros, de responsabilidade civil contra terceiros e DPVAT

6 Transporte Seguros de transporte nacional e internacional e de responsabilidade civil de cargas, do transportador e do operador

7 Riscos Financeiros Seguros diversos de garantia de contratos e de fiança locatícia

8 Crédito (em ‘run off’) Seguros de crédito a exportação e contra riscos comerciais e políticos

9 Pessoas Coletivo Seguros coletivos de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de sobrevivência, prestamista e educacional

10 Habitacional Seguros contra riscos de morte e invalidez do devedor e de danos ao imóvel financiado

11 Rural Seguros agrícola, pecuário, de florestas e penhor rural

12 Outros Seguros no exterior e de sucursais de seguradoras no exterior

13 Pessoas Individual Seguros individuais de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de sobrevivência, prestamista e educacional

14 Marítimos Seguros compreensivos para operadores portuários, responsabilidade civil facultativa para embarcações e marítimos

15 Aeronautico Seguros de responsabilidade civil facultativa para aeronaves, aeronáuticos, responsabilidade civil de hangar e responsabilidade do explorador ou transportador aéreo

16 Microsseguros Microsseguros de pessoas, microsseguros de danos

17 Saúde Seguro saúdeFonte: Susep

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99Fundamentos do seguro 21Tipos de

seguros89 Fundamentos do seguro20 Tipos deseguros

tórios, sem prejuízo de outras sanções legais, será aplicada multa de: I - o dobro do valor do prêmio, quando este for definido na legislação aplicável; e II - nos demais casos, o que for maior entre 10% da importância segurável ou R$ 1.000,00".

Seguros em grupo e individuais

Os seguros podem ser também classificados em seguros individuais ou em grupo.

O seguro individual é uma relação entre uma pessoa ou uma família e uma seguradora. A seguradora, eviden-temente, terá de aferir corretamente o risco segurado e pulverizá-lo colocando-o numa carteira onde existem di-versos riscos semelhantes, mas independentes entre si.

O seguro de grupo é o seguro de um conjunto de pessoas ligadas entre si de modo que se estabelece uma relação triangular entre a seguradora, o segura-do e o grupo a que ele pertence. O grupo pode ser uma empresa, uma organização sem fins lucrativos, associação profissional etc.

No caso das empresas, os seguros são chama-dos de empresariais ou corporativos. O seguro de grupo é formalizado através de uma única apólice garantindo determinado esquema de coberturas estabelecido de acordo com um critério objetivo e

teiras inteiras de seguros de saúde individuais. Se você tem uma apólice desse tipo e isso ocorreu com você, mantenha-a vigente, pois muitas são consideradas de grande valor conforme os benefícios incluídos no plano inicial. Sobretudo, se a idade do segurado for avançada.

Trocar de apólice de seguro individual num momento em as seguradoras reduziram o interesse nesse seg-mento deve ficar muito caro. E saiba que a margem de manobra da empresa compradora se limita à alteração da rede credenciada, ou seja, o seu risco principal seria a perda de qualidade nos serviços prestados.

Porém, tendo em vista a atual legislação e a fisca-lização da Agência Nacional de Saúde, isso é pouco provável. A lei obriga que ela mantenha certas condi-ções na carteira herdada da outra seguradora.

Seguros conforme o regime de financiamento

Os seguros diferem também segundo o regime de financiamento, ou seja, a técnica atuarial que deter-mina a forma de financiamento das indenizações e benefícios integrantes do contrato.

Os regimes se dividem em repartição e capitalização.

uniforme, não dependente exclusivamente da von-tade do segurado.

A seguradora, com base nos contratos de adesão ao seguro de grupo, emite para cada segurado um documento comprovativo de inclusão no grupo em que constam a identificação do segurador e a desig-nação dos seus beneficiários.

A diferença está bem marcada na previdência privada complementar onde existem os seguintes segmentos:

• O segmento fechado, constituído pelas instituições chamadas fundos de pensão que operam no seio de uma empresa ou grupo de empresas, com planos de grupo para a prestação de benefícios complementares e assemelhados aos da Previdência Social; e

• O segmento aberto à participação pública para a prestação de benefícios opcionais, de caráter mais individual, e constituído pelas seguradoras e entidades abertas de previdência privada.

Nos seguros de vida e saúde também são marcan-tes as diferenças entre planos individuais e coletivos.

No ramo saúde, houve recentemente forte redução da oferta de planos individuais. A razão foi a limitação de reajustes de preços por parte dos órgãos regula-dores acarretando seleção adversa de segurados.

O resultado foi que as carteiras de seguros de saúde individual passaram a dar prejuízo e desestimularam a oferta de novos planos pelas empresas. Tal não ocor-reu no seguro em grupo, pois o problema da seleção adversa é minimizado desde o início pela provável exis-tência de riscos variados misturados na mesma carteira.

Dica: Algumas seguradoras, tendo decidido mudar o foco de seus negócios, venderam para outras car-

O regime de repartição, por sua vez, se divide entre re-partição simples e repartição de capitais de cobertura.

No regime de repartição simples, todos os prêmios pagos pelos segurados em determinado período formam um fundo que se destina ao cus-teio de indenizações a serem pagas por todos os sinistros ocorridos no próprio período (e das demais despesas da seguradora).

Isso implica em que o prêmio cobrado é calculado de forma que corresponda à importância necessá-ria para cobrir o valor das indenizações relativas aos sinistros esperados. Não há, assim, a possibilidade de devolução ou resgate de prêmios e contribuições capitalizadas ao segurado, ao beneficiário ou ao es-tipulante, como nos casos de planos de previdência.

Tipicamente, esse regime se aplica aos planos pre-videnciários em situações em que a massa de partici-pantes é estacionária e as despesas com pagamen-to de benefícios são estáveis e de curta duração. É usado também na previdência social estatal (INSS e regimes próprios do Estado), porém, sem a condição de estabilidade mencionada. É o caso também dos seguros de vida individuais ou em grupo, de segu-ros de automóveis, de saúde etc., em que, ocorrido o sinistro, o segurado recebe uma indenização pré-estabelecida independente do que pagou.

No mercado de seguros, entretanto, para garantia da solvência das empresas, a legislação impõe a for-mação de provisões de prêmios não ganhos, de osci-lação de riscos e de sinistros, devidamente atestadas pelos atuários em Nota Técnica e Avaliação Anual.

O regime de repartição de capitais de cober-tura é o método em que há formação de reserva apenas para garantir os pagamentos das indeni-zações e benefícios iniciados no período, ou seja, arrecada-se apenas o necessário e suficiente para formação de reserva garantidora do cumprimento dos benefícios futuros que se iniciam neste período.

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seguros para indivíduos89 Fundamentos do seguro22 Tipos deseguros

Em outras palavras, há formação de um fundo correspondente ao valor atual dos benefícios de prestação continuada iniciados no período em ques-tão. Nesse regime, há a obrigação de constituição de provisão de benefícios concedidos.

O regime de capitalização é o método que consis-te em determinar a contribuição necessária para atender determinado fluxo de pagamento de benefícios, estabe-lecendo que o valor da série de contribuições efetuadas ao longo do tempo, seja igual ao valor da série de paga-mentos de benefícios que se fará no futuro.

Este modelo de financiamento constitui reservas tan-to para os participantes assistidos como para os ativos e obviamente pressupõe a aplicação das contribuições nos mercados financeiros, de capitais e imobiliários a fim de adicionar valor a reserva que se está constituindo.

É a pessoa física ou jurídica a favor da qual é devida a indenização em caso de sinistro. O beneficiário pode ser certo (determinado) quando constituído nominalmente na apólice; incerto (indeterminado) quando desconhecido na formação do contrato, como é o caso dos beneficiários dos seguros à ordem ou nos seguros de responsabilidade. Em certos casos, o beneficiário pode ser o estipulante.

Quem é o beneficiário?

É o terceiro interveniente ao contrato de seguro que representa um grupo segurado. É a pessoa física ou jurídica que contrata seguro por conta de terceiros. Pode, eventualmente, assumir a condição de beneficiário, equiparar-se ao segurado nos seguros obrigatórios ou de mandatário do segurado nos seguros facultativos.

Na legislação brasileira, o estipulante está previsto no Decreto Lei n° 73/66, tendo sido regulamentadas as contratações por meio deste interveniente segundo diretrizes do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).

Um contrato de seguro de vida em que o segurado (estipulante) nomeia sua esposa, filhos etc. (beneficiários) para receber a indenização prevista na apólice em caso de sua morte é um exemplo de seguro com estipulante e beneficiário diferentes.

Quem é estipulante?

A capitalização é dividida em duas fases distintas: a primeira denominada "Fase Contributiva" e a se-gunda "Fase do Benefício".

A legislação vigente torna obrigatória a utilização do Regime Financeiro de Capitalização para os be-nefícios de pagamento em prestações que sejam programadas e continuadas. Nesse regime, obriga-se a empresa a constituir provisão de benefícios concedidos, como no caso anterior, e provisão de benefícios a conceder.

Assim, no regime de capitalização, o objetivo não é apenas pagar indenização ou benefício pré-estabelecido, mas permitir ao segurado ou parti-cipante retirar ao final do contrato uma poupança que, idealmente, cubra os riscos de morte, invali-dez, aposentadoria etc. ▼

Uma visão geral dos seguros para indivíduos

O que é seguro e por que posso precisar dele?

Proteger a família, casa e outros bens são priorida-des altas para todas as pessoas. Desemprego, do-enças, acidentes e mesmo a morte são riscos com que todos se deparam, mas as redes de segurança do Estado não provêem proteção ou sustento para as famílias na forma e nas quantidades desejadas.

O seguro desempenha um papel vital ao permitir que as pessoas se protejam contra tais riscos ou ao propiciar via planos de previdência uma renda adicio-nal para você e sua família na fase da aposentadoria.

Com sorte você nunca precisará requisitar uma indenização, mas, se algo der errado, o seguro pode lhe poupar milhares de reais.

Embora apólices de seguro possam parecer com-plicadas, a base é simples. O segurado paga para se proteger contra algo que possa acontecer com ele ou com seu patrimônio. Se o pior acontecer, a companhia de seguros paga o custo total de repara-ção ou de substituição dos bens danificados ou uma quantia acordada.

Com base na experiência, as companhias de se-guros podem calcular a probabilidade de acontecer um roubo ou um acidente – e o custo para elas co-brirem qualquer prejuízo ou lesão. Quanto maior o

risco e o custo financeiro da perda, maior o prêmio que lhe será cobrado. Mas as companhias de segu-ros conseguem manter os custos baixos ao segurar muitas pessoas contra o mesmo risco. Normalmen-te, muitos segurados não terão qualquer perda e não requisitarão indenização, de modo que as segurado-ras podem formar reservas que lhes permitem inde-nizar a minoria de segurados que sofreram perdas e, ao mesmo tempo, pagar as despesas operacionais e obter um lucro.

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Uma visão geral dos seguros para indivíduos

Uma visão geral dos seguros para indivíduos

Sobre o que devo pensar ao comprar um seguro?

Alguns tipos de seguro são obrigatórios. É preciso fazer seguro contra danos pessoais por acidentes para licenciar um carro (o DPVAT). Quando uma instituição financeira conceder um empréstimo imobiliário para a compra de uma residência, é obrigatória a contratação de seguro de vida e invalidez e seguro de danos físicos ao imóvel. Em outros casos, a escolha é do segurado.

Seguro de vida

Se tiver uma família que dependa de você, anali-se como ficará a situação deles, financeiramente, no caso de sua morte. O seguro de vida pode ajudar a eliminar essa preocupação. A escolha da apólice de seguro de vida certa para suas circunstâncias indi-viduais é importante e deve ser feita com cuidado. Também é vital revisar sua cobertura regularmente. Se você teve filhos após contratar um seguro de vida pela primeira vez, você pode precisar aumentar a quantia que a apólice paga para cobrir os custos extras de prover o sustento deles.

Surpreendentemente, pesquisas mostram que a maioria das pessoas não tem nenhum seguro de vida. Aqueles que chegam a ter não revisam suas necessidades de seguro de vida há cinco anos em média e, dessa forma, podem estar com pou-ca cobertura de seguro. Isso significa que famí-lias já lidando com a perda de uma pessoa amada também têm que se preocupar com a forma como viverão depois disso.

Previdência complementar

As companhias de seguro também podem ajudá-lo a guardar dinheiro para a sua aposentadoria. A pensão básica do Estado oferece apenas uma renda limitada. Por isso, se quiser coisa melhor, é preciso economizar desde cedo.

É essencial escolher o plano de previdência certo e se certificar de que esteja economizando dinhei-ro suficiente para atender às suas necessidades. Existem muitas informações para ajudá-lo a tomar a decisão certa. Em nosso sítio na Internet (www.tu-dosobreseguros.org.br) você encontra diversas infor-mações sobre planos de previdência complementar aberta e os seguros mais importantes para famílias e indivíduos.

Seguro de automóveis

O seguro de veículos automotores protege os mo-toristas contra danos ao próprio veículo e/ou contra a eventual responsabilidade civil decorrente de aci-dentes que possam causar. Existem muitos tipos diferentes de cobertura, variando da cobertura para terceiros, que protege os indivíduos contra respon-sabilidades civis caso venham a ferir ou causar da-

nos ao patrimônio de outrem, mas que não oferece qualquer cobertura para o próprio veículo ou bem do indivíduo, até uma cobertura compreensiva, que pode oferecer proteção para danos por acidentes ou incêndio e para roubo, assim como para a responsa-bilidade em relação a terceiros.

Seguro saúde

Contratar um seguro ou plano de saúde é cada vez mais uma necessidade, especialmente devido aos altos custos dos tratamentos médicos de quali-dade e à precariedade de atendimento na rede pú-blica. Assim, a maioria das pessoas compra este tipo de seguro para se tranquilizarem, sabendo que um bom tratamento estará disponível rapidamente se fi-

carem doentes ou se ferirem. Outra motivação é po-der escolher sobre quando o tratamento ocorrerá, o médico que será o responsável e o hospital. Muitos planos de saúde garantem ainda a privacidade de um quarto bem estruturado com tevê e outros con-fortos que aumentam o repouso.

Seguro residencial

Preste atenção nos objetos no interior do seu apartamento: na sala, no quarto da frente, na cozi-nha, os armários, o sofá, a televisão, o computador etc. Quanto você acha que custaria substituir esses objetos se forem roubados ou destruídos em um in-cêndio? Você teria imediatamente os recursos para substituí-los? As áreas comuns do prédio são segu-radas compulsoriamente por disposição legal. Mas se algo infeliz acontece, seus pertences pessoais não serão cobertos pela apólice do condomínio. O seguro residencial pode cobrir quase tudo que você levaria caso se mudasse de apartamento. Não obs-tante, as apólices limitarão normalmente a quantida-de máxima de indenização que a seguradora pagará por evento ou por item segurado. Assim, qualquer dano que cause prejuízos além desses limites máxi-mos não estará coberto. Daí a importância da corre-ta avaliação do valor dos objetos a serem segurados.

Títulos de capitalização

O mercado de seguros oferece também um pro-duto diferente e interessante: o título de capitaliza-ção, que é uma economia programada de prazo definido, com pagamento único ou em parcelas periódicas. Durante a vigência, o consumidor tem direito de participar de sorteios e, no fim, resgatar parte ou a totalidade do dinheiro guardado. Os va-lores dos prêmios são variados, podendo ser de pequenas quantias a milhões de reais. Em outras palavras, é uma forma de guardar dinheiro e, ao mesmo tempo, participar de sorteios. Em suma, no mercado, existe grande diversidade de produtos para cobrir riscos e até para juntar dinheiro.

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Uma visão geral dos seguros para indivíduos

Uma visão geral dos seguros para indivíduos

Onde compro seguro?

Conforme a Lei n° 4594/64, as sociedades de se-guros só podem receber proposta de contrato de seguros por intermédio de corretor de seguros de-vidamente habilitado ou diretamente dos proponen-tes ou seus legítimos representantes. Nesse caso, a comissão é recolhida ao Fundo de Desenvolvimento Educacional do Seguro, administrado pela Escola Nacional de Seguros – Funenseg.

Assim, os produtos de seguro podem ser com-prados de diversas maneiras:

• Através de corretores de seguros, legalmente habilitados, que podem dar orientação sobre quais os produtos que melhor atendem às suas necessidades e circunstâncias.• Direto das seguradoras.• Em uma instituição financeira que possua uma seguradora, principalmente, no caso dos produtos de previdência complementar.• Em uma loja de departamentos, no caso de seguro de garantia estendida – eletros, ou numa agência de automóveis, caso de seguro de garantia estendida automóveis. • Juntamente com outro produto, por exemplo, comprando seguro de viagem através de um agente de viagens ou comprando um seguro de vida quando abre uma conta bancária, desde que a venda do seguro não seja obrigatória, o que é considerada operação casada, proibida pela legislação.

Está tendo problemas para encontrar alguma cobertura de seguro?

Seguro se baseia em risco. As seguradoras de-cidem os termos e condições com que oferecem cobertura, ou até mesmo se chegam a oferecer tal

cobertura, com base na avaliação que fazem do ris-co. Alguns clientes têm necessidades ou caracte-rísticas particulares que exigem maior atenção das empresas como, por exemplo, no caso de pessoas com históricos médicos complexos. Algumas segu-radoras podem exigir informações adicionais sobre esses clientes antes de oferecer cobertura, enquan-to outras podem optar por não oferecer cobertura de nenhuma forma ou excluir da apólice os riscos indesejáveis que ficam, assim, não cobertos.

Se você está tendo dificuldades em encontrar co-bertura, tente entrar em contato com um corretor de seguros especializado ou um consultor financeiro. A Federação Nacional de Corretores de Seguros Priva-dos tem um serviço de atendimento “Corretor respon-de” que pode tirar suas dúvidas e ajudá-lo a resolver esse problema.

Precisa de ajuda para entender seu risco?

Os prêmios de seguro são calculados com base no risco. Geralmente, quanto maior a probabilidade de uma pessoa sofrer um sinistro e quanto maior o dano decorrente desse sinistro, maior será o prêmio cobrado.

Com frequência, é bastante óbvio o motivo pelo qual algumas pessoas pagam mais por sua cober-

tura de seguro – por exemplo, carros com motores possantes frequentemente terão prêmios maiores que os dos carros com motores mais fracos. A idade de uma pessoa é um importante fator para ajudar as seguradoras de automóveis a determinar o nível de risco que elas representam. As evidências demons-tram uma forte ligação entre a idade de uma pessoa e a probabilidade de essa pessoa sofrer um sinistro.

Muitas vezes a idade madura é fator positivo para diminuir a probabilidade de sinsitro. Expressivo é o nú-mero de seguradoras que adotam o chamado “perfil do segurado” para estabelecer o prêmio do seguro. Por exemplo, veículo guardado em garagem, inexistência de filhos jovens que possam provocar acidentes etc.

No seguro residencial, o histórico de crédito do se-gurado pode ser um indicador de risco, e as evidências demonstram que essa informação é um previsor da experiência de sinistros. Dessa forma, algumas segu-radoras – embora nem todas – utilizam informações de crédito como um dentre diversos fatores de classifica-ção para determinar o nível de risco, e um histórico de crédito ruim tende a resultar em um prêmio mais alto.

No seguro de viagem, se você tiver uma defici-ência, alguma condição especial de saúde ou uma doença pré-existente isso pode afetar seu prêmio e o nível de cobertura disponível. A avaliação de risco de uma seguradora se baseia principalmente na ex-periência de sinistros construída ao longo de muitos anos. Evidências demonstram que o histórico médi-co pode afetar a probabilidade de a pessoa sofrer um sinistro e o custo potencial desse sinistro.

O contrato de seguro

O contrato de seguro é formado por um conjunto de documentos relativamente independentes. São eles:

a) Proposta b) Apólice c) Endosso

Proposta

A Proposta contém a descrição completa e de-talhada do bem segurado, a caracterização legal do futuro segurado (proponente) e as condições financeiras do seguro. A Proposta caracteriza a in-tenção objetiva do proponente, de efetivar o contrato de seguro com uma determinada seguradora. Essa intenção deve ser sempre por escrito e a Proposta deve ser protocolada na seguradora fazendo constar desse protocolo a data e o horário de recebimento.

O modelo de Proposta varia conforme a empresa de seguros, mas o preenchimento deve ser efetu-ado com todo o rigor. Qualquer declaração inexata ou omissão de fatos ou circunstâncias que agravem o risco pode tornar o seguro nulo, desobrigando a seguradora de pagar qualquer indenização.

Através da Proposta, a seguradora faz uma primeira análise do risco, podendo decidir de imediato pela sua aceitação. A seguradora pode solicitar informações adicionais se os elementos que constam da proposta não forem suficientes para a avaliação do risco.

Apólice

A Apólice é o documento que formaliza o contrato de seguro, estabelecendo os direitos e as obriga-ções da seguradora e do segurado. A Apólice de se-guro caracteriza a aceitação dos itens discriminados na Proposta e o compromisso formal da seguradora em atender todas as obrigações advindas das cláu-sulas contidas na Proposta.

A Apólice é subdividida em Condições Gerais, Condições Especiais e Condições Particulares.

Condições Gerais são cláusulas contratuais pre-viamente elaboradas que incluem os aspectos bá-sicos do contrato de seguro, normalmente comuns para riscos com características semelhantes (exem-plo, seguro de automóveis) e estabelecem as obri-

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Uma visão geral dos seguros para indivíduos

Uma visão geral dos seguros para indivíduos

gações e os direitos das partes contratantes. Fa-zem parte delas a aceitação da proposta, vigência, renovação, pagamento de prêmio, foro, prescrição, entre outras.

Condições Especiais são cláusulas que só existem em algumas Apólices, completando e esclarecendo as Condições Gerais, servindo geralmente para re-gistrar garantias facultativas ou adicionais ou outras condições acordadas entre as partes. As Condições Especiais podem alterar ou até cancelar disposições existentes nas Condições Gerais.

As Condições Particulares são cláusulas que in-dividualizam o contrato de seguro: identificação do tomador, do segurado, do beneficiário; indicação do montante do prêmio, da(s) data(s) de pagamento, da duração do contrato, etc.

Endosso

O Endosso é o documento que promove alte-rações no contrato de seguro vigente. A modifica-ção, alteração ou correção de qualquer dado de um contrato de seguro, inclusive do valor do prêmio e da importância segurada, só é possível mediante endosso.

Prazos

Na celebração do contrato de seguro, a Pro-posta antecede a Apólice. A seguradora tem pra-zo de 15 (quinze) dias para se manifestar sobre a Proposta, contados da data de seu recebimen-to, seja para seguros novos ou renovações, bem como para alterações que impliquem modifica-ção do risco.

Se não houver qualquer manifestação, o risco considera-se tacitamente aceito. A emissão da Apó-lice, caracterizando o aceite do seguro pela segura-dora, deve ser feita em até 15 (quinze) dias, a partir da data de aceitação da Proposta.

Enquanto a Apólice não for emitida, a garantia do segurado quanto às condições discriminadas, tanto na Proposta de seguro como em todas as Condições aplicáveis ao ramo dentro do qual se faz a Proposta, é assegurada pelo protocolo de recebimento da Propos-ta feito pela seguradora na segunda via da Proposta.

Proposta não aceita

Caso a proposta não seja aceita, a seguradora deve, obrigatoriamente, comunicar a recusa ao se-gurado, especificando os motivos.

No caso de recusa de propostas que foram re-cepcionadas com adiantamento, parcial ou total, do preço do seguro (prêmio), a cobertura de seguro prevalecerá por mais 2 (dois) dias úteis, contados a partir da data em que o proponente tiver conheci-mento formal da recusa. E o valor do adiantamento deve ser restituído ao proponente deduzido da par-cela correspondente ao período, “pro rata temporis”, em que tiver prevalecido a cobertura.

No mercado de seguros, é prática comum, mas não obrigatória, a devolução do adiantamento corrigi-do monetariamente desde o pagamento. Isso costu-ma estar explicitado nas Condições Gerais do seguro.

Assinaturas

Dos documentos que fazem fazer parte de um Contrato de Seguro, recebem assinatura formal ape-nas a Proposta, a Apólice e os Endossos.

A Proposta deve ser assinada pelo futuro segura-do (Proponente), por seu representante legal ou por corretor de seguros habilitado pela Susep e enviada à seguradora. Não há necessidade de outras assina-turas, tais como de testemunhas.

A Apólice deve ser assinada pela seguradora. A assinatura na Apólice representa o compromisso da seguradora com o pagamento da indenização des-

crita nas Condições (Gerais, Especiais e/ou Particu-lares) sobre o evento perfeitamente caracterizado na Proposta e que se reproduz na Apólice.

As Condições Gerais, Especiais e Particulares não recebem assinatura formal. Sua elaboração é super-visionada pela Superintendência de Seguros Priva-dos - Susep, órgão do Ministério da Fazenda, que as publica no Diário Oficial da União. Sendo pública, não cabe aposição de assinaturas de qualquer das partes nas Condições. Por isso também a segura-dora não é obrigada a fornecer as Condições Gerais em cada contrato de seguro que é fechado.

Muitas vezes, o segurado recebe somente um do-cumento da seguradora com os valores contratados e um manual sobre o seguro adquirido. Entretanto, nesse documento, constam o número do processo da Susep que aprovou as diversas Condições da Apólice bem como o número da Apólice. Na maioria dos casos, esses documentos estão disponíveis nos sites da seguradora na Internet. Qualquer que seja o caso, o segurado deve sempre procurar ter em seu poder as Condições da Apólice.

O que fazer se alguma coisa der errado?

Os documentos da sua apólice lhe dirão o que fazer se você precisar reclamar algum sinistro.

A maior parte dos sinistros é resolvida rapidamente e com a satisfação de todos. Mas há casos em que a decisão é mais demorada seja pela característica do sinistro, pela dificuldade em apurar os fatos, pela falta de colaboração do segurado etc. Fale primeiro com seu corretor de seguros que é o profissional es-pecializado em seguros. Sinistro em que há corretor costuma gerar menos problema.

Mas se você ficar insatisfeito com a forma como seu sinistro foi conduzido, você deve entrar em contato com sua seguradora para reclamar. As se-

guradoras têm um processo para atendimento de reclamações e terão satisfação em ajudá-lo e ex-plicar as próximas etapas. Para a solução amigável de conflitos, as seguradoras colocam à disposição do cliente um SAC – Serviço de atendimento ao cliente. Se não for solucionado o conflito, o clien-te poderá recorrer às Ouvidorias Corporativas das mesmas seguradoras. As Ouvidorias têm o papel de atuar de forma independente e imparcial na de-fesa dos direitos dos consumidores em sua relação contratual com a seguradora.

Se ainda assim você achar que está sendo tratado de forma injusta, você tem o direito de levar seu caso aos órgãos reguladores do governo – a Superintendên-cia de Seguros Privados (Susep) ou, no caso do segu-ro ou plano de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As informações sobre como levar sua reclamação e a documentação necessária cons-tam dos sítios da Susep e da ANS na Internet.

O serviço é gratuito para os consumidores e as seguradoras devem acatar as decisões desses ór-gãos reguladores. Mas efetuar esse procedimento não impede os consumidores de agir judicialmente. Outra opção, antes da Justiça, é o Procon (Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor). ▼

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Uma visão geral dos seguros para empresas

Uma visão geral dos seguros para empresas

Que tipos de seguro eu deveria considerar para minha empresa?

Se você tem uma empresa, você precisará de se-guro. Sem ele, seu meio de vida e seu sustento esta-rão em risco. Uma perda inesperada poderia causar apuros financeiros e destruir anos de trabalho duro. Além disso, por lei, alguns seguros são obrigatórios.

Nas empresas, existem três áreas principais para as quais você deve analisar as exigências de seguro:

• Seguros que protegem contra prejuízos ou danos causados aos bens ou ao negócio da sua empresa por eventos adversos. Seguros desse grupo podem incluir cobertura para:

> Bens – prédios e conteúdos> Quebra de máquinas> Obras civis> Roubo> Valores> Mercadorias em trânsito> Descumprimento de contratos > Seguro de crédito > Veículos automotores> Despesas fixas> Lucros cessantes

• Seguros que cobrem as responsabilidades

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transportador aeronáutico e o DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre ou por sua Carga a Pessoas Transportadas ou Não) da frota de veículos da empresa.

Mas você deve considerar outras áreas de responsabilidade civil importantes como, por exemplo:

> Responsabilidade civil (RC) de produto> RC de estabelecimentos comerciais/industriais> RC de guarda de veículos de terceiros> RC do empregador> RC de obras civis e/ou serviços de montagem e instalação de máquinas e/ou equipamentos> RC de prestação de serviços em locais de terceiros

• Seguros que protegem você ou seus empregados contra consequências de doenças sérias, lesões ou morte, e contra os efeitos que esses eventos podem ter sobre seus empregados, suas famílias e sobre sua empresa. Seguros desse grupo que você deve considerar são:

> Seguro de acidentes pessoais e doenças> Seguro de proteção de renda> Seguro de saúde empresarial > Seguro de vida empresarial > Plano de previdência empresarial

Em www.tudosobreseguros.org.br você encon-trará mais informações sobre todos esses seguros.

Como comprar os seguros empresariais?

Cada uma dessas áreas pode ser protegida por coberturas adequadas ao porte e ramo de atividade da empresa. Existem apólices em “pacote” ou com-

binadas, também chamadas multirriscos. Elas reú-nem coberturas variadas contra muitos dos riscos descritos acima. De acordo com as exigências de sua empresa, essas apólices podem ser personali-zadas. Algumas empresas optam por apólices indivi-duais mais adequadas a seu perfil.

A aquisição do seguro deve ser precedida por uma pesquisa de preços para escolher a melhor apólice. Você pode ter uma ideia inicial de preços por tele-fone ou nos sítios de Internet das seguradoras, que explicam seus diferentes produtos. Outra fonte de informações pode ser a sua associação de classe, que deve ter ligações com corretores e seguradoras especializadas no seu setor de negócios.

Você deve comprar seu seguro sempre com o suporte de um corretor de seguros especializado e autorizado legalmente a operar. O mesmo vale para a seguradora escolhida. São informações disponíveis no sítio de Internet da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e/ou da Agência Nacional de Saú-de Suplementar (ANS).

O que devo fazer ao comprar seguro para minha empresa?

Entre as questões prioritárias a serem considera-das, destacam-se:

Documentação – Ao propor a contratação de cobertura de seguro, pode ser necessário preencher um formulário fornecendo informações que permitem às seguradoras avaliar o seu risco. Deverão ser soli-citados nome, endereço e negócio da empresa, si-nistros anteriores e detalhes do risco a ser segurado.

É importante que todas as perguntas do formulário sejam completamente respondidas e que todos os fatos relevantes sobre a empresa sejam informados à segura-dora. A não divulgação completa de todos os fatos re-levantes, especificamente solicitados ou não, pode dar à seguradora o direito de considerar a apólice inválida.

civis da sua empresa no caso de ela causar, involuntária e acidentalmente, dano ou prejuízo a terceiros ou aos seus bens.

Diversos seguros de responsabilidade civil (RC) são obrigatórios por lei como RC dos transportadores em geral, RC do construtor de imóveis em zonas urbanas, RC do

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Antes de a cobertura ser concedida, as instala-ções podem ser vistoriadas por um inspetor de se-guros para avaliar o risco com exatidão. Ele chamará a atenção para qualquer característica perigosa e orientará sobre formas de atenuá-la. Algumas me-lhorias poderão ser exigidas antes de a cobertura ser dada. Quando sua proposta for aceita, você rece-berá a documentação da apólice, que especifica os detalhes do contrato, incluindo o escopo da cober-tura, as exclusões e as condições.

Imposto sobre prêmios de seguro – A maior parte dos seguros está sujeita a alíquotas variadas de impostos sobre prêmios (IOF – Imposto sobre Ope-rações Financeiras). As taxas menores são aplicadas nas operações de seguro de vida e congêneres, de acidentes pessoais e do trabalho e nas referentes a seguros obrigatórios. O prêmio calculado pela segu-radora incluirá o imposto, quando necessário.

Você não pode realizar compensações do im-posto pago com o ICMS sobre bens e serviços que vende. Se você vende carros, aparelhos elétricos, eletrodomésticos ou viagens e também oferta segu-ro para seus clientes, em certas circunstâncias você poderá ser responsável por gerenciar o IOF. Se tiver

dúvidas, você deve se informar com seu corretor, no caso de seguros facultativos, e/ou com seu conta-dor, consultor tributário ou com a autoridade fiscal relevante quando se tratar de seguros obrigatórios.

Observe que pequenas e médias empresas prova-velmente se enquadrarão em um dos seguintes tipos:

> Escritórios > Consultórios> Lojas ou salões > Hotel, bar ou restaurante> Varejistas> Empreiteiros> Fábricas > Trabalhos domiciliares

A maior parte das empresas de uma categoria específica precisará de produtos de seguro seme-lhantes. Por exemplo, se for um empreiteiro, você pode querer acrescentar uma cobertura adicional de incorporador ao seu seguro de responsabilidade civil (RC) obrigatório. E donos de bares e restauran-tes devem contratar seguro de RC contra riscos de danos relacionados ao fornecimento de alimentos e bebidas para consumo no local.

Como são estabelecidos os preços dos seguros empresariais?

As seguradoras estabelecem os preços dos pro-dutos que elas lhe oferecem de acordo com a proba-bilidade de reclamação de um sinistro e o dano má-ximo provável decorrente desse sinistro. Para avaliar a probabilidade de sinistro, as seguradoras analisam os riscos que sua empresa enfrenta, de que forma você os gerencia e quais serão as consequências se um revés ocorrer. Explicamos mais adiante sobre o bom gerenciamento de riscos na empresa.

O preço do seu seguro de responsabilidade civil do empregador, por exemplo, é calculado de acordo com a probabilidade de um empregado sofrer uma lesão ou ficar doente por negligência sua.

As seguradoras não enviam um inspetor a todas as pequenas empresas, porque isso seria muito dis-pendioso e, consequentemente, aumentaria o valor dos prêmios. Para avaliar esse risco, as seguradoras analisam o montante de sua folha de pagamentos, os riscos usuais de saúde e segurança com que seu tipo de negócio se defronta e que sistemas você tem implantados para gerenciar esses riscos.

As associações de classe costumam ajudar seus membros no conhecimento do que deve ser feito para demonstrar às seguradoras que os riscos de suas empresas estão sendo corretamente gerenciados.

De forma semelhante, os prêmios do seguro de automóveis se baseiam na probabilidade de um sinis-tro ser reclamado por causa de uma colisão na rua, por outros danos e se baseiam também na extensão provável do sinistro, desde a perda total do veículo até os danos de pequena monta absorvidos pela fran-quia contratada. As seguradoras levam em conta o tamanho e o tipo dos veículos da sua companhia, por onde os veículos circulam e para que fins são usados. Elas também se baseiam no histórico de sinistros de automóveis da sua empresa e na política de seguran-

ça que sua empresa transmite aos funcionários que trabalham com a frota.

Para calcular o prêmio do seguro dos bens imó-veis e do seu conteúdo, as seguradoras analisam os riscos apresentados por eventos como incêndio, alagamento e roubo. Também são avaliados os siste-mas que você tem implantados para controlar esses riscos e quanto custaria reparar qualquer dano.

As seguradoras examinam a localização dos ris-cos, relativamente às coberturas contratadas, o que lhes permite estabelecer um prêmio que reflita os sinistros já reclamados por empresas dessa região. Nem todas as seguradoras levam em conta a loca-lização dos riscos da mesma maneira, e a concor-rência entre as seguradoras pode fazer os prêmios serem muito diferentes para a mesma cobertura em uma mesma área.

As seguradoras também verificam o tipo das insta-lações em que seu negócio opera. Por exemplo, pré-dios ocupados por diversas firmas ou diversos tipos de ocupação são mais perigosos que os ocupados com uma única empresa ou ocupação e, dessa for-ma, mais caros de segurar do que aqueles com um único ocupante. Além disso, instalações especifica-mente construídas para uma finalidade são, frequen-temente, mais bem protegidas contra riscos que pro-priedades antigas que tenham sido adaptadas.

Para o seguro de lucros cessantes, as seguradoras lhe pedem que estime o prazo máximo que seria ne-cessário para fazer sua empresa voltar a trabalhar nor-malmente após o dano mais sério que a apólice cobre.

Sua seguradora lhe pedirá que estime seu lucro bruto anual antes que você tenha cobertura. Ao fazer isso, você deve sempre incluir uma margem para a evolução do seu negócio e estimar o lucro que você terá ao final do período de seguro, em vez do lucro do início do período. Se, após o evento, um auditor encontrar um valor real que seja menor que sua esti-

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mativa, a companhia de seguros normalmente devol-verá uma parte do prêmio que você pagou.

Além do lucro, você deverá avaliar as despesas fixas que vão perdurar mesmo com a ocorrência do sinistro e fazer o seguro tanto da perda de lucro por queda de negócios quanto o seguro para manuten-ção das despesas fixas.

Para o prêmio do seguro saúde de seus funcioná-rios, as seguradoras analisam a localização da em-presa, a natureza do seu negócio, a dimensão da sua folha de pagamento e informações sobre seus empregados, como idade e sexo.

Quanto de cobertura eu preciso?

Seu corretor ou sua seguradora vão ajudá-lo a determinar qual a amplitude de cobertura que sua empresa precisa em cada risco segurado. Para essa tarefa, você precisará avaliar o impacto que o evento contra o qual está se segurando teria no seu negó-cio. Você pode querer excluir certos riscos da co-bertura, se pensar que eles não representam uma ameaça para sua empresa.

Lembre-se, quando você está segurando seus bens imóveis e seu conteúdo e a forma de contrata-ção é “a risco total”, se você segurar um item por um valor insuficiente, em caso de sinistro, a seguradora reduzirá o valor que ela pagará de indenização no mesmo percentual da parte faltante. Por exemplo, na modalidade “risco total”, se você segurou um item por 95% do seu valor, você só receberá como inde-nização 95% do valor em caso de sinistro. Ao con-trário, se o seguro foi contratado na modalidade “a primeiro risco absoluto”, a indenização garante até o valor segurado para o item.

Em muitas apólices, você se compromete a pagar uma parte de cada sinistro. Isso se chama franquia. Pense sobre quanto de franquia você está disposto a pagar, pois você pode, algumas vezes, reduzir o

prêmio do seguro ao escolher uma franquia maior. Isso ocorre principalmente no seguro de automóvel que, além de oferecer vários valores para a franquia, tem a opção de cobertura apenas da perda total.

Como devo pagar meu seguro?

Você pode pagar uma quantia única no início do ano, ou você pode distribuir os custos pagando uma quantia menor a cada mês, embora deva sem-pre checar a taxa de juros cobrada. Também pode ser possível economizar algum dinheiro compran-

do-se cobertura para prazos superiores a um ano. Ainda no caso do seguro de automóvel, a maioria das seguradoras aceita parcelamento em até qua-tro vezes, sem juros.

Renovando sua apólice

Se você estiver renovando sua apólice e precisar cobrir uma gama maior de riscos ou quaisquer ris-cos incomuns, é melhor começar a conversar com seu corretor ou com sua seguradora, no mínimo, três meses antes da data de renovação.

Antes de a vigência da sua apólice atual expirar, sua seguradora deve lhe informar quais serão os novos prêmios e outras condições, se você quiser renovar sua apólice.

Notifique sua seguradora

Informe à sua seguradora quaisquer incidentes no local de trabalho, mesmo se você pensar que isso não vai gerar algum sinistro a reclamar.

A quem reclamar se você tiver problemas com sua seguradora ou com seu intermediário?

Primeiramente, faça seu corretor ou sua segura-dora saber que você está insatisfeito, pois muitas reclamações são resolvidas dessa forma. Diversas seguradoras têm serviços de atendimento ao con-sumidor (SAC) e Ouvidorias com capacidade para resolver a maior parte das questões.

Se você continuar insatisfeito com o resultado final do procedimento formal de reclamações da sua se-guradora ou do seu corretor, você deve levar a recla-mação aos órgãos de defesa do consumidor ou aos órgãos reguladores do mercado de seguros (a Supe-rintendência de Seguros Privados - Susep e, no caso de seguros e planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS). O serviço oferecido pelas agências reguladoras é confidencial e gratuito para os consumidores (segurados). Informações sobre como levar sua reclamação aos órgãos reguladores e a do-cumentação necessária constam dos sítios da Susep e da ANS na Internet.

O que posso fazer para minimizar os riscos de seguro do meu negócio?

As seguradoras podem ajudá-lo a identificar os ris-cos com que você se defronta ao tocar seu negócio, e fornecerão proteção financeira contra reveses ines-

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perados. Gerenciar bem seus riscos pode facilitar a obtenção de seguro, mas também é bom senso de negócios – isso pode reduzir custos que o seguro não cobre, como suas franquias de seguro, o custo de recompor a equipe e de pagar licenças médicas, publicidade negativa, inconveniências e multas.

Três áreas são particularmente importantes:

> Proteção contra fogo> Proteção contra roubo, vandalismo e incêndios criminosos> Proteção contra fenômenos climáticos adversos

Questões de seguro relativas a prédios com ocupação múltipla

Prédios ocupados por diversas firmas são mais perigosos e, dessa forma, mais caros de segurar do que aqueles com um único ocupante. Idealmente, locais de trabalho com mais de um ocupante devem ser construídos especificamente para esse fim, já que pode ser extremamente dispendioso converter um antigo prédio com diversas lojas em um risco de seguro mais aceitável.

Construção e acesso

Paredes corta-fogo e/ou portas corta-fogo podem ser levantadas ou instaladas para dividir um prédio em espaços isolados para o fogo. O inspetor da sua companhia de seguros será capaz de orientá-lo so-bre as propriedades de resistência ao fogo das pare-

des existentes e sobre os requisitos para atender aos padrões corta-fogo. Ele também tem capacidade de instruir sobre os requisitos corta-fogo para pisos re-sistentes ao fogo.

O controle de acesso deve assegurar que só visi-tantes de boa-fé possam ser admitidos nas instala-ções. Eles devem ser acompanhados o tempo todo pela pessoa que estão visitando.

Controle de utilização do imóvel

A administração do imóvel deve garantir as seguin-tes condições de segurança:

• Possuir um método seguro e adequado para refrigerar (aquecer) o prédio inteiro. Se isso não for possível, cada contrato de locação deve estipular os tipos aceitáveis de refrigeração (aquecimento);• Não permitir o acúmulo de lixo nas unidades dos locatários e todo lixo deve ser removido ao final de cada dia útil. Deve haver receptáculos adequados para a coleta de lixo e deve providenciar uma forma confiável de dispor do lixo combustível de cada dia longe das instalações;• Quando processos ou materiais perigosos forem usados pelos locatários, estes devem ser obrigados a tomar as precauções adequadas; e• Deve haver supervisão constante das instalações, o que ajudará a assegurar que os padrões sejam mantidos. ▼

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Gestores procuram proteção

Lava Jato faz aumentar sinistralidade no seguro D&O

A Operação Lava Jato, maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil, mexeu pro-fundamente com a economia nacional. A operação acabou derrubando membros da cúpula da maior empresa brasileira, a Petrobras, além de políticos, executivos e donos de empreiteiras e de outras gran-des empresas do país.

Os reflexos da ope-ração acabaram sendo sentidos também no mer-cado de seguros. A si-nistralidade do seguro de responsabilidade civil (RC) Directors and Officers (D&O) – que tem por obje-tivo proteger o patrimônio das pessoas físicas que ocupam cargos ou fun-ções diretivas na empre-sa – aumentou continua-mente ao longo de 2014, chegando a 115% no últi-mo trimestre do ano.

O diretor e coordena-dor da Cátedra de Se-

guros e Danos – Riscos Financeiros, da Academia Nacional de Seguros Privados (ANSP), Edmur de Almeida, explica que qualquer terceiro pode re-clamar prejuízos causados por atos ou omissões no exercício da atividade de gestão: “Os sócios da empresa, acionistas, governo, consumidores, a própria empresa, enfim, qualquer terceiro pode acionar o gestor de uma empresa se sentir-se le-sado. O Seguro D&O protege o patrimônio destas pessoas físicas”, informa.

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O seguro cobre?

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De fato, este seguro garante indenização de danos decorrentes de eventual tomada de decisão desses altos executivos que prejudicam terceiros. É uma proteção ao patrimônio pessoal do executivo em processos movidos contra a pessoa física, decor-rentes de atos de sua gestão. Mas, atenção: o segu-ro só indeniza a responsabilidade civil, isto é, quando não há intenção de prejudicar o outro. Quando há intenção, a responsabilidade é penal e não dá direi-to à indenização. Porém, a exclusão só é feita após sentença definitiva referente a essas acusações.

Vendas aumentaramAgravada pelos desdobramentos da Lava Jato, a

atual crise econômica vivida no país também teve seus efeitos sobre o setor, mas de uma maneira mais positiva, aumentando a procura por este tipo de proteção.

Almeida explica que isto se deve a fatores como receitas menores das empresas, aumento da con-corrência, pressão por crescimento, fiscalização acirrada de impostos, entre outros. “O produto tem tido muita procura por parte de executivos que atuam em empresas e órgãos que estão mais sujeitos a fiscalizações rigorosas, como o Banco Central (Bacen), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Tribunal de Contas da União (TCU) e ou-tros. Por outro lado, a procura por parte de peque-nos e médios empresários também tem crescido muito. Algumas seguradoras têm, inclusive, produ-tos desenhados especialmente para esta faixa de consumidores”, acrescenta.

Apesar do aumento nas vendas, as seguradoras precisam ficar atentas. Almeida conta que a tendên-cia é que elas se tornem mais rigorosas na aceitação (subscrição) de riscos e podem, por exemplo, ex-cluir do seguro reclamações decorrentes de fraudes e corrupção. “Indenizações de custas judiciais têm sido bastante altas, consumindo, às vezes, todo o valor do seguro. Uma outra opção pode ser especifi-car a verba para esta cobertura”, sugere.

Setores com mais dificuldades de subscrição

Em função de os maiores desvios e pagamentos de propina verificados até o momento pela Lava Jato serem oriundos dos setores de óleo e gás e de em-preiteiras, as seguradoras têm tido um cuidado ainda maior ao fazer a subscrição dos riscos de gestores destes setores.

“As indústrias siderúrgica e cimenteira também estão vivendo dificuldades de subscrição, porque produzem commodities que atualmente estão muito pressionadas pelo baixo preço”, ressalta Almeida.

Leia mais:http://www.tudosobreseguros.com.br/portal/pagina.php?l=345#resp_civil_penal

Contra a inadimplência

Proteja sua empresa contra a inadimplência com o Seguro de Crédito

O ano de 2015 foi uma verdadeira turbulência para praticamente todos os brasileiros, mas para os em-presários em especial, foi um grande desafio. Crise, aumento de impostos, encarecimento do crédito e disparada do dólar, acompanhada do aumento dos preços e da tão temida inadimplência.

Em outubro, o diretor de Fiscalização do Banco Cen-tral, Anthero Meirelles, alertou para um provável aumen-to da inadimplência no segundo semestre. A diferença é que agora não é mais apenas o consumidor comum que está atrasando pagamentos ou dando calote. As empresas, até mesmo as grandes, estão tornando-se insolventes, sobretudo devido ao aumento do dólar. O diretor lembrou que, geralmente, são grandes empre-sas que tomam recursos no exterior.

O que muitos empresários não sabem é que existe um seguro que pode ajudá-los a mitigar perdas finan-ceiras causadas por atraso ou pelo não pagamento por

parte dos clientes – sejam eles consumidores co-muns ou até mesmo ou-tras empresas – por servi-ços e produtos entregues e vendidos. É o Seguro de Crédito, produto que tem duas modalidades: Riscos Comerciais – cujo objetivo é cobrir as opera-ções de crédito realizadas pelo segurado (credor), somente com pessoas jurídicas domiciliadas no país; e Quebra de Ga-rantia, que objetiva cobrir as operações de crédito realizadas pelo segurado (credor), especialmente aquelas relativas à ven-da de bens de consumo para pessoas físicas ou jurídicas.

Por proteger as operações de venda e prestação de serviços e, consequentemente, o fluxo de caixa e balanço financeiro de seus clientes, este seguro é visto por muitas instituições financeiras como uma garantia, o que acaba facilitando a obtenção de cré-dito para as empresas.

Segundo Marcele Lemos, presidente da Coface do Brasil, uma das seguradoras que comercializam o pro-duto, existem ainda outras vantagens para quem o con-trata. “O seguro de crédito promove, muitas vezes, uma alavancagem de vendas, pois permite que o cliente aumente seu market share, conquistando novos clien-tes sem preocupação, uma vez que a Coface avalia o risco financeiro deste novo cliente. Além disso, com a operação protegida, a empresa pode alongar prazos e perfis de pagamentos, tornando seus produtos mais competitivos. Isso sem falar na redução de custos de-vido à dedutibilidade fiscal e ao fato de o processo de cobrança ser conduzido pela Coface”, enumera.

Perspectivas desafiadorasCom a economia do país em forte recessão, mui-

tos empresários, que já vêm sentindo os efeitos da crise na pele, têm sido responsáveis pelo aumento da venda do seguro de crédito. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os prêmios diretos arrecadados em seguros de crédito interno cresceram 16% no acumulado de janeiro a ou-tubro de 2015 em comparação ao mesmo período de 2014, um excelente resultado, tendo em vista que, no conjunto de seguros gerais, os prêmios cresceram apenas 5%.

Para 2016, a expectativa é que o nível de inadim-plência continue elevado, segundo Marcelo. “As fon-tes de renda estarão mais escassas, assim como a inflação continuará alta, o crédito mais caro e o desemprego elevado”, conclui a executiva.

Leia mais:http://www.tudosobreseguros.org.br/portal/pagi-na.php?l=491

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O seguro cobre?

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Mar de lama e de rejeitos

A atuação do seguro no caso do rompimento de barragens em Mariana, MG

A vida dos 620 moradores de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em Minas Gerais, tinha aquela paz trivial das cidadezinhas do interior mineiro. Até o dia 5 de novembro, quando as barragens de Fundão e Santarém romperam-se e liberaram 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos provenientes da extração de minério de ferro pela empresa Samarco. A lama inundou cidades, contaminou rios e o solo até uma distância de 100 km do local do acidente, chegando ao litoral do Espírito Santo.

O distrito de Bento Rodrigues, que estava mais próximo das barragens, foi o local mais atingido. Até o fechamento desta edição, em abril, 18 mortes ha-viam sido confirmadas e um corpo continuava desa-parecido, segundo informações oficiais. Os demais moradores tiveram que abandonar seus lares e roti-nas. Ainda não se sabe se definitivamente.

Segundo explica o consultor Osvaldo Nakiri, “no mercado nacional não é muito comum existir segu-ro de RC de mineração, em virtude do tipo de risco. Entretanto, o resseguro considera mineração risco agravado de forma geral”. No caso da Samarco, que tem a Vale como uma de suas acionistas, conforme informações saídas na imprensa, a seguradora ACE é responsável por 80% do risco patrimonial e o Se-guro de Responsabilidade Civil é da Allianz.

Ainda que a empresa não tivesse seguro, as víti-mas poderiam esperar uma indenização pelos da-nos que sofreram. “Certamente haverá indenização, independentemente da existência de seguro ou não. A questão é quando. Provavelmente o Minis-tério Público assinará um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Samarco para tentar agilizar a questão. Além disso, a mineradora, por força do Código Civil (artigos 771 e 779) deverá absorver to-das as despesas emergenciais de contenção de

havia rejeitado no ano passado duas emendas que propunham a obrigatoriedade de contratação de um seguro ambiental por parte das mineradoras – afir-mou que irá fazer pelo menos duas alterações no Código de Mineração na Câmara. Uma será incluir a exigência de contratação de um seguro ambiental e a outra, a obrigatoriedade de que as mineradoras tenham um programa de tratamento de resíduos ge-rados pela atividade de extração.

Causas Assim que ocorreu o acidente, executivos da Sa-

marco apressaram-se em anunciar à imprensa que uma das prováveis causas do acidente poderia ser um abalo sísmico na região, fato que Nakiri contesta, afirmando que, pela relativa frequência de tremores de baixa magnitude naquela região, o rompimento de barragens teria uma frequência muito maior.

“Em represas muito grandes, existe o risco da chamada ‘sismicidade induzida’ – um tipo de tre-mor de terra causado pelo próprio peso da repre-sa sobre o solo em que está assentada, como nos casos de Itaipu ou Três Gargantas (China). Em barragens de rejeitos, não seria o caso, exceto se houvesse problemas geológicos na base da barra-gem, como se está tentando argumentar no caso de Itabirito, ocorrido no ano passado”, explica.

“Infelizmente no Brasil, apenas após eventos catastróficos surgem leis com propostas de evitar novas ocorrências semelhantes”. Mas a aplicação efetiva é coisa totalmente diferente. Há a lei de se-gurança de barragens desde 2010, mas sua fisca-lização é muito lenta: “Só se corre atrás da vaca depois que ela foge do curral”, lamenta Nakiri, com uma pitada de humor.

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sinistro, e esse montante será grande, a considerar os danos causados e a sua extensão”, diz Nakiri.

ValoresSegundo divulgado pelo site InfoMoney, uma

fonte do mercado teria mencionado que a apólice de “property” da Samarco deve ultrapassar R$ 1 bilhão para cobrir as perdas materiais causadas à empresa, mas ainda não se sabe se eventuais prejuízos decorrentes da paralização das ativida-des também estariam incluídos no contrato. “No Brasil, não há o costume de divulgar os montan-tes indenizados ou reembolsados. Ainda é cedo demais para se falar sobre números, de qualquer forma. O caso de Itabirito, que é de 2014, ainda está no início. Mas uma coisa é certa: as despe-

sas emergenciais de contenção serão elevadas, como mencionei”, afirma o consultor.

Ele comenta também que, dependendo das con-dições e limites envolvidos, é muito provável que haja resseguro envolvido na operação: “A Vale do Rio Doce tem um senso de gerenciamento de risco mui-to sensível nesses quesitos. Além do mais, há uma multinacional coproprietária e este tipo de evento vai impactar severamente os resultados financeiros”.

Mudança na legislação inclui seguroJá considerado um dos maiores do mundo, o aci-

dente ambiental teve pelo menos um impacto positi-vo. Segundo informações do Jornal Valor Econômi-co, o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) – que

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do seguro 43O seguro cobre?

O seguro cobre?

Doenças complexas: o que o seguro cobre

Todos sabem que muitos problemas de saúde são complexos, duradouros e dispendiosos, exigin-do internações e acompanhamentos frequentes e uso de medicina de alta tecnologia. Dentre esses, encontram-se doenças detectadas na infância como síndrome de Dow e autismo e outras que acometem os mais idosos como mal de Alzheimer e Parkinson. Uma dúvida frequente é se os planos e seguros de saúde cobrem as despesas e tratamentos decorren-tes desses males.

A lei que dispõe sobre planos e seguros de saúde (Lei 9.656, de 1998) determina cobertura obrigatória para as doenças listadas na relação de enfermidades catalogadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e listadas na Classificação Estatística Interna-cional de Doenças e de Problemas Relacionados à

Saúde (CID 10). As enfermidades acima constam da CID 10 assim como outras de complexidade similar.

Pode haver carência de uso do plano no tratamento dessas doenças. Nos planos individuais, tais enfer-midades são geralmente classificadas como preexis-tentes e, como tais, sujeitas à carência de 24 meses. Já no caso de planos corporativos com mais de 30 beneficiários, as carências não existem e mesmo os filhos maiores de 21 anos, sem condições de manu-tenção, têm o mesmo direito de acesso ao plano.

Uma vez superado o problema da carência, o tra-tamento deve constar de Resolução Normativa (RN) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ter a cobertura. A RN em vigor é a de número 338, de 2013. No Anexo II, intitulado “Diretrizes de Uti-lização para Cobertura de Procedimentos em Saúde Suplementar”, consta a quantidade mínima obriga-tória de consultas/sessões por ano que os planos

devem bancar em diversos tratamentos como os re-queridos em enfermidades de longo prazo.

Por exemplo, no caso de fonoaudiólogos, a RN 338 fixa um mínimo de 24 consultas/sessões por ano para pacientes com gagueira, fenda palatal e outras enfer-midades; e 48 consultas/sessões por ano para pa-cientes com transtornos globais do desenvolvimento (como o autismo), entre outros. No caso de psicólogo e/ou terapeuta ocupacional, há um mínimo obrigató-rio de 40 consultas/sessões por ano para pacientes com esquizofrenia e transtornos globais do desenvol-vimento (autismo). No caso de terapeuta ocupacional, exclusivamente, a RN fixa um mínimo de 12 consultas/sessões por ano para pacientes com diagnóstico de demência e pacientes com transtornos específicos do desenvolvimento. E assim por diante.

Todos os planos garantem este mínimo obrigatório de consultas/sessões fixado pela ANS. Ocorre que, em certos casos, isto é considerado insuficiente pe-los médicos responsáveis, a operadora recusa am-pliar a cobertura e a Justiça é acionada. O resultado vai depender do entendimento do Judiciário de ser ou não abusiva tal negativa.

Um argumento usual é de que o rol de procedi-mentos da ANS não pode se sobrepor à Lei 9.656 nem ao Código de Defesa do Consumidor. O con-tra-argumento é de que a Lei 9.656, precisamente, dá competência à ANS para definir “a amplitude das coberturas, inclusive de transplantes e de procedi-mentos de alta complexidade” (art. 10 § 4º).

Os transtornos mentais e comportamentais tam-bém constam da CID 10. O capítulo V trata da doença de Alzheimer e de Parkinson; dos transtornos de es-quizofrenia; dos transtornos de humor; dos distúrbios neuróticos e da personalidade, dentre muitos outros. A lei 9.656/98 bem como a RN 338 determinam que, nos planos hospitalares, as internações, inclusive em centros de terapia intensiva, não podem sofrer limitação temporal nem se sujeitam à cláusula de coparticipação.

Há casos, como os de doenças terminais, em que a internação pode ser substituída por trata-mento domiciliar. A Lei 9.656 estabelece que, se a operadora oferecer a internação domiciliar em substituição à internação hospitalar, deverá co-brir as despesas referentes a honorários médi-cos e serviços gerais de enfermagem; exames complementares indispensáveis para o controle da doença; acompanhante no caso de pacientes menores de 18 anos e tratamentos antineoplási-cos ambulatoriais e domiciliares. Nos casos em que a assistência domiciliar não se dá em substi-tuição à internação hospitalar, a cobertura deverá obedecer à previsão contratual ou à negociação entre as partes.

Certas deficiências, principalmente transtornos psicológicos raros, não estão catalogadas na CID 10 e podem ter tratamento negado. Entretanto, é co-mum o Judiciário entender, quando acionado, que as operadoras devem dar cobertura, caso tais defi-ciências estejam intimamente relacionadas a distúr-bios físicos e mentais que exijam tratamento.

Impelida pela ação do legislador, a judicialização da saúde tem sido crescente no Brasil. No caso do autismo, por exemplo, a Lei 12.764, de 2012 insti-tuiu Política Nacional que prevê em seus artigos 2°, III e 3°, III, “b” a obrigatoriedade do fornecimento de atendimento multiprofissional ao paciente assim diagnosticado. Recentemente, em outro exemplo, o Senado aprovou projeto que proíbe definitivamente as operadoras de saúde de classificarem doenças congênitas como preexistentes.

Em suma, a legislação atual garante cobertura ao tratamento de diversas doenças de longo prazo, quer via sessões multidisciplinares (psicólogos, fo-noaudiólogos etc.) ou via internações.

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do seguro44 O seguro cobre?

O seguro cobre?

Aluguel seguro

Mercado oferece opções contra inadimplência no recebimento de alugueis

Não é novidade para nenhum brasileiro que o ano de 2015 foi difícil, principalmente no que diz respeito ao desemprego. A mais recente pesquisa divulga-da pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) dá conta de que no trimestre de março a maio daquele ano a taxa de desemprego atingiu o patamar de 8,1%, índice 1,1% maior que no mesmo período de 2014.

Com uma inflação alta, que bateu a casa dos 10%, e a taxa básica de juros sendo elevada recen-temente a 14,25% ao ano, nem mesmo as pessoas que contavam com a renda de um aluguel de um imóvel sentem-se seguras. Isso porque a recessão aumenta o risco de inadimplência e joga para baixo os preços dos aluguéis.

No mês de junho de 2015, uma pesquisa do Sin-dicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) regis-trou pela primeira vez, desde 2005, queda no valor dos contratos de aluguel de imóveis residenciais na capital paulista. No acumulado de 12 meses, a redu-ção foi de 1%.

No Rio de Janeiro, a queda nos preços foi ain-da maior. De acordo com Leonardo Schneider, vi-ce-presidente do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro, (Secovi-Rio), a queda nos últimos 12 meses foi de aproximadamente 8% nas Zonas Sul e Oeste.

“Essa redução nos preços dos alugueis foi cau-sada principalmente devido ao aumento da oferta de unidades, com o boom imobiliário verificado nos últimos anos”, explica Schneider, em entrevista exclu-siva para o Tudo Sobre Seguros.

Ele acrescenta ainda que a crise financeira, o aumento do desemprego e da inflação também

contribuíram para que as negociações entre pro-prietários e inquilinos fossem mais flexibilizadas. “A procura diminuiu. Assim, os proprietários tive-ram que reduzir os preços para não ter seus imó-veis vazios”, comenta.

Seguro-fiança, o produto mais conhecidoSe conseguir um fiador para alugar um imóvel

já era difícil antes, em tempos de crise e desem-prego, a tarefa pode ser ainda mais árdua. Apesar de uma pesquisa do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), divulgada em julho e 2015, mostrar que nos últimos 12 meses anteriores, 47,5% dos contratos de alugueis foram fechados com fiador, seguido por depósito (33,5%) e segu-ro-fiança (19%), este produto tem ganhado mais presença no mercado.

“Nos últimos anos o uso do seguro-fiança tem au-mentado, embora para o mercado os preços ainda sejam altos, girando em torno de duas vezes o preço do aluguel. O principal motivo para o aumento da de-manda é o fato de que pedir alguém para ser fiador causa constrangimento e está caindo em desuso”, diz Schneider.

O seguro de fiança locatícia nasceu como uma alternativa ao fiador, pois elimina a necessidade de o locatário ter um responsável com imóvel próprio na mesma cidade, e garante que o proprietário rece-ba aluguel e encargos vencidos caso o inquilino não honre os pagamentos.

Para Edson Frizzarim, diretor do Porto Seguro Aluguel, um dos produtos do segmento disponí-

veis no mercado, “o seguro fiança é uma forma de o inquilino ter mais independência, segurança e tranquilidade, aproveitando da melhor forma o imóvel alugado”.

Nesta modalidade, tanto o inquilino quanto o proprietário têm vantagens. Para o inquilino, há a possibilidade de parcelamento do seguro e des-contos em serviços diversos, como transportado-ras de mudança, assistência para eletrodomés-ticos, instalações, pequenos reparos, chaveiro, vidraceiro e muitos outros.

Já para os proprietários há a garantia de recebi-mento dos aluguéis mensais e da multa moratória, pela Porto Seguro, em caso de inadimplência do lo-cador. O seguro apresenta também a possibilidade de contratação de cobertura de danos ao imóvel, entre outros adicionais.

Capitalização: nova alternativa Uma nova alternativa oferecida pelo mercado de

seguros é a capitalização. A grande vantagem para quem contrata essa modalidade é que, no final do contrato, o inquilino pode resgatar tudo o que inves-tiu, com rendimentos.

Schneider explica como funciona o produto que, segundo ele, tem tudo para ganhar populari-dade. “Muitos proprietários já estão aceitando títu-los de capitalização como garantia para o aluguel. Funciona assim: para alugar o imóvel, o inquilino adquire um título de capitalização, com valor entre 6 a 12 vezes o preço do aluguel, e o coloca como garantia. Se houver inadimplência, esse valor irá cobrir a prestação em atraso. Se não houver, o inquilino pode resgatar o valor integralmente, ao término do contrato, e ainda se beneficiar dos ren-dimentos do título”.

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do seguro46 O seguro cobre?

O seguro cobre?

Brinquedos caros

Segundo a Agência Nacional de Telecomunica-ções (ANATEL), o Brasil fechou fevereiro de 2016 com 258 milhões de linhas ativas na telefonia móvel e teledensidade de 126 acessos por 100 habitantes. O país é o quarto mercado mundial em tamanho e líder inconteste no uso dessa tecnologia na América Latina, superando, em números relativos, até gigan-tes como Estados Unidos e China.

Porém, de acordo com estudo da F-Secure, em-presa de segurança digital de atuação internacional, um quarto dos donos de celulares comprados no Brasil já tiveram seus aparelhos perdidos ou rouba-dos. Esta é a segunda maior porcentagem de per-das/roubos entre os 15 países pesquisados pela F-Secure, atrás apenas da Índia.

Felizmente, existe seguro para smartphones, ta-blets e notebooks e estes números explicam a pro-cura cada vez maior por esta proteção. As segura-doras que operam tal seguro no mercado brasileiro têm registrado expressivo crescimento de vendas, algumas com mais de 200% de expansão.

Porém, os consumidores devem saber que este seguro, geralmente, inclui uma franquia, isto é, um valor inicial da importância segurada pelo qual o segurado fica responsável como segurador de si mesmo. Assim, em caso de sinistro (perda/roubo), este valor inicial é arcado pelo segurado, o restante ficando a cargo da seguradora. Ou seja, o valor do ressarcimento é divido entre o segurado e a seguradora.

A franquia, como porcentagem do valor em risco, costuma ser alta no caso do seguro para smartpho-nes, adverte o corretor José Antônio Mendes, que tem bastante experiência no assunto. Um aparelho que custe em torno de R$ 2.600 pode ter como franquia RS 650 ou 25%, dependendo do acrés-cimo de pequenas vantagens extras nem sempre

necessárias para o perfil de todo segurado. Em mé-dia, as franquias ficam entre 10% e 20% do preço de um “gadget” novo.

Para o professor Nelson Flores, da Escola Su-perior Nacional de Seguros, as franquias são altas porque, no cálculo para determinar os preços do se-guro, as seguradoras devem levar em conta, entre diversos fatores, o estado do aparelho, a idade do seu dono e o índice de periculosidade dos locais aonde ele costuma circular. A proteção básica é con-tra roubo ou furto qualificado, mas também podem ser adicionadas proteções contra quedas, amassa-dos, danos elétricos de curtos-circuitos, sobrecar-gas, oscilações de tensão, inclusive em situações de viagens internacionais.

O coordenador da Faculdade de Administração da Escola Superior Nacional de Seguros, José Me-nezes Varanda, aconselha o consumidor a procurar um corretor e sempre pesquisar o preço do seguro em mais de uma seguradora. Até por que este é um seguro relativamente caro, podendo alcançar 30% do valor da nota fiscal do aparelho, e ofertado por diversas seguradoras.

Por um preço razoável, Marcos Aurélio de Paiva, corretor e consultor de Seguros, considera que vale a pena não apenas fazer seguro para celular, tablet e notebooks, como também para qualquer aparelho portátil que tenha um preço relativamente elevado. Ele cita como exemplo uma de suas clientes que contratou seguro para um equipamento Doppler, pe-

queno e fácil de transportar, usado para diagnóstico e tratamento de varizes. Trata-se de uma médica que trabalha em várias clínicas e também, em certos ca-sos, visita pacientes nas próprias residências.

Este é um seguro para quem não quer ter nenhu-ma surpresa desagradável em tempos de mobilida-de e, particularmente, para quem costuma usar o aparelho em lugares com histórico de roubos e não quer arriscar um prejuízo bastante razoável.

Em qualquer caso, a dica é sempre pesquisar muito, conhecer bem as várias opções oferecidas pelo mercado e escolher aquela que mais se adequa a seu bolso e sua circunstância.

Leia mais:http://www.tudosobreseguros.org.br/sws/portal/pa-gina.php?l=213 http://br.idclatin.com/releases/news.aspx?id=1730

Seguro rural em ano de megaexportação

Oportunidades e desafios que o seguro enfrenta no país que bate recorde de produção, mas enfrenta crise histórica

Na contramão da crise, a produção de grãos no Brasil registrou números recordes em 2015. Só em agosto, as exportações brasileiras de soja em grão somaram 5,276 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). O número representa um aumento de 35,3% em relação ao mesmo mês no ano passado. De ja-neiro a agosto, a exportação do grão ultrapassou os 47 milhões de toneladas, 11,4% a mais que em 2014.

Num cenário de economia debilitada e condições climáticas adversas, proteger toda essa riqueza tor-na-se um trabalho que merece especial empenho dos produtores – e, nesse sentido, o seguro rural é um forte aliado.

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do seguro48 O seguro cobre?

O seguro cobre?

No entanto, o que se vê na prática é ainda certa relutância por parte dos produtores quanto à contra-tação do produto, considerado muitas vezes mais um custo do que um investimento. “O mercado ainda está amadurecendo. Muitos podem se surpreender, mas o seguro rural no Brasil começou a ter papel mais influente no país há apenas 11 anos, com a institui-ção do PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), e os produtos originalmente oferecidos não atendiam aos anseios do produtor rural. Atual-mente, os produtos têm se desenvolvido nesse sen-tido, com destaque para os seguros de preços, que sempre foram uma demanda do agronegócio”, explica Bruno Kelly, sócio da Correcta Corretora de Seguros.

Programa Agrícola e PecuárioMesmo sendo verificado o aumento da produtivi-

dade no campo, é importante lembrar que o câmbio alto também eleva os valores de alguns insumos usa-dos na produção, o que aumenta os custos, fazendo assim com que este período de alta produtividade não seja, necessariamente, motivo de comemoração por parte do setor de seguros.

Uma forma de incrementar a compra do seguro rural, segundo o especialista, seria com o aumento da participação do governo no subsídio ao paga-mento do prêmio. Uma movimentação neste sentido já está em curso, com o lançamento do Programa Agrícola e Pecuário (PAP), no início de setembro, pela Presidência da República.

“Acho que o que pode aumentar a contratação dos seguros rurais é uma previsão orçamentária de sub-venção que seja suficiente para atender à demanda, um maior diálogo entre seguradoras e produtores e apólices de seguro que atendam aos anseios dos produtores, como o seguro de preço, que também já está disponibilizado, porém, ainda com limitações operacionais”, diz.

Segundo o Ministério da Agricultura, o valor desti-nado para o PAP este ano será de R$ 668 milhões.

O problema é que “cerca de R$ 300 milhões já estão comprometidos para quitar dívidas do ano passado com as seguradoras, ou seja, o que vai efetivamen-te ser repassado a esses agricultores na forma de subsídio ao custo do seguro será menos de R$ 400 milhões”, calcula Kelly, que considera o montante baixo. “Na prática, é possível que falte verba, dada a demanda esperada, e que vem aumentando ano a ano”, completa.

A perspectiva para o futuro, no entanto, é bastante positiva. Além da subvenção do seguro, outra carac-terística do PAP é a criação de um sistema integrado de informações do seguro rural (SIS-Rural) e a for-mação de grupos de produtores para negociação com as seguradoras. Isso indica que o governo está tentando homogeneizar as condições gerais nos

seguros rurais. Para Kelly, isso é bastante benéfico, pois “todo processo de padronização auxilia na redu-ção dos altos custos administrativos incorridos pelas seguradoras nesse segmento e, naturalmente, essas despesas são repassadas ao produtor na forma de prêmio”, avalia.

Todos estes fatores, certamente, poderão con-tribuir para a queda do valor do prêmio do seguro, mas não farão muito efeito isoladamente. “Para re-duzir o prêmio consideravelmente, só há uma pos-sibilidade, que é reduzir o risco. Se as informações do SIS-Rural que chegarem às seguradoras forem positivas, as comissões podem trazer bons resul-tados. Mas, de outra forma, não há como esperar redução de custos – e aí a participação do gover-no na subvenção dos prêmios torna-se ainda mais importante”, comenta.

Cuidado com as enchentes

Saiba como o seguro pode ajudar caso seu carro seja atingido por uma enchente

Se nos dois últimos anos a falta de chuva foi mo-tivo de preocupação e causa de prejuízos para a população brasileira, em 2016 está acontecendo exatamente o oposto. Chuvas acima da média es-perada para esta época do ano estão dando dor de cabeça para o cidadão.

Um dos problemas mais comuns vindos com a chuva são as enchentes, cujos prejuízos são mag-nificados por inúmeros fatores como ocupação de áreas urbanas feita de maneira desordenada, o lixo jogado nas ruas pelos próprios cidadãos e infraes-trutura inadequada das cidades.

Com chuvas torrenciais, os motoristas precisam tomar cuidado com este risco, pois podem ficar presos em engarrafamentos, ilhados, e ver seus veículos invadidos pelas águas do temporal. A per-da pode ser grande.

Felizmente, a cobertura contra enchentes que causem submersão total ou parcial do veículo está inclusa em todas as apólices de seguro de automó-veis completas ou “compreensivas” – que incluem ainda danos praticados por terceiros, vendaval, terremoto, roubo, colisão, incêndio etc. Quem dá a boa notícia é o diretor executivo de Sinistros da Allianz Seguros, Laur Diuri.

“Essa proteção é uma exigência da Susep para os pacotes de seguro de automóveis completos desde 2004”, explica Diuri.

No entanto, quando o consumidor opta por este seguro, é importante estar atento a todos os detalhes do contrato, incluindo as cláusulas de exclusão.

“O seguro contra alagamento cobre apenas sub-mersão do carro em água doce (chuvas, rios que

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do seguro50 O seguro cobre?

O seguro cobre?

fazer com que o seguro não cubra o caso de alaga-mento. É o que acontece quando um motorista tenta, deliberadamente, atravessar uma área alagada com seu veículo, assumindo a responsabilidade pela pos-sível submersão do carro. É o chamado “agravo de sinistro”. No entanto, é bem difícil comprovar que o se-gurado foi o responsável por este agravo intencional.

“Outro fator que pode impedir a cobertura do sinistro é não entrar em contato diretamente com a seguradora, contratando guincho ou serviços de limpeza particula-res ou mesmo a inexatidão ou omissão nas declara-ções no ato do contrato da apólice”, ressalta Diuri.

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Tragédia na noite

O que a indústria de seguros poderia fazer para evitar a tragédia de Santa Maria

O trágico incêndio na boate Kiss em Santa Ma-ria (RS), que vitimou mais de 200 pessoas, princi-palmente jovens, traz à mente o papel que o mer-cado de seguros pode desempenhar na proteção de bens e vidas. O público em geral entende que o seguro garante os valores dos bens materiais em casos de acidentes, mas poucos sabem que desempenha papel decisivo na prevenção dos mesmos, evitando, na maioria das vezes, que ve-nham a ocorrer.

Na contratação do seguro multirrisco empre-sarial, que deveria ter sido contratado pelos do-

nos da boate Kiss, as seguradoras realizariam previamente inspeções e verificariam os fatores que agravam situações de risco como explosão, incêndio, roubo, vendaval etc. A verificação des-sas situações ajuda a companhia a determinar o preço final do seguro e serve como sinal de alerta para o estabelecimento que quer contratar a garantia.

Se as condições estiverem muito precárias, agravando o risco de acidentes, a aceitação do seguro somente ocorre depois que o estabeleci-mento acatar as exigências de segurança feitas pelas seguradoras, diminuindo a probabilidade de que uma catástrofe possa acontecer. No limite, se o estabelecimento não aceita diminuir o risco, o seguro pode ser recusado.

Na boate onde houve o incêndio certamente um fator que teria sido identificado numa inspeção de risco feita pela seguradora seria a utilização de ma-terial inflamável na cobertura do palco, além da exis-tência de uma única entrada/saída normal e, ao que parece, inexistência de saída de emergência.

O mercado de seguros disponibiliza diversos pro-dutos para estabelecimentos comerciais e varejistas em geral, como os seguros compreensivos (ou mul-tirriscos) empresariais, em que o segurado escolhe os capitais segurados para as diversas coberturas que necessita. No caso da boate, por exemplo, a co-bertura básica abrangeria incêndio, que foi o causa-dor do sinistro, explosões e queda de raio no edifício ou na área onde ela estava localizada.

Importantíssima nesse caso, devido à perma-nência no local de centenas de pessoas, seria a contratação da cobertura adicional de responsabi-lidade civil, que cobre perdas resultantes de danos corporais e materiais causados a terceiros, desde que sejam involuntários e acidentais, pelas quais a empresa segurada possa vir a ser responsabiliza-da civilmente.

transbordam etc.), não cobre alagamento por água salgada, do mar, por exemplo”, diz. Logo, os danos causados nos automóveis por ressacas que inun-dam garagens perto das praias não estão cobertos.

Além disso, a apólice restrita de seguro de au-tomóveis – que cobre apenas os riscos de raio, incêndio, explosão e roubo ou furto – não garan-te indenização para alagamentos e enchentes de qualquer natureza.

Tem conserto?Muita gente se pergunta, quando tem o carro atin-

gido por uma enchente, se os prejuízos causados ao carro podem ser revertidos ou se são permanentes, o que seria a tão temida “perda total”. Na verdade, Diuri explica que neste caso as seguradoras não costumam considerar o caso de perda total, porque, tecnicamente, o veículo ainda pode ser recuperado, mesmo que os danos tenham sido graves.

“Se o nível da água ultrapassar o painel do veícu-lo, o segurado terá direito à indenização integral, já que os danos causados pelo contato da água com as partes elétricas, estofamento e airbag fazem com que a recuperação tenha custo elevado - e se não for benfeita, pode trazer problemas futuros”, afirma.

Após uma avaliação mecânica feita por um espe-cialista, é hora de avaliar a relação custo x benefício do conserto. Segundo Diuri, “considera-se que ainda vale a pena consertar o veículo quando o valor do reparo não ultrapassar 75% do preço do automóvel”.

Os reparos mais comuns nestes casos são a troca dos filtros e higienização do veículo, em casos mais simples. “Se a água atingir o banco do veículo, será necessária a troca de estofamento e itens mecânicos. Pode haver a necessidade de troca dos carpetes e, caso o motor aspire a água do alagamento (calço hi-dráulico), talvez o motor tenha que ser substituído", diz.

Além disso, algumas atitudes do motorista podem

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O seguro cobre?

Há que se notar, contudo, que, mesmo havendo a contratação de seguro, para que as coberturas contratadas tenham validade e o sinistro seja inde-nizado, a legislação deve ser sempre respeitada, bem como as disposições constantes da apólice de seguro. No caso da responsabilidade civil, a cul-pa (por negligência, imperícia ou imprudência) pode ser grave, leve ou levíssima.

As apólices de seguros geralmente cobrem da-nos causados apenas por culpa leve ou levíssima do segurado, excluindo a culpa grave, que se aproxima do dolo, mesmo sabendo que, na prática, não é fácil distinguir os casos de culpa grave, dada a dificul-dade de se provar o elemento subjetivo, ou seja, a intenção de má-fé.

Segundo a imprensa, a boate Kiss funcionava

nalmente o risco. É de se perguntar se os donos da Kiss não o fizeram ao contratar uma banda que, além de tocar música, soltava fogos de artificio num palco em ambiente fechado e, ademais, instruíram os se-guranças a trancar a única porta de saída.

Enfim, um lamentável acontecimento que enlutou o Brasil poderia ter ser evitado se todos os responsá-veis agissem com um mínimo de bom senso. O aci-dente representou uma péssima propaganda para o país que estava prestes a sediar eventos internacio-nais, como a Jornada Mundial da Juventude (2013) e a Copa do Mundo (2014), além das Olimpíada que acontecem este ano.

Previdência e mercado de ações

Saiba como controlar os rendimentos do seu plano

A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) divulgou recentemente dados que mostram um aumento de 28,4% das contribuições em planos de previdência complementar aberta no primeiro semestre de 2015, em comparação com o mesmo período de 2014. De janeiro a junho, o valor aportado pelos consumidores cresceu de R$ 36,09 bilhões para R$ 46,35 bilhões.

Segundo a entidade, este bom resultado é reflexo da busca do investidor por mais segurança e trans-parência no aporte de suas economias com foco no longo prazo. Mas você sabe aonde o seu plano de previdência aplica seus recursos? E se aplicar no mercadão de ações, que é sabidamente arriscado, será que ainda é válido manter este investimento?

Instabilidade da BolsaDesde o pico de 2008 para cá, o índice de ações

da Bolsa de Valores de São Paulo – o Ibovespa – caiu 27%. Blue ships como Petrobras e Vale perde-ram ainda mais valor, 80% e 72%, respectivamente. Os bancos, entretanto, tiveram bom desempenho:

as ações do Itaú e do Bradesco subiram cerca de 20% nesse mesmo período.

Em entrevista exclusiva ao Tudo Sobre Seguros, Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora de Valores, diz que o consumidor de planos de previ-dência que estiver em dúvida sobre a rentabilidade ou segurança do produto, deve procurar a instituição administradora do mesmo.

“Antes de mais nada é preciso conhecer o esta-tuto deste plano. Todos eles têm regras de gestão próprias. Alguns investem obrigatoriamente 90% dos recursos em renda fixa e 10% em renda variável, ou-tros são mais agressivos e aplicam outras porcenta-gens. Existem também mecanismos de proteção a esses fundos em caso de queda nas ações em que estão aplicados. Tudo isso pode ser esclarecido pela empresa administradora. É um direito do consumidor obter essas informações”, afirma.

Portabilidade para quem não pode esperarMaurício Viot, professor da UERJ, IBMEC e Escola

Superior Nacional de Seguros, explica, também com exclusividade para o Tudo Sobre Seguros, que “como a bolsa de valores vem apresentando performances negativas, isso tem afetado o desempenho dos pla-nos de renda variável, porém, no longo prazo estas perdas normalmente são recuperadas”.

Ele oferece ainda uma opção para o consumidor que não queira ou não possa aguardar o cenário econômico brasileiro se estabilizar e que prefira in-vestir em um plano de previdência mais conserva-dor, no qual os fundos não sejam aportados em ações. Ele pode utilizar o Instituto da Portabilidade, que é o direito garantido aos participantes de, du-rante o período de vigência e observadas determi-nadas regras, movimentar os recursos para outros planos, da mesma ou de outra instituição de previ-dência complementar aberta, sem nenhum custo. Normalmente os prazos para portabilidade são a cada seis meses”, orienta.

sem estar em dia com o alvará de Plano de Preven-ção de Combate à Incêndio, concedido pelo Cor-po de Bombeiros, portanto, legalmente, não poderia funcionar. Os bombeiros teriam feito uma série de exigências e recomendações para que o local pu-desse voltar a funcionar plenamente.

Tal fato, independente do grau de culpa, já seria suficiente para negar a indenização, caso a boate es-tivesse segurada. Com efeito, o seguro empresarial e o de responsabilidade civil (como todos os seguros) excluem, em geral, prejuízos decorrentes de ações ou omissões praticadas intencionalmente ou do não cumprimento, também intencional, de normas legais e regulamentares.

Além disso, no seguro, há perda de direito à in-denização sempre que o segurado agrava intencio-

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do seguro54 O seguro cobre?

O seguro cobre?

Como opção de plano mais conservador, ele destaca o PGBL/VGBL Soberano, no qual a carteira de inves-timentos é composta unicamente por títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil e créditos securitizados do Tesouro Nacional. Para os in-vestidores moderados, há o PGBL/VGBL Renda Fixa, cuja carteira de investimentos do FIE é composta por tí-tulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil, por créditos securitizados do Tesouro Nacional e por investimentos de renda fixa.

Já para os investidores mais agressivos, há o PGBL/VGBL Composto. Neste tipo de plano, a carteira de investimentos do FIE admite aportes em renda variável de, no máximo, 49% do seu patrimô-nio líquido, sendo admissível o estabelecimento de percentual mínimo de aplicação em renda.

Blue shipsCom uma crise tão forte abatendo-se sobre a

economia, muita gente deve se perguntar se as blue ships brasileiras ainda podem ser consideradas ações com grandes possibilidades de ganhos.

A Petrobras, por exemplo, teve um prejuízo em 2014 de R$ 21,6 bilhões. Apesar disso, no mes-mo período, a empresa registrou crescimento de 5% na produção de gás natural, bateu recorde de produção na área do pré-sal e teve 2% de alta na produção total de derivados, em compa-ração com 2013.

“Nos últimos 12 meses, as ações da Petrobras des-valorizaram 45,8%, mas em 2015, elas subiram 4,69%. Essa discrepância deve-se muito ao atraso na entrega do balanço da estatal, no início do ano, o que provocou o que chamamos de ‘efeito manada’, quando os acio-nistas adotam uma conduta em conjunto. No caso, foi o de venda dos papéis da empresa”, lembra Figueredo, que afirma que hoje eles estão praticamente estáveis.

Quanto a Vale, apesar da agência de risco Moo-dy’s ter recentemente mantido a empresa em pers-

Mas não basta apenas contratar o seguro. E pre-ciso contratar bem, isto é, escolher coberturas e va-lores indenizáveis (importâncias seguradas) de acordo com os riscos assumidos e que, portanto, forneçam real proteção ao viajante se houver necessidade. Daí a importância de consultar especialistas - corretores, seguradoras e/ou agências de viagens - sobre o plano de coberturas mais adequado à viagem e ao perfil do consumidor.

O caso recente da brasileira que se acidentou de-vido à queda de balão na Turquia e se encontra hos-pitalizada é exemplo disso. Segundo noticias saídas na imprensa, a vítima passou por várias cirurgias e os médicos turcos liberaram seu retorno ao Brasil, mas a viagem precisa ser feita em um avião-UTI.

O problema é que o seguro viagem contratado

cobriria apenas €30 mil (cerca de US$ 64 mil) em despesas hospitalares e repatriação sanitária, muito abaixo dos US$ 100 mil que seriam necessários ape-nas para custear a viagem de volta no referido avião. Contratualmente, uma vez verificado que o sinistro está coberto, a seguradora tem o dever de pagar o capital segurado, o que significa que, quando o pre-juízo ultrapassa esse valor, o restante deve ser pago pelo paciente. Felizmente, conforme noticiado, parece que o Itamaraty se dispôs a estudar o caso e, inclu-sive, fazer a remoção custeada pelo governo. Além disso, a turista também contaria com a proteção do seguro de responsabilidade civil da empresa baloeira.

Mas fica a sensação de que o problema finan-ceiro podia ser eliminado ou grandemente minorado pela contratação de coberturas de maior valor, mais adequadas aos riscos corridos. Mesmo porque os prêmios do seguro viagem são relativamente baixos e as opções são variadas, de acordo com o perfil do viajante e o destino da viagem, seja no Brasil ou no exterior. Há produtos multirriscos para quem viaja sozinho com frequência, para a família e para execu-tivos a trabalho. Entre as principais coberturas estão seguros de vida, assistências hospitalar, médica, far-macêutica e odontológica, bagagem extraviada ou danificada, atraso de voo, repatriação sanitária etc.

Com relação a valores, cada seguradora oferece produtos com coberturas e preços diversificados. Um exemplo é cobertura de assistência médica cuja importância segurada pode chegar a U$ 250 mil. No caso da repatriação sanitária, as coberturas mais comuns chegam a US$ 50 mil. Uma apólice conten-do um cardápio de proteções dessa magnitude tem atualmente preço pouco acima de R$ 300 para dez dias de viagem.

O seguro viagem tem que oferecer, obrigatoriamen-te, durante o período contratado (a viagem), proteção para riscos de morte acidental e invalidez permanente total ou parcial por acidente. Outras coberturas po-dem ser incluídas, como despesas médicas, hospi-

pectiva negativa, reflexo da deterioração no mer-cado de metais e minério de ferro, a mineradora está passando por fase de grande expansão com investimentos substanciais bem como detém forte posição competitiva como a maior de minério de ferro e níquel do mundo.

Para viajar com segurança, contrate bem

O seguro viagem para os turistas, particularmente, os que estão indo ao exterior, é de extrema impor-tância. De fato, acidentes acontecem e os custos podem ser altos. Uma queda, ferimento e conse-quente hospitalização na Europa, Estados Unidos e até mesmo em países menos desenvolvidos podem facilmente custar milhares de dólares e é bom estar protegidos contra isso.

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do seguro56 O seguro cobre?

O seguro cobre?

talares, odontológicas, diárias por atraso de voo, perda ou roubo de ba-gagem e danos a malas, entre muitas outras.

As coberturas garan-tem proteção a danos e prejuízos ocorridos exclu-sivamente por acidentes. Isto significa a exclusão de riscos devidos a doenças preexistentes, congênitas ou crônicas, tratamento de doenças epidêmicas, pandêmicas ou endêmi-cas, despesas médicas e hospitalares decorren-tes de atividades de alto risco em que o segurado não tenha habilitação para tanto, entre outros riscos. Em casos de crise aguda, que coloque em risco a vida do segurado durante a viagem, as seguradoras geral-mente autorizam atendimento, mas limitado a um per-centual sobre o valor de reembolso contratado.

Leia mais:http://www.tudosobreseguros.org.br/sws/portal/pa-gina.php?l=394#quais_coberturas

Seguro para animais de estimação

O Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e Inglaterra.

Tem gente que cuida do seu animal de estimação (“pet” em inglês) como se fosse um filho. Roupas, brinquedos, rações especiais, tratamentos de beleza e até carrinho para passear na rua são alguns mimos de que os donos não abrem mão, sempre querendo dar o melhor para seu bichinho.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil é o terceiro maior mercado pet do mun-do, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Inglaterra. O grande número de pet shops no país é um reflexo do crescimento do setor e os números da entidade confirmam: a paixão pelos pets movimentou, em 2015, R$ 18 bilhões, 7,4% a mais que no ano anterior.

O difícil para muita gente é cuidar adequadamente da saúde e segurança dessas criaturinhas que ama-mos. Cuidados com vacinas, exames, entre outros, podem ser caros e pegar os donos desprevenidos, mas existe no mercado um seguro específico para auxiliar nestas e em muitas outras situações.

De fato, existem seguradoras que comercializam o seguro PET. A AIG é uma delas, tendo desen-volvido, em 2013, um produto que cobre proteção para cães e gatos. Ele tem condições bem se-

melhantes a um Seguro Saúde, prevendo reem-bolso de despesas com veterinários. “Para os do-nos significa mais economia, pois as parcelas do seguro custam em torno de R$ 20,00 e cabem no orçamento familiar. Além disso, ele garante o reembolso de gastos inesperados e dá liberdade para escolher o veterinário que quiser”, explica Henrique Faria, gerente de Produtos da AIG Brasil.

O produto cobre ainda despesas com funeral e cremação, além de responsabilidade civil. “Ele prote-ge o dono caso seu animal de estimação provoque morte a terceiros, dano material à propriedade de ter-ceiros, bem como morte ou danos corporais a ou-tros cães e gatos domésticos”, complementa Faria.

Perguntado sobre se o seguro PET cobre um cri-me que tem se tornado comum em todo o país – o roubo de animais – o executivo alertou que não, o que mostra que o produto ainda pode agregar co-berturas importantes para os clientes.

Inovações no seguro Além das coberturas por morte, acidentes e

despesas veterinárias, que são as mais comuns, há ainda uma grande variedade de serviços adi-cionais oferecidos pelos seguros PET disponíveis no mercado. Alguns produtos incluem indicação de clínicas veterinárias, auxílio para compra de ou-tro bichinho de estimação em caso de morte do animal assistido, entrega de ração em domicílio, indicação de SPA canino, entre outros.

O seguro criado em parceria pela Yasuda Se-guros e a Pet Assist, empresa especializada em assistência a cães e gatos, por exemplo, ofere-ce ainda uma cobertura para o animalzinho em caso de morte do dono, garantindo que ele seja levado, de qualquer cidade do país, para o “Lar Animal”, um sítio localizado em São José dos Campos (SP) com serviços como veterinário, passeador e cuidador.

Já o produto inter-mediado pela Segurar.com, com apólice da MetLife, tem ainda ou-tra característica dife-renciada: em caso de lesão ou doença do dono, que o impeça de cuidar do animal as-sistido, será oferecido para o bichinho trans-porte de ida e volta e hospedagem em um hotel especializado.

Portanto, na hora de contratar o seguro, é importante ler atenta-mente cada cláusula e verificar se o produto atende todas as suas necessidades.

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