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Transcrição de Teleconferência Resultados do 3T12 Braskem (BRKM3 BZ) 9 de novembro de 2012 1 Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao 3T12. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente; Marcela Drehmer, Vice-presidente de Finanças e RI; e Guilherme Mélega, Diretor de RI e Controladoria. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela Internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Guilherme Mélega, Diretor de RI e Controladoria da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Guilherme, pode prosseguir. Guilherme Mélega: Bom dia, senhoras e senhores. Gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do 3T e dos 9M12. Inicialmente, lembramos que, em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. Vale ainda ressaltar que a partir do 2T a Companhia passou a reconhecer em suas demonstrações contábeis os investimentos em empresas controladas em conjunto mensurados pelo método de equivalência patrimonial e não mais consolidados proporcionalmente. Além disso, a não ser que expresso em contrário, para os períodos demonstrados, o resultado consolidado da Braskem reflete a consolidação proporcional da Refinaria de Petróleo Rio-Grandense até o 1T12; a consolidação integral da Cetrel a partir do 2T11, com retroatividade a janeiro de 2011 e; a partir do 4T11, o negócio de polipropileno adquirido da Dow.

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Transcrição de Teleconferência Resultados do 3T12 Braskem (BRKM3 BZ) 9 de novembro de 2012

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Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao 3T12. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente; Marcela Drehmer, Vice-presidente de Finanças e RI; e Guilherme Mélega, Diretor de RI e Controladoria. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela Internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Guilherme Mélega, Diretor de RI e Controladoria da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Guilherme, pode prosseguir. Guilherme Mélega: Bom dia, senhoras e senhores. Gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do 3T e dos 9M12. Inicialmente, lembramos que, em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. Vale ainda ressaltar que a partir do 2T a Companhia passou a reconhecer em suas demonstrações contábeis os investimentos em empresas controladas em conjunto mensurados pelo método de equivalência patrimonial e não mais consolidados proporcionalmente. Além disso, a não ser que expresso em contrário, para os períodos demonstrados, o resultado consolidado da Braskem reflete a consolidação proporcional da Refinaria de Petróleo Rio-Grandense até o 1T12; a consolidação integral da Cetrel a partir do 2T11, com retroatividade a janeiro de 2011 e; a partir do 4T11, o negócio de polipropileno adquirido da Dow.

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As informações aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes. Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários. No slide de número 3, falaremos dos principais destaques da Companhia. A Braskem operou seus crackers a uma elevada taxa de utilização no 3T do ano, que atingiu uma média de 92%, 4 p.p. superiores à taxa média do trimestre anterior. No trimestre sazonalmente de maior demanda de resinas termoplásticas, o mercado brasileiro apresentou alta significativa de 18%, atingindo 1,3 milhão de toneladas. A Braskem acompanhou esse expressivo crescimento e registrou volume de vendas de resinas de 951 mil toneladas. O maior volume de vendas foi um dos principais fatores que influenciaram o EBITDA do 3T, que atingiu R$930 milhões, alta de 10% em relação ao trimestre anterior. Excluindo os efeitos não recorrentes de R$108 milhões do EBITDA do 2T12, o crescimento foi de 26%. Em dólares, o EBITDA do trimestre foi de US$459 milhões, 7% superior. No que tange à sua estratégia de agregação de valor às correntes existentes, a Braskem deu início às operações das plantas de PVC e butadieno, que já atingiram taxas de operação normalizadas ao longo do 3T. Em relação à estratégia de diversificação de matéria-prima, a Braskem continuou avançando em seu projeto greenfield do México. Foi celebrado o contrato de EPC com o consórcio composto por Odebrecht, Technip e Ica Fluor. As obras de construção civil atingiram 14% do cronograma previsto, de modo a assegurar o start-up da operação em 2015. A Companhia também deu início ao pre-marketing de vendas, estabelecendo um posicionamento comercial no mercado local. Ainda no trimestre, a Braskem recebeu a aprovação de US$300 milhões do EDC para a estruturação de financiamento do projeto, que somado às linhas já aprovadas totalizou US$3,3 bilhões. Alinhado ao seu compromisso com a higidez financeira, a Braskem antecipou o pagamento de R$400 milhões de dívida junto ao BNDES, cujas taxas estavam menos atrativas do que oportunidades existentes no mercado local; e quitou sua última dívida com compromissos formais de financiamento. Passando para o slide de número 4. Neste slide observamos o desempenho do mercado brasileiro de resinas termoplásticas e a performance da Braskem. A demanda por resinas termoplásticas atingiu 1,3 milhão de toneladas no 3T12, significativa alta de 18% em relação ao período anterior. Além da sazonalidade do trimestre, na qual a cadeia se prepara para as compras de fim de ano, a maior demanda também foi positivamente influenciada pelos estímulos adotados pelo Governo Federal. As vendas de resinas termoplásticas da Braskem acompanharam o mercado local e apresentaram crescimento de 19% em relação ao 2T, mantendo o market share no patamar de 70%. Na comparação com o 3T11, as vendas da companhia tiveram alta de 11%, refletindo a expansão de 6 p.p. de seu market share. Passando para o slide de número 5. Neste slide, apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA do 3T12 na comparação com o trimestre anterior. O EBITDA consolidado da Companhia foi de R$930 milhões, um aumento de 10% em relação ao

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EBITDA de R$845 milhões do 2T12. Excluindo-se o impacto dos itens não recorrentes, que totalizaram R$108 milhões, o EBITDA do 3T12 apresentou crescimento de 26%. O maior volume de vendas de resinas e petroquímicos básicos foi um dos principais fatores que influenciaram esta alta, e montaram R$262 milhões no trimestre. A queda de 17% no preço na nafta ara de referência para o fornecimento doméstico não foi suficiente para conter a redução dos spreads no período, em linha com a tendência de queda do mercado internacional e dessa forma, tivemos uma margem de contribuição negativa em R$93 milhões. Por sua vez, a apreciação de 3% do USD médio gerou um efeito positivo de R$73 milhões, sendo R$296 milhões positivos na receita e R$223 milhões negativos no custo. O aumento de R$49 milhões em custo fixo e DVGA é explicado principalmente pelo maior volume de vendas, que levou à alta com as despesas de distribuição. É importante ressaltar que a Companhia permanece focada na busca contínua pela melhoria de sua competitividade, mantendo seus melhores esforços em reduzir seus custos fixos. Passando para o próximo slide. No slide de número 6, apresentamos o EBITDA dos 9M12 comparado ao EBITDA do mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o EBITDA consolidado da Braskem foi 15% inferior ao apresentado no mesmo período de 2011. O maior volume de vendas e a apreciação do USD, que teve um efeito positivo de R$796 milhões, não foram suficientes para compensar a retração dos spreads de resinas e petroquímicos básicos, que apresentaram queda de 23% e 13%, respectivamente, em linha com o mercado internacional. A variação entre os períodos foi ainda influenciada pela alta de R$331 milhões nos custos e despesas, explicada, principalmente, pelo maior dispêndio com vendas e distribuição, em resposta à consolidação dos ativos de PP adquiridos ao final de 2011, bem como a maior disponibilidade de produto, que havia sido afetada pelo menor volume de produção dos ativos brasileiros devido à interrupção do fornecimento de energia no nordeste e paradas programadas de manutenção. Passando para o slide de número 7. O slide 7 ilustra o endividamento da Braskem. Em 30 de setembro de 2012, a Companhia apresentou dívida bruta de US$8,4 bilhões, 2% superior à registrada em 30 de junho de 2012, decorrente da captação em julho de US$250 milhões em bônus com vencimento em 2041. O valor da dívida bruta contempla ainda o bridge loan da Braskem do projeto México no montante de US$195 milhões e que deverá ser repago no momento da estruturação do project finance. Em reais, a dívida bruta foi de R$17,0 bilhões, uma alta de 2%. A dívida bruta atrelada ao dólar foi de 69%. O saldo de caixa e aplicações apresentou alta de 8%, totalizando US$1,9 bilhão, explicado pela maior geração de caixa no período. Em linha com sua estratégia de manutenção de liquidez, a Braskem tem uma cobertura de 31 meses de amortização de dívida. Considerando as 2 linhas de crédito rotativo, stand by, no montante de US$600 milhões, a cobertura é alongada para 35 meses.

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A dívida líquida consolidada da Companhia, tanto em reais quanto em USD, ficou praticamente inalterada entre os trimestres, R$13,2 bilhões e US$6,5 bilhões. A dívida líquida atrelada ao dólar foi de 85%. A manutenção da dívida líquida associada à redução de 6% do EBITDA nos últimos 12 meses, que montou US$1,7 bilhão, explicada pela contração dos spreads no mercado internacional, fez com que a alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA passasse de 3,55x para 3,77x quando medida em USD. Em reais, a alavancagem se manteve em 4,02x, similar ao trimestre anterior. Em setembro, a Companhia realizou a liquidação de sua última dívida que estabelecia covenants - compromissos formais de financiamento. Excluindo o saldo total da companhia do bridge loan do projeto México e seu respectivo caixa, a alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA cai para 3,92x em reais e 3,67x em USD. Destaca-se ainda no trimestre o pré-pagamento de empréstimos com BNDES no montante de R$400 milhões, que tinham condições financeiras e prazos menos atrativos do que outras oportunidades de mercado local. Em 30 de setembro, o prazo médio do endividamento era de 15,4 anos, similar ao prazo médio 15 anos registrado em 30 de junho de 2012. Se considerarmos apenas a parcela da dívida em dólares, o prazo médio foi de cerca de 21 anos. O custo médio da dívida da Companhia no 3T foi de 6,27% em USD e 8,29% em reais. Passando para o slide 8. No slide 8 apresentamos o CAPEX dos 9M12. A Braskem, mantendo seu compromisso com a realização de investimentos com retorno acima de seu custo de capital, realizou investimentos operacionais que totalizaram R$1,385 bilhão. Cerca de R$575 milhões, ou 42% desse montante, foram direcionados aos projetos de aumento de capacidade e melhoria operacional dos seus ativos. Em relação ao projeto do México, a Braskem investiu no que corresponde à sua parte de equity, R$34 milhões no período. A estruturação do project finance que já tinha tido aprovação de US$3 bilhões recebeu uma aprovação adicional de US$300 milhões pela EDC no trimestre. No que tange o seu desembolso para 2012, o investimento estimado é de aproximadamente R$1,7 bilhão, sendo cerca de 40% direcionados aos projetos de aumento de capacidade. Passando para o próximo slide. No slide de número 9 apresentamos o cenário macroeconômico e a perspectiva da indústria petroquímica. O cenário ainda é de instabilidade. A crise financeira europeia continua a influenciar o desenvolvimento das economias emergentes e da norte-americana, que dava sinais de recuperação e que agora também poderá ter seu crescimento afetado pela passagem do furacão Sandy. Soma-se a este cenário as questões geopolíticas dos países árabes, que pressionam pela alta dos preços do petróleo e da nafta, principal matéria-prima para indústria petroquímica. Consequentemente, a rentabilidade da indústria petroquímica continua a ser afetada. No curto prazo, espera-se que os spreads internacionais continuem apresentando

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forte volatilidade. Todavia, espera-se uma melhoria gradual na rentabilidade do setor já em 2013. No caso do Brasil, a expectativa é de que as políticas adotadas pelo governo estimulem a retomada da economia e sustentem a demanda por produtos químicos. Dentre as recentes medidas adotadas pelo governo, destacam-se neste trimestre o aumento do imposto de importação para 100 produtos, relacionados a diversos setores, como siderurgia, petroquímica, química fina, medicamentos e bens de capitais e a redução da tarifa de energia elétrica. A expectativa é de que essas medidas, associadas aos estímulos anteriormente adotados, bem como as propostas levadas pelo conselho de competitividade da indústria química, ao Governo Federal, que visam fomentar o crescimento do setor, tragam um novo ciclo de investimentos para o país. A Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016 também deverão ser pilares de crescimento para economia brasileira nos próximos anos. Passando para o slide 10. Neste último slide apresentamos as principais concentrações da administração. A Braskem, em linha com sua estratégia de fortalecimento do seu negócio e de elevação da sua competitividade, permanece comprometida com o fornecimento do seu principal mercado consumidor, trabalhando para a construção de uma política industrial brasileira, que fortaleça a cadeia petroquímica e de plásticos. A Companhia permanece focada ainda na continua melhoria da parceria com seus clientes e consequente expansão de seu market share no mercado brasileiro; Na captura integral das sinergias provenientes das aquisições de Quattor e dos ativos de PP nos EUA e Europa; na constante busca de sua eficiência operacional, através da redução de custos e da adição de valor ao seu portfólio de produtos; no bom funcionamento e captura do caixa adicional das novas plantas de PVC e butadieno, que visam agregar valor às correntes já existentes; na construção e finalização da estrutura de financiamento do seu projeto greenfield do México; projeto este que está totalmente alinhado à estratégia de diversificação e competitividade de matéria-prima da Braskem, fortalecendo sua presença da companhia na região da América do Norte, atual detentora de uma das reservas de gás mais competitivas do mundo; sem descuidar da manutenção de sua higidez financeira em um cenário de crise global. Encerramos aqui a nossa apresentação e passamos para a sessão de perguntas e respostas. Paula Kovarsky, Itaú BBA: Bom dia a todos. Vou começar com duas perguntas. Vocês poderiam falar para nós um pouco de como está a cara da demanda doméstica já no 4T? Nós observamos que setembro deve ter sido um mês que fez muita diferença no resultado do trimestre. Então, na verdade eu queria entender se foi alguma coisa pontual, precedendo um eventual anúncio de aumento de preço, ou se vocês estão vendo a demanda mantendo um patamar mais forte em outubro e novembro, e qual é a expectativa de vocês já considerando a sazonalidade para o 4T em termos de demanda doméstica. E ainda no mercado brasileiro, como vocês estão vendo a reação das importações, a perspectiva do aumento de imposto? O que nós ouvimos é que, na verdade, boa parte dessa retração da importação já aconteceu, na medida em que você demora dois ou

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três meses para receber o produto e, portanto, se o imposto está válido para janeiro, isso já está basicamente refletido na demanda, ou se vocês ainda esperam ganho de market share no 4T. Carlos Fadigas: Bom dia, Paula. Com relação ao mercado do 4T, e depois eu entro um pouco mais em importação, que é a sua segunda pergunta. De fato, vimos uma aceleração do 3T, dentro dos meses de julho, agosto e setembro. Como você mesma colocou, o mês de setembro foi melhor, o que permitiu com que o trimestre superasse em volume o 2T em 18%. Infelizmente, quase a totalidade desse incremento de volume é pura sazonalidade. Tanto que uma comparação com o ano anterior mostra o crescimento de 1 p.p., que é, de certa forma, nossa expectativa para o ano de 2012, a essa altura. Já vínhamos falado de um número um pouco menor. Vou lembrar que no ano passado o mercado de resina não cresceu, e estamos esperando para este ano o crescimento de 1 p.p. Isso tem a ver, primeiro, com o PIB de 1,5%; acho que a expectativa média a esta altura é de 1,5%, 1,6%. Tem a ver ainda com a entrada de transformados, nossos clientes seguem sofrendo com a guerra dos portos, além da própria Braskem; ,as falando de mercado, crescimento de mercado de transformados, consumo de resina para produção de transformados. Avançando para o 4T, nós temos uma visão de outubro, e como tem um perfil de concentração de compra dos nossos clientes na segunda metade do mês, eu não tenho ainda a leitura de novembro. Então eu tenho uma visão de um mês dentro dos três meses do 4T. O que eu posso dizer é que o mercado deve recuar uns de 8 p.p. pelo movimento normal de sazonalidade. Paula Kovarsky: Você diz 4T contra 3T? Carlos Fadigas: 4T contra 3T, um recuo de mais ou menos 8%, 9%, se for seguir o perfil normal de sazonalidade, o que nos deixaria no ano com um crescimento não muito diferente de 1 p.p. E o comportamento que estamos vendo em outubro está vindo nessa direção. Um ponto para ficarmos de olho é movimento de preço lá fora. Uma queda de preço vai gerar postergação de compra de 2012 para dentro do ano de 2013, e isso justamente acontece em dezembro, e uma aceleração de preços lá fora pode ajudar esse trimestre, porque os clientes, quando veem preço subindo, antecipam compra. Mas isso é uma coisa para monitorarmos no final do ano. Esse é o tipo de coisa que pode mudar um pouco o volume desse 4T. Mas em termos de expectativa, seria normal, excluindo variações de preço do último mês do ano, é um trimestre por volta de 8%, 9% mais fraco com relação ao 3T.

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Com relação a importações, já conseguimos uma redução das importações e ganhos de market share de Braskem. Se você olhar nosso market share de poliolefinas, PE e PP, que está em 77%, se você voltar um ano, já somamos 6 p.p. O número de um ano atrás, 3T, era um número de 71%. Houve sim alguma importação no mês de setembro, quando saiu a definição do Governo de elevação da alíquota de importação de PE, de 16% para 20%, que passou a vigorar em 1º de outubro. Quando saiu essa decisão, os clientes trouxeram um pouco mais de volume, mas isso já ficou dentro do mês de setembro. Já vimos alguma coisa, nada muito expressivo, mas eu não espero que um volume grande chegue no 4T por conta disso. Apesar de ter tido uma janela de pouco menos de um mês entre anúncio e início de vigor na medida, as compras feitas chegam um pouco mais tarde, como você mesma colocou. Portanto, não teve muito espaço para o mercado importar, porque essas importações chegariam já no 4T, com um imposto de importação um pouco mais alto. O que eu vejo avançando é o crescimento de market share de Braskem, que você pode traduzir como redução do market share de importados, por dois fatores: primeiro, em PVC nós temos a missão de elevar o nosso market share, que está por volta de 50%, e vamos trabalhar para ganhar pelo menos 4 p.p. e temos uma fábrica nova de PVC. Então, PVC tende a avançar por conta disso. No polietileno, também pretendemos avançar. Agora tem o imposto de importação mais alto, e a Braskem vai usar esse custo de importação para ganhar mercado, esse é objetivo do Governo, e esperamos avançar em cima do share de importado. Câmbio não deve evitar muito essa dinâmica. Estamos vendo um câmbio mais ou menos flat. Apesar de estar R$2,04 hoje, estimamos o câmbio na zona de R$2,02. Mesmo se estiver R$2,04, não muda muito a título de importação. Então, não é por câmbio, é mais por imposto de importação. Acho que veremos, no 4T, na verdade, uma redução do share de importado, um ganho de share de Braskem impulsionado por esse dois fatores: uma planta nova em PVC e uma alíquota de importação maior em PE, que pretendemos capturar como ganho para a Braskem através de volume de venda, e não através de preço. Paula Kovarsky: Esse ganho de market share que você mencionou, essa é uma discussão que vimos tendo há algum tempo. Como você está vendo, Fadigas, ganho de market share vis-à-vis margem? Nós ainda vimos nesse trimestre, apesar de ter sido um trimestre melhor do ponto de vista de demanda, um nível de margem EBITDA razoavelmente deprimido; dá para fazer a conta com ou sem a revenda de nafta, mas ainda assim é um trimestre de margens bastante apertadas. Vocês anunciaram alguns aumentos de preços, teve até algum tipo de reação na mídia, que obviamente não sabemos quão verdadeira é, de algum desgosto do Governo por aumento de preço por conta do imposto de importação. Mas do ponto de vista de margem, vocês estão conseguindo recuperar market share com ou sem sacrifício? Tentar entender um pouco mais o que ainda podemos imaginar de melhora de margem nos próximos um, dois ou três trimestres.

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Carlos Fadigas: Paula, deixe-me eu aproveitar para esclarecer um ponto. O jornal Estado de São Paulo soltou um artigo na segunda-feira desta semana que dizia equivocamente que a Braskem tinha aumentado seus preços em 20%. Apesar de a reportagem trazer a produção da Braskem também, o seu tom estava negativo e estava equivocado. A Braskem até conversou com o Estado de São Paulo para deixar claro para eles que o que estava colocado ali estava errado. Para aproveitar e ratificar um pouco mais, nós somos a favor da elevação da alíquota, trabalhamos em favor da elevação da alíquota de importação de PE e também de vários produtos de nossos clientes. Eu já volto para a sua pergunta original, mas quero cobrir outro ponto que é importante. Elevamos a alíquota de produtos transformados, tanto de PE quanto de PP e PVC, em favor da cadeia. E eu acho também que o fim da guerra dos portos na virada do ano, agora de 2012 para 2013, deve ajudar os nossos clientes. Voltando para o nosso ganho de market share com ou sem sacrifício, uma parte da evolução feita até agora, do ano passado para este ano, como eu comentei, 71% para 77%, foi com sacrifício. Você sabe disso. Isso tem uma tradução, por exemplo, em margem EBITDA e margem de serviço. O que pretendemos fazer de agora em diante é fazer esse ganho, para usar a sua expressão, „sem sacrifício‟, usando naturalmente a alíquota de importação para fazer com que isso se traduza em ganho de mercado. Nós não pretendemos subir preço além da dinâmica internacional; a Braskem seguirá precificando seus produtos seguindo a dinâmica internacional. Por outro lado, também não pretendemos baixar preço para ganhar mercado. Não é essa a visão. A visão é exatamente poder manter a política que vimos praticando, seguindo os preços internacionais, e trazer market share para a Companhia em função do diferencial de alíquota de importação. Eu entendo que é a mensagem clara do Governo. O mercado brasileiro tem que ser atendido pela indústria brasileira e a elevação da alíquota tem esse objetivo. Espero que isso se reverta em favor de Braskem. Quando falamos em margem EBITDA, para fechar, teremos que faturar dez outras coisas, como vocês sabem muito bem, de câmbio a preço internacional, spread internacional, taxa de operação. Aí é uma resposta um pouco mais abrangente. Paula Kovarsky: Mas vocês entendem que esse patamar de margem não deveria ser o patamar recorrente, idealmente? Carlos Fadigas: Idealmente. Agora deixe-me falar de margem EBITDA. Não vou falar mais de margem de serviço versus market share, vou falar de margem EBITDA, e aproveitamos e

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entramos um pouco na nossa visão para o 4T. Depois eu posso até falar de margem no longo prazo. Para o 4T, o que estamos vendo é um câmbio estável. O mercado deve recuar uns 8% ou 9%, e a Braskem vai tentar consertar idealmente até a metade desse movimento; aí em uma meta mais ambiciosa, compensar mais ou menos metade desse movimento de retração de mercado via ganhos de market share, especialmente, como eu falei, em PVC e em PE. Não pretendemos perder todos os 8 p.p. ou 9 p.p. de retração de mercado, de sazonalidade. Pretendemos perder, se conseguirmos, metade disso, apenas. Já falei de câmbio, já falei de expectativa de mercado, já falei de expectativa de market share de Braskem. Em spread, nós não vemos muita novidade neste exato momento. E aí, talvez antes de entrar em spread, eu tenha que comentar da volatilidade do mercado internacional. Nós estamos conversando aqui no dia 09 de novembro, e minha recomendação para todos que estão ouvindo o call e querem ter uma ideia de margem de Braskem no 4T é acompanhar preço do mercado internacional. Nós estamos acompanhando, claro, dia a dia, mas o mercado tem ficado muito volátil. O que nós experimentamos em junho deste ano, se voltar um pouco, o que experimentamos de dezembro para janeiro, na virada de 2011 para 2012, a previsibilidade desse mercado diminuiu. Acho que de 2007, 2008, até setembro, antes de o mundo mudar, a previsibilidade era uma, e hoje é mais baixa. Então eu vou me arriscar aqui a falar um pouco de spread, mas faço antes disso um comentário sobre a baixa previsibilidade do comportamento do mercado. Nós não sabemos o que vai acontecer com Europa, com China, e isso muda muito o impacto de margem, tanto de resina quanto petroquímicos básicos. Mas hoje, no começo de novembro, não vemos muita alteração em margem de resina no mercado global. Nós podemos ter alguma recuperação de margem de petroquímico básico, mas essa é mais volátil de todas, e acho que todos vocês já fatoram, você já fatora o movimento de média móvel do contrato com a Petrobras. 70% da nossa nafta é comprada da Petrobras, comprada com preço médio dos últimos três meses, e tem uma média móvel aí. Se nafta cair, e nossa previsão é que a nafta se reduza um pouco, ela chegou a preços um pouco mais altos no 3T; e se nafta cair isso tende a ter um efeito negativo, porque vamos continuar pagando nafta de média móvel dos últimos três meses. Na junção dos fatores, eu não vejo movimento muito grande spread, porque eu acho que vale a pena seguirmos acompanhando spread e acompanhando preço de petroquímico lá fora. Andando para frente, Paula, eu não acho que a Braskem tem que rodar com margem EBITDA de 9% ou 10%, que é onde estamos hoje. E estamos trabalhando para resolver o assunto. Mas é uma solução de longo prazo. Primeiro, esperamos que 2013 tenha uma margem melhor; continua a previsão de pico de petroquímico em 2015. Essa provisão, vocês sabem, andou para frente em um ano.

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A Braskem está trabalhando para colocar daqui a 30 meses para operar uma central nova do México, a partir de base gás. Estamos trabalhando a nossa central do Rio de Janeiro no maior volume possível. Infelizmente, a limitação é o volume de gás que a Petrobras consegue nos abastecer. E estamos trabalhando para valorizar as correntes de centrais, e aí entra o projeto de atender ETBE que já fizemos, o projeto de butadieno que está rodando, uma série de outros projetos que a Braskem tem no pipeline, também para valorizar as correntes de centrais. Eu tenho uma resposta mais abrangente para dar, mas tem uma série de deveres de casa internos que você conhece, de sinergia, custo fixo; e externo, acho que para o ano que vem já entra o fim da guerra dos portos, 9 p.p. Dois dias atrás, o Confaz fez um reunião para regulamentar como vai tratar a redução do ICMS, a movimentação interestadual do ICMS que ajuda a acabar com a guerra dos portos, e isso nos ajuda tanto no volume de transformado que entra quanto no volume de resina que entra, também. Essa é uma medida importante, que pode ajudar a margem EBITDA de Braskem para frente. Estamos trabalhando também em cima do assunto de energia, a Braskem é consumidora de energia; tem uma conta anual de energia de R$800 milhões, e estamos trabalhando também nessa frente, para trazer maior parte possível dessa desoneração para Braskem. E por fim, o REIQ, Regime Especial da Indústria Química, para exonerar matéria-prima. Essa é a parte mais relevante, mas mais imprevisível também. O Governo vem reclamando que está perdendo espaço fiscal para seguir dando desoneração. Resumindo, no longo prazo tem um movimento de mercado, tem elevação de spread no tempo, tem um movimento de Braskem de adição de capacidade, tem o movimento de Braskem interno de dever de casa em uma série de frentes, e tem o dever de casa importante da Braskem na parte institucional, que surtiu efeito em Santa Catarina, na guerra dos portos, surtiu efeito na aprovação da PRS-72, que virou Resolução 13; estamos trabalhando para trazer mais desoneração de energia, e acho que o wild card nessa história é exatamente o REIQ, que tem uma concentração importante nossa. Paula Kovarsky: Está ótimo. Muito obrigada. Auro Rozenbaum, Banco Bradesco: Bom dia a todos. Fadigas, mudando um pouco o foco da conversa, nós observamos que, apesar da flutuação de preço de nafta nesse último trimestre, os preços das resinas não estão acompanhando. Eu queria que você comentasse um pouco se isso já efeito da participação de shale gas, e se você poderia nos atualizar um pouco com relação ao crescimento de capacidades nos Estados Unidos provenientes de shale gas. Obviamente, você também está acompanhando os volumes gigantescos que a China está já começando a desenvolver. Como isso deve afetar o mercado de vocês no futuro?

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Carlos Fadigas: Auro, deixe-me começar com o 3T e depois nós avançamos um pouco mais para o futuro. O spread internacional do 3T, nossa visão é de que isso está mais relacionado a momento de economia e demanda, especialmente China e União Europeia, do que excesso de oferta vindo dos Estados Unidos. Não achamos que no 3T12 as adições, que na verdade não são adições de capacidade; são adições de capacidade via VBN, desgargalamento, muito mais do que capacidade nova. Nenhuma das construções de capacidade novas entrou no mercado ainda. Então, teve sim uma expansão de oferta americana em cima de VBN, taxas de operação mais altas, e achamos que não foi isso que mexeu no spread. Foi muito mais um volume de compra menor de China, uma economia europeia que só não está em recessão técnica por conta de uma ou duas economias do bloco; matematicamente não está, mas na prática o bloco inteiro quase está, com a Alemanha salvando a média. Falando de shale para frente, o primeiro efeito, nós estamos acompanhando um fator que é o volume dos produtores base gás com vantagem competitiva em relação ao total do mercado. Vou elaborar um pouco mais a ideia. No passado você tinha uma parcela pequena do mercado com uma vantagem grande, leia-se Oriente Médio, e uma parte enorme do mercado, 80%, trabalhando em um patamar muito similar de preço. Eu estou voltando uns três ou quatro anos no tempo. Então, era fácil para esses 20% precificarem, colocarem seus produtos no mercado no preço do produtor marginal base nafta, e ficar para eles, Oriente Médio, essa vantagem. Na medida em que há mais pessoas com vantagem competitiva de preços, Estados Unidos se somando ao Oriente Médio, eles continuarão precificando o seu produto no preço do produtor marginal. Essa é a boa lógica econômica. Eles continuarão colocando seu produto no mercado, no preço do produtor marginal base nafta. Mas na medida em que não estamos falando mais de uma parcela pequena do mercado, a disciplina desse mercado pode diminuir. Não acho que diminua no ano que vem, mas à medida que caminhamos para 2015 e 2016, essa disciplina pode diminuir um pouco. Pode haver uma tentação de esses 40%, 50% do mercado que têm vantagem competitiva de abrir mão um pouco dessa vantagem, baixando o preço de resina para capturar o mercado do produtor marginal base nafta. Tendo dito isso, os dados que temos em relação a crescimento de oferta e crescimento de demanda, mesmo com a China adicionando bastante capacidade, apontam para um crescimento de demanda de mais de 4%, 4,3%, 4,2%, e aí estou falando de um número que retroage no começo deste ano e vai de 2012 a 2017. São dados da IHS, antiga CMAI, e temos uma tendência de crescimento de oferta, que mesmo com adição de China, e mesmo com alguma adição de capacidade dos Estados Unidos, fica abaixo de 4%. È isso que justifica o pico de rentabilidade do setor se concentrando no ano de 2015 e 2016. Mas temos que acompanhar duas coisas: a primeira delas é o ritmo de adição

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dos Estados Unidos. Eu não acho que venha nada relevante para o mercado antes de 2015 e 2016. Estamos acompanhando, porque estamos construindo um cracker na América do Norte, no México, que fica pronto em 2015, e nenhum dos crackers americanos anunciados – Dow, Chevron Phillips, Exxon Mobil e tantos outros – ficam prontos antes disso. Temos que acompanhar a entrada deles, que é o que pode por fim, e provavelmente vai virar tendência depois de 2015 e 2016, e saímos do pico de alta por conta dessa capacidade. Então, China preocupa menos. Vai continuar net importer, as capacidades chinesas já estão contempladas, assim como as americanas, daqui até lá, e eu acho que tem que acompanhar o que acontece depois de 2015 e 2016. E entre hoje e 2015, acompanhar se o ritmo de adição americano de fato fica dentro do que está sendo projetado. O risco que corremos é uma aceleração muito mais em brown field, debottlenecking, adição de forno e central, que pode fazer com que o ritmo de oferta, que estamos estimando abaixo de 4% para o mundo inteiro, se acelere um pouco e diminua a intensidade do pico que prevemos em 2015 e 2016. Auro Rozenbaum: Minha segunda pergunta, mudando mais uma vez de assunto, é sobre quantiQ. Vocês têm falado bastante sobre uma venda de quantiQ, até em um valor de cerca de US$500 milhões. Vocês podem comentar? Carlos Fadigas: Posso comentar. E eu prefiro fazer um comentário mais genérico. Saiu uma reportagem, acho que há umas quatro semanas, falando de possível venda de quantiQ, e acho inclusive que quando falam de valor de quantiQ, falavam mais ou menos nesse valor de US$500 milhões, mas houve um equívoco em relação a valor, sinceramente. A quantiQ é fruto da fusão de dois ativos, a Unipar Comercial e a Ipiranga Comercial Química, e é um ativo muito menor do que isso. Mas vou lhe dar uma resposta mais genérica. Nós anunciamos, e o jornal tratou isso com bastantes detalhes, que a Braskem está conservadora em relação ao ritmo de investimento para frente. Vocês acompanham Braskem, tivemos R$4 bilhões de EBITDA em 2010; no ano seguinte, de 2011, tivemos R$3,7 bilhões, e estamos rodando abaixo do ritmo de 2011. Em 2011, a essa altura, já tínhamos feito mais EBITDA do que fizemos até agora. Por conta disso, temos obrigação de, por disciplina financeira, tratar com bastante cuidado os investimentos da Companhia para frente. O que nós estamos fazendo na outra ponta para sustentar esses investimentos nos próximos anos? Braskem está construindo no México, pretende construir o Comperj; e o que podemos fazer para sustentar esse ritmo de investimentos? Tem uma agenda de liquidez que, se não é administrada pela área financeira, ela é monitorada, é acompanhada, medida pela área financeira, que abrange uma série de frentes. Primeiro, tem um esforço grande de estoques, e isso vale para estoque de matéria-prima, estoque de produto intermediário, estoque de produto final; tem a ver com impostos, recuperação de ICMS, uma agenda permanente da Braskem; prazo de

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contas a receber, que a Braskem também admite que acompanha para não ficar com muito dinheiro parado na mão dos seus clientes. A otimização dos investimentos, a forma de fazer o investimento. Nós comentamos no passado a assinatura de um contrato com a Enterprise, nos Estados Unidos, através do qual a Enterprise vai investir em uma desidrogenadora de propano e vender propeno à Braskem, mas é a Braskem que está tomando, via contrato, o risco e o benefício de spread entre propano e propeno. Então, é uma forma de ter o seu fornecedor fazendo investimento por você. Comentamos que o projeto do butadieno foi financiado pelos compradores de butadieno da Braskem, e desinvestimento entra nesse pacote. A Braskem, na medida em que tenta sustentar seu portfólio de investimento, considera também desinvestimento para tirar capital de uma frente menos prioritária e colocar numa frente mais prioritária. É claro que isso tem que respeitar dois critérios. Primeiro, um critério econômico: temos que desinvestir algo com uma taxa de retorno menor que o retorno que vemos no investimento que nós estamos fazendo; e segundo, o critério estratégico. Vamos investir sempre no que é estratégico, e se desinvestirmos alguma coisa, será sempre no que não é estratégico para a Companhia. Eu prefiro dar essa visão mais genérica do que entrar especificamente em ativos, porque ativos nós poderíamos estar desmobilizando ou não, se isso está em curso ou não. Auro Rozenbaum: Está ótimo. Obrigado, Fadigas. Vicente Falanga, Banco Santander: Bom dia, Fadigas. Eu tenho duas perguntas. Primeiro com relação ao aumento de taxas de importação, não ficou claro. Fala-se na mídia que poderia ter outra lista de produtos saindo, incluindo polipropileno. Essa lista existe? Ela já saiu, ou vai sair? Quando vocês esperam que ela saia, se é que vocês esperam? E a minha segunda dúvida é em relação à conversa de vocês com as agências de rating. Vimos que a Fitch deu perspectiva negativa para o seu crédito. Você consegue nos passar o sentimento das conversas que vocês estão tendo com essas agências? Obrigado. Carlos Fadigas: Vicente, vou comentar do imposto de importação, e aí eu passo para a Marcela Drehmer para falar um pouco dos nossos diálogos, nossa interação com as agências de rating. Existem duas listas da elevação de imposto de importação. Duas listas de 100 produtos cada uma de imposto de importação. Uma já saiu, em setembro, e já foi implementada em 1º de outubro, e é nessa primeira lista que entrou o polietileno, e foi nessa primeira lista que conseguimos incluir transformados dos nossos clientes, tanto

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de polietileno quanto de polipropileno e de PVC, mostrando a preocupação da Braskem de apoiar a cadeia, e defender também a cadeia de transformação no Brasil. Isso já aconteceu. Começou a vigorar em 1º de outubro, e esperamos usar isso para ganhar market share já nesse 4T12. O Governo fala de uma segunda lista. Essa segunda lista não tem uma data para acontecer. O que lemos na imprensa é que essa segunda lista poderia acontecer no 1T13; espero que ela aconteça antes, mas o que lemos é 1T13. E a inclusão ou não do PP, polipropileno, vai depender de duas coisas: primeiro, uma avaliação da própria Braskem, se é pertinente incluir o polipropileno nessa lista; e segundo, o próprio Governo, que é quem define quem entra ou não na lista. Então, passa por uma definição de Braskem de pedir ou não a inclusão de polipropileno, e passa por uma decisão do Governo de aceitar ou não essa inclusão do polipropileno. Claro que fazendo qualquer movimento desse estaremos de olho também no efeito disso para a cadeia, porque temos que trabalhar pensando sempre no setor. Não adianta subir meu imposto, se o meu cliente vai ficar exposto no transformado. Mas esse é um assunto que estamos acompanhando. Só um comentário final, antes de passar para a Marcela e para a questão do rating, a Presidente da República falou em um evento mais ou menos um mês atrás sobre essa elevação do imposto de importação, e o Brasil, o Governo brasileiro parece estar muito seguro do que tem que fazer nessas elevações de imposto de importação. Ainda que a imprensa critique aqui e ali, o que temos visto é tanto China quanto Estados Unidos trabalhando suas moedas em favor das suas indústrias locais. A reeleição do Obama, inclusive, tende a manter essa política – não sei se o Romney mudaria ou não, mas claramente com o Obama essa política segue. O governo americano segue inundando o mercado de USD, desvalorizando sua moeda em relação às outras. A indústria americana, que já surfa em cima de uma energia barata do shale e de uma matéria-prima barata, especificamente para a indústria de química, tem uma moeda desvalorizada. E a China, ao atrelar sua moeda à americana, faz a mesma coisa. O Governo brasileiro menciona esses movimentos, critica esses movimentos, e explica que está fazendo a elevação do imposto de importação como medida para proteger sua indústria. Então, eu acho absolutamente pertinente, absolutamente correto, absolutamente corajoso do Governo brasileiro, só para expressar a posição da Braskem nessa discussão de política industrial. E eu espero que venha a segunda lista, e vamos trabalhar para que ela venha, vamos trabalhar para defender o setor. Se o PP especificamente entrará ou não, é uma definição que nós vamos tomar no tempo. Passo a bola aqui para a Marcela.

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Marcela Drehmer: Nossa conversa com a agência de rating no sentido da confirmação dos nossos ratings é muito baseada em alguns fatores específicos. Acho que, principalmente, a liderança da Braskem no mercado, a confiança no Management da Braskem e na sua entrega; vários compromissos ao longo do ano que foram gerados, foram entregues. A posição muito forte dos shareholders da Braskem, e, por fim, a questão da segurança financeira. É claro para a agência de rating que a dívida líquida da Braskem tem se mantido estável; a dívida relativa, dívida líquida/EBITDA, tem subido em função da queda do EBITDA, fruto da queda dos spreads. Portanto, tem uma disciplina da Companhia, e isso é visto com bons olhos pela agência de rating, em manter sua dívida estável e qualificá-la. Dívida de longo prazo, um nível de liquidez é importante; então não temos nenhuma pressão no curto prazo, e o principal efeito é da queda de rentabilidade, não fruto da falta de diligência da Companhia, mas sim fruto de um cenário global que está um pouco fora do controle da própria Empresa. Outro ponto positivo que eles analisam é que as principais medidas do Governo brasileiro em prol do mercado e da indústria começam a valer com mais força a partir do final deste ano e início do próximo ano. A expectativa é que algum resultado, alguma margem, e é nossa expectativa também, passe a voltar para dentro do resultado da Companhia em função dessas medidas. Estamos falando basicamente do PRS-72 (48:55), do 3911, e eventualmente de outras medidas que podem vir. Então, acho que as forças da Companhia, como eu falei, que são vistas com bons olhos pelas agências de rating, são essas: liderança de mercado, disciplina financeira, alto nível de liquidez, a capacidade dos seus acionistas e o conforto com o Management de realmente ter um foco no que é necessário para manter seu nível de endividamento nesses patamares e reduzir no futuro. Basicamente, é essa a conversa que estamos tendo. Vicente Falanga: OK. Obrigado. Gustavo Gattass, BTG Pactual: Bom dia. Eu tenho algumas perguntas, mas vou focar aqui em duas, depois voltamos no inglês. Uma, Fadigas, eu acho que é mais para você, pegando só o lado do complexo Braskem, da Riopol, estamos vendo uma demanda mais forte de energia em geral vinda da Petrobras, vinda do Governo mesmo via falta de água. Eu queria só entender de vocês se, por acaso, isso é alguma coisa que poderia atrapalhar o processo todo de produção da Riopol nesse 4T, ou talvez no 1T13, ou não. E da parte mais financeira, Marcela, até tocando um pouco no lado dos ratings, essas coisas todas, eu só queria entender se a sensação da Empresa é de que há espaço para aumento de preço em Reais, ou por enquanto isso ainda está difícil, ainda é mais um esforço de ganhar market share mesmo?

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Carlos Fadigas: Deixe-me endereçar sua primeira pergunta. Estamos acompanhando a parte das termoelétricas, redução de água nos reservatórios e a preocupação com o aumento de demanda. Isso não irá influenciar o fornecimento de gás para a Riopol, primeiro, porque ela está protegida por um contrato, que tem finalidade de deliver or pay; e segundo, porque esses gases não concorrem. Quando falamos de gás natural, falamos essencialmente de metano, um carbono só. A alimentação da Riopol é feita com propano, três carbonos, e com etano, de dois carbonos. É um mix de propano e etano, até um pouco mais rico em propano do que em etano. São gases que não concorrem, em primeiro lugar; e segundo lugar, tem uma proteção contratual. Então, não vejo nenhum problema para a Riopol no 4T por conta disso. Com relação ao aumento de preço, sua segunda pergunta, eu prefiro tratar como um aumento de spread ou não, porque na verdade o preço no Brasil, como sempre aconteceu, e vai continuar acontecendo, segue a tendência global. Vou comentar de duas formas. Primeiro, dentro do Brasil a Braskem pretende ampliar market share, espaço de mercado, sem sacrificar margem de serviço, sem sacrificar margem aqui dentro para ganhar volume. Nós pretendemos usar, sim, a elevação da alíquota de importação para ganhar mercado, sem precisar, com isso, mexer em margem de serviço na comparação com o produto importado. Vamos para a dinâmica global, porque é essa dinâmica global que seguimos. E com relação à margem de petroquímico, quando eu comentei na primeira pergunta, sobre margens, meu primeiro comentário foi sobre volatilidade. Temos uma ideia de novembro e temos que acompanhar o que vai acontecer ao longo desse trimestre. Só um mês passou, e o próprio mês de novembro tende a ser decidido na segunda quinzena, que é quando entra a maior parte do volume de compras. Não vemos redução de margens, e também não vemos ampliação de margens de resina nesse 4T. Em resumo, se a Braskem terá algum ganho de EBITDA, especificamente nas vendas por tonelada, ele virá mais de volume de mercado interno do que de spread, porque nós não pretendemos baixar nem elevar margem de serviço, e no spread internacional, pelo menos neste exato momento, vemos uma estabilidade. Não sei se eu respondi sua pergunta. Gustavo Gattass: Respondeu, sim, Fadigas, mas acabou saindo por uma tangente. Eu sei que é injusto até perguntar, mas a pergunta talvez fosse um pouco mais „pontuda‟, mesmo. Da parte do Governo, vemos um esforço grande de dizer “não teremos aumento de preço”. O que eu queria entender é, se por acaso os preços lá fora subirem, se tivermos uma mudança de cenário, vocês acreditam que não tem muita reticência, ou teria alguma reticência, isso é um aumento de preço mesmo, mesmo que fosse só para a manutenção do spread, se você quiser pensar em spread mesmo.

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Carlos Fadigas: Agora eu entendi melhor sua pergunta. A Braskem não vê nenhum constrangimento, nenhum problema de mexer em seus preços em Reais, naturalmente tanto para cair quanto para subir seus preços em Reais, sempre que isso siga a dinâmica que sempre foi praticada no mercado inteiro. Temos um diálogo claro, transparente, fluido com o Ministério do Desenvolvimento de Indústria e Comércio, com o Ministério da Fazenda. Eles conhecem a dinâmica desse setor, e sabem que a Braskem precifica seus produtos seguindo uma dinâmica de preço internacional. Se os preços internacionais subirem, a Braskem manterá o alinhamento com os preços internacionais, alterando, subindo também os preços em Reais no Brasil. E vamos manter o Ministério e o Governo informados disso, porque não só ele está acompanhando, como tem competência para entender essa dinâmica. Ele conhece essa dinâmica, já conhecia quando subiu o imposto de importação. Então, eu não vejo um constrangimento aí. O que o Governo está falando, claro, é de coibir movimentos abusivos dos diversos setores, Braskem é um entre 100 produtos, que tiverem custos de importação elevados. Gustavo Gattass: Está ótimo. Obrigado. Fernando Vale, Citi: Bom dia, Fadigas. A primeira pergunta que nós queremos fazer é sobre o crescimento dos volumes, em setembro em particular. Como isso afetou o estoque da cadeia em geral, e como vocês estão vendo os estoques da cadeia para o 4T? A segunda pergunta é quanto aos negócios internacionais. Nós vimos uma queda na margem e no preço. Eu queria entender se tem algum movimento da Empresa de racionalizar capacidade nas plantas de maiores custos de input. Só isso. Obrigado. Carlos Fadigas: Estoques na cadeia, junto com o assunto de volatilidade, depois de 2008, é provavelmente um dos maiores desafios de Braskem, monitorar um pouco melhor com seus clientes o estoque na cadeia. Como temos no mínimo dois, muitas vezes três elos até o consumidor final, esse monitoramento tem sido um pouco mais desafiador do que imaginávamos. Eu não tenho informação de a cadeia estar desestocada. A cadeia se desestocou em junho, quando os preços lá fora estavam caindo, isso prejudicou o nosso 2T. Quando os preços voltaram a subir, a cadeia voltou para o seu estoque normal, e isso colocou um pouco mais de volume no 3T, mas como não teve nenhum movimento agudo na virada do 3T para 4T, setembro para outubro, não temos informação de a cadeia estar nem superestocada, nem desestocada.

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Para frente, o que temos que acompanhar é movimento em dezembro. O movimento de dezembro, por encerrar o exercício fiscal de várias empresas, é o trimestre mais crítico. Se o cliente na virada de trimestre acompanha a variação de preço, na virada de ano ele acompanha mais de perto ainda. Então, uma queda de preço em dezembro, pode levar a um movimento um pouco mais forte de desestocagem. Mas neste exato momento os estoques estão em um patamar normal. Com relação à queda de margem no 3T, não estamos vendo essa queda acontecendo agora no 4T. Nós seguiremos acompanhando, e aí volto ao comentário de volatilidade. O que a Braskem fez em alguns momentos, por exemplo, no 2T, foi reduzir a taxa de operação de uma das suas quatro centrais, e com isso reduzir a taxa de operação de algumas plantas, especialmente de polietileno, e em segundo lugar de polipropileno; PVC não é o caso, ele é vendido integralmente no mercado interno. E isso não está fora de questão para dezembro. Teremos que acompanhar o que vai acontecer em dezembro. Se houver uma queda de preço, é possível que no final do ano alteremos a taxa de operação de uma central, e tipicamente ela caia para uns 70%; saia de 90% e venha para 70%. Lembrando que é uma central em quatro, e com isso desativamos especialmente capacidade de polietileno, o que fica mais suscetível, e em segundo lugar PP. Neste exato momento, não está prevista nenhuma redução de taxa de operação, de nenhuma central, e por conseguinte de polietileno, de polímeros, por conta de cenário internacional. De novo, vamos acompanhar o que acontece por conta da volatilidade. Fernando Vale: Perfeito. E Fadigas, você pode falar se há alguma parada programada para o 4T, de manutenção? Como está a cabeça de vocês? Vocês vão adiantar alguma coisa, como fizeram no ano passado, para aproveitar a demanda mais fraca do trimestre? Carlos Fadigas: Parada de manutenção, tipicamente comentamos das quatro centrais, porque elas são maiores e têm um impacto maior. Só para deixar claro que plantas de polímero param, sim, ao longo do ano, cinco, dez, às vezes 20 dias, e nós não comentamos, primeiro porque temos 28 plantas no Brasil; 24 plantas de polímero e quatro centrais, e isso é muito menos relevante, é muito mais relevante na central. Falando de central, que é o que importa realmente, não temos nenhuma parada programada para o 4T. O ano de 2012 foi um ano em que a Braskem não teve parada programada nas suas centrais. Elas acontecem tipicamente uma vez a cada seis anos. Falamos de quatro centrais petroquímicas, e vou lembrar que a central da Bahia e a central do Rio Grande do Sul têm dois trens de produção que não param juntos, felizmente. Cada uma delas tem dois trens de produção. Cada uma delas tem um trem original de produção e um segundo que foi adicionado na sua expansão. Talvez você diga “a central parou duas vezes em um período de seis anos”. Nós paramos para fazer um trem e depois paramos para fazer outro.

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O cenário que vimos no final do ano passado foi mais agudo. Não prevemos uma coisa tão radical neste ano. Antecipamos, sim, parada no final do ano passado, como você comentou muito bem, por conta de uma demanda mais fraca, e viramos o ano com nossa taxa de produção de matéria-prima, especificamente de eteno, em 55%, que é um número muito baixo. Fizemos 92% no 3T, fizemos 88% no 2T. 55% é quase metade da capacidade parada, porque o cenário é muito agudo. O que levou a Braskem a ter no 4T11 e no 1T12 EBITDAs mais deprimidos. Não estamos vendo esse cenário no 4T12. E, além disso, independente de antecipação ou não, do ponto de vista de parada programa, não tem nenhuma nesse 4T. Fernando Vale: OK. Muito obrigado, Fadigas. André Sobreira, Credit Suisse: Boa tarde. Eu queria fazer uma pergunta sobre petroquímicos básicos. Nós vimos no 3T o preço cair muito fortemente, principalmente em butadieno. Acho que já subiu um pouco em outubro, mas eu queria entender como está a visão de vocês, se tem alguma visão forte de preço, ou se ainda está naquela linha do mercado e está muito difícil de prever. Obrigado. Carlos Fadigas: O que estamos vendo de preço de petroquímico básico para o 4T é uma elevação de preço. Pelo menos é a fotografia que nós estamos vendo agora, no começo do trimestre. Lembrando que petroquímico básico é muito mais volátil que as resinas. Especificamente o butadieno então, que é um produto que está com um aperto muito grande entre demanda e oferta, ele fica muito mais volátil que os outros. Então, estamos vendo um crescimento de spread de petroquímico básico, vimos isso em outubro e começo de novembro, e vamos seguir acompanhando para ver se a média de fato se confirma como uma média melhor que no 3T. Lembrando que ele é mais volátil ainda que os preços e spreads de resina. André Sobreira: OK. Deixe-me fazer um follow-up rápido: tem mais algum tipo de agregação de valor na cadeia que você possa fazer como fez para o butadieno com o C4, ou esses movimentos estão todos esgotados? Carlos Fadigas: Tem sim. Tem muita coisa que podemos fazer. A equipe de petroquímicos básicos tem uma lista extensa de oportunidades que temos. Nenhuma delas muda o próximo trimestre, são todos planos.

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Vou lhe dar o exemplo do ácido acrílico. Nós atraímos a Basf para um investimento de ácido acrílico na Bahia, um projeto que foi anunciado no ano passado e entra em operação em 2014. Então, algumas são mais longas, algumas são mais curtas. No passado, por exemplo, nós fizemos um investimento em ETBE, fizemos investimento em butadieno, anunciamos o investimento da Basf, que vai consumir propeno e soda cáustica da Braskem, especialmente propeno, na Bahia, e para frente tem outras coisas. A Braskem avalia seguir extraindo butadieno das suas correntes. Nós temos, por exemplo, a corrente C4, que gera butadieno, no Rio de Janeiro; estudamos utilizá-la e separá-la em butadieno para fazer uma agregação do preço maior. Temos plantas que tratam as correntes C5, de cinco carbonos, na Bahia e não temos essas plantas no Sul na mesma dimensão. E cinco carbonos, estamos falando de isopreno, DCPD, piperileno; enfim, são correntes que poderíamos extrair para estarmos no Rio Grande do Sul, além de valorização das correntes que estão ligadas à indústria de borracha. O próprio butadieno, como eu já mencionei, e derivados dessa cadeia, entramos em ABS, entramos em SBR, que são projetos em que atrairíamos alguém para fazer investimentos e valorizar uma série de coprodutos. Então, tem uma lista grande. Ela tem um efeito plurianual, e nós vamos trazê-la no próximo call, talvez no fechamento do ano, colocaremos um slide ou comentaremos brevemente sobre as oportunidades, lembrando que todas elas são plurianuais. É esse tipo de investimento que no médio e longo prazo trará de volta rentabilidade das centrais base nafta para próxima das centrais base gás. De um lado, vemos o movimento de aumento de oferta de petróleo, um estudo interessante da Universidade de Harvard falando do aumento de oferta de petróleo. Ele cita Brasil, Iraque e especialmente os Estados Unidos. Desses três, acho que em Brasil e Estados Unidos podemos ter um grau um pouco maior de confiança, mais Estados Unidos que Brasil, talvez, no curto prazo. A partir da aplicação da técnica de extração de shale para extração de petróleo, que eles chamam de shale oil, ou tight oil, deve aumentar a oferta de petróleo e, por conseguinte, a oferta de nafta. E do outro lado, quem produz petroquímico a partir de nafta está fazendo o que nós estamos fazendo: adição de capacidade de butadieno, adição de capacidade de uma série de coprodutos. Isso tende a diminuir essa distância no tempo, e a Braskem está fazendo seu dever de casa nessa frente, também. André Sobreira: Perfeito. Obrigado. Operador: Obrigado. Não havendo mais perguntas, gostaria de passar a palavra para o Sr. Carlos Fadigas para considerações finais. Sr. Carlos, por favor, pode prosseguir.

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Carlos Fadigas: Eu queria agradecer todos vocês pelo tempo e pela atenção. Já comentei bastante da tendência para o 4T. Só queria reforçar o compromisso e o foco da Braskem, tanto no trabalho interno, dentro da Companhia; já falei da valorização das correntes das centrais, nossa estratégia internacional de aumento de competitividade do fornecimento de propeno. Falamos no último call, do 2T, que assinamos três contratos de propeno, um deles começa a vigorar em janeiro, todos os três com a Enterprise. A preocupação de sinergias com os ativos adquiridos, tanto Quattor no ano de 2010 quanto Dow no ano de 2011; o permanente programa de redução de custo fixo, que não reduz o nosso custo fixo, pelo menos tira boa parte do impacto de inflação de mão de obra de 8%, com inflação geral de 6%. Toda uma agenda interna, como também toda uma agenda da Braskem de mudar o cenário ao seu redor. E isso, como eu já comentei, valeu para o acordo feito em Santa Catarina, de eliminação de guerra dos portos em Santa Catarina; influência da Braskem para poder eliminar a guerra dos portos agora na virada do ano; aumento do imposto de transformados e aumento do imposto do polietileno. Estamos trabalhando para trazer mais desoneração de energia para a Braskem, que é um grande consumidor de energia, gasta uns R$800 milhões por ano na compra de energia elétrica; e todo o nosso esforço de aprovação do REIQ. A Administração da Companhia que segue absolutamente comprometida. Não estamos nem de longe no patamar de rentabilidade que a Braskem tem que ter. Estamos trabalhando dentro de casa e no cenário que envolve a Braskem para elevar esse padrão de rentabilidade, enquanto o cenário internacional também, espero, nos favoreça na direção de picos petroquímicos com melhoras graduais até os anos de 2015 e 2016. Obrigado novamente a vocês, e desejo a todos um bom final de semana. Operador: Obrigado. A teleconferência de resultados da Braskem está encerrada. Desconectem suas linhas e tenham uma boa tarde. “Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de Relações com Investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”