gabrielly silva rossinportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_disserta%c7%c3o%20... · gabrielly...

44
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM BIODIVERSIDADE TROPICAL GABRIELLY SILVA ROSSIN RELAÇÕES FILOGENÉTICAS DO GÊNERO PARTAMONA SCHWARZ, 1939 (HYMENOPTERA/APIDAE) COM ÊNFASE NO GRUPO CUPIRA SÃO MATEUS 2016

Upload: lamthien

Post on 10-Sep-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

EM BIODIVERSIDADE TROPICAL

GABRIELLY SILVA ROSSIN

RELAÇÕES FILOGENÉTICAS DO GÊNERO PARTAMONA SCHWARZ, 1939

(HYMENOPTERA/APIDAE) COM ÊNFASE NO GRUPO CUPIRA

SÃO MATEUS

2016

Page 2: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

GABRIELLY SILVA ROSSIN

RELAÇÕES FILOGENÉTICAS DO GÊNERO PARTAMONA SCHWARZ, 1939

(HYMENOPTERA/APIDAE) COM ÊNFASE NO GRUPO CUPIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBT)

do Centro Universitário Norte do Espírito Santo

da Universidade Federal do Espírito Santo, como

requisito parcial à obtenção do Título de Mestre

em Biodiversidade Tropical.

Orientador: Prof. Dr. Vander Calmon Tosta

Coorientador: Hugo de Azevedo Werneck

SÃO MATEUS

2016

Page 3: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

Ao meu avô e á minha mãe,

por tanto amor e confiança.

Page 4: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

i

AGRADECIMENTOS

Agradeço á Deus, minha fonte de ânimo e sabedoria para seguir adiante em meio aos

percalços, durante essa caminhada.

Ao meu orientador, professor Vander Calmon Tosta, por todo aprendizado, pela

oportunidade e incentivo de iniciar o mestrado nessa área e por abrir as portas em outras

Universidades para que eu pudesse buscar o melhor para desenvolver este trabalho;

Agradeço ao grande ser humano e professor Lúcio Antônio de Oliveira Campos, pelas

experiências enriquecedoras que tive em Viçosa, por todo crescimento pessoal e profissional

alcançado, pela forma em que fui recebida na UFV, por todo apoio e participação neste

trabalho, pelos exemplos valiosíssimos de sua conduta como professor e pessoa, pelas longas

conversas e conselhos e por me apresentar a melhor “pizza em pedaço”;

Ao meu coorientador Hugo de Azevedo Werneck por todo conhecimento

compartilhado, pelo exemplo de profissionalismo, pela paciência e preocupação de me fazer

aprender o máximo possível, por sempre me incentivar, por todas as sugestões e ensinamentos

para concretização desse estudo;

Agradeço á Universidade Federal do Espírito Santo, ao CEUNES e ao programa de

pós-graduação em Biodiversidade Tropical pela oportunidade, e a todos os professores desta

instituição que contribuíram na minha formação;

Agradeço á Universidade Federal de Viçosa e a todas as pessoas que convivi desta

instituição, foi uma grande oportunidade ter feito boa parte da minha pesquisa rodeada por

pessoas que acrescentaram muito na minha formação;

Page 5: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

ii

Ao professor Marco Antonio Del Lama da Ufscar, pelas amostras de abelhas

concedidas e pelas colocações importantes no meu projeto, agradeço também á todos os seus

alunos do laboratório, em especial á Kátia pelos conhecimentos compartilhados sobre biologia

molecular e Partamona, e a Diana, por todos os helps solicitados e atendidos, pelas várias

contribuições ao longo deste trabalho e por ter me acolhido em São Carlos;

Agradeço á Universidade Federal do Rio de Janeiro e ás professoras Daniela e

Michele do programa de pós-graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva pela

oportunidade de cursar a disciplina de Sistemática Molecular;

Agradeço a todas as meninas das repúblicas que me acolheram durante as minhas

estadias... Diana e Cia em São Carlos, Maria Paula, Jádila, Izabela e Manu no Rio, Priscila e

Cia, Jaqueline, Tamires, Gabriela, Rita, Camilinha, Nat, Lu e Tati pelos vários meses em

Viçosa. Minha estadia foi maravilhosa e sem a boa vontade delas em me abrigar, boa parte

desse trabalho talvez não tivesse sido possível. Muito obrigada á todas, em especial a última

república que morei em Viçosa, pelos cafés de cada dia, as comidinhas da Tati e a ótima

convivência com vocês, sou muito grata por tudo, pela paciência e generosidade de me

aguentarem tanto tempo.

Agradeço aos meus colegas de laboratório do CEUNES e da UFV: Mylla, André,

Drienne, Kamila, Fabiana, Natália, Camilinha, Carol, Samira, Barbarinha, Tércia, e todos os

outros, que fizeram a rotina do Lab ser bem mais empolgante e proveitosa; e aos colegas dos

laboratórios do Ceunes por todos os cafés e conversas fiadas;

Á ex-técnica do laboratório de genética e conservação animal do CEUNES Geórgia,

pelos primeiros ensinamentos e práticas, e a técnica do laboratório de Biologia Molecular de

Insetos da UFV Renata, que prontamente me ajudava em tudo o que precisava.

Page 6: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

iii

Agradeço ao meu Gust, por ter sido compreensivo com minha ausência em tantos

momentos, por se deslocar de Vix várias vezes pra ir ao meu encontro, por tantas idas á

rodoviária na madrugada, e pela paciência de tanto me ouvir falar em PCR e abelhas, sem

dúvidas tudo teria sido muito mais difícil sem você;

Agradeço aos que estiveram do meu lado pra me apoiar e “jogar pra cima” desde o

início, Larissa, Judson, Carol, Flavinha, Romário, Stephannie;

Agradeço á minha família, meus avós, mamis linda, Dani, Rik e Manuzinha pela

compreensão, apoio e conforto nas horas de saudade, o amor de vocês é fundamental pra me

incentivar a buscar o melhor, em qualquer caminho que eu venha a tomar.

Posso dizer que eu levo desse mestrado muito mais do que o pretendido título e me

sinto muito honrada pela confiança e oportunidade de ter vivenciado tudo isso.

Page 7: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

iv

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................................. v

ABSTRACT ............................................................................................................................................ vi

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................. 11

2.1 Objetivo geral: ....................................................................................................................... 11

2.2 Objetivos específicos: ............................................................................................................ 11

3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................... 12

3.1 Extração de DNA, Amplificação e Sequenciamento .............................................................. 14

3.2 Análise das Sequências e Reconstruções Filogenéticas ........................................................ 16

3.3 Datação Molecular ................................................................................................................ 18

4. RESULTADOS ............................................................................................................................. 19

4.1 Análise das sequências ................................................................................................................ 19

4.2 Reconstruções Filogenéticas ....................................................................................................... 20

4.3 Reconstrução de Estado Ancestral .............................................................................................. 23

4.4 Datação Molecular ...................................................................................................................... 26

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................................. 28

5.1- Reconstruções Filogenéticas ...................................................................................................... 28

5.2 Reconstrução de Estado Ancestral de Caracter .......................................................................... 31

5.3- Datação Molecular ..................................................................................................................... 32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 34

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 35

ANEXOS............................................................................................................................................... 41

Page 8: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

v

RESUMO

Entre os gêneros pertencentes à tribo Meliponini está Partamona Schwarz 1939, que possui

atualmente 33 espécies descritas. As relações filogenéticas deste gênero, foram evidenciadas

por Pedro & Camargo (2003) e Camargo & Pedro (2003) baseadas em caracteres

morfológicos e hábitos de nidificação. Os autores propuseram a divisão do gênero em cinco

grupos :Musarum, Testacea, Nigrior e Cupira, representados pelas espécies que nidificam em

termiteiros, e Bilineata/Epiphytophyla , por espécies não termitófilas. Nossas análises

filogenéticas de Máxima Verossimilhança e inferência Bayesiana baseadas nos genes

nucleares ArgK e Opsin e o gene mitocondrial CytB, confirmam a monofilia do gênero e sua

relação de grupo irmão com o gênero Parapartamona. Os caracteres morfológicos definidos

como sinapomorfias para estabelecer o grupo Cupira não coincidem com o relacionamento

filogenético molecular do grupo e a divisão do gênero em dois clados foi fortemente

suportada. Análise de caracteres taxonômicos baseados nos hábito de nidificação utilizados

para a classificação de grupos no gênero Partamona não estão relacionados com a hipótese

filogenética por dados moleculares. A Datação molecular estipula que a divisão entre os

gêneros Partamona e Parapartamona ocorreu há cerca de 14 milhões de anos, na mesma

época do soerguimento dos Andes. O maior evento de especiação entre o gênero ocorreu por

volta de 4 milhões de anos durante o Plioceno. Eventos de vicariância durante o Plio-

Pleistoceno, podem ter ocasionado as divergências dos principais agrupamentos do gênero

Palavras-chave: Partamona, Cupira, Relações Filogenéticas, Datação Molecular,

Reconstrução Ancestral

Page 9: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

vi

ABSTRACT

Partamona Schwarz in 1939 is one of the Meliponini genus, currently has 33 described

species. The phylogenetic relationships of this genus were made by Pedro & Camargo (2003)

and Camargo & Pedro (2003) based on morphological characters and nesting habits. These

authors proposed the division of the genus into five groups: Musarum, testacea, Nigrior and

Cupira, represented by species that nest in termite mounds, and Bbilineata / Epiphytophyla,

by not termitófilas species. Our phylogenetic analyzes of Maximum Likelihood and Bayesian

inference based on ArgK and Opsin genes nuclear and mitochondrial gene CytB confirm the

monophyly of the genus and its sister group relationship with the Parapartamona genus.

Morphological characters defined as synapomorphies to establish Cupira group does not

coincide with the molecular phylogenetic relationships of the group and the genus division

into two clades was strongly supported. Taxonomic characters analysis based on the nesting

habits used to classify groups on genus Partamona are not related to the phylogenetic

hypothesis for molecular data. Molecular dating stipulates that the division between the

Partamona and Parapartamona genus occurred about 14 million years, the same time of the

Andean uplift. The higher speciation event between genus occurred around 4 million years

ago during the Pliocene. Vicariant events during the Plio-Pleistocene may have caused the

divergence of the main genus groups.

Keywords: Partamona, Cupira, Phylogenetic Relationships, Dating Molecular,

Reconstruction Ancestral

Page 10: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

7

1. INTRODUÇÃO

Dentre a diversidade de abelhas, encontra-se a tribo Meliponini, subfamília

Apinae, uma das quatro tribos de abelhas corbiculadas, sendo as demais Apini, Bombini e

Euglossini (Michener, 2007), estas abelhas compartilham entre si uma estrutura nas

pernas posteriores chamada corbícula, utilizada para o transporte de pólen (Sakagami &

Michener, 1987; Martins et al., 2014). As relações filogenéticas entre estas tribos vêm

sendo exploradas por muitos pesquisadores e não existe consenso entre as hipóteses

disponíveis até o momento, tanto com base em morfologia quanto por dados moleculares

(Michener 1944; Camargo & Pedro 1992; Rasmussen & Cameron 2010; Romiguier, et

al.,2015).

Entre os gêneros pertencentes à tribo Meliponini está Partamona Schwarz 1939,

proposto inicialmente como subgênero de Trigona Jurine 1807, até Moure (1951) o

estabelecer em nível de gênero e relaciona-lo ao grupo Plebéia, um dos primeiros

agrupamentos classificados pelo autor com base na semelhança morfológica da tíbia

posterior e da estrutura do tegumento destas abelhas.

Este gênero possui atualmente 33 espécies descritas, conhecidas popularmente

como “abelhas cachorro” por sua agressividade, são exclusivamente neotropicais e de

ampla distribuição geográfica, sendo encontradas do México até o sul do Brasil. Estão

presentes em diversos ambientes, como cerrado, caatinga, matas e regiões montanhosas.

Algumas destas espécies são tolerantes a perturbações antrópicas e são comuns em áreas

urbanizadas (Pedro & Camargo, 2003).

Segundo o conceito de Mayr (1969), no qual um “grupo” é representado por um

conjunto de espécies presumivelmente monofiléticas, Camargo (1980), reconheceu dois

Page 11: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

8

grupos em Partamona: grupo Testacea e grupo Cupira, definidos como distintos pelo

contraste de suas colorações, em que pertencem no primeiro grupo espécies de cor

amarelada e castanha, e no segundo as espécies de cor preta. A partir disso, outras

espécies descritas foram agrupadas de acordo com os caracteres definidos como

sinapomorfias para os grupos dentro do gênero (Camargo e Pedro 2003).

As primeiras propostas filogenéticas que incluem o gênero Partamona, foram

realizadas por Michener (1990) e Camargo & Pedro (1992) baseadas em caracteres

morfológicos. Pedro & Camargo (2003) revisaram o gênero e demonstraram que há

dificuldades para propor uma hipótese filogenética consistente para Partamona, pelo fato

de existir poucos caracteres estruturais de importância taxonômica passíveis de

codificação e polarização.

Em função disso, e da discreta variação da cor padrão das abelhas adultas, os

autores realizaram outro trabalho para complementar a classificação do gênero, incluindo

informações sobre a distribuição geográfica e arquitetura dos ninhos, que ao contrário da

homogeneidade morfológica das espécies, permitiu reforçar algumas hipóteses á respeito

da classificação dos grupos (Camargo & Pedro, 2003). No entanto, foi proposto a divisão

do gênero em cinco grupos : Musarum, Testacea, Nigrior e Cupira, representados pelas

espécies que nidificam em termiteiros, e Bilineata/Epiphytophyla , por espécies não

termitófilas.

Uma das características de Partamona, é a capacidade destas abelhas nidificarem

em uma ampla variedade de substratos, como cavidades subterrâneas, cavidades pré-

existentes em árvores, raízes de epífitas, fendas de paredes e rochas. Além dos diversos

hábitos e substratos utilizados, as estruturas de entrada variam bastante, são muito

Page 12: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

9

ornamentadas, sendo peculiares a cada espécie, o que possibilitou acrescentar caracteres

na classificação dos grupos citados anteriormente. (Camargo & Pedro, 2003)

Embora a diversidade na arquitetura de ninho, substratos utilizados e hábitos de

nidificação, tenha sido muito utilizada para classificar gêneros de abelhas (Michener

1961; Michener 2000), taxonomistas advertem que a morfologia dos ninhos deve ser

usada com o devido cuidado para identificação de espécies, pois esses caracteres podem

auxiliar, mas não são suficientes para discriminação das espécies, além disso, esses

caracteres podem ser fortemente afetados por variáveis ambientais (Franck et al., 2004).

Dentre os 29 caracteres combinados usados para a construção da hipótese filogenética

do grupo Cupira, baseada tanto na morfologia quanto nos hábitos de nidificação, foram

distinguidos como sinapomorfias: (i) a forma dos dentes da mandíbula equidistantes entre

si; (ii) a presença de estrias longitudinais no rebordo látero inferior da entrada dos ninho;

(iii) o rebordo látero-inferior convexo-revirado (Pedro & Camargo 2003; Camargo &

Pedro, 2003).

Apesar da inclusão de novos caracteres para definição dos grupos no gênero, as

relações intraespecíficas não foram totalmente esclarecidas, como exemplo a espécie

Partamona helleri Friese (1900), que está relacionada ao grupo Cupira baseado em

caracteres morfológicos, se diferencia do grupo por não nidificar em termiteiros,

apresentando assim uma posição incerta no gênero.

Dados moleculares têm sido cada vez mais utilizados em filogenia, tendo ajudado a

resolver relações filogenéticas de diversos grupos enigmáticos de abelhas, seja em nível

de famílias, tribos e gêneros. Isso tem alterado significativamente a compreensão das

relações filogenéticas de abelhas baseadas em morfologia por estudos prévios (Danforth et

al., 2012).

Page 13: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

10

A primeira filogenia molecular que incluiu alguns táxons de Partamona foi proposta

por Costa et al.,2003, baseada na utilização de sequências do gene rDNA 16S,

posteriormente Rasmussen & Cameron (2010) realizaram uma filogenia molecular com

base em cinco genes (mitocondriais e nucleares). Porém, estes estudos incluíram um

número reduzido de espécies, permanecendo assim muitas dúvidas quanto ás relações

intraespecíficas.

O uso combinado de genes nucleares e mitocondriais e as taxas de substituição de

nucleotídeos que os caracterizam, permite explorar estudos em uma ampla variedade de

grupos de insetos (Lin & Danforth, 2004). De forma geral, genes nucleares evoluem mais

lentamente do que genes mitocondriais, apesar destes incluírem regiões que evoluem

rapidamente (introns). No uso combinado destes genes, observou-se que os genes

nucleares apresentam níveis baixos de homoplasia, fornecendo ainda bons valores de

suporte nas topologias (Danforth, 2003).

No entanto, entre os caracteres moleculares, os genes mitocondriais são bastante

utilizados em estudos filogenéticos, devido a características como, a transmissão materna,

ausência de recombinação na maioria dos casos e alta taxa de substituição (Avise 2009;

Emerson & Hewitt 2005). Por outro lado, estes genes podem apresentar alguns problemas

como a presença de cópias parálogas e pseudogenes (regiões do DNA que foram

transferidas do genoma mitocondrial para o núcleo). Como consequência, essas análises

podem ser comprometidas, uma vez que processos evolutivos atuam de forma diferente

sobre essas sequências (Sorenson & Quinn 1998; Buhay, 2009). Em trabalhos realizados

com alguns gêneros da tribo Meliponini, como Melipona, Trigona e Partamona, já foi

constatado a ocorrência de pseudogenes, conhecidos como numts (Cristiano et.al., 2012;

Franck et al., 2004; Miranda, 2012).

Page 14: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

11

Sendo assim, as constantes discordâncias na classificação das espécies do grupo

Cupira indicam que mais caracteres são necessários para fortalecer as conclusões. Dessa

forma, o presente estudo busca elucidar, a partir de sequencias parciais de genes

mitocondriais e nucleares, as relações filogenéticas das espécies pertencentes a este clado.

E busca averiguar a correlação da variação dos hábitos de nidificação com as relações

filogenéticas, através da reconstrução de estado ancestral para contribuir com a história

evolutiva deste gênero.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral:

Investigar as relações filogenéticas do grupo Cupira utilizando sequências parciais de

genes nucleares e mitocondriais.

2.2 Objetivos específicos:

i) Verificar, a partir de dados moleculares, a monofilia do grupo Cupira;

ii) Averiguar a correlação dos caracteres de nidificação com as relações filogenéticas

baseadas em dados moleculares;

iii) Estimar datas de divergência entre as espécies e elaborar hipóteses para a

diversificação do grupo;

Page 15: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

12

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O conjunto de dados consiste de 48 táxons terminais. Para compor o grupo interno,

seguiu-se a proposta filogenética de Camargo e Pedro (2003) para Partamona com ênfase

no grupo Cupira. Dessa forma, foram amostradas 16 operárias adultas das espécies

pertencentes a este gênero (Tabela I). Sequências disponíveis no genBank também foram

utilizadas para compor os grupos externo e interno (Tabela II). Os espécimes testemunho

estão depositados no Museu Regional de Entomologia da Universidade Federal de

Viçosa-UFV.

Figura I. Distribuição das espécies amostradas do grupo interno baseada no mapa de

Morrone (2014).

Page 16: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

13

Tabela I. Espécies utilizadas no grupo interno, com seus respectivos grupos e

localidades.

Voucher Espécie Grupo Cidade Estado País

66 Partamona criptica Cupira Itamarati Minas Gerais Brasil

68 Partamona seridoensis Cupira Mirador Maranhão Brasil

111 Partamona helleri Cupira Ribeirão Preto São Paulo Brasil

50 Partamona helleri Cupira São Mateus Espírito Santo Brasil

83 Partamona helleri Cupira Mendanha Minas Gerais Brasil

18 Partamona aff helleri Cupira Paraopeba Minas Gerais Brasil

59 Partamona mulata Cupira Cuiabá Mato Grosso Brasil

16 Partamona rustica Cupira Januária Minas Gerais Brasil

58 Partamona ailyae Cupira Nova Xavantina Mato Grosso Brasil

65 Partamona cupira Cupira Brasilandia de Minas Minas Gerais Brasil

137 Partamona cupira Cupira Guimarânia Minas Gerais Brasil

57 Partamona chapadícola Pearsoni Santa Maria Pará Brasil

62 Partamona vicina Testacea Nova Xavantina Mato grosso Brasil

61 Partamona epiphytophila Epiphytophila Rio Branco Acre Brasil

102 Partamona auripennis Nigrior Manaus Amazonia Brasil

2 Partamona orizabaensis Bilineata Heredia San José Costa Rica

Tabela II. Número de acesso ao GenBank das sequências utilizadas de Rasmussen e

Cameron (2010).

Voucher Táxon Acesso ao Genbank

Argk Opsin

28 Aparatrigona impunctata FJ042187 FJ043390

223 Austroplebeia symei _______ DQ813183

463 Cephalotrigona capitata FJ042191 FJ042394

445 Friesella schrottkyi FJ042198 FJ042401

462 Frieseomelitta silvestrii FJ042201 FJ042404

405 Hypotrigona gribodoi DQ813043 DQ813199

425 Hypotrigona ruspolii DQ813044 DQ813200

449 Lestrimelitta limão FJ042207 FJ042410

466 Leurotrigona muelleri FJ042209 FJ042412

404 Liotrigona madecassa DQ813049 DQ813205

420 Lisotrigona furva ________ DQ813206

128 Melipona beecheii FJ042224 FJ042427

456 Melipona bicolor FJ042196 FJ042398

121 Melipona scutellaris FJ042216 FJ042419

423 Mourella caerulea FJ042227 FJ042430

Page 17: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

14

450 Nannotrigona testaceicornis FJ042230 FJ042433

120 Nogueirapis mirandula FJ042232 FJ042435

114 Oxytrigona mellicolor FJ042235 FJ042438

567 Parapartamona fumata FJ042255 FJ042457

583 Parapartamona tungurahuana FJ042256 FJ042458

465 Paratrigona lineata FJ042247 FJ042450

593 Partamona musarum FJ042243 FJ042446

05 Partamona testacea FJ042238 FJ042441

339 Plebeia frontalis DQ813059 DQ813216

295 Plebeia moureana FJ042251 FJ042454

453 Scaptotrigona bipunctata FJ042265 FJ042467

02 Scaura longula FJ042267 FJ042469

472 Schwarziana quadripunctata FJ042270 FJ042472

362 Schwarzula tímida FJ042271 FJ042473

137 Tetragona ziegleri FJ042285 FJ042488

64 Tetragonisca angustula DQ813076 DQ813233

447 Trigona spinipes EU049766 EU049811

471 Trigonisca nataliae FJ042278 FJ042480

3.1 Extração de DNA, Amplificação e Sequenciamento

O DNA total foi extraído do tórax das operárias conforme o protocolo

recomendado por Waldschmidt et al., (1997), ou das pernas por meio do kit de extração

“DNeasy Blood & Tissue” (Qiagen), sob as recomendações do fabricante. O DNA

extraído de cada amostra foi quantificado em espectrofotômetro no NanoDrop

(ND1000®).

No presente estudo foi utilizado o conjunto de dados combinado de genes

mitocondriais e nucleares. Dessa forma, foram selecionados os genes mitocondriais

Citocromo B (CytB), Citocromo Oxidase I (COI) e os genes nucleares codificadores de

proteína Arginina Kinase (ArgK) e Rodopsina verde (Opsin), que foram amplificados pela

reação em cadeia de polimerase (PCR), cujos primers estão disponíveis na literatura

(Tabela III).

Page 18: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

15

Tabela III. Marcadores moleculares utilizados nas amplificações, com seus respectivos

iniciadores (primers), temperatura de anelamento e referências sobre os mesmos.

As amplificações consistiram em volume final de 25 μL para cada amostra,

contendo 10X (2,5 μL) PCR Buffer; 10 mM (0,8 μL) de desoxirribonucleotídeo trifosfato

(dNTP); 50mM (1,0 μL) de MgCl²; 10mM (1,0 μL) de cada primer (forward e reverse), 1

unidade de Taq polimerase (Invitrogen) e 50 ng de DNA extraído. As condições da reação

de PCR foram: desnaturação inicial a 94ºC por 2 minutos, seguido de 35 ciclos repetitivos

de 94ºC por 45 segundos, neste passo temperaturas de anelamento foram específicas para

cada primer como mostra a tabela III, durante 1 minuto, com extensão a 72ºC por 1:30

minutos. Ao final dos 35 ciclos, foi realizado um passo extra de extensão (5 min a 72ªC).

Para visualizar a amplificação dos fragmentos e verificar o tamanho esperado para

cada gene, os produtos de PCR foram submetidos ao processo de eletroforese em gel de

agarose com concentração de 1,4% e foram corados com o corante GelRed™.

As reações de purificação e sequenciamento dos produtos via PCR foram realizadas pela

empresa Macrogen Inc. (Seoul, Coréia do Sul).

Gene Primer Sequência Temp. de

AnelamentoReferência

mtD-26 5' TATGTACTACCATGAGGACAAATATC 3'

mtD-28 5' ATTACACCTCCTAATTTATTAGGAAT 3'

F2 5' GACAGCAARTCTCTGCTGAAGAA 3'

R2 5' GGTYTTGGCATCGTTGTGGTAGATAC 3'

LWRhF 5'AATTGCTATTAYGARACNTGGGT 3'

LWRhR 5' ATATGGAGTCCANGCCATRAACCA 3'

COIF 5'-ATAATTTTTTTTATAGTTATAC-3´

COIR 5´-GGAAAAAAAGTTATATTAACWC-3'

54,0 ºC

53,0 ºCKawakita et al,

(2003)

Ramirez et al.,

(2010)

Simon et al.,

(1994)

Mardulyn &

Cameron (1999)

Citocromo

B

Arginina

Kinase

Rodopsina

verde

Citocromo

Oxidase I

52,0 ºC

53,4ºC

Page 19: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

16

3.2 Análise das Sequências e Reconstruções Filogenéticas

Levando em consideração a qualidade dos cromatogramas resultantes da reação de

sequenciamento, as sequências consenso das fitas forward e reverse foram editadas no

Codon Code Aligner v.5 (CodonCode Corporation Dedham, MA, USA). Dos quatro

genes definidos a priori, os fragmentos amplificados de COI não puderam ser editados e

inseridos nas análises, devido a má qualidade dos cromatogramas.

O conjunto de dados de cada gene foi alinhado no programa MAFFT (Katoh &

Standley, 2013), o qual dispõe de diferentes estratégias de alinhamento. Para as

sequências dos genes ArgK e CytB foi adotada a estratégia FFT-NS-i (Katoh et al, 2005),

e para Opsin foi utilizada a E-INS-i (Katoh et al, 2005). Em seguida, as sequências foram

inspecionadas visualmente no programa MEGA 6.0 (Tamura et al. 2013).

Os genes nucleares codificadores de proteína, foram divididos nas partições por

regiões de exons e introns, definidos de acordo com Long et al., (1998). Para os exons de

ArgK, Opsin e para todo o CytB, foram feitas partições para cada posição dos códons. Os

alinhamentos foram concatenados com o programa Sequence Matrix v. 1.7.8 (Vaidya et

al,. 2010).

Para cada partição foi realizada a busca do modelo de substituição mais

apropriado, definidos no programa JModelTest 2.1.7 (Posada 2012) e escolhidos segundo

o Critério de Informação Akaike (AIC).

Com o objetivo de detectar a presença de pseudogenes (numts) em genes

mitocondriais como recomendado por Cristiano et al., (2012), foram calculadas as

distâncias p de cada uma das três posições do códon, bem como de todas as bases, no

programa MEGA 6.05 (Tamura et al. 2013)

Page 20: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

17

A reconstrução das relações filogenéticas foi realizada por meio de Inferência

Bayesiana e de Máxima Verossimilhança. As análises de inferência Bayesiana foram

realizadas no MrBayes versão 3.2.2 (Ronquist et al., 2012). Para cada análise, foram

realizadas duas corridas independentes, com quatro Cadeias de Markov Monte Carlo

(MCMC), num total de 50 milhões de gerações, com as árvores sendo amostradas a cada

1000 gerações. Foram descartadas 25% das gerações iniciais, o restante foi utilizado para

construir a árvore consenso. A convergência entre as cadeias, um dos indícios de que o

espaço amostral foi satisfatoriamente explorado, foram verificadas no programa Tracer

(Rambaut et al., 2014). Todas as árvores foram visualizadas e editadas no Fig Tree v.1.3.1

(Rambaut 2009).

As análises de Máxima Verossimilhança foram realizadas no programa RaxML7.0

(Stamatakis, 2006), com 1000 replicações de Bootstrap. Para todas as partições foi

utilizado o modelo GTR+G.

Para inferir sobre o estado ancestral dos hábitos de nidificação de Partamona,

foram selecionados caracteres utilizados na classificação taxonômica dos grupos proposto

por Camargo & Pedro (2003). As análises de reconstrução dos estados ancestrais foram

realizadas no Mesquite 3.04 (Maddison & Maddison, 2014), a partir das análises de

Inferência Bayesiana (Figura II). A reconstrução foi realizada por Máxima

Verossimilhança, assumindo a mesma probabilidade de mudança entre os estados. Os

grupos externos, exceto Parapartamona, foram codificados como ausentes, uma vez que a

matriz dos estados de caracteres foi utilizada do trabalho de Camargo & Pedro (2003). Os

caracteres e seus respectivos estados são: a) substrato de nidificação: 0- não associados a

termiteiros\facultativamente, 1-associados; b) material usado na entrada dos ninhos: 0-

resina, 1-resina e terra (+resina), 2- resina e terra (+terra); c) entrada do ninho-rebordo: 0-

rebordo revirado, 1- rebordo látero inferior convexo, 2- rebordo lateral convexo revirado,

Page 21: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

18

3- sem rebordo, 4-rebordo amplo; d) entrada do ninho-estriação: 0-sem estrias, 1- estrias

longitudinais, 2- estrias distribuídas radialmente.

3.3 Datação Molecular

Os tempos de divergência foram estimados usando uma abordagem Bayesiana

implementada no BEAST 2.0 (Bouckaertet al., 2014), com a mesma matriz de dados

utilizada para a reconstrução filogenética. O modelo de substituição GTR+G e o

uncorrelated lognormal relaxed clock, foram utilizados para todas as partições . Cadeias

de Markov MCMC foram executadas por 60 milhões de gerações, amostradas a cada

60.000 passos. A convergência dos valores das análises foram avaliadas no Tracer

(Rambaut et al., 2014). O TreeAnnotator v2.4.1 (implementado no BEAST) foi utilizado

para criar uma árvore de consenso de maioria, com burn-in de 25%. A árvore foi

visualizada e editada no Fig Tree v.1.3.1 (Rambaut 2009).

Como pontos de calibração foram utilizados os seguintes fósseis de Meliponini

descritos na literatura: i) Cretotrigona prisca (Michener & Grimaldi, 1988) que

atualmente é o registro fóssil mais antigo, extraído do âmbar em Nova Jersey com

aproximadamente 65 milhões de anos. Sua posição sistemática é controversa podendo

estar relacionada aos gêneros Trigona ou Dactylurina (Engel, 2000), porém como este é o

fóssil mais antigo, foi considerada como o fóssil ancestral comum a todos os Meliponini;

ii) Kelneriapis eocenica (Kelner-Pillault, 1969) do âmbar em Berlim, com idade estimada

do Eoceno Médio (44.1 Ma; Engel, 2001), relacionado ao gênero africano Hypotrigona

pela semelhança morfológica, sendo assim este fóssil foi colocado como grupo irmão do

clado de Hypotrigona; Da mesma forma, por semelhança morfológica, Liotrigonopsis

rozeni (Engel, 2001) do âmbar em Kaliningrado, do Eoceno Médio (44.1 Ma; Engel,

Page 22: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

19

2001), está relacionado ao gênero Liotrigona, e foi colocado no clado correspondente; iv)

Proplebeia dominicana (Camargo et al., 2000) do âmbar na República Dominicana, início

do Mioceno (15–20 Ma;); foi colocado, respectivamente, no nó designado para Plebeia,

Friesella, Lestrimellita, Mourella e Shwarziana.

4. RESULTADOS

4.1 Análise das sequências

Foram obtidos cerca de 652 pb correspondente ao gene nuclear ArgK, 577 pb do gene

Opsin e 455 pb correspondente ao gene mitocondrial CytB. Os genes nucleares

apresentaram dois éxons e um íntron cada. O conjunto de genes dos três fragmentos

concatenados resultou em 1684 nucleotídeos alinhados. A busca dos modelos apropriados

de substituição, resultou em quatro modelos distintos segundo o critério de AIC. (Tabela

IV)

Tabela IV. Modelos de substituição selecionados para cada partição, baseado no Critério

de Informação Akaike (AIC).

Gene

Éxon Intron

1ª base 2ª base 3ª base

ArgK HKY+I HKY HKY+I HKY+I+G

Opsin GTR+I GTR+I SYM+G HKY+I

CytB F81 HKY+I GTR -

Não houve indícios da ocorrência de numts nas sequências de CytB, conforme

recomendado por Cristiano et al., 2012, eliminando assim as possíveis interferências

ocasionadas por estes pseudogenes nas análises. (Figura II).

Page 23: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

20

Figura II. Valores médios da distância-p calculados para a 1ª, 2ª e 3ª posição do códon e

de todas as bases do gene CytB.

4.2 Reconstruções Filogenéticas

Nossos resultados reforçam a monofilia de Partamona (PP = 1.00; BS = 100). (figura

III) . O resultado obtido pelas análises responde á principal questão proposta neste

estudo, apontando o grupo Cupira como polifilético (figura III), o que difere das hipóteses

baseadas em caracteres morfológicos na atual classificação sugerida por Camargo e Pedro

(2003).

Alguns agrupamentos foram recuperados em ambas as análises, por inferência

Bayesiana e Máxima Verossimilhança, como o que engloba P. críptica, P. aff helleri e P.

helleri; P.cupira e P.seridoensis; P. epiphytophila e P.orizabaensis e P. ailyae, P.rustica,

P. vicina com P. mulata. Entretanto, estes diferem quanto ao suporte dos ramos (figuras

III e IV).

Os resultados da inferência Bayesiana apresentam dois clados: o clado A, composto

por Partamona aff helleri, Partamona críptica (Camargo & Pedro 2003), P. helleri,

Page 24: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

21

Partamona auripennis (Camargo & Pedro 2003), P. chapadícola (Camargo & Pedro

2003), Partamona cupira (Smith,1863), Partamona seridoensis (Camargo & Pedro 2003),

Partamona epiphytophila (Camargo & Pedro 2003), Partamona orizabaensis (Strand,

1919), Partamona musarum (Cockerell, 1917); e o clado B, com Partamona ailyae

(Camargo,1980), Partamona rustica (Camargo & Pedro 2003), Partamona vicina

(Camargo,1980), Partamona mulata (Camargo,1980), Partamona testacea (Klug,1807).

No clado A é possível notar uma relação de grupo irmão entre as espécies P. cupira e

P. seridoensis com alto valor de suporte (PP=1.00) e (BS=84%). O agrupamento entre P.

helleri e P. críptica foi recuperado em ambas às análises, assim como o clado formado

pelas espécies irmãs P. epiphytophila e P.orizabaensis. As espécies P. auripennis, P.

chapadícola e P. musarum aparecem em politomia na inferência Bayesiana.

No clado B, P. ailyae, P. rustica, P. vicina e P. mulata aparecem em um clado

resolvido. Por inferência Bayesiana P. testacea está relacionada a este clado,

diferentemente do que acontece por Máxima Verossimilhança (Figura IV). Porém, em

ambas as análises, o valor de suporte do relacionamento de P. testacea a este clado é

muito baixo (PP=0.53; BS=36).

Page 25: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

22

Figura III. Inferência Bayesiana dos dados concatenados Os número nos nós representam

as probabilidades posteriores. Os grupos foram delimitados seguindo Camargo e Pedro

(2003). As cores dos ramos representam a cor de cada grupo.

Page 26: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

23

Figura IV Máxima Verossimilhança dos dados concatenados. Os números nos nós

representam os valores de bootstrap. Os grupos foram delimitados seguindo Camargo e

Pedro (2003). As cores dos ramos representam a cor de cada grupo.

4.3 Reconstrução de Estado Ancestral

As análises de evolução dos estados de caracteres indicam que o hábito de nidificar

em termiteiros é compartilhado por diferentes espécies distribuídas em todos os

agrupamentos (Figura V). O ancestral comum de Partamona e Parapartamona é

suportado para nidificar em termiteiro, porém esse hábito só ocorre em algumas espécies

de Partamona. Quanto ao material utilizado para entrada dos ninhos, a probabilidade do

ancestral de Partamona e Parapartamona é maior para o uso de apenas resina como

substrato, como ocorre em Parapartamona, mas já no ancestral comum de Partamona a

Page 27: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

24

probabilidade de usar apenas resina desaparece. O hábito de usar mais terra do que resina

como substrato de nidificação é apresentado no clado de P. ailyae, P.rustica, P. vicina, P.

mulata, P. testacea. No outro clado composto pelas espécies P. aff helleri, P.criptica, P.

helleri, P. auripennis, P. chapadicola, P. cupira, P. seridoensis, P. epiphytophila, P.

orizabaensis, P. musarum, apenas P. seridoensis compartilha o hábito de usar mais terra

do que resina, as demais espécies nidificam usando a resina como substrato principal

(Figura V). Com relação à entrada dos ninhos, as diferentes formas do rebordo e estrias

são apresentadas em mais de um clado (Figura V). A única espécie de Partamona que

compartilha o mesmo tipo de rebordo (revirado) com Parapartamona é P. vicina. As

espécies que segundo Camargo & Pedro (2003) pertencem ao grupo Cupira, compartilham

estrias longitudinais, porém não há nenhuma probabilidade desse caracter estar no

ancestral comum dos clados em que estas espécies estão distribuídas. Da mesma forma o

caracter rebordo lateral convexo revirado não está presente no nó ancestral o qual P.

criptica está inserida, indicando um possível surgimento independente desse caracter. As

espécies P.helleri, P.aff helleri e P. orizabaensis, as quais não são termitófilas também

compartilham entre si o rebordo látero inferior convexo e não apresentam estrias na

entrada dos ninhos.

Page 28: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

25

A) B)

Figura V. Reconstrução de estado ancestral dos hábitos de nidificação. A: Probabilidade

dos nós para associação dos ninhos a termiteiros; B: Probabilidade dos nós para o material

utilizado na construção da entrada dos ninhos. Os círculos coloridos nos nós representam

a probabilidade do estado ancestral. Os círculos coloridos nos terminais representam os

estados do caráter nos táxons atuais. Os círculos em cinza representam a ausência de

dados para estes estados.

Page 29: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

26

A) B)

Figura VI. Representação da análise de reconstrução de estado ancestral relacionada à

entrada dos ninhos. A:Tipos de rebordo; B: Variação das estrias na entrada dos ninhos. Os

círculos coloridos nos nós representam a probabilidade do estado ancestral. Os círculos

coloridos nos terminais representam os estados do caráter nos táxons atuais. Os círculos

em cinza representam a ausência de dados para estes estados.

4.4 Datação Molecular

A análise do tempo de divergência estimada pelo BEAST estipula que a divisão entre

os gêneros Partamona e Parapartamona ocorreu há cerca de 14 milhões de anos, durante

o Tortoniano no Mioceno. As espécies de Partamona divergiram há cerca de 8 milhões de

anos, no final do Mioceno, no Meciniano. O maior evento de especiação entre o gênero

Page 30: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

27

ocorreu por volta de 4 milhões de anos durante o Plioceno, resultando em três clados: i)

P.cupira, P.seridoensis, P. musarum; ii) P. auripennis, P. chapadícola, P. epiphytophila,

P.orizabaensis; iii) P. ailyae, P vicina, P.rustica, P.mulata e P. testacea. O clado

composto pelas espécies P. helleri e P. críptica, apresentam-se mais recente em relação

aos outros clados de Partamona, com divergência de 3 milhões de anos para P críptica, e

o surgimento de P. helleri durante o Pleistoceno.

Figura VII. Reconstrução filogenética Bayesiana dos genes concatenados, com tempos de

divergência estimado no programa Beast. As barras dos nós significam os intervalos de

95% de credibilidade. Números depois dos nós representam as probabilidades posteriores.

Page 31: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

28

5. DISCUSSÃO

O uso de dados moleculares tem alterado a compreensão das relações filogenéticas de

abelhas, podendo dessa forma refutar ou reforçar hipóteses prévias baseadas em

morfologia (Danforth et al., 2012). Nesse caso, a ausência de numts nas sequências do

gene mitocondrial CytB, reforça os resultados obtidos pelas análises filogenéticas

apresentadas neste estudo.

5.1- Reconstruções Filogenéticas

As reconstruções filogenéticas resultaram em uma hipótese bem resolvida no que diz

respeito ao monofiletismo do gênero, assim como nos demais trabalhos realizados para

Partamona tanto com caracteres moleculares ou morfológicos (Pedro & Camargo 2003;

Rasmussem & Cameron 2010; Miranda, 2012). Da mesma forma, Parapartamona é

reforçado como grupo irmão de Partamona como na hipótese apresentada por Roubik et

al. (1997), baseada em caracteres morfológicos, pois compartilham a corbícula largamente

escavada.

Com relação á classificação intragenérica, os resultados obtidos por dados

moleculares discordam dos estudos realizados baseados em morfologia de Partamona,

como sugerido por Camargo e Pedro (2003). As topologias recuperadas por inferência

Bayesiana e Máxima Verossimilhança não correspondem a nenhum dos agrupamentos

definidos por Camargo e Pedro (2003). Os nós com baixo valor de suporte apresentados

em ambas análises indicam que as espécies deste gênero podem ter divergido

recentemente, apresentando assim baixo sinal filogenético (Revell et al., 2008)

Ao comparar os trabalhos de Pedro e Camargo (2003) e Camargo e Pedro (2003),

é possível notar incongruências na posição de algumas espécies como por exemplo, P.

Page 32: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

29

seridoensis, que por dados morfológicos estaria relacionada ao grupo Nigrior e

posteriormente por inclusão dos hábitos de nidificação, passou a ser classificada no grupo

Cupira. Além disso, P. helleri, estaria relacionada com o grupo Cupira por apresentar

caracteres semelhantes aos distinguidos para este grupo, mas de acordo com análises

baseadas em hábitos de nidificação pode ter relações mais primitivas, como um grupo

irmão de todas as espécies termitófilas.

O clado A apresentado na topologia por inferência Bayesiana corresponderia aos

grupos de Camargo e Pedro (2003): Nigrior (P. auripennis), Bilineata/ Epiphytophila

(P.orizabaensise P. epiphytophila), Pearsoni (P. chapadícola) e Cupira (P. cupira, P.

seridoensis, e P.criptica). Fernandes (2012), apresenta topologia similar aos nossos

resultados, como o agrupamento de P. cupira, e P. seridoensis, .O clado formado pelas

espécies irmãs P.orizabaensis e P. epiphytophila mostra que além da similaridade

molecular evolutiva, elas se assemelham morfologicamente como descritas por Pedro e

Camargo (2003).

O outro agrupamento do clado A pelas espécies P. helleri, P. aff helleri e P.

críptica indicam que a recente divergência entre elas pode não ter sido suficiente para

distancia-las geneticamente, além do fato de que estas espécies são simpátricas e

extremamente semelhantes, distinguindo-se apenas pelas cerdas da base do escapo mais

curta e pela estria parocular alargada de P. críptica (Camargo e Pedro 2003). De acordo

com Miranda (2012), existem possibilidades de algumas espécies como P. helleri

hibridizarem com outras Partamonas.

Já no clado B, as espécies condizem com a primeira classificação proposta por

Camargo (1980), onde o autor considerou P. ailyae, P. vicina, P. mulata e P. testacea

pertencentes ao grupo Testacea, baseado na coloração mais clara do que das outras

Page 33: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

30

espécies pertencentes ao grupo Cupira. Desde o primeiro estudo, Camargo pode perceber

a dificuldade em classificar espécies de Partamona, sendo estas distinguidas por pequenas

diferenças morfológicas como em P. testacea e P. vicina que foram distinguidas pelo

tamanho corporal das operárias e pela diferença na tíbia posterior apenas dos machos.

Outra dificuldade em propor classificações para Partamona são as variações

encontradas nos indivíduos da mesma espécie, como exemplo, P. testacea uma espécie de

corpo amarelado, apresenta ninhos com indivíduos de cores mais escuras ou pretas

quando encontrados acima de 750 m de altura nas encostas Andinas, indicando que a

pigmentação do integumento pode sofrer influência ambiental (Camargo 1980). Além

dessa, P. ailyae possui ampla distribuição geográfica e pode constituir duas populações

distintas, uma que nidifica em termiteiros arborícolas na Floresta Amazônica e outra que

nidifica em termiteiros subterrâneos. Rasmussen (2004) e Roubik (2006), observaram

plasticidade intraespecífica na escolha do substrato para nidificação (isto é, colocação

física do ninho), sugerindo que as espécies podem se comportar de forma oportunista,

empregando dessa forma uma variedade de modelos de ninhos.

A atual classificação de Partamona assume que as espécies do clado B do

presente estudo corresponderiam aos grupos Testacea (P. testacea e P. vicina) e Cupira

(P. rustica, P. mulata e P. ailyae). Da mesma forma, o trabalho de Miranda (2012), com

dados moleculares, apresentou uma topologia similar a do presente estudo, pelo

agrupamento de P. mulata, P. vicina e P. ailyae, com alto valor de probabilidade posterior

para os genes EF1-a, COI e CytB. A proximidade filogenética destas espécies mais P.

rustica apresentada aqui, não são congruentes com caracteres morfológicos destas

espécies, apenas o fato de todas elas nidificarem em termiteiros.

Page 34: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

31

5.2 Reconstrução de Estado Ancestral de Caracter

Características de estrutura e hábitos de nidificação são bastante usados em

estudos de taxonomia, filogenia e ecologia de abelhas (Camargo e Pedro 2003; Franck et

al., 2004). No entanto a utilização desses caracteres na reconstrução de filogenias de

abelhas sem ferrão pode ser complexa, devido a aparente homoplasia, com reversões

frequentes e ganhos de características independentes (Wille & Michener, 1973). No

presente estudo, segundo as análises de reconstrução de estado ancestral, isso pode ser

constatado, pelo fato dos caracteres rebordo lateral convexo revirado e estrias

longitudinais na entrada do ninho não estarem presentes no ancestral comum as espécies

P. ailyae, P. mulata, P.criptica, P. cupira, P. seridoensis.

Com relação ao hábito de nidificar em termiteiro, a análise corrobora o que Camargo e

Pedro (2003) diziam sobre esse estado de caracter ter surgido apenas uma vez em

Partamona, como apresentado pelo nó ancestral do gênero na presente análise. Segundo

os autores, todas as espécies de Partamona que ocorrem no lado oeste dos Andes (no

Equador e Colômbia) e no Panamá, América Central e México, nidificam em substratos

semelhantes ao gênero Parapartamona, ou seja, não nidificam em termiteiro, exceto P.

grandipennis, cujos hábitos não são conhecidos, sugerindo que o hábito de nidificar em

termiteiro pode ter relação com o segundo evento cladogenético que dividiu as espécies de

Partamona.

Tendo isso em vista, Camargo & Pedro (2003) sugeriram monofiletismo para as

espécies que nidificam em termiteiro, o que não coincide com nossos resultados, uma vez

que P. orizabaensis, P. helleri, P. musarum e P. epiphytophila também fazem parte do

clado das espécies que são termitófilas. Nesse caso, o hábito de nidificar em termiteiro

pode ser homoplástico, conforme indica a presente análise fundamentada na hipótese de

Camargo e Pedro (2003), o que sugere que durante a evolução do gênero possa ter

Page 35: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

32

ocorrido convergências ao longo das linhagens, já que espécies de diferentes clados

apresentam o mesmo estado de caracter.

Em suma, nossos resultados baseados em dados moleculares discordam dos

estudos prévios realizados com diversidade comportamental de nidificação de Partamona,

como sugerido por Camargo e Pedro (2003) na delimitação dos grupos. Franck et al.,

2004, por exemplo, apontam que caracteres de nidificação não são suficientes para

discriminação de espécies, pois espécies diferentes podem ter ninhos semelhantes ou vice-

versa, no entanto os posicionamentos de algumas espécies de Partamona com base nestes

caracteres, podem não ser seguros para a classificação dos grupos estabelecidos.

5.3- Datação Molecular

A datação molecular da nossa análise corresponde com a data estimada no trabalho de

Rasmussem & Cameron (2010), a qual estima que a divergência entre os gêneros

Partamona e Parapartamona ocorreu há cerca de 14 milhões de anos, durante o

Tortoniano no Mioceno, época em que na América do Sul começava o soerguimento dos

Andes no sentido sul-norte, provocando grandes alterações nas condições climáticas da

Amazônia, influenciando a evolução da fauna e da flora da região. (Hooghiemstra & van

der Hammen, 1998). Sugerindo assim, relação do processo de especiação de Partamona,

com esse evento de vicariância.

De maneira geral, a diversificação de Partamona é recente, se comparada a de

Meliponini estimada em 80 mi (Rasmussem & Cameron, 2010). O maior evento de

especiação do gênero ocorreu por volta de 4 milhões de anos durante o Plioceno. Camargo

& Pedro (2003), já haviam atribuído a divergência do grupo Bilineata/ Epiphytophila á

eventos de vicariância durante o Plio-Pleistoceno, o que pode ter ocorrido para outros

agrupamentos, como indicam nossos resultados. Durante o Pleistoceno, as linhagens de

Page 36: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

33

cada ambiente sofreram processos de vicariância devido a flutuações climáticas, que

promoveram ciclos de expansão e retração nas formações vegetais, originando assim

eventos de especiação nas diferentes áreas de endemismo (Resende 2012).

O clado composto pelas espécies P. helleri e P. críptica, apresentam-se mais recentes

em relação aos outros clados de Partamona, com divergência de 3 milhões de anos para

P. críptica, e a diversificação de P. helleri durante o Pleistoceno. Nesse caso, Camargo e

Pedro (2003) sugerem que eventos de vicariância mais recentes possam ter produzido

endemismos dentro do traçado Atlântico.

Page 37: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

34

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados do presente estudo, assume-se que os caracteres

morfológicos definidos como sinapomorfias para estabelecer o grupo Cupira, proposto por

Pedro e Camargo (2003) e Camargo e Pedro (2003), não coincide com o relacionamento

filogenético molecular do gênero, ou seja, não houve nenhum grupo Cupira recuperado

por caracteres moleculares, e a divisão do gênero em dois clados foi fortemente suportada.

Os caracteres taxonômicos baseados nos hábito de nidificação utilizados para a

classificação de grupos no gênero Partamona não estão correlacionados com a hipótese

filogenética por dados moleculares. Consequentemente, argumentamos que a classificação

do grupo precisa ser revisada, a fim de esclarecer as relações intraespecíficas para o

gênero.

Partamona é um gênero recente, e os eventos de vicariância durante o Plio-

Pleistoceno, podem ter ocasionado as divergências dos principais agrupamentos do

gênero, conforme recuperados em nossa análise.

Page 38: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVISE, J. C. (2009) Phylogeography: retrospect and prospect. Journal of Biogeography,

v. 36, p. 3-15.

BOUCKAERT, R., HELED, J., KÜHNERT, D., VAUGHAN, T., WU, C-H., XIE, D.,

SUCHARD, MA., RAMBAUT, A., & DRUMMOND, A. J. (2014). BEAST 2: A

Software Platform for Bayesian Evolutionary Analysis. PLoS Computational Biology,

10(4), e1003537. doi:10.1371/journal.pcbi.1003537

BUHAY, J. E.( 2009) “COI-like” sequences are becoming problematic in molecular

systematic and DNA barcoding studies. Journal of Crustacean Biology, v. 29, p. 96–110.

CAMARGO, J. M. F. (1980) O grupo Partamona (Partamona) testacea (Klug): suas

espécies, distribuição e diferenciação geográfica (Meliponinae, Apidae, Hymenoptera).

Acta Amazonica, v. 10, n. 4, p. 1-175.

CAMARGO, J. M. F.; GRIMALDI, D. A. PEDRO, S. R. M. (2000) The Extinct Fauna of

Stingless Bees (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) in Dominican Amber: Two New

Species and Redescription of the Male of Proplebeia dominicana (Wille and

Chandler). American Museum Novitates, v. 3293, p. 24.

CAMARGO J.M.F., PEDRO S.R.M. (1992) Sytematics, phylogeny and biogeography of

the Meliponinae (Hymenoptera, Apidae): a mini-review, Apidologie 23, 509–522

CAMARGO, J. M. F.; PEDRO, S. R. M. (2003) Meliponini Neotropicais: o Gênero

Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera: Apidae, Apinae) – Bionomia e Biogeografia.

Revista Brasileira de Entomologia, v. 47, p. 31-372.

CAMARGO, J. M. F.; PEDRO, S. R. M. Meliponini Lepeletier, 1836. In: MOURE, J. S.;

URBAN, D.; MELO, G. A. R. (Org). Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the

Neotropical Region - online version. 2013. Available at:

<http://www.moure.cria.org.br/catalogue>. Accessed: 31 may. 2016.

CAMERON, S. A.; MARDULYN, P. (2001) Multiple molecular data sets suggest

independent origins of highly eusocial behavior in bees (Hymenoptera: Apinae).

Systematic Biology, v. 50, p. 194–214.

Page 39: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

36

COSTA, M. A.; DEL LAMA, M. A.; MELO, G. A. R; SHEPPARD, W. S. Molecular

phylogeny of the stingless bees (Apidae, Apinae, Meliponini) inferred from mitochondrial

16S rDNA sequences. Apidologie, v. 34, n. 1, p. 73-84, 2003.

CRISTIANO, M. P.; FERNANDES-SALOMÃO, T. M.; YOTOKO K. S. C. (2012)

Nuclear mitochondrial DNA: an Achilles heel of molecular systematics, phylogenetics,

and phylogeographic students of stingless bees. Apidologie, v. 40, n. 5, p. 515-594.

DANFORTH, B. N.; CARDINAL, S. C.; PRAZ, C.; ALMEIDA, E.; MICHEZ, D. (2013).

Impact of molecular data on our understanding of bee phylogeny and evolution. Annual

Review of Entomology, v. 58, p. 57-78.

DARRIBA, D.; TABOADA, G. L.; DOALLO, R.; POSADA, D. (2012) ModelTest 2:

more models, new heuristics and parallel computing. Nature Methods, v. 9, n. 8, p. 772.

DRUMMOND, A. J.; BOUCKAERT, R. R. (2014) Bayesian evolutionary analysis with

BEAST 2. Inglaterra: Cambridge University Press.

EMERSON, B. C.; HEWITT, G. M. (2005) Phylogeography. Current Biology, v. 15, p.

367–371.

ENGEL, M. S. (2000) A new interpretation of the oldest fossil bee (Hymenoptera:

Apidae). American Museum Novitates, v. 3296, p. 1–11.

ENGEL, M. S. (2001) A monograph of the Baltic amber bees and evolution of the

Apoidea (Hymenoptera). Bulletin of the American Museum of Natural History, v. 259, p.

1–192.

FRANCK, P.; CAMERON, E. C.; GOOD, G.; RASPLUS, J. Y.; OLDROYD, B. P.

(2004) Nest architecture and genetic differentiation in a species complex of Australian

stingless bees. Molecular Ecology, v. 13, p. 2317–2331.

FRANCK, P.; CAMERON, E.; GOOD, G.; RASPLUS, J. Y.; OLDROYD, B. P. (2004).

Nest architecture and genetic differentiation differentiation in a species complex of

Australian stingless bees. Molecular Ecology 13, 2317–2331

Page 40: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

37

KATOH K.; KUMA, K.; TOH, H.; MIYATA, T. MAFFT version 5: improvement in

accuracy of multiple sequence alignment. 2005 Nucleic Acids Research, v. 33, p. 511–

518.

KATOH, K.; STANDLEY, D. M. (2005) MAFFT: iterative refinement and additional

methods. Methods in Molecular Biology, v. 1079, p. 131-146, 2013.

KAWAKITA, A.; SOTA, T.; ASCHER, J. S.; ITO, M.; TANAKA, H.; KATO, M. (2003)

Evolution and phylogenetic utility of alignment gaps within intron sequences of three

nuclear genes in bumble bees (Bombus). Molecular Biology and Evolution, v. 20, n. 1, p.

87–92.

LIN, C. P.; DANFORTH, B. N. (2004) How do insect nuclear and mitochondrial gene

substitution patterns differ? Insights from Bayesian analyses of combined data sets.

Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 30, p. 686-702.

MADDISON, W. P.; MADDISON, D. R. Mesquite: A modular system for evolutionary

analysis. Version 2.0. 2007. <http://mesquiteproject.org>

MADDISON, W. P.; MADDISON, D. R. Mesquite: Amodular System for

EvolutionaryAnalysis. 2014. Version 3.04. <http://mesquiteproject.org>.

MARDULYN, P.; CAMERON, S. A. (1999) The major opsin in bees (Insecta:

Hymenoptera): a promising nuclear gene for higher level phylogenetics. Molecular

Phylogenetics and Evolution, v. 12, p. 168–176.

MARTINS, A. C.; MELO, G. A. R.; RENNER, S. S. (2014) The corbiculate bees arose

from New World oil-colleting bees: Implications for the origin of pollen baskets.

Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 80, p. 88-94.

MAYR, E. (1969) Principles of Systematic Zoology. New York: Mc Graw-Hill.

MICHENER, C. D. (1961) Observation on the nest and behaviour of Trigona in Australia

and New Guinea (Hymenoptera, Apidae). American Museum Novitates, 2026, 1– 46.

MICHENER, C. D. (1990) Classification of the Apidae. University of Kansas Science

Bulletin, v. 54, p. 75-153.

Page 41: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

38

MICHENER, C. D. (2000) The Bees of the World. Baltimore: The Johns Hopkins

University Press.

MICHENER, C. D. (2007) The Bees of the World. Baltimore: The Johns Hopkins

University Press. 953p.

MICHENER, C. D.; GRIMALDI, D. A. (1988) A Trigona from late Cretaceous amber of

New Jersey (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae). American Museum Novitates, v. 2917,

p. 1–10.

MIRANDA, A. F. (2012) Estudos Citogenéticos e Moleculares do gênero Partamona:

Filogenia e cromossomo B. 2012. 60 f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento) –

Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, Universidade Federal de

Viçosa, Viçosa.

MOURE, J. S. (1951.) Notas sobre Meliponini (Hymenoptera - Apoidea). Dusenia, v. 2,

p. 25-70.

PEDRO, S. R. M.; CAMARGO, J. M. F. (2003) Meliponini neotropicais: o gênero

Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae). Revista Brasileira de Entomologia, v.

47, p. 1-117.

RAMBAUT, A. FigTree (version 1.4.0). 2012. Available at

<http://tree.bio.ed.ac.uk/software/figtree/>

RAMBAUT, A.; DRUMMOND, A. FigTree: Tree figure drawing tool, v1.4.2.

Institute of Evolutionary Biology, University of Edinburgh. 2012

RAMÍREZ, S. R.; NIEH, J. C.; QUENTAL, T. B.; ROUBIK, D. W.; IMPERATRIZ-

FONSECA, V. L.; PIERCE, N. E. (2010). A molecular phylogeny of the stingless bee

genus Melipona (Hymenoptera: Apidae). Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 56,

p. 519-525.

RASMUSSEN, C. (2004). A stingless bee nesting with a paper wasp (Hymenoptera:

Apidae, Vespidae). Journal of the Kansas entomological society, v. 77, p. 593–601.

Page 42: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

39

RASMUSSEN, C.; CAMERON, S. (2010). A Global stingless bee phylogeny supports

ancient divergence, vicariance, and long distance dispersal. Biological Journal of the

Linnean Society, v. 99, p. 206-232.

REVELL, L.J; HARMON, L.J; COLLAR, D.C. (2008). Phylogenetic Signal,

Evolutionary Process, and Rate. Systematic Biology, 57 (4):591-601.

RESENDE, H. C. (2012). Filogeografia e Conservação de Melipona capixaba Moure e

Camargo, 1994 e Melipona scutellaris Latreille, 1811 e Biogeografia do gênero Melipona

lliger,1806 (Hymenoptera: Apidae). 140f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento)

– Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, Universidade Federal de

Viçosa, Viçosa.

.RONQUIST, F.; KLOPFSTEIN, S.; VILHELMSEN, L.; SCHULMEISTER, S.;

MURRAY, D. L.; RASNITSYN, A. P. (2012). A total-evidence approach to dating with

fossils, applied to the early radiation of the Hymenoptera. Systematic Biology, v. 61, n. 6,

p. 973-99.

ROUBIK, D. W. (2006) Stingless bee nesting biology. Apidologie, v. 37, p. 124–143.

ROUBIK, D. W.; SEGURA, J. A. L.; CAMARGO, J. M. F. (1997) New stingless bee

genus endemic to Central American cloudforests: phylogenetic and biogeographical

implications (Hymenoptera: Apidae: Meliponini). Systematic Entomology, v. 22, p. 67–

80.

SAKAGAMI, S. F.; MICHENER, D. D. (1987) Tribes of Xylocopinae and origin of the

Apidae (Hymenoptera: Apoidea). Ann. Entomol. Soc. Am., v. 80, n.3, p. 439–450.

SIMON, C.; FRATI, F.; BECKENBACH, A.; CRESPI, B.; LIU, H.; FLOOK, P. (1994)

Evolution, weighting, and phylogenetic utility of mitochondrial gene sequences and a

compilation of conserved polymerase chain reaction primers. Annals of the Entomological

Society of America, v. 87, p. 651–701.

SORENSON, M. D.; QUINN, T. W. (2006) Numts: a challenge for avian systematics and

population biology. The Auk, v. 155, p. 214–221.

Page 43: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

40

STAMATAKIS, A.; LUDWIG, T.; MEIER, H. Raxml-III: a fast program for maximum

likelihood-based inference of large phylogenetic trees. (2006) Bioinformatics, v. 21, p.

456–463.

TAMURA, K.; STECHER, G.; PETERSON, D.; FILIPSKI, A.; KUMAR, S. MEGA6:

molecular evolutionary genetics analysis version 6.0. (2013) Molecular Biology and

Evolution, v. 30, p. 2725–2729.

VAIDYA, G.; LOHMAN, D. J.; MEIER, R. (2011) SequenceMatrix: concatenation

software for the fast assembly of multigene datasets with character set and codon

information. Cladistics, v. 27, p. 171–180.

WALDSCHMIDT, A. M.; FERNANDES-SALOMÃO, T. M.; BARROS, E. G.;

CAMPOS, L. A. O. (1997) Extraction of Genomic DNA from Melipona quadrifasciata

(Hymenoptera: Apidae, Meliponae). Brasilian Journal of Genetics, v. 20, n. 3, p. 421-423.

WILLE, A.; MICHENER, C. D. (1973) The nest architecture of stingless bees with

special reference to those of Costa Rica. Revista de Biologia Tropical, v. 21, v. 9–278.

Page 44: GABRIELLY SILVA ROSSINportais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_10169_DISSERTA%C7%C3O%20... · gabrielly silva rossin relaÇÕes filogenÉticas do gÊnero partamona schwarz, 1939 (hymenoptera/apidae)

41

ANEXOS

Figura 1. Parte do eletroferograma da sequência parcial do gene COI, que não foi incluída nas análises,

pela má qualidade.

Figura 2. Exemplo da qualidade dos eletroferogramas que foram utilizados nas análises.