transmissÃo de dados a 10 gb/s em par metÁlico … · indústria de equipamentos ativos de rede e...

73
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA MARCOS HENRIQUE MASCARENHAS FERRER TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO CATEGORIA 6 Curitiba, 2008

Upload: buikiet

Post on 15-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCOS HENRIQUE MASCARENHAS FERRER

TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM

PAR METÁLICO CATEGORIA 6

Curitiba, 2008

Page 2: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

1

MARCOS HENRIQUE MASCARENHAS FERRER

TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO CATEGORIA 6

Projeto apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica , da Universidade Federal do Paraná, como requisito à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Parente Ribeiro

Curitiba, 2008

Page 3: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

2

MARCOS HENRIQUE MASCARENHAS FERRER

TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO CATEGORIA 6

Projeto apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do Paraná, como requisito à obtenção do título de Engenheiro.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Eduardo Parente Ribeiro

Universidade Federal do Paraná

___________________________________________

Prof. Ph. D. Wilson A. Artuzi Jr.

Universidade Federal do Paraná

___________________________________________

Prof. Ph. D. Marcelo Rosa

Universidade Federal do Paraná

Curitiba, _____ de ___________________ de 2008

Page 4: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

3

RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise do cabeamento estruturado categoria 6. Esta análise enfoca o aproveitamento de uma infra-estrutura para o tráfego de 10 Gb/s em uma rede ethernet. É feita uma avaliação das condições mínimas para que a alteração da velocidade para 10 Gb/s seja viável. A verificação do efeito do Alien Crosstalk é fator que é mais enfocado, visando assim estabelecer uma maneira para que administradores de redes avaliem sua infra-estrutura.

Palavras Chaves: ALIEN CROSSTALK, TSB-155, 10 Gb/s

ABSTRACT

This work consists in analyzing the structured cabling system category 6. This analysis focuses the use of a cabling infra-structure for a 10 Gb/s transmission in an Ethernet network. It is made an evaluation of the minimal conditions to change the transmission speed up to 10 Gb/s. The verification of the Alien Crosstalk effects is focused to establish a guide line for network administrators review its infra-structure.

Keywords: ALIEN CROSSTALK, TSB-155, 10 Gb/s

Page 5: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 6 1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO ................................................................................................................ 11 2.1 Parâmetros de Transmissão ..........................................................................................................11 2.1.1 Atenuação ............................................................................................................................................... 11 2.1.2 NEXT 12 2.1.3 PSNEXT 12 2.1.4 FEXT 13 2.1.5 ELFEXT ou ACRF ....................................................................................................................................... 13 2.1.6 PSACRF 13 2.1.7 Perda de Retorno .................................................................................................................................... 13 2.1.8 Atraso de Propagação e Diferença Entre os Atrasos ............................................................................... 14 2.1.9 ALIEN CROSSTALK .................................................................................................................................... 14 2.1.9.1 ANEXT ................................................................................................................................... 15 2.1.9.2 PSANEXT ............................................................................................................................... 15 2.1.9.3 AACRF ................................................................................................................................... 15 2.1.9.4 PSAACRF ............................................................................................................................... 15 2.2 A Ethernet ....................................................................................................................................16 2.3 O Cabeamento Estruturado ..........................................................................................................19 2.3.1 Definições ................................................................................................................................................ 19 2.3.2 Cabeamento Horizontal .......................................................................................................................... 21 2.3.3 Categorias de Cabeamento ..................................................................................................................... 23 2.3.4 Normas 23 2.3.4.1 ANSI/EIA/TIA 568-B.2-1 ........................................................................................................ 24 2.3.4.2 ANSI/TIA 568-B.2-10 ............................................................................................................ 25 2.3.4.3 TSB-155 ................................................................................................................................ 26 2.3.4.4 A Cerificação de Alien Crosstalk ........................................................................................... 28 2.3.5 Comparativos .......................................................................................................................................... 30

3 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 32 3.1 Metodologia de Testes .................................................................................................................33 3.2 Desempenho Das Categorias De Transmissões .............................................................................35 3.2.1 Conectores .............................................................................................................................................. 35 3.2.2 Patch cords .............................................................................................................................................. 37 3.2.3 Cabos 38

4 RESULTADOS .......................................................................................................................... 40 4.1 Testes ...........................................................................................................................................40 4.1.1 Primeiro Teste ......................................................................................................................................... 41 4.1.2 Segundo teste ......................................................................................................................................... 42 4.1.3 Terceiro Teste ......................................................................................................................................... 44 4.1.4 Quarto Teste ........................................................................................................................................... 46 4.1.5 Quinto Teste ............................................................................................................................................ 48 4.1.6 Sexto Teste .............................................................................................................................................. 50 4.1.7 Sétimo Teste............................................................................................................................................ 51 4.1.8 Adição de canais ...................................................................................................................................... 54 4.2 SITE SURVEY .................................................................................................................................56 4.2.1 Teste do link longo .................................................................................................................................. 57 4.2.2 Teste do link curto ................................................................................................................................... 61 4.2.3 Teste Com Patch Cord Categoria 6 .......................................................................................................... 63

Page 6: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

5

4.3 Analisando os resultados ..............................................................................................................65 4.3.1 Influência do FEXT ................................................................................................................................... 66 4.3.2 Influência do NEXT .................................................................................................................................. 67 4.3.3 Influência do RL ....................................................................................................................................... 67 4.3.4 Influência do ALIEN ................................................................................................................................. 68 4.3.5 O ruído 68 4.3.6 A Relação Sinal/Ruído ............................................................................................................................. 69 4.3.7 Shannon 69

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 70

6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 72

Page 7: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

6

1 INTRODUÇÃO O tráfego de dados em redes LAN no padrão Ethernet vem seguindo uma curva

crescente, aumentando a taxa de transmissão rapidamente. Alguns padrões muito

utilizados, mas já ultrapassados por outros são o consagrado Fast Ethernet a 100

Mb/s, depois alcançando o modelo Full duplex com o Gigabit Ethernet e chegando

com o atual (2008) 10 Gigabit Ethernet. Este último, sendo uma alavanca para a

indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de

equipamentos passivos (como o cabeamento).

O tráfego de dados em redes LAN Ethernet a altas velocidades é uma realidade,

onde o padrão mais recente é o IEEE 802.3an; no entanto já há novos padrões em

estudo, como o IEEE 802.3ba (Higher Speed Study Group) que prevê transmissão

de até 40 (ou 100) Gb/s.

O estabelecimento de uma rede funcional, dentro das normas, que trafegue 10

Gb/s é um desafio. Parâmetros de desempenho da rede nunca antes notados como

uma fonte geradora de ruídos (e erros) são, neste padrão, cruciais. Por isto foi

desenvolvido uma nova categoria de cabeamento estruturado, a Categoria 6A,

criada para suportar estes parâmetros específicos.

Com isso as redes Categoria 6 que já estavam instaladas ficaram em uma

situação desconfortável. Isto porque as redes mais antigas categoria 5e suportavam

1 Gb/s, que até então era o padrão Ethernet mais veloz. 1 Gb/s também era

suportado pelo cabeamento categoria 6 que era até então o mais moderno. Após a

criação do IEEE 802.3an, nem os cabeamentos categoria 5e nem o 6 suportavam

esta velocidade. Assim não havia nenhuma vantagem na compra dos até então

modernos cabeamentos Categoria 6.

Page 8: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

7

No final de 2006 foi criado um boletim técnico, o TSB-155 (Guidelines For The

Assessment And Mitigation Of Installed Category 6 Cabling To Support 10Gbase-T).

Ou seja, foi criada uma metodologia de avaliação e melhora de cabeamentos

Categoria 6 para o uso em 10 Gb/s. Desta forma, este boletim técnico deu uma

sobrevida a este tipo de cabeamento e, além disso, o tornou um ótimo investimento

para novos projetos.

Figura 1 - Diferenças entre cabos Categoria 6 e 6ª

No entanto uma das premissas do cabeamento estruturado é que este deve

suportar os padrões de telecomunicações atuais e ainda suportar pelo menos dez

anos de avanços, ou seja, deve ser a prova de futuro. Sendo assim é sempre

recomendado instalar o estado da arte em novos projetos de cabeamento

estruturados.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2006 [8] com vários administradores

de redes, 72 por cento escolheria o cabeamento categoria 6 ou 6A para uma nova

instalação. Desses, 16 por cento escolheria cabos categoria 6A para essas novas

instalações. Com relação ao padrão 10 Gb/s, 30 por cento dos pesquisados

responderam que terão esta velocidade em seu cabeamento horizontal dentro de 5

anos e 45 por cento instalariam este cabeamento em datacenter dentro de dois

anos.

Page 9: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

8

100 Mb/s

Ethernet

16%

1 Gb/s Ethernet

30%

10 Gb/s

Ethernet

54%

Velocidade de Escolha

Figura 2 - Velocidade de transmissão em cinco anos [8]

Este movimento está sendo notado hoje (2008) em novos projetos de

cabeamentos de backbones e datacenters, onde a grande maioria destes estão

sendo especificados cabeamentos que atendam as mais altas taxas de

transmissões disponíveis. Hoje os administradores de redes estão pensando em

como o investimento em infra-estrutura será compensado. Nesta mesma pesquisa,

como mostra na Figura 3 - Tipo de escolha de um cabeamento estruturado [8], este

pensamento é o mesmo em 30% dos entrevistados.

Page 10: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

9

1%

2%3%

3%3%

4%

11%

13%

14%

15%

30%

Tipo de EscolhaRecomendações

Garantia

Outros

Reputação do Instalador

Reputação da Marca

Reputação em Tecnologia

Custo Inicial

Solução Completa

Qualidade

Custo de Sobrevida

Figura 3 - Tipo de escolha de um cabeamento estruturado [8]

1.1 OBJETIVOS

Com a criação do TSB-155 [1] vislumbrou-se uma possibilidade de cabos

categoria 6 já instalados trafegarem 10 Gb/s. No entanto esta boletim estabelece

vários critérios, cálculos e meios de mitigar os problemas oriundos desse aumento

de velocidade do cabeamento. Sendo assim este trabalho tem um intuito de mostrar

o melhor caminho para um administrador de rede adequar sua infra-estrutura de

telecomunicação para o padrão estabelecido pelo 802.3an [5], a saber, 10 Gb/s

Ethernet.

Foram tomadas algumas etapas para o desenvolvimento deste trabalho. A seguir

serão explicitadas estas etapas que, posteriormente em outros tópicos, serão

explanadas. Primeiramente é necessário entender a fundo todas as normas de

cabeamento estruturado, sejam elas para estabelecimento de performance do

cabeamento ou de infra-estrutura. Posteriormente é necessário entender a fundo o

documento básico para este trabalho: o TSB-155 (Telecommunications Systems

Bulletin) [1]. Após isto é necessário entender os parâmetros de transmissão e sua

influência em cada aspecto de um teste de performance da rede. Com estes

Page 11: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

10

conceitos bem fixados começa-se a realizar os testes para o estabelecimento do

guia para 10 Gb/s em par metálico Categoria 6.

Page 12: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

11

2 FUNDAMENTAÇÃO

2.1 Parâmetros de Transmissão

Para garantir que o sinal de informação emitido após os devidos cancelamentos

realizados pelos Processadores Digitais de Sinais (DSP) chegue ao outro extremo

do meio físico (receptor), é necessário que haja um mínimo de relação Sinal/Ruído

(SNR), ou seja, o nível de sinal deve estar acima do nível de ruído em certa

quantidade para que a informação possa ser processada. Sendo assim os

parâmetros de transmissão são calculados e especificados para que os níveis de

sinal em relação ao nível de ruído satisfaçam as aplicações para cada tipo de

transmissão de dados por exemplo, o 10Gbase-T, 1000BASE-T e o 1000Base-X. A

seguir será explicitados os principais parâmetros de transmissão.

Em canais de transmissão de dados Full Duplex, ou seja, transmite e recebe ao

mesmo tempo em um mesmo meio, podem ocorrer vários efeitos de degradação do

sinal. Estes efeitos são mostrados na Figura 3 e são explanados nos itens a seguir.

2.1.1 Atenuação

É a diminuição da potência do sinal devido às perdas no meio de transmissão,

também conhecida como Perda de Inserção (Insertion Loss - IL) e é mensurado em

Figura 3 – (a) Parâmetros de transmissão (b) Modelo de transmissão Full-Duplex

Page 13: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

12

decibel (dB). Este é um parâmetro crítico para transmissão de sinais, visto que será

o principal fator limitante da distância na transmissão de dados. A atenuação é

dependente do tipo de material e também da banda passante que a rede está

trabalhando. Em um canal de um cabeamento estruturado, o elemento que mais

afetará a performance de transmissão devido a atenuação será o cabo, pelo fato

deste ser o componente mais extenso do canal. Este efeito é proporcional ao

aumento da freqüência devido ao efeito pelicular, ou seja, o aumento da freqüência

diminui a área efetiva de transmissão em um condutor, aumentando assim a

resistência e assim a atenuação.

2.1.2 NEXT

A sigla NEXT significa Near End Crosstalk e consiste no acoplamento do sinal

(diafonia) em pares adjacentes de um mesmo cabo. O NEXT é padronizado desde

as redes de telefonia, cujo nome dado era Paradiafonia. Este efeito é medido no

lado near, ou seja, no mesmo lado onde o sinal original é injetado. Sendo assim, em

um mesmo lado de um canal, parte do sinal injetado em um par é transferido para

um par adjacente. Este efeito é mensurado em decibel e constitui-se de uma

combinação dois a dois dos pares do cabo. Pelo fato do sinal de interferência ser

medido do mesmo lado do sinal emitido, este efeito é influenciado principalmente por

cordões de manobra e conectores.

2.1.3 PSNEXT

Este parâmetro é uma soma logarítmica dos efeitos do NEXT em um par. Logo,

o Power Sum Near End Crosstalk é a somatória da interferência gerada em todos os

pares de um cabo sob um par em específico.

Page 14: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

13

2.1.4 FEXT

O Far End Crosstalk representa o acoplamento do sinal emitido e medido em

pares adjacentes de um mesmo cabo. O FEXT também é padronizado desde as

redes de telefonia, cujo nome dado era Telediafonia. Este efeito é medido no lado

far, ou seja, no lado oposto a injeção do sinal. Este parâmetro é influenciado por

todo o canal, sendo atenuado ao longo de sua extensão. É mensurado em decibels

e constitui-se de uma combinação dois a dois dos pares do cabo.

2.1.5 ELFEXT ou ACRF

O Equal Level Far End Crosstalk ou o Attenuation to Crosstalk Ratio Far End,

que na verdade são apenas diferenças de nomenclaturas nas normas; é o mesmo

efeito verificado no parâmetro FEXT, no entanto desconsiderando o efeito da

atenuação. Por desconsiderar a atenuação este efeito pode ser entendido como

uma relação Sinal/Ruído do cabo sendo considerada apenas a contribuição do

FEXT.

2.1.6 PSACRF

Analogamente ao PSNEXT, o PSACRF (Power Sum Attenuation to Crosstalk

Ratio Far End) é uma soma logarítmica do ACRF para considerar a influência de

todos os pares sobre um par vítima.

2.1.7 Perda de Retorno

A impedância característica de um cabo de par trançado para utilização em

redes Ethernet é de 100Ω, podendo variar, por norma, até 15%. A variação desta

impedância faz com que partes do sinal emitido sejam refletidas e reenviadas para a

origem, ocasionando uma perda de potência na recepção (já considerado na

atenuação) e um ruído na transmissão. Este efeito é sentido quando são realizadas

transmissões Bi-direcionais (Full Duplex) e é chamado de Perda de Retorno (Return

Page 15: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

14

Loss - RL). Os fatores que ocasionam problemas em Perda de Retorno são

principalmente maus contatos, falha de projeto de cabos e conectores ou

destrançamentos dos pares dos cabos.

2.1.8 Atraso de Propagação e Diferença Entre os Atrasos

Atraso de Propagação é o tempo que um determinado sinal leva para percorrer

toda a extensão de um determinado canal. A Diferença Entre os Atrasos é o cálculo

realizado entre o menor Atraso de Propagação e a diferença entre o atraso dos

outros pares.

2.1.9 ALIEN CROSSTALK

Com o aumento da freqüência e também com aumento da taxa de transmissão

do cabeamento estruturado, surgiram novos efeitos que podem degradar a relação

SNR do circuito de transmissão e conseqüentemente acarretar em aumento da taxa

de erros (Bit Error Rate – BER). Com o aumento da freqüência de 250MHz, em

transmissões 1000Base-T para 500MHz em transmissões 10GBase-T, o efeito do

Crosstalk começou a exteriorizar o cabo e seus pares e passou a ser sentido em

pares de cabos adjacentes.

Em uma transmissão de dados, as placas de redes (NIC – Network Interface

Card) realizam uma leitura do estado do canal e, a partir desta leitura, cancelam

partes dos ruídos causados pelos parâmetros acima mencionados, tais como RL,

NEXT, ELFEXT. As NICs podem então compensar parte desses efeitos. No caso do

Alien Crosstalk, como é um fenômeno de acoplamento do sinal proveniente de

outros canais, e uma NIC não realiza a comunicação com canais vizinhos, as placas

de rede não conseguem cancelar estas interferências e, mesmo pequenas porções

deste acoplamento podem causar significativa degradação da relação Sinal/Ruído. A

Page 16: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

15

figura 4 mostra um esquemático de dois canais de transmissão quando acoplados

pelo Alien Crosstalk.

2.1.9.1 ANEXT

Alien Near End Crosstalk (ANEXT) é um acoplamento que ocorre quando parte

do sinal de um canal é sentido em um outro canal que também está transmitindo, ou

seja, no lado Near.

2.1.9.2 PSANEXT

Power Sum Alien Near End Crosstalk é uma soma logarítmica realizada para

verificar a influência em um único par relativo ao ANEXT.

(1)

2.1.9.3 AACRF

Attenuation to Alien Crosstalk Ratio Far End é um acoplamento que ocorre

quando parte do sinal transmitido de um canal, é sentido em um outro canal

adjacente no momento de sua recepção, ou seja, no lado Far.

2.1.9.4 PSAACRF

Power Sum Attenuation to Alien Crosstalk Ratio Far End é uma soma logarítmica

realizada para verificar a influência em um único par relativo ao AACRF.

Figura 4 – (a) Interferências fora do cabo (Alien Crosstalk) (b) Interferências entre os pares do

Page 17: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

16

(2)

2.2 A Ethernet

O padrão Ethernet 802.3, que foi criado em meados da década de 1970 [7] está

amplamente difundido, e grande parte das redes LAN (Local Area Network) atuais

obedecem este padrão de transmissão. A norma do IEEE padroniza os meios, taxas

de transmissão e o MAC (Media Access Control).

Dentro deste contexto há vários tipos de meios e taxas de transmissão, variando

desde cabos coaxiais, passando aos cabos de pares trançados e chegando às fibras

ópticas. As taxas de transmissão podem variar desde 2,94 Mbit/s na sua versão

experimental até 40 Gb/s (ou 100 Gb/s) em sua última versão, o 802.3ba. O objeto

de estudo deste trabalho será o padrão IEEE 802.3an, que padroniza a transmissão

de dados a uma velocidade de 10 Gb/s (10GBase-T) em cabos de pares trançados.

A Tabela 1 mostra todos os padrões de redes Ethernet.

Tabela 1 – Padrões Ethernet [7]

Padrão Data Descrição

Experimental

Ethernet 1972 2.94 Mbit/s (367 kB/s) over coaxial cable (coax) cable bus

Ethernet II (DIX

v2.0) 1982

10 Mbit/s (1.25 MB/s) over thin coax (thinnet) - Frames have a Type

field. This frame format is used on all forms of Ethernet by protocols in the

Internet protocol suite.

IEEE 802.3 1983

10BASE5 10 Mbit/s (1.25 MB/s) over thick coax - same as DIX except

Type field is replaced by Length, and an 802.2 LLC header follows the

802.3 header

Page 18: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

17

802.3a 1985 10BASE2 10 Mbit/s (1.25 MB/s) over thin Coax (thinnet or cheapernet)

802.3b 1985 10BROAD36

802.3c 1985 10 Mbit/s (1.25 MB/s) repeater specs

802.3d 1987 FOIRL (Fiber-Optic Inter-Repeater Link)

802.3e 1987 1BASE5 or StarLAN

802.3i 1990 10BASE-T 10 Mbit/s (1.25 MB/s) over twisted pair

802.3j 1993 10BASE-F 10 Mbit/s (1.25 MB/s) over Fiber-Optic

802.3u 1995

100BASE-TX, 100BASE-T4, 100BASE-FX Fast Ethernet at 100 Mbit/s

(12.5 MB/s) w/autonegotiation

802.3x 1997

Full Duplex and flow control; also incorporates DIX framing, so there's

no longer a DIX/802.3 split

802.3y 1998 100BASE-T2 100 Mbit/s (12.5 MB/s) over low quality twisted pair

802.3z 1998 1000BASE-X Gbit/s Ethernet over Fiber-Optic at 1 Gbit/s (125 MB/s)

802.3-1998 1998

A revision of base standard incorporating the above amendments and

errata

802.3ab 1999 1000BASE-T Gbit/s Ethernet over twisted pair at 1 Gbit/s (125 MB/s)

802.3ac 1998

Max frame size extended to 1522 bytes (to allow "Q-tag") The Q-tag

includes 802.1Q VLAN information and 802.1p priority information.

802.3ad 2000 Link aggregation for parallel links

802.3-2002 2002

A revision of base standard incorporating the three prior amendments and

errata

802.3ae 2003 10 Gbit/s (1,250 MB/s) Ethernet over fiber; 10GBASE-SR, 10GBASE-

Page 19: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

18

LR, 10GBASE-ER, 10GBASE-SW, 10GBASE-LW, 10GBASE-EW

802.3af 2003 Power over Ethernet

802.3ah 2004 Ethernet in the First Mile

802.3ak 2004 10GBASE-CX4 10 Gbit/s (1,250 MB/s) Ethernet over twin-axial cable

802.3-2005 2005

A revision of base standard incorporating the four prior amendments

and errata.

802.3an 2006

10GBASE-T 10 Gbit/s (1,250 MB/s) Ethernet over unshielded twisted

pair(UTP)

802.3ap 2007

Backplane Ethernet (1 and 10 Gbit/s (125 and 1,250 MB/s) over

printed circuit boards)

802.3aq 2006 10GBASE-LRM 10 Gbit/s (1,250 MB/s) Ethernet over multimode fiber

802.3ar On Hold Congestion management

802.3as 2006 Frame expansion

802.3at exp. 2008 Power over Ethernet enhancements

802.3au 2006 Isolation requirements for Power Over Ethernet (802.3-2005/Cor 1)

802.3av exp. 2009 10 Gbit/s EPON

802.3aw 2007

Fixed an equation in the publication of 10GBASE-T (released as

802.3-2005/Cor 2)

802.3ax exp 2008 Move Link aggregation out of 802.3 to IEEE 802.1

802.3ay exp 2008 Maintenance to base standard

802.3ba exp. 2009

Higher Speed Study Group. 40 Gbit/s over 1m backplane, 10m Cu

cable assembly (4x25 Gbit or 10x10 Gbit lanes) and 100 m of MMF and

Page 20: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

19

100 Gbit/s up to 10 m or Cu cable assembly, 100 m of MMF or 40 km of

SMF respectively

O padrão Ethernet atual está baseado na topologia estrela, ou seja, de um ponto

central é distribuído os vários pontos de conexão com a utilização de Hubs e

Switches. Na figura 5 pode-se ver os tipos de topologia.

Figura 5– Topologias de transmissão

2.3 O Cabeamento Estruturado

2.3.1 Definições

O cabeamento estruturado (Structured Cabling System), ou SCE, é um sistema

de interligação de equipamentos em redes LAN. É constituído de uma série de

elementos que, quando juntos e organizados de uma forma específica pode-se

chamar cabeamento estruturado.

Para que um sistema de cabos, conectores, etc. possa ser chamado de

cabeamento estruturado ele deve atender a algumas premissas básicas, tais como:

° Estar organizado em níveis hierárquicos;

° Ser multifuncional;

° Possuir suporte para as atuais e posteriores tecnologias de transmissão de dados;

Page 21: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

20

° Ser flexível a mudanças de Lay-outs;

° Possuir alta disponibilidade;

O SCE é constituído das seguintes partes, ou sistemas:

a) Entrada de facilidades – É a entrada dos cabos provenientes das operadoras. É

nesta parte onde é realizada a transição entre os cabos das operadoras para o

sistema de cabeamento onde esses serviços estão sendo entregues. Nesta parte

além da transição dos cabos é realizada a proteção dos circuitos de comunicação.

b) Sala de Equipamentos – É o local de entrada dos cabos provenientes da Entrada de

Facilidades no edifício. Possui a função de realizar a distribuição dos cabos para os

andares do edifício. Fazem parte deste sistema os switches de bordas e os

roteadores, que vão encaminhar os pacotes de dados para a rede externa.

c) Sala de Telecomunicações – É o local onde é realizado a distribuição dos cabos

provenientes da sala de equipamentos, passando pelos switches de núcleo até as

estações de trabalho.

d) Área de Trabalho – É a área onde estão alocadas as estações de trabalho e onde os

cabeamentos devem finalizar, entregando os serviços sejam eles dado, vídeo, voz,

etc.

e) Backbone Cabling (Cabeamento Primário) – É o cabeamento que realiza a

interligação entre a Sala de Equipamentos e a Sala de Telecomunicações.

f) Horizontal Cabling (Cabeamento Secundário/Horizontal) – São os cabos que

interligam a Sala de Telecomunicações à área de trabalho..

Page 22: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

21

O Horizontal Cabling será o objeto deste trabalho logo, a seguir, será explanado

melhor a respeito deste subsistema.

2.3.2 Cabeamento Horizontal

De acordo com as normas de cabeamento estruturado, uma Área de trabalho

deve possuir no mínimo dois pontos de telecomunicação; sendo que um deles para

telefonia (Categoria 3 ou superior) e outro para dados (Categoria 5e ou superior). No

entanto para que as premissas de flexibilidade e suporte a novas tecnologias sejam

seguidas, é recomendado que ambos os pontos sejam Categoria 6.

Desta forma o cabeamento estruturado horizontal (Horizontal Cabling) é

constituído somente das partes passivas do cabeamento estruturado, ou seja, cabos

cordões e conectores. Para efeito de norma e medições o Cabeamento Horizontal é

dividido em duas formas: Canal e Link Permanente.

O Canal é constituído pelos cordões de manobra (Patch Cords) na área de

trabalho e na sala de telecomunicação, um cross connect na sala de

telecomunicação, o cordão de ligação do cross connect, o cabo horizontal, um ponto

de consolidação e o conector na área de trabalho. A soma dos comprimentos

desses equipamentos não deve superar 100 metros. A Figura 646 mostra um

esquemático desta configuração. Nota-se que o conector do cordão de manobra não

está sob teste.

Page 23: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

22

Figura 64 – Modelo de teste de canal (Fonte: [3])

O Link Permanente é constituído da parte do cabeamento horizontal que não

realiza a função de manobra e interligação. Logo é constituído pelo cabo horizontal,

um ponto de consolidação e o conector na área de trabalho. A Figura 7 mostra um

esquemático desta configuração. A soma dos comprimentos desses equipamentos

não deve superar 90 metros. A Figura mostra um esquemático desta configuração.

Nota-se que a conexão com o conector na área de trabalho está sob teste.

Figura 7 – Modelo de teste de Permanent Link (Fonte: [3])

Page 24: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

23

2.3.3 Categorias de Cabeamento

A partir da publicação da norma ANSI/EIA/TIA 568, o termo categoria se tornou

amplamente utilizado para classificar um tipo de desempenho de um determinado

cabeamento.

Tabela 2 – Categorias de cabeamento

Categoria de

Cabeamento

Aplicação Banda

passante MHz)

Ano Observações

Categoria 1 POTS 0,34 Descontinuado

Categoria 2 Token Ring 1980 Descontinuado

Categoria 3 Voice 16 1991 Em Utilização

Categoria 4 Token Ring 20 1993 Descontinuado

Categoria 5 100Base-Tx 100 1994 Descontinuado

Categoria 5e 1000Base-T 100 2001 Em Utilização

Categoria 6 10000Base-T* 250 2002 Em Utilização

Categoria 6ª 10000Base-T 500 2008 Em Utilização

*Pode ser utilizado desde que sejam cumpridos alguns requisitos

2.3.4 Normas

A seguir serão descritas algumas normas de cabeamento estruturado. Estas

normas definem os requisitos mínimos de desempenho dos cabeamentos

estruturados. Serão explanadas as normas ANSI/TIA/EIA 568-B.2-1 (Commercial

Building Telecommunications Cabling Standard Part 2: Balanced Twisted Pair

Cabling Components Addendum 1 – Transmission performance Specifications For 4-

Pair 100 Category 6 Cabling), ANSI/TIA/EIA-568-B.2-10 (Transmission Performance

Page 25: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

24

Specifications for 4-Pair 100 Ohm Augmented Category 6 Cabling) e TSB-155

(Guidelines For The Assessment And Mitigation Of Installed Category 6 Cabling To 4

Support 10gbase-T). Estas são referentes à transmissão de dados em cabeamento

categoria 6; transmissão de dados em cabeamento Categoria 6A; e transmissão de

dados a 10Gbps em cabeamento Categoria 6 respectivamente.

2.3.4.1 ANSI/EIA/TIA 568-B.2-1

Esta norma é um adendo da norma ANSI/EIA/TIA 568-B.2, que define os

requisitos mínimos de performance dos cabeamentos estruturados. A 568-B.2-1

define os requisitos para transmissão em cabos de pares trançados Categoria 6.

Dentre alguns tópicos esta norma referencia a largura de banda de 250 MHz e uma

taxa de transmissão de até 1 Gb/s. A ANSI/TIA/EIA 568-B.2-1 define os seguintes

parâmetros de transmissão:

• Atenuação;

• NEXT;

• PSNEXT;

• FEXT;

• ELFEXT (introduzido neste adendo);

• PSELFEXT (introduzido neste adendo);

• Return Loss.

Para o cabeamento Categoria 6, os parâmetros de transmissão mais críticos são

aqueles resultantes dos efeitos internos ao cabo, ou seja, aqueles que ocorrem

Page 26: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

25

devido a interação do sinal elétrico em um par e/ou um par adjacente dentro do

cabo.

2.3.4.2 ANSI/TIA 568-B.2-10

Esta norma também é um adendo da ANSI/EIA/TIA 568-B.2, no entanto ela

define os requisitos mínimos para transmissão de dados à 10 Gb/s. Nela está

padronizado o cabeamento categoria 6A. Para que a transmissão de dados no

padrão 10GBase-T fosse possível, a freqüência de transmissão foi aumentada para

500MHz. Este incremento da freqüência acarretou no aparecimento de efeitos

oriundos de canais adjacentes, o Alien Crosstalk. A 568-B.2-10 padroniza os

seguintes parâmetros de transmissão:

• Atenuação;

• NEXT;

• PSNEXT;

• FEXT;

• ACR (Antigo ELFEXT);

• PSACRF (Antigo PSELFEXT);

• Return Loss;

• PSANEXT (introduzido neste adendo);

• PSAFEXT (introduzido neste adendo).

Como já foi explicitado na seção 2.1.9, estes dois últimos parâmetros se

tornaram os mais críticos para a performance da transmissão de dados em alta

Page 27: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

26

velocidade. Devido a que eles interferirem diretamente na relação Sinal/Ruído, não é

possível sua eliminação através de DSPs.

2.3.4.3 TSB-155

O TSB-155 não é uma norma, mas sim, como o próprio nome diz, um boletim de

telecomunicações (TSB – Telecommunications Systems Bulletin). Este boletim traz

orientações adicionais para cabeamentos Categoria 6 suportarem aplicações

10GBase-T, definidos pela IEEE 802.3an. O TSB-155 mostra uma alternativa para

que cabeamentos já instalados possam trabalhar a uma taxa 10 vezes mais rápida

do que o padrão mais veloz anteriormente suportados por sistemas Categoria 6.

Para que o padrão 10GBase-T seja possível, é necessário que vários requisitos

sejam satisfeitos; principalmente com relação à Atenuação do link e o Alien

Crosstalk. Como este boletim foi idealizado para reavaliar instalações pré-existentes

de cabeamentos categoria 6, ele não possui especificações para testes em

laboratórios, somente testes de campo.

A base deste Boletim de Sistemas de Telecomunicação são as duas normas

citadas nos itens acima, a saber, a ANSI/TIA 568-B.2-1 e a ANSI/TIA 568-B.2-10.

São adicionados requisitos para freqüências entre 250 e 500MHz, as quais não

contemplavam cabeamentos categoria 6.

É definido que: os canais cujos comprimentos instalados não ultrapassam 37

metros devem suportar 10 Gb/s; canais com comprimentos entre 37 e 55 metros

devem suportar as velocidades de até 10 Gb/s sob algumas condições de Alien

Crosstalk; e canais cujos comprimentos superam os 55 metros podem suportar a

aplicação definida no IEEE 802.3an desde que sejam tomadas medidas que

abrandem os efeitos do Alien Crosstalk.

Page 28: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

27

Para certificar que os cabos instalados satisfarão os requisitos mínimos da TSB-

155 é necessário realizar os testes de campo. Algumas regras (ou recomendações)

devem ser seguidas:

• Primeiramente medir somente os canais que irão trafegar 10 Gb/s;

• Verificar canais mais críticos para o Alien Crosstalk;

• Escolher o canal Influenciado e iniciar os teste pelos canais Influenciadores que

possuem portas de patch panels próximas entre si;

• Monitorar progressivamente a cada teste de um canal Influenciador o incremento em

AXTALK (Alien Crosstalk) no Power Sum.

• Verificar os canais que possuem cabos instalados próximos ao longo do caminho

percorrido.

Caso os resultados esperados não sejam atingidos, algumas ações podem ser

feitas. De acordo com o TSB-155 essas ações são processos de mitigação do Alien

Crosstalk. Há dois tipos de processos de mitigação, o relacionado com os

parâmetros internos ao cabo e aqueles relacionados aos parâmetros externos. Com

relação aos parâmetros internos pode-se fazer:

• Substituir os patch cords da área e os equipment cords por patch cords Categoria 6A

(hoje se sabe que patch cords blindados, mesmo sem a vinculação com o sistema

de aterramento, são uma boa alternativa para mitigar o Alien Crosstalk);

• Reconfigurar o cross-connect como um interconnect (que é na prática retirar uma

conexão do canal, diminuindo assim a emissão do sinal para fora do cabo);

• Substituir o ponto de consolidação por um de Categoria 6A;

Page 29: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

28

• Substituir conectores por um de Categoria 6A;

• Substituir o cross-connect ou o interconnect por um de Categoria 6A.

Para proceder com a mitigação do Alien Crosstalk quando os requisitos mínimos

de performance não são atingidos e os cálculos das margens de Alien Crosstalk

também não são atingidos, o boletim referencia os seguintes métodos:

• A utilização de portas de patch panels não adjacentes para aplicação de 10GBase-T

• Separar os patch cords;

• Retirar as fitas de amarrações dos feixes de cabos no cabeamento horizontal.

• Se utilizar de todos os métodos especificados acima.

Após o processo de mitigação, novos testes devem ser realizados.

2.3.4.4 A Cerificação de Alien Crosstalk

Para certificar uma rede a partir da TSB-155 é necessário que seja realizadas as

medições tanto dos parâmetros internos do cabeamento, como atenuação, perda de

retorno, NEXT quanto os parâmetros externos ao cabeamento (Alien Crosstalk). No

entanto, os limites de Alien Crosstalk são dinâmicos e devem ser calculados, visto

que são dependentes do nível de atenuação do canal. Quanto menor for a

atenuação mais relaxados serão os limites de Alien Crosstalk.

O primeiro passo é verificar quanto de ruído de Alien Crosstalk o canal está

captando. Para isto devem-se fazer as medições nos cabos sob análise. Isto

Page 30: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

29

realizado deve-se fazer alguns cálculos para se chegar à margem de Alien Crosstalk

do cabo medido.

Primeiramente são obtidos os dados de PSANEXT, que são obtidos a partir da

medição de ANEXT e calculados a partir da Equação 1. Os limites para este

parâmetro são definidos pela Tabela 3 abaixo, onde X1 é uma constante

determinada pela Equação 3 que é dependente da atenuação do canal.

Tabela 3 – Cálculo dos limites de PSANEXT

(3)

Onde:

- Cat6_IL_250MHz é a atenuação do cabo à 250 MHz de um canal de 100m.

- MCat6_IL_250MHz é a medida da atenuação à 250MHz do par influenciado.

Depois são obtidos os dados de PSAACRF, que é obtido a partir da medição de

AACRF e calculado a partir da Equação 2. Os limites para este parâmetro são

definidos pela Equação 5, onde X2 é uma constante determinada pela Equação 6

que é dependente da atenuação do canal.

(4)

(6)

Onde:

Page 31: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

30

-L é o comprimento do canal

Se as medições satisfizerem os limites especificados acima, o canal influenciado

será aprovado com relação ao Alien Crosstalk. No entanto, mesmo que o canal

reprove nas medidas isoladas, há um método especificado em 12 passos na TSB-

155 (anexo D). É um método para avaliar a total influência do Alien Crosstalk no

canal e sua relação com o Sinal/Ruído. Estes cálculos são efetuados no momento

da medição dos canais, pelo software que faz a aquisição dos dados do

equipamento de medição.

2.3.5 Comparativos

Como verificado por Claude Shannon, quanto maior a taxa de transmissão,

maior deverá ser a relação SNR para uma mesma largura de banda. Portanto para

que o cabeamento categoria 6 suporte a aplicação 10 Gb/s todos os limites dos

parâmetros de transmissão (ruídos) ficaram mais críticos. Para exemplificar isto, a

seguir serão mostrados alguns gráficos (Figuras 8 a 11) relacionando os requisitos

para cada parâmetro de transmissão (limites da norma) e comparados entre as

normas ANSI/TIA/EIA-568-B.2-1, ANSI/TIA-568-B.2-10 e TSB-155.

Figura 8 – (a) Gráfico de Atenuação (b) Gráfico de Perda de Retorno

Page 32: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

31

Figura 9 – (a) Gráfico de NEXT (b) Gráfico de PSNEXT

Figura 10 – Gráfico de PSACRF

Figura 11 – (a) Gráfico de PSAACRF (b) PSANEXT

Nota-se que a diferença básica entre as normas é principalmente a extensão da

freqüência de 250 para 500MHz. No entanto a norma ANSI/TIA-568-B.2-10 possui

um maior headroom com relação à atenuação, garantindo assim uma certa “folga”

em relação ao sinal/ruído do sistema.

Page 33: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

32

3 METODOLOGIA

A metodologia para a realização dos testes e conseqüente estabelecimento

deste trabalho foi formulada da seguinte maneira: foram estabelecidos dois tipos de

testes de acordo com o TSB-155 [1], os testes em laboratório dos canais e depois

um teste de campo.

Primeiramente os testes em laboratório, os canais de cabos foram organizados

de uma forma com que se pudesse obter a situação mais crítica em um teste deste

tipo. Foram montados justapostos de modo que o cabo a ser medido, o cabo

influenciado, estivesse em uma posição central aos outros cabos, os cabos

influenciadores. Esta configuração está descrita na ANSI/TIA/EIA-568-B.2-10 [4] que

define o cabeamento categoria 6A, sendo este o teste mais crítico possível,

chamado de 6 em 1, mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Modelo de teste Six Around One

Nesta fase foram realizadas várias simulações de várias condições diferentes,

como troca de partes do cabeamento, espaçamento de cordões de manobras e

diminuição do canal propriamente dito. Estes testes se fizeram válidos, pois o TSB-

155 estabelece as condições para infra-estruturas de cabos já instalados. Sendo

Page 34: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

33

assim são simuladas as várias condições dos cabeamentos, suas possíveis

“mitigações” quanto ao ALIEN, configurações de canal e distâncias.

A outra fase deste projeto constitui em avaliar uma rede real e verificar a

possibilidade da troca de velocidade para 10 Gb/s. Esta verificação é importante; no

entanto é uma ação um tanto quanto engessada, pois o TSB-155 estabelece vários

métodos para se atingir o desempenho esperado, uma delas é a troca de

componentes, o que não é possível fazer em uma avaliação deste tipo.

3.1 Metodologia de Testes

Os testes foram realizados com um equipamento certificador de rede, e não de

laboratório, pois como a TSB-155 é um boletim técnico que se aplica a redes já

instalada. O equipamento utilizado pode ser visto na Figura 13, este é o Fluke DTX

1800. Este equipamento pode avaliar a performance de canais em até 1 GHz e até

10 Gb/s.

Figura 13 – Equipamento de testes Fluke DTX-1800

Page 35: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

34

Os testes realizados foram montados de duas formas. Primeiramente foram

realizados os testes de canais, cuja configuração pode ser vista na Figura 14 nota-

se que os equipamentos estão em cada uma das extremidades do canal, ou seja,

eles estão em contato elétrico direto. Desta forma pode-se avaliar as características

internas ao cabo, como atenuação, NEXT, FEXT, Perda de Retorno, etc.

Figura 14 – Configuração de testes de canal com quatro conexões

A outra forma de teste realizada é o teste de Alien Crosstalk. No entanto a

configuração de testes deste parâmetro pode ser visto na Figura 1515. Nesta

imagem nota-se que as partes, principal e remota, não estão em contato elétrico

direto com os canais medidos. Por este motivo há a necessidade de um canal de

comunicação adicional e um computador para estabelecer a sincronia dos

equipamentos de testes e fazer a coleta dos dados.

Figura 15 – Configuração de testes de Alien Crosstalk

Page 36: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

35

Estas duas formas de testes são necessárias para fazer a avaliação de um canal

a 10 Gb/s.

3.2 Desempenho Das Categorias De Transmissões

Neste tópico será discutida a relação entre a qualidade de componentes de

transmissão e suas utilizações em diferentes velocidades. Aqui serão analisados os

cabos, os conectores e os cordões de manobra utilizados para a transmissões de

dados em Categoria 6 e 6A.

3.2.1 Conectores

Os conectores são os equipamentos que farão a interligação entre os cabos

sólidos e os patch cords. Este contato é do padrão RJ-45, possuindo um padrão com

8 vias de contato em ouro, para a conexão com os patch cords; e 8 vias em bronze-

fosforoso para as conexões com os cabos. Sendo este um ponto de transição dos

cabos e patch cords, possuem uma grande influência na performance total do canal.

Isto porque deve haver um casamento perfeito entre as três partes do canal, que se

encontram nesta parte. Sendo assim, ele possui um papel principalmente com

relação ao NEXT, PSNEXT, PSACR, RL e os recentes Alien Crosstalk para

transmissões em 10 Gb/s. A seguir será mostrado um comparativo entra conectores

categoria 6 e 6A, as fotos da esquerda correspondem aos conectores 6 e as da

direita 6a.

Page 37: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

36

Figura 56 – Conectores Categoria 6 e Categoria 6A

Nas fotos da Figura 56 e 17 nota-se a diferença entre os dois conectores, a

principal diferença entre eles, nesta foto, é a proteção externa em fita metalizada.

Esta fita tem o efeito de minimizar os efeitos do Alien Crosstalk funcionando com

uma gaiola de Faraday.

As fotos abaixo mostram os conectores desmontados.

Figura 17 – Conectores Categoria 6 e Categoria 6A desmontados

As fotos das Figura 1818 e Figura 19619 mostram os circuitos que ligam a área

de contato dos cabos com os condutores dos patch cords. Nelas nota-se que os

conectores possuem mais circuitos de compensação. Estes circuitos funcionam

como filtros de ruídos.

Cobertura

Page 38: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

37

Figura 18 – Placas dos conectores Categoria 6 e 6A

Figura 196 – Circuitos de compensação das placas dos conectores

3.2.2 Patch cords

Os patch cords possuem sua maior diferença em sua blindagem aos ruídos,

onde os de Categoria 6 não são blindados, sendo totalmente suscetível aos ruídos

externos; já os de Categoria 6A são blindados, possuindo uma fita metalizada

Circuitos de

Page 39: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

38

envolvendo o núcleo do cabo flexível que constitui o patch Cord. É importante frisar

que o patch Cord sendo blindado (F/UTP), o canal em si não se torna blindado. A

figura 20 a e b mostram as diferenças entre os patch cords 6 e 6A.

Figura 20 – (a) Cabo sem blindagem (b) Cabo com blindagem

3.2.3 Cabos

O cabo é um componente crítico para a performance final do canal. Quando se

fala em Alien Crosstalk são os cabos os mais afetados por esse efeito. Isto é devido

a sua grande extensão assim grande parte em contato com os outros cabos. Nos

cabos categoria 6A (não blindados) há uma drástica mudança em relação aos cabos

Categoria 6. Estas mudanças são devidas tanto aos efeitos internos ao cabo quanto

aos Alien Crosstalk.

Os parâmetros internos ao cabo, devido à extensão da freqüência até 500 MHz

para a categoria 6A, ficaram mais críticos. Sendo assim foi necessário alterar o

projeto do cabo. As alterações básicas foram principalmente a diminuição o passo

de binagem e a sua variação aleatória com relação aos outros pares do mesmo

cabo e o aumento no diâmetro do condutor. A alteração do passo de binagem tem o

efeito de diminuir o NEXT e o ELFEXT, já a variação aleatória do passo de binagem

em um mesmo par faz com que o acoplamento entre pares de cabos distintos seja

Page 40: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

39

diminuído. Assim diminuindo o ANEXT e o AACRF. Finalmente o aumento do

diâmetro do condutor faz com que o cabo tenha menor atenuação.

Para amenizar os efeitos do Alien Crosstalk há duas formas: a primeira é a

blindagem do cabo, e a segunda e o distanciamento dos outros cabos. Como os

cabos analisados são U/UTP (não blindados) a forma de amenizar o Alien Crosstalk

é o distanciamento entre os cabos. Dessa forma foi adicionada uma segunda capa

ao cabo. Esta capa tem o intuito de separar os cabos e também, por ser uma capa

estriada, de diminuir a constante dielétrica entre os cabos, diminuindo assim o

acoplamento entre cabos adjacentes.

As figuras 21 e 22 mostram as diferenças entre os cabos categoria 6 e 6A.

Figura 21 – Seção transversal de um cabo (a) Categoria 6 e (b) Categoria 6A

Figura 22 – (a) Cabo categoria 6 (b) Cabo categoria 6A

Page 41: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

40

4 RESULTADOS

4.1 Testes

Os testes da primeira parte foram realizados conforme especificado na norma

ANSI/TIA-568-B.2-10. Nela o canal deve ser disposto na forma de feixes. A

disposição mais crítica é a chamada 6 + 1 (Six around one), nela um cabo (ou canal)

Influenciado é amarrado no centro de uma configuração juntamente com seis outros

cabos dispostos como uma colméia. Assim, o cabo central fica envolto em todo o

seu diâmetro (e extensão) por cabos (ou canais) influenciadores. Para manter esta

configuração e garantir o menor espaçamento entre os cabos, eles devem ser

fixados com fitas adesivas a cada 20 centímetros.

Para a verificação da possibilidade de aprovar as condições propostas pela TSB-

155 foi montado um canal com 90 metros de link permanente e 10 metros de cabos

de manobras. Este canal foi montado com duas conexões, pois seria o menos crítico

de todas as configurações. A Figura 23 mostra a configuração da montagem do

canal.

Figura 23 – Configuração de testes nos feixes de cabos

Os testes de Alien Crosstalk foram realizados com um equipamento certificador

de redes juntamente com um módulo especial para medições destes parâmetros e

um computador para realizar os cálculos e sincronismo dos equipamentos.

Page 42: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

41

4.1.1 Primeiro Teste

O primeiro teste, com 100 metros de cabeamento horizontal foi realizado para

reconhecer as reais influências do Alien Crosstalk sobre o canal influenciado; sendo

assim o teste falhou. Na análise dos resultados é possível identificar que, quanto

mais próximo os conectores, mais influência terá sobre os canais adjacentes em um

patch panel. Visto que o canal central era o influenciado, este estava próximo dos

canais 4 e 5, logo os que mais contribuíram com a falha nos testes. As Figuras 24,

25, 26 e 27 mostram a configuração dos conectores no patch panel, a contribuição

dos canais e os gráficos dos resultados de Alien Crosstalk respectivamente.

Figura 24 – Espaçamento entre os conectores no Patch Panel

Figura 25 – Gráfico de PSANEXT do primeiro teste

Page 43: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

42

Figura 26 – Gráfico de PSAACRF do primeiro teste

Figura 27 – Contribuição dos canais pra (a) PSANEXT (b) PSAACRF do primeiro teste

4.1.2 Segundo teste

Como a ação mais simples de ser realizada em uma sala de telecomunicação é

a troca dos cordões de manobra, um segundo teste foi realizado simulando esta

situação. As figuras 28, 29 e 30 mostram o comportamento do canal frente a esta

alteração.

Page 44: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

43

Figura 28 – Gráfico de PSANEXT do segundo teste

Figura 29 – Gráfico de PSAACRF do segundo teste

Figura 30 – Contribuição dos canais do segundo teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

Page 45: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

44

Nota-se que tanto os resultados de PSAACRF quanto os de PSANEXT

obtiveram melhora principalmente em altas freqüências. Isto se deve aos cordões de

manobra categoria 6A serem blindados, sendo imunes aos ruídos externos.

4.1.3 Terceiro Teste

Através dos gráficos do segundo teste notou-se que os canais, mesmo com

todas as mitigações possíveis, não passariam nos testes da TSB-155 com um

comprimento total do link de 100 metros. Os canais foram cortados, ficando com

comprimento total de 85 metros. Assim, foram realizados os mesmos testes

realizados anteriormente. As figuras 31, 32 e 33 mostram os resultados deste teste.

Figura 31 – Gráfico de PSANEXT do terceiro teste

Page 46: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

45

Figura 32 – Gráfico de PSAACRF do terceiro teste

Figura 33 – Contribuição dos canais do terceiro teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

Os resultados dos testes mostraram que houve uma melhora significativa nos

resultados obtidos dos testes de Alien Crosstalk. No entanto, olhando mais

atentamente nos gráficos dos testes anteriores, pode-se notar que o que ocorreu

não foi uma melhora significativa dos resultados de Alien Crosstalk, mas sim

melhora nos resultados de atenuação ocasionando um relaxamento nos limites de

testes.

Mesmo com a melhora nos resultados, o terceiro teste falhou. A Figura 33

mostra que os mesmos canais são os que mais contribuem para a falha do teste.

Page 47: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

46

4.1.4 Quarto Teste

Pelo gráfico de contribuição da influência do Alien Crosstalk, notou-se que os

canais mais próximos no patch panel (canais 4 e 5) do canal influenciado foram os

maiores influenciadores para a falha no teste com relação ao parâmetro ANEXT. Há

duas ações recomendadas, a separação dos canais no patch panel ou a troca dos

conectores para conectores de categoria superior. Como o espaçamento de

conectores é algo um tanto quanto complicado para ser feito, visto que na

elaboração dos projetos de cabeamento estruturados não são previstos patch panels

adicionais em um mesmo rack. O quarto teste foi então realizado após a substituição

dos conectores por de categoria 6A. Os resultados dos testes são mostrados a nas

figuras 34, 35 e 36.

Figura 34 – Gráfico de PSANEXT do quarto teste

Page 48: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

47

Figura 35 – Gráfico de PSAACRF do quarto teste

Figura 36 – Contribuição dos canais do quarto teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

Os resultados dos testes mostraram que a substituição dos conectores, além de

melhorar a performance geral em PSANEXT, fez com que a contribuição dos

conectores frente a esse parâmetro praticamente se anulasse. Esta análise pode ser

vista na figura Figura 3636a e também no próximo teste. Mostraram também que,

mesmo substituindo todos os acessórios de conexão, os resultados de PSAACRF

não se alteraram significativamente. Para melhorar os resultados de PSACRF há

então três maneiras:

• Diminuir a área de contato do cabo influenciado com os cabos

influenciadores;

Page 49: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

48

• Aumentar o espaçamento entre os cabos, soltando dos feixes de cabos

ou utilizando cabos com capas de maior espessura;

• Utilizar barreira metálicas para evitar o acoplamento, utilizando cabos

com blindagens.

O sexto teste foi realizado utilizando a primeira prática citada acima, ou seja,

reduzindo o comprimento do cabo.

4.1.5 Quinto Teste

Este teste foi realizado para provar a diminuição da influência do Alien Crosstalk

nos conectores. Para este efeito ser analisado os conectores foram espaçados entre

si no patch panel como mostra a Figura 3737.

Figura 37 – Espaçamento entre conectores no patch panel

As figuras 38, 39 e 40 mostram os resultados deste teste.

Page 50: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

49

Figura 38 – Gráfico de PSANEXT do quinto teste

Figura 39 – Gráfico de PSAACRF do quinto teste

Figura 40 – Contribuição dos canais do quinto teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

Page 51: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

50

Como já havia sido mostrado, não houve alteração significativa nos resultados

dos testes com e sem a separação.

4.1.6 Sexto Teste

Como mostrado no 2.3.4.3, uma das ações possíveis para diminuir a influencia

do Alien Crosstalk é o encurtamento do canal. Assim, os cabos foram cortados mais

20 metros, permanecendo com 55 metros de cabeamento permanente e 10 de

cordões de manobra. Os canais foram cortados com este comprimento, pois a TSB-

155 estabelece 55 metros o mínimo que o canal deve atender as aplicações a 10

Gb/s após a verificação do atendimento de alguns requisitos. As figuras 41, 42 e 43

mostram os resultados deste teste.

Figura 41 – Gráfico de PSANEXT do sexto teste

Page 52: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

51

Figura 42 – Gráfico de PSAACRF do sexto teste

Figura 43 – Contribuição dos canais do sexto teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

Os canais foram medidos e mesmo após a realização dos processos de

mitigação, não foi possível atender os requisitos mínimos. Pode-se então concluir

que os cabos não podem percorrer distâncias paralelas em um feixe de cabos. A

amarração prejudica demasiadamente o desempenho em Alien Crosstalk. Para que

possam ser satisfeitos os requisitos mínimos da TSB-155, os cabos devem estar

dispostos em calhas ou bandejas sem nenhum tipo de amarração e mais

espalhados possível.

4.1.7 Sétimo Teste

Como mencionado anteriormente, um canal categoria 6 com 37 metros de link

permanente deve satisfazer os requisitos da TSB-155. No entanto quando um feixe

Page 53: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

52

de cabos está firmemente amarrado, as condições ficam mais críticas. Este teste

mostrou isto, e mostrou também que o cálculo o Alien Crosstalk, juntamente com o

cálculo dos limites de Alien Crosstalk a partir do nível de atenuação faz com que

mesmo canais falhos em Alien Crosstalk possam satisfazer os requisitos para

aplicação de 10 Gb/s em cabeamento de par metálico categoria 6. Os cabos foram

então cortados para atingirem o comprimento total de 50 metros, sendo 40 metros

de cabeamento permanente e 10 metros de cordões de manobras formando um

canal com apenas duas conexões. As figuras 44, 45, 46 e 47 mostram os resultados

deste teste.

Figura 44 – Gráfico de PSANEXT do sétimo teste

Page 54: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

53

Figura 45 – Gráfico de PSAACRF do sétimo teste

Figura 46 – Contribuição dos canais do sétimo teste para (a) PSANEXT (b) PSAACRF

O sumário dos resultados do teste é mostrado na Figura 47. Nele pode-se notar

que todos os testes de ANEXT passaram e todos os testes de AACRF falharam, no

entanto o cálculo de Alien Crosstalk foi aprovado. É possível notar nas Figura 44 e

Figura 45 que os limites dos testes estavam muito menos agressivos que nos testes

com maiores comprimentos do canal. Isto é devido às melhores margens obtidas

nos canais mais curtos em atenuação.

Page 55: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

54

Figura 47 – Resumo dos resultados de Alien Crosstalk do sétimo teste

4.1.8 Adição de canais

Para comprovar a influência dos cabos ao longo do comprimento do canal

influenciado é mostrada a análise abaixo. Nela é simulada a inclusão de canais

influenciadores. Pode-se notar que quanto mais canais como vistos nas figuras 48,

49 e 50; mais críticos são os testes, principalmente com relação a PSAACRF.

O primeiro gráfico mostra a condição dos cabos com 55 metros de cabeamento

permanente e somente um canal influenciador.

Page 56: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

55

Figura 48 – Gráfico de PSAACRF com apenas um canal influenciador

Nota-se que o teste foi aprovado. Com três canais influenciadores, observa-se

que os resultados ficam muito mais críticos, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 49 – Gráfico de PSAACRF com três canais influenciadores

Page 57: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

56

Com o teste ainda sendo aprovado, nota-se que esta aprovação foi marginal,

visto que seria aprovado somente após os cálculos de Alien Crosstalk completos. O

gráfico abaixo mostra o resultado do teste com seis canais influenciadores.

Figura 50 – Gráfico de PSAACRF com seis canais influenciadores

Nota-se então que o resultado total dos testes, principalmente com relação ao

PSAACRF, são extremamente críticos com a inclusão de novos canais

influenciadores.

4.2 SITE SURVEY

Para comprovar as análises dos testes realizados no laboratório, foi realizada

uma análise de um cabeamento estruturado instalado e sendo utilizado uma

velocidade de 1 Gb/s. Este cabeamento é constituído de, no máximo 75 metros e no

mínimo 35 metros. Seu sistema é constituído de um canal com quatro conexões,

onde há um ponto de consolidação que é usado para distribuir melhor os cabos para

os pontos dos usuários finais.

Page 58: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

57

Os testes foram realizados, no entanto com apenas três conexões para viabilizar

os testes fisicamente, visto que a primeira conexão era realizando o espelhamento

do switch, dificultando a identificação dos pontos. A figura 51 mostra a configuração

de testes.

Figura 51 - Configuração de testes

O local da avaliação da rede aconteceu na Furukawa Industrial S.A, localizada

em Curitiba, lá está instalada uma rede categoria 6. A avaliação foi realizada em

dois pontos da rede, o primeiro no ponto mais distante da sala de telecomunicações,

o segundo em um ponto intermediário.

4.2.1 Teste do link longo

Na primeira avaliação os pontos estavam distantes aproximadamente 70 metros

da sala de telecomunicações, sendo que desta forma, pelo que havia sido avaliado

anteriormente nos testes de laboratório, era esperado uma reprovação nos testes.

Este teste se fez válido, pois os cabos estavam dispostos em uma bandeja, e não

em um feixe, como os testes de laboratório. No entanto, como foi mencionado

anteriormente, os testes de Alien Crosstalk são extremamente dependentes da

atenuação total do canal. Nas figuras 52 a 56 são mostrados os resultados dos

testes. Inicialmente são mostrados os testes dos parâmetros intrínsecos do cabo do

canal influenciado. Essa avaliação já foi feita com patch Cord Categoria 6A, pois a

criticidade desta avaliação já era esperada.

Page 59: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

58

Figura 52 – Resultado do teste de Atenuação Figura 53 – Resultado do teste de NEXT

Figura 54 – Resultado do teste de PSNEXT Figura 55 – Resultado do teste de PSELFEXT

Figura 56 – Resultado do teste de Perda de Retorno

Nota-se pelos gráficos acima que o canal foi aprovado com boa margem com

relação aos limites da norma e que também que a atenuação possui margem de 18

dB.

As figuras 57 e 58 mostram os resultados deste teste.

Page 60: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

59

Figura 57 – Gráfico de PSANEXT

Figura 58 – Gráfico de PSAACRF

Nos gráficos acima são mostrados os resultados dos testes, neles pode-se notar

que, mesmo com os cabos instalados em bandejas, eles exercem uma grande

influencia em PSAACRF. Por isso o canal foi reprovado neste parâmetro. As Figura

59, 60 e 61 mostram como os cabos estão dispostos nas bandejas.

Page 61: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

60

Figura 59 – Disposição dos cabos na instalação

Figura 60 – Amarração dos cabos

Page 62: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

61

Figura 61 – Concentração de cabos

4.2.2 Teste do link curto

Com o teste anterior falho e a dependência da distância comprovada, foi

necessário escolher outro ponto na rede o qual possuísse um comprimento menor.

Assim foi escolhido um ponto intermediário da infra-estrutura e foram realizadas as

mesmas avaliações. A seguir são mostrados os gráficos dos resultados dos testes

do canal influenciado. Este teste também foi realizado com patch cord categoria 6A,

pois este apresenta melhor performance com relação ao Alien Crosstalk. As figuras

62 a 66 mostram os resultados deste teste.

Figura 62 – Resultado do teste de Atenuação Figura 63 – Resultado do teste de NEXT

Page 63: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

62

Figura 64 – Resultado do teste de PSNEXT Figura 65 – Resultado do teste de PSELFEXT

Figura 66 – Resultado do teste de Perda de Retorno

Como pode ser notado nos gráficos acima, os resultados do teste de canal

mostraram que a performance frente aos parâmetros internos ao cabo está

excelente. Nota-se ainda que a atenuação deste link está em torno de 6 dB melhor

que o teste anterior. Desta forma os testes de Alien Crosstalk obtiveram os limites

frente a este parâmetro muito mais relaxados. As figuras 67 e 68mostram os

resultados dos testes de Alien Crosstalk deste canal.

Page 64: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

63

Figura 67 – Gráfico de PSANEXT

Figura 68 – Gráfico de PSAACRF

Como pode ser visto nos testes acima, o canal foi aprovado em todos os

parâmetros. Em grande parte devido aos resultados de atenuação, visto que

estavam com uma margem máxima de 23 dB abaixo dos limites da norma.

4.2.3 Teste Com Patch Cord Categoria 6

Como o teste anterior foi realizado com os patch cords categoria 6A e os testes

mostraram excelentes resultados frente ao Alien Crosstalk, os patch cords foram

Page 65: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

64

trocados por patch cords categoria 6 para. As figuras 69 a 73 mostram os resultados

deste teste.

Figura 69 – Resultado do teste de Atenuação Figura 70 – Resultado do teste de NEXT

Figura 71 – Resultado do teste de PSNEXT Figura 72 – Resultado do teste de PSELFEXT

Figura 73 – Resultado do teste de Perda de Retorno

Mais uma vez os resultados dos parâmetros internos ao canal foram muito bons,

sendo que o resultado de atenuação obteve uma margem máxima de 25 dB, sendo

assim os limites de Alien Crosstalk foram ainda mais relaxados. Esta diminuição da

atenuação foi devido aos patch cords trocados - os patch cords categoria 6A

possuem bitolas de 26 AWG e os Categoria 6 de 24 AWG - tornando estes últimos

Page 66: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

65

menos suscetível a atenuação. As figuras 74 e 75 mostram os resultados deste

teste.

Figura 74 – Gráfico de PSANEXT

Figura 75 – Gráfico de PSAACRF

Pode-se notar nos gráficos acima que os resultados de Alien Crosstalk obtiveram

excelentes resultados, comprovando assim o essencial papel da atenuação nos

resultados finais da avaliação do canal para o TSB-155.

4.3 Analisando os resultados

Para podermos calcular a relação entre o sinal e o ruído, é necessário identificar

cada um dos ruídos. Sendo um par transmitindo um sinal qualquer em seu lado

NEAR (ou Tx), a relação SNR será obtida na extremidade FAR (ou Rx). Então o

Page 67: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

66

sinal que chegará ao final da linha de transmissão (So) não será o mesmo que será

transmitido (Si). Este sinal terá a influência da atenuação do canal. Logo:

So = Si –IL (5)

Como o sinal So estará referenciado pelo sinal de entrada Si assim como o ruído

recebido, logo estão na mesma base, então:

S = -IL (6)

Para identificar o ruído no canal há necessidade de realizar uma análise de todos

os parâmetros que são medidos no canal. Tomando como base a figura acima e

referenciando o par 1 como par perturbado e extrapolando a análise para os outros

pares.

4.3.1 Influência do FEXT

Tomando como exemplo o par 3 transmitindo, logo terá uma influência no

receptor do par 1 devido ao acoplamento entre esses pares, chamado de FEXT13.

Essa interferência no receptor do par 1 terá influência de todos os outros pares, ou

seja, de todas as combinações de pares. Logo teremos que o ruído referente ao

FEXT no par 1 será a soma de FEXT12, FEXT13 e FEXT14. Isto é, a influência de

todos os pares sobre o par 1. Definindo assim o PowerSum FEXT (PSFEXT). Sendo

assim o ruído causado pelo FEXT no par 1 é:

)101010log(10PSFEXT R 10

FEXT

10

FEXT

10

FEXT

1FEXT1

141312 −−−

++−== (7)

É preciso mencionar que o parâmetro utilizado deve ser o FEXT e não ELFEXT,

pois este último desconsidera a influência da atenuação. Há necessidade de

considerá-la, pois o sinal de entrada é a atenuação e o ELFEXT desconsidera a este

Page 68: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

67

parâmetro. Sendo assim, uma análise com o Equal Level Far-end Crosstalk seria

errônea.

4.3.2 Influência do NEXT

Analogamente ao parâmetro acima, a influência do NEXT é devido aos pares

adjacentes ao par 1. Como estes pares estão transmitindo e recebendo a todo

tempo, há um acoplamento. Como exemplo é tomado o par 2, quando este transmite

um sinal, parte deste sinal é transmitido para os pares vizinhos. Assim esta parte do

sinal que é transmitida para o par 1 é considerada ruído por seu receptor.

Como em uma transmissão de dados os pares estão recebendo e transmitindo,

todos os pares influenciam na transmissão. É necessário então somar a parte de

cada par com relação ao par 1 teremos então a influência de NEXT12, NEXT13 e

NEXT14 sobre o par. Isto é, a influência de todos os pares sobre o par 1, definindo

assim o PowerSum NEXT (PSNEXT). Sendo assim, o ruido causado pelo NEXT no

par um é:

)101010log(10PSNEXT R 10

EXT

10

EXT

10

NEXT

1NEXT1

141312 NN −−−

++−== (8)

4.3.3 Influência do RL

Como já mencionado anteriormente, em uma transmissão de dados um par está

transmitindo e recebendo ao mesmo tempo. Desta forma, um sinal que é enviado

para o receptor para a extremidade oposta (o receptor) sofre a influência do

descasamento de impedâncias devido às conexões, não uniformidades no cabo e

curvas acentuadas. Este descasamento de impedâncias faz com que parte do sinal

retorne à fonte, sendo considerado um ruído. Logo:

RRL1 = RL1 (9)

Page 69: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

68

4.3.4 Influência do Alien Crosstalk

Os DSPs (Processador Digital de Sinais) possuem a habilidade de cancelamento

de parte dos ruídos mencionados acima. No entanto a característica aleatória do

acoplamento de cabos adjacentes impossibilita este cancelamento, sendo os

parâmetros Alien NETX e Alien FEXT considerados ruídos externos. Analogamente

aos parâmetros NEXT e FEXT, estes devem ser considerados como PowerSum.

Primeiramente com o Alien FEXT (AFEXT), este deve ser analisado todas as

combinações entre os pares de todos os cabos influenciadores. O cálculo deve ser

feito de acordo com a Equação (2).

De forma análoga, o Alien NEXT deve ser analisado, e seu cálculo deve ser

conforme a Equação1.

Assim o ruído referente ao Alien Crosstalk é definido como no par um é:

)1010log(10 1010

PSANEXT 11

1

PSAFEXT

AlienR

−−

+−= (10)

4.3.5 O ruído

Como os parâmetros apresentados acima estão em dB, o ruído total em um par

será a soma logarítmica de todas as interferências (RFEXT1, RNEXT1, RRL1, RALIEN1).

)10101010log(10 1010

1

10

1

10

Rpsfext1

1

1RAlienRrlRpsnext

R

−−−−

+++−= (11)

O ruído medido no receptor será referenciado pelo sinal de entrada, sendo então

que o ruído recebido será:

R = S - R1 (dB) (12)

Que é a relação entre o sinal e o ruído SNR em decibel.

Page 70: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

69

4.3.6 A Relação Sinal/Ruído

A relação entre o sinal e o ruído (SNR) é dada pela fórmula

SNR= 10log(Ps/Pr) (13)

Como o sinal e o ruído estão relacionados com o sinal de entrada (Si) pode-se

desconsiderá-lo visto que estarão na mesma base. Logo:

SNR = 10logPS – 10logPR (14)

SNR = S – R1 (15)

Logo quanto menor for a atenuação, melhor será a relação SNR do sinal.

4.3.7 Capacidade de Shannon

A partir da equação acima é possível calcular a capacidade de Shannon. A

capacidade de Shannon é a máxima capacidade que um canal possui em transmitir,

em bits por segundos. Esta teoria foi desenvolvida por Claude Shannon durante a

Segunda Guerra Mundial e faz uma relação entre a capacidade de transmissão e o

SNR de um canal. É dado pela equação:

+=

Pr

Ps1 W.log C 2 (16)

Onde,

C = capacidade de Shannon (bits/s);

W = largura de banda (Hz);

Ps = a potência do sinal;

Pr = a potência do ruído.

Page 71: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

70

5 CONCLUSÃO

Alteração da velocidade do cabeamento estruturado para 10 Gb/s é uma

alternativa factível, no entanto ela deve ser muito bem estudada e analisada. Todas

as condições de influencia da performance do canal devem ser verificadas,

principalmente no que tange ao Alien Crosstalk. Como visto neste documento, este

efeito é muito instável e é dependente de muitas variáveis, tais como o a qualidade

dos componentes, distanciamento de conectores, distanciamento entre cabos e,

principalmente o comprimento total do canal.

Para que possa ser realizada uma análise das principais alterações possíveis

para o atendimento do TSB-155 é necessário, antes de tudo, verificar a atenuação

do canal; porque, como foi visto acima, este é o principal efeito no cálculo do Alien

Crosstalk. Posteriormente deve-se verificar a disposições dos cabos onde estão

instalados. Cabos postos em bandejas ou em prumadas, cujas fixações ou

amarrações são realizadas com fitas, são extremamente suscetíveis aos efeitos de

Alien Crosstalk. Sendo assim a análise da implantação do TSB-155 em backbones

devem ser repensadas, pois o método de fixação dos cabos deste tipo de

cabeamento é muito rígido.

Finalmente a qualidade dos componentes do canal, sempre que possível devem

ser alterados para componentes categoria 6A, principalmente os Patch Cord, que

possuem uma influência muito grande, pois as conexões do cabeamento estruturado

terminam invariavelmente nesses componentes. E as conexões são grandes

geradoras de ruídos.

Page 72: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

71

É importante ter em mente que o cabeamento categoria 6 não substitui o

cabeamento categoria 6A, pois este último já foi projetado para as velocidades

acima citadas, e os componentes categoria 6 são projetados e otimizados para

trabalharem até 250 MHz, e não além disso. A extensão dessa freqüência deve ser

muito bem analisada, como já foi dito anteriormente.

Page 73: TRANSMISSÃO DE DADOS A 10 Gb/S EM PAR METÁLICO … · indústria de equipamentos ativos de rede e um desafio para as indústrias de equipamentos passivos (como o cabeamento). O

72

6 REFERÊNCIAS

[1] TSB-155, Guidelines For The Assessment And Mitigation Of Installed Category 6 Cabling To Support 10GBase-T

[2] ANSI/EIA/TIA 568-B.2, Commercial Building Telecommunications Cabling Standard - Part 2: Balanced Twisted-Pair Cabling Components

[3] ANSI/EIA/TIA 568-B.2-1, Commercial Building Telecommunications Cabling Standard Part 2: Balanced Twisted Pair Cabling Components Addendum 1 - Transmissionperformance Specifications For 4-Pair 100 Category 6 Cabling

[4] ANSI/EIA/TIA 568-B.2-10, Transmission Performance Specifications For 4-Pair 100 Ohm Augmented Category 6 Cabling

[5] 10 Gbase-T - Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection (CSMA/CD) Access Method and Physical Layer Specifications - Amendment 1: Physical Layer and Management Parameters for 10 Gb/s Operation, Type 10GBASE-T

[6] HUGHES, Harold. Telecommunications Cables. Universidade de Michigan. 358p

[7] Wikipedia, 2008a, Padrão 802.3, http://En.Wikipedia.Org/Wiki/802.3, Acesso em Maio/2008.

[8] _____. Meeting the Network Connectivity Challenge: A Report on the Global Technology Trends for the Physical Layer of the Enterprise. Systimax, 2005. 32p.

[9] TANENBAUM, Andrew S. . Computer Networks. 4ª Edição. Prentice Hall, 2003. 384p.