transformaÇÕes na estrutura do setor elÉtrico · 1 transformaÇÕes na estrutura do setor...
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Propostas para abertura de mercado e aspectos estratégicos
TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA DO SETOR ELÉTRICO 1
Três pontos...
Setor elétrico vem sofrendo transformações estruturais profundas do ponto
de vista da concentração e da origem do capital
Marco regulatório brasileiro não está equipado para a nova realidade do
setor elétrico
É preciso elevar o padrão de governança corporativa, garantir regras
isonômicas de competição e fazer uma análise estratégica de investimentos
Sumário...
Transformações estruturais do setor elétrico
Lacunas do marco regulatório brasileiro
Proposta de um novo marco regulatório
❑ Níveis de concentração
❑ Aumento da participação do capital estrangeiro
Transformações estruturais do setor elétrico...4
Mercado de geração é competitivo...
Grau de concentração no mercado de geração Participação de mercado na geração de energia elétrica
CR4 é de
44,7%
HHI é igual a 1069
competitivo
Mercado de transmissão é concentrado...
Grau de concentração do mercado de transmissão:
Participação de mercado na transmissão de energia elétrica:
CR4 é de
85,4%
HHI é igual a 3461,5
altamente concentrado
Mercado de distribuição é competitivo...
Grau de concentração do mercado de distribuiçãoParticipação de mercado na distribuição de energia elétrica
CR4 é de
63,4%
HHI é igual a 1135
competitivo
O capital estrangeiro tem ganho participação no período recente...
Participação dos vencedores dos leilões (2016/18)
Fonte: Aneel. Elaboração Própria. Nota: Leilões realizados entre janeiro de 2016 e junho de 2018.
.
37%
28%
35%
Transmissão
11%
68%
21%
Geração
EstrangeiroPrivado
Estrangeiro Estatal
Nacional Privado
Concentração horizontal segundo o Cade...
Dificuldade de mapear os grupos
econômicos alerta a possibilidade de
haver maior concentração do que
aparenta.
É preocupante se, depois de uma
negociação, o HHI variar mais do que
100, em mercados alta ou
moderadamente concentrados.
1069
3461
1135
0
1500
3000
4500
Geração Transmissão Distribuição
Concentração por HHI
Alto
Médio
Baixo
O custo de capital de países emergentes é maior do que o de países
maduros...
• A ANEEL utiliza a metodologia de custo
médio ponderado de capital (“WACC”
ou “custo de capital”) que considera as
diferentes fontes de financiamento.
WACC – weighted average cost of
capital
• Custo de capital: rentabilidade mínima
requerida sobre o capital investido em
uma determinada empresa ou
empreendimento com fins lucrativos
10
Fonte: Aneel, Antaq, Arsesp, MF, ANTT
8,09%8,50% 8,62% 8,62%
9,20%
9,90% 10,00%
10,60%
DistribuiçãoEnergia
Aeroportos Gás Saneamento Rodovias TransmissãoEnergia
Portos Ferrovias
WACC nos setores de infraestrutura – Brasil
❑ Falta transparência sobre origem do capital
❑ Não há monitoramento de concentração
❑ Não há estímulo à boa governança corporativa
❑ Inexiste avaliação estratégica
❑ Faltam estímulos de efeitos de spill over
Lacunas do marco regulatório brasileiro...11
Origem do capital nem sempre é clara...
Não é trivial mapear a propriedade dentro do setor.
Existem casos de empresas que operam no Brasil, que
são subsidiárias de empresas europeias, mas na
realidade são detidas por governos asiáticos.
Este é o caso da EDP (Energias de Portugal), que tem
como a maior acionista votante a Three Gorges
Corporation, empresa estatal chinesa.
12
Fonte: Elaboração Própria. Nota: Operações realizadas entre janeiro de
2016 e dezembro de 2018.
Origem do capital nas operações de M&A no setor de geração (2016 a 2018)
Capital nacional compete com custo de capital relativamente mais alto...
Fonte: Aneel, Antaq, Arsesp, MF, ANTT
13
Média do custo do capital próprio para investimentos(ke nominal) - %
Aspectos de governança e transações com partes
relacionadas têm sido ignorados...
• Para a eficiência da economia e bem estar do consumidor,
não adianta substituir o monopólio estatal brasileiro pelo
monopólio estatal estrangeiro
• Empresas estatais estrangeiras podem utilizar a outorga de
serviços no setor com intuito exclusivo de fomentar o
mercado local de origem do capital (serviços ou
equipamentos estrangeiros) ou aumentar artificialmente sua
rentabilidade
Subsídios governamentais não têm recebido a devida atenção...
Nos leilões de geração e transmissão de energia elétrica, os aspectos específicos de cada
empresa ditam o preço oferecido
Porém, empresas estrangeiras possuem vantagem comparativas já que conseguem captar
recursos mais baratos em seus mercados nativos
Algumas delas têm subsídios governamentais, nem sempre perenes. Sua interrupção
pode afetar a sustentabilidade de uma concessão
15
❑ É necessário um projeto de lei articulado a mudanças de
outros normativos
Propostas para um novo marco regulatório...16
Propostas estão organizadas em cinco conjuntos...
Governança corporativa
Condições isonômicas de concorrência
Sustentabilidade das concessões
Estímulo à geração de efeitos de “spillover”
Critérios associados à infraestrutura crítica e segurança nacional
Governança corporativa: conceitos...
▪ Partes relacionadas (art. 5º da Res. 484/12)
• Proposta: abranger qualquer contratação com empresa fornecedora de
bens e serviços sob controle comum, considerando a participação estatal
▪ Grupo societário (artigo 3º da Res. 484/12)
• Proposta: Considerar todas as empresas como pertencentes ao mesmo
grupo
• Identificar participação total sujeita ao controle pela somatória das
participações individuais
• Aumentar abrangência regulatória
Estímulo às melhores práticas de governança
corporativa...
▪ A Resolução nº 787/2017 (governança corporativa das distribuidoras de
energia elétrica), prevê parâmetros de avaliação e de flexibilização das
regras regulatórias, a depender do nível de governança
• Proposta: ampliação dos benefícios garantidos às empresas que
tiverem aderido regime diferenciado de Governança Corporativa da
B3 (Novo Mercado, 1º ou 2º Níveis ou Bovespa Mais)
• Vantagens: (i) incentivo do aumento de transparência e a adoção de
regras mais sólidas de accountability; (ii) monitoramento do
comportamento da empresa pelo próprio mercado; e (iii)
flexibilização das assimetrias regulatórias propostas
Defesa da concorrência no mercado: monitorar o
grau de concentração do mercado...
▪ Monitoramento de concentração de mercado
• Revisão da atuação da ANEEL: Criar regras específicas a partir da
participação de mercado para mitigar: (i) efeitos adversos ao modelo
de regulação aplicável e (ii) impactos à segurança do sistema
▪ “Patamar relevante” para segurança do ACR (art. 5º, IV da Res. 484/12)
• Proposta: (i) definir o conceito; (ii) abranger demais mercados; e (iii)
impor gatilho para assimetrias regulatórias em função da concentração
de mercado, independentemente das outorgas detidas pelas empresas e
da origem do capital
Defesa da concorrência pelo mercado e governança
corporativa: contratação com partes relacionadas
▪ Contratação com partes relacionadas
• Precedidas de processo seletivo sempre que possível (Res. 699/16, art. 3º)
• Considerando o esclarecimento conceitual proposto de “partes
relacionadas” o processo seletivo seria aplicado para mais situações,
evitando o desvio de finalidade na aplicação dos recursos da concessão
• Proposta: lei para regulamentar o procedimento seletivo:
• Considerar as propostas de empresas nacionais que apresentem bens ou
serviços substitutos
• Ampliar previsão de contratos vigentes de preferência para aquisição de
bens ou serviços de empresas nacionais
Aprimorar concorrência pelo mercado: alterações
em habilitação
▪ Problema: Requisitos usualmente exigidos não garantem a concretização dos
investimentos: dificuldade de executar valores em outras jurisdições
• Proposta: (i) afastar exigências incompatíveis (e.g.: patrimônio líquido e
obtenção de autorização prévia de funcionamento no Brasil) e (ii) exigir
instrumentos que possam garantir investimentos (e.g.: garantia de
execução do contrato mais robusta no lugar de comprovação de
patrimônio líquido mínimo)
Aprimorar concorrência pelo mercado: alterações
em editais para garantir sustentabilidade...
▪ Problema: Empresas estrangeiras podem perder subsídios comprometendo
os investimentos necessários
• Proposta: Inserir obrigações em editais:
• Fundamento: art. 17, §1º da Lei nº 8.987/95
• Licitantes devem apresentar: (i) fontes para financiamento e (ii) no caso
de fontes governamentais: mecanismos de financiamento, garantias de
sua manutenção, e participação no financiamento total do projeto
• Caso recursos não sejam perenes (e.g. contrato de longa duração), o
licitante não estaria habilitado
Estímulo à geração de efeitos de “spillover”...
• Proposta: Incluir como critério de seleção manutenção de centros de
decisão e de P&D em território nacional
▪ Contratações de alto valor
• Proposta: realização de procedimento simplificado de concorrência,
para aquisições em patamar superior a valor a ser determinado
• Considerar as propostas de empresas nacionais que apresentem bens
ou serviços substitutos
• Ampliar previsão de contratos vigentes de preferência para aquisição
de bens ou serviços de empresas nacionais
Infraestrutura crítica e segurança nacional...
▪ Diversas jurisdições possuem mecanismos de “análise estratégica”
• Fundamento: efeitos na soberania e na segurança nacional
• Constituição (art. 172) permitiria mecanismo semelhante no Brasil
▪ Mecanismo que pode ser adotado em arranjo institucional existente:
• Câmaras de Conselho de Governo: poderiam receber a prerrogativa de
avaliar e qualificar ativos específicos como “infraestrutura crítica”
• A Presidência (ou algum Ministério) analisaria a conveniência e
oportunidade de investimentos estrangeiros em infraestrutura crítica,
podendo adotar medidas concretas para mitigar preocupações
• Decreto nº 9.573, de 22 de novembro de 2018: Política Nacional de
Segurança de Infraestruturas Críticas
Relembrando os três pontos...
Setor elétrico vem sofrendo transformações estruturais profundas do ponto
de vista da concentração e da origem do capital
Marco regulatório brasileiro não está equipado para a nova realidade do
setor elétrico
É preciso elevar o padrão de governança corporativa, garantir regras
isonômicas de competição e fazer uma análise estatégica de investimentos
Muito obrigado!
Anexo I – Propostas normativas
▪ Proposta: inserir os parágrafos 5º e incisos ao art. 3-A da Lei nº 9.427/1996
Art. 3-A Além das competências previstas nos incisos IV, VIII e IX do art. 29 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
aplicáveis aos serviços de energia elétrica, compete ao Poder Concedente:
§ 5º. No caso de contratações de serviços e aquisição de equipamentos e materiais vinculados ao serviço outorgado, que possuam valor
estimado superior a R$XX, a ANEEL poderá obrigar, na forma da regulamentação, concessionária, permissionária ou autorizatária a
considerar ofertas de fornecedores independentes, inclusive os nacionais, baseando suas decisões a respeito da contratação na
comparação das diversas ofertas apresentadas, a partir da avaliação do cumprimento de critérios objetivos de preço, condições de
entrega e especificações técnicas, observando adicionalmente os seguintes aspectos:
I – No caso de equivalência entre ofertas, a empresa concessionária deve se obrigar a utilizar como critério de desempate a preferência
a equipamentos e materiais produzidos no País, conforme o processo produtivo básico e a serviços e produtos oferecidos por empresas
situadas no País.
II – Entende-se que há equivalência entre ofertas quando o preço nacional for menor ou igual ao preço do importado, posto no
território nacional, incluídos os tributos incidentes e o prazo de entrega for compatível com as necessidades do serviço.
▪ Proposta: Incluir o§2º no art. 3º da Resolução Normativa nº 699/2016
Art. 5-C. Na hipótese de enquadramento nas condições previstas no artigo 5º, inciso IV, os atos e negócios jurídicos celebrados por
agentes setoriais devem ser estabelecidos em condições estritamente comutativas, de forma a não onerar as partes desproporcionalmente,
incluindo, quando couber, processos licitatórios, para as aquisições em valores superiores a [X].
§ 1º A eventual impossibilidade de realização de processo licitatório nas contratações de que trata este artigo deverá ser devidamente
fundamentada no pedido de anuência prévia.
§ 2º Nos processos licitatórios de que trata este artigo, os agentes setoriais deverão garantir, no caso de equivalência das propostas,
preferência a atos e negócios jurídicos:
I – que se refiram a produtos ou serviços nacionais, na forma da legislação; e
II – a serem celebrados com empresas com sede e administração no País.
▪ Proposta: inserir o parágrafo 3º ao art. 23 da Lei nº 9.427/1996
“Art. 23. As licitações realizadas para outorga de concessões devem observar o disposto nesta Lei, nas Leis no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, 9.074, de 7 de julho de 1995, e, como norma geral, a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
(...)
§ 3º. A participação de pessoas jurídicas estrangeiras nas licitações de que trata o caput deste artigo observará também ao seguinte:
I – Quando da entrega dos documentos relativos à habilitação, o licitante estrangeiro poderá optar por substituir a apresentação de
decreto de autorização para funcionamento no País por declaração de que se compromete a realizar todos os atos e diligências
necessários para a obtenção das autorizações necessárias, ou de que constituirá sociedade com sede e administração no Brasil, caso seja
declarado vencedor do certame.
II – Na hipótese em que o licitante estrangeiro optar por apresentar a declaração referida no inciso anterior, a assinatura do contrato
objeto da licitação ficará condicionada à obtenção das necessárias autorizações ou constituição da sociedade.
III – Serão dispensadas eventuais exigências de qualificação econômico-financeira, inclusive relativas à comprovação de patrimônio
líquido ou capital mínimo, que poderão ser atendidas mediante a apresentação de garantia de proposta acrescida de [X]% sobre o valor
exigido para os demais licitantes.
IV – As certidões ou atestados de obras ou serviços prestados no exterior deverão observar as formalidades para emissão no país de
origem, sendo consideradas válidas no País para fins de comprovação de aptidão técnica, independentemente de registro local junto às
entidades profissionais competentes.
▪ Proposta: inserir os parágrafo 4º ao art. 23 da Lei nº 9.427/1996
“Art. 23. As licitações realizadas para outorga de concessões devem observar o disposto nesta Lei, nas Leis
no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, 9.074, de 7 de julho de 1995, e, como norma geral, a Lei no 8.666,
de 21 de junho de 1993.
(...)
§4º Nas licitações de que trata o caput os licitantes ficam obrigados a apresentar seu plano de negócios com
indicação das fontes utilizadas para sustentar economicamente sua proposta e, caso essas fontes sejam
governamentais, indicar qual os mecanismos de financiamento, as garantias associadas à sua manutenção, bem
como a participação dessas fontes no financiamento total do projeto, sob pena de desclassificação da proposta.
▪ Proposta: inserir o §2º ao art. 10 à Lei de Conversão da Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019 (que
estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência)
Art. 10. Ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República compete:
(...)
§ 2º. Nos casos de desestatização ou outorga de ativos qualificados como infraestrutura crítica, que possuam alta relevância para a
segurança e a preservação da soberania nacional, caberá ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, no
exercício da competência estabelecida pelo inciso XI do caput deste artigo, recomendar ao órgão responsável, de forma excepcional
e devidamente fundamentada, restrições à participação de entidades estrangeiras nas pessoas jurídicas resultantes da operação.”
▪ Proposta: Inserir o parágrafo único ao artigo 6º do anexo do Decreto nº 9.573/2018 (que aprovou a Política
Nacional de Segurança de Infraestruturas críticas)
Art. 6º A Estratégia Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas consolidará os conceitos e identificará os principais
desafios para a atividade de segurança de infraestruturas críticas, com a definição dos eixos estruturantes e dos objetivos
estratégicos, de forma a criar as melhores condições para que o País possa se antecipar às ameaças e aproveitar as
oportunidades de aprimoramento da segurança de infraestruturas críticas.
(...)
Parágrafo único. A Estratégia Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas definirá, ainda, dentre as infraestruturas críticas, os
ativos estratégicos de alta relevância para a preservação da defesa e soberania nacional, os quais se sujeitarão à prévia análise
pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República de que trata o art. 10, § 2º da [Lei de conversão da Medida
Provisória nº 870, de 1º de janeiro de 2019].”
▪ Proposta: Acrescentar o parágrafo 6º ao artigo 3º do Substitutivo do Projeto de Lei nº 9.463/2018
“Art. 3º A desestatização da Eletrobras fica condicionada à aprovação pela Assembleia Geral das seguintes condições:
(...)
III - a alteração do estatuto social com vistas a:
(...)
b) impedir que qualquer acionista ou grupo de acionistas, brasileiro ou estrangeiro, possa exercer votos em número superior a
dez por cento da quantidade de ações em que se dividir o capital votante da Eletrobras;
(...)
§ 6º Entende-se por grupo de acionistas, para fins do disposto na alínea “b” do inciso III do caput deste artigo, o conjunto de pessoas
ou entidades que, em suas relações de capital, estão conectadas em razão de controle societário, incluindo-se as relações de controle
exercidas por meio de participações estatais.”
▪ Proposta: Alterar a redação do inciso VI do art. 3º da Resolução Normativa nº 484/2012
“Art. 3º Para os fins do disposto nesta Resolução, considera-se que:
(...)
VI – o grupo societário é o conjunto de pessoas ou entidades que em suas relações de capital estão conectadas em razão de
controle societário, incluindo-se as relações de controle exercidas por meio de participações estatais.”
▪ Proposta: Alterar a redação do inciso IV e inserir parágrafo único ao art. 5º da Resolução Normativa nº
484/12
Art. 5º Depende de prévia anuência da ANEEL a transferência de controle societário direto e indireto:
(...)
IV – dos agentes setoriais de geração, transmissão, distribuição e comercialização, cujo pretenso controlador integre grupo societário
que detenha ou passe a deter com a operação pretendida, participação na geração, transmissão, distribuição ou comercialização em
patamar relevante para a segurança do Ambiente de Contratação Regulado – ACR.
Parágrafo único: Entende-se como em patamar relevante para a segurança do Ambiente de Contratação Regulado – ACR:
a) Para o mercado de geração de energia elétrica, a geração de mais de [x% do mercado];
b) Para o mercado de transmissão de energia elétrica, a transmissão de mais de [x% do mercado];
c) Para o mercado de distribuição de energia elétrica, a distribuição de mais de [x% do mercado];
d) Para o mercado de comercialização de energia elétrica, a comercialização de mais de [x% do mercado];
▪ Proposta: Inserir o artigo 5 – A na Resolução Normativa nº 484/12
Art. 5-A. A ANEEL poderá, a seu critério, quando da concessão da anuência prévia, estabelecer obrigações específicas para os
agentes setoriais que se enquadrem ou passem a se enquadrar, como resultado da operação pretendida, nas condições previstas no
artigo 5º, inciso IV, na forma estabelecida na regulamentação.
Parágrafo único. Aplicam-se as disposições deste artigo às hipóteses de aquisição de ativos por meio de ofertas públicas, inclusive
objeto de desestatização.
▪ Proposta: Inserir o artigo 5 – B na Resolução Normativa nº 484/12
Art. 5-B. A ANEEL garantirá que os agentes setoriais e seus controladores assegurem a efetiva existência
e atuação, em território nacional, dos centros de deliberação e implementação das decisões estratégicas,
gerenciais, logísticas, comerciais, operacionais e técnicas envolvidas no cumprimento dos contratos de
concessão, inclusive fazendo refletir tal obrigação na composição e nos procedimentos decisórios de seus
órgãos de administração, na hipótese de enquadramento nas condições previstas no artigo 5º, inciso IV.
Art. 3º Os atos e negócios jurídicos entre Agentes do Setor Elétrico e suas Partes Relacionadas devem ser
estabelecidos em condições estritamente comutativas, incluindo, quando couber, processos licitatórios, de forma a não
onerar as partes desproporcionalmente.
(....)
§ 2º Nos processos licitatórios de que trata este artigo, os Agentes do Setor Elétrico deverão garantir, no caso de
equivalência das propostas, preferência a atos e negócios jurídicos a serem celebrados com empresas com sede e
administração no País, na hipótese de enquadramento nas condições previstas no artigo 5º, inciso IV, da Resolução
Normativa nº 484, de 2012.
▪ Proposta: Incluir o§2º no art. 3º da Resolução Normativa nº 699/2016
▪ Proposta: Alterar a redação do inciso IV, alínea a, do art. 2º da Resolução Normativa nº 699/2016
Art. 2º Para fins do disposto nesta Resolução, considera-se:
(...)
IV São partes relacionadas ao Agente do Setor Elétrico:
a) seus controladores, suas sociedades controladas e coligadas bem como as controladas e coligadas de
controlador comum, incluindo-se as relações de controle exercidas por meio de participações estatais;”
▪ Proposta: Inserir o item 6 .1 ao Anexo I da Resolução Normativa nº 787/2017
6- Simplificação da avaliação (Encapsulamento avaliativo por avaliação externa)
6.1. As distribuidoras, ou concessionárias subsidiárias integrais de controladoras, que tiverem aderido a regime
diferenciado de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) – Novo Mercado,
2º ou 1º Níveis ou Bovespa Mais – ou certificadas pelo Programa Destaque em Governança de Estatais –
Categorias 1 ou 2 – ou classificadas nas Categorias A ou B nos termos da INSTRUÇÃO CVM Nº 480, de 7 de
dezembro de 2009, poderão, a critério da ANEEL, ser isentadas das obrigações estabelecidas para os agentes
setoriais enquadrados no artigo 5º, inciso IV, da Resolução Normativa nº 484, de 2012.
Anexo II - Benchmark
REGISTRO DE CAPITAISMedidas que exijam a notificação do governo sobre a operação, mesmo que apenas para fins de registro de informações e sem prejuízo de serem a etapa inicial para
processos que possam resultar em controle prévio ou revisão administrativa
CONTROLE PRÉVIOMecanismos pelos quais determinado ente do governo analisa as operações antes mesmo de serem concretizadas, podendo resultar na imposição de medidas restritivas ou mesmo
no bloqueio.
REVISÃO ADMINISTRATIVACompetência atribuída por diversas jurisdições a um algum dos seus órgãos (ou até mesmo um órgão próprio criado exatamente para exercer essa atribuição) de rever os
investimentos estrangeiros direcionados a setores específicos da economia, com poderes amplos e discricionários de adotar medidas restritivas
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia - Benchmark
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa
Estados Unidos
Muito embora os certos
investimentos estrangeiros no
setor de energia devam ser
submetidos à órgãos da
Administração dos Estados
Unidos (DOJ, FERC, PUCs), a
submissão das informações é
utilizada para a análise do
investimento (seja do ponto de
vista regulatório seja do ponto
de vista político) e não se
configura como apenas uma
obrigação de registro do capital.
Entidades: Comissão Federal Reguladora de Energia (FERC),
Comissões Estatuais de Serviços Públicos (PUCs),
Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ)
O controle das Comissões (FERC e PUCs) baseia-se em
aspectos regulatórios, mas pode considerar também a
presença de interesse público no investimento. Em tese essas
Comissões teriam a prerrogativa de restringir operações com
investidores estrangeiros, com base na sua interpretação do
que atende ao interesse público, com algum grau de
discricionariedade. O estudo, no entanto, indicou que até o
momento isso nunca ocorreu.
O DOJ atua de modo a defender a concorrência na análise de
fusões no setor de energia estadunidense. A legislação
antitruste estadunidense exige que algumas transações sejam
notificadas antes de serem concluídas, a depender do
tamanho da operação e das partes envolvidas
Entidade: Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) e
Presidente dos Estados Unidos.
O controle do Comitê baseia-se em preocupações com segurança nacional. Pode
atuar mediante notificação ou de ofício, de modo prévio ou a posteriori.
De acordo com o estudo, operações de investimento estrangeiro em “infraestrutura
nacional essencial” são historicamente consideradas como potencialmente
geradoras de riscos à segurança nacional.
O Comitê pode recomendar que o Presidente bloqueie os investimentos que
entender noviços à segurança nacional.
Cabe ao Presidente decidir acatar ou não a recomendação para bloquear
operações feita pelo Comitê de Investimento Estrangeiro.
Em 2018, o Presidente bloqueou a proposta hostil feita pela Broadcom Ltd. para
adquirir a americana Qualcomm Inc. O óbice à transação ocorreu por conta de
suspeita de que a Broadcom deixaria de investir em pesquisa e desenvolvimento ou
adotaria outras medidas para enfraquecer o desenvolvimento tecnológico dos EUA
frente a outros países, como a China.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia - Benchmark (continuação)
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa Observações
União
Europeia
Uma concentração
econômica com
dimensão europeia
deve ser notificada ao
Diretório Geral de
Competição da
Comissão Europeia.
Não há. Não há.
Atualmente inexiste qualquer mecanismo de
extensão europeia para controle de
investimentos. Em setembro de 2017, a
Comissão Europeia divulgou uma minuta de
Resolução para harmonizar os diversos
mecanismos de controle nacionais de
investimento estrangeiro.
No sistema de defesa da concorrência, a
competência para a análise é exclusiva da
Comissão Europeia. Apesar disso, os Estados-
membros podem interferir no processo e tomar
medidas para proteger interesses nacionais
legítimos, como segurança pública.
Isso ocorreu, por exemplo, na operação de
aquisição da CGI, empresa estatal, pela IBM
França, em que as autoridades francesas
alegaram interesses legítimos de segurança
pública.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa Observações
França
Entidades:
Ministério da
Economia e
Banco da
França.
Algumas
operações
envolvendo
investimento
estrangeiro
devem ser
notificadas ao
Ministério da
Economia e ao
Banco da
França.
Entidade: Ministério
da Economia.
Especificamente no
tocante à energia, o
setor é considerado
como estratégico
para a economia
nacional (conceito
que incluiu também
os setores de defesa,
segurança, água,
transporte, dente
outros), e os
investimentos
estrangeiros
direcionados ao setor
dependem de
anuência prévia do
Ministro da Economia
para serem
concretizados
Entidade: Ministério da Economia. O Ministério pode revisar
as decisões da Autoridade da Concorrência e dar nova
decisão sobre proibir ou aprovar operações, com base no
interesse público
O Ministério pode também solicitar à Autoridade da
Concorrência uma segunda fase do processo para estudar
mais profundamente a operação.
Um exemplo de atuação política do governo francês com
relação a investimentos estrangeiros se refere a sua atuação
na aquisição de uma das subsidiarias da empresa francesa
Alstom, pela General Eletric. Em um primeiro momento o
Governo demonstrou preocupações com a pretensão e
acenou para a possível utilização de mecanismos para barrar
a operação.
Após extensa negociação a operação acabou sendo
concretizada, mas com condicionantes. Ao fim das
negociações o governo francês recebeu a opção de compra
de até 20% das ações da empresa resultante da operação e
conta com dois representantes no conselho de administração
da empresa.
A França também adota um requisito de capital
mínimo como mecanismo de restrição à participação
estrangeira no setor de energia. O Estado Francês
deve ser detentor de parte do capital e do direito de
voto da Électricité de France (70%) e da Engie
(33,33%) uma vez que ambas detêm o monopólio
estatal na produção, transporte e distribuição de
eletricidade e gás, respectivamente.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)
PaísRegistro de
capitaisControle prévio Revisão administrativa Observações
Alemanha
Entidade:
Ministro de
Relações
Econômicas e
Energia.
O Ministro pode
exigir a
notificação de
operações
envolvendo
investimento
estrangeiro em
setores
estratégicos.
Entidade: Ministro de
Relações
Econômicas e
Energia.
Ministro pode revisar
as decisões da
autoridade
concorrencial alemã,
revertendo proibições
com base em
critérios relacionados
à economia nacional,
à segurança nacional
ou à relevante
interesse público.
Entidade: Ministro de Relações Econômicas e Energia.
O Ministro pode exercer a revisão administrativa quando
houver investimento estrangeiro que pretenda adquirir direta
ou indiretamente 25% ou mais dos direitos de voto de uma
empresa alemã e a aquisição proposta puder significar uma
ameaça à ordem pública ou à segurança nacional.
O Ministro realiza um controle prévio dos investimentos
estrangeiros em todos os setores e empresas, podendo
vedar a concentração ou autorizá-la com condicionantes, de
modo que a regulação cita expressamente áreas estratégicas
que devem ser analisadas com maior profundidade, qual seja
infraestrutura crítica, incluindo energia, tecnologia da
informação e telecomunicações, dentre outros
Em julho de 2018, o Governo Alemão adquiriu
participação acionária na empresa 50Hertz, uma das
quatro operadoras de transmissão do sistema de
energia elétrica.
A aquisição ocorreu por razões de segurança nacional
e teve como objetivo político afastar os investidores
chineses da State Grid Corporation que mostravam
interesse na 50Hertz.
Nesse caso, a operação não poderia ser barrada pelos
métodos de controle formais porque não estavam
preenchidos todos os requisitos para a atuação do
Ministro de Relações Econômicas e Energia.
PaísRegistro de
capitaisControle prévio Revisão administrativa Observações
Itália
Entidade: Governo
Italiano.
O Governo pode
exigir a notificação
de operações que
envolvam
investimentos
estratégicos em
setores
estratégicos, como
o de energia.
Entidade: Governo Italiano.
O Governo italiano goza de “poderes de
ouro” para analisar operações envolvendo
investimentos estrangeiros em setores
estratégicos.
Os poderes de ouro abrangem medidas
amplas, como a imposição de obrigações
às partes envolvidas e de restrições e
vetos.
Em 2018, o Governo Italiano bloqueou a
aquisição da italiana Next Ingegneria dei
Sistemi, empresa especializada em
sistemas de defesa, pelo grupo francês
Altran, por razões de segurança nacional.
Entidade: Conselho de Ministérios.
O Conselho pode revisar decisões da
Autoridade Concorrencial, proibindo
operações aprovadas a fim de proteger a
economia nacional ou em casos de
aquisição de empresa italiana por empresa
estrangeira oriunda de país em que se
discrimine a empresa italiana.
Na análise concorrencial de
operações, a Autoridade
Garante da Concorrência e
do Mercado pode
excepcionalmente autorizar
transações específicas em
razão de interesse relevante
para a economia nacional,
sendo necessário que o
Governo Italiano verifique
determinados critérios.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa Observações
Espanha
Entidade: Ministério da
Economia e Ministro
da Indústria, Energia e
Turismo.
Qualquer investimento
estrangeiro deve ser
notificado ao
Ministério da
Economia.
O Ministro da
Indústria, Energia e
Turismo pode exigir
notificação sobre o
fechamento de
operações envolvendo
participação acionária
empresas de energia
e relativas a ativos
estratégicos.
Entidade: Conselho de Ministérios e Ministro da
Indústria, Energia e Turismo.
O Conselho de Ministérios pode suspender
operações de investimento estrangeiro que
possam afetar a ordem pública, a segurança e
a saúde pública.
O Ministro da Indústria, Energia e Turismo
controla o percentual de participação acionária
em empresas de energia, quando envolvem
ativos estratégicos.
O Ministro pode impor restrições à empresa
target ou àquela que adquiriu seus ativos.
Entidade: Governo Espanhol e Ministério da
Economia.
O Ministério da Economia pode questionar as
decisões da Comissão Nacional do Mercado e da
Concorrência relativas à análise concorrencial
perante o Governo Espanhol.
O Governo pode revisar a decisão, aprovando ou
proibindo a operação com base em critérios de
interesse público, como segurança e defesa
nacional.
Não há.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa Observações
Reino
UnidoNão há. Não há.
Entidades: Gabinete de Mercados
de Gás e Eletricidade e Comissão
Europeia.
O Gabinete e a Comissão
realizam um processo de
certificação adicional, que avalia
o risco de segurança do
aprovisionamento do controle e
da propriedade estrangeiros no
setor de energia e gás, dentre
outros fatores.
Não há quadro legal
específico para o controle de
investimentos estrangeiros.
No sistema de defesa da
concorrência, a Autoridade
de Concorrência e Mercado
e a Secretaria do Estado
podem investigar operações
em setores sensíveis da
economia, em que haja
implicações de segurança
nacional.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)
País Registro de capitais Controle prévio Revisão administrativa Observações
Austrália
Entidades: Operadora do Mercado de
Energia Australiano, Ministro do Tesouro e
Secretaria do Departamento de Relações
Internas.
Qualquer agente que atue nos segmentos
de geração, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica deve se
registrar perante a Operadora.
Operações de aquisição de pelo menos
20% de participação de empresas
australianas ou de terras australianas
devem ser notificadas ao Ministro do
Tesouro.
Informações acerca de ativos de
infraestrutura crítica devem ser registradas
perante a Secretaria do Departamento de
Relações Internas
Entidade: Ministro do Tesouro.
O Ministro analisa operações específicas
envolvendo investimento estrangeiro, a depender do
tipo de investidor, do tipo de investimento e do setor.
Baseia-se em critérios como: segurança nacional,
concorrência, políticas públicas, impactos na
economia nacional e caráter do investidor.
Pode autorizá-las previamente, impor-lhes
condições ou proibi-las, conforme o atendimento ao
interesse nacional.
Em 2016, o Ministro rejeitou ofertas da State Grid
Corporation (China) e da Cheung Kong
Infrastructure Holding (Hong Kong) para
arrendamento dos ativos de rede de eletricidade
australiana, com base em preocupações de
segurança nacional.
Entidade: Ministro de
Relações Internas.
O Ministro pode emitir
determinações às entidades
e aos operadores de
infraestruturas críticas para
que tomem ou se abstenham
de tomar atitudes.
Baseia-se em riscos à
integridade nacional.
Em 2018, o Ministro do
Tesouro anunciou que todas
as operações futuras de
venda de eletricidade e ativos
de distribuição seriam
acompanhadas de restrições
de controle e condições para
compradores estrangeiros,
com consideração do caso
concreto e das restrições já
impostas em casos
anteriores.
Mecanismos de controle de investimento estrangeiro no setor de energia -Benchmark (continuação)