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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o treinamento dos exercícios corporais e para os esportes Anselmo José Perez, 2017. Introdução Não é de hoje que o rendimento dos atletas que competem em alto nível, incluindo competições como: Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais, Copa do Mundo de Futebol, entre outras, chamam a atenção e levam milhões de pessoas a se interessarem pelos esportes. A busca de um novo recorde, de uma vitória, de uma superação de desempenho pessoal ou coletiva, emociona, intriga e estimula homens e mulheres a praticarem esportes e atividades competitivas. Para entender e analisar este verdadeiro fenômeno sociocultural os especialistas em treinamento esportivo vem estudando e produzindo conhecimento há séculos. Houve um boom dessas descobertas e produções científicas entre as décadas de 1950 e 1970 do século passado, e os avanços continuam até hoje e não pararão. Os atletas contemporâneos não surgem do nada e as competições, por sua vez, envolvem profissionalismo, recursos econômicos e geram empregos e renda. Por outro lado, como se trata de um fenômeno social, é um processo sujeito aos problemas sociais e exige também uma visão educativa na sua análise, somando-se às competências de aplicação dos conteúdos técnicos e biológicos. Considerando a necessidade de ampliação do enfoque e do trato pedagógico ao treinamento esportivo, este livro será apresentado aos professores de educação física sob um novo olhar que poderá reforçar paradigmas ou ajudar a revê-los, como exemplo a necessidade de treinar somente para competir, ou só para atingir altos desempenhos. Isso permitirá um novo treinador e, consequentemente, um novo atleta, com maior compromisso e responsabilidade social.

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Page 1: TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos · PDF fileTREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o treinamento dos exercícios corporais e para os esportes Anselmo José Perez, 2017

TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

Introdução

Não é de hoje que o rendimento dos atletas que competem em alto nível,

incluindo competições como: Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais, Copa do

Mundo de Futebol, entre outras, chamam a atenção e levam milhões de pessoas a

se interessarem pelos esportes. A busca de um novo recorde, de uma vitória, de

uma superação de desempenho pessoal ou coletiva, emociona, intriga e estimula

homens e mulheres a praticarem esportes e atividades competitivas.

Para entender e analisar este verdadeiro fenômeno sociocultural os

especialistas em treinamento esportivo vem estudando e produzindo conhecimento

há séculos. Houve um boom dessas descobertas e produções científicas entre as

décadas de 1950 e 1970 do século passado, e os avanços continuam até hoje e não

pararão.

Os atletas contemporâneos não surgem do nada e as competições, por sua

vez, envolvem profissionalismo, recursos econômicos e geram empregos e renda.

Por outro lado, como se trata de um fenômeno social, é um processo sujeito aos

problemas sociais e exige também uma visão educativa na sua análise, somando-se

às competências de aplicação dos conteúdos técnicos e biológicos.

Considerando a necessidade de ampliação do enfoque e do trato pedagógico

ao treinamento esportivo, este livro será apresentado aos professores de educação

física sob um novo olhar que poderá reforçar paradigmas ou ajudar a revê-los,

como exemplo a necessidade de treinar somente para competir, ou só para atingir

altos desempenhos. Isso permitirá um novo treinador e, consequentemente, um

novo atleta, com maior compromisso e responsabilidade social.

Page 2: TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos · PDF fileTREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o treinamento dos exercícios corporais e para os esportes Anselmo José Perez, 2017

TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

Portanto, para compreensão dessa proposta, são necessários alguns

pressupostos éticos, considerando a historicidade do ser humano na busca do

respeito mútuo e a si próprio, dos comportamentos e princípios estabelecidos por

homens e mulheres para tentar organizar a vida social e regular as suas ações em

comunidade. Esses comportamentos e princípios são repassados de geração para

geração por meio das instituições como a família, o Estado, a igreja, as instituições

de ensino, o esporte e outros, com o intuito de estabelecer uma determinada

ordem, gerando valores históricos e culturais de cada sociedade. São esses valores

que servirão de parâmetro para ações sociais, visando equilíbrio e bom

funcionamento social, e permitindo supor que nenhuma pessoa se sinta

prejudicada. Para aplicação do treinamento esportivo segue-se o princípio da

dignidade da pessoa humana do estado democrático de direito, elencado no rol de

direitos fundamentais da Constituição Brasileira de 1988.

Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está

relacionada com o sentimento de justiça social, e é a reflexão sistemática sobre a

moral (RODRIGUEZ, 1994). A aplicação da ética é a moral do homem e da mulher.

Do ponto de vista da educação, valores humanos e humanizadores serão foco

do conteúdo pensando no exercício do ato de educar. Dessa forma, a ética

pedagógica tem como objetivo a formação de cidadãos participativos e

conscientes, pessoas responsáveis e solidárias com o coletivo, com autonomia

intelectual, ciente de seus direitos e deveres no seu ambiente social, enfrentando

o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada

uma das áreas de conhecimento uma constante atitude crítica, de reconhecimento

dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

das ações e relações e dos valores e regras que os norteiam (DARIDO et al., 2001;

RODRIGUES, 2002).

Além disso, por se tratar de uma obra acadêmica, o conhecimento a ser

estimulado para a aplicação do processo pedagógico neste livro será o científico,

mesmo sabendo que alguns assuntos estarão apoiados em fatos empíricos e

descrições de vivências daqueles que já praticaram o treinamento esportivo com

ética pedagógica nas diversas formas de manifestações do movimento corporal na

sociedade: esportes, jogos, danças etc. Algumas informações terão a citação,

outras não.

O treinamento esportivo será aqui tratado como treinamento corporal

humano e como conteúdo específico a ação do professor de educação física para

educação, independente em que ambiente ocorra o seu trabalho.

Por sua complexidade, assim como todas as ações humanas, o treinamento

esportivo deve ser compreendido a partir das diversas ciências que contemplam a

sua análise, seja no âmbito biológico ou social (social como a abrangência da

participação de homens e mulheres na produção cultural, econômica e política).

Assim, entende-se que se trata de um fenômeno sociocultural e biológico

abrangente e complexo, que, como conteúdo da educação física, poderia ser

denominado não simplesmente por treinamento esportivo, mas sim de treinamento

corporal humano, como forma mais abrangente e em respeito às diversas

dimensões e manifestações corporais. Nessa acepção, torna-se uma proposta de

tese inédita, não pelos pressupostos éticos e educativos que serão descritos, mas

sim pela forma em explorar esses pressupostos na sua abordagem pedagógica.

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

A tese não poderia se iniciar de forma diferente a não ser pela apresentação

de qual é esse corpo humano que se pretende treinar e educar, considerando que a

essência de convivência social seja exatamente o que cada pessoa é como

corporeidade, e não conceitos, métodos, conteúdos e meios de treinamento, que

devem atender aos significados e sentidos das pessoas. Assim, no primeiro capítulo

discorre-se sobre como o ser humano se expressa por meio do movimento corporal

em nossa sociedade. No segundo capítulo, apresenta-se o conceito de treinamento

e de treinamento esportivo, além dos componentes que fazem parte do

treinamento de alto rendimento, e que precisam ser ensinados e não

necessariamente treinados, possibilitando o treinamento corporal humano como

meio de educação. Em seguida, no capítulo três, aborda-se a construção do

conhecimento sobre o treinamento esportivo como produção histórica e educativa

necessária à didática dos professores de educação física. Para aproveitar os

conhecimentos já apreendidos pelos homens e mulheres o capítulo quatro

esclarece quem poderá aplicar esses conhecimentos como atleta ou na condição de

não atleta, evitando equívocos e informações ainda distorcidas. No capítulo cinco

são apresentados os princípios do treinamento, divididos em biológicos e

organizacionais, e que são a base de toda aplicação das preparações do

treinamento além de sua periodização.

Em construção capítulos seguintes: Componentes do treinamento, Métodos

aplicados à preparação; Planejamento do treinamento, periodização e formação de

atletas; Sugestões de como ensinar os conteúdos do treinamento esportivo na

escola.

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

Capítulo 1

O ser humano e o movimento corporal

Neste capítulo você encontrará:

• Importância da compreensão e os estudos sobre o corpo humano

• O corpo humano como complexidade funcional é formado pelos aspectos

biológicos, que permite o movimento e, sua identidade sociocultural, que

proporciona o diálogo inteligível e linguagem

• Movimento corporal de um ser uno, sem dualismo

• O corpo humano com significado social para as ações corporais treinadas

para a convivência do cidadão

• Treinar o corpo não é adestrá-lo, mas sim educá-lo

Palavras-chave: Corpo Humano; Movimento; Educação; Comunicação; Educação

Física e Treinamento

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treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

É inegável que o ser humano vem explorando o meio ambiente deste planeta

por meio do movimento corporal e isso ele não faz sozinho, faz em grupo,

considerando a sua condição de convivência. Movimento corporal que deve ser

entendido em toda sua complexidade funcional, originalmente intelectível e

voluntário (QUEIRÓZ, 1983), incluindo desde o aspecto biológico assim como sua

identificação como fenômeno sociocultural. Sendo assim, a compreensão de corpo

é imprescindível para os estudos dos profissionais de educação física.

Esse corpo que se movimenta por possuir estrutura biológica capaz de

permitir diversas manifestações reflexas e aprendidas é o mesmo corpo que

possibilita convivência em sociedades e manifestações culturais, caracterizando

civilizações, povos, estados, países, desde o micro mundo menos explorado e

desconhecido até as grandes ações humanas já descritas como história.

Esse corpo é gente, é sujeito, é pessoa, é indivíduo humano que vive e

convive. Segundo Medina (1987),

O corpo humano não pode ser independente de suas relações. O corpo

compreendido isoladamente da sociedade e da natureza é um corpo

abstrato, distante da realidade concreta em que se faz distante, enfim, de

suas circunstâncias.

Não é intuito apresentar uma discussão extensa sobre o conceito de corpo e

toda a história do ser humano. Tão pouco reduzir a complexidade do tema.

Contudo, o treinamento não pode cuidar somente de aspectos biológicos e

maltratar o corpo, muito menos descontextualizá-lo das significações sociais e

culturais. Nem o professor deve tratá-lo como objeto, negócio, ou simplesmente

“corpo físico”. Ainda segundo Medina (1987),

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

É preciso superar a visão do corpo como um simples objeto, um utensílio

cuja preocupação básica é o rendimento e a produtividade tecida pelo

lucro. [...] não deve ser uma peça que cumpre a sua função (de produtor,

reprodutor ou consumidor) dentro da engrenagem social de um capitalismo

periférico, dependente e selvagem que tem como meta a lucratividade a

qualquer custo.

As discussões a respeito do capitalismo podem ter caído em desuso, mas do

corpo lucrativo e produtor de renda não. A mercantilização do corpo humano se

confunde com a de bens de produção nas mãos dos inescrupulosos que não medem

esforços para explorar as pessoas, por isso o corpo humano será tratado antes de

tudo pela abordagem social.

Entendendo o corpo como composição biológica (necessidade primária para a

vida), que se expressa de forma sociocultural, deve-se pensar no movimento

corporal como possibilidade de ação, na maioria das vezes voluntária, desde que

todos os órgãos envolvidos estejam preservados. Esse movimento permite diálogo

do indivíduo com o meio ambiente que ele vive e os com outros seres.

Para tornar possível esse diálogo é necessário conhecer a linguagem

utilizada, que é cheia de significado. Portanto, não há movimento corporal sem

sentido e significado, mesmo que não identificado ou interpretado

conscientemente pelo corpo que está em ação, ou para as pessoas que o veem

movimentar-se.

Para que esse corpo esteja consciente de suas ações, de seus sentidos e

significados é necessário informação, conhecimento, saber, concretizados pelo ser

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

educado. E aqui estamos falando de um corpo educado por meio de uma pedagogia

dialética (RIBEIRO; RODRIGUES, 2001).

Vê-se, assim, o corpo como unidade/totalidade, sem dualidade de suas

possíveis partes (corpo e mente). Possíveis no transgredir da própria natureza do

corpo, que supõe a separação de mente, espírito, e corpo físico. Segundo Medina

(1987),

[...] a redução do corpo a uma de suas áreas de concentração – fato

comum nas Ciências Humanas - é, ao mesmo tempo que

esclarecedora de certas particularidades, perigosa, na medida que

nos distancia dessa compreensão do todo harmonioso em que

deveríamos viver.

Além disso, este mesmo autor afirma que “o dualismo corpo-alma é um

exemplo vivo de inculcação, do qual o resultado tem sido uma imagem distorcida e

pecaminosa do corpo na cultura ocidental.” (op. cit.). Para afastar esse problema,

utiliza-se o termo corporeidade, na visão de Pierre Vayer (TUBINO, M.; GARRIDO;

TUBINO, F., 2007). Pensar de forma holística sobre o corpo não é difícil. Difícil é

abandonar o aforismo de Juvenal que se tornou jargão: mens sana in corpore sano.

Este vem do poeta satírico Juvenal, que no século II em Roma

combatia os vícios com suas sátiras. No trecho de Os Vastes,

expressa os versos: orandum est ut sit mens sana in corpore sano,

fortem pocce animun, mortis terrote carentem; podendo assim ser

traduzido: suplica mente sã em corpo são alma forte que, fria, a

morte encare. (TUBINO, M.; GARRIDO; TUBINO, F., 2007).

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TREINAMENTO CORPORAL HUMANO: fundamentos para o

treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

É no mínimo interessante pensar que após quase vinte séculos ainda se

acredita que há um momento para estimular o nosso físico e outro momento para

estimular o nosso pensamento, como se enquanto realizando um movimento, como

chutar uma bola, por exemplo, o corpo estaría dispensado de utilizar o cérebro

para pensar e realizar um movimento físico, ou mesmo as próprias emoções, que se

diria da alma. Pior ainda, supor que se a pessoa tiver muitos músculos então estará

são, com saúde, e se for o inverso terá problemas com seus pensamentos, com a

sua mente.

Parece difícil, mas deve-se tentar não “dividir” o corpo humano quando de

sua interpretação. Para fins acadêmicos até vale a análise de alguns

compartimentos. Mas quando se pensa no ser humano, em suas ações, nos seus

sentidos e significados, as análises devem ser de um corpo único, ao mesmo tempo

biológico e social, ou seja, seguir um pensamento sistêmico do corpo, ou como

diria Feijó (1992) uma interpretação holistica do corpo, de onde a unicidade do do

corpo deveria inspirar mudanças significativas na didática da educação física e na

metodologia do treinamento esportivo.

Além disso, o corpo que respira, portanto vive – ou seria melhor dizer

convive, já que é um corpo social - pode ser complementado com as características

biocinéticas ou metafísicas, transcendendo à lógica do racional e possibilitando o

encontro do homem e da mulher com o seu infinito em evolução.

É pensando nesse corpo que se propõe o processo de treinamento. Um corpo

que explora os territórios da Terra e não pode ser simplesmente adestrado para

ações fisiológicas, mecânicas e repetitivas. Se assim for, esse corpo aprisionado e

mal tratado não terá os benefícios do treinamento, as adaptações esperadas, os

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treinamento dos exercícios corporais e para os esportes

Anselmo José Perez, 2017.

desempenhos sonhados. A busca de um treinamento para a corporeidade é algo

possível e fato transcentende para os atletas de alto rendimento que estão além

dos níveis normais de desempenhos. Os chamados outliers superaram as

prerrogativas de serem atletas e não sucumbiram aos rótulos e as mesmices dos

corpos que só repetem, que só reproduzem as tarefas diárias exigidas por seus

adestradores , na busca de resultados milimetricamente calculados, mas sem

expressão, sem respeito à corporeidade. Os diferenciados de que se fala, em sua

maioria, também foram além da pedagogia do fazer por fazer, e do vencer por

vencer, por isso são também rebeldes. Mais do que isso, são corpos protagonistas,

responsáveis pelas ações, pelos movimentos que fundamentam e que criam os

gestos esportivos a serem explorados e aperfeiçoados, e é desse corpo que se deve

falar nesta tese. O corpo que dê significado social para as ações corporais treinadas

para a convivência do cidadão (Figura 1).

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Anselmo José Perez, 2017.

E assim os gestos esportivos permitirão que o corpo seja vida, e possam ser

tratados pelo professor de educação física como processo pedagógico, e, portanto

humano. Como disse Feijó (1992)

Uma das coisas que a unicidade do atleta nos ensina é a

improdutividade das receitas técnicas ou táticas, quando pré-

fabricadas e endereçadas indiscriminadamente a todo e qualquer

indivíduo. Para que um projeto de treinamento sob medida funcione

a contento, conseguindo o máximo de rendimento do atleta, não

basta fazer o levantamento somático da pessoa, vai ser preciso

também um conhecimento aprofundado da personalidade do atleta,

seus valores pessoais e sociais, seus medos e convicções, sua

Possibilita

Primariamente

Corpo Composição

Biológica

Se expressa de

forma sociocultural

Movimento

Diálogo com o meio

ambiente e outros

seres

Linguagem

utilizada?

Figura 1- O corpo humano em sua composição e significado que será

treinado, portanto, melhorado.

Fonte: próprio autor

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Anselmo José Perez, 2017.

história de vida, enfim. Porque o corpo é único, também a pessoa é

única.

Além disso, o corpo tem uma sabedoria natural, e quando aprendemos a

observar melhor o que ele está querendo nos dizer, podemos aperfeiçoar - e muito

- os nossos hábitos cotidianos. Observe os sinais que seu corpo lhe dá e treine à

vontade. Querer mais, e melhor, é o que movimenta a vida, é o que movimenta as

pessoas.

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Referências

Introdução

DARIDO, S. C.; RANGEL-BETTI, I. C.; RAMOS, G. N. S.; GALVÃO, Z.; FERREIRA, L. A.;

SILVA, E. V. M.; RODRIGUES, L. H.; SANCHES, L.; PONTES, G.; CUNHA, F. A

educação física, a formação do cidadão e os parâmetros curriculares nacionais.

Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.15, n.1, p.17-32, jan./jun., 2001.

RODRIGUES, A. T. Gênese e sentido dos parâmetros curriculares nacionais e seus

desdobramentos para a educação física escolar brasileira. Rev. Bras. Cienc.

Esporte, Campinas, v. 23, n. 2, p. 135-147, jan. 2002.

RODRIGUEZ, R. V. Pressupostos éticos na organização do Estado: implicações para a

educação. Ensaio: Aval. Pol. Públ. Educ., Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.43-52, 1994.

Capítulo 1

FEIJÓ, O. G.. Corpo e Movimento: Uma Psicologia para o Esporte. Rio de Janeiro:

SHAPE, 1992.

MEDINA, J. P. S. A educação física cuida do corpo...e "mente": bases para a

renovação e transformação da educação física. Campinas: Papirus, 1987.

QUEIRÓZ, C. S. A problemática da educação física: subsídios para uma abordagem

científica. Rio de Janeiro: FENAME - SEED, 1983.

RIBEIRO, M. L.; RODRIGUES, M. V. Dermeval Saviani - Notas para uma releitura da

Pedagogia Histórico-Crítica. Revista Profissão Docente on-line, v. 01, n. 03, 2001.

<http://www.revistas.uniube.br/index.php/rpd/article/view/43/509>. Acesso em:

07 de março de 2017.

TUBINO, M.J.G.; TUBINO, F.M.; GARRIDO, F.A.C. Dicionário enciclopédico Tubino

do esporte. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2007.