tratado de direito penal parte geral - - cezar roberto bitencourt

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    ISBN 978-85-02-14909-0Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Bitencourt, Cezar RobertoTratado de direito penal : parte

  • geral, 1 / CezarRoberto Bitencourt. 17. ed. rev.,ampl. e atual. deacordo com a Lei n. 12.550, de2011. So Paulo :Saraiva, 2012.1. Direito penal 2. Direito penal -BrasilI. Ttulo.CDU-343(81)

    ndice para catlogo sistemtico:1. Brasil : Direito Penal 343 (81)

    Diretor editorial Luiz Roberto CuriaDiretor de produo editorial Lgia Alves

    Editora Thas de Camargo Rodrigues

  • Assistente editorial Aline Darcy Flr de SouzaProdutora editorial Clarissa Boraschi Maria

    Preparao de originais Ana Cristina Garcia / Maria IzabelBarreiros Bitencourt Bressan / Camilla Bazzoni de MedeirosArte e diagramao Cristina Aparecida Agudo de Freitas /

    Isabel Gomes CruzReviso de provas Rita de Cssia Queiroz Gorgati / Paula

    Brito Arajo / Willians CalazansServios editoriais Camila Artioli Loureiro / Maria Ceclia

    Coutinho MartinsCapa Ricardo Gomes Barbosa

    Produo grfica Marli RampimProduo eletrnica Ro Comunicao

    Data de fechamento da edio: 12-1-2012

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  • Nenhuma parte desta publicao poder serreproduzida por qualquer meio ou forma sem a prvia

    autorizao da Editora Saraiva.A violao dos direitos autorais crime estabelecido na

    Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do CdigoPenal.

  • PUBLICAES DO AUTOR

    1. Tratado de direito penal parte geral, 17 ed.,So Paulo, Saraiva, 2012, v. 1.

    2. Tratado de direito penal parte especial, 12 ed.,So Paulo, Saraiva, 2012, v. 2.

    3. Tratado de direito penal parte especial, 8 ed.,So Paulo, Saraiva, 2012, v. 3.

    4. Tratado de direito penal parte especial, 6 ed.,So Paulo, Saraiva, 2012, v. 4.

    5. Tratado de direito penal parte especial, 6 ed.,So Paulo, Saraiva, 2012, v. 5.

    6. Cdigo Penal comentado, 7 ed., So Paulo,Saraiva, 2012.

    7 . Falncia da pena de priso causas ealternativas, 4 ed., So Paulo, Saraiva, 2011.

    8 . Crimes contra o sistema financeiro nacional econtra o mercado de capitais (em coautoria comJuliano Breda), 2 ed., Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2011.

    9. Reforma penal material de 2009 crimes sexuais,sequestro relmpago, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2010.

    10. Erro de tipo e erro de proibio, 5 ed., SoPaulo, Saraiva, 2010.

    11. Crimes contra as finanas pblicas e crimes deresponsabilidade de prefeitos, 2 ed., So Paulo,Saraiva, 2010.

  • 12. Teoria geral do delito: uma viso panormica dadogmtica penal brasileira, Coimbra, AlmedinaEditora, 2007.

    13 . Novas penas alternativas, 3 ed., So Paulo,Saraiva, 2006.

    1 4 . Juizados Especiais Criminais Federais anlise comparativa das Leis 9.099/95 e 10.259/2001,2 ed., So Paulo, Saraiva, 2005.

    15. Direito penal econmico aplicado (em coautoriacom Andrei Z. Schmidt), Rio de Janeiro, Lumen Juris,2004.

    16. Teoria geral do delito (bilngue), em coautoriacom Francisco Muoz Conde, 2 ed., So Paulo, Saraiva,2004.

    17. Cdigo Penal anotado (em coautoria com Luiz R.Prado), So Paulo, Revista dos Tribunais.*

    18. Elementos de direito penal parte especial (emcoautoria com Luiz R. Prado), So Paulo, Revista dosTribunais.*

    19. Elementos de direito penal parte geral (emcoautoria com Luiz R. Prado), So Paulo, Revista dosTribunais.*

    20. Juizados Especiais Criminais e alternativas pena de priso, Porto Alegre, Livraria do AdvogadoEd.*

  • 21. Lies de direito penal, Porto Alegre, Livraria doAdvogado Ed.*

    22. Teoria geral do delito , So Paulo, Revista dosTribunais.*

    * Ttulos esgotados.

  • Aos meus pais,Getlio e Albertina,

    pelo esforo na minha formao.

  • ABREVIATURAS

    ADPCP Anuario de Derecho Penal y CienciasPenales (Espanha)AICPC Anuario del Instituto de Ciencias Penales yCriminolgicas (Venezuela)CF Constituio Federal do BrasilCLT Consolidao das Leis do TrabalhoCNT Cdigo Nacional de Trnsito, hoje Cdigo deTrnsito Brasileiro (CTB)COC Centro de Observao CriminolgicaCP Cdigo Penal brasileiroCPC Cuadernos de Poltica Criminal (Espanha)CPP Cdigo de Processo Penal brasileiroCTN Cdigo Tributrio NacionalDP Doctrina Penal ArgentinaIBCCrim Instituto Brasileiro de Cincias CriminaisILANUD Instituto Latinoamericano para laPrevencin del Delito y Tratamiento del Delincuente(ONU, Costa Rica)LCP Lei das Contravenes PenaisLEP Lei de Execuo PenalNPP Nuevo Pensamiento Penal (Argentina)PPU Promociones y Publicaciones UniversitariasREEP Revista de la Escuela de EstudiosPenitenciarios (Espanha)

  • REP Revista de Estudios Penitenciarios (Espanha)RIDP Revue International de Droit Pnal (Paris)RIPC Revista Internacional de Poltica Criminal(ONU)

  • NDICE

    Abreviaturas

    Nota do Autor 17 edio

    PRIMEIRA PARTEFUNDAMENTOS E HISTRIA DO DIREITO PENAL

    CAPTULO I | CONCEITO DE DIREITO PENAL1. Consideraes introdutrias2. Conceito de Direito Penal3. Caracteres do Direito Penal4. Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo5. Direito Penal comum e Direito Penal especial6. Direito Penal substantivo e Direito Penal adjetivo7. Direito Penal num Estado Democrtico de Direito

    CAPTULO II | PRINCPIOS LIMITADORES DOPODER PUNITIVO ESTATAL

    1. Consideraes introdutrias2. Princpio da legalidade e princpio da reservalegal

    2.1. Princpio da legalidade e as leisvagas, indeterminadas ou imprecisas

    3. Princpio da interveno mnima

  • 3.1. Princpio da fragmentariedade4. Princpio da irretroatividade da lei penal5. Princpio da adequao social6. Princpio da insignificncia7. Princpio da ofensividade8. Princpio de culpabilidade9. Princpio da proporcionalidade10. Princpio de humanidade

    CAPTULO III | HISTRIA DO DIREITO PENAL1. Consideraes introdutrias2. Direito Penal Romano3. Direito Penal Germnico4. Direito Penal Cannico5. Direito Penal comum6. Perodo humanitrio. Os reformadores

    6.1. Cesare de Beccaria6.2. John Howard6.3. Jeremias Bentham

    7. Histria do Direito Penal brasileiro7.1. Perodo colonial7.2. Cdigo Criminal do Imprio7.3. Perodo republicano7.4. Reformas contemporneas7.5. Perspectivas para o futuro

    CAPTULO IV | A EVOLUO EPISTEMOLGICA

  • DO DIREITO PENAL: PRIMEIRA FASE1. Consideraes introdutrias2. As correntes do pensamento positivista e suarepercusso na Cincia do Direito Penal3. Escola Clssica4. Escola Positiva

    4.1. Cesare Lombroso (1835-1909)4.2. Rafael Garofalo (1851-1934)4.3. Enrico Ferri (1856-1929)

    5. Terza scuola italiana6. Escola moderna alem7. Escola Tcnico-Jurdica8. Escola correcionalista9. Defesa social10. Crise do pensamento positivista

    CAPTULO V | A EVOLUO EPISTEMOLGICA DODIREITO PENAL: REFINAMENTO DAELABORAO JURDICO-DOGMTICA

    1. O modelo neokantista2. O ontologismo do finalismo de Welzel3. Ps-finalismo: o normativismo funcionalista

    3.1. O sistema teleolgico-funcional dedireito penal formulado por Roxin3.2. A radicalizao da sistemticafuncional na proposta de Jakobs

  • 3.3. Consideraes crticas

    CAPTULO VI | TEORIAS SOBRE FUNES, FINS EJUSTIFICAES DA PENA

    1. Generalidades2. Teorias sobre a pena3. Teorias absolutas ou retributivas da pena

    3.1. Teoria de Kant3.2. Teoria de Hegel3.3. Outras teses retribucionistas da pena3.4. Consideraes crticas

    4. Teorias relativas ou preventivas da pena4.1. A preveno geral

    4.1.1. A preveno geral negativa4.1.2. A preveno geral positiva4.1.3. A preveno geral positivafundamentadora

    4.2. A preveno especial5. A teoria mista ou unificadora da pena

    5.1. A teoria unificadora dialtica de Roxin6. Modernas teorias de justificao da pena6.1. A preveno geral positiva limitadora

    CAPTULO VII | SISTEMAS PENITENCIRIOS1. Sistema pensilvnico ou celular

    1.1. Origens histricas

  • 1.2. Caractersticas e objetivos do sistema2. Sistema auburniano

    2.1. Origens histricas2.2. Caractersticas e objetivos do sistema2.3. Sistemas pensilvnico e auburniano:semelhanas e diferenas

    3. Sistemas progressivos3.1. Sistema progressivo ingls ou marksystem3.2. Sistema progressivo irlands3.3. Sistema de Montesinos

    4. Algumas causas da crise do sistema progressivo

    CAPTULO VIII | A NORMA PENAL1. Consideraes preliminares2. Tcnica legislativa do Direito Penal: normasincriminadoras e no incriminadoras3. Fontes do Direito Penal4. Da interpretao das leis penais

    4.1. As diversas modalidades deinterpretao em matria penal

    4.1.1. Interpretao quanto s fontes:autntica, jurisprudencial edoutrinria4.1.2. Interpretao quanto aosmeios: gramatical, histrica, lgica e

  • sistemtica4.1.3. Interpretao quanto aosresultados: declarativa, extensiva erestritiva

    5. A analogia e sua aplicao in bonam partem5.1. Analogia e interpretao analgica:processo integrativo versus processointerpretativo5.2. Analogia in bonam partem

    6. Leis penais em branco7. Funes e contedo da norma penal

    CAPTULO IX | LEI PENAL NO TEMPO1. Consideraes introdutrias2. Princpios da lei penal no tempo

    2.1. Irretroatividade da lei penal2.2. Retroatividade e ultratividade da leimais benigna

    3. Hipteses de conflitos de leis penais no tempo4. Lei intermediria e conjugao de leis5. Leis excepcionais e temporrias6. Retroatividade das leis penais em branco7. Retroatividade e lei processual8. Tempo do crime

    8.1. Retroatividade da lei penal mais graveem crimes continuado ou

  • permanente: Smula 711 do STF

    CAPTULO X | LEI PENAL NO ESPAO1. Princpios dominantes2. Conceito de territrio nacional3. Lugar do crime4. Extraterritorialidade5. Lei penal em relao s pessoas

    5.1. Imunidade diplomtica5.2. Imunidade parlamentar5.3. Da imunidade parlamentar a partir daEmenda Constitucional n. 35/20015.4. A imunidade processual e prisional

    6. Extradio6.1. Conceito e espcies de extradio6.2. Princpios e condies da extradio6.3. Requisitos para a concesso deextradio6.4. Procedimento do processo deextradio6.5. Limitaes extradio

    7. Deportao e expulso8. O Tribunal Penal Internacional8.1. Tribunal Penal Internacional, priso perptua eprincpio de humanidade

    CAPTULO XI | CONFLITO APARENTE DE NORMAS

  • 1. Consideraes gerais2. Princpios regentes do conflito aparente denormas

    2.1. Princpio da especialidade2.2. Princpio da subsidiariedade2.3. Princpio da consuno

    3. Antefato e ps-fato impunveis

    SEGUNDA PARTETEORIA GERAL DO DELITO

    CAPTULO XII | A EVOLUO DA TEORIA GERALDO DELITO

    1. Consideraes preliminares2. O modelo positivista do sculo XIX3. O modelo neokantista4. O ontologismo do finalismo de Welzel5. Ps-finalismo: os modelos funcionalistas

    CAPTULO XIII | CONCEITO DE CRIME1. Antecedentes da moderna teoria do delito2. O conceito clssico de delito3. O conceito neoclssico de delito4. O conceito de delito no finalismo5. O conceito analtico de crime6. A definio legal de crime no Brasil

  • 7. Classificao das infraes penais7.1. Classificao tripartida e bipartida7.2. Crimes doloso, culposo epreterdoloso7.3. Crimes comissivo, omissivo ecomissivo-omissivo7.4. Crimes instantneo e permanente7.5. Crimes material, formal e de meraconduta7.6. Crimes de dano e de perigo7.7. Crimes unissubjetivo eplurissubjetivo7.8. Crimes unissubsistente eplurissubsistente7.9. Crimes comum, prprio e de moprpria7.10. Crimes de ao nica, de aomltipla e de dupla subjetividade

    CAPTULO XIV | A CONDUTA PUNVEL1. Consideraes gerais2. Teorias da ao

    2.1. Teoria causal-naturalista da ao2.2. Teoria final da ao2.3. Teoria social da ao

    2.3.1. Inconsistncia das

  • controvrsias entre as teorias final esocial do conceito de ao

    2.4. Teoria da ao significativa3. Ausncia de ao e de omisso4. Os sujeitos da ao

    4.1. Os sujeitos ativo e passivo da ao4.2. A pessoa jurdica como sujeito ativodo crime4.2.1. Responsabilidade penal nos crimescontra o sistema financeiro

    CAPTULO XV | A OMISSO E SUAS FORMAS1. Consideraes gerais2. Crimes omissivos prprios3. Crimes omissivos imprprios ou comissivos poromisso

    3.1. Pressupostos fundamentais do crimeomissivo imprprio

    4. Fontes originadoras da posio de garantidor4.1. Obrigao legal de cuidado, proteoou vigilncia4.2. De outra forma, assumir aresponsabilidade de impedir o resultado4.3. Com o comportamento anterior, cria orisco da ocorrncia do resultado

    CAPTULO XVI | RELAO DE CAUSALIDADE

  • 1. Consideraes gerais2. Teoria da equivalncia das condies ouconditio sine qua non3. Limitaes do alcance da teoria da conditio sinequa non

    3.1. Localizao do dolo e da culpa notipo penal3.2. Causas (concausas) absolutamenteindependentes

    3.2.1. Causas relativamenteindependentes

    3.3. Supervenincia de causarelativamente independente que, por sis, produz o resultado

    4. Outras teorias da causalidade5. A relevncia causal da omisso6. A teoria da imputao objetiva e mbito deaplicao

    6.1. Consideraes crticas

    CAPTULO XVII | TIPO E TIPICIDADE1. Fases da evoluo da teoria do tipo2. Tipo e tipicidade

    2.1. Noo de tipo2.2. Juzo de tipicidade2.3. Tipicidade

  • 2.4. Funes do tipo penal3. Bem jurdico e contedo do injusto4. Elementos estruturais do tipo

    CAPTULO XVIII | TIPO DE INJUSTO DOLOSO1. Tipo objetivo

    1.1. O autor da ao1.2. Ao ou omisso1.3. Resultado1.4. Nexo causal e imputao objetiva

    2. Tipo subjetivo2.1. Elemento subjetivo geral: dolo

    2.1.1. Definio de dolo2.1.2. Teorias do dolo2.1.3. Elementos do dolo2.1.4. Espcies de dolo: direto eeventual

    2.2. Elemento subjetivo especial do tipoou elemento subjetivo especial do injusto

    2.2.1. Delitos de inteno2.2.2. Delitos de tendncia2.2.3. Momentos especiais de nimo2.2.4. Especiais motivos de agir

    3. Erro de tipo4. Princpios da adequao social e dainsignificncia

  • 4.1. Princpio da adequao social4.2. Princpio da insignificncia

    CAPTULO XIX | TIPO DE INJUSTO CULPOSO1. Definio do tipo de injusto culposo2. Elementos do tipo de injusto culposo

    2.1. Inobservncia do cuidado objetivodevido e princpio da confiana2.2. Produo de um resultado e nexocausal2.3. Previsibilidade objetiva do resultado2.4. Conexo interna entre desvalor daao e desvalor do resultado

    3. Modalidades de culpa4. Espcies de culpa

    4.1. Culpa consciente ou comrepresentao4.2. Culpa inconsciente ou semrepresentao4.3. Culpa imprpria ou culpa porassimilao

    5. Distino entre dolo eventual e culpa consciente6. Concorrncia e compensao de culpas7. Crime preterdoloso e crime qualificado peloresultado

    CAPTULO XX | A ANTIJURIDICIDADE

  • 1. Consideraes gerais. Antecedentes daantijuridicidade2. Terminologia: antijuridicidade e injusto.Antinormatividade e antijuridicidade. Ilicitude eantijuridicidade3. Antijuridicidade formal e antijuridicidade material

    3.1. Concepo unitria deantijuridicidade

    4. Antijuridicidade genrica e antijuridicidadeespecfica

    4.1. Antijuridicidade penal eantijuridicidade extrapenal: ilicitude nicae independncia de instncias

    5. Desvalor da ao e desvalor do resultado

    CAPTULO XXI | CAUSAS DE JUSTIFICAO1. Excludentes de antijuridicidade ou causas dejustificao2. Elementos objetivos e subjetivos das causas dejustificao3. Consentimento do ofendido como causasupralegal de justificao4. Excesso nas causas de justificao5. Estado de necessidade

    5.1. Estado de necessidade justificantee estado de necessidade exculpante

  • 5.1.1. Estado de necessidade ecoliso de deveres

    5.2. Requisitos do estado de necessidade5.2.1. Existncia de perigo atual einevitvel5.2.2. Direito (bem jurdico) prprioou alheio5.2.3. No provocao voluntria doperigo5.2.4. Inevitabilidade do perigo poroutro meio5.2.5. Inexigibilidade de sacrifcio dobem ameaado5.2.6. Elemento subjetivo: finalidadede salvar o bem do perigo5.2.7. Ausncia de dever legal deenfrentar o perigo

    5.3. Causa de diminuio de pena(minorante)

    6. Legtima defesa6.1. Consideraes gerais6.2. Fundamento e natureza jurdica6.3. Conceito e requisitos

    6.3.1. Agresso injusta, atual ouiminente6.3.2. Direito (bem jurdico) prprio

  • ou alheio6.3.3. Meios necessrios, usadosmoderadamente (proporcionalidade)6.3.4. Elemento subjetivo: animusdefendendi

    6.4. Legtima defesa sucessiva e recproca6.5. Legtima defesa e estado denecessidade

    7. Outras excludentes de criminalidade7.1. Estrito cumprimento de dever legal7.2. Exerccio regular de direito7.3. Offendiculas7.4. O excesso nas causas de justificao luz da Reforma Penal de 1984

    CAPTULO XXII | A CULPABILIDADE1. Consideraes introdutrias2. Culpabilidade como predicado do crime3. Antecedentes das modernas teorias daculpabilidade4. Teoria psicolgica da culpabilidade

    4.1. Crtica teoria psicolgica5. Precursores da teoria psicolgico-normativa daculpabilidade6. Teoria psicolgico-normativa da culpabilidade

    6.1. Crtica teoria psicolgico-normativa

  • CAPTULO XXIII | TEORIA NORMATIVA PURA DACULPABILIDADE: SIGNIFICADO, CRISE EEVOLUO

    1. Consideraes genricas2. Definio e fundamento da culpabilidadenormativa pura3. Elementos da culpabilidade normativa pura

    3.1. Imputabilidade3.2. Possibilidade de conhecimento dailicitude do fato3.3. Exigibilidade de obedincia ao Direito

    4. A importncia da teoria finalista da ao para ateoria normativa pura da culpabilidade5. Os problemas do livre-arbtrio na fundamentaoda reprovao de culpabilidade6. Crise da teoria normativa pura da culpabilidade7. O conceito funcional de culpabilidade

    7.1. Culpabilidade e preveno na visode Roxin7.2. Culpabilidade e preveno na visode Jakobs

    8. A teoria da motivabilidade pelas normas

    CAPTULO XXIV | EXCLUDENTES DECULPABILIDADE

    1. Inimputabilidade e culpabilidade diminuda

  • 1.1. Imputabilidade e sistemas adotados1.2. Inimputabilidade

    1.2.1. Menoridade1.2.2. Doena mental oudesenvolvimento mental incompletoou retardado

    1.3. Culpabilidade diminuda1.4. Consequncias jurdico-penais

    2. Coao moral irresistvel e obedinciahierrquica

    2.1. Coao moral irresistvel2.2. Obedincia hierrquica

    2.2.1. Tratamento da obedinciahierrquica no Cdigo Penal Militar

    3. A emoo e a paixo4. A embriaguez e substncias de efeitos anlogos

    4.1. Generalidades e actio libera in causa4.2. Formas ou modalidades deembriaguez

    4.2.1. Embriaguez no acidental:intencional ou culposa4.2.2. Embriaguez acidental: casofortuito ou fora maior4.2.3. Embriaguez preordenada4.2.4. Embriaguez habitual epatolgica

  • 5. Erro de proibio6. Caso fortuito e fora maior

    CAPTULO XXV | ERRO DE TIPO E ERRO DEPROIBIO

    1. Consideraes introdutrias2. Ausncia de conhecimento da ilicitude eignorncia da lei3. Teorias do dolo e da culpabilidade4. Teoria dos elementos negativos do tipo5. Erro de tipo e erro de proibio

    5.1. Erro sobre elementos normativosespeciais da ilicitude

    6. Erro sobre pressuposto objetivo da causa dejustificao

    6.1. Um erro sui generis: consideraescrticas6.2. Erro culposo no se confunde comcrime culposo

    7. Modalidades de erro sobre a ilicitude7.1. Erro de proibio direto7.2. Erro mandamental7.3. Erro de proibio indireto

    8. A discutvel escusabilidade de determinadoserros

    CAPTULO XXVI | CRIME CONSUMADO E CRIME

  • TENTADO1. Crime consumado2. Tentativa3. Iter criminis4. Distino entre atos preparatrios e atosexecutrios5. Natureza e tipicidade da tentativa6. Elementos da tentativa7. Espcies ou formas de tentativas8. Punibilidade da tentativa9. Infraes que no admitem tentativa10. Desistncia voluntria11. Arrependimento eficaz12. Natureza jurdica da desistncia voluntria e doarrependimento eficaz13. Crime impossvel ou tentativa inidnea13.1. Punibilidade do crime impossvel14. Crime putativo15. Flagrante provocado

    CAPTULO XXVII | CONCURSO DE PESSOAS1. Introduo2. Teorias sobre o concurso de pessoas3. Causalidade fsica e psquica4. Requisitos do concurso de pessoas5. Autoria

  • 5.1. Conceito extensivo de autor5.2. Conceito restritivo de autor

    5.2.1. Teoria do domnio do fato6. Autoria mediata7. Coautoria8. Participao em sentido estrito

    8.1. Espcies de participao8.2. Fundamento da punibilidade daparticipao8.3. Princpio da acessoriedade daparticipao

    9. Concurso em crime culposo10. Concurso em crimes omissivos11. Autoria colateral12. Multido delinquente13. Participao impunvel14. Punibilidade do concurso de pessoas

    14.1. Participao de menor importncia14.2. Cooperao dolosamente distinta

    15. Comunicabilidade das circunstncias,condies e elementares

    TERCEIRA PARTECONSEQUNCIAS JURDICAS DO DELITO

    CAPTULO XXVIII | HISTRIA E EVOLUO DAPENA DE PRISO

  • 1. Consideraes introdutrias2. A Antiguidade3. A Idade Mdia4. A Idade Moderna5. Causas que levaram transformao da priso-custdia em priso-pena6. Incio e fim de um mito7. Anlise poltico-criminal da reincidncia8. O objetivo ressocializador na viso dacriminologia crtica

    8.1. Algumas sugestes de AlessandroBaratta para combater a delinquncia

    9. O objetivo ressocializador mnimo

    CAPTULO XXIX | PENAS PRIVATIVAS DELIBERDADE

    1. Consideraes gerais2. Recluso e deteno3. Regimes penais

    3.1. Regras do regime fechado3.2. Regras do regime semiaberto3.3. Regras do regime aberto3.4. Regras do regime disciplinardiferenciado

    4. Regime inicial5. Priso domiciliar

  • 6. Progresso e regresso6.1. Progresso

    6.1.1. A progresso nos crimeshediondos6.1.2. A progresso nos crimeshediondos a partir da Lei n. 9.455/976.1.3. Progresso de regime antes dotrnsito em julgado de decisocondenatria (Smula 716)

    6.2. Regresso6.3. Requisitos da progresso

    7. Exame criminolgico7.1. Exame criminolgico e exame depersonalidade7.2. Obrigatoriedade do examecriminolgico

    8. Detrao penal9. Trabalho prisional10. Remio pelo trabalho e pelo estudo

    10.1. Prtica de falta grave pode revogar aremio de at 1/3 (um tero) da penaremida

    11. Regime disciplinar diferenciado11.1. Consideraes preliminares11.2. A previso legal do regimedisciplinar diferenciado

  • CAPTULO XXX | PENAS RESTRITIVAS DEDIREITOS

    1. Consideraes gerais2. Antecedentes das penas alternativas3. Cominao e aplicao das penas alternativas4. Requisitos ou pressupostos necessrios substituio

    4.1. Novos aspectos nos critriosorientadores da substituio4.1.1. Substituio nos crimes culposos4.1.2. Substituio nas penas de at umano de priso4.1.3. Substituio nas penas de at seismeses de priso

    5. Espcies de penas restritivas5.1. Prestao pecuniria

    5.1.1. Definio e destinatrios daprestao pecuniria5.1.2. Injustificada limitao dacompensao: condenao emao reparatria5.1.3. Possibilidade de estender acompensao s conciliaescveis5.1.4. Sano penal fixada em salriosmnimos: duvidosa

  • constitucionalidade5.2. Perda de bens e valores

    5.2.1. Distino entre confisco-pena e confisco-efeito dacondenao5.2.2. Limites do confisco

    5.3. Prestao de outra natureza(inominada)

    5.3.1. Natureza consensual dessaconverso5.3.2. Converso somente daprestao pecuniria: seufundamento

    5.4. Limitao de fim de semana5.5. Prestao de servios comunidadeou a entidades pblicas5.6. Interdio temporria de direitos

    6. Penas restritivas como incidente de execuo7. Converso das penas restritivas de direitos

    7.1. Novos aspectos relativos converso

    7.1.1. Coercibilidade da converso7.1.2. Limite temporal da converso edetrao penal7.1.3. Ressalva: quantum mnimo deconverso

  • 7.1.4. Excluso das penas pecuniriasda conversibilidade pena depriso

    7.2. Causas gerais de converso7.3. Causas especiais de converso

    8. Consentimento do condenado9. Crimes hediondos e a Lei n. 9.714/9810. Conflito poltico-criminal entre as Leis n.9.714/98 e 9.099/95

    10.1. Leso corporal leve dolosa, ameaae constrangimento ilegal

    11. Limites das novas penas alternativas e asuspenso condicional do processo

    11.1. Divergncia quanto aos requisitosde admissibilidade

    12. Novas penas alternativas e priso processual:incompatibilidade

    CAPTULO XXXI | APLICAO SUBSTITUTIVADAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS NAS LEISN. 9.503/97 E 9.605/98

    1. Consideraes gerais2. Aplicao substitutiva ou alternativa das penasrestritivas de direitos no Cdigo de TrnsitoBrasileiro (Lei n. 9.503/97)

    2.1. Aplicao dos postulados da Lei n.

  • 9.099/95 nas infraes penais definidasno Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n.9.503/97)

    2.1.1. Crimes relacionados nopargrafo nico do art. 291 do CTB2.1.2. Natureza da ao penal doscrimes relacionados no pargrafonico do art. 291 do CTB

    3. Aplicao substitutiva ou alternativa das penasrestritivas de direitos nas infraes definidas naLei Ambiental (Lei n. 9.605/98)

    3.1. Aplicao dos postulados da Lei n.9.099/95 nas infraes penais definidas naLei Ambiental (Lei n. 9.605/98)

    3.1.1. A transao penal na nova LeiAmbiental3.1.2. Prvia composio ou prviareparao do dano3.1.3. Comprovada impossibilidadede composio do dano3.1.4. A suspenso condicional doprocesso3.1.5. Limites constitucionais datransao penal

    CAPTULO XXXII | OUTRAS PENASALTERNATIVAS

  • 1. Sntese dos fundamentos da Exposio deMotivos relativos aos aspectos vetados2. Razes dos vetos presidenciais3. Recolhimento domiciliar

    3.1. Priso domiciliar disciplinada na Leide Execuo Penal

    4. Advertncia, frequncia a curso e submisso atratamento

    4.1. A pena de advertncia4.2. Pena de frequncia a curso4.3. Pena de submisso a tratamento

    5. Advertncia e comparecimento a programa oucurso educativo (Lei n. 11.343/2006)

    5.1. Natureza jurdica das sanescominadas infrao cometida pelousurio de drogas5.2. Contedo da advertncia sobre osefeitos das drogas e da medida educativade comparecimento a programa ou cursoeducativo

    CAPTULO XXXIII | PENAS PECUNIRIAS1. Consideraes gerais2. Origens das penas pecunirias3. Conceito e tipos de penas pecunirias4. Origem do sistema dias-multa

  • 5. O Direito Penal positivo brasileiro5.1. Cominao e aplicao da pena demulta5.2. O sistema dias-multa5.3. Limites da pena de multa5.4. Dosimetria da pena de multa5.5. Multa substitutiva

    6. Aplicao na legislao extravagante7. Fase executria da pena pecuniria

    7.1. Pagamento da multa7.2. Formas de pagamento da multa7.3. Converso da multa na verso daReforma Penal de 1984

    8. A competncia para a execuo da pena de multa luz da Lei n. 9.268/969. A inevitvel prescrio durante a execuo

    CAPTULO XXXIV | APLICAO DA PENA1. Individualizao da pena2. Circunstncias e elementares do crime3. Circunstncias judiciais

    3.1. Circunstncias judiciais nosdenominados crimes societrios

    4. Circunstncias legais: atenuantes e agravantesgenricas

    4.1. Circunstncias preponderantes no

  • concurso de agravantes e atenuantes5. Causas de aumento e de diminuio da pena6. Dosimetria da pena

    6.1. Pena-base: circunstncias judiciais6.2. Pena provisria: agravantes eatenuantes

    6.2.1. Pena aqum do mnimo: umagarantia constitucional

    6.3. Pena definitiva

    CAPTULO XXXV | CONCURSO DE CRIMES1. Introduo2. Sistemas de aplicao da pena3. Espcies de concurso de crimes

    3.1. Concurso material3.2. Concurso formal3.3. Crime continuado

    3.3.1. Origem histrica3.3.2. Definio do crime continuado3.3.3. Natureza jurdica do crimecontinuado3.3.4. Teorias do crime continuado3.3.5. Requisitos do crimecontinuado3.3.6. Crime continuado especfico

    4. Dosimetria da pena no concurso de crimes

  • 5. Erro na execuo aberratio ictus5.1. Qualidades da vtima

    6. Resultado diverso do pretendido7. Limite de cumprimento da pena de priso

    CAPTULO XXXVI | SUSPENSO CONDICIONAL DAPENA

    1. Origem e desenvolvimento do instituto2. Conceito e denominao do instituto3. Natureza jurdica4. A suspenso condicional no Direito positivobrasileiro

    4.1. Requisitos ou pressupostosnecessrios4.2. Espcies de suspenso condicional

    4.2.1. Condies do sursis4.3. O perodo de prova

    4.3.1. Causas de revogaoobrigatria4.3.2. Causas de revogaofacultativa

    4.4. Prorrogao do perodo de prova5. Extino da pena privativa de liberdade

    CAPTULO XXXVII | LIVRAMENTO CONDICIONAL1. Origem e desenvolvimento do livramento

  • condicional2. Conceito e caracteres da liberdade condicional3. Natureza jurdica da liberdade condicional4. A liberdade condicional no Direito brasileiro5. Requisitos ou pressupostos necessrios

    5.1. Requisitos ou pressupostosobjetivos5.2. Requisitos ou pressupostossubjetivos5.3. Requisito especfico

    6. Condies do livramento condicional6.1. Condies de imposio obrigatria6.2. Condies de imposio facultativa

    7. Causas de revogao do livramento condicional7.1. Causas de revogao obrigatria7.2. Causas de revogao facultativa

    8. Suspenso do livramento condicional9. Efeitos de nova condenao10. Prorrogao do livramento e extino da pena

    CAPTULO XXXVIII | EFEITOS DA CONDENAO EREABILITAO

    1. Efeitos gerais2. Efeitos extrapenais

    2.1. Efeitos genricos2.2. Efeitos especficos

  • 2.3. Perda de cargo ou funo pblica, porcondenao criminal a pena inferior a umano

    3. Reabilitao3.1. Pressupostos e requisitosnecessrios3.2. Efeitos da reabilitao3.3. Revogao da reabilitao3.4. Competncia e recurso

    CAPTULO XXXIX | MEDIDAS DE SEGURANA1. Consideraes introdutrias2. Diferenas entre pena e medida de segurana3. Princpio da legalidade4. Pressupostos ou requisitos para aplicao damedida de segurana5. Espcies de medidas de segurana6. Tipos de estabelecimentos7. Prescrio e extino da punibilidade8. Prazo de durao da medida de segurana:limites mnimo e mximo9. Execuo, suspenso e extino da medida desegurana10. Substituio da pena por medida de segurana11. Verificao da cessao de periculosidade

    CAPTULO XL | A AO PENAL

  • 1. Consideraes introdutrias2. Espcies de ao penal

    2.1. Ao penal pblica2.2. Ao penal privada

    3. Representao criminal e requisio do Ministroda Justia

    3.1. Irretratabilidade da representao4. Decadncia do direito de queixa e derepresentao

    4.1. Renncia ao direito de queixa4.2. A renncia nos Juizados EspeciaisCriminais

    5. Perdo do ofendido5.1. Diviso, extenso e aceitao doperdo5.2. Limites temporais do perdo e darenncia

    CAPTULO XLI | DA EXTINO DA PUNIBILIDADE1. Consideraes gerais2. Causas extintivas da punibilidade

    2.1. Morte do agente2.2. Anistia, graa e indulto2.3. Abolitio criminis2.4. Prescrio, decadncia e perempo2.5. Renncia e perdo

  • 2.6. Retratao do agente2.7. Casamento do agente com a vtima2.8. Casamento da vtima com terceiro2.9. Perdo judicial

    CAPTULO XLII | PRESCRIO1. Consideraes introdutrias2. Fundamentos polticos da prescrio3. Espcies de prescrio

    3.1. Prescrio da pretenso punitiva3.1.1. Prescrio da pretensopunitiva abstrata3.1.2. Prescrio da pretensopunitiva retroativa3.1.3. Supresso de parcela daprescrio retroativa:inconstitucionalidade manifesta

    3.1.3.1. Supresso de parcela dolapso prescricional e violaodo princpio daproporcionalidade3.1.3.2. Violao da garantiaconstitucional da duraorazovel do processo

    3.1.4. Prescrio da pretensopunitiva intercorrente ou

  • subsequente3.2. Prescrio da pretenso executria

    4. Termo inicial da prescrio5. Causas modificadoras do curso prescricional

    5.1. Suspenso do prazo prescricional5.1.1. Novas causas suspensivas daprescrio5.1.2. Suspenso da prescrio nostermos do art. 366 do CPP: correoda Smula 415 do STJ

    5.2. Interrupo do prazo prescricional5.2.1. Recebimento da denncia:causas de rejeio e absolviosumria5.2.2. Recebimento da denncia:contraditrio antecipado e reflexosna prescrio

    5.3. Causas redutoras do prazoprescricional

    6. Prescrio da pena de multa

    Bibliografia

  • NOTA DO AUTOR 17 EDIO

    Alcanamos com esta publicao a 17 edio do 1volume do nosso Tratado de Direito Penal , o qualiniciamos, despretensiosamente, procurando somenteoferecer uma alternativa bibliogrfica aos nossosalunos de graduao.

    A preparao desta nova edio foi feita com opropsito de renovao, visando melhor compreensod o estgio atual da evoluo da Cincia do DireitoPenal, sem perder de vista a necessria anlise crticade como os avanos da dogmtica jurdico-penalrepercutem na aplicao prtica das normas contidas noCdigo Penal brasileiro.

    Sempre nos preocupamos em manter a atualidadedesta obra, registrando, ao longo dos ltimos 16 anos,as mais importantes transformaes produzidas tantono mbito do Direito Penal brasileiro como no mbito doDireito Penal Europeu continental. Tudo isso com oobjetivo de transmitir a todos os nossos leitores aimportncia de pensar e estruturar o Direito Penal apartir de uma lgica racional, argumentativa esistemtica, cuja origem remonta ao idealismo alemode finais do sculo XVIII, mas que ainda perdura nospases ocidentais cultivadores da dogmtica jurdico-penal, sob a gide legitimadora e limitadora dos valorese postulados do Estado Democrtico de Direito.

  • Com essa perspectiva, apresentamos, nesta edio,no s a atualizao de importantes reformaslegislativas, mas uma ampla reviso de temasfundamentais para a compreenso do Direito Penal,como, por exemplo: a evoluo epistemolgica doDireito Penal e o desenvolvimento da dogmtica, asmodernas teorias legitimadoras da pena, o alcance eaplicao prtica da teoria da imputao objetiva, osavanos no estudo da culpabilidade e no tratamentodo erro, entre tantos outros aspectos de especialtranscendncia para o estudioso da Cincia Penal. Osresultados alcanados so fruto de um longo perodode debates mantidos com uma de minhas maistalentosas discpulas, a Professora Luciana de OliveiraMonteiro, Doutora em Direito Penal pela UniversidadePablo de Olavide de Sevilha, a quem agradeo ainestimvel colaborao na reviso dos novoscontedos includos nesta edio. A professoraLuciana defendeu, no final do ano passado, sua Tese deDoutorado nessa universidade espanhola, obtendo anota mxima, com distino, de cuja banca examinadorativemos a honra de participar.

    Todo esse trabalho no teria sido feito sem oconstante apoio e estmulo de nossos leitores,professores, juristas e alunos deste imenso Brasil, quenos estimulam a continuar ampliando e aprofundando

  • nossos estudos, e de quem seremos eternos devedores!Braslia, escaldante vero de 2012.

  • Primeira Parte - FUNDAMENTOS E HISTRIA DODIREITO PENAL

    CAPTULO I - CONCEITO DE DIREITO PENAL

    Sumrio: 1. Consideraes introdutrias. 2.Conceito de Direito Penal. 3. Caracteres do DireitoPenal. 4. Direito Penal objetivo e Direito Penalsubjetivo. 5. Direito Penal comum e Direito Penalespecial. 6. Direito Penal substantivo e DireitoPenal adjetivo. 7. Direito Penal num EstadoDemocrtico de Direito.

    1. Consideraes introdutrias

    Falar de Direito Penal falar, de alguma forma, deviolncia. No entanto, modernamente, sustenta-se que acriminalidade um fenmeno social normal. Durkheim1afirma que o delito no ocorre somente na maioria dassociedades de uma ou outra espcie, mas sim em todasas sociedades constitudas pelo ser humano. Assim,para Durkheim, o delito no s um fenmeno socialnormal, como tambm cumpre outra funo importante,qual seja, a de manter aberto o canal de transformaesde que a sociedade precisa. Sob um outro prisma, pode-se concordar, pelo menos em parte, com Durkheim: asrelaes humanas so contaminadas pela violncia,

  • necessitando de normas que as regulem. E o fato socialque contrariar o ordenamento jurdico constitui ilcitojurdico, cuja modalidade mais grave o ilcito penal,que lesa os bens mais importantes dos membros dasociedade.

    Quando as infraes aos direitos e interesses doindivduo assumem determinadas propores, e osdemais meios de controle social mostram-seinsuficientes ou ineficazes para harmonizar o convviosocial, surge o Direito Penal com sua natureza peculiarde meio de controle social formalizado, procurandoresolver conflitos e suturando eventuais rupturasproduzidas pela desinteligncia dos homens.

    A denominao Direito Penal mais tradicional noDireito contemporneo, com larga utilizao,especialmente nos pases ocidentais. Direito Criminaltambm foi uma terminologia de grande aplicao,especialmente no sculo passado; hoje se encontra emdesuso, com exceo dos anglo-saxes, que preferem aexpresso criminal law. Durante sua evoluo foramsugeridas outras denominaes que, contudo, noobtiveram a preferncia doutrinria nem foram adotadaspelos ordenamentos positivos das naesdesenvolvidas2.

    2. Conceito de Direito Penal

  • O Direito Penal apresenta-se, por um lado, como umconjunto de normas jurdicas que tem por objeto adeterminao de infraes de natureza penal e suassanes correspondentes penas e medidas desegurana. Por outro lado, apresenta-se como umconjunto de valoraes e princpios que orientam aprpria aplicao e interpretao das normas penais3.Esse conjunto de normas, valoraes e princpios,devidamente sistematizados, tem a finalidade de tornarpossvel a convivncia humana, ganhando aplicaoprtica nos casos ocorrentes, observando rigorososprincpios de justia. Com esse sentido, recebe tambma denominao de Cincia Penal, desempenhandoigualmente uma funo criadora, liberando-se dasamarras do texto legal ou da dita vontade esttica dolegislador, assumindo seu verdadeiro papel,reconhecidamente valorativo e essencialmente crtico,no contexto da modernidade jurdica. Pois, comoesclarece Zaffaroni4, com a expresso Direito Penaldesignam-se conjunta ou separadamente duascoisas distintas: 1) o conjunto de leis penais, isto , alegislao penal; e 2) o sistema de interpretao dessalegislao, ou seja, o saber do Direito Penal.

    Direito Penal como ensinava Welzel5 aquelaparte do ordenamento jurdico que fixa as caractersticas

  • da ao criminosa, vinculando-lhe penas ou medidas desegurana. Ou, no magistrio de Mezger6, DireitoPenal o conjunto de normas jurdicas que regulam oexerccio do poder punitivo do Estado, associando aodelito, como pressuposto, a pena como consequncia.As definies de Direito Penal se sucedem, mantendo,de modo geral, a mesma essncia. Elencaremos,somente para consultas, outras definies semelhantes:Maggiore7, Direito Penal o sistema de normasjurdicas, por fora das quais o autor de um delito (ru) submetido a uma perda ou diminuio de direitospessoais; Cuello Caln8, Direito Penal o conjuntode normas estabelecidas pelo Estado que definem osdelitos, as penas e as medidas de correo e desegurana com as quais so sancionados.

    Na mesma direo seguem as definies dosprincipais penalistas ptrios: Magalhes Noronha9definia o Direito Penal como o conjunto de normasjurdicas que regulam o poder punitivo do Estado,tendo em vista os fatos de natureza criminal e asmedidas aplicveis a quem os pratica. Para FredericoMarques10, Direito Penal o conjunto de normas queligam ao crime, como fato, a pena como consequncia, edisciplinam tambm as relaes jurdicas da derivadas,para estabelecer a aplicabilidade de medidas de

  • segurana e a tutela do direito de liberdade em face dopoder de punir do Estado. E, acrescentava FredericoMarques, para dar uma noo precisa do Direito Penal, indispensvel que nele se compreendam todas asrelaes jurdicas que as normas penais disciplinam,inclusive as que derivam dessa sistematizaoordenadora do delito e da pena.

    3. Caracteres do Direito Penal

    O Direito Penal regula as relaes dos indivduos emsociedade e as relaes destes com a mesma sociedade.Como meio de controle social altamente formalizado,exercido sob o monoplio do Estado, a persecutiocriminis somente pode ser legitimamentedesempenhada de acordo com normas preestabelecidas,legisladas de acordo com as regras de um sistemademocrtico. Por esse motivo os bens protegidos peloDireito Penal no interessam ao indivduo,exclusivamente, mas coletividade como um todo. Arelao existente entre o autor de um crime e a vtima de natureza secundria, uma vez que esta no tem odireito de punir. Mesmo quando dispe da persecutiocriminis no detm o ius puniendi, mas to somente oius accusationis, cujo exerccio exaure-se com asentena penal condenatria. Consequentemente, oEstado, mesmo nas chamadas aes de exclusiva

  • iniciativa privada, o titular do ius puniendi, que tem,evidentemente, carter pblico.

    Mas, afinal, especificamente, o que deve distinguir oDireito Penal dos demais ramos do Direito? Qual deveser o seu critrio diferencial?

    Uma das principais caractersticas do modernoDireito Penal o seu carter fragmentrio, no sentido deque representa a ultima ratio do sistema para aproteo daqueles bens e interesses de maiorimportncia para o indivduo e a sociedade qualpertence. Alm disso, o Direito Penal se caracteriza pelaforma e finalidade com que exercita dita proteo.Quanto forma, o Direito Penal se caracteriza pelaimposio de sanes especficas penas e medidasde segurana como resposta aos conflitos que chamado a resolver. Quanto finalidade, existe hoje umamplo reconhecimento por parte da doutrina, comoveremos com maior detalhe no Captulo V, de que pormeio do Direito Penal o Estado tem o objetivo deproduzir efeitos tanto sobre aquele que delinque comosobre a sociedade que representa. Pode-se, nessesentido, afirmar que o Direito Penal caracteriza-se pelasua finalidade preventiva: antes de punir o infrator daordem jurdico-penal, procura motiv-lo para que delano se afaste, estabelecendo normas proibitivas ecominando as sanes respectivas, visando evitar a

  • prtica do crime. Tambm o Direito Penal, a exemplo dosdemais ramos do Direito, traz em seu bojo a avaliao emedio da escala de valores da vida em comum doindivduo, a par de estabelecer ordens e proibies aserem cumpridas. Falhando a funo motivadora danorma penal11, transforma-se a sano abstratamentecominada, atravs do devido processo legal, em sanoefetiva, tornando aquela preveno genrica, destinadaa todos, numa realidade concreta, atuando sobre oindivduo infrator, o que vem a ser caracterizado como afinalidade de preveno especial, constituindo amanifestao mais autntica do seu carter coercitivo.

    Mas, como dizia Magalhes Noronha12, o DireitoPenal cincia cultural normativa, valorativa e finalista.Na clssica diviso entre cincias naturais e culturais, oDireito Penal pertence a esta classe, qual seja, dascincias do dever ser e no do ser, isto , dascincias naturais.

    cincia normativa porque tem como objeto oestudo da norma, do Direito positivo e a sistematizaode critrios de valorao jurdica. Isto , a Cincia doDireito Penal tem como objeto o estudo do conjuntodos preceitos legais e dos critrios de ponderaojurdica que estruturam o dever-ser, bem como asconsequncias jurdicas do no cumprimento dospreceitos normativos, enquanto as cincias causais-

  • explicativas, como a Criminologia e a SociologiaCriminal, preocupam-se com a anlise da gnese docrime, das causas da criminalidade, numa interaoentre crime, homem e sociedade.

    Porm, a cincia penal, como dizia Welzel13, umacincia prtica est dirigida prxis no sporque serve administrao da Justia, mas tambmporque, num sentido mais profundo, constitui umateoria do atuar humano, justo e injusto, de forma que assuas razes atingem os conceitos fundamentais dafilosofia prtica. Assim, embora no se trate de umacincia experimental, o Direito Penal no deixa,modernamente, de preocupar-se com a gnese e com asconsequncias do crime, assumindo tambm umafuno criadora, preocupando-se no s com o campopuramente normativo, mas tambm com as causas dofenmeno criminal e o seu impacto sobre a sociedade.

    O Direito Penal tambm valorativo. Sua atuaoest pautada no em regras aritmticas sobre o que certo ou errado, mas, sim, a partir de uma escala devalores consolidados pelo ordenamento jurdico queintegra, os quais, por sua vez, so levados prtica pormeio de critrios e princpios jurdicos que so prpriosdo Direito Penal. Nesse sentido, o Direito Penalestabelece as suas prprias normas, que dispe emescala hierrquica, de tal forma que no resultem

  • incompatveis com as normas de naturezaconstitucional e supranacional. O Direito Penal temigualmente carter finalista, na medida em que visa proteo dos bens jurdicos fundamentais. Essacaracterstica pode ser tambm interpretada a partir daperspectiva funcional, incorporando ao mbito daspretenses do Direito Penal a garantia de sobrevivnciada ordem jurdica.

    E, finalmente, o Direito Penal sancionador, uma vezque protege a ordem jurdica cominando sanes. ODireito Penal, segundo Zaffaroni14, predominantemente sancionador e excepcionalmenteconstitutivo. Sancionador no sentido de que no criabens jurdicos, mas acrescenta a sua tutela penal aosbens jurdicos regulados por outras reas do Direito. Eser, ainda que excepcionalmente, constitutivo, quandoprotege bens ou interesses no regulados em outrasreas do Direito, como, por exemplo, a omisso desocorro, os maus-tratos de animais, as tentativasbrancas, isto , que no produzem qualquer leso etc.

    Na verdade, preciso reconhecer a naturezaconstitutiva e autnoma do Direito Penal e nosimplesmente acessria , pois mesmo quando tutelabens j cobertos pela proteo de outras reas doordenamento jurdico, ainda assim, o faz de formapeculiar, dando-lhes nova feio e com distinta

  • valorao15. Bettiol16, depois de analisar detidamente ocarter constitutivo, original e autnomo do DireitoPenal, conclui, afirmando: mister proclamar antes detudo a plena e absoluta autonomia do Direito Penal porrazes lgicas, ontolgicas e funcionais. Qualquer outraconsiderao peca por formalismo ou encontrajustificaes histricas apenas aparentes.

    4. Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo

    Tem-se definido o ordenamento jurdico-positivocomo o conjunto de normas criadas ou reconhecidaspor uma comunidade politicamente organizada quegaranta sua efetividade mediante a fora pblica17.

    O poder de criar ou de reconhecer eficcia a taisnormas um atributo da soberania, e sua positividadedepende de um ato valorativo da vontade soberana,que garanta seu cumprimento coercitivamente. ODireito positivo recebe esse nome exatamente pelo fatode que posto pelo poder poltico. Nesses termos,evidentemente que o Direito Penal Direito positivo,na medida em que a sua obrigatoriedade no dependeda anuncia individualizada dos seus destinatrios, masda vontade estatal soberana que o impe, e o seucumprimento est garantido pela coero, alis, com asua forma mais eloquente, que a pena.

  • E a noo de Direito Penal objetivo coincide,justamente, com a ideia de conjunto de normas penaispositivadas, isto , constitui-se do conjunto depreceitos legais que regulam o exerccio de ius puniendipelo Estado, definindo crimes e cominando asrespectivas sanes penais. Uma definio precisa arespeito a oferecida por Roxin, de acordo com o qualO Direito Penal se compe da soma de todos ospreceitos que regulam os pressupostos ouconsequncias de uma conduta cominada com umapena ou com uma medida de segurana18.

    O contedo especfico das normas penais e suainterpretao sero analisados no Captulo VI,entretanto, j aqui podemos adiantar que o Direito Penalobjetivo est formado por dois grandes grupos denormas: por um lado, por normas penais noincriminadoras que esto, em regra, localizadas na ParteGeral do Cdigo Penal, estabelecendo pautas para oexerccio do jus puniendi, que sero estudadas nestevolume 1 do nosso Tratado de Direito Penal, dedicado Parte Geral do Direito Penal material; por outro lado, oDireito Penal objetivo est formado por normas penaisincriminadoras, dispostas na Parte Especial do CdigoPenal, definindo as infraes penais e estabelecendo ascorrespondentes sanes, que sero estudadas nosdemais volumes do nosso Tratado de Direito Penal.

  • Por sua vez, o Direito Penal subjetivo19 emerge dobojo do prprio Direito Penal objetivo, constituindo-seno direito a castigar ou ius puniendi, cuja titularidadeexclusiva pertence ao Estado, soberanamente, comomanifestao do seu poder de imprio. O Direito Penalsubjetivo, isto , o direito de punir, limitado peloprprio Direito Penal objetivo, que, atravs das normaspenais positivadas, estabelece os lindes da atuaoestatal na preveno e persecuo de delitos. Almdisso, o exerccio do ius puniendi est limitado por umasrie de princpios e garantias asseguradosconstitucionalmente, como veremos com maior detalheno Captulo II.

    5. Direito Penal comum e Direito Penal especial

    Roberto Lyra20 definiu Direito Penal especial comouma especificao, um complemento do direito comum,com um corpo autnomo de princpios, com esprito ediretrizes prprias.

    O melhor critrio para distinguir Direito Penal comume Direito Penal especial, a nosso juzo, aconsiderao dos rgos que devem aplic-losjurisdicionalmente21: se a norma penal objetiva podeser aplicada atravs da justia comum, sua qualificaoser de Direito Penal comum; se, no entanto, somente

  • for aplicvel por rgos especiais, constitucionalmenteprevistos, trata-se de norma penal especial. Atendendoa esse critrio teremos, no Brasil, Direito Penal comum,Direito Penal Militar e Direito Penal Eleitoral. FredericoMarques e Damsio de Jesus22 no aceitam aclassificao do Direito Penal Eleitoral como DireitoPenal especial; o primeiro, porque a competncia daJustia Eleitoral para julgar crimes eleitorais complementar e acessria; o segundo, porque a quasetotalidade dos juzes eleitorais pertence justiacomum. A nosso juzo, contudo, tanto a Justia Militarquanto a Eleitoral so rgos especiais, com estruturasprprias e jurisdies especializadas; logo, ambascaracterizam a especialidade do Direito Penal.

    Cumpre destacar que a distino entre Direito Penalcomum e Direito Penal especial no deve serconfundida com legislao penal comum CdigoPenal e com legislao penal especial, tambmconhecida como legislao extravagante, que constituda pelos demais diplomas legais que no seencontram no Cdigo Penal.

    6. Direito Penal substantivo e Direito Penal adjetivo

    Esta uma distino j superada, mas que merece serlembrada. Direito Penal substantivo, tambm conhecido

  • como Direito material, o Direito Penal propriamentedito, constitudo tanto pelas normas que regulam osinstitutos jurdico-penais, definem as condutascriminosas e cominam as sanes correspondentes(Cdigo Penal), como pelo conjunto de valoraes eprincpios jurdicos que orientam a aplicao einterpretao das normas penais. Direito Penal adjetivo,ou formal, por sua vez, o Direito Processual, que tema finalidade de determinar a forma como deve seraplicado o Direito Penal, constituindo-se em verdadeiroinstrumento de aplicao do Direito Penal substantivo.

    bom salientar, como lembrava Asa23, que o DireitoPenal Processual possui autonomia e contedoprprios, no devendo ser considerado como integrantedo Direito Penal stricto sensu, e somente a utilizao,por algumas Universidades, como disciplinas de umamesma ctedra tem motivado essa conceituaounitria.

    7. Direito Penal num Estado Democrtico de Direito

    O Direito Penal pode ser concebido sob diferentesperspectivas, dependendo do sistema poltico por meiodo qual um Estado soberano organiza as relaes entreos indivduos pertencentes a uma determinadasociedade, e da forma como exerce o seu poder sobre

  • eles. Nesse sentido, o Direito Penal pode serestruturado a partir de uma concepo autoritria outotalitria de Estado, como instrumento de persecuoaos inimigos do sistema jurdico imposto, ou a partir deuma concepo Democrtica de Estado, comoinstrumento de controle social limitado e legitimado pormeio do consenso alcanado entre os cidados de umadeterminada sociedade.

    Tomando como referente o sistema poltico institudopela Constituio Federal de 1988, podemos afirmar,sem sombra de dvidas, que o Direito Penal no Brasildeve ser concebido e estruturado a partir de umaconcepo democrtica do Estado de Direito,respeitando os princpios e garantias reconhecidos nanossa Carta Magna. Significa, em poucas palavras,submeter o exerccio do ius puniendi ao imprio da leiditada de acordo com as regras do consensodemocrtico, colocando o Direito Penal a servio dosinteresses da sociedade, particularmente da proteo debens jurdicos fundamentais, para o alcance de umajustia equitativa.

    Nesse sentido, na exposio dos temas que compema Parte Geral do Direito Penal desde osFundamentos, passando pela Teoria Geral do Delito, ato estudo das Consequncias Jurdicas do Delito ,levaremos sempre em considerao esse desiderato; ou

  • seja, o propsito de defender um Direito Penal humano,legitimvel por meio do respeito aos direitos e garantiasindividuais, mesmo quando nos vejamos frustrados, naprtica, com a falta de recursos ou a m gesto naadministrao da Justia. Esse ponto de partida indicativo do nosso repdio quelas concepessociais comunitaristas, predominantementeimperialistas e autoritrias, reguladoras de vontades eatitudes internas, como ocorreu, por exemplo, com onacional-socialismo alemo. Esse tipo de propostaapoia-se na compreenso do delito como infrao dodever, desobedincia ou rebeldia da vontade individualcontra a vontade coletiva personificada na vontade doEstado. Entendimento que consideramos inadmissvel,inclusive quando a ideia de infrao de deverapresenta-se renovada pelo arsenal terico da vertentemais radical do pensamento funcionalista. Essa posturarevela o nosso posicionamento acerca da funo doDireito Penal num Estado Democrtico de Direito, qualseja, a proteo subsidiria de bens jurdicosfundamentais. Felizmente, esse entendimento vemsendo predominante na doutrina brasileira24.

    Essa viso do Direito Penal nos permitir deduzir,como veremos no prximo Captulo, os limites do poderpunitivo estatal. Contudo, para uma exata compreensodo significado e alcance dos princpios limitadores do

  • ius puniendi em um Estado Democrtico de Direito, necessrio explicar, ainda que de maneira sucinta, oconceito de bem jurdico para o Direito Penal.

    O bem jurdico no pode identificar-se simplesmentecom a ratio legis, mas deve possuir um sentido socialprprio, anterior norma penal e em si mesmo preciso,caso contrrio, no seria capaz de servir a sua funosistemtica, de parmetro e limite do preceito penal, e decontrapartida das causas de justificao na hiptese deconflito de valoraes25. Vejamos as etapas iniciais daconstruo desse entendimento.

    O conceito de bem jurdico somente aparece nahistria dogmtica em princpios do sculo XIX. Dianteda concepo dos iluministas, que definiam o fatopunvel como leso de direitos subjetivos, Feuerbachsentiu a necessidade de demonstrar que em todopreceito penal existe um direito subjetivo, do particularou do Estado, como objeto de proteo26. Binding, porsua vez, apresentou a primeira depurao do conceitode bem jurdico, concebendo-o como estado valoradopelo legislador. Von Liszt, concluindo o trabalhoiniciado por Binding, transportou o centro de gravidadedo conceito de bem jurdico do Direito subjetivo para ointeresse juridicamente protegido, com uma diferena:enquanto Binding ocupou-se, superficialmente, do bemjurdico, Von Liszt viu nele um conceito central da

  • estrutura do delito. Como afirmou Mezger, existemnumerosos delitos nos quais no possvel demonstrara leso de um direito subjetivo e, no entanto, se lesionaou se pe em perigo um bem jurdico27.

    Atualmente, o conceito de bem jurdico desempenhauma funo essencial de crtica do Direito Penal: porum lado, funciona como fio condutor para afundamentao e limitao da criao e formulao dostipos penais; por outro lado, auxilia na aplicao dostipos penais descritos na Parte Especial, orientando asua interpretao e o limite do mbito da punibilidade28.Ocorre que, diante do atual momento de expanso doDireito Penal, resulta, como mnimo, uma tarefacomplexa deduzir o conceito e contedo de bemjurdico, como objeto de proteo do Direito Penal. Comefeito, atravessamos um perodo de transio entre atradicional concepo pessoal de bem jurdico eposturas que prescindem do dogma do bem jurdicopara a legitimao do exerccio do ius puniendi estatal.

    De acordo com a teoria pessoal de bem jurdico,herdeira dos ideais liberais do Iluminismo, desenvolvidanotadamente por Hassemer, o bem jurdico deve serconcebido como um interesse humano concreto,necessitado de proteo pelo Direito Penal. Isto , comobens do homem, imprescindveis para a suasobrevivncia em sociedade, como a vida, a sade, a

  • liberdade ou a propriedade. Sob essa perspectiva, osbens jurdicos coletivos (por exemplo, a paz pblica oua sade pblica) somente sero admitidos como objetode proteo pelo Direito Penal, na medida em quepossam ser funcionais ao indivduo29. Dessa forma, oDireito Penal abarcaria essencialmente delitos deresultado e delitos de perigo que representassem umagrave ameaa para a incolumidade de bens jurdicosindividuais, operando como um limite claro e preciso dombito de incidncia do poder punitivo do Estado30.Com o fortalecimento do funcionalismo, passa-se aquestionar o entendimento restritivo sobre o conceitode bem jurdico; sustenta-se que o Direito Penal noestaria legitimado para atuar preventivamente frente aproblemas que afetassem as condies de convivnciaem sociedade, tais como os ataques e as ameaas aomeio ambiente, os atos terroristas, os abusos daatividade empresarial contra a fiabilidade e seguranadas transaes financeiras, ou das relaes deconsumo, entre outros.

    Com efeito, uma compreenso classificatria doconceito de bem jurdico, delimitadora a priori do quepode ou no ser conceituado como bem jurdico penal,vem fracassando na doutrina, porque se revela incapazde abarcar a compreenso do fenmeno delitivo que sevem impondo ultimamente por meio das linhas do

  • pensamento funcionalista. No significa, contudo,sentenciar de morte o conceito de bem jurdico, nem oabandono de sua funo crtica, pelo contrrio, aindahoje possvel sustentar que o conceito de bemjurdico desempenha um papel produtivo importante jno nvel primrio de averiguao da estrutura do delito,e, num segundo plano (no segundo nvel), nadeterminao do marco de aes compreendidas no tipocomo de menosprezo do bem jurdico31. Em outrostermos, o conceito de bem jurdico continua sendodeterminante no processo exegtico de determinao damatria proibida e da prpria estrutura do delito.

    Qual seria, ento, a formulao mais adequada doconceito de bem jurdico-penal, compatvel tanto com asua funo crtica e limitadora do exerccio do iuspuniendi estatal como com a perspectiva funcional,hoje predominante na concepo de sistema de DireitoPenal?

    Uma proposta interessante a formulada porSchnemann, para quem o bem jurdico penal deve serconceituado e compreendido como uma diretriznormativa que pode ser deduzida com apoio noraciocnio desenvolvido pela moderna filosofia dalinguagem32. Com efeito, para esse autor, se partirmosdo conceito de contrato social e da ideia de que oEstado deve assegurar a possibilidade de livre

  • desenvolvimento dos indivduos, possvel deduzir,por meio do mtodo analtico da filosofia da linguagem,as coordenadas do que o Estado pode proteger pormeio do Direito Penal, e do que no est legitimado aproteger33.

    Em uma linha similar, mas sem recorrer expressamenteao mtodo analtico da filosofia da linguagem, Roxindefende que: em um Estado democrtico de Direito,que o modelo de Estado que tenho como base, asnormas penais somente podem perseguir a finalidade deassegurar aos cidados uma coexistncia livre e pacficagarantindo ao mesmo tempo o respeito de todos osdireitos humanos. Assim, e na medida em que isso nopossa ser alcanado de forma mais grata, o Estado devegarantir penalmente no s as condies individuaisnecessrias para tal coexistncia (como a proteo davida e da integridade fsica, da liberdade de atuao, dapropriedade etc.), mas tambm das instituies estataisque sejam imprescindveis a tal fim (uma Administraoda justia que funcione, sistemas fiscais e monetriosintactos, uma Administrao sem corrupo etc.).Chamo bens jurdicos a todos os objetos que solegitimamente protegidos pelas normas sob essascondies34.

    Na nossa concepo essa a vertente mais adequadana conceituao de bem jurdico penal. E com essa base

  • defendemos que a exegese do Direito Penal estestritamente vinculada deduo racional daquelesbens essenciais para a coexistncia livre e pacfica emsociedade. O que significa, em ltima instncia, que anoo de bem jurdico-penal fruto do consensodemocrtico em um Estado de Direito. A proteo debem jurdico, como fundamento de um Direito Penalliberal, oferece, portanto, um critrio materialextremamente importante e seguro na construo dostipos penais, porque, assim, ser possvel distinguir odelito das simples atitudes interiores, de um lado, e, deoutro, dos fatos materiais no lesivos de bem algum35.O bem jurdico deve ser utilizado, nesse sentido, comoprincpio interpretativo do Direito Penal num EstadoDemocrtico de Direito e, em consequncia, como oponto de partida da estrutura do delito.

    Por outro lado, a viso do Direito Penal num EstadoDemocrtico de Direito condiciona, em grande medida,as funes que atribumos pena, temtica que serabordada com maior profundidade mais adiante, quandodo estudo das teorias da pena. Entretanto, podemosadiantar aqui o sentido que pretendemos atribuir sfunes da pena num Estado Democrtico de Direito.

    O Direito Penal, segundo sustentava Welzel, temfuno tico-social e funo preventiva. A funotico-social exercida por meio da proteo dos valores

  • fundamentais da vida social, que deve configurar-secom a proteo de bens jurdicos. Os bens jurdicos sobens vitais da sociedade e do indivduo, que merecemproteo legal exatamente em razo de sua significaosocial. O Direito Penal objetiva, assim, assegurar avalidade dos valores tico-sociais positivos e, aomesmo tempo, o reconhecimento e a proteo dessesvalores, que, em outros termos, caracterizam o contedotico-social positivo das normas jurdico-penais36. Asoma dos bens jurdicos constitui, afinal, a ordemsocial. O valor tico-social de um bem jurdico, noentanto, no determinado de forma isolada ouabstratamente; ao contrrio, sua configurao seravaliada em relao totalidade do ordenamento social.A funo tico-social inegavelmente a maisimportante do Direito Penal, e, baseada nela, surge asua segunda funo, que a preventiva.

    Na verdade, o Direito Penal protege, dentro de suafuno tico-social, o comportamento humano daquelamaioria capaz de manter uma mnima vinculao tico-social, que participa da construo positiva da vida emsociedade por meio da famlia, escola e trabalho. ODireito Penal funciona, num primeiro plano, garantindoa segurana e a estabilidade do juzo tico-social dacomunidade, e, em um segundo, reage, diante do casoconcreto, contra a violao ao ordenamento jurdico-

  • social com a imposio da pena correspondente.Orienta-se o Direito Penal, segundo a escala de valoresda vida em sociedade, destacando aquelas aes quecontrariam essa escala social, definindo-as comocomportamentos desvaliosos, apresentando, assim, oslimites da liberdade do indivduo na vida comunitria. Aviolao desses limites, quando adequada aosprincpios da tipicidade e da culpabilidade, acarretar aresponsabilidade penal do agente. Essa consequnciajurdico-penal da infrao ao ordenamento produz comoresultado ulterior o efeito preventivo do Direito Penal,que caracteriza a sua segunda funo.

    Enfim, para Welzel, o Direito Penal tem como objetivoa proteo dos valores tico-sociais da ordem social. Naverdade, a funo principal do Direito Penal, sustentavao catedrtico de Munich, a funo tico-social, e afuno preventiva surge como consequncia lgicadaquela. Essa orientao de Welzel foi duramentecombatida por grande parte da doutrina por priorizar afinalidade eticizante do Direito Penal, ignorando afuno protetora de bens jurdicos fundamentais, adespeito de ser acompanhado por grandesdoutrinadores, como Stratenwerth37, Jescheck38,Cerezo Mir39, entre outros. Defendendo-se dessaacusao, Welzel afirmava que a orientao quesustentava abrangia a proteo de bens jurdicos, que

  • apenas se concretizava pela proteo de valores tico-sociais40. Mais recentemente, Hassemer reconheceuque a viso de Welzel era mais abrangente na medidaem que visava proteo de bens jurdicos atravs daproteo de valores de carter tico-social41.

    A pena deve manter-se dentro dos limites do DireitoPenal do fato e da proporcionalidade, e somente podeser imposta mediante um procedimento cercado detodas as garantias jurdico-constitucionais. Hassemer42afirma que atravs da pena estatal no s se realiza aluta contra o delito, como tambm se garante ajuridicidade, a formalizao do modo social de sancionaro delito. No faz parte do carter da pena a funo deresposta ao desvio (o Direito Penal no somente umaparte do controle social). A juridicidade dessa resposta(o Direito Penal caracteriza-se por sua formalizao)tambm pertence ao carter da pena.

    A formalizao do Direito Penal tem lugar por meioda vinculao com as normas e objetiva limitar ainterveno jurdico-penal do Estado em ateno aosdireitos individuais do cidado. O Estado no pode ano ser que se trate de um Estado totalitrio invadir aesfera dos direitos individuais do cidado, ainda equando haja praticado algum delito. Ao contrrio, oslimites em que o Estado deve atuar punitivamente

  • devem ser uma realidade concreta. Esses limitesreferidos materializam-se atravs dos princpios dainterveno mnima, da proporcionalidade, daressocializao, da culpabilidade etc. Assim, oconceito de preveno geral positiva ser legtimodesde que compreenda que deve integrar todos esteslimites harmonizando suas eventuais contradiesrecprocas: se se compreender que uma razovelafirmao do Direito Penal em um Estado social edemocrtico de Direito exige respeito s referidaslimitaes43. A onipotncia jurdico-penal do Estadodeve contar, necessariamente, com freios ou limites queresguardem os inviolveis direitos fundamentais docidado. Este seria o sinal que caracterizaria o DireitoPenal de um Estado pluralista e democrtico. A pena,sob este sistema estatal, teria reconhecida, comofinalidade, a preveno geral e especial, devendorespeitar aqueles limites, alm dos quais h a negaode um Estado de Direito social e democrtico.

    Es s es princpios, que por opo poltico-criminaldenominamos limitadores do poder repressivo estatal,sero, em seu conjunto, examinados no prximoCaptulo.

  • 1. E. Durkheim, Las reglas del mtodo sociolgico,Espanha, Morata, 1978, p. 83.2. Dorado Montero, Direito protetor dos criminosos;De Lucca, Princpios de Criminologia; Puglia, Direitorepressivo etc.3. Santiago Mir Puig, Derecho Penal; Parte General, 8ed., Barcelona, Reppertor, 2010, p. 42-43.4. Zaffaroni, Manual de Derecho Penal, 6 ed., BuenosAires, Ediar, 1991, p. 41.5. Welzel, Derecho Penal alemn, 3 ed. castellana da12 ed. alemn, Santiago, Ed. Jurdica de Chile, 1987, p.11.6. Mezger, Tratado de Derecho Penal , 2 ed., Madrid,Revista de Derecho Privado, 1946, v. 1, p. 27-8.7. Maggiore, Diritto Penale, 5 ed., Bologna, Zanichelli,1949, v. 1, t. 1, p. 4.8. Cuello Caln, Derecho Penal, Barcelona, Bosch,1960, t. 1, p. 8.9. Magalhes Noronha, Direito Penal, 15 ed., SoPaulo, Saraiva, 1978, v. 1, p. 12.10. Frederico Marques, Curso de Direito Penal, SoPaulo, Saraiva, 1954, v. 1, p. 11.11. Muoz Conde, Derecho Penal y control social,Sevilla, Fundacin Universitaria de Jerez, 1995, p. 31 e s.

  • 12. Magalhes Noronha, Direito Penal, cit., v. 1, p. 5.13. Welzel, Derecho Penal alemn, cit., p. 11.14. Zaffaroni, Manual, cit., p. 57.15. Nesse sentido tambm o entendimento de PauloJos da Costa Jr., Curso de Direito Penal, So Paulo,Saraiva, 1991, v. 1, p. 3.16. Giuseppe Bettiol, Direito Penal, trad. Paulo Jos daCosta Jr. e Alberto Silva Franco, 2 ed., So Paulo,Revista dos Tribunais, v. 1, p. 114.17. M. Cobo del Rosal e R. S. Vives Antn, DerechoPenal; Parte General, 3 ed., Valencia, Tirant lo Blanch,1991, p. 33.18. Derecho Penal, Fundamentos. La estructura de lateora del delito, trad. Diego-Manuel Luzn Pena,Miguel Daz y Garca Conlledo y Javier de VicenteRemensal, Madrid, Civitas, 1997, t. I , p. 41.19. Anbal Bruno, Direito Penal, 3 ed., Rio de Janeiro,Forense, 1967, v. 1, p. 19.20. Roberto Lyra, Introduo ao estudo do DireitoCriminal, 1946, p. 52.21. Nesse sentido era o entendimento de MagalhesNoronha, Direito Penal, cit., v. 1, p. 9, e de FredericoMarques, Curso de Direito Penal, cit., p. 20.22. Frederico Marques, Curso de Direito Penal, cit., p.21, e Damsio E. de Jesus, Direito Penal, 12 ed., SoPaulo, Saraiva, 1988, v. 1, p. 8.

  • 23. Luiz Jimnez de Asa, Tratado de Derecho Penal, v.1, p. 49.24. Francisco de Assis Toledo, Princpios bsicos deDireito Penal, 5 ed., So Paulo, Saraiva, 1995, p. 3 e 6;Frederico Marques, Tratado de Direito Penal,Campinas, Millennium, 1999, v. III, p. 143; BasileuGarcia, Instituies de Direito Penal, 4 ed., So Paulo,Max Limonad, 1976, v. I, t. II, p. 406; Damsio E. deJesus , Direito Penal; Parte Geral, 19 ed., So Paulo,Saraiva, 1995, v. 1, p. 456-457.25. Jescheck, Tratado, p. 351-353.26. Jescheck, Tratado, cit., p. 350.27. Mezger, Tratado de Derecho Penal, v. I, p. 399.28. Esse o entendimento majoritrio da doutrinaespecializada. Veja a respeito Roland Hefendehl (ed.),La teora del bien jurdico, Fundamento delegitimacin del Derecho Penal o juego de abaloriosdogmtico?, Madrid-Barcelona, Marcial Pons, 2007.29. Winfried Hassemer, Puede haber delitos que noafecten a un bien jurdico penal?, trad. de BeatrizSpnola Trtaro, In: Roland Hefendehl (ed.), La teoradel bien jurdico, cit., p. 96, reiterou uma srie depostulados j conhecidos desde a formulao de suateoria pessoal do bem jurdico: a) o bem jurdico irrenuncivel como instrumento de poltica criminal, b)deveria estar centrado como ncleo negativo tradicional

  • de crtica ao Direito Penal, c) os bens jurdicos coletivosou universais so bens jurdicos em sentido penal, d) osbens universais devem ser funcionais pessoa, e) umapoltica criminal moderna e divagadora, com a utilizaode bens jurdicos vagos e generalizadores, produzdanos ao conceito tradicional de bem jurdico.30. Gerhard Seher, La legitimacin de normas penalesbasada en principios y el concepto de bien jurdico,In: Roland Hefendehl (ed.), La teora del bien jurdico,cit., p. 73-74.31. Bernd Schnemann, El principio de proteccin debienes jurdicos como punto de fuga de los lmitesconstitucionales de los tipos penales y de suinterpretacin, In: Roland Hefendehl (ed.), La teoradel bien jurdico, cit., p. 199.32. El principio de proteccin de bienes jurdicoscomo punto de fuga de los lmites constitucionales delos tipos penales y de su interpretacin, In: RolandHefendehl (ed.), La teora del bien jurdico, cit., p. 202-203.33. Confira a argumentao de Schnemann in RolandHefendehl (ed.), La teora del bien jurdico, cit., p. 200-226.34. Claus Roxin, Es la proteccin de bienes jurdicosuna finalidad del Derecho Penal? , In: RolandHefendehl (ed.), La teora del bien jurdico, cit., p. 447.

  • 35. Cobo del Rosal e Vives Antn, Derecho Penal, cit.,p. 247.36. Hans Welzel, Derecho Penal, p. 11-12.37. Stratenwerth, Derecho Penal, p. 2.38. Jescheck, Tratado de Derecho Penal, p. 7.39. Cerezo Mir, Curso de Derecho Penal, p. 19.40. Winfried Hassemer & Francisco Muoz Conde,Introduccin a la criminologa, Valencia, Tirant loBlanch, 1989, p. 100.41. Hassemer & Muoz Conde, Introduccin a lacriminologa, p. 101-102.42. Hassemer, Los fines de la pena, p. 136.43. Santiago Mir Puig, Los fines de la pena, cit., p. 58.

  • CAPTULO II - PRINCPIOS LIMITADORES DOPODER PUNITIVO ESTATAL

    Sumrio: 1. Consideraes introdutrias. 2.Princpio da legalidade e princpio da reserva legal.2.1. Princpio da legalidade e as leis vagas,indeterminadas ou imprecisas. 3. Princpio dainterveno mnima. 3.1. Princpio dafragmentariedade. 4. Princpio da irretroatividade dalei penal. 5. Princpio da adequao social. 6.Princpio da insignificncia. 7. Princpio daofensividade. 8. Princpio de culpabilidade. 9.Princpio da proporcionalidade. 10. Princpio dehumanidade.

    1. Consideraes introdutrias

    As ideias de igualdade e de liberdade, apangios doIluminismo, deram ao Direito Penal um carter formalmenos cruel do que aquele que predominou durante oEstado Absolutista, impondo limites intervenoestatal nas liberdades individuais. Muitos dessesprincpios limitadores passaram a integrar os CdigosPenais dos pases democrticos e, afinal, receberamassento constitucional, como garantia mxima derespeito aos direitos fundamentais do cidado.

    Hoje poderamos chamar de princpios reguladores do

  • controle penal, princpios constitucionais fundamentaisde garantia do cidado, ou simplesmente de PrincpiosFundamentais de Direito Penal de um Estado Social eDemocrtico de Direito. Todos esses princpios sogarantias do cidado perante o poder punitivo estatal eesto amparados pelo novo texto constitucional de1988. Eles esto localizados j no prembulo da nossaCarta Magna, onde encontramos a proclamao deprincpios como a liberdade, igualdade e justia, queinspiram todo o nosso sistema normativo, como fonteinterpretativa e de integrao das normasconstitucionais, orientador das diretrizes polticas,filosficas e, inclusive, ideolgicas da Constituio1,que, como consequncia, tambm so orientativas paraa interpretao das normas infraconstitucionais emmatria penal.

    Ademais, no art. 1, III, da Constituio, encontramosa declarao da dignidade da pessoa humana comofundamento sobre o qual se erige o Estado Democrticode Direito, o que representa o inequvocoreconhecimento de todo indivduo pelo nossoordenamento jurdico, como sujeito autnomo, capaz deautodeterminao e passvel de ser responsabilizadopelos seus prprios atos. Trazendo consigo aconsagrao de que toda pessoa tem a legtimapretenso de ser respeitada pelos demais membros da

  • sociedade e pelo prprio Estado, que no poderinterferir no mbito da vida privada de seus sditos,exceto quando esteja expressamente autorizado a faz-lo. De maneira similar, na declarao dos objetivosfundamentais da Repblica Federativa do Brasil,encontramos no art. 3, I, da Constituio, uma clarainteno que tambm orienta a atividade jurisdicionalem matria penal, qual seja, o propsito de construiruma sociedade livre e justa. Nesse sentido, tambmpodemos afirmar que entre os princpios norteadoresdas relaes internacionais estabelecidos no art. 4 daCons tituio, a prevalncia dos direitos humanosrepresenta um inquestionvel limite para o exerccio dopoder punitivo estatal, inclusive contra aqueles delitosque possuem um carter transfronteirio e,especialmente, para o cumprimento das medidas decooperao internacional em matria penal.

    Mas no art. 5 da nossa Carta Magna ondeencontramos princpios constitucionais especficos emmatria penal, cuja funo consiste em orientar olegislador ordinrio para a adoo de um sistema decontrole penal voltado para os direitos humanos,embasado em um Direito Penal da culpabilidade, umDireito Penal mnimo e garantista, como veremos nasseguintes epgrafes.

    2. Princpio da legalidade e princpio da reserva legal

  • A gravidade dos meios que o Estado emprega narepresso do delito, a drstica interveno nos direitosmais elementares e, por isso mesmo, fundamentais dapessoa, o carter de ultima ratio que esta intervenodeve ter, impem necessariamente a busca de umprincpio que controle o poder punitivo estatal e queconfine sua aplicao em limites que excluam todaarbitrariedade e excesso do poder punitivo2.

    O princpio da legalidade constitui uma efetivalimitao ao poder punitivo estatal. Embora seja hoje umprincpio fundamental do Direito Penal, seureconhecimento percorreu um longo processo, comavanos e recuos, no passando, muitas vezes, desimples fachada formal de determinados Estados3.Feuerbach, no incio do sculo XIX, consagrou oprincpio da legalidade atravs da frmula latina nullumcrimen, nulla poena sine lege. O princpio da legalidade um imperativo que no admite desvios nem excees erepresenta uma conquista da conscincia jurdica queobedece a exigncias de justia, que somente osregimes totalitrios o tm negado4.

    Em termos bem esquemticos, pode-se dizer que, peloprincpio da legalidade, a elaborao de normasincriminadoras funo exclusiva da lei, isto , nenhumfato pode ser considerado crime e nenhuma pena

  • criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrnciadesse fato exista uma lei definindo-o como crime ecominando-lhe a sano correspondente. A lei devedefinir com preciso e de forma cristalina a condutaproibida. Assim, seguindo a orientao moderna, aConstituio brasileira de 1988, ao proteger os direitos egarantias fundamentais, em seu art. 5, inc. XXXIX,determina que no haver crime sem lei anterior que odefina, nem pena sem prvia cominao legal.

    Quanto ao princpio de reserva legal, este significaque a regulao de determinadas matrias deve ser feita,necessariamente, por meio de lei formal, de acordo comas previses constitucionais a respeito. Nesse sentido,o art. 22, I, da Constituio brasileira estabelece quecompete privativamente Unio legislar sobre DireitoPenal.

    A adoo expressa desses princpios significa que onosso ordenamento jurdico cumpre com a exigncia desegurana jurdica postulada pelos iluministas. Almdisso, para aquelas sociedades que, a exemplo dabrasileira, esto organizadas por meio de um sistemapoltico democrtico, o princpio de legalidade e dereserva legal representam a garantia poltica de quenenhuma pessoa poder ser submetida ao poderpunitivo estatal, se no com base em leis formais quesejam fruto do consenso democrtico.

  • 2.1. Princpio da legalidade e as leis vagas,indeterminadas ou imprecisas

    Para que o princpio de legalidade seja, na prtica,efetivo, cumprindo com a finalidade de estabelecerquais so as condutas punveis e as sanes a elascominadas, necessrio que o legislador penal evite aomximo o uso de expresses vagas, equvocas ouambguas. Nesse sentido profetiza Claus Roxin,afirmando que: uma lei indeterminada ou imprecisa e,por isso mesmo, pouco clara no pode proteger ocidado da arbitrariedade, porque no implica umaautolimitao do ius puniendi estatal, ao qual se possarecorrer. Ademais, contraria o princpio da diviso dospoderes, porque permite ao juiz realizar a interpretaoque quiser, invadindo, dessa forma, a esfera dolegislativo5.

    Dessa forma, objetiva-se que o princpio delegalidade, como garantia material, oferea a necessriasegurana jurdica para o sistema penal. O que deriva nacorrespondente exigncia, dirigida ao legislador, dedeterminao das condutas punveis, que tambm conhecida como princpio da taxatividade ou mandatode determinao dos tipos penais.

    No se desconhece, contudo, que, por sua prprianatureza, a cincia jurdica admite certo grau deindeterminao, visto que, como regra, todos os

  • termos utilizados pelo legislador admitem vriasinterpretaes. De fato, o legislador no podeabandonar por completo os conceitos valorativos,expostos como clusulas gerais, os quais permitem, decerta forma, uma melhor adequao da norma deproibio com o comportamento efetivado. O tema,entretanto, pode chegar a alcanar proporesalarmantes quando o legislador utiliza excessivamenteconceitos que necessitam de complementaovalorativa, isto , no descrevem efetivamente aconduta proibida, requerendo, do magistrado, um juzovalorativo para complementar a descrio tpica, comgraves violaes segurana jurdica.

    Na verdade, uma tcnica legislativa correta eadequada ao princpio de legalidade dever evitarambos os extremos, quais sejam, tanto a proibio totalda utilizao de conceitos normativos gerais como oexagerado uso dessas clusulas gerais valorativas, queno descrevem com preciso as condutas proibidas.Sugere-se que se busque um meio-termo que permita aproteo dos bens jurdicos relevantes contra aquelascondutas tidas como gravemente censurveis, de umlado, e o uso equilibrado das ditas clusulas geraisvalorativas, de outro lado, possibilitando, assim, aabertura do Direito Penal compreenso e regulao darealidade dinmica da vida em sociedade, sem fissuras

  • com a exigncia de segurana jurdica do sistema penal,como garantia de que a total indeterminao serinconstitucional. Outra questo que sempre suscitouum amplo debate na doutrina se refere s dvidasquanto constitucionalidade das leis penais embranco. Tema que, mesmo estando relacionado com osprincpios de legalidade e de reserva legal, seranalisado, por questes didticas, quando do estudodas normas penais. Vrios critrios, arrolados por ClausRoxin6, vm sendo propostos para encontrar esseequilbrio, como, por exemplo: 1) Conforme o TribunalConstitucional Federal alemo, a exigncia dedeterminao legal aumentaria junto com a quantidadede pena prevista para o tipo penal (como se a legalidadefosse necessria somente para os delitos mais graves) ea consagrao pela jurisprudncia de uma leiindeterminada atenderia ao mandamento constitucional(ferindo o princpio constitucional da diviso dospoderes e a garantia individual). 2) Haveriainconstitucionalidade quando o legislador, dispondo dapossibilidade de uma redao legal mais precisa, no aadota. Embora seja um critrio razovel, ignora que nemtoda previso legal menos feliz pode ser tachada deinconstitucional. 3) O princpio da ponderao,segundo o qual os conceitos necessitados decomplementao valorativa sero admissveis se os

  • interesses de uma justa soluo do caso concreto forempreponderantes em relao ao interesse da seguranajurdica. Este critrio objetvel porque relativiza oprincpio da legalidade. Os pontos de vista da justia eda necessidade de pena devem ser considerados dentrodos limites da reserva legal, ou estar-se-ia renunciandoo princpio da determinao em favor das concepesjudiciais sobre a Justia. Enfim, todos esses critriossugeridos so insuficientes para disciplinar os limitesda permisso do uso de conceitos necessitados decomplementao mediante juzos valorativos, semviolar o princpio constitucional da legalidade.

    Por esse motivo, estamos de acordo com ClausRoxin7 quando sugere que a soluo correta dever serencontrada mediante os princpios da interpretao emDireito Penal. Segundo esses princpios, um preceitopenal ser suficientemente preciso e determinado se ena medida em que do mesmo se possa deduzir um clarofim de proteo do legislador e que, com segurana, oteor literal siga marcando os limites de uma extensoarbitrria da interpretao. No entanto, a despeito detudo, os textos legais em matria penal continuamabusando do uso excessivo de expresses valorativas,dificultando, quando no violando, os princpios delegalidade e da reserva legal.

    Mais recentemente, a Lei n. 10.792/2003, que altera

  • dispositivos da Lei n. 7.210/84, de Execuo Penal, aocriar o regime disciplinar diferenciado de cumprimentode pena, viola flagrantemente o princpio dalegalidade penal, criando, disfaradamente, umasano penal cruel e desumana sem tipo penal definidocorrespondente. O princpio de legalidade exige que anorma contenha a descrio hipottica docomportamento proibido e a determinao dacorrespondente sano penal, com alguma preciso,como forma de impedir a imposio a algum de umapunio arbitrria sem uma correspondente infraopenal. intolervel que o legislador ordinrio possaregular de forma to vaga e imprecisa o teor das faltasdisciplinares que afetam o regime de cumprimento depena, submetendo o condenado ao regime disciplinardiferenciado. O abuso no uso de expresses como altorisco para a ordem e a segurana do estabelecimentopenal ou recaiam fundadas suspeitas deenvolvimento ou participao (art. 52, 1 e 2), semdeclinar que tipo de conduta poderia criar o referidoalto risco ou caracterizar suspeitas fundadas,representa, portanto, uma flagrante afronta ao princpiode legalidade, especialmente no que diz respeito legalidade das penas, como demonstramos aoanalisarmos as penas privativas de liberdade.

    3. Princpio da interveno mnima

  • O princpio da legalidade impe limites ao arbtriojudicial, mas no impede que o Estado observada areserva legal crie tipos penais inquos e cominesanes cruis e degradantes. Por isso, impe-se anecessidade de limitar ou, se possvel, eliminar o arbtriodo legislador no que diz respeito ao contedo dasnormas penais incriminadoras.

    O princpio da interveno mnima, tambmconhecido como ultima ratio, orienta e limita o poderincriminador do Estado, preconizando que acriminalizao de uma conduta s se legitima seconstituir meio necessrio para a preveno de ataquescontra bens jurdicos importantes. Ademais, se outrasformas de sano ou outros meios de controle socialrevelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a suacriminalizao inadequada e no recomendvel.Assim, se para o restabelecimento da ordem jurdicaviolada forem suficientes medidas civis ouadministrativas, so estas as que devem serempregadas, e no as penais. Por isso, o Direito Penaldeve ser a ultima ratio do sistema normativo, isto ,deve atuar somente quando os demais ramos do Direitorevelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bensrelevantes na vida do indivduo e da prpria sociedade.Como preconizava Maurach, na seleo dos recursosprprios do Estado, o Direito Penal deve representar a

  • ultima ratio legis, encontrar-se em ltimo lugar e entrarsomente quando resulta indispensvel para amanuteno da ordem jurdica8. Assim, o Direito Penalassume uma feio subsidiria, e a sua interveno sejustifica quando no dizer de Muoz Conde fracassam as demais formas protetoras do bem jurdicoprevistas em outros ramos do direito9. A razo desseprincpio afirma Roxin radica em que o castigopenal coloca em perigo a existncia social do afetado, seo situa margem da sociedade e, com isso, produztambm um dano social10.

    Antes, portanto, de se recorrer ao Direito Penal deve-se esgotar todos os meios extrapenais de controlesocial, e somente quando tais meios se mostrareminadequados tutela de determinado bem jurdico, emvirtude da gravidade da agresso e da importnciadaquele para a convivncia social, justificar-se- autilizao daquele meio repressivo de controle social.

    Apesar de o princpio da interveno mnima ter sidoconsagrado pelo Iluminismo, a partir da RevoluoFrancesa, a verdade que, a partir da segunda dcadado sculo XIX, as normas penais incriminadorascresceram desmedidamente, a ponto de alarmar ospenalistas dos mais diferentes parmetros culturais11.Os legisladores contemporneos, nas mais diversas

  • partes do mundo, tm abusado da criminalizao e dapenalizao, em franca contradio com o princpio emexame, levando ao descrdito no apenas o DireitoPenal, mas a sano criminal, que acaba perdendo suafora intimidativa diante da inflao legislativareinante nos ordenamentos positivos.

    Hassemer, falando sobre um Direito PenalFuncional, particularmente sobre a modernacriminalidade, reflete: nestas reas, espera-se ainterveno imediata do Direito Penal, no apenasdepois que se tenha verificado a inadequao de outrosmeios de controle no penais. O venervel princpio dasubsidiariedade ou da ultima ratio do Direito Penal simplesmente cancelado para dar lugar a um DireitoPenal visto como sola ratio ou prima ratio na soluosocial de conflitos: a resposta surge para as pessoasresponsveis por estas reas cada vez maisfrequentemente como a primeira, seno a nica sadapara controlar os problemas12. Quando nos referimos proteo subsidiria de bens jurdicos como limite doius puniendi estatal, avanamos, portanto, ainda maisna restrio do mbito de incidncia do Direito Penal.Pois o carter subsidirio da proteo indica que