tropas especiais

339
Assalto Aeroterrestre Tropas pára-quedistas não era um conceito novo na Segunda Guerra Mundial, nem a blitzkrieg que já tinha sido usada por Napoleão. Quando Napoleão era adolescente, Benjamim Franklin previa o uso de balões para levar tropas na retaguarda inimiga. Em 1783, Napoleão pensou em usar balonetes para invadir o Reino Unido. O Coronel Billy Mitchel pensou em treinar uma divisão pára-quedistas (não voluntários) na Primeira Guerra Mundial. Seriam lançados de bombardeiros com cada um com um grupo de combate. Atuariam junto com uma ofensiva terrestre e seriam supridos pelo ar e com a aviação cortando o contra-ataque cobrindo as estradas. Os estudos foram sérios, mas a guerra acabou bem antes. Billy Mitchell foi ridicularizado, junto com a idéia de bombardeiro de mergulho, mas não na Alemanha. A Segunda Guerra Mundial introduziu um novo meio de guerra de manobras com as tropas aerotransportadas com os exércitos tendo a capacidade de explorar o "flanco vertical" do inimigo, com grandes unidades podendo ser inseridas de pára-quedas, planador ou aeronave atrás das linhas inimigas (operações aeroterrestres). Esta ideologia de operações aeroterrestres foi praticada inicialmente pelos soviéticos, mas foram os alemães que colocaram em pratica. O desenvolvimento das aeronaves, planadores e dos pára- quedas fizeram o sonho do assalto aéreo, ou operações aeroterrestres, se tornarem uma realidade. As táticas variavam de uma nação para outra e nos teatros de operação. Inicialmente era esperado o uso apenas em incursões devido a limitação das aeronaves e dificuldade de comando & controle e logística de grandes operações. Operações de reconhecimento de longo alcance era uma opção estudada mas na época não havia bons radio leves de longo alcance. A opções de uso se tornaram mais ambiciosas com uso de tropas em nível de batalhão para tomar pontos chaves com pontes, entroncamentos, bases áreas para apoiar o avanço e atrapalhar o reforço inimigo. Os aliados atuaram assim na Europa em uma grande frente. Operações desta escala

Upload: patyhele

Post on 02-Aug-2015

455 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: tropas especiais

Assalto Aeroterrestre

Tropas pára-quedistas não era um conceito novo na Segunda Guerra Mundial, nem a blitzkrieg que já tinha sido usada por Napoleão. Quando Napoleão era adolescente, Benjamim Franklin previa o uso de balões para levar tropas na retaguarda inimiga. Em 1783, Napoleão pensou em usar balonetes para invadir o Reino Unido. O Coronel Billy Mitchel pensou em treinar uma divisão pára-quedistas (não voluntários) na Primeira Guerra Mundial. Seriam lançados de bombardeiros com cada um com um grupo de combate. Atuariam junto com uma ofensiva terrestre e seriam supridos pelo ar e com a aviação cortando o contra-ataque cobrindo as estradas. Os estudos foram sérios, mas a guerra acabou bem antes. Billy Mitchell foi ridicularizado, junto com a idéia de bombardeiro de mergulho, mas não na Alemanha.

A Segunda Guerra Mundial introduziu um novo meio de guerra de manobras com as tropas aerotransportadas com os exércitos tendo a capacidade de explorar o "flanco vertical" do inimigo, com grandes unidades podendo ser inseridas de pára-quedas, planador ou aeronave atrás das linhas inimigas (operações aeroterrestres). Esta ideologia de operações aeroterrestres foi praticada inicialmente pelos soviéticos, mas foram os alemães que colocaram em pratica.

O desenvolvimento das aeronaves, planadores e dos pára-quedas fizeram o sonho do assalto aéreo, ou operações aeroterrestres, se tornarem uma realidade. As táticas variavam de uma nação para outra e nos teatros de operação. Inicialmente era esperado o uso apenas em incursões devido a limitação das aeronaves e dificuldade de comando & controle e logística de grandes operações. Operações de reconhecimento de longo alcance era uma opção estudada mas na época não havia bons radio leves de longo alcance.

A opções de uso se tornaram mais ambiciosas com uso de tropas em nível de batalhão para tomar pontos chaves com pontes, entroncamentos, bases áreas para apoiar o avanço e atrapalhar o reforço inimigo. Os aliados atuaram assim na Europa em uma grande frente. Operações desta escala deveriam durar 3-5 dias e atuar de forma independente. Usariam apoio aéreo aproximado no lugar de artilharia. O Alemães atuaram assim na Noruega e Creta para tomar bases aéreas até o chegar reforços. Os aliados realizaram este tipo de missão no Pacífico em Nadzab em 1943. O assalto no forte de Eben Emael foi uma das melhores operações do tipo e todas as operações na Segunda Guerra tiveram sucesso e incluía o uso de aerobarcos em assaltos com pouso em rios.

O Reino Unido realizou incursões com tropas pára-quedistas na França com sucesso. Os russos usaram unidades maiores em operações na Finlândia também com sucesso. A experiência pratica mostrou que as tropas do tipo Comandos eram melhores para realizar

Page 2: tropas especiais

incursões enquanto os pára-quedistas eram melhores para operações decisivas de larga escala com tamanho de pelo menos um batalhão para tomar objetivos chaves até chegada de tropas convencionais. Tropas em pequeno número não podem cumprir estas missões que precisam de muito poder de fogo.

Os alemães estudaram vários conceitos de uso de pára-quedistas. Um era atuar atrás das linhas, "cortando a cabeça para enfraquecer o corpo". Esta doutrina foi usada na Holanda e Dinamarca em 1940 com sucesso. Na função de seqüestro foi usado com Mussolini e contra Tito. Foi pensado no uso de pára-quedistas para tomar objetivos chave como pontes para as unidades Panzer passar antes de serem demolidas. Foi usado na Holanda, Bélgica e com sucesso parcial na Grécia. A quarta doutrina seria tomar bases para uso da Luftwaffe para aumentar o alcance e levar tropas para aumentar a cabeça de ponte aérea. Foi usado na Noruega, Dinamarca, Holanda e Creta. Outra função seria criar uma frente não esperada pelo inimigo sendo usada em Creta mas os aliados sabiam onde e como seria esta operação. Os aliados aplicaram esta última doutrina na Normandia.

Os russos dividem as missões aerotransportadas em profundidade e importância do objetivo. As operações estratégicas ocorrem a mais de 500km, para demonstração de força, atacar centros políticos e industriais, portos, bases aéreas ou isolar um membro de coalizão. As operacionais ocorrem a até 50km como liberação nuclear, atacar quartéis, pontes, desfiladeiros e bloquear a fuga inimiga. As operações especiais ocorrem entre 50 a 500km como liberação nuclear, demonstração de força, fogo premeditado e apreensão de meios.

O uso de tropas aerotransportadas tem muita vantagens. Pode ultrapassar rápido a frente de batalha podendo ser posicionado em áreas não acessíveis por terra; pode atravessar obstáculos como rios e até oceanos; podem evadir fortificações para prevenir ataque de uma direção especifica; tem capacidade de profundidade, velocidade e surpresa, principalmente operando na retaguarda que é difícil de defender. A retaguarda inimiga tem uma grande área, com as tropas dispersas, com tropas de reserva menos treinadas, pouca defesa aérea, e as forças de reação são poucas, com muitas oportunidades de explorar fraquezas do inimigo. O inimigo fica sempre forçado a espalhar suas defesas para proteger áreas normalmente seguras pela geografia.

A ameaça de um assalto aéreo tem efeito devastador no inimigo levando a dispersão de defesas na retaguarda e aliviando as tropas de frente, já sendo uma justificativa para a sua existência. É a vantagem de poder ser inseridas atrás das linhas em qualquer lugar e sem muito aviso. O tamanho da formação é limitado apenas pelo núumero e tamanho das aeronaves. Uma unidade pára-quedista pode aparecer em qualquer lugar em minutos (envolvimento vertical). Um

Page 3: tropas especiais

cargueiro C-17 auxiliado por reabastecimento em vôo permite atingir qualquer lugar do mundo.

As tropas aerotransportadas podem ser usadas na defesa para reforçar, realizar ataques divisionários em uma operação maior, inquietação de retaguarda e ajudar em um contra-ataque. Os britânicos citam a opção de reforçar o sucesso ao invés de só apoiar tropas com problemas.

As operações pára-quedistas têm muitos pontos negativos. As tropas ficam muito vulneráveis quando estão descendo; depois do pouso ainda estão muito desorganizadas levando tempo para se reagruparem; só tem mobilidade a pé após o salto apesar de serem muito móveis no ar; para apoio de fogo praticamente só tem o apoio aéreo aproximado e é difícil de serem reforçadas ou ressupridas. Atuando junto com operações terrestres as operações aerotransportadas são muito difíceis de coordenar com o avanço pois precisam de muito planejamento antecipado. A necessidade da missão pode deixar de existir antes de ficar pronta para ser levada adiante.

As tropas aerotransportadas podem ser apoiadas pelo ar com apoio aéreo, reforço e munição. Isto é importante pois a duração e profundidade da ação são outra limitação dos pára-quedistas. Os pára-quedistas não levam suprimentos e equipamentos para operações de combate prolongadas, usando a cabeça ponte aérea para receber reforços e realizar a ocupação de longo termo. As aeronaves atuais são muito mais capazes podendo lançar cargas mais pesadas como canhões, veículos, suprimentos e blindados superando os problemas das primeira aeronaves usadas nas operações aeroterrestres.

As tropas pára-quedistas são pouco capazes em mobilidade e poder de fogo e tem muito pouca capacidade contra uma divisão blindada. São poucas as armas para esta contingência, mas é um problema para toda divisão de infantaria leve. Desde a Segunda Guerra Mundial que as tropas pára-quedistas tem melhor valor quando usadas contra um inimigo já debilitado ou operações periféricas. Os alemães só tiveram sucesso com pára-quedistas na Holanda e Bélgica em 1940. Depois falharam ou sem impacto decisivo. O sucesso inicial foi contra inimigos fracos ou sem interesse. Em Arnhein os britânicos fracassaram devido a presença de uma divisão Panzer no local que não era conhecida.

As forças pára-quedistas russas, ou VDV (Vozdushno-Desantnye Vojska), foram pensadas para a função de operações em profundidade como tomar uma cabeça de ponte aérea para a chegada de uma coluna mecanizada. Na realidade não se esperava que realizessem este tipo de missão em um cenário como o da Guerra Fria. A VDV é pensada mais guerra fora da Europa e não

Page 4: tropas especiais

contra a OTAN. Em 1968 tomaram o aeroporto na Tchecoslováquia e sua liderança local. Em 1979 foram a força de frente na invasão do Afeganistão e depois eram o eram centro da força antiguerrilha local. Os problemas internos na Rússia também eram resolvidos com a VDV se as forças locais não derem conta. Como outras unidades de infantaria leve a VDV era pensada para conflito de baixa intensidade.

As tropas de assalto aéreo russas VDV é uma força semi-independente do Exército Russo. Atualmente são cinco divisões pára-quedistas e oito brigadas de assalto aéreo. São formadas pelos recrutas de melhor desempenho em termos de preparo físico e liderança. O tamanho das unidades é menor que as forças motorizadas ou blindadas e mais parecidas com as tropas mecanizadas americanas. São tropas de infantaria leve, capazes de operar como força mecanizadas com seus BMD.

Poucas nações que tem unidades pára-quedistas esperam usar em assalto aeroterrestre, mas para cumprir missões que outras unidades não conseguem realizar como citado anteriormente. Os pára-quedistas são questionados como um tipo de tropa absoleta com o aparecimento do helicóptero, mas ainda tem a capacidade de voar meio mundo e nem precisa de bases avançadas frente de combate. Os EUA passaram a usar suas tropas pára-quedistas como força de resposta rápida, apoio a ONU, e conflitos de média e baixa intensidade. As tropas blindadas e mecanizadas se concentram em conflitos de alta intensidade.

Táticas

As tropas aerotransportadas devem ser muito bem treinadas, bem equipadas e bem lideradas. Os alemães treinavam muito a iniciativa e trabalho em equipe. A iniciativa era necessária pois podem estar espalhados e provavelmente superados e devem se juntar para não serem massacrados. O treinamento físico era necessário para ter velocidade e conseguir sustentar a luta até o reforço chegar.

As missões dependem de muito planejamento e inteligência do objetivo, terreno, inimigo e meteorologia. A força deve ter superioridade local pelo menos, e depois devem ter garantia de receber ressuprimento, reforço e apoio aéreo aproximado. Uma operação aeromóvel (helicópteros) ou aeroterrestre (pára-quedista) de vulto sempre exige a superioridade aérea no local e no itinerário.

As tropas alemães eram brifadas sobre todas as características da missão para poder continuar a missão se o líder for morto ou ferido. A mentalidade do "need to know" ocidental leva a tropa a esperar se o líder for morto e perdem a vontade de lutar. Os alemães ficam mais ligados a missão que a unidade. Não se

Page 5: tropas especiais

importam se ficam isolados ou se algo der errado. Os oficiais não consideram um problemas se as tropas pensam por si ou se desobedecem ordens. A mentalidade do "need to know" favorecia os prisioneiros americanos que não sabiam informar nada.

A execução do salto é complicada. Precisa de treino, ensaio, saltos de pratica, coordenação com transporte aéreo, planejamento de rota, coleta de inteligência, seleção da zona de desembarque e área de reagrupar, planos táticos, preparação do equipamento, movimento para o aeroporto, meios de despistamento, estudo da meteorologia, atualização constante do plano, e carregamento nas aeronaves. Geralmente estes passos são os mesmo desde pequena até grandes unidades.

A meteorologia é importante pois um nevoeiro não deixa encontra a zona de salto e com ventos acima de 25km/h não é seguro saltar. Ventos a grande altitude atrapalhava a navegação da aeronave.

Os pára-quedistas usam a surpresa para conseguir superioridade local e temporária sendo muito necessária por só terem armamento leve. Conseguir surpresa é relativamente fácil com as tropas pára-quedistas pois o inimigo não tem condições de proteger todos os alvos em potencial ou ter reservas móveis para contra-ataque. Despistamento pode ser feito com ataque em alvo próximo por aeronaves de ataque. As operações alemãs em 1940 tiveram sucesso mais devido a surpresa pois as tropas estavam muito espalhadas ou muito fracas. Onde a oposição estava alerta tiveram muitas baixas e com sucesso marginal. O mau tempo atrapalhou mas só podiam rezar a respeito.

As aeronaves de transporte têm que voar próximas para não dispersar as tropas e facilitar a navegação. O lançamento tem que ser feito em uma velocidade e altitude correta. O tipo de formação vai depender do tamanho da zona de salto. Na formação em "V" fica fácil não atingir avião do lado que fica 15 metros mais alto quando mais próxima.

Os alemães lançavam seus pára-quedistas a cerca de 90 metros para ficar pouco tempo no ar. Com uma aeronave voando a 6 metros por segundo e com um salto a cada segundo, os pára-quedistas ficavam 15m separados no ar. Um grupo de combate de12 tropas ficava separado em uma faixa de 200 metros ao chegar no solo. No assalto ao canal de Suez em 1956 os Noratlas franceses permitiam lançar 17 pára-quedistas em dez segundos ficando dispersos em 800metros enquanto os Hastings britânicos levava vinte segundos para lançar quinze tropas e dispersos no dobro da distância.

O salto a baixa altitude e abertura a baixa atitude (LALO - Low Altitude Low Opening) e o salto enganchado convencional (Low

Page 6: tropas especiais

Level Static Line - LLSL ou MAMO - Medium Altitude Medium-Open) são realizados entre 250-400 metros. O pára-quedas abre logo após o salto automaticamente. A aeronave voa em uma altitude vulnerável ao radar e a maioria das armas no MAMO.

O método Low Altitude Low Opening ou LALO é muito perigoso com o salto sendo realizado a cerca de 160-200 metros. É uma variação do MAMO mas com a aeronave voando mais baixo. Não é possível usar o pára-quedas reserva se o principal falhar. O LALO é usado em locais onde as defesas locais são intensas com risco da aeronave e dos pára-quedistas serem atingidos. Novos pára-quedas tipo Low Level Parachute permite salto enganchado a 85 metros.

O lançamento operacional é feito geralmente entre 150-200 metros para diminuir a exposição e dispersão. As tropas no solo são proibidas de disparar contra os pára-quedistas no ar, mas caem relativamente rápido e são um alvo pequeno e móvel difícil de acertar. As baixas são relativamente poucas. Levam cerca de 20-30s para cair de uma altitude de 150-200m. A maior preocupação são arvores, fios de alta tensão e prédios. As tropas recebem flutuadores para o caso de caírem em água profunda.

A zona de salto é ditada pelo alto comando com o planejamento no objetivo feito pela unidade, mas coordenado com o avanço da tropa em terra em avanço. Os pára-quedistas não podem explodir qualquer ponte que depois deve ser usada pelas forças amigas. A escolha da zona de salto depende do tamanho das áreas disponíveis, obstáculos no local, proximidade do inimigo, defesas e bases aéreas próximas, proximidade com cidades, facilidade de identificação, distância do objetivo, proximidade de cobertura e proteção, áreas para reagrupar, estradas que podem ser usadas por forças em terra. O alvo pode ser atacado diretamente (overhead assault) ou com os pára-quedistas sendo lançados próximos e atacam por terra.

A distância do objetivo, obstáculos e terreno são importante pois as tropas pára-quedistas avançam a pé após o salto. As vezes é melhor saltar direto no alvo, mas geralmente é feito em incursões contra alvos pouco defendidos. Próximo do alvo e fora do alcance das armas leves é mais desejado. A experiência de saltos longe do alvo sempre leva o inimigo a bloquear o avanço ou atrasando a operação. As vezes é melhor ter perdas maiores perto do alvo que saltar longe do alvo. No chão as tropas se juntam e seguem qualquer oficial. Não há tempo para se organizar e por isso devem saber o objetivo próprio e dos outros de cor. Os postos de comando na Alemanha era ditada mais pela capacidade que pelo tempo pois os alemães sempre consideravam na possibilidade dos oficiais serem feridos e substituídos por outros. Os comandantes também ficam bem na frente de batalha pois não há retaguarda.

Page 7: tropas especiais

No assalto a ilha de Creta os alemães usaram o conceito de "ink spot" lançando pequenas unidades do tamanho de pelotão, compania ou batalhão em uma grande área para tomar vários objetivos ao mesmo tempo, ao contrario das tropas convencionais que sempre concentram unidades. Funcionou na Holanda e Bélgica onde havia pouca oposição. Primeiro foi pensado em concentrar o assalto na capital e garantir reforço e concentrando o apoio aéreo aproximado, depois varrendo o resto da ilha, mas os britânicos podiam retomar a outra ponta da ilha e reconquistar.

Na Normandia os pára-quedistas foram lançados primeiro para cobrir os flancos e tomar pontes para evitar reforços e deixar as tropas amigas avançarem. As tropas ficaram muito dispersas e não cumpriram todos os objetivos, mas criou muita confusão nos alemães. Achavam que era um ataque divisionário ou tropas muito superiores por estarem espelhadas em uma grande área.

Uma lição dos ataques a Normandia e Sicília é que ao invés de atacar tudo que encontra, principalmente forças superiores, as tropas podem ir para um objetivo pré-planejado e encontrar companheiros para completar um objetivo principal ao invés de ter perdas com alvos sem sentido, mas com opção de pequenos grupos atacar tropas pequenas, cortar cabos telefônicos, e emboscar mensageiros para atrapalhar as comunicações.

Os saltos podem ser noturnos ou diurnos. Na Segunda Guerra Mundial os saltos noturnos mostraram ser problemáticos. Em 1940 uma aeronave podia se desviar 7km a cada 100km de vôo durante a noite. A precisão era mais importante que a segurança que a noite oferecia contra a artilharia antiaérea e as baixas são maiores quando as tropas atingem o solo. As tropas também se reagrupam mais facilmente. O risco de lançamento diurno mostrou ser menos arriscado, sendo mais fácil localizar a zona de salto e evitar acidentes com os planadores. Um salto no sul da França foi diurno com 90% das tropas caindo no objetivo contra poucos na Normandia. A operação Market Garden também teve sucesso por ser de dia, mas uma Divisão Panzer estava no meio do caminho entre as tropas de reforço e os pára-quedistas. Por outro lado o ataque noturno na Normandia atrapalhou a linha de comando alemã e fez pensarem que era uma força muito mais numerosa que o real. As incursões continuaram sendo a noite, mas os saltos de grandes formações passou a ser só de dia. Atualmente o GPS e os óculos de visão noturna tornaram o salto noturno a melhor opção a não ser que seja realmente desnecessário. Os japoneses só saltavam de dia.

Apos o salto na Sicília os EUA e Reino Unido criaram os precursores para marcar as zonas de salto. Eram lançados por pilotos muito bem treinados em navegação para lançar no local certo. O salto em

Page 8: tropas especiais

Creta mostrou que o reconhecimento da zona de salto também era muito importante. Os alemães saltavam sempre "cegos" sem o uso de precursores.

Uma equipe de Combat Controller Team (CCT) fazendo aquisição de alvos para aeronaves de combate que é outra função dos precursores.

As tática de engajamento são iguais as da infantaria comum quando chegam ao chão, mas os pára-quedistas compensam a falta de armas pesadas de apoio com agressividade. Sempre esperam lutar contra forças superiores e cercados. Sempre se preocupam com os flancos e retaguarda mais que a infantaria comum com as tropas de reservas e posto de comando cuidando da retaguarda e flancos. Apos atingir um objeto as tropas se deslocam para outro ou preparam defesas até chegar tropas convencionais de reforço. As vezes fazem patrulhas agressivas como meio de defesa.

As operações aeroterrestres têm algumas regras para funcionar direito. As operações precisam de reforço rápido, pelo ar, terra ou mar. O salto em Creta quase falhou pois o reforço pelo mar não chegou pois lutaram contra força muito superior, estimada ser inferior. A operação Market Garden falho por isso. Logo foi observado a necessidade de uma artilharia pára-quedista. Com baixas de 20% só em mortos em Creta os alemães só realizaram seis operações pequenas de incursões com no máximo um batalhão. Os Aliados tiveram conclusões contrárias e prepararam saltos maiores como o Dia D. As operações aeroterrestres geralmente dão certo e quando bem empregadas e são muito eficientes, com as falhas relacionadas com inteligência insuficiente, como inimigo mais forte que o esperado, ou sem conseguir surpresa, mau tempo, navegação ruim, e falha nos rádios.

O uso de pára-quedas pode ser custoso em perdas, e duvidoso com a opção de usar helicópteros. As vezes é usado apenas como rito de passagem ou símbolo de prestigio. A Divisão pára-quedista

Page 9: tropas especiais

alemã sabe que nunca vai ser usada nesta função sendo apenas uma unidade anti-blindada transportada por helicópteros. Salta mais para operações independente de pequenas unidades.

O risco de morte nos saltos de pára-quedas é de cerca de 1% e de ferimento de 4%. O risco é pior a noite, pouso em florestas e montanha. Na selva é levada uma corda extra para descer das árvores e roupa especial para evitar ferimento. Na invasão da ilha de Creta os britânicos descobriram o plano e tinham tropas esperando nas zonas de alto. Mesmo assim os alemães conseguiram vitória mas as grandes perda inibiu operações semelhantes pelos alemães pensando que os aliados sabiam como se defender, mas não pelos aliados que se impressionaram com o feito e não sabiam das grandes baixas (mas sabiam o motivo das baixas), estimulando o desenvolvimento de grandes forças de tropas pára-quedistas e planadores.

Na Segunda Guerra Mundial os pára-quedistas deveriam ser retirados de combate depois de atingir seus objetivos, ou ser substituídos por tropas convencionais, e se preparar para outras missões. Porém, esta regra raramente era seguida, com as tropas continuando a campanha como uma unidade convencional. Por isso passara a ter armas e equipamentos de infantaria comum incluindo blindados, e até atuam como força anfíbia. Depois da Normandia os pára-quedistas americanos passaram a realizar missões secundárias como tomar aeroportos, ataques diversionários, reforçar tropas cercadas ou em perigo, tomar ilhas não acessíveis por outros meios e dispersar tropas inimigas pela presença.

Page 10: tropas especiais

Os pilotos das aeronaves de transporte devem ser muito bem treinados para operações aeroterrestres (lançamento de tropas e suprimentos). É a mesma dificuldade das aeronaves de ataque, mas operam em aeronaves bem maiores e mais lentas.

Os primeiros pára-quedas eram brancos e chamavam a atenção de aeronaves no ar, dando indicação do tamanho das tropas ou atacavam o local. Passaram a ser

Page 11: tropas especiais

verde ou mais escuros. Os pára-quedas brancos ainda são usados em treinamento. Outras cores são usadas para identificar lançamento de cargas como armas e suprimentos. Os pára-quedas redondos são difíceis de controlar enquanto os retangulares tipo "ram-ar" são muito manobráveis, mas os convencionais são mantidos pois não se quer que as tropas se espalhem ainda mais.

Armas e Equipamentos

As armas das tropas pára-quedistas tem que ser leves, mas para uma força pequena não compensa desenvolver uma arma própria. Geralmente são modificações como cano mais curto e/ou coronha dobrável. As armas pesadas são desmontadas e as vezes são difíceis de remontar e danificadas facilmente. As peças ficam dispersas e podem ser difíceis de encontrar.

As tropas pára-quedistas são muito móveis no ar, mas lentas em terra. Levam mais carga que a infantaria convencional e não tem cauda logística nem unidade de transporte orgânica, sendo inadequadas para operações convencionais. São unidades menores, menos armadas, com menos apoio de fogo e menos equipamentos de transporte.

Como as unidades se movem rapidamente os rádios tem que ser leves para enviar a posição continuamente ao posto de comando. A operação Market-Garden teve vários problemas devido a falha dos rádios durante o salto que se quebraram. Os alemães foram os primeiros a equipar a infantaria com rádio. Antes só equipavam os blindados. Isto facilitou que a infantaria acompanhasse os blindados e podiam chamar artilharia em 15-20 minutos.

Os blindados das tropas pára-quedistas estão disponíveis sempre em pequeno número e por isso são de uso discutível. Custa caro desenvolver um blindado leve que vai ser produzido em pequena quantidade. Exemplos de veículos modernos lançados do ar são o M-113 americano, o BMD russo, o Wiesel 1 alemão e o Bv206 sueco, usados pelas unidades aeroterrestres mecanizadas para dar mobilidade no solo.

O país que mais usa blindados nas tropas pára-quedistas são os russos. Os pára-quedistas russos iniciaram suas operações com o ASU-76 e depois o ASU-57 na década de 1950. Cada regimento pára-quedista tinha nove blindados. Durante o salto usavam retrofoguetes para desacelerar no fim da queda que era iniciado por contato com sonda. O ASU-85 era um caça-carros que entrou em serviço em 1960. Era lançado de aeronaves AN-12. Depois surgiu o transporte blindado BMD em 1970 que era uma versão leve do BMP e passou a equipar todas as divisões pára-quedistas com 320 blindados BMD cada. O BMD tomou o lugar do ASU-57. Era muito apertado, tinha um canhão

Page 12: tropas especiais

automático de 73mm de baixa pressão com 40 tiros e dois mísseis AT-3 acima do canhão. O BMD dava muitos problemas mecânicos. Já o BMD-1M da década de 1980 tinha um canhão de 30mm e lança mísseis AT-4 (não é o lança foguete AT-4) e pode ser levado pelo helicóptero pesado Mi-6 e Mi-26. Cada Divisão de Assalto Aéreo Mecanizada russa tinha 6.500 homens e precisa de 639 saídas de aeronaves IL-76, sendo que apenas 60% era para lançar as tropas e o resto para lançar 17 blindados BMD e outros oito blindados e veículos motorizados. Os pára-quedistas russos podem operar sem equipamento pesado em algumas situações. A divisão tinha duas Brigadas com 4 batalhão cada, sendo que apenas dois batalhões eram equipados com o BMD. Além de pára-quedistas podiam ser transportados de helicópteros sendo necessário 40 saídas de Mi-8 e 125 de Mi-6 ou Mi-26 para transportar cada batalhão. Sem usar blindados precisa de 75 saídas de Mi-8 e 35 de Mi-26.

Um lançamento de um BMD chinês a partir de um IL-76.

Operações

Page 13: tropas especiais

Os pára-quedistas britânicos, ou PARAs, foram criados na Segunda Guerra Mundial e iniciaram suas operações com pequenas incursões. A incursão contra o aqueduto de Trajano na Itália em 1941 foi realizada por seis bombardeiros Whitley com exfiltração planejada por submarino. As tropas levariam quatro dias a pé para cruzar a distância de 80km no terreno montanhoso até a praia. Todos foram detectados por civis e capturados. Mesmo se conseguissem chegar a praia não encontrariam o submarino que fugiu após uma aeronave cair próximo. O efeito militar foi pequeno, mas efeito moral foi alto, e baixou o moral dos italianos.

Na incursão a estação de radar em Bruneval em 1942 por uma compania dos Paras tinham a missão de desmantelar um radar e levar de volta ao Reino Unido. A Royan Navy faria a extração com a RAF dando cobertura. A operação obteve sucesso levando partes e fotografando o resto. Um "stick" pousou 2km fora do alvo o que mostrou a necessidade de navegação precisa.

Na incursão contra a hidroelétrica de Norsk na Noruega em 1942, 30 sapadores foram lançados de planadores. Dois planadores caíram ferindo a maioria e não tiveram sucesso. Nesta missão usaram um beacon solo pela primeira vez plantado por colaboradores locais.

Na Operação Husky na Sicília foram usadas quatro unidades em um pouso noturno com tropas britânicas e americanas. O vento desviou as aeronaves da rota e muitas tropas ficaram espelhadas. Metade tropas não atingiu o ponto de encontro. Os planadores britânicos tiveram mais sucesso. Depois mais 5 mil tropas foram lançadas para reforçar a cabeça de praia após um contra-ataque alemão.

A operação Market-Garden em 1944 teve o lançamento de 35 mil tropas pára-quedistas lançados 150 km atrás das linhas para capturar pontes na Holanda. A operação foi mal planejada e mal executada, com planejamento muito rápido. O salto foi diurno com pouca oposição inicial. Não sabiam da presença de uma Divisão Panzer no local que levou ao fracasso da missão.

Depois da Segunda Guerra Mundial foi cobrado que todos os oficiais do US Army fossem qualificado em pára-quedismo. Queriam até que todas as Divisões fossem pára-quedistas, mas era impraticável.

Em 1954 a vila de Diem Bien Phu no Vietnã foi tomada por um assalto pára-quedistas por três batalhões de franceses. Depois foi reforçado com 16 mil tropas que seriam apoiadas por ar com reforço, suprimentos e apoio aéreo aproximado. Ho Chi Min entrou no jogo enviando 50 mil tropas para cercar o local. Era o que os franceses queriam concentrando as forças inimigas em uma grande batalha. O problema é que os vietnamitas conseguiram transportar artilharia na selva e colocar ao redor. Destruíram as pistas e posições francesas mal preparadas para esta ameaça. Os franceses acabaram vencidos.

Page 14: tropas especiais

Preparo para o saldo de pára-quedistas franceses a partir de um C-160.

Em 1956 a brigada pára-quedistas israelense 202 saltou no Passo de Mitla com 16 Dakota lançando 356 pára-quedistas. O resto da Brigada chegou ao local por terra. O objetivo era cortar um dos pontos de avanço das tropas Egípcias e evitar que comandos inimigos tomassem o local.

A Guerra do Vietnã variou de guerra de guerrilha a combates convencionais de alta intensidade, luta por cidades, e combates multi-divisão. A 82a Divisão Pára-quedistas foi deslocada para o país atuando na maioria das vezes como tropas convencionais atuando como força de resposta rápida após contato de outras tropas com o inimigo e emboscadas com grupos de combate e pelotão. Outras subunidades faziam reconhecimento e ação direta. Os pára-quedistas mostraram ser agressivos, e pela natureza das operações, com altas perdas por isso. Realizaram um salto operacional, mas algumas fontes citam que foi mesmo para falar que fizeram, pois podiam ir de helicópteros, apesar de poucos disponíveis. A Divisão responde que os helicópteros estavam ajudando outro batalhão e a velocidade era necessária para cercar o inimigo. O salto foi na operação Juncion City em 1967 com 20 C-130 lançando 845 pára-quedistas. Outro salto operacional foi realizado com mais de oito batalhões.

O pára-quedas é o principal método de inserção dos Ranger. Seus membros têm que saltar pelo menos a cada três meses. As unidades ficam espalhadas em várias aeronaves. Depois se reagrupam em local determinado. Se uma aeronave for derrubada a missão não é comprometida. Ao chegarem ao chão leva cerca de 30 minutos até as tropas se reagruparem e iniciar o movimento até o alvo. As mochilas

Page 15: tropas especiais

dos Rangers são mais pesadas que a das tropas pára-quedistas e saltam das duas portas dos C-130 (técnica shotgun). Se pousar em cima de arvore o Ranger só tem granadas para se defender pois as armas ficam em containers separados. O mestre de salto é responsável por brifar sobre a zona de desembarque (DZ), vento etc.

Em 1983, durante a invasão da ilha de Granada, os Rangers foram destacados para tomar o aeroporto de Point Salinas no sul da ilha. Os Seals não conseguiram fazer reconhecimento da pista de pouso e das defesas para saber se era possível um pouso de assalto. Um AC-130 fez reconhecimento e percebeu que a pista estava bloqueada. Apenas uma compania iria saltar de pára-quedas, mas acabou que todos saltaram. Os 250 Rangers, que levavam apenas água e munições, estavam espalhados em 10 MC-130 apoiados por três AC-130 Spectre. Os AC-130 limparam as defesas que eram maiores que os esperado. Os canhões antiaéreos no local estavam em posição elevada e como não podiam atirar para baixo, ou a 200 metros no local, o lançamento seria então a 150 metros de altura. Em um lançamento a baixíssima altitude nem adiantaria levar o pára-quedas reserva. No preparo da missão era esperado tempo bom e pouca oposição. Tiveram que tirar o pára-quedas, depois recolocar o que atrasou o salto, que deveria ser noturno mas acabou sendo diurno. A zona de salto era ruim por ser estreita e com água dos dois lados, além do vento estar forte. Mesmo assim apenas um Ranger quebrou a perna e outro caiu na água e salvou o equipamento. Depois do salto usaram buldozers para limpar a pista. Snipers mantinham os morteiros inimigos abaixados a 600-1000m. A pista foi usada depois pelos MC-130 para deixar Jeeps e pegar feridos.

Os Rangers tiveram mais oportunidades de realizar saltos de combate na invasão do Panamá em 1989. Dois batalhões formam lançados próximos a base panamenha de Rio Rato. Foram levados em 15 C-130 e lançados a menos de 200m a noite sofrendo 35 baixas por ferimentos no salto devido ao vento forte. Os primeiros C-130 tinham 65 Rangers em cada aeronave e por isso nem tinham espaço para ir no banheiro na viagem de sete horas até o salto. Junto foram levados quatro Jeeps e quatro motos. Apenas duas aeronaves não foram atingidas por fogo antiaéreo leve. Nos treinamentos o salto é realizado a cerca de 400m mas pode chegar a 200m. Os Rangers foram apoiados por helicópteros AH-6, AH-64 e aeronaves AC-130. Blindados CG-150 que estavam próximos foram logo destruídos com LAW. Um Ranger foi arrastado por um caminhão que fugiu e agarrou seu pára-quedas. Foi parado com um LAW a 150m. O comandante do regimento foi responsável por cortar a energia da base ao cair em cima das linhas de energia sem se ferir, mas no meio da base inimiga. Para abrir a porta de uma das casas de praia de Noriega também usaram um LAW.

Outro batalhão Ranger (Terceiro Batalhão), durante a invasão do Panamá, tomou a base aérea de Tocumen para desembarque

Page 16: tropas especiais

posterior da 82a Divisão. Tiveram apoio de helicópteros AH-64 e aeronaves AC-130. O salto dos 700 Rangers foi a menos de 200 metros com 19 feridos por atingir a pista dura. Junto foram lançados 12 Jeeps e 12 motos. Um batalhão costuma ter 2-3 feridos a noite com equipamento completo durante os treinamentos. Já a 82a Divisão tomou a base aérea de Torrijos com 2200 pára-quedistas levados por 20 aeronaves C-141 junto com o lançamento de oito carros de combate leve Sheridan. Foram 50 feridos no salto. Depois receberam helicópteros UH-60 para realizar assalto aéreo pelo país.

As operações aeroterrestres mais recentes foram no Afeganistão e Iraque. Em 2001 o Terceiro Batalhão dos Rangers foi usado para tomar uma base aére no Afeganistão com apoio dos CCTs da USAF. Em 2003 a 173a Brigada Aeromóvel fez um salto no norte Iraque para tomar uma base aérea logo no inicio das operações bem a frente do avanço em terra. O salto foi realizado devido a falta de bases que foram negadas pela Turquia.

O Exército Brasileiro tem uma Brigada de Infantaria Pára-quedista, chamada de "a brigada", formada por três batalhões de infantaria pára-quedista, um esquadrão de cavalaria pára-quedista, um grupo de artilharia pára-quedista, duas companias de engenharia pára-quedista e 1 batalhão logístico. As tropas são todas voluntárias com 10% passando pela seleção inicial.

A Brigada de Infantaria Pára-quedista tem uma compania de precursores com 134 tropas. Sua missão é localizar, reconhecer e balizar a zona de lançamento (ZL), e depois auxiliar a organização das tropas em terra após o salto. Também são responsáveis por operar zona de pouso (ZP) e zona pouso de helicóptero (ZPH); auxiliar na navegação; lançar, desembarcar e reorganizar tropas e material lançado; realizar patrulhas apos a conquista da cabeça de ponte aérea; levantamento meteorológico; e controlador aéreo avançado. Os precursores são treinados em infiltração aquática e aérea como técnicas de HALO, HALO e mergulho.

Page 17: tropas especiais

Tropas da Brigada Pára-quedista se preparando para um salto. Um grupo de pára-quedistas a ser lançados é chamado de "stick", enquanto as tropas para o movimento aéreo são chamados de "chalk".

Uma equipe de precursores da Brigada Pára-quedista durante uma missão. Notar os óculos para salto tipo HAHO/HALO.

Assalto Aeromóvel

Page 18: tropas especiais

Enquanto as operações pára-quedistas são chamadas de operações aeroterrestres, as operações com tropas transportadas por helicópteros e aeronaves são chamadas de operações aeromóveis ou assalto aéreo. Assalto aéreo (ou aeromóvel) é o movimento de forças por helicóptero ou aeronave para engajar e destruir forças inimigas ou tomar pontos chaves no terreno.

As operações aeromóveis usam o flanco aéreo para inserir tropas no campo de batalha pelo ar com o potencial de levar tropas a longa distância em um curto período de tempo. Podem segurar pontos chaves para forças convencionais passarem atuando como um viabilizador. Também podem interditar áreas e realizar incursões de longo alcance.

Geralmente são lançadas de bases avançadas, com um corredor que deve ser sanitizado. As forças aeromóveis são usadas mais para operações ofensiva para surpresa e choque e não para defensiva. O assalto aéreo permite que a área de assalto seja bastante variada podendo a força de assalto explorar lacunas nas defesas, atacar os flancos e retaguarda do inimigo. Assim como as tropas pára-quedistas, as forças aeromóveis forçam o inimigo a dispersar suas tropas para cobrir todo o Teatro de Operações para evitar surpresa.

Na Segunda Guerra Mundial foram realizados muitos assaltos aeromóveis com planadores que tinham a vantagem de permitir que as tropas já iniciassem a luta armados e agrupados e sem necessidade de procurar containers de armas ou suas unidades. Os planadores foram escolhidos para o ataque contra o Forte de Eben Emmael por serem capazes de pousar em um círculo de 40 metros. Os planadores pousaram dentro do perímetro do Forte com as defesas apontadas para o lado de fora. Apenas 61 tropas foram capazes de vencer 650 tropas em um dos lugares mais bem protegidos da época. Toda esta vantagem passou para os

Page 19: tropas especiais

helicópteros atualmente. Nos assaltos aéreos os planadores eram lançados a cerca de 1500m a 20-25km do alvo. Tinham a vantagem de só serem detectado ao pousar. Podiam ser lançados a noite ou contra o sol. O pouso de assalto com planadores foi usado até a década de 1950.

O assalto alemã contra a ponte de Roterdã na Segunda Guerra Mundial foi feita com um pouso de assalto de 12 hidroaviões pois não dava para os pára-quedistas descerem no local. O pouso no rio foi reforçado depois com pára-quedistas. Atualmente não existem muitas opções de aviões anfíbios para este tipo de assalto.

Na assalto aeroterrestre existe a desvantagem de não se ter a opção de extrair as tropas pára-quedistas após lançadas ao contrário do helicóptero. Se a zona de pouso está comprometida e as tropas dispersas, a aeronave não pode fazer nada. Com o helicóptero existe a possibilidade de pode abortar a missão em uma zona de pouso “quente”, resgatar as tropas se o contato com o inimigo ocorrer pouco depois do desembarque ou se a missão fracassa. As tropas nunca ficam dispersas após o desembarque. Com as aeronaves apenas o TALO (Tactical Air-Landing Operation) tem esta opção.

A desvantagem do helicóptero é ser detectado relativamente fácil e alertar o alvo a não ser quando o desembarque é longe do alvo com as tropas cobrindo o resto da distância a pé. Também é muito vulnerável até as armas leves. Outra desvantagem é o grande custo de aquisição e operação.

Uma frota de dez aeronaves C-130 Hercules da FAB recebendo pára-quedistas para uma missão. Após lançados, eles precisarão de reforços e apoio de helicópteros

Page 20: tropas especiais

para evacuação médica (EVAM). Os helicópteros podem deslocar a mesma força, que não precisaria ser pára-quedista, não se preocupam com o vento, podem dar apoio de fogo no local, realizar EVAM, transportar ressuprimento e reforços e realizar extração e redeslocamento. Os C-130 Hercules precisam operar de pistas mais resistentes enquanto os helicópteros operam de locais improvisados no campo de batalha. Os Hercules só fazem EVAM e extração com pista de pouso no local de operação. Os pára-quedistas só são lançados em terreno apropriado e sofrem até 10% de baixas por ferimento durante o lançamento enquanto os helicópteros tem pouca restrição para pouso vertical ou uso de rappel.

Os helicópteros aumentaram a flexibilidade das operações aeromóveis e substituíram a maioria das grandes operações com pára-quedistas. Mas o alcance do helicóptero é limitado e transporta poucas tropas, com os pára-quedistas ainda sendo mantidos para operações de longo alcance. A 82a Divisão Pára-quedista e a 101a Divisão Aeromóvel do US Army fazem a mesma coisa, mas a 101a em escala menor com uma Brigada no máximo e em uma distância de até 200km. As cargas pesadas são levadas com o CH-47 Chinook. Nas operações aeromóveis a 101a cria uma base avançada e depois vai para outra posição após completar a missão.

As tropas de assalto aeromóvel são tropas de infantaria leve com treino adicional de rappel e transporte por aeronave, em inserção aérea chamada de envolvimento vertical. O equipamento é modificado para facilitar o transporte pois os helicópteros têm muita restrição de carga bem maior que os pára-quedistas e aeronaves. Enquanto os pára-quedistas são preparados para sustentar uma ação por 72 horas, as tropas aeromóveis sustentam combate por apenas 48 horas. O apoio de helicóptero pode ser intenso e inclui apoio aéreo aproximado, reconhecimento, evacuação médica e ressuprimento, além do transporte. As tropas da 101 Divisão Aeromóvel é treinada em rappel e fast-rope. Já o USMC só desembarcam do helicóptero.

Page 21: tropas especiais

As unidades de artilharia aeromóvel também são transportadas por helicópteros. A Primeira Divisão de Cavalaria Aérea no Vietnã podia levar três bateias de canhões de 105mm pelo ar de uma vez só com seus helicópteros CH-47 Chinook. A foto acima é de um Chinook da Força Aérea Holandesa levando dois veículos leves e os Cougar mais no fundo levando morteiros de 120mm.

As técnicas de inserção por helicóptero são o pouso de assalto (foto), o LANO (Low Altitude No Open), o fast rope e o rappel.

Em 1946, o USMC percebeu que as bombas atômicas tornariam o assalto anfíbio dificil devido a concentração de tropas, navios e materiais na cabeça de ponte. Assim foram iniciados estudos sobre o uso de helicópteros para atacar em uma frente mais difusa. O primeiro exercício de assalto aeromóvel foi em 1949. Na Guerra da

Page 22: tropas especiais

Coréia o USMC usou pequenos helicópteros para ligação, observação, EVAM e ressuprimento. Na operação Summit foi realizado o primeiro assalto aeromóvel com o 12 helicópteros Sikorsky HRS-1 do Esquadrão HMR-161 levando 224 fuzileiros e 8 toneladas de carga em um assalto até a colina 884 em 65 vôos. A operação durou quatro horas. O primeiro assalto aeromóvel do tamanho de um batalhão foi na operação Bumblebee em 1954.

A primeira tentativa de aplicar a mobilidade aérea na guerra foi na batalha de Dien Bien Phu em 1954 onde os franceses acreditavam que o ressuprimento aéreo podia manter uma guarnição indefinidamente. O terreno e a geografia levaram a falha. Os franceses ganharam experiência com o assalto aeromóvel na Argélia entre 1954 e 1962 com helicópteros americanos. Os primeiros assaltos aeromóveis eram pequenos, mas foram crescendo até o tamanho de um batalhão. Os helicópteros também foram usados para resuprimento e EVAM.

O assalto aeromóvel no Vietnã começou logo que os helicópteros chegaram em 1961 usando tropas do Vietnã do Sul. Na primeira operação, 14 dos 15 helicópteros foram atingidos e quatro caíram. Os UH-1 armados de escolta logo foram usados para diminuir perdas. O terreno do Vietnã era difícil para operações convencionais devido aos rios, montanhas e selva.

Foi do estudo Howze Board para conceitos de mobilidade com helicópteros no campo de batalha que surgiu o conceito de cavalaria aérea em 1962. A visão do General Hamilton Howze, de uma divisão aeromóvel, teve base no planejamento de guerras convencionais em grande escala e não na atividade de contra-insurgência encontrada no Vietnã. Howze percebeu as principais vantagens das forças aeromóveis, como a mobilidade, a utilidade em operações de retardamento, a capacidade de emboscar forças convencionais e a capacidade de prover apoio de fogo direto

O estudo Howze levou a criação da 11a Divisão de Cavalaria em 1963 para testar o conceito, técnicas operacionais, aeronaves e equipamentos. Os testes tiveram muito sucesso e foi completada a dotação da Divisão com 3 Brigadas. Logo foi pensado em usa-la no Vietnã onde as condições são ideais. A 11a Divisão de Cavalaria passou a se chamar 1a Divisão de Cavalaria, ou "First Team". A 1a Divisão recebeu 438 aeronaves e helicópteros, incluindo helicópteros armados, com 1/3 das tropas podendo ser movida por helicóptero de uma vez só (três batalhões ou 2.000homens). Três dos oito batalhões seriam pára-quedistas. A tática era usar os helicópteros para reconhecimento, artilharia e helicópteros armados para atacar e dar apoio aéreo, e transportar companhias de infantaria para cercar as tropas em terra. A capacidade pára-quedista foi perdida com o tempo por falta de recrutas e o uso de helicópteros.

Page 23: tropas especiais

No inicio do conflito do Vietnã, os helicópteros eram escoltados por T-28 Trojan e B-26 Invaders que não podiam atacar alvos muito próximos as tropas como os helicópteros. Os foguetes e metralhadoras disparados pelo piloto foram completadas por metralhadoras laterais. O resultado foi o aumento do peso junto com a blindagem adicional. Resultou no aumento da potência com a introdução do UH-1C. A US Navy e a USAF passaram a armar seus helicópteros para ataque ou auto-defesa. Os estudos das experiências no Vietnã mostrou que UH-1 era lento (120km/h em cruzeiro), pouco potente, de curto alcance e leve para ser um bom helicóptero artilhado. Não tinha velocidade para escoltar os CH-47 bem mais rápidos e não pode servir como helicóptero artilhado e transporte ao mesmo tempo.

Em 1964 foi iniciado as operações com os "Eagle Flights" com cinco UH-1C armados (um levando o comandante) e 7 UH-1D levando tropas como força de reação e ataque, com mínimo de planejamento. O resultado foram as táticas com equipes "pink" de helicópteros de reconhecimentos OH-6 usados para reconhecimento. Ao identificar as tropas inimigas eles marcavam a posição e chamavam a equipe "blue" para atacar as tropas em terra. A equipe "azul" consistia de oito helicópteros UH-1D com um pelotão de fuzileiro.

Em 1964 havia 200 UH-1 no Vietnã. Nos últimos anos eram 2.500. Ao invés de ir a pé a infantaria voava pelo país. Tomavam o terreno em busca de guerrilheiros e voltavam para a base. Logo os Vietcongs tomavam novamente o terreno. As perdas mostraram ser menores que o esperado. Na Segunda Guerra Mundial um soldado lutava cerca de 40 dias em um ano. Os helicópteros fizeram os soldado lutar 240 dias por ano no Vietnã.

O Vietnã mostrou a grande vantagem da mobilidade e tempo de resposta do assalto de helicóptero com as principais batalhas vencidas devido aos helicópteros. Antes o poder de fogo tinha que ser perdido para ter mobilidade e vice-versa e a Cavalaria Aérea fez os dois andarem juntos.

As defesas antiaéreas eram a fraqueza da tecnologia da época. As escoltas de helicóptero mostraram que podiam diminuir as baixas nos helicópteros de transporte durante o conflito do Vietnã, mas não funcionava contra defesas pesadas. Neste conflito, 5-7 helicópteros armados (gunships) podiam escoltar 20-25 UH-1 slick. A fase de ingresso era voada bem alto e desciam antes do pouso. As aeronaves tinham que descarregar as tropas rápido para se expor por pouco tempo.

Page 24: tropas especiais

No Vietnã um helicóptero podia ser usado para criar uma cortina de fumaça entre a ameaça e a zona de pouso.

Os UH-1 são sempre lembrados como um símbolo da Guerra do Vietnã e realmente participaram das principais batalhas durante o conflito.

Na Guerra do Yom Kippur foram realizados vários assaltos de helicópteros, incluindo uma emboscada audaciosa contra um comboio bem dentro Egito feita pelos Israelenses.

Na guerra do Yom Kippur em 1973, comandos egípcios Al Saaqa foram transportados por helicópteros Mi-8 atrás das linhas inimigas no Sinai para atacar reforços, durante o ataque inicial, e para tomar pontos estratégicos como o Passo de Mitla e Gidi. Nesta operação 14

Page 25: tropas especiais

helicópteros foram derrubados pela Força Aérea Israelense e os outros comandos foram cercados antes de atingir o objetivo ou chegar reforços. Esta operação mostrou a limitação dos helicópteros em um conflito de alta intensidade onde não há superioridade aérea. Os primeiros comandos egípcios foram treinados por assessores alemães. Faziam raids contra as defesas israelenses no Sinais. Em 1969 estes raids ocorriam todas as noites. Eram muito temidos por Israel e foram responsáveis pelo deslocamento de tropas adicionais para defender o local. Eram 26 batalhões em 1973. A maioria dos Comandos egípcios que invadiram a península do Sinai em 1973 estavam preparados para caçar blindados e não para tomar a linha Bar-Lev. Avançaram 10km adentro e estavam equipados com mísseis Sagger e lança-rojões RPG-7. Tinham tantas armas anti-carro que a quantidade compensou a péssima pontaria. Cavaram trincheiras e tinham mísseis SA-7 para se defender. Deveriam durar 24h até chegar reforços. Já os comandos navais egípcios conseguiram afundar um navio israelense no porto em 1970. A Força Aérea Israelense também usou helicópteros para infiltrar comandos atrás das linhas para dar a localização de mísseis SAM e alerta de lançamento de mísseis para os pilotos de caça. Pelo menos dois helicópteros foram derrubados nestas missões. Pára-quedistas sírios usaram helicópteros para capturar o monte Hermon e comandos foram usados para atacar blindados com mísseis Sagger por trás.

Em 25 de Abril de 1982, os britânicos recuperaram as Geórgia do Sul dos argentinos. Precedido de um consistente fogo naval, realizaram um assalto aeromóvel com 120 fuzileiros navais, que rapidamente dominaram a guarnição Argentina de poucas dezenas de homens.

Os russos iniciaram operações com forças aeromóveis na década de 1970 com os DShB (Day-Shah-Bey) ou Forças de Assalto Aéreo. São unidades do tamanho de Brigada e com seleção e treinamento igual aos VDV. Os russos usaram as tropas de assalto aéreo no Afeganistão para realizar ataques de surpresa de forma independente em locais remotos ou de difícil acesso ou apoiando outras forças. Eram usados para controle de terreno dominante ou junções de estrada. A vantagem russa no ar se manteve até aparecer o míssil Stinger e podiam atacar a retaguarda inimiga facilmente.

Os russos desenvolveram várias táticas. Na preparação do assalto as armas leves entram por ultimo para sair primeiro. Os helicópteros de assalto pousam e decolam juntos para não dar alerta e usam a rota mais segura. Zonas de pouso de reserva são sempre consideradas. Os helicópteros devem ficar o mínimo no solo ou pouco mais de um minuto. Os helicópteros de ataque cobrem a subida e o cominho de volta. O helicóptero permitia pousar direto ou próximo do alvo, geralmente com supressão anterior de artilharia ou ataque aéreo antes do desembarque. Os helicópteros de ataque continuavam a circular a zona de pouso depois do ataque.

Page 26: tropas especiais

As tropas aerotransportadas russas no Afeganistão eram equipadas para atuar por 3-4 dias. Levavam cada um 2-3 recargas para a arma individual, 4 granadas, 1 RPG-18 para cada duas tropas, 5 granadas de fumaça, 5 flares, 200g de blocos de TNT, 4 projeteis de morteiro de 82mm ou uma caixa de munição de lança-granadas automático AGS-17, ração e 2-3 cantis com um peso total de 35-40kg. Este peso podia diminuir se fosse garantido o ressuprimento.

Os russos sofriam com as grandes altitudse no Afeganistão. Os Mi-8MT podem levar mais de 25 tropas, mas operando em uma altitude de 2 mil metros só podiam levar seis tropas carregadas e apenas quatro-cinco operando entre 3 mil a 4 mil metros.

Depois do Vietnã o assalto aéreo foi realizado com mais freqüência para infiltração e exfiltração de forças especiais e CSAR, com os grandes assaltos aeromóveis sendo raros. No Iraque, depois de três anos de operações foram 40 helicópteros perdidos sendo metade para fogo inimigo. Uma aeronave derrubada significa CSAR a caminho. Os inimigos costumam fazer emboscada para os helicópteros e não se interessam apenas no piloto derrubado. Está tática era muito usada no Vietnã quando os vietnamitas percebiam que havia baixas em terra.

Operar helicópteros na linha de frente tem seu preço. De 167 helicópteros usados na invasão do Panamá em 1989, 45 foram atingidos com quatro derrubados. Todos eram helicópteros leves AH-6 ou OH-58 sendo que um bateu em fios de alta tensão. Um UH-60 não teve condições de ser reparado. No Vietnã o número total de perdas foi alto, 2.281 helicópteros perdidos sendo cerca da metade em acidentes, mas em número de horas de vôo foi um para 6.629 horas sendo considerado bem menor que o esperado.

O USMC investe muito em assalto aeromóvel por diversas razões. Entre as vantagens do assalto aéreo em operações anfíbias temo: - Velocidade, mobilidade e manobrabilidade superior; - Flexibilidade - pode ser usado após o desembarque e não apenas durante ele; - Surpresa e despistamento - as aeronaves decolam além do horizonte, podem usar o terreno e ficam pouco tempo expostas sobre a área de transito; - Tem capacidade orgânica de evacuação aeromédica (EVAM), SAR e resgate. Leva os feridos após desembarcar tropas ou cargas quando próximo as tropas e além das praias; - Tem poder de fogo orgânico, seja da própria aeronave ou de helicópteros de escolta; - Opções de zonas de pouso expandido. Não se limita as praias e pode desembarcar sem tocar o solo (rappel); - Complica o problema de defesa do inimigo. A área a ser defendida é imensamente maior pois inclui a região interior a praia. Nas embarcações convencionais, as praias apropriadas para o

Page 27: tropas especiais

desembarque seriam as mais bem defendidas pelo inimigo. No assalto aéreo é bem provável de se encontrar as defesas dispersas e menos densas e o inimigo precisará de sistemas avançados para agir com eficiência. - O desembarque pode começar um dia antes do no dia D+24 com a inserção de precursores e com desembarques "secos" onde a aeronave toca o solo e não desembarca tropas. O objetivo é dispersar as tropas inimigas na procura de tropas que não existem.

Entre as desvantagens temos: - Limitação de carga (peso e volume). As embarcações de desembarque podem carregar um volume e peso muito superior aos helicópteros incluindo tanques pesados. São mais eficientes a longo prazo após o desembarque inicial e por isso não são descartados; - Dependente das condições ambientais. Os helicópteros tem problemas para voar com mal tempo e a noite sendo necessário equipamentos especiais para isso; - Vulnerabilidade. Os helicópteros são extremamente frágeis a danos de combate se comparados com as embarcações que possuem blindagem; - Ingresso/egresso/convôo. Os helicópteros precisam se reabastecer com frequência muito maior e em locais próprios. Um ponto de reabastecimento na praia é um modo de diminuir esta necessidade de viagens até o navio mão; - Necessidade de supressão de defesas aéreas (artilharia antiaérea, mísseis superfície-ar e armas leves). Por ser vulnerável os helicópteros precisam de um preparo da região a ser sobrevoada para eliminar as defesas especializadas e os armamentos normais encontrados no campo de batalha; - Disponibilidade. Devido a complexidade mecânica dos helicópteros, sua disponibilidade é menor que as embarcações. As embarcações têm condições de operarem normalmente com equipamentos danificados; - Navegação. Devido a alta velocidade de trânsito, os helicópteros têm o problema de navegação mais complexo e intenso sendo necessário maior treinamento e equipamentos especializados - O consumo de combustível dos helicópteros é muito maior do que as embarcações e aumenta os problemas logísticos.

Entre as missões dos helicópteros durante o assalto anfíbio temos: - Assalto - transporta tropas e equipamentos até a cabeça de praia; - Logística de combate - transporte de munição, combustível, víveres e outras cargas; - Mobilidade das tropas na praia. Permite que as tropas se desloquem mais rápido no interior a partir da cabeça de praia; - Escolta - É feito por helicópteros armados ou especializados ou por aeronaves de asa fixa. Devem defender inimigos tanto no solo quanto no ar; - Apoio aéreo aproximado. É feito por helicópteros armados ou por aeronaves de asa fixa;

Page 28: tropas especiais

- Evacuação médica - EVAM; - Busca e salvamento - SAR; - Reconhecimento visual e armado; - Controle aéreo para operações de assalto aéreo de longo alcance; - C3 para operações de assalto OTH de LCACs e outras embarcações anfíbias.

Na Doutrina do Exército Brasileiro, um assalto aeromóvel é uma operação de grande porte, realizada por uma força-tarefa aeromóvel (força de superfície e força de helicópteros). Ela não envolve o transporte apenas das companhias de fuzileiros mas também todo o aparato para que a operação possa se estender por até 48 horas. Isso inclui artilharia, meios de engenharia, cavalaria (para reconhecimento), etc.

Uma missão menor não é um assalto e sim uma incursão aeromóvel. O que difere o assalto da incursão é que esta tem o efetivo máximo de uma companhia e envolve necessariamente um plano de exfiltração (não necessariamente aeromóvel). O assalto não tem exfiltração e a tropa permanece no terreno até a junção ou ultrapassagem por outra tropa.

Na concepção atual, um BAvEx (Batalhão de Aviação do Exército) tem que transportar o escalão de assalto de um BIL (Batalhão de Infantaria Leve), ou seja, duas companhias de fuzileiros. Cada esquadrilha de helicópteros tem que transportar uma companhia. Assim, o número de helicópteros vai depender do modelo da aeronave.

O Exército usa a 12a Brigada de Infantaria Leve (AMV) com três BIL (Batalhão de Infantaria Leve), um Grupo de Artilharia e um Batalhão Logístico com um total de 3.200 homens. As unidades Aeromóveis são capazes de tomar e manter, por tempo limitado, pontos capitais em profundidade como vias de acesso, entroncamentos; atacar centros de comando & controle, apoio logístico e apoio de fogo; tomar pistas de pouso; realizar incursões; além de serem capazes de realizar operações aeromóveis tipo assalto, reconhecimento, segurança, infiltração, incursão e exfiltração.

TÁTICAS DE PATRULHAS DE RECONHECIMENTO

O reconhecimento atrás das linhas é uma missão tradicional das FOpEsp, ou colocar os olhos nas atividades inimigas escondidas. No Vietnã isto era muito importante pois a selva escondia as operações inimigas do reconhecimento aéreo. No Vietnã as patrulhas aprendia a reconhecer sinais do Vietcong ou do Exército do Vietnã do Norte na área. Uma tropa sempre deixa sinais que esteve ali e quando deixando a assinatura da presença ou passagem. O Vietcong tendia a ser barulhento e descuidados quando achavam que estavam seguros em suas bases, mas dividia as tropas para ver se esta sendo seguida.

Page 29: tropas especiais

Um meio fácil de detectar unidades do Exército do Vietnã do Norte era pelo cheiro da maconha que eles usavam antes dos ataques.

A principal tática das patrulhas de longo alcance (LRRP) é não atiram de volta em caso de tiro próximo. O inimigo pode estar fazendo reconhecimento pelo fogo. As LRRP fugiam ao primeiro disparo sempre. Usam granadas e fumaça para quebrar contato. Uma missão com sucesso é não entrar em contato com inimigo e nem deixa saber que estavam lá. A mentalidade de "se move, vamos matar" não tem vez nas LRRP. Operando atrás das linhas estão sempre em menor número, precisam de apoio externo e agir furtivamente. Os Rangers filipinos no Vietnã calcularam que em 95% dos combates eles que iniciaram as ações.

Um exemplo de missão com sucesso das LRRP no Vietnã era detectar força que vai atacar base americana, enviar localização e posição, e quebrar contato para que o inimigo seja atacado por força de manobra. Um objetivo é evitar um ataque de surpresa contra a base. O objetivo nunca é atacar, mas localizar, obter a composição das tropas e curso de ação provável, sendo parte do ciclo de "informação– inteligência-ação".

As LRRP no Vietnã podiam usar uniformes não regulamentares como ponchos e mochila locais e camuflagem de tiras de tigre (tiger strip), mas era um perigo se entrassem em contato com helicópteros de reconhecimento ou ataque pois não tinham rádios para se comunicar com as aeronaves. Sandálias dos vietcongs eram usadas para cruzar trilha e quando usavam roupas do vietcong chegavam a ser cumprimentados se encontrados pelo inimigo. Estas roupas eram um problema na extração em uma zona de pouso "quente" o piloto pode confundir se está sendo atacado ou pegando os LRRP. O vietcong sabe que pode usar rádios capturados e lançar fumaça para marcar a zona de pouso. Para aumentar a furtividade as meias são usadas para cobrir itens de metais para evitar barulho. Os LRRP não se barbeiam ou tomam banho no dia anterior da patrulha e usam roupa lavada só com água.

Page 30: tropas especiais

As patrulhas de LRRP no Vietnã variam de 4 a 8 homens. Para comer a patrulha forma um círculo com a face voltada para fora e próximo para avisar com toque. Os membros não podem roncar. Um dos motivos para evitar contato é o pequeno tamanho. Outro é atrapalhar a missão de inteligência. Um helicóptero de ataque leva até 15-20 minutos para chegar. O Exército do Vietnã do Norte tinha equipes de rastreadores para caçar as LRRPs e tinham a cabeça a prêmio. Um inimigo que sempre enfrentavam eram os elementos. O mau tempo, frio e roupas molhadas eram problemas, além dos insetos.

Observação móvel é um conceito criado pelo SAS, com a patrulha se movendo em fila única, cada um cobrindo um setor. O pointman (batedor) vai a frente e o ideal é ser do país onde operam ou conhecer a língua local, para ouvir conversa ou passar ordem falsa. É a posição mais importante pois é responsável por detectar armadilhas, deve ver ou ouvir o inimigo primeiro, tendo que ser bem capaz, sempre alerta e de boa forma. O pointman pode escolher sua arma e prefere escopetas, submetralhadoras ou um fuzil potente como o M-14.

O segundo membro observa as árvores ou acima e a esquerda. O terceiro membro observa a direita e vai alternando direita e esquerda com os outros membros. O último (tailgunner ou sweeper) vigia a retaguarda e também tenta esconder passos e sinais de passagem. A separação entre os membros deve ser suficiente para evitar que um granada ou mina atinge dois ou mais membros.

O pointman fica bem a frente e em uma emboscada a patrulha só perderá um homem, e se o inimigo for esperto deixara passar e pegam o resto. Em uma emboscada o resto não ajuda o pointman,

Page 31: tropas especiais

mas dá cobertura com fogo e fumaça para ele voltar. Se for ajudar não vai direto e sim manobra pelo flanco do inimigo. Se o inimigo dispara um de cada vez fica difícil saber quanto são.

Para manter a furtividade as patrulhas usam sinais de mãos. Se for necessário falar é feito direto no ouvido com sussurro. A comunicação de rádio é feita com sinais e código Morse e o mínimo com palavras. Um adágio das forças de reconhecimento bem simples é "não acredite em nada que ouça e só metade do que vê". Outra dica para comportar-se nas patrulhas é: fique alerta, reporte o que vê, lembre-se do que ouve, e pense antes de agir.

Andar a noite na selva era perigoso pois não se vê nada e qualquer barulho atrai a atenção do inimigo. Cobras no chão não são vistas, mas movimentação de dia era muito mais perigosa que à noite nos lugares sem mata como nos pântanos e alagados.

No Vietnã os pára-quedistas e tropas do SAS australianos realizavam patrulhas em pequenos grupos por longo período apoiando uma brigada estacionada no país. Os Australianos faziam patrulhas silenciosas, furtivas e lentas com a força dispersa em uma grande área. A mensagem que passavam era "você nunca saberá onde estamos, mas nós o encontraremos.

As táticas de patrulha australiana no Vietnã era usar um grupo de esclarecimento com dois homens na frente. Enquanto um avança o outro cobre. Esta dupla fica na frente do grupo principal. O grupo principal era dividido em grupo de comando com o comandante e o operador de radio e o grupo de ataque com uma peça de metralhadora e um grupo de fuzileiros com fuzil e lança-granadas.

Já os americanos lutavam como se estivessem continuando a guerra da Coréia, só que com helicópteros. Atuavam em grandes formações, barulhentas, procurando forçar o contato e com mobilidade e apoio intenso do tipo Patrulha de Combate. Passavam o recado de "estamos aqui, venha e pague o preço". Quando o Exercito do Vietnã do Norte passou a atuar com mais freqüência no Vietnã do sul as tropas dos EUA sempre atuava em formação mínima de duas companias após uma compania ter sido arrasada por um regimento. Também atuavam sempre no alcance da artilharia amiga.

Os SAS australianos faziam patrulha de reconhecimento-emboscada (recce-ambush patrol) que durava 10-14 dias com um grupo de 5 homens. No inicio a patrulha era de quatro com líder, scout, operador de rádio e médico. Depois recebeu um assistente de líder. Mais um membro pode ser adicionado para missões de emboscadas. Na Malásia durava semanas onde havia muita água potável. A emboscada era tentada no final e era secundário. O importante era coletar dados de inteligência. O SAS também participavam de forças maiores para grandes emboscadas, incursões e cerco. O SAS foi

Page 32: tropas especiais

responsável por 500 mortos com apenas uma perda. Em uma ocasião, seis patrulhas do SAS atuaram por seis semanas, vigiando 15 mil metros de rotas de aproximação de uma base australiana. A força inimiga foi detectada e a base atacou unida sem precisar se preocupar com o flanco descoberto. Apenas uma compania do batalhão ficou na base para defesa. O SAS conseguia o máximo de informação com o mínimo de recursos, aplicando o principio de economia de forca.

As táticas australianas foram baseadas na experiência na guerra antiguerrilha na Malásia, e usavam duas habilidades básicas da infantaria que são a patrulha e a emboscada. Os americanos usavam táticas baseadas em tecnologia e não em treino das habilidades. Os próprios americanos consideravam os australianos mais profissionais.

Page 33: tropas especiais

O SAS australiano tinha conduta padronizada para o caso de contato com inimigo para concentrar fogo. As armas eram modificadas para exagerar a assinatura de brilho e som. Levavam muita munição ou pelo menos o dobro do normal. Investiam muito em camuflagem cobrindo todos os itens assim como as mãos e face. As armas também eram camufladas. As patrulhas tinham pelo menos dois lança-granadas XM-148 e dois FAL. Levavam pelo menos 15 granadas de fumaça por patrulha sendo quatro para os lança-granadas. Cada um levava no mínimo 160 tiros

Page 34: tropas especiais

de FAL, ou 200 de M-16, ou 10 granadas de 40mm.

As tropas do SAS tinham liberdade para escolher kits e testar. O FAL foi equipado com carregador de 30 tiros e foi convertido para o modo automático. O supressor de chama foi retirado e uma manete frontal adiciona. Podia receber um contador de passo se necessário. Alguns foram convertidos para carabina diminuindo o tamanho do cano. Outros receberam o supressor de chamas da submetralhadora M-3 fazendo o barulho parecer com uma metralhadora 12,7mm. Alguns receberam lança-granadas de 40mm. O objetivo era aumentar a assinatura do disparo. Se

Page 35: tropas especiais

detectado a patrulha passa de furtivo para agressão barulhenta para cobrir a retirada. A precisão é secundaria ao volume de fogo. O objetivo é confundir o inimigo nos primeiros segundos, com barulho e brilho dos disparos. Uma patrulha de 5 tropas tem que mostrar que são mais numerosas, tentando fugir antes do inimigo descobrir.

O MAC-SOG (Military Assistance Command - Studies and Observations Group) do US Army eram FOpEsp de várias tropas e paises que atuaram no Vietnã para patrulha de longo alcance e ação direta em território inimigo como o Vietnã do Norte, Laos e Camboja. O MAC-SOG iniciou suas operações em 1956 com a CIA e as Forças Especiais ajudando o Vietnã do Sul a realizar a missão. No inicio tentaram fazer guerrilha no Vietnã do Norte sem sucesso. Operaram até 1971 realizavam as missões mais difíceis e perigosas da guerra. A maioria dos cerca de dois mil membros do MAC-SOG eram das Forças Especiais americanas. Eram divididos em equipe Delta (Destacamento 52), Sigma (Destacamento 56) e Omega (Destacamento 50). As equipes tinham seis times de seis membros composto de dois americanos e quatro asiáticos. Depois as missões passaram a ser realizadas só com americanos na maioria das vezes. Tinham ajuda de força de reação rápida para o caso de contato com o inimigo. Os métodos de infiltração incluía o HALO. O MAC-SOG realizou Patrulhas de Combate com forças MIKE (tropas locais treinadas pelas Forças Especiais), coleta de informações, designação e alvos para artilharia e apoio aéreo, avaliação de danos de batalha, resgate de combate, resgate de prisioneiros, captura de pessoal para inteligência, despistamento, operações psicológicas e outras. Tropas da marinha faziam raids e reconhecimento na costa do Vietnã do Norte. As operações do MAC-SOG eram controlada diretamente pelo Pentágono e realizavam as missões mais perigosas como reconhecimento e emboscada na trilha Ho-Chi-Minh e também faziam resgate de combate e resgate de prisioneiros. Sua operação resultou no desvio de cerca de quatro Divisões do Vietnã do Norte para vigiar a trilha Ho-Chi-Minh.

Page 36: tropas especiais

Enquanto alguns infantes que atuavam no Vietnã do Sul raramente viam inimigos, os membros do MAC-SOG estavam no meio da colméia. Em uma ocasião uma equipe de 14 tropas combateram um regimento inteiro. As baixas entre os membros do MAC-SOG chegaram a 100%, metade morta e o resto ferido pelo menos uma vez, mas tinham o maior "kill ratio" da guerra que em 1970 foi de 158 x 1. De 58 capturados apenas um voltou vivo depois de fugir. Mesmo assim por pensarem que estava quase morto e não fizeram muita guarda. A reação dos vietnamitas foi colocar pontos de escuta para detectar infiltração de helicópteros e vigiar os poucos locais de pouso de helicópteros. Também passaram a rastrear as equipes, estudaram seu padrão de atuação como movimento noturnos, fases da lua e iniciaram emboscadas contra as patrulhas do MAC-SOG. Espiões em Saigom passavam planos das missões. Com o aumento das baixas o tempo de cada missão passou de cinco para dois dias.

As Forças Especiais americanas forneceram seis equipes de reconhecimento (RT - Recon Team) para cobrir a fronteira com Kuwait e Arábia Saudita em 1991. Patrulhavam a noite junto com as FE da Arábia Saudita.

Pouco antes da invasão foram inseridas 12 equipes de LRRP das FE americanas. Apenas duas não foram detectadas. Várias extraíram logo no inicio ou por estarem comprometidas, ou esperaram quando dia clarear. O terreno e população levaram ao fracasso da maioria.

Page 37: tropas especiais

Uma destas equipes foi destacada para fazer LRP na auto-estrada 7 para reconhecimento para o XVIII Corpo. Os Aliados sabiam que os carros de combate T-72 só era usado pela Guarda Republicana e assim podiam saber que tipo de unidade estava operando na área de operação da unidade.

A equipe seria posicionada próximo do rio Shatt al Gharraf observando a rodovia próxima a mais de 250km da fronteira. Seria formado um PO para observar o trafego para norte e outro para o sul a 5km da estrada. Reportariam para a base a cada 4-6 horas a não ser que seja alvo importante como Scud. Um canal de agricultura seria usado para movimentação. Eram quatro tropas em cada PO. Enquanto um observa com periscópio especial o outro anotava os dados, enquanto os outros descansam. Cada um levava uma mochila pesando cerca de 80 kg incluindo 20 litros de água. A missão deveria durar 7 dias. Como a bota de selva deixava marca facilmente distinguível na areia do deserto colocaram plástico para tampar a sola.

A inserção foi no dia 23 janeiro, um dia antes do início da ofensiva terrestre, por dois MH-60 Black Hawk no limite do alcance. As aeronaves voavam muito baixo e rápido e até atingiu uma duna com a roda traseira. No local de inserção fizeram varias inserções falsas, pousando por 10 segundos em vários locais, as vezes voando alto para ser detectado pelo radar.

No planejamento de missão disseram que os Árabes não gostavam de cães, mas quando o helicóptero se foi começaram a ouvir cães latindo ao redor ao longe. Logo perceberam que isto não incluía os que moravam no campo. A equipe se moveu para uma posição defensiva a centenas de metros e começaram a acostumar os ouvidos aos sons ao redor. Começara a cavar na posição e notaram que o solo de agricultura era mais duro que a areia o que não daria para acabar até amanhecer. Esconderam-se no canal até a noite e outra equipe achou um local com areia.

Pensaram que os agricultores seriam como os americanos que plantam e vão dar uma olhada de vez em quando. Só que não tinham TV e vídeo game para as crianças que brincavam fora com freqüência. Logo as crianças começaram a se aproximar até ver os quatro em uma posição. Deixaram fugir e chamaram exfil imediata. Mudaram de posição e não notaram ninguém vindo. Logo cancelaram a exfil com a intenção de achar outra posição a noite. As crianças voltaram a noite com adultos e deixaram fugir novamente. Desta vez voltaram em 20 minutos e chamaram pessoal de uma vila próxima. Logo apareceram caminhões na estrada. As equipes amontoaram tudo que não daria para levar de volta e colocaram explosivos C4 para detonar com tempo. Levaram apenas um rádio e chamaram apoio aéreo aproximado que levaria 20 minutos mas o inimigo estava a 1 minuto e cercando.

Page 38: tropas especiais

Enquanto procuravam um bom local de defesa o inimigo começou a atirar e eram os civis que atiravam bem pois eram caçadores. Os soldados iraquianos eram pouco treinados pois ficavam sempre de pé. Deviam ser tropas de retaguarda. A equipe tinha duas M-203 e começaram a disparar. Deram sorte pois uma ponte próxima foi atacada e os civis fugiram. Alguns membros eram treinados como sniper e começaram a atingir os iraquianos a distância. As tropas não ficaram nervosas atirando no automático. Miravam calmamente para acertar.

Já era dia e o flare não poderia chamar a atenção das aeronaves e não tinham granadas de fumaça para mostrar a posição. Tentaram usar espelhos para mostrar a posição aos F-16 que voavam baixo. Mais iraquianos chegavam na rodovia e foram atacados incluindo blindados. Uma bomba em cacho atacou um flanco matando tropas do tamanho de um pelotão e a equipe conseguiu segurar a posição até a noite. Voltaram a posição inicial para pegar roupas de frio. O resgate estava vindo, mas a experiência do Vietnã de um membro lembrou que o inimigo ficava preparado para isto. Procuraram uma posição onde os dois helicópteros do SOAR poderiam pousar protegidos. Conseguiram fugir sem sofrer ferimentos depois de 10 horas de batalha.

Outras equipes de FE fizeram LRP para testar o solo para ver se agüentaria a passagem dos carros de combate e levaram câmeras para filmar. Outras FE fariam reconhecimento dos flancos após a invasão. Treinaram um mês só para isso. Foram pelo menos seis times com o mais longe a mais de 200km do fronte. As equipes de 6-8 tropas eram divididas em duas e distantes varias milhas. O VII Corpo usou dois times e não foram detectados. Um pediu exfil de emergência devido a presença de iraquianos. O XVIII Corpo Aeromóvel fez três missões todas com problema. Um abortou sob ataque ainda no helicóptero.

Caça aos Scuds

Quando os americanos perceberam que somente as baterias de mísseis Patriots não seriam suficientes para neutralizar a ameaça dos mísseis Scuds iraquianos foi formada uma força conjunta de caça-bombardeiros e Forças Especiais (SAS e Delta) para localizar e destruir a ameaça. Cerca de 30% de toda capacidade aérea aliada foi desviada na busca e destruição dos Scuds e seus lançadores.

Esta missão era importante pois Israel podia reagir e os membros árabes da coalizão poderiam se virar contra os aliados. O Scud era impreciso e absoleto, mas era usado como arma psicológica por Saddam. Com ogivas químicas e biológicas os Scuds passavam a ser ameaça mesmo sendo imprecisos.

Page 39: tropas especiais

O alcance dos Scud era de 280 a 600km dependendo da versão. Com isto foi delimitado as prováveis áreas de disparo chamadas de "scud box". A área de operação dos lançadores de mísseis Scuds foi dividida em três áreas. A primeira estava localiza ao sul da principal rodovia ligando Bagdá a Amã, capital da Jordânia, indo da base H1 até próximo a fronteira saudita. Esta área ficou conhecida como Scud Alley e coberta pelos SAS. A segunda ficava ao norte da rodovia e ia até perto da fronteira com a Síria e era chamada de Scud Boulevard. Foi entregue pela Força Delta. Outra área ficava na rodovia Sahb Al Hiri.

As equipes foram equipadas com os designadores de alvos a laser para iluminação de alvos para serem atacados por bombas guiadas a laser. As tropas localizaram e/ou atacariam os mísseis. Enquanto as aeronaves voavam alto e cobriam muito espaço, não viam bem alvos no solo. Já as equipes no solo viam bem, tinham boa persistência, mas cobriam pouca área. Um terço da FOpEsp foram designadas para caças os Scuds. Uma compania de Rangers atuou como força de reação rápida e outras FOpEsp apoiaram as missões de salvamento de combate. O objetivo não era só destruir mísseis, mas parar os disparos e podia ser com a destruição das instalações relacionadas.

O SAS montou patrulhas de vigilância de estrada e colunas móveis de combate. Três patrulhas de oito homens do Esquadrão B atuariam por 10 dias atrás das linhas inimigas montando postos de observação para monitorar as principais rotas usadas pelos lançadores de Scuds. Eram infiltrados e exfiltrados por helicópteros Chinook da RAF. Os beduínos espalhados na área tinham 50% de chances de dedurar se encontrasse a patrulha.

Quatro Colunas Móveis de Combate foram formadas, duas com pessoal do Esquadrão A e duas com o pessoal do Esquadrão D. Cada coluna tinha cerca de 30 homens e 12 veículos. Os veículos eram: um caminhão de suporte Unimog, fabricado pela Mercedes, que levaria a maioria das cargas como combustível, água, munição, equipamento de proteção NBC, peças sobressalentes e outras coisas; de oito a dez 110 Land Rovers, cada qual armado com metralhadoras Browning .50, GPMGs, lançadores de granada M19 de 40 mm lançadores de mísseis antitanque Milan, lançadores de mísseis antiaéreos Stinger e LAWs, cada Land Rover levava de três a quatro homens, além de mantimentos e equipamentos; e duas motos. As colunas se moviam a noite e descansavam durante o dia, em posições seguras e camufladas. Os homens normalmente estavam armados com pistolas 9 mm, fuzis M-16, muitos com lançadores de granada M230, SLR, rifles L96A e submetralhadoras. As colunas treinaram antes de entrarem no Iraque no Emirados Árabes Unidos. Uma lição destas operações é que as patrulhas do deserto tinha que ser montadas.

A experiência das operações do SAS nas patrulhas levou os Deltas a

Page 40: tropas especiais

operar também motorizados. Os Deltas chamavam apoio aéreo ou atacavam os alvos diretamente. Um dia antes da rendição foram designados dois alvos. Os A-10 viram do alto que era muito mais destruindo 20 lançadores.

Sempre que possível, os veículos seguiram as trilhas dos veículos da frente, para confundir o inimigo a respeito do número real dos veículos da coluna. Todo o tempo durante o qual o time não estava viajando era usado para descanso, manutenção e planejamento. Uma série de problemas inesperados foram enfrentados pela coluna imediatamente após a sua partida. O primeiro deles foi as altas temperaturas de dia e o extremo frio durante as noites.

O SBS cobria o setor central do Iraque. Havia uma linha de fibra ótica na área e receberam a missão de corta-la. Na incursão na noite de 22 de janeiro foram usados 36 tropas incluindo FE americanas. Usaram dois helicópteros Chinook da RAF. Levaram cerca de 200kg de explosivos e estavam muito bem armados. A área estava repleta de nômades e próximos as forças iraquianas. Os helicópteros mantiveram os motores ligados para extração rápida. A missão demorou 90 minutos para cavar até os cabos.

Os americanos realizaram 15 missões durante a Guerra. No máximo quatro equipes operavam atrás das linhas ao mesmo tempo. Os Rangers fizeram incursão contra centro de comunicações próximo a fronteira com a Jordânia. Os helicópteros do SOAR também foram usados para caçar Scuds e os vídeos gravados foram mostrados na TV.

Na primeira missão eram duas equipes de 8 tropas infiltrados com apoio de helicópteros AH-60 DAP e caças F-15, F/A-18 e A-10. A operação ocorreu junto com os ataques aéreos. As equipes atuavam a noite e se escondiam de dia vetorando ataques aéreos.

Em uma ocasião uma equipe dos Deltas, em uma posição bem camuflada próximo da estrada, viu vários beduínos passarem, pararem, olhar para a posição e sair correndo. Horas depois voltaram com exercito iraquiano e tiveram que lutar até chegar a extração. Foram salvos graças ao apoio aéreo dos F-15E.

No dia 7 de fevereiro, uma patrulha dos Delta de 20 homens fugia de unidades blindadas iraquianas, quando o Controlador Aéreo que acompanhava o grupo conseguiu contatar uma dupla de F-15E, que desceu como um relâmpago sobre os iraquianos, destruindo em segundos todo o grupo blindado, além de outros veículos nas redondezas, incluindo o TEL que havia sido reportado pela patrulha dos Delta.

Certa vez uma patrulha de seis homens foi descoberta quando um garoto iraquiano tropeçou em um comando, a equipe recusou-se a

Page 41: tropas especiais

matar o menino e meteu-se em um combate de sete horas contra cerca de 250 soldados iraquianos, e após abater cerca de 150-250 inimigos, a patrulha foi evacuada por helicópteros no último minuto antes do corpo a corpo derradeiro. Em duas ocasiões os F-15E tiveram que ajudar equipes detectadas. Um usou a luz de pouso para amedrontar uma coluna blindada. Em outro usou uma bomba guiada a laser para destruir um helicóptero decolando.

Até o final da guerra as FOpEsp tinham sido envolvidos na destruição de muitas instalações de comunicações e destruíram cerca de um terço dos lançadores de Scuds. Com o uso de muitos alvos falsos, não tinham tempo para distinguir e atacavam tudo devido a pressa. Tiveram sucesso e os disparos de Scud diminuíram muito, de uma média de cinco disparos por dia para um disparo por dia no fim do conflito. Israel não retaliou e a coalizão manteve-se intacta. Tinha-se esperado um grande número de baixas, diante de um terreno perigoso, com temperaturas geladas, chuvas e granizo, além de inúmeros problemas de inteligência e de rádio. Mas só quatro operadores foram perdidos (três membros do B20 e um motoqueiro de uma Coluna Móvel de Combate). Os oito membros da patrulha B20 foram responsáveis por cerca de 200 mortos no lado iraquiano enquanto fugia.

Os operadores do Sayeret MATKAL (Unidade 767), a principal unidade das FOpEsp israelense, foram enviados ao Iraque para que coletar dados sobre a movimentação do exército iraquiano. No inicio era pouca a possibilidade de um ataque ao Iraque mas logo começaram a caças Scuds. As tropas operavam em Land Rover e começaram a atacar os Scud com mísseis anti-carro. Usavam helicópteros CH-53 para infil e exfil. Não tinham apoio aéreo aproximado disponível. Nenhum foi detectado ou atacado e não sofreram baixas.

Page 42: tropas especiais

Uma equipe de Forças Especiais americana em um PO no Afeganistão.

Pelopes

No Exército Brasileiro e em outros paises é comum encontrar um pelotão de reconhecimento orgânico na unidade, aqui chamado de Pelopes (Pelotão de Operações Especiais), com pelo menos um pelotão por Batalhão e as vezes um por compania. Na linguagem militar brasileira, "Scout" é o esclarecedor, elemento da infantaria incumbido de realizar o reconhecimento de combate.

A 101 Divisão Aeromóvel americana no Vietnã tinha um pelotão de reconhecimento e comando em cada batalhão com 20 tropas cada chamada de Aerorifle Platon (ARP). Inicialmente operava com sete Jipes armados com metralhadoras M-60, e canhões de 105mm. O terreno era inadequado para uso de veículos e passaram a operar a pé realizando reconhecimento de curto alcance, emboscadas, avaliação de danos de batalha e segurança de aeronave que caia. Chamavam artilharia e forças de reação rápida se necessário. O pelotão atuava em patrulhas de reconhecimento de quatro tropas e só reportava. Com mais tropas, as vezes nove, faziam emboscadas e chamavam artilharia e apoio aéreo aproximado.

A missão primordial dos pelotões de reconhecimento é dar informações do campo de batalha e pode auxiliar no controle tático posicionando as companias e pelotões do batalhão. Fazem reconhecimento de zona, área, rota, cobertura, vigilância de áreas

Page 43: tropas especiais

criticas, ligação e guiamento de forças de manobra. Difere do reconhecimento de longo alcance por não atuar a longa distância usando método de infiltração especial. As LRRPs gastam pelo menos cinco dias com planejamento. Menos que isso é reconhecimento convencional e correm o risco de serem detectados e não estão preparados. No reconhecimento convencional é usado um grupo de combate mais bem armado.

O reconhecimento de área relacionasse com o terreno e atividade inimiga na área como ponte ou característica terrestre. Pode ser feito por um grupo de combate ou até todo o pelotão. O reconhecimento visual é dividido em longo e curto alcance. As ações durante a missão de reconhecimento, segundo a doutrina americana são: movimento e ocupação do ORP (Objective Rally Point), reconhecimento do líder, ações no objetivo, retirada e disseminação das informações.

O Objective Rally Point é onde ser faz as ultimas preparações, recamuflar rosto e armas, inspeciona armas e retira óticos das mochilas. Pode ser um local para formar um cachê de armas e é para onde se retorna depois da missão. Deve ficar fora das vista e alcance das armas inimigas e deve ser adequado para ser defendido por curto período.

As ações no objetivo incluem ver o alvo de vários locais, se necessário, movimentando vagarosamente ao redor. Elementos de segurança podem ser posicionados para caso de apoio direto ou indireto no objetivo. A retirada e disseminação das informações é feita no ORP e o líder debrifa com tropas para saber se as informações são suficientes e adequadas. FORÇAS TIPO COMANDOS

Commandos Britânicos

Em 1940 os britânicos resolveram criar tropas especializadas para realizar guerra não convencional como guerrilha atrás das linhas inimigas e incursões anfíbias tipo "hit and run" com duração máxima de 48 horas. As forças convencionais usam tropas numerosas por longos períodos.

Os Commandos foram criados por Winston Churchil que se inspirou nos Kommandos boers sul-africanos que combatiam tropas britânicas. Os Boers faziam operações de penetração profunda e sabotagem, desequilibrando o conflito em favor dos rebeldes durante muito tempo. Durante a Guerra dos Boers a campanha foi convencional no inicio, mas no final cerca de 8 mil africaners ocuparam a atençao de 450.000 britanicos, ou dez vezes mais que no inicio. As lições foram muito bem aprendidas pelos britânicos. Churchil queria uma tropa igual para não ter uma postura defensiva nesta fase da guerra.

Page 44: tropas especiais

Os britânicos não foram os primeiros a criar tropas de assalto. Durante a Primeira Guerra Mundial os italianos criaram o Reparti d'assalto" (Unidades de Assalto) ou Arditis que fariam o assalto inicial para as tropas convencionais passarem dando um certo grau de mobilidade a guerra de trincheira. Os Alemães criaram as Sturmtruppen com função semelhante.

A operação dos Commandos iniciou logo após a fuga de Dunkerque. Enquanto o exército se adaptou para defesa, os Commandos foram criados para atacar. Entre as missões estavam a captura de prisioneiros, reconhecimento, sabotagem, bloqueio de linhas de comunicações, espalhar alarmes falsos, incomodação, mobilizar tropas, guerra psicológica, coleta de inteligência, reconhecimento de praia e defesas e profundidade.

Eram especializados em assalto anfíbio servindo de ponta de lança de ataques maiores e auxiliando depois em operações regulares. Seriam usados para tomar pontos vitais, baterias costeiras e guardar flancos. As características das ações dos Commandos eram ter capacidade de operar por curto período (cerca de 24 horas), independentemente, sendo capaz de alta dispersão, mas não resiste a ataque ou supera certos tipos de defesas. Os Commandos não tem armas pesadas, a não ser fuzil anti-carro, pois não tem intenção de formar defesas ou passar por defesas pesadas.

Inicialmente foram formadas 10 companias de incursões anfíbias com 21 oficiais e 268 soldados divididos em tropas de 20 homens. Depois foram formados companias de 500 homens com 12 no total. Ainda em 1940 foram formados 5 batalhões (Commandos) de 2 companias de 500 homens divididos em 10 tropas de 50 homens ou duas seções de 5 tropas. Estas unidades formaram uma brigada de operações especiais. A Brigada foi reformada ainda em 1940 com 5 batalhões, cada uma com duas companias de 10 tropas ou pelotões de 50 homens. Os pelotões eram divididos em duas seções de duas sub-seções. As unidades eram consideradas grandes, difíceis de controlar, e nem cabiam nos navios da época. As tropas passaram a ter 65 homens para caber em dois LCA.

Os Commandos eram diferentes da infantaria comum por não terem armas pesadas e linha administrativa de suprimento. O número de tropas total ainda era pequeno em relação ao exército britânico mas ganhou antipatia das forças convencionais pois retirou os melhores oficiais e sargentos de outras unidades.

O treinamento durava três meses e incluía demolição, combate a mão, assalto, guerra urbana, navegação, operações anfíbias, sobrevivência, montanhismo, natação, táticas de emboscada, avanço silencioso, reação a emboscada, combate noturno e bloqueio de estrada. Deviam saber operar todas as armas de infantaria e estrangeiras também. Os Commandos investiam em furtividade

Page 45: tropas especiais

atacando a noite e por isso a navegação era importante. Os Commandos as vezes usavam tênis no lugar dos coturnos para evitar barulho nas missões noturnas. Deixavam o equipamento pesado para trás como mochila e mascaras de gás. Não tinham veículos mas eram treinados para dirigir todos os tipos de veículos. Tinham que ser corajosos e vontade inquestionável pois sabiam que podiam ir para o pelotão de fuzilamento se capturados.

Os Comandos realizaram pequenas incursões na costa da Franca para mostrar a reação britânica. Em três meses foram quatro desembarques ainda em 1940. A falta de embarcações adequadas atrapalhou e atrasou varias operações.

O primeiro grande raid anfibio foi em Vaagso na costa da Noruega. Foi feito por dois Commandos com apoio de artilharia naval. Quando atingiram terra os navios passaram a dar cobertura com granadas de fumaça. Os Alemães levaram 30 mil tropas para proteger a costa norueguesa deixando outras áreas livres. Isto mostrou ser muito custo efetivo mostraram resultados desproporcionais ao tamanho. Os raids e ameaças de raids forçaram os alemães a deslocar tropas para posições defensivas fixas que poderiam estar atuando em outros lugares. O valor dos Commandos estava no efeito e não no tamanho da força devido ao efeito psicológico do inimigo não saber onde será o próximo ataque. Esta eficiência acabou inspirando o SAS, SBS e tropas pára-quedistas.

Com diminuição do interesse em raides em 1943, passaram a atuar como infantaria leve com tropas, e seção de transporte e administrativo, diluindo sua eficiência, como o seu uso na Normandia. Tinham pouca estrutura administrativa pois operava a partir do país e por curto período. Como não treinavam operações defensivas tiveram muitas perdas quando aturam como tropas convencionais.

O uso como forças convencionais levou a problemas administrativos, falta de apoio fogo e treinamento inadequado. O uso de surpresa, velocidade, escuridão e planejamento meticuloso não funciona contra forças convencionais em operações ofensivas e defensivas e sim para incursões. Em 1943 os Commandos foram reorganizados novamente para operações de larga escala convencional além de raids. Experiências na invasão do norte da África mostrou ser que eram mais bem usados em formação maiores ou vários Commandos juntos. Isto ajudou na mudança de função.

Os Commandos passaram a ter unidades especiais como a Tropa 101 de canoeiros do 6o Commamdo e outra do 8o Comando. Estas tropas formaram a base para o SBS. Apenas o Segundo Commando recebeu treino de pára-quedismo, mas se transformou no 11 SAS e depois em batalhão pára-quedista.

Uma unidade similar aos Commandos foi formada no Oriente Médio.

Page 46: tropas especiais

Porém, foi mais usada como força convencional e sem armas de apoio. Os Chindits eram uma força britânica tipo LRP (Long Range Penetration). Atuou em Burma em 1943. Faziam infiltração por ar ou terra atrás das linhas japoneses para atacar sua retaguarda e eram bem efetivas. Recebiam suprimento aéreo e apoio aéreo dos EUA. O uso da LRP acabou eliminando a linha de frente neste cenário. A selva causou a maior perdas devido as doenças do que as ações de combate.

Royal Marines

Os erros dos britânicos na campanha anfíbia de Galipoli, em 1915, mostrou que os britânicos precisavam de tropas especializadas e treinadas neste tipo de operação para não repetir erros básicos como escolha de praia e apoio logístico inadequado.

Na Segunda Guerra Mundial a Royal Navy formou mais nove Commandos para operações especiais chegando a 70 mil homens (voltou a 13 mil depois da guerra). Alguns grupos anfíbios da Segunda Guerra Mundial se tornaram o SBS.

Os Royal Marines (RM) se diferenciam de outras tropas de fuzileiros navais por serem tropas convencionais com capacidade de realizar operações de pequenas unidades como incursões e reconhecimento, com seleção rigorosa, e não apenas infantaria naval, com função e organização diferente que as caracteriza como tropas tipo comandos. Os RM não só desembarcam de helicópteros ou embarcações anfíbias, mas vão na frente ou fazem incursões. Tem papel estratégico e por isto tem capacidade para operar em vários terrenos, de assalto anfíbio em praia, até selva, montanha, deserto e ártico. Não são bons em operações contra forças blindadas, mas não operam isolados. Os membros tem treinamento em pára-quedismo, assalto aéreo e SCUBA.

Os RM tem uma seção de guerra em montanha e ártico (Mountain & Artic Warfare) cujas equipes operam em grupo de quatro para missões de reconhecimento nestas regiões. Foram criadas para operar no flanco norte da OTAN (Noruega). O curso inclui montanhismo, sobrevivência, sniper e reconhecimento com os membros passando as habilidades para outros membros não treinados.

A participação dos RM no desembarque na operação Musketeer em Port Said, em 1956, para liberar o canal de Suez, recém tomado pelos egípcios, foi marcante para as operações anfíbias. A Royal Navy usou 22 helicópteros a partir de dois porta-aviões desembarcando 415 tropas do 45 Comando e 22 toneladas de carga em quatro ondas. Usaram uma zona de pouso secundaria em um desembarque sem oposição. Este foi o primeiro assalto aeromóvel da historia e iniciou a

Page 47: tropas especiais

tática de "stick" ou grupo de tropas levadas por helicóptero e seguido depois de apoio extra.

Após esta experiência os RM passaram a ter esquadrões próprios equipados com os Scout com papel de reconhecimento, ligação, evacuação médica, taxi e anti-carro. Foram substituídos pelo Gazelle e agora usam o Lynx com TOW. Outra conseqüência foi o uso de porta-helicópteros (LPH) usados para infiltração e apoio, e como base permanente de um Comando, servindo de base móvel em deslocamento estratégico.

O primeiro "Commando Carrier", o HMS Bulwark, entrou em operação em 1962 sendo capaz de levar um batalhão, com apoio de artilharia e engenharia. Foi seguido do HMS Albion. A experiência foi copiada pelo USMC. O LPH permite ficar além do horizonte e sem ser vistos da costa. No Chipre, em 1956, os RM desenvolveram técnicas de patrulha aeromóvel com helicópteros.

Em 1961 o Iraque ameaçou invadir o Kuwait. O LPH HMS Bulwark estava em treinamento no Golfo Pérsico e deslocou para o local. O Iraque não reagiu.

A Brigada de Comando 3 dos RM é formada pelo 45 Commando, 42 Commando e 40 Commando cada um equivalente a um batalhão. A brigada tem tropas de apoio como defesa aérea, embarcações e artilharia leve. Depois de experiência nas Falklands criaram uma unidade de embarcações e desenvolveram táticas adaptadas da Segunda Guerra Mundial como a "black pig" com uma embarcação puxando botes infláveis rebocados até o objetivo, e a "brown sow" escondendo uma embarcação de desembarque no litoral para lançar raides e patrulhas. Botes infláveis semi-rígidos RHIB foram usados nas Malvinas como taxi e infiltração. Participaram de um ataque divisionário em do SAS e SBS em Wireless Ridge para apoiar o Segundo Batalhão de Pára-quedistas que resultou em uma batalha violenta.

Os RM também tem destacamento em navios e fazem proteção de navios mercantes. No Golfo, os RM defendiam navios auxiliares com metralhadores e mísseis Javelin para defesa aérea. Outras missões são abordagem de navios, proteger portos, bases navais e plataformas de petróleo.

SBS

Os membros do RM podem ir para o SBS (Special Boat Service) com outra seleção. Se selecionados entram em outra tropa de elite recebendo treinamento em pára-quedismo, mergulho, canoísmo, reconhecimento de praia, sabotagem, demolição, inteligência e contra-terrorismo.

Page 48: tropas especiais

O SBS apareceu na Segunda Guerra Mundial de unidades de incursões, reconhecimento e ataque a navios com técnicas de infiltração na costa francesa e alemã com canoas.

Durante a Guerra Fria as Seções 2 e 3 do SBS iriam operar no Rio Reno na Alemanha para destruir pontes e outros alvos ao longo do rio se as forças Aliadas fossem forçadas a se retirar com o objetivo de retardar o avanço Soviético. Outras missões seriam infiltrar e exfiltrar agentes secretos das costas dos paises do bloco comunista; coleta de inteligência sobre a capacidade naval soviética; simular tropas Spetznaz (junto com o SAS) em ataques contra as instalações da OTAN; reconhecimento clandestino da linha costeira, praias e portos, de potencias locais de ações da OTAN contra forças do Pacto de Varsóvia, principalmente desembarques anfíbios.

Inicialmente o SBS era responsável pelas missões na costa e mar enquanto SAS ficaria responsável pelas missões em profundidade. Um seria reserva do outro. Atualmente já não existe mais esta distinção principalmente no combate ao terrorismo.

O SBS agora faz parte do Grupo de Forças Especiais do Reino Unido (UKSF) desde 1987 e passou a três esquadrões e não seções com 250 operadores no total. O Esquadrão C é especialista em infiltrações secretas usando canoas. O Esquadrão M é especialista em contra-terrorismo marítimo e embarcações de assaltos (como barcos infláveis e rígido-infláveis). Consiste nas tropas Preta, Ouro e Roxa. A tropas Preta é especializada em operações contra-terroristas usando helicópteros. O Esquadrão S foca no uso de mini-submarinos e em veículos de transporte de mergulhadores. Cada tropa operacional tem cerca de dezesseis homens que podem se dividir em oito pares por canoa, quatro patrulhas de quatro homens ou duas equipes em barcos pequenos.

Page 49: tropas especiais

Operador do SBS nas Malvinas. Está caracterizado com uma unidade de elite por não usar itens padronizados como gorro preto, fuzil M-16 camuflado, cobertura do coturno e carregar de munição no peito (que dificulta deitar e arrastar). Os membros do SBS foram na frente da Força Tarefa britânicas em submarinos para selecionar locais desembarque, checar minas e obstáculos nas praias. Atacaram tropas argentinas em Fanning Head, na entrada de San Carlos, onde usaram uma câmera térmica pela primeira vez na história. Atuaram depois como patrulhas de longo alcance e realizaram missões de despistamento junto com o SAS. O SBS e SAS ajudaram a recapturar a ilha de Geórgia do Sul. Serviram como tropa de abordagem ao tomar um vigilância argentino.

Rangers

Os Rangers americanos iniciaram como cópias dos Commandos britânicos da Segunda Guerra Mundial. Quando os britânicos usaram os Commandos para incursões anfíbias e atrás das linhas os americanos acompanharam para tentar criar suas própria unidades de choque e assalto. O nome seria Ranger por ser um nome mais americano enquanto os Commandos era um termo mais britânico. O primeiro batalhão de Ranger tinha seis companias de 62 tropas. O tamanho era ditado pelo tamanho das embarcações anfíbias e eram bem menores que uma compania comum.

Page 50: tropas especiais

Os Rangers tem uma história de formar unidades provisórias, sem continuidade de treinamento, doutrina e experiência e sempre mal usadas. Na Segunda Guerra Mundial foram formados seis batalhões de Rangers na Europa, um no Pacifico e um na Ásia (Marauders). Foram todos desmantelados no fim da guerra. Eram tidas como provisórias para missões especiais. Foi estudado uma proposta de uma compania de reconhecimento Ranger em 1946 e um grupo Ranger em 1948 mas não saíram do papel. Voltaram a atuar na Guerra da Coréia e depois como LRP no Vietnã. Depois do Vietnã que se tornaram unidades permanentes. Os primeiros Rangers foram até dizimados na Itália, operando atrás das linhas, ficando sem munição. Cercados não podiam receber suprimentos e reforços, ou fugir.

Durante a invasão da Coréia do Sul, os norte coreanos usaram regimentos não de forma convencional, mas para infiltrar nas linhas coreanas e tomar objetivos na retaguarda. Os EUA logo perceberam a importância de fazer o mesmo. O terreno montanhoso era ideal para estas infiltrações de pequenas unidades.

Assim formaram as companias Marauders, uma para cada divisão, para atacar postos de comando, centros de comando e suporte inimigo. Foi recomendado o nome de Airborne Ranger Company. Os membros tinham que ser pára-quedistas e recebiam treinamento de sabotagem, incursões, marcha forçada, demolição, armas, navegação e direção de artilharia. Foram formadas quatro companias inicialmente e depois mais quatro até janeiro de 1951.

Os Rangers executaram incursões, emboscadas, reconhecimento, lideraram assaltos e eram a reserva de contra-ataque. Foram geralmente mal usadas e com grandes perdas sendo desativadas no fim de 1951. Logo ficou mostrado que o ideal era usar tropas asiáticas atrás das linhas e a guerra também passou a ser estática. A próxima vez que foram formadas tropas do tipo Rangers foram patrulhas de longo alcance (LRP) na Europa e Vietnã.

Como resultado do conflito de 1973 entre Israel e árabes, US Army concluiu que precisava de uma força de infantaria leve para operações especiais. Assim foi ativado o 75 Regimento Ranger 1974 para cumprir missões de curta duração, tipo ação direta como incursões contra alvos de grande valor como aeroportos, interdição das linhas de suprimento, ataque a centros de comando, comunicações e logísticos. Também fariam patrulhas de reconhecimento de longo alcance (LRP) e segurança de retaguarda, mas as ultimas não incluídas. Suas missões focam em ação direta. Desde da criação da Força Delta (SFOD-D Special Force Operational Destacament - Delta) na década de 1980, os Rangers fazem apoio dando segurança e poder de fogo adicional que são sempre

Page 51: tropas especiais

poucos.

O treinamento físico dos Rangers tem um padrão bem alto assim como o treinamento militar. Os Rangers são preparados para operar em terreno urbano, deserto, selva, ártico, montanha e guerra anfíbia. Realizam patrulhas de longo alcance, incursões e emboscadas apoiando forças convencionais, além de guerrilha de larga escala. O treinamento inclui movimento para contato, defesa rápida, infiltração e exfiltração por terra, mar e ar e regate de pessoal e equipamento. As habilidades avançadas são liderança, demolição, sniper, prercursor, mergulhador de combate, contra-terrorismo e pára-quedismo especial (HALO e HAHO).

Os batalhões Ranger são uma unidade de infantaria leve com poucos veículos e armas coletivas, mas duram pouco no campo. Cada batalhão tem 12 veículos leves RSOV (Land Rover armado) para tomar aeroporto e 10 motos de 250cc. Sem blindados usam muito apoio de fogo externo. Os Ranger atuais fazem guerra convencional e operações especiais com a prioridade mudando para a última. Enquanto os Rangers treinam para realizar missões de reconhecimento com tempo de resposta de menos de 24 horas, e realizam incursões rápidas, mas com menos de 100 com preparação até de meses, as FE são usadas mais para investimento a longo prazo, quando é antecipado a presença prolongado na área de operação. As FE tem cadeia logística e administrativa, enquanto os Rangers não, dependendo de outras unidades para operar por muito tempo.

A primeira operação que seria realizada pelos Rangers modernos seria a tomada do aeroporto de Manzariyeh no Irã em 1980 durante a operação "Eagle Claw" para levar o resto das tropas que viriam de Teerã com reféns. A extração seria com cargueiros C-141. A operação foi cancelada. Os Rangers atuaram na invasão de Granada em 1983. Com o sucesso o regimento 75 passou a ter mais um batalhão chegando a três. Um batalhão está sempre de prontidão e responde em 18 horas para qualquer lugar do mundo. A próxima operação foi na invasão do Panamá com vários saltos. Na guerra do Golfo em 1991 os Rangers foram usados como força de reação rápida. Nas operações na Somália os Rangers operaram junto com os Deltas. Em 2001, nas operações no Afeganistão, os Rangers participaram de dois saltos operacionais em aeroportos além de várias incursões onde poderia ter tropas do Talibã e Al-Qaeda.

Page 52: tropas especiais

Os Rangers tem equipes especializadas como este membro do Building Clearing Team (BCT) especializado em "limpar" prédios. Seriam usados na tomada de uma base no Irã durante a missão Eagle Claw para resgate de reféns na embaixada americana em Teerã.

Page 53: tropas especiais

Jipe M151A2 dos Rangers de uma equipe de segurança e bloqueio de estrada. O M151 pode ser levado de C-141, C-130, HH-53 e CH-47. Pode ser armado com metralhadoras M-60 e levar canhão sem recuo M-67 de 90mm, LAWs e minas Claymore. Os Ranger são tropas de infantaria de alta prontidão capazes de se

mover por terra, mar e ar. OPERAÇÕES ESPECIAIS

As Operações Especiais compreende vários tipos de unidades e atividades. As Forças de Operações Especiais (FOpEsp) são um tema muito procurado pelos entusiastas de assuntos militares. O termo é bem específico e tem significado bem diferente de Forças Especiais ou Tropas de Elite.

Page 54: tropas especiais

As tropas de elite são divididas em duas categorias gerais como as FOpEsp como o SAS, Boinas Verdes, Rangers e Seals e tropas mais convencionais como pára-quedistas, forças anfíbias e tropas especializadas em guerra de montanha, guerra na selva e tropas aeromóveis. Todas costumam fazer parte de Forças de Reação Rápida. As forças anti-terrorismo e policiais podem ou não ser incluídas assim como as forças de apoio de combate como aviação, guerra psicológica e ações cívico sociais.

As FOpEsp podem ser desbandadas em tempo de paz, mas acabam voltando a ser reconstituídas durante um conflito, principalmente em conflitos não convencionais, onde não há linha de frente bem definida como a guerra contra o terrorismo. As forças convencionais não gostam de unidades com tendência a dar um show a parte e por isto estas unidades tentam manter um perfil "baixo", não aparecendo muito para não criar conflitos.

As FOpEsp têm capacidade de atuar em conflitos de baixa, média e alta intensidade. As FOpEsp não precisam de grandes unidades e a capacidade de adaptação é uma de suas qualidades. Com o fim da Guerra Fria as operações de baixa e média intensidade passaram a ser o foco principal e sempre foram conflitos numerosos. Praticamente só treinavam para um conflito que nunca existiu durante a Guerra Fria. Agora até o Exército Brasileiro formou uma Brigada de Forças Especiais baseada em Goiânia (GO).

Praticamente todo os paises tem a suas FOpEsp, sendo centenas de unidades que poderiam ser citadas. Este artigo foca nas unidades mais famosas como as americanas e inglesas por terem maior experiência de combate ou mais facilidade para achar dados na bibliografia, mas outras unidades também têm desempenho semelhante ou até melhor que as citadas. Nas operações recentes no Afeganistão a Força Tarefa K-BAR cobria o sul do país. Era formada por FOpEsp de vários paises como os Kommando SpezialKraeft alemães, os Commandos dinamarqueses, os Jaeger Kommando da Noruega, o Joint Task Force 2 (JTF 2) do Canadá e o GROM (Grupa Reagowania Operacyjino Mobilnego) da Polônia, além dos Navy Seals, Special Forces, CTT e US Special Operations Marines. A força tinha um total de 2.000 tropas e realizou 75 operações de combate tipo reconhecimento, designação de alvos e ação direta contra o Talibã e Al Qaeda. Mataram 115 terroristas e capturaram 107 além de destruíram 225 toneladas de armas.

Page 55: tropas especiais

Também chamaram 147 ataques aéreos. As tropas que se destacaram nestas operações foram exatamente as polonesas e canadenses e que são pouco conhecidas. O treinamento para operar em regiões árticas foi o que mais ajudou os membros do JTF 2.

Tropas Convencionais versus FOpEsp

Para se ter uma idéia da diferença entre as tropas convencionais e as FOpEsp vamos descrever em termos gerais as táticas e equipamentos soviéticos durante a Guerra Fria. As táticas e equipamentos soviéticos foram projetados para operar no contexto de uma operação estratégica de concentração de força. Esperavam uma guerra total com a coreografia de força e poder de fogo. Assim as táticas eram bem simples e seriam implementadas por recrutas e reservista. O espaçamento dos veículos e a capacidade de desmontar de um blindado, formar uma linha e fazer fogo supressivo eram as principais táticas de uma unidade motorizada. A iniciativa tática não era encorajada pois atrapalharia a coreografia geral.

As tropas usam coletes blindados que pesava 16kg e levavam muita munição pois russo prioriza massa e não a precisão. Mais munição e mochilas ficavam nos BMP que estava sempre próximo. Os russos não têm unidades de infantaria leve e não agüentam um avanço a pé de mais de 1km.

Armas como o fuzil AK-47 não precisava ser preciso. As tropas nem eram treinadas para ter boa pontaria. Na doutrina russa todas as tropas fazem supressão e se for possível, bater alvos. Tem muita munição no BMP para isso. A arma só precisa ser confiável e fácil de manter e operar. No ocidente apenas a metralhadora faz supressão. As outras tropas avançam e usam suas armas para matar.

No Afeganistão, os guerrilheiros não se acomodavam a estas táticas. Não faziam trincheiras e nem esperavam a artilharia atacar. Forças Spetsnaz, aeromoveis e pára-quedistas eram mais inovadores. Os comboios tinha um caminhão de comando na frente com antenas a mais. Eram sempre atacados primeiro e nunca tentavam esconder colocando outra antenas nos outros caminhões ou mudando de local. O comboio perdia o controle rápido em uma

Page 56: tropas especiais

emboscada quando destruíam o caminhão de comando e não podiam chamar reforços.

Tipos de FOpEsp

Existem vários tipos de FOpEsp e tendem a ser especializadas. As FOpEsp não podem fazer a missão da outra. As missões básicas as FOpEsp são ação direta, contraterrorismo, guerra irregular, operações psicológicas, operações de inteligência e reconhecimento especial. Estas missões devem ser realizadas em qualquer terreno, operando como força irregular ou contra forças irregulares, dentro ou fora da fronteira do país.

Os Comandos ou Rangers são forças convencionais de infantaria leve que realizam as missões iniciais ou as mais difíceis como tomada de objetivos e resgate de armas e pessoal atrás das linhas inimigas. Estas tropas são treinadas em táticas de infantaria, sabotagem, técnicas de incursão e técnicas de resistência. Podem atuar em pequenos grupos realizando incursões/raids rápidos de surpresa. O termo americano geral é Direct Action (DA), traduzido como Ação Direta, ou o lado "negro" das FOpEsp. A Força Delta, Rangers e o Seals Team Six (não existem mais) são bons exemplos de tropas especializadas em ação direta ou o uso da própria força para atingir um objetivo. As operações de ação direta são realizadas contra alvos estratégicos que não podem ser atacados por outros meios. Este ataque também pode ser psicológico ou econômico, além do físico.

Os comandos, terrestres ou anfíbios, têm a função de levar a guerra ao inimigo e não tem postura defensiva. As ações na retaguarda levam ao deslocamento de tropas para proteção de alvos estratégicos, e de certa forma, aliviando as tropas na linha de frente. Por exemplo, incursões dos Comandos britânicos em 1941 a um viaduto na Itália levou a mobilizar tropas para defender vários pontos estratégicos pelo país. Outras incursões britânicas na costa da França forçou os alemães a deslocar divisões para este local, mas que acabou tendo como efeito colateral uma reação maior na Normandia. Os Royal Marines britânicos, também uma força tipo comandos/rangers, fizeram incursões na costa da Coréia do Norte a partir de dois contratorpedeiros americanos. Atacaram estradas de ferro, túneis e pontes levando a distribuição de tropas pelo país e aliviando a linha de frente.

O lado "verde" ou "branco" são as operações de inteligência, vigilância, reconhecimento especial, ações psicológicas e apoio a guerra não convencional. As unidades mais conhecidas do tipo são as patrulhas de longo alcance (Long Range Patrol - LRP) que fazem penetração passiva para reconhecimento estratégico atrás das

Page 57: tropas especiais

linhas, e também podem ser chamados Rangers, as Forças Especiais americanas (Boina Verdes) e alguns esquadrões dos Seals que fazem guerra não convencional apoiando a Esquadra.

As Forças Especiais (Special Forces) são unidades especializados em guerra não convencional, como guerrilha e anti-guerrilha. Podem treinar tropas de paises amigos ou fazer guerrilha em território inimigo. As Forças Especiais (FE) são treinadas para fazer guerra psicológica, dominando "corações e mentes".

No Vietnã o treinamento de saúde e engenharia das FE americanas (Boinas Verdes) ajudava a população local que em troca lutava ao seu lado contra o Vietcong. O Vietcong aproveitava da participação passiva da população local que podia providenciar abrigo, comida e informações. Como dizem as FE, “o fazendeiro de hoje é o guerrilheiro de amanhã”. A função das FE eram evitar que tivessem contato com o Vietcong. O USMC está formando dois batalhões de FE semelhantes aos Boinas Verdes do US Army (US Special Operations Marines).

Os Rangers, Comandos, FE e LRPs se diferenciam de outras unidades que compõem as unidades convencionais por terem treinamento especial para realizar missões que as tropas convencionais não são capazes como ação direta de pequenas unidades (táticas de incursão), operações atrás das linhas, guerra não convencional, patrulha de longo alcance e coleta de informações. Também tem qualificações especiais como pára-quedismo e mergulho, usados para inserção e infiltração e atuarem a longa distância, além de técnicas de demolição e interrogação.

Todas as unidades de FOpEsp podem ter unidades internas ainda mais especializadas com contraterrorismo, sniper, demolição, veículos, resgate, etc.

Mitos

As FOpEsp não são formadas por Rambos ou Schwarzeneggers que ficam de pé durante o combate ou saem atirando e matando todo mundo como nos filmes. Não são super-homens mas soldados super treinados e capazes de fazer mais, melhor, mais rápido ou, principalmente, as missões mais difíceis. Dependendo da missão evitam lutar a todo custo. A seleção é para evitar que tipos assim entrem nas unidades. As FOpEsp são muito valiosas para lutar por qualquer coisa. O mais importante é saber quando não agir.

O desempenho das FOpEsp sempre se faz notar em combate. Por exemplo, um pelotão de 18 Force Recons do USMC, atuando em uma colina no Vietnã, ficou por dois dias designando alvos para a artilharia e aeronaves de apoio aéreo aproximado. Foram atacados

Page 58: tropas especiais

por um batalhão sofrendo 6 mortos e 12 feridos. Quando resgatados só tinham oito tiros de sobra.

A capacidade varia muito de uma tropa para outra. Os Comandos Navais israelenses gastavam em média três tiros por "kill" e eram todos treinados em sniper. Já as tropas de reconhecimento do Exército gastava em média dois carregadores por "kill". Contra tropas inimigas o desempenho também costuma ser superior. Na luta antiguerrilha na Rodesia, as FOpEsp britânicas tinham uma "kill ratio" (perdas x mortos) de 10 contra 1, os fuzileiros americanos no Vietnã tinham um "kill ratio" de 7 contra 1 e os Marines Britânicos na Malásia, 7 contra 1. Os Seals eram chamados no Vietnã de demônios de cara verde. Foram 46 mortos, mas com um kill ratio de mais de 50 x 1 com 2.000 inimigos mortos mais 2.000 capturados. Obviamente, em todos estes casos, eram guerrilheiros mal treinados. Contra tropas convencionais são enviadas outras tropas convencionais.

As operações especiais precisam de tropas com qualidades como inteligência, iniciativa, atenção, capacidade física, capacidade de agir com frieza em quaisquer condições e ter habilidades que as tropas convencionais não tem. Seu perfil psicológico deve ter inteligência, caráter, bravura, lealdade, dedicação, um profundo sentimento de profissionalismo, maturidade (a idade ideal é entre 24 e 32 anos), responsabilidade e autodisciplina. Devem gostar da vida rústica no campo ao invés do conforto da vida civil. Devem ter mentalidade ofensiva enquanto as tropas convencionais se preocupam em sobreviver e voltar para casa vivas. Enquantos os operadores são todos voluntários, as tropas convencionais são geralmente formadas por conscritos.

As FOpEsp são formadas a partir de veteranos como sargentos com experiência de comando, reputação de confiança e profissionalismo. Tendo origem variada os membros de uma unidade já começam tendo experiência anterior em blindados, artilharia, engenharia, comunicações, etc.

As FOpEsp tem que ter mentalidade inovadora, para criar respostas a desafios, e estão sempre desenvolvendo e testando novas idéias, táticas, conceitos e armas. Na Segunda Guerra o SAS criaram as granadas stunt usadas até hoje e a bomba Lewis para sabotadores. No treino anti-terror dos SAS inclui testar e treinar em qualquer tipo de cenário possível, repetidamente, de prédios a aeronaves, testados técnicas e táticas.

Os Comandos britânicos da Segunda Guerra Mundial podiam morar fora do quartel para reforçar a autoconfiança. Para encorajar a iniciativa podiam fazer sugestões para melhorar táticas, equipamentos e armas. Experiências com os pára-quedistas israelenses, em marcha prolongada, mostrou que dos três

Page 59: tropas especiais

batalhões que receberam suprimentos diferentes, um com pouca água, outro com muita água, outro com água e comida suficiente, mostrou que o que tinha muita água sempre tinha melhor desempenho no fim da marcha forçada. Isto vai contra a idéia que as tropas tem que se acostumar com pouca água.

O que faz as FOpEsp diferentes das forças convencionais, além da seleção rigorosa, é o treinamento bem variado como navegação, combate noturno, comunicações, demolição, primeiros socorros, defesa pessoal, sobrevivência, resistência a interrogatório, guerra urbana, montanhismo, guerra no ártico, deserto e selva, além de métodos especiais de infiltração e exfiltração como pára-quedismo, mergulho e assalto anfíbio. O treinamento de mobilidade inclui saber dirigir vários tipos de veículos e em alta velocidade. No SAS australiano cada tropa é especializada em alguma técnica de infiltração como queda livre, montanhismo, barcos, scuba, veículos do deserto, etc. A seleção e o treinamento rigoroso resultam em uma grande taxa de desistência. Além de treinar a mais, no tempo livre fazem treinamento cruzado, ficando muito pouco tempo em tarefas cotidianas do quartel. As habilidades diminuem se ficam sem treinar. Assim como jogador de futebol tem que treinar com freqüência.Isso não acontece com os super-heróis.

As FOpEsp dão muita importância a capacidade e habilidades e não a hierarquia. Em uma estrutura convencional a hierarquia pode limitar a capacidade de um individuo que depois demonstra ser um ótimo operador.

O treinamento das FOpEsp são muito mais frequentes e intensos que as tropas convencionais. Operações repetitivas produzem reflexos militares e mentalidade própria. O treinamento intenso e variado elevava a moral e cria uma sensação de importância e capacidade. Apenas em treinamento de tomada de prédios os Deltas gastam cerca de 1.000 tiros por membro em um dia. O treinamento também é importante para evitar perdas. No Vietnã foi observado que 2/3 das baixa das pequenas unidades ocorreram nos dois primeiros meses no campo pois o treinamento da época era inadequado.

Para operar no deserto, selva, montanha e ártico é necessário o uso de tropas treinadas, condicionada e equipadas. Não dá tempo treinar e preparar depois de iniciado as operações e pode resultar em baixa não relacionadas com combate. Nem todas tropas precisam ser treinadas, mas uma parte é usada para passar dicas para os outros.

Os veteranos das Forças Especiais americanas no Vietnã que passaram a treinar no deserto perceberam que estavam melhor preparados que as FOpEsp árabes durante exercícios conjuntos. Perguntaram como faziam para sobreviver e disseram que eram ajudados por beduínos.

Page 60: tropas especiais

Uma equipe do SBS realiza treinamento em região ártica. Tropas que treinaram no ártico e selva relatam que preferem o frio pois é mais fácil se aquecer no frio do que se refrescar na selva. Os membros das FOpEsp são chamados de operadores.

Nas fotos de membros de FOpEsp não se vê tipos musculosos como os "Rambos" e "Schuartzneggers" dos filmes pois não tem que ser fortes e sim resistentes. Durante a selecão das FOpEsp são realizados testes de esforço físico e mental para separar os inaptos. É comum nos filmes do gênero acontecer intrigas onde um membro recalcitrante vai contra a missão. Estes tipos de individuo não passam nos testes ou são facilmente detectados. Como disse uma vez um operador sul-africano: "No primeiro dia eles estão cansados. Ao fim do segundo eles estão exaustos. Ao terceiro assemelham-se ao zumbis. Pensam só em descansar e comer. É então que é analisada a variação de sua personalidade." Na seleção dos Boinas Verdes havia muita punição e abuso dos candidatos. Agora aplicam o mesmo teste a todos e observam a personalidade. Na seleção dos Deltas, os candidatos nem sabem os critérios de seleção e até mantém candidatos recusados por algum tempo para confundir. Fazem testes psicológicos para detectar os que continuam tendo iniciativa em condições de estresse estremo.

As FOpEsp também não são esta maravilha e seu uso tem vários efeitos colaterais como:

- Drenagem da liderança, com oficiais e sargentos com bom desempenho nas forças convencionais tendo facilidade para ir para as FOpEsp e desfalcando as forças convencionais de bons oficiais e sargentos. As tropas convencionais acham que bons oficiais e sargentos devem estar dispersos na tropa e não concentrados, ou a força fica fraca como um todo.

- Ciclo de seleção-destruição, com as FOpEsp só sendo usadas quando há conflitos. Em 1982 a Argentina formou uma compania de

Page 61: tropas especiais

Comandos com pessoal treinado em comandos e forças especiais e que estavam atuando em outras tropas. Isto mostrou ser desastroso por não estarem acostumados a treinar como uma unidade, sem coesão e sem proficiência. As FOpEsp não se formam da noite para o dia. Leva cerca de dois anos para formar um Force Recon ou Seal e suas habilidades são perecíveis. Os americanos são conhecidos por terem bom desempenho em combate não por causas ideológica, religiosas, patriotismo ou salário, mas por lutarem um para os outros. Operações de guerra não convencional precisam ser iniciadas logo no inicio de um conflito. Não dá para iniciar o treinamento e formar unidades de operações especiais depois. O treino em cultura e linguagem leva anos.

- Super alocação de recursos, desproporcional ao tamanho da unidade, que poderia ser usado com tropas convencionais. Por exemplo, a FopEsp canadense Joint Task Force 2 (JTF2) tem cerca de 350 membros e um orçamento anual de US$ 25 milhões. Manter um operador também está ficando caro. Os operadores do SAS estão recebendo um aumento com um sargento experiente ganhando quase US$ 100 mil por ano. O aumento é devido a oferta de trabalhos de segurança no setor civil onde os membros do SAS são bem cotados. O aumento foi dado para não perder o investimento em milhões de dólares feito por 5-10 anos nos operadores.

- Má utilização. O maior medo das FOpEsp é ser mal usado pelas autoridades, mas até que gostam de missões convencionais para ver ação, como o uso de tropas do SAS e Delta Force para operações convencionais de larga escala no Afeganistão. As FOpEsp respondem geralmente a um comandante de tropas convencionais que, geralmente, não entende do assunto e não usa as FOpEsp adequadamente, desconhecendo suas capacidades e limitações. As FOpEsp não se encaixam bem em estratégias de guerra de manobra e atrito.

- Origem política. Os Commandos de Churchil e as Forças Especiais de Kennedy corriam o risco de acabar quando seu fundador saísse do poder. Pelo menos as Forças Especiais americanas continuam atuando. No Vietnã eram sete unidades de FE e depois passou a três unidades com o fim do conflito. A prioridade passou a ser guerra convencional contra a URSS.

- Ressentimento das forças convencionais. Outras tropas acham que a guerra deve ser vencida por força convencional e não com showzinhos particulares. As ForOEsp temiam que o General Norman Schwartzkopf, comandante das tropas durante a invasão do Iraque, não as deixasse operar atrás das linhas para se vingar de quando foi pego no banheiro enquanto as FE atacavam seu posto de comando em um treinamento quando ainda era capitão. A independência dos operadores, a quase igualdade entre os membros, não considerando

Page 62: tropas especiais

muito a hierarquia, e o pensamento não convencional irrita em muito os oficiais das tropas convencionais.

Missões das FOpEsp

As missões das FOpEsp são divididas em Ação Direta, Contra-Terrorismo, Guerra Não-Convencional, Reconhecimento Especial, Operações Psicológicas, Defesa Externa, Assuntos Civis e Ações Cívico Social. São missões que não podem ser executadas por tropas convencionais. As Operações Especiais precisam preencher cinco requerimentos para serem assim designadas: precisam de tropas com treino e equipamentos não convencionais, a missão é politicamente sensível, precisa de uma abordagem não convencional, tem uma oportunidade limitada para ser realizada e precisa de inteligência especializada. As FopEsp apóiam forças convenciones fazendo o que não podem fazer, ou substituindo quando a força é inapropriada.

Algumas atividades convencionais são consideradas "especiais" por necessitar de grande proficiência ou são realizadas sem condições excepcionais. Um exemplo são as missões de ação direta que é feita pelas FOpEsp devido ao grande valor do alvo. Pode ser feita por unidade convencional, mas para garantir sucesso escolhem a melhor força ou devido a necessidade de um método de especial. Também não é viável treinar uma grande quantidade de tropas convencionais para guerra não convencional com linguagem e cultura de várias regiões do mundo.

As operações de Ação Direta são ataques de curta duração, pequena escala, secretas ou não, e outras ações ofensivas de pequena escala realizadas pelas FOpEsp em ambiente hostil ou politicamente sensível empregando capacidades especiais para tomar, destruir, capturar, explorar, recuperar ou danificar alvos. A ação direta difere das ações ofensivas convencionais em termos de nível de risco físico e político, técnicas operacionais, grau de descriminação e precisa de uso de força para atingir objetivo.

As operações de ação direta incluem:

1 - incursões/raids, emboscadas e assalto direto. Os alvos geralmente estão além da capacidade das forças convencionais como alvos críticos, interdição das linhas de comunicações, capturar de pessoal ou material, e tomar, destruir ou neutralizar instalações. Sabotagem independente e colocação de minas também podem estar incluídas e as missões podem ser realizadas para apoiar operações de despistamento ou em apoio as operações convencionais.

Uma missão é classificada como incursão quando: não é para conquistar e manter o terreno, como usar o pequeno tamanho e

Page 63: tropas especiais

mobilidade para tomar um aeroporto até a chegada das forças convencionais; o objetivo é infligir o máximo dano em um curto período, seguido de retirada; é realizada na retaguarda inimiga; e precisa de tropas bem treinadas.

2 - ataques a longa distância usando armas ou operações de inteligência. Pode ser conduzido por plataformas aéreas, marítimas ou terrestres quando não é necessário usar combate aproximado.

3 - aquisição alvo e ataque terminal. As FOpEsp são usadas para identificar alvos para informar local, designar com laser, becons e outros meios para ataque pela aviação ou artilharia.

4 - operações de recuperação com busca, localizado, identificação, resgate e retorno de pessoal, equipamento ou itens.

5 - operações de destruição de precisão onde o efeito colateral deve ser mínimo, precisando de armas sofisticadas ou detonadas na hora certa. Neste caso as munições guiadas não podem ser usadas para não danificar outras partes da instalação.

6 - operações anti-superfície contra alvos no mar incluindo combatentes, consistindo de abordagem, busca e tomada de embarcações.

Contra-terrorismo inclui medidas ofensivas para prevenir, deter, prevenir, responder ao terrorismo. Inclui operações de inteligência, ataque as redes terroristas, resgate de reféns e recuperação de material sensível. As tropas convencionais atuam contra o terrorismo, mas as FOpEsp fazem ação rápida e interagem com nativos. As tropas convencionais tem ação permanente no local ou fazem varredura de grande escala. As forças anti-terroristas são só reativas e não realizadas todas as missões das forças contra-terroristas.

Guerra Não Convencional são ações militares e paramilitares realizadas em território inimigo ou politicamente sensível. Inclui ações de guerra de guerrilha, evasão e escape, subversão, sabotagem e operações clandestinas. Podem ser operações de longa duração e conduzias com forças indígenas organizadas, treinadas e apoiadas pelas Forças Especiais.

Reconhecimento Especial são ações de vigilância e reconhecimento feitas como operações especiais em ambiente hostil, sensível, negado ou politicamente sensível para verificar informações de significado estratégico ou operacional usando capacidades não encontradas nas tropas convencionais. Consiste em infiltra atrás das linhas para suprir os comandantes do teatro com dados de inteligência do inimigo ou coletar informações do terreno e população local. Os dados são usados para determinar as

Page 64: tropas especiais

capacidades inimigas, intenções e atividades, complementando o reconhecimento convencional. Mesmo com sistemas sofisticados de longo alcance algumas informações só são possíveis de obter com observação visual.

O reconhecimento especial pode incluir coletar dados meteorológicos, hidrográfico, geográfico, demográfico; designação de alvo, avaliação de área e avaliação de danos de batalha para avaliar o resultado do ataque; reconhecimento armado, localizando e atacando alvos de oportunidade; avaliação de alvo e ameaça detectando, identificando, localizando e avaliando alvos para determinar a melhor arma para destruir, incluindo determinar o dano colateral.

As Operações Psicológicas ou Psyops são realizadas para plantar informações nos inimigos ou países para influenciar as emoções, motivos, objetivos e comportamento de governos, grupos, organizações e indivíduos. O propósito é induzir comportamentos e atitudes favoráveis ao organizador da Psyopys.

As Psyops podem ser feitas capturando espiões inimigos e filmá-los em confissões que desmoralizam o país e famílias; recrutar indivíduos de aparência inocente para ser espiões e sabotadores para que, caso sejam capturados, ponham em duvida sus informações; usar métodos para que qualquer agente capturado implica na captura de outros, maximizando o número de contatos questionáveis; distribuir panfletos; uso de estações de rádio e propaganda; renomear cidades e outros lugares quando capturados; estratégias tipo "shock and awe"; terrorismo; projetar som desagradável e repetitivamente por longo períodos contra grupo em cerco; usar veículos para criar estações de transmissão móveis.

As Operações de Inteligência tem o objetivo de degradar a capacidade do inimigo de coletar dados e defender as próprias forças para realizar coleta de informações. Pode ser com ação direta, reconhecimento especial, como inteligência primaria ou secundaria e ações diversionarias para enganar o inimigo de uma ação real.

Defesa interna de paises estrangeiros consiste em apoiar paises amigos a se defender principalmente treinando suas tropas.

Assuntos Civis consistem em estabelecer, manter e influenciar relações entre as forças militares, autoridades civis e população para facilitar as operações militares.

Ações Cívico Sociais (ACISO) apoiando autoridades e população com infraestrutura, saúde, abastecimento e construção em apoio as outras missões.

Page 65: tropas especiais

As FopEsp realizam tarefas colaterais, ou tarefas que não treinam, onde geralmente são empregadas como apoio a coalizão, salvamento de combate, operações anti-drogas, ajuda humanitária, operações de paz, etc.

Uma operação especial pode ser pública, secreta ou clandestina. Em uma missão pública não é feito esforço para ocultar a missão com o treino dos CIDG no Vietnã pelos Boinas Verdes, resgate de reféns e a maioria das missões contra-terroristas. As missões secretas têm o objetivo de esconder a origem do país que a realiza, mas não que a missão está sendo realizada. Por exemplo, a CIA usou “mercenários " para sabotar instalações comunicações, portos e petrolíferas da Nicarágua na década de 1980. Em uma operação clandestina a operação e a identidade do país que a realizam devem ser encobertos. Missões de reconhecimento especial são geralmente clandestinas. Se o inimigo descobre o que foi observado pode alterar o dado invalidando a operação.

É bom ter em mente que as FopEsp não são espiões, que é uma função política. As FopEsp coletam inteligência para auxiliar operações militares e não objetivos políticos e econômicos. Também não forças policiais. As forças tipo SWAT lembram unidades contra-terroristas, mas são usadas contra criminosos.

UNIDADES DE FORÇAS ESPECIAIS

As FOpEsp modernas apareceram na Segunda Guerra Mundial. A primeira, e que pode ser considerada a base para as outras forças, foi o SAS britânico.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o conceito do SAS - Special Air Service - nasceu de um conceito de força ofensiva pequena e móvel, inspirado nos comandos Boers sul africanos que aterrorizavam as tropas britânicas no fim do século XIX. O SAS inicialmente seriam chamados de "Storm Troops” ou Leopardos. Com o treinamento de pára-quedismo passou a ser SAS.

O SAS foi usado inicialmente para atacar bases aéreas alemãs no Norte da África. Após uma incursão sem sucesso com infiltração por pára-quedas contra uma base aérea o SAS passou a atuar com o LRDG para infiltrar e exfiltrar por terra no deserto. O SAS passou a plantar bombas nos aviões alemães e em uma ocasião atacou com metralhadoras e granadas passando a ser uma opção. O SAS destruiu mais de 400 aviões da Luftwaffe, ou mais que RAF destruiu em terra e no ar. Após a Segunda Guerra Mundial foi

Page 66: tropas especiais

decidido que os Roryal Marines e o SBS iriam fazer incursões de curto alcance e o SAS incursões de longo alcance e longa duração dentro de uma estratégia contra a União Soviética. O SAS atuou na Malásia em 1948 onde foram apoiados por helicópteros. Faziam ações psicológicas como as Forças Especiais americanas.

Uma inovação no conflito da Malásia foi o treinamento de linguagem local e maior treinamento em enfermagem, tanto para ajudar nas patrulhas quanto para ações cívico-sociais, capacidades que se tornaram padrão para as Forças Especiais para conquistar "corações e mentes".

O SAS tem um regimento regular, o 22 Regimento, e os Regimentos 21 e 23 da força de reserva territorial. Os regimentos de reserva só não recebem treinamento anti-terror e o treinamento é mais arrastado. Geralmente atuam como "inimigos" nos treinamentos de tropas convencionais.

Em meados 1991, o SAS foi deslocado para o Golfo Pérsico, durante a Guerra no Golfo, criar ataques divisionários a frente do ataque principal das forças da Coalizão, destruir linhas comunicações e caçar os lançadores de Scuds.

O SAS australiano (SASR) era inicialmente parte do SAS britânico mas se tornou independente. Atuou em Bornéu em 1965 em missões de "corações e mentes", depois no Vietnã onde realizaram patrulha de longo alcance, incluindo junto como MACV-SOG. Durante a atuação em Bornéu tiveram que aprender enfermagem para ensinar cuidados de saúde a população devido as condições sanitárias ruins. Para respeitar a cultura local tiveram que aprender a linguagem e costumes locais. O SASR atuou no Vietnã em patrulhas a pé e veículos, fazem proteção VIP e atuam como força de reação rápida. O curso de patrulha atual é igual ao curto de Recondo do Vietnã.

As tropas do SASR são especialistas em várias habilidades ao invés de se especializarem em apenas uma com como nas outras forças, tende que ser capazes de realizar vigilância, reconhecimento, coleta de inteligência, salvamento de combate, ação direta, operações anfíbias, operações aerotransportadas, contra-guerrilha e antiterror. Um dos motivos é limitar o impacto das perdas em combate. A maioria dos operadores do SASR também têm algumas qualificações lingüísticas. A única especialização visível são os

Page 67: tropas especiais

meios de infiltrações das equipes. Uma tropa especial do SAS é o TAG, ou Tactical Assualt Group, uma unidade antiterror dividida em unidades terrestre (Gaunlet Teams) e aquática (Nulla Teams) que atuam em terra e mar respectivamente.

As Forças Especiais (Special Forces) do US Army, ou os Boinas Verdes, foram criadas em 1952 por veteranos da OSS da Segunda Guerra Mundial para realizar ações de guerrilha ou guerra irregular contra a URSS. Esta capacidade automaticamente a faz ser ideal para guerra anti-guerrilha. A USAF e a CIA proporam criar uma força para operar atrás das linhas junto com o apoio da população local e passou a atuar como força anti-guerrilha.

A OSS americana lançou 87 equipes Jedbourg na Europa ocupada a Segunda Guerra Mundial. A equipe consistia de um oficial americano, um operador de rádio e um oficial do país do local de operação (francês, holandês etc). A equipe treinava e comandava a guerrilha local em operações de sabotagem, inteligência e ação direta. As equipes Jedburgh armaram e treinaram mais de 20 mil guerrilheiros. Foram usados para cortar linhas ferroviárias, emboscar tropas e comboios de estrada com objetivo de desviar forças de outras frentes. Depois da invasão no dia D passaram a proteger as pontes e fontes elétricas das tropas alemães que se retiravam. O conhecimento do terreno, a mobilidade e o moral alto foram importantes para realizarem a missão. Os EUA consideram que tiveram um efeito equivalente a 12 divisões. Outras 19 equipes tipo OG formadas por 15 homens podiam operar sozinhas ou com ajuda da guerrilha local. Foram responsáveis por 928 mortes entre os soldados alemães com apenas 13 perdas. Já o destacamento 101 da OSS atuou em Burma com 684 americanos controlando 11 mil guerrilheiros locais. Sofreram 22 mortos mais 184 baixas na guerrilha contra 5 a 10 mil japoneses mortos. Foram responsáveis por 90% da inteligência coletada e designaram 85 dos alvos da USAF na região. Para conseguir respeito da guerrilha local tiveram que aprender e adotar a cultura e linguagem local. Depois da Segunda Guerra Mundial a OSS foi desbandada por competir com outras agências de inteligência como o FBI e a CIA. As operações da OSS são um dos poucos exemplos de operações de guerra não convencional com sucesso.

As FE americanas foram formadas por veteranos de forças especiais da Segunda Guerra Mundial para criar e desenvolver doutrina, treinamento e equipamento. O problema é que a maioria eram ex-rangers e tinham todas as características que as FE não devem ter pois eram máquinas de matar e não eram bons em diplomacia e compreensão. Os Boinas Verdes recebem instrução sobre psicologia, antropologia, economia, ciência política, relações internacionais e história.

Page 68: tropas especiais

Durante a Segunda Guerra Mundial a OSS fazia sabotagem e incursões contra instalações e comboios alemães na Franca e treinava resistência local. Tinham treinamento na língua local. O SAS britânico fazia a mesma coisa. Um bom exemplo seguido pelos Boinas Verdes eram as operações do SAS na Malásia. Um mau exemplo era a guerra colonial da França na Indochina e Argélia.

A experiência do SAS e OSS na Segunda Guerra Mundial mostrou as qualidades dos operadores necessárias:

- operam atrás das linhas, sem frente definida, sem saber quem é amigo ou inimigo;

- operam em ambiente de grande ameaça e com muito estresse, sem muito apoio de forças amigas;

- deve ser especialista em todas as habilidades básicas do soldado, não só para praticar mas para ensinar;

- deve ser familiarizado com armas amigas e inimigas;

- deve ter boa habilidade na linguagem da população onde opera e conhecer a cultura local;

- como operar atrás das linhas tem que ter história de cobertura;

- deve ter força psicológica para resistir ao estresse de ficar sozinho, sem muito apoio e com risco de ser delatado;

- além das habilidades militares, deve ser líder político para lidar com pessoas que não acreditam ou duvidam das suas intenções. Deve ser persuasivo e convincente;

- os operadores fazem política do país no exterior e tem responsabilidade para não atrapalhar.

Algumas características exigidas das Forças Especiais são responsabilidade além do posto, capacidade de assumir riscos maiores, iniciativa, capacidade de instruir outros, liderança e organização.

No Vietnã, um sargento das Forças Especiais era capaz de comandar até uma compania de tropas locais que eles mesmos treinavam chamados de CIDGs. Faziam ação direta, apoiavam postos locais e interditavam rotas de infiltração do Vietcong. Quando o CIDG passou a ser usado como tropa regular em ofensivas ao invés de defesa dos locais que viviam perderam a eficiência. Já os Strikers eram forças locais que tinham objetivo limitado em tempo de atuação (até uma semana) e contra inimigos

Page 69: tropas especiais

locais. As FE davam a capacidade de chamar apoio extra de artilharia, apoio aéreo aproximado e helicópteros de ataque nas missões.

Já as forças MIKE eram do tamanho de uma compania e respondia ao chamado dos CIDIGs. Era uma força de ataque móvel e faziam penetração atacando alvos no Laos, Camboja e Vietnã na trilha Ho Chi Min. Passou de força de reação para ação com missão de infantaria leve durante a guerra.

O treinamento das Forças Especiais inclui linguagem para operar em território inimigo, além de treinamento em operações e armas de vários paises, inteligência, demolição, comunicações, medicina de combate, patrulha de longo alcance e precursor pára-quedistas (as Forças Especiais são todos pára-quedistas). São preparados para realizar tarefas de segurança, sabotagem, evasão e escape, atuando em operações anfíbias, montanhas e regiões desérticas, selva e árticas. Em tempo de paz podem atuar como força opositora para treinar forças convencionais contra guerrilha. O treinamento de enfermagem é longo, cerca de 40 semanas, incluindo estagio em hospital.

As Forças Especiais tem como formação básica a equipe A de 10-12 tropas cada um com uma especialização e treinam um ao outro. O treinamento cruzado não é para criar especialistas (armas leves, armas pesadas, comunicações, engenharia e enfermagem) mas para ter capacidade de cumprir a missão. Inicialmente foi pensado em uma equipe de 13 a 15 homens para ter capacidade de realizar ação direta. Depois passaram a ter papel apenas de treinamento de forças guerrilheiras.

O 10o Grupo de Forças Especiais é baseado na Europa e tinha a tarefa de organizar guerrilhas e sabotagem em caso de invasão do Pacto de Varsóvia. Para operar por longos períodos atrás das linhas as FE recebem treinamento para deprivação sensorial sendo capazes de viver sem apoio material e social atrás das linhas. Entre as capacidades para operar neste cenário as FE eram treinados em armas individuas e coletivas dos países inimigos, demolição, comunicações, operações clandestinas, reconhecimento, criação de redes de inteligência e evasão e escape, ressuprimento a noite e criação de campo de pouso e zonas de desembarque. Tinham muito treinamento na linguagem e cultura dos paises onde deveriam operar. A linguagem não precisava ser fluente, mas apenas para manter uma conversa.

Na Guerra do Golfo em 1991 as Forças Especiais tiveram a oportunidade de operar em um conflito de grande intensidade. Neste conflito as FE americanos participaram em grande número, cerca de 7 mil, de todos os tipos além dos Boinas Verdes.

Page 70: tropas especiais

Seis destacamentos de Forças Especiais foram usados para treinar fugitivos do Kuwait como soldados para liberar seu próprio país e treinaram a resistência local. O motivo foi mais político pois era uma força que não faria diferença. Quatro grupos de guerrilhas foram formado com kuwaitianos com 3.500 homens mas não tiveram apoio político para entrar em ação. Os membros da resistência foram usados para fazer coleta de informações, mas tiveram sua ação diminuída progressivamente quando os iraquianos começaram a matar suspeitos de traição. No total foram mais de 6 mil treinados que formaram um batalhão de Forças Especiais, um brigada de comandos e três de infantaria. Todas participaram da invasão. Os Seals ajudaram a montar a marinha do Kuwait fazendo seu papel de Forças Especiais. Os boinas verdes planejaram criar guerrilha curda no norte do Iraque e xiita no sul. Outra missão planejada foi matar Saddam Husseim, mas a lei não permitia isso a não ser quando o ataque começou.

Os boinas verdes foram as forças de ligação para viabilizar as operações conjuntas com 109 times espalhados entre as forças aliadas até o nível de batalhão nas formações árabes, francesas e britânicas. Estes destacamentos eram chamados de Coalision Support Team (CST) e facilitaram o treinamento, planejamento, comando e controle e comunicações e ligação com o apoio de fogo. Treinaram as forças árabes desde a entrar nas casas sem matar civis e até os oficiais a usar garfo certo em almoço em embaixada.

Um problema com as CST era a falta de pessoal treinado em linguagem o que lembra que não dá tempo de desenvolver estas habilidades depois de iniciado o conflito. Também não tinham experiência com operações de grandes unidades.

Inicialmente eram visto com desconfiança, mas após passarem a disseminar dados de inteligência, por terem acesso a GPS e poder chamar apoio aéreo foram muito valorizadas. O treinamento em linguagem ajudou a atuar com qualquer nação sendo os responsáveis pela coordenação e manobra de uma força com vários exércitos com linguagem diferentes. A arma principal era o uso da diplomacia e confiança.

Suas operações em profundidade iniciaram junto com os ataques aéreos operando junto com o SAS e Delta Force. Participaram de um raid junto com o SAS para roubar um radar no Kuwait. As equipes que operaram atrás das linhas faziam vigilância e reconhecimento em profundidade, captura de prisioneiros, raids para atrapalhar as operações de comando e controle e obter inteligência, salvamento de combate e designação de alvos com laser portátil.

Para iniciar as operações aéreas era necessário destruir dois radares de alerta antecipado para deixar as aeronaves passar sem

Page 71: tropas especiais

serem detectados. Inicialmente foi pensado como alvos para as forças especiais, mas não aceitaram a realização de operações terrestres naquele momento. Depois foi pensado em usar helicópteros MH-53 para destruir antenas com metralhadoras 12,7mm. Finalmente foi decidido que os MH-53 só usariam seus sistemas de navegação sofisticado para guiar helicópteros Apaches para atacar alvos. Outro plano para o uso das FE americanas foi resgatar pessoal da embaixada americana no Kuwiat, mas foram liberados antes da missão.

A contribuição dos CST e missões de despistamento dos Seals no conflito do Golfo em 1991 é difícil de comparar com estatísticas das tropas convencionais como 1.500 carros de combate destruídos, 80 mil tropas capturadas etc. As Forças Especiais diminuíram as baixas da coalizão através da ligação, mantiveram a coalizão junta, as missões de despistamento conseguiram manter as tropas de Saddam afastadas, a caça aos Scuds conseguiram manter Israel fora do conflito e manter a coalizão unida, as missões CSAR salvaram pilotos e as operações psicológicas fizeram os inimigos desistir de lutar, mostrando que a função das Forças Especais não é só destruir o inimigo, atuando como um multiplicador de força.

Na Operação Enduring Freedom no Afeganistão em 2001, as Forças Especiais americanas fizeram operações especiais focando em ação direta unilateral ou combinada. Foram mais de 400 patrulhas de combate com mais de 75 contatos com o inimigo. Inicialmente tiveram muito sucesso, atuando junto com as forças da Aliança do Norte, contra as forças talibãs que estavam em posições fixas facilmente visíveis. Estas posições eram suficientes para contrapor a Aliança do Norte, mas eram alvos fáceis para os designadores laser das Forças Especiais. Em uma ocasião uma posição foi atacada há 8km de distância para surpresa das tropas da Aliança do Norte.

O Talibã reagiu criando posições bem camufladas e posições falsas e passou a atuar com mais mobilidade o que forçou o uso de forças convencionais. Em uma ocasião uma ordem de atacar foi mal entendida e uma tropa a cavalo da Aliança do Norte avançou contra uma posição inimiga que estava prestes a ser atingida por uma bomba guiada a laser. A bomba caiu no alvo poucos antes da tropa chegar na posição e acabou usando a poeira e a confusão dos inimigos para ultrapassar a posição o que levou a rendição da mesma ao verem inimigos na sua retaguarda.

Page 72: tropas especiais

Uma equipe de Forças Especiais busca cobertura enquanto discute o próximo passo. Um operador armado com uma M-60 está procurando alvos pois a área não está segura. Um soldado da Aliança do Norte age como tradutor. A barba mal feita mostra o tempo que estão em campo e ajuda a ocultar a origem. Os operadores podem ter um padrão relaxado de comportamento como usar barba e cabelo longos para cobertura. As FE estão armadas com SAW M-249, M-60E3 e escopeta SPAS12 para várias tarefas. As FE americanas realizam incursões, reconhecimento e operações de inteligência em cenários de guerra não convencional.

Os Boinas Verdes são a força mais numerosa do Comando de Operações Especiais americano com seis mil tropas. Devido ao combate ao terrorismo este número deve crescer para nove mil e os fuzileiros estão criando uma força própria com 2.600 homens. Já foi até estudado o uso das forças convencionais como apoio as forças especiais quando atualmente funciona de modo contrário. No Afeganistão foi a primeira vez que as forças convencionais apoiaram as FOpEsp.

As FopEsp estão tendo uma importância maior atualmente com as chamadas “guerra de quarta geração”. As guerras de primeira geração são as que usavam os mosquete de alma lisa, que deixou as armas da idade média como a espada e lanças absoletas; as guerras de segunda geração foram as guerras de atrito de grandes formações como a guerra civil americana; as guerras de terceira geração foram as guerra manobra não linear como a Segunda Guerra Mundial. Nas guerras de quarta geração todas as nações estão envolvidas e foca no colapso de toda a estrutura social. Não há distinção entre guerra e paz e pequenas equipes altamente treinadas serão mais importantes que grandes formações convencionais. A polícia e os políticos terão um papel importante e as forças inimigas irão operar mais como células terroristas. As operações na Somália foram um exemplo inicial com as forças da ONU assegurando a destruição de alimentos e tentando dar uma atmosfera de segurança e estabilidade.

O 1º Destacamento Operacional de Forças Especiais (1st Special

Page 73: tropas especiais

Forces Operational Detachment Delta - 1st SFOD-Delta -1SFOD-D), ou Força Delta, é especializada em ação direta, principalmente combate ao terrorismo mas que faz qualquer coisa como caçar mísseis Scud no deserto como fez em 1991 no Golfo. Foi formado em 1977 inspirado no SAS britânicos como unidade de resgate de reféns e contra terrorismo. As missões tradicionais mudaram devido a necessidade política, mau uso militar e novas ameças como caçar Scud e missões de paz na Somália. No Afeganistão os Deltas operaram como parte da Força Tarefa Sword que cobria a fronteira com o Paquistão. A força tinha cerca de 2 mil tropas incluindo os Deltas, DevGru dois esquadros do SAS e SBS. O SAS e SBS poderiam ter pegado Bin Laden se não fossem ordenados esperar para os Deltas realizarem a captura. Na invasão do Iraque em 2003 os Deltas operaram atrás linhas em missões de inteligência, incursões e designação de alvos. Depois procuraram autoridades do governo como o próprio Saddam Hussein.

Nossas Forças Especiais são copias do Special Forces americanos. As FEs, além das missões dos comandos, são empregadas em missões mais elaboradas. Na guerra convencional eles tem a missão de elaborar redes para fuga e evasão, reconhecimento em profundidade etc. Na contra guerrilha geralmente são empregados na coleta de inteligência.

Tropas do batalhão de Forças Especiais do EB no Haiti. A viatura Toyota usada nas patrulhas motorizadas está equipada com blindagem. As tropas podem ser

Page 74: tropas especiais

identificados como membros de FOpEsp pelos itens não padronizados como botas de CQB, fuzil CAR-15 com mira EOTECH, coletes blindados e luvas, bem característico das unidades de combate aproximado. Os combates a curta distância (Close Quarters Battle – CQB) é característico das equipes contra-terrorismo, mas fazem parte do treinamento de todas as FOpEsp. A luta em ambiente fechado e curto alcance é feita em prédios, meios de transporte e túneis. É uma operação muito mais arriscada que em campo aberto onde a movimentação significa se expor a ameaças escondidas. O operador tem que pensar e reagir rápido devido as várias ameaças, inimigos, cuidar dos reféns, e snipers. Sistemas de alertas podem ter sido instalados para guardar o perímetro. Usar furtividade é difícil pois o sabe onde as forças irão entrar. Nos combates aproximados o Grupo de Assalto é dividido em várias equipes de assalto formada pelo líder de equipe, breacher, atirador, para-médico, operador de comunicações e outros especialistas de acordo com a situação.

Durante os conflitos das décadas de 1970 e 1980 os Comandos de Reconhecimento da África do Sul, ou simplesmente "Recces", se distinguiram em muitas ações, particularmente em Moçambique, Angola e Namíbia, através de operações de sabotagem e reconhecimentos profundos. Os Recces mostraram ser muito mais eficazes que as forças convencionais, conseguindo muito mais contatos com o inimigo. As patrulhas dos Recces da África do Sul são formadas por 3-5 com o navegador, rastreador, médico, demolidor e sinaleiro. Fazem treinamento cruzado para poder realizar a missão do outro. Cerca de 95% de todas as Forças Especiais sul-africanas foram levadas para operar atrás das linhas inimigas, com distâncias que variam 10km a 2.000km. Levam muito armamento pois a extração ou apoio pode demorar quando operam atrás das linhas. O rádio transmite em código morse para economizar a bateria. O Kit de primeiros socorros fica sempre no mesmo lugar e assim todos sabem onde fica. A veste nunca é retirada pois tem tudo em caso de emboscada. A mobilidade é um fator importante podendo operar montados ou com transporte aéreo. Os blindados altos sul-africanos davam boa visibilidade nas savanas. Os Recces agora são a Brigada de Forças Especiais que recebeu esta designação em 1996.

Page 75: tropas especiais

Os membros dos Selous Scouts deixavam a sua barba e seus cabelos crescerem por uma questão de se ter pouca água a disposição e porque isso também ajudava na camuflagem, pois a barba surja na reflete a luz. Os Selous Scout era um batalhão formado na Rodesia (atual Zimbabue) em 1973 e usado para reconhecimento e contra insurgência que atuou contra a guerrilha local até 1980. Eram usados para rastreamento, infiltração, reconhecimento e ataque. Operavam em grupos de oito mas podia chegar a até 72 em ataques contra a guerrilha em outros países. Formavam unidades conhecidas como sticks (mateiros), com um ou dois oficiais brancos e até trinta soldados negros. Os Selous Scout não iniciavam contato, mas mesmo assim foram responsáveis por 70% dos guerrilheiros mortos. O batalhão tinha a missão de infiltrar-se nas redes de guerrilha, isolar grupos rebeldes e transmitir informações para as forças convencionais, designadas para executar o ataque. A tática principal era se passar por guerrilheiro para infiltra nas organizações. Era preciso que os batedores parecessem, agissem e falassem como guerrilheiros de verdade. Usavam as mesmas roupas e armas da guerrilha e a escolha dos itens foi liberada para aumentar a efetividade ao invés da padronização ou regulamentação. Os Selous Scouts só ficaram conhecido quando a unidade foi desbandada.

Page 76: tropas especiais

Israel tem várias unidades de elite chamadas de Sayeret (compania de reconhecimento em hebreu). A unidade Sayeret Mat'kal ou unidade de reconhecimento 269 é a FOpEsp de elite da IDF fazendo operações contra-terrorismo, ação direta, CSAR, e LRRP, além de apoiar o Mossad. Foi modelada no conceito do SAS. A unidade está ligada diretamente ao Estado Maior e realiza as missões de ação direta e reconhecimento mais difíceis. Foi apelidada de "The Unit". As brigadas israelenses tem unidades de reconhecimento, anti-carro, de choque, incursões e infiltração e demolição. As unidades de reconhecimento cobrem a área de atuação da brigada que cobre uma parte do país. Por exemplo, a unidade Sayeret Givaty é a LRRP da brigada Giva'at também conhecida como PALSAR 8234. Depois da invasão do Líbano em 1982 a brigada Giva'at passou a ter papel anfíbio. As unidade blindadas tem unidades de reconhecimento equipadas com Jipes equipados com mísseis TOW. Na invasão do Líbano em 1982 foi responsável pela destruição de tantos blindados sírios quanto os próprios blindados israelense. As patrulhas de longo alcance são formadas por 4-5 homens e são muito bem armados até chegar a exfiltração em caso de contato com o inimigo. As unidades também fazem incursões e ajudam as unidades anti-terror na segurança da zona de incursão, coletando inteligência e esperando as unidades anti-terror no resgate de reféns. Só resgatam reféns se os terroristas começam a atirar nos reféns.

Page 77: tropas especiais

Uma equipe de Spetsnaz se prepara para uma missão durante o conflito do Afeganistão em 1988. Spetsnaz é o termo russo para forças especiais, ou unidades de propósitos especiais. O termo pode ser usado para várias forças especiais russas como os contra-terroristas do FSB (Polícia Federal russa), os GRU do serviço de inteligência do Exército, o OSNAZ da KGB (desbandados e virou FSB) e o OMOM do ministério do interior (MVD). A Marinha Russa tem uma unidade Spetsnaz similar aos Seals. O FSB tem as equipes Alfa e Vympel. A Vympel é usada para operações anti-sabotagem como a proteção de instalações nucleares. O OMOM é mais uma unidade anti-crime tipo SWAT, mas atuou na Chechênia com um kill ratio de 1 para 200. O OMOM também apóia as equipes do FSB nas operações de resgate assim como os Rangers apóiam os Deltas. O GRU do Exército são os Spetsnaz originais realizando ação direta e reconhecimento especial, mas não são similares as FE americanas. Durante a Guerra Fria fariam reconhecimento especial e sabotagem contra instalações da OTAN em caso de guerra. Atuaram no Afeganistão e Chechênia. Os Spetsnaz usam uniforme das tropas aerotransportadas VDV para evitar identificação e podem usar outros uniformes. Em 1991 a KBG mangou grupo Alfa prender o presidente Boris Yeltsin durante uma tentativa de golpe. O comandante da unidade deixou os membros votarem e se recusaram a realizar a missão. A ordem era inconstitucional e ilegal. Este tipo de atitude é rara na FopEsp. Os Spetsnaz são uma das poucas FopEsp que aceita conscritos, mas mesmo assim são os que têm ótimo desempenho nas forças convencionais. Os Spetsnaz são as FOpEsp que mais treinam com facas. A baioneta NRS-2 pode até disparar um projétil 7,62mm apesar de ser bem impreciso.

MERGULHADORES DE COMBATE

Os Mergulhadores de Combate (MEC) são as FOpEsp que atuam nos mares, rios e próximo da praia. São usados para realizar tarefas como salvamento, proteção de porto, operações ribeirinhas, reconhecimento anfíbio, guerra não convencional no mar, demolição e limpeza de obstáculos de praia. Uma função é realizar ataques furtivos a embarcações destruindo-as com minas e explosivos.

Page 78: tropas especiais

O ataque de mergulhadores de combate mais espetacular da Segunda Guerra Mundial foi realizado por seis mergulhadores de combate italianos, tripulando veículos submersíveis, lançados por um submarino nas proximidades do porto de Alexandria, onde estavam fundeados os dois únicos navios de linha restantes na esquadra inglesa do Mediterrâneo, os encouraçados Valiant e Queen Elizabeth. Os navios foram afundados e esta ação, de apenas seis homens, deixou a marinha inglesa em situação crítica no Mediterrâneo. Com o navio de guerra britânico, Barham e o porta-aviões Ark-Royal já torpedeados pelos U-Bootes de Dönitz, os comboios do Eixo puderam atravessar Mar Mediterrâneo quase que livremente, o que possibilitou a grande ofensiva de Rommel até a El-Alamein. Ou seja, seis mergulhadores de combate, montados sobre estranhos torpedos, ajudaram a balançar da guerra a pender por um certo tempo a favor do Eixo.

Os Navy SEALS (Sea, Air, Land) são as FOpEsp da US Navy treinadas para operam no mar, praia e rios, realizando guerra não convencional, reconhecimento especial e contra-terrorismo, além de assistência de segurança, operações anti-drogas, resgate, defesa de porto, incursões, aquisição de alvos, abordagem a navios, busca e apreensão, busca e salvamento de combate e apoio as operações anfíbias. São equivalentes aos Special Forces do US Army e apoiam a Frota nas operações especiais no mar, rios e litoral em qualquer região do mundo.

A historia dos Seals iniciou com os "Scouts and Raiders" da Segunda Guerra Mundial. Eles participaram de todas as campanhas do conflito, geralmente guiando forças anfíbias e as vezes faziam incursões. Atuava mais com botes e as vezes nadando. Na invasão de Tarawa em 1943 não houve reconhecimento de praia antes e os obstáculos inesperados levaram a terríveis conseqüências. Isto levou criação dos mergulhadores de combate e demolição (UDT). Logo aprenderam que era necessário tropas treinadas e que realizar reconhecimento de praia de dia era possível. Os UDTs participaram da Guerra da Coréia participando em cerca de 60 desembarques fazendo reconhecimento de praia, limpeza de minas e obstáculos e 137 missões de reconhecimento e sabotagem em terra. Realizaram experimentos de infiltração e exfiltração de helicóptero. Na época o método era muito bom para infiltração na água, mas difícil encontrar as tropas para exfiltração no mar.

Os primeiros Seals apareceram em 1962 como resposta ao pedido do Presidente Kennedy para realizar as missões de mergulhadores de combate, operações de comandos e tipo Forças Especais. Apoiariam a US Navy e não só o USMC. Passaram a ter ênfase em guerra terrestre ao contrario dos UDTs que atuam mais no mar. Inicialmente foram formadas duas equipes, uma em cada costa leste e oeste. O pessoal veio dos mergulhadores UDTs e realizaram operações clandestinas na região marítima do Vietnã como interdição marítima, ribeirinha,

Page 79: tropas especiais

emboscadas e salvamento de combate, além de treinar tropas do Vietnã do Sul em funções semelhantes. As missões de ação direta não eram coordenadas com o esforço geral e tinham que realizar as próprias missões de inteligência. O presidente Kennedy iniciou o plano para aumentar a capacidade das FOpEsp mudando a política de "resposta massiva" de Eisenhower.

Em 1964 iniciou a criação de unidades de embarcações (SBU) para apoiar as operações dos Seals. No inicio só atuavam com o Seal Team 6, de depois tiveram reforço do Seal Team 2. Uma das missões era liberar prisioneiros de guerra, mas não encontraram nenhum americanos apesar de libertar 152 vietnamitas do sul. Os Seals foram a ultima unidade americana a se retirar do Delta Mekong.

Durante a Guerra Fria a US Navy treinava para conflito aberto em alto mar contra os Soviéticos enquanto os Seals treinavam para atuar em terra praia e rios. Ficavam isolados da frota e os oficiais tinham a carreira limitada na marinha por terem sido parte dos Seals. Tiveram que treinar em cenários de alvos no Terceiro Mundo ou aliados Soviéticos.

O treinamento inclui enfermagem de combate, comunicações, navegação, tiro, combate urbano, táticas, demolição, mergulho de combate, pára-quedismo tático e linguagem. Os Seals são treinados para operar na selva, ártico, deserto e montanha. São pouco armados, relativamente, e precisam de muito apoio externo para sustentação e superar o inimigo.

Os Seals são uma misturam de comandos, Forças Especiais e de reconhecimento com ênfase no meio em que operam. São a referência para outras unidades navais do tipo. No Afeganistão passaram operar bem dentro terra e receberam mobilidade tática na forma de veículos leves. A boa condição física e conhecimento de montanhismo dos Seals permitiu operar local no local sem problemas.

Os Seals são formados por 2.800 tropas incluindo 600 tripulantes das forças de embarcações especiais (400 tropas), reserva e apoio. Para comparar os Rangers são apenas 2.000 homens. Os mergulhadores de combate UDTs passaram a ser chamados de Seals desde 1983 com a designação de equipe Seals Delivery Vehicles (SDV).

O Seal Team 6 era a unidade de guerra não convencional e contra-terrorismo dos Seals similar aos Deltas do Exército. Eram chamados de cavaleiros Jedi devido a roupa preta usada nas operações contra-terrorista. A unidade foi debandada em 1995 e substituída pelo Development Group (grupo de desenvolvimento) ou DEVGROUP ficando responsável pelo desenvolvimento e teste de novas armas, equipamentos e táticas. O DevGroup é formado por 200-300 operadores e pessoal de apoio distribuídas em três equipes combate

Page 80: tropas especiais

e três equipes de apoio. A equipe Gold é a equipe de assalto principal apoiada pelas equipes Red e Blue. A equipe Gray é uma unidade de transporte de barcos SWCC. A equipe Black faz reconhecimento e a equipe Green recebe os novatos em treinamento. Todas as tropas tem uma especialidade e todos são MECs e habilitados em pára-quedismo especial (HALO/HAHO).

As unidades de embarcações Special Warfare Combatantcraft Crewmen (SWCC), ex SBU, são usados para infiltração e exfiltração clandestina, além de patrulha e vigilância, interdição marítima, despistamento, busca e salvamento, escolta armada e defesa externa.

A água é o local de operação dos Seals onde foram treinados para atuar de forma "confortável".

As unidades de embarcações SWCC estão equipados com lanchas rápidas MK5 para infiltração e exfiltração de equipes dos Seals. São as únicas unidades da US Navy equipadas com embarcações para guerra ribeirinha. O SBU usarou embarcações para patrulhar as entradas do Canal do Panamá na invasão de 1989. A US Navy não tinha meios para cumprir a missão em ambiente ribeirinho a não ser o SBU. O SDV está equipado com minisubmarinos para infiltração e exfiltração. As operações do SBU no Golfo Pérsico durante a guerra dos petroleiros mostraram a necessidade de embarcações maiores como a Mark V e o PC Cyclone.

Page 81: tropas especiais

Cenas da batalha de Takur Ghar no Afeganistão. Pelo menos sete pelotões dos esquadrões Seal Team 2, 3 e 8 serviram no Afeganistão e parte do SDV 1. Operavam sozinhos ou com outras tropas e paises. Na Guerra do Golfo em 1991 os Seals atacaram plataformas petróleo do Iraque.

Page 82: tropas especiais

Operador do Seals com um equipamento de mergulho de circuito fechado Draeger e roupa de mergulho Sucumar. Durante a invasão do Panamá em 1989 os Seals realizaram a primeira missão de sabotagem de navio depois da Segunda Guerra Mundial. Com o risco do General Noriega poder fugir do Panamá pelo ar ou mar, os Seals ficaram responsáveis por evitar estas possibilidades. Uma equipe do Seal Team 2 foi encarregada de colocar cargas explosivas em uma lancha patrulha e no Iate presidencial que poderiam servir de meio de fuga. Duas duplas de mergulhadores foram encarregadas de realizar a missão. Não usariam minas magnéticas tipo Limpet coladas ao casco mas sim com explosivos C4 amarrado nas hélices com detonador de tempo. As cargas deveria detonar a 1 hora da madrugada no inicio da invasão. O alvo ficava a 3,5km de base americana do outro lado do canal e era visível da base americana. Uma equipe de apoio de fogo estava próximo em uma embarcação armada com metralhadoras .50 e lança-granadas

Page 83: tropas especiais

automáticos. Os Seals usaram o sistema Draeger que recicla o oxigênio e por isto não emite bolhas na superfície. As equipes de mergulho foram lançadas por dois botes Zodiac que também levavam o piloto e dois Seals armados com fuzil M-16. Os Zodiac cruzaram o canal em zig-zag a baixa velocidade para evitar barulho e fazer poucas ondas. No meio do caminho um motor falhou e um barco patrulha passou perto sem vê-las. Tiveram que acelerar e se expor mais para recuperar o tempo perdido. O ponto de inserção era a 150 metros do alvo. Entraram na água as 11:30h. Os Seals usaram bússola luminosa para navegar no escuro. Os Zodiac voltaram para dentro do canal para trocar o motor e voltaram para o ponto de extração. Os Seals chegaram próximos ao barco patrulha e iate na hora que a aviação começou a atacar. As forças de defesa panamenhas no porto iniciaram ações defensivas incluindo lançar granadas na água. Mesmo assim avançaram e colocaram as cargas. Na volta para o ponto de extração os Seals ficaram no caminho de um petroleiro que passava pelo canal. Tiveram que mergulhar mais fundo para não serem sugados pelas hélices. O sistema Draeger só é seguro até 7 metros de profundidade e os Seals tiveram que mergulhar até 15 metros. Tiveram que subir lentamente para não se intoxicarem com o oxigênio. As embarcações explodiram exatamente as 01:00h como previsto e os Seals não sofreram baixa.

Os mergulhadoras de combate israelenses Commando Shayetet 13 (S-13) é uma equipe de demolição, reconhecimento especial e choque similar aos Seals. Foram usados na invasão do Líbano em 1982 nas praias e estradas próximas para reconhecimento de reforços e emboscada contra a OLP em fuga. Usavam fuzis AK-47 por ser mais resistente a água e eram capazes de dispararam lança-rojões LAW da água. Os israelenses observaram que era mais fácil treinar os mergulhadores para operar em terra do que treinar FOpEsp terrestres para operar a partir da água com mergulho ou nado. O S-13 já realizou centenas de missões e continua operando continuamente no Líbano.

Page 84: tropas especiais

O Corpo de Fuzilerios Navais da MB tem uma força similar aos Force Recon chamados Comandos Anfíbios (COMANF) que atua em ambientes anfíbios e ribeirinhos. Os COMANF são um batalhão de 500 homens divididos em uma compania de comando e serviços, uma compania de reconhecimento anfíbio (RECONANF), uma compania de reconhecimento terrestre (RECONTER) com função similar as patrulhas de longo alcance (LRRP) e duas companias de comandos anfíbios para realizar ação direta como incursões anfíbias e retomada de navios. O batalhão também tem uma unidade chamada GER (Grupo Especial de Resgate) com 120 homens capazes de realizar infiltração por pára-quedas e mergulho. O COMANF foi formado em 1957 e chamado de batalhão Tonelero.

A Marinha formou em 1983 o Grupo de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) como parte integrante do Comando da Força de Submarinos sendo o equivalente brasileiro dos Navy Seals. O GERR/ME é uma unidade contra-terrorista dos GRUMEC mesma função do GER mas atuando em plataformas de petróleo.

TÁTICAS DE MOBILIDADE

A mobilidade das FOpEsp é uma qualificação que as torna diferentes das forças convencionais. São habilidades especiais que precisam de treinamento adequado pois tem que ter capacidade de operar a longa distância ou em meios agressivos como pára-quedismo, mergulho e deserto. Os Navy SEALs tem até a mobilidade no nome, ou SEa Air Land (mar, ar e terra), os meios de infiltração, formando o nome a partir da contração das primeiras letras.

Inserção

A inserção é o movimento para a área de operação ocupada ou não pelo inimigo. A inserção consiste da infiltração até a área de operação

Page 85: tropas especiais

e o movimento até o alvo ou objetivo. É feito individualmente ou em grupo, com intervalo continuo ou irregular.

A infiltração da tropa pode ser por terra, mar ou ar dependendo dos meios disponíveis, treinamento das tropas e condições locais. O uso de métodos especiais de infiltração precisam de treinamento antes da missão como pára-quedismo especial. Este treinamento deve ser escondido para segurança da operação. O ensaio da missão deve incluir um terreno parecido com a área de operação incluindo estudo do caixão de areia.

A escolha de um método de infiltração tem várias variáveis e depende da missão, situação do inimigo, recursos disponíveis, meteorologia e terreno, profundidade da penetração, treino da equipe, sobrevivência da equipe e simplicidade. A melhor é a que o inimigo tem mais dificuldade de detectar e deve ser realizada em horas de pouca visibilidade. Pode ser necessário supressão das defesas aérea e apoio aéreo no caso de infiltração pelo ar. A infiltração só termina com a plataforma indo embora. A segunda fase é atingir o ponto de operação e pode durar dias dependendo da atividade inimiga e método de movimentação.

A infiltração em local onde não se tem superioridade aérea tem que ser por terra. Infiltração a pé e veículos são efetivas a curta distância. A equipe escolhe rotas primarias e alternativas evitando posições inimigas, rotas muito usadas, áreas povoadas, obstáculos e mostrar silhueta. Se movem em períodos de baixa visibilidade ou pouco alerta. A patrulha mantêm segurança de 360 graus com cada membro cobrindo um setor de segurança. A disciplina de silêncio e camuflagem deve ser impecável. As paradas para ouvir são frequentes e os membros usam sinais de mão para evitar serem ouvidos. A infiltração pode ser feita junto com outras operações no local para despistar.

Insersão Terrestre

A inserção a pé entre a base avançada e a aérea de operação é usada quando a distância não ira criar exaustão nas tropas ou o tempo de caminhada não atrapalha a operação. Tem a vantagem de ser o método mais furtivo de todos, mas as tropas precisam levar cargas a mais, limitando a distancia. O ressuprimento aéreo pode complicar e denunciar a missão.

Os veículos terrestres são muito efetivos para infiltração no deserto onde não há muitos obstáculos. O SAS britânico usam veiculos Land Rover Desert Patrol Vehicle (DPV) e o SAR australiano o Longline Ligth Strike Vehicle (LSV) nas suas patrulhas do deserto. Também são usados para exfiltração e realizar patrulhas. As Forças Especiais americanas no Iraque estão recebendo veículos HUMVEE blindados e blindados M-2 Bradley para dar proteção contra explosivos na estrada

Page 86: tropas especiais

em suas operações.

Os veículos tipo gaiola DPV dos Seals, além de serem usados para infiltração e exfiltração, além de serem usados para realizar ação direta, entrega, plataforma de armas, operações de retaguarda, reconhecimento, observação avançada e policiamento.

Os Spetznaz que operavam no Afeganistão estavam equipados com blindados BMP para auxiliar suas operações. Eram usados para transporte, apoio de fogo e força de reação rápida. Os russos usam armas pesadas nas suas equipes com um grupo de 16 Sptesnaz podendo receber um lança-granadas automático AGS-17 além das duas metralhadoras PK e um fuzil SVD. Quando deixados em pontos altos para reconhecimento e cerco, usavam os blindados para força de reação além de chamar artilharia e apoio aéreo aproximado contra guerrilheiros afegãos.

Na Rodésia os motoqueiros mostraram ser vulneráveis em patrulhas de rotina. Foram usados como força de reação rápida, reforço ou reconhecimento para blindados ou levavam armas mais pesadas como morteiro e metralhadoras em equipes de 7-8 membros.

As FOpEsp usaram cavalos e burros como meio de transporte nos conflitos recentes

Page 87: tropas especiais

no Iraque e Afeganistão. Este Force Recon está usando um cavalo enquanto opera no norte do Iraque.

O Improved Fast Attack Vehicle (IFAV) é usado pelo Force Recon para patrulhas motorizadas. O IFAV da foto está atuando no Iraque. O IFAV substituiu o veiculo gaiola FAV e tem três tripulantes. No deserto é necessário usar veículos pois não se anda muito longe e sobrevive por muito tempo a pé. Não é possível levar tudo na mochila, água principalmente, e outros equipamentos. Antes era necessário navegar pelas estrelas como nos navios quando operavam no deserto. Agora as tropas tem o GPS. As tropas do deserto também tem que ser boas em mecânica. Como o inimigo também usará veículos é necessário ter armas pesadas como metralhadoras calibre 12,7mm e mísseis anti-carro. Uma coluna no deserto tem que cobrir 360 graus de vigilância principalmente contra helicópteros.

Inserção Aquática

A infiltração na água pode ser por bote, nadando, submarino, embarcações, helocasting ou uma combinação destas. Na infiltração na água são considerados o estado do mar, marés e defesas em terra. Os propulsores submarinos são furtivos e aumentam o raio de ação dos mergulhadores de combate.

Os botes infláveis são muito rápidos mas barulhentos. Com remos ficam silenciosos quando se aproximam da área de desembarque. Podem ser lançados de submarinos, navios, helicópteros e navios até bem próximos do alvo. O caique é invisível ao radar e silencioso e pode navegar 100km em uma noite com dois homens.

A inserção aquática geralmente tem duas fases. Na primeira o operador é levado até perto do alvo por ar ou mar. Depois vai até o alvo nadando ou mergulhando. A infiltração por ar é igual aos métodos usados em terra, só que lançado na água. A fase um também pode ser feita por submarino ou mini-submarino com o SDV dos Seals. A fase dois por nado só é feita em locais de pouco risco e pouco vigiadas. Se não é feito por scuba.

Page 88: tropas especiais

Os submarinos permitem transportar equipes por longas distâncias e permanecer no local por muito tempo. Dele podem ser lançados FOpEsp que atingem o alvo nadando, por mergulho ou com botes. Os mergulhadores podem ser lançados pelos tubos de torpedos.

Submarinos em posição avançada podem receber FOpEsp lançadas de aviões por pára-quedas aqui vistos do periscópio. Na água as tropas usam sinais sonoros para serem localizados pelo submarino.

Page 89: tropas especiais

Uma equipe dos Force Recon faz uma infiltração na praia. A foto é certamente para publicidade por ter sido feita de dia. As tropas estão equipadas com sistema de respiração por circuito fechado Draeger e roupa de mergulho Sucumar. Notem que estão atados uns aos outros por cordas.

Inserção Aérea

A infiltração pelo ar é desejada quando se pretende cobrir grandes distâncias ou quando a velocidade é fundamental. O pára-quedas é o meio mais usado. Existem varias técnicas de salto como saltos a elevada altitude e abertura a baixa atitude (HALO - High Altitude Low Opening), saltos a elevada altitude e abertura a grande atitude (HAHO - High Altitude High Opening), o salto a baixa altitude e abertura a baixa atitude (LALO - Low Altitude Low Opening) e o salto enganchado convencional (Low Level Static Line - LLSL ou MAMO - Medium Altitude Medium-Open).

1 - HAHO é realizado a até 9 mil metros com tanques de oxigênio para respirar. As

Page 90: tropas especiais

tropas podem planar por grande distância (cerca de 30km) ) podendo cruzar fronteiras.2 - HALO o pára-quedas é aberto mais próximo do solo.3 - Estas técnicas podem ser realizadas na água com o operador percorrendo o resto do caminho até a praia a nado ou com equipamento de mergulho.

A técnica de HALO foi desenvolvida pelas Forças Especiais americanas em 1957-1958. A técnica foi adaptada do skydive para uso militar e permite a inserção por pára-quedas na área de operação, sendo difícil de detectar ou destruir a aeronave devido a grande altitude. Como o pára-quedas não tem perfil radar nenhum o inimigo não fica sabendo da operação. A aeronave também pode estar bem acima das defesas locais. O skydive é feito em uma altura bem menor e sem peso extra. Também não é esperado cair na água e nem tem inimigo esperando. O HALO pode ser feito de dia devido ao pequeno tempo de vôo do pára-quedas. O pára-quedas é aberto manualmente a 600-700 metros, sempre abaixo de 1.700m, mas com backup barométrico. O HALO e HAHO precisam de roupa especial para evitar que o operador congele a grande altitude e fornecimento de oxigênio. A equipe tenta ficar junta para não se dispersar em um agrupamento tático.

A técnica HAHO é uma variação do HALO com o pára-quedas aberto logo ao sair da aeronave. Foi desenvolvido em 1977. O HAHO permite que a aeronave lançadora siga um trajeto usado por aeronaves comerciais o que ajuda a cobrir a missão. O salto é feito a pelo menos 6 mil metros e o operador precisa saber navegar até a área do alvo pois pode cobrir uma distância de 20-25km. Operando atrás das linhas o operador tem que levar uma mochila de até 75kg que fica entre as pernas e é solta antes do pouso ficando pendurada em uma corda. Em um salto em grupo a equipe precisa ficar próxima para não perderem contato.

Junto com o Scuba, o HALO e HAHO são os métodos mais usados pelas FOpEsp. O pára-queda tem o problema da vulnerabilidade da aeronave e as tropas não podem levar muita carga.

No salto enganchado, ou MAMO, o salto é feito a 250-400 metros. O pára-quedas abre logo após o salto automaticamente. A aeronave voa em uma altitude vulnerável ao radar e a maioria das armas.

O método Low Altitude Low Opening ou LALO é muito perigoso com o salto sendo realizado a cerca de 160-200 metros. É uma variação do MAMO mas com a aeronave voando mais baixo. Não é possível usar o pára-quedas reserva se o principal falhar. O LALO é usado em locais onde as defesas locais são intensas com risco da aeronave e dos pára-quedistas serem atingidos.

Um método pouco usado é o Low Altitude No Opening ou LANO com a aeronave, geralmente um helicóptero, voando muito baixo e devagar

Page 91: tropas especiais

com o salto feito em areia fofa do deserto ou neve pouco compacta. O operador precisa de apenas uma cambalhota para amortecer a queda. Não pode ser feita em outros terrenos.

O risco de morte nos saltos de pára-quedas é de cerca de 1% e de ferimento de 4%. O risco é pior a noite, pouso em florestas, montanha e salto tipo HALO e HAHO. Na selva é levado uma corda extra para descer das arvores e roupa especial para evitar ferimento.

O pára-quedas é o principal método de inserção dos Ranger. Seus membros tem que saltar pelo menos a cada três meses. As unidades ficam espalhadas em várias aeronaves. Depois se reagrupam em local determinado. Se uma aeronave for derrubado a missão não é comprometida. Ao chegarem ao chão leva cerca de 30 minutos até as tropas se reagruparem e iniciar o movimento até o alvo. As mochilas dos Rangers são mais pesadas que a das tropas pára-quedistas e saltam das duas portas dos C-130 (técnica shotgun). Se pousa em cima de arvore o Ranger só tem granadas para se defender pois as armas ficam em containers separados. O mestre de salto é responsável por brifar sobre a zona de desembarque (DZ), vento etc.

Em 1983, durante a invasão da ilha de Granada, os Rangers foram destacados para tomar o aeroporto de Point Salinas no sul da ilha. Os Seals não conseguiram fazer reconhecimento da pista de pouso e das defesas para saber se era possível um pouso de assalto. Um AC-130 fez reconhecimento e percebeu que a pista estava bloqueada. Apenas uma compania iria saltar de pára-quedas, mas acabou que todos saltaram. Os 250 Rangers, que levavam apenas água e munições, estavam espalhados em 10 MC-130 apoiados por três AC-130 Spectre. Os AC-130 limparam as defesas que eram maiores que os esperado. Os canhões antiaéreos no local estavam em posição elevada e como não podiam atirar para baixo, ou a 200 metros no local, o lançamento seria então a 150 metros de altura. Em um lançamento a baixíssima altitude nem adiantaria levar o pára-quedas reserva. No preparo da missão era esperado tempo bom e pouca oposição. Tiveram que tirar o pára-quedas, depois recolocar o que atrasou o salto, que deveria ser noturno mas acabou sendo diurno. A zona de salto era ruim por ser estreita e com água dos dois lados, além do vento estar forte. Mesmo assim apenas um Ranger quebrou a perna e outro caiu na água e salvou o equipamento. Depois do salto usaram buldozers para limpar a pista. Snipers mantinham os morteiros inimigos abaixados a 600-1000m. A pista foi usada depois pelos MC-130 para deixar Jeeps e pegar feridos.

Os Rangers tiveram mais oportunidades de realizar saltos de combate na invasão do Panamá em 1989. Dois batalhões formam lançados próximos a base panamenha de Rio Rato. Foram levados em 15 C-130 e lançados a menos de 200m a noite sofrendo 35 baixas por ferimentos no salto devido ao vento forte. Os primeiros C-130 tinham 65 Rangers em cada aeronave e por isso nem tinham espaço para ir

Page 92: tropas especiais

no banheiro na viagem de sete horas até o salto. Junto foram levados quatro Jeeps e quatro motos. Apenas duas aeronaves não foram atingidas por fogo antiaéreo leve. Nos treinamentos o salto é realizado a cerca de 400m mas pode chegar a 200m. Os Rangers foram apoiados por helicópteros AH-6, AH-64 e aeronaves AC-130. Blindados CG-150 que estavam próximos foram logo destruídos com LAW. Um Ranger foi arrastado por um caminhão que fugiu e agarrou seu pára-quedas. Foi parado com um LAW a 150m. O comandante do regimento foi responsável por cortar a energia da base ao cair em cima das linhas de energia sem se ferir, mas no meio da base inimiga. Para abrir a porta de uma das casas de praia de Noriega também usaram um LAW.

Outro batalhão Ranger (Terceiro Batalhão), durante a invasão do Panamá, tomou a base aérea de Tocumen para desembarque posterior da 82a Divisão. Tiveram apoio de helicópteros AH-64 e aeronaves AC-130. O salto dos 700 Rangers foi a menos de 200 m com 19 feridos por atingir a pista dura. Junto foram lançados 12 Jeeps e 12 motos. Um batalhão costuma ter 2-3 feridos a noite com equipamento completo durante os treinamentos. Já a 82a Divisão tomou a base aérea de Torrijos com 2200 pára-quedistas levados por 20 aeronaves C-141 junto com o lançamento de oito carros de combate leve Sheridan. Foram 50 feridos no salto. Depois receberam helicópteros UH-60 para realizar assalto aéreo pelo país.

Page 93: tropas especiais

Na invasão de Granada em 1983, duas equipes dos Seals (doze tropas) do Seal Team 4 foram lançadas de pára-quedas a noite junto com botes infláveis (boat drop) por dois MC-130 a cerca de 40km da costa junto com quatro controladores de combate (CCT - Combat Control Teams) da USAF e depois se ligariam com o contratorpedeiro USS Clifton Sprangue. Os Seals iriam fazer reconhecimento da pista do aeroporto de Point Salinas e das defesas locais e os CCT guiariam as aeronaves para lançar pára-quedistas e/ou pousar. Ligariam com as tropas depois. Após chegar na água as equipes continuaram depois em botes Zodiac e lançariam mergulhadores para reconhecimento da praia. A missão teve vários erros. Os pilotos não estavam treinados na missão e lançaram as equipes 3,5km uma da outra. As equipes também não treinaram antes para a missão. A missão deveria ser ao nascer do sol mas foi a noite. As ondas estavam muito maiores que o esperado. Quatro membros dos Seals se afogaram no salto provavelmente devido a carga pesada nas mochilas. No caminho até a praia o tempo estava ruim, com ondas fortes, e tiveram que evadir de um barco patrulha. Um bote perdeu o motor e a infiltração teve que esperar até o outro dia. Na segunda noite conseguiram chegar a praia mas o bote virou nas ondas com os CCT perdendo a maior parte do equipamento. A missão foi abortada novamente e os Rangers foram lançadas sem dados de inteligência. Uma lição (re)aprendida nesta missão é não atuar com equipe com a qual não treinou junto antes.

Page 94: tropas especiais

Uma equipe dos Seals é infiltrada de helicóptero no deserto. O helicóptero é muito necessário para mobilidade no deserto.

Page 95: tropas especiais

Uma equipe do SBS britânico se prepara para infiltrar de helicóptero na água próximo ao alvo e continuar até a praia de caique.

O uso de pára-quedas pode ser custoso em perdas, e duvidoso com a opção de usar helicópteros. As vezes é usado apenas como rito de passagem ou símbolo de prestigio. A Divisão pára-quedista alemã sabe que nunca vai ser usada nesta função sendo apenas uma unidade anti-blindada transportada por helicópteros. Salta mais para operações independente de pequenas unidades.

Os pára-quedistas israelenses são preparado para infiltrar de helicóptero, blindados ou aviões. O objetivo é manobrar rápido pois a força dos pára-quedistas é a velocidade e não o poder de fixar. A capacidade de saltar de pára-quedas é mais para distinguir de outras tropas e raramente salta em combate. São treinados para operar em

Page 96: tropas especiais

montanha, florestas e terreno urbano.

O pouso de assalto tem o termo técnico de Tactical Air land Operation ou TALO. No TALO são usados até quatro aeronaves para tomar o alvo. É feito geralmente a noite e precisa pista de pelo menos 1500m. O pouso pode ser simultâneo se a pista de pouso tem uma pista taxi paralela. A surpresa é conseguida com vôo muito baixo, parada rápida e descarrega rápido. A surpresa permite derrotar o inimigo rapidamente. A força é usada para segurar a zona de pouso para força de apoio chegar se necessário. Uma grande vantagem do TALO é que a força chega agrupada e pronta para ação. O TALO foi usado na invasão de Praga em 1968, no resgate de Entebe em 1978 e na invasão de Kabul em 1979. O TALO é uma opção quando o alvo é bem distante para ser alcançado por helicópteros. Os planadores das forças pára-quedistas da Segunda Guerra Mundial realizavam pouso de assalto, mas não foram mais usados depois desta guerra.

Os britânicos sabiam que os Argentinos tinham caças Super Etandart armados com pelo menos cinco mísseis Exocet na base de Rio Grande no sul do país. Inicialmente foi pensado em atacar a base com os Sea Harrier e Vulcan. Os Sea Harrier eram poucos e preciosos e o único Vulcan disponível era pouco preciso. Ai nasceu a operação Mikado para desembarcar tropas do SAS na base para destruir as aeronaves e se possível eliminar os pilotos e tanto pessoal de terra quanto possível. A missão seria realizada por 55 homens do Esquadrão B que desceriam em dois C-130 que faria um pouso de assalto direto na base. Se as aeronaves sobrevivessem voariam para o Chile. Se não a exfiltração seria a pé até o Chile cuja fronteira ficava a 80km. Uma missão de reconhecimento partiu do porta-aviões Hermes na noite de 17 de maio mas foi detectada por radares. Não podiam voltar e continuou até o Chile. As oito tropas do SAS que fariam reconhecimento antes do assalto queimaram o helicóptero e se renderam aos chilenos. Os britânicos acharam que perderam o elemento surpresa. Fizeram sugestão para operar a partir do Chile mas foi proibido. Um operador reclamou que conseguir surpresa com o C-130 seria impossível pois seria detectado por radar antes de pousar. A missão foi adiante assim mesmo e quando a aeronave estava na ilha de Ascensão descobriram que a cobertura radar era melhor que o pensado e a missão foi cancelada. Após o fim da operação Mikado foi estudado um ataque a partir do Submarino Onyx com 24 tropas do SAS fazendo infiltração por botes Gemini e atacariam com LAW e cargas explosivas e tentariam matar os pilotos. A infiltração seria a noite a vários quilômetros da costa mas a guerra acabou antes de realizada o que foi bom pois os argentinos aumentaram a segurança da base com três batalhões.

Page 97: tropas especiais

Após o fracasso do resgate dos reféns da embaixada americana no Irã, os EUA iniciou o desenvolvimento de um C-130 equipado com foguetes para pouso e decolagem curtos para uma segunda tentativa de resgate. A missão foi cancelada com os reféns sendo libertados antes da missão ser executada.

Na infiltração por aeronaves de asa fixa existe a desvantagem de não se ter a opção de pegar as tropas após lançadas ao contrário do helicóptero. Se a a zona de pouso está comprometida e as tropas dispersas a aeronave não pode fazer nada. Com o helicóptero existe a possibilidade de pode abortar a missão em uma zona de pouso “quente”, resgatar as tropas se o contato com o inimigo ocorrer pouco depois do desembarque e as tropas nunca ficam dispersas após o desembarque. Com as aeronaves apenas o TALO tem esta opção.

A desvantagem do helicóptero é ser detectado relativamente fácil e alertar o alvo a não ser quando o desembarque é longe do alvo com as tropas cobrindo o resto da distância a pé. Também é muito vulnerável até as armas leves.

A infiltração por helicópteros é feita com pouso de assalto, rappel ou fast-rope. Foram os SAS que testaram o rappel pela primeira vez na selva da Malásia. Em certas situações não se pode usar o helicóptero por fazer barulho e por ser detectável ao radar. No entanto o helicóptero por ser rápido e ágil, pode ser usado para infiltrar tropas a distância do alvo, cerca de 15-30km, e continuam a pé, obviamente a noite. Na água este tipo de infiltração pode ser feito com saltos diretamente nas superfícies aquáticas a uma velocidade máxima de 40 km/h e altura de até 12 metros em situação extrema. O helicóptero passou a deixar a infiltração na água menos usada e é realmente mais difícil e cansativa, seja por navio ou mergulho.

Page 98: tropas especiais

Uma patrulha dos Force Recon é infiltrada próximo a praia por um helicóptero CH-53 com método helocasting. O Helocasting é uma variação do LANO feito na água onde não é possível usar pára-quedas. O helicóptero deve ficar idealmente a 3 metros da água e a 20km/h. Os equipamentos são lançados primeiro. O piloto tem que manter a altitude após o peso ficar menor durante o lançamento. As tropas correm o risco de atingir algo na água após a queda.

Uma equipe dos COMANF realiza fastropping a partir de um Super Lynx durante um exercício de retomada de navio.O fastropping é feito a partir de helicópteros com a fricção manual usada para

Page 99: tropas especiais

controlar a velocidade de descida. É usada para abordagem de navio e combate urbano quando o helicóptero é o meio preferido para transporte e o tempo é essencial. O operador usa apenas luvas a mais, além de capacete e óculos de proteção.

Com muitos inimigos próximos é possível fazer uma inserção falsa/diversionária para despistar ou assustar, afugentar e criar confusão. Os russos usavam artilharia para "limpar" o local de pouso no Afeganistão. Podia dar alerta do local de ataque e desembarque, mas podia ser usado para dar local falso ou não ser usada para não dar alerta. Se usada continuamente por longo período não tem efeito nenhum. Depois de uma emboscada após uma infiltração de helicóptero em uma incursão no Líbano contra o Hezbolla onde 11 membros da unidade S-13 foram mortos, incluindo o comandante da unidade, os israelenses desenvolveram uma blindagem tipo escudo portátil para usar em terreno desértico onde não há muita proteção.

A infiltração das LRRP no Vietnã era na maioria das vezes por helicóptero. Era um método óbvio pois leva cerca de uma hora para andar 500 metros na selva. Eram usados cinco helicópteros sendo um como centro de comando, um para inserção, outro como acompanhante e dois artilhados. O acompanhante era usado para atrapalhar observadores no solo, rodeando o que pousa e faz parecer que estão sobrevoando e não pousando, mascarando o barulho. Também ajuda em caso de exfiltração de emergência. A esquadrilha espera por cerca de 30 minutos em local próximo para ver se esta tudo segura na zona de pouso. A infiltração de helicóptero era uma fase perigosa pois o helicóptero é muito fácil de detectar. Depois as LRRP iniciam a patrulha e os helicópteros vão embora. Se a patrulha tem mais de quatro membros o outro também pousa, mas se a zona de pouso estiver "quente" o segundo não pousa. A infiltração também podia ser a pé ou motorizada a partir das bases de fogo. A exfiltração pode ser feita com pouso no local, escada e com método STABO, com as tropas penduradas em corda e voando até poder pousar em um local seguro.

Na guerra do Yom Kippur em 1973, comandos egípcios Al Saaqa foram transportados por helicópteros Mi-8 atrás das linhas inimigas no Sinai para atacar reforços, durante o ataque inicial, e para tomar pontos estratégicos como o Passo de Mitla e Gidi. Nesta operação 14 helicópteros foram derrubados pela Força Aérea Israelense e os outros comandos foram cercados antes de atingir o objetivo ou chegar reforços. Esta operação mostrou a limitação dos helicópteros em um conflito de alta intensidade onde não há superioridade aérea. Os primeiros comandos egípcios foram treinados por assessores alemães. Faziam raids contra as defesas israelenses no Sinais. Em 1969 estes raids ocorriam todas as noites. Eram muito temidos por Israel e foram responsáveis pelo deslocamento de tropas adicionais para defender o local. Eram 26 batalhões em 1973. A maioria dos Comandos egípcios que invadiram a península do Sinai em 1973

Page 100: tropas especiais

estavam preparados para caçar blindados e não para tomar a linha Bar-Lev. Avançaram 10km adentro e estavam equipados com mísseis Sagger e lança-rojões RPG-7. Tinham tantas armas anti-carro que a quantidade compensou a péssima pontaria. Cavaram trincheiras e tinham mísseis SA-7 para se defender. Deveriam durar 24h até chegar reforços. Já os comandos navais egípcios conseguiram afundar um navio israelense no porto em 1970. A Força Aérea Israelense também usou helicópteros para infiltrar comandos atrás das linhas para dar a localização de mísseis SAM e alerta de lançamento de mísseis para os pilotos de caça. Pelo menos dois helicópteros foram derrubados nestas missões. Pára-quedistas sírios usaram helicópteros para capturar o monte Hermon e comandos foram usados para atacar blindados com mísseis Sagger por trás.

Em outubro de 1967 comandos israelenses foram infiltrados por helicópteros Super Frelon para danificar uma ponte, uma represa e transformadores no norte do Egito. Enquanto o Egito usava a artilharia para atacar Israel, Israel usava sua aviação para atacar o Egito. Os egípcios logo perceberam que tinha mais fraquezas do que pensavam. Outro raid em dezembro foi realizado contra o aeroporto de Beirute com comandos sendo infiltrados por helicópteros Super Frelon e UH-1 para destruir 13 jatos comerciais de empresas árabes em retaliação a seqüestro de jatos israelenses. Israel continuou os raids contra o Egito mais por prestigio do que pelo efeito. No dia 26 de dezembro de 1969 três Super Frelon levaram comandos israelenses roubar um radar P-12 egípcio no Sinai. Outros dois helicópteros S-65 levaram dois containers.

Os helicópteros são tão importantes para as FOpEsp que o US Army tem até um esquadrão especialista nisto, o 160o SOAR-A (Special Operations Aviation Regiment - Airborne) ou Night Stalker. A missão do SOAR é auxiliar na infiltração, exfiltração, ressuprimento, segurança de área, reconhecimento, apoio aéreo aproximado, ataque, dispersão de minas, comando e controle, guerra eletrônica e retransmissão de comunicações. São usados para testar táticas de helicópteros. O SOAR foi criado após o resgate fracassado no Irã. Um dos motivos foi usar helicópteros inadequados com pilotos mal preparados.

Operar helicópteros na linha de frente tem seu preço. De 167 helicópteros usados na invasão do Panamá em 1989, 45 foram atingidos com quatro derrubados. Todos eram helicópteros leves AH-6 ou OH-58 sendo que um bateu em fios de alta tensão. Um UH-60 não teve condições de ser reparado.

A história do uso de helicópteros para apoiar operações especiais iniciou quando a RAF testou o uso de helicópteros na Malásia em 1952. Mostrou ser rápido mas com pouco locais de pouso disponíveis na selva. Com apoio de ressuprimento pelo ar o SAS realizava operações de patrulha que durava até 13 semanas.

Page 101: tropas especiais

Os Delta tem uma frota própria de seis MH-6 de transporte e seis AH-6 de ataque sendo alguns com cores civis e o SAS tem quatro A-109 também com cores civis. Para operações maiores os Deltas contam com apoio do SOAR. As Forças Especiais americanas que atuam no Afeganistão tem uma frota de cinco helicópteros Mi-8. O barulho é conhecido pela população local e não chama a atenção. O LRDG da Segunda Guerra Mundial também tinha duas aeronaves Waco usados para ligação, evacuação médica ressuprimento e lançar peças reposição.

O uso de pathfinder ou precursores para marcar o caminho e local de

Page 102: tropas especiais

pouso/desembarque de tropas aerotransportadas ou pára-quedistas foi iniciado pelos britânicos na Segunda Guerra Mundial e logo seguido pelos EUA. Os precursores são lançados na frente para marcar posições para o lançamento de pára-quedistas ou pouso de planadores. Os precursores também fazem reconhecimento de zona de pouso ou lançamento. Usam radar, luzes, painéis e fumaça como meio de sinalização. Esta função foi passou para tropas da USAF e agora chamados de Combat Control Team (CCT). Os EUA pararam de usar precursores depois da Segunda Guerra Mundial, mas a função ressurgiu depois na Guerra do Vietnã com o uso de helicópteros e foi mantida até hoje. Na foto acima é possível ver uma lanterna VAPI que produz um feixe de luz bem estreito só visível pelas aeronaves e também mostra que não tem obstáculos no caminho quando é visível pelo piloto. Os russos não usaram precursores na guerra do Afeganistão o que resultou em grandes perdas de helicópteros e pouso em locais errados. Durante o conflito no Afeganistão em 2001, os Seals vigiaram e monitoraram as praias do Paquistão para usar como área de descanso e um pequeno aeroporto no Afeganistão para atuar como base avançada que se chamaria Campo Rhino. No último caso foram inseridos a noite de aeronaves e vigiaram o aeroporto por quatro dias. Quando os fuzileiros chegaram os Seals aturam como precursores marcando a área de pouso.

Extração

Extração é a retirada do pessoal ou unidade da área de controle inimiga pela furtividade, despistamento, surpresa ou meios clandestinos. Deve ser feita logo após o fim da missão. O local de exfil deve ser planejado e coordenado com as forças de apoio. Consiste no movimento do objetivo até o local de exfil e da exfiltração. Um dos problemas da exfil é que inimigo pode estar avisado da missão sabem que as forças estão tentando escapar.

Os meios de exfiltração tem algumas opções diferentes da infiltração. No caso de helicópteros as tropas tem recursos de usar técnicas de STABO, SPIES (Special Patrol Insertion/ Extraction Rig), FRIES e até escadas para subir nos helicópteros caso não seja possível realizar um pouso. O penetrador de selva é usado para levar tropas até o helicóptero na selva fechada.

O STABO é usado para pendurar até quatro tropas em uma corda lançada por um helicóptero, em uma extração de emergência, e levá-los até um lugar onde o helicóptero possa pousar com segurança. O método é semelhante ao transporte de cargas externas nos helicópteros. Foi desenvolvido pelo sargento McGuire do projeto Delta para extração rápida na selva e testado em 1968. Só foi usado em 1970 pelo MAC-SOG. É usado quando não é possível pousar o helicóptero. É um método muito perigoso, mas preferível do que ficar

Page 103: tropas especiais

exposto ao fogo inimigo. É um exemplo de inovação proposto pelas FopEsp.

Tropas do COMANF fazem uma demonstração do sistema de extração de emergência por helicóptero STABO.

Na extração na água e ar, assim como a infiltração, são usados devido a distância, tempo curto, inimigo sem superioridade aérea ou naval, presença de áreas populosas e extração de feridos. A exfiltração por terra é feita se não tiver outra opção, ou tropas amigas estiverem perto, o terreno favorecer, presença de áreas inabitadas, o inimigo estiver disperso e a presença do inimigo inviabilizou a exfiltração aérea. Por exemplo, na Guerra de 1965, comandos paquistaneses atacaram três bases aéreas indianas próximas a fronteira logo após serem atacadas por aeronaves. Não tiveram muito sucesso e tiveram que voltar a pé devido a falta de opção. A exfil por terra é a menos satisfatória. Só e feita quando não há alternativa. Se a força inimiga for grande, equipada com veículos e o terreno não tiver muita cobertura as chances de escaparsão poucas.

Page 104: tropas especiais

Na prática são esperados o uso de meios de infiltração e exfiltração múltiplos, ou mistos, e ao mesmo tempo por várias tropas. Por exemplo, como vingança ao massacre de atletas na olimpíada de Monique em 1972, Israel lançou um ataque contra três lideres do Setembro Negro no Líbano. Cerca de 30 operadores do Sayret Mat'Kal foram lançados em seis Zodiac de navios e desembarcaram em uma praia já segura pelos comandos navais do Sayret 13 (S-13). Foram levados por agentes do Mossad até a casa onde estavam os alvos. Mataram o sentinela e eliminaram os alvos. Ao mesmo tempo outro grupo atacou o quartel da OLP no Líbano. Os inimigos no quartel reagiram e subiram de elevador para serem massacrados quando a porta abriu. Um terceiro grupo destruiu uma fábrica de bombas do Setembro Negro. A exfiltração foi por helicóptero. Os comandos navais S-13 voltaram para os três navios patrulha da mesma forma que chegaram, nadando.

Na operação Reindeer em 1978, os sul africanos realizaram o seu primeiro assalto aéreo contra uma grande base terrorista da SWAPO em Angola. A base estava a 250km da fronteira e os pára-quedistas seriam o único meio de chegar lá. Helicópteros Puma seriam usados para exfiltração. O ataque foi iniciado com jatos Mirage da Força Aérea da África do Sul atacando a base. A missão deveria durar apenas duas horas, mas os pára-quedistas foram lançados fora da zona de salto. Com o atraso deu tempo de blindados de uma base próxima chegarem. Uma equipe anti-carro já estava preparada e fez bloqueio incluindo minagem da estrada. As minas conseguiram parar a coluna que avançava e que foi atacada depois pelo ar. Os sul africanos criaram uma base temporária para 15 helicópteros Puma próxima a área de ação com 42 tropas de segurança. Os pára-quedistas foram retirados para esta base e depois de volta a Namíbia. Os terroristas sofreram cerca de 800 baixas e com grande perda de material. Os pára-quedistas sofreram menos de 20 baixas.

Em 9 de setembro de 1970, durante a Guerra de Atrito entre Israel e o Egito, Israel usou blindados soviéticos capturados para realizar um assalto anfíbio em El Hafair. Depois de desembarcados a coluna blindada percorreu cerca de 50km destruindo tudo no caminho. Foram 150 egípcios mortos incluindo um general soviético.

Page 105: tropas especiais

Uma equipe de Forças Especiais em um bote Zodiac entram diretamente na traseira de um Chinook que tem capacidade anfíbia.

Uma equipe das Forças Especiais americana treina exfiltração de emergência na porta da estação de munição do canhão do AH-1 Cobra no Afeganistão.

Quando os helicópteros não podem pousar podem lançar escadas para as tropas em terra.

Page 106: tropas especiais

No STAR (Surface To Air Recovery), ou Sky Hook, o operador é levado rapidamente da superfície para aeronave em vôo. A aeronave precisa estar equipada com o sistema Fulton. A aeronave primeiro lança o kit com balão, garrafas de gás hélio, cabos, cintos e equipamentos de proteção, geralmente lançado no dia anterior. O operador veste a roupa proteção e um balão é inflado e sobe levando o cabo em uma operação que dura cerca de 20 minutos. Uma aeronave com gancho especial no nariz pega o cabo. A aceleração é a mesma de um pára-quedas abrindo. O operador é puxado para dentro da aeronave depois. O sistema não precisa de treino e é perigoso. Se o cabo quebrar na hora de enganchar o operador sobe alguns metros e cai. Se quebrar depois pode ser mortal. Outro risco é colisão com algum objeto ou com a aeronave. O STAR foi desenvolvido durante o conflito no Vietna pelo US Army. O STAR é uma forma de extração a longa distância para locais onde não é possível operar helicópteros. Até duas pessoas ou carga equivalente podem ser exfiltradas ao mesmo tempo. Pode ser usada para levar prisioneiros e feridos. Para transportar uma maior quantidade de tropas é perigoso pois a aeronave vai ter que realizar várias passadas. O STAR pode ser feito na água a partir de um pequeno bote inflável.

Táticas das FOpEsp

Os Rangers americanos da guerra da independência do século XVIII já tinham manuais dizendo para agir de forma a ver inimigo primeiro, manter distância na formação, manter vigilância no acampamento, usar trilhas diferentes na infiltração e exfiltração, usar batedor 20

Page 107: tropas especiais

metros a frente, flancos e retaguarda das patrulhas/formações, criar pontos de reunião caso a força se disperse, e fazer círculo para emboscar perseguidor. Estas dicas ainda são ensinadas aos Rangers atuais.

Com o tempo as táticas e técnicas foram se desenvolvendo com o aparecimento de novos equipamentos, armas e experiência em combate. A experiência dos Commandos britânicos na Segunda Guerra Mundial levou ao uso de novos equipamentos, táticas e métodos de treinamento usados depois por outras tropas. As táticas de incursões foram adotado nos pelotões de comandos das tropas regulares do Exército Britânico.

Patrulhas

Uma forma de entender as táticas de combate das FOpEsp é pelas táticas de patrulhas. Existem vários tipos de patrulha como reconhecimento, combate, incursão, emboscada, etc.

As principais táticas de incursão foram desenvolvidas pelos Boers ainda no fim do século XIX e aperfeiçoadas pelos Commandos britânicos na Segunda Guerra Mundial. Enquanto as tropas convencionais usam concentração de força e poder de fogo os Commandos atacavam a noite, usam surpresa, velocidade, capacidade individual, trabalho em equipe, auto-suficiência, choque, imprevisibilidade, fintas, audácia e furtividade para obter sucesso. A surpresa, agressão e velocidade formam um tripé. Se um não for obtido atrapalha os outros e se um for bem feito ajuda os outros.

As ações de ação direta dependem basicamente da preparação de inteligência, habilidade de combate e coordenação. As forças não têm apoio das forças convencionais e compensam a inferioridade numérica com velocidade e táticas.

Domínio rápido é a tática de diminuir a capacidade do inimigo de compreender e reagir a um ataque, criando choque e espanto para deixar o inimigo impotente. Em uma estratégia mais ampla inclui atacar os centros de comando, negar informações, desinformação, usar força muito superior e ação rápida. As armas guiadas de precisão são um viabilizador desta estratégia.

Tudo inicia com coleta de informações sobre o inimigo e planejamento meticuloso para explorar pontos fracos do inimigo. Usam muito despistamento e fintas para enganar e confundir o inimigo. Os Commandos britânicos não tinham apoio de armas pesadas para atacar um inimigo alerta e preparado como as forças convencionais. Estas táticas contrabalançavam a falta de poder. As táticas eram sempre ofensivas e não eram preparados para defensiva. O que caracteriza os raids/incursões é agir rápido, atacar e

Page 108: tropas especiais

fugir. As FopEsp raramente tomam e mantém o terreno, mas exploram fraquezas ou agem como multiplicador de força para as forças convencionais. Conquistar e manter o terreno são trabalhos para as forças convencionais.

Enquanto as tropa convencionais tomam um objetivo após um engajamento direto, as FOpEsp não pretendem aniquilar o inimigo. As FOpEsp atuam de modo oculto ou de baixa visibilidade por motivos políticos. Os combates diretos e sustentados, geralmente de larga escala, para atingir ou proteger interesses nacionais das tropas convencionais não podem ser encobertos.

Planejamento

As operações especiais são extensamente planejadas, com a equipe estudando dados do terreno, mapas, meteorologia, forças inimigas, tropas amigas na região, forças de apoio, dados do objetivo, fotos da área de operação, reconhecimento da zona de pouso e escolha dos equipamentos. O planejamento pode durar dias e até semanas e inclui treinamento. O planejamento detalhado com ensaio e treinamento costuma durar pelo menos cinco dias, mas pode ser feito em bem menos tempo em emergências. As missões têm quatro elementos em comum: comando e controle tático e estratégico, planejamento missão, execução e debrifing.

Conhecer o terreno é importante com uso de mapas e fotos pois geralmente operam em terreno desconhecidos. O operador deve conhecer o local perfeitamente para saber onde está e tirar vantagem tática. O conhecimento do terreno sempre ajudou forças inferiores, como guerrilheiros, a superar forças superiores e mais bem treinadas.

As tropas têm que coordenar o comando e controle com outras forças para transporte, ressuprimento e apoio de fogo. Dados de inteligência da força inimiga estão relacionados com a disposição, defesa e terreno. O planejamento de missão procurando vulnerabilidades e tem que pensar como o inimigo para estar um passo adiante.

A infiltração e exfiltração são extensamente planejadas pensando-se no melhor método, métodos alternativos e de emergência e planos de contingência para evasão e escape. As zonas de pouso ou infiltração devem ter fotos recentes para estudo de situação. São considerados ressuprimento de emergência, extração de emergência e perda de comunicações. Outras áreas a considerar são a qualidade tropas inimigas, poder aéreo inimigo e meios de vigilância inimigo. Em algumas missões é necessário saber a possibilidade de apoio da população no local.

Em operações de Ação Direta as tropas podem ser protegidas por outras tropas que fazem a segurança de flancos, retaguarda. Sempre se considera apoio externo como artilharia, apoio aéreo aproximado e

Page 109: tropas especiais

força de reação rápida para reforço.

Um bom exemplo está no filme Black Hawk Down onde os Rangers cercam o mercado de Barkara onde os Deltas estavam capturando reféns e não precisavam se preocupar com inimigos vindo de fora. A missão mostrou erros como operar de dia e sem força de reação apropriada. O apoio aéreo noturno dado pelos AH-6 e MH-6 não foi mostrado. A unidade anti-terror isralense Sayeret Mat'kal, com função semelhante aos Deltas, também são apoiadas por outras unidades nas missões.

A primeira ação dos Commandos britânicos na ilha de Guernsay foi um fiasco por falta de planejamento, reconhecimento e treinamento adequado. As embarcações eram inadequadas e nem encontraram inimigos na ilha. A operação foi montada as pressas para mostrar ação. O ataque a Vaagso foi muito mais bem preparado com apoio de fogo naval, apoio aéreo, patrulha de combate aéreo e planejamento meticuloso e treinamento intensivo. Foi feito um ataque diversionario na ilha de Lofoten e bloqueio de estrada para impedir reforços. Havia força de reserva para caso de necessidade. Cada comando sabia sua missão, local e alternativas. A operação mostrou a necessidade de treino em operações urbanas. Uma das lições da operação dos Rangers em Dieppe foi que os dados de inteligência e reconhecimento atualizado são muito importantes.

Durante a invasão de Granada, os Deltas tinha a missão de liberar prisioneiros na prisão de Richmond. Não sabiam quem liberar e nem de que lado estavam os guardas. O plano inicial era pousar dois helicópteros do lado da prisão com os Rangers para apoiar dois helicópteros com Deltas que fariam fast-rope dentro da prisão. Não consideraram que prisão ficava 50 metros abaixo verticalmente do quartel de Frederick onde havia um compania de infantaria. Foram informados que só havia dois canhões antiaéreos de 40 mm ilha e na verdade eram seis de 40mm e dois quádruplos de 12,7mm no aeroporto e mais dois de 40mm e dois de 12,7mm na prisão. Não havia local para pousar próximo para pegar a artilharia antiaérea. Também não teriam apoio de AC-130. Os MH-60 atiraram de volta com suas metralharas mas foram ineficazes. A missão seria a noite e com atraso o dia amanheceu, sem surpresa, e sofreram baixas pesadas quando os helicópteros. Tentaram novamente após se reagrupar e o fogo da artilharia antiaérea ficou ainda mais efetivo derrubando um helicóptero e a missão foi cancelada.

As Forças Especiais americanas na Europa imitavam forças especiais soviéticas Spetsnaz tentando penetrar nas bases americanas e quase sempre conseguiam. No planejamento de uma invasão de uma instalação militar as FE criavam sites de apoio, cachês de armas, postos de observação, selecionavam rotas de infiltração e movimentação. Os sniper ficaram no site de apoio observando e dando alerta. Um destacamento "A" podia ser ajudado por tropas dos

Page 110: tropas especiais

Rangers. Simularam pessoal da Policia do Exército e seus veículos. Faziam reconhecimento aproximado na guarita para saber a senha e contra senha. Podiam simular sabotagem de instalações e assassinato de pessoal ou apenas tirar fotografias. Os danos deste tipo de missão podia durar até um dia até serem reparados. As FE conseguiram foi muita antipatia com este tipo de ação pois mostraram que podiam atacar qualquer alvo sem dificuldade e até instalações de armas nucleares. A subunidade Red Cell do Seal Team 6 dos Navy Seals realizou missões equivalentes para testar a capacidade anti-terror da US Navy através de infiltração das bases altamente seguras, sub nucelar, navios e até o Força Aérea Um. Uma conseqüência, junto com ações similares do SAS/SBS, é que os Spetsnaz ficaram com fama de serem muito capazes.

Na incursão contra a prisão de Son Tay em novembro 1971 para resgatar prisioneiros americanos no Vietnã. As tropas ensaiaram por seis meses além de preparar para a ação. A prisão ficava a 40km de Hanói e as tropas seriam infiltradas e exfiltradas de helicópteros HH-53 a partir da Tailândia. Seria feito um ataque aéreo diversionário durante a ação e para fornecer apoio aéreo se necessário. A equipe assalto de 120 homens das Forças Especiais deveria ficar no solo por apenas 30 minutos. Na ação uma equipe pouso em uma instalação a 400 metros do local mas matou cerca de 100 tropas que poderiam depois ser usada como força de reação. No acampamento certo mataram cerca de 50 tropas mas não acharam prisioneiros. Souberam depois que prisioneiros foram retirados três meses antes devido a ameaça de inundação. A ação durou 27 minutos e foi realizada durante a noite. Durante a ação os americanos não tiveram nenhum ferido. Um helicóptero fez um pouso forçado direto no campo propositalmente. Foi uma idéia das Forças Especiais para acelerar a ação e demonstra o espírito de inovação. A aeronave foi destruída depois. Mesmo com falha mostrou a capacidade das Forças Especiais.

Durante o resgate dos reféns americanos no Irã, na operação Eagle Claw, foram seis meses de treino e preparação, mas os ensaios foram realizados separadamente pelas equipes da US Navy, US Army e USAF e nunca todos juntos. Como o alvo estava a mais de 1000km distante da praia os helicópteros voariam primeiro para um local a 350 milhas de Teerã para reabastecer. As tropas seriam deslocadas depois até uma base a 80km de Teerã. Passariam um dia lá e seriam inseridos por terra. Os helicópteros voariam depois até a embaixada e levariam as 120 tropas de assalto e reféns até o aeroporto de Manzariyeh de onde seriam exfiltrados por aeronaves C-141. Este aeroporto seria tomado pelos Rangers em um assalto aéreo a partir dos C-130. Três AC-130 dariam apoio aéreo sendo que um ficaria circulando uma base próxima a Teerã para manter os F-4 no chão. Durante a operação real, logo na primeira parada, três dois oito helicópteros tiveram problemas. Com cinco helicópteros a missão não poderia ser cumprida. Na preparação da volta um Rh-53 bateu em um MC-130 e pegou fogo. Os dados de inteligência mostraram ser ruins

Page 111: tropas especiais

com os reféns depois citando que não estavam onde os americanos achavam que deveriam estar. Uma conseqüência do fracasso da missão foi a criação da Comando de Operações Especiais e do esquadrão 160 SOAR para apoiar as FOpEsp.

Outra conseqüência do resgate fracassado no Irã foi a criação do Comando de Operações Especiais (SOCOM) tendo controle de todas as FOpEsp americanas. Assim passaram a atuar em conjunto. Antes isto ocorria raramente. Por exemplo, durante a invasão de Granada o USMC planejou só usar seus Fuzileiros para tomar a ilha enquanto o US Army planejou só usar seus Rangers e as Forças Especiais. Depois a ilha foi dividida ao meio entra as duas forças. No caso do US Army o correto seria usar sas FOpEsp para apoiar a invasão e não atuar sozinhos. Antes só havia competição entre as FOpEsp americanas pela mesma missão. Com a guerra contra o terror agora falta até tropas para cumprir todas as missões.

Despistamento

As táticas de despistamento sempre se fazem presente nas operações militares e as operações especiais não são exceção. As operações e táticas de despistamento são usadas para negar ao inimigo dados para inserção ou despistar local ou intenção. Podem ser feitas com infiltração falsas e operações de coberturas como ataques aéreos, ataque terrestres, assalto aéreo e rotas múltiplas ou meios múltiplos inserção, guerra eletrônica e transmissões falsas. Todas estas técnicas ajudam no plano de despistamento. Na inserção podem ser usados meios inesperados de inserção, ou horário, lugar e rotas. Fogo diversionário pode ser usado para distrair a atenção. O lançamento das tropas pode ser múltiplos, anfíbio ou ambos com a dispersão das plataformas em tempo e local. O desembarque pode ser próximo de alvo potencial ao invés do alvo real para deslocar tropas para o alvo falso. Podem ser liberadas informações falsas ou aumentar os vôos de reconhecimento em áreas falsas.

As vezes uma operação especial é feita exatamente para despistar. Os Commandos britânicos usados para reconhecimento em Pass de Calais deixavam dicas que a invasão seria lá e não na Normandia.

Na incursão contra Diepp os Commandos usaram um contratorpedeiro modificado para parecer alemão com códigos e bandeiras capturadas e realizaram um raid de bombardeiro em um local próximo para despistar. Além do contratorpedeiro os Commandos invadiriam o local com 16 lanchas de madeira e duas torpedeiras. O ataque diversionário funcionou e passaram pelas baterias costeira sem serem atacados, mas ao se aproximarem as defesas estavam mais ativas que o esperado. Os códigos ainda atrasaram um pouco o contra-ataque até seis minutos antes de atingir o objetivo que era abalroar um dique que seria destruído

Page 112: tropas especiais

depois por explosivos no navio. As lanchas de madeira sofreram baixas pesadas e o objetivos dos Commandos não foi cumprido. Os Commandos no contratorpedeiro eram poucos contra as fortes defesas alemães e duraram pouco tempo até se renderem.

Na operação Yonatan em 1976, ou o resgate de reféns israelenses no aeroporto de Entebe, quatro C-130 realizaram um pouso de assalto e desembarcaram dois Land Hover e um Mercedes para simular uma comitiva do presidente Id Amin Dada. As tropas israelenses usavam armas e roupas da OLP para despistar e conseguir surpresa.

Durante o desembarque britânico em San Carlos, durante a Guerra das Malvinas, as operações de despistamento incluía um bombardeio naval em Bluff Cove e Fritzoy, além de um raid do esquadrão D do SAS e algumas tropas do SBS em Darwin e Goose Green com cerca de 60 tropas. As tropas estavam muito bem armadas para dar a impressão de um batalhão, mas tinham que evitar contato direto. As armas levadas incluíam mísseis Milan e Stinger, lança-granadas, lança-rojões de 66mm e 84mm, morteiros e metralhadoras MAG. Foram infiltrados de helicópteros a 30km do alvo e tiveram que andar o resto por 20 horas. Faziam várias paradas para descansar devido ao peso insuportável. Durante o ataque, obviamente noturno, as tropas mudavam de posição freqüentemente para dar a impressão de uma força maior. Retiraram-se pela manhã com o desembarque completo. Os próprios informes de um pelotão em San Carlos e aeronaves Pucara e Macchi de reconhecimento foram julgados como sendo um assalto de despistamento para levar tropas para longe. A única resposta foi de aeronaves de ataque.

Na noite de 14 de junho 60 tropas do esquadrão D e G do SBS e seis do SAS realizaram um raid de despistamento na atacar a retaguarda Argentina enquanto o 2 Para atacava Wireless Ridge próximo a Port Stanley. Transportados por botes Zodiac eles assaltariam o porto e colocariam fogo em tanques de combustível enquanto fariam fogo supressivo. Os argentinos reagiram com fogo intenso antes de chegarem e rechaçaram o ataque.

Na operação magistral no Afeganistão, os russos lançaram 20 pára-quedistas falsos e ficaram sabendo das posições inimigas que atiraram nos alvos para serem atacadas depois pela aviação.

Na Guerra do Golfo em 1991, equipes do Force Recon e Seals fizeram reconhecimento de praia para um possível desembarque no Kuwait. Na verdade o desembarque do USMC foi na Arábia Saudita mas tinham que enganar os iraquianos para deslocar divisões para o Kuwait e deixar o flanco esquerdo mais fraco. Foram realizados 20 missões de rec de praia antes até achar um local adequado para um assalto diversionário no dia do início das operações terrestres. O reconhecimento mostrou que as praias estavam bem defendidas o que desencorajou um desembarque real. As missões deixavam pistas

Page 113: tropas especiais

que tropas estiveram ali para convencer que era a intenção de desembarque era séria. As infil eram realizadas de helicóptero ou barcos patrulha. Foi feito um contato com disparos em uma ocasião sem perdas. O alvo escolhido foi a praia de Mina Su'ud.

A operação de despistamento foi realizada pela Força Tarefa Mike com 15 operadores dos Seals tentando imitar as ações de uma Divisão de Fuzileiros. A equipe foi transportada de uma lancha rápida até 10km da costa e depois passou para três botes de borracha (RIB) remando até 500 metros da praia na noite do dia 24. Cada RIB tinha cinco operadores dos Seals sendo um rádio operador, um com uma metralhadora M-60, um engenheiro para repara o motor se necessário e dois mergulhadores com. Os mergulhadores levavam 20kg de cargas explosivas para detonar a 1 hora da madrugada (3 horas antes da invasão) e foram instaladas na arrebentação da praia. Depois colocaram bóias sinalizadoras para serem vistas de dia como marcação da área de desembarque. Quando voltara para as lanchas foi iniciada a segunda parte da missão quando passaram a atirar na praia com metralhadores 12,7mm e lança-granadas automáticos MK-19 por cinco minutos varrendo toda a praia, além de atirar cargas explosivas na água com mecanismo de tempo. Esta operação fez parece que a praia foi preparada para um desembarque. A operação não só manteve os iraquianos no local como desviaram mais duas divisões para o local. Nesta operação de inteligência incluiu o "vazamento" de informações para a imprensa do desembarque na costa do Kuwait incluindo imagens do treino de desembarque na Arábia Saudita.

As operações de despistamento fazem parte das operações de Guerra Psicológica (PSYOPS). No Golfo as equipes de psyops transmitiam a partir de estações de radio em terra e no radio e lançavam panfletos para tropas em campo tentando passar a idéia que o inimigo era Saddam e não o povo iraquiano. Os aliados lançaram 19 milhões de panfletos. Dos mais de 86 mil prisioneiros, 98% viram os panfletos, 80% se diz influenciado e em 70% dos casos influenciou a desistir. As transmissões de rádio atingiu 58% dos prisioneiros sendo que 46% foi persuadido a se render. Os números podem ser considerados suspeitos pois queriam agradar os captores.

Os iraquianos também transmitiam para as tropas americanas que gostavam de ouvir pois achavam muito engraçado. O objetivo de Saddam com sua psyops era romper a coalizão árabe. O contra ataque foi mostrar a brutalidade do ditador e que invadiu um país islâmico.

A função da psyops também era de informar, além de persuadir. Outra forma era enganar com barulho gravado de blindados e emitidos na fronteira. Os iraquianos atirava, a noite, e revelavam sua posição. Foram cerca de 100 veículos com alto-falantes para estas missões e também chamavam os iraquianos para se renderem.

Page 114: tropas especiais

Quando a psyops é contra a população é chamada de ações cívico sociais (ACISO) através de serviços de saúde, infraestrutura, água potável, alimentos etc. Contra o inimigo é chamada de guerra psicológica.

Uma das principais táticas das FOpEsp é atacar a noite. Os Rangers da Segunda Guerra Mundial já tinham percebido que era melhor não responder ao fogo a noite se atacados para não dar a posição. O inimigo geralmente não vê onde está atirando e tende a atirar mais para o alto. Isto foi aprendido com a experiência e podiam chegar a até 100m do inimigo. Os Commandos britânicos até usavam tênis com sola macia para não fazer barulho a noite o que acontecia muito com o coturno. A noite faz a efetividade das armas cair para o nível do século XIX. Surpresa implica só atacar se atacado e primeiro se aproximam ao máximo. Itens de metal que fazem barulho podem ser cobertos com panos ou prendidos firmemente.

A unidade de elite pára-quedista 202 de Israel, ao invés de usar táticas de fogo e movimento, testou táticas de atacar a noite, se aproximando sem disparar ao invés de fogo de apoio pesado. Disparam apenas ao chegar bem perto. Com os óculos de visão noturna as tropas passaram a ter alguma vantagem, mas agora estes meios são fáceis de encontrar e já não é tanto uma vantagem. Mas de dia é sempre muito perigoso.

A camuflagem é sempre considerada. O uniforme pode ser igual ao inimigo, mas se tem tropa amiga próximo tem que ser igual para evitar fogo "amigo". Uma técnica para evitar detecção é andar para trás pisando com o tornozelo no chão primeiro. Outra opção é tirar a parte dura da bota para ficar lisa e se passar por morador local.

A surpresa é outra tática sempre considerada nas operações especiais. Na invasão do Panamá em 1989 os Seals foram encarregados de evitar que o General Noriega fugisse de avião do país. O objetivo era danificar seu jato Learjet que ficava no aeroporto de Patilla. Noriega podia chegar ao local em 20 minutos e por isso a ação tinha que ser rápida.

A missão seria realizada por 67 Seals divididos em três pelotões de 16 e uma seção de morteiro. O pelotão Golf manobraria para desabilitar a aeronave, o Bravo neutralizaria as forças locais e faria bloqueio da pista enquanto o Delta faria segurança do perímetro e dos outros pelotões. Entre as tropas estava um sniper para atingir os pneus das aeronaves no local. Os Seals tentariam bloquear a pista com as aeronaves já localizadas no aeroporto. Era esperado apenas resistência leve, mas não sabiam o numero exato de tropas locais. Os Seals queriam ter uma vantagem de 3 versus 1 para conseguir superioridade de fogo fácil. Era esperado cerca de 10-15 inimigos e mal treinados. As regras de engajamento exigiam que só atirassem se atacados primeiro. O objetivo era evitar danos a propriedade, tendo

Page 115: tropas especiais

que desabilitar a aeronave sem destrui-la. As ordens vieram de cima e os Seals não puderam mudar. Isto impediu usar a tática de reconhecimento pelo fogo, sendo que o normal é atirar primeiro e perguntar depois.

O Seals avançaram em 15 botes Zodiac pela costa e desembarcariam na praia próxima ao aeroporto no fim da pista. Tinham uma seção de morteiro que ficou no local de desembarque. A missão foi sincronizado com outras operações da invasão. Os Seals foram detectados no desembarque e as tropas chamaram reforço na forma de tropas mais bem treinadas. O efeito surpresa começou a ser perdido dias antes quando os operadores de radar de trafego aéreo do Panamá notaram um aumento das atividade aéreas dias antes da invasão e deram o alerta. Sabiam que eram cargueiros que aumentaram em número e eram mais pesados.

Era esperado apoio aéreo na forma de um AC-130 mas o rádio de comunicação terra-ar deu pane. Houve atrasos e a missão passou a ser desabilitar as aeronaves. Os Seals logo receberam um aviso que Noriega entrou dentro de um helicóptero e podia estar a caminho do aeroporto. Os Seals tiveram que atacar mais rápido e sem apoio externo. Ao mesmo tempo chegaram tropa de reforço e o elemento surpresa mudou de lado. Os Seals avançavam na grama e na pista sem proteção. Tudo parecia calmo e o aeroporto estava muito bem iluminado. Os pelotões estavam separados e o inimigo bem posicionado. Os panamenhos pediram para o pelotão Delta se render e iniciaram o tiroteio. Os pelotões Golf e Bravo logo correram para ajudar. O AC-130 via tudo de cima sem poder ajudar.

Os Seals sem proteção começaram a sofrer baixas, mas atiravam mais e melhor apesar da proteção de concreto disponível para os panamenhos. Em três minutos já eram oito baixas. Com a chegada dos outros pelotões aumentaram ainda mais o poder de fogo. Atacaram com o LAW e granadas M-203 já sem preocupar com danos colaterais. A resistência acabou na hora com os panamenhos feridos ou mortos. Poucos sobreviveram e se renderam. A batalha durou menos de 15 minutos com quatro mortos e 9 feridos graves para os Seals. A evacuação médica demorou devido a grandes baixas durante a invasora. A missão foi criticada pois podiam ter deixado apenas uma equipe de vigilância a longa distância com sniper para danificar a aeronave se necessário, ou podia ser uma forma maior e mais bem armada. Os raids em área urbana precisa de surpresa, choque e velocidade, além de apoio externo se comprometido.

Na invasão do Panamá houve outro exemplo de missão rápida quando seis tropas da Delta Force tinham a missão de invadir a prisão Modelo para resgatar o agente da CIA Kurt Muse. Muse era responsável por uma rádio que transmitia propaganta anti Noriega. As tropas foram infiltradas em um MH-6 com apoio de um AC-130 e de um AH-6 armado para dar apoio contra a metralhadora 12,7mm de

Page 116: tropas especiais

um batalhão próximo. O MH-6 pousou no teto e em seis minutos fizeram o resgate e fugiram. Logo o MH-6 teve que pousar próximo da prisão atingir uma linha de alta tensão. Tentou decolar e caiu logo depois ao ser atingido. Os Rangers de uma força de reação rápida equipada com blindados LAV foram chamados para o resgate. O local estava sendo vigiado por snipers das FE americanas.

Apoio Externo

As FOpEsp não são preparadas para sustentar ação como as forças convencionais. Não atuam em grande número e nem ficam próximas da retaguarda para retroceder, se rearmar e reabastecer. A ação tem que ser rápidas. Invadem, agem e fogem. Mas como podem ser pegas por ameaças inesperadas elas sempre contam com algum tipo de apoio externo para superar forças inimigas mais fortes. Este apoio vem principalmente na forma de apoio aéreo aproximado, artilharia ou com força de reação rápida. As forças convencionais sempre souberam que a artilharia permite que uma força menor é capaz de superar uma força muito superior.

No dia 14 maio de 1982 os britânicos fizeram uma incursão contra o aeroporto da ilha Pebble nas Malvinas onde havia um radar e várias aeronaves que podiam ameaçar o desembarque em San Carlos. No dia 11 maio, 8 tropas do Esquadrão D do SAS foram desembarcados na Malvinas oriental. Depois atravessaram o canal de São Carlos de canoa até a Malvinas ocidental onde fizeram um posto de observação para coletar informação da guarnição de cerca de 10 argentinos. Na noite do dia 14 para 15 mais 45 tropas do Esquadrão D do SAS e alguns do SBS junto com um observador avançado desembarcaram de dois helicópteros Sea King a partir do HMS Hermes e caminharam por meia hora até o alvo. Foram divididos em tropas de assalto e cobertura. O ataque foi iniciado pelo apoio de fogo naval com os canhões de 114,5mm do HMS Glamorgan com disparos a cada dois segundos para manter os argentinos de cabeça baixa. Sem resistência os operadores do SAS plantaram cargas explosivas nas aeronaves e depósitos de munição. Também foram usados lança-granadas M-203, LAW, morteiro de 81mm e armas leves para supressão. Enquanto isso a tropa de assalto colocaram cargas nas cabines das aeronaves destruindo seis Pucara, um Skyvan, cinco aeronaves leves, alem do radar e deposito de munição. Se retiravam enquanto as cargas explodiam e foi quando os argentinos abriram fogos. Foram cerca de 40 baixas argentinas e dois feridos no

Page 117: tropas especiais

SAS.

Na invasão de Granada em 1983 uma equipe dos Seal Team 6 foi ordenada a realizar uma incursão para tomar a Rádio RFG para que não transmitisse informações para as tropas inimigas e para que fosse usada depois pelas Forças Especiais para transmitir informações amigas. Os Seals não sabiam a composição da força inimiga, nem se haveria força de reação e nem se tinha artilharia antiaérea por perto. Fizeram a inserção de helicóptero MH-60 quase ao nascer do sol. Só encontraram cinco guardas e a rádio foi facilmente tomada. Depois fizeram bloqueio na estrada e dois veículos foram atacados com os fugitivos avisando as forças inimigas. Logo um BTR-60 com tropas e morteiro contra atacou. O morteiro foi posicionado próximo enquanto as tropas avançavam. Os Seals não tinham armas como o AT-4 ou apoio de AC-130 para contra-atacar. Agüentaram o ataque por uma hora com quatro baixas. Destruíram tudo na estação e fugiram nadando até um navio próximo a costa. A rádio RFG tinha uma estação móvel que não foi detectada nem destruída. A lição desta missão é levar arma de apoio como fuzil de sniper calibre 12,7mm, armas como o AT-4 ou Stinger, ou apoio externo na forma de artilharia ou aviação, além de não atuar de dia.

Também em Granada uma equipe do Seal Team 6 receberam a missão de entrar na mansão do ex-governador e resgata-lo, permanecendo no local até a chegada de tropas amigas. Uma tropa de 22 Seals foram inseridas a partir de dois Blackhawk, a principio a noite mas com o atraso foi de dia. Estavam próximo de uma peça de artilharia antiaérea e um helicóptero foi atingido tendo que voltar para base com piloto ferido e ainda com quatro Seals dentro. Logo chegaram tropas locais tentando invadir o local. A posição era boa para defesa ficando em cima de pequena colina com ótimos campos de tiro. Como perderam o rádio de longo alcance logo na infiltração tiveram que usar o telefone para chamar apoio. Os Seals chamaram ajuda de helicópteros AH-1 que teve que fazer um pouso forçado em campo de futebol próximo ao ser atingido. Um CH-46 chamado para resgatar o piloto também foi atingido assim como um segundo AH-1 também foi atingido. Depois chamaram um AC-130 que despachou um BTR pois os Seals estavam sem arma pesadas como o LAW. Caças A-7 fizeram cobertura depois da partida do AC-130. Os Seals tiveram que agüentar por cerca de 24 horas até a chegada de uma compania de fuzileiros. Só o sniper matou 21 inimigos. Os Seals não estavam preparados para sustentar luta e foram mal usados por lutar de dia. Uma lição foi levar sempre armas pesadas como LAW, AT-4, Barret M-82 ou Stinger. O AC-130 é outra arma de apoio valiosa. Só na invasão do Panamá eram nove disponíveis para apoiar as forças no local.

Na Somália em 1993 os Rangers operavam a partir de um hangar aberto no aeroporto da cidade de Mogadício facilmente visto da cidade. Isto fazia perder surpresa fácil nas operações. A reação foi lançar vôos diários para acostumar a rede de alerta ficando difícil

Page 118: tropas especiais

distinguir quais eram as missões reais. Também passaram a alternar infiltração por terra e pelo ar. Na famosa missão do filma “Black Hawk Down” o resgate foi de dia e o planejamento durou menos de uma hora. Resultou em um combate não esperado de 18 horas com muitas baixas. A infiltração dos helicópteros dos Deltas para seqüestrar Aidid e seus seguidores foi junto com os Rangers para criar um cordão de isolamento para evitar a saída e entrada do local. A exfiltração seria por terra em nove Humvee e três caminhões. A missão foi observada por três helicópteros e um P-3 Orion para vigilância. Enviavam vídeo em tempo real para o Posto de Comando na base. A missão foi próximo do mercado de Bakara onde era a concentração de força de Aidid. Era evitado pela ONU por ser um local perigoso. Logo quando os helicópteros decolaram os somalis começaram a queimar pneus para avisar de ataques. Os somalis estavam preparados e sabiam como atingir os helicópteros com RPG. Dois foram derrubados e dois atingidos. A missão passou a ser resgatar os pilotos. O comboio terrestre passou a ser uma missão de resgate com as tropas presas a noite. Um helicóptero levou suprimentos e helicópteros AH-6 conseguiram manter os somalis longe. Os americanos consideram que foi o apoio aéreo que evitou que os somalis tomassem as posições americanas.

Durante a Operação Anaconda no Afeganistão em 2002, uma operação tipo "martelo e bigorna" para canalizar o Talibã contra uma armadilha, FOpEsp e convencionais só não sofreram grandes perdas devido ao apoio externo. Metade dos Apaches usados na operação foram danificados.

A nova força de apoio das FOpEsp são as aeronaves não tripuladas. Em fevereiro 2002 um Predator detectou um dos líderes do Talibã entrando em um veiculo. Equipes dos Seals e comandos dinamarqueses foram enviados em um MH-53M com AH-64 de escolta. Em uma hora capturaram o líder. A USAF agora tem um esquadrão (6o Special Operation Squadron) na Flórida equipados com dois esquadrões de UAV Predator só para auxiliar as FOpEsp.

Page 119: tropas especiais

Em 2006, foram mostradas na TV uma incursão de FOpEsp israelense contra um hospital no norte do Líbano toda filmada por UAVs. O local era suspeito de ser base terrorista mas estava abandonado. As tropas puderam avançar com o UAV funcionando como batedor dando uma visão da situação a frente do avanço. A incursão durou 20 minutos com as tropas infiltrando e exfiltrando de helicópteros CH-53. Na foto acima mostra as imagens onde os comandos israelenses são marcados em pelos circulos vermelhos.

Em guerra urbana, como na invasão do Panamá, só é usada arma de fogo direto devido ao terreno urbano e proteção da população. Armas potentes como o AC-130, mísseis Hellfire e artilharia só é usada para destruir prédios se necessário. Não é usada arma de área como morteiros e artilharia.

Page 120: tropas especiais

Tropas das FE americanas se escondem enquanto uma bomba guiada JDAM atinge um alvo próximo.

As tropas de resgate como estes Para Rescue Jumpers, ou PJ, são FOpEsp cuja missão é fazer evacuação médica (EVAM) rápido. Quanto mais rápido for a evacuação médica maiores as chances de salvar a vida de uma tropa ferida. Israel considera suas forças de resgate médicas como Tropas de Elite. Reagem rápido com helicópteros e são treinados em sobrevivência e armas.

Page 121: tropas especiais

O TCU é uma forma de lançar suprimentos para tropas em terra a partir de aeronaves de caça. Um pára-quedas é usado para diminuir a aceleração e levar a carga até o chão. O ressuprimento é uma forma de apoio que as aeronaves dão para as forças em terra.

Patrulha de Emboscada

As emboscada eram as principais táticas das Forças Especiais americanas no Vietnã. Os alvos eram trilhas suspeitas de serem usados pelos Vietcongs. A primeira regra é que o sucesso depende de poder de fogo. Na selva, além de pouca visibilidade, o som é abafado, e o próprio som da tropa pode abafar sons do inimigo se movendo. Os contatos são curtos e a menos de 30 metros e freqüentes a 10 metros. A reação rápida é importante, não só para sobrevivência, mas para dominar a luta com fogo e movimento. A vitória geralmente vai para quem tem metralhadoras e granadas em quantidade e bem posicionadas além de flanquear o inimigo.

Se flanqueado em uma emboscada a reação é retirar-se com elementos cobrindo um ao outro. A maioria das perdas ocorre nos primeiros minutos. As emboscadas duram cerca de 15 minutos e o apoio externo dura cerca de 5-20 minutos para chegar. Os Vietcongs tendem a se aproximar das tropas americanas para evitar que chamem apoio pois pode cair nas próprias tropas. Se o Vietcong não consegue sucesso rápido em uma emboscada eles fugiam, mas podiam ser cercados por tropas enviadas de helicópteros.

Uma técnica desenvolvido pelos americanos no fim do conflito do Vietnã se chama "quick kill". O soldado tinha que tirar o fuzil da bandoleira, virar, cair no chão, encontrar o alvo e disparar em dois segundos. Para fugir foram desenvolvidos os "Immediate Action

Page 122: tropas especiais

Drills". O SAS na Malásia que iniciou as técnicas de reagir rápido a contato com inimigo a frente, lado e atrás. A experiência do SAS na Malásia levou a testar vários modelos de escopetas para combate aproximado na selva.

A arma preferida pelos americanos nas emboscadas eram as minas Claymore. Cada membro de uma patrulha levava uma mina. Eram acionadas por um fio de 30 metros. A arma cobre um arco de 60 graus com mais um raio de 16 metros ao redor. Sua explosão inicia a emboscada. Patrulhas em fuga podem deixar a mina com acionamento por tempo para assustar perseguidores. O explosivo C4 pode ser retirado para explodir casamatas ou explodir árvores para abrir clareiras para zonas de pouso de helicópteros. As minas Claymore também eram usadas para proteger os flanco e retaguarda de uma posição ou defesa noturna e em armadilhas. Várias minas juntas aumentam em muito o poder de uma patrulha e faz o inimigo pensar que é uma força muito grande.

No fim da guerra no Afeganistão a guerrilha local focou seus ataques contra os comboios russos. As táticas de emboscada incluíam a surpresa, escolha do local, posições fortificadas e ocultas, rota de retirada, minar rotas e atacar vários locais do comboio ao mesmo tempo. Os guerrilheiros atacavam primeiro o caminhão de comando que podia ser facilmente identificado por ter duas antenas e assim ficavam sem comando. Os russos nem mudavam a posição do caminhão de comando que era sempre o primeiro do comboio e nem colocavam o comando em blindados.

Já a defesa do comboio implica em treinamento prévio contra todas as ameaças possíveis, dispor de cobertura aérea rápida, disponibilizar força de reação rápida, artilharia de apoio, usar comboio de iscas e reconhecimento de rota para checar pontos quentes prováveis como minas em pontes. As posições prováveis de emboscada devem ser checadas a pé. Helicópteros podem ser usados para reconhecer posições mais altas. O planejamento de missão dura dias, mais alguns dias para treinamento prévio.

O pelotão de reconhecimento atua cerca de 10km a frente e o comboio viaja a cerca de 35-40kmh. Blindados são colocados entre os caminhões. Em caso de emboscada os caminhões saem rápido da "kill zone" e os blindados atacam. Se o terreno permitir avançam contra o inimigo. As posições de emboscadas eram melhor tomados do lado ou por trás. Se pego em emboscada era melhor reagir atacando posição ao invés de permanecer na zona de tiro ou passivo. Os blindados ZSU-23-4 Shilka mostraram ser muito bom em reação contra emboscada e para atacar alvos em terra devido ao grande poder de fogo e precisão.

A maioria dos comboios não tinha escolta de helicópteros de ataque e nem tomavam pontos altos na rota. Quando possível os blindados iam

Page 123: tropas especiais

de um ponto alto para outro, um cobrindo o avanço do outro. Na defensiva tem que tentar usar as posições altas e para blindados não era sempre possível. Então tinham que pelo menos guardar estes pontos altos.

As tropas russas também usavam a emboscada como o método preferido de reconhecimento. A emboscada pode ser usada em todos os tipos de combate e contra guerrilha é a principal tática por não ter linha de frente no caso de guerra não convencional.

As minas têm que ter controle de disparo para não serem detonadas por trafego não inimigo resultado na perda da surpresa se tiver inimigos próximos. Os russos dividiam suas tropas em grupo de segurança, apoio e assalto. Os russos usavam zonas de pouso falsos para esconder ponto de inserção. Faziam emboscadas longas e corriam o risco de serem detectados por nativos e sofrer contra-emboscada.

As emboscada eram formadas pelos pelotões de reconhecimento, engenheiros para colocar minas, forças de armas pesadas como equipes de lança-granadas AGS-17 e outras tropas de infantaria. As tropas eram treinadas antes para todos os cenários esperados. As minas são instaladas em possíveis rotas de escape. Usavam postos de observação para alerta. Uma tática era deixar passar os batedores para pegar o corpo principal. Cerca de 90% das emboscadas falham pois eram detectadas na infiltração, usavam muito o rádio o que denunciava e os rastros da equipe era muito grande pois o alto comando proibia que as tropas atuassem em um número menor que um pelotão de 25, como os grupos de combate (GC), pois os sargentos não eram profissionais e era obrigatório a presença de um oficial. Os blindados eram usados em embocadas para apoio de fogo, cortar a retirada inimiga e exfiltração rápida. Os blindados podiam ser usados para retirada falsa com metade da tropa ficando na posição.

Quando os guerrilheiros começaram a usar grandes comboios os russos reagiram usando emboscadas grandes com companias e apoio de artilharia e podiam cobrir mais rotas simultaneamente. Se percebessem que tinham superioridade os guerrilheiros flanqueavam a emboscada.

As tropas aerotransportadas mostraram ser mais eficientes para cercar ou emboscar, alem de apoiar as forças mecanizadas. Eram usadas para isolar e destruir bases guerrilheiras, fechar rotas de retirada, mas logo aprenderam a não atuavam fora do alcance da própria artilharia.

Em 2001 foram os americanos que passaram a fazer emboscadas no Afeganistão. Uma equipe do Force Recon (1o Force) foi usada para fazer reconhecimento de zona no Afeganistão. Plantaram dois sensores sísmicos no local mas a areia atrapalhou seu

Page 124: tropas especiais

funcionamento. Outra missão foi fazer emboscada na Rodovia 1 atrás de membros do Al Qaeda e Taleba que fugiam. A missão era mais de interdição do que emboscada pois as regras de engajamento forçavam a só atirar se atacados para evitar baixas civis. Foi usado um elemento de reconhecimento, um de assalto e ouro blindado com equipe anti-carro. Surpreendentemente não sabiam que havia uma equipe de Sniper próximo e não ouve coordenação. O terreno era muito aberto e ruim para emboscada. Tiveram que chamar apoio aéreo contra veículos que fugiram. Já os Deltas que operaram no Afeganistão sofreram uma emboscada logo no inicio das operações com 12 baixa por RPG e metralhadoras.

TÁTICAS DE ARMAS

As principais armas das FOpEsp são seus equipamentos, táticas e treino para sobreviver. De qualquer forma uma boa arma ajuda muito. As armas e equipamentos existente das FopEsp costumam ser os mesmos das forças convencionais. Podem ser modificados e raramente são únicos. O resultado é melhor é devido ao treinamento melhor e mais frequente.

Alguns equipamentos são especiais e testam novas armas e equipamentos de combate que depois podem ser usados pelas forças convencionais. As fábricas até fornecem de graça para testes. Um item de sucesso poderá ser adquirido depois em grande quantidade.

Melhor do que uma boa arma é o seu uso adequado. Por exemplo, uma equipe do SAS caçando Scuds no Iraque em 1991 (equipe Bravo 2 0) foi detectada e teve que fugir. Na fuga a equipe de oito homens se encontrou com uma coluna iraquianas do tamanho de uma compania que os estava caçando. Ao invés de fugir as tropas do SAS tomaram a iniciativa e atacaram os blindados leves com LAW e caminhões com a MINIMI, fuzil e lança-granadas M-203. Pegos de surpresa por fogo intenso e preciso os iraquianos não se deram conta que estavam em superioridade numérica e fugiram. A equipe do SAS não sofreu baixas. Poder de fogo muito intenso resulta em vitória rápida e até em poucas baixas nos dois lados.

Durante a Segunda Guerra Mundial as tropas gastaram cerca de 10 mil tiros por inimigo morto. A maioria dos disparos foi usada para supressão, tentando manter o inimigo de cabeça baixa enquanto a tropa manobra. As FOpEsp não têm 10 mil tiros para levar e por isto tem que saber usar adequadamente.

Durante a invasão do Iraque em 2003, tropas do SAS encontraram os filhos de Saddam em uma vila e estavam prontos para invadir a casa durante a noite quando seu comando americano pediu para esperar. Foram enviadas tropas convencionais e Deltas para realizar a missão. Os americanos dispararam 18 mísseis TOW, LAWs e até um míssil Stinger, além de milhares de tiros até destruir a casa. Os filhos de

Page 125: tropas especiais

Saddam foram encontrados mortos.

Fogo supressivo não é colocar uma grande quantidade de disparos na posição inimiga, mas sim tiros precisos e bem coordenados. Sem isso é falta de disciplina de tiro. Para as FOpEsp que atuando atrás das linhas inimigas a disciplina de tiro é crucial pois não tem muita opção de pegar munição na retaguarda e tem que levar suas próprias reservas de munição. Como exemplo, forças de reconhecimento como o MAC-SOG no Vietnã ou os Recces da África do sul levam 2-3 vezes mais munição que as forças comuns.

Os Recces sul africanos, durante a "Bushwar", levavam cerca de 7-12 carregadores de fuzil, mais um para a metralhadora ou lança-granada adicional com 20 tiros. Sempre levam granadas de mão e granadas de fumaça para sinalizar e explosivos. Sem apoio ou se for demorado levam ainda mais armas e munições e mais pesadas como duas metralhadoras.

O peso das mochilas dos Recces geralmente pesava entre 60kg a 80kg. Para operações longas com pequenas equipes o peso chegava até a 100kg. A mochila mais pesada chegou a 130kg. Os operadores realizam longos deslocamentos. Uma meta não oficial de deslocamento era o "Gunston 500". Este era atribuído aos operadores que realizaram missões atrás das linhas inimigas, caminhando 500km ou mais com kit completo. A maioria dos operadores completou um ou mais "Gunston 500" durante o conflito angolano.

As armas e equipamento da equipe Bravo 2 0 citada anteriormente consistia de fuzis M-16 com lança-granadas M-203 ou uma metralhadora Minimi. Cada soldado levava 10 carregadores de M-16, 12 granadas de 40mm, um LAW, quatro granadas de fumaça e ração para 14 dias. O equipamento coletivo consistia de quatro rádios com beacon de curto alcance, um rádio de longo alcance, baterias, minas Claymore, cargas de demolição e um container de água com 25 litros. O peso total era de cerca de 90 kg.

Na operação Kingpin, durante o resgate de Son Tay, as equipes de resgate estavam armadas com 7-10 carregadores para as CAR-15, 500-900 tiros para as M-60, 4 granadas cada, 25 granadas para as M-79 e todos estavam equipados com faca e pistola. Também tinham 11 cargas de demolição, machados, cortadores de cabos, moto-serras, escadas, dois rádios longo alcance, 10 de curto e um rádio de sobrevivência para cada membro.

O grande peso levado é mais um motivo para o preparo físico e a resistência terem um padrão alto. Como peso extra tem que levar o dobro da água e outros equipamentos que as forças convencionais não levam. As FE no Vietnã levavam muita água pois o inimigo patrulhava muito as fontes de água e podiam não ser potaveis.

Page 126: tropas especiais

Dois operadores seguram a posição enquanto a extração de emergência não chega. Pela munição no solo é possível perceber que estão cercados (LZ quente) e mostra que levam muita munição. Um membro ferido na perna sinaliza a posição para os pilotos enquanto outro dispara sua M-14 no modo automático e tem duas granadas M-67 próximas.

Um operador americano em patrulha no Afeganistão. Além da grande e pesada mochila é possível notar a indumentária árabe que ajuda a atrapalhar a identificação pelo inimigo, as roupas não padronizadas e o fuzil está equipado com silenciador. Atuando atrás das linhas os operadores não levam coletes blindados nem capacetes ao contrário das missões de curta duração e em treinamentos. As unidades de CQB sempre usam coletes blindados e capacetes. A atualmente estão usando com mais freqüência devido as novas blindagem mais leves e eficientes, principalmente em incursões rápidas e patrulhas motorizadas. As mochilas

Page 127: tropas especiais

modernas podem levar cerca de 50kg de carga e pode ser tirada em 1-2 segundos. A mochila pode ser dividida em partes menores para ser usada em patrulhas rápidas. Os cintos com suspensório estão sendo substituídos por coletes com múltiplos bolsos capazes de levar mais carga e melhor distribuídos. Os cantis normais estão sendo substituídos pelo cantil costal com maior capacidade água e mais fácil de usar.

As FOpEsp não têm armas especiais com projeto próprio, mas são capazes de usar qualquer arma, do inimigo inclusive. Tem suas favoritas ou podem escolher as mais apropriadas para a ocasião. As tropas contra-terrorismo (CT) gostam de submetralhadoras como a MP-5 alemã. O mecanismo de disparo a torna muito precisa a curta distancia, mas esquenta rápido. Nos combates a curta distancia das forças CT isto não é problema. Mergulhadores de combate usam armas que operam bem na água salgada como a AK-47, G-36 e Sig. Podem escolher qual pistola usar, mas podem levar uma com silenciador para certa tarefa. Armas padronizadas com a do Exército podem facilitar a logística e identificação.

O tipo de munição a ser levado também é importante. Tropas que operavam na selva da Malásia perceberam que as submetralhadoras calibre 9mm nem penetrava direito no corpo quando operadas na selva. Tropas do 2 Para equipados com submetralhadoras Stirling trocaram-na pelos FAL argentinos capturados no conflito das Malvinas. As submetralhadoras são usadas a curta distancia e com silenciador. São imprecisas acima de 50m e boas para selva e terreno urbano. Agora o Comando de Operações Especiais americano quer arma calibre mais potente como o calibre 7,62mm para suas tropas. O FAL atualizado deve foi escolhido para o programa SCAR para preencher este requerimento. Um estudou mostrou que no Vietnã os combates ocorriam entre 20 a 300 metros. No desertoo combate se inicia já a 500 metros e é necessário uma arma mais precisa e maior.

Os Force Recon que atuaram no Afeganistão perceberam que precisavam de uma mira de longo alcance para tiro a longa distância e reconhecimento e outra de curto alcance para ação direta. De preferência as duas deveriam estar disponíveis ao mesmo tempo. A mira comum é muito ruim comparada com as miras óticas atuais. Também usaram um sensor térmico M–2120 (SOPHIE) capaz de reconhecer um homem a 2,2km enquanto um óculos de visão noturna reconhece a 400-500 metros em boas condições.

As tropas de assalto na operação Kingpin, no resgate de Son Tay, receberam miras noturnas Armalite Singlepoint Night Sight. Isto permitiu atingir alvos a noite mais facilmente. Até os melhores atiradores da equipe acertavam no máximo 25% dos alvos com as miras comuns.

Um designador laser barato montado em fuzil custa cerca de US$ 400 enquanto um telemetro laser tipo binóculos custa cerca de US$ 6 mil. Um designador laser não sai por menos de US$ 200 mil e um óculos

Page 128: tropas especiais

de visão noturna de última geração sai por US$ 6 mil.

Em 2006 foram mostradas imagens de câmeras de imagem térmica de lançamento de foguetes do Hezbolla no Líbano. A camera estava em terra e as imagens podem ter sido usadas para plotar a posição das FOpEsp israelenses.

Outra arma importante das FOpEsp são os sistemas de comunicações. São usadas para coordenar as operações e chamar apoio externo. As FOpEsp tem opções de usar rádios por satélite (SATCOM) até rádios pessoais de curto alcance. Podem ter tecnologia de salto de freqüência para atrapalhar a interferência, ou ter um GPS embutido para enviar a posição automaticamente. Novos fones de ouvido permitem abafar sons altos como explosões que incomodam e aumentar sons do ambiente ao redor como passos. Os rádios UTEL podem ser usados debaixo d’água com linha de visada até 2km ou até 500m sem linha de visada. Se não for possível falar usam código Morse.

As LRSU usam vários rádios especiais para se comunicar e reportar a longa distancia. Os rádios das LRP são usados para chamar apoio aéreo, artilharia, evacuação médica e exfiltração. O TRC-7 é capaz de transmite 12-15 palavras por minuto em código Morse. O rádio AM AN/PRC-74B usa um criptografo AN/GRA-71 capaz de transmitir 300 palavras por minuto. Tem modo de voz de longo alcance se necessário. O PRC-70 DMDG mais moderno é mais fácil de usar com o operador digitando a mensagem e emite em segundos ao invés de minutos sendo mais difícil de localizar.

Basta 30 a 45 segundos de conversa em um rádio para ser interceptado e localizado. Os russos usam dois sistemas de localização de direção (DF) para localizar emissões de rádio com precisão. Estão sob comando direto da artilharia e não a um nível superior sendo mais eficientes para atacar os alvos detectados. As comunicações interceptadas podem ser usadas também para o inimigo imitar tropas e plantar ordens falsas criando confusão, além de interferir nas comunicações.

Page 129: tropas especiais

Um membro do Force Recon operando atrás das linhas do Vietnã do Norte como parte do MACV-SOG em incursões e reconhecimento da costa. Apenas as botas e a faca K-Bar são americanas. O resto é roupas padrão do Vietnã ou Vietcong. A roupa local faz parecer amigo a distância mas tem uma bandeira americana para segurança em caso de contato com forças amigas. As FOpEsp podem usar armas estrangeiras e inimigas para despistar, chamadas de armas "estéreis". Junto com o uso de roupas inimigas pode ser desastroso se contato com próprias tropas. Em uma emboscada uma arma igual ao do inimigo dificulta a identificação. Rastreadores e LRP são os principais usuários destas técnicas. O uso de armas incomuns tem o problema da dificuldade para conseguir munição. O inimigo e até amigo tende a atirar em som diferente. As FOpEsp no Vietnã usavam mochilas dos Vietcongues pois faziam ficar parecidos ao inimigo a distância e levava mais coisas.

As FOpEsp tendem a modificar armas, as vezes criando armas

Page 130: tropas especiais

bizarras, como submetralhadoras quádruplos, foguetes aéreos lançados de terra, canos mais curtos e armadilhas como fizeram os boinas verdes no Vietnã.

As armas podem ser cobertas com panos e trapos para camuflar e diminuir o barulho de impacto ou cobertas com fita para camuflar. Supressor de som dá uma certa capacidade furtiva, dificultando identificar a direção dos tiros, sendo usada contra sentinelas ou no inicio de operações de emboscadas. As patrulhas de reconhecimento podem usar armas com silenciador para diminuir o contato, matar macacos e continuar missão sem denunciar com armas barulhentas. A tecnologia atual permite criar silenciadores leves para armas com projétil supersônicos. O problema dos silenciadores é que esquentam muito e acumulam muita fuligem.

As granadas de mão podem ser perigosas para as tropas amigas na floresta densa pois pode não ir muito longe. O mesmo acontece em terreno urbano pois tem que olhar onde joga pois pode bater e voltar. As equipes de metralhadora pesada costumam levar muitas granadas em emboscadas pois demora para o inimigo descobrir de onde são lançada ao contrario da metralhadora. As emboscada mecânicas com o uso apenas de minas Claymore e granadas eram muito efetivas pois as tropas podiam fugir sem ser detectados. As granadas de fumaça são usadas para desengajar, esconder movimento ou marcar posição.

Os lança-granadas M-79, que substituiu as granadas de bocal, mostraram ser úteis para atacar posições sem expor as tropas usando granadas de mão ou fuzil, mas é lenta para recarregar. Foi substituído pelo M-203 que podia ser usado junto com o fuzil. Os operadores de M-79 e semelhantes levam muita munição, até 30 tiros e cobre a distância entre a granada de mão e o morteiro. Tem opção de munição explosiva, tipo escopeta, fumaça, gás e flare. O raio de ação da munição explosiva é de 4 metros (raio maior que uma granada de mão e metade de um morteiro de 60mm) com alcance de 150m contra alvos de ponto e 350 m contra alvos de área.

Os lança-rojões como o AT-4 e LAW foram projetados para atacar blindados, mas são muito usado contra posições e casamatas como apoio de fogo direto. O LAW era usado no vietnã para apoio de fogo direto, anti-pessoal e contra snipers em arvore. O alcance efetivo era de cerca de 200 m. O M-67 foi usado no Vietnã com munição flechete e só era usado em emboscadas ou com transporte próximo pois era pesado. O SWAM dos USCM é uma arma anti-casamata e não anti-carro. O LAW foi muito usado nas Malvinas contra posições inimigas.

As armas coletivas como morteiros, metralhadoras, lança-rojões e canhão sem recuo têm a munição espalhada na tropa para diminuir o peso. Cada fuzileiro do USMC no Vietnã levava como munição extra 1-3 foguetes ou LAW, 1-2 tiros de morteiro de 81mm ou 1-3 de 60mm,

Page 131: tropas especiais

flares pop-up, vários cintos de munição de metralhadora M-60 (800 tiros para o grupo de combate) ou baterias para o rádio. O ideal é uma relação peso para carga de 1/3, mas sempre ultrapassa os 25kg, as vezes chegando aos 50kg. A limitação de transporte por veículos ou helicópteros força o uso de transporte de carga extra. A Terceira tropa dos Rangers que desembarcou em Dieppe levava uma seção morteiro com 42 granadas de fumaça e 72 granadas explosivas todas distribuídas pela compania que deixava a munição na posição onde o morteiro iria operar. As equipes de metralhadora tinham 2 mil tiros sendo que metade ficou perto da praia e um membro ia buscar mais munição quando necessário.

As equipes de metralhadoras como a MAG (M-240) são formados por três tropas e leva cerca de 900 tiros, mais o tripé, minas Claymore e granadas. Os Rangers treinam com equipes de dois para aumentar o realismo simulando uma baixa na equipe. A espinha dorsal das táticas de pequenas unidades vem do bom emprego da metralhadora. Ela dispara rajadas de seis tiros e fica posicionada para supressão, geralmente em ponto alto para cobrir as equipes de assalto. A metralhador costuma ser a arma mais pesada do grupo de combate e dita o ritmo do avanço a pé. As tropas do SAS na Rodésia operavam em patrulhas de quatro tropas, mas varia de 2 a 8, com uma metralhadora MAG para cada quatro fuzil FAL (SLR para os britânicos), ou uma relação bem maior que na Europa.

Armas mais pesadas como a metralhadora M-2 de 12,7mm são usadas para defesa de base para suprimir posições e disparo longa distância em locais suspeitos. No Afeganistão as armas coletivas pesadas como metralhadoras calibre 12,7mm e lança-granadas automáticos AGS-17 costumavam acompanhar tropas aerotransportadas, de reconhecimento ou Spetsnaz, mas fazia a equipe ficar menos ágeis e dificultava a perseguição de guerrilheiros a pé.

Armas atuais como o fuzil anti-material Barret M-82 calibre 12,7mm permite que as FopEsp engajem alvos a longa distância. Israel comercializa o míssil Spike guiado por fibra ótica capaz de engajar alvos a longa distância sem ter visão direta até o alvo. O SPIKE-LR permite engajar alvos a até 8km mas só é lançado de veículos.

As Forças Especiais no Vietnã usavam o morteiro de 60mm por ser mais leve que o de 81mm. Tinha o problema de explodir na copa das árvores, na subida ou decida do projétil, e não foi tão usado pois sempre havia disponibilidade de chamar apoio na forma de helicópteros de ataque, apoio aéreo aproximado e artilharia.

Quando as FOpEsp chamam apoio externo a primeira opção costuma ser o morteiro, depois a artilharia, depois helicópteros de ataque e quando chamam a aviação a situação deve estar bem. O apoio externo tem que ser preciso, responder rápido, estar próximo e com

Page 132: tropas especiais

poder adequado para evitar fogo amigo ou danos colaterais. As munições guiadas lançadas por aviões costumam demorar apesar de serem a melhor opção quando disponíveis.

Mergulhador israelense da equipe S-13. A AK-47 foi escolhida como arma principal por ser resistente a água salgada. Outra vantagem é confundir o som pelo inimigo e atrasar a reação. O problema é quando operam com tropas amigas e neste caso usam os AR-15.

Membro dos MEC franceses armados com fuzil Sig Sauer. O Sig é um dos melhores do tipo e opera sem problemas na água. Também é usado pela Força Aérea Brasileira.

O treinamento, armas e habilidades das FopEsp não são suficientes

Page 133: tropas especiais

para o sucesso. A sorte influencia muito. A incursão em Son Tay foi extremamente bem planejada e executada, o erro de pousar em um campo errado até ajudou, mas os prisioneiros não estavam mais no local. Já na operação Thunderbolt, no resgate de reféns israelenses em Entebe, a operação foi mal planejada e executada, mas teve ótimo resultado devido a muita sorte. Se as tropas no local fossem melhores treinadas e equipadas a missão poderia ter sido um fracasso total. A tropas inimigas simplesmente fugiram e os captores não colocaram bombas no local.

Trabalho em Equipe

Os operadores não são lobos solitários como o Rambo. As FOpEsp atuam em grupo e aprendem a conhecer e confiar na equipe. Podem até não atuar na mesma equipe ou pelotão em uma missão, mas já se conheciam como parte do esquadrão.

Conhecer o time é importante pois o operador sabe que quem está ao redor vai fazer seu papel e só tem que se preocupar com o combate e a missão em si. Um bom soldado segue "as normas". As FOpEsp diferem das tropas convencionais pois suas missões envolvem situações onde "as normas" são mais um obstáculo que uma ajuda. Uma patrulha de cinco operadores atrás das linhas tem problemas que não seguem as normas, estando longe da ajuda das próprias tropas. Os operadores precisam de mais habilidades que um soldado de linha. A estabilidade psicológica e o condicionamento físico são necessários para suportar o estresse.

As FOpEsp usam designações diferentes para as suas formações e unidades para se diferenciarem das tropas convencionais. Termos como esquadrão, tropas e equipe/patrulhas são usados no lugar de compania, pelotão e grupo de combate. O tamanho também varia bastante sendo que as unidades costumam ser menores que as equivalentes convencionais. No EB o termo usado para o pelotão é destacamento. As FE usam o Destacamento Operacional de Forças Especiais (DOFEsp) enquanto os Comandos usam o Destacamento Ações de Comandos (DAC). As duas forças atuam geralmente junto na forma de Destacamentos de Ação Imediata (DAI).

Esta designação foi iniciada pelo SAS britânico e seguido por outros paises. No SAS a força é dividida em quatro esquadrões Sabre com 10 oficiais e 64 operadores que são por sua vez subdivididos em tropas de 16 operadores e dois oficiais. Dois esquadrões estão sempre em alerta.As tropas são capazes de operar tanto como tropa única ou em 2 grupos de 8, 4 grupos de 4 ou 8 grupos de 2 elementos. Cada tropa de quatro operadores é composta por um especialista em armas, enfermagem, demolição e comunicações. Os operadores também podem receber treinamento em linguagem. Cada tropa é formada por especialistas em pára-quedismo especial (HALO/HALO), operações anfíbias (natação, mergulho, barcos), operações ártico e montanha, e

Page 134: tropas especiais

operações no deserto " (veículos do deserto). Além dos esquadrões Sabre, o SAS também é composto por um esquadrão de comunicações, um de treinamento, um de pesquisa e um de guerra contra revolucionaria.

O SAS australiano tem três " Esquadrões Sabre ". Cada tropa é dividida em quatro patrulhas de 4-5 homens. O SASR atual está dividido em três Esquadrões Sabre com 600-700 operadores no total.

A Força Delta é composta por cerca de 800 membros dividida em três esquadrões de 75 homens (A, B e C) com um sempre de prontidão, além do esquadrão D de Comando e Controle e o esquadrão E de inteligência e comunicações. O esquadrão de inteligência é o primeiro a deslocar para coletar informações. As tropas são especializadas em métodos de infiltração como HALO e Scuba. É a única unidade do tipo que conta com mulheres entre os membros.

As LRP no Vietnã atuavam em equipes de seis (RT - Recon Team), mas a falta de tropas levava a atuarem em equipes de 4-5 membros. Quanto menor o tamanho mais fácil era manter a disciplina de silencio e ocultação. Poucas tropas também significa uma operação excitante ou manter o interesse.

Cada Grupo de Forças Especiais americana (Boinas Verdes) tem cerca de 1.400 homens. Realiza operações de Ação Direta, Guerra Não Convencional, Reconhecimento Especial e Defesa Interna de Países Estrangeiros. O Grupo de Forças Especiais são divididos em equipes "A" (A Team) com 10-12 homens. Seis Equipes A forma uma compania. Cada compania mantém uma equipe especializada em Scuba e pára-quedismo especial. Três companias e tropas de apoio formam um batalhão. Três batalhões foram um Grupo de Forças Especiais. Cada Grupo de Forças Especiais é cobre uma parte do mundo recebendo treino de linguagem, cultura e geografia local.

Cada Seal Team tem 190 membros sendo 50 de apoio, veículos SDV e quartel general. Agora os times são menores com os seis times (três em cada costa) sendo dividido em oito com a diminuição dos pelotões/patrulhas de oito para seis. O pelotão Seal tem 30 operadores e um oficial. Os Seal Team tem região de operação principal com os Special Forces do US Army, mas sem treino em cultura e linguagem.

Atualmente os Force Recon do USMC são compostos de companias de cerca de 200 tropas de seis pelotões, mas com cinco operacionais. O pelotão tem três equipes/times de seis fuzileiros. O time é formado pelo líder, assistente do líder, operador de radio e três scouts (esclarecedores). Os novos equipamentos de vigilância são mais leves, resistentes e eficientes, mas ficaram mais numerosos. Uma equipe com menos de seis não pode levar tudo para reconhecimento em profundidade e se sofrem baixa fica mais difícil ainda. Para

Page 135: tropas especiais

reconhecimento em profundidade a sobrevivência é baseada na furtividade e um time quatro é pouco para compor os turnos de vigília e descanso, ficando pouco alertas. Um número grande atrapalha a furtividade, podendo ficar comprometidos, com mais de seis é mais arriscado ainda. Operando atrás das linhas não podem contar com apoio de artilharia e apoio aéreo aproximado e a extração demora. Devem ter poder de fogo e o time maior é melhor. Para ação direta o time maior é melhor com menos risco de sofrer baixa. O time de seis acabou sendo um compromisso entre poder de fogo, alerta e furtividade.

O Segundo Regimento Pára-quedista da Legião Estrangeira francesa tem treino de comandos sendo capazes de fazer ação direta, defesa interna de países estrangeiros e patrulha de longo alcance. São divididos em uma compania com capacidade anti-carro, guerra urbana e combate noturno, uma compania de guerra em montanha e ártico, uma compania anfíbia e uma compania de sabotagem e demolição.

Dois operadores australianos sobem uma montanha para ter uma melhor visão das atividades inimigas. O padrão de camuflagem Auscam para deserto o identifica. Um dá proteção enquanto o outro avança. A tática de avanço "buddy system" foi desenvolvido na Segunda Guerra Mundial para uma dupla avançar com apoio mútuo. A experiência das FOpEsp mostra que as táticas de "fogo e manobra" funcionam realmente na prática. Em março de 2003, nas operações de invasão do Iraque, 40 membros do SBS foram emboscados por 300 tropas da Guarda Republicada armados com morteiros e metralhadoras. Os SBS estavam caçando membros do Fedayen, mas os interpretes eram espiões e delataram a operação. Na fuga que durou seis horas foram disparados mais de 7 mil tiros e apenas membro do SBS se ferido.

Evasão e Escape

Page 136: tropas especiais

Relatos de tropas tentado escapar e prisioneiros levou ao desenvolvimento das técnicas de evasão e escape (sigla SERE em inglês). As FOpEsp têm muito treinamento em SERE pois estão em alto risco de serem capturados quando operam atrás das linhas.

Evasão é o processo de evitar ser capturado e reunir com as próprias tropas. Um soldado atrás das linhas pode manter a posição e esperar a tropas amigas chegarem. Esta tática é boa se as tropas ainda irão operar na área ou se tem muitas tropas inimigas na área. Fugir é bom se souber onde tem área amiga. Atrás das linhas pode entrar mais para área mais segura. Estas opções podem ser combinadas. Pode esperar até inimigo sair da área.

Se a patrulha está sendo perseguida é necessário aumentar a distância ou fazer emboscadas. Uma técnica para cruzar estrada é mudar de direção quando chega perto, deixar marca na direção falsa, pode andar para trás, depois sai da estrada em derivação contraria sem deixar marcas. O mesmo pode ser feito em riacho, voltando depois pelo rio e saindo em outro local sem deixar marcas.

Para emboscar perseguidor o ideal é fazer um círculo indo na direção contraria e cruzando com perseguidor. Primeiro tem que escolher uma posição ideal e a emboscada pode ser realizada várias vezes tentando fazer o inimigo desistir ou

Page 137: tropas especiais

ficar mais precavido e lento. Plantar armadilhas é outro metido para atrasar perseguidor.

SNIPERS.

Apesar dos Snipers não serem necessariamente membros das Forças de Operações Especiais, os membros da ForOpEsp podem ser treinados como snipers. Unidades como o SAS britânico, a Forca Delta americana, o GIGN francês, e inúmeras outras, cada vez mais dependem da função especifica do sniper para obterem sucesso em suas operações. Ele é quem tem a função básica de neutralizar obstáculos humanos para que unidades de ataque possam invadir locais defendidos, ou eliminar ameaças a reféns ou instalações estratégicas.

A palavra sniper vem do pássaro snipe que era muito difícil de caçar e passou a ser dados aos caçadores habilidosos. A palavra sniper foi registrado em 1824 no sentido de atirador de elite ou “sharpshooter”. O verbo sniper originou em 1770 entre os soldados britânicos nas Índias britânicas no senso de "disparar de local oculto", em alusão a caça do sniper, pássaro difícil de caçar. Os que eram habilidosos em

Page 138: tropas especiais

caçar a ave eram chamados de "sniper". Na Guerra Civil americana o termo era "escaramuçador" (skirmisher). Não usavam termo sniper nos EUA na época. Foram os alemães que começaram a chamar seus atiradores como snipers. No Brasil, a tradução de snipe é Narceja ou Maçarico. A tradução literal não é conveniente para uso e por isso é usado a palavra caçador no EB. Aqui será chamado de sniper.

O sniper ( tocaieiro, franco atirador, atirador de elite, atirador de escol, caçador ) sempre ocupou uma posição impar, seja dentro de Forças Militares, ou na imaginação popular. A mera menção de seu nome, sniper, carrega com ela um ar de ameaça. Suas capacidades sempre foram muito maiores que suas limitações, geralmente relacionadas com material como alcance das armas, angulo morto e meteorologia.

A missão principal do sniper é apoiar operações de combate realizando tiros precisos, a longa distância, contra alvos selecionados, de oportunidade ou planejados, sem ser percebido, com o menor número de munição possível. Geralmente o alvo é um soldado, criminoso ou terrorista e pouca munição significa um único tiro. A distância do alvo varia de 100m para a policia a mais de 1km para os snipers militares. Além de bater alvos, o sniper retardar os movimentos, gerando confusão e diminuindo moral. Como resultado secundário o sniper leva o terror e a desmoralização ao adversário, pela eliminação silenciosa de seus membros. Estas missões podem ser realizadas com armas convencionais bem mais caras como a artilharia e blindados.

A identificação de alvos é crucial com o sniper tendo que distinguir oficiais, mensageiros, operadores de rádio, operador de armas pesada e tripulantes. Os snipers inimigos são os mais importantes, assim como outras ameaças como cachorros e seus tratadores, sempre empregados para caçar snipers. Os soldados comuns estão no fim da lista de prioridade. Os oficiais são identificados pelo comportamento ou símbolos de hierarquia, falam com operadores de radio, local de passageiro em veículos, tem ajudantes, ou falam e se movem freqüentemente.

A doutrina do EB cita como alvos principais:

- oficiais e comandantes de todos os níveis- guias e rastreadores e seus cães- atiradores de armas coletivas e pessoal de comunicações- chefes e motoristas de blindados- pilotos de helicópteros, pousados ou pairado- observadores avançados- snipers/caçadores inimigos

Com armamento pesado pode destruir viaturas, radares, comunicações, entre outros. Todos os alvos citados podem ser

Page 139: tropas especiais

engajados a noite com miras adequadas.

No US Army, as funções do sniper apoiando comandantes são:

- coleta de informação de combate em tempo real- reconhecimento- apoio de fogo- tiro de precisão- eliminação de ameaça- proteção de força- coordenação rápida- aumenta da área de influencia- diminuição do risco colateral

Sua arma principal é o fuzil de longo alcance, mas também é treinado para chamar artilharia e manejar metralhadora ou plantar explosivos em emboscadas. Os snipers das tropas de operações especiais americanas também recebem treinamento para atuar como controladores aéreos avançados, chamando aviação tática para dar apoio aéreo (cobertura na FAB).

O manual russo da Segunda Guerra Mundial cita as funções do sniper como sendo:

- Destruir armas inimigas que podem interferir no avanço do pelotão (sniper) - Destruir o componente de comando inimigo para interferir na cadeia de comando (oficiais e sargentos) - Encontrar e destruir inimigo que esta conduzindo fogo e interferindo no avanço das tropas (metralha, morteiro)

A missão secundaria do sniper, durante o período de inatividade, é a coleta informações, inteligência, observação e reconhecimento do campo batalha, reportando ao escalão superior sobre a situação do inimigo, terreno e meteorologia. Consiste em penetrar a RIPI (Região de Interesse Para Inteligência), realizando reconhecimento de pontos e pequenas áreas e vigiar um setor, via de acesso ou eixo. Deve estar dentro do alcance do rádio. Com a maioria dos kill na guerra moderna são por armas coletivas, as missões de reconhecimento e vigilância passaram a ser um dos mais efetivos usos dos snipers e só engajam alvos de oportunidade de alto valor. A câmera fotográfica agora parte do arsenal. Os modelos digitais facilitaram o trabalho com facilidade de revelar e número de fotos. Com equipamento adequado a foto pode ser enviada por rádio.

O sniper deve ser bom para observação e orientação com a capacidade de ler mapas e fotografias aéreas. Os snipers devem saber coletar informações em quantidade e qualidade. Já na Primeira Guerra Mundial os snipers se tornaram os ouvidos do quartel general.

Page 140: tropas especiais

A definição sniper é de um soldado capaz de se ocultar, para atingir alvos de alto valor, coletar informações e se retirar sem ser detectado.

O sniper é considerado uma arma de precisão barata que precisa de pouco apoio e manutenção. Um exemplo da economia de força é poder deter um avanço inimigo com uma força bem inferior.

Os snipers costumam gastar um ou dois tiros por alvo e ainda podem dar um tiro de misericórdia em alguns alvos. O lema de "one shot, one kill" é mais para marketing.

Estudos mostram que na Primeira Guerra Mundial foram gastos sete mil tiros por baixa inimiga, na Segunda Guerra Mundial 25 mil e no Vietnã 50 mil tiros. Já um sniper gastou uma média de 1,3 tiros. O custo em munição é baixo, mas difícil é calcular os custos do efeito moral e psicológico no inimigo. Operar numa área em que haja atiradores de elite significa ter de pensar cuidadosamente antes de fazer qualquer movimento o que reduz a velocidade dos deslocamentos.

Equipes de snipers finlandesas chegaram a caçar companhias russas inteiras durante dias na Segunda Guerra Mundial e usavam fuzil sem luneta. Um operador de metralhadora alemão resolver ser voluntário após perceber que era um alvo prioritário dos snipers russos. Foi a única forma de sobreviver.

Page 141: tropas especiais

Existem três tipos de sniper: militar, policial e propósitos especiais. O sniper militar já pode ser separado no sniper propriamente dito e o DM (Designated Marksman) para apoio de fogo preciso para tropas de infantaria.

Alguns exércitos escolhem os melhores atiradores que são distribuídos ao nível de pelotão ou grupo de combate com armas equipadas com lunetas. No US Army são chamados de Designated Marksman (DM). Um DM não tem todas as habilidades do snipers e apenas batem alvos mais distantes funcionando como apoio de fogo.

Os russo sempre deram muita importância aos DM. Um DM é distribuído para cada pelotão como função semelhante ao do US Army. Acompanham a tropa ou patrulha e a maioria não é treinada como um sniper profissional.

Os snipers da policial tem certas peculiaridades. O cenário geralmente é de resgate de reféns e atiram apenas como último recurso, com ameaça direta a vida dos reféns. No caso é mais para matar do que incapacitar. Se o alvo não morrer leva a morte aos reféns. O sniper policial deve ser capaz de acertar partes do corpo para causar morte instantânea sem contração espasmódica para apertar o gatilho, como o "T da morte", área entre olhos e base do nariz onde um tiro causa morte instantânea, sem reflexos motores, ou atingir o alvo escondido atrás de reféns. O sniper policial deve ser muito preciso a curta distância, onde os engajamentos raramente passam de 300m e a maioria ocorre a menos de 100m. Geralmente são poucos tiros por ação, não se tem limitação de escolha de calibre ou munição, não precisam se preocupar com efeito do ambiente na arma (ficam guardados e são retirados apenas para uso), e não se preocupam com a própria segurança durante e após ação, nem tem problemas para infiltrar ou exfiltrar. Em um episódio, um sniper da SWAT americana atirou no revolver na mão do alvo para evitar uma tentativa de suicídio. Em testes posteriores o resultado não foi consistente e existe i risco de ferimento por estilhados. A arma pode disparar e pode não conseguir desabilitar. Em alguns locais este tiro seria ilegal.

Os sniper de propósitos especiais usam armas de grande calibre para atingir alvos a alcance ultra longo ou detonar explosivos, ou usar fuzil com silenciador para operações secretas.

Vários países tem doutrina militar próprias em termos de emprego do sniper nas unidades, colocação e táticas. Na doutrina russa e seguidores o sniper atua nos pelotões de infantaria, chamados de atirador de elite “sharpshooters” ou “designated riflemen” em outras doutrinas. Eles passaram a ter este nome pois a capacidade de tiro das tropas foi perdida com a introdução do fuzil de assalto e submetralhadoras, otimizados para luta rápida a curta distancia.

Page 142: tropas especiais

Os snipers britânicos e americanos, além de outros países, adotam a doutrina de dupla de sniper, com atirador e observador com funções diferentes.

A importância dos snipers pode ser comprovada com as novas mudanças no US Army após as experiências nos conflitos recentes e combate ao terror. Atualmente são três equipes nas Companhias de comando e uma equipe em cada Companhia de infantaria. A Brigada Stryker BCT do US Army vai ter 48 vagas para sniper, atuando em equipes de 2-3 sniper, em 3.600 tropas no total, mas serão usado mais como DM e não como sniper verdadeiros. No Iraque os snipers da BCT são usados para proteger patrulhas de infantaria fazendo varredura nas cidades, e matar lideres guerrilheiros e desorganizar se ataques. Para comparação, as brigadas de assalto aéreo e pára-quedistas tem 18 vagas para snipers. Os Rangers aumentaram o número de snipers por batalhão de 14 para 40.

Uma dupla de scout-sniper do USMC no Iraque. Estão armados com o fuzil SR25 que agora foi escolhido oficialmente para equipar todas as forças armadas americanas. O US Army e Reino Unido empregam o sniper atachado a unidade e não como parte, dando mais liberdade aos movimentos. Outros países como França, Israel e Rússia empregam seus snipers como parte da unidade. Os Scout Sniper do USMC agora são parte do pelotão de Surveillance Target and Acquisiton. Também são empregados em pequenos times atachados ao batalhao de infantaria passando a ter proteção. As tropas convencionais EUA usam o sniper em duplas, com apoio mútuo, com rádios de linha de visada em missões de curta duração. As SOF usam equipes de dois a quatro snipers, podem ter apoio externo, rádios de longo alcance e missões de longa duração.

Page 143: tropas especiais

Snipers canadenses em operação nas montanhas do Afeganistão. Em cada um dos nove batalhões de infantaria ativos há um grupo de snipers constituído de dois atiradores e seu auxiliar. A equipe acima está armada com um fuzil calibre 7,62mm, um fuzil de longo alcance calibre TAC-50 calibre 12,7mm e o auxiliar está armado com um fuzil M-16 (versão local) com um lança granadas. O MacMillan TAC-50 Tactical Anti-Materiel Sniper Rifle System foi comprada pelo Canada para armar seus snipers e depois por vários paises europeus. Os canadenses atingiram o recorde de tiro a longa distancia com a TAC-50 no Afeganistão em 2002 com suas forças especiais. O evento foi durante a operação Anaconda no avanço no vale Shah-i-Kot onde apoiavam a 101Divisão americana quando as tropas americanas passaram a ser alvo de snipers, metralhadoras e morteiros do Talibã. Os snipers canadenses engajaram a distâncias na maioria entre 780-1.500km. O kill mais distante foi a 2.430 metros quebrando o recorde de Carlos Hatchcock no Vietnã que atingiu um alvo a 2.215m com uma metralhadora M2 com luneta. O tempo de vôo do projétil foi de cerca de 4,5 segundos. A baixa densidade do ar nas montanhas (cerca de 2.400m de altitude) aumentou o alcance efetivo da arma. A TAC-50 estava equipada com uma luneta Leopold com zoom de 16x e munição AMAX Match .50.

Sniper x Designated Marksman

A tradução de Marksman e sharpshooter é atirador de elite. No Brasil é chamado de atirador selecionado. No USMC é chamado de Designated Marksman (DM) e no US Army de Squad Designated Marksman (SDM). Na Rússia é chamado de sniper. Em Israel é chamado de sniper de pelotão (squad sniper). Sharpshooter é outro termo usado nos EUA. Nos EUA a seqüência de habilidade de tiro é marksman-sharpshooter-expert e é dado para militares e competidores de tiro civil.

A função DM é dar tiro rápido e preciso em alvos inimigo a até 800m com fuzil semi-automático de precisão com luneta. É treinado para tiro precisão e rápido, mas também tiro de alta cadencia.

Algumas doutrinas distinguem o DM do sniper e existem muitas diferenças. O sniper tem treino intensivo para sobrevivência, camuflagem, ocultação, furtividade, infiltração e reconhecimento que

Page 144: tropas especiais

não são necessárias para o DM. A diferença no treinamento e papel afeta a doutrina e equipamentos.

Os sniper são usados para reconhecimento e efeito psicológico no inimigo enquanto o DM é para apoio de fogo de longo alcance para o pelotão que está anexado.

O sniper tem função mais estratégico que o DM, com função de reconhecimento e vigilância e está anexado a um nível mais alto como batalhão, operando geralmente independente da unidade. Exceção é Ranger do US Army e USMC que usam sniper a nível companhia. Já os DM são orgânicos do pelotão de infantaria ou grupo de combate assim como os fuzileiros, operador de metralhadoras e granadeiros. Já os DM da polícia tem papel de olhos e ouvidos da situação. O DM raramente opera individualmente sendo membro regular de unidade anexada e usado se necessário para aumentar o alcance das armas da unidade. Já o sniper raramente realiza só tiro e sempre é usado em objetivos especifico em times de sniper e observados. O sniper usa posição estratégica fixa e se camufla enquanto o DM muda de posição com o pelotão, e não usa camuflagem diferente da infantaria.

O sniper usa arma de maior precisão e alcance enquanto o DM usa armas semi-automáticas adaptadas e não necessariamente de sniper dedicado, podendo até ser um fuzil comum. A arma do sniper costuma ser de ferrolho enquanto o do DM é um fuzil semi-automático customizado. A distância de engajamento do sniper chega a 1.500m ou mais com fuzil pesado enquanto os DM vão a no máximo 800m. O sniper costuma treinar em vários tipos de armas enquanto o DM só para operar uma arma. O DM atira a distâncias menores, em rápida sucessão e contra alvos moveis, não usando furtividade ou surpresa.

As armas do DM é chamada de Designated Marksman Rifles (DMR) no USMC. Um DMR devem ter alcance maior que um fuzil padrão de infantaria, mas nao precisa ter tanto alcance como um fuzil de sniper. Geralmente é um fuzil modificado com telescópio, bipé e coronha ajustável. A maioria são fuzis da década de 60 calibre 7.62 x 51 como o M-14, FN FAL e G3. Exemplos são o M21 do M14, DMR do M14 do USMC e o G3SG/1 do G3. O Gallil israelense tem uma versão mais dedicada chamada Galatz Sniper Rifle assim como o SR-25 baseado no Stoner AR-10. Já o SVD russo foi projetado desde o inicio para os DM.

A munição costuma ser o calibre 7.62 x 51mm ocidental e 7.62 x 54 mm R na Rússia que também são usados pelas metralhadoras médias (M-240, MAG e PKM por exemplo) e raramente usa munição especial.

Calibres menores são piores a longa distancia, mas mesmo assim

Page 145: tropas especiais

existem versões do calibre 5.56 x 45 mm como o Squad Designated Marksman Rifle (SDM-R) do M16 do US Army, Squad Advanced Marksman Rifle (SAM-R) do M16 usado pelo USMC, Mark 12 Mod X Special Purpose Rifle dos Seals, L86A2 LSW britânico agora usado pelos DM e o AUG HBAR-T austríaco.

Um sniper russo acompanhando um pelotão de infantaria em uma patrulha nas montanhas da Chechênia. Na Rússia os snipers atuam como DM e não são snipers verdadeiros.

Um SDM da brigada BCT do US Army no Iraque armado com um fuzil M-14. Os SDM são usados para apoio de fogo cobrindo movimentos de infantaria, especialmente em áreas urbanas. No EUA o DM é usado como multiplicadores de força. Os primeiros snipers anteriores ao século XIX eram mais DM que snipers.

Snipers no Brasil

Page 146: tropas especiais

Em 1988, o Estado-Maior do Exército (EME) despertou para problema de falta de doutrina de uso de sniper no EB. Assim, inciou-se os estudos para equipar os batalhões de infantaria com equipes de caçadores. Desde 2006, o desenvolvimento da doutrina é feita pela Brigada de Operações Especiais. A doutrina já cita que o pelotão de Comando da Companhia de Comando e Apoio dos Batalhões de Infantaria tenha duas equipes de Caçadores e este número pode ser ampliado.

O EB testou varias armas estrangeiras como o M-24, M-21, Sig Sauer SSG 3000, PGM Mini-Hecate, PSG-1 e MSG90 adquiridos em pequenas quantidade. Parece que o escolhido foi o IMBEL Fz .308 AGCL calibre .308. com mira Bushnell Elite 3200 e reticulo MilDot. O AGLC foi desenvolvido segundo as especificações do EB e que foi o que se saiu melhor quando avaliado contra fuzis de sniper de fabricação estrangeira, principalmente no ambiente da Selva Amazônica, onde os snipers seriam mais empregados. No EB, os caçadores utilizam-se de uma luneta com capacidade de telemetria de fabricação israelense. O observador leva um fuzil FAP, com a luneta-telêmetro acoplada, para apoio de fogo.

Um sniper do EB em operação no Haiti com um FAL equipado com luneta. O FAL não é bom parar sniper por ter cobertura móvel onde é adicionada a luneta.

Page 147: tropas especiais

Dupla de caçadores do EB.

Os snipers da FAB usam o fuzil SIG 551 5,56mm com mira ACOG nos seus BINFA. Outra arma usada é o fuzil de precisão PSG-1.

Page 148: tropas especiais

Snipers dos GRUMEC armados com um fuzil Parker-Hhale M85 calibre 7,62mm com luneta alemã Schmidt & Bender 6x42. Para tiro noturno pode ser usado a luneta com intensificador de imagem SU-88/TVS-5. Os snipers do COMANF usam o mesmo equipamento.

HISTÓRIA

As técnicas, táticas, doutrina e emprego dos snipers vem se desenvolvendo com a história. Não foi criado do nada ou por uma boa

idéia.

A história recente dos snipers começa na guerra de independência americana, em 1775, quando milicianos locais conseguiam acertar formações inglesas a distância. Os alvos preferidos eram os oficiais

que tinham uniformes bem diferenciados dos soldados. Alguns batalhões ingleses chegaram a perder todos os oficiais. Os veteranos caçadores de peles locais, acostumados a longos períodos de solidão,

formaram unidades de “sharpshooters” (atiradores de elite), equipados com rifles Kentucky, os quais, pela qualidade de sua

manufatura e longo comprimento de cano, tinham mais alcance e eram mais precisos do que os fuzis dos soldados britânicos.

O desempenho destas unidades levava o pânico aos corações dos soldados de britânicos, que não tinham sequer como combatê-los,

pois nunca os viam, ouvindo apenas o assobio da bala. Nesta época a táticas das tropas armadas com mosquetes para tiro a longa distância

era atirar em massa contra a massa de tropas inimigas. Acertava mais por sorte.

Antes desta época as armas eram muito imprecisas para que o sniper fosse viabilizado. Cada Divisão francesa na época de Napoleão tinha

dois batalhões de mil "sharpshooter". Estes batalhões tinham capacidade de atingir alvos a 100 metros. Ficavam concentrados em uma guerra particular ao invés da batalha geral como infantaria. Em combate atuavam juntos, formando uma força maior de cerca de 16 mil homens para concentrar contra força de até o dobro do tamanho

Page 149: tropas especiais

e venciam fácil. Cada Companhia também tinha um grupo de "sharpshooter" para serem usados contra artilharia e oficiais. Na

época os combates eram a cerca de 150 passos.

O fuzil de tiro de repetição da era industrial era 10 vezes mais preciso que os mosquetes não raiados. O infante logo ficou mais letal. Em

1848 surgiu o projétil em cone, chamado de munição Minié. Era mais preciso que o projétil todo arredondado. .

No século 19 já se percebia que sniper podia influenciar o resultado de uma batalha, ou pelo menos atrapalhar em muito o inimigo. Na

batalha de Gettysburg em 1862 dois snipers confederados mataram dois generais e feriram outro, além de vários oficiais superiores. Direcionou a artilharia para sua posição e liberou uma frente.

Na guerra civil americana foram formados um batalhão de sniper confederado. As técnicas logo foram aprimoradas e novas armas

apareceram. A lista de prioridade de alvos logo foi criada. Também ocorreram duelos de snipers. Passaram a ser usados como fonte de

coleta de informação e observação. Em uma ocasião um sniper conseguiu silenciar um canhão por dois dias simplesmente evitando

que alguém chegasse perto. Os snipers logo aprenderam que disparar de cima de uma arvore logo resultava em retorno do inimigo com morte certa. Só os japoneses continuaram a usar esta tática no

Pacífico.

Foi o Tenente Coronel D. Davidson, veterano da Guerra da Criméia (1854- 56), o primeiro a sugerir instalar lunetas nos fuzis de infantaria

para aumentar a precisão a longa distancia, além de melhor treinamento. A luneta foi pouco usada no conflito, mas aproveitaram as táticas. Na mesma guerra, John Jacob, oficial que servia na Índia,

tinha um fuzil com projétil explosivo com alcance de 1800 metros. Foi testado no conflito contra uma posição de canhão que logo se retirou.

Em 1868 surgiu a tecnologia de cartucho e a pólvora de pouca fumaça. O poder, alcance e precisão foram aumentados a níveis

nunca atingidos antes e era tudo que os snipers precisavam dando um grande impulso para novas táticas e técnicas.

Em 1880 foi introduzido a pólvora com pouca fumaça e mais potente. Antes a fumaça branca dominava o campo de batalha e a posição dos sniper era facilmente visível. Sem fumaça o efeito moral de terror dos

tiros do sniper foi multiplicada.

Na Guerra dos Boers entre 1899 a 1901, os Boers, fazendeiros de origem holandesas, eram caçadores locais e bons de tiro, deram

muito trabalho as tropas inglesas. Eram guerrilheiros sem treinamento militar e usavam táticas próprias. Atiravam de longe sem

ser atacados. Usavam camuflagem nas roupas, face e chapéu. Os

Page 150: tropas especiais

britânicos eram lentos e tinha que caminhar a noite. Os Boers eram rápidos e disparavam escondidos a longa distância. Logo os britânicos

só marchavam a noite para se proteger. Os britânicos não eram treinados para tiro a longa distância tiro e nem contra guerrilha. Os

Boers usavam o terreno e a camuflagem para compensar a desvantagem numérica. Mesmo assim a superioridade britânica

acabou vencendo, mas com muitas lições que mudariam a guerra no futuro e seriam aplicadas na Primeira Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial

A palavra sniper tomou uso rotineiro na Primeira Guerra Mundial. Antes da Primeira Guerra Mundial, os britânicos estavam preparado para uma guerra concentrada sustentado fogo em pequena área. O conflito logo degenerou para outro tipo de guerra. Inicialmente os

britânicos tinham trincheira bem definidas. Depois passaram a entulhar tudo na frente como os alemães faziam.

Antes do conflito a Alemanha já usava snipers em nível de Companhia. Uma seção do batalhão tinha 24 sniper com fuzis equipados com boas lunetas. Os alemães trabalham em dupla

revesando o papel de observador e sniper. Cansa ficar olhando por uma luneta ou binóculo por muito tempo. Com seus snipers os

alemães conseguiram dominar os dois primeiros anos na terra de ninguém. Em um dia típico, um batalhão aliado perdia 18 homens

para os sniper. Nas trincheiras as distâncias eram sempre a menos de 200 metros.

Os sniper atiravam de várias posições trocando frequentemente. As posições eram reforçadas com metal, cavalos, corpos faltos e

qualquer material para camuflar a posição, com locais de tiro falso para atrair a atenção. Na Primeira Guerra Mundial, os alemães

usavam placas de metal nas trincheiras com buraco para atirar. A reação foi o uso de artilharia e camuflagem das posições. Os

britânicos testaram um fuzil para matar elefante para perfurar as placas blindadas. Os alemães reagiram colocando duas placas com terra no meio. Usaram táticas de mostrar capacete e cabeças falsas acima do parapeito para chamar a atenção. Já os britânicos testaram um fuzil com mira por periscópio para observar e atirar sem se expor.

Na década de 30 apenas os russos continuaram a manter uma escola de sniper. Os alemães, britânicos, franceses e o US Army fecharam suas escolas e o USMC manteve um pequeno grupo. Os britânicos reabriram sua escola em 1940. O US Army reabriu em 1942. Os

alemães reabriram logo no inicio de suas operações.

No fim da década de 30, na guerra contra os russos, os finlandeses caçavam inverno com fuzil e era muito mais fácil caçar soldados russos que pássaros voando. As táticas eram simples. Os sniper

Page 151: tropas especiais

finlandeses eram muito móveis com seus esquis, ficavam a frente de linha de defesa ou flancos, atacando postos artilharia, morteiro e

postos de comando. A determinação de defender o país valia muito. Já os snipers russos tiveram que reagir treinando para guerra no

ártico e passaram a ser mais independentes da unidade que apoiavam.

Segunda Guerra Mundial

Quando começou a Segunda Guerra Mundial, apenas os alemães e os soviéticos tinham mantido seu treinamento especifico para snipers.

Os alemães tinham melhores armas e sistemas óticos, porem os soviéticos os suplantavam em técnicas de camuflagem. Quando os

britânicos criaram sua escola de snipers o manual ainda era da Primeira Guerra Mundial. O treinamento não incluía papel de

infantaria como tomar terreno, capturar prisioneiros ou liderar ataques.

Os snipers alemães que atuaram na frente russa tinham como alvos principais os operadores de armas pesadas, observadores, oficiais, ou

tudo que ameaça o avanço das tropas. Sem liderança as tropas russas não avançavam e ficavam paralisadas ou fugiam.

Os sniper alemães avançavam com as tropas, cobriam flancos e pegavam observadores e ninhos de metralha inimigo. No fim da

guerra cada pelotão alemão tinha pelo menos dois homens treinados como scout e sniper.

Na tundra russa, os sniper ficavam na frente das tropas. Penetravam a noite nas linhas e durante o ataque ou barragem pré-ataque tinham

a missão de abater os comandantes e artilheiros. As vezes acompanhavam o avanço para atingir operadores de metralhadoras e

armas anti-carro.

Uma tática de um sniper alemão durante um avanço inimigo era deixar varias ondas atacar e atingir as ultimas no estomago. Os gritos dos feridos enervavam os da frente. Depois passava a atingir os mais próximos a 50m na cabeça. É possível conseguir cerca de 20 kill em

poucos minutos.

A tática de apoio de retirada iniciou com os alemães na Segunda Guerra Mundial, em 1944, quando um batalhão usava 4-6 snipers

para cobrir a retirada de uma compania ou batalhão. Uma metralhadora seria detectada imediatamente enquanto os tiros a longa distância dos snipers não e o inimigo passaria a atuar com

cautela para caçar os snipers.

O cerco de Stalingrado durou 900 dias. Lembrava a guerra de trincheira na Primeira Guerra Mundial. Em um cenário urbano onde cada janela ou buraco podia ser fonte de sniper. Para os snipers os

Page 152: tropas especiais

alvos eram fugazes, e a posição ficava comprometida rapidamente com movimentação. Um ataque frontal era suicídio, as incursões esporádicas e brutais virou norma com uso de sniper. Os sniper

dominaram o local e a morte rondava todos os lugares. As distancia cidade eram de curto alcance e a maioria menos de 300m. Na cidade

é muito dificil saber de onde vem o tiro devido ao eco.

Em 1924, os russos criaram várias escolas de snipers. Gostavam de recrutar os caçadores da Sibéria por serem bons para atuar no campo e eram caçadores natos. Os melhores iam para as escolas distritais e

nas escolas centrais os melhores viravam instrutores.

Os snipers russos tiveram papel importante na Segunda Guerra Mundial. Estima-se que mais de 40 mil alemães mortos foram pelos snipers. No inicio da Segunda Guerra Mundial havia uma equipe de

fogo de snipers por Divisão. No fim da guerra já havia 18 snipers por batalhão ou dois snipers por pelotão. A doutrina inclui usar o sniper a nível de pelotão como parte da unidade, chamado de DM em outras doutrinas. O objetivo é compensar a capacidade de disparo longa

distância perdida com os novos fuzis de assalto otimizados para curto alcance e tiro rápido. A infantaria passou a usar muita

submetralhadoras para supressão e era uma arma ruim contra alvos em profundidade. Doutrinariamente os snipers cobriam estes alvos

mais distantes. A submetralhadora que era ideal em combates urbanos. Até os snipers levavam uma nestes cenários.

Na doutrina russa os snipers fazem supressão a longa distância e eliminam alvos de oportunidade como líderes. Os russos sabem que os lideres são um alvo importante pois é difícil substituir sargentos e

oficiais de campo em tempo de guerra. Os russos perceberam que um fuzil de sniper mais caro e menos rústico pode compensar o custo-

eficiência de um fuzil de assalto com boa seleção de pessoal, treino e doutrina. Por exemplo, os snipers de um regimento mataram 1200

inimigos com perda de menos de 100 homens. Os russos perceberam que as mulheres eram boas para a função de sniper devido a paciência, cuidado e evitam combate curto devido a fraqueza

corporal.

Os snipers atuavam em duplas, com fuzil Mosin-Nagant com luneta zoom de 4x. Era preciso até 800m. Os snipers russos também

levavam submetralhadoras. Observador também fazia pontaria para observar o tiro e atirar se o sniper errar. Durante um avanço alemão a

missão dos snipers russos era segurar o avanço e procurar outra posição depois. O custo em vida foi alto.

Exemplo de operações na retaguarda seria uma operação onde seis equipes de snipers russos foram ordenados parar uma coluna de

reforço alemã. Foram de esqui até a posição. Duas duplas cobriam o inicio do comboio, duas o meio e as outras o fim. A primeira dupla

abriui fogo e parou o comboio. Os outros foram batendo alvos.

Page 153: tropas especiais

Quando começavam a tentar fazer o comboio se mover, os snipers reiniciavam os tiros e os alemães paravam. Foi se repetindo até uma

posição ser localizada. Os snipers mudavam de posição para reatacar. Conseguiram parar a coluna que só andou 3-5km em várias horas.

Os oficiais é que ensinavam as tropas a atuar como snipers. Os snipers russos recebiam treino de infantaria comum para operações ofensivas e defensivas. Como levavam submetralhadora, granadas e

capacete, ajudava a esconder função se capturado. No fim da Segunda Guerra Mundial havia 18 sniper por batalhão ou dois por

pelotão. Os snipers russos foram escolhidos como fontes de heróis e o número de kills pode ser exagerado por isso. Podia ser uma tática de

propaganda.

Ainda na Segunda Guerra Mundial, o USMC treinava seus snipers para tiro e reconhecimento e por isso são chamados de "scout-sniper". Cada Companhia tinha três snipers sendo um de reserva. O USMC

treinava reconhecimento e táticas de sniper agressivo, mas era difícil de empregar nas selvas do Pacífico. A velocidade de retorno de tiro faz diferença entre vida e morte. Por isso tinha que atuar em equipe de três com sniper, observador e apoio que cobria com metralha BAR

ou submetralhadora. Cada companhia tinha uma equipe. Alguns snipers eram improvisados, como um oficial que treinava por conta

própria e aproveitava para atuar na função. O uso de luneta mostrou ser uma desvantagem na selva densa o que se repetiu no Vietnã.

O USMC era a única unidade que treinava seus snipers para tiro a até 900 metros. Este treinamento foi importante com sniper conseguindo abater tropas em ninhos de metralhadora em Okinawa a 1.100m. As vezes tinham que usar traçante com o observador indicando onde

atingiu um alvo grande para determinar a distância.

A ameaça dos snipers japonesas acabava com a força e moral dos soldados americanos. O USMC logo iniciou o uso de snipers como

contra-sniper logo no começo da formação do perímetro da cabeça de ponte durante os desembarques.

Contra bunkers atiravam nas janelas de metralhadoras. Outros japoneses tomavam o lugar, mas logo percebiam o que estava

acontecendo e paravam. Depois os Marines conseguiam avançar com apoio dos sniper e atacar com lança-chamas e cargas explosivas.

Os Japoneses na Segunda Guerra Mundial, na campanha do Pacífico, usavam seus snipers mais para defesa e por isso eram considerados

menos em ações ofensivas. Funcionava bem no terreno cheio de árvores e areias do Pacifico para controla movimentos de tropas

inimigas. O critério de escolha dos snipers japoneses era diferente do ocidental. Eram escolhidos mais pela boa pontaria e era considerada uma honra. O medo de fracasso os tornava bons. O treino era bem

pratico e sobrevivia muito tempo com poucos recursos para o padrão

Page 154: tropas especiais

ocidental. Os snipers japoneses não faziam ações de coleta de informações, pois atuavam até a morte na posição, matando o

máximo até serem mortos, e não voltavam. Na selva das ilhas do Pacífico usavam mira simples para curto alcance.

Os japoneses geralmente deixavam os americanos passar e disparavam por trás de buraco ou do topo de arvores. Com pouca distância até uma submetralhadora Nambu servia como arma de

sniper. Os snipers ficavam amarrados em arvores para não dar dica para as equipes contra-sniper que conseguiu atingir, pois não via

nada cair. Os ocidentais não usam arvores como posição, a não ser obseravadores, pois vira uma armadilha mortal se descoberto. Os japoneses usam sapatos e garras especiais para subir em arvores.

Conseguiam atrasavam os avanços por horas. Os japoneses também usavam "buraco de aranha", bem profundo, mas ainda com bom

campo de tiro.

Os snipers japoneses preferiam o calibre 6,5mm mais fraco. O alcance era relativamente pequeno, mas ainda potente a curta

distancia na selva e com pouca fumaça o que era mais importante.

A contramedida americana foi atirar indiscriminadamente no topo das arvores com as metralhadoras BAR ou disparar um canhão de 37mm com munição flechete. Era uma tarefa lenta. Logo que tomavam uma cabeça de praia os Marines tinham que enviar equipes anti-snipers.

No período entre a Segunda Guerra e a Guerra da Coréia, viu-se o ponto mais baixo na importância militar dos snipers no Ocidente. Apenas os Royal Marines britânicos e o Corpo de Marines norte

americanos continuaram a treinar e qualificar snipers. Os soviéticos, por outro lado, mantinham seus snipers treinando sem cessar, e cada Companhia do Exercito Vermelho possuía pelo menos três snipers em seu efetivo. Nos EUA apenas alguns oficiais estudavam e treinavam o

assunto e tentavam persuadir o serviço a criar uma escola.

Coréia

Quando a Guerra da Coréia iniciou os snipers tinham sido retirados de serviço após o fim da Segunda Guerra Mundial. Alguns exércitos, como o Canadá, acharam que o sniper seria irrelevante na guerra

moderna.

O terreno montanhoso da Coréia favorecia o engajamentos de longo alcance. Os australianos já pensavam que seria uma guerra de

snipers e estavam preparados, com cada Companhia tendo alguns snipers e com arma adequada. Vários snipers tinham experiência na Selva de Borneo e gostaram de atirar a distancias maiores que 100

metros.

O aparecimento de sniper no lado comunista logo forçaram os

Page 155: tropas especiais

ocidentais a retomar o treinamento de snipers e fez a guerra lembrar a frente de trincheiras da Primeira Guerra Mundial. As tropas ficavam escondidas, mas os americanos também passaram a poder avançar sem ser molestados com apoio dos seus snipers. A tecnologia era a mesma de 1940. Uma tática era operar junto com a metralhadora

BAR como na Segunda Guerra Mundial. Podiam usar munição traçadora para indicar alvos para a metralhadora BAR e

metralhadoras .30 que não podiam ver as próprias traçantes a distância.

Vietnã

No inicio do conflito no Vietnã, o USMC tinha poucos snipers que estudavam assunto por contra própria enquanto o Vietnã do Norte

tinha várias equipes de snipers para cada Companhia.

O USMC no Vietnã tinha vários critérios de seleção enquanto O US Army escolhia os melhores de mira na Companhia. O USMC dava duas

semanas de treino no Vietnã sobre reconhecimento, ocultação e sobrevivência. O programa foi iniciado em 1965 e em 1968 se tornou

uma Escola permanente com cada regimento de reconhecimento tendo um pelotão com três grupos de combate de cinco duplas de

snipers, além do comando de tropas. O batalhão de reconhecimento tinha quatro grupos de combate com três duplas de snipers além do

líder, sargento auxiliar e armeiro.

Os americanos tiveram que reiniciar o treino de sniper quando o conflito começou. O USMC iniciou o treinamento na frente de batalha

com os instrutores reaprendendo a arte dos snipers na pratica. Usavam o princípio de só ensinar se tiver experiência. O local foi a

Colina 55 onde os incidentes com snipers inimigos no local caiu de 30 por dia para um ou dois por semana. Os instrutores observaram o

local, a trajetória dos projeteis que mataram Marines e observaram que os pássaros não pousavam em certos lugares. Logo perceberam

que havia um túnel para atirar de locais com grama alta de várias direções. Pediram para apontar um canhão sem recuo de 106mm

para a posição devido a distância. Em caso de tiro de snipers disparariam lá. Dois dias depois um sniper comunista disparou. O canhão de 106mm estava pronto e logo foi disparado. O sniper

comunista nunca mais disparou.

No conflito do Vietnã o US Army introduziu a munição de 5,56mm. Esta munição mostrou ser limitada com alcance de 300m, não penetra bem na vegetação e com pouco poder de parada. Os

soldados americanos podiam ver os Vietcongs a centenas de metros e não conseguiam engajar com o M-16. As tropas passaram a equipar

fuzis M-14 com luneta que depois foi escolhido oficialmente para ser o fuzil de snipers e chamado de M-21 em 1968. O M-21 foi equipado

com a luneta ART I (Auto-Ranging Telescope) com inclinação variando com o foco para compensar a queda dos projéteis automaticamente.

Page 156: tropas especiais

Logo foi reiniciado a seleção e treinamento dos snipers. O treinamento incluía chamar artilharia. Os recrutas davam até 700

tiros por dia, mas era bom mesmo para condicionar o tiro.

Enquanto o US Army gostou do M-21, mas o USMC não. O USMC escolheu o fuzil de ferrolho Remington 40X com mira Accu-range 3x9

que foi chamado de M-40A1. Os fuzis com ferrolho eram ruins nos engajamentos de curto alcance na selva e os snipers levavam pelo

menos um fuzil M-14 ou pistola .45. Atuavam em time de snipers com um pelotão de apoio.

Os snipers vietcongs eram bem treinados, com um curso de 12 semanas. Os comunistas eram treinados no norte e repassavam o

conhecimento rudimentar para as tropas do sul. Os norte vietnamitas tinham três grupos de combate de 10 snipers por Regimento que eram protegidos por um pelotão de segurança para cada grupo de

combate. O problema era a falta de munição. Os snipers do vietcong ficavam 8 horas por dia em campo e só podiam disparar três tiros a cada cinco dias. Atacavam helicópteros na zona de pouso e serviam

como observadores. Os alvos eram oficiais, sargentos e rádio-operadores, abatidos a distância de 600-700 metros, com objetivo de

atrapalhar processo de C3 e fogo e manobra. Além dos snipers comunistas, outra ameaça silenciosa eram as armadilhas e minas.

Logo os americanos perceberam a importância das táticas anti-snipers e passaram a usar artilharia e apoio aéreo.

O US Army operou mais ao sul do Vietnã, com terreno plano, com muitas plantações e mais aberto. Já o USMC atuou mais ao norte, com

muitas florestas e sem bons campos de observação e de tiro. Inicialmente os snipers operavam acompanhando patrulha e depois foram liberados para caçar e mostraram ser a forma mais efetiva.

Os snipers americanos atuando a curta distância, atiravam e corriam. A longa distância não precisavam correr. Esperavam alguém ir até o corpo e ativara novamente. Os sniper marcavam alvos com traçantes

para outros meios. Podia ser uma embarcação ATC com canhão de 105mm.

Afeganistão Russo

O conflito russo no Afeganistão pode ser considerado uma guerra dos snipers. Os soldados russos raramente viam o inimigo que disparou e

os guerrilheiros afegãos eram bons de mira. Um soldado cita que quando seu blindado foi atingido por uma mina, quem saia do

blindado era logo atingido. O blindado pegando fogo estava mais seguro que lá fora e só puderam sair quando outros blindados

chegaram para ajudar. Ao saírem notaram que o local próximo mais protegido onde poderia se esconder um sniper estava a pelo menos

500 metros. A guerra no Afeganistão mostrou a fragilidade do sistema de treino dos snipers russos a nível de batalhão e logo foi criado

Page 157: tropas especiais

escolas a nível de Corpo de Exercito.

Malvinas

O cenário da Guerra das Malvinas tinha bons campos de tiro e boa cobertura sendo um paraíso para os snipers. Os argentinos usaram o

fuzil K98K de fabricação local e a M-14 além de outras armas. A maioria dos snipers usava um fuzil com FAL com luneta. Estavam equipados com a mira noturna PVS-4 de segunda geração bem

melhor que os Starlight usados pelos britânicos.

Os britânicos usava o fuzil L42 que emperrava com freqüência e a luneta ficava embaçada. Logo começaram a jogar o fuzil fora e pegar

fuzis FAL argentinos que eram adequados contra alvos a até 600 metros. Os britânicos treinavam tiro nos navios enquanto iam para as

Malvinas.

O valor dos snipers foi novamente mostrado quando um único sniper argentino conseguiu parar uma Companhia britânica por quatro

horas. Em Goose Green, os snipers britânicos atiravam nas gretas dos bunkers a 700 metros e os argentinos se rendiam. Era bem mais

barato que o uso de mísseis Milan que também foi usado na tarefa. Já as tropas convencionais tinham que dar muita supressão concentrada

para poder avançar.

Um sniper argentino conseguiu abater treze militares ingleses antes de ser apanhado. Sua camuflagem era perfeita, e ele atirava apenas

em suboficiais e operadores de rádio. Foi descoberto por acaso, quando um soldado inglês, olhando exatamente para o ponto onde ele estava, viu a fumaça de um disparo. Rendeu-se, foi capturado

vivo e considerado apenas um prisioneiro de guerra.

Chechênia

No conflito na Chechênia os russos tiveram que reaprender as táticas de sniper na cidade e testaram armas e táticas novas. As batalhas em Grozny lembravam Stalingrado onde podia se perceber facilmente a

importância dos snipers. O problema é que os sniper russos eram treinados para atuar como parte de um ataque de armas combinadas avançando rapidamente contra forças se defendendo, atuando como

DM. Não estavam preparados para caçar snipers em ruínas ou preparar emboscadas por dias seguidos. Cada pelotão tinha um DM

armado com um SVD e que era protegido pelo pelotão.

No inicio da guerra na Chechênia em 1992 havia na Rússia os snipers da reserva das unidades de snipers da RVGK em pequena quantidade

e os snipers como parte das unidades que eram DM. As equipes do FSB e MVD eram mais treinadas para ações tipo polícia e eram ruins

para caçar snipers ou atuar em campo ou guerra urbana.

Page 158: tropas especiais

Depois da Segunda Guerra Mundial os russos continuaram enfatizando as táticas de supressão, usando até as AK-47/74 para

supressão, e com os snipers/DM batendo alvos a longa distância. O próprio fuzil SVD foi projetado para apoio de fogo especial e não para sniper, aumentando o alcance do pelotão de 300m para 600m. Sem um observador com luneta o atirador nem pode ajustar o fogo com

eficácia como os snipers ocidentais.

Até 1984, os snipers/DM russos eram treinados a nível de Regimento por um oficial escolhendo alguns recrutas de melhor desempenho. Eram retreinados a cada dois meses por alguns dias. Esta doutrina criava bons DM que cobriam setor de 200 x 1000m. Era esperado

uma probabilidade de acerto (Pk) de 50% contra um homem em pé a 800m, e 80% a 500m. A razão de tiro era de dois tiros por minuto

para conseguir estas estatísticas.

Já os chechênos conheciam bem o terreno e tinham muitas armas de snipers. Bastavam alguns poucos snipers chechênos para conseguir parar unidades russas inteiras nas cidades. Atuavam como sniper

sozinhos ou como parte de uma equipe de quatro armados com PKM e RPG-7. Estes times eram muito efetivos para caçar blindados.

Enquanto os snipers com SVD pegavam tropas de apoio os soldados com RPG engajavam os blindados. Grupos de 4-5 times atuavam contra um único blindado. Nas montanhas os snipers chechênos

engajavam a longa distância junto com a equipe de apoio. A equipe de apoio ficava mais distante. O sniper disparava alguns tiros e mudava de posição. Se os russos respondiam ao fogo a equipe

atirava para atrair o fogo e deixar o sniper fugir.

Em 1999 foi criada uma escola de sniper. Testaram várias combinações de equipes de 2-3 tropas com vários tipos de armas como PKM, RPG-7, SVD e fuzil AK. Vários destacamentos atuavam

juntos para apoio múltiplo. Logo voltaram a usar snipers da reserva RVGK. Atuavam em dupla com apoio de uma equipe de cinco tropas. Os russos voltaram a invadir a Chechênia em 1999, mas com equipes

de caça e ataque com dois a três snipers junto com uma equipe de segurança com pelo menos cinco tropas. Não eram só DM e estavam

preparados para entrar em posição de dia e atuar a noite.

Na Segunda Guerra Mundial a dupla ficava na mesma posição de tiro, mas na Chechênia ficavam separados podendo ver um ao outro.

Criavam pontos de emboscadas 200-300 metros do local. O grupo de apoio ficava a cerca de 200m atrás e 500m para o lado, em uma

posição camuflada, por uma ou duas noites e depois retornavam a base.

Os snipers não tinham intenção de se render e por isso, além do fuzil de sniper, levavam um fuzil AK-74 ou pistola, além do óculos NVG,

flares, granadas e as vezes um rádio. Se a equipe de apoio falhar, o flare vermelho era usado para chamar a artilharia para a posição. As

Page 159: tropas especiais

vezes o grupo chegava a 16 tropas no total. Os russos não atuam com dupla observador/sniper. Geralmente opera com um a três

atiradores. Os periscópios tinham sido retirados de uso e voltou a operar na Chechênia para observação.

Os alvos prioritários eram os snipers chechênos e os operadores de lança-chamas RPO (na verdade um lança-rojão com munição

termobárica). A seguir estavam os operadores de PKM e RPG-7.

Snipers russos operando na Chechênia. Notem a escolta de fuzileiros.

Page 160: tropas especiais

Um sniper russo atuando na Chechênia. No conflito da Chechênia o Exercito russo estava sem treino há 2 anos e as unidades estavam incompletas. Reuniram

unidades sem treino com as pouco treinadas em unidades mistas.

O SV-98 é o novo fuzil dos sniper russos. O modelo acima está equipado com um supressor de som.

Page 161: tropas especiais

Equipe de snipers russos. Depois do conflito na Chechênia os russos testaram várias combinações para as equipes de snipers. A equipe acima está equipado com um fuzil SVD, um fuzil AK com sensor térmico e supressor de som e um ajudante com

uma matralhadora PKM.

Iraque

Nos dois primeiros anos de conflito no Iraque em 2003 os snipers americanos conseguiram muitos kills. Depois menos de um por mês.

Os alvos "fáceis" foram todo mortos e os sobreviventes se adaptaram.

Milhares de fuzis SVD foram capturados durante a invasão em 2003, mas a força de segurança de Saddam armazenaram pilhas antes e um bom atirador só precisa de pouca munição. Os insurgentes não

tem mira noturna e só atiram área iluminada a noite. Não tem rádio, as vezes usam celular, e só levam o fuzil e as vezes um carregador adicional tornando-se muito móvel, e fácil descartar as evidencias

incriminatórais para se misturar a população.

O inimigo sabe o que americanos podem fazer e passaram a tomar mais cuidado com a presença de tropas próximas. Todos observam os

americanos e estudam suas táticas e técnicas. Sabem o que é uma

Page 162: tropas especiais

Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force - QRF), e como opera e aprenderam a disparar e fugir antes que a QRF chegue.

Também passaram a considerar as regras de engajamento e uma diz que um sniper só atiram em inimigos armados. Assim não levam armas até precisarem usar e só andam com roupas civis para se misturar a população. Durante a ação usam balachava preta e

encobrem a identidade.

Com o inimigo vestido de roupas civis as tropas americanas passaram a levar kit policial RIFF. Se colocam nas mãos e roupas o kit fica azul

em contato com pólvora o que denuncia quem usou armas recentemente. Os guerrilheiros iraquianos também usam humanos

como proteção frequentemente. As vezes os civis são pagos ou simplesmente aterrorizados. Os civis são compensados se indicam os

esconderijo dos sniper o que virou a maior atividade das crianças. Mesmo assim o uso dos snipers mostrou ser eficiente. Poucos podem

manter vários quilômetros de estrada livre de bombas ou deixar a guerrilha longe de certos locais.

Um fuzil M40A-1 do USMC foi encontrado em um carro atacado em Habbaniyah. O fuzil tinha sido capturado em uma emboscada em

Ramadi dois anos antes em 2004. Outra equipe de seis snipers dos USMC foi emboscada em Haditha e levou o serviço a repensar o

emprego dos snipers. Agora operam em grandes grupos.

Um sniper americano no Iraque classificou os sniper insurgentes em três tipos. O potshot é que um civil com fuzil de sniper, geralmente

um SVD. O potshot atira a no máximo 200m sem precisar compensar o tiro e são a maioria. Tem o equivalente ao DM com treinamento de

tiro. Geralmente é um ex. militar. Aprendendo com a experiência pode se tornar mortal. São cerca de 40-45% de todos os sniper. Já os sniper qualificados são poucos e mortais. Vários tem experiência na Chechênia e outro lugares. Felizmente para os americanos são cerca

de 5-10% no máximo.

O US Army levou três sniper para treinar tropas americanas em Bagdá. Realizam cursos de quatro semanas ao invés de cinco. O

curso no local é bom para já aclimatar com o deserto. Os tiros são feitos em alvos com fotos dos mais procurados e já treinavam

inteligência. Também preparavam os alunos para chamar artilharia.

No Iraque os snipers americanos protegiam as instalações de petróleo com helicópteros UH-60 com capacidade de disparar com fuzil M-24 ou M-107 dando grande mobilidade. Esta técnica já tinha sido usada no Vietnã. A aeronave em alerta decola em 30 minutos em resposta

rápida ou cobre uma área bem grande em patrulha de rotina.

Os snipers são geralmente usados para apoiar patrulhas avançando. Usavam seus óticos para procurar locais suspeitos de ter explosivos

Page 163: tropas especiais

IED.

Uma dupla de sniper americanos no Iraque. Os fuzis estão camuflados e um está usando um periscópio para observar os arredores. Estão equipados com binóculos, rádios, telemetros e um está com um fuzil automático. Os americanos colocaram dúzias de duplas de sniper no topo dos prédios em Bagdá para atirar em qualquer

individuo armado ou atacando tropas americanas. Com superioridade aérea tiveram domínio fácil dos topos dos prédios. Táticas e

Técnicas dos Snipers

As táticas dos snipers não nasceram prontas, mas foram criadas com o desenrolar dos conflitos, assim como suas armas e equipamentos. Os snipers recebem treinamento sobre camuflagem, ocultação, caça e observação, alem de tiro em varias condições. Disparam centenas de tiros em varias semanas enquanto aprendem outras habilidades.

A principal defesa é a camuflagem e ocultação. O sniper limita seus movimentos para evitar detecção. Toma cuidado com a luneta pois

pode refletir a luz ambiente. Geralmente evita expor a luneta ou tampa a maior parte.

Os snipers reais treinam muito as técnicas de camuflagem, pois deve atirar sem ser notado. Dependem dela para sobreviver. A técnica de camuflagem principal é criar vestimentas chamadas de "Gillie Suit"

que são colocadas em cima do uniforme.

O uniforme de baixo convém ser de infante normal para não ser descoberto. Os snipers são mortos na hora se capturados. Os snipers podem usar qualquer uniforme e não são obrigados a fazer tarefas diárias como outros soldados além de poderem ir onde quiserem. O

tratamento diferenciado os torna mal vistos pelas outras tropas.

Foram os "Lovat Scouts" britânicos que introduziram a roupa "Gillie Suit". Eram caçadores escoceses que formaram uma unidade em 1900 com 200 escoceses das terras altas. Eram muito bons em

camuflagem, stalking e reconhecimento. Ajudaram na formação dos

Page 164: tropas especiais

snipers britânicos na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Foram a primeira contramedida britânica contra os snipers alemães na

Primeira Guerra. O lema dos Lovats Scouts era "quem atira e foge, vive para atirar outro dia (He who shoots and runs away, lives to

shoot another day).

A roupa "ghille", vem do escocês para "garoto". Em inglês é o assistentes de caçadores ou pescadores em expedições. A roupa é

feita pelo próprio sniper conforme o local que opera e não comprada pronta. É feita com rede ou roupa com tiras de roupas ou tecido

enrugado, parecendo folhas e galhos, lembrando um matagal, fácil de fundir com o fundo vegetal. Vegetação local é adicionada. É um

processo demorado e demora mais ainda se for necessário uma maior qualidade. O sniper deve estar preparado para adaptar seu ghille em

minutos. O problema é que esta roupa são pesadas e quentes, podendo chegar a 50 graus centígrados. São fáceis de pegar fogo e

por isso são tratadas com ratardante de fogo.

A proteção térmica passou a ser importante com o emprego de sensores térmicos pelo inimigo que pode detectar facilmente um

sniper. Placas de plástico e mantas térmicas podem ser usadas pelo sniper e equipamentos e devem ser camufladas.

Page 165: tropas especiais

A função da roupa "gillie suit" é quebrar o contorno da figura humana e a vegetação adicional é que camufla. A forma, sombra, brilho e silhueta podem denunciar a

posição do sniper.

A eficiência do sniper está mais relacionada com o atraso dos movimentos inimigos e não numero de mortes. O soldado comum

sabe que pode ser atingido, mas pensa "não vai acontecer comigo". A presença do sniper muda esta concepção e piora com os amigos

sendo mortos por snipers. O efeito se multiplica quando os snipers agem na retaguarda onde as tropas pensam estar seguros. Os

recrutas se escondem e não obedecem ordens. Um sniper alemão na Segunda Guerra cita que disparava de longe, sem chances de acertar,

mais para mostrar para os russos que não estavam seguros.

A aproximação do alvo, ou técnicas de progressão, é chamado "stalk" no USMC. Para ser bom em stalk o sniper precisa de muita paciência

e coragem. Arrasta em zig-zag na grama para dificultar a visualização do próprio rastro. O nascer e por do sol faz os óticos da luneta brilhar

e cada hora trás vantagem e desvantagens em um combate de snipers. A tática anti-barulho é levar o mínimo de equipamento

possível. Bom mesmo é só o fuzil, munição e vestimenta. Qualquer barulho pode ser mortal. Na guerra civil espanhola e colocados junto com metralhadoras para mascarar os tiros. No frio o vapor eliminado

na respiração pode ser fatal.

As técnicas de progressão no terreno são importantes, pois o sniper deve chegar ao local do alvo e mudar de posição. Os afegãos cancelaram a superioridade numérica e qualitativa russa com

conhecimento do terreno. Era onde caçavam e viviam. Contra os EUA não foi possível, pois estavam atuando junto com outros afegãos e a

superioridade técnica era muito acima da russa.

Os sniper deve entrar em posição sem ser detectado, movendo-se com paciência, devagar e sem fazer barulho. O olho humano sempre

é atraído pelo movimento. Por exemplo, em uma missão no Vietnã, na fronteira com o Laos, o sniper dos USMC Carlos Hathcock cobriu 2km de terreno com grama em quatro dias sem se alimentar e beber água direito. A área estava coberta de patrulhas e foi até pisado na perna

por um vietcong. Abateu um general vietcong a 800m e teve que fugir dos vietcongs que os procuravam.

Na escolha da posição devem considerar onde alvo vai aparecer no terreno. Devem pensar na reposta para cada situação. Podem atirar, chamar artilharia, ou ataque aéreo. São ensinados a ter disciplina e fogo controlado, e não apenas esconder e atirar em tudo que move.

Um sniper deve ter muita paciente e resistência física, pois pode ficar dias dormente até disparar. Não sai atirando a esmo. Seletividade é a qualidade daquele capaz de selecionar bem seu alvo. Como exemplo,

veja-se o caso do seqüestro de um ônibus escolar no Djibouti, por

Page 166: tropas especiais

forças terroristas. O GIGN francês postou seus snipers em volta do veiculo parado numa estrada no deserto, e cada um deles recebeu a missão de neutralizar um dos quatro terroristas que mantinham as crianças imobilizadas dentro do veiculo. Porém só poderiam atirar

quando "todos" tivessem o campo livre ao mesmo tempo. Depois de quase dez horas de paciência, eles obtiveram luz verde e, com

certeiros disparos, abateram todos os terroristas ao mesmo tempo, liberando as crianças do cativeiro.

Uma tática é nunca atirar mais de uma vez do mesmo lugar e se expor o mínimo possível. Bom mesmo é tiro rápido tipo "snap shot" que precisa de muito treino. Para caçar snipers inimigos podem usar a tática de disparar fuzil com corda de longe para chamar fogo dos snipers inimigos ou dispara de posição falsa e volta para a posição real. Um pano molhado pode ser colocado debaixo da arma para evitar levantar poeira e não é aconselhável atirar de dentro de

folhagem por defletir o tiro e denunciar a posição. Observar animais é importante para sobreviver, pois avisam se tem alguém perto. O alcance é item para aumentar a sobrevivência. O tiro deve estar

longe para não receber fogo de retorno, mas próximo para atirar com precisão.

Na observação das tropas inimigas o mais importante é saber quem é o oficial. Na Segunda Guerra Mundial os snipers alemães reconheciam

os oficiais britânicos pelo bigode que só eles usavam. Os oficiais americanos e britânicos usavam o mesmo uniforme das tropas

comuns e passaram a ter aparecia e comportamento de recrutas. Escondiam mapas, binóculos, divisas e armas diferenciadas como as pistolas. Na Guerra da Coréia os oficiais eram abatidos por usarem

óculos ray-ban. As tropas americanas modernas podem ser identificados por detalhes como o apontador laser na arma. Não usam

metralhadoras e nem carregam lança-rojões. Sem detalhes para diferenciar, o sniper deve ser capaz de notar quem está dando

ordens.

Os conceitos de escolha de posição são relativamente simples. Deve prepara para mudar de posição logo que sente que vai ser

descoberto. Não se deve escolher locais óbvios e já planejar a rota de fuga antecipadamente. Torres e andares de prédios mais altos são

exemplos de locais óbvios. São os primeiro alvos do inimigo. O inimigo pode chamar artilharia e armas pesadas contra locais

suspeitos. Partes altas dos prédios são as primeiras a serem atingidas por artilharia e a infantaria também não usa pelo mesmo motivo. As

posições são as menos esperadas. Os snipers inimigos saberiam onde procurar facilmente.

Uma casa qualquer com telhado destruído é mais segura. Usando uma casa sozinha o sniper pode ser descoberto e cercado. Uma

posição camuflada próxima dá menos problemas. Veículos danificados são bons para esconder, mas tem que mudar de posição

Page 167: tropas especiais

frequentemente.

Plantações são bons locais, pois não tem características especificas para o inimigo observar e são bons para mudar de posição. Em cima da arvore é o pior lugar, pois geralmente são pegos. Os japoneses na

guerra do Pacífico escondiam nas arvores e a maioria morria, mas mesmo assim causavam muitas baixas nos EUA. As matas usadas

como cercas são boas para facilitar a mudança de posição rapidamente.

Os cruzamentos devem ser evitados e são alvos de artilharia por serem pontos de cruzamento de veículos sendo frequentemente bombardeados só por isso. São fáceis de localizar no mapa e o

inimigo pode atirar a esmo tentando destruir o tráfego que deve estar passando e até engarrafado no local. Uma posição próxima pode ser

ideal. As tropas tendem a parar nestes pontos e esperar ordens. Próximo a pontes é bom para causar baixas e atrasar o avanço

inimigo.

A tática de expor um pedaço de roupa com forma humana para chamar atenção inimigo é da Primeira Guerra Mundial. Era muito efetiva contra snipers. No Aden,

um sniper britânico detectava terroristas simplesmente chamando a atenção deles. Se aproximavam, mostravam armas e logo eram mortos. Na Guerra Civil americana

Page 168: tropas especiais

os snipers levantavam o chapéu para chamar o tiro inimigo enquanto outro respondia ao fogo.

Existem várias posições de tiro de sniper. O sniper acima está sentado e o fuzil está sem luneta. Na Chechênia os sniper russos passara a usar o bipé da metralhadora PKM nos seus fuzis SVD por tornar o tiro mais estável. Mesmo assim treinam para

realizar o tiro em todas as situações.

Outra técnica usada pelos snipers é a de não matar, e sim apenas ferir um inimigo, o que leva outros a tentarem resgatá-lo, elevando o número de alvos em potencial. O cinema nos mostra bem isto, como

no filme "Nascido para Matar", que mostra uma sniper vietcong ferindo um soldado americano, e usando-o como isca para atrair seus companheiros, ou o filme "Resgate do Soldado Ryan", onde ocorre a

mesma situação.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães foram também os primeiros a utilizarem pares de snipers, onde enquanto um dispara, o outro serve de observador e guarda-costas. A experiência mostra que é melhor atuarem aos pares em uma equipe de sniper e observador tendo maior capacidade de sobrevivência e eficiência. Em posição fixa as duplas de snipers fazem vigilância e reconhecimento em

turnos de 20 minutos. O observador (ou spotter) usa arma mais leve e granadas. Também tem a missão de evitar times anti-sniper inimigos

e observar e corrigir o tiro do sniper. No USMC são chamados de equipe Scout-Snipers. Os sniper móveis são mais agressivos e cobrem uma área maior. Agem atrás da retaguarda inimiga, atacando alvos

móveis e suas linhas de suprimento.

Os snipers podem operar como parte de uma patrulha, dirigindo artilharia e para se proteger. Isto anula uma das desvantagens de

operar sozinho ou aos pares, estando sempre superado em número. Os snipers podem usar um grupo de combate para apoiar sua

retirada.

Page 169: tropas especiais

Seu emprego nas operações ofensivas permite participar em ataque improvisado, ataque organizado, ataque frontal (atirando contra alvos

preparados, casamatas, flanco exposto), ataque envolvente, participar de patrulhas atirando contra alvos distantes. Em uma incursão a função do sniper pode ser a observação de pontos de evasão e escape, vigiar rota de emprego, realizar tiro de longo

alcance e toda a operação. Em operações defensivas pode realizar proteção de retaguarda.

Uma tática de emprego comum dos snipers na Segunda Guerra Mundial era penetrar as linhas inimigas a noite e se posicionar em um

colina próximo a uma estrada. Os snipers dividiam a área entre equipes ou observador e sniper. Atiravam principalmente nos oficiais. Evitaram atirar mais de duas vezes para não denunciar a posição. Os comboios avançavam na estrada e eram atingidos depois por mais sniper cobrindo outro setor. Já na guerra civil espanhola os snipers

eram usados para atrapalhar a linha de suprimentos inimigas.

Uma tática muito eficiente é a emboscada de triangulação. Nesta tática são usados três snipers ou três equipes de snipers. Após escolher o terreno, cada sniper/equipe, fica em um extremo do

triangulo no terreno escolhido. A distancia da zona de morte varia de 300 a 600m. Com o inimigo na zona de tiro uma equipe abre fogo. Se

for localizada a segunda equipe abre fogo e primeira equipe abandona a posição. Se a segunda equipe for detectada a terceira

repete o processo. Esta tática cria muita confusão no inimigo sobre o local dos disparo e quantidade de snipers.

Em uma emboscada anti-carro, a função do sniper é ajudar a atrapalhar as tropas de escoltas e forçar o comandante do blindado a

ficar dentro do veículo e assim com menos visão ao redor. Na Segunda Guerra Mundial, a área em torno da cúpula dos

comandantes de blindados eram muito marcadas por tiros. Eram o alvo principal da infantaria e dos snipers.

O sniper mostrou sua importância tática ao parar tropas em número muito superior, na ofensiva ou defensiva, por bom um bom tempo.

Isso foi provado em várias ocasiões como nas batalhas pela posse da capital da Chechênia, Grozny, onde muitas vezes, um simples sniper chechênos, e muitos eram mulheres, detinha forças russas por dias,

fazendo com que o avanço geral fosse interrompido.

A guerra psicologia faz parte das táticas dos snipers, no sentido de desmoralizar as tropas inimigas. Durante a Revolução Cubana, os

snipers dos guerrilheiros do Movimento 26 de julho sempre atiravam nas tropas da frente em um grupo de soldados Batistas. Assim,

ninguém queria ir na frente considerando suicídio. Resultou na falta de interesse em realizar buscas nas bases rebeldes nas montanhas.

Outra opção é atingir o segundo no comando, levando ao efeito

Page 170: tropas especiais

psicológico de não querer seguir o líder.

A frase "um diparo, uma morte" é outro efeito psicológico da mística dos snipers. A frase incorpora a táticas e filosofia da furtividade e

eficiência dos snipers: um único tiro evita disparo desnecessário, todo disparo é certeiro.

Recentemente no Iraque surgiu a lenda de um sniper iraquiano chamado Juba que vem aterrorizando os americanos. Estes sniper tem uma página na Internet onde mostra os vídeos que grada com

uma camera instalado no seu fuzil SVD. As imagens mostra claramente soldados americanos sendo atingidos, principalmente na

cabeça. Juba tem a seu crédito pelo menos 37 kill, mas pode chegar a 150. Os americanos citam que são vários sniper e não um só e que já

foi capturado. Juba atua em um veículo com um buraco de onde realiza os disparo, raramente mais de um.

O sniper é uma ótima arma para guerra assimétrica com um lado em franca desvantagem. A estratégia do mais fraco pode usar poucos

indivíduos e recursos para retardar o movimento ou outros avanços de uma força muito maior. O sniper atuaria como arma de terror,

sendo mais efetivo que ataque maior proporções. Na Irlanda do Norte, os sniper eram iscas com uma posição obvia para as patrulha britânica que eram levados para um emboscada ao tentar se

aproximar.

Em combate em localidade (terreno urbanizado) algumas táticas são recomendadas. Um sniper deve atirar do fundo do cômodo, com um

plataforma elevada se atirar para baixo. O objetivo é dificultar a detecção. Deve preparar a cobertura contra tiros inimigos de retorno.

Deve evitar os últimos andares, que mais sofrem com artilharia. As aberturas nas paredes oferecem bons campos de tiros, mas o sniper deve proteger as laterais das aberturas onde executar os tiros. Os restos de vidro devem ser retirados para não denunciar a posição

durante o disparo caso quebrem. As rotas de fuga devem ser preparadas com antecedência. O uso de armadilhas e minas tipo

claymore devem ser usadas para proteger as rotas de fuga ou possíveis locais onde o inimigo possa tomar a posição. Deve

aproveitar material local para ajudar a esconde a posição como cortinas, telas e móveis. É aconselhável evitar locais muito aberto e

fácil de ser localizado. Quanto mais elevado o andar onde atira, maior o angulo morto e vice-versa. O ideal é executar fogo oblíquo ao

objetivo que será mais difícil de detectar. É aconselhável ter muitas posições de tiro e evitar as melhores por ser muito evidente. O tiro deve ser certeiro devido a distancia curta e provável reação. Um inimigo ferida pode ser melhor que morte por retardar a ação do

inimigo.

As operações em terreno montanhoso tem a vantagem de proporcionar grandes campos de observação e tiro. Por outro lado os

Page 171: tropas especiais

grandes desníveis e ventos constantes e irregulares dificultam a balística, mas atiram para baixo e com menor densidade ar o que já é uma vantagem. Outra desvantagem é a dificuldade de se movimentar

com equipamento pesado em terreno irregular. É um terreno ideal para emprego de armas pesadas de sniper. De uma posição elevada, várias equipes de sniper podem restringir facilmente a movimentação inimigo pelo fogo de longa distancia com economia de forças. Podem

proteger vias de aproximação importantes, assim como as comunicação e obstáculos naturais e artificiais (rios, pontes etc).

Um sniper do Vietnã do Norte criou uma tática bem simples para sobreviver durante o cerco de Khe Sanh, na guerra do Vietnã. A base dos Marines estava cercada por forças do Vietna do Norte, e é lógico,

haviam snipers norte-vietnamitas ao redor. Após dias de busca usando binóculos, os Marines localizaram um sniper inimigo que já

havia abatido vários dos seus. Trouxeram uma peça de canhão sem-recuo de 106 mm e eliminaram a ameaça. Dia seguinte, um novo

sniper estava no mesmo local. Novas baixas entre os norte-americanos, nova busca minuciosa, localização e eliminação. Dias depois, um terceiro sniper vietnamita apareceu. Os Marines, que já

haviam iniciado a busca deste novo inimigo, notaram que, ao contrário dos outros, este não acertava ninguém. Limitava-se a disparar seguidamente, porém sem causar baixas. Um sargento

Marine, veterano de muitas campanhas, formulou a seguinte hipótese: este novo sniper havia sido mandado por seu comando para

continuar o trabalho dos outros e, eventualmente sofrer o mesmo destino dos outros. Acontece que ele não estava disposto a sofrer o

mesmo destino de seus companheiros e, deduziu-se, acertadamente, que se atirasse para satisfazer sues comandantes, porém não

acertando ninguém, os americanos o deixariam em paz. E foi o que ocorreu. Durante o restante do cerco, ele seguiu atirando, e errando,

e os americanos não revidaram com o temido canhão de 106 mm.

Page 172: tropas especiais

Um sniper policial em um helicóptero. O helicóptero permite que os snipers tenham muita mobilidade. Esta tática vem sendo usada desde o Vietnã.

Dois snipers seguem o rastro de guerrilheiros em uma trilha no Afeganistão. As técnicas de rastreamento são ensinadas aos snipers.

Page 173: tropas especiais

Uma dupla de snipers dos Seals da US Navy. A dupla está armada com fuzil M-40 de ferrolho, um Mk12 semi-automático com cilenciador e uma M-4. Sua arma principal ainda é o rádio por satélite com laptop que pode ser usado para chamar artilharia e apoio aéreo aproximado. Durante a invasão do Iraque em 2003 os EUA usou cerca de 1.000 operadores das forças de operações especiais para controlar o norte do

país e evitar que os três Corpos de Exército na região fossem deslocados para o sul. Foram ajudados por cerca de 10.000 guerrilheiros curdos que conheciam. As

equipes se comunicavam com um centro de comando com rádio de satélite que passava as informações para as aeronaves táticas (TACAIR) da posição dos

controladores aéreos. A comunicação com as TACAIR era por rádio de curto alcance. As equipes usavam lasers para indicar alvos para as aeronaves. A maioria das

equipes era formada por duplas de snipers, armados também com fuzil pesado, e se movimentavam com motos que era ideal para a região. Operavam a partir de uma base maior escondida que apoiava várias duplas. O treino de sniper era útil

para se esconder e para realizar reconhecimento e vigilância, além de dar uma boa capacidade de defesa contra tropas em número superior.

Táticas Anti-Sniper

Quando o inimigo está usando snipers a prioridade é matá-los. Neste caso a melhor arma são outros snipers. Enviar infantaria só aumenta

as baixas. A atividade de caçar sniper inimigos virou rotina na Primeira Guerra Mundial. No Vietnã os americanos usavam canhões,

lança-rojões, artilharia, metralhadora e até apoio aéreo contra posições inimigas.

Page 174: tropas especiais

A guerra de sniper levou a evolução de varias táticas anti-sniper. O objetivo é diminuir os danos causados pelos sinper que podem ser muito prejudiciais em termos de capacidade de combate e baixar o

moral da tropa. Para diminuir o risco de danos que o sniper causa na cadeia de comando, doutrina e equipamento é necessário prevenir comportamentos e sinais de "liderança". As insígnias precisam ser escondidas, com uniforme idêntico para todas os postos, sem luxos

na linha de frente, com ordens de comandos sendo dados discretamente. Atos como olhar mapa, mostrar autoridade, abstenção de tarefas comuns e outras linguagens corporais podem denunciar o posto de oficial. As tropas não prestam continência para oficiais no campo e os oficiais procuram cobertura antes de se revelar como bons candidatos para os sniper antes de ler mapas e usar o radio.

Meios valorosos devem ser estacionados em locais protegidos, evitando ataques "anti-material". É uma tática efetiva em qualquer

circunstancia, visto que previne danos de fragmentos.

Quando um ataque de sniper acontece, a tarefa mais difícil é determinar a localização do sniper. Devido ao fato do sniper usar camuflagem, escolher posição de tiro cuidadosamente e sempre

atacar a longa distancia, sempre é possível que ele ataque e se retire sem ser detectado. Estar consciente dos métodos que os snipers

usam para se ocultar faz parte do processo de detecção dos sniper, como a maioria dos objetos que geralmente não são percebidos podem funcionar como ninho de sniper. Estes objetivos incluem carros estacionados com buraco por onde podem atirar, com o motorista atuando como sniper. Pilhas de escombros não são

geralmente suspeitos e devem ser considerados.

Um sniper amigo costuma ser a maior ferramenta anti-sniper. Com pouco treino, conhecimento das imediações e equipamento, um

sniper pode oferecer conselhos a um pelotão, melhorando a capacidade de busca, e meios de combater o sniper diretamente.

Quando dito o que observar, o pelotão pode agir como ouvido e olhos adicionais do sniper. Além de acompanhar o pelotão, o sniper pode

atuar de forma autônoma. Sem ajuda do grupo de combate, um sniper mais habilidoso irá vencer. De qualquer forma, o duelo de

sniper irá distrair o sniper inimigo de sua missão.

A observação direta é o meio mais preciso de se localizar um sniper, mas é um luxo raro quando se encara um sniper bem treinado. Vários

outros métodos podem ser usados:

- Câmera térmica. O melhor meio de detecção de sniper atualmente são as câmeras térmica. Funciona a noite e com neblina e só é imune

a trajes especais.

- Azimute reversa. Se um projetil de sniper entra em um objeto fixo, inserindo uma barra no buraco se consegue determinar a direção e

arco do projetil além de estimar a distancia e elevação. Esta técnica é

Page 175: tropas especiais

arriscada sem cobertura e sempre corre o risco de entrar no campo de visão do sniper.

- Triangulação. É uma técnica onde duas ou mais localizações podem identifica a posição do sinper na hora que atira. Em um mapa, cada

um coloca a posição onde estava e indica a direção do tiro. As direções irão se cruzar na posição aproximada do sniper. Pode ser

feito visualmente com munição traçante que irão se cruzar na posição aproximada do sniper.

- Atraso de som ("crack-bang"). Um projetil supersônico produz uma onda de choque supersônica quando passa. Se a velocidade do

projetil inimigo for conhecida, o alcance pode ser estimado mediando o atraso entre a passagem do projetil e o som do tiro, comparando

com uma tabela. Este método é efetivo em distancias até 450 metros. Além disso o atraso aumenta, mas a uma razão muito pequena para

um humano distinguir.

- Engodo. Quanto mais tiros disparados, maior a chance de se localizar ou observar o sniper. Engodos ajudam a aumentar este

numero de disparos sem perdas humanas e pode incluir equipamento de valor como mostrar o capacete. Sinais provocativos podem

funcionar se o sniper estiver descuidado, agressivo ou não sabe da presença de outras tropas na área. Um sniper bem treinado realiza o

mínimo possível de disparos, sendo paciente e disciplinado para evitar isso. O finlandês Kylma-Kalle usou esta técnica contra os

russos. Usava um manequim vestido de oficial. Os snipers soviéticos não resistiam a tentação de umtiro fácil. Após determinar a direção do tiro, o finlandês usava um fuzil pesado Lahti L-39 para eliminar o

sniper russo. Outra tática boa é colocar trapos em arbustos, ou coisas similares em áreas de perigo. Os trapos balançando na brisa criam movimentos randômicos no canto dos olhos dos snipers, criando

distrações. É fácil de usar, mas não evita que o sniper selecione alvos, e ainda pode dar informação sobre o vento próximo do alvo.

- Detetores. O primeiro sistema de detecção de sniper, chamado "Boomerang" foi desenvolvido pelo DERA britânico e consegue

determinar o tipo de projetil, trajetória e ponto de disparo de um local de disparo desconhecido. O sistema usa microfones para detectar o

disparo e a onda sônica do projetil. O sensor detecta, classifica, localiza e mostra o resultado em um mapa. O sistema fica montado em um veiculo. Os EUA tem o projeto RedOwl, com laser e sensores

acústicos.

- Cachorros (K9 - ki-nine, ou canine). Cachorros são bons para detectar, alertar e perseguir snipers a noite. Os cachorros iniciaram a caça aos sniper com sucesso no Vietnã. Podem determinar facilmente a direção do sniper pelo som do projetil. Os cachorros deitam com a

cabeça apontada para a direção do sniper.

Page 176: tropas especiais

Foto da antena do Bumerang na traseira de um HUMVEE. Cerca de 700 sistemas foram deslocaldos para o Afeganistão e Iraque. O painel que indica a direção fica na cabine. Os sistemas de detecção de sniper acústicos e radar portáteis se tornaram operacionais. Detectores de som agora são capazes de determinar caminho de tiro

e colocar dado em mapa em milisegundos. Se levados por blindados com mira automática pode inserir dados e responder ao tiro imediatamente sem chances de

fugir ou chamar artilharia para saturar área. Os sistemas podem ser usados por equipes anti-sniper e funciona bem em ambiente urbano.

Uma vez que a posição do sniper foi encontrada existem as seguintes opções de ação:

- Reconhecimento pelo fogo. Se são poucas as posições onde o sniper pode estar, o grupo de combate pode concentra o fogo nestas

posições e observar sinais de sucesso. Em uma situação com muita opção de proteção, um sniper amigo pode disparar uma munição

traçante no local para concentrar fogo do pelotão no local.

- Minuto louco (Mad Minute". Se existem muitas posições para ser coberto pelo "reconhecimento pelo fogo", cada posição inimiga

possível é atacada por um ou mais soldados, após receber sinal e atirar, com todos os membros do pelotão disparando

simultaneamente um certo numero de tiros. O método é efetivo e tem valor secundário de aumentar o moral das tropas.

- Artilharia. Se a posição geral do sniper pode ser determinada por outros meios, a área pode ser bombardeada por morteiros ou

artilharia. Talvez até pelo ar se for um grande problema.

- Cortina de fumaça. Em áreas urbanas e outros ambientes com poucas opões de movimentação e campos de visão, a fumaça pode

Page 177: tropas especiais

ser um meio efetivo de esconder o movimento das tropas. A cortina de fumaça pode ser criada para mudar de posição ou fugir, ou se

aproximar e eliminar o sniper. Soldados comuns ainda podem causar danos através da fumaça atirando aleatoriamente ou por intuição, mas o sniper perde sua vantagem da precisão e é menos provável

que atinja algo com sua baixa razão de tiro.

- Correr. Táticas de fogo e movimento pode funcionar contra sniper, mas o bom mesmo é correr e se esconder. O maior erro dos alvos é

deitar e congelar. São pegos um após o outro. Se o grupo de combate esta paralisado por tiro de sniper e sofrendo baixas, a ordem deve ser

dada para tomar a posição do sniper. Se o sniper estiver longe, a ordem é correr para uma posição abrigada. O grupo irá sofrer baixas, mas com muitos alvos móveis e com baixa razão de tiro, as perdas

são geralmente pequenas comparadas com a opção de manter posição e ser pego lentamente.

- Movimento em pinça. Se a posição do sniper for conhecida mas sem opção de retaliação direta, um par de grupo de combate pode se

mover ocultamente, preferencialmente com cobertura, e direcionar o sniper para o grupo com os alvos. Isto diminui as chances do sniper

encontrar uma rota de escape rápida e oculta.

- Armas adequadas. Contra a posição suspeita do sniper pode se usar artilharia ou morteiro. Cortina de fumaça, minas são outras armas

que devem estar sempre disponíveis. Armadilhas em posições suspeitas podem ser colocadas caso a tropa esteja estacionada. Até

armadilhas falsas podem ajudar a atrapalhar a movimentação de snipers. Sem minas para fazer armadilhas, pode ser usado granadas,

fumaça e até flares. Não mata mas releva a posição. Armadilhas devem ser colocadas próximos a bons locais de tiro de sniper e rotas

prováveis. Para isso é bom ter um sniper para conhecer táticas prováveis do inimigo. As equipes do SAS britânico que operaram no Aden na década de 1970 começaram a atacar snipers com o canhão

sem recuo Carl Gustav de 84m. Pesando 16kg ele disparava uma granada de 2,6kg a até 1000m com precisão. Era efetivo contra alvos

bem protegidos. Os Russos usaram seus RPG no Afeganistão na mesma tarefa com sucesso.

Page 178: tropas especiais

O CSR-84mm Carl Gustav é usado pelo Exército Brasileiro.

As equipes anti-sniper são outro meio para caçar sniper inimigos nas áreas onde operam. As táticas dos sniper são relativamente

previsíveis e a melhor reação é usar outro sniper que vai raciocinar de modo contrario. As atividades dos snipers ao caçar outros snipers se baseia em estudar seus hábitos e métodos, e esperar pacientemente por um bom tiro. Acaba sendo um estudo de tiro e camuflagem. Para

detecção de snipers inimigos os britânicos iniciaram o uso de telescópios potentes na Segunda Guerra Mundial e mostraram ser

uma ótima arma.

As equipes anti-snipers usam posições falsas e truques para o inimigo atirar e revelar sua posição. Uma tática simples das equipes anti-

snipers é um atira a esmo e buscar cobertura enquanto outra equipe espera a resposta inimiga para detectar suas posições.

Uma equipe anti-sniper deve ter uma arma de longo alcance e de preferência maior que o do inimigo. O calibre Lapua mostrou ser insuficiente para contra-sniper como mostrado pela experiência

francesa em Serajevo, a russa na Chechênia e americana no Iraque. A melhor arma é um fuzil pesado.

Já um sniper deve estar preparado para a reação inimiga. Deve evitar atirar do mesmo lugar sempre contra o mesmo objetivo. Se torna

uma posição óbvia para outro sniper assim como possíveis rotas de fuga e pode ser emboscado. De detectado por outros sniper tem

poucas chances de sobreviver. Deve estar pronto para criar cortina de fumaça, se esconder e fugir correndo para dificultar o tiro inimigo.

Seleção e Treino

Sniper é uma tarefa especializada e precisa de escola apropriada, treinamento, doutrina e armamento especializado. Não é uma tarefa

que pode ser ensinada para qualquer soldado. Em tempo de guerra, a vantagem tática costuma ir para tropas mais bem treinadas,

Page 179: tropas especiais

equipadas e motivadas. O sniper tem que ter os três juntos. Todos os soldados são treinados para destruir um oponente, mas os sniper a

levam a arte de matar a seu máximo refinamento.

Os sniper têm mais chances de morrer e raramente sobrevivem a captura. Para isso tem que investir intensamente em camuflagem, táticas e posicionamento. Por isso motivo não é qualquer um que

pode se tornar um snipers.

Os voluntários costuma ser soldados experientes que devem ter demonstrado disciplina e desempenho acima da média. A seleção

inclui testes de capacidade física, mental e psicológica. A habilidade de atirar em alvo fixo conta menos. Os snipers são melhores para

caçar e matar e não tão bons em tiro. O treino pode mostrar falhas graves em outros requisitos importantes. Alguns que não

demonstram ser tão bons no tiro se tornam ótimos observadores. A habilidade de tiro está relacionada com os alvos cujo alcance,

tamanho, localização e visibilidade não podem ser engajados por um atirador comum. O sniper deve ser paciente e ter controle emocional

para operar isolado e sob tensão. Deve ter instinto e iniciativa. Os testes de seleção são bem exigentes.

O sniper tem que ser inteligente para desenvolver habilidades de "zerar" a mira da arma, estimar distância e vento, ter conhecimentos de balística, munição, ajustar óticos, ler mapa, fazer patrulha, usar

cobertura e camuflagem, movimentação, observação, coleta de inteligência, escolher posição de tiro, reação ao contato e rota de fuga. O sniper deve saber operar rádios, chamar artilharia, fazer

navegação e identificar armas e uniformes inimigos.

O condicionamento físico é importante, pois durante a operação um sniper dorme pouco e ingere pouca água e alimentos. Deve ter bons reflexos e a visão deve ser 20/20. Um sniper não deve fumar, pois a

fumaça revela a posição e o nervosismo na hora da pontaria atrapalha o tiro. O treino e a seleção é focado na capacidade de

sobreviver sozinho na frente de batalha e atrás das linhas.

Durante o tiro o sniper deve conhecer as técnicas de controle gatilho, alinhar com o alvo e fazer controle da respiração, avaliar distância,

ventos, elevação e luminosidade. Deve saber engajar alvos móveis e usar lunetas.

Os sniper treinam disparar o gatilho com ponta dos dedos para maior precisão. Algumas doutrinas falam em respirar fundo antes do disparo

e segurar respiração para alinhar e atirar. Outros vão além e citam em disparar entre batidas do coração para minimizar movimento do cano. A posição com melhor precisão é a deitado, com apoio de saco

de areia para o fuzil ou bipé.

A chave do bom sniper é consistência, o que implica na capacidade

Page 180: tropas especiais

da arma e do atirador. Consistência não significa necessariamente precisão (que precisa de treino) e o sniper não pode ser preciso sem ela. Os disparos de uma posição fixa devem ser agrupadas, mesmo a

longa distância.

A consistência tem que ser máxima quando sniper dispara o primeiro tiro contra um inimigo que não sabe da sua presença. Alvos de

altíssima prioridade como os snipers inimigos, oficiais e equipamento importante de serem atingidos irão se esconder após o primeiro tiro ou tentar localizar o sniper, e atacar alvos estratégicos se torna mais

difícil.

O sniper deve ser capaz de estimar a distância, vento, elevação e outros fatores que alteram o tiro. O sniper deve saber como o calor

do cano, a altitude e temperatura ambiente afetam o vôo do projétil.

O problema do tiro a longa distância é calcular o vento. Com vento forte é difícil acertar um alvo a mais de 200m. O vento pode ser

estimado pela inclinação da grama. Com vento forte a grama fica com as pontas na horizontal. A chuva atrapalha os projeteis e desviam

muito. Para exemplificar, uma equipe de sniper operando no Iraque, realizou no dia 3 de abril de 2003, com um fuzil L96, disparos contra alvos a 860m. Devido ao vento forte, atiraram 17 metros a esquerda

do alvo para compensar o vento.

A estimativa distancia se torna critica contra alvos distantes pois o projetil voa uma trajetória curva e o sniper tem que compensar

mirando acima do alvo. Por exemplo, para a munição 7.62 × 51 mm NATO M118 Special Ball , a queda contra um alvo a 700m é de 20 cm.

Atirar para cima ou para baixo precisa de mais ajustes devido ao efeito da gravidade. Contra alvos moveis o ponto de pontaria é a

frente do alvo, conhecido como "leading" o alvo.

Um telêmetro laser pode ser usado, mas pode ser detectado pelo inimigo. Um método simples é comparar a altura do alvo com o

tamanho de referencia Mil Dot na luneta, ou usar distâncias conhecidas na linha de tiro (determinadas o telêmetro antes) para

determinar distancias adicionais.

Page 181: tropas especiais

Um sniper permanece em posição por muito tempo durante a missão. Deve ter boa capacidade de alerta, disciplina, paciência e resistir ao desconforto. Um sniper pode ficar estacionado na mesma posição por dias. Urinar e defecar em bolsa plástica se torna essencial visto que o cheiro pode denunciar a posição para tropas passando

perto.

Os sniper são todos voluntários e mais por temperamento. É raro um soldado se tornar sniper apenas por ser bom de pontaria. Alguns

nascem para ser caçadores. O Sargento York do US Army, em outubro de 1918, plotou vários ninhos de metralhadora alemãs que estavam

atrapalhando o avanço de sua unidade da 82 Divisão. Quando as metralhadoras começaram a atirar o sargento respondeu atirando a 300 metros com o seu fuzil. Em uma ocasião um grupo de combate

alemão se aproximou da sua posição e com o fuzil descarregado teve que usar sua pistola .45 e matou os 10. Do primeiro ao ultimo até o

líder bem próximo sem errar um tiro e recarregando. Depois recarregou o fuzil e silenciou quatro ninhos de metralhadoras com 35 tropas, matando 25. Acabou desmoralizado o inimigo que se rendeu. O sargento York teve que cuidar sozinho de 132 alemães. Usou um fuzil Enfield sem mira telescópica e apenas mira comum. Ganhou a

medalha de honra no Congresso.

O sniper aliado com maior número de kills na Primeira Guerra Mundial foi o índio canadense Francis Pegahmagabow com 378 kill mais 300 capturados. Lutou quatro anos na guerra e se feriu apenas uma vez. Na Segunda Guerra Mundial as escolas de snipers russos preferiam

Page 182: tropas especiais

recrutas os caçadores da Sibéria que já eram snipers natos. Até 1939 os russos treinaram seis milhões de "sniper". Não eram todos sniper,

mas bons até 400m. Eram a fonte de snipers reais.

A maioria dos cursos de sniper dura entre cinco a seis semanas. Podem ser realizados na própria unidade ou em escolas

especializadas.

Quando começou a Segunda Guerra Mundial, apenas os alemães e os soviéticos tinham mantido seu treinamento especifico para snipers.

Os alemães tinham melhores armas e sistemas óticos, porem os soviéticos os suplantavam em técnicas de camuflagem.

São os fuzileiros navais britânicos (Commandos) e os fuzileiro navais americanos (Marines) que dão um bom padrão de tiro para os

infantes sendo mais fácil conseguir candidatos para as escolas de snipers. O treino dos snipers dos Royal Marines britânicos treino é de nove semanas sendo o curso mais antigo. Os candidatos devem ter pelo menos três anos de experiência, demonstrar precisão no tiro a 600m, passar no teste de se esconder a 250m e disparar sem ser detectado, caçar e encontrar um alvo a 1000m e disparar sem ser detectado, julgar distancia e passar em um teste escrito. No teste final deve detectar e identificar sete de dez itens camuflados no

campo com luneta em 40 minutos. Nos treinos são 18 "caçadas" em nove semanas. 50% dos recrutas falham no curso.

O USMC estabeleceu uma escola permanente de sniper em 1977, sendo um curso igual ao dos fuzileiros britânicos com 30% de falha. O curso dura 10 semanas, com fase acadêmica, de campo e de caçada (stalk). A escola do US Army foi formada em 1987 com um curso mais

simples que o USMC. Na operação Desert Storm foi deslocado para treinar no local. As tropas das Forças de Operações Especiais

americanas participam de cursos nas escolas do US Army e USMC.

Os snipers russos tem o treinamento mais longo de todos os países chegando a durar um ano. Os russos dão muita importância aos

sniper devido a experiência na Guerra Civil espanhola e na guerra contra a Finlândia. Seus atiradores de elite atuam como snipers ou DM dependendo da situação. São treinados aos milhares como DM

que depois servem de fonte para sniper verdadeiro.

Page 183: tropas especiais

Um sniper israelense dá proteção para um treinamento de transposição de obstáculo das tropas blindadas. Israel tem fama de ter uma força militar muito profissional, mas a escola de snipers de Israel tem péssima fama. É muito fácil passar e os testes físicos e mentais são pouco exigentes. Aceitam os piores das

Forças Armadas, as vezes para se recuperar de problemas ortopédicos. São recrutas bem jovens e não soldados experientes. Os instrutores nem gostam de

mostrar a insígnia de sniper. Os militares israelenses também não estão conscientes da importância dos snipers. Já os snipers das Forças de Operações

Especiais são de ótima qualidade.

A resistência psicológica está relacionada com o tipo de missão, riscos e relação com as tropas amigas. Um sniper sabe que se render

pode não sobreviver. São geralmente mortos na mesma hora. Os sniper alemães na frente russas levavam pistolas não para se

defender mas para evitar ser capturado vivo. A força de sniper da África do Sul na Primeira Guerra Mundial perdeu 35% das tropas

contra 5% das tropas regulares.

Os snipers costumam ser despresados até pelas próprias tropas por vários motivos. Caçar um ser humano como animais é geralmente

considerado imoral assim como matar a distância. Os soldados "normais" se preocupam mais em obedecer ordens e sobreviver. Nas

trincheiras da Primeira Guerra Mundial eram desprezados pois chamavam a artilharia para a posição quando começavam a atirar. A presença de um sniper sempre atrai seu equivalente do outro lado e

acaba sempre "sobrando" para mais alguém.

Os snipers até evitam contato social, mais por preconceito por não conhecer o trabalho. No Vietnã os snipers chamados de "snipers

LTDA". Os snipers geralmente são solitários ou relacionam-se apenas com os da sua própria espécie. Em algumas missões são lançados

atrás das linhas de helicóptero e sem oportunidade de reforço, sendo tratados como descartáveis.

Page 184: tropas especiais

Porém, quando tropas amigas estão em contato com sniper inimigo geralmente chamam um sniper para ajudar. Cada sniper inimigo

morto são vários amigos salvos. Os snipers brincam dizendo que a melhor maneira de pegar um sniper é correr para uma cabine

telefônica e procurar o número dos snipers nas paginas amarelas. Armas e Equipamentos dos Snipers

Com o advento constante de armas de destruição cada vez mais sofisticadas e letais, o sniper continua a desenvolver seu trabalho

armado apenas com um rifle de ferrolho, ou semi-automático, e sua fria coragem.

A tecnologia deixou a vida dos sniper paradoxalmente mais fácil, mas ao mesmo tempo perigosa. Novos equipamentos, como fuzis mais precisos, miras óticas e eletrônicas mais sofisticadas, e o uso de

pólvoras sem fumaça e sem chama, permitem hoje ao sniper atingir níveis de eficiência nunca antes imaginados. Com o uso de um

telemetro laser e um computador balístico um fuzil M-24 consegue atingir alvos 1000m sem dificuldade. Novos sistemas como os citados

estão sendo testados no Iraque recentemente.

Os snipers estão mais móveis, com os snipers das Forças de Operações Especiais podendo ser inseridos com helicóptero em qualquer tempo ou pára-quedismo (HALO, HALO). O uso do GPS,

rádios criptografados, veículos qualquer-terreno os tornaram muito moveis. Passaram a causar danos a materiais e veículos com fuzis

mais potentes podendo até ser considerado os alvos mais importantes que as tropas.

Page 185: tropas especiais

O sistema Sniper Coordination System (SCS) da Elbit usa câmeras de vídeo acopladas ao fuzil dos snipers para controlar vários snipers. Até quatro podem ser coordenados, com mira diurna ou noturna. O sistema permitir dar ordens para os

sniper até de forma silenciosa. As imagens podem ser gravadas.

Em 100 anos a distância de engajamento dos snipers passou de 300m para 1km. Deve-se imaginar como será nós próximos 100 anos. Por

outro lado, enquanto a artilharia passou a engajar alvos a dezenas de km, os blindados em alguns km e os helicópteros a até 8km com

mísseis, os fuzis de infantaria passou de um alcance de 1800m contra alvos de área na Primeira Guerra Mundial, para 300m com o calibre

5,56mm. A maioria das nações passou a usar o calibre 5,56 mm enquanto o calibre 7,62mm é mais usado nas metralhadoras médias. O mesmo aconteceu nos países do Pacto de Varsóvia. Mesmo assim a

munição 7,62mm especial pode ser conseguida facilmente para os sniper.

Os snipers usam cartuchos especiais com alcance maior para as suas armas, com melhor qualidade de fabricação e parte posterior mais

afilada para melhorar a aerodinâmica. Os projeteis atuais são quatro vezes mais precisos que os da Primeira Guerra Mundial. Um projétil de 5,56mm já pode atingir alvos a 1km o que nem era sonhado a 25

anos atrás. Estudos aerodinâmicos atuais levaram ao projeto de projeteis supersônicos compatíveis com silenciadores.

A luneta não ajuda o sniper a atirar melhor, mas sim a ver melhor. A

Page 186: tropas especiais

princípio os snipers nem precisam de lunetas e os óticos são usados mais para observar a distância. A distância de engajamento típico é

de 400 metros mais devido a necessidade de identificação do alvo. A 400m um homem em pé é menor que a massa de uma mira comum.

As miras comuns ainda são efetivas a até 500m.

As miras telescópicas atuais são muito mais precisas, baratas e variam o zoom. Os requerimentos de uma luneta para os snipers

considera a potência, definição, campo, ajuste rápido, simplicidade, resistência, rigidez e conveniência para uso. A simbologia agora são

colocados no segundo plano de imagem ao invés do primeiro, mantendo o tamanho com variação.

Na Segunda Guerra Mundial o zoom da maioria das lunetas era de 3-4 vezes. Em 1941, a Alemanha iniciou o uso da mira Zf41. Era bem

simples e era mais usada pelos DM. Cerca de 100 mil foram fabricadas até o fim da guerra. Atualmente os americanos usam miras ACOG com zoom de quatro vezes em grande número na

infantaria comum.

Em 1945, a mira com zoom de 10x passou a ser o padrão dos sniper. Funciona com maior campo de visão (FOV). Quanto maior for o FOV, maior o tamanho da luneta e melhor a visão com pouca luz. O limite

passa a ser o tamanho físico da lente para posição de tiro com cabeça alta com 56mm sendo limite.

As lunetas atuais agora estão ficando baratas. Alguns modelos chineses com lentes de plástico custam de menos 100 dólares e é

mais capaz que uma luneta da Segunda Guerra Mundial. Com tecnologia de fabricação CAD/CAM agora tudo é automático para

projetar e fabricar.

O USMC introduziu o padrão Mil Dot com espaçamento constante no reticulo facilitando o cálculo da distância. O sniper compara o espaço

que o alvo ocupa no dot e usa um gráfico de referência para determinar a distância. Os americanos usam calculadoras para

transformar metros do Mil Dot na medida imperial.

O disparo contra alvos distântes é possível com fuzil comum e luneta com aumento de seis vezes. Os snipers geralmente usam armas

dedicadas, mas tentar atirar a mais de 1km é considerado perda de tempo. Os snipers são capazes de disparar a longa distância, mas esperam o alvo aproximar para garantir o acerto. Por outro lado o

disparo a longa distância não é visto nem ouvido. No deserto o sniper precisa identificar alvos a 1.500m o que só é

possível com luneta com zoom mínimo de 10 vezes e o calor distorce as imagens além da presença de ventos fortes. Em campo aberto

como o deserto o fuzil tem que ser bem potente como a Barret M-82 e deve ser capaz de atingir até veículos onde é bem comum. As tropas

evitam andar a pé no deserto.

Page 187: tropas especiais

A luneta do observador é usada para detectar alvos e avaliar o tiro. Os telescópios têm um grande zoom, de cerca de 20 vezes como o M-

49, contra sete vezes dos binóculos.

Telêmetros laser determinam a distância com grande precisão sendo que já estão miniaturizados em binóculos e futuramente podem estar

integrados na luneta. Com um computador balístico será possível uma grande precisão com ventos fortes a longa distância.

O fuzil M-21 americano está equipado com a luneta ART II (Automatic Ranging Ttelescope) com ajuste automático de distância. O sistema

ocular foca no alvo com um mecanismo de elevação. Se focou no alvo está zerada na distância.

O tiro a noite foi facilitado com os meios de visão noturna. O Starlight americano foi usado no Vietnã e pesada 2,2kg sendo limitado e frágil.

Mesmo assim mostrou se bastante útil para observação e tiro noturno. As câmeras térmicas têm alcance mais longo e detectam

alvos escondidos atrás de folhagem e tecido.

Em 1943 foi iniciado o uso de miras noturnas no US Army com o Star Tron PVS-1 Starlight. O PVS-2 era mais potente e foi mais usado. Custava 3 mil dólares em 1970. Era muito pesado, mas a noite o

combate geralmente só vai até 400m. Os Vietcongs usava Sniperscope americanos de estoques russo da segunda guerra. Os

snipers americanos detectavam fácil suas emissões de infravermelho. A mira noturna russa 1PN83 x 3 já vem com apontador laser. É um

intensificador de imagem de segunda geraçao com alcance de 300m.

Os sensores térmicos agora estão disponíveis para a infantaria o que é um perigo para os sniper. Na década de 90 a cidade de Seravejo na Bósnia estava cercada de snipers atirando em civis. Os países da ONU

enviaram equipes anti-snipers para o local que usaram sensores térmicos para detecção. Os alvos quentes brilhavam na tela do sensor

na noite fria da região. Várias empresas passaram a colocar no mercado roupas com proteção térmica para contrapor estes sensores

como a Spectro Dynamic System.

Page 188: tropas especiais

A luneta AN/PVS-10 atual é bem menor e mais eficiente comparada com as primeiras versões. Pode ser usada de dia e a noite com um intensificador de

imagem integrado.

O fuzil M-40A3 pode receber um sensor noturno Universal Night Sight Kit colocado a frente da luneta com o uso de trilhos Picatiny. Na lateral do fuzil foi adicionado um apontador laser que costuma ser usado por controladores aéreos para indicar alvos

para aeronaves.

Page 189: tropas especiais

Exemplo de mira com telêmetro laser integrado e dados mostrados na imagem. As equipes de operações especiais americanas já tem capacidade de gravar imagens digitalmente. As propostas de lunetas do futuro são óticos integrados, telêmetro integrado, câmera TV integrada, designador laser, mira térmica e integração com

datalink digital e voz.

Uma foto mostrando uma imagem de um intensificador de imagem (acima) e um sensor térmico (abaixo). Com o sensor térmico os alvos podem ser facilmente

indentificados. Para os snipers pode ser fatal.

Page 190: tropas especiais

Um fuzil M-40 com um sensor térmico acoplado na luneta.

Armas dos Snipers

Os principais equipamentos do sniper são seu fuzil fuzil e munição, além da camuflagem e do ghillie suit.Na Segunda Guerra Mundial o fuzil do sniper era um fuzil padrão infantaria. Os modelos dos sniper

eram testados nas fabricas e mostraram maior precisão. Depois eram equipados com lunetas e outros itens dos sniper. A partir da década

de 60 começaram a aparecer projetos de fuzil de sniper especializados com componentes mais precisos.

O peso de um fuzil de sniper deve ser de no mínimo 5kg para diminuir o recuo e dar mais estabilidade. Outra técnica para facilitar o tiro é colocar um gatilho "pesado". A arma do sniper não deve ser pesada

pois vai ser carregada por várias horas junto com outras coisas. Deve ser confiável em qualquer tempo e condição climática e facilmente

reparada no campo. Deve ter uma mira de ferro de backup.

Podem usar munição padrão militar, mas geralmente usam munição especial para maiores alcances. A arma é "zerada" para aquele lote

de munição para garantir que o tiro seja similar ao anterior e dar maior consistência. Porém, é muito difícil de se conseguir na pratica, pois no dia do uso a temperatura, umidade, vento e altitude serão

certamente diferentes.

O ideal é que o projétil ainda esteja na velocidade supersônica ao atingir o alvo. Com a velocidade subsônica o tiro cai muito. Isso

significa que a munição 7,62mm da OTAN é ideal até 800m e a Lapua é de 1400m. Um sniper americano atingiu insurgente iraquiano a

1.250m com um fuzil M24 mirando 3,5 metros acima do alvo. Já para engajamentos a curta distância a munição subsônica é ideal por poder ser usada com supressor de som e ajuda a ocultar o tiro. O calibre 7,62mm de velocidade subsônica para silenciador (não é

supressor) pode ser usada para bater alvos a até 300m. A energia cinética também conta sendo importante contra inimigos com

Page 191: tropas especiais

capacete ou colete de proteção.

No inicio os snipers usavam armas da infantaria que tinham desempenho acima da média além de munição especial. Depois

passaram a receber armas dedicadas com óticos, equipamento de visão noturna, rádios e roupas de proteção.

As armas podem ser do tipo ferrolho ou semi-automáticas. A diferença está no volume de fogo e na precisão. As armas semi-

automáticas são menos precisas mas atiram mais rápido. Também dão mais defeitos e são mais pesadas. Um outro defeito importante é ejetar o cartucho logo após o tiro o que pode comprometer a posição. Os snipers do USMC no Vietnã detectavam os vietcongues pela ejeção

dos cartucho das AK-47 que brilhavam com o sol.

A primeira arma automática de snipers entrou em operação em 1940 com o Siminov russo, seguido do SVD em 1965. Era uma arma

relativamente leve. Os modelos automáticos da Segunda Guerra Mundial mostraram ser ideais a curta distancia, para parar avanços de muitas tropas. Os fuzis de ferrolho não daria a mesma razão de tiro. É a razão de tiro que torna os fuzis semi-automático preferidos

dos DMs.

Nas cidades o fuzil pode ter curto alcance e deve ser preferencialmente semi-automático. Com munição subsônica é

possível usar silenciadores que também escondem a fumaça e o brilho do disparo. Um exemplo é a VVS russa. Os americanos tiveram

boas experiências com as SR-21 equipado com silenciador nas cidades do Iraque.

No Vietnã, 85% dos snipers do USMC preferiram o fuzil M-14 ao invés do M-40 com ferrolho. As distâncias na selva eram pequenas e a M-14 tinha opção de tiro automático para o caso de contatos próximos ou

emboscadas. Também era útil em terreno urbano.

O alcance das armas foi aumentado progressivamente. Na Primeira Guerra Mundial os alvos eram batidos a cerca de 200m, aumentando para 400-600m na Segunda Guerra Mundial e chegando a até 900m no Vietnã. O alcance das armas atuais dos snipers é de 400m contra alvo exposto parcialmente, 800m contra tropa exporta e 1200m com arma especializada. Veículos e equipamentos podem ser engajados a até 1600m com arma de grosso calibre. Um sniper geralmente não

engajam alvos a menos de 300m por facilitar sua localização. Geralmente tentam atingir o tronco do alvo.

O fuzil Remington modelo 700 foi recomendada em 1942 como um bom fuzil para sniper para os americanos. Foi recomendado

novamente na Coréia com nova munição. Foi aceita finalmente no Vietnã com luneta M-84 pelo USMC e chamado de M-40A1. Já o US

Army escolheu o M-14 com a mira M-84 e chamado de M-21. O M-14

Page 192: tropas especiais

foi projetado desde inicio para receber luneta incluindo a Starlight.

Em 1977, os M-40 do USMC passaram a ser substituídos por uma versão de fibra e camuflado, equipado com uma luneta Unertl 10x.

Também em 1977, o US Army iniciou a substituição dos seus M-21 e pensou em usar um calibre maior. A Remington propôs o SWS -

Sniper Weapon System baseada no M-40 chamada de M-24 em 1988. Cada um custava US$3,5 mil cada, ou US$ 10 mil completo e

continuava preciso até após disparar 10 mil tiros contra 500 tiros do SMLE da Segunda Guerra Mundial. Em 1996, o M-40A1 foi substituído pelo M-40A3. Junto com o M-24 tinha luneta de 10x e pesava 5,4kg.

A experiência americana no Afeganistão e Iraque levou a volta do calibre 7,62mm como este M-14 com luneta, retirados de estoques e até do mercado civil, mais devido a ênfase em snipers. Mesmo assim o calibre não é bom acima de 600m.

US Army está padronizando o calibre 7,62mm para substituir vários armas como o M-14, M-24 r Mk 11. Após o ataque de 9 setembro, grande parte dos 40 mil fuzis M-14 estocados foram retirados e

reconstruídos para equipar snipers e DM americanos. A nova arma virou um DMR (Designated Marksman Rifle) no USMC e USSOCOM.

Até recentemente era o único fuzil especial para os DM.

O M-24 do US Army é muito preciso, mas no conflito na Somália em 1993 mostrou que uma arma semi-automática podia disparar 4-5 vezes mais rápido. Assim o US Army pensou em padronizar armas

semi-automáticas para os seus snipers.

Page 193: tropas especiais

A primeira a entrar em operação foi o Mk 11 baseado no SR- 25 (Stoner Rifle-25) com calibre 7.6x51mm a pedido do Seals. Depois foi

usada com luneta Leopold 3x10 pelos observadores da dupla scout/sniper do USMC. É considerada mais precisa até 600m que a M-

21 e mais leve (5kg). O US Army lançou o requerimento Semi-Automatic Sniper System (SASS) vencido pela SR25 e chamado de XM110. O XM110 só opera no modo semi-automático e os sniper

terão que levar um fuzil M-4 ou similar para combate aproximado. A nova arma tem trilhos Picatinny, recebeu supressor e bipé, gatilho de

precisão (mais pesado e com dois estágios), carregador 20 tiros e coronha ajustável. A arma pode ser usada pelos snipers e DM. O

USMC estuda armas de médio alcance para engajar alvos entre 1.100 -1500m para substituir o calibre 7,62mm.

No Reino Unido o fuzil L42 foi substituído pelo Acuracy L96A1 na década de 80. Os fuzileiros britânicos usam o L115A1 AWM da

Accuracy International com calibre 338 Lapua. Os britânicos também usam o L82A1 ( Barrett M-82).Em 2003, no Iraque, um L96A1 realizou um tiro com vento forte contra um alvo a 860 metros. Calcularam que

o projétil cairia 56 pés e sairia da rota em 38 pés na lateral. Recentemente os britânicos retiraram de ação seus fuzil pesado S-80, substituídos pela metralhadora Minimi, que passou a ser usado pelos

DM.

Page 194: tropas especiais

O MX110 SASS será o novo fuzil de sniper e SASS das forças armadas americanas.

O fuzil russo Dragunov (SVD = Semipolarnya Vintovka Dragunova ou Fuzil semi-automático Dragunov), é um fuzil semi-automático, com

luneta, carregador de 20 tiros, munição 7,62X54R mm. O SVD foi uma resposta a um requerimento de 1958 para um novo fuzil semi-

automático para substituir o Mosin-Nagant , mas com mesmo calibre. A mira PSO-1 tem zoom fixo de 4x sendo adequada até mil metros, mas é boa mesmo até 350m. Quando introduzido o ocidente pensou que os russos dariam um fuzil de sniper para todo infante pois o fuzil tinha uma baioneta. Com o SVD é difícil de acertar um alvo a mais de

500m, pois flutua muito, mas é possível até 800m com munição especial. É usado mais pelos DM. O fuzil SVD mostrou ser ruim para

counter-sniper no Afeganistão. Os russos logo passaram a desenvolver o SVDS com cano mais curto e coronha rebatível. O SVD também mostrou que não tinha a mesma rusticidade dos fuzis AK e

precisava de um operador mais bem treinado.

Em 1990 foi iniciado a substituição do SVD com o SV-98 a ferrolho derivado do fuzil Record 1 de competição. Foi instalado um sistema

Page 195: tropas especiais

anti-mirage depois da experiência no deserto e foi adotado no ocidente. Os russos iniciaram o uso de fuzil pesado calibre 12,7mm em 1999 para bater alvos a até 2km. Outra munição foi a de 9mm e .22 silenciosa. Ao invés de desenvolver uma arma para todos os

terrenos e alcances, criaram armas para cada terreno e situação. A maioria tem silenciador. Todos fuzis de sniper russos são projetados

com o opção de usar a mira de ferro para tiro rápido a curta distância (snap shot) ao contrario do ocidente. Sempre levam armas

automáticas para combate aproximado.

Na década de 80 apareceram os fuzil de assalto modificados para sniper como o Galil MSG-90. Era mais barato que um fuzil dedicado,

mas usam melhor óticos e munição dedicada em relação aos fuzis de infantaria.

Fita anti-miragem do SV-98 e que foi adotado no ocidente. O ar quente do cano e fumaça atrapalham a pontaria e a fita diminui o problema.

Page 196: tropas especiais

Um sniper americano no Iraque treinando com um fuzil SVD russo. Várias fotos como esta, incluindo operações reais, sugerem que os americanos gostaram do fuzil

ou que precisam urgente de armas de snipers.

As armas de maior do calibre dos snipers não são adequadas para esconder a assinatura sonora e visual dos disparos, que podem ser ouvidos a grande distancia e mesmo com supressor o zumbido da

bala denuncia a posição ou direção do tiro.

Um supressor é diferente de silenciador. Enquanto o supressor mascara o som, o silenciador elimina completamente. A supressão diminui o alcance e o silenciador tem que usar munição subsônica

com alcance de 300-400 metros ou bem menos. O som não pode ser ouvido a 100-200m em uma noite silencioso ou mesmo 30-50m em

uma cidade barulhenta.

No Vietnã as tropas usavam um supressor Scionic como o MAW-1 do M16 e M-4SS para o M-14 e M-21. Eram bons a noite, pois eliminava o

brilho e a vegetação abafava o resto do som.

Com um amplificador de imagem Starlight e supressor de som em uma M-14, os snipers americanos conseguiam atingir um vietcong em tempo claro e terreno plano a 400 metros sem ser detectados. Com

apoio de luz Xenon de blindado como cobertura o Starlight conseguia

Page 197: tropas especiais

ver a até 2000 metros.

Sniper pesado / Sniper de longo alcance / Sniper anti-material

O sniper pesado surgiu para destruição de alvos de alto valor ou material perigoso. Usa armas de grande calibre de pelo menos

12,7mm também chamados de fuzil anti-material. É usado pelos snipers, forças de operações especiais, equipes anti-bomba e equipes

de proteção de perímetro.

Os fuzis anti-materiais têm calibre de 12,7mm a 20mm para atacar alvos como blindados leves, armas coletivas, centros de

comunicações, mísseis, radares, centros de comando e aeronaves no solo. Assim, com um tiro de 5 dólares, é possível neutralizar uma arma de vários milhões como um caça a mais de mil metros de distância. Também são usados pelas equipes anti-bombas para

destruir minas marítimas, minas terrestres e IED a distância segura. A munição perfurante-incendiaria (API) é usada para detonar

explosivos.

O fuzil pesado Barret M82A1 (ligth fifty) foi introduzido em serviço em 1983 nos EUA. É uma arma semi-automática, de grande recuo, calibre

12,7mm, capaz de acertar o tronco humano a 1,5km. A arma pesa 12,9kg. Foi usada nas operações em Beirute em 1983 e no Panamá em 1989, mas muito mais na operação Desert Storm em 1991 onde

as forças especiais a usaram para neutralizar aeronaves, estações de rádio e blindados.

Na operação Desert Storm, na noite entre 24-25 fevereiro, uma equipe motorizada do Force Recon do USMC usou uma M82A1 com

munição API para destruir dois blindados YW531 a1100m. O sargento Kennedh Terry atingiu os dois com dois tiros, com vento e calor

atrapalhando o tiro. Outros dois blindados se renderam.

O calibre 12,7mm tem capacidade de penetrar 25mm a 370m ou 13mm a 1600m enquanto 7,62 perfura 14mm a 100m e 10mm a 300m. A munição armor-piercing incendiary (API) é usada para

penetrar e incendiar munição ou combustível dentro dos veículos. Contra explosivos a munição API as detona a longa distância pelas

equipes anti-explosivos.

Foram os alemães que iniciaram o uso de fuzis pesados com o Mauser T-Gewehr M1918 (Panzer Abwehr Gewehr - arma antitanque

defensiva) na Primeira Guerra Mundial. O M1918 tinha calibre 13mm, tinha 1,68 m de comprimento e pesava 17,7kg vazio. O recuo podia quebrar a clavícula se disparado em pé, mas penetrava a blindagem

lateral e até o bloco do motor dos blindados da época. A guerra terminou antes de serem convertidos para sniper em quantidade. Os

britânicos usavam o fuzil Boys calibre .55 e que foi testado contra

Page 198: tropas especiais

pessoal a longa distância.

Ainda na Primeira Guerra Mundial os americanos começaram a ter interesse em armas de grande calibre com o calibre .50 após contato

com o fuzil alemão. O primeiro teste com a munição de 12,7mm contra alvos de longo alcance foi na Coréia. Os americanos usaram

um fuzil anti-carro Tokarev e adaptaram para o calibre americano. O calibre foi escolhido por ser o mais usado no ocidente e tem balística

adequada para a função.

Na Segunda Guerra Mundial os russos já tinham usado o fuzil anti-carro PTRD e PTRS calibre 14,5mm contra sniper bem protegidos e para tiro de longo alcance. Os americanos converteram alguns PTRD para o calibre 12,7mm durante o conflito na

Coréia assim como alguns fuzis Boys.

A munição 12,7mm foi feita para metralhadoras pesadas e com pouca tolerância a erros para requerimento de tiro a longa distancia. Alguns fabricantes produzem lotes de alta qualidade para os fuzis de sniper.

Foram os americanos que iniciaram os estudos para emprego de fuzil de grosso calibre no combate moderno na década de 70. O resultado foi o Barret M-82 calibre 12,7mm que iniciou o desenvolvimento em

1983. Depois surgiram vários projetos.

O problema dos fuzis anti-material são o grande peso, recuo forte e grande assinatura visual e sonora. O problema do peso é

relativamente fácil de resolver com os fuzis chegando a pesar 10-13kg com material leve. Para comparação, um AW50F britânico

calibre 12,7 mm pesa 13,64 kg, um fuzil AWM britânico calibre 338 pesa 6,8 kg sem munição e um M-24 pesa 5,49 kg. Um SR-25 calibre

7,62mm pesa 4,87 kg.

O recuo ainda é difícil de resolver para os fuzis com ferrolho e por isso costumam ser semi-automáticos. Uma coronha de material sintético é usado para absorver parte recuo e o freio de boca consegue absorver até 70% ou mais, mas com muita assinatura com grande brilho, som e nuvem de poeira denunciando a posição. O engajamento de alvos a longa distância não necessita de arma semi-automática, mas resolve parte do problema de recuo e alguns fabricantes acham que é preciso

Page 199: tropas especiais

engajar alvos em grande sucesso em algumas situações.

A assinatura dos fuzis pesados pode ser parcialmente resolvido com pano molhando embaixo do cano.

O uso de um projétil muito grande pode ser desperdício contra humanos, mas para isso foi desenvolvido o calibre Lapua Magnum .338 para tiro a longa

distancia. O Lapua Magnun 8,6x70 pode ser usada contra alvos a até 1.100m e pode chegar a 1.500m, mais ainda é antipessoal dedicado não aceitando

munição explosivo ou incendiário. As vezes ainda é insuficiente para contra-sniper como mostrado pela experiência francesa em Serajevo, a russa na

Chechênia e americana no Iraque.

Existem vários modelos e fabricantes de fuzis anti-material, mas é um nicho de mercado pequeno. Nos EUA os fabricantes vendem até mais para o mercado civil. São exemplos de modelos de fuzil peado: Guiette .50 (bullpup), Haskins

Rai Model 500 (usado pelo USMC em Beirute e Panamá); PGM Precision HECATE II (usado pelas forças especiais francesas), Robar .50 BGM, Mc

Millan Gunworks (agora Harris) M-87, Barret M-99 (bullpup), KSVK (bullpup), Truvelo SR . 50, Zastava M093, FN Nemesis (versão mais leve HECAT II FN) e

CheyTac Long Range Sniper RIfle.

Os programas americanos Long Range/Heavy Caliber Sniping e US Army Joint Counter Sniper resultaram no fuzil M-107. O M-107 foi usado no Iraque pelo US Army recentemente e mostrou ser muito boa para combate urbano e foi muito apreciada pelo alcance, precisão e efeito no alvo. O inimigo vê o impacto nos

amigos e fica aterrorizado. O projétil da M-107 chega a partir um corpo no meio. Em uma ocasião um tiro de 12,7mm atravessou um muro de tijolo, matou

um guerrilheiro e feriu dois com estilhaços de tijolos.

Page 200: tropas especiais

O M-107 é o novo fuzil de longo alcance americano complementando o M-82. O M-107 opera com ferrolho e tem a vantagem de ser mais leve. É usado para bater alvos a longa distância,

como fuzil anti-material, pelas equipes anti-explosivo e para contra-sniper.

No Vietnã os americanos chegaram a equipar as metralhadoras M-2 com lunetas para tiro a longa distância a 1500-2000m. O mesmo já tinha sido feito na Coréia. Na guerra do Pacifico os

snipers USMC testou a metralhadora M-2 contra alvos japoneses a 1.100m com sucesso relativo e sem usar lunetas.

Page 201: tropas especiais

Um snipers francês na Bósnia anota as posições e rotas inimigas em uma foto panorâmica acima da arma. Os snipers franceses usam o fuzil FRF-2 calibre 7,62X51 mm (foto) e o PGM

Hecate II com cartucho 12,7X99 mm. As duplas de sniper/observador levam as duas armas e o sniper escolhe a melhor arma para a situação. O FRF-2 usa uma cobertura de plástico em volta

do cano que diminui a assinatura térmica no calor, e diminui o ar quente que cria miragem. Após 1945 a França colocou um sniper em cada pelotão infantaria. Em cada um dos 23

batalhões de infantaria existe uma seção de snipers na companhia de comando. A seção têm quatro grupos de snipers, cada grupo com dois atiradores (e seu auxiliar).

Guerrilha e Contra-guerrilha

A guerrilha é uma guerra irregular, um conflito em que um pequeno

grupo de combatentes, chamados guerrilheiros, usa táticas militares,

como emboscadas, sabotagem e ataques com extrema mobilidade,

ou ações não convencionais, para fustigar um opositor militar

tradicional maior e menos móvel, seja estrangeiro ou doméstico. A

guerrilha pode lançar mão de ações bélicas e políticas para alcançar

seus objetivo, podendo conta ou não com apoio externo. As ações

nem sempre visam derrotar militarmente o inimigo, mas sempre

debilitá-lo moral e psicologicamente.

Guerrilla é o diminutivo da palavra espanhola guerra, literalmente,

"pequena guerra". Ela deriva do alto alemão antigo Werra ou da

palavra Warre do médio holandês; adotada pelo visigodos no século

Page 202: tropas especiais

5 dC. Presume-se que tenha sido utilizada a palavra guerrilha

(guerrilla) pela primeira vez na Guerra Peninsular contra a invasão

napoleônica a Portugal e Espanha, entre 1808 e 1813. Portanto, o

termo passou a ser utilizado a partir da sua origem ibérica, tendo sua

grafia original preservada em muitos idiomas. A guerra de guerrilhas

também recebeu outras denominações. Na América Latina, por

exemplo, foi chamada de montonera no Rio da Prata e bola no

México, ou Guerra do Mato, entre outras nomenclaturas que não

prevaleceram.

Um pouco de história

Nesta seção iremos relatar um pouco sobre a presença da

tática de guerrilha na história, destacando alguns dos vários

conflitos que já existiram, inclusive na história do Brasil.

A guerrilha tem sido a forma mais comum de luta no mundo

moderno manifestando-se naturalmente sob várias formas. A guerra

que os vietcongues sustentaram contra os americanos nos anos

1960 não teve as mesmas características da luta do IRA contra o

governo britânico no Ulster (Irlanda do Norte); os grupos armados de

Fidel Castro nas montanhas de Cuba eram muito diversos dos

guerreiros afegãos do Afeganistão que resistiram contra a

intervenção soviética ou os movimentos de resistência contra os

nazistas na Europa.

Porém a tática de guerrilha nada tem de nova. O emprego de grupos

armados em emboscadas e escaramuças causando o gradual

desgaste de um exército maior é a forma de luta presente desde a

Antiguidade Clássica. Um dos primeiros exemplos foram as táticas de

atacar-e-correr empregada pelos nômades citas de Ásia Central

contra as forças do persa Dario, e posteriormente, contra Alexandre,

o Grande. A estratégia de Fabian aplicada pela República Romana

Page 203: tropas especiais

contra Hannibal na Segunda Guerra Púnica poderia ser considerada

um exemplo precoce de táticas de guerrilha: Depois de assistir várias

derrotas desastrosas, assassinatos e grupos de ataque, os romanos

anularam a doutrina militar comum de esmagar o inimigo em um

única batalha e iniciaram uma bem-sucedida, apesar de impopular,

guerra de desgaste contra os cartagineses, que durou 14 anos.

Quando expandiram seu próprio Império, os romanos encontraram

numerosos exemplos de resistência de guerrilha contra as suas

legiões também. Também existem referências a essas táticas desde

400 anos antes de Cristo em obras do escritor chinês Sun Tzu.

Quando os portugueses chegaram ao novo continente eles foram

hostilizados pela guerra do mato, modalidade guerreira na qual os

índios do interior da terra brasilis - muito bravos, ao contrários dos

seus pacíficos primos do litoral - eram mestres e causavam muitas

baixas aos colonizadores, a despeito da inferioridade em armamento.

E aqui começa uma longa história de ações de guerrilhas no Brasil,

passando pelo período colonial, imperial e a república.

Podemos citar na história do Brasil as ações de Antonio Dias

Cardoso, que lutou na Insurreição Pernambucana contra a invasão

holandesa, e como conhecedor das técnicas de combate dos

indígenas, foi apelidado de "mestre das emboscadas", usou de

táticas de guerrilha contra um inimigo mais poderoso. Por seus feitos

Antonio Dias Cardoso é patrono das Forças Especiais do Exército

Brasileiro.

Quando os holandeses, da Companhia das Índias Ocidentais,

invadiram Olinda e Recife em 1630, em sua segunda invasão do

Nordeste, contavam com 64 navios e 3.800 homens, e em Fevereiro

de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças

holandesas foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens,

enviado da Europa para assegurar a posse da conquista.

Page 204: tropas especiais

Bandeira da Companhia das Índias Ocidentais - GWC -

Geoctroyeerde West Indische Compagnie, e sargento

holandês com alabarda

A GWC um caráter bélico bem mais acentuado que sua irmã

oriental, era uma companhia voltada muito mais para a

conquista militar, ocupação e pirataria em grande escala (dos

galeões portugueses abarrotados de açúcar, e dos espanhóis

carregados da prata do novo mundo) do que ao comércio

propriamente dito. Era na verdade um exército paralelo ao

Estatal, mantido com capitais privados, com base em

mercenários contratados, e era uma das forças mais

poderosas no mundo de então!

As tropas de resistência luso-brasileiras no inicio do conflito, eram

incapazes de resistir aos invasores em campo de batalha, sendo

assim eles lançaram mão das táticas de guerrilha para emboscar as

tropas inimigas, seus postos de vigilância e suas linhas de

comunicações, além de buscar interditar a economia colonial

holandesa através da destruição dos engenhos de açúcar na área

sobre o controle holandês. A organização das tropas em Terços

auxiliares e a forte presença do elemento indígena dentro da

organização militar acabaram conferindo às tropas em ação na

América Portuguesa muitas características da Guerra Indígena que

mescladas a elementos Europeus deram origem a denominada

Page 205: tropas especiais

“Guerra Brasílica”. Na época foram criadas as chamadas

"companhias de emboscada", que eram pequenos grupos de dez a

quarenta homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa

os holandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para

novos combates.

Como exemplo dessas podemos citar a a emboscada realizada em

14 de maio de 1630 contra as tropas holandesas que escoltavam o

almirante Pieter Adriensz e o conselheiro Servatius Carpentier: Neste

dia o Almirante Adriensz , com o conselheiro Carpentier partiram do

Recife para se despedir dos conselheiros e dos chefes militares,

sucedeu, que já fora do alcance do fortim situado abaixo da cidade,

cair uma chuva que molhou completamente as mechas e mosquetes

dos holandeses. As tropas de resistência luso-brasileiras se postaram

de emboscada no outro lado do rio, e percebendo a limitação das

armas do inimigo, atacaram de surpresa. O almirante e o seu capitão

fizeram o possível para a conter a tropa que estava em pânico,

porém, os índios inimigos atiraram suas flechas, e os holandeses,

que não podiam responder ao ataque com seus mosquetes tiveram

que fugir. Essa foi mais uma prova que demonstrou a capacidade das

forças luso-brasileiras de se aproveitarem das condições locais para

obter vantagem sobre as forças invasoras.

Ainda nesta época e um pouco depois, por cerca de 94 anos, a região

dos Palmares, em Alagoas e Pernambuco, foi alvo de investidas

holandesas e portuguesas para ali destruir o grande Quilombo dos

Palmares, uma confederação de mocambos .Estes eram os povoados

dos escravos fugidos dos engenhos e fazendas que ali foram se

reunindo, prosperando e desfrutando da liberdade que a escravidão

lhes tolhia. A mata e a montanha na Serra da Borborema tornavam o

Quilombo dos Palmares de difícil acesso, proporcionando seguro

abrigo a seu povo e, além, terreno ideal para a defesa a base de

guerra de guerrilhas, com táticas indígenas e africanas integradas e

que ali foi denominada Guerra do Mato.

Page 206: tropas especiais

Na chamada Guerra da Restauração do Rio Grande do Sul (1774-

1777), surgiu a chamada “Guerra à gaúcha”, travada contra a

invasão dos espanhóis em 1763 e 1774, que chegaram a controlar

2/3 do território invadido por cerca de 13 anos. Esta guerra foi

desenvolvida com o apoio na seguinte diretriz emanada do Rio de

Janeiro, que incapaz de socorrer o Rio Grande do Sul invadido

ordenava que a guerra contra o invasor deveria ser feita através de

pequenas patrulhas localizadas nas matas e nos passos dos rios e

arroios. Dai essas patrulhas iriam atacar os invasores de surpresa,

causado-lhe baixas, arruinando suas cavalhadas e suprimentos e

mantendo assim um clima de constante e contínua inquietação.

Citamos também as ações no estilo guerrilha na Guerra de

Independência dos EUA (1776-1783) contra os ingleses. Embora esta

guerra é muitas vezes vista como uma guerra de guerrilha, as táticas

de guerrilha eram raras, e quase todas as batalhas travadas foram

no estilo de batalhas convencionais. Uma das exceções foi no sul,

onde o peso da guerra foi travado por forças de milícia que lutaram

contra as forças britânicas, onde se usou da dissimulação, surpresa,

e outras táticas de guerrilha para se obter a vantagem. O General

Francis Marion da Carolina do Sul, muitas vezes atacou os britânicos

em lugares inesperados e, em seguida, desapareceu para os

pântanos, onde não podia ser perseguido, por isso ele foi nomeado

pelos britânicos de "The Fox Swamp".

O primeiro exemplo de operações de guerrilha em grande escala

ocorreu na Espanha e em Portugal entre 1808 e 1814, onde se

travou uma guerra irregular e se introduziu o conceito de “guerra

total” ou de “nação em armas”, o que supõe uma mudança radical

nas estruturas da guerra. A Guerra Peninsular não foi só travada

pelos exércitos regulares, mas também pelos povos. Curiosamente

para os espanhóis a Guerra Peninsular é conhecida como a Guerra

de La Independencia.

Page 207: tropas especiais

Guerrilheiro espanhóis emboscam uma unidade da cavalaria

ligeira francesa em uma fazenda

É interessante citar que José Bonifácio, lembrando da experiência de

Portugal e Espanha no uso de guerrilha para ajudar a expulsar

Napoleão, pretendia adotar essa tática no Brasil caso este fosse

invadido por uma potência estrangeira como a França.

Durante o período do Brasil Império, houve muitos movimentos

populares que lançaram mão de táticas de guerrilha nas províncias

contra as tropas imperiais.

Um dos principais foi a Balaiada (1838 - 1841) que foi um movimento

popular que aconteceu nas províncias do Maranhão e no Piauí. Esse

movimento usou as táticas de guerrilha para realizar ataques contra

fazendas e para a libertação dos escravos que viviam nas mesmas. O

hoje patrono do Exército, Duque de Caxias, pacificou o Maranhão,

usando guerrilhas contra guerrilhas, bem como no combate aos

revoltosos farrapos no Rio Grande do Sul

Em 1836 Giuseppe Garibaldi chega ao Rio Grande do Sul, onde luta

ao lado dos farroupilhas na Revolta dos Farrapos (1835-1845) e se

torna mestre em guerrilha. Garibaldi quando volta para a Itália em

Page 208: tropas especiais

1854 usa de táticas de guerrilha, aprendidas na América do Sul,

quando comandou os camisas vermelhas (1860-1861).

Durante a Guerra Civil dos EUA (1861-1865) a forças da

Confederação usaram táticas de guerrilha contra o sistema de

transportes e de comunicação da União e os Unionistas do Sul eram

principalmente usados como forças anti-guerrilha e tropas de

ocupação em áreas da Confederação ocupadas pela União.

Durante a Guerra de Canudos (1896-1897) os sertanejos que

lutavam por Antonio Conselheiro conheciam tão bem o seu ambiente

que tornaram possível o uso do terreno para táticas de guerrilha

contra as forças do governo. Eles usavam das emboscadas e dos

ataques-surpresa contras os soldados. O tático das ações de

guerrilha em Canudos era o ex-escravo pernambucano chamado

Pajeú. Pajeú foi responsável pelas mais significativas baixas contra

as tropas federais. Acostumados a caçar para sobreviver, os

guerrilheiros usaram a experiência adquirida e se tornaram bons

franco-atiradores, pois quando algum soldado desavisado,

principalmente em noite sem lua, acendia um cigarro, era alvo de

um fatal tiro certeiro. Os homens de Pajeú usavam os “presentes”

que Moreira César lhes deixou, ou seja, fuzis de fabricação alemã do

Exército Brasileiro. Táticas de guerrilha também foram usadas na

Guerra do Contestado.

O Gewehr ’88, ou “Fuzil da Comissão Alemã” modelo 1888

em calibre 7,9X57 usado pelo Exército Brasileiro em Canudos

Page 209: tropas especiais

Uma das ações guerrilheiras mais famosas foram realizadas pelos

boers (ou bôeres) que resistiram aos britânicos na Primeira Guerra

dos Bôeres (1880-81) e na Segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902)

em seus combates na África do Sul. Os boers resistiram com tácticas

de guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os

britânicos venceram-nos pela força do número e pela possibilidade

de organizar mais facilmente os abastecimentos. As ações do boers

influenciaram na criação dos BRITISH COMMANDOS na 2ª Guerra

Mundial.

Boers numa trincheira próximo a Mafeking em 1900.

Primeira Guerra

Na Primeira Guerra Mundial surgiu um dos maiores teóricos e

praticantes da guerra de insurgência, usando táticas guerrilheiras, o

pequeno (1,66 de altura) oficial britânico Thomas Edward Lawrence

(1888-1935), ou simplesmente Lawrence da Arábia, lutou contra os

turcos entre 1916-1918, a frente de um levante de tribos árabes. De

Jidá a Yenbo, de Yenbo a Wejh, de Wejh a Aqaba, Lawrence e seus

aliados árabes expulsaram os turcos da costa do Mar Vermelho,

permitindo o acesso aos navios britânicos. Aqaba era vital para a

Page 210: tropas especiais

tomada da Palestina e depois da Síria. A tomada de Aqaba preparou

a conquista de Jerusalém pelas tropas do general Edmund Allenby,

de onde seguiram as tropas até Doraa e depois Damasco, derrotando

os turcos. Nos combates por Damasco, Lawrence a frente de uma

força de apenas 600 camelos montados por árabes, imobilizou

12.000 turcos nas arredores da cidade. O percurso de Jidá a

Damasco não ultrapassa mil quilômetros, mas Lawrence e seus

seguidores levaram quase dois anos para fazê-lo. A táticas de

guerrilhas de Lawrence eram usadas contra a linha de abastecimento

dos turco-otomanos através de suas ferrovias, que eram vitais para o

inimigo, destruindo pontes, atacando estações e trens de Medina a

Damasco. As idéias de Lawrence, praticadas nos campos de batalha,

estão expostas em Revolta no Deserto, Os Sete Pilares da Sabedoria

e em sua correspondência. Em sua concepção, a guerrilha é uma

guerra de corsários, na qual o deserto substitui o oceano.

Pequeno gigante: Lawrence é transportado num Rolls Royce

com carroceria blindada pelas ruas de Damasco, na Síria

Também na Primeira Guerra Mundial os britânicos amargaram

derrotas para o brilhante general Paul Emil von Lettow-Vorbeck, e

suas táticas de guerrilha na África Oriental Alemã (actual Tanzânia).

A principio com 260 oficias alemães, ele reunira e instruíra cerca de

Page 211: tropas especiais

2.472 askaris, soldados nativos recrutados entre as mais aguerridas

tribos da região. Os seus askaris, a cujas qualidades guerreiras e

conhecimento da região ele juntara os altíssimos padrões prussianos

de disciplina e instrução militar, ensinam-no a viver da terra, a

fabricar as próprias roupas e medicamentos, a encontrar comida e

água. Lettow-Vorbeck nunca comandou mais de 14 mil homens. Mas,

em quatro anos, ofereceu um duro combate a mais de 300.000

soldados inimigos e 130 generais, infligindo mais de 60 mil baixas e

obrigando o Império Britânico a gastar mais de 15 milhões de

dólares, em preços atuais para combatê-lo. Paul von Lettow-Vorbeck

conduziu uma guerra tenaz e vitoriosa, durante quatro anos, ao

longo de milhares de quilômetros de matas e savanas, contra tropas

de três potências coloniais, e nunca foi vencido, só depondo as

armas, voluntariamente, depois do Armistício na Europa. As

operações de Lettow-Vorbeck na África são consideradas por alguns

como a maior operação isolada de guerrilha na história, e a mais

bem sucedida. Um de seus oficiais juniores, Theodor von Hippel,

usou sua experiência sob Lettow-Vorbeck para ser instrumental em

formar os Brandenburgers, uma unidade de comandos da agência de

inteligência Alemã Abwehr na Segunda Guerra Mundial. Segundo

informações ele foi atentamente estudado por Mao, Giap e "Che"

Guevara.

Pós-Primeira Guerra

Os irlandeses travaram nas primeiras décadas do século XX, uma

bem-sucedida guerra de independência contra o Reino Unido. Após o

fracasso militar da Revolta da Páscoa em 1916, o Exército

Republicano Irlandês (IRA) recorreu as táticas de guerrilha

envolvendo guerrilha urbana e colunas volantes no campo durante a

Guerra da Independência da Irlanda de 1919 a 1921. Muitos rebeldes

foram inspirados pelas façanhas do lendário guerrilheiro Michael

Dwyer em sua campanha de 1799-1803, após a fracassada rebelião

de 1798. A guerrilha do IRA foi de intensidade considerável em

Page 212: tropas especiais

algumas partes do país, nomeadamente em Dublin e em áreas como

County Cork , County Kerry e o Condado de Mayo, no sul e oeste.

Mas as ações não iam além de simples escaramuças. Houve neste

conflito violência entre católicos e protestantes. O total de mortos na

guerra chegou a um pouco mais de 2.000 pessoas. O conflito levou

as negociações, que terminaram com o Tratado Anglo-Irlandês. Este

tratado criou o Estado Livre Irlandês com 26, e os outros seis

condados restantes permaneceram como parte do Reino Unido como

sendo a Irlanda do Norte. A divisão da Irlanda lançou as sementes

para um novo conflito no norte décadas depois e para a Guerra Civil

Irlandesa (1922-1923). Nesta guerra civil os rebeldes contra o novo

governo da Irlanda não obtiveram sucesso, eles eram contra a

divisão da Irlanda. O fracasso se deu por vários motivos, um deles foi

o amplo apoio popular ao novo país, e também que as forças de

segurança irlandesas, formada por antigos guerrilheiros, conheciam

muito bem as táticas guerrilheiras dos rebeldes e o terreno onde a

luta era travada. Os guerrilheiros anti-Tratado abandonado a sua

campanha militar contra o Estado Livre da Irlanda, depois de nove

meses de combate, em março de 1923.

Na Revolução Mexicana 1910-1920, o populista líder revolucionário

Emiliano Zapata predominantemente empregou o uso de táticas de

guerrilha. Suas forças, compostas inteiramente de camponeses que

viraram soldados, não usavam uniforme e facilmente se misturavam

a população em geral após a conclusão das suas operações. Os seus

soldados mais jovens chamados de "meninos dinamite",

arremessavam latas cheias de explosivos no quartel inimigo, e, em

seguida, um grande número de soldados levemente armados se

lançavam a partir da área circundante para atacá-lo. Embora as

forças de Zapata conhecessem um sucesso considerável, o seu tiro

saiu pela culatra quando as tropas do governo, incapazes de

distinguir os soldados de Zapata da população civil, lançou uma

campanha ampla e brutal contra os civis.

Page 213: tropas especiais

A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre duas frentes

militares, republicanos e nacionalista, ocorrido na Espanha entre os

anos de 1936 a 1939. As tropas republicanas receberam ajuda

internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e

material bélico) e das Brigadas Internacionais composta de

militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de

numerosas pessoas que entraram na Espanha com o objetivo de

defender o governo da República. Já os nacionalista tinham o apoio

da Igreja Católica, Exército e latifundiários, e buscavam implementar

um regime de tipo fascista na Espanha. Francisco Franco era o seu

líder e também recebeu apoio militar da Alemanha de Hitler, e da

Itália de Mussolini. A vitória coube aos nacionalistas do ditador

Francisco Franco. Neste confronto os republicanos usaram táticas de

guerrilha contra as forças nacionalistas.

Forças guerrilheiras também foram usadas contra os invasores

japoneses quando este império invadiu a China em 1937. Os

chineses, tanto nacionalistas quanto comunistas sabotaram linhas

ferroviárias e emboscaram tropas imperiais do Japão. Porém a luta

entre nacionalistas e comunistas chineses enfraqueceu esse

movimento guerrilheiro.

Os judeus europeus que fugiam da violência anti-semita (pogroms,

especialmente da Rússia) imigraram em números crescentes para a

Palestina. Quando a imigração judaica foi restrita por forças

britânicas que administravam a Palestina, os imigrantes judeus

começaram a usar a guerra de guerrilha, através de grupos

guerrilheiros contra os ingleses por dois motivos: para trazer mais

refugiados judeus, e virar a maré da opinião britânica em casa.

Grupos judaicos, como o Lehi e o Irgun - tinham muitos membros

com experiência no Gueto de Varsóvia e nas batalhas contra os

nazistas. Eles também realizaram ataques contra as forças árabes.

Alguns desses grupos judeus foram reunidos para ajudar a formar a

Page 214: tropas especiais

Força de Defesa de Israel, que posteriormente, lutou na Guerra de

Independência de 1948.

Segunda Guerra Mundial

Muitas organizações clandestinas (também conhecido como

movimentos de resistência ) existiram nos países ocupados pelo

Reich alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estas organizações

começaram a se formar logo em 1939, quando, após a derrota da

Polônia, os membros do que viria a ser a maior força de resistência

da Europa, o Exército Nacional polonês, começaram a se reunir.

Outras organizações clandestinas foram formadas na Dinamarca,

Bélgica, Noruega, França (Resistência), França (Maquis),

Tchecoslováquia, Eslováquia, Iugoslávia (Chetniks), Iugoslávia

(Partisans), União Soviética, Itália, Albânia e Grécia.

Muitas destas organizações receberam ajuda britânica através do

SPECIAL OPERATIONS EXECUTIVE-SOE, que juntamente ao lado

do BRITISH COMMANDOS, recebeu de Winston Churchill ordens de

"incendiar a Europa". O SOE foi criado em 22 de julho de 1940, com

a missão de levar a guerra até o inimigo por outros meios que não o

envolvimento militar direto. Sua missão era a de facilitar a

espionagem e a sabotagem atrás das linhas inimigas e servir de

núcleos para as unidades auxiliares. Ficou também conhecido por

"Churchill's Secret Army" ou "The Ministry of Ungentlemanly

Warfare", e também tinha o apelido de Baker Street Irregulars. O

SOE diretamente empregou ou controlou pouco mais de 13.000

pessoas. Estima-se que SOE apoiou ou deu suporte para mais de

1.000.000 de operativos ao redor do mundo. Quando a Inglaterra

estava sob a ameaça de invasão nazista em 1940, agentes do SOE

treinaram homens da Guarda Nacional e das Unidades Auxiliares em

guerra de guerrilha.

Page 215: tropas especiais

Forças da Resistência francesa armadas com Stens e

granadas, atacam unidades das WAFFEN - SS em 1944.

O SOE deu um considerável suporte as forças da resistência

na Europa ocupada.

Um dos objetivos do SOE era através de ações de sabotagem e

guerrilha manter o maior número possível de tropas alemãs

guardando posições na retaguarda, além do que os ataques da

guerrilha em países ocupados eram úteis na guerra de propaganda,

ajudando a repudiar o discurso alemã de que os países ocupados

foram pacificados e estavam do lado dos alemães.

Abissínia que foi invadida pela Itália em 1935 foi palco de alguns dos

mais bem sucedidos esforços do SOE. O SOE e o Exército britânico no

Cairo, ajudaram a organizaram em 1940 uma força de etíopes

irregulares sob o comando do seu criador, o então major, Charles

Page 216: tropas especiais

Orde Wingate em apoio do exilado Imperador Haile Selassie. Esta

força (chamado de Gideon Force por Wingate) causou pesadas

baixas às forças de ocupação italiana, e contribuiu para o êxito da

campanha britânica lá. Wingate usou sua experiência para criar os

CHINDITS na Birmânia. Esses soldados travaram uma guerra de

guerrilha contra o japoneses na Birmânia em 1944. Era uma força

para operação de penetração de longo alcance na selva, e capazes

de operar atrás das linhas japonesas, sendo abastecidas pelo ar.

Alguns movimentos de resistência tiveram um aumento considerável

em sua força de combate. A partir do segundo semestre de 1944, o

total das forças partisans iugoslavas somavam mais de 500.000

homens organizados em quatro exércitos de campo, engajados em

uma guerra convencional. Em 1944, a resistência na Polônia tinham

600.000 homens.

Submetralhadora Sten

Necessitando repor os estoques de armas, após a derrota em

Dunquerque, os militares britânicos encomendaram o

desenvolvimento de uma submetralhadora simples, para produção

acelerada. Baseados nos conceitos de produção em massa da MP38

alemã, engenheiros da Enfield desenvolveram a Sten. A arma de

Sten era tão fácil de fabricar que muitas foram produzidas em

pequenas lojas e garagens; mais que 4 milhões foram produzidos

durante Segunda Guerra Mundial. Extremamente feia e rústica, foi no

Page 217: tropas especiais

início encarada com desconfiança pelas tropas, porém provou ser

eficiente, sendo usada pelos pára-quedistas e commandos britânicos,

tropas regulares e movimentos de resistência por toda a Europa.

Algumas delas eram munidas de silenciadores.

Especificações

Modelo: Mk II

Calibre: 9 mm

Comprimento: 762 mm (total) e 197 mm (cano)

Peso: 3,7 Kg (com carregador)

Carregador: Pente com 32 cartuchos (mas normalmente só se

usavam 30)

Cadência de Tiro: 550 tpm

Velocidade Inicial do Projétil: 365 m/s.

No Front Oriental houveram duros e sangüentos combates entre os

guerrilheiros soviéticos e as tropas alemães do Reich. A força das

unidades partisans soviéticas não pode ser calculada, mas só na

Bielorrússia pode ter sido superior a 300.000. Esta foi uma estratégia

de guerra planejada e estreitamente coordenada pelo Estado-Maior

soviético, o STAVKA, que envolveu a inserção de agentes e a entrega

de equipamentos, bem como a coordenação do planejamento

operacional, com o Exército Vermelho. A ação dos guerrilheiros

soviéticos era bastante eficiente. Os acampamentos dos guerrilheiros

eram localizados em florestas, montanhas, cavernas e pântanos,

fortificados e protegidos por campos minados, fossos e plataformas

de observação nas árvores. Normalmente vários campos eram

localizados em áreas adjacentes com locais alternativos preparados

para retirada. Providos de depósitos, açougues, padarias, oficinas de

reparo de armas e equipamentos, esses campos eram protegidos por

unidades de guarda compostas por partisans em repouso ou

voluntários das comunidades próximas. Além do saque tomado aos

alemães e do reabastecimento aéreo, os partisans se abasteciam

localmente, inclusive com novos recrutas: em muitas áreas o sistema

Page 218: tropas especiais

russo de recrutamento militar permaneceu ativo. A mobilidade

desses grupos era garantida por veículos capturados aos alemães,

com o uso de trenós e esquis durante o inverno. A coordenação entre

as ações de front e retaguarda era total: imediatamente antes e

durante as ofensivas russas a atividade guerrilheira aumentava em

apoio ao Exército Vermelho, como por exemplo durante a Operação

Concert em 1943 (início 19 de Setembro), e na ação maciça de

sabotagem da logística alemã na preparação para o início da

Operação Bagration no verão de 1944.

Na Polônia, Grécia, Iugoslávia e Rússia, graças talvez à configuração

geográfica, extensas zonas permaneceram nas mãos dos

guerrilheiros durante toda a guerra. As tropas alemãs somente

podiam penetrar nelas quando apresentassem esmagadora

superioridade numérica e material sobre as guerrilhas, que nesses

casos optavam pela prudente retirada, reagrupando-se em outra

parte para ali continuar a luta.

Quando os Estados Unidos entraram na guerra, formaram o US Office

of Strategic Services (OSS) para trabalhar em cooperação com o

SOE, bem como para realizar ações de iniciativa própria. O OSS era

responsável por espionagem e ações de combate na retaguarda

inimiga, e lançou na Europa as equipes da Operação Jedburgh, que

era uma unidade conjunta de americanos, britânicos e franceses.

A OSS lançou 87 equipes Jedbourg na Europa ocupada durante a

Segunda Guerra Mundial. A equipe consistia de um oficial americano,

um operador de rádio e um oficial do país do local de operação

(francês, holandês etc). A equipe treinava e comandava a guerrilha

local em operações de sabotagem, inteligência e ação direta. As

equipes Jedburgh armaram e treinaram mais de 20 mil guerrilheiros.

Foram usados para cortar linhas ferroviárias, emboscar tropas e

comboios de estrada com objetivo de desviar forças de outras

frentes. Depois da invasão no dia D passaram a proteger as pontes e

Page 219: tropas especiais

fontes elétricas das tropas alemães que se retiravam. O

conhecimento do terreno, a mobilidade e o moral alto foram

importantes para realizarem a missão. Os EUA consideram que

tiveram um efeito equivalente a 12 divisões. Outras 19 equipes

formadas por 15 homens podiam operar sozinhas ou com ajuda da

guerrilha local.

Já o Destacamento 101 da OSS atuou no Teatro de Operações China-

Índia-Birmânia de 14 abril de 1942 a 12 julho de 1945 com 684

americanos na maior parte do tempo controlando cerca de 11.000

guerrilheiros dos povos kachin. Uma poderosa força guerrilheira,

chamada Kachin Rangers, foi comandada por Carl F. Eifler, embora

muitas vezes o termo Kachin Rangers tem sido usado para descrever

todas as forças Kachin levantadas durante a guerra pelos americanos

no norte da Birmânia. As forças kachins realizaram uma série de

missões não-convencionais: emboscadas as patrulhas japonesas,

resgate de pilotos aliados abatidos, e abertura de pequenas pistas de

pouso na selva. Em 1944 quando chegaram as tropas americanas de

penetração de longo alcance, os MERRIL´S MARAUDERS, eles

foram importantes fornecendo inteligência sobre a movimentação

das forças japonesas. De 1943-1945, o OSS desempenhou um papel

importante treinando tropas chinesas nacionalistas na China e

Birmânia, e recrutou forças irregulares nativas para realizarem

sabotagem e servirem de guias para as forças Aliadas na Birmânia

contra o Exército japonês. O OSS também ajudou a armar, treinar e

provê os movimentos de resistência, inclusive o Exército de

Libertação Popular de Mao na China e o Viet Minh na Indochina

francesa, que eram áreas ocupadas pelos japoneses durante a

Segunda Guerra Mundial. Outras funções do OSS incluíram o uso de

propaganda, espionagem, subversão, e planejamento para o pós-

guerra.

Pós-Segunda Guerra

Page 220: tropas especiais

Após a II Guerra Mundial, durante a década de 1940 e 1950, milhares

de combatentes na Estônia , Letônia e Lituânia, participaram de uma

luta de guerrilha contra a ocupação soviética. Os guerrilheiros dos

países bálticos foram vencidos, e o último guerrilheiro na Estônia foi

descoberto e morto em 1978.

Porém no pós-guerra as guerrilhas se propagaram principalmente

pela África, Ásia e América Central e América do Sul nas décadas de

1950, 1960 e 1970 através de movimentos de libertação nacional,

contra nações colonizadoras ou movimentos revolucionários contra

governos ditatoriais.

América

Uma das mais bem sucedidas foi liderada por Fidel Castro em Cuba

com o apoio do argentino Ernesto "Che" Guevara contra a ditadura

de Batista. Fidel tomou o poder em Cuba em 1959. "Che" Guevara,

converteu-se em figura central dos movimentos guerrilheiros de

esquerda nos anos 1960, que tentaram revoluções socialistas no

chamado Terceiro Mundo. Ele foi assassinado em 1967 em Bolívia

onde tentava estabelecer um foco guerrilheiro. Guevara teorizou a

respeito da guerrilha revolucionária, a definindo como a vanguarda

do povo em luta.

De 1954 a 1976, praticamente toda a América do Sul foi tomada por

regimes militares, comandados por Alfredo Stroessner no Paraguai,

Augusto Pinochet no Chile, Hugo Bánzer na Bolívia e a junta militar

na Argentina. O triunfo da Revolução Cubana inspiro uma onda de

movimentos revolucionários na América Latina, quem procuraram

mediante a luta armada e a guerra de guerrilhas instalar governos

socialistas na região.

Entre esses movimentos guerrilheiros de esquerda, podemos citar

por exemplo os Tupamaros no Uruguai, a Mano Negra na Argentina,

e o Sendero Luminoso e o MRTA no Peru. Na Colômbia, embora não

Page 221: tropas especiais

estivesse sob ditadura, as FARC e o ELN iniciam uma guerra civil que

dura mais de quatro décadas e tomam controle sobre algumas áreas

do país.

No Brasil em resposta ao Golpe Militar de 1964 que instalou uma

ditadura no país, surgiram grupo guerrilheiros como o o MR-8 e a

ALN. Em particular neste período houvera ações da guerrilha urbana

e de guerrilha rural. A guerrilha urbana no Brasil era formada em sua

maior parte por jovens idealistas de esquerda. Seu maior téorico-

prático foi Carlos Marighella que escreveu inclusive o Minimanual do

Guerrilheiro Urbano. Nesta obra Marighella, defendeu o terrorismo, o

seqüestro e as execuções sumárias como métodos a serem

empregados pelos revolucionários brasileiros. Nos anos 1980, a CIA –

Central Inteligence Agency, dos Estados Unidos, fez traduções em

inglês e espanhol para distribuir entre os serviços de inteligência do

mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das

Américas, instituição do governo dos EUA que treinava oficias sul-

americanos na luta de contra-insurreição, na época instalada no

Panamá. Outro guerrilheiro bem ativo foi Carlos Lamarca. Ele era

capitão do Exército e em 24 de janeiro de 1969, uniu-se à

organização clandestina Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Quando saiu ele levou 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e

muita munição. Participou de diversas ações, como assaltos a

bancos, num dos quais assassinou com dois tiros o guarda civil

Orlando Pinto Saraiva. Entre as ações de Lamarca estão o seqüestro

do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, com o fim de

trocá-lo por presos políticos no Rio de Janeiro, esta ação do seqüestro

resultou na morte do agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de

Araújo, que fazia segurança do embaixador suíço. Em setembro de

1971 foi localizado e foi morto por um pequeno Comando Especial do

Exército, comandado pelo Major Cerqueira, junto com o metalúrgico

José Campos Barreto, guerrilheiro da VPR.

Page 222: tropas especiais

As principais ações da guerrilha urbana no Brasil de 1968 a 1970

foram: o assalto ao trem pagador da ferrovia Santos-Jundiaí

(10/6/1968), pela ALN (fundado por Marighella); o ataque ao QG do II

Exército (26/6/1968), pela VPR; o roubo do cofre de Adhemar de

Barros (11/5/1969), contendo pouco mais de 2,8 milhões de dólares,

em espécie, o equivalente a 16,2 milhões de dólares de 2007, pela

VAR-Palmares; o assassinato do capitão do Exército dos Estados

Unidos e suposto agente da CIA Charles Rodney Chandler

(12/10/1969), pela VPR; o seqüestro do embaixador norte-americano

Charles Burke Elbrick (4/9/1969), pela ALN e o MR-8. e cada dez

ações de guerrilha, oito buscavam dinheiro, armas, papéis de

identidade. As ações mais ofensivas, como os seqüestros de

diplomatas, destinavam-se a tirar gente da cadeia ou do país. A

destruição das organizações armadas começou em 1969, a partir da

organização das atividades de policia política dentro do Exército. No

final de 1970, todas as organizações da guerrilha urbana estavam

desestruturadas.

A principal guerrilha rural no Brasil foi a Guerrilha do Araguaia foi o

nome dado a um conjunto de ações guerrilheiras com o objetivo de,

através de uma ação prolongada, combater a ditadura militar e

implantar o comunismo no País. Ela foi organizada pelo Partido

Comunista do Brasil e as ações aconteceram às margens do Rio

Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo e Marabá, no Pará, e

de Xambioá, em Goiás. O movimento armado aconteceu entre 1966

e 1974 e envolveu pelo menos 80 militantes do PCdoB. O Exército

descobriu o núcleo guerrilheiro em 1971 e fez três investidas contra

os rebeldes. A maior parte dos guerrilheiros foi eliminada. Poucos

sobreviveram, entre eles deputado federal José Genoíno. Houve

também a Guerrilha de Caparaó, que era inspirada na guerrilha de

Sierra Maestra, em Cuba, e aconteceu na Serra de Caparaó, divisa do

Espírito Santo e Minas Gerais, em 1966 e 1967. Ela foi organizada

pelo Movimento Nacionalista Revolucionário, formado em sua

maioria por ex-militares expulsos das Forças Armadas. Eles ficaram

Page 223: tropas especiais

alguns meses na serra fazendo treinamento e reconhecimento da

região. Eram cerca de 20 guerrilheiros, que foram denunciados pela

população e presos pelo Exército e Aeronáutica em abril de 1967,

antes de entrarem em ação.

Em 1961 surgiu na Nicarágua a guerrilha sandinista, dos rebeldes do

FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional, criada por Tomás

Borges, Carlos Fonseca e Sílvio Mayorga) e que deve o seu nome a

Augusto Sandino, nicaragüense que se insurgiu contra a dominação

que os EUA tentaram manter na Nicarágua, dando-se em 1979 o

êxito da revolução sandinista, que usou amplamente da tática de

guerrilha, empreendida contra o ditador Anastasio Somoza. A

guerrilha recrudesceu em El Salvador a partir de 1975, devido à

controversa eleição de Carlos Humberto Romero e ao exercício

extremamente duro de governos militares nos anos 1980.

Guerrilheiros sandinistas armados com fuzis de assalto FAL e

Galil (capturados) enfrentam tropas da Gruda Nacional em 24

de junho de 1979 em Manágua.

Page 224: tropas especiais

É nos anos 1960 e 1970 que aparecem os primeiros movimentos de

guerrilha comunista (Forças Armadas Revolucionárias) e de extrema-

direita (Movimento Anticomunista Nacional, Esquadrão da Morte) na

Guatemala, sendo que em 1982 se cria um único movimento

guerrilheiro, a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. As lutas

dirigiram-se constantemente contra os regimes ditatoriais militares

como o do coronel Peralta Azurdia. No Peru na década de 1980

começaram os ataques do grupo terrorista de caráter maoísta

chamado Sendero Luminoso.

Na década de 1990, surgiu o Exército Zapatista de Libertação

Nacional em Chiapas, um dos estados mais pobres de México. O O

Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em espanhol

Ejército Zapatista de Liberación Nacional, é uma organização armada

mexicana de caráter político-militar e composição majoritariamente

indígena. Sua inspiração política é o marxismo-leninismo e o

socialismo científico e sua estratégia militar é a guerrilha. Seu

objetivo é "subverter a ordem para fazer a revolução socialista e

criar uma sociedade mais justa".

Foi à público no estado mexicano de Chiapas em 1º de janeiro de

1994, quando um grupo de indígenas encapuzados e armados

atacaram e ocuparam várias cabeceras municipais no mesmo dia em

que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do

Norte, durante o governo de Carlos Salinas de Gortari,

desestabilizando o sistema político mexicano e questionando suas

promessas de modernidade. Seu objetivo era derrubar o presidente

eleito democraticamente e a implantação de um governo socialista

no México, fazendo alusão ao estilo de Cuba, Vietnã ou Angola. Após

o fracasso militar de sua revolução, decidiu empreender uma

atividade política, mantendo as armas e um caráter de guerrilha de

esquerda radica]. Seu comando tem por nome Comitê Clandestino

Revolucionário Indígena - Comando Geral (CCRI-CG) do EZLN.

Atualmente sobrevive em algumas comunidades de Chiapas, frente à

Page 225: tropas especiais

indiferença do governo mexicano e sustentando-se por meio do

turismo, da população indígena local e com apoio financeiro

estrangeiro.

Europa

No final dos anos 1960 um forte movimento de guerrilha urbana e

terrorista tomou conta da Irlanda do Norte. Eles tiveram suas origens

na divisão da Irlanda, durante a Guerra da Independência da Irlanda

na década de 1920. A violência foi caracterizada por uma campanha

armada contra a presença britânica na Irlanda do Norte pelo

Provisional Irish Republican Army, o IRA Provisório, e a implacável

política de contra-insurgência britânica. Houve também denúncias de

conluio entre os legalistas paramilitares do Ulster e forças de

segurança britânicas. A mídia, como a BBC e a CNN, muitas vezes

usaram o termo "pistoleiros" como "pistoleiros do IRA" ou "homens

armados legalistas". Desde 1995, a CNN passou a usar também o

termo guerrilha como "guerrilha do IRA" e "guerrilha protestante". A

Reuters, em conformidade com o princípio de não usar a palavra

"terrorista" salvo em citações diretas, referiu-se aos grupos

paramilitares como "grupos de guerrilha". Os lados em conflito

chegaram ao fim da luta com a assinatura do Acordo de Sexta-Feira

Santa , em 1998. Em 28 de Julho de 2005, o IRA anuncia o fim da

"luta armada" e a entrega de armas. O processo de entrega de

armas terminou em 26 de Setembro de 2005. Todo o processo de

desmantelamento do armamento foi orientado pelo chefe da

Comissão Internacional de Desarmamento, o general canadiano John

de Chastelain.

Na década de 1990 com a dissolução da Iugoslávia se iniciam sérios

conflitos étnicos na região dos Bálcãs, em especial na Bósnia e

Kosovo. Forças servias, bósnias e croatas lutaram entre abril de 1992

e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. Neste

conflito foram usadas táticas de guerrilha. A ONU interveio na Bósnia

Page 226: tropas especiais

com uma "força de paz" que se mostrou incapaz de conter as

agressões dos sérvios. A OTAN enviou algumas tropas em 1995, mas

sua atuação efetiva limitou-se à realização de alguns bombardeios

aéreos contra alvos sérvios na Bósnia. O fator decisivo para pôr fim

ao conflito foi o embargo comercial imposto pela Assembléia Geral

da ONU à Iugoslávia desde 1992. O agravamento da crise econômica

fez com que o presidente iugoslavo Milosevic interrompesse os

fornecimentos aos sérvios da Bósnia. Estes, sentindo-se

enfraquecidos, aceitaram negociações intermediadas pelo presidente

norte-americano Bill Clinton. Finalmente, em dezembro de 1995, um

acordo de paz assinado em Dayton, nos Estados Unidos, transformou

a Bósnia-Herzegovina em um Estado estruturalmente semelhante à

atual Iugoslávia: 51% do território formam uma Federação

Muçulmano-Croata e os 49% restantes constituem a República Sérvia

da Bósnia - ambas com enorme autonomia, embora teoricamente

subordinadas ao governo federal.

Na esteira da dissolução da Iugoslávia guerrilheiros do Exército de

Libertação de Kosovo-UCK travam sangrentos combates com o

exército sérvio. A Sérvia reagiu com violência, utilizando forças

policiais e militares. Os guerrilheiros separatistas tentaram resistir,

valendo-se do terreno parcialmente montanhoso e do apoio da

população de etnia albanesa. Em face da resistência encontrada, as

tropas sérvias passaram a empregar em Kosovo, os mesmos

processos de "limpeza étnica" utilizados na Bósnia em 1992/95:

incêndios, massacres, estupros e expulsões em massa. Em 24 de

março de 1999 a OTAN inicia o Bombardeio de Belgrado (capital da

Iugoslávia) para forçar a retirada das tropas que ocupavam o Kosovo.

A província de Kosovo tornou-se um protetorado internacional após o

acordo de paz tratado em junho de 1999.

África

.

Page 227: tropas especiais

No final da Segunda Guerra Mundial, não havia mais clima político

no mundo para a preservação de impérios coloniais. Os sinais de

enfraquecimento dos impérios coloniais, somados ao apoio retórico

da União Soviética às lutas nacionalistas, estimularam as lideranças

africanas a buscarem o caminho da independência. Em muitos

países africanos se recorreu a tática de guerrilha para enfrentar as

tropas colonialistas.

Na Argélia, a luta de libertação foi de 1954 a 1962. Foi uma das mais

sangrentas guerras da África. Caracterizou-se por ataques de

guerrilha e atos de violência contra civis - perpetrados tanto pelo

exército e colonos franceses (os "pied-noirs") quanto pela Frente de

Libertação Nacional (Front de Libération Nationale - FLN) e outros

grupos argelinos pró-independência como o Movimento Nacional

Argelino (Mouvement National Algérien - MNA), criado mais tarde,

cujos apoiadores principais eram trabalhadores argelinos em França.

A FLN e o MNA lutaram entre si durante quase toda a duração do

conflito. A disputa em dezembro de 1991, ente a Frente Islâmica de

Salvação (FIS), ganhou popularidade entre o povo argelino e a

Frente de Libertação Nacional (FLN) (partido do governo), deu

origem a uma guerra civil, com ações de guerrilha e terror por parte

da FIS. Os principais grupos rebeldes que lutavam contra o governo

foram o Movimento Islâmico Armado (AIM), com base nas

montanhas e o Grupo Islâmico Armado (GIA), nas aldeias

No Quênia, a revolta nacionalista ganhou impulso em 1952, quando

membros dos kikuyu, a tribo mais numerosa do país, formaram uma

organização clandestina, os Mau-Mau, contra os colonizadores

britânicos. O Quênia obteve a independência em 1963. Um dos

processos mais sangrentos de independência aconteceu no Congo

Belga, depois chamado de Zaire, o segundo maior país africano em

extensão territorial, depois do Sudão.

Esse guerrilheiro da Patriot

Page 228: tropas especiais

As colônias portuguesas como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau

também foram alvo de lutas de libertação através do uso de

guerrilhas. Um país a destacar é Angola devido as complicações em

seu processo de independência. A luta pela independência em

Angola teve início na década de 1960. A rebelião se expressou

através de três grupos rivais.

Os principais eram o Movimento Popular de Libertação de Angola,

MPLA, e a União Nacional para a Independência Total de Angola,

UNITA. A rivalidade entre os grupos resultou em luta armada após a

Revolução dos Cravos em Portugal em 1974 . O apoio estrangeiro a

cada facção em luta espelhava claramente a Guerra Fria na África. A

UNITA recebeu ajuda dos Estados Unidos, da França e da África do

Sul, enquanto o MPLA teve o auxílio soviético e cubano. Em outubro

de 75, a África do Sul enviou tropas para lutar em Angola, ao lado da

UNITA.

A ofensiva contra a capital Luanda foi detida pela chegada de

soldados cubanos, a pedido do MPLA. O governo sul-africano

justificou o ataque alegando que Angola fornecia armas aos

guerrilheiros da vizinha Namíbia, um país pequeno mas rico em ouro

e outros minerais. Na verdade, a África do Sul queria deter o avanço

de movimentos guerrilheiros de esquerda no continente, avanço que

poderia estimular a luta contra o apartheid sul-africano. Em

novembro de 1975, Lisboa renunciou oficialmente ao controle da

colônia e o MPLA proclamou a República Popular de Angola.

Na década de 1970 é travada na Rodésia uma guerra entre tropas

governamentais, apoiadas pela África do Sul, e guerrilheiros do

movimento nacionalista negro (ZIPRA e ZANLA), no nordeste do país,

pelo fim da supremacia branca. A guerra na Rodésia foi dura e em

em maio de 1979 o governo de supremacia branca é derrotado, e foi

empossado o novo governo de maioria negra na Rodésia. A partir de

junho de 1979, o país passou a chamar-se de Zimbábue-Rodésia, e,

Page 229: tropas especiais

finalmente, em 1980, passou a ser o Estado independente do

Zimbábue.

Esses são apenas alguns dos inúmeros conflitos do continente

africano, que infelizmente ainda viu ações de guerrilha na Somália,

Chad, Ruanda, Serra Leoa, Libéria e em tantos outros lugares.

Ásia

De 1948 a 1960 o Partido Comunista Malaio tentou tomar o poder na

Malásia, expulsando os britânicos. O PCM criou o Exército de

Libertação dos Povos Malaios (ELPM) que era seu braço militar e que

se organizou de acordo com uma estrutura que abrangia desde

pelotões até unidades a nível de batalhão e regimento, embora esse

último agrupamento fosse claramente incapaz de fazer frente ao seu

equivalente do lado britânico. Diante desta ameaça os britânicos

declararam em 1948 o estado de emergência na Malásia. E assim

esse conflito ficou conhecido como a Emergência Malaia. No inicio

dos anos 1950, mais tropas britânicas chegaram ao local, inclusive

forças especializadas em combate de selva como os BRITISH

GURKHAS e o SERVIÇO AÉREO ESPECIAL (SAS) foi reativado. Em

1960 os britânicos venceram o conflito.

Em 17 de outubro de 1945, às vésperas da rendição do Japão, o líder

nacionalista Sukarno proclama a independência da Indonésia. Os

holandeses tentam restabelecer o domínio colonial, mas, depois de

quatro anos de uma dura guerra de guerrilha e da ameaça de

retaliação econômica por parte dos EUA, reconhecem a

independência do novo país em dezembro de 1949.

As filipinas tem em sua história de pós-guerra sofrido com

movimentos guerrilheiros como do Partido Comunista das

Filipinas/Novo Exército do Povo (CPP/NPA) a Frente Moro Islâmica de

Libertação» (FMIL) e o grupo radical islâmico Abu Sayyaf.

Page 230: tropas especiais

Houve muitas revoltas na Índia desde a sua independência em 1947.

Houve por exemplo a insurgência em Naga e a insurgência no Punjab

(anos 1980-1990), esta última foi fortemente apoiada pelo Paquistão,

através de armas e treinamento. A fronteira da Índia com o

Paquistão foi fechada e a polícia do Punjab e as forças armadas

indianas acabaram por ser bem sucedidas na repressão à violência.

Os indianos também enfrentaram a insurgência da Caxemira,

iniciada em 1989. Em um esforço para manter viva a insurgência,

que tinha suas bases no Paquistão, militantes estrangeiros

atravessaram a fronteira com a Índia. Mas as forças militares e

policiais da Índia conseguiram reduzir a violência no local.

Na galeria dos guerrilheiros, o Vietnã tem lugar de destaque por ter

enfrentado no século XX três grandes potências, Japão, França e

Estados Unidos, e ter resistido a primeira e humilhado as duas

últimas usando principalmente táticas de guerrilha nas selvas do

Sudoeste Asiático. A Indochina (atual Laos, Camboja e Vietnã) era

um território de propriedade francesa. Na Segunda Guerra Mundial, o

Japão conquistou a região e anexou à mesma a seus domínios. Os

vietnamitas liderados por Ho Chi Mihn, fundaram a Liga

Revolucionaria para a Independência do Vietnã, proclamaram no

norte do país a Republica Democrática do Vietnã, após a derrota dos

japoneses. Com o apoio da Grã-Bretanha os franceses conseguiram

voltar para a Indochina, reconquistando assim seus territórios. Porém

Ho Chi Mihn e seus homens não aceitaram a condição de colônia e se

lançaram em um duro conflito a Guerra da Indochina (1950-1954),

da qual saíram vitoriosos. Em 1954, em Genebra, na Suíça, foi

celebrada a paz, e nas eleições em 1956, ficou decidido que o Vietnã

ficaria assim dividido: o norte socialista e o sul capitalista. Apos

alguns anos, a rivalidade entre ambas foi crescendo ate que em

1960, foi criado pelos comunistas sul-vietnamitas a Frente Nacional

de Libertação, que era contrária a divisão do pais. Os EUA, na

intenção de acabar com o avanço comunista na Ásia passou a ajudar

o governo sul-vietnamita com armas e assessores militares, e em

Page 231: tropas especiais

meados da década de 1960 tropas americanas começaram a chegar

em maior número aquele país. Porém os americanos também foram

derrotados no Vietnã após 12 anos de luta, não conseguindo derrotar

os guerrilheiros Viet Congs e seus aliados do Vietnã Norte, que eram

apoiados pela China e pela União Soviética.

O ponto alto da campanha foi a famosa Ofensiva Tet (devido ao ano

novo lunar vietnamita, em meados de fevereiro), planejada pelo

estrategista Norte-Vietnamita Vo Nguyen Giappara o ano novo de

1967-1968.Essa ofensiva visava uma séria de ataques maciços

realizada pelos Vietcongsem mais de 100 alvos urbanos. Mesmo

tendo um efeito psicológico devastador, a campanha a qual Giap

esperava ser decisiva, falhou, forçando o recuo de muitas posições

que os Norte-Vietnamitas haviam ganhado. Foram mortos 85.000

Vietcongs. Porém se Giap falhou em seus alvo no Vietnã do Sul,

acertou em cheio no coração da opinião pública dentro dos EUA, que

pressionou o governo do Presidente Johnson a sair deste conflito.

Page 232: tropas especiais

Os vietcongs eram uma força guerrilheira muito bem armada

e treinada, com larga experiência em combate e

doutrinariamente motivada, a ponto de aceitar grandes

baixas na busca de seus objetivos. Sua arma básica era o

fuzil de assalto soviético AK-47, mas eles também usavam

lança-rojões RPG-7 e armas capturadas. Os vietcongs

também contavam com uma fantástica rede logísticas

suprida pelo Vietnã do Norte, China e União Soviética. Muitas

vezes os suprimentos chegam até os guerrilheiros através de

bicicletas.

Em 23 de janeiro de 1973, o então presidente americano Richard

Nixon, ordenou a retirada das tropas dos EUA da região. Sem o apoio

dos americanos Sul rendeu-se em 1975 aos norte-vietnamitas, que

unificaram o pais. O resultado da guerra: 2 milhões de vietnamitas e

57 mil americanos mortos.

Page 233: tropas especiais

A Guerra no Vietnã se espalhou para países como o Laos e Camboja.

No conflito cambojano os guerrilheiros do Khmer Vermelho, liderado

por Pol Pot, tomaram o poder e executaram um dos mais terríveis

genocídios do século XX. Até hoje o Camboja tenta contabilizar o

número total de mortos no genocídio, mas as estimativas vão de 1

milhão a 3 milhões de assassinatos sob o comando de Pol Pot, num

país de 7 milhões de habitantes. Nos anos 1960 e 1970, durante a

Guerra do Vietnã, a Tailândia estreita relações com os EUA, que

ajudam a sufocar um movimento guerrilheiro comunista no território

tailandês

No dia 25 de dezembro de 1979 tem início um dos mais

desgastantes conflitos do pós-guerra, quando tropas soviéticas

invadem o Afeganistão. A guerra se arrastou até 1989 quando o

ultimo soldado soviético deixou o país. A retirada soviética foi

realizada de 15 de maio de 1988 a 15 de fevereiro de 1989. Por

quase dez anos os soviéticos amargaram um sangrenta guerra de

guerrilha nas montanhas do Afeganistão lutando contra os

mujahedins . Devido ao alto custo e ao resultado malogrado para

aquela superpotência da Guerra Fria, a intervenção soviética no

Afeganistão costuma ser comparada ao que foi, para os EUA, a

Guerra do Vietnã. Alguns estudiosos pensam que o custo econômico

e militar da guerra contribuiu consideravelmente para o colapso da

União Soviética em 1991. Neste conflito os cerca de 10.000

guerreiros mujahedins receberam apoio financeiro e material de

chineses, americanos, egípcios e paquistaneses. Após a retirada

soviética, sem o apoio das tropas do Kremlin e com o exército afegão

praticamente desmantelado, o presidente do país, Brabak Karmal, foi

deposto pelos guerrilheiros mujahedins que implantariam um regime

muçulmano. Na verdade com a queda do regime comunista, em

1992, uma guerra civil entre as várias facções de instalou. Em 1996,

o Taliban, um movimento fundamentalista islâmico formado em

1994, conquistou a capital Cabul e, posteriormente, tomou cerca de

90% do país. Os guerrilheiros anti-Taliban e outros grupos de

Page 234: tropas especiais

resistência tinham criado uma coligação conhecida como a Aliança

do Norte, que controlava até 2001 a parte norte do país. Os lados do

conflito não conseguem derrotar o seu adversário. Porém há uma

grande reviravolta no conflito quando em resposta aos atentados de

11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos invadem o Afeganistão

em 7 de outubro de 2001. Em uma rápida campanha os americanos

com o apoio da Aliança do Norte, derrotam os talibans e os

terroristas da Al-Qaeda, que recebiam proteção e abrigo do Taliban.

Porém após a conquista do país, o Taliban e a Al-Qaeda, iniciam uma

campanha de guerrilha contra os americanos e seus aliados no

Afeganistão na região montanhosa do país.

Page 235: tropas especiais

Taliban enfrenta tropas dos EUA com uma metralhadora PPK.

Em meados da década de 1990 se inicia o conflito da Chechênia,

quando as forças russas tentaram recuperar o controle da

separatista república chechena. Depois de uma campanha inicial

entre 1994 e 1995, culminando na destruição da capital Grozny e,

apesar da superioridade bélica, as forças russas foram incapazes de

estabelecer um controle efetivo da região, em especial das áreas

montanhosas chechenas - devido aos freqüentes ataques dos

guerrilheiros chechenos. O conflito salda-se em 1997 com a

assinatura de um tratado de paz entre ambos os países. Antes, em

Page 236: tropas especiais

1996, Chechênia havia declarado a sua independência da Federação

Russa. Porém em 1999 tropas russas sob as ordens de Vladimir Putin

invadem a Chechênia em uma operação operação antiterrorista. O

estopim da crise, que leva a uma reação russa, foi uma série de

atentados terroristas, contra um prédio residencial de famílias de

soldados russos, que matou 62 pessoas, e outros atentados, em

Moscou que causaram mais de 300 mortes. Outro ataque a um

hospital, causou 120 mortes. m 2000, Putin decreta o estado de

exceção e suspende as liberdades na Chechênia com intenção de

governar a república rebelde a partir do Kremlin. A Rússia dominou a

região com o apoio de forças chechenas pró-Rússia. A continuidade

da guerrilha em áreas montanhosas do Cáucaso mantém a tensão

permanente na região. A guerrilha conta com o apoio da Geórgia e

da Arábia Saudita.

Oriente Médio

Aqui é importante ressaltar que muitos grupos guerrilheiros são

considerados grupos terroristas por seus opositores, e muitos grupos

terroristas as vezes se apresentam para o publico doméstico e

internacional, simplesmente como movimentos de resistência que

usam táticas de guerrilha contra seus inimigos.

Em sua luta conta o Estado de Israel, os palestinos criaram em maio

de 1964 a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). O grupo

utilizou-se de táticas terroristas e de guerrilha para atacar Israel a

partir de suas bases na Jordânia, Líbano e Síria, assim como de

dentro da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. A OLP foi considerada

tanto pelos Estados Unidos quanto por diversos outros países

ocidentais como uma organização terrorista, até a Conferência de

Madri, em 1991, e por Israel até 1993, pouco antes dos acordos de

Oslo. Em 1993 o então presidente da OLP, Yasser Arafat, reconheceu

o Estado de Israel numa carta oficial ao primeiro-ministro daquele

país, Yitzhak Rabin.

Page 237: tropas especiais

No combate a Israel surgiram também o Hamas e o Hizbollah. O

Hamas, que está baseado nos territórios palestinos, é listado como

organização terrorista pelo Canadá, União Européia, Israel, Japão e

Estados Unidos. O Hizbollah ("partido de Deus") é considerado uma

organização fundamentalista islâmica xiita, considerada terrorista

por seus opositores, que tem atuação política e paramilitar sediada

no Líbano.

Um dos grupos que luta por um país independente para os curdos na

fronteira entre o Iraque e a Turquia é o Partido dos Trabalhadores do

Curdistão (PKK). O PKK foi fundado em 1978 na Turquia e começou

sua luta de guerrilha em 1984. Ele reivindica uma região curda

autônoma no sudeste da Turquia, onde vivem milhões de curdos.

Muitos guerrilheiros do PKK se escondem em cavernas e abrigos nas

montanhas na fronteira entre Turquia e Iraque, de onde saem para

atacar os soldados turcos. Forças turcas têm invadido a região com o

pretexto de destruir as bases do PKK lá instaladas. O PKK é

considerado uma organização terrorista pela União Européia e pelos

Estados Unidos.

Em março de 2003 os EUA invadem o Iraque, ao lado do Reino Unido

e muitas outras nações, numa aliança conhecida como a Coalizão. O

pretexto da ocupação, inicialmente, foi achar armas de destruição

em massa que, supostamente, o governo iraquiano teria em estoque

e que, segundo o presidente norte-americano George W. Bush,

representavam um risco ao seu país, abalado desde então pelos

atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O avanço das

forças da Coalizão foi implacável, Bagdá caiu a 9 de Abril e a 1º de

Maio declarou o presidente norte-americano George Bush o fim das

operações militares, diante da derrota total do Exército iraquiano. O

partido do governo, o Ba'ath foi dissolvido e foi deposto o presidente

Saddam Hussein. A invasão procedeu segundo uma doutrina militar

de intervenção rápida ao estilo Blitzkrieg e ao custo de apenas 173

mortos da Coligação.

Page 238: tropas especiais

Porém se as forças da Coalizão foram eficientes em uma guerra

relâmpago convencional, se viram em situação realmente muito

difícil, diante do movimento de resistência dos iraquianos, que

usando táticas de guerrilha, emboscadas e atentados a bombas,

deram prosseguimento a luta contra as tropas que invadiram o seu

país. As forças de resistência passaram a lutar também contra o

novo governo iraquiano apoiado pelos EUA. Os insurgentes têm

como alvo principalmente as forças da Coalizão, as forças de

segurança iraquianas, autoridades governamentais, diplomatas e

edifícios diplomáticos, a infra-estrutura do país, profissionais

estrangeiros, e por fim civis de grupos religiosos rivais. Entre os

grupos insurgentes surgiram o Exército Mahdi de Muqtada al-Sadr e

a Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não existe uma aliança

entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são até rivais. Os

diversos grupos uniram-se à insurreição no Iraque, tendo em comum

apenas um compromisso de atacar as forças americanas ou quem

eles acreditam ser aliados dos Estados Unidos. Os incentivos que

impulsionam cada um dos insurgentes também são diferentes. Vão

de devoção religiosa a proveito econômico, passando por fervor

nacionalista e revolta pela perda do emprego ou de um ente querido

no conflito no país. Também existem combatentes "Jihad"

estrangeiros no Iraque – a maioria se uniu à insurreição muçulmana

sunita.

Page 239: tropas especiais

No Iraque a partir de 2003 surgiram muitos grupos

insurgentes como o Exército Mahdi de Muqtada al-Sadr e a

Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não existe uma

aliança entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são

até rivais. Os diversos grupos uniram-se à insurreição no

Iraque, tendo em comum apenas um compromisso de atacar

as forças americanas ou quem eles acreditam ser aliados dos

Estados Unidos.

Page 240: tropas especiais

A história continua...

Diante das crescentes tensões étnicas, religiosas, políticas e até

ambientais, espalhadas pelo globo, que geram opressão e injustiça,

se tem um terreno fértil par a continuação ou surgimento de grupos

insurgentes, que na luta do fraco contra o forte se utilizaram da

guerra de guerrilha para alcançar seus objetivos...

Conhecendo mais sobres a guerra de guerrilha

Importante: qual a diferença entre guerrilha e terrorismo?

Não há como tratar o terrorismo como sinônimo de guerra de

guerrilhas, embora as guerrilhas muitas vezes lancem mão de

assassinatos, seqüestros, atentados a bombas em locais públicos, e

etc. Além do mais, embora tanto terroristas quanto guerrilheiros não

usem uniformes e nem distintivos de identificação e, também, na

maior parte das vezes, não sejam distinguíveis dos não-

combatentes, não obstante, existem diferenças fundamentais entre

guerrilheiros e terroristas.

A guerrilha envolve um grupo de indivíduos armados, que operam à

semelhança de uma unidade militar, atacam preferencialmente

forças militares inimigas, conquistam e mantêm territórios – mesmo

que temporariamente – e, ao mesmo tempo, exercem algum tipo de

soberania ou controle sobre uma área geograficamente definida e

sobre sua população. Já os terroristas não operam em terreno aberto

como unidades armadas, não tentam conquistar ou manter

territórios, evitam deliberadamente o engajamento em combates

com forças militares inimigas e raramente exercitam qualquer tipo

de controle ou soberania sobre territórios e populações. Um ponto

importante é que os movimentos puramente guerrilheiros têm uma

maior preocupação com a legitimidade de sua causa e atos, por

conta da necessidade vital do apoio popular e internacional a sua

Page 241: tropas especiais

causa. A opressão e injustiça devem ser combatidas dentro de uma

determinada moralidade, com os menores custos humanos sociais

possíveis.

É importante também diferenciar os terroristas dos criminosos

comuns. Estes últimos, como os terroristas, usam a violência com o

objetivo de atingir um fim específico. Contudo, embora o ato violento

possa ser similar – seqüestro, assassinato, roubo, incêndio

provocado, por exemplo -, o propósito e a motivação claramente não

o são. Quando o criminoso comum utiliza a violência para conseguir

dinheiro, apossar-se de bens materiais, matar ou ferir pessoas em

troca de pagamento, ele age, primordialmente, impulsionado por

motivos pessoais e interesseiros. Além disso, diferentemente do

terrorismo, o ato violento criminoso não objetiva conseqüências ou

repercussão psicológica além do ato em si, e muito menos política.

Ao contrário, o propósito fundamental da violência terrorista é, no

final, mudar o “sistema político”, a respeito do qual o criminoso

comum, é óbvio, não tem a mínima preocupação. Finalmente, deve

ser enfatizado que, diferentemente do criminoso vulgar ou do

assassino lunático, o terrorista não persegue objetivos puramente

egocêntricos, não é induzido pela vontade de satisfazer alguma

necessidade financeira ou resolver algum problema pessoal. Ele

acredita que serve a uma causa maior, concebida para obter um

bem maior para uma comunidade mais ampla, quer real, quer

imaginária, que o terrorista ou a sua organização supõem

representar.

Estratégia, tática e organização

A estratégia e as táticas de guerrilha tendem a se concentrar em

torno da utilização de uma força pequena e móvel que se lança

contra um oponente mais forte e com pouca mobilidade. A guerrilha

se concentra na organização de pequenas unidades, a depender do

apoio da população local.

Page 242: tropas especiais

Taticamente, o exército guerrilheiro ataca seus inimigos em

pequenos ataques repetidos contra o centro de gravidade do

oponente, visando lhe abater o moral e sofre poucas baixas. Muitos

desses ataques visam provocar uma forte reação das forças inimigas

contra a população, o que em principio aumenta o apoio popular aos

guerrilheiros. Os grupos guerrilheiros podem funcionar como

pequenas equipes de combate, atacando e fugindo, mas eles

também podem trabalhar lado a lado com as forças regulares, ou

combinar operações móveis de longo alcance do tamanho de um

pelotão, batalhão, ou mesmo formar unidades convencionais.

Consoante o seu nível de sofisticação e organização, eles podem

mudar entre todos estes modos de acordo como a situação. O

sucesso de uma ação guerrilheira é a sua flexibilidade. A estática lhe

é mortal.

Mao Tse-Tung definiu em sete regras a essência da guerrilha: íntimo

acordo entre a população e os guerrilheiros, retraimento ante um

avanço inimigo em força, fustigamento e ataque ante um

retraimento inimigo, estratégia de um contra cinco, tática de cinco

contra um, particularmente graças ao que se chama o "retraimento

centrípeto", isto é, a concentração de forças durante o retraimento

(ele dispunha de muito espaço na China); enfim, logística e

armamento graças ao que é tomado do inimigo.

A guerrilha é um conflito de longa duração, onde as ações devem ser

constantes. Para exemplificar isso Mao Tse-Tung disse: “O inimigo

avança, retiramos. O inimigo acampa, provocamos. O inimigo cansa,

atacamos. O inimigo recua, perseguimos”. Segundo Mao Tse-Tung a

guerra de guerrilha pode ser concebida como parte de um

continuum.

Na história vemos essas ações representadas na lutas das tribos

bárbaras da península ibérica contra Roma por mais de um século,

Page 243: tropas especiais

nas forças irregulares portuguesas e espanholas apoiando as tropas

regulares do general britânico Wellington, durante a Guerra

Peninsular contra Napoleão, os judeus contra os britânicos na

Palestina, Mao Tse-Tung contra os chineses nacionalista e Ho Chi

Min e e Vo Nguyen Giap no Vietnã contra franceses e americanos.

Pequin

Hoje em dia as insurgências modernas e outros tipos de guerra de

guerrilha podem fazer parte de um processo integrado, completo,

com sofisticados doutrina, organização, competências

especializadas e capacidade de propaganda.

Modelos estratégicos de guerrilha

Na China , Mao Tse-Tung dividiu a guerra em três fases. Na primeira

fase, os guerrilheiros ganham o apoio da população distribuindo

propaganda e atacando os órgãos do governo. Na fase dois, são

lançados ataques crescentes contra as forças militares e policiais do

governo e suas instituições vitais. Na terceira fase, a guerra

convencional é lançada para capturar cidades, controlar regiões e

finalmente derrubar o governo e assumir o controle do país. A

doutrina de Mao antecipa que as circunstâncias podem exigir

mudanças entre as fases em ambos os sentidos e que as fases

podem não ser uniformes e uniformemente aceleradas ao longo do

processo.

Este modelo de luta total prolongada de fraca intensidade militar foi

geralmente empregado com sucesso nas Guerras de

Descolonização. Seu teórico principal é Mao Tse-Tung. Observemos

que esta estratégia, que exige considerável esforço moral de parte

de quem toma a iniciativa, pressupõe forte elemento passional e

muito boa coesão da alma nacional. Assim, ela corresponde o mais

completamente possível às guerras de liberação. Mas ela somente

tem chances de sucesso se o que está em jogo entre as partes é

Tropas comunistas entram em Pequim

Page 244: tropas especiais

bem desigual (caso das Guerras de Descolonização), ou bem ela se

beneficia de intervenções armadas (caso das guerras de liberação, na

Europa, entre 1944-45, e na Espanha, em 1813-14) às quais elas

servem de reforço.

O padrão mais fragmentado da guerrilha contemporânea

O modelo clássico maoísta requer um forte grupo guerrilheiro

unificado e um com objetivo claro. No entanto, algumas guerrilhas

contemporâneas pode não seguir este modelo completamente,

agindo com pequenos grupos independentes, operando sem uma

estrutura de comando geral, em meio muitas vezes de conflitos

étnicos e/ou religiosos.

Alguns ataques guerrilheiros da jihad por exemplo, podem ser

movidos por uma vontade generalizada para restaurar uma idade de

ouro de renome de outros tempos, com poucas tentativas de

estabelecer um regime alternativo político específica em um lugar

específico. Ataques étnicos igualmente podem permanecer muitas

vezes apenas no nível dos atentados, assassinatos ou ataques

genocidas como uma questão de vingar algum insulto passado, ao

invés de um deslocamento final para a guerra convencional como na

formulação maoísta.

As condições ambientais, tais como a crescente urbanização e o

acesso fácil à informação e a atenção da mídia também complicam a

cena contemporânea. Hoje os guerrilheiros não precisam estar em

conformidade com o combatente rural clássico que lutava em uma

nação ou região limitada (como no Vietnã), hoje ele opera através de

uma vasta rede de pessoas, que muitas vezes se estende por todo o

mundo.

Táticas da guerrilha

A guerra de guerrilha é distinta das táticas utilizadas por pequenas

Page 245: tropas especiais

unidades em operações de reconhecimento típica das forças

convencionais. Também é diferente das atividades de piratas ou

ladrões. Esses grupos criminosos podem usar táticas de guerrilha,

mas o seu objetivo principal é o ganho material imediato, e não um

objetivo político. Muitos desses criminosos até se mostram como

guerrilheiros, mas é apenas fachada.

As táticas de guerrilha são baseadas em inteligência, emboscada,

sabotagem, com o objetivo de minar as autoridades através de

baixas, em um conflito de baixa-intensidade de longa duração. Estas

táticas podem ser bem sucedidas tanto contra regimes nacionais,

como contra forças invasoras estrangeiras, como como demonstrado

pela Revolução Cubana , Afeganistão e Vietnã conflitos.

Uma guerrilha prolongada e ativa pode aumentar o custo de se

manter uma ocupação militar ou uma presença colonial, acima do

custo que uma nação estrangeira possa querer bancar. Contra um

regime local, os guerrilheiros podem tornar a ocupação impossível

com ataques e ações de sabotagem, e mesmo podem lançar mão de

uma combinação com forças estrangeiras para derrotar seus

inimigos no campo de batalha convencional local.

Em muitos casos, as táticas de guerrilha podem permitir que uma

força menor mantenha mobilizada uma força inimiga maior e melhor

equipada por muito tempo em um determinada região, como os

partisans de Tito na Iugoslávia retendo ali várias divisões do Eixo.

Page 246: tropas especiais

Insurgente xiita no Iraque. As forças da Coalizão tiveram que

manter um grande contingente

no país para combater as facções inimigas.

Tipos de operações táticas

Ataque guerrilheiros podem muitas vezes envolverem esquadrões de

assalto especializados. Em 1964 uma equipe de mergulhadores Viet

Cong afundou o navio americano, o USS Card.

Operações de guerrilha tipicamente incluem uma variedade de fortes

ataques de surpresa contra rotas de suprimento, instalações

militares e policiais, como também contra empreendimentos

econômicos e civis importantes.

Atacando em pequenos grupos, utilizando-se da surpresa e muitas

vezes bem camuflados, os guerrilheiros buscam abater o moral

inimigo, infligindo ao mesmo baixas e derrotas humilhantes, e

mantendo sempre uma forte pressão psicológica contra a tropa

adversária. As ações guerrilheiras devem ser planejadas para infligir

Page 247: tropas especiais

as maiores perdas ao inimigo, com o mínimo de perda material e em

vidas por parte dos guerrilheiros.

A intenção desses ataques não é apenas militar, mas também

política, com o objetivo de desmoralizar as populações alvo e/ou

governos, ou incitar uma reação popular para forçar um maior apoio

a favor da guerrilha. Um cuidadoso planejamento antecipado é

necessário para as operações, e detalhes como a capacidade de

reação inimiga, armas a disposição e rotas de aproximação e fuga,

não podem ser desprezados.

Seja qual for a tática particular, a guerrilha vive principalmente para

lutar outro dia, e para expandir ou conservar as suas forças e apoio

político, por não captura ou detém porções específicas do território

como uma força convencional, a não ser que o inimigo esteja

debilitado, e não possam reconquistar o território ocupado.

Liderança

Transformar grandes parcelas do povo insatisfeito em combatentes é

tarefa para líderes. Esses líderes guerrilheiros podem ter diversas

origens. O homem certo poderá surgir no próprio local, ou haver

ocupado anteriormente posição de chefia em organização tribal ou

regional; Mulla Mustafa Barazani, do Curdistão, comandante nos

anos 1960 da campanha de guerrilha contra o Iraque, é um desses

casos. Ele poderá ser um líder político, forçado a recorrer à ação

armada por falta de outras alternativas: foi o caso de Mao Tse-tung

na China, após o fracasso do levante da Colheita do Outono em

1927. Por fim, ele poderá vir de fora, trazendo adestramento militar

e a promessa de apoio externo, como o inglês T.E. Lawrence fez na

Arábia em 1916 e Che Guevara (1928-1967) tentou fazer na Bolívia.

É essencial que o líder encarne a insatisfação local, saiba

exatamente de que o movimento é capaz e tenha habilidade para

atingir seus objetivos. Não é de admirar, pois, que os grandes líderes

Page 248: tropas especiais

da guerrilha sejam freqüentemente figuras carismáticas, como Fidel

Castro, Ho Chi Minh (norte-vietnamita, 1890-1969) e o próprio Mao.

Organização

A organização guerrilheira varia de pequenos grupos rebeldes locais,

com uma dúzia de guerrilheiros, para milhares de combatentes, ou

seja a organização parte de pequenas células, podendo chegar a

grandes regimentos. Na maioria dos casos, os líderes guerrilheiros

têm um claro objetivo político para a guerra que é travada.

Normalmente, a organização é dividida entre o braço político e

militar, para permitir que os líderes políticos possam ter negações

plausíveis em relação aos ataques militares e também possam

estabelecer linhas de negociação entre os opositores e mediadores

do conflito, se for o caso. Este tipo de organização pode ser visto

com os comunistas chineses e vietnamitas durante as suas guerras

revolucionárias.

Surpresa e inteligência

Para que as operações sejam bem-sucedidas, a surpresa deve ser

alcançada pelos guerrilheiros. Se a operação tiver sido

comprometida, deve ser cancelada imediatamente. Por isso os

guerrilheiros devem dá toda a tenção na coleta de inteligência. No

planejamento de uma operação a Inteligência é também

extremamente importante, e a informações detalhadas das

disposições do alvo, armamento e moral do inimigo devem ser

recolhidas antes de qualquer ataque.

A inteligência pode ser colhida de várias maneiras. Colaboradores e

simpatizantes geralmente fornecem um fluxo constante de

informações úteis. Agentes guerrilheiros podem trabalhar

disfarçados dentro de órgãos governamentais, e até dentro das

forças de segurança, como militares e policiais das forças locais ou

Page 249: tropas especiais

até interpretes e guias das forças de ocupação. É uma posição muito

perigosa, mas que rende boa inteligência. Relacionamentos

românticos também podem ser usados como parte da coleta de

informações.

As fontes públicas de informação são também de valor inestimável

para a coleta de informações da guerrilha, fornecendo desde os

horários de vôo das companhias alvo, até o anúncio de

deslocamento de dignitários. O uso da Internet também pode

fornecer muitos dados de inteligência que depois de colhidos devem

ser analisados.

Por exemplo, um alvo fixo que for atacado deve ser estudado com

detalhes, e dados sobre forças de segurança no local ou próximas,

rotas de entrada e saída, horário de funcionamento, planta de

construção, fluxo de pessoas no local e formas de acesso, entre

outras informações devem ser coletadas e analisadas.

Finalmente, a inteligência deve se preocupar também com fatores

políticos, tais como a ocorrência de uma eleição ou o potencial

impacto da operação sobre o moral civil e do inimigo.

Relação com a população civil

"Por que a luta guerrilheira? Temos de chegar à inevitável conclusão

de que o guerrilheiro é um reformador social, que pega em armas de

responder ao protesto irado do povo contra seus opressores, e que

ele luta para mudar o sistema social que mantém todos os seus

irmãos desarmados em ignomínia e miséria. "

— Che Guevara

A relações com as populações civis são influenciadas pelo fato de a

guerrilha operar entre uma população hostil ou amigável. A

população amigável é de imensa importância para os guerrilheiros,

proporcionando abrigo, suprimentos, financiamento, inteligência e

Page 250: tropas especiais

recrutas. A base "do povo" é, portanto, a chave da sobrevivência do

movimento de guerrilha.

Nas fases iniciais da Guerra do Vietnã, as autoridades americanas

descobriram que vários dos milhares de povoados fortificados

controlados pelo governo eram, de fato, controlados pela guerrilha

Viet Cong, que freqüentemente utilizava essa posições para o

abastecimento e repouso.

Porém o apoio popular das massas em uma área confinada local ou

país, contudo, não sempre é estritamente necessário. Guerrilheiros e

grupos revolucionários ainda pode funcionar com a proteção de um

regime amigo, recebendo suprimentos, armas, inteligência e apoio

diplomático.

Contudo uma população apática ou hostil dificulta a vida dos

guerrilheiros e extenuantes tentativas são feitas geralmente para

obter seu apoio. Estas tentativas podem envolver não só a

persuasão, mas uma política deliberada de intimidação. As forças

guerrilheiras podem está travando uma guerra de libertação, mas

isso pode ou não resultar em um apoio suficiente por parte dos civis

afetados. Outros fatores, incluindo ódios étnicos e religiosos, podem

fazer uma simples reivindicação de libertação nacional insustentável.

Seja qual for a mistura exata de persuasão ou coerção utilizados pela

guerrilha, as relações com as populações civis são um dos fatores

mais importante no seu sucesso ou fracasso.

Uso de terror

Em alguns casos, o uso do terrorismo pode ser um aspecto de

guerrilha. O terrorismo é utilizado para chamar a atenção

internacional sobre a causa da guerrilha, matar os líderes da

oposição, extorquir dinheiro de alvos, intimidar a população em

geral, gerar perdas econômicas, e manter seguidores e desertores

em potencial na linha. O uso do terrorismo pode provocar também

Page 251: tropas especiais

uma resposta desproporcional das forças estabelecidas, levando

assim a população civil a ser simpática à causa terrorista. Porém

essas táticas podem virar contra os guerrilheiros e fazer com que a

população civil retire o seu apoio, ou pior venha se aliar com as

forças contra-guerrilha. Estas situações ocorreram em Israel, onde os

atentados suicidas palestinos foram usados pelos israelenses para

lançar a opinião mundial contra os agressores palestinos, incluindo a

aprovação geral de "assassinatos seletivos" para matar as células

inimigas e seus líderes. Nas Filipinas e na Malásia, ataques

terroristas comunistas ajudaram a mudar a opinião dos civis contra

os insurgentes. No Peru e alguns outros países, muitas vezes os civis

apoiaram a duras contramedidas usadas pelos governos contra os

movimentos revolucionários ou insurgentes.

Logística

Os guerrilheiros costumam operar com menor pegada logística em

relação às formações convencionais, no entanto, as suas atividades

logísticas devem pode ser elaboradas de forma organizada. A

principal preocupação é evitar a dependência de bases fixas e

depósitos que são comparativamente mais fáceis para as unidades

convencionais localizarem e destruir. Mobilidade e velocidade são as

chaves e, sempre que possível o guerrilheiro deve viver da terra, ou

extrair apoio da população civil na qual ele está inserido. Nesse

sentido, "o povo" se torna a base de abastecimento do guerrilheiro.

O financiamento das atividades da guerrilha pode partir diretamente

de contribuições individuais (voluntárias ou não voluntárias) ou de

empresas comerciais através de agentes insurgentes, assaltos a

banco, seqüestros e complexas redes de financiamento baseadas em

parentesco, etnia e religião (como as usadas pelos jihadistas

modernos).

Porém as forças guerrilheiras muitas vezes possuem bases

Page 252: tropas especiais

permanentes ou semi-permanentes em sua estrutura logística. Essas

bases geralmente estão localizadas em áreas remotas ou em

santuários além da fronteira, em países aliados. Estas bases podem

ser bastante sofisticadas, como as usadas pelo Viet Cong que

possuía acampamentos fortificados e um complexo sistema de túneis

durante a Guerra do Vietnã. A importância dessas bases pode ser

notada pelos duros combates travados pelas forças comunistas para

proteger esses locais. No entanto, quando se tornava claro que a

defesa era insustentável, as unidades comunistas simplesmente se

retiravam.

Terreno

A luta de guerrilhas é freqüentemente associada com um cenário

rural, e este é certamente o caso em relação as operações realizadas

por Mao e Giap, os mujahudins no Afeganistão, o Exército

Guerrilheiro de los Pobres (EGP) da Guatemala, os Contras da

Nicarágua e a FMLN de El Salvador.

Guerrilheiros no entanto, podem operar com sucesso em ambientes

urbanos, como demonstrado em lugares como Argentina e Irlanda do

Norte. Nesses casos, os guerrilheiros contam com uma população

amigável para fornecer suprimentos, abrigo e inteligência.

A guerrilha rural prefere operar em regiões remotas que ofereçam

cobertura e proteção, especialmente áreas de selva fechada,

pântanos, montanhas e até desertos, onde existe pouca densidade

demográfica e a presença do inimigo é reduzida principalmente se

houver escassez de estradas, portos e aeroportos. o coronel grego

Grivas usou as montanhas Troodos, em Chipre, contra os ingleses,

Lawrence usou as vastidões dos desertos e os vietnamitas tinham

bases nas montanhas do nordeste de Tonquim, nos primeiros anos

da década de 1950, por exemplo.

Page 253: tropas especiais

Mesmo quando lança uma intensa campanha antiguerrilha, o

exército regular pode ficar em desvantagem quando penetra em

terreno pouco desconhecido, locomovendo-se em trilhas ou

pequenos rios das matas. Os guerrilheiros, conhecendo bem a área e

tendo o apoio dos habitantes locais, montam uma série de

emboscadas, espreitando a tropa inimiga em determinados pontos-

chave, desfiladeiros, vales estreitos, cruzamentos.

Tropas motorizadas soviéticas sendo atacadas por rebeldes

mujahedins em uma emboscada no Afeganistão na década de

1980. Na região de montanha os blindados eram muito

Page 254: tropas especiais

vulneráveis ao fogo vindo do alto e os soviéticos tinham que

sair de seus veículos para combater o inimigo, ficando assim

mais expostos.

A emboscada armada, em 1952 pelo Viet Minh (Frente pela

Independência do Vietnã) contra uma coluna móvel francesa na

garganta Chan Muoung, ao sul de Phu Doan, é exemplar. Diante de

tais derrotas, o inimigo provavelmente irá recuar até suas bases nas

cidades e tentará conter em vez de vencer, a ameaça da guerrilha.

lsto dá à guerrilha a oportunidade de expandir-se formando novos

grupos em zonas rurais adjacentes estendendo sua tática de

desgaste do inimigo.

Por fim, com o controle guerrilheiro de toda a área em volta das

cidades, estas estarão praticamente sitiadas. Chegou então a hora

de dar início ao estágio seguinte da campanha, passando das táticas

de guerrilha para os combates mais convencionais e a esperança de

uma vitória final.

Por outro lado a guerrilha urbana, ao invés de derreter nas

montanhas e selvas, costuma operar em áreas densamente

povoadas onde pode se misturar com a população e podem contar

com uma base de apoio entre o povo. O IRA na Irlanda do Norte

possuía muitos lugares secretos em centros urbanos como Belfast e

Londonderry. No Iraque os insurgentes iraquianos se misturam com

os civis em sua luta contra os EUA.

Ajuda externa e santuários

O apoio externo pode chegar na forma de soldados, armas,

suprimentos, santuário, ou uma declaração publica de simpatia para

com os guerrilheiros. Esse apoio não é estritamente necessário, mas

pode aumentar muito as chances de uma vitória dos insurgentes. O

apoio diplomático vindo do estrangeiro pode chamar a atenção para

Page 255: tropas especiais

a causa da guerrilha no cenário internacional , colocando pressão

sobre os adversários locais para que essas façam concessões, ou até

mesmo se retirem da região conflagrada.

Os guerrilheiros podem receber das nações aliadas além de de

armas e suprimentos, assessores militares que forneçam

treinamento e inteligência, bem como essas nações estrangeiras

podem prover santuários onde os guerrilheiros podem ser treinados

ou receberem atendimento médico, além de abrigo para as

lideranças políticas e militares muitas vezes. Esses abrigos podem se

beneficiar do direito internacional, especialmente se o governo

estrangeiro é bem sucedido em esconder o seu apoio e, alegando a

"negação plausível" para ataques de agentes inimigos a bases

guerrilheiras em seu território.

O Viet Cong e o Vietnã do Norte fizeram uso extensivo de tais

santuários internacionais durante o conflito do Vietnã, com o seu

complexo de trilhas, vias e bases serpenteando entre o Vietnã, Laos

e Camboja, através da famosa Trilha Ho Chi Minh, que foi a salvação

logística que sustentou as suas forças no sul do país. Outro exemplo

são os guerrilheiros Mukti Bahini, que tinham bases na Índia e que

lutaram ao lado do Exército indiano na Guerra de Libertação de

Bangladesh em 1971contra o Paquistão, e que resultou na criação do

estado de Bangladesh, como também os homens do ZANU,

movimento nacionalista que combatia o regime branco da Rodésia,

que tinham bases em Moçambique após 1975.

Page 256: tropas especiais

A trilha Ho Chi Minh saia do sul do Vietnã do Norte e seguia

até todo o Vietnã do Sul pelo Laos e Camboja.

Levavam 4 meses para descer a trilha a pé e existiam vários

trilhas secundarias. Era uma guerra onde os americanos

usavam um caça de US$ 10 milhões contra uma bicicleta de 4

dólares.

Armamento

A guerrilha precisa obter armas para lutar. Algumas podem ter

sobrado de combates convencionais que precederam a ocupação por

outro país; outras armas podem ser obtidas dos habitantes locais. Os

guerrilheiros do Vietnã, da Malásia e das Filipinas, imediatamente

após a Segunda Guerra Mundial. equiparam-se com as armas

abandonadas pelas tropas japonesas derrotadas; O coronel Grivas,

em Chipre, recolheu grande número de espingardas de caça

pertencentes a famílias greco-cipriotas, em 1956.

Page 257: tropas especiais

Outras armas podem ser importadas de países amigos. Durante a

Guerra Fria, os soviéticos forneceram armamentos a muitos

movimentos nacionalistas em luta pela independência na África

negra. Os EUA e seus aliados ocidentais também forneceram

armamento de origem soviética para os mujahudins no Afeganistão

em sua luta contra o invasor soviético. Os mujahudins chegaram a

receber mísseis Stinger para abater os MI-24 russos.

Entretanto, muitas vezes os guerrilheiros precisam valer-se de seus

próprios recursos e imaginação. Alguns fabricam suas próprias armas

primitivas como os Mau Mau fizeram no Quênia, nos meados da

década de 1950, mas para a maioria a única fonte acessível é o

inimigo.

Na verdade a captura de armamento incentiva o início da ação

militar. Esses ataques iniciais são moderados. Postos isolados de um

exército podem ser conquistados por meio da surpresa e de eventual

força numérica, resultando não só na captura das armas necessárias,

mas também em aquisição de experiência e treinamento prático. E

pouco provável que o inimigo reaja com força total - ataques isolados

dessa natureza podem ser considerados apenas um ato de

banditismo,

e haverá algo mais que a substituição dos homens perdidos - e isso

permite a guerrilha agir contra outros postos avançados, com

resultados semelhantes. Cada emboscada ou ataque bem-sucedido

resulta em mais armas e maior experiência.

Normalmente as armas capturadas são particularmente armas

portáteis, como fuzis automáticos, pistolas, morteiros, metralhadoras

e minas. Com essas armas os guerrilheiros são capazes de atacar de

surpresa e com sucesso, desaparecendo em seguida pelas matas ou

pelos montes, antes que o inimigo se recupere. Explosivos também

são alvos da captura.

Page 258: tropas especiais

Hoje em dia a arma mais comuns das forças guerrilheiras é o fuzil de

assalto russo AK-47 e suas variantes. Em muitos conflitos também

estão presentes os lança-rojões russos RPG-7 e seus variantes.

O fuzil de assalto russo AK-47 de Calibre 7,62 x 39 mm (e

suas variantes ou versões fabricadas por outros países) se

tornou a arma padrão dos movimentos guerrilheiros a partir

dos anos 1960 até os dias de hoje. Seu nome é uma sigla

para a denominação russa Avtomat Kalashnikova odraztzia

1947 goda ("Arma Automática de Kalashnikov modelo de

1947"). É a arma individual ideal para os movimentos

guerrilheiros pela sua grande rusticidade, resistência à água,

areia e lama, simplicidade de operação e manutenção, além

de reconhecida estabilidade em baixas e altas temperaturas.

A AK-47 é sem sombras de dúvida uma das armas de fogo

atualmente mais utilizada no mundo.

Condições físicas e mentais

Os guerrilheiros devem ter boas condições físicas, especialmente se

tiverem de lutar em terreno difícil, e devem ser capazes de levar

uma vida rude por longos períodos. Uma das razões do fracasso de

Che Guevara na Bolívia, em 1967, foi ter recrutado intelectuais de

Page 259: tropas especiais

classe média, que não puderam agüentar as durezas físicas de sua

campanha nas montanhas bolivianas. Da mesma forma, homens

qualificados em certas atividades - guardas florestais, caçadores, ex-

soldados e ex-policiais- podem treinar os novatos.

Isto não significa que os mais velhos, os fracos ou os não-

especializados sejam desprezados; eles podem participam de grupo

de retaguarda - tal como Min

Yuen (comunista) na Malásia Ocidental -, ocupando-se de

alimentação. suprimentos, trabalhos de espionagem e alojamento

para os guerrilheiros ativos.

Porém sejam fisicamente apto ou não, tenha uma grande habilidade

militar ou não, os guerrilheiros precisam ter uma grande força de

vontade para continuar lutando e se manter fiel a sua causa. Pois

muitas vezes tem de enfrentar sozinho situações difíceis, certo de

que seu fracasso significará a morte. Ele pode ser obrigado a ter uma

vida dupla em uma cidade, extremamente desgastante durante

anos; poderá ter de sobreviver durante meses com poucos alimentos

e pouca munição, no deserto, montanha, selva ou no pântano.

Iniciativa de combate e sua intensidade

Capaz de escolher a hora e o local de seus ataques, os guerrilheiros

normalmente possuem a iniciativa tática e o elemento surpresa. O

planejamento de uma operação pode demorar semanas, meses ou

mesmo anos, com uma constante série de cancelamentos e reinícios

de acordo com a mudança da situação.

Independentemente da abordagem utilizada, a guerrilha mantém a

iniciativa e pode prolongar a sua sobrevivência apesar de variar a

intensidade do combate. Isto significa que os ataques muitas vezes

tem um longo intervalo de tempo entre eles, que podem ser de

semanas ou meses. Durante os períodos intercalados, a guerrilha

pode se recompor, se reorganizar e buscar ressuprimento. Na Guerra

Page 260: tropas especiais

do Vietnã, a maioria das unidades comunista (incluindo as forças

regulares norte vietnamitas usando táticas de guerrilha) gastava

apenas um número limitado de dias do ano lutando.

Embora aconteça de forças guerrilheiras serem forçadas a travarem

uma batalha indesejada por causa de uma varredura do inimigo, a

maioria do tempo é gasto em treinamento, infiltração, propaganda

cívica e doutrinação, além de construção de fortificações, ou

armazenamento de suprimentos, além da coleta de informações.

Outros aspectos

Exemplos bem sucedidos de guerrilha contra o regimes locais

incluem a Revolução Cubana e a Guerra Civil Chinesa, bem como a

revolução sandinista que derrubou uma ditadura militar na

Nicarágua. Os muitos golpes e revoltas da África, muitas vezes

refletem ações de guerrilha, com vários grupos buscando objetivos

políticos claros. Entre os exemplos estão a derrubada dos regimes

em Uganda e na Libéria. Na Ásia, regimes locais, muitas vezes

apoiados por forças estrangeiras já foram derrubados por uma

guerra de guerrilha, principalmente no Vietnã , China e Camboja.

Houveram muitos exemplos de guerra de guerrilha contra nações

estrangeiras, como por exemplo as lutas de independência contra

Portugal em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, e contra os

britânicos na Malásia (então Malaya) durante a Emergência Malaia.

Dimensões éticas de uma guerra de guerrilha

Durante uma guerra de os civis podem ser atacados ou mortos como

castigo por alegada colaboração, ou como uma política de

intimidação e coerção. Esses ataques são geralmente sancionada

pelos líderes da guerrilha com um olho nos objetivos políticos que

podem a alcançar. Os ataques podem ser destinados a enfraquecer a

Page 261: tropas especiais

moral civil quando a população apoio as forças contra-guerrilheiras.

Muitas vezes as disputas étnicas e religiosas podem envolver

massacres e genocídio generalizado com facções rivais infligindo

violência massiva sobre a populações civis específicas.

Os guerrilheiros em guerras contra potências estrangeiras podem

dirigir os seus ataques contra civis simpatizantes a nação invasora,

especialmente se as forças estrangeiras são fortes demais para

serem confrontadas diretamente. No Vietnã, bombardeios e ataques

de terror contra os civis eram bastante comuns, e muitas vezes

foram eficazes na desmoralização de opinião dos locais que

apoiavam o regime no poder e seus aliados americanos. Apesar de

atacar uma base norte-americana sempre envolvesse um longo

planejamento e a possibilidade de muitas baixas, os ataques contra

civis simpatizantes ofereciam menor risco, eram fáceis de executar.

Esses ataques também tiveram um forte efeito sobre a opinião

internacional, desmoralizando a opinião pública americana, e

apressar a retirada dos americanos.

No Iraque, a maioria das mortes desde a invasão dos EUA em 2003 é

de civis e não de soldados americanos ou seus aliados. As facções

iraquianas mergulharam o país numa guerra civil com base étnica e

religiosa.

O uso de ataques contra civis cria uma atmosfera de caos (e, assim,

a vantagem política, onde a atmosfera faz com que os ocupantes

estrangeiros pensem em se retirar ou oferecer concessões), que

pode favorecer os guerrilheiros.

Leis da guerra

Os guerrilheiros não são reconhecidos como combatentes lícitos pela

Convenção de Genebra, porque não usar um uniforme militar (usam

roupas civis na maioria das vezes e se misturam com a população

Page 262: tropas especiais

local), ou os seus distintivos e emblemas de uniforme não podem ser

reconhecidos como tal por seus oponentes.

Contra-guerrilha

A partir de 1945 surgiram muitos movimentos guerrilheiros que

travaram uma luta pela independência de seu país ou por ideais

políticos, e esses movimentos deram uma nova dimensão à guerra. A

luta contra-guerrilha, ou operações contra-insurreição, são

extremamente difíceis, longas e de alto custo, porém a história nos

mostra que já ocorreram várias contra-insurreições bem-sucedidas,

tais como a vitória filipina contra os Huks (1946-1954) e o êxito

britânico na Malásia (1948-1957). Na Malásia o Exército Britânico no

total teve 509 baixas e eliminou 6.710 dos 12.000 insurretos. Os

britânicos também derrotaram os insurretos Mau Mau no Quênia e a

Organização Nacional de Guerreiros para a Liberdade no Chipre. O

Exército Britânico também se envolveu em duas campanhas de

sucesso depois da era imperial. De 1970 a 1975, os soldados

britânicos assessoraram as Forças Armadas do Sultão do Omã contra

os nacionalistas de Dhofari. De 1969 a 1995, tropas britânicas

conduziram operações de segurança interna na Irlanda do Norte.

A contra-insurgência, não é essencialmente militar, mas uma

combinação de iniciativas na arena militar, política e social sob o

forte controle de uma única autoridade. Em condições ideais, um

esforço exitoso de contra-insurreição baseia-se não apenas na ação

militar eficaz, mas também na verdadeira reforma conduzida por um

governo que busca conquistar a simpatia e a lealdade de sua

população. Deve haver uma abordagem civil-militar integrada. Esse

tipo de reforma pode reduzir as injustiças que deram legitimidade à

insurreição na ótica de seus partidários. O governo deve realizar

ações consistentes no campo político, trabalhar na segurança e na

melhoria de vida da população (até das localidades mais remotas),

Page 263: tropas especiais

gerar progresso econômico e em muitos casos promover a

representatividade política. Uma investida diplomática também deve

ser realizada para angariar apoio internacional e acabar com o apoio

externo a guerrilha, caso ele exista.

O Povo

Na verdade a chave da contra-insurgência é o povo. Segundo David

Galula, oficial francês, De origem judaica, nascido na Tunísia e tendo

passado a juventude em Marrocos, lutou na Guerra da Argélia, e

escreveu o livro Guerra de contra-insurgência: teoria e prática, o

objetivo da guerra de contra-insurgência é para ganhar o apoio da

população ao invés de controle do território. Galula ainda defende

que progressivamente de deve eliminar ou expulsar os opositores

armados, em seguida, obter o apoio da população e, eventualmente,

reforçar as posições através da construção de infra-estrutura e

criação de relacionamentos de longo prazo com a população. Isso

deve ser feito área por área, através de um território pacificado, que

servirá de base de operação para a conquistar de uma área vizinha.

Algo muito importante que deve ser levado em consideração nas

operações de contra-insurreição é que as baixas na população civil

não combatente devem ser extremamente minimizadas. As forças

guerrilheiras se aproveitam do uso excessivo da força contra civis

para angariar apoio entre a população e recrutar novos combatentes.

Muitos exércitos regulares e forças paramilitares em seu combate a

movimentos guerrilheiros cometeram este tipo de erro, na Ásia,

África, América do Sul e América Central. Os americanos cometeram

este tipo de erro no Vietnã, Iraque e Afeganistão, os franceses na

Indochina e Argélia e os soviéticos no Afeganistão, apenas para citar

alguns exemplos. A ação de contra-insurreição dos franceses na

Argélia colonial foi selvagem. Na Batalha de Argel em 1957, foram

feitas 24.000 detenções, muitos foram torturados e cerca de 3.000

foram mortos. Os franceses quebraram a infra-estrutura da FLN em

Page 264: tropas especiais

Argel, mas também mataram a legitimidade da suas ações,

perdendo a guerra de "corações e mentes" em relação a população.

O general americano Stanley McChrystal disse que limitar a morte de

civis é a ordem máxima de uma operação contra-insurgência, ele

disse que para cada civil morto no Afeganistão, cerca de 10 afegãos

se juntaram à insurgência, e ainda afirmou que os soviéticos

mataram 1 milhão de afegãos e nem por isso venceram a guerra.

Novas formas de lutar

Os governos que lutam contra movimentos insurretos precisam

também repensar e reconfigurar sua estratégia militar na ótica das

operações contra-insurreição. Para combater forças guerrilheiras os

exércitos convencionais viram-se obrigados a desenvolver táticas de

contra-insurreiçao e também formar unidades especializadas,

treinadas e equipadas com o objetivo de enfrentar os guerrilheiros

valendo-se dos mesmos métodos destes. Os consideráveis

progressos havidos na produção de armamentos, comunicações e

transporte, aliados a novos programas de treinamento, tem

possibilitado a muitas unidades de contra-guerrilha grande

mobilidade e ao mesmo tempo poder de fogo devastador. Para ele a

ação contra-insurgente atinge uma posição de força quando seu

poder está incorporado a uma organização política firmemente

apoiada pela população.

Áreas não-urbanas

As ações contra-insurrecionais devem ser travadas em todos os

ambientes sejam eles urbanos ou não. Em um ambiente não urbano,

as operações resumidamente podem ter as seguintes etapas:

Primeira:Coleta de informações a respeito da

presença do inimigo na região, através de:

Page 265: tropas especiais

Uma unidade especializada que se infiltra na

área inimiga e estabelece uma base de

operações;

Interrogatório de prisioneiros;

Informantes;

Reconhecimento aéreo, e até por satélite se

houver condições;

Meios eletrônicos, como sensores de

movimento, escutas de rádio e telefones;

Segunda: Enfrentamento das forças rebeldes

por unidades maiores, com base na

inteligência coletada;

Terceira: Ocupação efetiva do território

libertado das forças insurrecionais por forças

regulares e policiais.

Para desempenhar bem a tarefa de se infiltrar na área inimiga e

estabelecer uma base de operações, os integrantes das unidades

contra-insurrecionais precisam adquiri inúmeras habilidades. Seu

treinamento, por tanto, inclui diversos cursos de especialização.

Todos, de oficiais a soldados rasos devem ser cuidadosamente

selecionados, de modo que obtenham um alto nível de desempenho,

depois de rigoroso treinamento. Embora todos os soldados tenham

certa experiência em operações de campo, é a estrutura do curso

que lhes permitirá chegar ao aperfeiçoamento necessário. O

treinamento é dedicado sobretudo às técnicas de coleta de

informações e de sobrevivência em ambiente hostil.

Page 266: tropas especiais

Operador dos RECCES da África do Sul descansa durante uma

missão em 1982. Os operadores Recces usavam de uma série

de artifícios para não chamarem a atenção durante suas

missões nas savanas africanas. A começar pelo disfarce da

sua pele branca com um creme de camuflagem. Ele também

usa um mistura de trajes militares, sua camiseta é de padrão

de camuflagem alemão oriental e sua calça imita a

camuflagem cubana. Ele está armado com um fuzil AK-47 de

fabricação soviética.

O contraguerrilheiro precisa adaptar-se rapidamente, pois estará

enfrentando um inimigo que conhece bem o terreno, além de contar

com algum apoio da população local e não ter dificuldade em

Page 267: tropas especiais

encontrar alimentos. Portanto. todos os membros de uma unidade

antiguerrilha devem dominar alguns idiomas, técnicas de

comunicação e de camuflagem, de armamentos e de alguns

procedimentos médicos. Além disso, precisam ser capazes de fazer

longas marchas a pé carregando pesadas mochilas, e com rapidez, e

passar noites acordado. A sobrevivência no campo ou na selva é

fator crítico, pois depende do conhecimento dos recursos naturais,

quando não do roubo, em certas circunstâncias. Esses militares

devem ser capazes de identificar plantas e frutos comestíveis, bem

como a preparar pequenos animais para comer, e até encontrar

raízes que armazenam água. Muitas unidades tem homens que tem

capacidade de seguir rastros seja na selva, montanhas ou deserto.

É essa capacidade de se adaptar ao ambiente que permite ao

contraguerrilheiro o desempenho de sua tarefa principal, ou seja, o

levantamento de dados dos rebeldes. Entre as várias maneiras de

obter informações, as mais comuns são o patrulhamento intenso, os

postos de observação e a infiltração nas tropas inimigas. O

patrulhamento toma-se particularmente importante para as forças

da contra-insurreição quando estas se encontram em áreas

florestais. Por meio dele localizam-se os depósitos de suprimento e

as bases de operação dos rebeldes e detecta-se a movimentação da

tropa. Essas informações são comunicadas ao quartel-general, que

decide que tática adotar (ataque aéreo ou de infantaria, ou ainda

barragem de artilharia). Em geral, não cabe às patrulhas de

levantamento de informações enfrentar diretamente as unidades

rebeldes. Quando uma unidade contraguerrilheira consegue manter

sua posição sem que haja necessidade de receber suprimentos - o

que poderia alertar os insurgentes para sua presença no local -, os

postos de observação podem ser mantidos por longo período,

fornecendo ao quartel-general um fluxo constante de informações.

Quando unidades do SAS foram empregadas na região de Rafdan

(Sul da Arábia), durante as lutas pelo Aden, sua tarefa principal

Page 268: tropas especiais

consistiu em levantar informações. As equipes chegavam em

helicópteros e escondiam-se nos morros, estabelecendo postos de

observação. Apesar do calor escaldante, da escassez de água e da

pouca mobilidade, os homens do SAS permaneceram nos postos

alguns dias, orientando a artilharia e a infantaria contra os rebeldes.

Além dos postos de observação e do patrulhamento detalhado, os

exércitos regulares contam com a infiltração nas unidades inimigas

para obter informações. Esse método foi muito utilizado pelos

SELOUS SCOUTS, da Rodésia. Como as unidades eram compostas

por recrutas negros, muitos de seus homens passavam facilmente

por guerrilheiros.

De posse da inteligência coletada os oficias comandantes podem

planejar grandes operações conta as forças guerrilheiras. Tais ações

foram bem ilustradas pela Operação Nassau, desenvolvida na Malaia.

Em dezembro de 1954, as forças britânicas enviaram ao pântano de

Kuala Langat (de cerca de 260 km2) o equivalente a um batalhão. Em

seguida, patrulhas penetraram no interior da área e começaram a

enviar seus relatórios ao quartel-general. Três meses se passaram

antes que se obtivesse qualquer informe concreto sobre a

movimentação dos rebeldes. Mas no dia 21 de março de 1955, uma

emboscada efetuada com base nos relatórios dos contraguerrilheiros

obteve resultados: dois rebeldes morreram e vários ficaram feridos.

A medida que aumentava o fluxo de informações, as emboscadas

iam sendo substituídas por ataques aéreos precisos e por barragens

de artilharia e de morteiros. Depois de nove meses, os britânicos

Page 269: tropas especiais

ocuparam efetivamente a área.

Áreas urbanas

Em áreas urbanas, as operações de contra-insurreição das forças

militares devem acontecer de acordo e em cooperação com as ações

das autoridades civis. Em centros urbanos deve haver patrulhamento

constante, barreiras policiais e operações sigilosas de coleta de

informação. Na Irlanda do Norte os homens do SAS operaram de

perto com o pessoal da 14ª Companhia de Inteligência no

levantamento de inteligência. Com roupas civis eles entravam em

zonas perigosas, reconhecidamente habitada por uma maioria

simpatizante do IRA. Eles se misturam com os irlandeses, entravam

em seus bares e cantavam as suas canções. Essas missões eram

muito perigosas, pois se descobertos os os britânicos podiam ser

presos, torturados e mortos. Porém a inteligência coletada era de

Page 270: tropas especiais

grande valor. Os militares envolvidos neste tipo de missão devem

aprender a se disfarçar como a população local e falar como ela,

entrar e sair de locais sem serem descobertos, praticar “incidentes

fotográficos”, praticar direção defensiva e ofensiva e seguirem

suspeitos sem se deixar notar.

Além de missões encobertas em redutos insurgentes ou

simpatizantes, as forças de contra-insurreição também devem

realizar a vigilância sobre locais suspeitos montando postos de

observação, em que são usados binóculos (inclusive com visão

noturna), microfones e escutas eletrônicas potentes para monitorar o

local. Esses postos podem ser montados dentro de um carro ou de

um apartamento ou sótão. As vezes esses postos de observação

podem ser usados por equipes de especiais de atiradores de elite

que tanto podem relatar o que estão vendo como também agir e

eliminar possíveis ameaças, como americanos e britânicos fizeram

muitas vezes no Iraque.

Poder aéreo

O poder aéreo pode desempenhar um papel importante na contra-

insurgência, capaz de realizar uma ampla gama de operações:

* Transporte de suprimentos para combatentes e civis, incluindo

evacuações de feridos;

* Espionagem, vigilância e reconhecimento;

* Operações psicológicas , através do lançamento de panfletos, uso

de alto-falantes e rádio;

* Ataques aéreos e apoio aéreo aproximado.

O primeiro uso de aeronaves em operações de contra-insurgência

ocorreu entre 1920 e 1930 na guerra colonial, em lugares como

Etiópia e Iraque. Os benefícios oferecidos pelo uso de até mesmo

uma única aeronave em tarefas como reconhecimento ou

metralhamento foram imensuráveis. As aeronaves também

Page 271: tropas especiais

ofereciam uma maneira de infligir retaliação direta e rentável para as

comunidades que apoiavam os insurgentes.

Até o final dos anos 1950, as operações aéreas dos franceses na

Guerra da Argélia era decididamente de natureza contra-insurgente,

com o uso inclusive de helicópteros , como o Piasecki H-21 sendo

usado não só para transportar as tropas, mas também para missões

de ataque com metralhadoras e lançadores de foguetes em um

arranjo ad hoc para atacar as posições da guerrilha da FLN nas

cadeias de montanhas. Mais tarde os americanos na Guerra do

Vietnã em suas missões aéreas de contra-insurgência utilizaram

modelos de aviões e helicópteros que já existiam, principalmente o

Douglas A-1 Skyraider e o UH-1 Iroquois artilhado. Mais tarde,

surgiram aeronaves mais especializada em missões de contra-

insurgência, como o helicóptero AH-1 Cobra, que definiu qual seria o

design de praticamente todos os helicópteros de ataque até os dias

de hoje: fuselagem estreita, com dois tripulantes em tandem (o

piloto no assento de trás e o atirador no assento da frente) e as

armas instaladas em pequenas asas nas laterais da aeronave.

Page 272: tropas especiais

Um A-1E (AD-5) Skyraider ataca alvos no Vietnã do Sul

Alguns aeronaves utilizadas em missões de contra-insurgência:

* Britten-Norman Defender (Reino Unido)

* BAC Strikemaster (Reino Unido)

* Rockwell OV-10 Bronco (EUA)

* Cessna A-37 Dragonfly (EUA)

* Cessna O-2 Skymaster (EUA)

* Embraer EMB 314 Super Tucano (Brasil)

* FMA IA 58 Pucará (Argentina)

* Soko J-20 Kraguj (Iugoslávia)

* AH-64 Apache (EUA)

Page 273: tropas especiais

* Mi-24 Hind (Rússia)

A aeronave Embraer EMB-314 Super Tucano é uma excelente

aeronave COIN, que experiência em combate a Força Aérea

da Colômbia o usa com sucesso contra as FARC. O Super-

Tucano além de duas metralhadoras de l2,7mm nas asas,

pode transportar mais 1500 quilos de armamentos em cinco

suportes extemos, sendo dois em cada asa e um sob a

fuselagem. Entre as armas que o Super Tucano pode

transportar estão os mísseis ar-ar MAA-l Piranha e Python 3;

bombas Mk 81 ou Mk 82 (emprego geral); Bombas Cluster

BLG-252 (lança-granadas); Lizard ou Griffin (guiadas por

laser).Também pode empregar pods de lança-foguetes de 70

mm e um canhão de 20mm sob a fuselagem.

Nas operações de contra-insurgência os helicópteros tem uma

grande importância.Como plataformas ofensivas, os helicópteros

oferecem vantagens sem igual. À primeira vista, aparentam ser

muito vulneráveis, voando ruidosa e vagarosamente à baixa altitude.

Contudo, não são fáceis de derrubar. Com tanques de combustível

Page 274: tropas especiais

auto-vedáveis e um pouco de blindagem, os helicópteros são

altamente resistentes às armas de pequeno calibre.

Durante a Guerra do Vietnã o uso de helicópteros se

popularizou bastante nas ações contra-insurgentes. Aqui

soldados da 1ª Divisão de Cavalaria dos EUA saltam de um

UH-1H Huey (um dos símbolos do conflito) para iniciar uma

missão de reconhecimento.

Os helicópteros podem rapidamente transportar tropas para atacar

forças guerrilheiras descobertas por unidade de reconhecimento, ou

Page 275: tropas especiais

cercarem essas as forças inimigas. Caso o inimigo busque neutralizar

os vôos atacando os helicópteros com fogo de pequenas armas

quando este diminuem a velocidade para desembarcar as tropas na

área de aterrissagem, as forças de contra-insurgência podem manter

uma escolta de helicópteros armados, que permanece acima da

Zona de Desembarque vigiando a área e prontos para intervir assim

que necessário. Aeronaves de asa fixa também podem auxiliar na

supressão do fogo inimigo, sendo assim helicópteros UH-60

Blackhawk podem ter o apoio de helicópteros AH-64 Apache ou

aviões A-10 Thunderbolt, no caso dos americanos, ou helicópteros

Mi-8 ou Mi-17 podem contar com a cobertura de helicópteros Mi-24

Hind.