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a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS TRE /RS - ANALISTA JUDICIÁRIO DIREITO CONSTITUCIONAL 1

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a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS

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a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS

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SUMÁRIO

I. Constituição................................................................................................................................ 003

II. Poder Constituinte..................................................................................................................... 006

III. Princípios Fundamentais.......................................................................................................... 009

IV. Os Direitos e Garantias Fundamentais..................................................................................... 011

V. Da Organização do Estado......................................................................................................... 047

VI. Da Administração Pública......................................................................................................... 055

VII. Organização dos Poderes do Estado....................................................................................... 065

VIII. Das funções Essenciais à Justiça............................................................................................. 092

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CONSTITUIÇÃO

1. CONCEITO A palavra constituição, em qualquer acepção que seja tomada, exprime o modo de ser de

alguma coisa, ou seja, determina a organização interna de seres e entidades. Nesse sentido, pode-se afirmar que em todo o agrupamento humano, por mais rudimentar que seja, a estrutura básica do corpo social e político é disciplinada por determinadas normas, escritas ou costumeiras (consuetudinárias), as quais podem ser chamadas de constituição.

A Constituição do Estado, considerada como a sua lei fundamental, a qual estabelece a

organização dos seus elementos essenciais; pode ser definida como um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. Assim é que constituição significa o “corpo”, a “estrutura”, de um ser que se convencionou denominar Estado. Essa é a concepção jurídica da Constituição.

Atualmente, com exceção dos países que se baseiam em constituições consuetudinárias, a

constituição deve ser entendida como documento formal (escrito) e solene (auto proclamado de constituição), que codifica as normas mais relevantes que regulam a organização fundamental do Estado, tendo em vista os valores supremos da sociedade.

2. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES As constituições são qualificáveis ou classificáveis quanto à forma, quanto ao modo de

elaboração, quanto à origem, quanto à estabilidade, quanto à extensão, quanto ao conteúdo, e, por fim, quanto à dogmática.

a) quanto à forma: ● constituições escritas – as normas fundamentais do Estado estão codificadas e organizadas em um único texto; ● constituições não-escritas – são aquelas cujas normas não constam de um documento único e solene, mas resultam de leis esparsas, da jurisprudência e dos costumes, tal qual a constituição inglesa.

b) quanto ao modo de elaboração: ● constituições dogmáticas – são elaboradas por um órgão (poder) constituinte que sintetiza as idéias fundamentais da teoria política e do Direito dominante no momento;

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● constituições históricas ou costumeiras – são resultantes da lenta evolução histórica, do evoluir das tradições, que se cristalizam como normas fundamentais de organização de determinado Estado. Geralmente é possível associar a idéia de constituição não-escrita com constituição histórica ou costumeira, assim como é possível traçar um paralelo entre constituição escrita e dogmática. c) quanto à origem: ● constituições democráticas, populares ou promulgadas – são oriundas de um poder constituinte composto de representantes legitimamente eleitos pelo povo para o fim de elaborá-las e estabelecer; ● constituições outorgadas – são as elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, sendo impostas pelo governante. As Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969 foram outorgadas. d) quanto à estabilidade: ● constituições rígidas – são aquelas que somente são alteráveis por processos com exigências solenes e formais especiais, diferentes e mais rigorosas que as exigências para formação de leis ordinárias ou complementares. A Constituição brasileira de 1988 é rígida, pois para uma emenda constitucional ser aprovada é preciso a aprovação de 3/5 dos membros das casas legislativas, enquanto uma lei ordinária é aprovada por maioria simples. O procedimento especial de alteração da constituição através de emenda constitucional está disposto no art. 60, § 2º da CRFB/88. Além disso, a CRFB/88, no seu art. 60, §4º, estabelece tópicos intangíveis, os quais não podem ser alterados nem por emenda constitucional. CRFB, art. 60, § 2º - a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. CRFB, art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais. ● constituições flexíveis – não exigem um procedimento especial de modificação. As normas constitucionais alteram-se com o mesmo processo de criação de leis ordinárias. e) quanto à extensão: ● constituições sintéticas – são aquelas que dispõem sobre os aspectos fundamentais da organização do Estado e acerca dos direitos fundamentais de forma sucinta, em poucos artigos. Exemplo de constituição sintética é a dos Estados Unidos da América, uma vez que possui atualmente apenas 33 (trinta e três) artigos;

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● constituições analíticas – dispõe a respeito de diversos aspectos da organização do Estado, abrangendo temas que não fazem parte das normas constitucionais em sentido material. Ou seja, as constituições analíticas regulam vários aspectos da organização política e social, muitos dos quais não precisariam estar, necessariamente, no texto constitucional. f) quanto ao conteúdo: ● constituições materiais – são aquelas que somente se referem à matéria essencialmente constitucional (aquela a respeito da organização do Estado e dos seus órgãos); ● constituições formais – definem e regulam; geralmente de forma escrita, mediante documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte; diversas situações da organização política e social, abarcando matérias que não são essencialmente constitucionais. g) quanto à dogmática: ● constituições ortodoxas ou simples - são resultado de uma só ideologia; ● constituições ecléticas ou complexas - resultam de um compromisso entre diversas forças políticas existentes em um determinado momento histórico. ● Classificação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A CRFB promulgada em 1988 é uma constituição escrita, legal, dogmática, democrática (popular ou promulgada), rígida, analítica, formal, reduzida e eclética.

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PODER CONSTITUINTE

1. CARACTERÍSTICAS O poder constituinte é o poder de criar, de estabelecer uma nova Constituição. Ele se divide

em Originário e Derivado. Trata-se da expressão da vontade política suprema de um povo direcionada à elaboração ou

alteração do texto constitucional. É, portanto, o poder de criar a Constituição ou reformá-la. Nos regimes democráticos, este poder, cujo titular é sempre o povo, é exercido por

representantes eleitos, os quais formam uma Assembléia Nacional Constituinte. Isso está consagrado no Preâmbulo da Constituição Federal de 1988.

2. ESPÉCIES São espécies de Poder Constituinte: a) Originário b) Derivado Reformador c) Derivado Revisor d) Mutações Constitucionais e) Derivado Recorrente

2.1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO a) Conceito: consiste no poder de elaborar uma constituição, inaugurando uma nova ordem

jurídico-constitucional. O poder constituinte originário traz consigo uma ideia de ruptura em face da ordem jurídica anterior.

b) Recepção e não-recepção: essa ruptura, entretanto, não ignora os atos legislativos de um

ordenamento anterior, porquanto vai recepcionar os atos normativos antecedentes, desde que compatíveis com a nova Constituição. Ao contrário, tudo o que se mostrar incompatível com as novas normas constitucionais será considerado não recepcionado e, em consequência, revogado. Em nosso sistema não se admite a inconstitucionalidade superveniente, ou seja a norma anterior é considerada revogada e não inconstitucional.

c) Desconstitucionalização: também não é aceita em nossa ordem constitucional a

desconstitucionalização, assim entendida a situação em que permanece em vigor uma ordem constitucional mesmo em face da promulgação de uma nova Constituição. Todavia, a permanência do texto anterior implicaria na redução de sua hierarquia, passando do plano constitucional para o infraconstitucional.

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d) Titularidade do poder constituinte originário: a titularidade do poder constituinte é do povo, que o exerce, em regra, da forma representativa, através de representantes eleitos, que vão reunir-se em uma Assembleia Geral Constituinte. Também há formas de manifestação direta desse poder constituinte, como o plebiscito e o referendo.

e) Características: o poder constituinte originário possui as seguintes características: inicial,

autônomo, ilimitado e incondicionado. Inicial – instaura uma nova ordem jurídica. Autônomo – quem exerce o poder constituinte vai dispor sobre o novo ordenamento jurídico, estabelecendo a nova estrutura estatal e normas de regência. Incondicionado – não lhe são impostas formas de manifestação. Ilimitado – ou, melhor dizendo, juridicamente ilimitado, porquanto não há direito ou norma anterior lhe impondo limites ou restrições, embora limitado por valores sociais, econômicos e culturais.

Em face dessas características, uma nova constituição não contém normas inconstitucionais.

Se não há norma anterior lhe servindo de fundamento, um poder constituinte originário não produz normas viciadas ou inconstitucionais. Desde já alerte-se que as emendas constitucionais podem ser inconstitucionais, como adiante será demonstrado.

O poder constituinte originário também será permanente, porquanto permanece apto a

manifestar-se quando assim entender seu titular, qual seja, o povo. 2.2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR a) Conceito: também denominado de poder constituído, instituído ou de segundo grau,

porquanto instituído ou previsto pelo constituinte originário, que estabelece limites e condições para reforma da constituição, bem como aponta quem poderá revisar o texto constitucional. Em nossa atual Constituição, em face de sua rigidez, o processo legislativo de reforma constitucional se dá através das emendas constitucionais, disciplinadas no art. 60.

b) Limitações: o poder de reforma constitucional, limitado por natureza, mostra várias

ordens de limitações: formais ou processuais, circunstanciais, temporais e materiais. Em nossa atual Constituição, as limitações apresentam-se da seguinte forma: ● Processuais ou formais - dizem respeito ao processo legislativo de reforma da

Constituição. (Ex. exigência de dois turnos de votação, maioria qualificada de 3/5 para aprovação, iniciativas legislativas especiais, proibição de ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa em que rejeitada ou tida por prejudicada.)

● Limitações circunstanciais - entendem-se aquelas que impedem a reforma da Constituição

na vigência de estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal.

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● Limitações temporais - ocorrem quando se impede a reforma constitucional durante um período de tempo. A atual Constituição não contém essa espécie de limite, porquanto pode ser alterada a qualquer momento.

● Limitações materiais - determinadas matérias ou núcleos temáticos da Constituição – as

cláusulas pétreas – que não admitem qualquer possibilidade de alteração. Impede-se que sejam objeto de reforma as decisões políticas fundamentais do legislador constituinte originário, assim consideradas aquelas que dão identidade à Constituição. Exatamente por isso, veda-se qualquer emenda, porquanto alterar essas matérias constitucionais será retirar sua própria identidade. Com essa imutabilidade preserva-se a identidade e a continuidade de um sistema constitucional. O art. 60, § 4º, da Constituição Federal de 1988 elenca como cláusulas pétreas a forma federativa de estado, o voto direto secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais.

2.3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR a) Conceito: denomina-se de revisão constitucional o poder constituinte, também derivado

do constituinte originário, que se manifesta de forma extraordinária e transitória. Difere da reforma constitucional que é via permanente de alteração da constituição. Ex. art. 3º do ADCT.

2.4. MUTAÇÕES INFORMAIS DA CONSTITUIÇÃO a) Conceito: constituem-se mutações informais da Constituição as alterações da norma

constitucional, que ocorrem sem que o texto sofra modificações. Ou seja, a constituição não é reformada mediante um processo legislativo formal (emenda), mas seu significado e alcance sofrem mudanças, em regra através dos usos e costumes, evolução cultural ou jurisprudencial.

2.5. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE a) Conceito: denomina-se poder constituinte decorrente à parcela de poder constituinte

atribuída aos Estados-membros, permitindo-lhes dotar-se de uma constituição própria. Os Estados-membros e o Distrito Federal auto-organizam-se através de constituições locais, no Distrito Federal denominada de Lei Orgânica. É também derivado, porquanto estabelecido pelo legislador constituinte originário.

b) Limitações: a limitação está nos princípios da Constituição Federal. São os princípios

constitucionais sensíveis, estabelecidos e extensíveis. c) Sensíveis: encontram-se previstos no art. 34, VII, da Constituição Federal, e sua

inobservância permite a intervenção da União. d) Estabelecidos: designam-se as normas de observância obrigatória encontradas em todo o

texto constitucional, que estabelecem preceitos de observância compulsória pelos Estados-membros.

e) Extensíveis: constituem-se em normas que regulam determinadas matérias concernentes

à União e que devem ser também (de forma extensiva) observadas pelos Estados.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princípios fundamentais do Estado brasileiro estão previstos no Título I da nossa Constituição Federal. São também identificados como princípios estruturantes do nosso sistema constitucional, porquanto “têm relevante função na indicação dos valores que devem predominar no processo hermenêutico, isto é, o de descoberta do sentido da norma constitucional. Os princípios fundamentais estão muito além de indicadores da atuação do Estado, pois consubstanciam os valores de suprema importância na organização da sociedade brasileira”1.

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O nome do Estado – República Federativa do Brasil – indica a forma de governo – república – e a forma de estado – federação.

1. REPÚBLICA

República é forma de governo que se opõe à monarquia, caracterizando-se principalmente

pela necessária alternância no poder e pela responsabilidade dos agentes públicos, que respondem por seus atos. Por isso são considerados seus elementos essenciais a temporariedade dos mandatos políticos e a responsabilidade dos governantes.

2. FEDERAÇÃO O federalismo é a forma de estado adotada, significando uma união de entes que gozam de

autonomia. São partes indissociáveis. Nossa federação é formada pela União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, de forma indissolúvel. 1 Slaibi Filho, Nagig. Direito Constitucional. 2004. Rio de Janeiro, Forense, p. 141.

Federação

Forma de Estado

República

Forma de Governo

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3. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO O art. 1º também estabelece um Estado Democrático de Direito, ou seja, sua submissão às

normas jurídicas, normas democráticas, elaboradas com a participação popular direta ou por meio de representantes.

Estado de direito significa que todos se encontram submetidos às regras jurídicas, inclusive o

próprio Estado. De outro lado, a Constituição adota uma democracia semidireta ou participativa, porquanto

assegura exercício de soberania popular de maneira indireta ou representativa e de maneira direta. 4. FUNDAMENTOS Soberania é o poder político que atribui ao Estado sua personalidade de direito

internacional. Cidadania é a possibilidade de participação dos indivíduos nas decisões políticas. Em nosso

sistema constitucional, cidadão é o eleitor, ou seja, quem está no gozo de seus direitos políticos. Dignidade da pessoa humana, que, no conceito de Ingo Sarlet, significa a qualidade intrínseca

e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos. 2

Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, garantindo-se aos seres humanos sua

subsistência e o desenvolvimento do país. Pluralismo político, afirmando a participação popular nos rumos políticos, garantindo a

organização e participação de partidos políticos. 5. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES O artigo 2ª consagra o princípio da separação de poderes, na doutrina clássica da tripartição

dos poderes.

Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

2 Sarlet, Ingo. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais, 3.ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, p. 59-60.

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6. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS

A Constituição Federal declara os fins do Estado, vinculando a atuação dos poderes públicos, objetivando promover a justiça social.

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

7. PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Cuida aqui a Constituição de consagrar os princípios que determinam a atuação e os compromissos do Estado brasileiro na ordem internacional.

Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.