transporte mucociliar e atividade fÍsica na vida … · et al.25 considerando que é adequado...

77
1 Campus de P res iden te P ruden te Mahara-Daian Garcia Lemes Proença TRANSPORTE MUCOCILIAR E ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DIÁRIA DE FUMANTES SAUDÁVEIS Presidente Prudente 2010 Faculdade de Ciências e Tecnologia Seção de Pós-Graduação Rua Roberto Simonsen, 305 CEP 19060-900 Presidente Prudente SP Tel 18 3229-5352 fax 18 3223-4519 [email protected]

Upload: buidien

Post on 26-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Campus de Presidente Prudente

Mahara-Daian Garcia Lemes Proença

TRANSPORTE MUCOCILIAR E ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DIÁRIA

DE FUMANTES SAUDÁVEIS

Presidente Prudente 2010

Faculdade de Ciências e Tecnologia Seção de Pós-Graduação Rua Roberto Simonsen, 305 CEP 19060-900 Presidente Prudente SP

Tel 18 3229-5352 fax 18 3223-4519 [email protected]

2

Campus de Presidente Prudente

Mahara-Daian Garcia Lemes Proença

TRANSPORTE MUCOCILIAR E ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DIÁRIA

DE FUMANTES SAUDÁVEIS

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e

Tecnologia - FCT/UNESP, campus de Presidente

Prudente, para obtenção do título de Mestre no

programa de Pós graduação em Fisioterapia.

Orientadora: Profa. Dra. Ercy Mara Cipulo Ramos

Presidente Prudente 2010

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Seção de Pós-Graduação Rua Roberto Simonsen, 305 CEP 19060-900 Presidente Prudente SP Tel 18 3229-5352 fax 18 3223-4519 [email protected]

3

Proença, Mahara-Daian Garcia Lemes.

P957t

Transporte mucociliar e atividade física na vida diária de fumantes saudáveis / Mahara-Daian Garcia Lemes Proença. - Presidente Prudente : [s.n], 2010

xiv, 136 f. : il. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual

Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Orientador: Ercy Mara Cipulo Ramos

Banca: Vanessa Suziane Probst / Dionei Ramos Inclui bibliografia 1. Transporte mucociliar. 2. Tabagismo. 3. Atividade

física. I. Autor. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título.

CDD 615.8

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de

Presidente Prudente.

4

5

________________________Dedicatória

6

Aos meus pais e irmão, mestres em amor, dedicação, perseverança, paciência e

ética.

7

___________________________Agradecimentos

8

Aos meus orientadores Prof. Dra. Ercy Mara Cipulo Ramos e Prof. Dr. Fábio

Pitta, por estes dois anos de aprendizado intenso, por disponibilizarem seu tempo e

conhecimento para minha orientação, e pela amizade construída no decorrer deste

curso.

Às professoras Drª. Dionei Ramos e Drª. Vanessa Suziane Probst por

disponibilizarem seus conhecimentos e contribuir para minha formação científica.

À FAPESP pelo apoio financeiro para a realização dos presentes estudos.

Agradeço, primordialmente, a Deus, que tem me guiado corretamente pelos

caminhos da vida, pelos dons concedidos e pelas oportunidades a mim

proporcionadas para crescimento pessoal e profissional.

Aos meus pais e melhores amigos, Aida e Mario, e ao meu irmão, Pedro, pelo

apoio, incentivo e por possibilitarem a concretização de mais esta etapa.

Ao Fábio por compreender a importância dessa conquista e aceitar a minha

ausência quando necessária. E aos meus amigos, em especial Nídia, Leila, Karina,

Vinícius e Guto, por dividir comigo as angústias e alegrias, pelo incentivo e apoio.

Aos colegas do Laboratório de Estudos do Aparelho Muco-secretor (LEAMS)

e do Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar (LFIP), em especial aos do

grupo EPAFT por terem me recebido no projeto, por não medirem esforços ao me

ajudar, sempre dispostos e pacientes, essa conquista é de todos vocês.

9

___________________________Epígrafe

10

"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima."

Louis Pasteur

11

___________________________Sumário

12

Apresentação...................................................................................................... 13

Introdução........................................................................................................... 15

Artigo I: Efeito imediato e a curto prazo do cigarro sobre o transporte

mucociliar de fumantes.......................................................................................

21

Artigo II: Transporte mucociliar e a atividade física na vida diária de fumantes

saudáveis............................................................................................................

38

Conclusões......................................................................................................... 60

Referências......................................................................................................... 62

Anexos

13

______________________Apresentação

14

Este modelo alternativo de dissertação contempla o material originado a partir

da pesquisa intitulada “Transporte mucociliar e a atividade física na vida diária

de indivíduos fumantes saudáveis”, realizada no Laboratório de Estudos do

Aparelho Muco-secretor (LEAMS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia –

FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente.

Em consonância com as regras do programa de pós graduação em

Fisioterapia desta unidade, o presente material está dividido nas seguintes sessões:

Introdução, para contextualização do tema pesquisado;

Artigo I: Proença M, Xavier RF, Ramos D, Cavalheri V, Pitta F, Ramos

EMC. Efeito imediato e a curto prazo do cigarro sobre o transporte mucociliar

nasal de fumantes; aceito no periódico Revista Portuguesa de Pneumologia.

Artigo II: Proença M, Pitta F, Ramos D, Kovelis D, Mantoani LC,

Furlanetto K, Zabatiero J, Ramos EMC. Transporte mucociliar e a atividade

física na vida diária em fumantes saudáveis; submetido ao periódico

Respirology.

Conclusões, obtidas a partir da pesquisa realizada; e

Referências.

Ressalta-se ainda que cada artigo está apresentado de acordo com as

normas dos respectivos periódicos , em anexo ao final.

15

_________________________Introdução

16

INTRODUÇÃO

O trato respiratório está constantemente exposto a diversos agentes nocivos

presentes no ambiente,1 como por exemplo, microorganismos, material particulado e

gases tóxicos.2 O atrito entre a corrente aérea inalada e a parede do sistema

respiratório predispõe à retenção desse material na camada da mucosa, onde este

poderá ficar impactado. A remoção desses agentes das vias aéreas pode ocorrer

por meio da ação de macrófagos, neutrófilos, sistema linfático e do transporte

mucociliar (TMC).3

O TMC é o principal mecanismo de defesa do trato respiratório contra os

agentes patogênicos e toxinas, tanto de vias aéreas superiores quanto de

inferiores,4,5 que pela ação conjunta de células ciliadas e muco secretoras

promovem limpeza adequada das vias aéreas.6 É responsável pelo monitoramento

da nasofaringe e da árvore traqueobrônquica, ao remover os agentes inalados

retidos no muco respiratório para a região de orofaringe, onde serão deglutidos ou

expectorados.7,8

A eficácia desse mecanismo de defesa depende do adequado funcionamento

dos seus componentes, como às propriedades reológicas do muco, o número e

comprimento dos cílios, e a frequência do batimento ciliar.9,10 Deve-se ressaltar que

a frequência do batimento ciliar, e portanto a eficiência de transporte, podem variar

em diferentes condições, dentre elas em resposta à exposição a partículas nocivas,

como a fumaça do cigarro e ao estresse, durante o exercício físico.11

Existem cerca de 4.720 substâncias químicas no cigarro com efeitos

cancerígenos, mutagênicos, tóxicos e irritantes.12 A agressão provocada por estas

substâncias causam alterações sistêmicas e afetam de forma intensa o trato

respiratório. Neste, há um aumento do número de células caliciformes e hipertrofia

17

das células mucosas com consequente instalação de processos inflamatórios, os

quais propiciam o aumento considerável da quantidade de muco a ser

transportada.13,14 Adicionalmente, pode aumentar a viscosidade e diminuir a

elasticidade da secreção brônquica, o que resulta em prejuízo do clearance

mucocilar por dificuldades na propulsão dos cílios pela camada periciliar modificada

pela intoxicação do tabaco.15

Além de alterações nas propriedades do muco, estudos in vitro e in vivo

mostram significante diminuição na frequência de batimento ciliar do epitélio ciliado

exposto à fumaça do cigarro.16,17 Cohen et al.18 mostraram que a secreção de

cloreto transepitelial e frequência de batimento ciliar estavam alteradas em

consequência da exposição a fumaça do cigarro, e portanto o TMC estava também

prejudicado. O tabagismo crônico induz a um aumento do número de cílios

(brônquios) anormais, o que pode contribuir para a diminuição da depuração

traqueobrônquica.19

Stanley et al.20 mostraram que em tabagistas regulares o TMC é mais lento,

pois apresentaram um tempo de depuração médio de 21 minutos, que foi

significativamente maior que de não fumantes, estes com tempo médio de 12

minutos. Entretanto, não encontraram alteração na frequência do batimento ciliar

desses tabagistas. Os autores interpretaram isso como uma evidência que o

ambiente periciliar, ou seja, redução do número de cílios e/ou mudança nas

propriedades viscoelásticas do muco, provavelmente foi o responsável pela

depuração prejudicada, ao invés da lendidão ou temporária incoordenação do

batimento ciliar. Mortensen et al.21, também, observaram que a velocidade de

transporte do muco de não tabagistas como sendo mais rápida em relação aos ex-

tabagistas

18

Em estudo expondo dez voluntários saudáveis, não tabagistas, a fumarem

dois cigarros cada e a exalarem fumaça pelas narinas, não foram detectadas

mudanças agudas no clearance mucociliar.20 Assim como, Goodman et al.22 não

observaram alteração na velocidade do muco traqueal de fumantes antes e 10

minutos após fumar um cigarro. Entretanto, outros estudos sobre a exposição aguda

do TMC à fumaça do cigarro apresentam resultados variados, incluindo, também,

aceleração23 e lentidão24 da depuração pulmonar. Apesar de não haver consenso

sobre o efeito agudo do cigarro sobre o TMC, essas diferenças entre os estudos

podem ser explicadas pela utilização de diferentes protocolos de coletas e técnicas

de avaliação em diferentes populações, locais e/ou momentos distintos de

verificação.

Outra condição que pode alterar a transportabilidade mucociliar é a atividade

física. Há evidências de que atividade física regular em tabagistas está associada

com menor declínio da função pulmonar ao longo do tempo.25 Em indivíduos

normais e não tabagistas, quando realizada em intensidade moderada, melhora a

capacidade de resposta do sistema imune26 e é benéfica por decrescer o risco de

infecções na via aérea superior.27 Entretanto, o efeito do exercício regular sobre

outros mecanismos de defesa respiratórios, como o transporte mucociliar, não estão

devidamente elucidados.

O efeito da atividade física sobre o transporte mucociliar foi previamente

estudado em indivíduos saudáveis com resultados divergentes. Meignal et al.28

relataram um aumento do TMC somente logo após o início do exercício, alteração

que poderia ser explicada pelas mudanças imediata no TMC regional, ventilação

e/ou perfusão induzidas pela atividade. Wolff et al.29 também observaram um leve

aumento do clearance imediatamente após o exercício, diferentemente de Olséni e

19

Wollmer30 que não observaram alterações substânciais. Observa-se com esses

estudos, o efeito agudo, e, portanto transitório, do exercício sobre o TMC, mas não

está claro e justificado como este se comporta ao exercício praticado regularmente,

sua adaptação à atividade física de vida diária. Além disso, estes estudos foram

realizados apenas em não fumantes, e não há estudos que envolvam esta questão

em fumantes.

A partir dessas evidências preliminares, nota-se divergência e inconsistência

entre os resultados de medidas do TMC tanto em indivíduos tabagistas como em

não tabagistas. Entretanto, é evidente a ação prejudicial sistêmica do tabagismo,

especialmente sobre o trato respiratório, e faz-se importante investigar

profundamente as diferenças entre a resposta aguda e crônica do sistema mucociliar

à exposição da fumaça do cigarro bem como a associação entre o comprometimento

do clearance e o histórico individual de consumo tabagístico deste.

Em adição, o reconhecimento de que a atividade física regular pode prevenir

ou atrasar o aparecimento de diferentes doenças crônicas tem respaldo científico

sólido, e isso foi ilustrado no caso dos tabagistas em um estudo de Garcia-Aymerich

et al.25 Considerando que é adequado dividir a resposta ao exercício em aguda e

crônica, e que em estudos prévio a maioria entende que há uma resposta aguda ou

imediata do TMC frente à atividade física, se faz necessário conhecer, também, a

relação desse TMC com a adaptação crônica ao exercício regular.

Por esta razão, os objetivos dos estudos presentes nesta dissertação foram

os seguintes: 1) avaliar os efeitos do tabagismo sobre a depuração mucociliar em

fumantes, imediatamente e oito horas após o fumar, e investigar sua correlação com

o histórico tabagístico desses indivíduos; e 2) investigar a relação entre o transporte

mucociliar e o nível de atividade física na vida diária em fumantes saudáveis (ou

20

seja, sem comprometimento da função pulmonar), assim como, estudar esta relação

em não fumantes saudáveis.

21

__________________________Artigo I

22

EFEITO IMEDIATO E A CURTO PRAZO DO CIGARRO SOBRE O TRANSPORTE

MUCOCILIAR NASAL DE FUMANTES

IMMEDIATE AND SHORT TERM EFFECTS OF SMOKING ON NASAL

MUCOCILIARY CLEARANCE IN SMOKERS

Mahara Proença, PT1,2; Rafaella Fagundes Xavier, PT1; Dionei Ramos, PhD1;

Vinícius Cavalheri, PT1,2; Fábio Pitta, PhD1,2; Ercy Mara Cipulo Ramos, PhD1.

1 Laboratório de Estudos do Aparelho Muco-Secretor (LEAMS), Programa de

Mestrado em Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, UNESP - Univ Estadual

Paulista, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil

2 Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar (LFIP), Departamento de

Fisioterapia, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil.

Estudo conduzido no Laboratório de Estudos do Aparelho Muco-Secretor (LEAMS),

Departamento de Fisioterapia, UNESP - Univ Estadual Paulista, Presidente

Prudente, São Paulo, Brasil.

Autor correspondente:

Ercy Mara Cipulo Ramos

Departamento de Fisioterapia, UNESP - Univ Estadual Paulista, Presidente

Prudente, São Paulo, Brasil.

Rua Paulo Marques, nº 757, Jardim Aviação, 19020-410 Presidente Prudente, São

Paulo, Brazil. Tel.: +55 18 32214818; fax: +55 18 32215897.

E-mail: [email protected]

23

RESUMO

Introdução e objetivo: A eficiência do transporte mucociliar pode variar em

diferentes condições, como na exposição a partículas nocivas da fumaça do cigarro.

O presente estudo avaliou os efeitos do cigarro, tanto imediato quanto a curto prazo,

no transporte mucociliar nasal de fumantes por meio da quantificação do tempo de

trânsito da sacarina (TTS), e os correlacionou com a intensidade de consumo

tabagístico. Métodos: Dezenove fumantes ativos (11 homens; 51±16 anos; IMC

23±9 kg/m2; 27±11 cigarros/dia; 44±25 anos/maço), participantes de programa de

intervenção antitabagismo, responderam a um questionário referente ao histórico

tabagístico e foram submetidos à avaliação da função pulmonar (espirometria) e

transporte mucociliar (pelo TTS), este imediatamente e após 8 horas do ato de

fumar. Para comparação, um grupo pareado composto por 19 indivíduos saudáveis

não-fumantes foi avaliado por meio dos mesmos testes. Resultados: Quando

comparados ao TTS de não-fumantes (10±4 min; média±desvio padrão), os

fumantes apresentaram tempo de transporte similar imediatamente após fumar

(11±6 min; p=0,87) e significativamente mais lento 8 horas após fumar (16±6 min;

p=0,005 versus não-fumantes e p=0,003 versus fumantes). Em fumantes, o TTS 8

horas após fumar correlacionou-se positivamente com a idade (r=0,59; p=0,007), o

número de cigarros/dia (r=0,53; p=0,02) e o índice anos/maço (r=0,74; p=0,0003).

Conclusão: Embora indivíduos fumantes imediatamente após fumar apresentem

transporte mucociliar similar ao de indivíduos não-fumantes, 8 horas após o

consumo tabagístico o transporte mucociliar se mostra reduzido e relacionado com

hábitos tabagísticos.

Palavras-chave: transporte mucociliar nasal; tabagismo; teste de trânsito de

sacarina

24

INTRODUÇÃO

O transporte mucociliar é o principal mecanismo de defesa de seu epitélio

contra os agentes patogênicos e toxinas, tanto de vias aéreas superiores quanto

inferiores.1,2 Entretanto, deve-se ressaltar que eficiência de transporte pode variar

em diferentes condições, dentre elas à exposição a partículas nocivas presentes na

fumaça do cigarro.3

Estudos in vitro e in vivo mostram que a exposição do epitélio ciliado às

partículas presentes na fumaça do cigarro resulta em significante diminuição na

frequência de batimento ciliar.4,5 Cohen et al.6 mostraram que a freqüência de

batimento ciliar estava alterada em conseqüência da exposição a fumaça do cigarro,

e portanto o transporte mucociliar estava também prejudicado. Em contraste,

Stanley et al.7 não encontraram diferença na freqüência do batimento ciliar entre

fumantes e não-fumantes e relataram frequência de batimento ciliar normal.

Adicionalmente, os autores observaram que em fumantes regulares o transporte

mucociliar é mais lento, e sugeriram que a exposição da mucosa nasal aos produtos

tóxicos da fumaça do cigarro varia consideradamente entre os fumantes

dependendo do tipo de cigarro e se a fumaça era exalada pelo nariz ou boca.7

Outros autores observaram, além disso, que a velocidade do muco de não-fumantes

é mais rápida que de ex-fumantes.8

Portanto, como conceito geral, diferenças no transporte mucociliar entre

fumantes e não-fumantes são comumente observadas. No entanto, apesar desses

dados preliminares, o transporte mucociliar ainda não foi estudado com a

profundidade necessária. Por exemplo, as diferenças entre a resposta aguda e

crônica do sistema mucociliar à exposição da fumaça do cigarro não foram

profundamente investigadas, bem como a associação entre o comprometimento do

25

transporte mucociliar e o histórico individual de consumo tabagístico. Assim, o

objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do tabagismo sobre a depuração

mucociliar nasal em fumantes, imediatamente e oito horas após o fumar, por meio

da quantificação do tempo de trânsito sacarina (TTS), além de investigar sua

correlação com o histórico tabagístico desses indivíduos.

CASUÍSTICA E MÉTODO

Amostra

Foram avaliados dois grupos de indivíduos: 19 fumantes, classificados em

sua maioria fumantes pesados (fumam 20 ou mais cigarros por dia),9 participantes

do Programa de Orientação e Conscientização Anti-Tabagismo, e 19 não-fumantes

pareados (Tabela 1). Seriam excluídos indivíduos portadores de fibrose cística,

bronquiectásicos, síndrome dos cílios imóveis, com história de cirurgia ou trauma

nasal, e com processo inflamatório das vias aéreas superiores definidos durante a

entrevista e ficha de avaliação inicial, assim como aqueles com doenças tabaco-

relacionadas atestados clinicamente e pela espirometria. Os indivíduos não-

fumantes foram questionados quanto ao contato direto ou indireto com a fumaça do

cigarro em casa ou no ambiente de trabalho, questionamento ao qual todos

responderam negativamente.. Os participantes foram previamente comunicados

sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa e, após sua autorização, assinaram

um termo de consentimento livre e esclarecido para então passarem a fazer parte da

pesquisa efetivamente. O estudo contou com a aprovação do Comitê de ética em

Pesquisa da instituição (parecer nº: 215/2007).

26

Protocolo experimental

Todos os indivíduos incluídos no estudo realizaram uma entrevista para

obtenção dos dados pessoais e histórico tabagístico (tempo de tabagismo, número

de cigarros/dia, anos maço), e em seguida foram avaliados quanto à função

pulmonar (pela espirometria) e transporte mucociliar (por meio do TTS). Os testes

foram realizados em ambiente de laboratório em dois dias de experimento. No

primeiro dia, os indivíduos foram submetidos à entrevista inicial, seguido de

espirometria, e foram convidados a fumar um cigarro inteiro, para que fosse

realizado a quantificação da TTS imediatamente após fumar. As avaliações de TTS

ocorreram sempre entre 17:00 h e 19:00 h. No dia seguinte, os mesmos indivíduos

foram instruídos a iniciar o dia mantendo seu hábito tabagístico regular, mas a fumar

o último cigarro entre 09:00 h e 11:00 h, e depois permanecer o dia inteiro sem

fumar; após esse período, um TTS foi realizado exatamente oito horas após o

indíviduo ter fumado seu último cigarro, ou seja, mais uma vez, entre as 17:00 h e

19:00 h. Para efeitos de confirmação, todos os indivíduos foram diretamente

questionados sobre ter permanecido ou não abstêmios do cigarro pelo período de 8

horas, questionamento ao qual todos responderam positivamente.

Avaliação da função pulmonar

Para a mensuração da função pulmonar foi realizada espirometria simples,

por meio do aparelho MIR–Spirobank (MIR, Itália) versão 3.6 acoplado a um

microcomputador, segundo critérios estabelecidos pelas Diretrizes para Testes de

Função Pulmonar.10 Os valores de normalidade foram relativos à população

brasileira.11

27

Quantificação do transporte mucociliar nasal (tempo de trânsito da sacarina -

TTS)

Para a mensuração da velocidade do transporte mucociliar nasal foi utilizado

o TTS,12 como descrito por Rutland e Cole.13 O teste mostrou-se válido e

reprodutível.14

Os indivíduos foram posicionados sentados e com a cabeça levemente

estendida, e 5 μg de sacarina sódica granulada foram introduzidos por meio de um

canudo plástico, sob controle visual, a aproximadamente 2 cm para dentro da narina

direita. A partir deste momento, o cronômetro (marca Track.Pro) foi acionado e

registrou o tempo despendido para o relato da sensação adocicada na boca. Os

indivíduos foram orientados a manter a posição original e não era permitido falar,

tossir, espirrar, coçar ou assoar o nariz, além de serem instruídos a engolir poucas

vezes por minuto até que sentissem um gosto doce em sua boca. Se não ocorresse

a percepção do sabor dentro de 60 minutos o teste seria interrompido e seria

avaliada a capacidade do indivíduo em perceber o gosto da sacarina, colocando-a

em sua língua, e então o teste seria repetido em outro dia. Os indivíduos foram

instruídos a não fazer uso de medicamentos tais como anestésicos, analgésicos

barbitúricos, calmantes e antidepressivos, de bebidas alcoólicas e de substâncias à

base de cafeína no mínimo 12 horas antes da mensuração do TTS.

Análise estatística

Os dados foram analisados pelo programa GraphPad Prism 3.0 (Inc., San

Diego CA, USA). A normalidade na distribuição dos dados foi avaliada por meio do

teste de Shapiro-Wilk, e ao apresentar distribuição normal dos dados, foram

utilizados testes estatísticos paramétricos. A descrição dos resultados foi realizada

28

como média e desvio padrão. Para comparação entre os dois momentos no grupo

tabagista foi utilizado teste t pareado, e para a comparação entre grupos foi utilizado

o teste t não pareado. As correlações foram avaliadas por meio do coeficiente de

Pearson. Significância estatística foi determinada como p<0,05.

RESULTADOS

Trinta e oito indivíduos participaram do estudo (19 fumantes e 19 não-

fumantes, Tabela 1). Não houve necessidade de nenhuma exclusão.

Quando comparado com o TTS de não-fumantes (10±4 min, média ± desvio

padrão), os fumantes apresentaram TTS similar imediatamente após fumar (11±6

min; p=0,87) e TTS mais lento oito horas após fumar (16±6 min; p=0,005 versus não-

fumantes e p=0,003 versus imediatamente após fumar) (Figura 1).

Não houve correlação significativa entre o TTS imediatamente após fumar

com nenhuma das variáveis analisadas. Houve correlação positiva significativa do

TTS 8 horas após fumar com idade (r=0,59; p=0,007), consumo de cigarros por dia

(r=0,53; p=0,02), tempo de tabagismo (r=0,54; p=0,02) e índice anos/maço (r=0,74;

p=0,0003) (Figura 2).

DISCUSSÃO

Este estudo mostrou a resposta aguda e crônica da depuração mucociliar

nasal à exposição à fumaça de cigarro em fumantes. Imediatamente após o ato de

fumar o transporte mucociliar nasal de fumantes de consumo relativamente intenso

apresenta valores próximos daqueles apresentados por não-fumantes. Entretanto, a

avaliação destes mesmos fumantes 8 horas após fumar mostrou que o transporte

29

tem sua eficiência diminuída. Ainda no presente estudo, mostrou também que, em

situações não-agudas, o transporte mucociliar nasal foi mais lento em indivíduos

com maior tempo e intensidade de hábito tabagístico.

A exposição ao tabaco tem efeitos profundos sobre a função mucociliar, mas

a base dos mecanismos envolvidos ainda não foi elucidada. A dificuldade na

explicação deve-se a diversos fatores: a complexidade dos componentes do

aparelho mucociliar; a complexidade das diversas substâncias presentes na fumaça

do cigarro; e o fato das técnicas de mensuração de tempo de afastamento das

partículas dependerem não só da velocidade mucociliar, mas também da

distribuição de partículas e dos padrões de deposição.15 Adicionalmente, a ausência

de uma padronização no controle de temperatura, umidade e do momento da

análise das variáveis pode levar à incongruência entre os resultados, dificultando a

comparação com estudos de mesma natureza.

O TTS em fumantes imediatamente após fumar foi similar ao de indivíduos

não-fumantes (Figura 1). Uma hipótese para tal achado é que o conseqüente

“aumento” no transporte mucociliar nasal, uma resposta epitelial aguda, poderia

representar uma defesa contra um agente agressor como a fumaça do cigarro.16

Esta provavelmente teria sido mediada por um aumento da frequência do batimento

ciliar conseqüente do estímulo de mediadores inflamatórios,16 ou em conseqüência

da estimulação dos receptores nervosos que encontram-se ao redor das células

luminais.17 Em estudo de Lindberg & Dolata,18 a exposição aguda à fumaça de

cigarro em coelhos foi associada ao aumento da atividade mucociliar e este efeito

foi, primeiramente, mediado por reflexo via estimulação do receptor NK1, seguido

dos efeitos irritantes do cigarro nos nervos aferentes sensoriais da via aérea

superiores.

30

A diferença entre o TTS imediatamente e após 8 horas do ato de fumar pode,

também, ser um efeito da nicotina sobre o sistema nervoso autônomo (SNA). Deve-

se ressaltar que esta substância provoca estimulação simpática neural, que

ocasiona ativação do metabolismo geral do corpo.19 Adicionalmente, seu efeito

sobre o sistema nervoso parassimpático está relacionado com os receptores

nicotínicos de acetilcolina, que se encontram aumentados em situação de fumo

crônico.20 Tais condições poderiam alterar o transporte mucociliar nasal, pois o nariz

apresenta inervação motora, sensorial e autônoma.21 O SNA estimulado gera efeitos

nasais tais como hipersecreção glandular e vasodilatação,22 o que justificaria um

transporte mucociliar aumentado. Portanto, um TTS próximo dos valores de

normalidade encontrado em fumantes imediatamente após o fumo pode estar

relacionado com o efeito de ativação desencadeado pelo sistema nervoso simpático,

que incluiria uma possível aceleração do batimento ciliar. Entretanto, a nicotina

circulante é metabolizada em duas horas, indicando que após esse período o efeito

estimulador cessa, e o batimento ciliar do fumante, ou seja, a eficiência de seu

transporte e mecanismo de defesa, retornaria ao seu basal (prejudicada), como

observado nesse estudo após o intervalo sem fumar.

O presente estudo sugere uma lentidão crônica da depuração mucociliar dos

fumantes 8 horas após fumar, sem imediata exposição a poluentes, quando

comparado a indivíduos saudáveis e não-fumantes (Figura 1). Stanley, et al.7

compararam o tempo de transporte mucociliar em fumantes e não-fumantes, e

também concluíram que o tempo de fumantes (21±9 min) está aumentado em

relação a indivíduos não-fumantes (11±4 min), entretanto não foram detectadas

diferenças na média da frequência do batimento ciliar. Se tal lentidão da atividade

mucociliar não for associada à alteração no batimento ciliar, pode ser conseqüente

31

de alterações estruturais, como redução de número de cílios e/ou mudanças na

viscoelasticidade do muco.7 Por meio de dados clínicos, radiográficos e testes de

função respiratória, Verra et al.23 observaram que a porcentagem de anormalidades

estruturais no epitélio brônquico foi maior em fumantes e ex-fumantes do que no

grupo controle. Os autores sugerem que o tabagismo crônico pode induzir um

aumento do número de cílios anormais que poderiam participar no comprometimento

da depuração traqueobrônquica.23 Além disso, o fato do grupo de ex-fumantes

também apresentar anormalidades estruturais mostra que a abstinência do tabaco

não foi capaz de recuperar totalmente estruturas já lesadas.

A exposição da mucosa nasal às toxinas do cigarro depende do número e tipo

de cigarros fumados e dos hábitos tabagísticos.7 Foi observada, neste estudo,

correlação significativa entre o TTS após período de 8 horas sem fumar com o

número de cigarros consumidos no dia, tempo de tabagismo e índice anos/maço.

Possivelmente, o efeito da exposição crônica ao tabaco causou danos intensificados

na população incluída nesse estudo, já que o consumo diário de cigarros era alto e

por um período de tempo prolongado. O fato do TTS imediatamente após o ato de

fumar não apresentar relação com o índice anos/maço nos remete à ação da

nicotina sobre o SNA, que apesar das possíveis alterações anatômicas e fisiológicas

conseqüentes da exposição crônica ao cigarro, permanece inalterada.

Por fim, destaca-se que os achados deste estudo acrescentam novas

informações à escassa literatura referente ao transporte mucociliar em fumantes,

especialmente a resposta aguda desse mecanismo de defesa respiratório à fumaça

do cigarro e da relação do transporte mucociliar com os hábitos tabagísticos.

Contudo, espera-se que estudos com maiores períodos de abstinência e com

fumantes em diferentes intensidades de consumo sejam realizados com o uso de

32

protocolos mais aprofundados para possibilitar a identificação da dimensão dos

danos no transporte mucociliar de fumantes.

CONCLUSÕES

Conclui-se que, embora os fumantes imediatamente após fumar apresentem

transporte mucociliar similar ao de não-fumantes, 8 horas após fumar este transporte

é reduzido. Essa redução está relacionada com a intensidade de consumo

tabagístico, o que caracteriza uma deficiência deste mecanismo de defesa pulmonar

nessa população.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (FAPESP).

33

REFERÊNCIAS

1. Nakagawa NK, Franchini ML, Driusso P, de Oliveira LR, Saldiva PH, G.

Mucociliary clearance is impaired in acutely ill patients. Chest

2005;128(4):2772-77.

2. Stannard W, O’Callaghan C. Ciliary function and the role of cilia in clearance.

J Aerosol Med 2006; 19(1): 110-5.

3. Elliott MK, Sisson JH, Wyatt TA. Effects of cigarette smoke and alcohol on

ciliated tracheal epithelium and inflammatory cell recruitment. Am J Respir Cell

Mol Biol 2007;36(4):452-9.

4. Top EAV, Wyatt TA, Gentry-Nielsen MJ. Smoke exposure exacerbates an

ethanol-induced defect in mucociliary clearance of streptococcus pneumonia.

Alcohol Clin Exp Res 2005;29(5):882-7.

5. Knoll M, Shaoulian R, Magers T, Talboat P. Ciliary beat frequency of hamster

oviducts is decreased in vitro by exposure to solutions of mainstream and

sidestream cigarette smoke. Biol Reprod 1995;53(1):29-37.

6. Cohen NA, Zhang S, Sharp DB, Tamashiro E, Chen B, Sorscher EJ, et al..

Cigarette smoke condensate inhibits transepithelial chloride transport and

ciliary beat frequency. Laryngoscope 2009;119(11):2269-74.

7. Stanley PJ, Wilson R, Greenstone MA, MacWilliam L, Cole PJ. Effect of

cigarette smoking on nasal mucociliary clearance and ciliary beat frequency.

Thorax 1986;41(7):519-23.

8. Mortensen J, Lange P, Jorgen N, Groth S. Lung mucociliary clearance. Eur J

Nucl Med 1994;21:953-61.

34

9. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Abordagem

e Tratamento do Fumante - Consenso 2001. Rio de Janeiro: INCA, 2001.

10. Miller MR, Hankinson J, Brusasco V, Burgos F, Casaburi R, Coates A, et al.

Standardisation of spirometry. Eur Respir J 2005;26:319-38.

11. Duarte AA, Pereira CAC, Rodrigues SC. Validation of new brazilian predicted

values for forced spirometry in caucasians and comparison with predicted

values obtained using other reference equations.

J Bras Pneumol

2007;33(5):527-35.

12. Andersen JB, Camner P, Jensen PL, Philipson K, Proctor DF. A comparison of

nasal and tracheobronchial clearance. Arch Environ Health 1974;29:290-93.

13. Rutland J, Cole PJ. Nasal mucociliary clearance and ciliary beat frequency in

cystic fibrosis compared with sinusitis and bronchiectasis. Thorax

1981;36(9):654-58.

14. Stanley P, MacWilliam L, Greenstone M, et al. Efficacy of a saccharin test for

screening to detect abnormal mucociliary clearance. Br J Dis Chest 1984; 78:

62-65.

15. Lippman M, Schlesinger RB. Interspecies comparisons of particle deposition

and mucociliary clearance. J Toxicol Environ Health 1984;13:441-69.

16. Zhou H, Wang X, Brighton L, Hazucha M, Jaspers I, Carson JL. Increased

nasal epithelial ciliary beat frequency associated with lifestyle tobacco smoke

exposure. Inhal Toxicol 2009;21(10):875-81.

17. Hogg JC. Bronchial mucosa permeability and its relationship to airways

hyperreactivity. Eur J Respir Di.s 1982;122:17-22.

35

18. Lindberg S, Dolata J. NK1 receptors mediate the increase in mucociliary

activity produced by tachykinins. Eur J Pharmacol 1993;231:375-80.

19. Benowitz NL. Pharmacology of nicotine: Addiction and therapeutics. Annu Rev

Pharmacol Toxicol 1996;36:597-613.

20. Yuna AJ, Bazarb AK, Leec PY, Gerber A, Daniel SM. The smoking gun: many

conditions associated with tobacco exposure may be attributable to

paradoxical compensatory autonomic responses to nicotine. Medical

Hypotheses 2005;64:1073-79.

21. Rappai M, Collop N, Kemp S, deShazo R. What we know and what we do not

know the nose and sleep-disordered breathing: what we know and what we do

not know. Chest 2003;124:2309-23.

22. Van Cauwenberge P, Sys L, De Belder T, Watelet JB. Anatomy and

physiology of the nose and the paranasal sinuses. Immunol Allergy Clin North

Am 2004;24(1):1-17.

23. Verra F, Escudier E, Lebargy F, Bernaudin JF, De Crémoux H, Bignon J.

Ciliary abnormalities in bronchial epithelium of smokers, ex-smokers, and

nonsmokers. Am J Respir Crit Care Med 1995;151(3 Pt 1):630-4.

36

TABELA

Tabela 1 - Características dos grupos estudados

(fumantes e não-fumantes)

Fumantes

(n=19)

Não-fumantes

(n=19)

Idade (anos) 51±16 47±11

Gênero (m/f) 11/8 10/9

Peso (Kg) 70±12 77±17

Altura (cm) 165±11* 167±0,12

IMC (Kg/m2

) 23±9 27±4

Consumo cig/dia 27±16 -

Tempo de fumo (anos) 33±11 -

Índice anos/maço 44±25 -

Dados apresentados em média ± desvio padrão

Abreviações: IMC, Índice de massa corpórea.

*p<0,05 versus não-fumantes

37

FIGURAS

Não-fumantes0

5

10

15

20

25

30*

Imediatamente

após fumar 8 horas

após fumar

TT

S (

min

)

Figura 1. Tempo de Trânsito da Sacarina (TTS) em não-

fumantes e fumantes imediatamente após fumar e 8 horas após

fumar, apresentados em média ± desvio padrão. †p=0,003;

*p=0,005.

38

0 20 40 60 80 1000

10

20

30

Índice Anos/Maço

TT

S (

min

uto

s)

Figura 2. Correlação entre Tempo de Trânsito da Sacarina

(TTS) em fumantes 8 horas após fumar e índice de

anos/maço (r=0,74; p=0,0003).

39

___________________________Artigo II

40

TRANSPORTE MUCOCILIAR E ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DIÁRIA EM

FUMANTES SAUDÁVEIS

MUCOCILIARY CLEARANCE AND PHYSICAL ACTIVITY IN DAILY LIFE IN

HEALTHY SMOKERS

Mahara Proença1,2, PT; Fábio Pitta1,2, PhD; Demétria Kovelis2, PT; Leandro Cruz

Mantoani2, PT; Karina Furlanetto2, PT; Juliana Zabatiero2, PT; Dionei Ramos1, PhD;

Ercy Mara Cipulo Ramos1, PhD.

1Laboratório de Estudos do Aparelho Muco-Secretor (LEAMS), Programa de

Mestrado em Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, UNESP - Univ Estadual

Paulista, Presidente Prudente, São Paulo, Brazil

2Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar (LFIP), Departamento de

Fisioterapia, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brazil.

Autor correspondente:

Ercy Mara Cipulo Ramos

Departamento de fisioterapia, UNESP - Univ Estadual Paulista, Presidente Prudente,

São Paulo, Brasil.

Rua Paulo Marques, nº 757, Jardim Aviação, 19020-410 Presidente Prudente, São

Paulo, Brazil. Tel.: +55 18 32214818; fax: +55 18 32215897.

E-mail: [email protected]

41

RESUMO

Introdução: O sistema mucociliar é influenciado por diversas condições, como aos

exercícios físicos e exposição à fumaça de cigarro, embora a relação entre a função

mucociliar e o nível de atividade física na vida diária (AFVD) em fumantes saudáveis

é desconhecida. Objetivos: Investigar a relação entre o transporte mucociliar e

atividade física diária em fumantes. Métodos: Cinqüenta e dois fumantes foram

submetidos à avaliação do transporte mucociliar (Tempo de Trânsito de Sacarina,

TTS), dos níveis de monóxido de carbono no ar expirado, da função pulmonar

(espirometria) e histórico tabagístico. Além disso, os sujeitos permaneceram por seis

dias com um pedômetro para determinar seu nível de AFVD (passos/dia). Os testes

também foram realizados em 30 indivíduos saudáveis, pareados, que serviram como

grupo controle. Resultados: Os fumantes leves (≤15 cigarros/dia) apresentaram um

TTS de 9 (6-11) minutos (mediana [intervalo interquartil]), que foi similar aos não-

fumantes (8 [5-14] min; p=0,8). Ambos fumantes moderados (16-25 cigarros/dia) e

severo (>25 cigarros/dia) apresentaram TTS significativamente maior (12 [9-17] min

e 13 [8-24] min, respectivamente) do que não-fumantes e fumantes leves (p<0,05

para todos). No grupo de fumantes em geral, não houve correlação estatísticamente

significante entre o TTS e AFVD, índice anos/maço, anos de tabagismo e idade (r<-

0,23; p>0,09 para todos). Houve correlação negativa significativa entre o TTS e a

AFVD apenas em fumantes leves (r=-0,55; p=0,02) e não-fumantes (r=-0,42;

p=0,02), mas não em fumantes moderados e pesados. Conclusão: a função

mucociliar de fumantes leves e não-fumantes está relacionada com seu nível de

atividade física diária, ao contrário dos fumantes com função mucociliar diminuida,

ou seja, aqueles com consumo moderado e severo de cigarros.

42

Palavras-chave: transporte mucociliar; atividade física; tabagismo; sistema

respiratório; sacarina;

43

ABSTRACT

Background: The mucociliary system is influenced by different conditions such as

physical exercise and exposure to cigarette smoke, although the relationship

between mucociliary function and the level of physical activity in daily life (PADL) in

healthy smokers is unknown. Objectives: To investigate the relationship between

mucociliary transport and daily physical activity in smokers. Methods: Fifty two

current smokers were submitted to assessment of mucociliary transport (Sacharin

Transit Time, STT), carbon monoxide levels in the exhaled air, lung function

(spirometry) and smoking history. Furthermore, subjects remained for six days with a

waist-worn pedometer in order to determine their level of PADL (steps/day). The

tests were also performed in 30 matched healthy nonsmokers who served as control

group. Results: Light smokers (≤15 cigarettes/day) had a STT of 9 (6-11) min

(median [interquartile range]), which was similar to nonsmokers (8 [5-14]min; p=0.8).

Both moderate (16-25 cigarettes/day) and heavy (>25 cigarettes/day) smokers had

significantly higher STT (12 [9-17]min and 13 [8-24]min, respectively) than

nonsmokers and light smokers (p<0.05 for all). In the general group of smokers, STT

was not significantly correlated with PADL, pack/years index, years of smoking and

age (r <-0.23; p>0.09 for all). There was significant negative correlation between STT

and PADL only in light smokers (r=-0.55; p=0.02) and nonsmokers (r=-0.42; p=0.02),

but not in moderate and heavy smokers. Conclusion: Mucociliary function of light

smokers and non-smokers is related to their daily physical activity level, as opposed

to smokers with decreased mucociliary function, i.e., those with moderate and heavy

cigarette consumption.

Keywords: mucociliary clearance; physical activity; smoking; respiratory tract;

saccharin sodium;

44

INTRODUÇÃO

Estudos têm demonstrado que a eficiência do transporte mucociliar (TMC)

está prejudicada em fumantes em comparação a não fumantes.1,2 Sabe-se, também,

que a atividade física regular quando realizada em intensidade moderada melhora a

capacidade de resposta do sistema imune.3 Entretanto, o efeito do exercício regular

sobre outros mecanismos de defesa respiratórios, como o transporte mucociliar, não

estão devidamente elucidados, tanto em fumante como em não fumantes.

O efeito da atividade física sobre o transporte mucociliar foi previamente

estudado em indivíduos saudáveis com resultados divergentes. Wolff et al.4

observaram um leve aumento do clearance após o exercício, diferentemente de

Olséni e Wollmer5 que não observaram alterações substânciais. Além disso, estes

estudos apenas descreveram a resposta aguda (ou seja, transitória) do sistema

mucociliar ao exercício, mas a adaptação crônica em resposta à atividade física

diária permanece desconhecida. Adicionalmente, estes estudos observaram apenas

não fumantes, porém ainda não foram realizados estudos que envolvem esta

questão em fumantes. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar a relação entre o

transporte mucociliar e o nível de atividade física na vida diária em fumantes

saudáveis (ou seja, sem comprometimento da função pulmonar). Secundariamente,

também teve como objetivo estudar esta relação em não fumantes saudáveis.

MÉTODOS

Design e amostra do estudo

Estudo transversal realizado com uma amostra de conveniência de 52

fumantes (Tabela 1) avaliado no processo de admissão de um programa que visa

aumentar a atividade física na vida diária desses indivíduos. Os critérios de inclusão

45

foram: tabagismo; função pulmonar normal avaliada pela espirometria e ausência de

fibrose cística; bronquiectasias; síndrome dos cílios imóveis; cirurgia ou trauma

nasal; recente e/ou crônico processo inflamatório nas vias aéreas superiores. O

critério de exclusão foi a presença de qualquer disfunção que pudesse interferir na

avaliação da atividade física na vida diária (AFVD). Os indivíduos foram incluídos

independentemente se pretendiam ou não deixar de fumar no futuro, e nenhum

sujeito reduziu ou parou de fumar durante o período de avaliação. Nenhum

tratamento farmacológico para o tabagismo ou de qualquer outro tipo foi fornecido

durante o período de avaliação. Para comparação, um grupo composto por 30

indivíduos não tabagistas (Tabela 1) pareado com dados antropométricos

semelhantes aos dos grupos de fumantes também foi avaliado.

Para fins de análise, os fumantes foram divididos em três grupos de acordo

com a intensidade do consumo de cigarros: fumantes leves (n=17), que consumiam

até 15 cigarros por dia, fumantes moderados (n=22), que consumiam entre 16-25

cigarros por dia) e fumantes severos (n=13), aqueles que consumiam mais de 25

cigarros por dia (Tabela 1).6 Os participantes foram previamente informados sobre

os objetivos e procedimentos do estudo e, após assinar um termo de consentimento

passaram a fazer parte efetiva da pesquisa. O estudo contou com a aprovação do

Comitê de ética em Pesquisa da instituição (parecer nº: 007/07).

Protocolo

Todos os indivíduos incluídos no estudo realizaram uma entrevista para

obtenção dos dados pessoais e histórico tabagístico (tempo de tabagismo, número

de cigarros/dia, índice anos maço), e em seguida foram avaliados quanto à função

pulmonar (pela espirometria), ao transporte mucociliar (Tempo de Trânsito de

46

Sacarina - TTS), e à mensuração de monóxido de carbono (CO ex) no ar expirado

(MicroCO Meter). Os testes foram realizados em ambiente com temperatura e

umidade relativa do ar controlada. Todas as avaliações foram realizadas no período

da manhã, sempre entre 8:00 e 10:00 h, após um período de 12 horas de

abstinência do cigarro que começou após o último cigarro fumado na noite anterior

(entre as 20:00 e 22:00 h, de acordo com as instruções dadas aos pacientes e

confirmado por eles). Além disso, os sujeitos permaneceram por seis dias com um

pedômetro (DigiWalker SW-200 Yamax, Japão), a fim de determinar o nível de

atividade física na vida diária (número de passos/dia).

Avaliação da função pulmonar (espirometria)

Para a mensuração da função pulmonar foi realizada espirometria simples,

por meio de um espirômetro da marca MIR–Spirobank versão 3.6 acoplado a um

microcomputador, de acordo com as normas da American Thoracic Society e

European Respiratory Society.7 Os valores de normalidade foram relativos à

população brasileira.8

Quantificação do transporte mucociliar (tempo de trânsito de sacarina)

Para a mensuração da velocidade do transporte mucociliar foi utilizado o teste

do tempo de trânsito da sacarina (TTS), como descrito por Rutland and Cole,9 e

mostrou-se reprodutível.10

Para realização do teste, os indivíduos foram posicionados sentados e com a

cabeça levemente estendida (aproximadamente 10°), uma quantidade de

aproximadamente 5 micro grãos de sacarina sódica granulada foi introduzida por

meio de um canudo plástico, sob controle visual, a 2cm para dentro da narina direita.

47

A partir deste momento, o cronômetro foi acionado e registrou o tempo despendido

para o relato da sensação adocicada na boca. Foi orientado aos indivíduos a não

andar, falar, tossir, espirrar, coçar ou assoar o nariz, além de serem instruídos a

engolir poucas vezes por minuto até que sentissem um gosto doce em sua boca. Se

não ocorresse a percepção do sabor dentro de 60 minutos o teste seria interrompido

e seria avaliada a capacidade do indivíduo em perceber o gosto da sacarina,

colocando-a em sua língua, e então o teste seria repetido em outro dia.9,11 Os

indivíduos foram orientados a não ter feito uso de medicamentos tais como

anestésicos, analgésicos barbitúricos, calmantes e antidepressivos, de bebidas

alcoólicas e de substâncias à base de cafeína no mínimo 12 horas antes da

mensuração do TTS.

Mensuração de monóxido de carbono no ar expirado (COex)

Os indivíduos foram submetidos à mensuração de monóxido de carbono no ar

expirado (COex) por técnica padronizada (aparelho MicroCO Meter da Micro Medical

Ltd., Rochester, Kent, Reino Unido) para confirmação do hábito tabagístico. O

aparelho MicroCO Meter mede a concentração de COex através de um sensor

eletroquímico, expressando-a em partes por milhão (ppm). Para a medição foi

solicitado ao indivíduo que fizesse uma pausa inspiratória de 20 segundos, a fim de

que o CO no sangue entrasse em equilíbrio com o ar alveolar, permitindo ao

aparelho estimar com melhor acurácia a concentração de CO no sangue a partir do

COex. Após essa pausa, os voluntários eram orientados a exalar lenta e

completamente no bocal do aparelho. Valores acima de 6 ppm de COex foram

considerados como indicativos de tabagismo detectável e passível de

quantificação.12

48

Avaliação do nível de atividade física na vida diária (Pedômetro Digiwalker

YAMAX SW 200)

A determinação do nível individual de atividade física diária foi realizada por

meio de monitoração do número de passos por dia, com um pedômetro Digiwalker

SW200 (Yamax, Japão). O equipamento é simples, pequeno e de relativamente

baixo custo, utilizado ao lado direito da cintura (alinhado com o joelho) e fornece

uma estimativa confiável do número de passos realizados por um indivíduo em

determinado período de tempo.13 O aparelho foi utilizado por seis dias consecutivos

(de domingo à sexta-feira), durante pelo menos 12 horas por dia, e o número de

passos por dia foi registrado por cada indivíduo num diário. Para fins de análise, foi

calculada a média de passos realizada durante os seis dias.

Análise estatística

Os dados foram analisados pelo programa GraphPad Prism 3.0 (Inc., San

Diego CA, USA). Estatísticas não-paramétricas foram utilizados e os resultados

foram expressos como mediana e intervalo interquartilico (25%-75%). Para

comparação entre os três grupos de fumantes foi realizado o teste de Kruskal-Wallis

(seguido de pós-teste de Dunns). Para a comparação entre os grupos não fumantes

e fumantes, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Correlações foram avaliadas

através do coeficiente de Spearman. Significância estatística foi determinada como

p<0,05.

RESULTADOS

Oitenta e dois indivíduos entraram no estudo (cinqüenta e dois fumantes e

trinta não fumantes), e nenhum deles foi excluído durante as avaliações. Os

49

resultados são apresentados na tabela 1. Todos os três grupos de fumantes tiveram

maior nível de COex que o grupo de não fumantes. Não houve diferença no número

de passos/dia entre os grupos.

A mediana e intervalo interquartis (25%-75%) do TTS dos fumantes leves não

mostrou alteração no transporte mucociliar quando comparada a indivíduos não

fumantes (9 [6-11] min e 8 [6-14] min, respectivamente; p=0,08). Tanto os fumantes

moderados quanto os severos apresentaram valores de TTS significantemente

maiores do que não fumantes (12 [9-17] min; p=0,04 e 13 [8-24] min; p=0,04,

respectivamente) e fumantes leves (p=0,02 para ambos).

No grupo geral de fumantes, não houve correlação significativa entre TTS e

passos/dia (r =- 0,04, p = 0,78). Houve correlação negativa significante entre o TTS

e passos/dia apenas em fumantes leves (r=- 0,55; p=0,02) e não fumantes (r=-0,42;

p=0,02) (Figura 1). Nenhuma correlação significativa foi encontrada nos grupos de

fumantes moderados (r=0,31; p=0,15) e severos (r=-0,36; p=0,23).

Além disso, no grupo geral de fumantes não houve correlação significativa

entre a TTS e índice anos/maço (r=-0,14; p=0,30), anos de tabagismo (r=-0,13;

p=0,37) e idade (r=-0,23; p=0,09). Da mesma forma, o número de passos/dia não se

correlacionou com índice anos/maço (r= 0,01; p=0,92), anos de tabagismo (r=- 0,18;

p=0,22) e idade (r=-0,03; p=0,81).

DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que os indivíduos com consumo leve de cigarro,

quanto mais ativos na sua vida diária, apresentam melhor função mucociliar assim

como os não fumantes. Entretanto, o mesmo não acontece com indivíduos com

consumo moderado a severo. Tais resultados podem ser atribuídos ao fato de que

50

não houve alteração no transporte mucociliar de tabagistas de consumo leve,

enquanto os de consumo moderado a severo apresentaram clearance prejudicado.

O transporte mucociliar (TMC) é um dos principais mecanismos de defesa das

vias aéreas14,15 e pode ser afetado em diferentes condições, dentre elas em

resposta estresse ao exercício físico e à exposição a partículas nocivas, como a

fumaça do cigarro.16 O exercício está genericamente classificado como estímulo

estressante,17 mas a resposta a este pode ser dividida em aguda (transitória) e

adaptação crônica.18 Na resposta aguda o exercício está associado ao aumento de

níveis de mediadores adrenérgicos,19 e estes estimulam a freqüência de batimento

ciliar20,21 e assim o clearance. Alguns estudos22-24 comprovaram essa idéia e

verificaram que a função da mucosa respiratória é significantemente alterada pelo

exercício, com melhor ação durante a atividade, e prejudicada após um exercício

extenuante.

A novidade do estudo foi investigar como o TM se comporta em relação à

atividade física regular (ou seja, sua adaptação crônica). Em nossa opnião, o fato do

transporte mucociliar de fumantes leves ser similar ao de não fumantes reafirma os

benefícios da atividade física regular para o sistema respiratório desses indivíduos.

Entretanto, naqueles que já apresentam comprometimento do TTS (ou seja,

fumantes moderados e severos), o sistema mucociliar é desacelerado pela

intensidade de consumo tabagístico independentemente do nível de atividade física.

Portanto, hipotetizamos que nesses indivíduos, a atividade física regular não é

suficiente para neutralizar o prejuízo no TMC, mas uma redução substancial na

intensidade do tabagismo é necessária.

As semelhanças entre os resultados de fumantes leves e não-fumantes pode

ser devido ao grau de exposição diária à fumaça do cigarro, que possivelmente não

51

foi intenso o suficiente para gerar danos estruturais importantes e reduzir o

transporte mucociliar, como foi o caso dos fumantes moderados e severos. Uma vez

que no grupo geral de fumantes o TTS não se correlacionou com o nível de AFVD,

índice anos/maço e anos de tabagismo, sugere-se que o TMC em fumantes

depende mais do consumo de cigarro diário do que da história tabágica e nível de

atividade física. Esta hipótese está em consonância com o que foi previamente

sugerido por Stanley et al.2, embora este estudo não inclui um perfil detalhado dos

hábitos tabagísticos (como encontrado no presente estudo) e não incluem a

atividade física regular como um de seus resultados .

Após a estratificação dos fumantes a partir da intensidade de consumo

tabagístico, o número de indivíduos do presente estudo pode ter sido pequeno para

possiblitar outras subanálises, e com isso ser considerado uma limitação do estudo.

No entanto, apesar da amostra relativamente pequena em cada grupo, essa

estratificação foi importante, pois permitiu encontrar resultados relevantes, tais como

as diferenças entre fumantes leves versus fumantes moderados e severos. Novos

estudos com maior número de fumantes e com diferentes intensidades do consumo

de cigarros são necessários.

Conclui-se que, assim como não fumantes, os fumantes leves apresentaram

correlação significativa entre a função mucociliar e o nível de atividade física diária, o

que não é observado em fumantes com função mucociliar prejudicada, ou seja,

aqueles com consumo moderado e severo de cigarros.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (FAPESP).

52

REFERÊNCIAS

1. Cohen NA, Zhang S, Sharp DB, et al. Cigarette smoke condensate inhibits

transepithelial chloride transport and ciliary beat frequency. Laryngoscope

2009; 119: 2269-74.

2. Stanley PJ, Wilson R, Greenstone MA, et al. Effect of cigarette smoking on

nasal mucociliary clearance and ciliary beat frequency. Thorax 1986; 41:

519-23.

3. Gleeson M, Pyne DB. Special feature for the Olympics: effects of exercise on

the immune system: exercise effects on mucosal immunity. Immunol. Cell

Biol. 2000; 78: 536-44.

4. Wolff RK, Dolovich MB, Obminski G, et al. Effects of exercise and eucapnic

hyperventilation on bronchial clearance in man. J. Appl. Physiol 1977; 43: 46-

50.

5. Olseni L, Wollmer P. Mucociliary clearance in healthy men at rest and during

exercise. Clin. Physiol 1990; 10: 381-7.

6. Trosclair A, Dube SR. Smoking among adults reporting lifetime depression,

anxiety, anxiety with depression, and major depressive episode, United

States, 2005-2006. Addict. Behav. 2010; 35: 438-43.

7. Miller MR, Hankinson J, Brusasco V, et al. Standardisation of spirometry.

Eur. Respir. J. 2005; 26: 319-38.

8. Neder JA, Andreoni S, Castelo-Filho A, et al. Reference values for lung

function tests. I. Static volumes. Braz. J. Med. Biol. Res. 1999; 32: 703-17.

9. Rutland J, Cole PJ. Nasal mucociliary clearance and ciliary beat frequency in

cystic fibrosis compared with sinusitis and bronchiectasis. Thorax 1981; 36:

654-8.

53

10. Stanley P, MacWilliam L, Greenstone M, et al. Efficacy of a saccharin test for

screening to detect abnormal mucociliary clearance. Br. J. Dis. Chest 1984;

78: 62-5.

11. Andersen I, Camner P, Jensen PL, et al. A comparison of nasal and

tracheobronchial clearance. Arch. Environ. Health 1974; 29: 290-3.

12. Middleton ET, Morice AH. Breath carbon monoxide as an indication of

smoking habit. Chest 2000; 117: 758-63.

13. Schneider PL, Crouter SE, Bassett DR. Pedometer measures of free-living

physical activity: comparison of 13 models. Med. Sci. Sports Exerc. 2004; 36:

331-5.

14. Nakagawa NK, Franchini ML, Driusso P, et al. Mucociliary clearance is

impaired in acutely ill patients. Chest 2005; 128: 2772-7.

15. Stannard W, O'Callaghan C. Ciliary function and the role of cilia in clearance.

J. Aerosol Med. 2006; 19: 110-5.

16. Elliott MK, Sisson JH, Wyatt TA. Effects of cigarette smoke and alcohol on

ciliated tracheal epithelium and inflammatory cell recruitment. Am. J. Respir.

Cell Mol. Biol. 2007; 36: 452-9.

17. Cannon JG, Meydani SN, Fielding RA, et al. Acute phase response in

exercise. II. Associations between vitamin E, cytokines, and muscle

proteolysis. Am. J. Physiol 1991; 260: R1235-R1240.

18. Nieman DC, Nehlsen-Cannarella SL. The immune response to exercise.

Semin. Hematol. 1994; 31: 166-79.

19. Holmqvist N, Secher NH, Sander-Jensen K, et al. Sympathoadrenal and

parasympathetic responses to exercise. J. Sports Sci. 1986; 4: 123-8.

54

20. Devalia JL, Sapsford RJ, Rusznak C, et al. The effects of salmeterol and

salbutamol on ciliary beat frequency of cultured human bronchial epithelial

cells, in vitro. Pulm. Pharmacol. 1992; 5: 257-63.

21. Olseni L, Midgren B, Wollmer P. Mucus clearance at rest and during exercise

in patients with bronchial hypersecretion. Scand. J. Rehabil. Med. 1992; 24:

61-4.

22. Nieman DC. Special feature for the Olympics: effects of exercise on the

immune system: exercise effects on systemic immunity. Immunol. Cell Biol.

2000; 78: 496-501.

23. Foster C. Monitoring training in athletes with reference to overtraining

syndrome. Med. Sci. Sports Exerc. 1998; 30: 1164-8.

24. Mackinnon LT, Chick TW, Van AA, et al. The effect of exercise on secretory

and natural immunity. Adv. Exp. Med. Biol. 1987; 216A: 869-76.

55

TABELA

Tabela 1: Características do grupos fumantes e não fumantes

Grupo geral

de fumantes

(n=52)

Fumantes

Leves

(n=17)

Fumantes

Moderados

(n=22)

Fumantes

Severos

(n=13)

Não fumantes

(n=30)

Idade (anos) 50 (39-56) 51 (40-56) 47 (35-53) 50 (42-58) 49 (40-60)

Gênero (H/M) 25/27 7/10 10/12 8/5 12/18

IMC (Kg/m2) 25 (22-28) 25 (21-28) 26 (23-29) 24 (23-28) 24 (23-30)

TTS (min) 10 (6-15) 9 (6-11) 12 (9-17)*, † 13 (8-24)*, † 8 (6-14)

VEF1 (%pred) 93 (82-106) 97 (86-111) 93 (82-110) 88 (82-99) 102 (93-110)

Cigarros/dia 20 (14-20) 12 (10-15) 20 (20-20)* 40 (30-45)*,# -

Índice

anos/maço

23 (13-38) 15 (12-26) 25 (14-36) 62 (24-86)* -

COex (ppm) 9 (5-13) 5 (5-11) † 10 (7-18) † 12 (10-17) † 2 (2-3)

Número de

passos/dia

9700

(6773-1527)

8783

(6176-10640)

10297

(8453-12838)

8215

(6197-14164)

9573

(7316-19532)

Dados apresentados em mediana (intervalo interquartílico 25%-75%) IMC = índice de massa corpórea; TTS = tempo de trânsito de sacarina; VEF1 = volume expiratório forçado no primeiro segundo; COex = monóxido de carbono no ar expirado. * p<0.05 versus fumantes leves † p<0.05 versus não fumantes # p<0,05 versus fumantes moderado

56

LEGENDA DA FIGURA

Figura 1. Correlação entre o tempo de trânsito de sacarina (TTS) e atividade física na vida diária (AFVD, passos/dia) em A)

fumantes leves e B) Não fumantes.

57

0 5000 10000 15000 200000

10

20

30

Fumantes Leves

r=-0.55p=0.02

A)

AFVD (passos/dia)

TT

S (

min

uto

s)

0 5000 10000 15000 200000

10

20

30

Não Fumantes

r=-0.42

p=0.02

B)

AFVD (passos/dia)

TT

S (

min

uto

s)

58

________________________Conclusões

59

CONCLUSÕES

A partir desta dissertação pode-se concluir que, a eficiência do transporte

mucociliar está prejudica em fumantes quando comparada a não fumantes. Embora

os fumantes imediatamente após fumar apresentem transporte mucociliar nasal

similar a indivíduos não fumantes, 8 horas após o consumo tabagístico o transporte

mucociliar se mostra reduzido e inversamente relacionado com a intensidade de

consumo tabagístico. Além disso, observamos que a função mucociliar de fumantes

leves e não-fumantes está relacionada com seu nível de atividade física diária, ao

contrário dos fumantes com função mucociliar diminuida, ou seja, aqueles com

consumo moderado e pesado de cigarros. Portanto, nesses indivíduos, a atividade

física regular não é suficiente para neutralizar o prejuízo no transporte mucociliar,

mas uma redução substancial na intensidade do tabagismo é necessária.

60

________________________Referências

61

REFERÊNCIAS

1. Trindade SHK, Mello Junior JF, Mion OG, Lorenzi-Filho G, Macchione M,

Guimarães ET, et al. Methods for studying mucociliary transport. Rev Bras

Otorrinolaringol. 2007;73(5):704-12.

2. Nakagawa NK, Saldiva PHRN, Lorenzi-Filho G. Em: Nakagawa NK, Barnabé V.

Fisioterapia do Sistema Respiratório. 1 ed. São Paulo: Sarvier; 2006; 229-46.

3. Reynolds HY. Modulating airway defenses against microbes. Opin Pulm Med.

2002;8:154-65.

4. Nakagawa NK, Franchini ML, Driusso P, Oliveira LR, Saldiva PHRN, Lorenzi

GF. Mucociliary clearance is impaired in acutely ill patients. Chest.

2005;128(4):2772-77.

5. Stannard W and O’Callaghan C. Ciliary function and the role of cilia in

clearance. J Aerosol Med. 2006;19(1):110-15.

6. Fernandes PMP, Said MM, Pazetti R, Moreira LFP, Jatene FB. Efeitos da

azatioprina sobre a depuração mucociliar após secção e anastomose brônquica

em um modelo experimental em ratos. J Bras Pneumol. 2008;34(5):273-79.

7. Puchelle E. Comparision of three methods for measuring nasal mucociliary

clearance in man. Act Otolaryngol. 1981;91:297-303.

8. Moriarty BG, Robson AM, Smallman LA, Drake-Lee AB. Nasal mucociliary

function: comparison of saccharin clearance with ciliary beat frequency.

Rhinology. 1991;29:173-79.

9. Cohen NA, Zhang S, Sharp DB, Tamashiro E, Chen B, Sorscher EJ, et al.

Cigarette smoke condensate inhibits transepithelial chloride transport and ciliary

beat frequency. Laryngoscope. 2009;119(11):2269-74.

62

10. Machione M, Guimarães ET, Saldiva PHRN, Lorenzi Filho G. Methods for

studying respiratory mucus and mucus clearance. Braz J Med Biol Res.

1995;28:1347-55.

11. Elliott MK, Sisson JH, Wyatt TA. Effects of cigarette smoke and alcohol on

ciliated tracheal epithelium and inflammatory cell recruitment. Am J Respir. Cell

Mol Biol. 2007;36(4):452-9.

12. Meirelles RHS. A ratificação da convenção-quadro para o controle do tabaco

pelo Brasil: uma questão de saúde pública. J Bras Pneumol. 2006;1(32).

13. Carvalho JT. O tabagismo - visto sob vários aspectos. Rio de janeiro: medsi.

2000; 375p.

14. Rosemberg J. Pandemia do tabagismo: enfoques históricos e atuais. Säo

Paulo: Secretaria da Saúde. 2002; 184 p.

15. Jeffery k, Ayers M, Rogers D. The mechanism and control of bronchial mucous

hyperplasia. Chest. 1982;815:27-29.

16. Top EAV, Wyatt TA, Gentry-Nielsen MJ. Smoke exposure exacerbates an

ethanol-induced defect in mucociliary clearance of streptococcus pneumonia.

Alcohol Clin Exp Res. 2005;29(5):882-87.

17. Knoll M, Shaoulian R, Magers T, Talboat P. Ciliary beat frequency of hamster

oviducts is decreased in vitro by exposure to solutions of mainstream and

sidestream cigarette smoke. Biol Reprod. 1995;53(1):29-37.

18. Cohen NA, Zhang S, Sharp DB, Tamashiro E, Chen B, Sorscher EJ, et al.

Cigarette smoke condensate inhibits transepithelial chloride transport and ciliary

beat frequency. Laryngoscope. 2009;119(11):2269-74.

63

19. Verra F, Escudier E, Lebargy F, Bernaudin JF, De Cre Âmoux H, Bignon J.

Ciliary abnormalities in bronchial epithelium of smokers, ex-smokers, and

nonsmokers. Am J Respir Crit Care Med. 1995;15:630-34.

20. Stanley PJ, Wilson R, Greenstone MA, MacWilliam L, Cole PJ. Effect of

cigarette smoking on nasal mucociliary clearance and ciliary beat frequency.

Thorax. 1986;41(7):519-23.

21. Mortensen J, Lange P, Jorgen N, Groth S. Lung mucociliary clearance. Eur J

Nucl Med. 1994;21:953-61.

22. Goodman RM, Yergin BM, Landa JF, Golinvaux MH, Sackner MA. Relationship

of smoking history and pulmonary function tests to tracheal mucous velocity in

nonsmokers, young smokers, ex-smokers, and patients with chronic bronchitis.

Am Rev Respir Dis. 1978;117:205-14.

23. Albert RE, Peterson HT, Bohning DE. Short-term effects of cigarette smoking

on bronchial clearance in humans. Arch Environ Health. 1975;30:361-67.

24. Pavia D, Thomson ML, Pocock SJ. Evidence for temporary slowing of

mucociliary clearance in the lung bytobacco smoke. Nature. 197;231:325-26.

25. Garcia-Aymerich J, Lange P, Benet M, Schnohr P, Anto JM. Regular physical

activity modifies smoking-related lung function decline and reduces risk of copd.

Am J Respir Crit Care Med. 2007;175(5):458-63.

26. Rosa LFPBC, Vaisberg MW. Influências do exercício na resposta immune. Rev

Bras Med Esporte. 2002; 8(4):167-72.

27. Nieman DC. Exercise, upper respiratory tract infection, and immune system.

Med Sci Sports Exerc. 1994;26(2):128-39.

64

28. Meignan M, Rosso J, Leveau J, Katz A, Cinotti L, Madelaine G, et al. Exercise

increases the lung clearance of inhaled technetium-99m DTPA. J Nucl Med.

1986;27(2):274-80.

29. Wolff RK, Dolovick MB, Obminsk G, Newhouse MT. Effects of exercise and

eucapnic hyperventilation on bronchial clearance in man. J Appl Physiol.

1977;43:46-50.

30. Olséni L, Wollmer P. Mucociliary clearance in healthy man at rest and during

exercise. Clin Physiol. 1990;10:38-87.

65

________________________Anexos

66

ANEXO I: Instruções aos autores – Revista Portuguesa de Pneumologia

http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php/script_sci_serial/lng_en/pid_0873-

2159/nrm_iso

Escopo e política

A Revista Portuguesa de Pneumologia considera para publicação trabalhos

(artigos originais, de revisão, de actualização, casos clínicos, cartas ao editor,

resumos críticos a livros, etc.) relacionados directa ou indirectamente com o

Aparelho Respiratório.

Os artigos publicados ficarão propriedade da Revista Portuguesa de

Pneumologia, não podendo ser reproduzidos, no todo ou em parte, sem

autorização do editor.

As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos autores não se

aceitando artigos publicados em outras revistas nacionais ou estrangeiras.

Desde o vol. XI, nº 1, todos os artigos originais são publicados em Português e

Inglês.

Forma e preparação de manuscritos

A aceitação dos originais enviados para publicação é condicionada à

avaliação pelo Conselho Científico da Revista. Nesta avaliação os artigos

poderão ser:

a)aceites sem alterações;

b)aceites após as modificações propostas e aceites pelos autores;

c) recusados.

67

Apresentação dos trabalhos

Os textos devem ser escritos em português, dactilografados, com margens

largas (25 mm), a dois espaços, numa só face do papel e em três exemplares com

as páginas numeradas no canto superior direito.

Solicita-se a todos os autores que enviem artigos para publicação que o

façam acompanhados do respectivo suporte magnético, que indiquem o

programa de computador em que foram executados e que tenham em atenção à

reprodução das imagens (que deverá ser feita, idealmente, em suporte JPG ou

TIFF) de modo a que fiquem nítidas na sua impressão tipográfica.

Chama-se a atenção que a transcrição de imagens, quadros ou gráficos de

outras publicações deverá ter a prévia autorização dos respectivos editores para

dar cumprimento às normas que regem os direitos de autor.

Poder-se-ão considerar para publicação artigos redigidos em inglês. Neste

caso, deve incluir-se o resumo, o título e as palavras-chave, também em português.

Deverão ser referenciados, pelos próprios autores, como artigos originais, de

revisão, cartas ao editor, ou outros.

Todos os artigos originais serão também publicados em inglês, após

retroversão para esta língua, pela(s) tradutora(s) da Revista Portuguesa de

Pneumologia. Caso os autores assim o entendam, poderão enviar os artigos já

traduzidos.

Estrutura

Sempre que possível será adoptado o esquema convencional em que se

iniciará cada parte do trabalho numa nova página pela seguinte ordem:

a) Na primeira página: título do trabalho em português e inglês;

b) Na segunda página: o nome dos autores com os respectivos títulos

68

académicos e/ou profissionais; os serviços onde foi realizado, nome dos seus

directores e os respectivos endereços;

c) Na(s) página(s) seguinte(s):

- o resumo em português que não deverá ultrapassar 250 palavras para os

trabalhos originais e de 150 para os casos clínicos;

- o resumo em inglês com características idênticas ao do inicial em

português;

- as palavras-chave, em português e inglês (3 a 10), que servirão de base à

indexação do artigo, de acordo com a terminologia do Index Medicus

“Medical Subject Headings”;

d) O texto que, no caso dos artigos originais, terá em geral: Introdução,

Material e Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões;

e) O texto, também em inglês, tratando-se de um artigo original, e caso o(s)

autor(es) assim o entendam fazer;

f) Agradecimentos;

g) Bibliografia;

h) Quadros e Figuras;

Bibliografia – As referências bibliográficas devem ser numeradas por ordem

consecutiva da sua primeira citação no texto. Devem ser identificadas no texto com

números árabes. As referências devem conter, no caso das revistas, o nome do

primeiro autor (apelido e nome), seguido dos restantes, do título do artigo, do nome

da publicação e das sua identificação (ano, volume e páginas).

Quadros e figuras – Os quadros e figuras devem ser apresentados em páginas

separadas, em condições de reprodução. Devem ser acompanhados da respectiva

legenda em página à parte, mencionando no verso a lápis o número de ordem.

69

Todos os gráficos deverão ser apresentados através de fotografia do respectivo

original.

Modificações e revisões – No caso da aceitação do artigo ser condicionada a

modificações, estas devem ser realizadas pelos autores no prazo máximo de vinte

dias.

As provas tipográficas serão da responsabilidade da Redacção, se os autores

não indicarem o contrário. Neste caso elas deverão ser feitas no prazo determinado

pela Redacção, em função das necessidades editoriais da Revista.

Separatas – Podem ser fornecidas vinte e cinco separatas. Um número superior de

separatas poderá ser disponibilizado, a expensas dos autores, quando requisitadas

antes da impressão.

Cartas ao editor – Devem constituir um comentário crítico a um artigo da Revista

ou uma pequena nota sobre um tema ou caso clínico. Não devem exceder as 500

palavras, nem conter mais de um quadro ou figura e um máximo de 6 referências

bibliográficas. As respostas do(s) autor(es) devem obedecer às mesmas

características.

Pedido de publicação – Os trabalhos deverão ser enviados à Redacção, em

nome do editor, para o Serviço de Pneumologia – piso 8 – Hospital de Santa Maria,

Av. Prof. Egas Moniz – 1600 Lisboa, Portugal, ou para a sede da SPP, Rua

Rodrigues Sampaio, 112 – 2º Dtº B, 1150-281 1150-281 Lisboa,

Portugal, acompanhados de uma carta com pedido de publicação, subscrito por

todos os autores, indicação da cedência do copyright e que não foram publicados

ou enviados para publicação em outra revista nacional ou estrangeira. Não serão

aceites trabalhos já publicados ou enviados simultaneamente a outras revistas.

70

ANEXO II: Author Guidelines – Respirology

http://www.wiley.com/bw/submit.asp?ref=1323-7799

Respirology is the official journal of the Asian Pacific Society of Respirology. It is the

preferred English language journal of the Japanese Respiratory Society, the Thoracic

Society of Australia and New Zealand and the Taiwanese Society of Pulmonary and

Critical Care Medicine. The Journal publishes original papers of international interest

on laboratory and clinical research that are pertinent to respiratory biology and

disease. Manuscripts on any topic within the field of respiratory medicine, including

allied health; cell and molecular biology; epidemiology; immunology; pathology;

pharmacology; physiology; intensive and critical care; paediatric respiratory

medicine; and thoracic surgery are welcomed.

SUBMISSION

Papers are published in Respirology in the approximate order of date of final

acceptance under the following headings: Editorials and Invited Reviews, Reviews,

Original Articles and Letters to the Editor with the sub-categories of Scientific Letters,

Clinical Notes and Correspondence.

Submissions must be made online at http://mc.manuscriptcentral.com/res.

Please read the following instructions and use our manuscript preparation checklist

before submitting your manuscript.

(http://mc.manuscriptcentral.com/societyimages/res/Manuscript_preparation_checklis

t.doc).

Contributions that do not comply with the Journal's requirements will be returned to

the authors for correction prior to being peer-reviewed.

ETHICS AND RESEARCH PRINCIPLES

71

Manuscripts concerning research supported in whole or in part by tobacco

companies and associated institutes and organisations will not be considered for

publication. Authors are expected to comply with strict ethical standards and for

human research, conform to the provisions of the latest update of the WMA

Declaration of Helsinki. Consent must be obtained from each patient after full

explanation of the purpose, nature and risks of all procedures, and the research

protocol must be approved by a suitably constituted Ethics Committee at the

institution within which the work was undertaken. For retrospective studies using

patient medical records, the institution (or its ethics committee) must approve access

to patient records and patient confidentiality must be maintained. For animal studies,

approval from an appropriately constituted animal ethics committee should be

obtained. Proof of ethics committee's approval must be produced upon request. If

ethics committee approval was not obtained or was not required, it should be stated

in the manuscript and a covering letter should explain in detail why ethics approval

was not obtained. Statements regarding written informed consent and ethics

approval must be included in the Methods section.

PUBLISHING PRINCIPLES

Manuscripts should conform to the revised guidelines of the International Committee

of Medical Journal Editors (ICMJE), published as Uniform Requirements for

Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical

Publication, http://www.ICMJE.org/.

These guidelines and the advice of the Editorial Board, Editorial Staff and Publisher

will be used if matters of advice, dispute or contention arise in relation to publications

and/or authors.

CONFLICT OF INTEREST AND AUTHORSHIP DECLARATION

72

Respirology requires that all authors disclose any potential or actual conflict of

interest (financial or other) upon submission of their manuscript. Such information will

be held in confidence while the paper is under review and will not influence the

editorial decision. If the article is accepted for publication, the Editors may require

that conflict of interests be declared in some form or other. Respirology also requires

the authors to submit exclusively to the journal and will not accept original

contributions containing significant portions of material published or submitted for

publication elsewhere except for abstracts of no more than 400 words. Any material

available with accessible electronic sources, such as PubMed, Institutions or Pre-

Print websites or other electronically accessible sources are considered to have been

published. The Editors of Respirology reserves the right to refuse such contributions.

All persons listed as authors should qualify for authorship as defined by the ICMJE

(http://www.icmje.org/ethical_1author.html) and all persons qualifying for these

requirements should be listed as authors.

Respirology requests the corresponding author to take responsibility for the

declaration of any conflict of interest, exclusive submission and authorship and

complete a conflict of interest declaration, exclusivity agreement and authorship

declaration statement upon submission of their manuscript. The corresponding

author must complete, sign and upload or fax (+618 9346 4951) the Journal's conflict

of interest and authorship declaration form upon submission of their manuscript

available at http://mc.manuscriptcentral.com/res; Instructions and forms; Conflict of

interest and Authorship form. In case of difficulty regarding this form, please contact

the Editorial Office ([email protected]).

73

ENGLISH EXPRESSION AND MANUSCRIPT STYLE

All contributions should be written in English and spelling should conform to the

Concise Oxford English Dictionary. The Editors and Publisher reserve the right to

modify typescripts to eliminate ambiguity and repetition, and to improve

communication between author and reader. In following this practice the scientific

content and message will not be changed. If extensive alterations are required, the

manuscript will be returned to the author for revision and/or approval. Manuscripts

will be returned to the authors if the standard of English is below that required for

publication. If necessary, Respirology may only consider the manuscript after it has

been professionally edited, at the authors' expense. A list of editing services is

available on request ([email protected]).

ABBREVIATIONS AND STANDARD ABBREVIATIONS

A standard set of permissible abbreviations is listed at the end of the Instructions to

Authors. These abbreviations need not be defined in the manuscript. Other

abbreviations may be used and should be defined in the Abstract, and the definition

repeated on first mention in the body of the manuscript.

STATISTICAL METHODS AND HYPOTHESES

Where appropriate, all original articles should state the hypothesis that is being

tested and detail the statistical method that was used.

ARTICLE TYPES

Original Articles

The Journal encourages the submission of manuscripts focusing on clinical or

laboratory research in areas relevant to the practice of respiratory medicine. Original

articles must not be longer than 2500 words, excluding the abstract (maximum 250

words), references, tables and figure legends.

74

MANUSCRIPT STRUCTURE AND FORMATTING

Manuscripts are to be typed double-spaced (including references, tables, figure

legends and footnotes) on A4 paper in 12-point type, with 3-cm margins at the top

and the left-hand side of the pages. All pages should be numbered consecutively

beginning with the title page. Manuscripts should contain a title page, key words,

short title, text of the manuscript, acknowledgements, references, tables, figure

legends and figures. Authors, please note that you will be requested to include some

of this information separately upon submission in ScholarOne Manuscripts but that

you must also include it in the uploaded manuscript files.

Title Page

The title page should include the title, authors' full names and affiliations, contact

address, fax number and email for correspondence. Each author's role in the study

should be provided.

Summary at a Glance

For Original Articles authors should provide a 'Summary at a Glance' that briefly

states, in no more than 50 words, what is being tested and what the presented study

adds to the literature.

Abstract and Key Words

For Original Articles, provide a concise abstract of no more than 250 words and

structured as follows: Background and objective, Methods, Results and Conclusions.

The abstract should not contain references or footnotes.

An abstract of no more than 250 words is also required for Reviews but does not

need to be structured as outlined above.

No abstract is required for Editorials or Letters. However, upon on-line submission for

Scientific Letters and Clinical Notes, please include the introduction (75 words max)

75

in the abstract box for peer-review purpose. For Editorials and Correspondence,

please type N/A in the abstract box.

Five key words, in alphabetical order below the abstract, must be supplied for

indexing purposes, and should be selected from the Medical Subject Headings

(MeSH) list provided by the US National Library of Medicine at http://www.nlm.nih.

gov/mesh/meshhome.html.

Short Title

A short title of fewer than 40 characters (including spaces) must be provided.

Text

Original Articles should be arranged under the usual headings of Introduction,

Methods, Results and Discussion. For Reviews and Editorials, the use of sub-

headings to divide sections is recommended.

Methods (including statistical methods used, study design, participants recruitment

and sample collection) should be described in sufficient detail to make clear how the

results were derived. The location (city, state, country) of manufacturers specified in

the text should be provided. Generic names of drugs should be used. SI units should

be used throughout, with few exceptions, e.g. blood pressure (mmHg). If monetary

values are mentioned in the manuscript, the equivalence in US dollars should also be

presented. When applicable, statements regarding Ethics Committee and Internal

Review Board approval and written informed consent must be included in this

section.

Acknowledgements

Acknowledgements of persons (please include their affiliation) who made a

significant contribution and who endorse the data and conclusions should be

76

included. Acknowledgement of funding sources is required.

References

Reference formatting and punctuation should conform to the Journal style which is

based on the Vancouver system. Examples follow:

Standard journal article

List the first three authors, if more add et al. The issue number should not be quoted.

1 Lahita R, Kluger J, Drayer DE, et al. Antibodies to nuclear antigens in patients

treated with procainamide or acetylprocainamide. N. Engl. J. Med. 1979; 301: 1382-

5.

References should be cited in the text, tables and legends, using superscript Arabic

numerals (after punctuation marks where appropriate), in the order in which they first

appear in the text. References should be typed double-spaced and numbered

consecutively. Titles of journals should be abbreviated in the reference list according

to the style used in Index Medicus.

Unpublished observations and personal communications should not be listed as

references, but may be incorporated in the text and stated as such in parentheses.

References to articles in a language other than English that do not have an English

abstract should not be used.

Tables

Tables should be supplied in the manuscript file, on separate pages with one table

per page, and each table accompanied by an explanatory caption at the top. Each

table should be referred to in the text and numbered in the order of mention.

Explanatory material should be placed in footnotes below the Table and not included

in the heading. All non-standard abbreviations should be defined in the footnotes.

Footnotes should be indicated by *, †, ‡, §. Statistical terms such as SD or SEM

77

should be identified in headings. Use of the word-processing 'Table' function for

creating tables is encouraged; otherwise, use only one Tab (not spaces) to separate

each column in a table. Vertical and horizontal lines between entries should be

omitted.

Figure Legends

Legends should be supplied on a separate page in the manuscript file and should not

appear on the figure files. Each figure should be referred to in the text and numbered

in the order of mention. Symbols, arrows and numbers or letters used to identify parts

of illustrations should be identified and explained in the legend. The description in the

legend should be sufficient for the reader to interpret the figure without reference to

the text.

Figures and Electronic Art

Figures should be presented at actual size to fit single column (81 mm), double

column (169 mm) or intermediate column (118 mm) widths. Electronic art should be

submitted as TIFF (digital images) or EPS files (line art) of at least 300 dpi resolution.

Each figure must be contained in a separate file and should not be inserted in the

manuscript file. Illustrations should be sharp images. Authors should refer to

http://authorservices.wiley.com/bauthor/illustration.asp for further details. All

photomicrographs must have internal scale markers and legends must include the

magnification and stain used. Letters, numbers and symbols must be clear and

legible. Titles, keys and detailed explanations should be confined to legends and not

included in illustrations. Each figure is to be identified clearly with its number.

Photographs of persons must be retouched to make the subject unidentifiable, or be

accompanied by written permission from the subject to use the photograph.