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MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA OUTUBRO/2001 OUTUBRO/2001 OUTUBRO/2001 OUTUBRO/2001 Ó Ó Í Í TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO

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MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

OUTUBRO/2001OUTUBRO/2001OUTUBRO/2001OUTUBRO/2001

ÓÓÓÓÓÓÓÓ ÍÍÍÍÍÍÍÍ

TTRRAANNSSPPOOSSIIÇÇÃÃOO DDEE ÁÁGGUUAASS

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MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

Ney Robinson SuassunaNey Robinson SuassunaNey Robinson SuassunaNey Robinson Suassuna Ministro de Estado da Integração Nacional

Alfredo SulzerAlfredo SulzerAlfredo SulzerAlfredo Sulzer Secretário de Infra-Estrutura Hídrica Gerente do Projeto São Francisco

João Urbano Cagnin João Urbano Cagnin João Urbano Cagnin João Urbano Cagnin Consultor

João Cézar PierobonJoão Cézar PierobonJoão Cézar PierobonJoão Cézar Pierobon Consultor

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –––– INPE INPE INPE INPE

Márcio Nogueira BarbosaMárcio Nogueira BarbosaMárcio Nogueira BarbosaMárcio Nogueira Barbosa Diretor

Volker W. J. H. KirchhoffVolker W. J. H. KirchhoffVolker W. J. H. KirchhoffVolker W. J. H. Kirchhoff Vice-Diretor

Fundação de Ciência e Tecnologia Espaciais Fundação de Ciência e Tecnologia Espaciais Fundação de Ciência e Tecnologia Espaciais Fundação de Ciência e Tecnologia Espaciais ---- FUNCATEFUNCATEFUNCATEFUNCATE

José de Anchieta Moura FéJosé de Anchieta Moura FéJosé de Anchieta Moura FéJosé de Anchieta Moura Fé

Presidente do Conselho Diretor

José Armando Varão Monteiro,José Armando Varão Monteiro,José Armando Varão Monteiro,José Armando Varão Monteiro, Coordenador Administrativo

Antônio Carlos VidonAntônio Carlos VidonAntônio Carlos VidonAntônio Carlos Vidon Coordenador Técnico

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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 01

1.1 O Porque da Transposição para o Nordeste Setentrional ....................................... 01

1.1.1 Anomalias, Ciclos, Escassez e Incertezas nas Chuvas do Nordeste....................... 01

1.1.2 Distribuição Espacial das Anomalias nas Chuvas do Nordeste ............................. 04

1.2 Abrangência dos Estudos ........................................................................................... 07

1.3 Bacias Beneficiárias do Projeto ................................................................................. 07

2. OBJETIVOS DO PROJETO........................................................................................ 12

2.1 Metas do Projeto ......................................................................................................... 12

2.2 Sinergias do Projeto.................................................................................................... 12

3. VAZÕES DO PROJETO .............................................................................................. 13

4. ALTERNATIVA SELECIONADA.............................................................................. 14

5. CONSEQUÊNCIAS PARA O RIO SÃO FRANCISCO ............................................ 14

5.1 No Setor Elétrico......................................................................................................... 15

5.2 No Setor de Irrigação.................................................................................................. 15

5.3 Na Navegação e na Pesca............................................................................................ 16

5.4 Nas Populações Ribeirinhas do Baixo São Francisco .............................................. 16

6. NECESSIDADES DIAGNOSTICADAS PARA O RIO SÃO FRANCISCO ........... 16

6.1 Ações Necessárias........................................................................................................ 17

6.2 Projeto Como Catalisador de Ações na Bacia do São Francisco ............................ 17

7. ANÁLISE ECONÔMICA E JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO .......... 17

7.1 Contextualização......................................................................................................... 17

7.1.1 Processo de Ocupação e Disparidades Regionais .................................................. 18

7.1.2 Efeitos Das Secas................................................................................................... 18

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7.1.3 Tentativas de Garantir a Disponibilidade de Água ................................................ 19

7.1.4 A Questão do Nordeste tem Repercussão Nacional............................................... 19

7.1.5 As Chances de Crescimento do Sertão .................................................................. 20

7.2 Abrangência do Empreendimento............................................................................. 21

7.3 Diretrizes e Objetivos ................................................................................................. 22

7.3.1 Função Social e Econômica................................................................................... 24

7.3.2 Sustentabilidade Ambiental ................................................................................... 24

7.3.3 Gestão Eficiente dos Recursos Hídricos ................................................................ 24

7.3.4 Avanço Tecnológico .............................................................................................. 25

7.4 Principais Características do Empreendimento....................................................... 25

7.5 Descrição dos Eixos..................................................................................................... 28

Oferta e Demanda — Déficit Hídrico – Sinergia - Bombeamento................................. 30

Oferta de Recursos Hídricos Superficiais............................................................................ 30

9.6.2 Operação Integrada dos Reservatórios Propostos.................................................. 32

7.6.2 Oferta de Recursos Hídricos Subterrâneos ............................................................ 44

7.6.3 Balanço Hídrico – Sinergia - Bombeamento ......................................................... 45

7.7 Vazões Médias Bombeadas ........................................................................................ 45

7.8 Vazões Máximas Diárias (Após o Ano 2025) ............................................................ 48

7.9 Operação do Sistema .................................................................................................. 49

7.10 Prazos e Custos............................................................................................................ 50

7.11 Atendimento da Demanda.......................................................................................... 51

7.12 Efeito Social................................................................................................................. 53

7.12.1 Crescimento de Emprego e Renda......................................................................... 54

7.12.2 Atração de Investimentos....................................................................................... 55

7.12.3 Atendimento ao Longo do Percurso dos Canais e dos Vales por Eles

Atravessados .......................................................................................................... 55

7.12.4 Redução do Êxodo Rural ....................................................................................... 55

7.12.5 Redução de Gastos com Secas............................................................................... 56

7.13 Viabilidade Ambiental................................................................................................ 56

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7.14 Viabilidade Econômica e Financeira......................................................................... 57

7.14.1 Resultados da Análise Econômica ...................................................................... 58

7.14.2 Resultados da Análise Financeira ...................................................................... 60

8. PRAZOS E CUSTOS ATUALIZADOS PELO PROJETO BÁSICO....................... 62

9. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 65

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QUADROS

QUADRO 1 -

Anos Classificados Segundo as Anomalias na Precipitação Total Observada de Fevereiro a Maio no Norte Semi-Árido do Nordeste do Brasil (n-NEB) (Média de Área de 67 Estações), com Indicação dos Anos Muito Secos, Secos, Normais, Chuvosos e Muito Chuvosos para a Série Agrupada em Períodos de 13 Anos.

QUADRO 2 - Municípios e Populações Beneficiados QUADRO 3 - Oferta e Demanda QUADRO 4 - Características dos Eixos Barráveis Identificados QUADRO 5 - Vazões Regularizáveis nas Seções dos Eixos Barráveis Identificados Considerando

sua Inserção na Infra-Estrutura Atual QUADRO 6 - Repartição dos Volumes Efluentes, Considerando a Operação com 905 de Garantia QUADRO 7 Impacto Cumulativo de Novas Intervenções a Montante de Açudes Existentes ou

Identificados – Garantia 90% QUADRO 8 - Impacto Cumulativo de Novas Intervenções a Montante de Açudes Existentes ou

Identificados – Garantia 99% QUADRO 9 - Custos Associados aos Eixos Barráveis QUADRO 10 - Caracterização Geotectônica e Litogógica da Subprovíncia Escudo Oriental

Nordeste, no Domínio das Bacias Hidrográficas Mapeadas QUADRO 11 - Estimativa de Custos do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco QUADRO 12 – Estimativa de Custos do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco

FIGURAS

FIGURA 1 - Nordeste e Polígono FIGURA 2 - Anomalias da precipitação observada no norte do Nordeste do Brasil (n-NEB)

(média de 67 estações) de 1914 a 1989 (média dos meses de fevereiro, março, abril e maio, em mm/mês), com a média móvel de cinco anos.

FIGURA 3 - Composição dos desvios médios da precipitação (mm) nos meses de fevereiro a

maio dos anos secos. FIGURA 4 - Composição dos desvios médios da precipitação (mm) nos meses de fevereiro a

maio dos anos chuvosos. FIGURA 5 - Área do Projeto

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FIGURA 6 - Bacias Atendidas pelo Projeto FIGURA 7 - Área de Influência do Projeto FIGURA 8 - Arranjo Esquemático dos Trechos do PTSF FIGURA 9 - Sistema Adutor Proposto – Eixos Norte e Leste FIGURA 10 - Esboço Geotectônico e Subprovíncias Hidrogeológicas do Pré-Cambriano

Nordestino FIGURA 11 - Histograma e Distribuição Exponencial de Probabilidade da Recarga Anual

(Recursos Renováveis) para o Conjunto dos Aqüíferos Existentes nas Bacias Hidrográficas Receptoras da Transposição

FIGURA 12 - Mecanismos do Crescimento Econômico

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS OBRAS

ANEXOS

ANEXO 1 – Municípios e Populações Beneficiadas ANEXO 2 – Mapas e Perfis dos Trechos

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1.1.1.1. INTRODUÇÃO

A transferência de águas do rio São Francisco para bacias adjacentes que exibem um déficit hídrico histórico tem a amplitude de um Projeto Nacional e insere-se na política de desenvolvimento e integração das comunidades assoladas pelas secas, articulando-se com o processo de produção e com a melhoria da qualidade de vida daqueles habitantes. Este Projeto não deve ser visto como a solução final dos problemas do Nordeste Setentrional; atenderá às necessidades de água de parte da população sujeita às secas e representa uma parcela importante de um conjunto de medidas necessárias ao desenvolvimento da região e resgate da chamada dívida do País com essa população.

O Projeto, concebido em 1985 no âmbito do extinto DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento, foi aperfeiçoado pelo extinto Ministério da Integração Regional, em 1994. Seus estudos foram retomados em 1997 pela Secretaria Especial de Políticas Regionais - SEPRE, no âmbito do Conselho de Governo e continuados pelo Ministério da Integração Nacional, a partir de agosto de 1999.

Foram contratados estudos adicionais complementares aos realizados anteriormente, aproveitando ao máximo os dados disponíveis, visando uma solução consensual para o Projeto, que atendesse tanto os Estados beneficiários fora da bacia do São Francisco - Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte -, como também o Estado de Pernambuco, dentro da Bacia do São Francisco.

1.11.11.11.1 O Porque da Transposição para o Nordeste SetentrionalO Porque da Transposição para o Nordeste SetentrionalO Porque da Transposição para o Nordeste SetentrionalO Porque da Transposição para o Nordeste Setentrional

Muitas são as razões, econômicas, sociais e humanas, que movem esse Projeto. E dizem da sua oportunidade. Mas, a seca é a razão fundamental. Pois, ela é o lado material, palpável, da carência e da necessidade que assola historicamente o semi-árido, quando a chuva não vem.

E muitas também são as razões que prioritariamente apontam para o semi-árido do Nordeste Setentrional para lá se resolver, como num primeiro passo, a questão dessa carência e dessa necessidade. E porque lá a severidade das secas torna essa carência e essa necessidade mais agudas do que em qualquer outro local no Nordeste, como há muito tempo já se sabe.

A nossa história nos conta que, desde os idos do Império, há a volta cíclica de uma idéia que permanentemente tem no semi-árido Setentrional o seu foco –– a idéia de se trazer para ali a água que de tempos em tempos lhe falta em maior grau do que em quaisquer outros sertões nordestinos.

1.1.11.1.11.1.11.1.1 Anomalias, Ciclos, Escassez e Incertezas nas Chuvas do NordesteAnomalias, Ciclos, Escassez e Incertezas nas Chuvas do NordesteAnomalias, Ciclos, Escassez e Incertezas nas Chuvas do NordesteAnomalias, Ciclos, Escassez e Incertezas nas Chuvas do Nordeste

O Nordeste do Brasil, localizado entre os paralelos 1 e 18o S e os meridianos 35 e 47o W , com uma área aproximada de 1,5 milhões de km2, é conhecido como uma região problemática do ponto de vista climático. Ali, a precipitação é muito variável, no espaço e no tempo, condicionando, com a sua incerteza, as atividades sócio-econômicas. Na maior parte dessa região, a precipitação é escassa. E, além disso, tem flutuações interanuais muito altas, não encontradas em outros lugares da parte oriental das Américas. Essa variabilidade causa secas severas e enchentes, às vezes vultosas, em anos diferentes. E algumas secas duram dois ou mais anos. Na área afetada pelas secas, chamada de ‘Polígono das Secas’ (Fig. 1), a precipitação total média anual é menor do que 800mm, caindo para 500mm no interior, com algumas localidades tendo precipitações da ordem de 300mm, como é o caso de Cabaceiras na Paraíba.

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Os fenômenos El Niño e Dipolo do Atlântico, caracterizados principalmente por variações nas temperaturas da superfície do mar, são os responsáveis por grande parte das flutuações da precipitação no Norte do Nordeste. Pois, correlações realizadas entre as precipitações ali observadas e as temperaturas da superfície do mar que ocorrem durante El Niños e Dipolos do Atlântico têm levado os pesquisadores a concluírem que mais de 90% da variabilidade das chuvas observadas no setentrião nordestino está ligada a esses fenômenos.

No lado direito da Figura 1, assinalam-se a distribuição espacial das precipitações médias anuais sobre o Nordeste, de acordo com Kousky e Chou (1978).

Cabe lembrar o exemplo recente dos impactos desses fenômenos que ocorrem nos oceanos Pacífico e Atlântico na grande seca de 1997/98, quando o El Niño se configurou como um dos mais fortes do século.

O fenômeno climático das secas no semi-árido tem merecido, ultimamente, um tratamento científico que utiliza um grande e complexo instrumental meteorológico.

Entretanto, na opinião unânime dos vários pesquisadores, apesar da sofisticação dos modelos de previsão, ainda não é possível, com antecedência segura, dizer se no Nordeste haverá ou não uma seca. Lida-se com fenômenos caóticos. E com fenômenos que se situam longínquamente ao Nordeste.

As secas lá , então, continuam sob o domínio da incerteza. Uma incerteza temporal pelo fato de não se saber quando elas sobrevêem. E uma incerteza espacial – por não se saber onde ocorrerão.

Muitos são os estudos que têm tentado dar alguma racionalidade a esse fenômeno. Dentre eles estão os métodos estatísticos que ilustram muito bem a periodicidade de sua ocorrência. O que, por si só, justificaria, do ponto de vista da natureza, a oportunidade do Projeto de Transposição. Pois, somente o perene e próximo São Francisco com uma transferência hídrica que pode ser totalmente controlada

> 10

8 - 10

6 - 8

< 6

< 4

Nordeste

Brasil

Figura 1 – Nordeste e Polígono

Precipitaçõesmm

> 1000800–1000

< 600

< 400

600–800

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pelo homem é capaz de compensar os efeitos danosos que essa mesma inescapável periodicidade natural sempre trouxe aos semi-áridos nordestinos, principalmente aqueles situados mais ao norte.

Estudos estatísticos foram realizados usando-se as séries de dados de precipitação de Fortaleza, Ceará. Markham (1974) encontrou tendências para oscilações de 26 anos, 13 anos, 4,7 anos, 3,8 anos e 26 meses, usando totais mensais de precipitação de 1849 a 1971. Seguindo essa idéia, Strang (1979) também encontrou tendências, na mesma série de dados (1849 – 1977), para oscilações de 26 anos, 13 anos e 26 meses. ( José Oribe R. de Aragão, 2000).

O Quadro 1 mostra os anos de 1914 a 1998 classificados segundo as anomalias na precipitação total observada de fevereiro a maio no Norte do Nordeste, em referência a uma série em períodos de 13 anos, usando a média diária de 67 localidades. E a Figura 2 representa a série histórica dessas anomalias de 1914 a 1989. Pode-se notar vários fatos nessa série: a impossibilidadeimpossibilidadeimpossibilidadeimpossibilidade de se determinarem quais os anos com mínimos na precipitação; variaçõesvariaçõesvariaçõesvariações na determinação do início ou término dos grupos de anos secos em até dois ou três anos; na maioria dos casos os anos secos se sucedem em pelo menos dois anos, com pelo menos um dos anos muito seco. (Aragão, 1988).

Quadro 1 – Anos Classificados Segundo as Anomalias na Precipitação Total Observada de Fevereiro a Maio no Norte Semi-Árido do Nordeste do Brasil (n-NEB) (Média de Área de 67 Estações), com Indicação dos Anos Muito Secos, Secos, Normais, Chuvosos e Muito Chuvosos para a Série Agrupada em Períodos de 13 Anos

ANO (INICIAL NA SÉRIE DE 13 ANOS)

ANOS SECOS ANOS NORMAIS ANOS CHUVOSOS

1919 1914*, 1915*, 1919* 1916, 1918, 1920, 1922, 1923, 1925

1917, 1921, 1924*,

1932 1928, 1930, 1931, 1932*, 1936

1927, 1933, 1937, 1938 1926*, 1929, 1934, 1935*

1945 1942, 1943, 1944, 1946, 1951*

1939, 1941, 1948, 1949, 1950

1940*, 1945, 1947

1958 1952, 1953*, 1954, 1955, 1958*, 1959

1956, 1957, 1961, 1962, 1963

1960, 1964*

1971 1970*, 1972 1965, 1966, 1969, 1971, 1973, 1976, 1977

1967, 1968*, 1974*, 1975

1984 1979, 1982, 1983* 1978, 1980, 1981, 1987, 1988

1984, 1985*, 1986*, 1989

1997 1992, 1993*, 1997, 1998*

1990, 1991, 1994, 1995, 1996

Obs.: * anos muitos secos ou muitos chuvosos.

Na realidade não se pode utilizar somente as séries estatísticas para se fazerem previsões climáticas, pois fazendo assim seria assumir que a série é estacionária. Um fato que se pode observar na Figura 2, que representa as anomalias de precipitação observada no norte do Nordeste do Brasil (n-NEB) (média de 67 estações) de 1914 a 1989 (média dos meses de fevereiro, março, abril e maio, em mm/mês), com a média móvel de cinco anos. Verifica-se aí que os picos máximos e mínimos não acontecem no mesmo espaço de tempo. O máximo que se pode fazer é assumir uma tendência de anos secos e chuvosos, sabendo que se poderá errar em dois ou três anos do início ao final dos anos anômaloserrar em dois ou três anos do início ao final dos anos anômaloserrar em dois ou três anos do início ao final dos anos anômaloserrar em dois ou três anos do início ao final dos anos anômalos e que, dentre o período de anos anômalos, poder-se-á ter anos normais ou anômalos na outra direção.(Aragão, 1988).

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Ou seja, as secas nordestinas são cíclicas. Estações secas e úmidas ali se revezam periodicamente. Mas, nada é certo. Periodicidade e incerteza continuarão a assolar os semi-áridos.

1.1.21.1.21.1.21.1.2 Distribuição Espacial das Anomalias das Chuvas do NordesteDistribuição Espacial das Anomalias das Chuvas do NordesteDistribuição Espacial das Anomalias das Chuvas do NordesteDistribuição Espacial das Anomalias das Chuvas do Nordeste

Uma composição de anos anômalos de acordo com dois grupos - anos com excesso e déficit de precipitação - foi realizada por Silva e Aragão (1998) . Essa metodologia permite determinar as sub-regiões do Nordeste onde as anomalias são maiores e, consequentemente, onde os impactos das secas, ou anos com excesso de chuvas, são mais sentidos.

Os dados de precipitação de 130 estações (De Brito et al., 1991) foram utilizados para a confecção de mapas dos totais normais mensais, e desvios absolutos da precipitação, mês a mês, durante o período de 1914 a 1989. De posse dos desvios absolutos de precipitação de 1914 a 1989, foram identificados aqueles anos de anomalias comuns, de modo a proceder uma composição de anos anômalos com respeito à precipitação. Os anos anômalos foram divididos em dois grupos: os anos com déficit, correspondendo a 1914, 15, 19, 28, 30, 31, 32, 36, 39, 41, 42, 43, 46, 51, 52, 53, 54, 58, 59, 70, 72, 79, 80, 81 82 e 83; e os anos com excesso, correspondendo a 1921, 24, 26, 29, 34, 35, 40, 45, 47, 60, 64, 67, 73, 74, 75, 84, 85, 86 e 88. A escolha desses anos se baseou no critério de que os meses centrais da quadra chuvosa (março e abril) apresentaram desvios significativos com relação à normal climatológica de 1914 a 1989. Foram calculadas anomalias (desvios com relação à média de 1914-89) dos anos com déficit ou com excesso de precipitação.

O ano de 1983 foi escolhido como um padrão das anomalias negativas de precipitação. Foi um ano muito seco. E o ano de 1974 foi selecionado como paradigma dos anos com excesso de precipitação.

Figura 2 – Anomalias da precipitação observada no norte do Nordeste do Brasil (n-NEB) (média de67 estações) de 1914 a 1989 (média dos meses de fevereiro, março, abril e maio, em mm/mês), com amédia móvel de cinco anos.

-150

-100

-50

0

50

100

150

1914 1920 1926 1932 1938 1944 1950 1956 1962 1968 1974 1980 1986

Ano

Desvio

Desvio Média móvel de 5 anos

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Mapas foram preparados para os conjuntos de meses compostos dos anos considerados secos e dos anos considerados chuvosos. A Figura 3 representa a composição da quadra chuvosa do semi-árido do NEB (fevereiro a maio) para os anos considerados secos. Em toda a região as anomalias são negativas e os valores máximos se encontram no norte do Piauí, noroeste e nordeste do Ceará, sertão paraibano e norte-riograndense e centro de Alagoas/Sergipe. Na Figura 4, que representa a composição da quadra chuvosa (fevereiro a maio) para os anos considerados chuvosos, a configuração é a mesma da Figura 3, agora com valores de anomalias positivas, ou seja o inverso dos anos secos.

Assim, os resultados gerais mostram que existem pelo menos quatro regiões com grandes variações de precipitação, tanto negativas como positivas, nos meses da quadra chuvosa do semi-árido do Nordeste do Brasil (fevereiro a maio): o norte do Piauí, o noroeste e nordeste do Ceará, os sertões da Paraíba e do Rio Grande do Norte e o centro de Alagoas e Sergipe. Essas regiões se destacam em anos com grandes déficits, ou com grandes excessos de chuvas, tanto nas médias anuais, quanto nas médias da quadra chuvosa dos anos considerados secos e chuvosos.

Aqui fica nitidamente demonstrada aquela tendência à maior criticidade do Nordeste Setentrional a apresentar maiores desvios no quantumquantumquantumquantum de chuva, tanto para anomalias que se observaram em anos secos (manchas vermelhas) quanto para as anomalias constatadas em anos úmidos (manchas azuis).

-48.00 -46.00 -44.00 -42.00 -40.00 -38.00 -36.00Longitude

-18.00

-16.00

-14.00

-12.00

-10.00

-8.00

-6.00

-4.00

-2.00

Latit

ude

a) Isoietas dos desvios

b) faixas de desvios em cores

Figura 3 – Composição dos desvios médios da precipitação (mm) nos meses de fevereiro a maio dos anos secos. A composição foi calculada tomando-se a média dos desvios absolutos dos meses de fevereiro, março, abril e maio dos anos secos (14, 15, 19, 28, 30, 31, 32, 36, 39, 41, 42, 43, 46, 51, 52, 53, 54, 58, 59, 70, 72, 79, 80, 81, 82 e 83). A série de precipitação abrange o período de 1914 a 1989.

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1.21.21.21.2 Abrangência dos EstudosAbrangência dos EstudosAbrangência dos EstudosAbrangência dos Estudos

Os estudos abrangeram uma avaliação detalhada da inserção regional do Projeto São Francisco e consideraram as disponibilidades hídricas efetivas e as demandas hídricas projetadas para o ano 2025, nas principais bacias dos rios intermitentes do Nordeste Setentrional.

Foram contratados os Estudos de Impacto Ambiental – EIA-RIMA, seguindo Termos de Referência elaborados pelo IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Os estudos de Viabilidade Técnico-Econômica e Projeto Básico foram desenvolvidos a partir de levantamentos cartográficos atualizados com tecnologia de ponta, e supervisionados pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Portanto, quatro módulos foram desenvolvidos paralela e articuladamente:

! Cartografia;

! Viabilidade Técnico-Econômica e Projeto Básico;

! Inserção Regional;

! Impacto Ambiental.

1.31.31.31.3 Bacias Beneficiárias do ProjetoBacias Beneficiárias do ProjetoBacias Beneficiárias do ProjetoBacias Beneficiárias do Projeto

-48.00 -46.00 -44.00 -42.00 -40.00 -38.00 -36.00Longitude

-18.00

-16.00

-14.00

-12.00

-10.00

-8.00

-6.00

-4.00

-2.00

Latit

ude

a) Isoietas dos desvios

b) faixas de desvios em cores

Figura 4 – Composição dos desvios médios da precipitação (mm) nos meses de fevereiro a maio dos anoschuvosos. A composição foi calculada tomando-se a média dos desvios absolutos dos meses defevereiro, março, abril e maio dos anos considerados chuvosos (1921, 24, 26, 29, 34, 35, 40, 45,47, 60, 64, 67, 73, 74, 75, 84, 85, 86 e 88). A série de precipitação abrange o período de 1914 a1989.

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Com o Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco serão beneficiados os Estados do Ceará, Ceará, Ceará, Ceará, Rio Grande do Norte e ParaíbaRio Grande do Norte e ParaíbaRio Grande do Norte e ParaíbaRio Grande do Norte e Paraíba, além do Estado de PernambucoPernambucoPernambucoPernambuco, dentro da bacia do São Francisco. No futuro, este modelo poderá ser a base para o desenvolvimento de projetos similares, visando atender a outras bacias hidrográficas e áreas do semi-árido brasileiro. No projeto atual, as bacias selecionadas como destinatárias dessas águas são:

CEARÁCEARÁCEARÁCEARÁ Rio Jaguaribe e bacias metropolitanas de Fortaleza, que são interligadas ao Jaguaribe através do Canal do Trabalhador. Nelas se encontram 23 médios e grandes açudes, dentre os quais destacam-se Orós e Castanhão (em construção);

RIO GRANDERIO GRANDERIO GRANDERIO GRANDE DO NORTEDO NORTEDO NORTEDO NORTE

Rio Apodi e Rio Piranhas-Açu, onde se concentram 20 açudes de médio e grande portes, como o Armando Ribeiro Gonçalves e Santa Cruz, este em obras;

PARAÍBAPARAÍBAPARAÍBAPARAÍBA Rio Piranhas e Rio Paraíba: 36 médios e grandes açudes, com destaque para Coremas-Mãe d’Água, Engenheiro Ávidos, Epitácio Pessoa (Boqueirão) e, em implantação, Acauã;

PERNAMBUCOPERNAMBUCOPERNAMBUCOPERNAMBUCO Rio Brígida e Rio Moxotó: 10 médios e grandes açudes, dentre os quais, Poço da Cruz, Chapéu e Entremontes.

A transferência das águas se fará através de dois eixos:

EIXO NORTEEIXO NORTEEIXO NORTEEIXO NORTE Interligando o São Francisco, na altura de Cabrobó (PE), às bacias dos rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN) e Piranhas/Açu (PB/RN), atendendo também a Bacia do Rio Brígida (PB);

EIXO LESTEEIXO LESTEEIXO LESTEEIXO LESTE Interligando o São Francisco, na altura do Reservatório de Itaparica, à Bacia do Rio Paraíba (PB), atendendo também à Bacia do Rio Moxotó (PE) e ao Agreste Pernambucano.

Nas áreas de influência do Projeto encontram-se cerca de 397 municípios, abrangendo cidades de pequeno, médio e grande porte. Centros urbanos regionais importantes, como Fortaleza/CE, Mossoró/RN, Campina Grande/PB, João Pessoa/PB, Recife/PE, Salgueiro/PE, Arcoverde/PE, Juazeiro do Norte/CE, Cajazeiras/PB e Sousa/PB, também deverão ser beneficiados pelo Projeto. A população residente nestas áreas, pelo Censo Demográfico de 2000, é de 14 milhões de habitantes.

O Quadro 2 a seguir apresentado sintetiza, por cada Estado das bacias receptoras, as seguintes informações: populações e municípios beneficiados direta e indiretamente; participação das populações e municípios beneficiados nos totais de cada Estado.

Em anexo, dá-se da relação detalhada dos municípios que serão beneficiados direta e indiretamente pelo Projeto.

As Figuras 5 e 6 a seguir, ilustram os dois eixos principais da transferência e os maiores açudes e cidades situados na rota do Projeto, que serão direta ou indiretamente por ele beneficiados.

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QUADRO 2 – MUNICÍPIOS E POPULAÇÃO BENEFICIADOS

NúmeroNúmeroNúmeroNúmero População ResidentePopulação ResidentePopulação ResidentePopulação Residente dededede Em 01.08.2000 (1)Em 01.08.2000 (1)Em 01.08.2000 (1)Em 01.08.2000 (1) EstadosEstadosEstadosEstados

MunicípiosMunicípiosMunicípiosMunicípios TotalTotalTotalTotal HomensHomensHomensHomens MulheresMulheresMulheresMulheres UrbanaUrbanaUrbanaUrbana RuralRuralRuralRural

Total dos Estados

Ceará 184 7.417.402 3.620.263 3.797.139 5.303.741 2.113.661 Rio Grande do Norte 166 2.770.730 1.355.994 1.414.736 2.030.585 740.145 Paraíba 223 3.436.718 1.667.731 1.768.987 2.441.633 995.085 Pernambuco 185 7.910.992 3.821.442 4.089.550 6.052.142 1.858.850 Total 758 21.535.842 10.465.430 11.070.412 15.828.101 5.707.741

Municípios Beneficiados Diretamente (MBD)

Ceará 21 535.330 263.270 272.060 280.342 254.988 Rio Grande do Norte 17 202.443 100.539 101.904 129.778 72.665 Paraíba 35 426.302 207.870 218.432 255.328 170.974 Pernambuco 31 3.226.750 1.532.108 1.694.642 2.856.027 370.723 Total 104 4.390.825 2.103.787 2.287.038 3.521.475 869.350

Municípios Beneficiados Indiretamente (MBI)

Ceará 68 4.320.369 2.089.065 2.231.304 3.562.104 758.265 Rio Grande do Norte 57 774.777 381.107 393.670 576.077 198.700 Paraíba 101 2.122.668 1.020.503 1.102.165 1.704.760 417.908 Pernambuco 67 2.454.637 1.195.484 1.259.153 1.832.897 621.740 Total 293 9.672.451 4.686.159 4.986.292 7.675.838 1.996.613

Municípios Beneficiados Totais (MBD + MBI)

Ceará 89 4.855.699 2.352.335 2.503.364 3.842.446 1.013.253 Rio Grande do Norte 74 977.220 481.646 495.574 705.855 271.365 Paraíba 136 2.548.970 1.228.373 1.320.597 1.960.088 588.882 Pernambuco 98 5.681.387 2.727.592 2.953.795 4.688.924 992.463 Total 397 14.063.276 6.789.946 7.273.330 11.197.313 2.865.963

Relação entre Municípios Beneficiados Diretamente e Total de Municípios do Estado - %

Ceará 11,41% 7,22% 7,27% 7,16% 5,29% 12,06% Rio Grande do Norte 10,24% 7,31% 7,41% 7,20% 6,39% 9,82% Paraíba 15,70% 12,40% 12,46% 12,35% 10,46% 17,18% Pernambuco 16,76% 40,79% 40,09% 41,44% 47,19% 19,94% Total 13,72% 20,39% 20,10% 20,66% 22,25% 15,23%

Relação entre Municípios Beneficiados Indiretamente e Total de Municípios do Estado - %

Ceará 36,96% 58,25% 57,70% 58,76% 67,16% 35,87% Rio Grande do Norte 34,34% 27,96% 28,11% 27,83% 28,37% 26,85% Paraíba 45,29% 83,28% 61,19% 62,30% 69,82% 42,00% Pernambuco 36,22% 31,03% 31,28% 30,79% 30,29% 33,45% Total 38,65% 44,91% 44,78% 45,04% 48,50% 34,98%

Relação entre Municípios Beneficados e Total de Municípios do Estado - %

Ceará 48,37% 65,46% 64,98% 65,93% 72,45% 47,94% Rio Grande do Norte 44,58% 35,27% 35,52% 35,03% 34,76% 36,66% Paraíba 60,99% 74,17% 73,66% 74,65% 80,28% 59,18% Pernambuco 52,97% 71,82% 71,38% 72,23% 77,48% 53,39% Total 52,37% 65,30% 64,88% 65,70% 70,74% 50,21% Fontes: IBGE, Censo Demográfico 2000. (1) Resultados Preliminares.

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2.2.2.2. OBJETIVOS DO PROJETO

O Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco tem como meta principal a eliminação dos constrangimentos do acesso à água de boa qualidade por parcela expressiva da população brasileira. O Projeto visa o aumento da garantia do suprimento hídrico, sem a qual o desenvolvimento sustentável não se realiza. O Projeto é conceitualmente atado à utilização eficaz e racional dos recursos hídricos locais, originários das bacias dos rios intermitentes a serem beneficiadas.

2.12.12.12.1 Metas do ProjetoMetas do ProjetoMetas do ProjetoMetas do Projeto

Aproveitamento Aproveitamento Aproveitamento Aproveitamento Eficiente da ÁguaEficiente da ÁguaEficiente da ÁguaEficiente da Água

Viabilização mais efetiva do aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis nas bacias receptoras e armazenados através da açudagem. Recurso este indispensável, mas que, dada a inviabilidade de se prever o regime de chuvas no clima do semi-árido a longo prazo, não alcança os níveis de eficiência desejados. Em conseqüência, os grandes açudes, que disponibilizam a água durante as freqüentes secas interanuais, são operados conservadoramente, sempre à espera de uma seca prolongada que não se sabe quando ocorrerá. Com isso, em vez de se poder utilizar efetivamente a água armazenada, proporciona-se elevadas perdas por evaporação, que superam usualmente a quantidade de água disponibilizada para uso múltiplo;

Garantia de ÁguaGarantia de ÁguaGarantia de ÁguaGarantia de Água Distribuição da água com garantia em eixos hídricos estratégicos, viabilizando o suprimento das populações localizadas ao longo dos seus traçados, nas principais bacias dos rios intermitentes brasileiros;

QualiQualiQualiQualidade da Águadade da Águadade da Águadade da Água Potencialização dos benefícios ecológicos de uma maior permanência da umidade nas calhas fluviais no semi-árido, bem como garantia de melhor qualidade da água nos açudes, beneficiando seus usuários;

Gestão da ÁguaGestão da ÁguaGestão da ÁguaGestão da Água Modernização da gestão dos recursos hídricos locais, através da indução do mecanismo de cobrança pelo uso da água bruta proporcionada pelo Projeto.

2.22.22.22.2 Sinergias do ProjetoSinergias do ProjetoSinergias do ProjetoSinergias do Projeto

O conceito do Projeto pode ser sintetizado segundo a sinergia que proporciona com os recursos hídricos locais das bacias beneficiárias e que se manifesta em três níveis distintos. A primeira forma de sinergia é alcançada através do ganho de água oriunda das próprias bacias receptoras, que deixa de ser evaporada ou sangrada nos grandes açudes, porque eles podem, com o Projeto, ser operados sem o receio de que falte água no futuro. Esvaziando-se mais os açudes na operação normal programada, não só se reduzem as superfícies de evaporação (e conseqüente perda de água), como também se possibilita que, no início do período chuvoso, o açude tenha maior volume a ser re-enchido. Aproveitando, portanto, os volumes de enchente que passam a ficar retidos em vez de sangrar para o mar (perdas por excesso de água, nos anos chuvosos).

Assim, a transferência hídrica não só pode assegurar a recuperação dos volumes dos grandes açudes em caso de seca, como também assegurar diretamente as vazões demandadas nos rios, caso não haja interligação direta com o açude e ele venha a ser operado em paralelo ao eixo do Projeto. Nesse último caso, as águas transferidas não reencheriam os açudes, que aguardariam o próximo período chuvoso,

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mas permitiriam que pudessem ser operados de maneira menos conservadora, atendendo, com garantia, às demandas deles dependentes.

A segunda forma de sinergia hídrica ocorre através da melhoria da qualidade da água dos açudes que, por ser renovada com maior freqüência, terá sua salinidade reduzida. Com isso, poderão ser recuperados perímetros irrigados salinizados e beneficiado o saneamento básico para as populações.

A terceira forma de sinergia do Projeto traduz-se por ser um indutor da outorga e cobrança pela água bruta nas bacias beneficiárias, na medida que parcela expressiva dessa água terá que ser paga pelos beneficiários, garantindo a sustentabilidade operacional do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco . Com isso, deverão ser reduzidos os desperdícios e utilizadas melhores tecnologias pelos usuários.

3.3.3.3. VAZÕES DO PROJETO

A vazão máxima a ser transferida pelo Projeto será de 89 m³/s (Eixo Norte) e de 10 m³/s (Eixo Leste), valores equivalentes a projetos de irrigação em instalação na Bacia do São Francisco. Outros 28 m³/s serão destinados ao Estado de Pernambuco na Bacia do São Francisco. Considerando que não haverá bombeamento máximo quando os açudes principais estiverem cheios, a vazão média transposta será cerca de 50 m³/s no final do Projeto.

Além de atender às demandas de saneamento básico e aos objetivos de garantia da sustentabilidade mínima à economia regional, a vazão da transferência deverá garantir um nível adequado de atendimento às populações rurais ribeirinhas sujeitas aos efeitos nefastos das secas. As metas de irrigação a médio prazo (2025) dos Estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte estarão restringidas em caso de não-utilização de tecnologias poupadoras de água ou gestão não otimizada de seus recursos hídricos.

Com o objetivo de se dar flexibilidade operacional ao Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco , em vista das demandas identificadas nas diferentes bacias beneficiárias, foi consensualmente adotada a seguinte distribuição de vazões:

VAZÕES POR ESTADO (VAZÕES POR ESTADO (VAZÕES POR ESTADO (VAZÕES POR ESTADO (m³/s)m³/s)m³/s)m³/s)

EIXO NORTEEIXO NORTEEIXO NORTEEIXO NORTE EIXO LESTEEIXO LESTEEIXO LESTEEIXO LESTE TOTALTOTALTOTALTOTAL

Paraíba 10 m³/s 10 m³/s 20 m³/s Ceará 40 m³/s - 40 m³/s Rio Grande do Norte 39 m³/s - 39 m³/s Total TransferidoTotal TransferidoTotal TransferidoTotal Transferido 89 m³/s89 m³/s89 m³/s89 m³/s 10 m³/s10 m³/s10 m³/s10 m³/s 99 m³/s99 m³/s99 m³/s99 m³/s Pernambuco 10 m³/s 18 m³/s(*) 28 m³/s

TOTALTOTALTOTALTOTAL 99 m³/s99 m³/s99 m³/s99 m³/s 28 m³/s28 m³/s28 m³/s28 m³/s 127 m³/s127 m³/s127 m³/s127 m³/s

(*) Distribuição de 8 m³/s para o Agreste e de 10 m³/s para a Bacia do Moxotó

4.4.4.4. ALTERNATIVA SELECIONADA

A opção de traçado das obras selecionada pelos Estados beneficiários da transferência corresponde a um arranjo geral de obras, cujo custo, baseado nos estudos do ante-projeto, foi orçado em R$ 2,7 bilhões.

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A alternativa selecionada apresenta vantagens importantes sobre as demais alternativas estudadas, na medida que o eixo principal da transferência alonga-se no divisor de águas Ceará – Paraíba alimentando todas as bacias por gravidade, sem necessidade de novos bombeamentos. Há, ainda, outras vantagens, como a de se assegurar melhor qualidade da água na entrada de cada Estado e de se possibilitar uma gestão mais flexível da água, com a possibilidade de se criar uma bolsa d'água, cujo destino dependerá da capacidade de cada Estado pagar pelo recurso ao concessionário do Projeto.

O operador do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco , que poderá ser um órgão concessionário público ou privado, deverá obter retorno econômico do Projeto por meio de contrato de venda de água para os Estados, estabelecendo-se tarifas diferenciadas: uma tarifa social para o atendimento das populações rurais mais pobres e uma tarifa para uso econômico. A remuneração da parcela do investimento privado deverá ser garantida, bem como a sustentabilidade operacional do empreendimento do ponto de vista financeiro.

5.5.5.5. CONSEQUÊNCIAS PARA O RIO SÃO FRANCISCO

Com relação ao impacto do Projeto sobre a própria bacia do rio São Francisco, é necessário considerar diferentes ângulos da questão. Do ponto de vista da Lei 9.333/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, o Projeto deve ser considerado como mais um usuário da água na bacia do São Francisco e, como tal, está sujeito às regras que definem a concorrência pelo recurso hídrico na bacia. Assim, o custo de oportunidade da água bruta disponível no São Francisco deverá ser estabelecido e seus usuários deverão operar segundo os critérios estabelecidos para outorga e cobrança pela água da bacia de um rio, cujas águas são de domínio federal.

O Projeto de Transposição de Águas do rio São Francisco fica situado a jusante da Barragem de Sobradinho, que regulariza o rio São Francisco, viabilizando um regime de vazões mínimas do Rio significativamente superiores às do Médio São Francisco, cujo limite é o Reservatório de Sobradinho. A área da bacia a jusante do Projeto de Transposição corresponde a cerca de 15% da área total da Bacia, ou seja, as águas do São Francisco já terão percorrido 85% de sua bacia, aproximando-se da foz, onde se encontram com o oceano.

O usuário mais efetivo da água a jusante da derivação para a transferência é a CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco, que opera quatro usinas hidrelétricas no Sub-Médio e Baixo São Francisco: Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso e Xingó.

5.15.15.15.1 No Setor ElétricoNo Setor ElétricoNo Setor ElétricoNo Setor Elétrico

A interferência do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco com o uso do rio São Francisco relacionado com a geração de energia elétrica pelo Sistema CHESF recebeu uma especial atenção dentro do desenvolvimento dos Estudos de Inserção Regional do Projeto São Francisco. O impacto do bombeamento associado à transposição foi estudado com a ajuda de modelo matemático de simulação, o qual considerou, de forma integrada, todos os aspectos hídricos e energéticos. No que concerne aos aspectos hídricos, incluem-se no modelo de simulação não apenas os 88 reservatórios representativos da infra-estrutura de açudagem nas bacias receptoras dos 04 Estados (inclusive os

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reservatórios em construção), como também os reservatórios responsáveis pela regularização do rio São Francisco.

Por outro lado foram consideradas todas as demandas hídricas relativas aos diversos usos da água nas bacias receptoras e na bacia do São Francisco para os horizontes de 2010 e 2025. Da perspectiva energética consideraram-se não apenas o sistema de geração da CHESF, mas também o Sistema Norte, formado pelas hidrelétricas implantadas, em implantação, bem como as projetadas, todas integrando o Sistema Norte-Nordeste de acordo com a planificação da Eletrobrás.

Além dos horizontes de 2010 e 2025 o sistema foi ainda simulado para a situação atual. A evolução da redução da geração de energia assegurada no sistema CHESF, considerando a parcela de água aduzida para o Estado de Pernambuco (pertencente à bacia do São Francisco) pode ser assim resumida:

• Situação Inicial: 12 MWh/h

• Horizonte 2010: 72 MWh/h

• Horizonte 2025: 139 MWh/h

5.25.25.25.2 No Setor de IrrigaçãoNo Setor de IrrigaçãoNo Setor de IrrigaçãoNo Setor de Irrigação

Como concorrente da água utilizada pelos usuários potenciais de irrigação da bacia do São Francisco, o proposto pelo Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco não causará impacto para os usuários situados a montante do Reservatório de Sobradinho (Minas Gerais e Bahia). O fato que limita, ou impacta, a implantação de áreas irrigáveis a montante são as condições de navegabilidade e de sobrevivência do ecossistema fluvial do Médio São Francisco.

Entretanto, o Projeto de Transposição será concorrente da água armazenada por Sobradinho e lançada a jusante para abastecer a cascata de usinas da CHESF. Nesse sentido, o Projeto só concorrerá com a irrigação na hipótese improvável de que toda água disponibilizada por Sobradinho viesse a ser utilizada na irrigação em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Norte da Bahia, coincidindo com os trechos da bacia denominados de Sub-Médio e Baixo São Francisco, sob clima semi-árido. Nessa região são irrigados atualmente cerca de 60 mil ha, demandando 30 m³/s.

O PLANVASF - Plano Diretor para o Desenvolvimento da Bacia do São Francisco, de 1989, identificou, no Sub-Médio e Baixo São Francisco, cerca de 650 mil ha irrigáveis que, se totalmente implantados, demandariam aproximadamente 325 m³/s do Reservatório de Sobradinho. Assim, a demanda total prevista seria de a 375 m³/s: 325 da irrigação na bacia mais 50 da transferência. Portanto, o efeito da transferência somada à irrigação na Bacia do São Francisco representaria cerca de 17% da vazão regularizada atualmente por Sobradinho. Logo, não será a transferência proposta um fator de redução do potencial irrigável da bacia, pois demandará menos que 3,0% da disponibilidade proporcionada por Sobradinho.

5.35.35.35.3 Na NavegaçãoNa NavegaçãoNa NavegaçãoNa Navegação e na Pesca e na Pesca e na Pesca e na Pesca

O Projeto de Transposição está situado em trecho não-navegável do Rio São Francisco, não afetando a navegabilidade do Médio São Francisco, entre Pirapora e Petrolina, trecho este que fica a montante das derivações para o Projeto. Não afetará também a navegabilidade do Baixo São Francisco, condicionada agora e no futuro pela operação das barragens da CHESF. Também não afetará a navegabilidade dentro dos reservatórios da CHESF a jusante de Sobradinho, sendo que o nível d’água nos mesmos varia pouco com as vazões afluentes.

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O Projeto também não afetará a pesca, já que se encontra situado entre duas barragens sem escada de peixe (Sobradinho e Itaparica), e retira apenas uma fração menor da descarga do rio. Apenas localmente poderiam ocorrer impactos junto às tomadas d’água para o Projeto. Outros efeitos estão sendo levantados e, se significativos, deverão ser mitigados, sendo exatamente este o objetivo do EIA-RIMA já apresentado ao IBAMA.

5.45.45.45.4 Nas Populações Ribeirinhas do Baixo São FranciscoNas Populações Ribeirinhas do Baixo São FranciscoNas Populações Ribeirinhas do Baixo São FranciscoNas Populações Ribeirinhas do Baixo São Francisco

A existência da cascata de usinas hidrelétricas da CHESF alterou o regime fluvial a jusante, no Baixo São Francisco, trazendo alguns benefícios (controle de cheias, por exemplo) e alguns prejuízos (variação das cotas do nível d’água e redução de habitats pesqueiros nas lagoas marginais). O Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco não alterará o regime operacional da cascata de usinas da CHESF e, portanto, não afetará adicionalmente as comunidades e Estados do Baixo São Francisco. O EIA-RIMA definiu com precisão os impactos atuais sobre o Baixo São Francisco e o seu estuário, em função da operação das usinas da CHESF.

6.6.6.6. NECESSIDADES DIAGNOSTICADAS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO

Grande parte da bacia do São Francisco, especialmente na Região dos Cerrados de Minas Gerais e Bahia, passou a ser incorporada à economia nacional nos últimos 30 anos. A consolidação da infra-estrutura regional, aliada ao acesso e valorização das terras e ao surgimento de tecnologias agrícolas desenvolvidas para os cerrados vêm transformando grandes espaços do Médio São Francisco. Se por um lado há inequívocos benefícios econômicos dessa ocupação, por outro lado o desenvolvimento sem gestão dos recursos naturais acarreta degradação do solo e dos recursos hídricos. A crescente industrialização da Grande Belo Horizonte traz deterioração sanitária para a sub-bacia do Rio das Velhas, importante afluente pela margem direita do São Francisco. Sofrem, com isso, os ecossistemas fluviais e as populações que sobrevivem vinculadas ao rio. Esse quadro, cujo histórico já é bem conhecido em outras bacias hidrográficas e rios do país, tende a se agravar se ações concretas não forem desenvolvidas para mudar o paradigma do desenvolvimento, a ser orientado segundo os conceitos de sustentabilidade. Nesse sentido, o Ministério da Integração Nacional vem articulando com outras entidades governamentais um Plano de Revitalização do Rio São Francisco.

6.16.16.16.1 Ações NecessáriasAções NecessáriasAções NecessáriasAções Necessárias

Entre as ações necessárias para reorientar o desenvolvimento da bacia do rio São Francisco, deve-se considerar:

• consolidação de um Plano Diretor de Bacia, a partir de múltiplos planos desenvolvidos em nível estadual;

• formulação e implementação de Modelo Matemático de Gestão de Recursos Hídricos, para apoiar o sistema de outorga e cobrança da água e também a utilização dos espaços produtivos e daqueles a serem preservados;

• implementação de um Programa de Conservação e Manejo dos Solos e Controle do Desmatamento;

• inibição de atividades predatórias, como por exemplo, a produção de carvão vegetal em áreas impróprias para uso agrícola;

• Programa de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares;

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• Programa de Apoio às Comunidades Rurais próximas ao São Francisco, incluindo a recuperação de habitats para a fauna fluvial;

• saneamento básico das cidades ribeirinhas.

6.26.26.26.2 Projeto Como Catalisador de Ações na Bacia do São FranciscoProjeto Como Catalisador de Ações na Bacia do São FranciscoProjeto Como Catalisador de Ações na Bacia do São FranciscoProjeto Como Catalisador de Ações na Bacia do São Francisco

O Projeto de Transposição proposto não interfere ou altera o quadro referido anteriormente. As ações na Bacia do São Francisco são necessárias com ou sem o Projeto de Transposição . A oportunidade de se implementar algumas dessas ações pode ser catalisada com a decisão de se implementar o Projeto, que seria considerado parte de um conjunto de ações viável e de longo prazo.

7.7.7.7. JUSTIFICATIVA, DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO EMPREENDIMENTO

7.17.17.17.1 ConConConContextualizaçãotextualizaçãotextualizaçãotextualização

O processo de Desenvolvimento Sustentável de qualquer região exige:

• investimentos em infra-estrutura, em desenvolvimento social, em meio ambiente, em acesso à informação e educação, de forma a desencadear mecanismos de crescimento econômico, combinado com a melhoria das condições de vida da população residente; e

• apropriação adequada dos recursos naturais, no quadro atual e futuro.

A partir desses condicionantes é preciso contextualizar o Projeto de Transposição para avaliar sua oportunidade, e o sentido maior, para a sociedade brasileira, dessa decisão de investimento público.

7.1.17.1.17.1.17.1.1 Processo de Ocupação e Disparidades RegionaisProcesso de Ocupação e Disparidades RegionaisProcesso de Ocupação e Disparidades RegionaisProcesso de Ocupação e Disparidades Regionais

O Nordeste brasileiro, ocupado historicamente em sua região litorânea – a chamada Zona da Mata – pela produção da cana-de-açúcar e, posteriormente, com o surgimento de um parque industrial voltado principalmente para a produção de insumos não duráveis, e mais recentemente, pelo aproveitamento de seu potencial turístico e pela produção de petróleo e gás natural, mantém ainda expressivos desequilíbrios internos e com outras regiões do País.

No Programa Avança Brasil, os Eixos de Integração e Desenvolvimento denominados São Francisco e Transnordestino, que compreendem a Região Nordeste, têm uma participação no PIB nacional em torno de 13% ao longo dos anos noventa, valor este bem inferior ao de outras regiões, quando comparado à sua população, de cerca de 30% da população nacional.

A falta de oportunidades no campo destacou a atratividade das cidades, especialmente as capitais, onde se concentram investimentos e oportunidades de trabalho. A migração decorrente, que ultrapassou a capacidade de absorção pelo mercado de trabalho, tornou mais latentes as conhecidas dificuldades dos conglomerados urbanos, com crescente custo para a sociedade.

Tal situação vem agravando essas disparidades, com a permanência de bolsões de pobreza extrema na região, tanto no sertão quanto nas grandes cidades litorâneas, permanecendo os índices de migração intra e inter-regional entre os maiores do País, sintoma de uma realidade pouco sustentável.

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7.1.27.1.27.1.27.1.2 Efeitos das SecasEfeitos das SecasEfeitos das SecasEfeitos das Secas

Esse quadro, em parte, é explicado e potencializado pelo fenômeno recorrente da seca. O chamado Nordeste seco corresponde a uma área total de 700 mil km2, uma das regiões semi-áridas mais populosas do mundo, onde vivem 23 milhões de brasileiros.

Ao se compararem as precipitações do semi-árido brasileiro com as de outras partes do mundo, verifica-se que o Nordeste apresenta valores entre 400 mm e 800 mm, bem superiores aos observados em outras regiões semi-áridas, como, por exemplo, 195mm na Região do Arizona Central ou 76 mm na Califórnia, na área do projeto Boulder Canyon.

Entretanto, o sertão nordestino apresenta um elevado índice de evaporação, da ordem de 2.500 mm por ano, forte irregularidade na distribuição das chuvas ao longo do tempo, como já vimos, e solos com baixa permeabilidade. Tais condições levam a que nos curtos períodos de chuva sejam escoados grandes volumes de água e que, na maior parte do tempo, os rios se apresentem quase sempre secos

O desastre das secas se repete com freqüência na região, muitas vezes com uma seca verde – assim chamada pelo verde intenso da caatinga que camufla a perda total da safra agrícola –, outras vezes, com uma seca também hidrológica, porque a chuva é insuficiente para encher os açudes. A cada 5 anos, em média, ocorre uma seca devastadora e abrangente que desestrutura a economia regional e fomenta intenso processo migratório para fora do sertão, com conseqüências sociais e políticas conhecidas em todo o País.

O chamado Nordeste Setentrional (Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) constitui o principal núcleo do fenômeno das secas da Região Nordeste, juntamente com partes dos sertões do Norte da Bahia, Sudeste do Piauí e Oeste de Sergipe e Alagoas. Nessa extensa área, a probabilidade de ocorrência desse fenômeno climatológico é maior do que nas regiões meridionais e costeiras do Nordeste.

7.1.37.1.37.1.37.1.3 Tentativas de Garantir a Disponibilidade de ÁguaTentativas de Garantir a Disponibilidade de ÁguaTentativas de Garantir a Disponibilidade de ÁguaTentativas de Garantir a Disponibilidade de Água

Ao longo do último século, várias foram as tentativas de garantir a disponibilidade de água nos rios intermitentes, mediante o armazenamento da água em reservatórios grandes e pequenos, regionalmente conhecidos por açudes.

Sobretudo os açudes de grande porte foram planejados para garantir o fornecimento da água por ocasião de secas plurianuais, de maneira a melhorar a disponibilidade hídrica, pois os açudes pequenos não são capazes de atravessar tais secas. Mesmo os grandes açudes, operando sempre com a preocupação de guardar água para tempos secos, sofrem perdas excessivas por evaporação, resultando menor vazão garantida do que poderiam oferecer, caso fosse possível manter uma operação mais eficaz.

Em geral, mesmo quando operados com eficiência, os açudes do semi-árido não conseguem disponibilizar, em média, mais do que 25% da água que armazenam. Conseqüentemente, menos de 4% e muitas vezes 2% do volume da chuva podem ser efetivamente garantidos, por meio da regularização dos rios intermitentes. Por outro lado, o incremento da açudagem, acima de determinado ponto, leva à redução da água disponível em vez de seu aumento, por efeito da forte evaporação sobre as superfícies líquidas.

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7.1.47.1.47.1.47.1.4 A Questão do Nordeste tem Repercussão NacionalA Questão do Nordeste tem Repercussão NacionalA Questão do Nordeste tem Repercussão NacionalA Questão do Nordeste tem Repercussão Nacional

As disparidades regionais combinadas com as secas recorrentes e com baixas eficiências de armazenamento e garantia de água têm contribuído para perpetuar o êxodo populacional para as cidades do Centro-Sul do País. Os sertões sem futuro exportam seus problemas para outras regiões do Brasil, muitas vezes sujeitando as populações migrantes à miséria e à insegurança das grandes cidades, por vezes, em condições piores que as do sertão.

Esta extrapolação da questão do Nordeste impõe assim repercussão de âmbito nacional e as intervenções para reduzir estes efeitos definem um projeto de interesse nacional, como é o caso da Transposição do São Francisco.

7.1.57.1.57.1.57.1.5 As Chances de Crescimento do SertãoAs Chances de Crescimento do SertãoAs Chances de Crescimento do SertãoAs Chances de Crescimento do Sertão

A redução das migrações nordestinas campo-cidade intra e inter-regionais e o fortalecimento da base produtiva regional passam pelas oportunidades de exploração de atividades sustentáveis nos sertões semi-áridos. Neles, há diferenciais importantes de recursos naturais – solo e água – necessários para a agricultura irrigada e a agroindústria associada que, em conjunto, constituem a melhor alternativa de desenvolvimento dos sertões, conforme já indicado no Programa Avança Brasil.

A ocorrência de solos férteis em clima semi-árido, combinada com a existência de infra-estrutura urbana, de energia e de transportes, além da sua posição espacial estratégica frente aos mercados externos, faz do semi-árido setentrional uma fronteira de variadas oportunidades de negócios, desde que seja disponibilizada água com garantia, o principal gargalo de infra-estrutura local, uma condição necessária para a realização das potencialidades econômicas do sertão.

Como decorrência, faz sentido para a sociedade brasileira criar condições de atração de capital e tecnologia para o desenvolvimento dessa região do País, para serem geradas condições de absorver expressivos contingentes de populações locais, por meio das oportunidades de emprego, de geração de renda e participação nas atividades do agronegócio.

Assim, para que essas atividades sejam efetivadas e potencializadas na região, é imprescindível:

• disponibilizar água como insumo básico à agricultura tecnificada – água sem risco de freqüente racionamento, pois os investimentos em tecnologia agrícola não se realizam em situações de incerteza; e,

• viabilizar água em quantidade suficiente para atender pólos agrícolas, onde as sinergias da agregação permitam consolidar sistemas de agronegócios dotados de competitividade e inserção global, além de garantir fluxos de suprimento, promover marcas, controlar o fluxo por produto e aperfeiçoar as tecnologias para a constante melhoria da cadeia produtiva como um todo.

A distribuição das oportunidades de progresso, de acordo com as vocações locais, entre as diferentes regiões e Estados do País, é condição básica para o fortalecimento da nação, dos laços federativos de união e de solidariedade entre sua população, dos critérios de complementaridade e transbordamento dos benefícios econômicos que se reforçam mutuamente: mais produção numa região requer mais consumo de outras unidades da Federação, que se beneficiam em um conjunto de produção equilibrada.

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É dentro desta ótica que o Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco se insere: é um empreendimento estruturante, de grande abrangência geográfica, que beneficia 4 Estados e uma área habitada por mais de 14 milhões de brasileiros (Censo 2000), que terão um insumo fundamental para seu desenvolvimento – A ÁGUA – trazendo como conseqüência o aumento do potencial de produção agrícola, transbordando seus efeitos sobre a economia regional e nacional e trazendo a possibilidade de beneficiar tanto as populações urbanas, sujeitas ao freqüente desconforto da falta de água ou de água com baixa qualidade, quanto as populações rurais dos sertões, situadas próximas aos eixos do Projeto, que poderão ser atendidas com regularidade, livres dos efeitos das secas sobre seu trabalho e produção.

Por ser uma obra estruturante, o Projeto se opõe aos gastos emergenciais expressivos e freqüentes nas áreas de seca, reduzindo-os e aliviando a população beneficiada dos efeitos perversos das secas inevitáveis.

7.27.27.27.2 Abrangência do EmpreendimentoAbrangência do EmpreendimentoAbrangência do EmpreendimentoAbrangência do Empreendimento

O empreendimento da Transposição prevê o bombeamento de água a partir de duas captações no Rio São Francisco, retirando em média cerca de 3%, em 2025, da vazão regularizada pelo Reservatório de Sobradinho, destinando-a aos açudes estratégicos de outras bacias – Castanhão, no Rio Jaguaribe; Santa Cruz, no Rio Apodi; Armando Ribeiro Gonçalves, no Rio Piranhas-Açu e Boqueirão-Cabaceiras, no Rio Paraíba. São açudes situados em posição geográfica especial, no limite do substrato rochoso cristalino com áreas sedimentares aptas ao desenvolvimento agrícola.

Desses açudes, a água será distribuída por sistemas adutores para as principais regiões com demanda hídrica expressiva, nos Estados beneficiados, incluindo grandes centros urbanos, industriais, regiões turísticas e áreas de agricultura irrigada, com destaque para os principais Pólos de Desenvolvimento Integrado, incentivados pelo Banco do Nordeste.

O Projeto beneficiará, também, as populações do sertão e do agreste situadas ao longo dos eixos hídricos criados com o Projeto, conformados por mais de 720 km de canais e reservatórios e pelos rios e açudes receptores das águas transpostas, estes com mais 1.000 km de extensão.

A interligação do reservatório de Sobradinho, a partir do rio São Francisco, com os açudes estratégicos, pelo empreendimento, permitirá a gestão otimizada das águas da região, que passará a ser referenciada a um futuro conhecido, pois o Projeto nada mais representa do que a chuva garantida, preenchendo os açudes, caso a chuva real não ocorra.

Assim, será possível operar os açudes sem receio de secas prolongadas futuras, depletindo-os anualmente – o que reduz a evaporação da superfície de água exposta ao ar e preparando-os para acumular mais água quando ocorrerem chuvas expressivas, evitando que se perca no mar – e gerando um efeito sinérgico relevante, pela integração de um rio perene – o São Francisco – com as principais fontes hídricas dos rios intermitentes.

Nessas condições, a Transposição representa garantia de maior uso das águas das bacias receptoras com retiradas mínimas do rio São Francisco, que serão variáveis e intermitentes no tempo, em função da distribuição interanual e inter-regional das chuvas.

A Transposição promoverá sustentabilidade ao desenvolvimento regional pela garantia de água em termos de quantidade e qualidade para diferentes usos. De forma associada, irá assegurar: prioridade

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social, por atingir uma área densamente ocupada; eficiência econômica, por complementar e aumentar a eficiência de uma expressiva infra-estrutura regional já instalada (uma opção superior a outras obras hídricas menos abrangentes cogitadas para o Nordeste); e eficiência de gestão da água, pela redução das perdas nos açudes e, também, pela cobrança justa da água como bem econômico, que o Projeto induzirá.

Nesse quadro, a modernização econômica e o desenvolvimento sustentável são finalidades maiores do empreendimento, que integra um agrupamento de investimentos em infra-estrutura econômica (transportes, energia e telecomunicações), desenvolvimento social (educação, saúde, habitação e saneamento), informação e conhecimento e meio ambiente, conforme previsto no Plano Plurianual do Governo Federal 2000-2003 – Programa Avança Brasil. Serão investimentos públicos de diferentes órgãos federais e privados, numa tentativa de reduzir gargalos e elos faltantes no capital físico da região onde o projeto será implantado, no chamado Eixo de Integração e Desenvolvimento Transnordestino.

Dadas as características do Projeto, suas áreas de influência constituem o espaço geográfico onde os benefícios e eventuais impactos diretos e indiretos irão se manifestar, seja no meio sócio-econômico, seja no físico ou no biótico. São assim, também, áreas funcionais para os estudos ambientais (ver Figura 7):

Área Diretamente Afetada (ADA) Área Diretamente Afetada (ADA) Área Diretamente Afetada (ADA) Área Diretamente Afetada (ADA)

Constitui a área de intervenção para implantação das obras, incluindo os trechos dos cursos d’água utilizados para a condução das águas transpostas, estendendo-se por uma faixa de 10 km no seu entorno;

Área de Área de Área de Área de Influência Direta (AID)Influência Direta (AID)Influência Direta (AID)Influência Direta (AID)

Compreende as áreas dos municípios atingidos pela ADA – Área Diretamente Afetada - e as sedes municipais ou núcleos urbanos com mais de 5.000 habitantes, distantes até 50 km dos eixos das obras e dos cursos d’água utilizados pelas águas transpostas; e

Área de Influência Indireta (AII)Área de Influência Indireta (AII)Área de Influência Indireta (AII)Área de Influência Indireta (AII)

Compreende as áreas dos municípios das bacias receptoras e de parte da bacia do Rio São Francisco que poderão ter algum tipo de impacto decorrente do Projeto.

A Figura 7 mostra tais áreas de influência e os limites dos Estados abrangidos.

Por fim, considerando a natureza do Projeto, para contextualizá-lo em sua inserção regional, utilizou-se também de um recorte espacial mais amplo denominado ÁreaÁreaÁreaÁrea GlobalGlobalGlobalGlobal, que compreende as bacias receptoras e a bacia do Rio São Francisco.

7.37.37.37.3 Diretrizes e ObjetivosDiretrizes e ObjetivosDiretrizes e ObjetivosDiretrizes e Objetivos

Na elaboração do Projeto, quatro diretrizes referenciais foram adotadas, de maneira a orientar as diversas decisões tomadas e assegurar o alcance dos objetivos fixados.

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Essas diretrizes têm as seguintes dimensões e conteúdo: função social e econômica; sustentabilidade ambiental; gestão eficiente dos recursos hídricos e avanço tecnológico. Elas envolvem os objetivos a seguir apresentados.

7.3.17.3.17.3.17.3.1 Função Social e EconômicaFunção Social e EconômicaFunção Social e EconômicaFunção Social e Econômica

• assegurar oferta adequada de água de boa qualidade, com garantia, para a população e as atividades econômicas;

• atender os déficits hídricos do Nordeste Setentrional em um horizonte de 25 anos, reduzindo as restrições ao desenvolvimento sustentável e melhorando a distribuição geográfica das oportunidades de progresso e bem-estar social;

• aumentar a sustentabilidade da produção e reduzir os efeitos das secas em extensas porções territoriais do semi-árido nordestino, criando eixos hídricos interiores com garantia de água suficiente para viabilizar a exploração da agricultura irrigada e da piscicultura nos vales atravessados e ao longo dos sistemas hidráulicos do projeto, especialmente para a pequena agricultura difusa;

• aumentar a garantia de fornecimento de água para uso múltiplo urbano e rural, reduzindo riscos de investimentos dos setores privado e público.

7.3.27.3.27.3.27.3.2 Sustentabilidade Ambiental Sustentabilidade Ambiental Sustentabilidade Ambiental Sustentabilidade Ambiental

• assegurar padrões sustentáveis de utilização dos recursos hídricos;

• otimizar a inserção do projeto na ambiência local e regional, observando simultaneamente as condicionantes ambientais e as potencialidades passíveis de serem exploradas.

7.3.37.3.37.3.37.3.3 Gestão Eficiente dos Recursos HídricosGestão Eficiente dos Recursos HídricosGestão Eficiente dos Recursos HídricosGestão Eficiente dos Recursos Hídricos

• induzir a melhor gestão da água pela sua cobrança como bem econômico, à medida que os Estados beneficiados comprometer-se-ão com a aquisição e pagamento de cotas de água proporcionadas pelo Projeto;

• induzir o planejamento racional dos recursos hídricos dos Estados beneficiados, a partir de seus açudes estratégicos, dando melhor cobertura territorial ao atendimento do semi-árido;

• possibilitar a sinergia hídrica traduzida pelo aproveitamento de parcela das águas locais dos açudes estratégicos - e que, sem o projeto, seriam perdidas por evaporação e vertimento -, potencializando os recursos hídricos locais através da integração dos principais açudes estratégicos, direta ou indiretamente, com o rio São Francisco – fonte hídrica perene mais próxima e com grande volume disponível (65 bilhões m3/ano).

7.3.47.3.47.3.47.3.4 Avanço TecnológicoAvanço TecnológicoAvanço TecnológicoAvanço Tecnológico

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• assegurar a sinergia hídrica, por meio de esquemas operacionais modernos e automáticos, garantindo o uso mais racional e otimizado dos recursos hídricos locais das bacias receptoras;

• assegurar flexibilidade ao bombeamento, eliminando-o nos horários de maior consumo (ponta diária) de energia elétrica para minimizar custos e outros efeitos sobre o sistema energético brasileiro;

• entregar a água do São Francisco aos Estados beneficiários, sempre que possível mantendo sua qualidade original e permitindo a medição de seu volume, a ser por eles adquirido;

• evitar a entrega das águas em trechos de rio com baixa capacidade de absorvê-las.

7.47.47.47.4 Principais Características do EmpreendimentoPrincipais Características do EmpreendimentoPrincipais Características do EmpreendimentoPrincipais Características do Empreendimento

O Projeto de Transposição é constituído por estações de bombeamento e estruturas para condução de água, desde o rio São Francisco até os diversos pontos de entrega nos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

O Projeto é formado por dois grandes eixos de obras, denominados Eixo Norte e Eixo Leste. Essa divisão, bem como os respectivos pontos de captação, podem ser observados na Figura 8.

A maior parte do percurso das águas, nos trechos em que não segue os leitos naturais existentes, realiza-se em canais, algo como 82% do total, que, dependendo da topografia, são escavados no terreno natural, construídos em aterro compactado ou ainda têm uma seção mista, a meia encosta, de escavação e aterro, à semelhança de construção de rodovias (Figura 9).

A superfície interna dos canais é vedada às infiltrações e conseqüentes perdas d’água, por meio de uma manta de PVC impermeabilizante (ou PEAD), protegida da ação dos raios solares por um revestimento de concreto.

A travessia de talvegues e vales é realizada através de aquedutos, cuja extensão totaliza cerca de 5 km ou 0,7% do percurso. A travessia de relevos elevados e serras é realizada por meio de túneis, cuja extensão soma 37 km ou 5% do percurso.

As passagens por reservatórios, sejam alguns já existentes, sejam novos, os necessários à operação do Sistema de Transposição, perfazem uma extensão de cerca de 85 km ou 12% do percurso total.

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Os novos reservatórios são formados pela construção de 23 pequenas barragens, distribuídas aos pares junto às estações elevatórias, uma a montante e outra a jusante, com a função de evitar o desperdício de água que poderia ocorrer nos canais ao se paralisar o bombeamento.

Por fim, haverá também a utilização de leitos naturais de rios para o percurso final de parte das vazões transpostas até os açudes receptores.

7.57.57.57.5 Descrição dos EixosDescrição dos EixosDescrição dos EixosDescrição dos Eixos

Eixo Norte Eixo Norte Eixo Norte Eixo Norte

O Eixo Norte é formado por 5 trechos. Tem início com a captação no rio São Francisco, situada após o Reservatório de Sobradinho e a montante da Ilha Assunção, próximo a Cabrobó (PE).

• TTTTRECHO RECHO RECHO RECHO IIII

É o trecho principal do eixo, onde se localizam as principais Estações de Bombeamento. Tem início no rio São Francisco na cota 325 e eleva a água até aproximadamente a cota 490, num desnível de 165 m, ao longo de 143 km de canais, reservatórios, aquedutos, túneis e tubulações.

Esse trecho, também denominado trecho comum, transfere água para todos os outros trechos. Desenvolve-se basicamente no Estado de Pernambuco, passando próximo da cidade de Salgueiro, com término no reservatório de Jati, nas imediações da cidade de Jati, já no Estado do Ceará. Nesse reservatório, prevê-se a construção de uma Usina Hidrelétrica para geração de energia, de maneira a compensar parte da energia consumida pelas Estações Elevatórias do Sistema.

• TTTTRECHO RECHO RECHO RECHO IIIIIIII

É seqüência do Trecho I. Inicia-se na barragem do reservatório de Jati, passando pelos açudes já existentes de Atalho e Quixabinha e indo até o reservatório projetado de Cuncas, percorrendo o espigão que separa os Estados do Ceará e Paraíba.

Esse trecho tem como função principal o atendimento da bacia do Rio Piranhas (PB), denominado também Rio Açu (RN), e a passagem de água para os Trecho III e IV. Atende, além das demandas difusas ao longo do traçado, aquelas originadas no rio Salgado (CE), através de diversas tomadas d'água. Seu funcionamento é por gravidade, não sendo necessários novos bombeamentos, como também ocorre com os trechos III e IV. Está prevista, também, uma outra Usina Hidrelétrica no Açude Atalho, para recuperação de parte da energia dos bombeamentos do Trecho I.

• TTTTRECHO RECHO RECHO RECHO IIIIIIIIIIII

Tem início no Reservatório Cuncas e tem como função o atendimento da bacia do Rio Jaguaribe (CE) e a condução de água para o Trecho IV. Desenvolve-se pelo espigão entre os Estados do Ceará e Paraíba, até as proximidades de Santa Helena, onde está previsto um reservatório de derivação para o

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Trecho IV. A partir deste reservatório, esse trecho segue em direção do Rio Salgado, no Estado do Ceará, até o reservatório projetado Caio Prado. Desse ponto em diante, prossegue inicialmente pelo leito natural do rio Caio Prado e, posteriormente, quando houver trânsito de maiores vazões, também por canal até o rio Salgado, onde deságua próximo à cidade de Icó, abastecendo depois o rio Jaguaribe.

• TTTTRECHO RECHO RECHO RECHO IVIVIVIV

Parte do reservatório Santa Helena e segue em direção ao Estado do Rio Grande do Norte. Sua função se concentra no atendimento da bacia do Rio Apodi, além das demandas difusas distribuídas ao longo do traçado entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte. As obras principais deste trecho finalizam no açude público Angicos, continuando a partir deste ponto, inicialmente pelo leito natural do rio Apodi e, posteriormente, quando houver trânsito de maiores vazões, também por canal até o açude Pau-dos-Ferros.

• TTTTRECHO RECHO RECHO RECHO VIVIVIVI

Começa no reservatório de Mangueira do Trecho I, no Estado de Pernambuco, e atende a bacia do Rio Brígida e as demandas difusas ao longo do traçado. Atravessa o território do Estado de Pernambuco até os açudes existentes de Chapéu e Entremontes. Possui ainda uma estação de bombeamento para elevar a água em aproximadamente 13 m, de modo a atingir cotas suficientes para a transferência de água para aqueles açudes.

Eixo LesteEixo LesteEixo LesteEixo Leste

Esse eixo é formado apenas pelo Trecho V, com início no Reservatório de Itaparica, no rio São Francisco. Possui 5 estações de bombeamento para vencer o desnível de aproximadamente 300 m entre a tomada d'água e o espigão que divide os Estados da Paraíba e de Pernambuco.

O objetivo desse eixo é ampliar a área beneficiada pelo Projeto, estendendo o atendimento às demandas hídricas das bacias do rio Paraíba, no Estado da Paraíba, e dos rios Moxotó e Ipojuca, no Estado de Pernambuco. Este último será abastecido por canal, em estudo pelo Estado de Pernambuco.

Seu caminhamento se dá por meio de canais, reservatórios, aquedutos e túneis, até alcançar o rio Molungu, próximo à cidade de Monteiro (PB). As derivações para os rios Moxotó e Ipojuca são previstas no Reservatório Copiti, a montante do açude público Poço da Cruz.

7.67.67.67.6 Oferta e Demanda Oferta e Demanda Oferta e Demanda Oferta e Demanda Déficit Hídrico Déficit Hídrico Déficit Hídrico Déficit Hídrico –––– Sinergia Sinergia Sinergia Sinergia –––– Bombeamento Bombeamento Bombeamento Bombeamento

O Nordeste conta com apenas 3% dos recursos hídricos disponíveis no Brasil. Mais de 70% deles estão disponibilizados no rio São Francisco. Essa potencialidade hídrica acaba impondo a necessidade de uso do São Francisco, para finalidades múltiplas, como a grande fonte hídrica da Região Nordeste. Atualmente, isso já ocorre com a produção regional de energia elétrica; no futuro, deverá ocorrer também com a água.

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7.6.17.6.17.6.17.6.1 Oferta de Recursos Hídricos SuperficiaisOferta de Recursos Hídricos SuperficiaisOferta de Recursos Hídricos SuperficiaisOferta de Recursos Hídricos Superficiais

Os recursos hídricos superficiais da área de influência do Projeto nas bacias receptoras (oferta local), disponibilizados pela operação otimizada de todos os seus reservatórios de regularização, são apresentados no Quadro 3, apresentado adiante no item 7.63.

Nos estudos de definição da oferta hídrica do Projeto, foram realizadas simulações, através de modelos, considerando a operação da totalidade dos açudes das bacias beneficiadas e os efeitos da transposição na otimização dessa operação. A oferta hídrica total de recursos hídricos superficiais na situação com o Projeto, então, resultou de uma soma de sistemas –– o dos açudes e o da transposição –– tendo-se determinado, assim, não somente o que cada sistema em si, isoladamente, gera, mas, também, o que resulta da soma sinérgica que se obtém de sua integração.

Os modelos desenvolvidos para esses estudos permitiram, então, determinar-se o que seria gerado considerando-se somente o sistema de açudes locais. Bastava, então, entrar, como condição de contorno, nos modelos, a situação limite de uma operação sistêmica da açudarem sem o Projeto da Transposição. Matematicamente tal hipótese é materializada admitindo-se ser “zero” o valor transposto.

Essa informação é muito importante, pois, permite definir como será atendida a demanda de água prognosticada nos diversos cenários que podem se estabelecer nos horizontes futuros na área do Projeto. Ou seja, permite definir até que ponto as águas territoriais locais atenderão as demandas projetadas para os anos vindouros. Isto é, quando se estabelecerá ali déficit hídrico. E permite, por outro lado, também, definir a repartição das ofertas, entre águas locais e águas transpostas, no atendimento a essas demandas, quando a produção do sistema de açudes for superada pelos níveis de consumo. E, por último, permite definir o quantumquantumquantumquantum de sinergia se obterá da operação integrada dos açudes com as águas da transposição.

Embora as futuras vazões a serem geradas pela potencialização da açudagem, isto é, pela construção de novos açudes, estejam incluídas nessa análise sistêmica, a demonstração mais explícita dos estudos, neste contexto, especialmente importante, é que ficou evidente que o ciclo da açudagem, que se iniciou, no Nordeste, nos começos do século XX, está se encerrando. Após a construção das barragens do Castanhão, no Ceará, de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte e de Acauã, na Paraíba, restam pouquíssimos locais economicamente viáveis, e com efetivos ganhos hídricos, para a construção de novos açudes.

Desde modo, o objetivo dos estudos de potencialização de açudagem, nas bacias receptoras da transposição, foi a identificação das suas possibilidades hídricas efetivas. Ou seja, foi o reconhecimento e inventário de locais barráveis que realmente pudessem contribuir para o aumento das vazões regularizadas, com garantia, pelo sistema final de açudes –– existentes mais potenciais –– que resultassem de suas implantações.

QUADRO 3

OFERTA E DEMANDA

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Demanda (m³/s) Déficit (m³/s) Vazão média

bombeada (m³/s) (3)

Vazão gerada pela Sinergia

dos Reservatórios

(m³/s)

Vazão Máxima Bombeada

Bacias Oferta

(m³/s) 2010 2025 2010 (2) 2025 2025 2025 (m3/s)

Eixo Norte

Bacias Receptoras 57,22 62,11 118,44 7,47 61,22 37,50 23,72 89

Sub-Bacia do Rio São Francisco 2,10 5,35 9,00 3,25 6,90 6,60 0,30 10

Total 59,32 67,46 127,44 10,72 68,12 44,10 24,02 99

Eixo Leste

Bacias Receptoras (1) 16,75 23,01 28,37 6,51 11,62 11,62 0,00 18

Sub-Bacia do Rio São Francisco 1,15 5,52 8,63 4,37 7,48 7,48 0,00 10

Total 17,90 28,53 37,00 10,88 19,10 19,10 0,00 28

Bacias Receptoras (1) 73,97 85,12 146,81 13,98 72,84 49,12 23,72 107

Sub-Bacia do Rio São Francisco 3,25 10,87 17,63 7,62 14,38 14,08 0,30 20

Total (1) 77,22 95,99 164,44 21,60 87,22 63,20 24,02 127

(1) Incluindo as demandas e ofertas do Agreste Pernambucano e Recife. (2) O déficit não é obtido pela diferença entre a oferta e a demanda, pois não há transferência de água entre as bacias receptoras. (3) A vazão média bombeada em 2010 foi estimada em 20 m3/s, sendo 7,5 m3/s para a Bacia do São Francisco e 12,5 m3/s para as outras bacias receptoras.

Para esse objetivo foram realizadas as seguintes atividades:

• coleta e análise das informações e dados existentes;

• seleção preliminar de eixos barráveis;

• determinação das séries de deflúvios afluentes às seções barráveis, usando-se o modelo chuva-deflúvio MODHACMODHACMODHACMODHAC;

• avaliação das disponibilidades hídricas dos novos reservatórios;

• avaliação do impacto cumulativo das implantações dos novos reservatórios sobre a capacidade regularizadora do sistema de açudes existente;

• avaliação do impacto cumulativo das vazões transpostas do São Francisco no sistema da cascata de açudes final –– existentes mais os novos a serem construídos;

• estimativa de custos de cada alternativa de barramento;

• análise qualitativa da viabilidade da implantação dos novos reservatórios tendo em vista os aspectos ambientais.

O Quadro 4 dá as principais características dos eixos barráveis identificados como potencialmente viáveis.

QQQQUADRO UADRO UADRO UADRO 4 4 4 4 –––– C C C CARACTERÍSTICAS DOS ARACTERÍSTICAS DOS ARACTERÍSTICAS DOS ARACTERÍSTICAS DOS EEEEIXOS IXOS IXOS IXOS BBBBARRÁVEIS ARRÁVEIS ARRÁVEIS ARRÁVEIS IIIIDENTIFICADOSDENTIFICADOSDENTIFICADOSDENTIFICADOS

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Eixos Barráveis Mossoró Santa Maria Pitombeiras Santana

Bacia a que pertence Apodi Apodi Apodi Apodi Rio barrado Apodi Apodi Apodi do Carmo Bacia contribuinte (km²) 8571,0 3336,0 690,0 2678,0 Altura máxima da barragem (m) 20,5 40,5 36,5 18,0 Capacidade de acumulação máxima (hm³) 378,5 175,4 205,0 152,7 Cota de acumulação máxima (m) 22,0 142,0 245,0 27,0 Cota de coroamento (m) 25,5 145,5 248,5 30,0 Extensão pelo coroamento (m) 3312,0 1027,0 1395,0 1660,0 Eixos Barráveis

Umari II S.N. Norte Oiticica Figueiredo Bacia a que pertence Apodi Piranhas Piranhas Jaguaribe Rio barrado Umari Espinharas Piranhas Figueiredo Bacia contribuinte (km²) 1016,0 1461,0 15344,0 1643,6 Altura máxima da barragem (m) 26,5 45,5 53,0 31,5 Capacidade de acumulação máxima (hm³) 111,3 508,5 1300,0 460,2 Cota de acumulação máxima (m) 83,0 200,0 123,0 100,0 Cota de coroamento (m) 86,5 203,5 130,0 103,5 Extensão pelo coroamento (m) 2023,0 564,0 1820,0 2410,0

7.67.67.67.6.1.1.1.1.1.1.1.1 Operação Integrada dos Reservatórios PropostosOperação Integrada dos Reservatórios PropostosOperação Integrada dos Reservatórios PropostosOperação Integrada dos Reservatórios Propostos

A avaliação da disponibilidade hídrica, considerando a construção de novos açudes potenciais, foi feita com a utilização dos mesmos modelos de simulação de operação de reservatórios empregados quando da análise da açudagem existente nas bacias receptoras.

A A A A ---- Considerando a InfraConsiderando a InfraConsiderando a InfraConsiderando a Infra----Estrutura AtualEstrutura AtualEstrutura AtualEstrutura Atual

Os resultados da simulação individual podem ser visualizados nas vazões de regularização apresentadas no Quadro 5, considerando determinados níveis de volumes de alerta.

Dentre todos os reservatórios simulados, aquele que apresentou melhor capacidade de regularização foi o açude Oiticica, na bacia do Rio Piranhas. Este açude seria capaz de gerar 11,636m³/s com a garantia de 99%. A seguir vêm os reservatórios Figueiredo, na bacia do rio Jaguaribe, e Serra Negra do Norte, na bacia do rio Piranhas. Esses dois últimos têm a vantagem de controlarem áreas sem outras grandes possibilidades de barragens à montante que pudessem reduzir-lhes os volumes afluentes.

O Quadro 5 mostra os valores das vazões regularizáveis nos eixos dos reservatórios propostos, considerando a sua inserção na infra-estrutura existente.

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QQQQUADRO UADRO UADRO UADRO 5 5 5 5 ---- V V V VAZÕES AZÕES AZÕES AZÕES RRRREGULARIZÁVEIS NAS EGULARIZÁVEIS NAS EGULARIZÁVEIS NAS EGULARIZÁVEIS NAS SSSSEÇÕES DOS EÇÕES DOS EÇÕES DOS EÇÕES DOS EEEEIXOS IXOS IXOS IXOS BBBBARRÁVEIS ARRÁVEIS ARRÁVEIS ARRÁVEIS IIIIDENTIFICADOS DENTIFICADOS DENTIFICADOS DENTIFICADOS CCCCONSIDERANDO SUA ONSIDERANDO SUA ONSIDERANDO SUA ONSIDERANDO SUA IIIINSERÇÃO NA NSERÇÃO NA NSERÇÃO NA NSERÇÃO NA IIIINFRANFRANFRANFRA----ESTRUTESTRUTESTRUTESTRUTURA URA URA URA AAAATUALTUALTUALTUAL

60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 95,0% 99,0%Mossoró 0,444 0,445 0,402 0,38 0,338 0,262

Santa Maria 0,563 0,556 0,529 0,475 0,424 0,339Pitombeiras 0,192 0,179 0,172 0,162 0,151 0,117

Santana 0,36 0,35 0,336 0,297 0,272 0,225Umari II 0,384 0,387 0,344 0,298 0,278 0,225

S. N. Norte 3,965 3,686 3,458 3,092 2,81 2,428Oiticica 19,414 18,448 17,269 14,942 13,672 11,636

Figueiredo 4,402 4,195 3,883 3,541 3,325 3,09

Eixo Barrável Garantia

Nota-se que os açudes identificados na bacia do rio Apodi não têm grandes potenciais regularizadores, mesmo diante das elevadas dimensões dos reservatórios propostos.

O Quadro 6 apresenta os percentuais de volumes vertidos, perdidos por evaporação e retirados para regularização em relação aos volumes afluentes ao reservatório, considerando a operação com 90% de garantia.

QQQQUADRO UADRO UADRO UADRO 6 6 6 6 ---- R R R REPARTIÇÃO DOS EPARTIÇÃO DOS EPARTIÇÃO DOS EPARTIÇÃO DOS VVVVOLUMES OLUMES OLUMES OLUMES EEEEFLUENTESFLUENTESFLUENTESFLUENTES, C, C, C, CONSIDERANDO A ONSIDERANDO A ONSIDERANDO A ONSIDERANDO A OOOOPERAÇÃO COM PERAÇÃO COM PERAÇÃO COM PERAÇÃO COM 90% 90% 90% 90% DE DE DE DE GGGGARANTIAARANTIAARANTIAARANTIA

Reservatório %EVP %RET %SangriaMossoró 16,0 2,1 81,9

Umari II 19,7 9,1 71,2

Santana 31,2 6,1 62,7

Santa Maria 13,5 4,2 82,2

Pitombeiras 76,5 2,1 9,6

O caso do reservatório Pitombeiras é exemplar. Apesar de seu grande volume, de 205 hm³, o fato de ter dois outros açudes à montante limita-lhe a área de controle a escassos 81 km², havendo, portanto, uma clara incompatibilidade entre a grandeza de suas afluências e a pequenez de sua capacidade regularizadora. O que ali é significativo é uma grande perda por evaporação –– mais de 76%.

Nos demais açudes identificados na bacia do rio Apodi, entretanto, observou-se que a maior parte dos volumes afluentes perde-se por vertimento, que atinge, nos casos de Santa Maria e Mossoró, aproximadamente 82%. Além disso, as perdas por evaporação nesses reservatórios ainda contribuem decisivamente para o reduzido nível de eficiência de aproveitamento dos volumes remanescentes. No mais crítico dos casos, que se dá no açude Mossoró, somente 2,1% do deflúvio total seria utilizado como regularização.

Indubitavelmente, resultados como os que vimos acima traduzem, tanto as marcantes variabilidades do regime de escoamentos naturais daquelas bacias, como as suas desfavoráveis condições geométricas para novos sítios barráveis. O que nos leva a acreditar serem remotas as oportunidades de expressivos aumentos da oferta de águas superficiais regularizáveis, com garantia, no setentrião nordestino. E a suspeitar, desse modo, de que está no fim o grande ciclo de açudagem que lá se iniciou no começo do século passado.

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B B B B ---- ImpacImpacImpacImpacto Cumulativo da Açudagem Propostato Cumulativo da Açudagem Propostato Cumulativo da Açudagem Propostato Cumulativo da Açudagem Proposta

As vazões a serem regularizadas pelo futuro açude Figueiredo afluirão ao rio Jaguaribe à jusante do reservatório de Castanhão. Portanto, fora da cascata de reservatórios existentes, formando, assim, um sistema isolado. O que quer dizer que o planejado açude de Figueiredo não interfere em nada nas vazões regularizadas nesta cascata. Assim, a sua implantação não exercerá influência na operação integrada cumulativa entre o sistema de novos açudes propostos e o sistema de açudes já implantados, ou em implantação, como são os casos de Castanhão e Santa Cruz. O que, como vimos, não quer dizer que a regularização potencial do rio Figueiredo não contribua de modo importante para a oferta local de recursos hídricos superficiais no Nordeste Setentrional e nem possa ter efeitos sinérgicos com as águas da transposição.

E mais, ressalte-se a importância de Figueiredo para uma melhor distribuição dos recursos hídricos na bacia do Jaguaribe. Pois, um novo reservatório ali naquela parte da sua bacia gerará vazões regularizadas, com garantia, justamente em uma região onde ainda não existe nenhum controle dos deflúvios naturais.

Como à montante de Castanhão não existem mais locais potenciais para a construção de novos açudes de porte, na bacia do Jaguaribe, os estudos de interação entre os reservatórios propostos e a açudagem existente limitaram-se às bacias potiguares dos rios Apodi e Piranhas-Açu.

Disso se infere um fato. Ficou restrito o horizonte de futuras açudagens na região beneficiada pelo Projeto de Transposição. Ao nível dessa análise, as bacias potiguares do Apodi e do Piranhas-Açu são as únicas, de todo o conjunto de bacias receptoras das águas do São Francisco, que realmente apresentam ainda possibilidades de se construírem novos reservatórios pelos quais possam transitar as águas transpostas. Reservatórios esses que de fato possam contribuir com um aumento técnica e economicamente viável da oferta hídrica local de águas superficiais.

Os efeitos, sobre o sistema de açudes existentes, da implantação desses novos reservatórios, identificados como potenciais para o aumento da oferta local de vazões regularizadas, com garantia, estão sintetizados nos Quadros 7 e 8. Lá estão apresentadas as seguintes variáveis: (a) as vazões regularizadas pelos reservatórios atuais, sem as novas intervenções; (b) as vazões resultantes da operação considerando somente a área remanescente não controladanão controladanão controladanão controlada e os vertimentos dos açudes de montante, inclusive das novas intervenções; (c) as vazões regularizadas dos novos barramentos propostos; (d) as vazões finais dos diversos sistemas formados; (e) percentual de acréscimo ou de decréscimo de vazão do sistema final em relação à vazão do reservatório impactado pela novas intervenções.

A análise dos quadros citados permite algumas conclusões. Vamos analisá-los por nível de garantia, 90 ou 99%, e por bacia, Apodi e Piranhas-Açu.

− Simulação com 90% de Garantia

Na simulação com 90% de garantia, é na bacia do Apodi onde se obteve os maiores ganhos relativos e também as maiores perdas, nas simulações com os açudes propostos. Pau dos Ferros ganharia, com a implantação de Pitombeiras, à montante, cerca de 135% a mais na sua vazão regularizada. A implantação de Mossoró com Pitombeiras, Santa Maria e Umari II, à montante, traria um ganho de 171% em relação à vazão regularizável que se obteria somente com a construção da primeira

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barragem. Seria o maior ganho obtido de todos os conjuntos propostos. Porém, os ganhos absolutos, no Apodi, não são expressivos para o porte das obras. O máximo possível de regularização nova seria alcançado com esse último sistema. Aí o ganho absoluto de vazão seria de 1,030m³/s.

Nessa simulação com 90% de garantia, na bacia do Apodi, perdas pequenas, ou às vezes expressivas, podem recair sobre o açude de Santa Cruz, com a construção de barragens à montante. A implantação de Pitombeiras, por exemplo, redundaria numa perda de vazão regularizável, nessa barragem, de 4,4% –– 0,200m³/s nos seus 4,600m³/s. Entretanto, configurações em que entram Santa Maria somente, ou acompanhada de Pitombeiras, gerariam perdas na regularização em Santa Cruz da ordem de 23% –– maior que 1,000m³/s. O que é muito tendo em vista a escassez de recursos hídricos na bacia.

Para a garantia de 90%, na bacia do Piranhas-Açu, a situação é quase que diametralmente oposta: pequenos ganhos relativos e por vezes interessantes ganhos absolutos nas vazões regularizáveis, dependendo da configuração adotada no sistema de barragens propostas. O maior ganho se conseguiria com uma configuração que teria Armando Ribeiro Gonçalves, mais Oiticica e Serra Negra do Norte, à montante. Esse sistema produziria 22% a mais que Armando Ribeiro Gonçalves sozinha. A vazão total do conjunto alcançaria cerca de 23,500m³/s –– cerca de 4,300 m³/s a mais que a vazão de Armando Ribeiro Gonçalves, de 19,240m³/s. Entretanto, há problemas com a construção de Oiticica. A configuração com Armando Ribeiro Gonçalves e Serra Negra do Norte, possibilitando um ganho relativo de 10% na primeira barragem –– 2,000m³/s –– permitiria uma melhor distribuição dos recursos hídricos pela bacia do Piranhas-Açu, em regiões onde eles são carentes. Na realidade, essa configuração funciona como se fizéssemos uma transferência de volumes de Armando Ribeiro Gonçalves para o Alto Seridó e de lá os distribuíssemos mais facilmente pela sua bacia.

− Simulação com 99% de Garantia

Na simulação com 99% de garantia, também é na bacia do Apodi que se obteve os maiores ganhos relativos e as maiores perdas, nas simulações com os açudes propostos. O conjunto Pau dos Ferros com Pitombeiras, à montante, ganharia cerca de 133% na vazão regularizada. A implantação de Mossoró com Pitombeiras, Santa Maria e Umari II, à montante, traria um ganho de 186% a mais do que se obteria somente com a construção de Mossoró. É interessante notar que esse aumento relativo é maior do que no caso da garantia de 90% (171%). E, assim como na garantia de 90%, também é o conjunto com o maior ganho relativo de todos os conjuntos simulados.

Entretanto, as simulações com a garantia de 99%, no Apodi, informaram que haveria ampliação das perdas sobre as vazões regularizadas na barragem de Santa Cruz, quaisquer que sejam as implantações à montante, quer isoladas, quer em conjunto. O que é um indicativo do limite de controle que já se está alcançando na bacia do Apodi. A implantação de Pitombeiras retira de Santa Cruz cerca de 0,300m³/s –– 8,5% nos seus 3,440m³/s garantidos em 99% do tempo. Com a implantação de Santa Maria tal perda seria de 1,000m³/s –– 29%. A mesma perda, sobre Santa Cruz, seria obtida com a implantação de Pitombeiras e Santa Maria.

Já na bacia do Piranhas-Açu, o quadro é ligeiramente diferente. Há perdas e ganhos nas simulações com 99% de garantia. Assim é que a implantação de Serra Negra do Norte causaria uma perda de 1,3% na vazão regularizada em Armando Ribeiro Gonçalves –– 0,220m³/s nos seus 16,533m³/s regularizados para a garantia de 99%, entretanto esta solução poderia disponibilizar 2,428 m³/s em Serra Negra, onde ocorre importante carência hídrica. Como no caso da garantia de 90%, o maior ganho, com a garantia de 99%, seria obtido com a construção de um sistema que implantaria, à

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montante de Armando Ribeiro Gonçalves, as barragens de Oiticica e de Serra Negra do Norte. A vazão total desse conjunto, com 99% de garantia, seria de 18,448m³/s –– 11,6% a mais do que aqueles 16,533m³/s de Armando Ribeiro Gonçalves sozinha, supondo a mesma garantia; entretanto, problemas com a construção de Oiticica inviabilizam este esquema.

Pau dos Ferros

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Pau dos Ferros com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 0,116 0,111 0,162 0,273 135,3%

Santa Maria

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 0,475 0,470 0,162 0,632 33,1%

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 4,600 4,234 0,162 4,396 -4,4%

Santa Cruz

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 4,600 3,058 0,475 3,533 -23,2%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Pitombeiras e Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras (simulação

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 4,600 2,911 0,470 0,162 3,543 -23,0%

Quadro 7 – Impacto Cumulativo de Novas Intervenções a Montante de Açudes Existentesou Identificados – Garantia 90%

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Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 0,380 0,380 0,162 0,542 42,6%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 0,380 0,380 0,475 0,855 125%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 0,380 0,100 0,298 0,398 4,7%

Mossoró

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras e Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a

montante (simulação

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 0,380 0,380 0,470 0,162 1,012 166,3%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras e Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II (simulação

individual) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 0,380 0,100 0,298 0,162 0,560 47,4

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Santa Maria e Umari II a

montante (contribuição incremental) (m³/s)

Umari II

(simulação individual) (m³/s)

Santa Maria (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 0,380 0,100 0,298 0,475 0,873 129,7%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras, Santa Maria

e Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II

(simulação individual) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a

montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação individual)

(m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 0,380 0,100 0,298 0,470 0,162 1,030 171,1%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com Oiticica a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Oiticica

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 19,240 8,049 14,942 22,991 19,5%

Arm. Ribeiro

Gonçalves

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com S.N. do Norte a

montante (contribuição incremental) (m³/s)

S.N. do Norte

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 19,240 18,147 3,092 21,239 10,4%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com Oiticica e S.N. do

Norte a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Oiticica com S.N. do Norte

(simulação incremental)

(m³/s)

S.N. do Norte (similação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

90 19,240 7,013 13,350 3,092 23,455 21,9%

Oiticica

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Oiticica com S.N. do Norte a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

S.N. do Norte

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

90 14,942 13,350 3,092 16,442 10,0%

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38

Pau dos Ferros

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Pau dos Ferros com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 0,085 0,081 0,117 0,198 132,9%

Santa Maria

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 0,339 0,339 0,117 0,456 34,5

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Pitombeiras a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 3,440 3,032 0,117 3,149 -8,5%

Santa Cruz

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria (simulação

indvidual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 3,440 2,105 0,339 2,444 -29,0%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Santa Cruz com Pitombeiras e Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras (simulação

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 3,440 1,974 0,339 0,117 2,430 -29,4%

Garantia

simulação Mossoró com

Pitombeiras a montante Pitombeiras (simulação

Total do sistema

% ganho ou

Quadro 8 – Impacto Cumulativo de Novas Intervenções a Montante de Açudes Existentesou Identificados – Garantia 99%

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39

(%) individual (m³/s)

(contribuição incremental) (m³/s)

individual) (m³/s) (m³/s) déficit

99 0,262 0,262 0,117 0,379 44,7%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 0,262 0,262 0,339 0,601 129,4%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 0,262 0,069 0,225 0,294 12,2%

Mossoró

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras e Santa Maria a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a

montante (simulação

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 0,262 0,262 0,339 0,117 0,716 174%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras e Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II (simulação

individual) (m³/s)

Pitombeiras (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 0,262 0,069 0,225 0,117 0,411 56,9%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Santa Maria e Umari II a

montante (contribuição incremental) (m³/s)

Umari II

(simulação individual) (m³/s)

Santa Maria (simulação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 0,262 0,069 0,225 0,339 0,633 141,6%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Mossoró com Pitombeiras, Santa Maria

e Umari II a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Umari II

(simulação individual) (m³/s)

Santa Maria com Pitombeiras a

montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Pitombeiras (simulação individual)

(m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 0,262 0,069 0,225 0,339 0,117 0,750 186,3%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com Oiticica a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

Oiticica

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 16,533 7,024 11,636 18,660 12,9%

Arm. Ribeiro

Gonçalves

Garantia

(%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com S.N. do Norte a

montante (contribuição incremental) (m³/s)

S.N. do Norte

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 16,533 13,885 2,428 16,313 -1,3%

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Arm. Ribeiro Gonçalves com Oiticica eS.N. do

Norte a montante (contribuição

incremental) (m³/s)

Oiticica com S.N. do Norte

(simulação incremental)

(m³/s)

S.N. do Norte (similação

individual) (m³/s)

Total do sistema (m³/s)

% ganho ou déficit

99 16,533 5,889 10,131 2,428 18,448 11,6%

Oiticica

Garantia (%)

simulação individual

(m³/s)

Oiticica com S.N. do Norte a montante

(contribuição incremental) (m³/s)

S.N. do Norte

(simulação individual) (m³/s)

Total do sistema

(m³/s)

% ganho ou

déficit

99 11,636 10,131 2,428 12,559 7,9%

C C C C ---- Operação Integrada Considerando a Transposição do Rio São FranciscoOperação Integrada Considerando a Transposição do Rio São FranciscoOperação Integrada Considerando a Transposição do Rio São FranciscoOperação Integrada Considerando a Transposição do Rio São Francisco

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40

Dentre os reservatórios identificados na bacia do rio Apodi três foram avaliados como possíveis receptores das águas do Projeto de Transposição do rio São Francisco: os açudes Pitombeiras, Santa Maria e Mossoró.

O indicador utilizado para a avaliação desses açudes foi o efeito sinérgico sobre a disponibilidade de uma vazão garantida, quando se transpõe águas do rio São Francisco.

Considerou-se como vazão exógena a ser disponibilizada pela transposição aquela compatível com a definida para a bacia do rio Apodi e igual a 27,5m³/s.

Para cada um dos três reservatórios propostos foi analisado o comportamento quando deplecionados a um volume limite, chamado de alerta de bombeamento, a partir do qual o reservatório receberia a vazão transposta.

Os resultados, considerando a operação do açude Pitombeiras, indicam ganhos sinérgicos pequenos: a vazão regularizada pelo açude seria a própria vazão transposta.

Para o conjunto Santa Maria – Pitombeiras, os resultados das simulações indicam valores de sinergia maiores sem a implantação do açude Pitombeiras.

O açude Mossoró, com diminuta contribuição individual, embora possa gerar alguma sinergia com o aporte de vazões exógenas do São Francisco, tem a sua sinergia deprimida com quaisquer novas implantações de reservatórios à montante. O maior impacto individual sobre o potencial açude Mossoró seria o causado pela construção de Umari II.

D D D D ---- Análise do Impacto da Transposição do Rio São Francisco na Cascata de Reservatórios Análise do Impacto da Transposição do Rio São Francisco na Cascata de Reservatórios Análise do Impacto da Transposição do Rio São Francisco na Cascata de Reservatórios Análise do Impacto da Transposição do Rio São Francisco na Cascata de Reservatórios Selecionados na Bacia do Rio ApodiSelecionados na Bacia do Rio ApodiSelecionados na Bacia do Rio ApodiSelecionados na Bacia do Rio Apodi

Com relação a uma operação que considerasse a cascata de reservatórios na bacia do Apodi, somente se justificou a avaliação de dois potenciais açudes: o açude Santa Maria e o açude Mossoró.

Foram simulados três sistemas: a) S1, formado pelos reservatórios Santa Maria e Santa Cruz; b) S2, reunindo os reservatórios Santa Cruz e Mossoró; c) S3, considerando Santa Maria, Santa Cruz e Mossoró.

Foram adotadas algumas regras operacionais. No caso do sistema S1, Santa Maria seria operado com a possibilidade de transposições de vazões, enquanto Santa Cruz receberia como afluências, além de seus deflúvios naturais, o vertimento dos açudes de montante, incluindo os do açude Santa Maria, e a vazão regularizada pelo próprio açude Santa Maria. No caso do sistema S2, Santa Cruz é que seria o receptor direto das águas do São Francisco, enquanto o reservatório de Mossoró receberia, além de seus deflúvios naturais, o vertimento de montante e a vazão regularizada pelo próprio açude Santa Cruz. Para o sistema S3, supôs-se que as vazões da transposição entrariam pelo reservatório de Santa Maria, enquanto Santa Cruz e Mossoró receberiam como afluências, além de seus deflúvios naturais, os vertimentos de montante e a vazão regularizada pelo próprio açude de Santa Maria, sendo o resultado do sistema a regularização obtida no açude Mossoró.

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Pôde-se concluir que, qualquer que seja o conjunto de reservatórios adotado, a operação sistêmica é mais vantajosa do que a operação individual. Outrossim, ficou patente a superioridade de um sistema de três sobre o de dois reservatórios.

Pôde-se também verificar-se que os sistemas duplos pouco diferem quanto aos resultados no aumento das vazões regularizadas na bacia, sob o efeito exógeno das vazões do São Francisco.

Quanto às sinergias, embora pequenas, como já havia sido constatado nas simulações anteriores, o sistema Santa Maria – Santa Cruz foi mais eficiente do que o sistema Santa Cruz – Mossoró, para a garantia de 90%. Porém, para a garantia de 99%, inverte-se essa tendência. Por outro lado, há uma tendência de maiores sinergias para menores tempos de bombeamento no sistema Santa Cruz – Mossoró, o que leva a supor uma economia no manejo da transposição para esse sistema.

E E E E ---- Avaliação dos Custos dos Barramentos Identificados e das Vazões RegularizadasAvaliação dos Custos dos Barramentos Identificados e das Vazões RegularizadasAvaliação dos Custos dos Barramentos Identificados e das Vazões RegularizadasAvaliação dos Custos dos Barramentos Identificados e das Vazões Regularizadas

Os eixos barráveis identificados tiveram os seus custos totais determinados para as condições preconizadas quando de sua identificação, considerando o maciço, o vertedouro, a tomada d’água, o desmatamento da bacia hidráulica, as desapropriações, os reassentamentos e as interferências com núcleos populacionais, obras viárias e de infra-estrutura. Tais custos são os seguintes:

QQQQUADRUADRUADRUADRO O O O 9 9 9 9 ---- C C C CUSTOS USTOS USTOS USTOS AAAASSOCIADOS AOS SSOCIADOS AOS SSOCIADOS AOS SSOCIADOS AOS EEEEIXOS IXOS IXOS IXOS BBBBARRÁVEISARRÁVEISARRÁVEISARRÁVEIS

Eixo Barrável Volume Acumulado (hm³) Q99 (m³/s)

Custo Global da Barragem

(R$)

Custo da Vazão Regularizada (R$/1.000 m³)

Mossoró 378,54 0,262 15.045.783 243,69Santa Maria 175,36 0,339 43.957.395 550,85Pitombeira 204,96 0,117 19.192.525 696,86Santana 152,66 0,225 7.050.158 133,11Umari II 111,28 0,225 17.377.072 329,75Serra Negra do Norte 508,47 2,428 20.689.924 36,15Oiticica 1.300,00 11,636 203.318.085 74,23Figueiredo 460,20 3,090 34.906.151 47,99

Q99 = vazão com garantia de 99%.

O custo da barragem de Oiticica foi tomado do contrato de construção da obra, datado de 1990, por conversão a dólar da época. Observe-se, no entanto, que já à época constatou-se o superfaturamento desse valor, o que ocasionou inclusive a paralisação da obra.

Por sua vez, o custo das vazões regularizadas, para cada uma das barragens, foi calculado considerando, além dos custos globais de implantação, as despesas de operação e manutenção e custos financeiros ( 8% a. a.) para um horizonte de 30 anos.

Vê-se, portanto, que um local para a construção de futuros açudes se mostrou realmente interessante: Figueiredo, na bacia do Jaguaribe, que, além de contribuir efetivamente com significativa vazão regularizada ( 3,5m³/s para a garantia de 90%), está em local onde não existe nenhum controle dos deflúvios naturais. Serra Negra do Norte, na bacia do Piranhas-Açu, acrescenta pouco ao seu sistema. Entretanto, assim como Figueiredo, Serra Negra do Norte distribui melhor os recursos hídricos, regularizados e com garantia, pela bacia. Deve, assim, fazer parte do elenco de futuros barramentos que estão escolhidos para o aumento da oferta hídrica, com recursos locais, no Nordeste Setentrional.

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F F F F ---- SíSíSíSíntese das Conclusõesntese das Conclusõesntese das Conclusõesntese das Conclusões

Os estudos mostraram que, sem considerar o Projeto de Transposição do São Francisco, a situação mais favorável para uma futura açudagem seria a da bacia do Jaguaribe, face à potencialidade do açude Figueiredo. Nas bacias do Apodi e Piranhas-Açu, apesar de Serra Negra do Norte, pelas implicação distributivas que implica, são extremamente restritas as reais possibilidades de incremento da disponibilidade hídrica efetiva para a região, sem uma adução exógena. Isto é, são irrelevantes as potencialidades de aumento significativo das vazões regularizadas garantidas com as águas territoriais locais.

No caso do Apodi, ter-se-ia:

a) qualquer açude, Pitombeiras e/ou Santa Maria, à montante de Santa Cruz, reduziria a vazão global do sistema até esta seção;

b) o ganho do sistema total com a implantação do açude Mossoró, que na melhor da hipóteses (e ainda para garantia de 90%) pouco supera 0,5m³/s, certamente não justificaria os custos e, principalmente, os impactos ambientais associados.

No caso do Piranhas-Açu, face à interferência com os reservatórios já existentes, ter-se-ia uma eficiência final sobre a vazão do sistema muito reduzida, e mesmo anulada:

a) o sistema Armando Ribeiro Gonçalves mais Oiticica teria, em relação à situação de somente existindo o primeiro deles, um acréscimo na vazão, com 99% de garantia, de apenas 2,13m³/s, o que representa um incremento de apenas 13%;

b) a construção de somente Serra Negra do Norte praticamente nada incrementaria à disponibilidade total, sendo até mesmo negativa para a vazão com 99% de garantia;

c) o sistema completo, com os três reservatórios, acarretaria, também, ganhos poucos significativos; no caso da garantia de 99%, o incremento seria de apenas 1,92m³/s em comparação com a situação atual;

d) o açude Oiticica, mesmo avaliado construindo-se um reservatório com apenas 50% (650 hm³) da capacidade planejada, em virtude de seu altíssimo custo, apresentou resultados desfavoráveis, sobretudo para a garantia de 99%; não acrescenta nada de significativo à realidade atual.

Sob o ponto de vista econômico, para o açude Figueiredo, foi obtido um custo estimado do volume de água produzido igual a R$ 48,00/1.000m³, ao passo que para o açude Serra Negra do Norte chegou-se a um valor de R$ 36,15/1.000m³.

Dentro dessas perspectivas, ao nível dos conhecimentos disponíveis no presente estudo, pouco se pode esperar de resultados efetivos com a potencialização da açudagem local para o aumento da oferta hídrica no Nordeste Setentrional.

Na realidade, ganhos brutos com algum significado, isto é, sem perdas de gestão, poderão mesmo ser obtidos com a implantação do açude Figueiredo, na bacia do Jaguaribe –– serão cerca de 3,0m³/s.

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Entretanto, tal empreendimento tem que ser melhor avaliado no futuro, com estudos mais detalhados de viabilidade técnico-econômica.

Poder-se-ia admitir, também, que estudos futuros mais fundamentados poderiam indicar as vantagens de se implantar a barragem de Serra Negra do Norte, não tanto visando o significativo aumento da regularização de vazões na bacia do Piranhas-Açu, mas, tão somente tendo em vista uma mais eficiente distribuição de recursos hídricos controlados em sua bacia, notadamente em local carente deles, como é o caso dos Seridós Potiguar e Paraibano. Apesar do pequeno ganho sistêmico com Armando Ribeiro Gonçalves, como ficou demonstrado, o certo é que a implantação de Serra Negra do Norte pode regularizar, na parte alta da bacia, cerca de 2,4 a 2,8m³/s, funcionando tal concepção como se fosse uma transferência de volumes regularizados de Armando Ribeiro Gonçalves paro o alto Seridó.

Por tudo o que foi estudado sobre as possibilidades de construção de novos reservatórios na região das bacias receptoras das águas do São Francisco, visando o aumento da oferta hídrica local, ficou evidenciado que está se encerrando o grande ciclo da açudagem no Nordeste Setentrional. Um ciclo que começou nos inícios do século passado. Assim, para fazer face às demandas futuras de recursos hídricos, dentro dos próximos 10 anos, os Estados do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco não poderão contar senão com transferências de águas exógenas, advindas de bacias situadas, em parte ou totalmente, fora do semi-árido ou mesmo do Nordeste, sendo a do São Francisco a mais próxima e, por isso, a que oferece a solução mais econômica.

7.6.27.6.27.6.27.6.2 Oferta de Recursos Hídricos SubterrâneosOferta de Recursos Hídricos SubterrâneosOferta de Recursos Hídricos SubterrâneosOferta de Recursos Hídricos Subterrâneos

Os estudos da oferta de recursos hídricos subterrâneos foram realizados ao nível regional, a partir de dados e informações existentes e coletados junto a todos os órgãos pertinentes, federais , estaduais e companhias de perfuração de poços. Em síntese, eles foram compostos pelos seguintes segmentos :

• de caracterização de cada bacia receptora, compreendendo os aspectos fisiográficos, geológicos e,

especialmente, hidrodinâmicos e qualitativos, quando se buscou estudar as dimensões e propriedades dos aquíferos, as reservas e recursos renováveis, as vazões dos poços e a qualidade da água subterrânea;

• avaliação da recarga difusa, ou recarga direta, entendida como aquela proveniente dos excessos de água das precipitações que penetram nos aquíferos através das zonas não saturadas;

• quantificação da recarga fluvial dos aquíferos, que , em outras palavras, significa a avaliação da parcela das vazões que, escoando nas calhas fluviais, termina por se infiltrar e reabastecer o lençol freático; do ponto de vista de disponibilidade de águas superficiais, transpostas ou não, pode ser interpretada como as perdas por infiltração.

Do ponto de vista hidrogeológico a maior parte da região está inserida na Subprovíncia Hidrogeológica do Escudo Oriental Nordeste com exceção da faixa costeira, que é ocupada pela subprovíncia Potiguar, pertencente à província costeira. A subprovíncia do Escudo Oriental Nordeste corresponde à parte setentrional da Província Escudo Oriental, constituída de rochas antigas, com aquíferos do domínio fissural e caracterizada pelo domínio de um clima semi-árido. A espessura do manto de cobertura indiferenciada (MCI) das rochas cristalinas (incluindo alúvios, colúvios e elúvios) é geralmente inferior a 5 m, culminando com uma produtividade de aquífero, em geral, muito fraca e com águas de alto grau de mineralização.

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Para a região mapeada, onde se encontram as bacias hidrográficas receptoras da transposição, os elementos geotectônicos, grupos geológicos e lito-estratigrafia estão ilustrados na Figura 10 e no Quadro 10.

A potencialidade dos aqüíferos foi definida nos estudos como a soma de duas parcelas:

• uma parcela de caráter determinístico, representada pelos recursos acumulados com sustentabilidade limitada de 500 anos;

• uma parcela supostamente ilimitada, efetivamente sustentável, porém de natureza estocástica, representada pelos recursos medianos renováveis, ou seja, recursos garantidos apenas nos anos ditos normais, que envolvem risco de 50%.

Não se dispunha de um número suficiente de dados para o estudo e previsão do comportamento da recarga (recursos renováveis), por aqüífero, como seria desejável. Mas, para o conjunto dos aqüíferos, uma amostra de 115 valores de lâminas restituídas em 33 postos fluviométricos, distribuídos pelas bacias hidrográficas receptoras da transposição, revelou o comportamento ilustrado na Figura 11, na qual se observa que a recarga, para um risco de 1% (99% de probabilidade), corresponde tão somente a 1,4% da mediana.

Ou seja, a recarga para uma garantia de 99% é ínfima (0,015 mm/ano). Isso significa que, para atender às demandas previstas, ter-se-á que forçosamente esgotar os aqüíferos.

Diante dessa conclusão, extraída de análises fundadas em dados empíricos, optou-se por deixar os aqüíferos do Nordeste Setentrional como reserva estratégica para enfrentar crises hidrológicas que possam, direta ou indiretamente, aumentar os riscos assumidos pelo Projeto de Transposição.

7.6.37.6.37.6.37.6.3 Balanço Hídrico Balanço Hídrico Balanço Hídrico Balanço Hídrico –––– Sinergia Sinergia Sinergia Sinergia ---- Bombeamento Bombeamento Bombeamento Bombeamento

As demandas hídricas futuras, projetadas para a área de abrangência do Projeto, são também indicadas no Quadro 3, apresentado no item 7.6.1, para os horizontes de planejamento dos anos 2010 e 2025, respectivamente.

Os déficits das bacias receptoras, obtidos através do balanço Oferta – Demanda, atingem respectivamente 21,6 m3/s, em 2010, e 87,2 m3/s, em 2025. Descontadas as sinergias proporcionadas pelo Projeto nos açudes receptores, a vazão média necessária a ser bombeada do rio São Francisco será de 20 m3/s, em 2010, e 63,2 m3/s, em 2025, conforme mostra o Quadro 3 acima referido.

As vazões envolvidas na definição do Projeto são indicadas a seguir.

7.77.77.77.7 Vazões Médias Bombeadas Vazões Médias Bombeadas Vazões Médias Bombeadas Vazões Médias Bombeadas

• BBBBACIAS ACIAS ACIAS ACIAS RRRRECEPTORAS ECEPTORAS ECEPTORAS ECEPTORAS (Á(Á(Á(ÁGUAS EFETIVAMENTE GUAS EFETIVAMENTE GUAS EFETIVAMENTE GUAS EFETIVAMENTE TTTTRANSPOSTASRANSPOSTASRANSPOSTASRANSPOSTAS))))

Para suprir os déficits hídricos das bacias receptoras, será necessário que sejam bombeados cerca de:

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• 37,5 m3/s (em 2025) para as bacias receptoras do Eixo Norte, sendo que os 23,7 m3/s restantes serão gerados pela sinergia dos reservatórios pertencentes a estas bacias; e

• 11,6 m3/s (em 2025) para as bacias receptoras do Eixo Leste.

• Total: 49,1 m3/s

FIGURA 10 – ESBOÇO GEOTECTÔNICO E SUBPROVÍNCIAS HIDROGEOLÓGICAS DO PRÉ-CAMBRIANO NORDESTINO.

Maceió

Recife

JoãoPessoa

Fortaleza

Aracaju

200km0

Natal

O C E A N O A T L Â N T I C O

42º 40º 38º 36º

42º 40º 38º 36º

10º

10º

Cobertura fanerozóica indiferenciada

Antefossas e intrafossas molássicas

Faixas de dobramentos

Zonas geoanticlinais e altos tectônicosretrabalhados no brasiliano

Embasamento

07

06

05

61

0403551

52

4

0 - COSTEIRA03- Recôncavo, Tucano, Jatobá04- Sergipe, Alagoas05- Pernambuco, Paraíba, R.G. do Norte06- Potiguar07- Ceará, Piauí

4 - PARNAÍBA

5- SÃO FRANCISCO51- Coberturas clásticas52- Coberturas carbonáticas

6 - ESCUDO ORIENTAL61- Escudo Oriental Nordeste

ELEMENTOS GEOTECTÔNICOS PROVÍNCIAS E SUBPROVÍNCIASHIDROGEOLÓGICAS

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46

Fontes: Brito Neves & Manoel Filho (1972)1

; Brito Neves (1978); Manoel Filho (1996)3

QUADRO 10 - CARACTERIZAÇÃO GEOTECTÔNICA E LITOLÓGICA DA SUBPROVÍNCIA ESCUDO ORIENTAL NORDESTE, NO DOMÍNIO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS MAPEADAS

Elementos Geotectônicos Grupos Litologias

Sistemas de dobramentos distais (ou interiores)

Gnaisses, paragnaisses e orto-gnaisses com intercalações de anfibolitos e calcários. Filitos e micaxistos de diferentes graus de metamorfismo. Ocorrência de stocks, plutões e batólitos graníticos e granodioríticos.

Jaguaribano Ceará Gnaisses e migmatitos complexos do embasamento, quartzitos, xistos

Seridó Cruzeta Seridó Equador Jucurutu

Filitos Micaxistos Quartzitos Gnaisses

Piancó – Alto Brígida Cachoeirinha / Salgueiro

Filitos, xistos verdes, micaxistos

Pajeú – Paraiba Sertânia Surubim

Xistos, gnaisses micaxistos

Riacho do Pontal Monte Orebe Afrânio Rajada

Meta-básicas Micaxistos, quartzitos micáceos Gnaisses

Maciços (interpostos às faixas de dobramento) Rio Piranhas

Ceará

Complexos gnáissico-migmatíticos e graníticos e rochas antigas de alto grau.

1

Brito Neves, B.B. & Manoel Filho, J. – Geologia e províncias hidrogeológicas da Bahia. In: CONG. BRAS. GEOL., 26. Belém, 1972. Anais ...Belém SBG. v. 2. p. 195-215.

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47

FIGURA 11 – HISTOGRAMA E DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL DE PROBABILIDADE DA RECARGA ANUAL (RECURSOS RENOVÁVEIS) PARA O CONJUNTO DOS AQÜÍFEROS EXISTENTES NAS

BACIAS HIDROGRÁFICAS RECEPTORAS DA TRANSPOSIÇÃO

RECARGA ANUAL DO CONJUNTO DOS AQÜÍFEROS y = 115 * 0,640638 * expon (x; 0,658531)

Lâminas restituídas (recarga) (mm/ano)

Núm

ero

de o

bser

vaçõ

es

0

4

8

12

16

20

24

28

32

36

40

44

48

0 1 3 4 5 6 8 9 10 12 13

Período Probabilidade Recarga retorno % mm/ano 2 50 1,052 5 80 0,338 10 90 0,159 20 95 0,077 50 98 0,030 100 99 0,015

• SSSSUBUBUBUB----BACIAS DO BACIAS DO BACIAS DO BACIAS DO RRRRIO IO IO IO SSSSÃO ÃO ÃO ÃO FFFFRANCISCO RANCISCO RANCISCO RANCISCO (Á(Á(Á(ÁGUAS UTILIZADAS NA PGUAS UTILIZADAS NA PGUAS UTILIZADAS NA PGUAS UTILIZADAS NA PRÓPRIA BACIA DO RÓPRIA BACIA DO RÓPRIA BACIA DO RÓPRIA BACIA DO SSSSÃO ÃO ÃO ÃO FFFFRRRRANCISCOANCISCOANCISCOANCISCO))))

• 6,6 m3/s (em 2025) para as sub-bacias do Rio São Francisco do Eixo Norte, sendo que 0,3 m3/s restante será gerado pela sinergia dos reservatórios pertencentes a estas bacias; e

• 7,5 m3/s (em 2025) para as sub-bacias do Rio São Francisco do Eixo Leste.

• Total: 14,1 m³/s.

CCCCAPACIDADE APACIDADE APACIDADE APACIDADE MMMMÁXIMA DE ÁXIMA DE ÁXIMA DE ÁXIMA DE AAAADUÇÃO DOS DUÇÃO DOS DUÇÃO DOS DUÇÃO DOS CCCCANAIS ANAIS ANAIS ANAIS

• BBBBACIAS ACIAS ACIAS ACIAS RRRRECEPTORASECEPTORASECEPTORASECEPTORAS

• Eixo Norte - 89 m3/s

• Eixo Leste - 18 m3/s

TotalTotalTotalTotal ---- 107 m 107 m 107 m 107 m3333/s/s/s/s

• SSSSUBUBUBUB----BBBBACIAS DO ACIAS DO ACIAS DO ACIAS DO RRRRIO IO IO IO SSSSÃO ÃO ÃO ÃO FFFFRANCISCORANCISCORANCISCORANCISCO

• Eixo Norte - 10 m3/s (Bacia do Rio Brígida)

• Eixo Leste - 10 m3/s (Bacia do Rio Moxotó)

TotalTotalTotalTotal ---- 20 m20 m20 m20 m3333/s/s/s/s

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7.87.87.87.8 Vazões Máximas Diárias (Após o Ano 2025)Vazões Máximas Diárias (Após o Ano 2025)Vazões Máximas Diárias (Após o Ano 2025)Vazões Máximas Diárias (Após o Ano 2025)

Na operação do Projeto, é prevista uma paralisação diária (3 horas) do bombeamento no horário de pico de energia elétrica, quando o custo da energia é mais elevado. Desse modo, as vazões médias diárias máximas são as seguintes:

• Eixo Norte - 89,1 m3/s

• Eixo Leste - 25,2 m3/s

TotalTotalTotalTotal ---- 114,3 m 114,3 m 114,3 m 114,3 m3333/s/s/s/s

Desse total, aproximadamente 80 m³/s (Eixo Norte) e 16,2 m³/s (Eixo Leste), ou seja, 96,2 m³/s, podem ser transferidos para as bacias receptoras, configurando efetiva transferência de água entre bacias.

7.97.97.97.9 Operação do SistemaOperação do SistemaOperação do SistemaOperação do Sistema

A Região Nordeste dispõe de uma ampla infra-estrutura hídrica construída ao longo do século passado, envolvendo mais de mil açudes públicos, entre pequenos, médios e grandes, mas que, em geral, não suprem as demandas com regularidade.

Mesmo nos grandes reservatórios podem ocorrer falhas, não garantindo vazões adequadas durante as secas mais prolongadas, ou ainda, em certas situações, alguns açudes de menor porte podem secar completamente.

Nessas circunstâncias, o Projeto de Transposição proporcionará um aumento da disponibilidade hídrica para o consumo humano, agrícola e industrial, com a garantia do fornecimento durante as secas, potencializando o ganho sinérgico – redução das perdas de água – nos grandes açudes do Nordeste Setentrional.

Nas circunstâncias atuais dos reservatórios, sua operação acaba não aproveitando grande parte do volume de água, pois, sob a permanente ameaça de uma provável seca, os usuários acabam reservando, muitas vezes, volumes excessivos para o futuro. Esse excedente de água acaba evaporando-se sob a ação do sol. O receio da falta de água no futuro acaba inibindo sua utilização mais racional no presente.

A gestão integrada dos grandes reservatórios beneficiados pela Transposição proporcionará uma sinergia hídrica da ordem de 24 m3/s, decorrente da operação do sistema, quando a demanda a ser atendida em 2025 estiver viabilizada.

O ganho sinérgico significa um recurso hídrico das próprias bacias beneficiadas que se disponibiliza em razão da garantia que o sistema de transposição oferece à gestão dos reservatórios receptores. Não se trata, portanto, de água transposta do Rio São Francisco, mas uma redução das perdas d’água das próprias bacias receptoras, o que está em linha com os conceitos modernos do Desenvolvimento Sustentável.

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O sistema de transposição irá bombear água quando e apenas quando necessário. Em anos em que a seca recrudescer, o sistema poderá bombear continuamente a sua máxima capacidade diária de 114,3 m3/s. Em anos úmidos, será utilizada a capacidade endógena das bacias receptoras, concentrada nos açudes, limitando-se o bombeamento a uma pequena vazão a ser utilizada de modo difuso pelas comunidades interioranas, situadas ao longo dos canais e dos rios e riachos receptores.

Por outro lado, em anos hidrologicamente favoráveis na bacia do São Francisco, com vertimento de água pelas barragens, poderá ser efetivado o bombeamento máximo para os açudes, sem impacto sobre a geração de energia, flexibilizando e otimizando a operação integrada do sistema.

Nas condições definidas, a operação do empreendimento não irá desencadear interferências na economia regional da bacia do rio São Francisco, que permanece com seus usos múltiplos atendidos.

O efeito da vazão transposta sobre o regime fluvial, após a captação no rio São Francisco, é pouco significativo, quando se consideram as alterações que a operação do sistema energético da CHESF – Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso e Xingó - provoca nas vazões e níveis associados, a jusante. Portanto, o Projeto não afeta a situação da cunha salina próximo à foz do rio São Francisco, que foi alterada pela operação das hidrelétricas, modificando o regime original do Baixo São Francisco.

O consumo de energia no bombeamento das águas transpostas será pago na forma usual a que se obriga qualquer consumidor de energia e nenhum ônus trará ao sistema energético. O Projeto será mais um consumidor como tantos outros na Região.

O Projeto também não afeta a navegação do rio São Francisco, concentrada no seu trecho médio, a montante da retirada de água para a Transposição.

O único impacto mensurável do Projeto não ocorre sobre o rio São Francisco ou sobre a bacia do São Francisco (beneficiada em Pernambuco), mas sobre a geração do Sistema Elétrico Nacional Interligado. Será um impacto proporcional à pequena vazão retirada para o empreendimento, estimado em 140 MW médios, por volta do ano 2025, correspondente a pouco mais de 2% da geração hidrelétrica local, podendo ser compensado pelas fontes alternativas de energia em fase de viabilização pelo Setor Elétrico, cujas projeções de mercado a médio prazo têm uma precisão inferior ao percentual referido.

7.107.107.107.10 Prazos e CustosPrazos e CustosPrazos e CustosPrazos e Custos

O Projeto poderá ser implementado em quatro anos, como demonstra o cronograma dos estudos de viabilidade técnica e econômica. Este cronograma poderá ser ajustado, para otimizar os recursos, inclusive com possíveis reflexos no aumento da viabilidade econômica, já verificada para o cronograma de 4 anos.

O custo total do Projeto foi estimado em aproximadamente R$ 2,7 bilhões (ver Quadro 11), com maiores desembolsos nos Trechos I e V, compreendendo a transposição efetiva entre a bacia do São Francisco e as demais bacias, perfazendo cerca de 60% do investimento. Os custos previstos para implantar os diversos programas ambientais é da ordem de R$ 42 milhões. Os custos relacionados à desapropriação e reassentamento de pessoas residentes na faixa de obras foram orçados e incluídos no custo do Projeto. Menos de mil famílias serão deslocadas pelas obras, o que, considerando as vazões envolvidas, constitui um impacto pequeno, cerca de 12 vezes menor, por exemplo, do que o de uma barragem como Castanhão.

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QUADRO 11

ESTIMATIVA DE CUSTOS DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Trech*o Início – Destinação Capacidade

de Vazão m3/s

Custo

em 1.000

R$

Custo

%

I Ilha Assunção para Jati 99 a 89 862.508 32

II Jati até Reservatório Cuncas – atendimento do Rio Salgado (CE) e Piranhas-Açu (PB e RN)

89 341.468 13

III Reservatório Cuncas até Rio Salgado – atendimento ao Ceará

80 a 50 261.309 10

IV Reservatório Santa Helena até Açude Pau dos Ferros – atendimento do Rio Apodi (RN)

40 216.549 8

V Itaparica – Monteiro (PB) 28 a 10 776.967 29

VI Do Trecho I aos Açudes Chapéu e Entremontes (PE) 10 230.539 8

Total 2.689.340 100

Obs.: Os Trechos III, IV e VI correspondem a aproximadamente 25% do custo total e podem vir a ter seu Cronograma de implantação dilatado.

7.117.117.117.11 Atendimento da DemandaAtendimento da DemandaAtendimento da DemandaAtendimento da Demanda

Os recursos hídricos locais das bacias receptoras, potencializados com os açudes estratégicos em construção e projeto – Castanhão (CE), Santa Cruz (RN), Acauã (PB), Umari (RN) e, mais adiante, Figueiredo (CE) – e pela exploração racional dos principais aqüíferos (confinados sedimentares), possibilitarão o suprimento de água para o atendimento da demanda hídrica regional, a curto prazo, com exceção de algumas sub-bacias, como as dos rios Salgado (CE) e Ipojuca (PE), onde o déficit hídrico já é crítico.

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Trata-se, em geral, de um atendimento não confortável à sustentabilidade do bem-estar social, muito abaixo dos padrões considerados adequados pelas Nações Unidas, em termos de volume de água por habitante.

Os açudes apresentam, entretanto, uma condicionalidade operacional importante: a incerteza de uma seca duradoura e a necessidade de garantir o suprimento hídrico para os núcleos urbanos. Essa condição acarreta uma restrição de uso da água na irrigação, condicionando novos investimentos e a evolução tecnológica do setor pela possibilidade do racionamento ou corte de água e das perdas conseqüentes dos agricultores. São comuns, na região, perímetros irrigados desativados ou ociosos devido a perdas de produção pelo racionamento de água, com as conseqüentes dívidas bancárias decorrentes e, em outros casos, pela utilização de água salinizada restante nos açudes, que prejudicam a qualidade dos solos irrigáveis.

A médio prazo (2025), as demandas da região receptora aumentarão pelos seguintes fatores: pressão do aumento populacional – população urbana residente deverá ter um incremento de até 50%, se não houver migração inter-regional –; maior e melhor nível de atendimento doméstico urbano; crescimento industrial e do turismo; e desenvolvimento dos perímetros irrigados atualmente em implantação e planejamento.

A redução dos desequilíbrios regionais de renda entre o Nordeste e o Centro-Sul do país exigirá melhor nível de saneamento básico e crescimento da indústria, dos serviços e da produção agrícola na região, inclusive no seu semi-árido. As tensões geradas na administração da água para distribuí-la entre os vários usuários tornar-se-á crescentemente crítica, se não houver uma gestão eficaz e um reforço dos mananciais locais, a menos que se admita como referência uma estagnação de seu desenvolvimento e de sua população, ou seja, a persistência do processo migratório e da pobreza do Nordeste.

Os estudos de Inserção Regional realizados para avaliação da oportunidade de realizar a Transposição de Águas do Rio São Francisco mostraram, cabalmente, que, ainda que se conquiste a curto prazo uma gestão eficaz dos recursos hídricos locais e se realize sua potencialização através da construção de poços e açudes – considerando que o ciclo da açudagem na área receptora estará praticamente esgotado a curto prazo -, haverá déficit hídrico na região de influência do Projeto, antes do ano 2010; em algumas sub-bacias ele já é efetivo, como antes referido.

As projeções para 2025 indicam que a demanda hídrica humana e industrial, fortemente concentrada no setor urbano, alcançará cerca de 48 m³/s nas bacias receptoras, valor que coincide com a vazão média transposta, de 49 m³/s, do rio São Francisco para outras bacias, embora apenas parte desta – cerca de 25% - seja efetivamente considerada para o suprimento urbano, na avaliação econômica do Projeto. Como decorrerência da transposição, a área irrigável da região, com água garantida, poderá ser duplicada de 125 mil para aproximadamente 250 mil ha, sem considerar a pequena irrigação difusa.

A parcela da água total (existente + sinergia + transferida do rio São Francisco) disponibilizada com o Projeto na área beneficiada, para irrigação intensiva em pólos dotados de potencial transformador da economia regional do sertão, é de cerca de 65%. Esse percentual é da mesma ordem de grandeza da demanda consuntiva usual de água, para irrigação em diferentes regiões semi-áridas e áridas, e até mesmo em áreas úmidas desenvolvidas dotadas de irregularidade climática significativa. Portanto, a Transposição do São Francisco proporcionará um padrão de suprimento que é comum em outras regiões do mundo com o desenvolvimento agrícola equilibrado, em função das necessidades da população em termos de segurança e bem-estar social.

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Assim, o Projeto de Transposição, transferindo para outras bacias, em média, cerca de 3% do volume das águas do Rio São Francisco, após sua regularização pelo Reservatório de Sobradinho, possibilitará aliviar a pressão pela água no Nordeste Setentrional. Com a Transposição, e a sinergia por ela gerada nos açudes receptores, a área irrigável da região poderá ser duplicada, e ter garantia de suprimento hídrico, além de serem atendidas todas as demandas urbanas e de uso difuso rural ao longo de mais de 1500 km de rios e canais que compõem o sistema hidráulico criado pelo Projeto.

7.127.127.127.12 Efeito SocialEfeito SocialEfeito SocialEfeito Social

É conhecido o esforço histórico que os sucessivos governos e agentes privados da Região Nordeste têm dispendido na busca de solução para suas duas maiores questões: a falta d'água e os elevados níveis de pobreza de sua população.

A Transposição de Águas do Rio São Francisco irá interferir nesse quadro quase que inexorável, contribuindo para iniciar mudanças nas condições de sustentabilidade do semi-árido setentrional, desencadeando mecanismos de crescimento econômico em cadeias produtivas variadas na indústria, no turismo e na agricultura irrigada, com três tipos de efeitos:

• criação de empregos e oportunidades de trabalho, com reflexos na massa salarial e na distribuição de renda das famílias;

• aumento da produção e dos níveis de produtividade, com efeitos na criação de novos fatos geradores de receita orçamentária que, por sua vez, favorecem diretamente a provisão de bens e serviços públicos, com repercussões favoráveis na chamada renda não monetária das famílias; e,

• melhoria no abastecimento hídrico da população.

As alterações continuadas no mecanismo de crescimento econômico, como ilustrado na Figura 12, a seguir apresentada, deflagram efeitos multiplicadores que repercutem na trajetória do desenvolvimento regional do semi-árido e da faixa litorânea de grande parte do Nordeste Setentrional. Em particular, os chamados focos dinâmicos da economia nordestina – como o complexo têxtil/confecções, couro e calçados, o turismo, e os pólos de desenvolvimento agrícola, como Açu/Mossoró, Baixo Jaguaribe e Alto/Médio Piranhas serão fortalecidos em suas bases produtivas, pois já dispõem, no presente, de uma massa crítica mínima, capaz de internalizar mais rapidamente os efeitos da segurança da oferta da água em quantidade e qualidade.

Os efeitos positivos do empreendimento, embora por si só não sejam capazes de reformular integralmente o modelo de desenvolvimento regional, irão melhorar substancialmente a atratividade de investimentos e as condições de vida e o bem-estar das comunidades sertanejas e urbanas.

Com alguma defasagem, comum nos investimentos estruturantes, o mecanismo econômico irá interferir na dinâmica demográfica, alterando diretamente e reduzindo a participação do componente migratório populacional. Assim, antevê-se uma redução na evasão rural, pois a capacidade de suporte do sertão estará fortalecida.

Várias podem ser as formas de quantificar esses diversos efeitos. Sem querer esgotar as possibilidades e adotando-se como marco temporal o horizonte final de 2025, intermediado por 2010 – para as bacias receptoras, desagregando as regiões metropolitanas, o entorno dos eixos da Transposição e as áreas

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urbana e rural –, pode-se antever alguns fenômenos mais marcantes no quadro sócio-econômico, a seguir apresentados.

Figura 12: Mecanismos do Crescimento Econômico

7.12.17.12.17.12.17.12.1 Crescimento de Emprego e RendaCrescimento de Emprego e RendaCrescimento de Emprego e RendaCrescimento de Emprego e Renda

Inicialmente, a construção do empreendimento gerará cerca de 5.000 empregos diretos na região. Estima-se que a oferta de água contribuirá para a geração, até o horizonte de 2025, de até 620 mil empregos/oportunidades de trabalho, sendo 71% de procedência urbana e 29% rural, tanto de natureza direta como indireta, envolvidos nas atividades produtivas potencializadas com o Projeto, com destaque para as cadeias dos agronegócios, do turismo, do complexo têxtil e de confecções, couro e calçados, entre inúmeras outras atividades industriais, tendo a água como insumo importante. Igualmente, espera-se um incremento anual do PIB da ordem de R$ 13,3 bilhões. Esse incremento apresenta 6,6% de renda a mais em relação à situação sem o Projeto de Transposição.

7.12.27.12.27.12.27.12.2 Atração de InvestimentosAtração de InvestimentosAtração de InvestimentosAtração de Investimentos

M e lh o ria n o B em E s ta r d a P o p u la ç ã o

F o rm a ç ã o / Fo rta lec im e n toC a d e ia s P ro d u tiv a s

- A g ric u l tu ra Ir r ig a d a ,- In d ú s tr ia s,- Tu rism o , e- O u tro s

O fe r ta d e Á g u a c o m G a ra n t ia ,Q u a lid a d e e C o n f ia b ilid a d e

M a io r R e c e ita O rç a m e n tá r iaM u n ic ip a l / E sta d u a l

A u m e n to n a O fe rta d e B e n s e S e rv iço s P ú b lico s

M e lh o ria d e R e n d a N ã o -M o n e tá r ia

d a s F a m ília s

A u m e n to d a s O p o r tu n id a d esd e Tr a b a lh o e d e E m p re g o s

A u m e n to d a M a s sa S a la r ia l

M e lh o ria n a D is tr ib u içã o d eR en d a M o n e tá r ia

d a s Fa m ília s

A b a ste c im en to H u m a n o

A tr a çã o d e In v es t im e n to s P ú b lic o s e P r iva d o s

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Os sistemas agrícolas intensivos praticados com irrigação de alta tecnologia e em bases perenes poderão ser ampliados, considerando o mesmo horizonte de 2025, em mais 125 mil hectares, somente com a água proporcionada pelo Projeto da Transposição.

Também serão beneficiados pela Transposição os projetos estaduais integráveis que detêm protocolos de intenção de investimentos, mas necessitam de infra-estrutura hídrica, ora sem garantia de suprimento. Destacam-se nessa categoria inúmeras adutoras para abastecimento urbano, distribuídas pelos quatro Estados; o suprimento da Zona Industrial de Pecém, no Ceará, onde se prevê a implantação de indústrias âncoras como uma refinaria e uma usina termoelétrica; o pólo gás-sal no município de Macau, no Rio Grande do Norte, um grande complexo industrial voltado ao aproveitamento de recursos minerais, onde se destacam petróleo, gás natural e sal marinho; e, por fim, o Complexo Industrial de Porto Suape, em Pernambuco, apoiado por programa de incentivo à industrialização.

No âmbito do PRODETUR/NE, pretende-se fomentar a atividade turística, destacando-se os Estados do Ceará e de Pernambuco, com protocolos de intenções de investimentos expressivos de grupos privados nacionais e internacionais.

7.12.37.12.37.12.37.12.3 Atendimento ao Longo do Percurso dos Canais e dos Vales por Eles AtravessadosAtendimento ao Longo do Percurso dos Canais e dos Vales por Eles AtravessadosAtendimento ao Longo do Percurso dos Canais e dos Vales por Eles AtravessadosAtendimento ao Longo do Percurso dos Canais e dos Vales por Eles Atravessados

Ao longo do percurso dos canais e dos vales, onde a água será entregue e fluirá até os açudes, e dos projetos de abastecimento de água integráveis, poderão ser beneficiados cerca de 190 municípios sertanejos. Assim, estima-se que um contingente urbano de cerca de 3,4 milhões de habitantes, no ano de 2025, será beneficiado com o Projeto.

Por outro lado, verifica-se que a população rural vem se reduzindo, elevando o componente migratório, tendência que ultrapassa a problemática das secas. Esse movimento será reduzido com a nova proximidade e regularidade da água, tanto para seu abastecimento, como para prática de atividades econômicas. Além das áreas irrigáveis pelos açudes estratégicos, prevê-se a incorporação de 30 mil hectares de novas áreas, com irrigação difusa e em perímetros irrigáveis ao longo dos canais. Estima-se em 1,13 milhão de habitantes a população que, em 2025, será beneficiada diretamente ao longo dos canais e rios da Transposição, inclusive com a evolução da piscicultura, não computando aí a população a ser beneficiada com o uso das águas dos açudes estratégicos receptores, que receberão a maior parte das águas.

7.12.47.12.47.12.47.12.4 Redução do Êxodo RuralRedução do Êxodo RuralRedução do Êxodo RuralRedução do Êxodo Rural

Com o fortalecimento econômico regional, estima-se que o Projeto permitirá atenuar o acelerado êxodo rural, reduzindo o contingente que se dirige tanto às grandes cidades como a outras regiões do País. Calcula-se uma retenção de 1,1 milhão de pessoas nas regiões receptoras, nas áreas rural e urbana, que devem migrar da região, caso o Projeto não seja executado. Nessas condições, será possível reduzir em 15% a evasão de mão-de-obra rural prevista para ocorrer até 2025.

7.12.57.12.57.12.57.12.5 Redução de Gastos com SecasRedução de Gastos com SecasRedução de Gastos com SecasRedução de Gastos com Secas

A população que vive sob risco da situação de emergência provocada pela seca na região do Projeto foi estimada, com base no Programa Federal de Combate aos Efeitos da Seca – PFCES, criado em 1998 e

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gerenciado pela SUDENE, em 440 mil pessoas, que serão resgatadas do atendimento pelos programas emergenciais, caso o Projeto venha a ser executado.

7.137.137.137.13 Viabilidade AmbientalViabilidade AmbientalViabilidade AmbientalViabilidade Ambiental

Do ponto de vista ambiental – considerando os meios sócio-econômico, biótico e físico – o Projeto de Transposição é considerado ambientalmente viável, ao trazer, com sua inserção, benefícios econômicos, sociais e ambientais que superarão em muito os poucos impactos ambientais adversos advindos de sua implantação e operação. São impactos muito inferiores àqueles resultantes da construção de grandes barragens, pois acarretam o deslocamento de pequena população residente e não interferem com áreas úteis ou ambientalmente valiosas.

Essa condição foi favorecida, neste Projeto, pelos seguintes aspectos:

• elaboração dos estudos de engenharia paralelamente aos estudos ambientais, possibilitando que os condicionantes ambientais impusessem soluções de traçado das obras pouco impactantes em relação à áreas e locais ambientalmente frágeis, ou valiosos, ou ainda sujeitos a interferências negativas significativas;

• existência de um balanço favorável entre interferências de natureza temporária (a maioria) e permanente; e

• concepção de inúmeras medidas mitigadoras, de controle, de compensação para as interferências adversas e de potencialização de efeitos positivos que irão compor Programas Ambientais, cuja implementação deverá obedecer a um rigoroso cronograma, compatibilizado com os marcos das obras e com a gestão integrada.

Entre os vários programas que irão representar um ganho ambiental, cita-se o Programa de Educação Ambiental, que envolve a conscientização sobre práticas agrícolas de manejo dos solos, a serem adotadas pelos produtores rurais usuários das águas. Tal atitude irá favorecer substancialmente a conservação e preservação não só dos solos, como de outros recursos naturais relacionados. Esse programa, juntamente com o de Apoio Técnico para Pequenas Atividades de Irrigação ao longo dos Canais para as Comunidades Agrícolas, irá contribuir para introduzir posturas adequadas à sustentabilidade das atividades rurais na região, incluindo o controle da salinização dos solos e a racionalização do uso econômico da água.

No âmbito da bacia do São Francisco, cujos recursos naturais foram avaliados com especial rigor, pode-se antever que a operação da Transposição não irá desencadear interferências, pois não conflita com os demais usos consuntivos da água aí presentes, nem alterará de forma marcante os contextos ambiental e energético vigentes.

Cumpre assinalar, finalmente, que a viabilidade sócio-cultural deverá ser assegurada por meio da articulação com organizações governamentais e não-governamentais, com a implantação, em tempo hábil, de Programa de Comunicação Social que irá agilizar a multiplicação de informações sobre o empreendimento, divulgando para diferentes públicos-alvo a operação integrada dos açudes. Irá assegurar também a proteção e valorização da cultura local, entre outras ações que permitam às comunidades se estruturarem para aproveitar melhor as oportunidades advindas da implantação e operação do Projeto.

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7.147.147.147.14 Viabilidade Econômica e FinanceiraViabilidade Econômica e FinanceiraViabilidade Econômica e FinanceiraViabilidade Econômica e Financeira

Com base nas análises hidrológicas e sócio-econômicas constantes dos estudos de inserção regional do Projeto, bem como nos estudos operacionais e de custos elaborados nos estudos das obras, foram realizadas as análises econômica e financeira para o empreendimento.

O objetivo da análise econômicaanálise econômicaanálise econômicaanálise econômica é determinar a viabilidade do projeto do ponto de vista da sociedade, portanto os custos e benefícios são considerados com seus valores econômicos. O objeto de análise é o suprimento hídrico com garantia de fornecimento aos vários usuários. Para tanto, considera um pacote de projetos (além da Transposição, os subprojetos integráveis: adutoras, redes de distribuição, perímetros de irrigação), que se encontram em várias fases de planejamento e implementação, sob a responsabilidade dos governos estaduais (geralmente com apoio federal) e do setor privado.

A metodologia de avaliação econômica aplicou o Modelo de Simulação de Obras Públicas - SIMOP, que estima os benefícios aos usuários finais da água adicional trazida pelo Projeto, em função das variações na oferta e na demanda de água. Complementarmente, são calculados os benefícios obtidos com a redução dos gastos públicos emergenciais e as melhorias na saúde da população. Os benefícios do Projeto consideram o uso múltiplo da água e o ganho total representado pela vazão transposta líquida (descontadas as perdas) e pelo ganho sinérgico nos reservatórios interligados.

A totalidade destes benefícios é comparada com a soma dos custos de investimento e operação da Transposição e dos subprojetos integráveis, dos programas ambientais e da reposição da energia renunciada pelo sistema elétrico, ajustados aos preços econômicos. Para analisar a viabilidade por trecho, rateiam-se os custos dos trechos comuns (Trechos I, II e III parcial) do Eixo Norte, sendo que para o Trecho I não se considerou benefícios diretos.

Já o objetivo da análise financeira análise financeira análise financeira análise financeira é determinar a auto-sustentabilidade da operação financeira, que tem como objeto de análise a futura operadora (pública ou privada) do empreendimento. Nessa análise, compara-se custos e receitas a preços de mercado e verifica-se a viabilidade financeira do empreendimento. O intuito é avaliar se o sistema é operacionalmente auto-sustentável, ao suprir a demanda de água nas regiões beneficiadas.

Posto que os aspectos econômicos e sociais são preponderantes para a decisão da realização do Projeto, admite-se que podem ser necessários subsídios do governo federal, especialmente para viabilizar o investimento na construção do empreendimento, dados sua abrangência regional e seu impacto nacional distributivo, bem como a experiência nacional e internacional nesse tipo de empreendimento: trata-se de equalizar as condições de oportunidade para as diferentes parcelas da população e Estados que compõem a sociedade brasileira e a União, removendo um dos obstáculos – a restrição de água com garantia – para o Desenvolvimento Sustentável.

Parte-se também do princípio que a operadora, ao vender a água bruta da transposição nos portais de entrega dos canais aos Estados, não aufere, em princípio, receitas financeiras com a água adicional gerada pela sinergia dos açudes receptores, que vai gerar renda adicional aos Estados (que deverão gerir suas águas, inclusive a dos açudes públicos). A operadora tampouco lucra com a diferença entre o preço da água bruta e a venda aos usuários finais pelos Estados, apesar de o Projeto gerar ganhos financeiros para as concessionárias e as agências locais de bacias.

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Dessa forma, comparam-se, em um fluxo de caixa, a soma das receitas obtidas da água bruta dos canais, vendida pela operadora do sistema da Transposição aos Estados, com os recursos correspondentes ao investimento no sistema e os recursos necessários para operá-lo. Também se verifica o impacto fiscal global do Projeto sobre os governos estaduais e federal.

7.14.17.14.17.14.17.14.1 Resultados da Análise EconômicaResultados da Análise EconômicaResultados da Análise EconômicaResultados da Análise Econômica

Com base nos pressupostos que formam os alicerces deste estudo, considera-se que o Projeto é economicamente viável para o conjunto dos eixos que o compõem. A taxa interna de retorno obtida foi de 21,9% e o valor presente líquido (VPL) foi superior a R$1,8 bilhões. Indicadores elevados gerados pelo alto impacto social positivo são normais quando se traz para uma região serviços anteriormente escassos ou deficientes. Dessa forma, conclui-se que o Projeto é viável para o início imediato das obras.

O valor presente líquido dos benefícios consiste de ganhos de utilização de água adicional proporcionada pelo Projeto para usos múltiplos e redução de gastos emergenciais e de saúde (benefícios complementares). Os benefícios para o período de análise do Projeto somam R$ 4,4 bilhões, com a seguinte distribuição:

• Consumo Humano, R$ 1,2 bilhões, correspondendo a 28%;

• Consumo industrial, R$ 2,5 bilhões, correspondendo a 57%;

• Irrigação intensiva e difusa, R$ 0,37 bilhão, correspondendo a 8%;

• Benefícios complementares, R$ 0,32 bilhão, correspondendo a 7%.

Os benefícios da irrigação intensiva são de menor proporção pela menor capacidade de pagamento da água pela agricultura em relação ao consumidor urbano e à menor participação da irrigação nos anos iniciais - em face dos prazos necessários para o seu pleno desenvolvimento a partir da garantia da segurança hídrica exigida pelo empreendedor privado -, no uso da água da Transposição.

Com a aplicação de método alternativo de cálculo de benefícios, pelo aumento da renda líquida da agricultura (método comumente utilizado em projetos de irrigação), os benefícios adicionais da irrigação (VPL) poderão chegar a quase R$ 1 bilhão, correspondendo, nessa hipótese, a quase 22% dos benefícios totais, em lugar de 8% calculados pelo SIMOP.

O Eixo Norte, formado pelos Trechos I, II, III, IV e VI, apresenta uma taxa interna de retorno de 17%, com VPL de R$0,6 bilhões.

Estes resultados incorporam o critério adotado de rateio dos custos dos Trechos I, II e III, que busca distribuí-los segundo as capacidades de contribuição dos usuários e Estados.

O Eixo Leste apresenta uma taxa interna de retorno de 31% e o Valor Presente Líquido de R$ 1,2 bilhões.

Para efeito de demonstrar a solidez da viabilidade econômica, uma análise da sensibilidade demonstrou que o projeto é ainda viável, reduzindo-se em 30% os benefícios: obtém-se então uma TIR = 12% para o Eixo Norte e de 22% para o Eixo Leste. Por outro lado, se os custos aumentarem em 10% e os benefícios forem reduzidos em 20%, as respectivas taxas serão 12% e 23%.

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No caso de se adotar um método alternativo para estimar os benefícios da agricultura, através do cálculo da Renda Líquida do Setor, a viabilidade global do Projeto aumentaria, com uma TIR de 25%, em lugar de 21,9%.

Outra análise de sensibilidade, considerando a eliminação de benefícios relevantes – porque relativos ao meio urbano, com maior capacidade de pagamento pela água -, tais como uma postergação dos investimentos no sub-projeto de reforço do sistema da Região Metropolitana do Recife ou RMR, a partir do Eixo Leste, mostra que, mesmo sem considerar uma redução do custo correspondente à demanda da RMR nas obras principais da Transposição, ainda assim, a TIR do Eixo Leste seria de 15%, ou seja, favorável à sua viabilidade.

Finalmente, uma análise de sensibilidade, realizada desagregando os diferentes trechos do Eixo Norte, mostrou que os trechos I, II e III apresentam viabilidade econômica para início imediato, sendo as TIR correspondentes superiores a 12%. São trechos que deverão estar operando integralmente até o ano 2010, sendo os trechos I e II básicos para implantação imediata, por serem primordiais ao desenvolvimento posterior do trecho III.

Já a implantação dos trechos IV e VI, se deslocada para após 2010, garantiria uma TIR do Eixo Norte superior a 20%.

É importante garantir, a curto prazo, o suprimento do Agreste Pernambucano, a partir do Eixo Leste.

7.14.27.14.27.14.27.14.2 Resultados da Análise FinanceiraResultados da Análise FinanceiraResultados da Análise FinanceiraResultados da Análise Financeira

Além das receitas operacionais, constituídas principalmente pelas receitas de fornecimento de água da Transposição às gestoras estaduais de água bruta e delas, por sua vez, às concessionárias de saneamento básico e aos perímetros de irrigação, o Fluxo de Caixa do Projeto incorpora os subsídios aportados pela União e possíveis entradas de recursos externos para investimento, sob a forma de financiamento.

Na alternativa da União bancar todo o investimento a fundo perdido, sua contribuição total seria de R$2.689 milhões para as obras e R$ 42 milhões para Programas Ambientais, em valores de julho de 1999. Na alternativa de se receber empréstimo externo da ordem de R$966 milhões (US$546 milhões à taxa de câmbio de 1,77, vigente em julho de 1999), para cobrir 40% do investimento inicial do projeto, o aporte da União seria de R$3.711 milhões, sendo R$ 1.449 milhões para os investimentos iniciais no período 2000 / 2004, mais R$1.946 milhões posteriormente, eqüivalentes ao serviço da dívida, sendo R$ 110 milhões de juros durante a construção (2000-2004) e R$ 316 milhões de investimentos até o ano de 2020.

A Análise Financeira do Projeto utilizou uma tarifa média ponderada (utilizada pela Companhia de Águas Brutas do Ceará – COGERH) pelos diversos usuários da água da Transposição, de R$ 0,096 / m3 (tarifa nos portais). Com essa tarifa é possível gerar recursos para o pagamento dos custos operacionais, formação de capital de giro e ainda pagar a parte do serviço da dívida do projeto.

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Foi ainda calculado o valor da tarifa nos portais dos Estados nos dois Eixos, necessária para zerar o Valor Presente ( à taxa social de desconto de 12% ) dos Custos Operacionais do Projeto, chegando-se a um valor de 0,067 R$/m3.

Para alguns Estados, como o Ceará e o Rio Grande do Norte, cujos açudes receptores apresentam elevada sinergia hídrica, o custo do m³ de água proporcionada pela Transposição será significativamente inferior, da ordem de R$ 0,04 a 0,05 por m³.

Para Pernambuco, cujos açudes apresentam baixa sinergia, os custos da água poderão ser parcialmente compensados com a receita do ICMS sobre a energia utilizada no bombeamento, que é totalmente concentrado no Estado.

Como resultado da soma das variações de todas as receitas e despesas públicas (inclusive nos sub-projetos a serem integrados à Transposição para viabilizar o uso efetivo da água), ao longo de trinta anos, os governos (federal e estaduais) terão um impacto fiscal positivo, traduzido por uma receita líquida, da ordem de R$ 2.856 milhões durante 30 anos, em valores correntes.

Para uma tarifa operacional média na faixa de R$ 0,04 – 0,05 por m³ de água bruta na região receptora, é possível viabilizar um conjunto de projetos de irrigação, desde que os Estados adotem a prática do subsídio cruzado entre os setores urbano e agrícola, dentro dos limites viáveis de capacidade de pagamento setorial, desde que utilizada tecnologia agrícola adequada e um sistema de outorga e cobrança eficaz, minimizando perdas físicas de água e perdas financeiras pela não cobrança ou pagamento. Nesse sentido, o Projeto insere-se como um forte indutor da melhor gestão da água na região e deve ser visto como um componente efetivo do esquema de gestão.

A viabilidade financeira do Projeto passa, assim, a depender de um acordo formal entre a União e os Estados beneficiados pelo empreendimento, no sentido de garantir o pagamento pela água, sustentando sua operação e a manutenção.

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8.8.8.8. PRAZOS E CUSTOS ATUALIZADOS PELO PROJETO BÁSICO

O Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco deverá ser implantado em três etapas distintas, conforme consubstanciado nos Estudos de Viabilidade Econômica Financeira.

A primeira Etapa de implantação compreende parte do Eixo Norte (trechos I, II ) e o Eixo Leste completo (trecho V) e deverá estar em operação ao final de 2003. A Segunda Etapa (Trecho III) entrará em operação em 2010 e a terceira etapa (trechos IV e VI) em 2015. Parte dos equipamentos e aquedutos do Trecho I serão implantados durante as 2ª e 3ª Etapas.

O custo total do Projeto foi estimado em aproximadamente R$ 3 bilhões, a preços de outubro de 2000, e foram calculados com os quantitativos obtidos no Projeto Básico para a primeira etapa de implantação e nos Estudos de Viabilidade para as demais etapas.

No quadro a seguir apresentam-se os valores estimados para as diferentes etapas previstas. Deste quadro depreende-se que a transposição efetiva entre a bacia do São Francisco e as demais bacias (Trechos I e V) corresponde aos maiores desembolsos, cerca de 62% do investimento.

Os custos previstos para implantar os diversos programas ambientais é da ordem de R$ 42 milhões e os custos relacionados à desapropriação e reassentamento de pessoas residentes na faixa de obras foram orçados e incluídos no custo do Projeto. Menos de mil famílias serão deslocadas pelas obras, o que, considerando as vazões envolvidas, constitui um impacto pequeno, cerca de 12 vezes menor, por exemplo, do que o de uma barragem como Castanhão.

ESTIMATIVA DE CUSTOS DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO S. FRANCISCO

ETAPAS E

CUSTOS

TRECHOS INÍCIO – DESTINAÇÃO R$ (out/00) % TOTAL GERAL 3.017.386.964,15 1ª ETAPA 2.106.379.192,59 69,8% Trecho I Ilha Assunção para Jati 802.028.843,66 26,58% Trecho II Jati até Reservatório Cuncas 357.389.822,87 11,84% Trecho V Itaparica – Monteiro PB 946.960.526,06 31,38% 2ª ETAPA 368.494.518,28 12,21% Trecho III Reservatório Cuncas até Rio Salgado 293.439.683,00 9,72% Trecho I – Fase 02 Equipamentos e Aquedutos 75.054.835,28 2,49% 3ª ETAPA 542.513.253,29 17,98% Trecho IV Reservatório Santa Helena até Açude Pau dos Ferros 234.138.788,00 7,76% Trecho VI Do Trecho I aos Açudes Chapéu e Entremontes PE 253.492.139,00 8,40% Trecho I – Fase 03 Equipamentos e Aquedutos 54.882.326,29 1,82%

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Finalizando, apresenta-se o cronograma de implantação das obras para todas as etapas previstas.

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1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS 1ºS 2ºS

1. 1ª ETAPA DE IMPLANTAÇÃO 2.106.379.192,59

1.1. TRECHO I 802.028.843,66

1.2. TRECHO II 357.389.822,87

1.3. TRECHO V 946.960.526,06

2. 2ª ETAPA DE IMPLANTAÇÃO 293.439.683,00

2.1. TRECHO III 293.439.683,00

2.1. Trecho I - Fase 2 75.054.835,28

3. 3ª ETAPA IMPLANTAÇÃO 542.513.253,29

3.1. TRECHO IV 234.138.788,00

3.2. TRECHO VI 253.492.139,00

3.2. Trecho I - Fase 3 54.882.326,29

1ª Etapa: Quantitativos do Projeto Básico, base de preços: outubro/20012ª e 3ª Etapas: Quantitativos dos Estudos de Viabilidades, base de preços: outubro/2001

TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCOCRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS OBRAS

2001 2009 2010 2011 2012

Referência dos Preços:

2006 2007 2008Item ETAPAS CUSTOS (R$) 2003 20052002 20132004 20152014

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9.9.9.9. BIBLIOGRAFIA

• RELATÓRIOS DOS ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA, emitidos pelo Consórcio ENGECORPS/HARZA.

R1 - Arranjos Preliminares das Obras, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R1 - Anexo A – Arranjos Preliminares das Obras - Base Cartográfica e Traçados – Escala 1:100.000 - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/99.

R1 - Anexo B – Arranjos Preliminares das Obras - Critérios Gerais dos Estudos de Viabilidade, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Maio/99.

R1 - Anexo C – Arranjos Preliminares das Obras – Base Cartográfica – Escala 1:250.000, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/99.

R2 - Banco de Dados de Custos Unitários, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R2 - Anexo A – Comentários sobre o Relatório R2 – Banco de Dados de Custos Unitários – Parecer Técnico do Dr. Luís Edmundo França Ribeiro, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R3 - Concepção Tecnológica das Obras Civis - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R4 - Curvas Paramétricas de Obras Típicas - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R5 - Mapeamento Geológico Regional, Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R6 - Programação Geral dos Trabalhos de Campo - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Janeiro/99.

R7 - Tomo A – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R7 - Tomo B – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R7 - Tomo C – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R7 - Tomo D – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obra - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R7 - Tomo E – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obras – Investigações Geofísicas – Sísmica de Refração - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R7 - Tomo F – Mapeamento Geológico-Geotécnico das Faixas de Obras - Avaliação Hidrogeológica – Dr. Aldo da Cunha Rebouças - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R8 - Estudos Operacionais - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

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R9 - Concepção Tecológica dos Equipamentos Eletromecânicos - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R10 - Sistema de Suprimento de Energia Elétrica - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/99.

R11 - Estudos de Captação de Água no Rio São Francisco - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R12 - TOMO A – Pré-Dimensionamento Hidrológico e Hidráulico - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R12 - TOMO B – Pré-Dimensionamento Hidrológico e Hidráulico - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R12 - TOMO C – Pré-Dimensionamento Hidrológico e Hidráulico – Relatórios de Visita Técnica ao Campo - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R13 - Pré-Dimensionamento Geotécnico das Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R13 - ANEXO A – Pré-Dimensionamento Geotécnico das Obras - Visita às Obras dos Projetos Pontal Sul e Salitre - Projeto de Irrigação Paulo Afonso - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Junho/99.

R13 - ANEXO B – Pré-Dimensionamento Geotécnico das Obras - Traçados na Escala 1:25.000 - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Junho/99.

R14 - Concepção Estrutural das Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R15 - Pré-Dimensionamento dos Equipamentos Eletromecânicos - Consórcio ENGECORPS-HARZA,

R16 - Metodologia de Avaliação Econômico-Financeira do Projeto - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Abril/99.

R17 - Análise e Seleção de Alternativas - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Junho/99.

R18 - PARTE A – TOMO 1 - Dimensionamento Hidrológico das Obras Principais na Alternativa Selecionada – Avaliação do Desempenho da Operação do Sistema de Transposição das Águas do Rio São Francisco - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R18 - PARTE A – TOMO 2 – Dimensionamento Hidrológico das Obras Principais na Alternativa Selecionada – Avaliação do Desempenho da Operação do Sistema de Transposição das Águas do rio São Francisco - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R18 - PARTE A – TOMO 3 - Dimensionamento Hidrológico das Obras Principais na Alternativa Selecionada – Avaliação do Desempenho da Operação do Sistema de Transposição das Águas do rio São Francisco - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R18 - PARTE B – PARTE C – Dimensionamento Hidrológico das Obras Principais na Alternativa selecionada – Estudos Sedimentológicos para a Definição dos Hidrogramas de Projeto das Barragens e Estudos Sedimentológicos para Previsão de Assoreamento nos Reservatórios - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

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R19 - TOMO 1 – Dimensionamento Hidráulico da Alternativa Selecionada - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R19 - TOMO 2 – Dimensionamento Hidráulico da Alternativa Selecionada - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R20 - TOMO 1 – Investigações Geológico-Geotécnicas Complementares - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R20 - TOMO 2 – Investigações Geológico-Geotécnicas Complementares - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R21 - Estudos de Túneis - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R22 - PARTE A - Dimensionamento das Obras de Drenagem e Controle de Erosão de Leito Fluvial - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R22 - PARTE B – Dimensionamento das Obras de Drenagem e Controle de Erosão de Leito Fluvial - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R23 - TOMO 1 – Dimensionamento das Obras Principais de Terra e Rocha - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R23 - TOMO 2 – Dimensionamento das Obras Principais de Terra e Rocha - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R24 - Dimensionamento Estrutural das Obras Civis - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R25 - Dimensionamento de Equipamentos Eletromecânicos e Hidromecânicos - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R26 - Avaliação de Desapropriação, Relocações e Reassentamento de População - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R27 - Anteprojeto das Vias de Acesso - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R28 - Dimensionamento dos Equipamentos Elétricos, Subestações, Linhas de Transmissão e Sistema de Telecomando - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R29 - Infra-Estrutura para Implantação das Obras - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R30 - TOMO 1 – Cronogramas, Métodos Construtivos e Orçamentos - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R30 - TOMO 2 – Cronogramas, Métodos Construtivos e Orçamentos - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

R30 - TOMO 3 – Cronogramas, Métodos Construtivos e Orçamentos - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

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R31 - Análise Econômica e Justificativa do Empreendimento - Consórcio ENGECORPS-HARZA, Agosto/00.

R32 - Relatório Síntese de Viabilidade Técnico-Econômica e Ambiental - Agosto/00.

Caderno de Desenhos – Eixo Norte – Tomo 1 – Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

Caderno de Desenhos – Eixo Norte – Tomo 2 – Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

Cadernos de Desenhos – Eixo Leste – Consórcio ENGECORPS-HARZA, Março/00.

• RELATÓRIOS DOS ESTUDOS DE INSERÇÃO REGIONAL, emitidos pela VBA:

Análise Prospectiva do Abastecimento de Água, Tomo I, VBA, Março/2000.

Análise Prospectiva do Abastecimento de Água, Tomo II, VBA, Março/2000.

Análise dos Usos Difusos da Água/Textos, Tomo I, VBA, Março/2000.

Análise dos Usos Difusos da Água/Mapas, Tomo II, VBA, Março/2000.

Análise Prospectiva da Irrigação, Tomo I, VBA, Março/2000.

Análise Prospectiva da Irrigação, Tomo IIA, VBA, Março/2000.

Análise Prospectiva da Irrigação, Tomo IIB, VBA, Março/2000.

Análise Prospectiva da Irrigação, Tomo III, VBA, Março/2000.

Relatório de Estudo Hidrológico Regional, VBA, Fevereiro/99.

Estudo Hidrológico Regional, Tomo I, VBA, Março/2000.

Estudo Hidrológico Regional, Tomo II, VBA, Março/2000.

Operação Integrada dos Açudes - Tomo I, VBA, Março/2000.

Operação Integrada dos Açudes - Tomo II, VBA, Março/2000.

Operação Integrada dos Açudes - Tomo III, VBA, Março/2000.

Operação Integrada dos Açudes - Tomo IV, VBA, Março/2000.

Avaliação da Qualidade das Águas Superficiais, VBA, Março/2000.

Cenários de Demanda Hídrica nas Bacias Receptoras - Tomo I, VBA, Março/2000.

Cenários de Demanda Hídrica nas Bacias Receptoras - Tomo II, VBA, Março/2000.

Cenários de Demanda Hídrica nas Bacias Receptoras - Tomo III, VBA, Março/2000.

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Mapeamento dos Aqüiferos e Caracterização Hidrodinâmica, VBA, Março/2000.

Análise da Eficiência da Açudagem nas Bacias Receptoras, VBA, Março/2000.

Avaliação das Perdas e Recarga dos Aquíferos, VBA, Março/2000.

Estudos Hidroenergéticos, VBA, Março/2000.

Modelo de Gestão para o Projeto de Transposição, VBA, Março/2000.

Análise Geomorfológica - Tomo I, VBA, Março/2000.

Análise Geomorfológica - Levantamento Topográfico - Tomo III, VBA, Junho/99

Potencialização da Açudagem nas Bacias Receptoras, VBA, Março/2000.

Identificação dos Sub-Projetos Integráveis, VBA, Dezembro/99.

Estudos de Inserção Regional - Relatório Geral - Tomo I, VBA, Março/2000.

Estudos de Inserção Regional - Relatório Geral - Tomo II, VBA, Março/2000.

Estudo de Avaliação Preliminar da Transposição do Rio Tocantins para o Rio São Francisco - Tomo I - RELATÓRIO GERAL - PARTE A, VBA, Março/2000.

Estudo de Avaliação Preliminar da Transposição do Rio Tocantins para o Rio São Francisco - Tomo I - RELATÓRIO GERAL - PARTE B, VBA, Março/2000.

Estudo de Avaliação Preliminar da Transposição do Rio Tocantins para o Rio São Francisco - Tomo I - RELATÓRIO GERAL - PARTE C, VBA, Março/2000.

Estudo de Avaliação Preliminar da Transposição do Rio Tocantins para o Rio São Francisco - Tomo II - ESTUDOS BÁSICOS, VBA, Março/2000.

• RELATÓRIOS DOS ESTUDOS DE MEIO AMBIENTE, emitidos pelo Consórcio JAAKO PÖYRY-TAHAL:

Estudo de Impacto Ambiental - EIA - 13 Volumes, JAAKO PÖYRY, Junho/00.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - 1 Volume, JAAKO PÖYRY, Junho/00.

Page 70: TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO - ib.usp.brC7%C3O%20DE%20%C1GUAS%20... · histórico tem a amplitude de um Projeto Nacional e insere-se na política de desenvolvimento e integração