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TÍTULO: ESTUDO DA VEGETAÇÃO EM ÁREAS SUJEITAS A ALAGAMENTO: RIO ARICANDUVATÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:
SUBÁREA: EcologiaSUBÁREA:
INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIPINSTITUIÇÃO(ÕES):
AUTOR(ES): CAROLINE NASCIMENTO VELOSOAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): EMMANUELLE DA SILVA COSTAORIENTADOR(ES):
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Vice-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
UNIVERSIDADE PAULISTA
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
ESTUDO DA VEGETAÇÃO EM ÁREAS SUJEITAS A
ALAGAMENTO: RIO ARICANDUVA
Caroline Nascimento Veloso
Profª. Dra. Emmanuelle Costa
2018
8º Semestre
São Paulo- São Paulo
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ESTUDO DA VEGETAÇÃO EM ÁREAS SUJEITAS A
ALAGAMENTO: RIO ARICANDUVA
Caroline Nascimento Veloso
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo estudar a vegetação
presente em área sujeita a alagamento: Rio Aricanduva, o Piscinão Aricanduva
V, na zona leste da cidade de São Paulo, através da identificação das espécies
arbóreas predominantes, a fim de se obter mais informações a respeito da
alteração ocorrida devido às enchentes, para que a partir desse estudo seja
possível elaborar uma lista de plantas específicas para serem mantidas em
ambientes com solos encharcados. Assim obtendo as caraterísticas estruturais
e ecológicas desta vegetação, cujo principal papel é a proteção dos recursos
hídricos. A influência em que a dinâmica da água, tanto do solo e do rio
acarretam uma disposição mais extensa na área, nas quais diversas espécies
encontram condições propícias, tanto para o seu ciclo de vida quanto para a
disseminação de seus diásporos reprodutivos. A partir dos métodos utilizados
com expedições de coletas e identificação dos materiais botânicos, os
indivíduos foram identificados com base em manuais de identificação e
observação de características morfológicas com o auxílio de lupa e
microscópio. Foram relatadas 41 espécies, porém para o reflorestamento nesta
área é recomendável que as espécies estejam em diferentes estágios
sucessionais e que as mesmas ocorram naturalmente em condições de clima,
solo e umidade semelhantes a da área a reflorestar. A identificação dos
espécimes situados nas margens do Rio Aricanduva contribuirá para o
conhecimento da vegetação ali presente relacionando as espécies mais
frequentes, endêmicas, ameaçadas de extinção e exóticas.
Palavras-chave: Levantamento; Vegetação; Mata Ciliar; Rio Aricanduva.
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Abstract: The present study aimed to study the vegetation present in an area
subject to flooding: Aricanduva River, the Aricanduva V Swimming Pool, in the
eastern zone of the city of São Paulo, by identifying the predominant tree
species, in order to obtain more information about this of the change due to
floods, so that from this study it is possible to draw up a list of specific plants to
be kept in environments with soggy soils. Thus obtaining the structural and
ecological characteristics of this vegetation, whose main role is the protection of
water resources. The influence in which the water dynamics of both the soil and
the river leads to a more extensive arrangement in the area, in which several
species find favorable conditions both for their life cycle and for the
dissemination of their reproductive diaspores. From the methods used with
collections and identification of botanical materials, the individuals were
identified based on manuals for identification and observation of morphological
characteristics with the aid of a magnifying glass and a microscope. 41 species
have been reported, but for reforestation of this area they are as good as
healthy species in different degrees and successive, as the species occur
naturally in conditions of climate, soil and humidity similar to reforestation
area.The identification of the specimens located on the banks of the Aricanduva
River will contribute to the knowledge of the vegetation present, relating the
most frequent species, endemic, endangered and exotic.
Key- Words: Survey; Vegetation; Riparian forest; Aricanduva River.
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Sumário
Introdução .......................................................................................................... 4
Objetivos ............................................................................................................ 8
Hipóteses ........................................................................................................... 9
Justificativa ......................................................................................................... 9
Material e métodos ........................................................................................... 10
Resultados ....................................................................................................... 10
Discussão ......................................................................................................... 11
Conclusão ........................................................................................................ 12
Referências ...................................................................................................... 12
Anexos ............................................................................................................. 17
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Introdução
A Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva localizada na zona leste da
Capital, abriga áreas verdes como o Parque do Carmo e o Morro do Cruzeiro
ao mesmo tempo em que apresenta a menor taxa de arborização urbana por
habitante, tem o sentido de desvelar a complexidade que representa o estudo
sobre a relação do desenvolvimento urbano e sua interferência no ambiente,
com todas as implicações decorrentes na vida cotidiana dos moradores da
região (Souza e Oliveira, 2004).
O Rio Aricanduva, afluente da margem esquerda do Rio Tietê, tem sua
bacia localizada na região leste-sudeste da cidade de São Paulo. Ocupando as
subprefeituras de São Mateus (distritos de São Mateus, Iguatemi e São
Rafael); Sapopemba e Vila Prudente (distrito de Sapopemba); Aricanduva
(distritos de Aricanduva, Carrão e Vila Formosa); Itaquera (distritos de Cidade
Líder e Parque do Carmo); Penha (distritos da Penha, Artur Alvim e Vila
Matilde); e Mooca (distrito do Tatuapé) (Souza e Oliveira, 2004).
O mesmo percorre em uma extensão de aproximadamente 20
quilômetros e larguras variando entre 5 e 6 km, desenvolvendo-se em sua
extensão em cotas de 905 metros em seu curso alto para 720 metros em sua
foz, assim a declividade do talvegue varia de 0,025m/m no trecho alto para
0,005 m/m em seus trechos médio e baixo curso (Sirgh, 2011). Sua nascente
encontra-se na região limítrofe com o município de Mauá e ao decorrer deste
trajeto o mesmo possui afluentes como os rios/córregos Limoeiro, Caguaçu,
dos Machados, Anhumas, Tapera, Taboão, Taubaté, Rapadura, Rincão e
Tatuapé, desaguando no Rio Tietê entre a Avenida Airton Petrini e Ponte
Aricanduva.
O Rio Aricanduva por cursar esta favorável extensão já se tornou um rio
extremante modificado pelas ações antrópicas, com o progresso e o
desenvolvimento econômico, os quais acarretaram modificações na paisagem
que apagam muitas vezes da história fatos importantes ou interessantes sob o
ponto de vista ecológico (Biagolini, 2013). Popularmente conhecido como
Morro do Cruzeiro, é um dos principais rios afluentes do rio Tietê, na cidade de
São Paulo, sua nascente encontra-se no extremo leste da cidade, na divisa
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com Iguatemi e a cidade de Mauá. Infelizmente este rio nasce poluído por
conta de uma de suas nascentes estarem localizada no aterro sanitário São
João, na estrada de Sapopemba.
A vegetação original desse ambiente são características de mata
atlântica, denominada floresta ombrófila densa e formações de várzea.
Também compõem a vegetação dessa bacia áreas reflorestadas, praças e
espaços públicos, jardins de residências e exemplares arbóreos em calçadas,
consideradas vegetações antrópicas, ou seja, plantadas pelos seres humanos.
Por ser uma área extremamente urbanizada, existe pouca cobertura vegetal
tanto original como antrópica. Os Parques do Carmo, Sapopemba e o Morro do
Cruzeiro são áreas significativas de vegetação e, consequentemente, de
permeabilização do solo (Souza e Oliveira, 2004).
Por conta das mudanças para direcionar o percurso do rio em uma
direção reta a benefício do comércio e a via de acesso entre os municípios de
Mauá e São Paulo, o rio corta diversos bairros tanto de classe baixa, quanto de
classe média da zona leste da Cidade de São Paulo, inclusive o local onde o
mesmo percorre por consequência a avenida carrega o mesmo nome
acompanhando até o seu destino final. Alagamentos e inundações são
fenômenos recorrentes nos meses de verão, cujas consequências acarretam
diversos transtornos e perdas materiais para a população afetada (CGE, 2013).
Na época das chuvas, estes desmatamentos recorrentes na vegetação
local e mudança do ciclo da água tornaram-se responsáveis por uma grande
parte do volume da água que provoca os alagamentos recorrentes na região,
causando transtornos aos moradores e motoristas que circulam pela Avenida
Aricanduva, mesmo que atualmente o rio esteja passando por um processo de
canalização, ou seja, a regulação e melhoria do curso do rio para sanear suas
margens e torná-lo navegável, tendo como objetivo de regular e melhorar as
enchentes (Souza e Oliveira, 2004).
A maioria das cidades brasileiras carece de estudos dedicados a
subsidiar medidas de prevenção e/ou solução de problemas ligados à
drenagem pluvial na capital Paulista, uma das estratégias que vem sendo um
suporte para auxiliar a forte demanda de água é a construção de reservatórios,
mais conhecido como piscinões. Estas áreas são soluções de curto prazo para
o amortecimento do pico de cheias, ou seja, armazena a água excedente dos
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rios e da drenagem urbana no período de chuvas, liberando-a aos poucos,
após o final da chuva, de forma controlada para evitar inundações à jusante.
Ao longo da Bacia Hidrográfica Aricanduva, temos os reservatórios
espalhados para ajudar nesta vazão de água constante em dias de chuvas
fortes, tais como: Piscinão Caguaçu, Piscinão Limoeiro, Piscinão Aricanduva I
Piscinão Aricanduva, Piscinão Aricanduva III, Piscinão Inhumas, Piscinão
Rincão, Piscinão Pedreira/São Mateus.
Contudo a construção destes reservatórios segue com o mesmo padrão
dos rios onde a vegetação ao redor deve ser preservada, pois há a importância
de florestas ao longo de cursos hídricos, de reservatórios e de lagos
fundamentando-se na amplitude de benefícios que este tipo de vegetação traz
ao ecossistema biótico e abiótico (Durigan e Silveira, 1999).
Tendo em vista os recursos bióticos, as matas ciliares criam condições
favoráveis para a subsistência e manutenção do fluxo gênico entre as
populações de espécies que habitam as faixas ciliares ou até mesmo os
fragmentos florestais que são conectados por elas (Harper et al., 1992). Em
vista dos recursos abióticos, as florestas localizadas junto às margens dos
corpos de água exercem importantes funções hidrológicas (Lima, 1989).
A Mata ciliar é uma vegetação que percorre uma grande parte das
margens tanto do rio quanto dos reservatórios, também conhecida como mata
de galeria. O termo “Mata Ciliar” é recorrente ao fato de serem extremamente
importantes para o equilíbrio ecológico, reduzindo o assoreamento e a força
das águas que surgem nos rios, represas e lagos, evitando diversas
ocorrências como, por exemplo, desmoronamentos do solo; assim esta
vegetação sustenta a qualidade da água e impede que poluentes ingressem no
meio aquático, além de atuarem no processo de umidificação das margens de
rios e lagos, e ao decorrer de seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de
carbono, um dos principais gases que consequentemente atuam nas
mudanças climáticas que afetam a atmosfera (Guislon et al., 2006).
A formação desse tipo de vegetação tem como função melhorar as
capacidades dos rios ao transcorrer de seu percurso, embora a mesma venha
sendo ameaçada por conta de desmatamentos, decorrente das práticas
agrícolas e pecuárias, como também sofre grande desordem devido ao
crescimento urbano, onde muitas construções habitacionais são feitas nas
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margens dos rios, acarretando o desmatamento e a poluição por esgoto
doméstico.
Em regiões neotropicais o estudo desse agrupamento ainda é
introdutório, porém as vegetações herbáceas com suas características
estruturais e ecológicas acabam tornando sensíveis às variações que o
ambiente ao longo dos anos vem proporcionando, atuando como um indicador
de qualidade ambiental. Neste contexto, as matas ciliares desempenham
funções importantes de conexão entre fragmentos, bem como de preservação
das funções ecológicas e hidrológicas do ambiente, adicionadas à qualidade da
sua vegetação que está relacionada à composição do uso da terra no entorno
(Fernández et al., 2014).
As interações da vegetação ripária de um ponto de vista ecológico são
imensuráveis, tanto para o controle induzido, ou seja, sem a participação de
organismos vivos (abiótico), quanto para o controle induzido com componentes
vivos do meio ambiente (biótico), até mesmo nas interações entre as próprias
plantas. Dentre as mais conhecidas estão as relações com o tipo de margem
do solo; com os períodos de águas baixas e altas, e com a dinâmica do rio,
principalmente nos aspectos de geração de refúgio, substrato, matéria orgânica
e de determinadas variações de condições ambientais (Souza et al., 2014).
Todavia, temos que considerar ações antrópicas que contribuem com
demasiadas e instáveis devastações, pois as Matas Ciliares são consideradas
áreas de proteção, e segundo o Código Florestal torna-se uma área de
proteção permanente:
“(...) área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º Lei nº12.651, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, paisagem a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
Porém por ganância e desinformação de um todo, há dificuldade em se
fazer cumprir a lei, pois a mesma nem sempre está literalmente segmentada
com demandas para a recuperação das vegetações ribeirinhas. A exiguidade
de informações sobre a ordem natural dos ecossistemas aquáticos e ripários
pode desacelerar e mesmo dificultar a recuperação das áreas degradadas.
Este ecossistema é um excelente tampão e consumidor de nutrientes, que se
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encontra presente no escoamento sobrevindo dos sistemas vizinhos (Ferreira e
Dias, 2004).
Mesmo diante do reconhecimento da importância da zona ripária para a
não degradação das áreas da micro bacia não vem ocorrendo os planos de
manejo integrado nas mesmas como serviços ambientais, manejo sustentável
e planejamento do uso da terra (Attanasio et al., 2012).
A vegetação herbácea, por ser de pequeno porte e com raízes
superficiais, torna-se sensível às alterações ambientais, atuando como agentes
indicadores desse meio (Cestaro et al.,1986; Citadini-Zanette e Baptista,1989).
Do ponto de vista ecológico, as florestas ciliares se destacam pela riqueza de
espécies (Ribeiro et. al.,2001) sendo consideradas como corredores ecológicos
para a movimentação da fauna e para a dispersão vegetal, exercendo
importante papel na proteção de recursos hídricos (Lima e Zakia, 2000).
Além disso, as espécies herbáceas terrícolas têm maior taxa de extinção
natural do que plantas de outros estratos e o acelerado processo de
urbanização sobre os remanescentes naturais resultam diretamente na perda
do patrimônio natural (Fuhro et al., 2005; Grilliam, 2007).
Objetivos
Objetivo Geral
A presente pesquisa teve como objetivo realizar estudo da vegetação
em áreas sujeitas a alagamento: Rio Aricanduva, O Piscinão Aricanduva V –
instalado entre a Avenida Aricanduva e as ruas Costeira e Fortuna de Minas,
na região de São Mateus Zona leste da cidade de São Paulo.
Objetivos específicos:
I. Coletar e listar as espécies da área de estudo organizada por famílias
segundo o Sistema de Classificação Filogenética de Angiospermas APG
IV (2016).
II. Sugerir a utilização de espécies adaptadas em ambientes sujeitos a
alagamentos.
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Hipóteses
O levantamento florístico de uma determinada área permite o conhecimento
da biodiversidade local, contudo em áreas sujeitas a alagamento é necessário
que as espécies desse ambiente sejam mais resistentes, apresentando
características morfológicas mais robustas. Com esse estudo pretende-se
observar a presença de espécies arbóreas de grande porte com raízes
profundas para auxiliar na contenção do grande volume de água que a área
está sujeita a receber em períodos chuvosos, além da variedade de espécies.
Será que a escolhe por espécies exóticas é uma solução positiva para
arborização em áreas urbanas sujeitas a alagamento?
Justificativa
A influência em que a dinâmica da água, tanto do solo e do rio
acarretam uma disposição mais extensa na área, na qual o projeto de pesquisa
está sendo aplicado, por entre os diversos domínios vegetacionais, assim estão
gerando as redes hidrográficas, nas quais é possível notar que com a poluição
das águas, diversas espécies encontram-se em seu ciclo de vida interrompidos
pela poluição do rio (grandes demandas de lixos e esgotos). Associados com
essas formações vegetacionais, as diversas ações de organizações dirigidas
para a defesa do meio ambiente, tendo um movimento de estímulo ao plantio
de espécies arbóreas ao longo dos rios, visando sua preservação e
restauração, protegendo as funções hidrológicas e ecológicas, que são
essenciais na busca da sustentabilidade.
O Levantamento florístico das espécies arbóreas situadas à margem do
Rio Aricanduva contribuiu para o conhecimento da vegetação ali presente
relacionando as espécies mais frequentes, endêmicas, ameaçadas de extinção
e exóticas. A partir desse levantamento é possível propor planos de manejo
para que essa vegetação não seja ameaçada de extinção com as intervenções
humanas o que poderá minimizar problemas ambientais ocasionados com a
possível retirada desses indivíduos e uma restauração da infraestrutura das
margens do rio que se encontram em decadente situação por conta da poluição
presente e a falta de manutenção.
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Material e métodos
Foram realizadas expedições de coletas de materiais botânicos e
posterior confecção através de exsicatas das espécies arbóreas que se
encontram em áreas sujeitas a alagamento: Rio Aricanduva na região leste da
Capital Paulista, Piscinão Aricanduva V – instalado entre a Avenida Aricanduva
e as ruas Costeira e Fortuna de Minas, na região de São Mateus.
Desenvolvendo atividades de levantamento florístico para conhecer as
comunidades vegetais de maneira estrutural, auxiliando a avaliação de
diversas medidas que descrevem a estrutura horizontal e vertical da mata ciliar.
No decorrer de toda a coleta foram observadas as regiões com
problemas de desequilíbrio ecológico na mata ciliar, onde as árvores não
suportam as contínuas agressões sofridas e acabam por serem levadas pela
força das correntezas das águas e a falta de superfície de sustentação. Os rios
em processo de assoreamento tendem a sair de seu leito com mais
naturalidade durante as chuvas, provocando inundação e solapamento das
margens. Através de ferramentas bibliométricas, analisando estes grupos de
plantas e observando a temática que as mesmas constituem para manter-se
nas margens, direcionaremos para esta bacia hidrográfica, a partir das
nascentes, e do entorno da região, um diagnóstico que destaca a área de
origem e vegetação de Mata Ciliar (Figura 1).
Resultados
Na região do Piscinão Aricanduva V observou-se uma relativa
diversidade de espécies arbóreas, localizada ao longo de 167 mil m2 onde foi
possível observar algumas espécies que se encontram nesta região. Apesar do
grande número de exemplares a diversidade deste é considerada baixa, sendo
a maioria das espécies exóticas, o que pode ser apontado como um ponto
negativo dado a grande diversidade de espécies nativas presentes na nossa
flora e que contribui para uma série de serviços ecossistêmicos. A área de
estudo é um ambiente bastante urbanizado, que apresenta uma série de
problemas relacionados às questões de poluição tanto pela grande quantidade
de CO2 liberado devido ao grande fluxo de carros que passam pela avenida
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assim como pela quantidade de lixo descartada pela população. A quantidade
de árvores amostrada que esta área possui são 225 m2, até o momento foram
identificadas 10 gêneros de arbóreas. O conhecimento da composição florística
das florestas ciliares é um pré-requisito importante para projetos de
recomposição da cobertura vegetal (Figuras 2, 3, 4 e 5) de áreas marginais a
rios, córregos e nascentes.
As espécies identificadas foram analisadas para compreender se eram
de exóticas ou nativas (Tabela 1 e 2) e os dados obtidos (Gráfico 1 e 2)
expressam o percentual de cada espécime das espécies analisadas.
Discussão
A área localizada as margens do Rio Aricanduva foi escolhida para ser
objeto de estudo desse projeto com o objetivo de se conhecer as espécies que
se encontram num ambiente que está constantemente sujeito a modificações
devido ao grande volume de água em períodos chuvosos. Foi possível
perceber que a área percorrida do Piscinão Aricanduva V possui trechos de
campo, onde seria necessária a implantação de mudas de arbóreas.
O local estudado encontra-se perturbado em consequência dos
processos de antropização e em estágio sucessional médio, com prevalência
de espécies pioneiras e secundárias iniciais (Durães et al.,2014).
Para recuperação da cobertura florestal as margens do reservatório são
recomendáveis o plantio de espécies que ocorrem naturalmente em condições
de clima, solo e umidade semelhantes às da área a reflorestar, selecionando
espécies com base em levantamentos florísticos e fitossociológicos de
remanescentes da região. Sugere-se um modelo sucessional para processo de
reflorestamento da zona ripária onde que o mesmo se baseie na combinação
de espécies de diferentes grupos ecológicos (Durigan e Nogueira 1990).
Segundo IEF (1994), é importante dispor as mudas no campo, ocorrendo
a alternância de uma linha de espécies pioneiras com outra de espécies
secundárias e clímax, mantendo as densidades proporcionais entre as
espécies dos diferentes estágios sucessionais, sem efetuar o plantio em
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módulos, uma vez que os resultados são os mesmos obtidos com a distribuição
aleatória das espécies no campo (esquema abaixo):
——P——————P——————P—––————–
———––—SI———— –––SI———––—C——–––
––––P——–––——P——–––—P———–––P———
—–––––—ST——–––—SI————C————–SI—
——P———–––—P——–––—P————P———––
Mesmo que a indução da dinâmica de sucessão secundária, mediante
de intervenções de plantio, apresenta resultados muito favoráveis quanto à
recuperação da função e à posterior recuperação da estrutura das zonas
ripárias (Napo et al., 1999).
Conclusão
A área de estudo é um ambiente bastante urbanizado, que apresenta
uma série de problemas relacionados às questões de poluição tanto pela
grande quantidade de CO2 liberado pelo grande fluxo de carros que passam
pela avenida assim como pela quantidade de lixo descartada pela população.
As construções desses reservatórios são em áreas que possuem uma
vegetação, ou seja, ocorreu uma fragmentação para que houvesse a
construção do reservatório, sendo assim não existe uma vegetação que seja
propícia a essas condições de alagamento.
É possível aplicar um modelo de recuperação que possa conservar um
maior número de espécies, para melhorar o suporte da função ecológica da
mata ciliar e sua sustentabilidade.
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SIGHR, Sistema Integrado de Gerenciamento Recursos Hídricos do Estado de
São Paulo. disponível em:
http://www.sigrh.sp.gov.br/cbhat/apresentação. Acesso em 28 de julho de 2018.
17
Anexo
Figura 1: Rio Aricanduva, trecho entre EMEI Ceu Aricanduva e Biblioteca Milton Santos.
Disponível em: http://mapasapp.com/mapa/sao-paulo/sao-paulo-sp/9668-aricanduva.
Figura 2: Pistacia sp. (Anacardiaceae) Figura 3: Bougainvillea sp. (Nictaginaceae)
Figura 4: Malvonidae sp. (Malvaceae). Figura 5: Calliandra sp. (Mimosaceae).
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Tabela 1. Espécies nativas no entorno do piscinão do Rio Aricanduva.
Nome Científico Nome Popular Família Origem Qnt.
Bougainvillea spectabilis Primavera Nyctaginaceae Nativa 1
Duranta erecta Pingo de ouro Verbenaceae Nativa 9
Allamanda schotti Alamanda Apocynaceae Nativa 4
Pachira macrocarpa Monguba Bombacaceae Nativa 3
Malvonidae sp. Hibiscu Malvaceae Nativa 25
Falcataria molluccana Albizia Rutaceae Nativa 3
Persea americana Abacateiro Lauraceae Nativa 19
Scheffera heptaphylla Árvore-guarda-chuva Araliaceae Nativa 3
Eugenia uniflora Pitangueira Mytaceae Nativa 1
Sapindus saponaria Jequiriti Sapindaceae Nativa 14
Ophiopogon japonicus Grama preta Ruscaceae Nativa 1
Caliandra heematocephala Arbusto-chama Mimosaceae Nativa 2
Scheffera macrostachya Árvore-guarda-chuva Araliaceae Nativa 1
Citrus sp. Citros Rutaceae Nativa 2
Figura 6: Sansevieria sp. (Agavaceae). Figura 7: Tulipa sp. (Liliaceae).
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Tabela 2. Espécies exóticas no entorno do piscinão do Rio Aricanduva.
Nome Científico Nome Popular Família Origem Qnt.
Platanus occidentalis Plátano Plantanaceae Exótica 4
Aloe arborescens Aloé do Natal Xanthorrhoeaceae Exótica 1
Begonia palmata Begônia Begoniaceae Exótica 1
Fraxinus ornus Feixo-das-flores Oleaceae Exótica 1
Perilla frutences Shiso Lamiaceae Exótica 1
Hydnocarpus anthelminthicus
Hydnocarpus Flacourtiaceae Exótica 1
Leucaena leucocephala Árvore da morte Mimosaceae Exótica 13
Tulipa gesneriana Tulipa Liliaceae Exótica 1
Ligustrum lucidum Alfeneiro do Japão Oleaceae Exótica 2
Jasminum floridum Jasmim estrela Oleaceae Exótica 1
Antiaris toxicaria Árvore da morte Moraceae Exótica 6
Fraxinus chinensis Urapón Oleaceae Exótica 15
Syagrus sp. Jerivá Arecaceae Exótica 16
Pistacia lentisus Pistache Anacardiaceae Exótica 25
Ficus benjamina Ficus Moraceae Exótica 12
Bauhinia forficata Pata-de-vaca Fabaceae Exótica 10
Artocarpus heterophyllus Jaca Moraceae Exótica 6
Morus nigra Amoreira Moraceae Exótica 1
Tunbergia erecta Manto-do-rei Acanthaceae Exótica 3
Ficus religiosa Ficus Moraceae Exótica 2
Nerium oleander Oleadro Apocynaceae Exótica 1
Rosa sp. Roseira Rosaceae Exótica 4
Acalypha wikesiana Flamengueira Euphorbiaceae Exótica 1
Sansivieria trifasciata Espada-de-são-jorge Agavaceae Exótica 3
Sorbus dacica Borbás Rosaceae Exótica 1
Ficus pumila Ficus Moraceae Exótica 3
Eriobotrya japonica Néspera Rosaceae Exótica 3
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Gráfico 1. Percentual de espécimes das espécies nativas no entorno do
piscinão Rio Aricanduva.
1,13%
10,22%
4,50%
3,40%
21,60% 3,40% 1,13%
2,27%
1,13%
15,90%
1,13%
2,27% 1,13% 2,27% Bougainvillea spectabilis
Duranta erecta
Allamanda schotti
Pachira macrocarpa
Malvonidae sp.
Facaltaria molluccana
Persea americana
Scheffera heptaphylla
Eugenia uniflora
Sapindus saponaria
Ophiopogon japonicus
Caliandra hematocephala
Scheffera macrostachya
Citrus sp.
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Gráfico 2. Percentual de espécimes das espécies exóticas no entorno do
piscinão Rio Aricanduva.
2,90%
0,72%
0,72% 0,72%
0,72%
0,72%
9,40% 0,72%
1,45%
0,72%
4,35%
10,80%
11,60%
18,10%
8,70%
7,25%
4,35%
0,72%
2,17%
1,45%
0,72%
2,90%
0,72% 2,17%
0,72%
2,17%
2,17%
Platanus occidentalis
Aloe arborescens
Begonia palmata
Fraxinus ornus
Perilla frutescens
Hydnocarpus anthelminthicus
Leucaena leucocephala
Tulipa gesneriana
Ligustrum lucidum
Jasminum floridum
Antiaris toxicaria
Fraxinus chinensis
Syagrus sp.
Pistacia lentisus
Ficus benjamina
Bauhinia forficata
Artocarpus heterophyllus
Morus nigra
Tunbergia erecta
Ficus religiosa
Nerium oleander
Rosa sp.
Acalypha wekesiana
Sansivieria trifasciata
Sorbus dacica
Ficus pumila
Eriobotrya japonica