tribunal regiona eleitoral dle santa catarina · na condiçã de titulao do poder executivr...

21
Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ACÓRDÃO N .2 7 8 0 2 RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95 A ZONA ELEITORAL - JOINVILLE Relator: Juiz NELSON MAIA PEIXOTO Recorrente: CARLITO MERSS Recorrido: PSDB de Joinville - RECURSO - PROPAGANDA INSTITUCIONAL - CARÁTER INFORMATIVO DA PUBLICIDADE REFERENTE AOS SERVIÇOS PÚBLICOS REALIZADOS PELO MUNICÍPIO E OS EM ANDAMENTO - INEXISTÊNCIA DE NOME OU IMAGEM DE FUTURO CANDIDATO E/OU DE PARTIDO POLÍTICO - OUTDOORS COM FRASES NO SENTIDO DE QUE O COMPROMISSO VIROU REALIDADE - ENCARTE DISTRIBUÍDO COM JORNAL IMPRESSO CONTENDO EXPRESSÕES "AGORA TEM" E "E VEM MAIS POR AÍ" - ALEGADA PROPAGANDA ELEITORAL NÃO CONFIGURADA - PROVIMENTO DO RECURSO. "Não caracteriza necessariamente propaganda eleitoral a publicidade institucional que divulga atos, programas, obras e serviços da administração pública, se ausente qualquer referência expressa ou implícita à eleição ou a candidatos". [Acórdão TREMT n. 20212, Rp. 285928, de 23.2.2011, Rei. Juiz Márcio Vidal] Vistos, etc., V ACORDAM os Jtaízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do liecursíKç, por maioria - vencidop-<Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha, que não dava provimento^ao recurso - a ele dar provimento, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parteintec)rante ^decisão. Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral.

Upload: hanga

Post on 09-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

ACÓRDÃO N .2 7 8 0 2

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95A ZONA ELEITORAL - JOINVILLE Relator: Juiz NELSON MAIA PEIXOTO Recorrente: CARLITO MERSS Recorrido: PSDB de Joinville

- RECURSO - PROPAGANDA INSTITUCIONAL - CARÁTER INFORMATIVO DA PUBLICIDADE REFERENTE AOS SERVIÇOS PÚBLICOS REALIZADOS PELO MUNICÍPIO E OS EM ANDAMENTO - INEXISTÊNCIA DE NOME OU IMAGEM DE FUTURO CANDIDATO E/OU DE PARTIDO POLÍTICO -OUTDOORS COM FRASES NO SENTIDO DE QUE O COMPROMISSO VIROU REALIDADE - ENCARTE DISTRIBUÍDO COM JORNAL IMPRESSO CONTENDO EXPRESSÕES "AGORA TEM" E "E VEM MAIS POR AÍ" - ALEGADA PROPAGANDA ELEITORAL NÃO CONFIGURADA - PROVIMENTO DO RECURSO.

"Não caracteriza necessariamente propaganda eleitoral a publicidade institucional que divulga atos, programas, obras e serviços da administração pública, se ausente qualquer referência expressa ou implícita à eleição ou a candidatos". [Acórdão TREMT n. 20212, Rp. 285928, de 23.2.2011, Rei. Juiz Márcio Vidal]

Vistos, etc., V

A C O R D A M os Jtaízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do liecursíKç, por maioria - vencidop-<Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha, que não dava provimento^ao recurso - a ele dar provimento, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parteintec)rante ^dec isão.

Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral.

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

R E L A T Ó R I O

Trata-se de recurso interposto por CARLITO MERSS, atual Prefeito de Joinville, contra sentença (fls. 122-151) proferida pelo Juízo da 95a Zona Eleitoral, que julgou procedente representação contra ele proposta pelo Diretório Municipal do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB, sob alegada propaganda eleitoral extemporânea disfarçada de propaganda institucional, condenando-o ao pagamento de multa no valor máximo previsto, ou seja, R$ 25.000,00, nos termos do §3° do art. 36 da Lei n. 9.504/1997.

Em suas razões, o recorrente arguiu que as propagandas realizadas não contiveram caráter eleitoral. Explicou que as expressões "Agora tem" e "E vem mais por af\ presentes na publicidade do encarte "Prefeitura Informa", ao serem interpretadas pela "média da população", não seriam entendidas como um comparativo com a gestão anterior nem como uma alusão à implementação de promessas de campanha em futuro mandato. Tais frases, para o recorrente, consubstanciam-se em autêntica prestação de contas à população acerca do que foi e está sendo feito no município. Acrescentou que, no encarte em questão, não teria havido qualquer referência à pessoa dos representados ou aos seus partidos políticos.

Relativamente à publicidade realizada por meio de outdoors, que o Juiz de 1o grau, na sentença, reconheceu como propaganda eleitoral, especificamente em razão da presença das expressões "A cada obra um compromisso que vira realidade" e "Aqui a gente vê compromisso virar realidadeo recorrente afirmou que "em nenhuma das imagens anexadas à representação há menção ao recorrente, nem mesmo indiretamente.

Assevera não haver promoção pessoal, enaltecimento da figura do administrador, nem divulgação de eventual candidatura futura, ainda que dissimulada, tampouco divulgação de promessas futuras.

Argumenta que as expressões tidas por irregulares apenas teriam destacado os feitos da administração, ou seja, informaram a população, em consonância com os princípios da publicidade e transparência. Aduz que, embora tenha restado esclarecido que o material analisado não tenha caracterizado propaganda eieitoral, entendeu conveniente debater a responsabilidade pela veiculação dos materiais. \

Invoca a "ausência de autoria, conhecimento prévio e anlêfQcia" do prefeito Carlito Merss, ao argumento de que "inexiste nos autos qualquer pro\ja, qualquer indício de que tenha sido o recorrente o responsável pela contratação do serviço b(e veiculação de publicidade institucional, tampouco que tenha ele analisado e aprovado prèyiamente o material veiculado". Alega ser equivocada a premissa posta na sen/tença no sentido de que "o prefeito é ordenador primário e, portanto, responde de forma objetiva". \

Reputa irrazoável a multa eleitoral arbitrada na sentença (no máximo legalmente estabelecido). Por fim, pugnou pelo provimento integrg/ do recurso paj^julgar

/ 2

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

improcedente a representação, ou, alternativamente, seja ele provido para se reduzir a multa ao mínimo legalmente previsto (fls. 157-173).

Nas contrarrazões, o PSDB afirma que as frases "Agora tem" e "E vem mais por aí" possuiriam sim conotação eleitoral, aduzindo que "a propaganda eleitoral extemporânea é realizada camuflada, acobertada com astúcia, malandramente, com o escopo de livrar-se do controle exercido pela Justiça Eleitorar. Acrescenta que os outdoors espalhados pela cidade e região tinham por escopo mostrar a capacidade do recorrente, seu compromisso em fazer mais, etc, ou seja, exaltá-lo com o uso de recursos públicos. Rechaçou a alegação de falta de conhecimento ou anuência do prefeito sobre o teor das publicidades, explicando que "é óbvio que o recorrente teve e tem conhecimento dos atos, é inadmissível, inconcebível, inacreditável, que a confecção de tais materiais não foram aprovados ou referendados pelo recorrente". No que pertine à multa aplicada, deve o seu valor ser mantido. Ao final, pugna pela manutenção da sentença pelos seus próprios fundamentos (fls. 177-180).

O Ministério Público Eleitoral de 1o grau opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fl. 181).

Nesta instância, a Procuradoria Regional Eleitoral também se manifestou pelo conhecimento e desprovimento do recurso, para se manter a sentença com a multa arbitrada pelo Juiz de 1o grau (fls. 184-194).

É o relatório. V O T O

O SENHOR JUIZ NELSON MAIA PEIXOTO (Relator): Sr. Presidente, conheço do recurso por ser tempestivo e preencher os demais requisitos de admissibilidade.

Inicialmente, afasto qualquer alegação de ausência de prévio conhecimento, falta de ciência ou anuência do recorrente acerca da contratação, realização e divulgação das publicidades sub judice. ,

Na condição de titular do poder executivo municipal, \a divulgação de propaganda institucional, paga pelo município, dadas as circunstânciafs\e peculiaridades do caso dos autos, o prévio conhecimento de Carlito Merss restou /demonstrado, pois revelam ser impossível que ele não tenha tido conhecimento das publicidades veiculadas.

Igualmente, descabida qualquer alegação no sentido óehue n^o teria havido comprovação, no momento da propositura da representação, de que/a pessò^ outorgante da procuração de fl. 21 (Ivandro Geraldo de Souza) não seria o presidentè^ do partido representante. A verificação de tal informação poderia ter sido fácilye gratuitamè^te obtida por meio consulta ao site na internet do TRESC (Partidos - Informações Partidárias -Consulta Órgãos e Delegados credenciados - Órgão Partidário). / \

3

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

A propósito, Ivandro Geraldo de Souza é o Presidente do Diretório do PSDB em Joinville, cuja composição tem vigência no período de 23.3.2011 a 23.3.2013.

Com relação ao mérito, explico que a representação foi ajuizada em 9.4.2012 pelo PSDB de Joinville contra Carlito Merss e Marquinhos Fernandes em razão da ocorrência de atos de publicidade tidos por irregulares pelo representante. No entendimento do PSDB, a publicidade feita pelos representados não teria sido do tipo institucional, mas propaganda eleitoral extemporânea.

O Juiz Eleitoral de 1o grau julgou a representação improcedente com relação ao representado Marquinhos Fernandes e, com relação ao representado Carlito Merss, concluiu que duas das publicidades apontadas pelo representante teriam descambado para a prática de propaganda eleitoral extemporânea.

Antes de tudo, é preciso deixar claro que nem todo tipo de publicidade realizada antes de 6 de julho pode ser considerada propaganda eleitoral, pois para a configuração da propaganda eleitoral extemporânea há de haver uma mensagem dirigida à eleição vindoura ou pelo menos que haja divulgação abusiva da imagem e/ou nome do futuro candidato.

Por outro lado, se a publicidade estiver ancorada em objetivo diverso, entendê-la como eleitoral seria equivocado.

Desse modo, cada caso deve ser analisado, individualmente, para se verificar se, na propaganda institucional, existe uma propaganda eleitoral indireta.

Sabe-se que a publicidade dos atos governamentais, sejam na qualidade de atos de governo ou de gestão, deve se ater ao caráter educativo, informativo ou de orientação social. A regra prestigia os princípios da moralidade e da impessoalidade e vem inserta no caput e no § 1o do art. 37 da Constituição, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

[...] I \ § 1o - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação\social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. / \ É certo que configura desvirtuamento de finalidade e utWização da

propaganda institucional prevista no art. 37, § 1o, da Constituição Federal,\uando a publicidade tem intenção de massificar a imagem do prefeito jumto ao eleitorádo, com vistas à captação de dividendos eleitorais. / \

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Saliento que não há, na legislação vigente, definição rígida e delimitação do que seja propaganda eleitoral.

Contudo, a jurisprudência mais recente, visando dar maior proteção à isonomia entre os candidatos, vem alargando o conceito de propaganda eleitoral para abarcar também a propaganda institucional dissimulada, se dela se verificar alusão à circunstância associada à eleição.

No entender do representente (PSDB), os atos de publicidade objeto destes autos - realizadas no primeiro semestre de 2012, pelo Município de Joinville - não teriam o caráter institucional, mas de propaganda eleitoral extemporânea (antecipada), que insejaria a aplicação da multa prevista no § 3o do art. 36 da Lei n . 9.504/1997:

Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição.

§ 3o A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.

Colocadas essas questões, passo à análise das publicidades, restringindo-me àquelas duas que o Juiz Eleitoral entendeu terem configurado propaganda extemporânea, pois as demais não foram objeto de recurso.

1. Divulgação do encarte "Prefeitura Informa" (fis. 31-44). O referido encarte teria sido distribuído como anexo dos jornais A Notícia e

Notícias do Dia, bem como por "mala direta postal domiciliária", e um exemplar encontra-se juntado às fls. 31-44.

O impresso em questão conta com 28 páginas (capa e contra-capa inclusas) e tem como título "Em Joinville, agora tem". E o subtítulo é o seguinte: "Obras de saneamento básico, Parque da Cidade, novas praças, mais estrutura e qualidade na Saúde e Educação, modernização dos serviços".

Na pág. 4: [\ PRESTANDO CONTAS A JOINVILLE / \ Prezado(a) joinvilense, você está recebendo o informativo pe prestação de contas da Prefeitura, que mostra as principais obras, serviços e inpvações da atual gestão no atendimento à população. [...] / \ Na pág. 5: / \ Mais de R$ 220 milhões em investimentos. / \ NO SANEAMENTO BÁSICO, agora tem! / \ Agora tem! Mais de R$ 220 milhões na maior obra/de Saneamentb Básico da história da cidade. i \

[...]

5

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Agota tem! Obras de infraestrutura de água e esgoto para a Joinville dos próximos 30 anos. MAIS REDES DE ESGOTO. Agora tem! Obras do sistema de esgoto no Saguaçu 100% concluídas. Agora tem! Construção do sistema de esgoto sanitário nos Espinheiros, 98% concluída. [...] MAIS ABASTECIMENTO DE ÁGUA Agora tem! 3 novos Reservatórios de água. Agora tem! Reservatório construído no Vila Nova (R5) - 2 milhões de litros [...]

Na pág. 6: NA SAÚDE, agora tem! Agora tem! 32% do orçamento investido em Saúde, a Lei federal exige 15%. [...] ...E VEM MAIS POR Aí... - 8 Novos Postos de Saúde (UBSs). - Novo PA (UPAs), no Vila Nova. - Reforma no PA do Itaum.

Na pág. 9: Enfrentando problemas históricos no controle de inundações. MAIS OBRAS DE INFRAESTRUTURA, agora tem! Agora tem! Pela primeira vez, a Prefeitura faz grandes obras de controle de inundações - programa "Viva Cidade" Agora tem! Mais de 200 quilômetros de rios, valas e córregos limpos. [...] ...E VEM MAIS POR Aí... - Novo binário das Ruas Timbó e Max Colin, para melhorar o trânsito entre o centro e os bairros.

E assim segue o encarte nas páginas seguintes, demonstrando por meio de fotos e por meio das expressões "agora tem" e "e vem mais por aí\ as obras feitas e em andamento da "atual gestão" da Prefeitura.

No entendimento do magistrado, as referidas expressões indicariam, respectivamente, uma comparação entre a atual gestão e a anteriojk (antes não tinha, mas agora tem) e uma insinuação de que não seria só isso, viria majs\pbra por aí, ou seja, mais obras seriam realizadas num eventual próximo mandato.

Para o Juiz Eleitoral a quo, a utilização de tais expr^ssõe\ao longo de todo o encarte teria configurarado propaganda eleitoral antecipada.

Contudo, ouso divergir do Juiz sentenciante. A frase "agora tem", que foi utilizada no textoí do encarte, hão remete

necessariamente a uma "forte contraposição entre duas gestões", como/quis fazer entender o Juiz Eleitoral.

6

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

As cidades crescem e é natural que passem a contar com obras e serviços com os quais a população não contava antes. Para chegar à conclusão a que chegou o douto magistrado, faz-se necessária a formulação de um processo argumentativo, revolver o significado implícito e mais íntimo das palavras, perquirir a real intenção daquele que elaborou a publicidade, o que se afasta da forma pela qual se deve apurar a realização de propaganda eleitoral antecipada: "de forma objetiva a partir de elementos concretos, sem que se permita margem subjetiva que possibilite prévia disposição para identificar; em qualquer frase ou palavra [...] conteúdo implícito que caracterize propaganda eleitorar (TSE. Rec em Repres n. 989-51, de 17.6.2010, Rei. Min. Henrique Neves).

Relativamente à expressão "e vem mais por a f , o Juiz entendeu que tal expressão "[...] oferta sugestão inconsciente de que com a atual gestão virá mais por aí, numa clara alusão a uma próxima administração por conta de que não são obras prontas e finalizadas

No caso sub judice, o representado Carlito Merss teve deferido seu pedido de registro de candidatura a prefeito para as eleições 2012 (RCand n. 54-14.2012.6.24.0019), ou seja, Carlito Merss concorreu à reeleição para o cargo de prefeito.

Assim, partindo da suposição de que o prefeito seria candidato à reeleição (o que veio a ser posteriormente confirmado), o Juiz Eleitoral chegou à conclusão de que a frase "e vem mais por ar teria o condão de descaracterizar a natureza institucional para configurar propaganda eleitoral antecipada.

Entretanto, não se verifica na frase em questão - "e vem mais por aí -qualquer sentido explícito, implícito, mensagem subliminar ou pressuposto lógico que se permita afirmar que o representado estaria pressupondo a realização de novas obras em futuro mandato.

A propósito, no encarte não há absolutamente nenhuma menção ao nome do prefeito, tampouco consta qualquer foto sua, ou frases elogiosas a sua pessoa ou ao seu jeito de administrar, ou mesmo pedido de voto direto ou indireto, nem frases com qualquer apelo emocional. Muito pelo contrário, as fotos do encarte mostram obras em andamento e aquelas que foram concluídas, bem como pessoas anônimas caminhando, andando de bicicleta, praticando esportes, fazendo ginástica, conversando, trabalhando, assistindo a eventos e deles participando. / \

Os textos, por sua vez, ainda que permeados das expressõels "agora tem" e "e vem mais por a f , mantiveram a objetividade de informar a população sqbre o que foi feito e ou que ainda está em andamento. / \

Dessa forma, a meu sentir, nas frases destacadas -fagora tem^ e "e vem mais por ar não se constata elementos concretos suficientes a caracterizar abrática de propaganda eleitoral antecipada. / j

7

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

2. Publicidade de "ações de governo" por meio de outdoors. Às fls. 22-25 encontram-se juntadas fotos de 7 outdoors distintos. Reproduzo

as expressões que neles aparecem:

Quanto às 7 (sete) fotos de outdoors distintos (fls. 22-25), reproduzo por oportuno, os conteúdos neles divulgados:

2.1 "Joinville 161 anos. Orgulho que eu levo no peito." A mensagem está acompanhada da imagem de uma mulher desconhecida para mim e da seguinte informação (fl. 22):

Desfile de aniversário. Em frente ao Centreventos Cau Hansen 09/3 às 19h. Participe da Programação de Aniversário. A Festa é sua!

2.2 Fotos de 2 outdoors idênticos com imagem de uma mulher, acompanhada da seguinte mensagem (fl. 22-23):

"A maior obra de saneamento da nossa história." Em letras menores: "A cada obra mais um compromisso que vira realidade".

2.3 Imagem de uma ponte com a seguinte mensagem (fl. 24): "46 NOVAS PONTES". "Aqui agente vê compromisso virar realidade".

2.4 Ainda, na fl. 24, consta a imagem de um parque ao fundo, uma criança e uma pessoa de cadeira de rodas, acompanhada da seguinte mensagem:

"PARQUE DA CIDADE" Em letra menores: "Aqui a gente vê compromisso virar realidade".

2.5 Novamente, a veiculação da mensagem (fl. 25):

"Joinville 161 anos. Orgulho que eu levo no peito". A idigitada mensagem está acompanhada da imagem de uma jovem e da seguinte informação em letras menores:

Show com Nenhum de Nós Parque da Cidade 08/3 às 20h Participe da Programação de Aniversário. A Festa é sua!

2.6 Por fim, a foto de um outdoor com a imagem /Je urn^ mulher com os dizeres:"A melhor educação do País". Fonte IDEB 2011

"Escola Municipal Arinor Vogelsangef e, na parte inferior, a eVpressão com letras menores: "A cada obra mais um compromisso que vira realidade". '

8

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95A ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Novamente, chega-se à conclusão de que nenhuma das frases ou imagens constantes dos outdoors indicou a realização de propaganda eleitoral, pois não houve divulgação do nome do prefeito ou de sua imagem, tampouco pedido de voto, ou insinuação de que seria ele o mais apto para o exercício do cargo.

No meu entender, a mensagem no sentido de que o compromisso teria virado realidade nada mais é do que a informação à população sobre a gestão da coisa pública.

Portanto, não vislumbro qualquer "mensagem subliminar" a caracterizar propaganda eleitoral.

Aliás, sobre "mensagem subliminar", cabe salientar que o TSE, em 17.6.2010, ao julgar recurso em representação por suposta realização de propaganda extemporânea (pronunciamento oficial em cadeia de rádio e televisão), decidiu pela impropridade do termo "subliminar".

Eis a ementa do referido julgado: ELEIÇÕES 2010. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. PRONUNCIAMENTO OFICIAL EM CADEIA DE RÁDIO E TELEVISÃO. IMPROCEDÊNCIA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Cabe ao representante trazer, na inicial, prova do prévio conhecimento do beneficiário ou afirmar que a constatação pode ser aferida a partir das circunstâncias. Inexistindo prova ou afirmação neste sentido, não se conhece da representação. Votação por maioria. 2. Propaganda "subliminar". Impropriedade do termo no presente caso. A percepção subliminar de uma propaganda é aquela que não pode ser alcançada pelos sentidos humanos. Mesmo que seja certa a possibilidade de percepção subliminar, o poder de persuasão subliminar não é pacificamente aceito pela comunidade científica internacional. 3. Significação implícita das palavras. A interpretação de texto não pode incidir em extrapolação, redução ou contradição e deve considerar o contexto e os pressupostos que decorrem diretamente do discurso. 4. Suposições e inferências que decorrem do universo cognitivo do destinatário do discurso não podem ser consideradas como elementos suficientes a atrair a sanção prevista em norma legal. / \ 5. O Estado Democrático de Direito, tal como previsto naartigç 1o da Constituição da República, tem como fundamento o pluralismo político,\que pressupõe o constante debate de ideias e críticas às decisões governíamentaia, além da defesa, pelo governante, de seus atos. A livre manifestação,/ressalvado\o anonimato, é garantida pelo inciso IV do art. 5o da Constituição da República. \ 6. Admitido, sem maior questionamento, que o métotío de gestão governamental pode ser livre e abertamente atacado, os mesmos/princípios c ucionais que

9

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

autorizam a crítica também permitem que o governante defenda as suas realizações e suas escolhas e preste contas de sua gestão à sociedade. 7. Ausência de elementos concretos para caracterizar a prática de propaganda eleitoral antecipada. Representação julgada improcedente.

8. Recursos aos quais é negado provimento, (grifei) [Acórdão TSE, R-Rp n. 989-51, de 17.6.2010, Rei. Min. Henrique Neves da Silva]

Com efeito, a meu sentir, no caso concreto, tendo em vista que em nenhum dos outdoors e em nenhuma das páginas do encarte "Prefeitura Informa" houve a divulgação da imagem e/ou nome do representado, tampouco ocorreu qualquer alusão a circunstância associada à eleição municipal/2012, inexiste propaganda eleitoral extemporânea.

Assim, não considero que as expressões impugnadas - "Agora tem" e "Vem mais por aí - apresentam impacto de propaganda eleitoral.

Além disso, não cabe ao julgatior perquirir, subjetivamente, o animus do autor, haja vista inexistir critério seguro, no /âmbito jurídico, capaz de ancorar penalidade baseada na suposição do desejo. / \

Com efeito, tentar buscar a rfeal "intenção" daquele que elaborou as frases constantes dos outdoors e do encarte jescapa èla forma pela qual se deve aferir o conteúdo da publicidade questionada, cuja análise dève se pautar pela objetividade.

Ante as considerações expostas, voto pelo conhecimento e provimento do recurso para reformar a sentença que/julgou procedente a representação, afastando a multa que foi aplicada. / J

É como voto. ^ ^

10

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

D E C L A R A Ç Ã O DE V O T O V E N C I D O :

O SENHOR JUIZ LUIZ HENRIQUE MARTINS PORTELINHA:

Atento ao voto do eminente relator, inicio minha análise a partir do texto da Constituição Federal de 1988, que prescreve em seu art. 37, § 1o:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

[...]

§ 1°. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos [grifei].

Por outro lado, estabelece o art. 36, § 6o, da Lei n. 9.504/1997 (reproduzido no art. 3o, § 4o, da Resolução TSE n. 23.370/2012), que:

Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dias 05 de julho do ano da eleição.

[...]

§ 3o A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.

A partir da interpretação que faço dos referidos dispositivos, tenho sustentado em casos dessa natureza que a publicidade institucional deve observar os limites impostos pela regra de regência; do contrário, desvirtuando-se de sua finalidade, sobretudo em ano de eleições, poderá caracterizar, a par de eventual representação por abuso de autoridade (Lei n. 9.504/1997, art. 73, VI, "b") propaganda eleitoral antecipada, ensejando a aplicação da penalidade estatuída no art. 36, § 6o, da Lei n. 9.504/1997.

Assenta-se meu raciocínio na preocupação externada pelo ilustre doutrinador José Jairo Gomes, segundo o \ __ „

li

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

[...] é comum potenciais candidatos lançarem mão - na propaganda institucional -de meios artificiosos para veicularem imagens e mensagens otimistas, penetrantes, fertilizando o terreno para futura propaganda eleitoral, que certamente virá. Ao chegar o tempo oportuno, corações e mentes encontrar-se-ão cevados, simpáticos ao agora candidato... Deveras, há administradores públicos que despendem fortunas do erário - dinheiro de impostos! - com a realização de suposta "propaganda institucional". Frequentemente, reservam-se no orçamento quantias muito superiores às destinadas a áreas sociais carentes de investimentos. Nesse jogo treslocaudo e corrupto só há dois ganhadores: o candidato - cuja imagem é indiretamente promovida não à custa de seu eficiente trabalho, mas, sim, da mendaz publicidade "institucional" - e as agências de publicidade... É preciso dar um basta nessa insólita sangria de recursos públicos! Exigem-no a moralidade pública, os princípios éticos mais elementares, a lei, a solidariedade social e a Justiça.

A situação piorou bastante no ambiente da reeleição. Sobretudo se se atentar para a absurdamente casuísta regra que não impõe a desincompatibilização do candidato que pretende concorrer à renovação do mandato. A esse propósito, observa Djalma Pinto (2005, p. 226) que, antes dos três meses anteriores ao pleito, muitos candidatos à reeleição lançam propaganda instuticional maciça nos horários de maior audiência nos canais de televisão, sendo patente o desvio de finalidade. Essa prática distorcida - conclui o eminente jurista - pode até configurar abuso de poder político, ensejando a cassação do registro do candidato. É que o fim da propaganda institucional, nesse caso, não visou o esclarecimento da população, mas exclusivamente o preparo do eleitor, por meio de informações incessantes, para sufragar o responsável pela condução da Administração, que disputará a reeleição. O equilíbrio na disputa eleitoral é quebrado com a utilização do expediente em foco.

Na verdade, tem-se assistido a verdadeiras propagandas eleitorais travestidas de "institucionais", pagas, portanto, pelo contribuinte. A rigor, a maioria delas carece de caráter informativo, educativo ou de orientação social, constituindo pura exibição midiática. Muitas vezes promessas são feitas. Um cenário maravilhoso é desenhado. Um futuro feliz e promissor é colocado em perspectiva, ao alcance de todos. Isso, é claro, se o governo em questão ou o seu afilhado político sagrar-se vitorioso nas urnas e for mantido na cadeira que ocupa [//?, Direito Eleitoral. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 372].

O exame das particularidades de cada caso concreto, portanto, é que permitirá afirmar se houve ou não propaganda eleitoral antecipada, tida, consoante a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, como qualquer manifestação que, previamente aos três meses anteriores ao pleito e fora das exceções previstas no art. 36-A da Lei n. 9.504/1997, leve ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que somente postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou as razões que levem a inferir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública. ' v Xv "V J

12

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Na espécie, após a emenda da inicial, imputou-se ao candidato recorrente a prática de propaganda eleitoral extemporânea em razão das seguintes condutas:

- publicação do "Caderno Especial" no Jornal "A Notícia" de 9.3.2012;

- divulgação do encarte "Joinville 161 anos". Um orgulho que levo no peito;

- divulgação do encarte "educAÇÃO", de fevereiro de 2012, publicado pela Secretaria de Educação de Joinville;

- divulgação do encarte "Prefeitura Informa" por meio de publicação nos jornais "A Notícia" e "Notícias do Dia" e distribuição por mala direta postal domiciliária;

- promoção pessoal e publicidade das ações de governo por meio de "outdoors" instalados em diversos locais do Município de Joinville.

O Magistrado de primeiro grau, atento aos elementos contidos nos autos, analisou pormenorizadamente cada uma das condutas, concluindo - a meu juízo de forma acertada - que, em relação ao encarte "Prefeitura Informa" e aos "outdoors" espalhados pelo município, a publicidade institucional levada a efeito pelo agente público caracterizou propaganda eleitoral antecipada.

Os fundamentos da decisão foram expostos de forma clara e objetiva, razão pela qual a mantenho, nesse particular, por seus próprios e jurídicos termos:

d) Divulgação do encarte "Prefeitura Informa" realizada através de anexos aos Jornais A Notícia e Notícias do Dia, bem como, por mala direta postal

O conflito fático se dá por parte do Prefeito Municipal que se escuda de que tudo não se passa de propaganda institucional autorizada pelo artigo 37 da Constituição Federal e não de promoção pessoal indevida por preceder a período da propaganda eleitoral.

Aqui o nó górdio reside na análise da expressão contínua: "E VEM MAIS POR AÍ..." presente várias vezes e que estaria dando azo a indicação de que é o que Prefeito pretende fazer caso continue no poder, ou seja, se for reeleito.

Em sua defesa, o representado diz que "a referida expressão não remete o leitor à ideia de um futuro mandato." (sic, fls. 100) e que "dizer o que foi feito fez e o que está sendo feito no presente é absolutamente diferente de apresentar propostas futuras, vinculadas ao um futuro mandato" (sic, fls. 100).

[...]

^ —

13

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Ao arremate, diz que o informativo apresenta as ações já finalizadas e aquelas que estão em fase de execução e até mesmo de licitação.

Efetivamente o encarte de fls. 31/44, no tocante "Prefeitura Informa: Em Joinville, agora tem.", extrapolou e muito os limites da peça de propaganda institucional e de apresentação de temas de interesse político-comunitário.

Ora, o TSE já anotou que "Conforme jurisprudência desta Corte, para verificação de propaganda subliminar, não deve ser observado apenas o texto da propaganda, mas também outras circunstâncias, tais como imagens, fotografias, meios, número e alcance da divulgação." (TSE, Embs. Decl. Al n. 10.010, de Curitiba/PR, rei. Min. Arnaldo Versiani, j. 12.11.2009).

A mensagem é de forte contraposição entre duas gestões, ou seja, a anterior (que supostamente não tinha!!) e a de agora (que supostamente tem!!).

E, pior ainda, oferta sugestão inconsciente de que com a atual gestão virá mais por aí, numa clara alusão a uma próxima administração por conta de que não são obras prontas e finalizadas (a própria defesa admite que existem obras alvo de licitação).

Vem aí o quê? Obra pública municipal que só pode ser realizada pelo Prefeito Municipal!

E o que vem logo à frente? Ah.... a eleição que vai escolher o futuro administrador dessas obras!

Ou seja, se o eleitor quer continuar a ver o que tem mais por aí.... é só manter o atual!!! Outra ilação não se pode tirar!!

Não se pode tapar o sol com a peneira e negar que em Joinville a imprensa a todo momento publica que o embate político entre PT x PSDB, se dará em poios bastantes claros, mais precisamente, entre o atual Prefeito x o anterior Prefeito e, mais precisamente, entre o que foi feito x o que não foi feito e, igualmente, entre o que foi prometido x cumprido.

É fato público e notório, bastando dar uma rápida consulta na internet para se ver a enorme quantidade de notícias que demonstram isso. Se isso vai acontecer (é apenas "verdade publicada" ) eu também, como o resto dos cidadãos, não posso afirmar, mas é o que já está sendo lançado no imaginário coletivo.

No blog do pré candidato do PSDB, Marco Tebaldi fica bem clara à disposição de confronto de realizações e de promessas de campanha da eleição anterior:

"O deputado federal Marco Tebaldi (PSDB) anunciou sua candidatura a prefeito de Joinville, durante entrevista coletiva às 10h na sede do PSDB municipal. Tebaldi leu uma carta onde aceita ser pré-candidato nas eleições de outubro deste ano. Lembrou dos apelos que recebeU/de sçgrrjentos do partido, de associações de

14

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

moradores, organizações sociais e sociedade civil. Avaliou que volta a ser candidato para recuperar a estima do joinvilense e resgatar a gestão pública que hoje é feita de mentiras com promessas de campanha não cumpridas." (http://blogdotebaldi.blogspot.com.br/2012/04/tebaldi~define-candidatura-prefeito-

As propagandas com essas mensagens subliminares são sim ofensivas a esse período eleitoral vez que nem as propagandas institucionais e nem tampouco às dos partidos políticos podem ter essa liberdade de distorção no processo político eleitoral atual.

Falar em promessas cumpridas por si e descumpridas pelos outros; falar em o que se tem agora e o que não se tinha no passado (ou vice versa), é querer deixar passar uma mensagem de comparação de programas de partido e campanha; de confronto entre atuação e administrações públicas visando a atrair cada qual méritos próprios e deméritos aos adversários políticos.

É essa falta de sensibilidade, essa ausência de espírito republicano que obriga a intervenção da Justiça Eleitoral diante desse despejar contínuo e crescente de mensagens explícitas ou subliminares na mídia que proporcionam a quebra de isonomia em desfavor dos demais personagens da cena política que se mantém dentro da lei.

Infelizmente, esse não é um caso isolado como se pode aferir no repertório pretoriano em casos bem semelhantes:

"RECURSO ELEITORAL. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA. CONFIGURAÇÃO. COMPARAÇÃO. GESTÃO ANTERIOR. MENSAGEM SUBLIMINAR. INFRINGÊNCIA DO ART. 36 DA LEI 9.504/97. IMPROVIMENTO.

A comparação entre gestões municipais, enaltecendo as benfeitorias alcançadas pelo governo atual, configura propaganda eleitoral subliminar. A propaganda institucional que induz o eleitor a concluir que a Administração atual é melhor que a passada enseja propaganda extemporânea, sujeitando-se o infrator ao pagamento de multa legalmente estabelecida.

Recurso improvido." (TRE/CE, Recurso Eleitoral n. 13.606, rei. Juiz Eleitoral Haroldo Correia de Oliveira Máximo, j. 22.10.2008).

"Caracteriza propaganda extemporânea aquela que expõe propostas de ações políticas a serem desenvolvidas pelo pré-candidato ou que aludam às suas qualidades para ocupar cargo eletivo, antes do dia 06 de julho do ano do pleito, que guarde liame com o prélio eleitoral próximo vindouro." (TRE/CE, Recurso Eleitoral n. 13.486, Rela. Desa. Gizela f* • ~ • •

de.html).

E:

15

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Do Tribunal Superior Eleitoral, destaco:

"RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. PROPAGANDA DIVULGADA COM A PRETENSA CARACTERÍSTICA DE SER INSTITUCIONAL. CULTO INDIRETO A CHEFE DO EXECUTIVO QUE SE APRESENTA AO ELEITORADO COM INTENÇÃO DE SER CANDIDATA À REELEIÇÃO AO CARGO DE GOVERNADOR. VIOLAÇÃO AO ART. 37, § 1o DA CF/88.

Propaganda feita pelo Poder Executivo Estadual que destoa dos limites fixados pelo art. 37, § 1o da CF/88.

Louvores em propaganda tida por institucional, mesmo indiretos, a Chefe do Executivo, considerada pretensa candidata à reeleição, caracterizam violação à lei.

Incompetência da Justiça Eleitoral que se afasta.

Acórdão que, analisando os fatos, concluiu ter ocorrido violação ao art. 36 da Lei n. 9.504/97. Multa aplicada.

Decisão que se mantém por reconhecer que os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade foram descumpridos, além da configuração de propaganda eleitoral extemporânea.

Recursos especiais não providos." (TSE, Recurso Especial Eleitoral n. 26.081, rei. Min. José Augusto Delgado, j. 5.10.2006).

E nem se fale que a restrição da publicação se constitui ofensa a liberdade constitucional:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA. ENTREVISTA. IMPRENSA ESCRITA. MENÇÃO A FUTURA CANDIDATURA. NÃO PROVIMENTO.

Constitui propaganda eleitoral extemporânea a manifestação veiculada no período vedado por lei que leve ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, futura candidatura, ação política que se pretende desenvolver ou razões que levem a inferir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública.

As restrições impostas à propaganda eleitoral não afetam o direitos constitucionais de livre manifestação do pensamento e da liberdade de informação e comunicação (art. 220 Constituição Federal), os quais devem ser interpretados em harmonia com os princípios da soberania popular e da garantia do sufrágio.

Agravo regimental não provido." (TSE, Ag. Reg. Rec.Esp.Eleit. n. 35.719, Montes Claros/MG, Rei. Min. Ale

16

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, até mesmo reforçando a legitimação do Prefeito Municipal, vale gizar:

"RECURSO - REPRESENTAÇÃO - PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA POR MEIO DA PUBLICIDADE INSTITUCIONAL DO MUNICÍPIO - LEGITIMIDADE PASSIVA DO PREFEITO.

O titular da prefeitura e pré-candidato à reeleição é parte legítima para figurar no pólo passivo de representação por propaganda eleitoral extemporânea, através da publicidade institucional, vez que beneficiário direto dela, nos termos do §3° do art. 36 da Lei n. 9.504/1997. A verificação do seu prévio conhecimento acerca do conteúdo das veiculações é questão de mérito.

- CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA PREFEITURA QUE EXTRAPOLA OS PARÂMETROS ESTABELECIDOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART. 37, § 1o), CONCLUSÃO ESTA JÁ OBTIDA, INCLUSIVE, EM AÇÃO POPULAR, JULGADA PROCEDENTE NO 1o GRAU DE JURISDIÇÃO - INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DA ISONOMIA DE TRATAMENTO COM OS DEMAIS CONCORRENTES - MENSAGENS, COM APELO EMOCIONAL, ENALTECENDO AS AÇÕES ADMINISTRATIVAS, DIVULGADAS NO ANO ELEITORAL, ACARRETANDO BENEFÍCIO DIRETO AO TITULAR DA PREFEITURA, NOTÓRIO CANDIDATO A REELEIÇÃO -CONOTAÇÃO ELEITORAL DA PROPAGANDA - EXORBITÂNCIA DA PUBLICIDADE DIANTE DA SUA EXTENSÃO VISUAL E DA REPETIÇÃO -RECURSO PROVIDO - APLICAÇÃO DE MULTA.

As condicionantes caracterizadoras do art. 37, §1° da CF (nomes, símbolos ou imagens) têm conteúdo exemplificativo. A intenção do constituinte foi a de reprimir a indevida divulgação institucional, não só através da menção de nomes e da apresentação de símbolos ou imagens, mas também, mediante qualquer outra forma de publicidade, que caracterize promoção pessoal da autoridade pública.

Configura propaganda eleitoral antecipada a realização de publicidade institucional, divulgada no primeiro semestre do ano eleitoral, que se utiliza de textos passionais e narrações autoelogiosas às ações administrativas, desvíando-se do caráter estritamente objetivo de que deve se revestir, com o objetivo de beneficiar o titular da prefeitura, sabidamente candidato à reeleição." (TRE/SC, Ac. N. 25452, rei. Juíza Cláudia Lambert de Faria, j. 26.10.2010, pub. DJE, Tomo 199, Data 29/10/2010, Página 7).

Pelos motivos fáticos e jurídicos acima elencados, a procedência da representação neste item se impõe.

e) Publicidade de "ações do governo" através de outdoors

17

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

Esse item é bem semelhante ao anterior, razão porque, aplicável idêntica fundamentação, que não reprisarei para não incorrer em desprezível tautologia.

As fotos dos outdoors repousam às fls. 22/25 dos autos.

A primeira foto (superior, fls. 22), é apenas uma referência ao aniversário da cidade e semelhante a propaganda do folder de fls. 27, que já foi objeto de análise e ao meu sentir não caracteriza propaganda extemporânea.

Já não se pode dizer o mesmo das três fotos seguintes que são absolutamente iguais (foto inferior de fls. 22 e as duas outras de fls. 23), salvo a última da fl. 23 que apesar de ser o mesmo outdoor deve ter sido tirada em lugar distinto. Os dizeres são: "A MAIOR OBRA DE SANEAMENTO DA NOSSA HISTÓRIA" e logo abaixo, também em destaque, "A CADA OBRA MAIS UM COMPROMISSO QUE VIRA REALIDADE" .

Aliás, das três outras fotos (fls. 24 e foto inferior de fls. 25), se vê a ideia repetida, mais precisamente, "AQUI A GENTE VÊ COMPROMISSO VIRAR REALIDADE" . De novo indago: Que compromisso? De quem?

Se é obrigação constitucional prevista no art. 37 da Constituição Federal ser eficiente, qual o motivo de se anotar isso numa propaganda institucional?

E, com absoluta certeza, o ente público (município) não criou corpo, virou algo como o desenho animado "Gasparzinho, o fantasma camarada" e há quatro anos atrás saiu feliz pelas ruas da cidade fazendo promessas de obras públicas e agora ao final do mandato do Prefeito decidiu anunciar que aquilo que prometeu está realizado!

Certo é que no imaginário popular a ideia que sempre vai permanecer é a seguinte: Quem promete ou se compromete é... o PREFEITO!

Quem faz ou deixa de fazer é.... o PREFEITO!

Quem ordena ou deixa de ordenar despesas é.... o PREFEITO!

E, MAIS IMPORTANTE...

Quem legitimamente busca agora se eleger é... um PREFEITO!!

Sendo assim e se foi o atual PREFEITO que fez tudo aquilo: PERFEITO!!! Não há o que reclamar! Só colher votos.

Ledo engano eis que há que se frear esses "deslizes" praticados pelos profissionais contratados para realização de mídia institucional e tornar o jogo político-eleitoral claro e democrático para todos os " " ' ~ Poder.

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

O que se vê aqui é uma a antecipação do debate eleitoral entre o que foi feito no passado e o que está sendo feito agora pela atual administração.

A mensagem subliminar é clara no sentido de fixar no imaginário popular as obras relevantes que a atual administração fez e que constavam no rol de promessas da eleição anterior pelo atual Prefeito Carlito, ora representado.

Até acho que a propaganda brasileira é habitualmente ufanista (tudo no Brasil é maior, melhor e absoluto até as desgraças), bastando ver uma propaganda de um certo carro importado que maciçamente induz a sua suposta superioridade e perfeição que é inigualável.

Destarte, as expressões dos outdoors do gênero "A maior obra de saneamento da nossa história" ou "A melhor educação do País" está inserida neste contexto aceitável de ufanismo e exagero da venda da imagem positiva (e no caso pode até ser verdade), todavia, em conjunto com a expressão "compromisso cumprido" apresenta um liame indissociável ao pleito eleitoral anterior de forma subliminar, mas inconteste.

É tão evidente esse vínculo que em várias propagandas há apenas a demonstração da obra e a conclusão como "obra entregue". Em outras, estranhamente, aparece o "compromisso cumprido" ou o "vem mais por aí" , em evidente desvirtuação proposital para propiciar a mensagem subliminar que não pode ser admitida, (para tanto, basta acessar a internet e observar: http://www.youtube.com/user/PrefeituraJoinville?ob=0&feature=results_main).

Em casos semelhantes, o Tribunal Superior Eleitoral com propriedade já orientou:

" O uso de outdoor, por si só, já caracteriza propaganda ostensiva, pois exposta em local público de intenso fluxo e com forte e imediato apelo visual. Constitui mecanismo de propaganda de importante aproximação do pré-candidato ao eleitor.

No período pré-eleitoral, a veiculação de propaganda guarda, no mínimo, forte propósito de o parlamentar ter seu nome lembrado. Afasta-se, assim, a tese de mera promoção pessoal. Evidencia, portanto, propaganda extemporânea, a incidir a sanção do § 3o do art. 36 da Lei n° 9.504/97." (TSE, ARESPE L n° 26235, de Timóteo/MG, Rei. Min. Carlos Augusto Ayres de Freitas Brito, pub. DJ de 3/6/2008, Página 25).

Como uma luva ao caso presente:

"PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA E SUBLIMINAR EM JORNAL E OUTDOORS. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTS. 36, § 3o, DA LEI 9,504/97 E 333 DO CPC: IMPROCEDÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

RECURSO ELEITORAL N. 105-88.2012.6.24.0095 - CLASSE 30 - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - ENCARTE EM JORNAL - OUTDOOR - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE

1. Para a configuração da publicidade institucional é imprescindível a presença dos caracteres educativo, informativo ou de orientação social, previstos na Constituição Federal (Precedente: Acórdão n° 15.749, de 04.03.99, Rei. Min. Costa Porto).

2. Considera-se propaganda eleitoral subliminar a publicidade que traça paralelo entre a Administração atual e a anterior, despertando a lembrança dos eleitores para as qualidades do administrador candidato à reeleição.

3. O simples argumento de que a produção, escolha, supervisão e veiculação da publicidade estão sob a responsabilidade de agente público diverso do titular da Administração não é suficiente para ilidir o prévio conhecimento deste. 4. Recurso não conhecido." (TSE, RESPE n° 19331, de Senador Canedo/GO, Rei. Min. José Paulo Sepúlveda Pertence, j. 13/09/2001, pub. DJ, vol. 1, Data 07/12/2001, pág. 08) (Grifei e sublinhei).

Para espancar as dúvidas nos espíritos mais empedernidos, do nosso Tribunal colho:

"RECURSO - REPRESENTAÇÃO - PUBLICIDADE INSTITUCIONAL EM PERÍODO VEDADO - ART. 73, VI, "B", DA LEI N. 9.504/1997 - CONFIGURAÇÃO -COMINAÇÃO DE MULTA AOS RESPONSÁVEIS E CASSAÇÃO DO DIPLOMA DOS BENEFICIÁRIOS - RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

Nos três meses que antecedem o pleito, não é permitida, de regra, a publicidade institucional de atos, obras, programas, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais.

Configura publicidade institucional a propaganda comprovadamente feita com o pagamento de recursos públicos, com a utilização de logotipo do município, que veicule o nome da administração municipal e que se reporte às suas realizações ou às conseqüências de sua atuação.

É objetiva a apreciação da existência de conduta vedada e sua tendência em atingir a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais.

Decorre do benefício carreado aos candidatos vinculados à gestão municipal que, mediante pagamento com recursos públicos, divulgou em período vedado publicidade institucional, a cassação dos respectivos diplomas." (TRE, RREP n° 2067, de Zortea/SC, Rei. Juiz Osni Cardoso Filho, j. 15/02/06, pub. DJSC de 21/02/2006, pág. 212) [fls. 138-149 - grifou-se].

Por esse motivos é que ouso dissentir do douto Relator, votando pelo conhecimento e despro\ inça, inclusive no que se refere à pena de - -

20

TRESC

Fl.

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

EXTRATO DE ATA

RECURSO ELEITORAL N° 105-88.2012.6.24.0095 • RECURSO ELEITORAL • PROPAGANDA POLÍTICA - PROPAGANDA ELEITORAL - IMPRENSA ESCRITA - JORNAL / REVISTA / TABLÓIDE - OUTDOORS - EXTEMPORÂNEA I ANTECIPADA - 95a ZONA ELEITORAL - JOINVILLE RELATOR: JUIZ NELSON MAIA PEIXOTO

RECORRENTE(S): CARLITO MERSS ADVOGADO(S): MAURO ANTÔNIO PREZOTTO; ANTÔNIO DERLI GREGÓRIO RECORRIDO(S): PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA DE JOINVILLE ADVOGADO(S): MARCELO FELIZ ARTILHEIRO

PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ ELÁDIO TORRET ROCHA PRESIDENTE PARA O JULGAMENTO: JUIZ NELSON JULIANO SCHAEFER MARTINS

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANDRÉ STEFANI BERTUOL

Decisão: Após a apresentação do voto-vista, o Tribunal decidiu, à unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria - vencido o Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha -, a ele dar provimento, nos termos do voto do Relator. O Juiz Eládio Torret Rocha declarou-se suspeito e não participou do julgamento. O Juiz Nelson Juliano Schaefer Martins presidiu o julgamento e absteve-se de votar por não ter assistido ao relatório, nos termos do art. 71, § 2o, do Regimento Interno deste Tribunal. Foi assinado o Acórdão n. 27802. Presentes os Juízes Julio Guilherme Berezoski Schattschneider, Nelson Maia Peixoto, Luiz Henrique Martins Portelinha, Marcelo Ramos Peregrino Ferreira e Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli.

SESSÃO DE 08.11.2012.