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AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL Magé, 11 de julho de 2013 1 TRANSCRIÇÃO DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL LOCAL: MAGÉ TÊNIS CLUBE DATA: 11/07/2013 INTERLOCUTOR: Pra saber exatamente, para poder utilizar esta lei. Eh, pra falar com mais propriedade. LUIZ HECKMEIER: Alô, boa noite. Boa noite, a todos. Vamos dar início aos trabalhos desta Audiência Pública. Eu gostaria que todos tomassem os seus lugares, fizessem silêncio para que nós pudéssemos, então, iniciar oficialmente os trabalhos desta Audiência Pública. Por gentileza, todos tomando os seus lugares, eh, vamos então, dar início a esta Audiência Pública, convido a todos a ficarem de pé para nós ouvirmos o Hino nacional brasileiro. Fica a cá. CARLOS GUSMÃO: Boa noite, então, obrigado aí pela presença de todos. Vamos realizar a Audiência Pública deste processo de licenciamento ambiental da Central de Tratamento de Resíduos aqui no município de Magé. A Audiência Pública como o presidente da audiência o Prof. LUIZ HECKMEIER falou pra vocês, é uma etapa do licenciamento ambiental, e nós inicialmente nesta audiência vamos cantar o hino nacional, tá certo. Então vamos, um, dois: HINO NACIONAL Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó Liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza

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AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL

Magé, 11 de julho de 2013 1

TRANSCRIÇÃO DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CENTRAL DE

TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL

LOCAL: MAGÉ TÊNIS CLUBE

DATA: 11/07/2013

INTERLOCUTOR: Pra saber exatamente, para poder utilizar esta lei. Eh, pra falar com mais

propriedade.

LUIZ HECKMEIER: Alô, boa noite. Boa noite, a todos. Vamos dar início aos trabalhos desta

Audiência Pública. Eu gostaria que todos tomassem os seus lugares, fizessem silêncio para que

nós pudéssemos, então, iniciar oficialmente os trabalhos desta Audiência Pública. Por

gentileza, todos tomando os seus lugares, eh, vamos então, dar início a esta Audiência Pública,

convido a todos a ficarem de pé para nós ouvirmos o Hino nacional brasileiro. Fica a cá.

CARLOS GUSMÃO: Boa noite, então, obrigado aí pela presença de todos. Vamos realizar a

Audiência Pública deste processo de licenciamento ambiental da Central de Tratamento de

Resíduos aqui no município de Magé. A Audiência Pública como o presidente da audiência o

Prof. LUIZ HECKMEIER falou pra vocês, é uma etapa do licenciamento ambiental, e nós

inicialmente nesta audiência vamos cantar o hino nacional, tá certo. Então vamos, um, dois:

HINO NACIONAL

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó Liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza

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Magé, 11 de julho de 2013 2

Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro desta flâmula - Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

APLAUSOS

LUIZ HECKMEIER: Muito obrigado. Vamos então dar início propriamente dito, a audiência. Vou

apresentar a mesa, eu me chamo, silêncio por favor, eu pediria aquelas pessoas que quisessem

conversar que o fizessem em tom baixo, para que a gente não possa atrapalhar os trabalhos da

mesa. Por gentileza eu peço a compreensão de todos. Eu me chamo LUIZ HECKMEIER estou

aqui representando, sou analista ambiental do INEA, nesse momento representando aqui a

CECA como presidente desta audiência. Ao meu lado a, a, Letícia Moraes que está, que vai

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Magé, 11 de julho de 2013 3

Secretariar a mesa. O Promotor de justiça o co, é, Tarcisio Veras que está aqui representando o

Ministério público Federal.

THIAGO VERAS: Thiago Veras

LUIZ HECKMEIER: Thiago, Thiago Veras, desculpe. Thiago Veras. É o analista ambiental, é,

Carlos Canejo, representando o INEA, que vai fazer a apresentação, do, do, da licença

ambiental, do, do processo de licenciamento. O presidente da CECA, Dr. Prof. Gusmão, é

Antônio Carlos Gusmão, o Secretário de meio ambiente do município Dr. Alexandre Leal Vidal,

o representante, é, da Secretaria de meio ambiente do município de Magé, é, o Sr. Mário Vaz

do, da empresa Terra Ambiental, a Mirela Souto, também, da Marca Ambiental e o Sr. Ed

Wilson representando a Vereda a quem a empresa que está encarregada de fazer, é elaborar o

Estudo de Impacto Ambiental. Bom, eu gostaria de em primeiro lugar, esclarecer que esta

audiência ela, ela é uma audiência para ouvir a comunidade. Ela faz parte do rito do

processamento de, é,de todos aqueles empreendimentos que são necessários fazer o Estudo

de Impacto Ambiental, empreendimentos de grande importância como ferrovias, siderúrgicas,

aterros sanitários, entre outros se faz, se faz necessário a realização de Audiência Pública para

que a gente possa ouvir a comunidade. E esta audiência ela não tem o caráter, é, decisório. Ele

não, ela simplesmente, tem um caráter, ela não decide pela concepção ou pela não concessão,

ou pela não concessão da licença, ela simplesmente ela vai estar aqui para ouvir e todas as

informações que serão, que serão feitas, elas, obrigado, elas são, é, serão, são, é, gravadas.

Esta audiência está sendo gravada, filmada e depois ela vai ser feita uma ata. Essa audiência

será colocada, então, no site do INEA para que todos tomem conhecimento e, então, nós

teremos assim, essa audiência, ela vai servir de subsídio para que o corpo técnico do INEA

encarregado de fazer a avaliação, ele possa, então, tomar a sua decisão. Então é importante o

trabalho que será feito essa noite. É importante a participação dos senhores, todos aqui, pelo

qual nós agradecemos e vamos então, é, passar, é, ao, ao, é, as apresentações. O primeiro

lugar, quem vai fazer a apresentação é o técnico do INEA que vai fazer o histórico do

licenciamento para vocês verem como foi, quando foi que se iniciou o processo e em que fase

ele se encontra. Depois nós teremos o período de 30 minutos para que o empreendedor possa

aplicar, é, explicar o empreendimento, como ele vai ser construído e depois teremos um outro,

outro, é, outro apresentação que vai ser feito pela empresa encarregada de fazer o estudo de

impacto ambiental que terá 45 minutos para poder fazer então, toda a apresentação. Depois

disso, nós teremos então, um intervalo para esticarmos as pernas, é, e tomarmos uma água e

faremos as partes, então, das perguntas. É, vocês perceberam, continua o som está alto ainda.

Pessoal que está falando, por favor, por favor, precisamos um pouquinho de silêncio. Pessoal

que está aí nas laterais, por favor. Está atrapalhando aqui nossa, nós não estamos conseguindo

ouvir. É, na entrada tem um livro de presença, que eu gostaria, que será necessário que todos

os presentes aqui, registrem o seu nome para que a gente possa então, também, fazer parte

dos autos desse licenciamento. Também existe aqui um volume do Estudo de Impacto

Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental para aqueles que não tiveram ainda acesso a

informação e que possa fazê-lo durante essa apresentação. Bom, então vamos iniciar, vou

passar a palavra para o analista, é, Carlos Canejo que ele vai fazer, então, o histórico do

licenciamento ambiental nesse momento lá no INEA.

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Magé, 11 de julho de 2013 4

CARLOS CANEJO: Boa noite à todos. Vamos dar início da apresentação do rito do processo de

licenciamento.

COLOCAÇÃO DA APRESENTAÇÃO NO COMPUTADOR

INTERLOCUTOR: Primeiro botão é da luzinha e o outro aqui passa.

CARLOS CANEJO: Então boa noite. Boa noite à todos, meu nome é Carlos Eduardo Canejo eu

hoje estou como coordenador técnico do grupo de trabalho que está fazendo a análise desse

EIA/RIMA do empreendimento Terra Ambiental. Bom, no primeiro momento é importante

esclarecer pra vocês que a licença ambiental é um ato administrativo, no qual o INEA autoriza

a localização ou a implantação de empreendimentos que possuem características

potencialmente poluidoras, capazes de alguma forma de causar degradação ambiental. O

empreendimento em questão, que a gente está discutindo aqui hoje, é um CTR, Centro de

Tratamento de Resíduos com significativo potencial poluidor, de degradação, que dependerá

da elaboração de EIA/RIMA. Esse EIA/RIMA, já foi, é, elaborado, já foi apresentado e hoje aqui

na Audiência Pública, a gente submete previamente o rito do licenciamento e a apresentação,

pra que vocês tenham ciência para subsidiar a elaboração de parecer técnico de licença prévia.

Bom, atual fase do processo de licenciamento é a licença prévia, ta, que é a fase preliminar

que consiste na análise do projeto do empreendimento a ser licenciado, avaliando,

principalmente, sua localização e a sua concepção de viabilidade ambiental. O

empreendimento, obviamente, foi passível de elaboração de EIA/RIMA, é, visto a necessidade

de elaboração de EIA/RIMA foi formado um grupo de trabalho, conforme falei pra vocês, com

diversos técnicos do INEA nas diversas áreas de conhecimento, temos geólogos, engenheiros

químicos, engenheiros florestais, temos também outras pessoas voltadas para socioeconomia,

e, e, um corpo de engenheiros fazendo esta avaliação. Após análise desse EIA/RIMA e da

Audiência Pública, o grupo de trabalho vai emitir um parecer de licença favorável ou não ao

empreendimento, tá, pra posterior emissão da licença. Sendo o parecer favorável, obviamente

serão criadas condições de validade de licença para que sejam acompanhadas e devidamente

cumpridas, pra que o INEA, órgão ambiental competente tenha maior poder para fazer o

devido controle dos impactos ambientais desta atividade. Um breve histórico do processo: ele

foi aberto em 29/06/2011 e em 30/10 foi, é, criado o grupo de trabalho para fazer o devido

acompanhamento e licenciamento deste projeto. Em 13/03 foi emitida a notificação com

entrega da Instrução Técnica. A Instrução Técnica é o documento que orienta o empreendedor

a elaborar o Estudo de Impacto Ambiental. No dia 02/04/2013, dia 13/11/2012 foi emitido o

aceite desse EIA/RIMA, o empreendedor teve um prazo legal para elaborar esse documento e

protocolar no órgão ambiental. Em 02/04/2013, teve a deliberação CECA nº 5610 autorizando

a realização da presente Audiência Pública e hoje, no dia de hoje, a realização da devida

Audiência Pública. Algumas considerações, a análise do EIA/RIMA do empreendimento está

em andamento. Ainda está em discussão técnica uma séria de aspectos que são inerentes a

esse, a essa atividade. Para a elaboração do parecer final de licença, serão consideradas as

manifestações apresentadas na fase de debate e outras que possam ocorrer nos próximos 10

dias após a realização desta Audiência Pública. Dependendo, devendo ser encaminhadas estas

manifestações diretamente ao INEA ou a CECA. O grupo de trabalho é composto ali, eu Carlos

Eduardo Canejo, como coordenador que sou engenheiro civil, Flávia Valença que é geógrafa

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Magé, 11 de julho de 2013 5

que é responsável pela análise de socioeconomia, Cláudio Vinoli que é engenheiro químico que

está responsável pela análise de todas as Unidades de Tratamento junto com o Marcos Vieira.

O Vlamir Fortes responsável, engenheiro agrônomo, para avaliar a supressão de vegetação, a

Karen engenheira civil, responsável por fazer toda análise quanto a influência dos corpos

hídricos nessa área. Adriana que é responsável por estar trabalhando com as questões de

hidrogeologia e geologia do empreendimento e o Albino, químico, responsável por fazer a

localização e identificação das unidades de conservação do entorno do empreendimento. Bom

gente, a minha apresentação é realmente muito sintética. Todo o empreendimento vai ser

apresentado pelo próprio empreendedor, empreendedor com suas próprias características.

Qualquer dúvida, qualquer encaminhamento que quiser ser feito quanto a análise desse

EIA/RIMA tem o site do INEA o próprio endereço eletrônico do INEA, ta. Ali tá o

encaminhamento da gerência de atendimento do INEA que é o órgão responsável por receber

o encaminhamento de vocês e, também, da CECA para receber as considerações de todos

vocês. Boa noite.

LUIZ HECKMEIER: Obrigado Canejo. Nós gostaríamos de registrar a presença aqui é, do, da

nossa audiência é do vereador Leandro Rodrigues que é vice-presidente da Comissão de Meio

Ambiente da Câmara Municipal, é, de Magé. O Vereador Geraldão. O Dr. Tiago Cuman,

representante da OAB. Dr. Édson de Freitas presidente da OAB. E demais outras autoridades

que vou identificar durante aqui a apresentação. Eu vou passar a palavra aqui agora, nesse

momento, para o Secretário de Meio Ambiente do Município de Magé, que ele vai dar uma

saudação à todos.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Boa noite à todos. Em primeiro lugar eu gostaria

de agradecer à Deus pela oportunidade de estarmos aqui discutindo um assunto de grande

importância que é o desenvolvimento sustentável do município de Magé. É, o município de

Magé, é, tem a previsão de crescer nos próximos anos, muito mais do que vem crescendo nas

últimas décadas. E nosso grande desafio é associar o desenvolvimento social, geração de

emprego e renda à preservação ambiental. E o fator importante tá na geração de resíduos é, a

Prefeitura está convidada aqui junto com o Ministério Público a ver essa, essa apresentação de

uma Central de Tratamento de Resíduos que, e avaliar junto com a, com a sociedade civil, com

o órgão ambiental licenciador e com todas as entidades aqui presentes a eficiência desse

empreendimento para que a gente possa juntos propor o que é melhor para o município de

Magé. Gostaria de agradecer a presença de todas as entidades ambientalista, é, a equipe

técnica da Secretaria de Meio Ambiente e Secretários de Magé e que a gente possa fazer bom

proveito deste momento. Peço assim, a atenção de todos porque aqui nos estamos discutindo

o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos e netos e isso não é brincadeira, a responsabilidade

está em nossas mãos e obrigado pela presença de todos.

APLAUSOS

LUIZ HECKMEIER: Vou passar a palavra então para o Senhor Mário Vaz representante da

Marca Ambiental para fazer apresentação do empreendimento.

MÁRIO VAZ: Boa noite à todos meu nome é Mário Vaz. Sou engenheiro civil e sou proprietário

da Terra Ambiental que é a empresa que é a proprietária da área. E pra desenvolver esse, esse

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projeto, a gente contratou a empresa Marca Ambiental que vai ser a empresa que vai seguir

hoje com todo, o, o andamento da apresentação pra vocês. Então vou chamar a Mirela aqui, o

meu vai ser muito breve, Mirela Souto da Marca Ambiental que é uma empresa lá do Espírito

Santo que tem várias tecnologias e várias idéias pra mostrar pra vocês. Boa noite e obrigado.

APLAUSOS

MIRELA SOUTO: Boa noite gente. Olha eu nunca falei pra uma platéia tão grande, é, pra mim é

um prazer muito grande e um grande desafio estar mostrando pra vocês um trabalho que a

gente desenvolve no Espírito Santo. A Marca Ambiental é uma empresa que está a 18 anos

trabalhando no Espírito Santo com este empreendimento que é um exemplo pra que a gente

possa mostrar pra vocês o que acontece lá e depois o Ed, Ed Wilson, que é o representante da

Vereda vai apresentar o que, é, vai ser implementado, o que a gente tá propondo pra ser

implementado aqui.

INTERLOCUTOR: Vou passar aqui pra você.

MIRELA SOUTO: Bom, vou passar aqui manual que é melhor. É, nós somos uma empresa de

Gerenciamento Integrado de Resíduos, isso significa que a gente trabalha, é, desde a, é, a

produção do resíduo, na verdade in loco, ou seja, a gente faz todo o sistema de segregação

inloco, a coleta, é, toda parte de tratamento até a destinação final. Por isso, a gente chama

gerenciamento integrado de resíduo, esse ciclo que a gente trabalha. A Marca, então agora, é,

nesse mês de agosto a gente vai fazer 18 anos dessa Central de Tratamento de Resíduos lá no

Espírito Santo. Ah, a gente hoje lá nessa unidade, temos 263 colaboradores. Então são pessoas

entre técnicos, engenheiros, uma série de profissionais que trabalham nesse ambiente. E

agente atende a 12 municípios, uma média de 1200 toneladas de resíduos/dia que são

processados na nossa unidade. É importante a gente colocar essa questão da, da, do número

de municípios que a gente atende, porque o Espírito Santo é um estado pequeno, né, então

pra gente ter um volume razoável pra trabalhar e tornar esta unidade viável é necessário que a

gente trabalhe com vários municípios. A gente integra a um processo lá no Espírito Santo

chamado “Espírito Santo Sem Lixão”. É, então, é, a gente faz parte de uma, uma parcela de um

consórcio pra beneficiar esses municípios. A gente sabe que se à destinação final desses

resíduos forem feitas em aterro sanitários, eles vão realmente acabar no lixão, né, e gente tem

um prazo até 2014 pela Política Nacional de Resíduos, pra que a gente possa regulamentar

toda a questão de resíduos no Brasil. Ou seja, é o Poder Público tem a obrigação a

determinação de lei de exterminar os lixões em todos os municípios brasileiros. A gente sabe

que mais de 40% dos municípios brasileiros ainda destinam seus resíduos em lixões. E essa é

uma realidade que tem que ser extirpada, né, e gente não pode mais ter essa realidade. Aqui,

é, só citando pra vocês, por a gente ter muito tempo de permanência nesse trabalho, por a

gente estar na estrada muito tempo, a gente agrega muitas premiações. É, e gente vem esse

ano, né, aqui, um prêmio nacional pelo trabalho que a gente desenvolve lá no Espírito Santo. É

importante destacar essa questão porque nos acabamos nos tornando uma referência na

questão de resíduo, hoje, no Brasil. Nós recebemos uma média de 3mil pessoas ano para

conhecer nossa unidade. Nós somos o terceiro projeto brasileiro certificado para crédito de

carbono. Porque que eu estou enaltecendo estas questões? Porque, é, porque quando a gente

traz o nosso know-how pra esse empreendimento, é no sentido...

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INTERLOCUTOR: está dando microfonia

MIRELA SOUTO: É no sentido de mostrar pra vocês que a idéia é interessante, é uma proposta

séria, é uma proposta que várias pessoas estão engajadas. A gente tem uma equipe

multidisciplinar pra desenvolver esse projeto. Então é muito importante, que a gente seja, né,

inclusive vocês, o fiscal de um empreendimento desse, porque ele é de todos. Todo mundo

aqui produz resíduo. Produzir resíduo é algo involuntário. A gente acorda produzindo resíduo.

Então é muito importante que a gente tenha responsabilidade de saber como destiná-los. Aqui

é nossa central, é uma área de 2,5 milhões de metros quadrados. A gente tá, é, perto de uma

rodovia e aqui vocês podem observar nossa comunidade. Nós temos vários projetos

implementados na comunidade. E essa proposta de falar na comunidade, porque vocês

representam a comunidade, é importante porque a gente só constrói, é, nós só construímos os

nossos projetos quando a gente conversou com a comunidade. E a comunidade disse pra

gente o que gostaria que nós contribuíssemos nesse processo de desenvolvimento. Então, é,

nós temos um Centro de Educação Ambiental, é, uma outra proposta interessante porque as

pessoas não conhecem o que que é lixo. As pessoas não tem idéia do que você busca e que

que pode vir através do lixo. Então, é muito importante a gente educar pelo lixo, né, então,

nós somos o reflexo do que nós produzimos. É, o último censo de 2010, é, enquanto a

população, do último censo pra cá, enquanto a população cresceu 1,2% a produção do lixo

cresceu mais de 90%. Então todo mundo é responsável por isso. É, então essa Central, a gente

agrega vários empreendimentos e temos, também, algumas unidades nessa região aqui que

ficam todas as nossas eco indústrias. São indústrias que já transformam um resíduo em um

bem, né, e a gente chama isso de econegócio. A gente tem alguns empreendimentos que eu

vou mostrar mais a frente pra vocês. É mostrar a possibilidade da transformação do resíduo

em uma matéria prima que pode gerar emprego e renda, né, e trazer benefícios

socioambientais para o município onde a unidade está instalada. Como eu disse, nós temos

mais de 200 pessoas nesse empreendimento, mão de obra direta. E normalmente, no diário

nós temos umas 350 pessoas circulando nessa unidade. Pode passar. É, nós estamos a 26 km

da nossa capital Vitória. É, isso é importante, é, pra se fazer viável um empreendimento desse

ele tem que ter uma distância locacional importante, né, porque a logística muita cara pode

tornar o empreendimento inviável. Então, é muito importante que a gente tenha, é, sistemas

que, que estabeleçam uma boa logística para o empreendimento. Pode passar. Aqui é a

entrada da nossa CTR. Aqui ocorre pesagem de resíduo e, essa, esse, é importante que esse

controle seja feito, porque mensalmente a gente tem que informar ao órgão ambiental o que

que entrou nessa unidade, né, então, é a pesagem que me dá a estatística de dizer: “olha a

gente recebe 1.500 toneladas por mês de resíduos”. Eu tenho esse número em função desse

controle. É, aqui ta uma célula de resíduo pra classe II. É um resíduo urbano. Todo resíduo

urbano a gente tem que receber em uma área específica trabalhada para esse fim. Não é jogar

o lixo ali naquele solo. É fazer um, uma espécie de célula, é, impermeabilizada, com toda parte

de drenagem, com toda parte de impermeabilização, com toda parte de, de, de drenagens

pros gases, enfim, a gente tem que, é uma obra de engenharia que a gente tem transformar,

né, num lugar adequado para receber resíduo. Assim como, os resíduos classe um. O resíduo

que vem de indústria tem outro tipo de segregação e outro tipo de tratamento. Depois o Ed

vai falar pra vocês com detalhe de como é construído uma unidade dessa. É importante, é

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Magé, 11 de julho de 2013 8

gente ter essa noção, porque nós produzimos diversos tipos de resíduos e as indústrias

também produzem resíduos e é necessário que elas tenham um local para destinar esses

resíduos. Então aqui ta uma célula de resíduo classe I, né, industrial, ela tem uma outra

conformação, uma outra construção. Ela tem que ser coberta. Então pra cada tipo de resíduo,

um tipo de tratamento. Tratamento para resíduos oleosos, tratamentos para resíduos

misturados pra fazer blendagem, enfim, é o que eu disse: cada tipo de resíduo um tipo de

tratamento. Nós produzimos, por exemplo, plástico pós-consumo. Nós produzimos em média

70 tipos de plástico. Então, tem que segregar estes tipos de plástico, sim, pois pra

comercializar, beneficiar a gente tem que segregar sim, este tipo de plástico. Então se imagina,

nós produzimos 70 tipos de plástico imagina outra quantidade de resíduo que a gente produz

no nosso lixo urbano? Embalagens, né, o próprio resto de alimentos, é, resíduos sanitários,

pilhas, baterias, lâmpadas, enfim, nesse universo industrial que a gente vive muitos resíduos e

muitos tipos de resíduos são produzidos. Pode passar. Pro resíduo de saúde a gente tem,

também, um tratamento diferenciado, é, na CTR Marca a gente tem um incinerador que

trabalha uma parte do nosso resíduo que vem das unidades de saúde e tem um autoclave, né,

que é um outro tipo de tratamento que, é, não tem queima. O incinerador tem queima, um

autoclave não tem queima, tem uma esterilização do resíduo para eu poder destiná-lo, né. O

importante é toda vez que nós temos qualquer tipo de empreendimento que trabalha resíduo

é o monitoramento. Então, as leis hoje já são bem severas e estabelecem uma série de

monitoramentos, uma séria de análises que a gente tem que ser feita. Então por exemplo, pro

resíduo, quando o lixo tá lá na célula, ele começa a se decompor. Na decomposição desse

resíduo ele gera líquidos e gera gases, né. Os líquidos precisam ser tratados e os gases também

precisam ser tratados. A gente trata os líquidos na nossa unidade e em lagoas de estabilização.

Imagine que a gente está produzindo resíduo com característica orgânica, então o fator de

poluição dele é um, então, a gente precisa ter todo um sistema pra monitorar, é, é, esses

parâmetros que desse líquido que o resíduo tá produzindo. Assim como os gases que a gente

produz na decomposição desses resíduos. Então esses gases, dentre eles o metano, ele tem 21

vez mais impacto do que o CO2. Então é importante que a gente transforme esse metano em

CO2 para que a gente possa liberar de uma forma mais suave para o meio ambiente, com

menos impacto para o meio ambiente. E a gente só faz isso a partir do momento que a gente

tem os sistemas de tratamento. Não adianta a gente jogar o lixo ali, em qualquer lugar e de

qualquer forma, com volume considerável, porque a gente vai estar liberando todos esses

gases e todos esses poluentes, que vai infiltrar no solo, que vai atingir, uh a camada, é, é, de

água subterrânea e vai poluir, as, as nossas, além da poluição visual, porque onde tem lixo,

tem gente catando e esse é um controle que tem que ser feito. Não pode ser destinado de

qualquer maneira. Aqui é um sistema que nós temos para destinar resíduos de fossa. Um,

outro, tipo de resíduo que é produzido, né, no nosso dia a dia. O resíduo de fossa é um resíduo

muito líquido e a gente não pode destiná-lo direto em uma célula. Então a gente precisa

desidratar esse resíduo pra poder, é, poder destiná-lo. E esse processo aqui também é muito

interessante, porque é o tratamento desse biogás. Então, eu trato líquido em lagoas de

estabilização e a gente trata os gases em um sistema que a gente chama flare, né, um

queimador. Esse queimador ele canaliza todo, depois eu vou passar um vídeo pra vocês virem,

verem isso acontecendo. A gente canaliza toda a drenagem dessas células pra esse

equipamento. Esse equipamento faz uma queima e também a gente hoje já tá num sistema

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Magé, 11 de julho de 2013 9

bem avançado de produzir energia através desse biogás. Então eu canalizo o biogás e

transformo, transfiro isso para outro equipamento que é uma termoelétrica e essa

termoelétrica produz uma queima, né, e produz energia. Então o interessante é que aqui a

gente tá transformando o lixo em energia limpa. Bom, é, eu passei rapidamente como é o

sistema do aterro sanitário, como a gente faz todo o tratamento dos diversos tipos de

resíduos. O resíduo que vem da indústria, o resíduo que vem da residência e o resíduo que

vem, é, de outras fontes. O importante nesse processo quando a gente fala do lixo, que eu

falei pra vocês que a gente tem um Centro de Educação Ambiental, é exatamente pra gente

poder fazer a nossa responsabilidade socioambiental nesse processo. Então, gente tem lá na

Marca um Instituto, o Instituto Marca. É uma OCIP, ou seja, uma Instituição não

governamental, que tem essa finalidade de trabalhar toda essa parte de responsabilidade

socioambiental no processo. Então é, aqui tem vários projetos que a gente trabalha com a

comunidade. Então, eu tenho projetos que trabalha com a comunidade na seleção de projetos

que a comunidade me demanda, né. Então são selecionados via edital. Nós lançamos um edital

e a comunidade através dos órgãos, né, das Instituições que existem, nos demanda alguns

projetos. É, nos trabalhamos também, numas unidades de triagem de recicláveis que tem

nessa comunidade, assim como, a gente tem um projeto via site para trabalhar uma ouvidoria.

É, extensamente não dá pra falar pra vocês aqui como isso acontece, mas é importante que

todo mundo tenha a noção que um empreendimento deste porte requer todo esse trabalho di

projetos socioambiental. Oh, o meu tempo já está se esgotando, mas eu vou concluir. Aqui são

os projetos de Educação Ambiental nós temos um auditório, um Centro de Educação

Ambiental e nós recebemos em média duas escolas por semana nessa unidade e daí fazemos

um processo muito grande de educação ambiental com esses alunos. Nós temos atendimento

também, para trabalhos, palestras, campanhas educativas, coleta seletiva, muito importante, a

gente implementa, em muitos municípios, a coleta seletiva. Temos grande expertise nessa

questão. Outro projeto muito importante que a gente tem hoje são os projetos com apenados,

que são reeducados do sistema prisional. A gente já tem 37 reeducados na nossa unidade e

esses reeducados trabalham durante o dia na nossa unidade e noite eles voltam para o

presídio. É uma forma de reinserir essas pessoas ao convívio social. Então esse projeto é muito

interessante. A gente ganhou um prêmio esse ano com esse projeto. E rapidamente vou falar

das ecoindústrias. Pode passar. É, nós temos uma ecoindústria de transformação de coco, né,

que trabalha todo o processo de fibra de coco. Transforma isso em manta e a gente

comercializa esses produtos através de uma empresa especifica que é a Biococo. Um projeto

que trabalha toda a parte de eletroeletrônico. Então, a gente faz todo o desmonte de

equipamentos, né, eletrônicos da linha branca, inclusive, e essa empresa absorve mão de obra

pra fazer esse trabalho de desmonte pra não jogar esse resíduo de qualquer forma no meio

ambiente. É, um trabalho muito interessante também, é de coleta de óleo de fritura. Nós

coletamos em média 45mil litros de óleo de fritura, ou seja, são 45mil litros que deixou de ir

pra estações de tratamento. Nesse processo a gente faz biocombustível. Pode passar. E agente

faz, também, sabão e outros insumos. Ih, é, nesse projeto, esse projeto a gente ganhou dois

prêmios com esse projeto. A gente ganhou o prêmio ecologia e ganhamos um prêmio, lá,

estadual. E também, uma unidade de plástico pós-consumo. A gente pede, pega um plástico

velho, né, é um plástico específico, que é o plástico fino e transforma esse plástico, né, em

grãos e de grãos transforma em, uma, outra sacola. Essa é uma, outra unidade que também tá

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proposta pra CTR daqui. Pneu. Nós estamos implementando uma unidade pra processamento

de pneu usado e também, é, uma oficina de móveis, móveis reciclados. Ou seja, madeira que

são destinadas às vezes de qualquer maneira, também, no meio ambiente. Pode passar. E

temos também, uma unidade de papel, um atelier, né, que a gente faz todo esse processo de

papel, é, é, transformação de papel de escritório. E finalizando, é importante que nesse

processo a gente trave muitas parcerias, né, parcerias com instituições, é, do próprio

município, assim como, das políticas públicas, né. Então a gente trabalha com muitas

instituições, é, você volta um pouquinho? A gente trabalha com muitas Instituições não

Governamentais, Instituições de ensino, Comitês, vários Comitês, Comitês de Bacias a gente tá

sempre presente pra que a gente possa, dali, é, transformar essas políticas em reais. Então a

gente tem muitas demandas que vem da comunidade e gente faz uma troca muito importante

com essa comunidade. Vamos passar o filme Ed? Gente, é, minha fala era muito rápido,

rapidinha. Eu tinha 15 minutos pra falar, mas eu queria muito passar essa mensagem pra

vocês: que é possível fazer um empreendimento sério, um trabalho sério, com a questão do

resíduo. É, gente lembrando que até 2014 nós temos que mudar essa realidade em todos os

municípios brasileiros, então a gente tem que pensar aqui, agora, o que a gente vaio fazer

daqui pra frente com a questão do resíduo no município de vocês. Então, é muito importante

essa reflexão. É importante a participação coletiva, pra que se tenha um consenso do que

melhor fazer pro resíduo que vocês produzem. Muito obrigado, a gente vai estar aqui depois

as diversas perguntas que sei que vai, vão existir, né, e eu vou passar o vídeo da Marca porque,

eu tô na Marca, é, fundei esse processo e estou nesse processo desde que ele começou e me

orgulho muito desse processo. Então acho que é uma experiência muito diferenciada e feita

com muitas mãos. Obrigada.

APLAUSOS

APRESENTAÇÃO DO VÍDEO DA EMPRESA MARCA AMBIENTAL

“Usa-se cada vez mais produtos e serviços, aumentando o consumo e a geração de lixo. O que

fazer com todo esse resíduo? O que fazer com todo esse resíduo é uma das maiores

preocupações do mundo atual. Nesse contexto, a mais avançada tecnologia tem a marca

capixaba: a Marca Ambiental. Empresa pioneira, especializada no desenvolvimento de soluções

personalizadas e integradas para o gerenciamento, tratamento e disposição final dos resíduos

sólidos. Licenciada pelos órgãos de controle ambiental e certificada pela ISSO 9001.

Estrategicamente localizada próximo aos centros urbanos, a Marca Ambiental implementou e

gerencia o primeiro aterro sanitário do estado. A empresa realiza também a coleta e

transporte de resíduos sólidos urbanos, comerciais, saúde, portos, aeroportos, indústrias do

petróleo e gás. A Marca oferece soluções adequadas para disposição final de resíduos oriundos

dos diversos seguimentos industriais. Se necessário, estabelece base de atuação “in company”

para solucionar o problema em sua origem. Além de células devidamente preparadas, possui

galpão de estocagem temporária e processos de tratamento ideais para este tipo de resíduo.

As células para disposição final de resíduos são criteriosamente preparadas, impermeabilizadas

com argila compactada e mantas de polietileno de alta densidade. Esta técnica garante o

isolamento total dos resíduos, preservando o solo e os recursos hídricos. O chorume é drenado

e tratado em estação de efluentes própria, sendo devolvido a natureza dentro dos padrões

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estabelecidos pela legislação ambiental. Os gases de efeito estufa são drenados, tratados e

utilizados como fonte de energia na unidade de tratamento e também alimentará a

termoelétrica. O pioneirismo da Marca Ambiental no tratamento dos gases é reconhecido pelo

governo brasileiro. Foi a terceira empresa autorizada a comercializar créditos de carbono no

Brasil. Após o esgotamento da célula, é realizado o fechamento com a revegetação da área. A

Marca Ambiental carrega em seu DNA o conceito de sustentabilidade. Atua no fortalecimento

da cadeia produtiva de materiais reciclados do estado desenvolvendo tecnologias verdes

capazes de oferecer um destino nobre aos resíduos que recebe em sua central de tratamento.

Na vanguarda das ações socioambientais, criou o Instituto Marca que sedia o primeiro

condomínio de econegócios do estado. Diversas ecoindústrias de reciclagem de resíduos estão

instaladas na área da central de tratamento. Marca Ambiental, uma empresa socialmente

responsável que desenvolve uma série de projetos socioambientais, educativas e culturais,

levando conhecimento as comunidades em seu entorno. Marca Ambiental, a marca da

sustentabilidade.”

LUIZ HECKMEIER: É, muito obrigado pela apresentação do empreendedor. Nós antes de

passarmos a palavra aqui para a Vereda, que vai fazer a apresentação do Estudo de Impacto

Ambiental, nós gostaríamos de convidar para se sentar conosco aqui na mesa o Sub-Secretário

de Meio Ambiente do município de Magé, Sr. José Renato Ascar. José Renato? Cadê o José

Renato?. Zé Renato! Senta aqui conosco, Zé Renato, por favor. Ok. É, eu gostaria de saber se

tem algum presente aqui, algum representante do IBAMA ou do ICMBio, por favor? Não? Bom,

gostaria de fazer, a registrar, a presença dos analistas ambientais, colegas nossos lá do GATE,

que é o Grupo de Apoio Técnico do Ministério Público, ali a Vanessa Leão, Elisa Nolasco,

Luciana Bianco e o Fernando Gonçalves. Também, os representantes, analista ambiental,

ambientais do INEA o Marcos Vieira, a Flávia Valença e a Elaine Firmo. Agradecer também a

presença da, da Diretora de Meio Ambiente da Prefeitura, da Secretaria de Meio Ambiente de

Magé, Aparecida Resende. O Sr. José Calda Silva que é do Comitê de Bacias da Baía de

Guanabara. Bom, então passamos a palavra então para o Ed que vai então apresentar o Estudo

de Impacto Ambiental.

ED WILSON: Boa noite à todos. Meu nome é Ed Wilson eu fui o coordenador deste Estudo de

Impacto Ambiental. Então o que a gente vai procurar mostrar pra vocês aqui é a metodologia

do desenvolvimento de um estudo deste tipo e também, é, o que se propõe este projeto, as

características do projeto, as características da área. Então, é isso que a gente vai mostrar pra

vocês. É, aqui é pra se ter uma noção da área. Aqui a BR, o pedágio, e essa área que está se

propondo a implantar, é, esse tipo de empreendimento que nós vamos mostrar aqui. Aqui as

distâncias de alguns centros dos municípios de entorno. O empreendimento vai ocupar uma

área de aproximadamente 130 hectares, e vai, é, dispor tanto resíduos urbanos como resíduos

industriais, além de unidades de tratamento também, destes resíduos. Isso aqui, é um, é um

assunto importante pra mostrar pra vocês. Até aproveitando a faixa que está circulando, né,

de repúdio a mais um lixão. Então é bom a gente conhecer o que exatamente é um lixão, o que

que é um aterro controlado e o que que é um aterro sanitário ou um aterro industrial. Então

são quatro coisas distintas que é bom que a gente possa, é, esclarecer melhor. Então nessa

figura aqui, depois eu vou mostrar umas fotos também, seria o que a gente conhece como

lixão. Então lixão é aquele lugar, como o nome diz, está cheio de lixo colocado de qualquer

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forma. Aqui tá o lixo, os urubus, isso azul aqui em baixo é o lençol freático. É aquela água, né,

que está por baixo do terreno que quando a gente faz um poço, a gente coleta essa água pra,

pra uso. Essa água, como a gente coleta pra uso, ainda mais aqui na região de entorno da área,

a gente sabe que ali a captação de água das pessoas é de poço, então, se você tem um lixão

como ele foi colocado direto em cima da terra, todo aquele líquido da decomposição do lixo,

que acontece até na lata de lixo que a gente deixa em casa, gera aquele líquido preto que é um

líquido contaminado. Então o lixão acontece isso. Não só o cheiro, o lixo está exposto, o urubu

chega, incomoda, e tá contaminando o solo e o lençol. Numa situação dessa, como a Mirela

falou, mais de 40% dos municípios brasileiros tem essa realidade. Hoje no Rio de Janeiro, no

entorno da baía de Guanabara não existe mais lixão deste tipo. O que nós encontramos agora

em Magé é um aterro controlado. Qual a diferença de um aterro, de um lixão pra um aterro

controlado? O aterro controlado continua, ainda, causando problema, mas bem menos do que

era o caso do lixão. Porque? Num aterro controlado eu vou instalar isso aqui, que é uma

chaminé. Então a gente faz, escava o lixo, coloca uma manilha com pedra e essa manilha ela é

furada e quando a gente coloca o lixo, a decomposição do lixo que gera o gás, o gás é

conduzido pra dentro dessa manilha e você queima. O chorume que tá sendo gerado, ele

também entra por esses furinhos e desce, e ali em baixo a gente coleta esse chorume e leva

pra um sistema de tratamento. Então pra quem já teve a oportunidade de visitar o atual aterro

controlado de Bongaba, vocês vão poder identificar isso. O lixo é coberto, tem tratores

diariamente lá compactando lixo, caminhões colocando terra e cobrindo exatamente pra não

deixar o lixo exposto. MAS como era um lixão e tá sendo feito uma remediação, esse trabalho

nunca fica ideal. Então qual é o ideal? É não ter lixão, não ter aterro controlado e, sim, ter um

aterro sanitário. Qual é a diferença? Olha a água aqui em baixo e o chorume descendo, a água

aqui em baixo e o chorume descendo, vê se aqui tem chorume descendo? Não tem. Porque?

Porque aqui em baixo tem essa, risco preto é um plástico. Não é bem um plástico, é um pouco

melhor que um plástico que todo chorume que descer, ele vai cair neste plástico, vai escorrer

e vai pra uma central que vai tratar esse chorume que a gente vai mostrar aqui. Então isso

aqui, isso é um lixão. Isso não existe implantação. Então quando se fala “ah, vai se implantar

um lixão”, não se implanta lixão. O lixão surge. Basta alguém começar a jogar ali, alguém vê

que tem, outro vai jogando, jogando, jogando, chega uma hora que se perde o controle. Aqui

em Magé foram 20 anos que foram colocando, colocando sem controle nenhum. Num aterro

controlado já passa a ter controle. Você tem balança, você tem portaria, então já melhora, mas

ainda não é o ideal. O ideal é um aterro sanitário. Então aqui, isso é um lixão. Isso é um lixão.

Isso aqui que vocês estão vendo aqui é o aterro, é o lixão de Bongaba em dezembro de 2010.

Isso aqui, não dá pra ver direito é um pessoal vendendo quentinha. Aqui do lado é uma

menina de aproximadamente 10 anos de idade, que tava comprando a comida, veio pra essa

barraquinha e consumiu a comida. Então isso é lixão. Lixão, tem essa presença de catadores,

que por mais que possa ser uma coisa que muita gente dependia disso, mas ele está sujeito a

doenças. Não só dele se furar com caco de vidro, do trator que está passando atropelar e se

machucar, como ele consumir alguma coisa que provoque doença ou doença dentro, doença

respiratória, doença de pele. Isso aqui é um aterro sanitário. Isso é um aterro sanitário. Essa é

a, a diferença básica. Antes de se colocar o lixo você tem toda essa área protegida e aqui no

meio, oh, é uma valinha aonde o chorume escorre cai nessa valinha e vai pro sistema de

tratamento. Então esse tipo de atividade é o que está se propondo uma das atividades que

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está sendo proposta nesse momento e não isso aqui. Isso aqui todo mundo tem que repudiar.

A própria legislação obriga que os municípios acabem com os seus lixões e implantem o que?

aterros sanitários, já que nós não temos ainda, economicamente viável, uma tecnologia que

possa fazer um aproveitamento melhor desse lixo.

Pausa para beber água

Bom, então agora eu acho que a gente já pode, é, entendo essa diferença. Então agora todo

mundo sai daqui hoje com uma noção muito melhor dessa diferença destas duas atividades.

Isso aqui é o que a gente vai apresentar aqui, é, uma coisa que a gente procurou seguir nesse

projeto é a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Então, todo o projeto ele foi elaborado

visando atender o que a diretriz do país recomenda. O que que é o mais importante aqui? Os

aterros novos a tendência é que não vá mais o lixo como vai hoje da forma que ele sai, cheio

de matéria orgânica, cheio de coisas que a gente possa aproveitar. Então a lei quer que pra um

aterro sanitário só vá o rejeito. Rejeito é aquilo que não tem como aproveitar. Se você vai

numa garrafa PET, isso não é lixo, isso pode ser aproveitado. Então, a lei encaminha a gente

para não ter mais esse tipo de rejeito dentro dos aterros. Isso aqui é uma questão importante,

porque existe uma lei nacional que não pode ter, é, projetos de aterro sanitário, nem lixões,

nada que atraia aves, urubus, num raio de 20 km. Se tiver dentro de 9 km nem adianta tentar

licenciar. Se tá de nove a vinte você tem que, além desse licenciamento, que está sendo feito

hoje aqui, uma etapa dele, tem que ter uma autorização da aeronáutica. E aí, foi encaminhado

todos os estudos para a aeronáutica e essa autorização foi dada recentemente que é através

desse parecer vinte e um. Porque é importante colocar isso? Quem acompanhou há um tempo

atrás a CTR do Rio de Janeiro, um dos motivos que ela não foi implantada foi porque ela não

conseguiu essa autorização, ok? Então se eles deram a autorização é porque eles avaliaram

esse projeto e entenderam que esse projeto não vai gerar urubus. É, pra você também, fazer

uma, uma alocação de um terreno pra qualquer tipo de empreendimento, seja ele uma CTR ou

qualquer outro, você precisa fazer uma avaliação das áreas. Então o que que nós fizemos, é,

pra esse estudo? Procuramos conhecer o município de Magé e tentar ver quais as áreas que

não tem jeito mesmo e quais as que você pode ter uma possibilidade. A gente nunca vai

encontrar uma área que atenda todas as condições ideais pra nenhum tipo de

empreendimento, mesmo pra um clube como esse, talvez tenha sempre alguém ao lado que

vai reclamar que tem muita gente, que tem barulho, que tem alguma coisa. Então você não

consegue nunca um lugar que atenda todas as características. Então a gente tem que buscar

uma que apresente o maior conjunto de características favoráveis. Então nos utilizamos aqui

uma Norma brasileira, o zoneamento do município de Magé, onde diz o que que pode e o que

não pode. O município tem o zoneamento onde indica onde é a área urbana, onde é área

industrial, a gente pesquisou isso. Trabalhamos com fotos do IBGE e com o mapa de uso do

solo que o INEA produziu para o estado do Rio de Janeiro e preparamos o que nós chamamos

de Mapa de Exclusão. Aqui está o município de Magé, a rodovia passa aqui. Aqui tá Piabetá.

Aqui pega Suruí e Mauá. Aqui é o mangue de Guapimirim. Aqui é o centro de Magé e aqui vai

em direção a Teresópolis. Então a gente observa essa área toda verde aqui é área de serra,

quem vai pra Petrópolis. Então, é uma área de grande inclinação, com grande, bastante

vegetação. Então, eu não teria como trazer uma proposta de um projeto dessa magnitude

numa área desse tipo. Então, eu já excluí aquela área. Eu não posso colocar onde tem as

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cidades. Não posso colocar dentro de um bairro, muito próximo das residências, também, um

empreendimento desses.

INTERLOCUTOR: Eu quero falar, eu quero falar

EDWILSON: Vai ter pergunta depois.

INTERLOCUTOR: Eu quero falar

EDWILSON: É, eu não posso colocar numas áreas de manguezal. Então a gente foi excluindo

aqui áreas que não adiantavam eu ir pra lá pra tentar estudar que eu não ia encontrar um local

adequado. E essa área marrom toda aqui são áreas mais concentradas de pastagens, que não

tem vegetação densa, que não tem comunidade de grande densidade próxima. Então se

estudou três áreas. Uma alternativa aquela que eu mostrei lá na frente que a gente vai

detalhar mais. Estudamos o próprio área de Bongaba e uma terceira área que é a área do rio

Estrela. E pra cada uma dessas áreas foram avaliados estes 17 critérios e foi montado uma

planilha, que eu acho que daí de trás não dá pra ver direito, ficou pequeno, mas aqui a gente

observa se tem vegetação, se não tem, vários parâmetros, e é dado uma pontuação. A que

tiver a maior área, maior valor, indica que a área tem maiores, melhores características para

implantar o empreendimento. Então essa aqui é a área atual, é, a área selecionada. E aqui a

área de Bongaba. Porque que se está avaliando Bongaba?Isso não é o primeiro município que

se faz isso. Em Friburgo, o aterro que foi licenciado fica do lado do aterro controlado. Porque?

Porque já tinha toda a rotina, já tinha a estrutura. Então, sempre a gente considera também a

área onde existe um verde, o lixão da cidade. Então tenta ver se ali há condições de já instalar

um aterro para se colocar o resíduo. E a equipe fez isso. Então, esse trabalho não foi feito só

por mim. Foi feito por uma equipe de mais de 30 pessoas. Então, todos sentaram, estudaram,

discutiram e nós conseguimos implantar o projeto aqui no papel. Só que quando a gente

começa a avaliar as características, não ficou o ideal. Porque a área é menor. Então a gente

estudou uma segunda área, que é essa área aqui. Também fizemos o projeto para essa área,

distribuindo todas as unidades em cada uma dos locais aqui. Só que essa área quando a gente

implanta aqui, a quantidade de impactos que a gente identificou era maior. Então, nós

estudamos elas também. A equipe foi pra lá estudou a fauna, estudou a vegetação, e, a gente

acabou, a equipe deu aquela pontuação fez opção pela primeira fazenda. Então isso aqui é o

que vai ser instalado, visando atender a necessidade de dispor resíduo urbano e resíduos, é,

industriais. Tanto pra disposição, para colocar o lixo lá ou unidades que vão tratar aquele

resíduo, é, industrial. Essas são as unidades que vão ser implantadas, que está se propondo

para serem implantadas. Uma unidade de amostragem, ou seja, como a Mirela comentou. O

resíduo quando chega ele vai passar por uma unidade que vai ser coletado o resíduo, vai levar

pra um laboratório e vai analisar. Dependendo das características eu vou encaminhar esse

resíduo ou pro, pros aterros ou uma unidade dessas de tratamento. E como às vezes a análise

demora, não posso deixar o caminhão esperando e, então o que que eu faço? Eu tenho um

galpa, galpão de armazenamento. Aí fica ali, no máximo seis meses, isso é o máximo, é só o

tempo para esperar chegar à análise, entender e saber pra onde que eu vou encaminhar esse

resíduo. E eu tenho aqui unidades de resíduos como eu falei de indústrias, de vários tipos, ou

até solo contaminado. Então se um posto de gasolina vasa e contamina o solo, eu, a gente tá

propondo aqui uma unidade que possa tratar esse solo. Coloca lá, trata esse solo, e esse solo

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pode ser devolvido depois de análise. Aquilo que não conseguir ser tratado, aí sim, nos vamos

dispor no aterro, tanto no aterro industrial como no aterro, é, urbano. E vão ser implantadas

aquelas três unidades que a Mirela apresentou, de biococo, que pega os cocos das praias,

beneficia ele e faz xaxim, faz aquela manta pra usar em recuperação. Então, tem vários usos. O

coco sai do lixo e passar ser uma coisa, é, de utilidade. A mesma coisa de biodisel, que vai

poder, com óleo de cozinha usado, que ele é extremamente nocivo quando é lançado no ralo,

ele vai virar sabão ou biodisel. Essa de sacola e ainda vai ter uma unidade de triagem. Essas

unidades, que muitos daqui devem conhecer, que é aquela que tem uma esteira que as

pessoas do lado fazendo a catação. Só que nesse caso, não vai fazer uma unidade que vai vir o

lixo todo comum e ficar separando. Vai ser o lixo da coleta seletiva. Então o lixo da coleta

seletiva, ainda vem um pouco misturado, aí vai ser uma unidade de triagem que vai separar e

esse material separado vai pras unidades pra beneficiar ou pra vender pra alguma, é, outra

atividade. Aí essa eu vou passar rápido, porque vocês já viram, né, os vasos de planta, os

xaxim. O, o sabão. É, a fábrica de plástico. Então todas estas unidades estão previstas para

serem instaladas. Então é um empreendimento um pouco diferenciado do tradicional. Então

não tem só o aterro, não tem só a unidade de tratamento industrial, mas também tem,

unidades de reciclagem. Isso aqui também, é um pouco difícil de enxergar daí, mas aqui só

mostra a quantidade de resíduo e pra onde ela vai ser encaminhada. Então o resíduo urbano

que a gente gera em casa, vai direto pro aterro sanitário. O industrial, é, que não é risco

nenhum vem pra cá. Vai ter uma unidade de poda de galho. Quando limpa a cidade, corta

árvore, corta grama, esse material vai ser aproveitado, triturado e fazer compostagem. O

resíduo de saúde dos hospitais, vão ter, é, um tratamento correto. Ele trata e depois de ser

tratado ele vai pro aterro. E aqui tem todas as unidades. Isso aqui é aquele projetinho que eu

apresentei para as outras áreas. A gente está apresentando pra área que a gente pretende

implantar. Aqui seria o aterro sanitário. Aqui passa o rio Inhomirim. Aqui o aterro pra receber

o resíduo comum, que a gente gera no dia a dia. Aqui as unidades de tratamento do chorume.

Desse percolado, desse chorume que desce que contaminava lá o lençol que eu mostrei. Ele

vai ser coletado e tratado antes de lançar, ele só vai ser lançado depois que ele atender todas

as normas estipuladas pelo órgão ambiental. Aqui é a unidade de poda. Então você pega as

árvores, tritura todas elas e vai gerar um bolo de serragem e essa serragem entra no processo

de compostagem. Essas verdinhos aqui, eu vou mostrar as fotos, é onde entra o resíduo

industrial. Aqui onde faz a separação e aqui é a balança. Então o caminhão chega aqui pesa e

depois segue para a unidade. Isso aqui é pra gente ver como é montado um aterro sanitário.

Então o que se faz originalmente. Tira-se todo o solo que é ruim, coloca-se uma camada de

barro, argila bem compactada, bem batida. Acima dessa camada de argila bem batida é coloca

essa manta, que é um tipo, esses filtros de ar condicionado só que ele tem um produto no

meio que é chamado betonita. Quando essa betonita entra em contato com a água ela

expande e não deixa mais líquido nenhum passar. Ela fica quase como se fosse um plástico. E

acima dessa, aí sim, coloca-se a manta aqui que é uma manta plástica de dois milímetros e ela

vai proteger todo o aterro como eu mostrei naquelas fotos anteriores. Isso aqui, já é uma

característica de, desse projeto, que esse projeto ele foi feito, ele começou a ser preparado

quase que no final do Estudo Ambiental da área. Então, primeiro as equipes foram pro campo

fizeram um levantamento de águia, do solo, de vegetação, pra conhecer como é que era esse

terreno e aí fez um projeto adaptado ao tipo de terreno. Está uma falação danada ali. Pode,

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podem fazer um pouco de silêncio por favor? Isso que a gente tá vendo aqui, é um corte do

terreno. Eu peguei o terreno cortei pra gente poder entender. Esse número sete é a altura do

solo. O terreno lá ele começa na cota cinco, é a altura comparada ao nível do mar. Então ele tá

a cinco metros acima do nível do mar. Nós fizemos um estudo de cheia e esse estudo de cheia

mostrou que na máxima cheia essa água passaria da margem do rio, inundaria a margem do

terreno chegando até a cota cinco e meio. Então para esse projeto ter segurança de que essa

água não chegaria até o aterro foi feito um afastamento de 800 metros do rio e ainda elevou o

terreno até a cota sete metros. Então, teve a maior cheia de cem anos a água não chega em

cima do aterro. E a medida que ele vai crescendo ele vai subindo cada vez mais. Isso aqui é o

terreno natural. Esse aqui para se colocar o resíduo industrial, como é o resíduo que tem maior

risco, então em vez de colocar num, numa área muito próxima do solo natural, então escolheu

as áreas de morro. Então a idéia é pegar o morro, fazer um corte no morro e colocar essas

unidades lá em cima. E com isso você tem uma distância do fundo da célula até o nível do

terreno natural de aproximadamente três metros no mínimo. Isso aqui é mais ou menos o

desenho. Isso aqui é uma cobertura e aqui são as proteções. Então, este tipo de aterro ele vai

ter mais proteções ainda do que aquelas que eu mostrei. Porque? Porque são resíduos de

indústria. Então tem que ter o maior cuidado. Então, o projeto prevê, uma manta daquela de

plástico, uma camada de areia, uma outra manta daquela de plástico e mais uma camada de

solo. Se por acaso romper a primeira, essa camada de areia vai levar a água contaminada e eu

vou estar lá analisando. Aí eu vou saber, opa, vazou tá saindo produto que não pode para a

natureza. Eu coletei isso numa caixa, eu vou entrar e vou corrigir a manta. Só que por baixo

tem uma outra manta. Então se a primeira rasgar, tem uma segunda. Eu já vou saber que

rasgou porque eu tenho um dreno de areia, eu vou coletar esse líquido e vou saber se

contaminou. É aqui. Então ele é todo coberto por cima, coberto pelo lado, porque não pode

entrar gente, não pode entrar animal, não pode entrar chuva. Então ele tem que ser

totalmente fechado. Isso aqui é uma das mantas, mas só que ele tem mais mantas por baixo. E

aqui é aquele galpão, que já tinha sido mostrado anteriormente.

Como é que está meu tempo? Tempo?

Isso aqui é pra mostrar como é que é a operação de um aterro sanitário. Aqui em baixo a

proteção da manta. Então o lixo chega, pelo caminhão, ele é jogado no chão, já em cima da

manta, vem um trator começa a empurrar esse lixo e vai subindo aqui. Esse trator passa cinco

vezes aproximadamente pra poder compactar bastante o lixo e já tem outro trator em cima e

outro caminhão, só que esse tá jogando terra. Ele joga a terra, aí vem um tratorzinho e espalha

a terra. Então, diariamente esse lixo é coberto, exatamente, pra evitar cheiro e evitar a

presença de urubus. Isso aqui é um desenhozinho de um aterro já montado com as várias

etapas. Esse azulzinho aqui é onde o líquido, o chorume vai cair, ele escorre, aqui tá o lixo, né,

isso aqui é tudo lixo. O lixo, o chorume escorre por aqui, cai nessa valinha e vai pra estação de

tratamento. Aqui tá o dreno de gás. O chorume desce e o gás sobe. Esse gás que sai aqui é o

gás metano. Esse gás é que tem mau cheiro. Quando você queima esse gás, você transforma o

metano em CO2, e, o gás CO2 ele é bem menos poluente para a camada atmosférica do que o

metano. Então além de tá protegendo a camada de ozônio, ele também tá reduzindo o cheiro.

Esse aqui é um outro exemplo, mostrando as mantas o dreno que pega o chorume e vai pra

estação de, de tratamento. Bom, então aqui agora a gente apresentou basicamente o que, que

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vai ser implantado. Todas as unidades: o aterro sanitário, o aterro industrial, as unidades que

vão tratar os resíduos industriais. E agora a gente vai conhecer um pouco o que que a gente

estudou na área. O que que a gente conheceu de características das áreas, da área. O que que

é frágil e o que que não é. Então, o estudo ambiental ele é dividido em três partes: uma parte

é o meio físico. O meio físico a gente vai estudar a água, vou estudar o ar, eu vou estudar o

solo, ruído, tudo isso a gente estuda no meio físico. A gente definiu aqui as áreas onde esse

projeto leva influência. Então eu tenho três tipos de área. Essa vermelinha, é a área

exatamente onde vai ser implantado o, o projeto. É como se fosse, imagina esse terreno aqui

antes de ter esse prédio. Quando instalei o prédio eu ocupei, impermeabilizei tudo isso que

vocês estão vendo aqui. Isso é o que a gente chama de área diretamente afetada. Aquilo que

tinha aqui, se tinha alguma árvore, essa já era. E não vai crescer mais porque a gente

implantou. Pode crescer pro lado onde sobrou a terra. Então, aqui esse vermelinho a gente vai

implantar, ali vai ter as células, ali sofre impacto. Tem os impactos indiretos, diretos que a

gente coloca aqui e o que é indireto nessa área. Foram estudados nesse local a questão de

topografia, se a área tem relevo, alto, baixo. A gente estuda aqui a característica do solo.

Foram realizados trinta furos de sondagem na área. Então nessa sondagem a gente identifica o

tipo de material, qual o nível que a água está. Se está muito profunda, se está rasa. A gente fez

um estudo que se chama hidrogeologia. Então o que a gente pretende nesse estudo de

hidrogeologia? É conhecer como é que funciona a característica do solo e da água subterrânea.

Então eu preciso saber pra onde a água subterrânea corre. Porque? Se tiver uma

contaminação de penetrar no solo a água vai levar essa contaminação pra algum lugar. Então

eu preciso saber pra onde que vai. Então foi feito um modelo a partir de poços, um modelo

matemático que você identifica pra onde essa água subterrânea, que a gente não vê pra onde

ela está sendo encaminhada. E foi identificado no estudo que a direção preferencial é em

direção ao rio Inhomirim. Então qualquer problema que acontecer, ele vem pra cá e não pra

trás. Que é um aspecto positivo. Porque? Porque aqui atrás é onde tem os bairros, aquela

estrada de Mauá. Então, já é uma forma de deixar mais protegido mesmo que aconteça o pior,

essa contaminação ia pra frente. Isso me ajuda a gente instalar os poços. Eu vou ter que

colocar vários poços pra coletar água, permanentemente, pra saber se essa água tá em boa

qualidade ou não. Então eu já coletei agora, nós já fizemos várias coletas. Então a gente já

conhece a água como é hoje. Então essa água depois do projeto ela vai ter que continuar com

a mesma qualidade que ela tem hoje. Se ela não tiver é porque o empreendimento não tá

bom. Tá com problema. E aqui foi identificado a maior fragilidade que é esse numerozinho

aqui. O ideal para implantação de um projeto desse tipo é que esse numerozinho aqui fosse

cinco, seis, sete, quanto maior melhor, quanto menor pior. Então a, a característica natural é

desfavorável. Então eu vou ter que fazer um projeto que isso não afete as características da

área. E também foi identificado da água. Ela é vulnerável. Ela tem muita chance da água

penetrar. Aí foi feito um estudo para identificar os principais aqüíferos da região. Aí esse mapa,

é o mapa do Estado do Rio onde identifica os principais aqüíferos. E a gente identificou aqui, o

aqüífero Macacu, que é um aqüífero importante, ele acontece aqui, e não acontece aqui onde

está sendo proposto o empreendimento, apesar das características do terreno serem

semelhantes. Pra isso foram feitos sete pontos de coleta. Então escolheu-se sete locais, tanto

pra onde a água subterrânea vai como pra onde ela não vai. Então a gente fez inclusive, coleta

em poços de algumas casas. Eu não sei se alguma das pessoas que nós coletamos está

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presente aqui, mas foram seis casas ao longo ali, próximo du, da, de onde vai, se pretende o

empreendimento, também, se coletou água para saber como está a qualidade hoje e ter a

garantia depois que essa água não vai ser contaminada. Aqui são os pontos que foram

coletados no rio Inhomirim. Então eu tenho um ponto na estrada, logo depois da ponte, então,

até um ponto aqui na baía de Guanabara. Todos estes pontos foram coletados. Porque? Se por

acaso desse um problema a gente vai ver. A gente conhece essa água como ela é hoje. Vamos

supor que esse projeto seja implantado e daqui a dez anos deu um problema? A gente vai tá

monitorando. Vai saber o que aconteceu. Foi feito também poços, não só da água do rio, mas

também de poços, aqui são os equipamentos. Esses são os poços que foram coletados. Foi

feito também a medição de ruído. Então foi medido ruído à noite, durante o dia, em vários

pontos dentro da área, obviamente, fora da área onde vão passar os caminhões. Foi medido

também, a qualidade do ar. Colocou esse equipamento aqui, que é um equipamento que ele

tem uma bombinha que ele suga o ar e a gente tem como avaliar a quantidade de poeira que

está no ar e a legislação diz quanto pode e o quanto não pode. Então hoje a gente já conhece

como é a realidade hoje. Então ela, esse projeto não pode piorar essa condição. No meio

biótico a gente também definiu uma área de influência. O que estuda no meio biótico? Estuda

a vegetação. Mesmo a área não tendo uma vegetação de porte, praticamente noventa por

cento da área, é, é formada por pastagem, gramíneas, a gente estudou, além daqueles cento e

trinta hectares, nós estudamos duzentos hectares. Estudamos toda a área do entorno. Então

tá aqui. Cada árvore que existe lá, foi marcada e foi catalogada com uma etiqueta. E também,

foi feita a medição, coletou as flores pra identificar a espécie. E nesse estudo, mesmo lá uma

área totalmente degradada você ainda encontra algumas espécies interessantes como é essa

aqui o jacarandá-da-bahia. A caxeta que são espécies que tão em risco. O que que é o lado

bom desta história? Lembra onde eu mostrei a ADA, aquele local onde o empreendimento é

colocado? Como é esse terreno aqui, nenhuma dessas árvores ocorre ali. Elas tão no entorno

da área. Então nenhuma delas vai precisar ser retirada pra se implantar o empreendimento,

mas nós fomos lá e estudamos. Foi feito também uma identificação das unidades de

conservação. Então pegou o projeto, buscou-se todas as unidades de conservação que existem

próximas. A mais próxima é a APA Estrela que pega quinhentos metros do rio Inhomirim.

Como o projeto tá a oitocentos metros, então, tá distante. Foi feito também um estudo de

organismos que a gente não consegue ver, mas eles são extremamente importantes que é o

que a gente chama de plâncton, que são as algas. Então, a gente fez várias coletas também

para conhecer as características desses organismos, é, na água, inclusive os peixes. Aqui tem

os pontos de coleta no rio e nas poças. Que como ali tem poças, a gente também estudou os

peixes que ocorrem nas poças do, da área do empreendimento. Então pode ver que não tem

ponto aqui dentro. Foi estudado mais no entorno, em área que não vai ser diretamente

afetada. Foi estudado, também, aves, répteis, anfíbios, mamíferos. Então aqui é um

profissional colocando uma rede. Esse rede a ave não consegue ver, então quando ela passa,

ela cai na rede o profissional pega essa ave, identifica, tira as medidas e solta novamente. Aqui

é pra pegar os animais mais rasteiros como lagartos, cobras, as vezes até mamíferos. Ele bate

aqui na tela e ele não volta, ele bate, vem tentando sair e cai aqui no balde. Aí nos vamos lá

depois, a equipe vai pega os animais no balde, mesma coisa, fotografa, identifica e solta esse

animal. Mas com isso a gente conseguiu ter uma noção de quais são as espécies que ocorrem

ali na região: cento e setenta e uma espécies de aves, vinte e oito de répteis e anfíbios e de

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mamíferos só tem nove, é natural como não tem uma vegetação mais densa não tem muito

aonde se abrigar. Aqui são os pontos de amostragem de, de fauna. Foi feito um estudo

também da parte socioeconômica. O que que é a parte socioeconômica? Somos nós. Aqui a

gente vai estudar como que são as características do município. Qual é a situação de

distribuição das localidades, quantos distritos tem, quantas pessoas, qual a condição, o

número de escolas, o número de postos de saúde, sistemas de transporte, emprego, então a

gente procura conhecer como é a região que vai receber o empreendimento pra saber o que

de impacto positivo e negativo esse empreendimento traz para as pessoas, para o município,

pras localidades. Então, é um trabalho que foi feito, principalmente, nas comunidades do

entorno. Foi feito visita, foram preenchidos questionários. Então foi um trabalho bem

detalhado das comunidades do entorno e um trabalho mais junto as Secretarias da área de

Magé como um todo. E aqui a gente vai dando as características. Foi feito, também, um estudo

de arqueologia. Então veio um arqueólogo, fez o levantamento, foi no campo apresentou

projeto pra aprovação do IPHAN. E o conjunto de todo isso que eu falei: do projeto, das

características da área e do que a legislação indica a gente identifica aqui os impactos

ambientais. Isso aqui são os parâmetros que a gente identifica. A gente vai ver se o impacto é

positivo ou não. Se ele é direto ou indireto, Se ele é local ou regional. Tem impacto que só

afeta quem tá do lado. Tem impacto que afeta até quem tá mais longe. E quando eu falo que

afeta quem tá perto quem tá longe é tanto positivamente quanto de forma negativa. Pode

acontecer os dois. A gente vai ver aqui. Então aqui eu coloquei apenas um resumo. É uma

matriz grande com quarenta e três impactos, se não me falhe a memória, e ali tem tanto

impacto positivo quanto negativo. Então esse aqui, por exemplo, é um impacto negativo.

Como vai ter caminhão o tempo todo, você vai ter o aterro colocando lixo, o lixo que como eu

falei se não for bem tratado gera gás, gera cheiro. Então, a gente identificou isso e informamos

para a empresa: “olha se não fizer direito vai ter problema”. O que que a gente recomenda? A

empresa quando ela identifica, ela também recomenda o que que tem que ser feito pra não

ter o impacto. É recomendado que as vias sejam sempre umidificadas, pra quando o caminhão

passar não gerar poeira. Tenha um controle de velocidade. Tenha um controle de manutenção

dos veículos, pra não passar um montão de caminhão soltando fumaça por tudo quanto é

lado. É, adoção de sistema de aspersão local e também na pista toda. E como é que eu sei que

estas medidas que eu estou propondo são boas? Eu tenho que acompanhar. Como é que eu

faço para acompanhar? Eu coloco um Programa. Então eu vou ter um Programa que eu vou ter

que desenvolver, onde eu vou ter lá mensalmente ou a cada dois meses aquele equipamento

que eu mostrei coletando ar pra ver se aquela molhar, tá molhando a via tem efeito ou não.

Mesma coisa barulho. Então eu tenho que ter medidas que não deixe que os tratores

funcionando e nem os caminhões incomode quem mora perto. Então tem as propostas aqui de

instalação de dispositivos pra diminuir o ruído pra incomodar, ou não incomodar, ou

incomodar o mínimo possível. Também tem um Programa de controle. Aqui risco de erosão

que como ali o rio Inhomirim ele é muito raso e já até está um pouco assoriado eu não posso

deixar que esse projeto leve mais terra pro rio Inhomirim. Se não ele vai ficar mais raso e

quando der uma chuva ele vai ter uma inundação muito maior. Isso pode acontecer? Pode

acontecer. A gente tá colocando aqui. Qual a medida pra isso. É, instalar sistema de drenagem,

quando a chuva caia, ela vai cair numa canaleta leva a água sem levar terra. Controle de

talude. Não deixar ficar uma elevação muito grande. Deixar pequena para evitar que a água

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leve essa terra. E esse impacto aqui que a gente pode destacar como o principal. A gente tem

que ter atenção. Como um empreendimento desse que você vai colocar resíduo em cima do

solo, ainda mais num solo que a gente mostrou ali que tem fragilidade, então eu tenho que ter

uma proteção que garanta. Então, o estudo propõe a instalação de três camadas de proteção.

O normal num aterro como a norma diz, é uma camada. Aqui pela característica da área, né,

de ter muita permeabilidade, tá se propondo, indicando pro empreendedor, que vai, que

pretende colocar o projeto, colocar três mantas. Mas eu tenho que sabe se essa manta vai me

garantir. Eu vou fazer o meu Programa de Monitoramento. Eu vou ter vários poços lá que eu

vou tá coletando água. Olha, tá muito barulho. Tá atrapalhando vocês, não está? Fazer

silêncio, por favor. Eu to passando um pouco do tempo, desculpa, posso ter mais cinco

minutos.

LUIZ HECKMEIER: cinco minutos

ED WILSON: Isso é importante. Era bom se todo mundo prestasse atenção. Isso aqui é o

aterro. Isso aqui são as unidades que vão receber resíduo industrial. Mesmo eu tendo

proposto aquelas três proteções, aquele plástico que eu falei que é bem grosso, que não deixa

o líquido passar. Se, nada daquilo funcionar, tudo der errado, vão ser instalados barreiras aqui,

e essas barreiras vão fazer com que a água subterrânea ela bata nessas barreiras e caminhe

mais devagar. E essa água vai pra essas bolinhas aqui que é um poço. Então essa água cairia no

poço, eu coletaria essa água, analisaria e se desse problema, bombearia e trataria essa água na

estação de tratamento de efluentes. Isso aqui que vocês estão vendo azul é pra água de chuva

que cai em cima do aterro, pra não levar terra, mesmo com toda a drenagem que eu propus,

se passar uma terra, ela vai correr por aqui, nesse ziguezague, e a terra vai se acumular nesses

cantos aqui evitando que essa água vá pra dentro do lixo. Vai pra dentro do rio, desculpa. Aqui

outros impactos que são menores. Aí tem impacto positivo que é a geração de emprego, a

geração de tributos pro município. Então, um projeto desses não só ele paga imposto, mas

como ele vai compra muita coisa no comércio local, também, essa, esse comércio vai gerar

imposto. As pessoas que trabalharem vão comprar, então tem uma geração de renda não só

para o município como para as pessoas. Isso aqui é só para mostrar que são dezoito Programas

que estão sendo propostos para acompanhar a eficiência de tudo isso que a gente apresentou.

Então, gostaria de agradecer a atenção de vocês. Nós vamos continuar aqui a disposição das

perguntas, mas agora o meu tempo terminou. Obrigado.

APLAUSOS

LUIZ HECKMEIER: Bom, nós gostaríamos também de registrar a presença aqui nessa audiência

do ex-prefeito do município o Sr. Rosan. Seja bem vindo e, a, muito obrigado pela presença.

Vocês receberam aqui na entrada de, da audiência, do, desse recinto, é, um formulário, é, um,

pra fazer pergunta. Então, por favor vocês podem fazer as perguntas e vão entregar,

entreguem aqui as nossas recepcionistas que já estão aí recolhendo as perguntas para que

agora, é, na segunda fase dessa audiência a gente possa então responder. É, então encerrando

agora esses trabalhos eu vou passar a palavra para o Promotor de justiça, Dr. Thiago Veras,

que é o representante do Ministério Público nessa audiência que vai encerrar então essa

primeira fase dos trabalhos. Agradecemos a presença aqui do Ministério Público aqui também.

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Magé, 11 de julho de 2013 21

THIAGO VERAS: Senhores representantes da CECA, Senhores representantes do INEA, do

empreendedor, do poder público municipal e estadual

INTERLOCUTOR: Levanta ! Levanta !

THIAGOVERAS: Cumprimento à todos na pessoa do presidente da mesa. População de Magé,

boa noite! Meu nome é Thiago Veras, eu sou Promotor de justiça da defesa do meio ambiente

do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O Ministério Público se faz presente dessa

Audiência Pública, única e exclusivamente, em razão da proteção ao meio ambiente. Como

todos sabem, em especial a população de Magé, o Ministério Público é a Instituição

responsável pela defesa do estado democrático de direito e da ordem jurídica justa. Portanto o

Ministério Público atua na defesa dos interesses sociais e das, defesa do meio ambiente em

interesses difusos e coletivos com relevância social. As pessoas estão acostumadas com o

Ministério Público na pessoa do Promotor criminal, mas como a população de Magé, bem

sabe, o Ministério Público atua em outras áreas como o Ministério Público Eleitoral e Tutela

Coletiva. Hoje, repito estamos aqui exclusivamente em razão da questão do meio ambiente.

Bem, o objetivo dessa Audiência Pública, como já foi dito aqui é expor o empreendimento que

se pretende instalar em Magé pra a sociedade e ouvir da sociedade as críticas para esse

empreendimento, em especial, os cidadãos que são as pessoas diretamente afetadas por esse

empreendimento no seu dia a dia. A população de Magé, de uma certa forma, já é

tradicionalmente traumatizada com aterros sanitários e isso se deve ao lixão de Bongaba. E é

traumatizada com razão desse absurdo que foi feito em Magé com o lixão de Bongaba. Já na

década de noventa, o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública em face do município,

pra regularização ambiental desse aterro, ou melhor, desse antigo lixão de Bongaba, que hoje,

como foi dito aqui, é um aterro controlado. No entanto, esse aterro controlado está com os

seus dias contados. Esse aterro já está saturado. Ele não pode mais receber lixo, ele não pode

mais receber resíduos sólidos por muito tempo. Tanto é que ele recebeu uma licença

ambiental do INEA de operação e recuperação com um prazo, salvo engano, até 2016. Após

este prazo, provavelmente, será impossível a prorrogação. Ou seja, é importante que seja

construído um aterro sanitário na região. Nós sabemos que a construção de um aterro

sanitário é uma medida antipática. Ninguém quer em seu bairro ou próximo a sua casa seja

construído um aterro sanitário. No entanto, eu chamo a população de Magé a uma reflexão:

todos nós produzimos lixo e é importante que esse lixo tenha uma destinação ambientalmente

adequada. E é nesse espírito de uma análise técnica e ambiental que o Ministério Público vai

fazer sua rápida palestra sobre os fatos. O Promotor de justiça não tem conhecimento técnico

ambiental sobre essa matéria, portanto, ele conta com o apoio do GATE, que é o Grupo

Técnico Especializado do Ministério Público. São os peritos de confiança do Promotor. São

geólogos, engenheiros, arquitetos, enfim, é uma equipe multidisciplinar que fornece um

parecer sobre cada empreendimento que é objeto de investigação do Promotor. Na primeira

fileira aqui, estão os peritos a quem mais uma vez agradeço. É, a partir de agora eu vou fazer

uma, uma síntese do Parecer Preliminar que o GATE fez com as principais críticas ao

empreendimento. Mas antes de começar eu gostaria de ressaltar que ainda que seja urgente a

construção de um aterro sanitário em Magé e nessa região é importante que a proteção ao

meio ambiente sobre a pressa de autorizar a implantação de um empreendimento de tal

porte. Nós sabemos que é imprescindível que seja feito um aterro na região, no entanto,

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Magé, 11 de julho de 2013 22

devemos analisar com toda a cautela, em especial, as normas ambientais. Bem, a primeira, eu

vou fazendo as críticas pontuais e o empreendedor prefere falar ao final ou sobre cada uma

das críticas?

GUSMÃO: ao final.

LUIZ HECKMEIER: ao final.

CARLOS CANEJO: ao final.

THIAGO VERAS: ao, ao, cada um fala uma coisa. O ideal seria responder uma a uma para poder

esclarecer pra população. Ok. Serão feitas diversas críticas sendo duas delas consideras as mais

graves. As que são relacionadas às águas subterrâneas e ao solo. As demais a gente entende

que ainda sim, seria possível novas medidas mitigatórias, novas medidas compensatórias. No

entanto, essas duas primeiras críticas, ou seja, relacionadas ao solo e as águas subterrâneas

são extremamente graves do ponto de vista ambiental e por isso eu peço que a população

preste atenção. A primeira delas fala o seguinte: o solo e o subsolo do local onde seria

instalado o empreendimento apresenta, no entender do GATE, características contrárias as

Normas Técnicas estipuladas pela ABNT 13896 e 97. É que o solo do local é arenoso, drena

muita água, enquanto que o necessário seria um solo argiloso, menos permeável. O solo do

local é cerca de mil vezes mais permeável do que o indicado pela Norma da ABNT.

ED WILSON: Bom, é, com relação a essa observação, é, eu acho que na, a minha própria

explanação, é, eu fiz essa, quando eu mostrei ali o dez a menos três eu havia comentado que

quanto maior o número, melhor a condição. Então, tá perfeito o que, o, o que o Promotor

colocou. A gente identificou isso. Nós colocamos no estudo que há área de alta e extrema

permeabilidade. Em função, exatamente dessa característica, o ideal que a natureza não

proporcionou é que o projeto tá recomendando também, é, além do que a Norma que fala em

camada de argila impermeável, tá sendo feito a camada de argila impermeável, tá sendo

proposto, né, tá sendo proposto que além da camada de argila impermeável, que é o que a

Norma pede, uma manta de GCL, que é aquilo que eu falei que a bentonita, que é aquela argila

que expande, acima dessa camada de argila que expande está sendo proposto uma camada de

PAD, esse plástico de dois milímetros. É, no estudo também indica, que mesmo essa camada

de argila que tá sendo proposta embaixo que a Norma, é, é recomenda, a gente, nós estamos,

é,indicando a colocação, é, misturar naquela argila a bentonita também. Essa bentonita ela

ajuda a argila ficar mais impermeável do que naturalmente ela é. Então pra gente também,

poder escolher a argila pra fazer, a gente o, identifica o morro, faz uma análise dessa argila, vê

se ela tem as características ideais. E então como falou lá realmente, não tem a característica

ideal é perfeito, tem mais areia. Então vai ser feito uma retirada desse solo que é ruim. Vai ser

colocado, vai ser feito um dreno embaixo pra drenar a água, é, água do subsolo, aí coloca essa

camada de argila misturada com essa bentonita para melhor mais a característica dessa argila.

Aí acima dessa argila, essa mantinha, né. E acima ainda a manta de PEAD que é um plástico,

tipo esse plástico preto que a gente conhece. Só que ele é muito mais resistente e mais, mais

grosso. Então essas três proteções foram indicadas exatamente pela fragilidade que a área

apresenta. É porque, assim, como eu mostrei pra vocês a gente analisa, é, ali foram dezessete

parâmetros e então as vezes você tem até um solo na característica extremamente ideal, só

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que às vezes o solo, no zoneamento do município ele tá numa zona onde o município não quer

aquele tipo de atividade pra aquela área. Então, quando a gente, é, é, estudou as opções de

área a gente só escolheu área que estava dentro da área indicada pelo município como zona

industrial. Eu não sei se ficou claro isso ali na apresentação, mas existe um zoneamento que

mostra que ali é uma zona industrial. Agora, tem essa fragilidade? Tem essa fragilidade. O solo

não é o mais indicado para colocar o empreendimento deste tipo, por isso que é

recomendado, além da Norma, as proteções. Eu, eu não sei se explicou?

THIAGO VERAS: Sim. Já tava no EIA, né, estas medidas mitigatórias. É. A segunda crítica do

GATE ao empreendimento, e a segunda crítica mais grave é quanto às águas subterrâneas. O

exigido pelas Normas Técnicas da ABNT é de profundidade de dois metros, sendo certo que na

área onde seria implantado o empreendimento a profundidade média é de apenas onze

centímetros.

APLAUSOS

Além do mais em boa parte do ano a área fica alagada, já que a área de influência direta do

empreendimento situa-se dentro de uma planície de inundação, com formação de diversos

afloramentos de água. Olhos d’água. Incluindo a presença de espécies de peixes anuais

endêmicos e na lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção pelo Instituto Chico

Mendes. Os corpos de água. como os olhos de água não foram citados no EIA/RIMA e

desconsiderados como corpos d’água de importância ambiental relevante.

ED WILSON: Ok. Vamos lá

APLAUSOS

ED WILSON: É, é, de novo eu vou comentar quando eu mostrei que nós fizemos trinta poços

de sondagem, então, eu acho que comentei dessa profundidade do lençol, exatamente de

onze centímetros. Na verdade não é média, é, é, a menor, né. Nós fizemos tanto poços em

período de chuvas, no período de seca. Então varia, de locais até seco, locais que a água chega

a dois metros e tem pontos, que realmente, é onze centímetros. Que no período de chuva nos

tivemos até dificuldade de fazer a sondagem. Então realmente o lençol em alguns pontos num

período do ano ele chega a onze centímetros. E por esse motivo, depois eu falo do peixe, por

esse motivo que eu mostrei um corte, não sei se vocês lembram, eu falei o corte do terreno,

que mostrava que a cota do terreno, a altura em relação ao nível do mar, era cinco metros. E

eu falei também, que ali é uma área de inundação, comentei com todos vocês. Preocupados

com isso, o que que nos fizemos? Afastamos o empreendimento oitocentos metros da

margem do rio. Porque a gente colocou oitocentos metros? Porque a gente escolheu? Não.

Porque a gente fez um estudo hidrológico, foi feito uma análise de, uma, uma, estimativa de

chuva de cem anos e essa quantidade de chuva de cem anos, aquela chuva de grande

inundação que acontece, ela chegaria a cota cinco e meio. Eu comentei com vocês. Por isso o

projeto fez um alteamento até sete metros e ainda distante oitocentos metros. Então com

isso, mesmo que dê uma chuva muito forte que vai provocar inundação, qual é a melhor

medida pra isso? É deixar local pra água ocupar. Porque que as casas as vezes tem enchente e

ocupa as casas? Porque aonde a água normalmente passava, as pessoas construíram casas.

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Então como é que a gente vai propor um projeto que eu vou botar resíduo, lixo que possa

correr o risco dessa enchente passar e levar todo esse lixo pra baía de Guanabara? Então nós

tivemos essa preocupação, fazendo o afastamento da margem do rio, deixando oitocentos

metros, uh, uh, mais ou menos, mais de mil metros de comprimento aonde teria capacidade,

pelos nossos estudos, pela topografia da área de receber todo esse contingente de água sem

que ele afetasse o, o terreno. Bom, com relação aos peixes, eu mostrei também um slidezinho

ali que mostravam uns pontinhos vermelhos e verdes que estavam escritos poças. Não sei se

vocês repararam. Não eram poços, eram poças. Então nós fizemos coleta de peixe tanto no rio

Inhomirim como também, como a área é inundada, e todo mundo ali conhece e sabe que ela

tem várias áreas inundadas, nós fizemos amostragens de peixes, também, nessas áreas. E essa,

esse grupo, o Rivolídeo, não é isso Promotor? Esse peixe, tem uma característica. Ele é o tipo

de peixe que muita gente chama de peixe de chuva. Porque? Porque ele é criado exatamente

em poças. E poça tem água na chuva e quando não tem chuva às vezes seca. Aí as pessoas

passam vê lá e não tem peixe. Choveu apareceu o peixe. É uma característica desse peixe.

Tanto que e,e,e, tem várias espécies estão ameaçadas. Mas na verdade ele não tá ainda

indicado como espécie ameaçada. Na lista oficial, na 146 se não me engano, ele não consta. As

duas espécies não constam. Agora existe um estudo do ICMBio, neste estudo do ICMBio ele

tem as espécies que são indicadas e tem espécies que ele está estudando para recomendar em

alguma categoria de ameaçada. Não sei se vocês confirmam isso? Né. E é nessa lista do

ICMBio, é nessa lista que ainda não é uma lista oficial de espécies, é, de espécies ameaçadas,m

que estas duas espécies que foram identificadas no local, que foi indicada no estudo

aparecem. Agora o, o melhor de tudo isso, é que nos pontos que a gente identificou nenhum

deles ocorre na área que a gente vai ocupar o empreendimento. Mesmo que possa ocorrer, a

gente pode não ter visto. Mesmo a equipe lá, a grande equipe que andou pela área, mas nós

colocamos um Programa, tem um Programa ali, é, de resgate de fauna que vai ter antes de

começar a retirada desse solo, vai ter uma equipe de biólogos que vão acompanhar toda essa

retirada do solo para fazer a captura com antecedência. Então caso ocorra, vai ser coletado,

coletado com uma peneirinha, você coleta e coloca numa área de soltura. Outra coisa que a

gente se preocupou e tá no estudo são áreas de soltura. Então, assim, já tá indicado no estudo

áreas para si capturar alguma animal, ele não vai ficar sem ter pra onde ir. O próprio estudo

indica algumas áreas que seriam as áreas de soltura. Então essas que foram as medidas que a

gente, a equipe está propondo pra, pra esta questão.

APLAUSOS

THIAGO VERAS: Em relação aos peixes o GATE aprofundou um pouco mais a crítica da seguinte

maneira: quanto ao meio biótico o maior destaque é a presença de espécies de peixes

Rivolídeos. É uma família de peixes na área de influência direta e indireta do empreendimento,

alguns constantes na lista de espécies endêmicas e/ou ameaçadas do IBAMA e agora

contempladas no Plano de Conservação de Rivolídeos do Instituto Chico Mendes, o PAN de

Rivolídeos 2013. Devendo estas espécies serem preservados em Programas Ambientais

específicos que deverão ser elaborados e implementados na área. Os Programas Ambientais

apresentados, no entender do GATE, seriam insuficientes dado ao impacto gerado, não sendo

proporcionais, sendo necessário portanto, ampliação destes Programas incluindo a inclusão do

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empreendimento no Plano Nacional de Conservação dos Rivolídeos, os peixes anuais do

ICMBio.

ED WILSON: Bom, isso posso até concordar, porque nessa fase do estudo, é uma fase

preliminar. Essa licença como o Canejo explicou, são três licenças pra você começar a operar o

empreendimento: a primeira é a licença prévia. Essa licença só indica que a área pode ser

implantado esse tipo de empreendimento. Mas se ele vai ser implantado mesmo, ele vai

depender do detalhamento dos Programas, essa é uma recomendação que nós já estamos

recebendo e agente concorda que é importante e vai ser feito na fase para se obter, vamos

supor que o empreendimento consiga a licença prévia, ou seja, indica que o local é, é

adequado. Então vai ter depois a licença de instalação. É onde a gente apresenta ao órgão

ambiental o detalhamento de todos estes projetos. Então é o projeto executivo das, das

unidades e, também, o detalhamento dos Programas Ambientais. Que a gente chama em

alguns casos de PBA, Programa Básico Ambiental. Então esses Programas aqui a gente

apresenta uma linha geral desses Programas. Agora, ele tem que ser realmente detalhado e é

claro, que essa recomendação é, eu acredito que vai estar entrando no processo e gente, nós

vamos ter que trabalhar melhor essa proposta.

THIAGO VERAS: Certo. É. Como eu já disse aqui os dois principais problemas do entender do

Ministério Público são de difícil solução, seria a questão do solo e as águas subterrâneas. Existe

uma grande preocupação por parte do GATE, ah, da possibilidade de ocorrência de um, uma

contaminação ambiental. Pelos estudos apresentados qualquer impacto, contaminação

causaria um risco muito elevado. Fato corroborado pelo próprio EIA/RIMA que define a

vulnerabilidade ambiental da área, dentro de uma matriz de características do meio físico

como sendo extrema, vulnerabilidade ambiental extrema, em sua grande maioria. Essa

classificação serve para indicar o grau de perigo da instalação de empreendimentos

possivelmente poluidores nestes terrenos e serve também, como sinal indicativo a prevenção

do uso de áreas de alta e extrema vulnerabilidade. Em caso de possível falha da operação do

empreendimento, o que é muito possível que aconteça, haja visto que é operado por seres

humanos, e seres humanos são passíveis de falhas, o rio Inhomirim seria rapidamente afetado,

com a conseqüente contaminação da área de manguezal e da própria baía de Guanabara. A

presença do rio Inhomirim, portanto, a cerca de setecentos metros de distância do

empreendimento, e da própria baía de Guanabara, a cerca de dois quilômetros e meio.

Ressalta-se ainda, que o empreendimento dista cerca de quinhentos metros da comunidade

mais próxima e mil metros, um quilômetro, do núcleo de Mauá. Finalmente, tecnicamente,

quanto ao meio físico, ah, a escolha da área do empreendimento, o terreno mostra-se, no

entender do GATE, incapaz de receber um empreendimento desse porte e com esse grau

poluidor pro apresentar riscos em demasia pelas características já indicadas, inclusive pelo

próprio EIA/RIMA.

APLAUSOS

Então na verdade essa crítica é uma continuação das duas primeiras em razão de um acidente

ambiental ou contaminação do rio Inhomirim, baía da Guanabara e área de manguezal.

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ED WILSON: Isso. É isso tá perfeito, né, é como eu coloquei no começo, é, que essa área como

qualquer área que, que, é, um estudo indique ela vai, ela pode apresentar fragilidades. Então

assim, desde o começo, né, quando foi feito uma apresentação pro, pro INEA, e foi indicado

pelo próprio empreendedor, quando nos contratou pra fazer este estudo, nós fizemos uma

avaliação da área a primeira coisa que foi comentado, eu não sei se o Marinho, que é o

empreendedor lembra disso, eu falei: “o grande problema dessa área é a questão do lençol”.

Então assim, se a empresa realmente pretende, ela vai ter que investir. Então é um projeto,

caso seja aprovado, ele vai ter que investir mais do que se fosse em outro tipo de área. Por

outro lado, ele apresenta várias características extremamente favoráveis, posso citar uma

delas, que é a localização estratégica dos centros geradores de resíduos. Então basicamente, é,

a empresa te dá uma área com apenas um parâmetro. Então eu tenho outros parâmetros que

eu tenho que considerar. Lembra que eu falei que tem que estar dentro do zoneamento

municipal. Eu não posso dentro de uma unidade de conservação, eu não posso estar inserido

dentro de uma, de uma, de uma comunidade, eu não posso estar muito distante de um centro

gerador de resíduos, e, porque senão, inviabiliza economicamente. O município, nenhum

município brasileiro ele vai ter condições de pagar uma fortuna de transporte para ele levar o

resíduo dele até o aterro sanitário. Então indica-se sempre, que a distância da geração do

resíduo até o local de disposição de resíduos, ele tem que variar em torno de vinte a trinta

quilômetros. Quando você passa disso começa ficar inviável economicamente, você

transportar esse resíduo. Aí você vai ter que arrumar outras estratégias como fez o Rio de

Janeiro de colocar estações de referência que é onde você coloca, o caminhãozinho coloca o

lixo, passa uma carreta e essa carreta leva. Então, já é mais um custo. Então não foi visto só um

aspecto, foram vários aspectos ambientais, sociais e econômicos pra se instalar. Então só

repetindo, é,mais uma vez, a, a, o tanto que o Promotor citou o próprio estudo indica que

existe a fragilidade neste aspecto. O lençol é raso, o solo não é uma argila boa, por esse motivo

é um projeto para se implantar e dar todas as garantias ambientais necessárias, o que a equipe

está assinando o próprio equipe que está analisando tem o seu nome, o próprio GATE que está

fazendo análise tem o seu nome. Então na verdade, todos tem o mesmo objetivo é ser um

empreendimento ambientalmente viável. Então assim, risco existe? Existe. Não só pessoas,

como o senhor Promotor citou podem falhar, como equipamentos podem falhar. Então eu

posso comprar uma manta que ela não veio no padrão ideal e pode romper. Então todos estes

aspectos estão sendo considerados para que isso não aconteça. Então a gente tá usando o que

chama análise na atividade de petróleo, de redundância. Então a gente tá propondo, não só o

que a norma manda, mas nós estamos propondo mais dois tipos de proteções, com as mantas,

além destas proteções, nós estamos propondo as barreiras, que se no caso de tudo falhar, vai

bater nessas barreiras que vão diminuir a velocidade da água, só que na verdade, nem

esperaria isso acontecer. Lembra que eu falei que tem uma areia entre uma manta e outra? Se

a primeira manta rasgar, eu vou tá monitorando. Se pegar lá o Plano de Monitoramento a

gente cita os pontos que vão ser amostrados e ali já vai me indicar: tá vazando ! Eu vou ter que

ir lá soldar essa manta, e eu tenho a tranqüilidade, eu na verdade o empreendedor que vai

ficar, o meu trabalho termina no estudo o empreendedor continua. Então ele tem a garantia

que existe uma segunda manta em baixo que vai segurar esse poder poluente do lixo que tá ali

em cima. Então identifiquei, porque a água passou, a empresa vai ter que dar um jeito de

retirar, afastar o resíduo e soldar aquela manta para que esse poder poluente do, do líquido

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não passe pro solo. Porque se cair no solo, se passar por todas essas proteções tudo isso que

está sendo colocado é verdade. Caiu no solo sem proteção? Vai infiltrar, vai pro rio Inhomirim,

vai pra baía de Guanabara, vai pro mangue. Por isso que eu fiz ali o desenho da área de

influência direta, o que que a gente faz? Um desenho um pouco torto. Isso aqui é o que eu

chamo de área de influência direta. Como eu defino isso? Se é direta é porque se acontecer

alguma coisa, essa área é que vai sofrer. E olha aqui quem eu coloquei: o manguezal até a baía

de Guanabara. Então a gente identificou isso. Se acontecer o pior, se vazar ele vai contaminar

o mangue e vai trazer essa contaminação pra baía de Guanabara. Por isso que a gente separa

em ADA, área diretamente afetada; área de influência direta e área de influência indireta.

Quando eu to falando aqui todo mundo que está escutando é sinal que está na área de

influência direta. Tá ouvindo eu falar, está incomodado com o barulho, tá. Então, considerei

essa área. Pensando exatamente em que? Nesse risco.A gente não uma área de influência

direta com um círculo. Ele teve critério. E o critério foi esse, se contaminar essa área vai ser

afetada. Ah, eu acho que respondi tudo?

THIAGO VERAS: O Ministério Público reconhece

APLAUSOS

THIAGO VERAS: O Ministério Público reconhece, essas medidas preventivas e mitigatórias no

próprio EIA/RIMA, mas ainda sim, gostaria de chamar o empreendedor e o INEA a uma

reflexão mais apurada pra ver se vale a pena esse alto risco ambiental ou se seria viável um

novo estudo de alternativa locacional.

APLAUSOS

THIAGO VERAS: A próxima critica. A próxima crítica feita pelo GATE é quanto ao meio

socioeconômico. Os impactos principais são a proliferação de vetores nos bairros próximos e

no núcleo de Mauá. A desvalorização dos terrenos, a redução e perda de rendimentos tendo

em vista que a remuneração de algumas famílias são provenientes de contratação informal

para trabalhos em sítios, fazendas e casas de veraneio. A perda de serviços ambientais e

qualidade de vida dos moradores em conseqüência da perda de amenidades ambientais.

Possível aumento da demanda médica e diminuição das atividades de turismo. As medidas

mitigadoras e Programas Ambientais apresentados, no entender do Ministério Público seriam

insuficientes, tanto para mitigar, tanto para compensar os danos a serem causados.

APLAUSOS

ED Wilson: Mais uma vez eu vou, vou explicar. É. Esse impacto também dos urubus, é, a gente

também identificou. Mas é, o lixão que a gente conhece, onde o lixo tá totalmente exposto,

esse sim atrai as aves. Então, o projeto que está sendo proposto, e a gente tem que entender

sempre isso. O que está sendo proposto, é que o empreendedor quando ele estiver fazendo a

operação do empreendimento, que ele cumpra todas as indicações que o estudo ambiental,

que esse debate aqui tá gerando, que o próprio órgão ambiental recomendar. Se tudo for

implantado como está sendo recomendado, o que todo mundo participou desse projeto, esse

não é o primeiro projeto que eu faço o estudo, nem é o primeiro projeto que a equipe

participou. Então muitos dos impactos que a gente indica e das medidas que a gente

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recomenda, são medidas que na prática nos conhecemos e que funciona. Nós licitamos outros

empreendimentos que já estão em operação e que esse problema não ocorre ou ocorre em

nível menor do que se imagina. Então é claro que algum incômodo vai acontecer. Isso não tem

jeito. Da mesma forma, que, impactos positivos também vão acontecer. Esse projeto por

exemplo, nesse local ou em outro local, ele é necessário para atender uma Norma nacional e

uma Norma estadual. O Rio de Janeiro, o Estado do Rio de Janeiro ele tem um Plano Diretor de

Resíduos Sólidos que uma equipe da Secretaria estudou aonde seriam os municípios mais

indicados pra receber um aterro pela localização deles. E Magé é um desses municípios como

Nova Iguaçu, também, como São Gonçalo, também. Então, são vários municípios. Então nesses

municípios, como em São Gonçalo, onde esse projeto já está funcionando. Como em Nova

Iguaçú, que já está funcionando. Campos. São todos projetos que nós participamos. Estão

alterando hoje e a gente consegue, eu acompanhar como curioso, como técnico. Mas acredito

e tenho certeza que o órgão ambiental fiscaliza essas áreas, como fiscaliza aqui Bongaba.

Então pode presenciar que não tem urubu, né. Então assim, pode acontecer? Não tenho

dúvida que não pode acontecer. Mas as medidas que estão sendo propostas como cobertura

diária do lixo, como colocação das, daqueles queimadores. Todas essas medidas visam a

redução desses impactos. E a questão de desvalorização, de tirar emprego, que ali realmente

tem aquelas, aqueles clubes, o que a gente tem observado, estou falando de experiência e

observação, não de uma publicação, é que isso não aconteceu tão drasticamente como, é, que

a gente imagina que vai acontecer. Então o que eu acho, é, importante, não só é claro fazer

essa avaliação, né, quem vai decidir isso não é a empresa de consultoria, não é o

empreendedor. Quem vai decidir isso realmente é o órgão ambiental, apoiado pelo, pelo,

Ministério Público, que tem toda a prerrogativa e é função dele é fazer a proteção, é de, caso

seja implantado ou totalmente ou parcialmente ou não ser implantado, mas caso seja

implantado é a fiscalização.

THIAGO VERAS: O Ministério Público se coloca a disposição tanto do INEA quanto do

empreendedor para atuarem em conjunto para atuarem nos pareceres do GATE, procurando

sanar eventuais irregularidades, tudo com vistas ao interesse público, é, no entanto diante

dessa análise preliminar que foi feita pelo GATE, por hora, pelo que consta no EIA hoje o

Ministério Público se opõem a instalação do empreendimento na forma prevista do EIA/RIMA.

APLAUSOS

THIAGO VERAS: Na oportunidade, na oportunidade desde logo o MP sugere que o

empreendedor procure novas alternativas locacionais, afim de buscar um local mais

apropriado para a instalação do empreendimento, principalmente levando-se em

consideração dos problemas constatados pelo GATE relacionados ao solo e a água são de difícil

ou até impossível, impossível mitigação ou compensação. Ainda que seja aplicada a

metodologia que foi descrita no EIA, bem como que se insiram eventuais novas medidas

mitigatórias ou compensatórias em relação a tais problemas, ainda sim, tais medidas no

entender do Ministério Público seriam insuficientes, além de que, provavelmente seriam de

alto custo, situação também já foi colocada aqui, inviabilizando economicamente o

empreendimento. Neste ato, permanecendo o mesmo quadro fático que foi apresentado no

EIA na presente Audiência Pública, o Ministério Público desde logo, no uso de suas atribuições

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Magé, 11 de julho de 2013 29

legais, recomenda ao INEA e a CECA que não conceda a licença prévia ao empreendimento,

sob pena de ajuizamento...

APLAUSOS

THIAGO VERAS: ...das medidas legais cabíveis

INTERLOCUTOR: Se não o povo vai pra rua, hein !

THIAGO VERAS: Finalmente, registra o Ministério Público que seu objetivo é hamonizar a incle,

implantação e operação do empreendimento com a sustentabilidade ambiental e bem estar da

população, ou seja, garantir a preservação e proteção do meio ambiente. Muito obrigado e

boa noite !

APLAUSOS

LUIZ HECKMEIER: Bom, então neste momento nós vamos fazer um intervalo pra tomar uma

água, um café e depois

PLATÉIA: Não, não, não...vamos direto

PLATÉIA: Não, intervalo

LUIZ HECKMEIER: Não querem intervalo? Vamos direto? Ok, ok, ok, ok, vocês é quem sabem.

Bom, de qualquer maneira, de qualquer maneira, tem uma água aqui do lado se quiserem

então. Quem quiser. Por favor, por favor

ED WILSON: Tem um, tem um lanche que foi preparado

LUIZ HECKMEIER: Por favor, por favor

ED WILSON: Tá bom

LUIZ HECKMEIER: Por favor, por favor. Ok, ok. Olha só. Um instantinho só. Pessoal, por uma

questão de ordem. Questão de ordem, por favor. Nos vamos passar agora pra parte do, do,

das perguntas, já que foi pedido ah, ah, que déssemos continuidade aos trabalhos. Queríamos

que fizessem um pouco mais de silêncio, pra que pudéssemos ouvir o que as pessoas estão

falando e nós pudéssemos também, é, poder responder, ouvindo aí também o próprio

auditório. Então, vamos fazer então, ah, oh, o café está ali do lado quem quiser vai ali do lado

e volta de uma forma bastante silenciosa pra não atrapalhar os trabalhos então. Então vamos

passar então a parte de perguntas então, por favor. Seu Tiago Uman representante da OAB

pergunta: Qual será o valor do investimento na implantação do empreendimento? Primeiro.

Som por favor. Som. Pessoal de apoio, por favor. O som. Som

ED WILSON: É, o valor para implantação desse empreendimento, pra todas as unidades, só

que esse investimento com aterro sanitário e projeto executivo ele é feito aos poucos, mas é

em torno de sessenta milhões de reais.

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Magé, 11 de julho de 2013 30

LUIZ HECKMEIER: Ele pergunta ainda. Vou esperar um pouquinho de silêncio por favor. É, não

há na região ou outros municípios um local melhor, considerando a vulnerabilidade do solo?

melhor para a a região

ED WILSON: Não entendi.

LUIZ HECKMEIER: Não há na região ou outros municípios um local melhor, considerando a

extremidade, vulnerabilidade desse solo? O Ed, eu vou ler todas as perguntas do Dr. Uman e

depois então você responde todas elas e vou passar pra você, você vai ler e vai entender. Ele

pergunta também: O empreendimento receberá resíduos de quais municípios? Os resíduos

serão de origem pública ou privada? Por favor.

ED WILSON: Olha, com relação se não há na região um local melhor considerando a extrema

vulnerabilidade, se a gente trabalhar apenas com esse parâmetro pode ser que sim. Quanto

mais afastado a área, né, dessa região, da baía, certamente encontraria uma área. Só que eu

falei naquele momento. Eu posso encontrar uma área, é, que tenha menos problema de lençol

freático, mas eu vou ter outros problemas. Por isso que, não é na verdade nem comum

quando se fala em alternativa locacional fazer mapa de exclusão. Então a gente fez mapa de

exclusão pra tentar facilitar, né, não ter que ficar estudando o município inteiro sabendo que

tem problemas. E quando nós fizemos este mapa de exclusão pra evitar de ter que estudar

áreas que não seriam, não teriam nenhum dos parâmetros por viabilidade. Então assim, pode

ser que sim. Mas ele certamente, teriam outros parâmetros que inviabilizariam também o

empreendimento. Como o que dei de exemplo que é zona industrial. Então você não tem zona

industrial por exemplo lá no alto da serra na área de preservação, entendeu? Então essa é a

questão. O, o, esse empreendimento é um empreendimento privado. Então quando eu

mostrei ali a capacidade do aterro, ele pode receber até três mil toneladas. Se a gente pensar

em Magé, Magé gera duzentas toneladas. Então seria um aterro muito maior que Magé

precisa. Então assim, esse projeto ele não tem definido clientes, nem público e nem privado.

Então, a partir do momento que o empreendimento estiver pronto ele vai estar disponível, né,

vai ter um setor comercial que vai buscar esses clientes, sejam eles públicos ou privados. Então

hoje não se tem até mesmo porque não se tem a garantia do empreendimento. É, eu respondi.

Eu acho que por enquanto...

LUIZ HECKMEIER: Agora a pergunta da Bárbara de Lima. Cadê a Bárbara? Bárbara tai. A

Bárbara pergunta: “Essa grande empresa do Espírito Santo ia ajudar Magé na poluição

ambiental?”

ED WILSON: É, a Terra Ambiental, pelo o que foi falado, né, pra nossa equipe ao longo do

tempo. A idéia era essa, buscar uma empresa que tivesse bastante experiência de forma que

pudesse operar esse empreendimento de forma mais segura possível. Então de uma certa

forma Bárbara, é isso. Foi buscar uma empresa que tenha experiência e condições de não

deixar provocar a poluição, ok?

CARLOS GUSMÃO: Bom, eu vou ajudar aqui o Prof. Reckmayer, ele tá separando ali as

perguntas. Sra. Tânia Mara taí? Cadê a Tânia Mara? Dna. Maria Teresa? LuiBagio? As perguntas

são parecidas. Obrigado aí pela presença. Em quais municípios do Estado do Rio de Janeiro já

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Magé, 11 de julho de 2013 31

foi implantado esse projeto? E mais: Quais os municípios e quais o aterro de Magé vai

atender? Quais municípios Magé vai atender e quais municípios já foi implantado esse

projeto?

ED WILSON: Eu vou falar aqui de alguns, mas qualquer coisa ou vou pedir ajuda ao Walter

Plácido, Walter. Eu vou citar os municípios e os que eu conheço e sei que tem aterro sanitário

funcionando. Campos tem aterro sanitário funcionando. Macaé tem aterro sanitário

funcionando, é, aqui na região metropolitana: Itaboraí tem aterro, São Gonçalo tem aterro,

Niterói tá tentando, tá com processo de também de aterro, Nova Iguaçú tem aterro, Belfort

Roxo tem aterro, Seropédica tem aterro, Paracambi tem aterro, Vassouras tem aterro, Rio das

Ostras tem aterro, São Gonçalo tem aterro, Barra Mansa tem aterro. Eu acho que, que me

recorde são esses municípios, alguém me corrija se tem mais algum. E a outra? Ah, e quais os

municípios que Magé vai atender, eu repito aquilo que eu falei: não sei. Pode ser qualquer

município que hoje esteja com problema na disposição do seu resíduo. Então vai depender

muito do município e da própria empresa que vai fazer a negociação, é, mas ele tem condição

de atender a qualquer município na capacidade máxima de três mil toneladas por dia. Se ele

conseguir um município que gere mais do que isso, ele não tem condição de receber.

INTERLOCUTOR: Eu queria só, eu queria...boa noite à todos, meu nome é Walter, e, sou

engenheiro trabalho na equipe do Ed, aí, ajudando aí nos estudos para implantação desse

empreendimento, eu gostaria, é, fazer uma ressalva aqui muito importante que a dez anos

atrás o Rio de Janeiro só tinha lixão. Noventa e dois lixões, cem lixões, eram os lixões que

tinham o Rio de Janeiro. De dez anos pra cá, cinco anos pra cá, seis anos pra cá começou um

processo paulatino, muitas vezes doutor Thiago, por conta de pressão do próprio Ministério

Público e foi sendo implantado uma quantidade de aterros sanitários, que são

equipamentos,pre, que, que,protege a disposição de resíduos que dotou o Rio de Janeiro hoje

de locais apropriados para receber os resíduos, tecnicamente confiáveis. E nesse tecnicamente

confiável que eu gostaria de fazer uma ressalva aqui importante, principalmente pros colegas

do GATE, aí,que fizeram o parecer sobre a possibilidade do risco. A possibilidade do risco ela

existe em tudo. Qualquer empreendimento de engenharia a possibilidade do risco sempre

existe. E é trabalhando com risco que a engenharia se fez. Eu que sou engenheiro de formação,

eu acredito que a gente precisa confiar na técnica e a impermeabilização do solo ela, da forma,

como foi apresentada aqui, ela, diminui a, o risco, a zero, que é o que acontece nesse aterro

sanitário e qualquer outro, aterro sanitário que foi licenciado pelo órgão ambiental e que tá

sendo utilizado hoje pra receber adequadamente os resíduos produzidos pelo município. Eu

gostaria só de fazer essa observação. Obrigado.

CARLOS GUSMÃO: Tá, muito obrigado pela colaboração e continuando aqui com as perguntas

O Sr. Jorge, Jorge da Silva. Uma outra sequência, é, “se, será que esse empreendimento e cem

porcento seguro?” confirmando aqui a preocupação do Ministério Público. Sioneida Sodré:

será que este empreendimento não vai nos prejudicar?

INTERLOCUTOR: Vai

CARLOS GUSMÃO: bota uma caldeira. Porque não Bongaba como primeira opção?Depois que

acabar o prazo de vinte e nove anos onde será o próximo aterro? Será que nos outros dois

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lugares pesquisados não seria a melhor opção?Agradece também a participação. E finalmente,

Celma Rodrigues, Dna. Celma? Obrigado. Vamos ter menos poluição em Magé? Então gostaria

que vocês aí, como, como consultores, tirassem essa preocupação da sociedade no que diz

respeito, será que o empreendimento é cem porcento seguro, será que não vai nos prejudicar,

porque não em Bongaba ou nos outros locais e outras alternativas e se vai ter menos poluição

em Magé.

ED WILSON: É, Gusmão. É que, que eu não consigo lembrar de tudo.

CARLOS GUSMÃO: Olha o óculos!

ED WILSON: É, olha o óculos! Bom, cem por cento seguro? Nem esse teto é. Então como o

Walter falou, e eu comentei o próprio Ministério Público salientou, existem riscos. E para

reduzir estes riscos existem as medidas. O outro será que não vai prejudicar? Eu posso fazer

essa pergunta com uma observação. Bongaba, ao longo desses vinte anos, ele sim prejudicou.

Exatamente em função de existir Magé, que desde que, não me recordo a data que o

Promotor, é, colocou, existe uma ação, né, um processo contra, é, o lixão de Bongaba, pra

encerrar o lixão de Bongaba. Então na verdade o que o projeto propõem, é exatamente ao

contrário. É acabar com Bongaba porque assim que a licença, vamos supor, saiu a licença e

começou botar o lixo do outro lado, Bongaba será encerrado imediatamente. E vai continuar

sendo monitorado, colocando drenos pra aos poucos acabar com a poluição que Bongaba

promove. Então, na verdade, o empreendimento não é feito para prejudicar, pelo contrário. É

pra acabar com o que hoje prejudica o município com relação a disposição de resíduos de

forma inadequada. Bom, porque não Bongaba? E, eu, quem que perguntou? Laucinália. Assim,

eu também pensei isso. A equipe também pensou nisso. Porque não Bongaba? Pelo fato da

gente ter pensado, porque não Bongaba?, a equipe foi lá e estudou Bongaba. Nós tentamos

viabilizar Bongaba como sendo o novo centra, a nova central de tratamento. A gente estudou.

Só que quando a gente compara a área de Bongaba e os impactos negativos desse

empreendimento comparados com os impactos dessa área que a gente indica e da outra área

que a gente estudou, a gente identificou que Bongaba não era a área mais apropriada. Mas

nós também, pensamos nisso. Eu concordo com você que fez essa observação que era

importante considerar e por isso a gente considerou. Depois dos vinte e nove anos, essa é uma

preocupação que já tem que ter sido começada antes. E a gente tem que ter essa preocupação

sim. Então, o que que nós da área ambiental, que vem trabalhando com resíduo, a gente

entende que o pais, é, ele vai ter que evoluir. Então se a gente pega tecnologias dos países

ricos, se pegar Europa principalmente, Munique que é uma cidade da Alemanha, Munique não

tem aterro sanitário. Porque? Eles conseguiram implantar uma consciência ambiental nas

pessoas, que todo mundo separa o seu lixo na fonte. Então todo mundo faz a separação. Esse

resíduo que não é lixo, né, é reaproveitado, isso vai pra algumas usinas que vão transformar

esse material. E o orgânico e outros materiais que tem poder calorífico ele vai pra uma usina,

queima e gera energia do lixo. Nós podemos fazer isso aqui hoje? Existe tecnologia? Existe.

Agora, o custo ainda não é viável. Se hoje a tonelada de lixo, em média nos aterros, varia em

torno de quarenta reais a tonelada, um lixo de uma usina de queima, se não tiver um subsídio

do governo, ele vai sair pro município a cento e trinta, cento e quarenta até mais. O município

tem condições? Hoje não tem. Hoje tem um Programa da Secretaria que, do INEA ou da

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Magé, 11 de julho de 2013 33

Secretaria que o Programa da Compra de Lixo, que o estado paga vinte reais por tonelada pra

ajudar os municípios que não tem condições a levar seu lixo pra um aterro sanitário que dê a

garantia do que a gente apresentou, tá. Então assim, daqui a vinte e nove anos a gente espera

que essa luta que está acontecendo hoje no país afora é que melhore a idoneidade do poder

público, né, é, que e a educação melhore, que o, a renda das pessoas melhore e que tenha

condições da gente chegar no nível de evolução que possa instalar uma usina de queima de

lixo e geração de energia, que aproveite todos os recicláveis. Então a gente tem essa

expectativa que a medida que o tempo passe, surjam novas tecnologias que façam com que o

aterro receba menos lixo. Com isso a vida útil dele não vai ser vinte e nove. Essa conta que nós

fizemos e se a partir do dia da licença ou já tenha lá três mil toneladas, Quinhentos caminhões

levando lixo. Se esses quinhentos caminhões levando lixo durante vinte e nove anos eu vou

chegar naquele desenho. Mas se eu tiver eficiência na coleta seletiva do município se na minha

vida que eu tô propondo lá de quarenta toneladas por dia eu conseguir tirar quarenta

toneladas eu não vou botar mais três mil, eu vou botar dois mil novecentos e sessenta. Minha

via útil para vinte e nove anos vai passar de repente pra trinta e cinco. E se eu aumento essas

quarenta toneladas pra duzentas toneladas que eu consiga reciclar a vida útil desse aterro vai

aumentando. Então quanto menos resíduos, quanto mais eu conseguir reaproveitar menos

resíduos eu vou botar no aterro. Mais tempo esse aterro vai poder estar ali e eu não vou

precisar escolher uma nova área. Por isso que no projeto que está sendo proposto tem aquela

unidade de separação de pega o resíduo industrial e faz tratamento. Eu não levo o resíduo

direto pro aterro industrial. Não é essa a proposta. A proposta é tentar tratar o máximo

possível de resíduos pra você colocar, aterrar o mínimo possível. Aquele resíduo que a gente

aterra ele vai ficar pra sempre como passivo, principalmente o industrial. Então quanto menos

for lá pra dentro, melhor. Então assim, a idéia não é daqui a vinte e nove anos ter que procurar

uma nova área. É a gente ter uma boa política de gestão de resíduos pra que aquele aterro ele

dure de forma confiável por cinquenta anos ou até chegar uma hora que eu não vou mais

precisar botar lixo lá, que eu vou tá aproveitando tudo. Eu, eu demorei um pouco, desculpe.

CARLOS GUSMÃO: Muito Obrigado pela resposta. Hilma dos Santos. Dna. Hilma tá aí? Roseni?

As perguntas também são em relação as garantias que o empre, empreendimento dará para a

população e você já tinha respondido essa pergunta. Agora Geraldo Marques. Cadê o Geraldo?

Geraldo, obrigado pela presença. Sr. José Miguel. Cadê José Miguel? Tá escondido ali.Tô vendo

uma mão abanando. Então olha só, a pergunta do Geraldo é a seguinte: o que é lixo classe

um? Ele viu ali, né filho, lixo classe um, lixo classe dois. O que é lixo classe um? Quais os lixos

que serão tratados? Pera aí, pera aí. Vamos tentar jogar a pergunta do Zé Miguel junto. A

parte do projeto que trata do resíduo classe um está frágil. Então ele pergunta o que é classe

um? Aleatoriamente nosso amigo Zé Miguel. A parte do projeto que trata o resíduo classe um

está frágil, existe a possibilidade de um melhor aprofundamento nesse particular? Que lê a

sequência das duas?

ED WILSON: Uma de cada vez.

CARLOS GUSMÃO: Claro

ED WILSON: É resíduo classe um, é uma, uma classificação que existe numa NBR, uma Norma

brasileira, que, que essa Norma brasileira ela é formada por técnicos que é a Norma 10004. Ela

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faz uma classificação de todos os tipos de resíduos. Então ela classifica o classe um, classe dois

“a” e classe dois “b”. Então o classe um é considerado, são feitos aqueles resíduos que a, a

depois de vários testes você classifica ele como perigoso, como risco de contaminação. Então

esse é o classe um. Por isso que esse tipo de resíduo ele tem o tratamento diferenciado que

nós propomos ali tratamentos e a célula onde se coloca esse resíduo, eu mostrei, que ela tem

várias proteções. Ela é coberta do lado, coberta em cima, porque o risco de contaminação

dela, é, ele tem um risco de contaminação maior do que os resíduos classe dois. Então classe

dois tem o, o não perigoso e tem o inerte. Então o inerte se eu faço aqui uma obra tiro azulejo,

tiro piso. Esse é o classe dois “b” que ele é inerte. Não causa nenhum problema. Eu posso fazer

um aterro dele sem botar nenhuma dessas mantas. Porque? Porque é um material que eu até

aproveito hoje em dia, porque a lei manda. A obra do Maracanã, todo aquele material foi

triturado pra ser aproveitado na própria obra. Aquilo que não dá pra aproveitar é um resíduo

que não tem nenhum risco. O outro é o urbano aquilo que a gente gera. Que tá sendo gerado

aqui com esse lanchinho. É um resíduo que ele não é perigoso, mas também não pode ser

disposto no solo de qualquer maneira. Então isso que é resíduo classe um. Então existe o

classe um, classe dois “a” e classe dois ”b”. Respondido? E com relação a pergunta se o projeto

é frágil, assim, a equipe não só que fez o estudo ambiental, como os projetistas na área de

engenharia entendem, né, que esse projeto ele tá adequado as normas de engenharia e

Normas testadas. Então tudo isso que está sendo proposto aqui não era o primeiro. São

projetos que já existem, e como o Walter colocou aqui já comprovou a sua eficiência. Então o

que tá se propondo é, assim, no meu entendimento e no da equipe não é um projeto frágil. A

gente pode até dizer que a área é frágil, mas não o projeto. Aquilo que a gente propos aqui

agente entende que é um projeto seguro, é um projeto correto que segue todas as melhores

normas e técnicas de, de engenharia. Esse é o nosso entendimento.

CARLOS GUSMÃO: Sr. Geraldo o senhor está satisfeito com a resposta que o senhor recebeu?

INTERLOCUTOR: não foi possível compreender a fala do mesmo, por isso não foi transcrita.

CARLOS GUSMÃO: Olha aí, nós não escutamos. Tem que ter um microfone.

SENHOR GERALDO: A explicação dele foi válida, mas pro futuro todo mundo aqui vai pagar o

preço.

CARLOS GUSMÃO: Entendi. Mas digo em res, em relação ao classe um, o senhor entendeu a

explicação dele? O Sr. José Miguel que tinha dito que a parte do RIMA em relação a, ao classe

era frágil, o senhor ficou satisfeito com a resposta que ele deu? Seu José Luis Neves Batista,

onde está o senhor José Luis?

INTERLOCUTOR: Porque a demora e não fez a minha pergunta?

CARLOS GUSMÃO: Porque vai entrar nesse série agora.

INTERLOCUTOR: Eu quero saber dos impactos pra gente morador de Mauá que tem nas costas

CARLOS GUSMÃO: Sra Lo Bagio, Lo Bagio, por favor. Dê o microfone a senhora Lo Bagio aqui!

LO BAGIO: Não, eu quero que o senhor faça a minha pergunta!

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CARLOS GUSMÃO: Mas a senhora não quer. A senhora veio até aqui é melhor a senhora

explicar.

LO BAGIO: O senhor me chamou e não fez a minha pergunta.

CARLOS GUSMÃO: Que a senhora. Tá certo, então. Lo Bagio, moradora da Praia do Anil: “A

população de Mauá, que já é paralisada com o pedágio.

LO BAGIO: Penalizada.

CARLOS GUSMÃO: Penalizada. Penalizada com o pedágio, tendo suas propriedades

imensamente desvalorizadas terá ainda que sofrer com mais uma penalização com a

instalação de um CTR. Então a senhora Lo Bagio diz que a população de Mauá, que já é

penalizada com o pedágio tendo suas propriedades imensamente desvalorizadas, terá ainda

que sofrer mais uma penalização com a instalação de um CTR.

ED WILSON: É, não. É, é, eu entendo o, o, questionamento, não tiro a sua razão. O que eu

posso te dizer né, é, na, na posição de quem estou e tá aqui apresentando aquilo que a gente

estudou. A gente tá aqui se expondo, mostrando a nossa é, o, o que a gente entendeu de lá é

quer mostrar pra vocês. A gente identifica esse impacto sim. Se você pegar lá a matriz de

impacto, tem na lá uma, um impacto “Incômodo à população do entorno”. Então a gente tem

consciência que este empreendimento com outro empreendimento de outra natureza não es,

só esse tipo de empreendimento, ele causa incômodos, né. Imagina se aqui do lado tem até

umas casas, imagina uma hora dessa, é, dez e, dez da noite, a gente falando alto aqui não

deixa de ser um incômodo. Claro que eu to comparando uma coisa muito menos. Tenho

consciência disso, né. Então assim. Quando nos contrataram para fazer o estudo ambiental pra

avaliar os impactos, então nós procuramos identificar o máximo possível. Então vocês podem,

puderam perceber aqui que a próprio estudo ele indica diversas fragilidades e a gente indica

também, medidas pra reduzir o incômodo, ou reduzir o impacto ou até tentar eliminar. Então

de novo eu respondo, nós também identificamos isso. Nós rodamos na área. A gente conhece

o que que é o tipo de empreendimento. A gente sabe o que que o empreendimento mau

operado ele pode provocar de incômodos. Em função desse nosso conhecimento, a gente

buscou indicar, mesmo algumas atividades que vão encarecer o projeto, você, assim, você não

imagina assim, a manta é cara, e tá sendo proposto. Isso é um problema que não é da empresa

de consultoria, é um problema do empreendedor. Se ele quer fazer, ele vai ter que fazer

direito. E a gente tá indicando isso. Então, assim, o que eu posso te falar no nosso

entendimento da equipe que elaborou o estudo, se todas as medidas propostas forem

implantadas e bem operadas, esse incômodo ele reduz muito. Então é o que eu posso

responder do que nós estudamos.

CARLOS GUSMÃO: A senhora ficou satisfeita com a resposta do?

CARLOS GUSMÃO: Não.

CARLOS GUSMÃO: Tá certo

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CARLOS GUSMÃO: Seu José Luis Neves Batista. Cadê o Seu José? Obrigado. Desculpa aí. O RIA,

desculpe, o RIMA não contempla plenamente a operação de recebimento do resíduo e não

considerou as situações de sinistros que possam ocorrer. Sinistros meteorológicos e

geológicos. A empresa tem um Plano de Emergência? Mais uma vez, qual o tempo da vida útil

do empreendimento? Então o Seu, Seu José Luís está preocupado que o RIMA não contemplou

a operação de recebimento e também as situações de sinistros meteorológicos e geo,

geológicos. Em relação ao Plano de Emergência também pra uma, uma resposta segura a um

evento acidental. Obrigado Seu Zé Luís.

ED WILSON: Com relação aos sinistros, ah, o que que ele falou? Que, situações eventuais da

natureza, a gente entende que a própria enchente é um fator da natureza. A gente considerou.

É, em áreas que a gente desenvolve o estudo na verdade, por exemplo, Barra Mansa ao longo

do estudo identificou-se que lá tinha problema de sísmica, pequenos terremotos. Nessa área a

gente não identificou isso. Então, lá nesse projeto de Barra Mansa, como foi identificado isso,

aí sim, foi considerado no estudo uma precaução no caso de acontecer uma atividade sísmica.

Nesse caso aqui, o que a gente identificou de fator da natureza que pudesse trazer problema,

principalmente a questão de enchentes e de chuvas fortes. Então, por isso tem todas as

prevenções. Com relação a Plano, existe um Programa, volta...aqui ô! Plano de Gerenciamento

de Risco e Plano de Ação de Emergência. Então foi pensado pelas características, né, o tipo de

resíduo, um Plano de Gerenciamento de Risco e Plano de Ação de Emergência. Então esse

plano, no, no estudo ele é bastante superficial. A gente aborda mais a questão de treinamento,

preparação dos funcionários para situações de risco. Então esse Plano vai ser detalhado,

definindo ações, materiais, equipamentos, mas isso vai ser detalhado na próxima etapa. Mas

nessa etapa, já tá previsto aqui um Plano de Gerenciamento de Risco e Plano de Ação de

Emergência.

CARLOS GUSMÃO: Seu Zé Luís o senhor ficou satisfeito com a resposta, tem algum

complemento?

José Luís Neves Batista: Então, a gente não pode ter como parâmetro o que de pior aconteceu

a cinqüenta anos atrás. Nós temos que ter um parâmetro de uma situação atual e pensando

no que realmente a gente tá vendo. Uma coisa ter conscientização dos acidentes geográficos

naturais que a gente vem vivendo na era de hoje. A nossa grande preocupação é essa. Muito

obrigado.

CARLOS GUSMÃO: Obrigado Seu Zé.

CARLOS GUSMÃO: Senhora Vanessa? Senhora Vanessa? Boa noite. A senhora Vanessa

pergunta: “Gostaria de obter esclarecimentos sobre o critério para a implantação de todos os

tipos de uso do aterro. Porque tantas formas de tratamento, inclusive industrial para o local,

visto a qualidade do solo não ser a ideal para a implantação do aterro? Então ela tá

preocupada com tantos tipos de tratamento. Queria que você esclarecesse isso pra senhora

Vanessa.

ED WILSON: É, de novo. A, a idéia da, da grande quantidade de tratamentos é evitar fazer um

projeto que só vai aterrar o, o resíduo. Então assim, como a empresa ela parte pro estudo?

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Existe antes uma necessidade. Existe uma demanda, existe uma, uma solicitação. Então o

empreendedor ele vislumbra, ele conhece o mercado. O estado sabe que também existe um

problema. As indústrias geram resíduos, as pessoas geram resíduos. Então qual foi a idéia

desse projeto? É o máximo possível de unidades de tratamento, exatamente pra evitar que

esse resíduo fique ali, como o Vereador falou, pra sempre. Podendo, com potencial de causar

problema. Então, quanto mais eu conseguir tratar e levar esse resíduo, tirar o, o potencial

poluidor dele, melhor. Então a intenção é exatamente essa. Quanto mais unidades de

tratamento, por isso que a gente colocou lá aquelas fabriquinhas. Então o plástico que taria

jogado hoje na baía de Guanabara e nos rios, provocando as umidações, esse plástico naquelas

unidades de plástico ele vai ser transformado. Ele não vai mais pro lixo. Ela vai se transformar

num produto que a gente vai estar utilizando. O coco que são problemas serissímos pras

cidades que são litorâneas, sempre foi um grande problema pra, pra aterro sanitário. Então a

gente também tá propondo aí, uma unidade que vai recolher esse coco, vai beneficiar esse

coco, pra você ter um uso ele não voltar diretamente pra natureza pra provocar problema. É

feito a, uma unidade pra se transformar óleo usado de cozinha, vocês devem saber, basta

pesquisar na internet, ele tem um potencial poluidor de água, pra né, pra, pra, pra se você joga

no esgoto, ele atrapalha o sistema de tratamento de esgoto. Então tá se propondo ali uma

unidade de tratamento pra pegar esse óleo de cozinha e transformar em sabão. Transformar

em biodisel. Esse biodisel que pode ser utilizado em máquinas e, e caminhões. É claro que tem

que fazer alguns ajustes, mas e, e, ele você consegue fazer o biodisel, consegue fazer o sabão.

Então um, um óleo de cozinha que não volta mais pra natureza pra poluir. Então a idéia de

colocar essas diversas unidades de tratamento é tanto pra tratar aquele resíduo com uma

capacidade de potencial poluidor maior como aquele que a gente pode imediatamente

aproveitar, como é o vaso, vaso de planta vai ficar na sua casa enquanto aquela samambaia

durar. A manta, aquilo que mostrou ali, é utilizada para recuperar áreas degradadas. O sabão a

gente usa no nosso dia a dia em casa. Então a idéia de colocar é exatamente reduzir a

quantidade de resíduo que vai ser disposto no aterro. É aumentar a vida útil do aterro. É deixar

menos risco potencial pro futuro. Então, é esse o motivo de tantas unidades de tratamento,

ok?

APLAUSOS

CARLOS GUSMÃO: Dona Vanessa a senhora que um comentário? Por favor.

DONA VANESSA: Eu queria saber é a respeito dos motivos pros resíduos industriais, já que em

Magé já existem unidades que fazem este tipo de trabalho. Qual é a necessidade, real

necessidade pra ser instalado?

CARLOS GUSMÃO: A senhora, a sua preocupação é em relação aos resíduos industriais e não

aos resíduos domésticos.

ED WILSON: Não, tá perfeita a, a sua pergunta. É, mais assim, é, co, como eu falei no começo,

é um projeto privado. Existe hoje, né, a gente vem acompanhando o crescimento do, do país e,

principalmente do Rio de Janeiro, que vai receber aí, Copa do Mundo, Olimpíada, isso atraiu

muito gente, muita indústria pro Rio de Janeiro. Então, a empresa, pela experiência que ela já

tem, né, lá no Espírito Santo que é um estado menor, que gera uma menor quantidade de

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resíduo industrial, então assim, o motivo é basicamente, dois motivos que eu posso destacar:

um é, a empresa sabe que existe uma demanda grande. Então as empresas, por mais que

existam duas em Magé, que a gente sabe que existe, tem resíduos que ainda não conseguem

ser tratados no Rio de Janeiro. Esses resíduos são mandados para São Paulo, pra própria Marca

no Espírito Santo. Ela recebe resíduo industrial aqui do Rio. E o custo pra indústria é muito

alto. Esse, essa, essa empresa, né, a área tá muito próximo da REDUC, próxima do COMPERJ.

Então quando se pensou, quando a empresa idealizou esse projeto era pra atender essa

necessidade de mercado, tipo COMPERJ, Porto de Sepetiba, então esse foi o motivo. É um

motivo pra atender uma demanda do mercado que existe, né, então, basicamente é, é esse o

objetivo. Ok?

CARLOS GUSMÃO: É, dona Vanessa, e as pessoas aqui presentes, ah, importante todo mundo

ter consciência que existe um pedido de licenciamento ambiental de uma atividade e esse

pedido de licenciamento ambiental deu entrada no INEA. Técnicos do INEA fizeram uma

Instrução Técnica e foi entregue um Estudo de Impacto Ambiental. Esse momento que nós

estamos aqui hoje, ah, tendo essa discussão, é a apresentação do Relatório de Impacto

Ambiental para a população. Vocês estão ouvindo, estão dando suas sugestões, o Ministério

Público que representa toda a nossa sociedade já fez os seus comentários. Todos nós

escutamos aqui o Dr. Thiago e seus técnicos mostraram suas preocupações. Então aqui, os

técnicos do INEA que estão presentes aqui, o Canejo que é o analista que coordena o grupo de

trabalho, estão ouvindo. E não há parecer fechado, não existe licença emitida. Existe o que?

Uma fase do licenciamento e justamente quando se pensou em fazer uma lei ambiental com o

licenciamento, teve um momento em que se preocupou em ouvir a população e discutir isso

com aquelas pessoas que moram na área em que se pretende implantar o empreendimento,

certo? Então esse é o momento pra todo mundo falar que o Canejo tá ali anotando as suas

preocupações de vocês, tá certo? Fala amigão

INTERLOCUTOR: Gostaria que esse debate que está acontecendo aqui.

CARLOS GUSMÃO: Só você vai ter que ter só um microfone pra ficar gravado. Tô vendo que a

sua contribuição é boa! Seu nome? Por favor.

INTERLOCUTOR: Boa noite à todos presentes. Meu nome é Ademilson, sou morador da praia

de Mauá. E primeiramente eu gostaria até de agradecer o debate que está sendo feito aqui,

mas que esse debate que está sendo feito aqui seja levado pra praia de Mauá, lá no, no, no

Largo da Figueira e que seja divulgado através de um semana, duas semanas junto, que a

população de Mauá é que vai sofrer mais com isso. Entendeu? E Isso, infelizmente, eu tenho

passado dentro de Mauá oitenta, oitenta não, noventa por cento da população não tá sabendo

que tá acontecendo aqui e não tá sabendo que vai ser implantado lá, entendeu? Essa, essa,

esse, esse pedido que eu to fazendo a vocês.

CARLOS GUSMÃO: Tá certo

ADEMILSON: Entendeu? É um debate que tá sendo feito em Magé é legal, mas é os moradores

de Mauá que vai sofrer mais as conseqüências, então o debate precisa ser feito lá e bastante

divulgado. E queria aproveitar e fazer logo uma pergunta: É, Mauá não tem infraestrutura de

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saneamento básico, não tem água encanada...APLAUSOS...entendeu? Não temos água

encanada, é, eu acho que primeiro deveria ser implantado dentro de Mauá uma

infraestrutura, saneamento básico, pra depois ser implantado o projeto de vocês. E, segundo,

caso, não sei se vai ser implantado, mas se for implantado vamos dizer que se tudo der errado,

a gente sem saneamento básico, sem água encanada, nossas água são tudo de poço, em vez

daquela água ir pra frente ela voltar pra trás e cair no nosso lençol freático, entendeu? Porque

uma coisa que é um risco, na baía de Guanabara matar os peixes, isso e aquilo. Outra coisa é

um risco que vai pra água onde nossas criança bebe, onde a população todo

bebe...APLAUSOS...então, na, na, não é a gente querê. Não é cem por cento seguro? Não é,

mas eu acho que agora o momento ali não é o local a ser implantado isso, entendeu? Primeiro

a gente dá infraestrutura do local pra depois ser implantado. O projeto é bom? É, mas não é o

momento, entendeu. Agradeço.

CARLOS GUSMÃO: Seu Ademílson, obrigado. Eu acho que pode manter o contato com o

senhor com a equipe pra levar esse, essa discussão lá pra, lá pra Mauá. Um prosseguimento aí

dessa discussão até pra esclarecimento das pessoas. Muito obrigado aí a participação de vocês

e vamos continuar. A sua pergunta escrita eu considero respondida Seu Ademílson. Muito

obrigado. Pois não? Seu nome? O senhor é de Mauá também?

INTERLOCUTOR: Boa noite, meu nome é João Vinicius, eu sou morador da Cidade Cinema, fica

localizado próximo a região do, do evento. Primeiramente eu quero falar, agradecer à todos o

momento, né, primeiramente eu quero falar o seguinte: eu pago IPTU, todos pagam IPTU aqui

né? Então esse ano eu paguei uma taxa de IPTU no valor de oitenta reais sobre coleta de lixo,

né. E justamente, não passa coleta de lixo na região, né. Outra coisa: nós já somos

prejudicados por um pedágio, pela linha férrea que não pára mais em Bongaba, pelooo, aterro

sanitário de Bongaba, porque quem é morador da região sofre com o cheiro. Muito

desagradável. Então, sofrer duas vezes o mesmo impacto? Acho que teria olhar diretamente.

Uma, eu sou morador da região há trinta e três anos, né, e fiquei sabendo hoje dessa palestra

aqui, dessa situação aqui. Meu pai é morador a setenta anos da região e não passou ninguém

pra fazer análise do solo, não fizeram teste da área lá do meu pai. Ele é o mais conhecido da

região, entendeu? Então, eu gostaria que as autoridades, Thiago Veras, olhasse por isso,

entendeu? E, e acariciasse toda essa situação. Muito obrigado.

APLAUSOS

CARLOS GUSMÃO: Muito obrigado. Tá registrado.

CARLOS GUSMÃO: Senhora Sheila Borges? Dona Sheila, boa noite, obrigado. É, existe um

estudo feito pelo DRM, Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro, um

mapeamento de áreas favoráveis a implantação de poços tubulares profundos em Guia de

Pacobaíba, tendo em vista a necessidade de abastecimento de água desta comunidade.

Existem leis que protegem mananciais, por isso não podemos permitir que seja instalado sobre

esse nosso lençol freático, em Mauá, um depósito de lixo químico classe um e também classe

dois. Principalmente que o local é de área sujeita a alagamentos. Desde 2003 a legislação do

município proíbe a instalação em Magé de empresas deste gênero destinadas a receber lixo e

resíduos gerados em outros municípios. Então a Sra. Sheila Borges menciona a implantação de

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Magé, 11 de julho de 2013 40

poços tubulares profundos para abastecimento de água e se preocupa com proteção desses

mananciais e menciona a legislação municipal que veda a implantação em Magé de empresas

cuja de, cuja a, cuja a atividade seja receber lixo e resíduos de outros municípios. É isso?

INTERLOCUTOR: Pede pro representante do município já que tem Lei Orgânica.

CARLOS GUSMÃO: Pode ter complemento da resposta. Por isso que vocês podem perguntar

pra todas as pessoas que vocês quiserem aqui na mesa, é, não é? Aproveitar desde que seja

um assunto ligado ao nosso tema.

ED WILSON: Vamos então por partes. Esse estudo, nós temos conhecimento desse estudo Aí

eu gostaria de chamar o nosso especialista que pode fazer um comentário sobre esse estudo

do DRM. Marcelo, você pode? A sua pergunta é sobre o, o estudo DRM.

MARCELO: É, boa noite eu sou o Marcelo, sou geólogo e a questão do estudo do DRM ela é

um, relatório orientativo de construção de poços tubulares profundos, né. Poços tubulares

profundos difere do, tem dois tipos de aqüífero, formações que contém água. As que ocorre

em rocha sedimentar na porosidade dela e a água que ocorre na fratura de rocha. A água

subterrânea nessa área aqui ela ocorre, preferencialmente, de qualidade potável, é, na fratura

das rochas, ou seja, no, no aqüífero fissural, chamado aqüífero fissural. E esse estudo ele é um

Termo de Referência, né, para essa, pra construção e contratação de serviços dessa natureza,

né, que na área, que nesse estudo foram, foram identificados quinze locais propícios, né. Um

local propício não significa dizer que ele é um local onde efetivamente essa água vai ser

encontrada em vazão e qualidades adequada para consumo humano. Significa apenas dizer

que ela é propícia. E, ne, neste estudo do DRM as, em uma das quinze áreas se localiza na, na,

na, na área do empreendimento. Só um detalhe. Havia uma preocupação muito grande com a

água subterrânea, né. Só que essa água subterrânea que ocorre aqui o, a água do lençol

freático, né, mais aflorante ela já é por si só imprópria. Tanto é que no terceiro parágrafo, o

próprio estudo do DRM coloca que, é, serão excluídos deste estudo loteamentos que, é, que

por, que seriam loteamentos que teriam sua água superficial já poluída, antropizada, né. E a

área do empreendimento é uma área loteada, né, e, u, a água, tem uma, uma, uma

concentração de sais, uma, uma, composição bem inadequada para o consumo humano. Por

isso que o estudo do DRM apenas fez menção ao Termo de Referência para construção, é, de

poços tubulares profundos, isto é, no embasamento cristalino. Va, vale ressalvar também que,

é, esses poços tubulares nesse estudo são da ordem de, de profundidade, se não me engano,

setenta metros de profundidade, né. Ou seja, é uma água que, é, digamos diferente dessa

água que ocorre em superfície. Que essa aflorante que a gente vê nas área de baixada daqui.

É, não sei se respondi a pergunta? Respondi, tá ok? Não? Você deseja saber o que?

INTERLOCUTOR: Não, não

INTERLOCUTOR: Esse estudo...MICROFONE...esse estudo foi encomendado no governo de

Narriman Zito e seria para abastecer a população de Mauá, entendeu? E, é, pelo estudo ele foi

contemplado. Seria suficiente para abastecer...

MARCELO: de água?

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Magé, 11 de julho de 2013 41

INTERLOCUTOR: ...e ainda sobraria água para abastecer outras comunidades.

MARCELO: Sim. Tá perfeito, mas isso em nada interfere no empreendimento ou o

empreendimento não interfere nesse estudo. É, eu, o estudo tem aqui, esse estudo é um

estudo de água subterrânea em profundidade. O aterro não vai alcançar essa, essa

profundidade, né. Uma coisa num, num...

INTERLOCUTOR: Nós temos estes pleitos pra encaminhar pro Ministério Público e eles

analisam

MARCELO: E, sim. Eu não sei se já tem, mas é um estudo que nada tem haver com o

empreendimento, né.

CARLOS GUSMÃO: Dona Sheila! A Senhora é Dona Dulce? É dona Dulce? Como é que eu sabia?

É que a senhora fez uma pergunta muito parecida da dona Sheila. Vocês são do fórum da

Agenda 21. Essa informação que vocês estão passando, pra isso que tem Audiência Pública.

Essa informação que vocês estão passando dessa legislação municipal que, que impede a

implantação de empreendimentos dessa natureza isso tá sendo registrado aqui e o INEA está

analisando e vai levar em consideração. Porque para o parecer final e a conclusão de uma

possível emissão de uma licença prévia existe um parecer técnico que é feito pelo grupo do

analista Canejo os técnicos, os engenheiros, os químicos, os biólogos e um parecer jurídico que

é um parecer da Procuradoria do INEA dos Advogados do INEA. Então, esta informação é

extremamente importante para na elaboração destes dois pareceres. Se houver alguma, em

Thiago, confirma isso Thiago? Se houver alguma questão que torne inviável a implantação do

empreendimento, confrontando com a legislação, isso é considerado. Certo? Claro. Passa a

palavra ali pra, o microfone ali pra. Deixa só ter o complemento do Secretário aqui.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: É, eu gostaria só de uma intervenção no que trata

a seção sétima da Lei Orgânica Municipal em seu artigo dois cinco meia, fala que fica vedada a

instalação de aterros sanitários e lixões, as margens de rios, lagos, lagoas e o que estabelece

margens desses mananciais é, u, agora em última instância o Código Florestal. E isso é

estabelecido de acordo com a dimensão desses mananciais. No caso do rio Estrela, né, que ali

já é Estrela, porque ali o rio Inhomirim com o rio Saracuruna, e o que passa em Mauá já é o

Estrela e não é mais o Inhomirim. É, ele tá, tá mais ou menos, a calha daquele rio tá entre dez,

quinze metros. O Código já estabelece uma margem, uma faixa marginal de proteção de até

cinqüenta metros, tá. Então fica vedada a instalação de empreendimentos de acordo com a Lei

Orgânica, tá, é, a, Prefeitura de Magé não tá aqui pra defender nem criticar o, o

empreendimento. Nós estamos aqui para construir um diálogo junto, mas a cópia da Lei

Orgânica tá aqui quem quiser apreciar o artigo dois cinco meia, tá, que trata sobre esse

assunto.

INTERLOCUTOR: não foi possível identificar a fala do interlocutor, por isso não foi transcrita.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Não, o parágrafo único

INTERLOCUTOR: Parágrafo único !

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Magé, 11 de julho de 2013 42

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Único, ele diz que: “Pra assegurar a efetiva,

efetivamente o direito de um meio ambiente equilibrado, o município deverá articular-se com

os órgãos estaduais, regionais e federais competentes e, ainda, quando for o caso com outros

municípios”. Esse é o parágrafo único do artigo da seção que trata da Política de Meio

Ambiente.

INTERLOCUTOR: Tem alguém com a Lei Orgânica aí?

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Essa aqui é a cópia da Seção de Meio Ambiente

da Lei Orgânica Municipal, tá?

CARLOS GUSMÃO: Então agora, ah, o plenário está mencionando a Lei Orgânica Municipal em

relação ao item que se refere a limitações pela implantação de atividades dessa natureza e isso

vai ser objeto então de uma recomendação dentro aqui do parecer

INTERLOCUTOR: não foi possível identificar a fala do interlocutor, por isso não foi transcrita.

CARLOS GUSMÃO: Claro que a senhora tem direito. Claro.

INTERLOCUTOR: Bom, boa noite à todos, meu nome é Dulce eu represento o Fórum da

Agenda vinte e um de Magé. É, aonde a gente faz uma discussão muito, né, forte sobre a

questão da sustentabilidade, né. Então, em primeiro lugar: água pra mim é inegociável. Eu não

posso de forma alguma numa região aonde a maioria das pessoas, noventa e nove por cento

das pessoas ali utilizam água de lençol freático. A gente sabendo de toda essa vulnerabilidade

do solo ali, daquela proximidade, a gente pensar, sonhar em instalar um empreendimento

dessa natureza. Outra coisa que eu queria dizer é o seguinte: eu sonho alto pra Magé, eu

quero que Magé seja Munique, tá? Eu gostaria imensamente da gente tentar a partir de hoje,

vamos sentar todos os mageenses interessados e vamos procurar um meio de chegar a uma

Munique. Nós podemos fazer isso. Primeiro que nós não produzimos essa monta de lixo pra

gente ficar aqui pra enriquecer uma meia dúzia de empresários. Acho que a gente tem que

cuidar do nosso lixo sim...APLAUSOS...Mas Magé chega de ser castigada por empresas

poluidoras, entendeu? Trazendo doenças pra nossa popula, pra nossa comunidade. Chega! Eu

acho que é um basta! Nós precisamos ir junto ao pode público e toda a sociedade organizada

discutir o que a gente quer pra cá, entendeu?...APLAUSOS...eu sou uma senhora de sessenta e

cinco anos, mas eu tenho neto e acho, não vou ver meus bisnetos, não acredito que vá ver,

mas eu quero deixar pra eles um, um planeta com dignidade, uma terra com dignidade. Que

possa beber uma água e não vá pagar um fortuna pra beber uma água no futuro. Então eu

acho que chega, entendeu? Acho que essa discussão aqui, me perdoe eu falar com vocês, mas

eu como uma cidadã brasileira eu me sinto afrontada, entendeu...APLAUSOS...de ver e até tá

discutindo isso aqui...APLAUSOS...sabe? Porque eu acho que a discussão é permeia em outra

instância. Vamos sentar mageenses, vamos sentar poder público, vamos discutir o que a gente

quer pra Magé. Porque não é possível que mais uma empresa desse porte a gente vai receber.

Vaio contaminar o nosso solo, que vai contaminar o ar. Eu sou uma vítima da Essencis. Chega!

Entendeu? Me desculpa falar isso. Isso é um desabafo. Vocês são empresários, eu os respeito.

Talvez vocês tenham ótimas intenções. Mas nós mageenses estamos cansados deste tipo de

relação. Eu acho que a gente vive um momento diferente no nosso país, aonde as pessoas

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estão acordando e vendo que elas podem se empoderar e discutir o que elas querem,

entendeu? E não é os outros de fora que vem dizer pra Magé o que a gente vai fazer

não!...APLAUSOS...É o mageense aqui que tem que dizer. Muito obrigada e passe bem.

CARLOS GUSMÃO: Mas a Audiência Pública justamente é pra isso. Pras pessoas manifestarem

suas preocupações, suas dúvidas, suas aflições. Por isso que a gente está discutindo isso aqui.

É ou não é? E mais deixar aqui o parabéns aqui pra sociedade. Vocês estão com um

comportamento muito interessante. É, Sra. Regina. Hein? Bem, nós temos aqui mais algumas

perguntas em que nos temos que, que desenvolver. Temos aqui o Sr. Leandro. Leandro Luz. Taí

o Sr Leandro? O Sr. Leandro e o Sr., não Sra. Cintia, perguntam: “Ah, terá cursos técnicos e

preparatórios? Se vai ter cursos técnicos na comunidade para ter condições de trabalho e que

níveis de trabalho pra que possamos incluir junto a comunidade. E se também, eh, se terá

alguma atividade prevista para catadores” Sra. Ana Beatriz. Então são perguntas agora ligadas

a questão da, de oportunidade de trabalho pras pessoas. Se tem alguma atividade prevista

para catadores e se haverá, ah, cursos técnicos, preparatórios para possíveis candidatos à

emprego.

ED WILSON: Com relação à catadores, em Bongaba que era um lixão cheio de catadores, é,

quando a empresa iniciou lá, é, o processo de remediação, foi feito um cadastramento, na

verdade, pela Prefeitura Municipal de Magé com a, a, Secretaria de Assistência Social, se não

me falhe a memória, é, montou lá uma banca com vários funcionários da prefeitura e abriram

pra cadastramento as pessoas que tinham interesse de se candidatar a uma vaga no, uma vaga

no, empreendimento, no, Bongaba. É, então lá, tinha catador, então, teve uma medida pra

acomodar os catadores. Esse projeto não vai poder ter catador. Aterro sanitário, nenhum

aterro sanitário desses que nós citamos aqui, tanto no Rio de Janeiro quanto qualquer lugar

pode ter catador. Pela questão do risco que o catador fica sujeito. Agora, essas pessoas que

não foram aproveitadas em Bongaba e que tem interesse de trabalhar, caso esse

empreendimento venha a se implantado, vai estar aberto para qualquer pessoa que quer se

candidatar a trabalhar. E com relação a cursos, existe uns Programas previstos de treinamento.

Agora teria que se afinar mais junto aí, a, a poder público e o, o empreendedor pra definir

quem seria o melhor feito. Então isso aí, assim nós, não tem muito como responder essa

questão se o, o curso vai ser mais detalhado ou menos detalhado. Isso vai ser, na verdade o

entendimento aí do empreendedor com o poder público.

CARLOS GUSMÃO: É, em relação ao oportunidade de emprego e trabalho, existe a pergunta

também do Sr. Nílson, Sr, Sérgio Gonçalves, Elisângela, Cintia, que já fez uma pergunta, e que

são todas em função da, da possibilidade em se ter acesso a emprego, pessoas moradoras aqui

da região e locais circunvizinhos. É Eduardo da Silva da ONG Rico. Cadê o Seu Eduardo?

Obrigado aí pela presença. Prazer em revê-lo. “Ouvir dizer que além de um aterro existe um

projeto muito grande de um distrito industrial pra aquela região”. Isso, é, procede? Acho que

isso é pros representantes aqui da Prefeitura. Quer dizer que além do aterro existe um projeto

grande pra um distrito industrial pra aquela região. Se isso é verdade.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Bom Eduardo, é, nosso companheiro lá do

Conselho de Meio Ambiente. É, como eu falei lá na minha, boa noite, é, como eu falei lá na

minha cumprimentação à vocês, o município de Magé tem condições e tem uma previsão de

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um crescimento bem maior do que aconteceu nas últimas décadas para os próximos anos.

Todas essas ações e articulações são, é, até então, especulações. Porque? O município de

Magé está se preparando, através da Secretaria de Meio Ambiente, para licenciar

empreendimentos de pequeno e médio porte, médio impacto ambiental. É, nós avançamos

bastante nesse processo. Falta alguma documentação para que a gente peça essa publicação

da Secretaria do Estado do INEA, para que Magé se torne um município licenciador. A partir

daí, nós poderemos é, é colocar as condicionantes do município nesse licenciamento.

Poderemos ter um contato maior nessa chegada do empresário para se instalar no Município.

Mas para a região de Mauá, as discussões que envolve a reformulação do Plano Diretor

Municipal, que tem, é, essa tendência de ser sócio-participativo, é indica aquela região como

uma região industrial, de desenvolvimento industrial, como algumas outras regiões, é, dentro

do município. Na verdade o município de Magé houve um retardo muito grande de

desenvolvimento. É, não houve uma política, é, que agregasse essa questão da geração de

emprego, empresas, é, eficientes. Então, ah, a preocupação do governo hoje é realmente criar

esses pólos industriais. Existem sim especulações pra aquela região, Eduardo, a gente pode até

tá se aprofundando nesse assunto nas nossas reuniões de conselho, pra exatamente ver o que

vem e o que não vem, é, mas até então são especulações. A gente, que sim que o muni, o

município se desenvolva, mas com responsabilidade social e ambiental.

INTERLOCUTOR: Oh, bonita palavra, né?

CARLOS GUSMÃO: Seu Secretário, Seu César Viana. César? Seu César Viana? A implementação

de saneamento básico não seria uma prioridade de implantação para a população maior do

que de um aterro sanitário? Quer dizer aqui nós estamos numa Audiência Pública pra tratar

desse assunto que é o pedido de licenciamento ambiental. É claro que quando a gente tá

numa reunião pública, a gente fica aflito com outras questões IPTU, impasses, é ou não é? Mas

tem essa pergunta aqui do César Viana que é prioridade do saneamento básico em relação ao

aterro. Se quiser fazer algum comentário, tem algum projeto, alguma coisa? Seu César Viana,

tá sentado lá no fundo.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Seu César. É, certamente existem muitas

prioridades ambientais no município. Hoje o município de Magé ele não trata um litro de

esgoto, por exemplo. Mas desde o ano de dois mil e onze, eu até posso dizer, com riqueza de

detalhes, mas não quero me alongar, eu venho, é, acompanhando tecnicamente, também, a

implementação do Pacto pelo Saneamento Ambiental Municipal. Nessa fase agora que durou,

aproximadamente, um ano e meio, que foi a fase de diagnóstico. Então, nós identificamos

dentro do município qual é a real situação. Hoje nós temos uma rede de drenagem mista, ou

seja, pega água da chuva e o esgoto sanitário levando tudo para os nossos mananciais. Nós

não temos um abastecimento de água adequado. A região de Mauá, por exemplo, do nosso

amigo ali, é uma das regiões mais prejudicadas. Mas não é só Mauá não. Tem muita região

dentro do município que não tem um abastecimento de água e aonde tem, é por muitas das

vezes não tem um tratamento adequado. Esse diagnóstico ele vai ser apresentado também,

em Audiência Pública, no qual nós mobilizaremos toda a sociedade. Vai ser realizada na

Câmara dos Vereadores. Esse diagnóstico vai gerar o Plano Municipal de Saneamento Básico. É

um lei que tem que ser aprovada pela Câmara e os municípios que não apresentarem essa lei

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Magé, 11 de julho de 2013 45

até dezembro de dois mil e treze ficaram inadimplente para captar recursos para, justamente,

atender esses problemas municipais, tá? Então, é. São coisas que funcionam como um relógio,

que nós não podemos pular essa etapa. Nós sabemos que os problemas de Magé são grandes,

mas não são maiores que Magé e do povo mageense aqui de bem, tá?

CARLOS GUSMÃO: Seu César, então, aproveitamos aqui a participação do Secretário para esse

esclarecimento. Ah, Sra. Regina. Cadê a Dona Regina? Piabetá? A Dona Regina dirige ao

Promotor: “A Procuradoria de Justiça do Rio de Janeiro se posicionou contra o

empreendimento, mas o lixão de Bongaba, me permite a correção a senhora falou CTR, o lixão

de Bongaba já está com o tempo terminado, determinado não é isso? Para encerrar. No

município acredito, quer dizer acredito a senhora acredita, que não há outro local para...

SENHORA REGINA: não foi possível transcrever a fala por falta de entendimento.

CARLOS GUSMÃO: Se a senhora puder ler eu agradeço, não porque a letra tá...

SENHORA REGINA: Eu sei.

CARLOS GUSMÃO: Não. Sua letra é bonita, mas a senhora rabiscou aqui. Então tá aqui, se a

senhora puder ler. Obrigado pela sua presença, Dona? O nome da senhora?

SENHORA REGINA: Regina.

CARLOS GUSMÃO: Regina!

SENHORA REGINA: Tá, sem óculos é meio difícil. A Procuradoria de Justiça do Estado do Rio de

Janeiro se posicionou contra o empreendimento, mas o CTR de Bongaba está com o tempo

determinado para findar, o mais provável em 2014. E o município, acredito, não dispõem de

condições financeiras para transpor seu lixo para outro município ou outro CTR seja lá o que

for. Como será o posicionamento da Procuradoria no futuro em que todos os municípios terão

que se enquadrar na Política de Resíduos Sólidos? Já, um minutinho só. E outra coisa, como a

gente faz pra ter acesso ao estudo de impacto ambiental que o GATE fez?

THIAGO VERAS: O GATE não faz estudo de impacto ambiental, né.

SENHORA REGINA: Mas esse relatório? Como a gente faz pra ter acesso?

THIAGO VERAS: Quem faz o Estudo de Impacto Ambiental e o RIMA, Relatório de Impacto

Ambiental é o empreendedor que apresenta a CE, a CECA e ao INEA. É, já existe um inquérito

civil público que esse que está aqui na minha frente, é o número quarenta e seis de dois mil e

treze, que tem por objeto apurar a viabilidade ambiental da Central de Tratamento de

Resíduos da Terra Ambiental, bem como, acompanhar o processo de licenciamento ambiental

do empreendimento. Como o próprio nome diz, trata-se de inquérito civil público. Então,

qualquer cidadão que quiser pode fazer o requerimento na se, na Secretaria da Promotoria e

tirar cópia integral do procedimento, inclusive do parecer técnico do GATE. A Promotoria se

localiza em Itaboraí, se chama-se Segunda Promotoria de Tutela Coletiva do Núcleo Magé,

Itaboraí. É, pra saber o endereço e, ou liga pra Ouvidoria telefone um, dois, sete ou entra no

site www.mp.rj.gov.br

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SENHORA REGINA: Esse endereço eu posso pegar depois, que vai ser tudo botado na internet.

THIAGO VERAS: É só jogar no Google, é só jogar no Google. Ministério Público Rio de Janeiro.

SENHORA REGINA: Agora sobre uma outra questão.

THIAGO VERAS: Deixa eu só responder sobre a sua pergunta, depois a senhora faz outra, por

favor. É, o que o Ministério Público disse foi o seguinte: é, ah, o atual aterro de Bongaba está

saturado, está com seus dias contatos. A obrigação, a obrigação primária, originária é do

município de Magé dar a destinação adequada aos resíduos sólidos produzidos dentro do

município de Magé. Se o Poder Executivo quiser, ele pode contratar uma empresa privada,

obviamente obedecendo a legislação, através da licitação, eticetera, eticetera. Se não houver

uma empresa devidamente habilitada e com aterro sanitário instalado no município, a

Prefeitura de Magé tem a obrigação constitucional, artigo vinte e nove de Constituição, de

produzir seu próprio aterro sanitário. Não é por outra razão, que eu mesmo em fevereiro de

dois mil e nove, ajuizei uma ação contra o município de Guapimirim, requerendo ao Poder

Judiciário que obrigue o município a construir o seu aterro sanitário. Lá em Guapimirim a

situação era pa, similar a de Magé. Tinha um, um lixão completamente descontrolado e foi por

isso que nós ajuizamos essa ação contra o município de Guapimirim. Em outras palavras, o fato

de haver uma necessidade preemente, e uma necessidade urgente da construção, da

instalação e operação de um aterro sanitário na região de Magé, não significa para o

Ministério Público, que a licença ambiental deva ser dada de qualquer maneira, sem cautela e

com pressa...APLAUSOS...como se trata de meio ambiente, de um direito fundamental e

indisponível, toda cautela para obediência a legislação é necessária.

SENHORA REGINA: Olha só, eu não estou que o Ministério Público ou o Promotor, a

Promotoria vai dar a licença de forma irresponsável. Eu só estou questionando uma situação

que está pra ocorrer. Você me deu, você me deu uma alternativa que o município pode muito

bem fazer esse aterro. Então ou vou voltar novamente na questão que eu levantei aqui, a

questão de becate, tá? Nós estamos com o prazo da Política de Tratamento de Resíduos

Sólidos aqui. Sou cidadã mageense estou preocupada com o meio ambiente e não sou

nenhuma irresponsável, pra começar. E nem acho que a Pro, pro, Procuradoria também seja.

Agora estou levantando uma questão que é pertinente sim. Ela é importante sim. Porque a

gente até agora tá levantando a questão de eu não quero, eu não posso, eu não tenho que ter,

mas também tem que dar alternativas para as coisas acontecerem. A gente tá mostrando uma,

uma, uma situação delicada, mas também temos que apresentar uma outra alternativa. Esse

documento, esse relatório que você apresentou, evidentemente que eu vou ler. Agora, essa

região, eu também conheço, entendeu? Então depois vou entrar em contato com o senhor...

THIAGO VERAS: Eu não estou entendo a sua pergunta, seja objetiva.

SENHORA REGINA: Em relação ao término do lixão, o município não teve recursos, o mais

provável que a Procuradoria vai entrar com um processo outra vez, dentro dessa Constituição

Federal ou também, da Estadual, que formas a Procuradoria pode orientar a Prefeitura, a ela

digamos num, num tratamento, a despachar seus resíduos sólidos?

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THIAGO VERAS: Na verdade o Poder Executivo ele escolhe como ele vai usar o seu orçamento.

Isto se chama Discricionariedade Administrativa. No entanto, quando se trata de direito

fundamental de serviço público essencial o poder público municipal é obrigado a cumprir o seu

dever constitucional. E no caso em tela, nós temos aqui a proteção ao meio ambiente e a

destinação de resíduos sólidos, portanto, se não houver uma alternativa da iniciativa privada

para o município delegar ao terceiro a prestação desse serviço público essencial a Constituição

estabelece que a obrigação primária, originária continua sendo do município. E por isso, é

plenamente cabível é ação civil pública de obrigação de fazer, obrigando o município de Magé

a construir o seu próprio aterro sanitário.

SENHORA REGINA: É, mas mesmo assim a Procuradoria deveria...

INTERLOCUTOR: A Prefeitura, o Executivo corta gasto, meu amor. Manda cortar o gasto que a

gente faz, acabou.

INTERLOCUTOR 2: Gasta menos com carnaval e faz o aterro. Simples.

INTERLOCUTOR: Só corta gasto! Corta gasto

INTERLOCUTOR 2: Só não fazer o carnaval de 2014

SENHORA REGINA: Não é...

CARLOS GUSMÃO: Tá certo, agora olha só. Essa discussão aqui também. O Promotor explicou,

tá certo? Senhora Hilda?

SENHORA HILDA: Sou eu.

CARLOS GUSMÃO: Viu como eu sabia que era a senhora? A comunidade...

SENHORA HILDA: Boa noite.

CARLOS GUSMÃO: Boa noite dona Hilda. Porque tem que ser feito em Mauá? Já fomos muito

prejudicados pelo abandono, praias sujas, sem seneamento básico, estradas sem asfalto.

Porque não em Magé? Não aceito e não concordo com isso. Esse é a opinião da Dona Hilda em

relação aqui a, ao projeto que está sendo apresentado. O questionamento porque a

localização em Mauá, não é isso?

SENHORA HILDA: Isso

CARLOS GUSMÃO: Que também já foi objeto de outros ah, da Sra. Nídia. A Sra. Nídia está aí

também? Cadê a Dona Nídia? Dona Nídia também: “Sou contra o lixão que tem, que tem

chega de sujeira”. Então vamos responder ao questionamento desses nossos colegas lá de

Mauá. E o questionamento é porque em Mauá? Até porque o Admilson fez aqui uma

solicitação pra ter uma conversa com o pessoal lá de Mauá. Então vamos lá.

ED WILSON: Alô. Tava pedindo um lanchinho aqui. Pode repetir a pergunta por favor? Não,

repetir a pergunta.

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Magé, 11 de julho de 2013 48

CARLOS GUSMÃO: Porque em Mauá?

ED WILSON: Porque em Mauá, é aquilo que eu mostrei naquele mapa de exclusão. Então,

assim, a equipe entendeu que não daria pra fazer, tipo, no alto da serra. Não teria condições

de fazer próximo a APA de Guapimirim. Então a gente foi excluindo áreas onde não poderiam.

Aí dentro das áreas que poderiam e que também estavam dentro de um zoneamento

permitido, foi por isso que a gente estudou. Agora teve uma pergunta de tráfego? De carro?

De tráfego? Confesso que escutei alguma coisa, de caminhões e tal? Porque não vai passar

nada por Mauá. Ah, tá, tá desculpa. Então é isso, Mauá foi por esse motivo que eu mostrei ali.

SENHORA HILDA: É, porque? Tudo em Mauá acontece de ruim acontece. Eu moro em Mauá a

trinta anos. Tudo acontece de ruim em Mauá. Eu já fui em vários protestos, no Ministério

Público reclamando de Mauá de várias coisas. Condução, saneamento básico nós não temos.

Pagamos um imposto, eu pago um imposto, caríssimo. Eu sei que a central não tem nada a ver

com, com o que tá havendo. Tem haver sim. Porque antes de ter alguma coisa sobre isso, isso

é importante? É, mas pra Mauá nesse momento não é. Nós não temos saneamento básico.

Nós não temos água encanada. Bebemos água de poço artesiano ou poço comum. Crianças

doentes. O PS lá com muito de, de falta de medicamento. Não tem nada a ver com o que tem

aqui, mas é uma coisa, é um globo, uma desorganização. Então eu acho que se, o senhor deve

continuar com o seu parecer, sim! Porque não é o que o povo, tem que ser o que o povo quer.

O povo de Mauá não foi nem, nem sequer cogitado a fazer uma coisa. Eu soube e tô aqui pelo

facebook. Que eu entrei, e o pessoal dizer, começou a falar, falar, falar que tem reunião e eu

vim ver o que que é. Eu estou contra, porque não acho certo. Tudo, desculpa a expressão, o

côco do bandido é em Mauá. Tudo, tudo vai pra Mauá. Tem o primeiro distrito, porque não

pode ser o primeiro distrito? Tem no Gazebo também aberto aqui, tem descampados. Porque

não pode ser aqui? Tem que ser em Mauá? O fedor vai ficar lá, o côco do bandido, desculpa a

expressão. Aqui não, porque não pode. Então, eu acho errado. Então, o povo de Mauá tem

que acordar, eu estou errado? Nós não queremos isso agora. Nós queremos sim, saneamento

básico, não tem. O senhor pode ir lá, é um absurdo. Paga taxa de incêndio que não tem um

hidrante. Não tem água potável. Se for pegar fogo na minha casa vai ligar na piscina da minha

casa pra apagar minha casa. Pago cento e pouco, quer dizer, muita coisa pra poder um

empreendimento desse ser jogado lá dentro. Tem outros lugares aqui no primeiro distrito.

Bota aqui no primeiro distrito, que é mais fácil. Te, tem até o, o, o como é que fala? O corpo de

bombeiro. Qualquer coisa que aconteça, pode ser com ele. Lá não tem. Então lá a gente

estamos pedindo várias coisas. Já perdemos muito com esse pedágio que botou aqui. Já

acabou o comércio de Mauá, morreu. Turismo com a primeira Estrada de Ferro não existe. Só

existe quando chega época de eleição. Chega lá e fica falando “não eu vou fazer estrada, vou

fazer isso, vai ter uma barca, mais não sei o que”. Não tem nada. É só pra ganhar voto. Aí o

povo vai, ajuda, né, e corre atrás pra ver se sai. E não é nada daquilo e a gente fica esquecido

lá, largado. Então, eu peço ao senhor: não mude o seu parecer. Porque eu sou moradora de lá,

tem vários moradores tem aqui. Muitos já foram embora porque dependem de ônibus e

ônibus acaba. Não tem ônibus. Quer dizer, várias coisinhas e senhor, peço o senhor que

continue. Eu agradeço à todos e desculpa o desabafo. Mas tô revoltada!

APLAUSOS

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Magé, 11 de julho de 2013 49

INTERLOCUTOR: Olha só! Só pra continuar a pergunta dela eu queria um posicionamento da

Prefeitura e do seu Secretário de Meio Ambiente sobre o empreendimento. Se ah, ah a

Prefeitura, o Secretário quer esse empreendimento em Mauá ou não? Que seja bem

específico. Acho que a Prefeitura não deve ficar em cima do muro. Ela tem que fazer, falar, eu

quero ou não quero! Entendeu?...APLAUSOS...é isso que eu peço ao seu Secretário que ele me

responda.

CARLOS GUSMÃO: Seu Edmilson o Secretário vai lhe atender. Só quero que você entenda uma

coisa. O licenciamento ambiental no nosso país, ele é dividido, ele é repartido em

competências. Este tipo de empreendimento, quem dá ou não a licença é o Estado. Isso é uma

competência estadual, certo? Se fosse uma outra atividade com impacto local, essa seria uma

decisão municipal. Agora, os empreendimentos, da mesma forma que se alguém pedir pra

fazer uma plataforma de petróleo lá na Bacia de Campos, quem pode ou não, a competência

exclusiva é do IBAMA. Então essas repartições foram repartidas. Eu, claro que ele vai

responder a sua pergunta, eu sou estou esclarecendo ao senhor, que a decisão de ter ou não

esse empreendimento aqui é do Estado, não é do Secretário. O que não impede de responder

a sua pergunta.

INTERLOCUTOR: Gusmão, mesmo, mesmo sendo...

CARLOS GUSMÃO: Fala! Aliás eu estou te conhecendo. Você é um amigo.

INTERLOCUTOR: Não foi possível transcrição, pois a fala foi feita sem o microfone

CARLOS GUSMÃO: Hein?

INTERLOCUTOR: Já fui seu aluno

CARLOS GUSMÃO: É eu lembro de você.

INTERLOCUTOR: Enfim.

CARLOS GUSMÃO: Tirou dez! Tirou dez!

INTERLOCUTOR: Oi?

CARLOS GUSMÃO: Você tirou dez!

INTERLOCUTOR: O professor era bom!

CARLOS GUSMÃO: Então vai!

INTERLOCUTOR: Vamos lá, então vou te falar.

INTERLOCUTOR 2: Dá licença só um minutinho, que eu tenho que falar um rapidinho. Que os

catadores que estão aqui e não foram apresentados...

CARLOS GUSMÃO: Tá certo!

INTERLOCUTOR 2: ...tem que ir embora. Eles tem que voltar pra Bongaba. Não tem condução

pra eles ir embora e eu acho que hoje aqui dentro dessa audiência eles são as pessoas

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Magé, 11 de julho de 2013 50

principais pra eles estarem aqui. Então tá aqui o Rogério, que tá ali atrás, catador do primeiro

lixão de Bongaba...APLAUSOS...tá aqui o Wellington catador do lixão Bongaba. Só pra atualizar

o senhor, não houve na época em que eles saíram do aterro, hoje aterro, não houve essa

consulta. Essa consul, essa consulta aconteceu depois, foi no ano passado, tá? No momento

que eles estava lá não houve, infelizmente, essa parte que deveria ter sido feita, por isso a

minha pergunta de que forma a empresa poderia pensar nesses catadores, nessas famílias que

lá estavam que hoje se encontram a mercê de algumas políticas públicas, até porque, estamos

com o município implantando a coleta seletiva, mas ainda muito vagarosamente. Então, essa é

a minha colocação, de que forma nós poderíamos estar acolhendo na empresa com

qualificação profissional direcionada para catadores, de que forma eles podem ser inseridos.

Porque não é uma nem duas famílias, eram trezentas famílias que estavam lá dentro. Só pra

que vocês possam pensar, tá? Porque eles tem que ir embora.

INTERLOCUTOR: Pode responder!

WALTER PLÁCIDO: É, eu acho que tem que falar dos impactos positivos do empreendimento,

que é justamente a criação de emprego e renda. Acho que não só tem a o, o, oportunidade pra

o empreendimento absorver a mão de obra do pessoal que já tem aí, é, um histórico de

trabalho na catação, mas um histórico de trabalho na catação que, de uma outra época de um

lixão numa condição totalmente insalubre é que nessa nova oportunidade, dividir com a

empresa sua experiência na catação dentro de unidades de triagem que haja conforto,

salubridade, tecnologia que facilite o trabalho de catação. Então acho que sua pergunta que a

senhora colocou, ela também vem muito em frente da questão de geração de emprego e

renda que o tipo de empreendimento desse trás para a região que é um impacto

verdadeiramente positivo. Junto também, outros impactos positivos que toda cadeia que,

empreendimentos dessa natureza pode trazer. De alimentação, de, de, de, de refeições para

os trabalhadores que trabalham direta ou indiretamente. No caso desse tipo de

empreendimento que ele não foca apenas em, em enterrar o lixo e, sim, criar uma série de

mecanismos para valorizar o resíduo, pra poder beneficiar o resíduo, pra poder extrair dele

valor seja separando papelão, seja separando, beneficiamento, beneficiando PET, ou seja,

recebendo e, e, e processando pneus usados ou, então, outros equipamentos que possam ser

reutilizados, recuperados e reciclados, pois essa ser a política do empreendimento toda essa

gama de possibilidade de, tenda, é um impacto positivo que deve ser considerado. É, uma

outra questão que eu gostaria também, é, fazendo um gancho aqui muito importante, é, nós

não podemos confundir lixão com aterro sanitário. O que causa efetivamente contaminação

do solo, contaminação do lençol freático é o lixão. Isso tem que ficar claro, é, de uma vez por

todas. Um aterro sanitário que se propõe a fazer uma camada de, de, argila compactada,

dentro do que estabelece a normativa da ABNT, as normas de engenharia, que você vai ter

uma taxa de permeabilidade de dez a menos sete centímetros por segundo, o que significa

isso? Que uma gota d’água levaria zero vírgula zero, zero, zero, zero, centímetro pra poder

penetrar se só tivesse argila. Só que além da argila, vai ter dupla camada de

impermeabilização. Então é isso que a gente tem que ter um certo conforto, pra entender que

o risco de contaminação do solo, o risco de contaminação do lençol freático da região, tendo

em vista o cuidado que se vai ter com a impermeabilização do solo é muito reduzido, é quase

zero.

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AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL

Magé, 11 de julho de 2013 51

INTERLOCUTOR: Alô! Marcelo? É, enfim boa noite, Marcelo. Só pra completar o que a Bia tá

falando que eu acho que ela não se sentiu contemplada. Você falou de um impacto positivo,

mas eu li o EIA/RIMA não existe nenhuma proposta de medida compensatória nesse sentido.

Então vai uma observação que a gente poderia colocar no papel o documento que eu tive em

mãos não tinha esse tipo de previsão. É, a geração de emprego estava duzentos aqui na

apresentação tem quatrocentos e cinqüenta na possibilidade, quatrocentos e cinqüenta é

isso? Juntando as duas fases? Então, não tem a previsão que seja contemplada a mão de obra

local, os catadores, aí a gente conseguiria, enfim, botar na prática a palavra tão bonita,

sustentabilidade, né? Mas o que o Gusmão tava falando e que o Leandro também observou

bem, Magé ainda não tem competência técnica, né, tá num processo de crescimento, me

corrija se eu estiver errado, pra fazer esse tipo de licenciamento por isso que o Estado vai

fazer. Mas a expedição do alvará tem que respeitar a autonomia do município, né, o Estado vai

dar o licenciamento ambiental, mas a Prefeitura tem, e não é favor nenhum é obrigação

constitucional, inclusive, de dar seu parecer e dizer se tá à favor ou não, se é contra, porque é

contra e se é à favor, porque é à favor, Ah, porque vai tratar o lixo do município, enfim, né. O

que a gente, eu senti particularmente, na área de geração de emprego e renda, que

normalmente esses empreendimentos tem, é alguma proposta de medida compensatória pra

aproveitar essa mão de obra que no passado, né, eu convido vocês a conhecerem, não é

segredo pra nenhum munícipe aqui de Magé o estado de abandono que a Cooperativa tem.

Magé ainda, infelizmente, ainda não fez esse mapeamento. Ainda tão esses que ainda tão

resistindo: o Rogério, a turma ali, né. No passado, inclusive, problemas jurídicos entre outras,

entre outras coisas. A Secretaria de Meio Ambiente tá muito à parte e algumas vezes foi

solidária a isso, até antes de ser Secretário, né. Vamos ver se, enfim. O que eu estou sentindo,

o que estou vendo, são pronunciamentos, mas no papel não tem. Assim como as observações

que o Thiago fez. Aí vai uma crítica construtiva a Secretaria de Meio Ambiente: a Secretaria

não leu o mesmo documento que a Procuradoria leu? Que o GATE leu? Foram documentos

diferentes? Enfim, são esses tipos de coisas que tem que tá no papel. Porque o

empreendimento sai e acontece o que aconteceu no passado. Eles ficaram, pra se ter idéia

sem equipamento pra trabalhar. Faço o convite pra quem quiser da empresa ir conhecer o

local e o ambiente de trabalho deles. É só isso Gusmão. Um abraço e prazer em revê-lo.

CARLOS GUSMÃO: Tá certo! Eu acho que a gente pode dar alguns esclarecimentos. A sua

observação foi muito boa. Em relação as medidas compensatórias que empreendimentos que

fazem EIA/RIMA, apresentam medidas compensatórias, essas medidas compensatórias não

são propomo, não são propostas pelo empreendedor no EIA/RIMA. Esse percentual vai ser

tratado, caso saia à licença prévia, e depois junto com a Câmara de Compensação Ambiental é

que isso vai ser discutido. Claro que essas compensações são projetos do município, e, não é,

ninguém, até porque não tem nada certo ainda. Em relação às oportunidades de trabalho, isso

é, do aproveitamento de quem, de quem tem mão de obra qualificada isso, também, não é

uma questão do órgão ambiental, mas a gente sempre dá um apoio nisso. Mas é claro que a

manifestação deles aqui no sentido de que vão aproveitar. Algumas perguntas que foram

feitas aqui também, eu procurei juntar num bloco, a preocupação da turma era: Vai trazer

gente de fora? Vai aproveitar gente local? Mas eu entendi que isso já tinha sido contemplado

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Magé, 11 de julho de 2013 52

aqui, mas é bom ficar gravado. Aquela senhora que falou, desculpa, não gravei o nome dela.

Sua colega, como é que ela chama? Lia?

INTERLOCUTOR: Bia!

CARLOS GUSMÃO: Então!

INTERLOCUTOR: Bia!

CARLOS GUSMÃO: Lia?

INTERLOCUTOR: Bia!

CARLOS GUSMÃO: Bia? Ah, Bia. Então a dona Bia, é ou não é? Fez aqui, até peço desculpas,

porque eu juntei essas perguntas de, de emprego, mas eu entendi que tava entendido que, eu

acho que não há dúvida em relação a isso, né? E é claro que a turma aqui do município, é, não

que eles não tenham competência pra licenciar, não, hein! Eles não podem, é porque a

competência. Não que eles não tenham capacidade, a competência é do Estado. Mas, eu acho

que o Secretário, Sub-Secretário aqui tem aí boas complementações.

SUB-SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Boa noite. É, eu queria tentar responder, é,

as duas perguntas: a primeira do, pra contemplar a do companheiro lá e contemplar o

companheiro Gustavo aqui. A primeira é pra dizer que a Secretaria de Meio Ambiente não tá

no muro, né, porque nós hoje enquanto governo não deixamos de ser cidadão. Viemos da

sociedade, e daqui a um dia, um mês ou dois anos, voltaremos pra sociedade e jamais, em

hipótese alguma, iremos assinar nada que comprometa o desenvolvimento sustentável desse

município. Com efeito eu gostaria de dizer outra coisa: nós não estamos aqui pra achar nada.

Nós, do poder público, estamos aqui pra acatar toda e qualquer decisão da sociedade civil. Nós

estamos aqui pra realizar o que a sociedade civil decidir aqui. Não é um governo, uma pessoa

ou do Secretário ou Sub do Prefeito que vai decidir não. Vocês tem poder de voto, de opinião e

é por isso que vocês estão aqui. Tudo e qualquer coisa que for decida aqui será acatada pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

MANIFESTAÇÃO DA PLATÉIA: Não foi possível transcrição por não ter sido falado no microfone

SUB-SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: É, só um minutinho, deixa eu completar

depois fica à vontade. É, quanto ao companheiro aqui, eu gostaria de dizer e tentar responder

da mesma maneira. Nós lemos o EIA/RIA e estamos aqui pra participar de discussão. O que for

decidido aqui, cara, a gente vai acatar sem problema algum, entendeu?

INTERLOCUTOR: Não foi possível transcrição por não ter sido falado no microfone

SUB-SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Não, o, o, desculpa, seu nome é? Edmílson?

A sua colocação foi muito pertinente e acredito até que acatada, que eu acho que a, que a

empresa em questão deve até fazer uma Audiência Pública até local. Visto a pertinência, a

proximidade do projeto no bairro lá. Eu acho justo.

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Magé, 11 de julho de 2013 53

INTERLOCUTOR: Não acho que tem que ser Audiência Pública. Eu quero que a Prefeitura

chegasse lá e faz, faz, um, um referendo, alguma coisa com a comunidade, uma pesquisa.

Ninguém quê! Eu acho que a Prefeitura...INTERROMPIDO PELO SUB-SECRETÁRIO

SUB-SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Não o, o, companheiro. Você a de entender

o seguinte. A Prefeitura ainda não tem nada. Ainda é licenciamento do INEA, entendeu? Nós

vamos estar a favor da população de Mauá, você pode estar certo disso, pelo menos enquanto

for decisão nossa de sermos Secretários de Meio Ambiente. Pode estar certo disso.

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: É, gostaria acima de tudo parabenizar a

representatividade que essa Audiência Pública teve. É, acho que nunca antes na história, é

desse município houve uma Audiência Pública com tanta gente, de todos os distritos, que

representasse todos os bairros, e, o que, o que prevalece sempre é o poder que é feito do

povo, com o povo e para o povo. Agora o povo hoje tá entendendo o que é uma CTR, está

vendo que são plantas de reciclagem, tá, não é só a questão do lixo classe um, não é só a

questão do lixo classe dois “a” ou “b”, mas que pode observar também, o que, o que o

empreendimento pode agregar ao município. Então a avaliação hoje, não é do desconhecido e,

sim, do conhecido. Todo mundo que pisou nesse clube hoje à noite e tem mais de trinta anos e

que nasceu e vive em Magé, já gerou mais de dez toneladas de resíduo. Inclusive eu, inclusive

o nosso companheiro Gustavo, amigo de militância de muitas lutas aqui dentro do município,

então, a geração de resíduos é uma responsabilidade nossa, entendeu? Enquanto cidadões,

cidadãos, nós temos que avaliar toda essa questão com muita cautela, tá? É claro, é óbvio que

a comunidade de Mauá, que é diretamente impactada, é a comunidade que realmente tem

que ser ouvida, é a comunidade que tem que ser, no caso da aprovação do empreendimento,

privilegiada na questão da capacitação profissional, na questão da geração do emprego local,

no aquecimento da economia local. Eu, eu aproveito até pra ver se a gente consegue entrar

num entendimento, levando-se em consideração o que o grupo de GATE fez, o que as contra

propostas e as defesas que a empresa fez, que a gente realize um Seminário então, pra

esmiuçar, porque de repente num, num, momento como esse não fica bem claro todos os

detalhes do que pode ou não acontecer do empreendimento desse. Que a gente realize um

Seminário em Mauá pra gente discutir mais a fundo essa questão. Seria uma proposta da

Prefeitura, né. Se a empresa estiver disposta a discutir isso. Agora, enquanto cidadão e gestor

público eu não posso me eximir da minha responsabilidade. Eu sou um gerador de resíduo. Eu

separo o lixo da minha casa e levo pro ecoponto que nós criamos na Professor José Leandro

número cento e cinco, tá? Pro cooperativa de, da cooperação recolher e levar pra reciclagem.

Todos nós somos responsáveis por impacto ao meio ambiente. Então temos que buscar uma

solução. Se é essa a solução mais viável, depois de todas as apresentações, depois de todas as

plantas de tecnologia de eficientes verdes ou de problemas que estão intrínsecos no processo

de classe um ou dois, é de se discutir, mas ninguém pode se eximir da responsabilidade.

Porque é muito fácil você criticar, agora vamos apresentar proposta. O município e a

Prefeitura tá aberto, tanto é que tudo que se está construindo nessa gestão é sócio-

participativo. Então, quanto a isso assim, eu não tenho pudor nenhum em dizer qual é o nosso

posicionamento. Posicionamento enquanto Prefeitura é honrar o voto e a confiança que o

povo mageense deu pra nós. Isso nós temos que honrar acima de tudo, tá?

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Magé, 11 de julho de 2013 54

CARLOS GUSMÃO: Então essa é a colocação da Secretaria. Seu nome?

INTERLOCUTOR: Boa noite, meu nome é Rosan Gomes. Boa noite Dr. Thiago. Pra quem não

me conhece eu fui prefeito do município no ano de dois mil e nove. É, eu tive o grato, a grata

satisfação de dar o pontapé inicial nesse projeto. Eu sou completamente a favor desse projeto,

desde que contemplando todos os melindres técnicos. Parabéns ao Ministério Público muito

bem feito o trabalho. Agora, eu ouvi uma coisa que eu não gostei Ed. Quando a gente

começou esse projeto era pra gente receber o lixo de Magé e lixos industriais, acho que lixo

industrial é perfeitamente viável que a empresa trabalha, mas Magé precisa de um CTR, não

tenho dúvida, como disse o Dr. Thiago muito bem no dia, se eu não me engano, três ou quatro

de agosto do ano que vem acaba o prazo pra se ter lixão em qualquer município Magé precisa

ter o seu, se não onde vamos colocar o nosso lixo? Mas se Magé precisa ter o seu que cada

município que tenha seu CTR e cuide do seu lixo. A empresa tem que se comprometer aqui de

receber o lixo domiciliar de Magé, não de outros municípios. Pensem bem nisso, se empresa tá

pensando em outra coisa eu não concordo com isso. Concordo com o CTR, mas que cada

município que cuide do seu lixo. É isso que a gente precisa, de um CTR pra cuidar do nosso lixo,

tá bom? Não entendi muito bem a sua colocação por isso que eu queria deixar claro que eu

sou defensor desse projeto desde que cuide do lixo de Magé. Muito obrigado e boa noite.

INTERLOCUTOR: O que a gente precisa em Mauá é água, o que a gente bebe lá tá enferrujada

lá.

CARLOS GUSMÃO: Muito obrigado pela sua participação, pois não?

INTERLOCUTOR: Boa noite, sou Geraldo Marques.

CARLOS GUSMÃO: Geraldo? Seu Geraldo, seu Geraldo Marques.

GERALDO MARQUES: Eu vou, nisso que o Rosam falou que foi Prefeito, né, mas ele pediu a

palavra quando quase não tem ninguém. Eu queria que ele pedisse a palavra dizendo que é à

favor desse projeto quando tinha quase umas duas mil pessoas. Agora tem aqui alguns

advogados, engenheiros, pessoas que realmente estão interessadas nesse projeto, né? Que se

falaram aqui em duzentos emprego. Duzentos emprego não vai mudar a vida de Mauá não. Os

senhores tem aí a empresa de vocês que tão tirando esse projeto, apresentando não tem nada

a ver. Eu tenho quarenta e um anos. Quarenta e um anos que eu moro em Magé, viu? E eu

tenho certeza, pessoal! Olha aqui, sou Geraldo Marques, isso não vai acontecer aqui porque

nós vamos pra rua! Lugar de mageense é na rua! Protestar! Igual nós tamú fazendo no

pedágio, igual o Promotor tá aqui, ô! Fazendo esse parecer maravilhoso pra aqui essa cidade

agora. Sabe porque a nossa cidade não cresceu? É porque teve um Prefeito igual a ele, igual

muitos Cozzolino da vida, Dr. Dilman, a, o, aquele cara, como chama, é, Olivio Smarte. Por isso

que nós estamos no esquecimento a quatrocentos e quarenta e oito anos. Mas o erro também

somos nós, que votamos errado. Precisamos aprender a votar certo, entendeu? Aí a crítica

aqui que nós não somos capacitados. Porque que eles não querem capacitar a gente? Pra que.

Porque nós não podemos ser uma Munique como a colega falou aqui agora pouco? Gente só

depende de nós. Se cada um deitar hoje e refletir o amanhã vai ser diferente, entendeu? Isso

tá me cheirando a não é coisa boa não! Eu queria fazer uma pergunta, se vocês poderia falar,

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Magé, 11 de julho de 2013 55

quem são os donos dos empreendedores que quer fazer esse empreendimento aqui dentro de

Magé? Boa noite e muito obrigado.

CARLOS GUSMÃO: Seu Geraldo obrigado aí por sua participação. Pois não?

ROSAN GOMES: Eu fui citado aqui. Eu se eu quisesse fazer política, eu ia falar pra duas mil

pessoas com certeza. Eu estou colocando a minha posição que é desde o primeiro dia desse

projeto. Fui eu, eu, que tive a coragem de começar o fim do lixão. Eu tive coragem de fazer

isso. Se eu quisesse fazer política você poderia ter certeza, eu ia a hora que tava todo mundo

cheio eu ia subir pedir a palavra, tenho certeza que alguém ia me dar, ia falar pra seiscentas,

setecentas pessoas que estavam aqui. Eu estou colocando a minha posição. Sou á favor do

projeto, mas não sou a favor que traga lixo de outro município. Caxias que faça a CTR dela,

Guapi que faça a CTR dela e os outros municípios que cuidem do seu lixo. Não tem jeito, não

tem jeito. Desde que tenha responsabilidade técnica, Dr. Thiago citou aqui, eu acho que não

tem jeito. Agora se eu quisesse fazer política eu falaria desse jeito, com duas mil pessoas aqui,

tá bom? Agora a minha posição é clara, foi eu que comecei eu não preciso falar com mais

ninguém. Desculpa, eu não queria entrar em política.

CARLOS GUSMÃO: Tá certo. Tá tudo, a gente tá numa, num exercício de cidadania, de

democracia. Cada um, né, tem sua opinião, não podemos, que bom que é assim, né?

MANIFESTAÇÃO DA PLATÉIA: Não foi possível transcrição por não ter sido falado no microfone

CARLOS GUSMÃO: Alguém mais quer fazer alguma pergunta? Vai. Seu nome colega?

INTERLOCUTOR: Sou Paulo, geólogo do DRM, aí eu tô ouvindo muita coisa aqui e gostaria de

fazer uma consideração. Se, o EIA que foi feito foi feito levantado a porosidade do solo e

permeablidade. Isso vale pra todo o redor. A permeabilidade daquele solo vale pra todos os

moradores de Mauá. Então, da mesma forma que o lixão, o aterro sanitário pode ser

contaminante, todos os moradores são contaminantes. Então, a partir de hoje ninguém

poderia abrir a torneira em Mauá porque vai estar contaminando aquele solo. Então o

Ministério Público não poderia se opor ao aterro sanitário tem que se opor a qualquer um que

more lá dentro. Então minha posição, como geólogo, é a posição, é a questão de talvez a

Prefeitura tivesse que fazer, como foi comentado anteriormente, da dar uma infraestrutura,

mas não, tipo assim, a população não pode se opor a uma indústria. Esse aterro na verdade é

um indústria. Ela tá gerando emprego, tá gerando produto a matéria prima que ela usa, é, o

lixo de vocês. Apenas isso. Ela tá dando um fim útil a um problema que vocês tem necessidade.

Então não se pode voltar contra um aterro sanitário que é uma solução. É uma solução pra

todos os moradores de Mauá, inclusive. Ele vão ter que se adaptar. Talvez a contra partida da

Prefeitura seja fazer o saneamento básico em Mauá ou da região, porque tem os mesmos

problemas apontados pelo EIA naquela região toda. É isso.

APLAUSOS

CARLOS GUSMÃO: Mais alguma colocação? Que horas são? Já são dez horas?

MANIFESTAÇÃO DA PLATÉIA: Não foi possível transcrição por não ter sido falado no microfone

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Magé, 11 de julho de 2013 56

INTERLOCUTOR: É que foi feito uma pergunta e eu gostaria que o Secretário respondesse

objetivamente

CARLOS GUSMÃO: Qual foi a pergunta?

INTERLOCUTOR: Se ele é contra ou a favor desse empreendimento

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Qual é o nome do senhor?

INTERLOCUTOR: Márcio

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Márcio. É, isso não é uma opinião pessoal. Isso

não é uma opinião de Secretaria. É, o poder público tá aqui pra poder ouvir, tá? Então como é

que eu posso, dizer se sou contra ou a favor que em muitas ocasiões, é, muitas pessoas se

colocaram a favor e muitas pessoas se colocaram contra? Então eu vou começar a segregar

opiniões vou me posicionar à favor do pessoal de Mauá que é contra e de pessoal que entende

que esse é um projeto eficiente ecologicamente, então, isso é um processo avaliativo. Como

falei no começo, a gente tem que ter a sensibilidade pra entender que nós temos que tratar o

nosso resíduo. Eu observei a apresentação assim como você observou. E nossa avaliação é com

a sociedade mageense. Eu não consigo segregar o poder público de sociedade. Nós

demandamos um momento histórico que vem desde ditadura, diretas já pra gente conseguir

um processo sócio-participativo pra eu agora me posicionar e, e, descontemplar Mauá e

contemplar quem acha que, que, a planta que produz plástico é bom? Que tira o plástico da

natureza e faz matéria prima? Que tira o óleo do ralo e faz biodisel? Então esse

questionamento não compete a mim, entendeu? Não compete a gente como Prefeitura,

mesmo porque como Prefeitura a gente necessita do povo. Então, vai prevalecer, como eu

disse antes, a vontade do povo. Eu entendo como gestor, que o meu governo, a minha gestão

é com o povo, é para o povo, entendeu? É, a, gente aqui construiu esse processo junto, tá?.

Mesmo porque se eu disser pro Prof. Gusmão que eu sou contra, isso não vai mudar nada. E se

eu sou a favor não vai pesar nada nas condicionantes do licenciamento.

INTERLOCUTOR: Mas a gente quer saber

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: A opinião minha pessoal ela, ela, ela indifere

INTERLOCUTOR: Mas não é uma condição pessoal, é como gestor público

SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MAGÉ: Como gestor eu tenho que atender o que

prevalece da sociedade. Isso aqui não é um plebiscito, se não já teria a decisão hoje, tá. Então

o que eu propus pra um maior entendimento da sociedade: que a empresa realizasse um

seminário, um workshop na praia de Mauá, junto com o Ministério Público. Por que? Apesar

deu ser técnico, eu não tenho condições de dar um parecer enquanto Secretário de Meio

Ambiente nem a favor nem contra, eu tenho que ouvir o, o, andamento, você percebeu que

ouve um impasse? Entre o que o Ministério Público, através da sua equipe multidisciplinar

bateu, e o que o Ed Wilson apresentou como resposta? Apesar da gente lá na Secretaria ter

sessenta, cinqüenta e poucos técnicos de meio ambiente pra atender o município, a gente tem

que amadurecer esse processo junto com essa discussão. Eu saio daqui com uma proposta:

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Magé, 11 de julho de 2013 57

que a gente realize um seminário pra gente amadurecer mais essas divergências que existiram

do parecer do GATE com a defesa do Ed Wilson. Mas eu te garanto uma coisa: a tua opinião é

muito importante no processo, assim como a opinião de todos que estavam aqui, tá? Obrigado

aí pela oportunidade.

CARLOS GUSMÃO: Muito bem. Muito boa a resposta seu Secretário. Parabéns. Quer dizer.

Deixar claro aqui que a Audiência Pública não tem poder de decisão. Essa etapa do processo

de licenciamento foi criada justamente pra que? Pra dar mais subsídios, mais informações,

mais segurança a quem vai dizer se o licenciamento prospera ou não pra próxima fase. Isso

aqui é uma fase inicial. Sabem quando foi criada a Audiência Pública em nosso país? Depois

que nós voltamos a ter democracia. Porque até oitenta e cinco não tinha, havia o

licenciamento, mas não tinha a audiência. Isso é um exercício de democracia e ninguém aqui

pode dizer se vai ter licença ou não vai ter. Aqui nós estamos ouvindo sugestões,

recomendações de todas as categorias envolvidas: de catadores, de moradores, das pessoas

mais próximas, daqueles que tem suas sugestões e do Ministério Público com uma equipe de

apoio aqui com quatro técnicos presentes. Quem dera que toda audiência pudesse ter essa

riqueza de contribuição, tá certo. Então, são dez horas já doutor?

RISOS

CARLOS GUSMÃO: Caramba! Onze e vinte o tempo passa e a gente nem nota? Ficamos quatro

horas reunidos aqui e eu participo de muitas audiências públicas e em Magé eu já fiz algumas.

Em outros municípios também. E, eu hoje o que me deixou mais impressionado hoje foi, a

educação das pessoas a participação. Concorremos com uma festa junina, é ou não ali?

Ararariê, olha a chuva, é ou não é? E fizemos uma audiência e acho que foi muito boa, o

resultado muito bom. Então, eu agradeço a oportunidade que eu tive e passo aqui ao

presidente o Prof. LUIZ HECKMEIER pra fazer o encerramento da nossa audiência.

LUIZ HECKMEIER: Bom senhores, vamos chegando ao final da audiência e agradeço a presença

de todos. Agradeço aqui a colaboração do Gusmão da segunda parte é, da, da audiência que

conduziu muito bem os questionamentos, e, que essa parte é a parte mais importante da

Audiência Pública que é a discussão, as perguntas e os esclarecimentos. Agradeço mais uma

vez a oportunidade de estar aqui com vocês. Agradeço ao Ministério Público mais uma vez a

presença e a presença de todos vocês. Lembrando que ainda temos dez dias para que sejam

apresentados ao INEA e a CECA outras contribuições que os senhores, é, tenham, é, queiram

apresentar. Após esses dez dias será feito a lavratura da ata e será colocado no site do INEA

juntamente com a transcrição dessa audiência e também com a gravação. Então, estes são os

esclarecimentos finais, mais uma vez obrigado e desejo uma boa noite a todos. Estão

encerrados os trabalhos, obrigado.

FIM DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COMO PARTE DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS TERRA AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE MAGÉ.