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“ Mãos de Deus - Mensagem do Director Espiritual do Movimento Depois de tantas histórias que já nos contaram do Natal, de tantas vezes dizermos e repetirmos lugares comuns tipo “natal são todos os dias”, o que é que ainda podemos acrescentar, sem correr o risco de “cheirar a naftalina”, a esta época que todos os anos provoca tanto alvoroço? Há dias que não me sai do ouvido esta passa- gem da primeira carta de S. João: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida—porque a vida manifestou-se, nós vimo-la, damos testemunho dela e vos anunciamos esta vida eterna que estava no Pai e que nos foi mani- festada—o que vimos e ouvimos, isso vos anun- ciamos, para que também vós tenhais comunhão connosco. Quanto à nossa comunhão, ela é com o Pai e com o seu filho Jesus Cristo” (1,1-3). O Natal de Cristo tem precisamente esta finali- dade: revelar o amor! Deus deu-nos o Seu Filho: Jesus é o rosto humano de Deus e o rosto divino do Homem. Nele se revela o projecto de amor e da vida de Deus oferecido a cada ser humano. A Palavra torna-se visível e tangível: “o que contemplamos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida”. Ele é a imagem perfeita do Pai. Ao fazer- mos hoje memória do nascimento de Cristo con- tinuamos a fazer o mesmo anúncio, “para que também vós tenhais comunhão connosco (…), a nossa comunhão é com o Pai e seu Filho Jesus Cristo”. Estaremos todos a falar a mesma linguagem, quando pensamos no nascimento de Jesus? Não andaremos às voltas sem saber como sair do labi- rinto em que nos encontramos? Haverá um minu- to de silêncio para que a Palavra eterna possa res- soar no silêncio das nossas expectativas? Ainda teremos expectativas? Onde podemos hoje con- templar e tocar o Verbo da vida? Gostamos muito de dizer que vivemos no tempo do cumprimento das profecias, já que o nascimento de Jesus, segunda a carta aos Gálatas, se deu na “plenitude dos tempos”. Também gostamos de dizer que, como baptizados somos profetas. Seremos real- mente profetas segundo a estatura do Profeta Jesus de Nazaré? Praticamos ou, pelo menos, pro- curamos fazer o que dizemos ser? Ora, o Espírito “falou pelos profetas” (Efésios 3,5), ungiu reis, inspirou sacerdotes. Jesus, o Rei que nos foi dado, apresenta-se como o “consagrado” pelo Espírito: “O Espírito do Senhor está sobre Mim” (Lucas 4,18). O Espírito é que torna possível a Encarnação, é a unção mes- siânica de Jesus, é a sua força, a sua fé. É no Espírito que Jesus se “alegra” (Lucas 10,21). É Nele que o Pai ama Jesus e Jesus ama o Pai (é o Espírito de comunhão, de Amor). Finalmente é no próprio Espírito que Jesus se entrega como vítima inocente em sacrifício único e perfeito. Pelo Espírito ressuscita dos mortos e por sua vez, NATAL 2004 ESPECIAL TRIPÉ Edição do Secretariado Diocesano dos Cursos de Cristandade dos Açores (…)

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Page 1: TRIPÉ ESPECIAL · 2016. 6. 7. · Página 2 TRIPÉ NATAL 2004 (…) continuação da página 1 de junto do Pai O envia como Paráclito, o outro Consolador. Um santo homem chamado

“ Mãos de Deus “ - Mensagem do Director Espiritual do Movimento

Depois de tantas histórias que já nos contaram do Natal, de tantas vezes dizermos e repetirmos lugares comuns tipo “natal são todos os dias”, o que é que ainda podemos acrescentar, sem correr o risco de “cheirar a naftalina”, a esta época que todos os anos provoca tanto alvoroço? Há dias que não me sai do ouvido esta passa-gem da primeira carta de S. João: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida—porque a vida manifestou-se, nós vimo-la, damos testemunho dela e vos anunciamos esta vida eterna que estava no Pai e que nos foi mani-festada—o que vimos e ouvimos, isso vos anun-ciamos, para que também vós tenhais comunhão connosco. Quanto à nossa comunhão, ela é com o Pai e com o seu filho Jesus Cristo” (1,1-3). O Natal de Cristo tem precisamente esta finali-dade: revelar o amor! Deus deu-nos o Seu Filho: Jesus é o rosto humano de Deus e o rosto divino do Homem. Nele se revela o projecto de amor e da vida de Deus oferecido a cada ser humano. A Palavra torna-se visível e tangível: “o que contemplamos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida”. Ele é a imagem perfeita do Pai. Ao fazer-mos hoje memória do nascimento de Cristo con-tinuamos a fazer o mesmo anúncio, “para que também vós tenhais comunhão connosco (…), a nossa comunhão é com o Pai e seu Filho Jesus Cristo”.

Estaremos todos a falar a mesma linguagem, quando pensamos no nascimento de Jesus? Não andaremos às voltas sem saber como sair do labi-rinto em que nos encontramos? Haverá um minu-to de silêncio para que a Palavra eterna possa res-soar no silêncio das nossas expectativas? Ainda teremos expectativas? Onde podemos hoje con-templar e tocar o Verbo da vida? Gostamos muito de dizer que vivemos no tempo do cumprimento das profecias, já que o nascimento de Jesus, segunda a carta aos Gálatas, se deu na “plenitude dos tempos”. Também gostamos de dizer que, como baptizados somos profetas. Seremos real-mente profetas segundo a estatura do Profeta Jesus de Nazaré? Praticamos ou, pelo menos, pro-curamos fazer o que dizemos ser? Ora, o Espírito “falou pelos profetas” (Efésios 3,5), ungiu reis, inspirou sacerdotes. Jesus, o Rei que nos foi dado, apresenta-se como o “consagrado” pelo Espírito: “O Espírito do Senhor está sobre Mim” (Lucas 4,18). O Espírito é que torna possível a Encarnação, é a unção mes-siânica de Jesus, é a sua força, a sua fé. É no Espírito que Jesus se “alegra” (Lucas 10,21). É Nele que o Pai ama Jesus e Jesus ama o Pai (é o Espírito de comunhão, de Amor). Finalmente é no próprio Espírito que Jesus se entrega como vítima inocente em sacrifício único e perfeito. Pelo Espírito ressuscita dos mortos e por sua vez,

NATAL 2004

ESPECIAL

“ TRIPÉ “

Edição do Secretariado Diocesano dos Cursos de Cristandade dos Açores

(…)

Page 2: TRIPÉ ESPECIAL · 2016. 6. 7. · Página 2 TRIPÉ NATAL 2004 (…) continuação da página 1 de junto do Pai O envia como Paráclito, o outro Consolador. Um santo homem chamado

Página 2 TRIPÉ NATAL 2004

(…) continuação da página 1

de junto do Pai O envia como Paráclito, o outro Consolador. Um santo homem chamado Ireneu dizia antigamente que Deus Pai tinha duas mãos: o Verbo encar-nado e o Espírito Santo. Talvez não fosse nada mau escolher como programa de espiritualidade cristã a começar já neste Natal de 2004, sermos pincéis destas mãos do Pai. A palavra espiritualidade significa precisamente “vida no Espírito”. É esta também outra finalidade da Encarnação de Cristo. Através da graça da Cruz o espaço da morte torna-se “espaço do Espírito”. Começa no homem a res-piração “dilatada” do Espírito que o torna capaz de fazer Eucaristia em todas as coisas (“em todas as coisas dai graças pois esta é a vontade de Deus em Jesus Cristo a vosso respeito”: 1Tess 5,18). O Espí-rito introduz-nos na “profundidade de Deus” (1Cor 2,10), permite-nos confessar que “Cristo é o Senhor” (Rm 8,15). O Espírito Santo torna-se para os que se deixam encher da sua presença, a pérola, o grão de mostarda, o fermento, a água, o pão, a bebida de vida eterna, o Esposo, o Amigo, o Irmão, o Pai. A pessoa assim transformada é uma pobre que ama os homens. Nesta pessoa a lei é substituída pelas exigências do amor, da sua paciência da sua paixão, criatividade. Finalmente o ser humano torna-se ele próprio imagem de Deus. Talvez seja bom deixarmos que o Espírito que repousou sobre Maria e a fecundou do Verbo da Vida faça o mesmo em nós, porque somos convidados a ser Natal de Deus para os nossos dias. É que, como nos dizem no Curso: “As minhas mãos sóis vós”.

Pe Carlos Correia

Cristo nasceu: Porquê? Nasci nu, assim diz o Senhor Deus, para que saibas despojar-te de ti mesmo. Nasci pobre, para que saibas que sou a tua única riqueza. Nasci num estábulo, para que saibas santificar qualquer ambiente. Nasci Menino, Eu, o Senhor, para que não tenhas medo de mim. Nasci durante a noite, para que saibas que posso iluminar qualquer realidade. Nasci como pessoa humana, para que nunca te envergonhes de ti. Nasci como homem, para que tu possas ser “deus”. Nasci no meio das perseguições, para que saibas aceitar as dificuldades. Nasci na simplicidade, para que não sejas complicado. Nasci nesta tua humanidade, para te levar para a casa do Pai. Lambert Noben in Almanaque

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Página 3 TRIPÉ NATAL 2004

Curiosidades sobre o Natal—I

Sempre que chagamos ao Natal, há um rol inteiro de perguntas que os mais novos nos fazem e nós também muitas vezes questionamos: de onde veio a tradição da árvore de Natal? Porque é que o Natal é a 25 de Dezembro? Qual a origem do presépio? Entre outras. A estas e a muitas outras, relacionadas com a época natalícia, Desmond Morris procura responder no livro “Mistérios de Natal”. Assim deixa-mos aqui algumas das suas respostas.

Porque é que o Natal é a 25 de Dezembro? Para terminar com as confusões relacionadas com o nascimento de Cristo, o Papa Júlio I, em meados do século IV, estipulou que a data oficial do nascimento de Cristo seria o dia 25 de Dezem-bro. A escolha foi inteligente, porque ao colocar o nascimento de Cristo no meio das antiquíssimas festividades pagãs do solstício de Inverno, a Igre-ja Cristã absorveu-as e converteu-as. Porque damos presentes no Natal? Desde á cerca de dez mil anos que os povos agricultores passaram a trocar presentes, normal-mente excedentes alimentares, no solstício do Inverno, como forma de celebrar o facto do Inverno já estar a meio e em breve regressarem os dias bons. Como era costume pagão, os cristãos tentaram sem êxito suprimi-lo. Como não conse-guiram, converteram-no. No seu novo contexto, a oferta de presentes passou a simbolizar a entrega de oferendas ao Menino Jesus pelos Reis Magos. Qual a origem da árvore de Natal? Originalmente, existia a adoração pagã da árvo-re. Há 1200 anos, os germânicos pagãos reveren-ciavam o carvalho. Os missionários cristãos adoptaram a adoração da árvore, mas transferiram-na para o abeto que foi escolhido por ter forma triangular. Os três pontos do triangulo passaram a representar a San-tíssima Trindade. O costume germânico da árvore de Natal difundiu-se sobretudo a partir do século XIX. Quem é o Pai Natal? Para suavizar as forças da natureza, os vikings vestiam alguém que representasse o Inverno e recebiam-no tão bem quanto possível. Os ingleses retomaram o costume, mais tarde confundiu-se o Pai Natal original com São Nicolau, um Santo Bispo da cidade turca de Myra, que

era conhecido pelas suas generosas ofertas de pre-sentes e pela protecção às crianças. Dessa mistura nasceu o Pai Natal actual. Porque desceu o Pai Natal pela chaminé? Desmond Morris atribuiu essa lenda ao poema “Uma visita de São Nicolau”, escrito em 1822 por Clement Moore, que ao descrever São Nico-lau a chegar de trenó puxado por renas a aterrar no telhado da sua casa e descer pela chaminé. Parece que Moore fora buscar a chegada pela chaminé a uma fonte finlandesa. Porque enfeitamos a árvore de Natal? Na Idade Média, as pessoas acreditavam em espíritos das árvores e que, no Outono, quando as folhas caíam, os espíritos as tinham abandonado. Para incentivar os espíritos a regressarem às árvores, no solstício de Inverno, penduravam-lhe decorações. Quando o costume de trazer abetos para dentro de casa teve início na Alemanha, foram acrescen-tados enfeites semelhantes. Enfeitavam-nas com ornamentos de papel em honra de Nossa Senhora e velas para simbolizar Cristo como a “Luz do Mundo”. Hoje, as velas foram substituídas por pequenas lâmpadas coloridas. Porque é que o Pai Natal se veste assim? Por muito inacreditável que seja, o moderno Pai Natal deve a sua vestimenta não a qualquer lenda antiga mas à Coca-Cola. Há muito tempo atrás, o Pai Natal vestia-se com uma grande variedade de cores e era representado a fumar um cachimbo de barro ou a beber vinho. Nos anos 30, a Coca-Cola decidiu usar a figura do Pai Natal na sua publicidade de Inverno e con-tratou o artista Haddon Sundblom para lhe com-por a imagem. Sundblom escolheu o vermelho e branco da Coca-Cola. Teve tanto sucesso que

essa imagem foi a que passou a ser unifor-memente divulgada.

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Curiosidades sobre o Natal—II

Quando se começou a celebrar a Missa do Galo? Desde o século V, quando o Papa celebrou a missa, em Roma, na Igreja de Santa Maria Maior. É o mais antigo costume cristão das festividades do Natal. Porque é que o Pai Natal se veste assim? Por muito inacreditável que seja, o moderno Pai Natal deve a sua vestimenta não a qualquer lenda antiga mas à Coca-Cola. Há muito tempo atrás, o Pai Natal vestia-se com uma grande variedade de cores e era representado a fumar um cachimbo de barro ou a beber vinho. Nos anos 30, a Coca-Cola decidiu usar a figura do Pai Natal na sua publicidade de Inverno e con-tratou o artista Haddon Sundblom para lhe com-por a imagem. Sundblom escolheu o vermelho e branco da Coca-Cola. Teve tanto sucesso que essa imagem foi a que passou a ser uniformemen-te divulgada. Porque se come peru no Natal? Nos tempos medievais, a ave especial servida às mesas nobres pelo Natal era um ganso, um pavão ou um cisne. No século XVI, foi-lhes acrescentada uma nova importação exótica do outro lado do Atlântico: o peru. Este acabou por eclipsar as outras aves que eram servidas pelo Natal. Conta-se que o peru foi descoberto pelos espanhóis entre a dieta dos índios aztecas e trazido para a Europa.

Porque é que o Pai Natal tem renas? Mais uma vez, o autor Clemente Moore e o seu poema “Uma visita de São Nicolau”, de 1822, são os responsáveis. Até aí, o Pai Natal ou andava a pé de casa em casa ou andava de cavalo branco. Moore foi buscar as renas a uma lenda finlande-sa acerca da figura mítica do “Velho Inverno”, em que este conduzia as renas pelas montanhas abaixo, trazendo a neve com ele. Porque penduramos azevinho nas nossas casas? O azevinho tem sido, ao longo dos séculos, um arbusto decorativo apreciado pela simples razão de que se mantém verde e dá bagas vermelhas, mesmo no pino do Inverno. Esta característica fez dele um símbolo pagão da imortalidade. Mais tar-de, os cristãos converteram-no, transformando as folhas de pontas aguçadas na coroa de espinhos que Cristo usou quando foi crucificado, e as bagas vermelhas nas gotas de sangue na cabeça de Cristo. Qual a origem do presépio? O presépio é um dos poucos elementos verda-deiramente cristãos do Natal moderno. Quando São Francisco de Assis visitou Belém em 1220, ficou impressionado com a forma como o Natal era celebrado na Terra Santa e decidiu recriá-la. Em 1224, com autorização Papal, recriou a cena da Natividade. Pouco depois, a cena da Nativida-de era exposta em muitos conventos, com figuras em madeira pintada. Com o passar dos séculos, tornou-se uma tradição cada vez mais forte. in Edição Portuguesa de “Mistérios de Natal”

FMJD—Escola das Fontinhas

“… por essa altura, o imperador Augusto deu ordem para se fazer o recenseamento de toda a popula-ção do Império romano… por isso, José partiu da Nazaré, na província da Galileia, e foi para Belém, na província da Judeia, onde tinha nascido o rei David … José foi lá inscrever-se com Maria, sua mulher, que estava grávida … enquanto estavam em Belém chegou o momento de Maria dar à luz. Nasceu então o menino … deitou-o numa manjedoura por não conseguirem arranjar lugar em casa” (Lc 2, 1-7). …”nasceu hoje na cidade de David, o vosso Salvador, que é Cristo, o Senhor!” (Lc 2, 11). … “depois de terem cumprido tudo o que a Lei de Deus manda fazer, José e Maria voltaram com Jesus para a sua terra, Nazaré da Galileia” (Lc 2, 39).

Nascimento de Jesus—Lc 2, 1-7

FMJD—Escola das Fontinhas

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Página 5 TRIPÉ NATAL 2004

… nesse dia é Natal Natal não é tanto uma data histórica, que é preciso recordar, mas um presente contínuo que é preciso viver: Quando de manhã despertas com desejo de amar o Senhor e n’Ele os irmãos … nesse dia é NATAL. Quando desejas apertar a mão ao que te ofen-deu … nesse dia é NATAL. Quando na igreja, no trabalho ou em tua casa, sentes necessidade de entrar em ti mesmo para te examinares como vão as relações com Deus, com a família ou com os outros … nesse dia é NATAL. Quando no caminho encontras alguém que pede ajuda e o socorres … nesse dia é NATAL. Quando entras num LAR de Terceira Idade e conversas com os que estão sós, sem o afecto dos filhos, sem voz e sem forças … nesse dia é NATAL. Quando te desprendes de um capricho, para dar um pouco de alegria a um necessitado … nesse dia é NATAL.

Quando ensinas uma criança a renunciar a um brinquedo inútil, para oferecer um pedaço de pão a quem não tem que comer … nesse dia é NATAL. Quando pensas nos que morrem à fome e sen-tes remorso por gastares mal o teu dinheiro … nesse dia é NATAL. Quando compreenderes que uma vida de ran-cores pode ser transformada em algo de maravi-lhoso através do teu amor … nesse dia é NATAL. Quando te dás conta de que estás disponível para dar-te ao Senhor que sofre nos pobres … alegra-te porque vives o NATAL. Se, pelo contrário, te dás conta de que todo este mundo de bondade te deixa indiferente e de que só pensas nos teus interesses … não sorrias mais … o NATAL está longe de ti. in Almanaque Boa Nova 2002 FMJD—Escola das Fontinhas

Viver o Natal

Se tens tristeza, alegra-te! O Natal é Alegria. Se tens inimigos, reconcilia-te! O Natal é Paz. Se tens amigos busca-os! O Natal é Encontro. Se tens pobres ao teu lado, ajuda-os! O Natal é Dádiva. Se tens soberba, sepulta-a! O Natal é Humildade. Se tens pecados, converte-te! O Natal é Vida Nova. Se tens trevas, acende a tua lâmpada! O Natal é Luz. Se vives na mentira, reflecte! O Natal é Verdade. Se tens ódio, esquece-o! O Natal é Amor. Se tens Fé, partilha-a! O Natal é Deus connosco.

FMJD—Escola das Fontinhas

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Página 6 TRIPÉ NATAL 2004

É Natal

Natal é tempo de Paz

De Amor Graça e Luz

Vamos todos reflectir

Para adorar-mos Jesus.

Jesus nasceu em Belém da Galileia

No ventre de Sua Mãe Maria

Vamos abrir o nosso coração

Para sermos humildes como Ele foi um dia.

O Natal não é só de prendas

Temos de pensar no nosso irmão

Vamos viver como Ele

E alegrar o nosso coração.

Aos corações que estão magoados

E precisam de alegria

Vamos todos rezar

Para que eles sejam felizes um dia.

O mundo está cheio de guerras

De ódio, maldade e traições

Vamos pedir a Jesus

Que neste Natal ajude as nações.

A oração é que nos ajuda

Na caminhada do dia a dia

E como cursistas que somos

Temos de ser Natal todos os dias.

Jesus nasceu e foi envolvido em palhas

Para mostrar a Sua luz

Temos todos de rezar e adorá-Lo

Assim abraçando a nossa cruz.

A cruz de Jesus foi pesada

Como a nossa também o é

Temos de pensar no nosso irmão

E nunca perdermos a nossa fé.

Saiba-mos largar o orgulho

E viver com esperança

E olharmos para Jesus

Como Ele olhou para as crianças.

O Natal é alegria

Paz, calor e luz

Vamos todos à Igreja

Para adorarmos Jesus.

Há luz nas ruas

E também nas varandas

Há prendas e doces

Porque o Natal é a festa das crianças.

Há prendas ricas

E prendas da pobreza

Mas neste Natal vamos todos

Ajudar a igualar todas as mesas.

Se pensarmos bem a fundo

Cada pessoa no mundo

Tem uma mesa diferente

Mas Jesus disse: “Partilhai e dai a toda a gente”.

E com um grande abraço apertado

Festejamos todos em união

Do grupo da escola das Fontinhas

Sendo o autor o João.

Nélia e João—Escola das Fontinhas

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Página 7 TRIPÉ NATAL 2004

Génese do mais belo cântico do mundo

No dia 11 de Dezembro de 1792, na cidade de Salzburg, nasceu um menino pobre. Foi pobre porque o pai desertou da guerra, fugiu, e deixou uma mãe com três filhos de pai incógnito, o que, para a sociedade purita-na da Áustria daquele tempo, constituía um crime punível com uma multa que a desgraçada senhora não podia pagar. O menino pobre chamava-se Joseph Mohr, nome de escassa recordação, porque os meninos pobres têm pouco direito à memória futura. Sabe-se, em alguns meios mais afins, que Joseph Mohr, entre as desgraças de uma paternidade amaldiçoada, que o obrigou a “inscrever-se” como órfão para poder entrar no seminário, e as tarefas de uma tuberculose mal curada, se fez sacerdote e foi exercer o seu ministério numa isolada aldeia dos Alpes tiroleses, onde a solidão era tanta e o frio ainda maior. Parece que em 1818 os ratos tinham roído o fole do órgão da igreja da sua aldeia. No dia 24 de Dezem-bro desse ano, na solidão da sua casa, quando todos celebravam a festa do Menino-Deus e da família, no frio que só os Alpes podem dar no Inverno, remoído pelo fantasma da tuberculose que o gelo acicatava, Joseph Mohr escreveu um poema. Eram quatro horas da manhã do já 25 de Dezembro quando acabou de escrever, com umas dúzias simples de palavras, o poema chamado «Stille Nacht». Logo que a madrugada floriu Joseph foi ter com o seu amigo Franz Gruber, que gostava de música, para fazer do poema uma canção. Como os ratos tinham roído o órgão, o instrumento de que o amigo se serviu para musicar a letra foi uma guitarra velha. Nasceu assim «Stille Nacht», que em Português tem o nome de «Noite Feliz», o cântico cantado em mais línguas que se conhece. De Joseph Mohr e de Franz Gruber não se sabe muito mais. Não fizeram nem mais poemas nem mais composições. Eram pobres e parece que pobres ficaram. Mas a guitarra que deu alma ao poe-ma permanece ainda, no museu de Hallein, Áustria, a documentar o nascimento de tão extraordinária melodia. O cântico expandiu-se com extraordinária rapidez, enchendo as almas e os corações de enlevo na mais bela de todas as quadras do ano. Ninguém desconhece as notas e as palavras de «Noite Feliz». Todos os coros do mundo – salvem o exagero – têm esta partitura no repertório, com retoques, variações, vozes, matizes diversos. Permanece inalterável a sua beleza e a sua magia. Uma magia verdadeira, como prova um extraordinário aconte-cimento, ocorrido numa frente de combate, durante a primeira Guerra Mundial. Estava-se em 1914, no início da Grande Guerra, na frente de batalha. Ingleses e alemães, encravados no gelo das trincheiras, observavam-se a uma distância de menos de cem metros. Era a noite de 24 de Dezembro. Longe dos lares, das famílias, no frio húmido das trincheiras, os soldados alemães começaram a cantar «Stille Nacht», desafogando as saudades de casa, do calor da quadra, da solidão da guerra desumana. O cântico elevou-se na noite. Do outro lado, os ingleses perceberam a música: era o «Silent Night» que eles cantavam também no calor dos seus lares. E começaram a cantar. Elevaram-se as vozes, elevaram-se os corpos. Alguns, mais emocio-nados ou mais corajosos, tiveram o terrível desplante de saírem das trincheiras e caminharem em campo aberto, braços abertos, na direcção do inimigo. Os outros seguiram-nos. Do outro lado também. Estabeleceu-se um due-lo de línguas com a mesma música. Abraçaram-se sem nunca deixarem de cantar e, depois, voltaram para as trin-cheiras, para a posição de inimigos. Este facto extraordinário escandalizou as camadas superiores dos exércitos, que chegaram a temer uma sublevação em nome da paz. Não. A Guerra continuou por mais três anos, para satis-fação dos senhores da guerra. Mas este simples facto salienta a magia desta canção que nos traz sempre ao cora-ção o ambiente inigualável do Natal. Em português, «Noite Feliz» fala de um «Senhor, Deus de Amor», que «Pobrezinho nasceu em Belém». Jesus foi também um menino pobre. Exorta também: «Dorme em paz ó Jesus». Sim. Dorme em Paz nos meninos do nosso Ocidente, já que não podes dormir em paz nos meninos do Iraque, do Afeganistão, da Costa do Marfim ou da Coreia do Norte. Dorme em Paz nos meninos dos lares aconchegados, já que jamais podes dormir nos corações dos meninos violados, traídos na infância, na inocência, na vida. Dorme em Paz nos meninos dos lares de amor, já que não o podes fazer nos meninos que não sabem o que isso é, nos sem lar, sem pão, sem bênção paterna, sem perdão. Dorme em paz nas nossas casas abastadas, já que não podes dormir nas barracas. Que ao menos te possamos dar a alegria de que um quinto do mundo vive bem. Vá lá, que quatro quintos chorem ou passem fome. Ao menos um quinto do mundo pode cantar «Noite feliz». Os outros podem cantar «Noite Infe-liz». Com a mesma melodia…

P.e Júlio Rocha.

(Publicado no Jornal «A União»)

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Página 8 TRIPÉ NATAL 2004

FICHA TÉCNICA: Edição: Secretariado Diocesano do MCC

Coordenação: Fausto Dâmaso

Colaboração: Todos os Cursistas

Tiragem: 150 Exemplares

São os votos sinceros do Secretariado Diocesano do Movimento dos Cursos de Cristandade dos Açores

É Natal cada dia sobre a terra

É Natal cada dia sobre a terra, Cada vez que se apaga a tristeza nos olhos de uma criança, Cada vez que aparece no mundo uma razão de esperança, Cada vez que se largam as armas e se apertam as mãos, Cada vez que se afasta uma guerra e somos como irmãos.

É Natal cada dia sobre a terra, Cada vez que se leva o conforto ao leito dum hospital, Cada vez que se dá calor de um amor mais real, Cada vez que se cala a mentira e se diz a verdade, Cada dia que se esquece uma ofensa e floresce a amizade.

É Natal cada dia sobre a terra, Cada vez que se leva à solidão a luz da nossa ternura, Cada dia que a tristeza que nos rói se transforma em doçura, Cada dia que se afasta a miséria e se dá nosso pão, Cada dia que Jesus nos liberta e nos traz salvação.

É Natal cada dia sobre a terra, Pois Natal, meu irmão, é Amor. FMJD—Escola das Fontinhas

Vives o Natal, Se quando te falarem dos outros, não disseres: o problema não é meu. Se quando não estiverem de acordo contigo, não disseres: não vale a pena dialogar. Se quando te pedirem colaboração, não disseres: agora não posso.

Vives o Natal, Se quando se tratar dos teus deveres, não disseres: não tenho tempo. Se quando encontrares um pobre, não disseres: vai em paz, meu irmão. Se quando te fizerem alguma coisa, não disseres: hás-de pagar o que me fizeste.

Vives o Natal se ...

FMJD—Escola das Fontinhas