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- 1 - Audiência Pública CTR Gericinó Audiência Pública para apresentação do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, do Processo E-07/203.251/2007, com relação ao requerimento de Licença Prévia da empresa COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA – COMLURB, para ampliação da área do Aterro Sanitário – CTR Gericinó, constituindo as atividades de disposições de resíduos sólidos de origem residencial, comercial ,e resíduos de varrição pública, localizado na Estrada do Gericinó, s/n, Município do Rio de Janeiro. Audiência esta realizada no dia 07/06/2011, às 19 horas, na Lona Cultural de Bangu, situada na Praça 1° de maio, s/n, Bangu, Município do Rio de Janeiro. Arquivo “rede lona bangu áudio” Data – 07/06/2011 Local – Lona Cultual de Bangu Tempo – 01h43min03s Degravação - Vânia Rosa Costa [email protected] Antônio Carlos Gusmão - Presidente Bem, então, nós estamos aqui reunidos para a realização de uma etapa do Licenciamento Ambiental da solicitação da implantação do Centro de Tratamento de Resíduos Gericinó – CTR Gericinó, de ampliação desse Centro de Tratamento de Resíduos. Estamos reunidos aqui no bairro Bangu para o procedimento, que faz parte do procedimento, de Licenciamento Ambiental. O Licenciamento Ambiental nessa primeira fase, que é a emissão da Licença Prévia que foi solicitada ao Inea. E dentro desse procedimento de Licenciamento Ambiental, como é um empreendimento que teve que apresentar um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Impacto Ambiental, o EIA e o RIMA, a legislação determina que o Inea precisa realizar uma audiência pública em conjunto com a CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental. Então, nós estamos aqui hoje para realizar essa audiência pública. Estamos, inclusive, já um pouco atrasados, já são dezenove horas e quinze minutos.Eu convidaria o representante da empresa, que está solicitando, para comparecer aqui. É o presidente que vai representar a empresa, senhor Penido. (aplausos) Muito obrigado, muito prazer. Referências Italic – palavra estrangeira Italic(?) – dúvida quanto à palavra Italic negrito – pergunta de participantes ... – pensamento incompleto (...) – trecho ou palavra incompreensível [nonono] – informação de transcritor Margem recuada – intervenção da plateia

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Audiência Pública

CTR Gericinó

Audiência Pública para apresentação do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, do Processo E-07/203.251/2007,

com relação ao requerimento de Licença Prévia da empresa COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA –

COMLURB, para ampliação da área do Aterro Sanitário – CTR Gericinó, constituindo as atividades de disposições de

resíduos sólidos de origem residencial, comercial ,e resíduos de varrição pública, localizado na Estrada do Gericinó,

s/n, Município do Rio de Janeiro. Audiência esta realizada no dia 07/06/2011, às 19 horas, na Lona Cultural de

Bangu, situada na Praça 1° de maio, s/n, Bangu, Município do Rio de Janeiro.

Arquivo “rede lona bangu áudio” Data – 07/06/2011 Local – Lona Cultual de Bangu Tempo – 01h43min03s Degravação - Vânia Rosa Costa [email protected]

Antônio Carlos Gusmão - Presidente

Bem, então, nós estamos aqui reunidos para a realização de uma etapa do Licenciamento

Ambiental da solicitação da implantação do Centro de Tratamento de Resíduos Gericinó – CTR

Gericinó, de ampliação desse Centro de Tratamento de Resíduos. Estamos reunidos aqui no

bairro Bangu para o procedimento, que faz parte do procedimento, de Licenciamento

Ambiental. O Licenciamento Ambiental nessa primeira fase, que é a emissão da Licença Prévia

que foi solicitada ao Inea. E dentro desse procedimento de Licenciamento Ambiental, como é

um empreendimento que teve que apresentar um Estudo de Impacto Ambiental e um

Relatório de Impacto Ambiental, o EIA e o RIMA, a legislação determina que o Inea precisa

realizar uma audiência pública em conjunto com a CECA – Comissão Estadual de Controle

Ambiental. Então, nós estamos aqui hoje para realizar essa audiência pública. Estamos,

inclusive, já um pouco atrasados, já são dezenove horas e quinze minutos.Eu convidaria o

representante da empresa, que está solicitando, para comparecer aqui. É o presidente que vai

representar a empresa, senhor Penido. (aplausos) Muito obrigado, muito prazer.

Referências

Italic – palavra estrangeira

Italic(?) – dúvida quanto à palavra

Italic negrito – pergunta de participantes

... – pensamento incompleto

(...) – trecho ou palavra incompreensível

[nonono] – informação de transcritor

Margem recuada – intervenção da plateia

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Convocar também o representante da empresa que fez o Estudo de Impacto Ambiental,

senhor Ed Wilson. (aplausos)

Convocar também o secretário desta audiência o senhor Marcos Antônio da CECA – Comissão

Estadual de Controle Ambiental. (aplausos) Obrigado.

E convocar também o representante do grupo de trabalho do Inea, o analista ambiental

Marcos Vieira. (aplausos) Muito obrigado senhor Marcos.

Vamos lá, então...

O procedimento do Licenciamento Ambiental consiste, inicialmente, o senhor Penido vai fazer

a explicação do empreendimento CTR Gericinó. Após a apresentação do senhor Penido, vamos

ter a apresentação da empresa que fez o Estudo de Impacto Ambiental, senhor Ed Wilson. Em

seguida, o senhor Marcos Vieira, analista ambiental do Inea, vai fazer uma apresentação dos

procedimentos administrativos que aconteceram até o momento. Após essas três

apresentações, vocês receberam um folheto contendo as instruções e informações da

audiência pública. E aqui nesse folheto, no verso da folha maior tem um espaço destinado às

perguntas, aí, vocês vão fazer as perguntas e as pessoas que estão aqui trabalhando no

auditório vão recolhendo, em cada uma das apresentações, as perguntas que serão recolhidas

e respondidas. Está certo?

Então, uma boa noite. Meu nome é Antônio Carlos Gusmão, eu estou presidindo esta

audiência, representando a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a CECA – Comissão

Estadual de Controle Ambiental, que é a que tem a competência de conceder ou não essa

Licença após essa avaliação. E, após a audiência ainda tem um prazo de dez dias para

recebimento de sugestões e recomendações nos dois endereços que estão aqui no folder:

tanto no Inea na Rua Fonseca Teles, 121/ 8º andar, como na CECA na Avenida Venezuela, 110/

5º andar. Então, passo a palavra ao engenheiro Penido para iniciar a apresentação. Muito

obrigado.

José Henrique Penido – Empreendedor

Senhor presidente da audiência, doutor Antônio Carlos Gusmão, senhores membros da Mesa,

boa noite a todos. Muito obrigado pela presença de vocês. É um prazer estar aqui para falar

um pouco da intenção da Comlurb. Eu estou representando a Comlurb – Companhia Municipal

de Limpeza Urbana, que pretende fazer uma ampliação, dependendo ainda de decisão do

senhor prefeito da nossa Cidade, a ampliação do Centro de Tratamento de Resíduos de

Gericinó, que opera já algum tempo numa região próxima ao Complexo Penitenciário de

Bangu. Na realidade, vizinha ao Complexo Penitenciário de Bangu. Esse aterro começou de

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uma forma muito inadequada mais de vinte anos atrás, numa área pertencente à Fábrica

Bangu. Mas, em 2002 (dois mil e dois), ele sofreu uma recuperação dentro de um programa

que a Comlurb tem de erradicar inteiramente todos os lixões que ela havia operado até então.

Nós já tínhamos em 1996 (mil novecentos e noventa e seis) recuperado o aterro de Gramacho,

que hoje continua operando numa forma de declínio, por que está sendo substituído pelo

aterro de Seropédica. E o aterro de Gericinó, chamado Centro de Tratamento Gericinó, ele

está recebendo cerca de duas mil, duas mil e quinhentas toneladas de resíduos e tenderá

também a um declínio na sua recepção de lixo a partir do funcionamento até na carga do

aterro de Seropédica, que deve ocorrer ainda neste ano, até o final de 2011 (dois mil e onze).

O que eu gostaria de ressaltar é que nós hoje experimentamos nesse CTR Gericinó, estamos

derrubando um mito de que todo aterro é um lixão e que todo aterro traz incômodos à

vizinhança. Nós temos um empreendimento imobiliário muito próximo a esse aterro, que foi

financiado pela Caixa Econômica numa época em que o aterro não operava com as suas

melhores condições possíveis. A Caixa Econômica acreditou na Comlurb. A Comlurb se

comprometeu a recuperar esse aterro e assim o fez. E de fato, esse aterro hoje opera em

condições, respeitando rigorosamente as condições, as regras sanitárias ambientais, e nós não

temos nenhuma reclamação, não registramos nenhuma reclamação, desse pequeno conjunto

habitacional, que está a alguns metros de distância. Isso foi muito importante porque nós

mudamos o paradigma de que conviver ou estar próximo a um aterro de lixo é uma coisa

insuportável e impossível de aguentar. Na realidade esse aterro, ele vem operando com o

controle do (...) controle do chorume, controle de circulação. Ele já tem a maior parte dos seus

taludes gramados, e já está no final da sua vida útil. E o que é que nós precisamos? Nós não

precisamos operar este aterro da mesma forma como ele vem sendo operado, mas nós

precisamos ter uma área estratégica no município do Rio de Janeiro que possa atender a

demanda da Comlurb para disposição de resíduos em alguma eventualidade não prevista com

o aterro de Seropédica. O aterro de Seropédica tem capacidade para receber todo o lixo

coletado na Cidade do Rio de Janeiro, mas qualquer impedimento de acesso àquele aterro, um

acidente na estrada e tal, nós sabemos que o lixo não ficaria dentro do caminhão. Então, o

aterro de Bangu será apenas uma reserva estratégica para a Comlurb, e por isso o seu

licenciamento foi requerido, a ampliação dele foi requerida ao órgão de controle ambiental,

seguindo todos os trâmites determinados pela lei. Então, é isso, meus amigos, que eu queria

dizer. Agradecer a presença de todos aqui e desejar aqui ao nosso presidente que essa

audiência pública transcorra dentro de todos os princípios democráticos e rigorosamente

respeitando o que determina a lei. Muito obrigado. (aplausos)

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Obrigado. Eu queria aqui, senhor presidente, chamar o nosso projetista, doutor Luiz Sérgio

Aquino, que vai fazer uma exposição sobre os aspectos técnicos dessa licença. (aplausos)

Luiz Sérgio Aquino – Empreendedor

Boa noite a todos. Meu nome é Luiz Sérgio Aquino. No fundo, eu fui convidado pelo Ed Wilson

para participar do EIA-RIMA, e para mim é uma situação especial, diferente. Eu participei de

todos os cenários que o próprio Penido comentou até agora, desde 2002 (dois mil e dois) etc.,

no sentido de participar da remediação do aterro de Bangu e se chegar hoje à situação atual

do CTR Gericinó e com isso ter oportunidade de solicitar, via essa audiência, a sua ampliação.

Então, no fundo, o aterro, o CTR Gericinó se constitui, ou se constituiu como um marco no

município do Rio de Janeiro, da região metropolitana, aonde permitiu o aporte de várias

atitudes, várias posturas e o ingresso de uma série de tecnologias, materiais, aprimoramentos

ambientais e técnicas tanto na recuperação ambiental como na inserção de todas essas

técnicas e tecnologias nos modelos de gestão do município do Rio de Janeiro.

Aqui é uma foto do aterro Gericinó em 2006 (dois mil e seis).

E em 2010 (dois mil e dez).

Aqui a área que está sendo cogitada para ampliação.

Francisco Miranda – Plateia

Essa área aí no mapa ela fica apontada ali para que lado?

Para baixo ali, para que lado, está atrás do presídio?

Luiz Sérgio de Aquino – Empreendedor

Ele fica ao lado do presídio. Você tem o presídio na retaguarda, ele fica nessa lateral direita do

presídio.

Francisco Miranda – Plateia

Quantos metros quadrados têm aí?

Luiz Sérgio Aquino – Empreendedor

São 200.000 m2 (duzentos mil metros quadrados).

Francisco Miranda – Plateia

Desculpa. Eu queria antes de você concluir. Eu fiquei sabendo desta reunião hoje.

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Eu sou presidente da Associação de Meio Ambiente de Bangu, e não tive o menor

conhecimento disso. E estou sentindo aqui a ausência da comunidade. Não sei

como é que foi feita essa convocação, mas isso acho que haveria de haver um

embate maior com a comunidade, principalmente, em volta aí dessa região, que

eu acho que ninguém está sabendo disso. Eu por acaso, hoje, passeando com meu

carro, eu vi um carro de som anunciando e convocando a comunidade para cá,

mas eu acho que se esse carro só rodou hoje, realmente vai haver um

esvaziamento aqui. Eu acho que... Alguém aqui representa a comunidade?

Ninguém representa a comunidade aqui. Então, eu acho até válido. Eu acho que o

que vocês estão apresentando, tecnicamente é legal, viável, mas eu achava que a

gente deveria... Por exemplo, eu sou da Faculdade Simonsen. A gente poderia

marcar, depois dessa audiência, uma outra data para a gente chamar a

comunidade para discutir isso. Chamar os representantes comerciais da nossa

região, os nossos representantes de serviço, as associações de moradores, as

próprias faculdades. As faculdades têm projetos ligados a isto, podem colaborar,

podem estar ajudando. Então, eu não estou criticando não. Eu acho que foi válida

a intenção. Só achei que está esvaziado.

Antônio Carlos Gusmão - Presidente

Está certo. Em primeiro lugar, muito obrigado pela sua presença.

Francisco Miranda - Plateia

Não é uma crítica não. É uma ânsia minha de como representante de uma região

em que essa nossa associação há 31 (trinta e um) anos lutando pela nossa região.

O lixão já foi várias vezes palco de a gente brigar. Isso daí, eu acho que a gente

deveria chamar mais a atenção, até para quando isso acontecer, a comunidade

estar ciente.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Inicialmente, obrigado pela presença do senhor. Seu nome qual é mesmo?

Francisco Miranda – Plateia

Miranda, Francisco Miranda.

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Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Francisco Miranda, o senhor é presidente da Associação?

Francisco Miranda – Plateia

De Meio Ambiente da Região de Bangu.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Presidente da Associação, para a gente colocar em Ata. Senhor Miranda, quando é realizada

uma audiência pública, esse tipo de reunião, isso é parte de um processo de Licenciamento

Ambiental. E nós do órgão ambiental, nós recebemos o pedido de quem quer fazer o

empreendimento, e que aqui no caso é a ampliação de um aterro, e isso dá entrada no órgão

ambiental e passa por uma série de procedimento administrativo, de análise, de avaliação, até

que num determinado momento antes de ser avaliada a Licença Prévia, nós realizamos uma

audiência pública. E essa audiência pública, ela faz parte do processo de licenciamento. Nós

estamos aqui com a presença da Apedema – Associação Permanente em Defesa do Meio

Ambiente, que está representada pelo senhor Gil que está aqui conosco, o senhor representa

a associação. Nós do Inea e da CECA, a nossa missão é divulgar a audiência pública. E a

legislação determina que seja feita de uma forma, que é a publicação em jornais, que é a

publicação no Diário Oficial, e a empresa é que tem que fazer essa divulgação. Além disso,

senhor Miranda, nós fizemos aqui, mandamos a comunicação, nós do órgão ambiental,

mandamos aviso dessa audiência pública para todas as instituições que estão aqui. Dessa parte

aqui, o verso da folha, a outra, aproximadamente umas 40 (quarenta) entidades: entidades

ambientalistas, a Apedema que está presente. E solicitamos à empresa que ela faça, e que não

é objeto da legislação, mas que ela faça uma divulgação numa faixa, ou uma inserção na rádio

local ou um veículo fazendo a divulgação, ou onde o senhor soube. Eu tenho certeza que a

empresa não vai se furtar de discutir esse assunto com vocês, na associação, na universidade.

O senhor está, inclusive, com o diretor aí da Comlurb. Aqui é um momento de as pessoas se

entenderem. É ou não é? Eu acredito inclusive que a empresa deve ter feito essa apresentação

na comunidade antes, que é um procedimento que eles fazem. Então, senhor Miranda, eu não

posso agora não realizar a audiência...

Francisco Miranda - Plateia

Não foi isso que eu pedi. Eu peço que se a gente puder depois, em outro

momento, depois de hoje, a gente puder amadurecer a ideia.

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Antônio Carlos Gusmão – Presidente

O importante é o senhor manter contato com a turma da Comlurb, que aí...

E hoje aqui é o local que a gente vai se encontrar, quer dizer, a gente, comunidade, Comlurb,

Associação em Defesa do Meio Ambiente, o órgão ambiental. Porque nesse processo de

licenciamento, a gente quer ouvir vocês no sentido de que vocês tragam o quê? Contribuições,

sugestões. Por isso, que depois da reunião, dessa audiência terminar, a gente tem um prazo

para recebimento de sugestões. Isso para ser ou não concedida a Licença Prévia, que é a

primeira fase aí do licenciamento. Está certo? Então, o procedimento aqui da audiência, que a

gente fica muito feliz que está com a representatividade aí de líderes das associações, do

senhor e da turma da Apedema, no sentido de que vocês escutem o projeto, até para vocês

saberem como é. É ou não é? E depois da apresentação do projeto pela Comlurb e pela

empresa consultora, aí vocês vão discutir, vão fazer as perguntas, e nós vamos então

incorporando essas sugestões, porque o Marcos Vieira, esse analista aqui do Ibama, desculpe

do Inea, ele está anotando as sugestões de vocês. Portanto, não tem nada fechado do que está

sendo feito. Está certo? Então, aqui é o momento para isso, para a gente ouvir, discutir, falar.

Só que o procedimento da audiência, ela é: primeiro fala o empreendedor, que eles estão

explicando; em seguida vai falar a empresa que fez o estudo de impacto; depois o Inea explica

como é que está sendo o procedimento do processo lá no Inea; e depois abre para vocês, para

perguntas, comentários, para as pessoas falarem. Está legal, senhor Miranda?

Francisco Miranda – Participante da Plateia

Muito obrigado.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Então, deixa a turma agora mandar brasa. Estou só dando essa explicação e agradecendo a sua

participação. A sua colocação foi importante, e nós vamos então continuar. Muito obrigado.

Por favor, Luiz Sérgio.

Luiz Sérgio Aquino - Empreendedor

Obrigado doutor Gusmão. Obrigado, senhor Miranda. Então, só continuando a questão da

recuperação ambiental de Gericinó, que se iniciou em 2002 (dois mil e dois) e que reverteu

toda uma situação no cenário no aterro de Bangu. A gente tinha implementado no aterro de

Bangu uma série de medidas de proteção de contorno, de tratamento de todas as interfaces

dos dois maciços, e no entorno do aterro, implantando sistema de drenagem, de captação, de

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interceptação de chorume, impermeabilização em todos os contatos. Na fronteira dos dois

maciços que existia (...) implantando drenos, sistemas de impermeabilização e captação do

chorume, proteção, todos os taludes interligados (...) etc., e com isso contribuiu efetivamente

controlando para coletar todos os efluentes na lagoa e daí para tratamento através das

estações elevatórias. Então, nessa situação apenas para complementar o que o senhor

Miranda comentou, no fundo o aterro de Bangu, ele se tornou um palco justamente para se

aportar todo esse avanço tecnológico, toda essa nova consciência ambiental, que hoje o que

se inicia é justamente para se fazer essa ampliação e, eu diria, se utilizando das melhores

técnicas não só no Rio de Janeiro, como a nível nacional e mundial. Então, com isso, a área de

ampliação que seria essa imediatamente adjacente ao aterro, ao CTR Gericinó, para atender

então a uma necessidade estratégica do município do Rio de Janeiro, e se utilizando então

dessa consolidação das melhores técnicas a nível nacional e até a nível mundial que no

decorrer desses nove, dez anos, desde o início da recuperação do Gericinó. Com essa

dimensão de 200.000 m2 (duzentos mil metros quadrados), e para uma demanda continuar e

ter ainda uma vida útil de cinco anos. Uma cena(?) estratégica com certeza, no fundo, porque

vai ter uma longevidade e uma função muito mais importante para o município. Entre as

atividades de implantação, então, se pode elencar as ações de limpeza do terreno, de

canalização do Riacho Cabral que está aí em todo o entorno. O serviço de terraplanagem, de

coleta, do sistema de drenagem de subsuperfície, no tratamento e impermeabilização de

fundação, do sistema de coleta do chorume, da implantação dos diques de contenção e o

disparo no início das primeiras células(?). E também o sistema de drenagem de gases e

efluentes, internamente a cada célula(?). Com isso, no fundo, a configuração(?) do aterro,

após essa ampliação, ele será totalmente compatibilizado com a própria geometria do aterro

atual.

Aqui, então, o sistema de drenagem de subsuperfície. Então, antes de se fazer qualquer

ampliação vai se implantar uma série de drenos, captando por segurança todo o sistema de

águas de fundação e já remetendo para o Córrego Cabral através de sistemas de drenagens

lineares, que são implantados a cada segmento da área de fundação, isolando e resguardando

todos esses efluentes antes da implantação do aterro, ou através de drenos (...) e material (...),

e somente após a implantação desse sistema de drenagem de água de subsuperfície se

implantará por todo o sistema de impermeabilização com solo argiloso, mantas de polietileno

expandido de alta densidade de 2 mm (dois milímetros), e a contenção de (...). Isso somente

após a colocação dos resíduos.

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O sistema de impermeabilização e drenagem de chorume da fundação ao longo de toda a

área, após, a colocação da camada de argila compactada. Após isso, vem a implantação de

toda a manta de polietileno ao longo de toda superfície de base, e já se moldando os (...) de

chorume, de efluentes líquidos, o controle de todas as (...) plano a plano de cada uma das

subáreas que estão sendo impermeabilizadas. A implantação do sistema de proteção mecânica

com solo compactado. E a implantação conjunta do dreno de coletores de chorume. Então, já

moldado no sistema de impermeabilização, encontrando com material (...) e drenos

tubulares(?). Todo esse sistema então de coleta de chorume garante que o efluente seja

encaminhado para as lagoas e para o tratamento, resguardando todo o solo e toda a formação

hídrica da fundação e a cada uma das camadas, os efluentes gasosos são encaminhados pelos

poços da superfície para queima. E os efluentes líquidos são encaminhados pelos drenos

internos da fundação, e trazidos para as lagoas para tratamento. Os efluentes gasosos da

superfície para queima. E a cada uma das células vão ser implantadas de forma continuada

como foi feito e vem sendo feito no CTR Gericinó, os primeiros (...) a cada ano os contatos

justamente, para evitar que haja também alguma infiltração talude a talude (...).

Os drenos internos a cada uma das células, garantindo efetivamente que todos esses efluentes

da decomposição do lixo sejam encaminhados para os drenos internos da fundação. Então, no

detalhe aqui da posição, do sistema de drenagem de chorume.

E aqui um detalhe do resíduo novo e dos drenos em contato com o maciço existente, o dique

de disparo e o encaminhamento das drenagens de subsuperfície para canalização do córrego.

E as etapas de (...). Então, seria executado primeiro o tratamento das células, a gente aumenta

ao longo de toda a camada e assim sucessivamente até se chegar na configuração final.

Então, aqui só um detalhe do loteamento que é o maciço atual, que vai haver um loteamento

progressivo até se casar no topo do aterro e o loteamento complementar no maciço.

O sistema de drenagem de águas pluviais, contando com canaletas (...) hidráulicas flexíveis. E

até do ponto de vista ambiental, estão previstas canaletas em dreno já se prevendo todo o

processo de recalque e acomodação do aterro. Então, o sistema de canaletas em drenos e o

encaminhamento para descidas hidráulicas flexíveis, que são implantados a cada uma das (...)

e garante então o encaminhamento de todas as águas pluviais restituindo até o córrego

canalizado.

A garantia da cobertura dos resíduos continuamente como vem sendo feita exemplarmente lá

no CTR Gericinó, de tal forma que no fundo você minimiza o contato e a exposição dos

resíduos, a emissão de odores no meio ambiente. E todas essas atividades - como já está

previsto no projeto e no Estudo de Impacto Ambiental - vão ser continuamente monitoradas

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tanto do ponto de vista geotécnico como ambiental, apontando para a implantação de uma

série de instrumentos: piezômetros (...), e ao longo do entorno uma série de poços de

monitoramento. Os piezômetros e sifão que permitem então a medição e o controle de

pressões de gases dos níveis de chorume, visando além de tudo controlar, acompanhar e

garantir a segurança, a estabilidade do maciço.

Aqui são (...) de monitoramento geotécnico que estão previstos no plano de controle técnico

do Estudo de Impacto Ambiental e no programa de controle.

Os (...) também estão contemplados no controle de deslocamentos e segurança do aterro.

O posicionamento dos poços de monitoramento tanto os que já foram executados e

subsidiados no Estudo Ambiental que foi apresentado como aqueles que foram para o

monitoramento ao longo da operação dos poços de monitoramento que foram implantados, e

a coleta de amostras do lençol freático. Com isso, no fundo, aquilo que eu comentei, é uma

oportunidade que se ganhou, que se criou a partir do momento que se permitiu aportar no

CTR Gericinó toda uma série das melhores tecnologias, controles etc. Então, no fundo, seria

uma forma de ampliar o aterro e garantir, e servir essa segurança e ser (...) para o município.

O Ed Wilson vai apresentar então o Estudo de Impacto Ambiental.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Muito obrigado pela apresentação aí do senhor Luiz Sérgio.

Luiz Sérgio Aquino - Empreendedor

Obrigado.

(aplausos)

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

E passo a palavra para o senhor Ed Wilson, que fez o Estudo de Impacto Ambiental e vai

apresentar para a plateia. Lembrando que vocês já podem fazer as perguntas aí no formulário,

que receberam anexo, as perguntas. E passamos a palavra aqui para o senhor Ed Wilson da

empresa consultora.

Muito obrigado.

Ed Wilson – Empresa Consultora

Boa noite a todos. Nós vamos fazer aqui a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental. Esse

estudo, na realidade, foi iniciado no final de 2008 (dois mil e oito) e concluído em 2009 (dois

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mil e nove), e se trata – como foi apresentado pelo Luiz Sérgio – de uma ampliação. Então,

esse projeto teve uma particularidade, que a gente está desenvolvendo, está avaliando os

impactos do projeto que na verdade já existe. Então, a gente pôde de uma certa forma calibrar

os impactos que a gente normalmente avalia num projeto novo, a gente faz um estudo num

projeto novo e muitas vezes não o vê concretizado. E, nesse acaso aqui, a gente está fazendo

um estudo e muitos dos impactos que a gente prevê, a gente pôde ali avaliar da melhor forma.

Então, vou fazer uma apresentação de como é o desenvolvimento do estudo desse RIMA.

Inicialmente, a empresa que vai desenvolver o Estudo de Impacto Ambiental é um formado

por uma equipe multidisciplinar tem vários profissionais da área de meio biótico, biologia,

engenheiros florestais, a gente conta também com geólogos, engenheiros civis, sanitaristas(?)

e a equipe de socioeconomia para poder compor esse estudo. Então, para a gente poder fazer

essa avaliação, a gente precisa conhecer também o projeto. O projeto, no caso específico aqui

foi feito pelo Luiz Sérgio, onde define todos os pontos de segurança como ele já mostrou aqui,

define a capacidade volumétrica do aterro e a sua vida útil. Com base nessa informação, a

equipe vai para o campo para desenvolver o diagnóstico ambiental. Neste diagnóstico

ambiental, a gente vai levantar aspectos que a gente chama de meio físico, que é tudo aquilo

relacionado a solo, água, atmosfera, então, são esses os profissionais do meio físico. Existe

uma equipe do meio biótico, que são os profissionais que vão fazer o estudo da fauna, da

vegetação, então, conhecer os ambientes, as Unidades de Conservação, as influências do

projeto e toda a parte dos seres biológicos do meio. E uma equipe que vai fazer o estudo

socioeconômico, que vai levantar lá as características da comunidade, o histórico daquela

situação. Então, a equipe do meio antrópico. Com base no conhecimento do projeto e nesses

dados do local, a gente faz uma análise de impactos ambientais onde nós vamos identificar

quais são os impactos e vamos avaliar esse impacto, dando uma valoração para ele e depois

propondo as medidas para minimizar o efeito desse impacto se for negativo, ou maximizar se

for um impacto positivo.

Aqui já foi mostrado, mas já existe o complexo e nossa área de estudo foi essa aqui. Então,

quando a gente desenvolve o estudo, a gente precisa saber a área que vai ter interferência

para a gente poder definir quais são as áreas de influência que eu vou mostrar em seguida.

Aqui, o objetivo do projeto que o Penido já havia falado no início, na verdade, esse projeto é

uma reserva técnica. Hoje no Rio de Janeiro já se tem um aterro desse nível para receber na

totalidade os resíduos da Cidade do Rio de Janeiro, que é o aterro de Seropédica, que está

sendo implantado aí aos poucos. Então, a ideia é o município ter uma área com capacidade

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para qualquer problema que houver no local hoje determinado para se colocar o lixo, então, se

tem opção e a Cidade não corre o risco.

Aqui são as características que o Luiz Sérgio já havia falado: da capacidade, da previsão e vida

útil.

E aqui, a gente entra no corpo do Estudo de Impacto Ambiental. Como eu mostrei a área,

então, a área é esta vermelhinha aqui. Só que na verdade, eu estou falando nesse palco, mas

vocês que estão mais distantes também estão ouvindo, quanto mais distante menos se escuta.

Então, cada ponto mais distante tem menor influência do som que eu estou falando. No

Estudo de Impacto Ambiental é a mesma coisa: a gente estuda a área do empreendimento, e

começa a avaliar qual é a área que tem o impacto direto daquela atividade. Então, a gente

define aqui uma área de influência direta dos três meios, tanto do meio biótico, meio físico e

meio socioeconômico. E também, a gente identifica aquelas áreas que sofrem efeito indireto.

Se tivesse aqui um movimento muito grande, então aquela padaria ali hoje, ela acabou de uma

certa forma sendo influenciada pelo empreendimento, que em função dessa apresentação por

causa do empreendimento, a gente fez compras ali de alguns alimentos para servir aqui.

Então, como se vê, isso seria um impacto indireto. Então, a gente define essa área daqui, que

está representada nesse mapa. A gente adotou uma metodologia técnica para definir no caso

o meio físico, a bacia para ver por toda a área. A bacia, a gente estuda para ver quais são as

interferências desse empreendimento na bacia. E em cada um desses compartimentos, no

caso do meio físico, então, a gente estuda na área a topografia da área, o tipo de relevo para a

gente poder conhecendo o tipo de relevo e conhecendo o que se quer implantar ali, a gente

vai ter condições de avaliar se os impactos vão ser positivos, negativos. Então, a gente estuda

aqui, no caso a área de lá, é uma área que apresenta elevações de mais ou menos 20 a 40 m

(vinte a quarenta metros). A gente considera também a questão de ventos, por que no caso de

aterro sanitário a questão do odor pode ou não ultrapassar a área de influência direta da parte

interna do empreendimento. Então, no caso específico aqui, o vento está na direção norte,

então, ele iria para essa área aqui de serra, mais direcionado para a baixada e não exatamente

para área aonde tem a comunidade. A gente avalia também a questão de hidrografia, os tipos

de rio, para saber se tem rios que passam dentro, os rios que vão receber os efluentes desse

empreendimento. Então, no caso lá são três rios, que é o Cabral, que passa aqui no meio, aqui

é o presídio, o Complexo Penitenciário Bangu, então tem um riozinho que passa aqui no meio,

que é o Cabral; aí, você tem o Sardinha, que é esse riozinho; e aqui o Sarapuí, que é o maior rio

que vai desembocar na Baía de Guanabara, cortando ali a Baixada Fluminense.

- 13 -

A gente além de fazer todo o percurso desses rios, de fazer um estudo do entorno para saber

quais são as contribuições que esses rios recebem. Por que a gente tem que conhecer o que

vem antes para saber se o que tem hoje de contaminação é oriundo do empreendimento ou

se é oriundo das próprias atividades que já existem no entorno. Então, para isso, a gente vai e

faz uma série de estudos de qualidade de água, a gente coleta a água e faz a análise.

Aqui é uma visão maior dos corpos d’água da área.

E aqui, como o Luiz Sérgio havia mostrado, são os poços de monitoramento. Cada PM desse

aqui é um poço. São os poços que foram furados, que a gente lá de período em período, a cada

dois meses, ou a cada três meses, é feita a coleta de água, AS, que é água superficial, que é

coletada na própria calha do rio como está mostrado ali. Esse monitoramento, a gente já vem

fazendo há mais de dois anos. Então, a gente tem, hoje, um bom conhecimento da

interferência aqui do empreendimento e da própria interferência do entorno da qualidade da

água. Para também definir esses pontos de monitoramento, a gente faz um estudo que é

chamado mapa potenciométrico, que é para saber exatamente qual é a direção que o lençol

freático está fazendo. Então, a gente vai implantar os poços exatamente para o local para onde

a água percorre. Por isso é que a gente fez vários pontos aqui, porque a água subterrânea vem

desse sentido aqui.

Aqui é só para ilustrar uma parte do documento, que a gente inclui vários mapas dentro do

estudo, mostrando aqui a questão de altitude.

Aqui está o empreendimento, a gente mostra os tipos de rios, a comunidade.

Concluindo toda essa parte do meio físico, a gente está também com uma equipe paralela

trabalhando o meio biótico. Nesse meio biótico, a gente vai avaliar os tipos de vegetação.

Então, a área aqui que é já uma área bem degradada. Então, você ainda encontra assim

árvores de corte que tenham condições de manter uma fauna significativa. A gente fez um

censo aqui, a gente mediu todas as árvores, com diâmetro acima de 5 cm (cinco centímetros).

Então, foram encontradas aqui 2800 (duas mil e oitocentos) árvores; não árvores, mas que

têm diâmetro acima de 5 cm (cinco centímetros). A gente pode dizer que conhece bem o que

tem aqui, então, a gente fala com muita firmeza que essa área tem três faixas aqui. Foi uma

equipe grande para lá, medindo, fazendo os dados estatísticos. Então, é uma vegetação assim

bastante insignificante. A gente encontrou essa espécie aqui, que ela está na lista de

vulnerável, mas pela bibliografia é uma espécie que não ocorre ali. Então, certamente, foi uma

espécie que foi plantada por alguém. Era um exemplar só, mas mesmo assim, a gente

registrou.

Fizemos também um estudo da fauna.

- 14 -

Então, foi um grupo lá estudar os répteis, anfíbios, para estudar as aves, os mamíferos. Então,

foram feitos vários registros fotográficos, registros de pegadas desses animais. Então, tiveram

equipes que passaram a noite para tentar identificar, e o que a gente pôde observar é que a

fauna está muito similar ao tipo de vegetação. Como a vegetação é simples, a fauna também

tem baixa diversidade.

E também, como eu já havia falado, o terceiro grupo que é estudado é o meio

socioeconômico. E aqui o que é que a gente leva em consideração? Primeiro, o zoneamento da

área. Então, para esse caso em especial, como a gente está tratando de um projeto que já

existia no local, o próprio zoneamento municipal já foi feito em função do tipo de

empreendimento que tem ali, que é o aterro sanitário e o presídio. Então, a atividade está

totalmente dentro das características do zoneamento. É feita também uma avaliação do

entorno. O projeto é cercado ao fundo pela Avenida Brasil, está passando aqui. Quando a

gente está passando em direção a Campo Grande, olhando para direita dá para ver bem o

aterro. Ao norte, o maciço de Gericinó. Ao sul, ou ao leste aqui, o Sarapuí, e aqui o Complexo

Penitenciário. Esse aterro, ele somente atende, ele foi montado para atender essa região aqui,

que é chamada AP5, que a Cidade é separada por áreas de planejamento, e repara que é uma

área bastante populosa, que tem ¼ (um quarto) da população da Cidade do Rio de Janeiro, e

com uma área quase da metade. Então, uma densidade populacional menor do que outras

áreas do município. Como já foi falado, originalmente, ele foi para atender aqui, mas em

breve, esse resíduo estará indo para Seropédica. Então, ali, a gente fez várias entrevistas. A

equipe circulou pela comunidade. Então, foi identificado, o principal assim, essas quatro

empresas, que mexem com atividade ligada a resíduo, são empresas recicladoras, que são

esses galpões. Quem conhece lá, assim que você entra tem vários galpões, que eles vivem

dessa atividade. O próprio aterro que faz parte da infraestrutura do local. Mas, na verdade, o

aspecto socioeconômico também faz levantamento junto à Secretaria de Saúde, Secretaria de

Planejamento, então, tem todo um histórico, conta toda a história do bairro de Bangu. É um

capítulo que vale a pena entender.

Depois de a gente conhecer o projeto e conhecer todas as características da área, é como se a

gente fizesse uma superposição: eu faço um mapa com as características de vegetação, de

fauna, a gente conhece como é que é o entorno, e eu coloco o projeto em cima. A equipe se

reúne e a gente começa a identificar os impactos. Então, por exemplo, quando começarem a

implantar aquelas drenagens, aquelas máquinas, tudo isso que o Luiz Sérgio mostrou, então,

aquilo ali vai gerar uma quantidade de caminhões, as máquinas chegando no local, com

objetivo de fazer a atividade, então, a gente começa já ali identificar alguns impactos. Com

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base nisso, a gente faz uma descrição desse impacto. Por exemplo, na hora que está ali

colocando o trator mandando terra de um lado para o outro vai gerar um pouco de poeira, de

ruído dos caminhões, então, a gente vai lá e descreve como que vai acontecer esse impacto. E,

no final, eu vou indicar qual é a medida que eu tenho que fazer para aquele impacto não ser

muito negativo. Então, por exemplo, se o caminhão está passando e levantando poeira, então,

a gente recomenda que venha um caminhão-pipa depois e molhe para evitar que a poeira saia.

Então, isso seria uma medida mitigadora.

E a gente cria uma matriz de impacto, aqui é só um resumo, aonde eu identifico o impacto.

Isso aqui são as fases do projeto na fase de instalação, é quando começa a montar aqueles

drenos, desviar o canal, depois, quando o resíduo, o aterro já operando, recebendo o lixo, faz a

cobertura do lixo. E, quando chegar na fase final, que é a desativação, quando você encerra o

aterro e não vai mais receber, mas você tem que continuar fazendo o monitoramento daquele

aterro. Então, a gente apresenta aqui alguns impactos da qualidade do ar, riscos de (...) e aqui

a gente indica qual é a etapa que ele ocorre, e também já propõe de antemão as medidas para

diminuir esse impacto.

Então aqui, a gente observou nesse projeto que os impactos que são negativos, eles são locais

e mitigáveis, que ele tem mais um impacto negativo do que positivo na matriz, mas em

compensação são todos impactos locais, ou seja, são mais fáceis de controlar. E os positivos

são impactos regionais e até estratégicos, extrapolam os limites do bairro de Bangu.

A gente cita alguns exemplos de alguns impactos locais e de alguns que são estratégicos.

Porque, o exemplo, eles são ligados a um impacto estratégico.

E aqui também é só uma cópia, não dá para ver, mas a gente quer só mostrar como é formada

a matriz. Ela tem uma variação, que são (...) um, dois, e aí, no final a gente soma para poder

chegar à magnitude do impacto.

Depois de definir todos os impactos e as medidas, a gente tem que propor os programas para

a gente avaliar se aqueles impactos são (...) e se aquelas medidas são eficientes ou não. Então,

nesse caso do estudo, a gente sentiu a necessidade de propor o programa de monitoramento

geotécnico, que o Luiz Sérgio havia falado, que é o que vai mostrar para o operador se aquele

maciço, se aquela grande pilha de lixo, se ela está com risco de escorregar ou não. Então, é

esse monitoramento que dá essa segurança para o operador.

O programa de sinalização, que são placas por onde os caminhões vão circular.

Programa paisagístico. Criar lá um... Hoje, na verdade, já existe esse programa paisagístico,

que é no entorno das edificações, e depois também cobrir os taludes com grama.

- 16 -

Um cinturão verde. Como ampliou o aterro para cá, a gente está propondo fazer um cinturão

verde para diminuir o visual de quem está passando próximo.

Manter, na verdade, o programa de qualidade da água, que já vem sendo feito há muitos anos.

E o programa de educação ambiental, que é um programa desenvolvido pela própria Comlurb.

Então, com base nos impactos, nas medidas e nos programas, a gente se sente mais seguro de

que esse projeto tem uma viabilidade ambiental positiva. Os monitoramentos mostram isso.

Então, no final o que se pretende é isso: uma disposição adequada de resíduos, contribuir para

a redução dos riscos de contaminação do ambiente quando você coloca uma planta, você

diminui o risco de contaminação. Aqui, o que eu já havia comentado, o município passa a ter

uma reserva técnica: qualquer problema que acontecer - como aconteceu em função das

chuvas e o aterro fica sem condições de receber - a gente teria uma área segura para se

colocar o resíduo. E aí, a equipe no final, toda a equipe que fez o estudo, ela chegou à

conclusão que é um projeto que tem viabilidade ambiental. Apesar de que quem vai decidir

para a emissão ou não da licença é a equipe técnica do órgão ambiental.

E aí, eu gostaria de agradecer e desejar boa noite a todos. Obrigado.

(aplausos)

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Bem, então, passamos a palavra agora para o representante do Inea, do grupo de trabalho, o

analista Marcos Vieira que está e vai mostrar como é que este processo está se desenvolvendo

no Inea desde o início até agora.

Marcos André Vieira – Inea

Boa noite a todos. Meu nome é Marcos André Vieira, eu sou representante do Inea, do grupo

que avaliou o Estudo de Impacto Ambiental apresentada pelo empreendedor.

Vou falar um pouco para vocês sobre o trâmite que ocorreu durante toda essa etapa, desde a

entrega da abertura do processo até hoje, essa marcação dessa audiência pública, que nós

estamos discutindo aqui o projeto e alguns conceitos sobre o estudo no qual foram

apresentados.

Vou falar um pouco sobre licenciamento ambiental. Licenciamento ambiental fala basicamente

sobre três etapas:

- Licença Prévia, que você avalia a questão de concepção de área, aprovação da localização;

- Licença de Instalação, que você concede a instalação do empreendimento;

- 17 -

- Licença de Operação, que você aprova a operação após a construção de todo o

empreendimento para ele iniciar a sua fase de operação.

Isso é utilizado para todos os empreendimentos, inclusive, os empreendimentos que são

utilizados de recursos ambientais considerados potencialmente poluidores.

O empreendimento com significativo potencial ambiental, que é o caso que a gente está aqui

hoje debatendo, ele depende de uma apresentação e avaliação do Inea do Estudo de Impacto

Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental, ou seja, do EIA-RIMA para que seja obtido,

avaliado, e a concepção ou não da Licença Prévia.

O que é a Licença Prévia? A Licença Prévia, como eu falei anteriormente, é uma fase preliminar

da análise de todo o empreendimento para dar aprovação da concepção de área e como um

todo do projeto no local. Ou seja, verifica a viabilidade ou não daquele empreendimento. No

caso, hoje, nós estamos discutindo aqui a fase da etapa de Licença Prévia, que é a concepção

da área, do local para construir o empreendimento.

O empreendimento, por apresentar significativo impacto ambiental, através das atividades

que estão sendo propostas pelo empreendedor, é previsto na Lei 1356 de 03/10/88 essa

apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental. É uma

exigência que o órgão ambiental faz para que seja avaliado esse estudo. Visando essa

necessidade, o empreendedor deu entrada, fez uma abertura de um processo de

Licenciamento Ambiental juntamente com [falha de gravação] esse Estudo. O Inea, em seguida,

elaborou um grupo de trabalho multidisciplinar para que elaborasse uma instrução técnica.

Essa instrução técnica é que vai ter todos os itens constantes para que o empreendedor

apresente esse Estudo a ser avaliado pela equipe. Após a entrega da instrução técnica do Inea

para o empreendedor, e ele apresentar o EIA-RIMA para o Inea, esse grupo de trabalho vai

avaliar o EIA-RIMA e vai emitir ou não, após a aprovação ou não, esse parecer favorável à

licença que ele está solicitando, requerendo. Sendo um parecer favorável são estabelecidas

condicionantes, que deverão ser atendidas, para a fase da etapa de requerimento de Licença

de Instalação. Após essas considerações, a análise do EIA-RIMA do presente empreendimento

que a gente está hoje discutindo aqui, foi avaliado por este grupo de trabalho multidisciplinar

formado pelo Inea. E, para a elaboração do parecer final, a gente vai considerar todas as

manifestações apresentadas na fase de debate, que nós estamos hoje debatendo, e outras que

possam ocorrer nos próximos dez dias a contar desta data. As mesmas poderão ser

encaminhadas lá para o Inea, na Fonseca Teles, ou lá no Centro da Cidade na Avenida

Venezuela, ou à própria CECA. Aqui, eu vou falar um pouco do histórico que houve desde o

requerimento da abertura do processo até hoje, a marcação da audiência.

- 18 -

Em 11/10/2007 (onze de outubro de dois mil e sete), o empreendedor requereu a Licença de

Instalação, porque ele entendeu que seria uma ampliação de CTR.

Em 11/2007 (novembro de dois mil e sete) foi criado um grupo de trabalho. O Inea, através do

coordenador, criou o grupo de trabalho.

Em 03/2008 (março de dois mil e oito), foi emitida uma notificação pelo órgão, para, que

apresentando a instrução técnica, ele elaborasse o Estudo de Impacto Ambiental.

Em 06/2009 (junho de dois mil e nove), o órgão ambiental notifica após a verificação dos itens

constantes na instrução técnica se continha nesse Estudo, ele dá o aceite, então, para se iniciar

a análise desse Estudo.

Em 08/2009 (agosto de dois mil e nove), é criado um novo grupo de trabalho, por que o grupo

anterior alguns técnicos não já estavam mais no órgão ambiental, então foi criado um novo

grupo de trabalho.

Em 01/2010, foi feita a vistoria no local.

Em 04/2010 (abril de dois mil e dez), foi finalizada a análise do EIA-RIMA. No dia 13 (treze) do

mesmo mês, foi deliberado, houve a Deliberação CECA, autorizando a convocação da

audiência pública.

E no dia de hoje (07/06/2011 – sete de junho de dois mil e onze) está sendo realizada esta

audiência pública para a discussão do que a gente está fazendo aqui hoje.

Essa é a equipe técnica multidisciplinar que compôs a avaliação do EIA-RIMA: desde

engenheiro, tivemos biólogo, químico, geólogo, ou seja, uma equipe multidisciplinar.

Agradeço a atenção de todos.

Para os questionamentos futuros, dentro de dez dias, estão os dois endereços aí do Inea.

(aplausos)

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Feitas as três apresentações, agora, vocês encaminhem as perguntas que vocês fizeram.

Já temos algumas perguntas aqui na Mesa. E quem quiser fazer uso da palavra aí, nós

podemos abrir. Temos uma inscrição já do nosso colega da Apedema, o Gil. Abre o microfone

aí.

Gilvoneick de Souza – Plateia

Obrigado, Gusmão. Boa noite a todos. Meu nome é Juvenal de Souza, sou

coordenador da Assembleia Permanente das Entidades de Defesa do Meio

Ambiente do Estado do Rio de Janeiro. Professor Gusmão, nós temos

- 19 -

acompanhado quase que todos os empreendimentos do Inea. Eu estou vindo de

Itaboraí, e amanhã inclusive lá vão lançar Agenda 21 Comperj.

Acho que todas as ideias estão sendo interessantes. Agora, estão sendo

atropeladas. Tem coisas que precisam ser ajustadas. Estou dizendo que a

audiência, que deveria servir para ter uma população participando para o

empreendimento atender não só um problema social que é a questão do resíduo,

mas que a comunidade venha a ser atendida também. Então, podemos tirar a

carência aqui do processo. Mas tem umas questões que são questões assim, só

para tentar entender: quando foi que o Gericinó, que era um lixão, passou a ser

CTR? Porque Gericinó sempre foi lixão. Aí, faz um estudo agora de um pedacinho

da ferida, do cisto que tem ali na base da montanha. Ah, eu vou tratar o chorume

daquele pedacinho do cisto. Aquele cisto maiorzão, grandão lá vai ficar até

explodir, contaminando o lençol, e por aí vai. Nós fizemos um trabalho básico, e

inclusive o caminhão que coleta o chorume, eu até gostei da ideia, só que depois

eu fiquei pensando na época da chuva, coleta o chorume, sobe, despejando o

chorume para evitar um particulado de poeira do próprio tráfego de caminhão. É

legal! A água evapora. Só que na época da chuva, faz como? Então, por enquanto

lá nada estava sendo feito um tratamento na questão do chorume, isso na época

que nós fomos, os catadores ficavam lá em cima, e a gente vê que ali existe um

problema que tem que ser resolvido, até de questão de segurança não só para as

pessoas que estão lá, mas para o processo que está lá porque não tem gestão

participando do processo. As coisas são feitas meio que por debaixo do pano, eles

não querem também nem falar no microfone, só para se ter uma ideia. Acho que

assim, acho que tem muitas questões dali, daquele processo que tem ser

resolvido. Só implementar para jogar, continuar jogando lixo, eu acho que está

pouco, está muito pouco. Essas discussões precisam ser mais aprofundadas. Não é

para evitar o empreendimento não, porque como o próprio Firmino(?) falou, nós

estamos entrando no século XIX (dezenove) na questão de resíduo. No século XIX

(dezenove), porque só estamos enterrando de uma forma diferente, mas

continuamos enterrando. E não recicla nada, uma caneta não é reciclada. E todo o

reciclado não vem por parte da gestão pública, e sim por iniciativa privada desses

catadores que estão lá abandonados. E aí, comemoramos (...) mais vinte. Acho

que vamos comemorar aqui menos vinte, porque estamos retrocedendo muito,

Gusmão. Acho que discutir mais um pouco essa questão de resíduo, tem

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fortalecer mais, com mais participação para evitar esses danos, porque o Rio de

Janeiro está sendo um paciente, onde todas as artérias estão se entupindo e vai

precisar levar para fazer uma troca de coração, enfim, está muito... Porque está

demais. O estado do Rio de Janeiro está problemático.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Vamos convocar aqueles aqui, o representante do empreendedor, a Comlurb para dar esse

esclarecimento relativo aí. Senhor Miranda, o senhor...

Miranda - Plateia

Eu queria só para complementar a fala dele, aproveitar para falar uma coisa:

coleta seletiva. Coleta seletiva seria um processo em nossa região, ou na Cidade

do Rio de Janeiro, que ajudaria muito a gente também a diminuir esse impacto

que foi colocado hoje aqui. Então, eu não vejo essa coleta seletiva funcionar. Seria

muito importante. Quando ele fala “nós estamos com as nossas artérias

entupidas, o Rio de Janeiro está no século XIX (dezenove)” é uma realidade.

Então, eu não vou aqui me alongar, ficar debatendo eu acho que o colega já falou

aquilo que interessava, e o que é importante para esta região, mas eu acho que

dentro desse Estudo de Impacto, acho que a gente deveria incentivar aqui dentro

da Cidade do Rio de Janeiro, principalmente na nossa região, a coleta seletiva e o

programa de educação para a comunidade. É fundamental isso. Hoje, a

comunidade precisa ser orientada. Uma comunidade que não ganha mais do que

um salário mínimo, ela não tem como se preocupar com o lixo. Então, ela tem que

ser orientada para isso. Não vai adiantar isso daí, porque esse lixão com essa vida

útil que vocês apresentaram aí, ele vai ser triplicado porque lá nesse lixão que

vocês estão apresentando para a Cidade do Rio de Janeiro, ele está lá cheio de

problema na justiça e a gente não sabe quando isso vai acontecer. O outro lixão

de Gramacho está fechando. A gente sabe que o lixo quase todo em sua

totalidade, ele vem para Bangu. Então, é uma questão que... A gente tem que ter

o lixão, isso é... Os aterros sanitários, essas coisas vão ter que existir, mas dessa

forma é que a gente tem que tentar se adequar melhor ou melhorar essa

situação. Não é, vou dizer de novo, eu não sou contra, mas eu acho que a gente

tem que junto com a comunidade estudar, estabelecer essas regras, essas normas

em conjunto.

- 21 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Senhor Miranda, inclusive aqui é a oportunidade. A sua associação, como é que chama?

Desculpa, é que nós não escrevemos aqui.

Miranda – Plateia

Associação de Meio Ambiente da Região de Bangu.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Obrigado. Senhor Miranda, o importante também desse encontro hoje é o senhor ter a

oportunidade de conversar com a turma da Comlurb, no sentido de trocar essas ideias, marcar

encontros, enfim, materializar, fazer valer isso aí que o senhor está falando. É importante que

o senhor saiba o que está acontecendo.

Miranda – Plateia

Isso é complicadíssimo para mim. Não se consegue. Já fiz várias tentativas.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Mas aqui é o momento. O pessoal da Comlurb, enfim, a turma que estava lá....

Miranda - Plateia

O senhor é que acha que isso pode acontecer, mas...

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Vamos esclarecer aí as duas perguntas que foram feitas.

Ricardo - Comlurb

Boa noite. Meu nome é Ricardo, sou engenheiro da Comlurb. Com relação ao pessoal lá da

catação, nós temos aí o contato com o Custódio, que é o representante lá dos catadores local.

Nós temos, junto com o BNDES, um projeto para instalação de galpões em vários locais da

Cidade, inclusive tem ali próximo do Catiri, na Roque Barbosa está prevista a construção de um

desses galpões. Então, já é uma medida para, vamos dizer, continuar dando alternativa de

trabalho e renda para esse pessoal que, vamos dizer, sobrevive da catação de materiais.

Infelizmente, vamos dizer, num aterro sanitário não há como você manter essa atividade

dentro do local. Então, por isso tem esse programa junto com o BNDES, que já está com

- 22 -

contrato assinado e a instalação desse galpão lá para dar alternativa ao pessoal que sobrevive

lá dessa segregação de material.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Tem um ponto a esclarecer com relação à divulgação que foi feita lá para a turma ter

conhecimento. Porque foi divulgado em jornais, Diário Oficial. Se não me engano, o senhor

Miranda falou que viu um carro de som, não é isso?

Miranda – Plateia

Realmente. Eu só tomei conhecimento hoje, porque eu passei e vi um carro de

som. Mas o carro de som também, de repente eu não percebi, mas não dizia nem

quem convocava para essa audiência pública. Convocava.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Outra coisa importante, senhor Miranda, como eu falei para o senhor, nós mandamos para 45

(quarenta e cinco) entidades. Mas agora, o importante foi o senhor deixar com a gente uma

direção da sua associação, Associação de Meio Ambiente de Bangu, um e-mail, endereço,

telefone, que aí, o senhor vai fazer parte do nosso... Quer dizer, deixar isso claro, que quando a

gente manda todas essas mensagens aí, nesse caso aí, foram 45 (quarenta e cinco) entidades.

E que para algumas instituições eram cinco, seis endereços diferentes, portanto, muito mais

de 45 (quarenta e cinco).

?? - Plateia

Essas entidades representam o Comitê Mendanha?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Essas entidades, elas representam a sociedade em geral daqui do Rio de Janeiro.

?? - Plateia

O pessoal do Comitê Mendanha, a gente está aí. Tem que estar.

Gilvoneick de Souza – Plateia

Gusmão?

- 23 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Comitê Mendanha não tem, mas nós vamos passar a mandar todas essas para vocês e a outros

que são indicados também. Que o nosso objetivo da audiência pública é apresentar o projeto.

É como o Gil está dizendo aqui. O Gil está trazendo sugestões, só que ele que sabe na

associação, a associação dele foram cinco e-mails, cinco mensagens. A turma sabe, eles estão

sempre presentes. Eles representam as associações. Ele é o coletivo. Então, o objetivo da

audiência nossa, aqui do Marcos, que é o nosso colega do Inea que faz parte do grupo de

trabalho, é escutar o que vocês estão falando. Por isso, que ainda temos mais dez dias. Por isso

que a gente ainda conversa. Esse projeto deu entrada quando? Eu acho que tem mais de um

ano, não é?

Marcos Vieira – Inea

Tem muito mais.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Então,

Marcos – Inea

Tem mais de um ano. Inclusive, nós viemos daquela outra audiência que foi cancelada por

telefone.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Qual audiência?

Gilvoneick Souza – Plateia

Aqui. Teve uma audiência aqui que foi cancelada por telefone. Tem o quê? Tem

uns trinta dias. Nós viemos aqui...

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Por que aquela audiência foi cancelada? Foi cancelada porque não havia ainda as informações

suficientes – é ou não é? –, necessárias para que se fizesse essa conjugação da situação atual

dos resíduos do nosso estado. Então, senhor Miranda, o senhor deixa aí o seu contato

conosco, por favor, seu e-mail e telefone. Gil, conclui.

- 24 -

Gilvoneick Souza - Plateia

Gusmão, o secretário de Estado do Ambiente disse que esse CTR aqui não sairia

do papel em reunião no CONAMA. É uma coisa que eu fiquei sem entender, por

que mudou? Porque, inclusive, estava eu, estava o Magno, você estava presente.

E eu gravei tudo, está gravado, ele disse, “Gericinó abortou, não tem como”. E

agora, a gente, eu estou surpreso quando vi lá a convocação para a audiência

pública. Agora ainda falta a minha pergunta, quer dizer, está tratando um

empreendimento novo e o empreendimento velho está lá e pronto para fechar?

Como é que fica o passivo? Quer dizer, botei lixo, botei lixo e ficou aqui, e quem

paga é o povo, como é que fica isso, esse passivo?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

É o que a turma vai esclarecer aqui para você. E obrigado aí pela participação.

Ed Wilson – Empresa Consultora

Então, só fechando a questão da divulgação, parte dessa lista que vai para Secretaria para

encaminhar o convite são associações ou entidades que a gente identifica ao longo do estudo

daquele principal aspecto socioeconômico que eu coloquei. E a gente fez as divulgações em

jornal. Foi colocado no jornal O Dia, no Extra, foi colocado faixa aqui no entorno da Lona, foi

feita a questão do carro de som, então, a gente procurou fazer o máximo de divulgação, que é

o padrão que a gente tem feito e para outras audiências, como essa que nós estamos

realizando hoje. Com relação ao comentário que ele fez tipo, “ah, vai começar a encher de

lixo” não. Aquele projeto dali é feito para uma capacidade volumétrica, de volume de lixo, que

é estimada, estima-se ali uma vida útil. Então, não existe essa possibilidade de começar a

colocar lixo de qualquer maneira ali, porque ali ele tem uma capacidade, ele não consegue

receber mais do que a capacidade que foi avaliada. Então, assim, vai sendo colocado o resíduo.

No caso, agora tendo essa outra opção Seropédica, considerando-se que essa opção vai dar

tudo certo, o Gericinó fica como reserva técnica. Qualquer problema que dê, então aquela

quantidade de resíduos que já era destinada ali é que passaria a ser colocada. Então, não é

prevista essa parte de ampliação receber o lixo todo do estado do Rio de Janeiro.

E com relação ao passivo, então a gente contempla ali no nosso estudo a fase de instalação, de

operação e a própria desativação. Então, na desativação, a gente também avalia quais são os

impactos. Ah, então você desativando, você vê a relação de empregos, mas a gente também

deixa a indicação o compromisso do empreendedor de continuar acompanhando aquele

- 25 -

aterro por todo tempo necessário que precisar até ter a garantia, que você tenha um aterro

estável, que a montanha de lixo está estável, ela não tem perigo, e os postos de

monitoramento continuam ali, os drenos de gás queimando. Então, assim, os aterros que já

foram encerrados continuam hoje, que na verdade a história recente de aterro sanitário no

país, então, você não tem aterros sanitários encerrados por muitos anos. Então, os que

existem hoje, o Luiz Sérgio tem mais propriedade para falar sobre isso do que eu, mas acredito

que os poucos que têm, têm pouco tempo de encerramento, estão lá até hoje sendo

monitorados. Então, a ideia e o que é proposto e que o órgão ambiental cobra é que você

continue acompanhando para ver os impactos no terreno. Parou de botar lixo, encerra e

esquece; não é assim que funciona. Nova Iguaçu foi lá com o Marambaia, que está sendo

monitorado até hoje, e desde 2003 (dois mil e três) que foi encerrado. Então, o procedimento

é esse.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Eu acho que o representante do Inea pode esclarecer um pouquinho aí da colocação do Ed

Wilson. Por favor.

Marcos Vieira – Inea

Complementando, o que é que acontece? Aquela primeira fase ali sendo encerrada, o Inea

com certeza vai exigir através de uma Licença de Encerramento daquela primeira etapa, que se

faça todo o isolamento do local, principalmente com a impermeabilização superior. E, com

certeza, vai continuar fazendo monitoramento não só dos gases como da parte de águas

superficiais e águas subterrâneas. Até como o colega falou, até que se tenha uma estabilidade

no local e isso é determinado. Aliás, a gente vai fazer toda a avaliação, monitorar, até que

aquela área esteja ambientalmente estável.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Vocês têm alguma pergunta que vocês queiram fazer? Que nós só temos algumas aqui. Por

escrito? Normalmente, senhor Miranda, aqui nas audiências, as perguntas são por escrito, mas

hoje como a gente está aqui com a representação...

Miranda?? – Plateia

Vamos quebrar o protocolo! (risos)

- 26 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

E agradecer a presença aí dos seus colegas. Quem são as pessoas?

Romildo Raimundo - Plateia

Romildo Raimundo, eu sou assessor do deputado Paulo Ramos.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Muito obrigado. A turma da Alerj recebeu também lá o convite.

Romildo Raimundo – Plateia

O Deputado Paulo Ramos, ele acompanha muito de perto o acontecimento do

lixo, não só do município do Rio de Janeiro como do estado do Rio de Janeiro,

todos os municípios. Inclusive, existe a ideia de que cada município tem que tratar

do seu lixo e não tem que estar levando o lixo para outros municípios. O senhor

deputado Paulo Ramos está lá à disposição de todos. O gabinete está aberto, de

portas abertas. E muito obrigado pela oportunidade.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

A gente agradece o senhor e o deputado que está sempre presente ou se faz representar

nessas discussões aí em interesse da sociedade. O senhor assinou a lista lá?

Romildo Raimundo – Plateia

Assinei.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Poderia repetir o seu nome? Quando o senhor falou estava fora do microfone.

Romildo Raimundo – Participante Plateia

Romildo Raimundo.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Muito obrigado, senhor Romildo.

E a senhora, quem é?

- 27 -

Cleonice(?) - Plateia

Cleonice.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Dona Eunice, de onde é?

Cleonice(?) de Almeida – Plateia

Cleonice de Almeida Pereira, do Mendanha.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Do Mendanha. Dona Eunice.

Cleonice(?) - Plateia

Eu gostaria de saber se tem algum representante do Parque Natural Municipal do

Mendanha?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Aqui? Tem algum representante do Parque do Mendanha aqui? A senhora, acho que está

representando a turma lá. Nós temos uma pergunta aqui, dona Eunice, que a senhora enviou:

qual é a garantia que essa ampliação não irá contaminar o solo e as águas? Pode responder?

Luiz Sérgio Aquino - Empreendedor

Respondendo a essa pergunta aí, então, no fundo, ele está dentro do próprio projeto. O aterro

sanitário, e no caso do CTR especificamente, os próprios critérios do projeto, os elementos que

foram previstos na sua implantação são os mecanismos de proteção. Então, no fundo, são

duas atitudes: uma é de minimizar todos os focos e potenciais que poderiam estar poluindo,

ou seja, retirar o chorume antes até que ele entre em contato com a fundação; o segundo

aspecto é eliminar e retirar todos os focos potenciais que poderiam estar sendo contaminados,

ou seja, todo o sistema de drenagem é abaixo da base do aterro. E nesse intermédio, a

implantação de um sistema múltiplo de proteção com solos argilosos, a manta de polietileno e

mais uma camada de proteção (...).

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Temos aqui a pergunta da senhora Jaqueline Mogaça(?), moradora aqui de Bangu.

- 28 -

Ela faz a primeira pergunta: qual é o tempo de vida útil do aterro?

Luiz Sérgio Aquino - Empreendedor

Eu apresentei, para aquela expectativa de demanda para alguma coisa da ordem de cinco

anos. Por outro lado, acho que eu tenho que confessar é mesmo essa a estimativa

extremamente conservadora. É aí que entra a questão da diferença de um lixão, de um aterro

sanitário e o que seria uma Central de Tratamento. Porque, no fundo, a partir do momento

que você incorpora no projeto uma série de drenagens internas, de retirada de biogás, de

chorume e assim por diante, e mais ainda, você garante o confinamento perfeito de todos os

resíduos célula a célula, você acaba criando um ambiente de biodecomposição anaeróbico,

quer dizer, sem oxigênio dessa matéria orgânica. E no nosso risco que tem cerca de 50, 60%

(cinquenta, sessenta por cento) de matéria orgânica, ele acaba se convertendo, se

transformando em líquidos e gases, são captados e tratados. Então com isso, essa conversão

fase perfeita da matéria orgânica do lixo, ele acaba restituindo para o próprio

empreendimento essa massa que foi retirada com um acréscimo de vida útil. Então, na

realidade, isso se traduz em (...) que acontece ao longo do tempo. Então, essa vida útil pode se

estender da ordem de cinco a sete anos etc., dependendo justamente dessa (...) que vai ser

monitorada ao longo do tempo.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Senhora Jaqueline pergunta ainda qual a capacidade de carga?

Luiz Sérgio Aquino – Empreendedor

Qual a capacidade de carga?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Do aterro. Dona Jaqueline é a senhora? Pode usar o microfone, por favor.

Jaqueline Mogaça(?) – Plateia

(...) e meu projeto é ser um aterro sanitário. Estou aqui mais por curiosidade, mais

curiosa do que... Só quero colher informações.

Luiz Sérgio Aquino – Empreendedor

Perfeito. Então, no fundo, a pergunta é extremamente pertinente.

- 29 -

(...) fez uma série de sondagem ao longo de todo o terreno. É uma (...) de encontro de vários

corpos hídricos, tanto do Cabral, quanto o Sarapuí, quanto Sardinha etc., então, o que se

detectou foi uma camada de solo (...), mas logo a seguir solos residuais de biodecomposição

daquela formação. Então, já no tratamento de fundação já está se prevendo a remoção desse

solo (...) não só o residual, como essa camada delgada, implantação dos drenos de

subsuperfície, e somente após isso um tratamento do solo argiloso e impermeabilização. Com

isso, a gente retira todas as camadas que poderiam estar sujeitas a algum recalque, a alguma

baixa capacidade de suporte... e você dá uma condição de sustentação muito melhor a todo

esse maciço, muito diferentemente a outros aterros etc., que se vê por aí.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

A terceira pergunta da senhora Jaqueline Mogaça(?) é se o antigo lixão será encerrado, mas

essa pergunta eu acho que já foi respondida. A senhora teve acesso ao RIMA? A senhora disse

que fez a sua tese, o trabalho final de curso.

Jaqueline Mogaça(?) – Participante Plateia

Não. Eu estou fazendo ainda.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Então, um bom material de consulta seria o RIMA.

Jaqueline Mogaça(?) – Participante Plateia

É... Eu tenho, eu tenho bastante material. Eu acabei desistindo do projeto final de

fazer um aterro, porque realmente precisa de uma equipe. Não é uma coisa fácil;

é difícil, mas eu vou fazer um diagnóstico sobre a cidade de Macaé.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Obrigado pela sua presença. O objetivo da audiência é esse mesmo, é fazer as contribuições.

Como, por exemplo, o senhor Lucio Viana, que é do Conjunto da Marinha, aqui de Bangu,

Avenida Almirante Xavier Souza, ele pergunta: com essa ampliação a prioridade de

recebimento do lixo continuará sendo do lixo de Bangu e das suas proximidades?

Ed Wilson – Empresa Consultora

- 30 -

Isso. Essa área, esse aterro é para se receber os resíduos dessa região. Então, não tem previsão

diferente. A previsão é que ele pode até não receber. Se tudo der certo lá em Seropédica vai

para lá, mas a previsão e até nesse período de vida útil que ainda tem é para receber o da

região de Bangu. A Comlurb confirma.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Está satisfeito com a resposta? A senhora ficou satisfeita, dona Jaqueline? O senhor Ricardo

Dias, morador de Vaz Lobo, da Rua Acará, pergunta: qual seria a utilização da área após o seu

encerramento?

Luiz Sérgio Aquino – Empreendedor

No fundo, essa questão da utilização futura de um aterro sanitário etc. é um fato que faz parte

justamente de uma das etapas de fechamento e encerramento do empreendimento. Então,

como o Ed comentou, quer dizer, a gente tem alguma experiência, alguns casos. Por exemplo,

no município de São Paulo, a gente monitorou vários aterros encerrados como Sapopemba,

São Mateus, Jacuí etc., etc., e no fundo como esses aterros têm uma vida útil da ordem de

cinco, dez, quinze, vinte anos, a definição do uso mais apropriado para reintegração,

reincorporação dessa área no meio que ele está inserido é justamente fazendo essa releitura

naquele instante. Então, por exemplo, vou citar um exemplo que é real, é atual, o aterro de

Sapopemba lá no município de São Paulo que operou até 95 (noventa e cinco), alguma coisa

assim, após os monitoramentos, hoje ele aponta para um declínio de geração de biogás para

baixas taxas e assim por diante, e toda a ocupação do entorno acabou reivindicando a

conversão do aterro sanitário num parque. Então, hoje já está se instituindo o parque

municipal em toda a área. Então, tem todo um estudo de carreamento, drenagem etc., estão

sendo feitas reuniões com Cohab, Cehab, comunidade, e é lá que está prevista a implantação

de vários campos de futebol, quadras, e vai ser a maior área, ou melhor, a maior pista de skate

da América Latina, e no fundo servindo hoje como instrumento de gestão socioambiental de

toda a região, que hoje se enriqueceu com a implantação, com a interligação da Imigrantes,

Rodoanel até as vias da Ayrton Senna. Então, é uma região que hoje, e ainda mais com esta

(...) metropolitana como São Paulo, Rio de Janeiro etc., elas acabam ganhando uma

importância socioambiental de extrema relevância. Mais que isso, acaba se constituindo num

marco de uma postura ambiental, de gestão administrativa correta e responsável.

- 31 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Uma pergunta aqui do senhor Ivo Jaime: qual o tempo que essa ampliação irá operar? Não

sei se já foi respondida também. E mais: para a implantação. do aterro está prevista a

remoção de espécies arbóreas? Acho que vocês também falaram isso. No caso positivo, quais

serão as medidas para a retirada dessas? Acho que vocês responderam essa.

?? – Plateia

Boa noite para todos. Posso?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Microfone, microfone na mão. Nosso colega é da Apedema?

?? - Plateia

Não, não sou da Apedema não. Sou da MarcoTour(?), sou do conselho da APA

Gericinó Mendanha, somos batalhadores aqui da região.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Muito obrigado pela presença.

Jorge Chaves – Plateia

Senhor Gusmão, grande Gusmão. Você lembra o nosso último encontro no

Conama que o Carlos Minc disse que não ia acontecer mais isso?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Pois é, você não é o único a falar isso aqui. Eu confesso ao senhor que eu não...

Jorge Chaves – Plateia

Ele falou para a gente, “não se preocupa não que não vai ter mais essa expansão

do lixão de Bangu”. Lembra que ele falou?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Eu confesso para o senhor que eu não lembro.

- 32 -

Jorge Chaves – Plateia

Eu me lembro, só que ninguém fala isso para ele, não é? Bom, gente, é o seguinte,

gostaria primeiro de fazer uma pergunta. Representação civil, quem é, pode

levantar o braço?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Temos aqui a turma que representa aqui Mendanha. Nós temos aqui o presidente da

Associação de Meio Ambiente de Bangu, o senhor Miranda. Temos...

Jorge Chaves – Plateia

Presidente da Associação de Bangu, senhor Miranda, eu quero perguntar uma

coisa: gente, a gente não tem representação.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Pois é, mas sabe o que é que acontece?

Jorge Chaves – Plateia

Foi muito mal divulgado.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Deixa explicar para o senhor.

A nossa missão é receber o processo, fazer a divulgação que a legislação manda e foi feita.

Tem aqui mais de 80 (oitenta) e-mails passados com sedex, sabendo se você recebeu?

Jorge Chaves – Plateia

Não.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Porque está aqui.

Jorge Chaves – Plateia

Incrivelmente, não.

- 33 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Mas você soube. O empreendedor colocou carro de som, colocou faixa. Nós temos, inclusive,

você sabe disso, nós temos lá no Conama...

Jorge Chaves – Plateia

Olha só...

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Mudando a legislação por causa das audiências, justamente prevendo isso.

Jorge Chaves – Plateia

Seria possível ter outra audiência? Seria possível ter um pedido na sociedade civil?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Isso é uma forma da sociedade civil pedir. Eu não posso aqui decidir se tem outra audiência ou

não. Isso pode ser colocado na CECA.

Jorge Chaves – Plateia

Eu tenho uma... Não tem um representante do Ministério Público, por exemplo?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Não. Não temos representatividade do Ministério Público.

E você sabe também que não é obrigado por lei que eles venham. A presença deles é...

Jorge Chaves – Plateia

Colocando um ponto: a população de Bangu, Realengo, adjacências não quer mais

lixão aqui. O Rio de Janeiro todo se beneficia. Agora, lá na Cidade Nova vai ter

obras maravilhosas. É um tal de fazer obras, expandir aquilo lá, acabar com os

casebres, vai crescer tudo e o lixão vai vir para onde? Vai vir para cá. Certo?

Agora, a minha pergunta, lixão, aterro sanitário, pode botar o nome que quiser, o

lixo está aqui. Se ainda fossem umas usinas decentes, onde a gente pudesse

verificar e acompanhar ainda bem, mas não é. O que é que acontece, o que é que

a gente quer? Está sendo prometido que ia para Seropédica. É um problema lá,

também não concordo, não é que Seropédica não me interesse conhecer a

- 34 -

situação, mas aqui, nós, o povo de Bangu e adjacências não concordam. Qual o

movimento que nós vamos ter que fazer para não sair? Mas não dá para

continuar. Já esta lá no topo. Além do risco da penitenciária ali do Complexo de

Bangu, a gente não precisa nem jogar, a gente sobe e se joga lá para dentro.

Então, agora não precisa mais (...) importância, jogar lá de cima. É só pular que

está lá dentro. Então, não temos condições, gente! Não temos condições de ter

mais esse aterro sanitário aqui. Está certo? Eduardo Paes não aí. O Jorge (...) não

está aí. E mesmo que estivessem não faria diferença, eu não votei neles.. Gostaria

que a gente tivesse alguma coisa decente para nós aqui, porque não tem. A

compensação ambiental disso, como é que fica? Vai ser criado um grupo

fiscalizador disso aí? Eu gostaria de ter vistas a esse processo todo. Como é que eu

faço?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Claro, você pode ver o processo todo.

Jorge Chaves – Plateia

Eu estou falando a Associação do Meio Ambiente.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

O processo ambiental, o processo administrativo é um documento público, que todos podem

ver, ler, tirar cópia: vistas ao processo. O RIMA está distribuído, você pode ver. Já está há

algum tempo. Você pode fazer cópia do RIMA. Você pode ter vistas ao processo. Você sabe

também que essa reunião aqui hoje não representa a emissão ou não da licença solicitada.

Depois disso, tem o prazo que existe.

Jorge Chaves – Plateia

Está sendo gravado? Gostaria que fosse.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Claro. E isso, você tem inclusive acesso à transcrição da Ata. Porque a gente quando volta para

CECA, a gente faz uma Ata sucinta, um resumo das participações. A gente não tem como

anotar tudo que você falou. O Gil falou, mas está gravado. Além dessa Ata sucinta, existe a

transcrição da Ata, que essa gravação toda é feita e vai para o papel. Se eu tossir aqui sai lá na

- 35 -

transcrição. Então, o que é que acontece? O que acontece é que essa participação de líderes

comunitários e das Associações de Defesa do Meio Ambiente numa audiência, essas

reivindicações que vocês fazem, elas pesam talvez até mais do que numa audiência que

existe... Então, vocês estão demonstrando o quê? Demonstrando a vontade da sociedade.

Você já falou nas medidas compensatórias, você falou na possibilidade de estações de

transferência, você mencionou a situação de Seropédica. O colega do EIA-RIMA disse que isso

é um local de reserva técnica – não é? –, caso haja algum problema lá em Seropédica.

Jorge Chaves – Plateia

Desculpe te cortar, Gusmão. Mas a reserva técnica vai acontecer se não for

colocado o lixo lá. Ou ainda (...) reserva técnica, então vamos começar a colocar o

lixo, tá, quando? O que a gente tem é que diminuir o que está ali.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Deixa esclarecer.

Jorge Chaves – Plateia

A gente precisa é reflorestar aquela área toda. A gente não tem que botar

mudinha nenhuma, é aqui, é aqui e agora.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Deixa esclarecer para você essa...

Jorge Chaves – Plateia

Aquilo ali tem outra coisa: está na área do (...) do parque. Ali tem um parque,

Parque Municipal continua ali, pelo menos 3 km (três quilômetros), vai até a

Brasil. Vai ali para dentro da Brasil vai o parque.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Deixa dar uma esclarecida só dessa parte.

Jorge Chaves – Plateia

Outro erro. Aconteceu um erro no passado, acabou. Ou seja, conserta agora. Para

e refloresta aquilo lá. Não vamos botar mais lixo aqui, pelo amor de Deus.

- 36 -

Ed Wilson – Empresa Consultora

Deixa o Presidente Gusmão fazer o comentário dele.

Jorge Chaves – Plateia

Desculpem.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Não, não tem nada que pedir desculpa aí. A gente é que agradece a sua contribuição. Você

conhece a gente.

Jorge Chaves – Plateia

A gente tem que brigar, porque nós somos cidadãos que estão pedindo.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

E a gente faz tudo de forma transparente.

Jorge Chaves – Plateia

Quem mora ali já mora ali, já sofre. Vocês devem gostar do perfume maravilhoso.

Eu moro ali bem pertinho, entendeu? Mas do lado de cá vem. Passa pela Brasil e

vem para cá, certo? Que perfume maravilhoso! Só não passa da Pedra Branca

para lá. Por isso que eu digo, Zona Oeste só da Pedra Branca para cá, para lá não

é Zona Oeste.

Ed Wilson – Empresa Consultora

Só esclarecendo o que nós vimos aqui no começo, a ideia do empreendedor, da Comlurb e da

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro é realmente ter uma reserva. Então, assim, a intenção é

conseguir a licença para poder implantar naquela área, mas só utilizar de verdade numa

emergência. Porque já que se tem um local licenciado, pronto, com problemas ou não, mas já

tem uma área lá que está recebendo e foi preparada para receber o lixo do Rio de Janeiro.

Então, como eu já havia falado antes, não existe possibilidade, não é de interesse da prefeitura

e nem da Comlurb que já paga a sua tonelagem para dispor em Seropédica, você ter duas

estruturas operando com custo mais elevado. Então, a ideia dessa apresentação, como a gente

colocou, é mostrar todos os impactos, as vantagens e desvantagens do empreendimento,

porque o órgão ambiental precisa ter essa informação para ele ter a segurança para dar a

- 37 -

licença ou não. Mas a ideia, como foi falado aqui, é conseguir a licença, ter todos os controles,

mas o lixo é para ir lá para Seropédica. Então, não foi apresentado isso de que ali vai ser

ampliação para se jogar mais do que é a capacidade da própria área de ampliação. É só um

ponto de esclarecimento, porque o Penido já havia falado aqui antes, aquele aterro já teve

ampliações, que seguiram todas as normas técnicas também. Então, você tem uma área de

ampliação lá impermeabilizada, com manta que já evita esse chorume ir para o solo. Então, o

que hoje continua é a quantidade de lixo que foi depositado durante todo aquele tempo.

Então, a ideia agora é também fazer uma ampliação com todas as garantias, com proteções

para que não haja contaminação.

Jorge Chaves – Plateia

Deixa falar uma coisa. Falou do chorume, que evita que o chorume penetre mais,

o que está acontecendo é que o antigo é que vai lá para o Sarapuí. Um dia, vamos

ver se a gente consegue ver peixinho de novo no Sarapuí. Eu já comi peixinho de

lá quando era pequeno. Eu queria saber o seguinte, logo depois do lixão tem uma

sina(?), já dá para ver por satélite de tão bonita que ela é, e de vez em quando a

gente vê o caminhão pegando o chorume lá e depois ele vai, sobe e joga lá em

cima. Joga lá em cima. Aí, a gente pergunta para o cara assim, vem cá por que

você está fazendo isso aí? “Não, é para diminuir, para esvaziar a piscina, para

dissolver...” Isso aí vai contaminar. “Não, não vai não. Isso evapora”. Não vai

chover? Não vai infiltrar de novo no lixão? Não vai sair de novo por baixo? Gente,

olha só, eu sei que os senhores são técnicos, tem a melhor boa vontade, estão

ganhando o dinheiro de vocês, mas olha só, o povo não é burro não. Certo? Tem

gente, pelo menos, aparentemente, estuda, faz alguma coisa, se dedica por esse

povo daqui, se dedica pela população. A gente não é... Então, não adianta essa

questão de todas essas coisas. O que eu quero é o seguinte, olha só, gostaria,

estou fazendo uma reivindicação que é se criar um grupo de fiscalização da

sociedade civil para acompanhar todo esse processo. Se não for possível, que se

faça mesa redonda, se vocês decidirem isso, isso será requisitado via Ministério

Público. Então, eu estou colocando. Eu acho melhor a gente decidir isso numa

boa, certo, via Portaria, o Inea que decide lá com a Prefeitura, com a Comlurb. E a

questão de ter reserva, uma área de reserva, a Comlurb poderia já ter pensado

cinco anos atrás, pensar numas usinas que nem têm em outros estados. Em Minas

Gerais são usinas que funcionam maravilhosamente bem. E nós temos exemplo

- 38 -

por todo o mundo já. Uma porção de gente inteligente pensando nessas coisas

que funcionam. Incentivar mais ainda a reciclagem para ter menos quantidade de

lixo para lá. Porque a gente entra naquela rua lá para ver, a gente não vê uma

reciclagem decente. A gente vê um monte de gente tomando conta e às vezes até

impedindo a gente de entrar. E aí, a gente tem que dar uma carteirada para poder

entrar. Ou então, a gente tem mentir e dizer, “não, eu sou da Comlurb”, aí passa.

Quando você chega lá e diz que é da Comlurb, passa. Ou então, você tem que

pegar e dar uma carteirada. Então, quer dizer, a gente tem que ter um pouquinho

mais de atenção e respeito com a população local. É isso que eu peço a vocês.

Vamos pensar. Vamos repensar, certo? Eu espero que não seja colocado mais lixo

lá. Toda hora está passando, não suspenderam. Enquanto Seropédica não estiver

liberado vai ter essa situação. Seropédica não vai ser liberado tão cedo. A briga

deles vai ser muito grande. Vamos pensar em outra coisa.

??? – Plateia

Seropédica já está funcionando.

Jorge Chaves – Plateia

Ah, já? Está funcionando? Tudo bem, não vou entrar nessa discussão. É só o nosso

problema aqui.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Tem uma conexão.

Jorge Chaves – Plateia

Não vamos discutir. Então, é isso que eu peço a vocês, e é essa a nossa intenção.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Essa sua reivindicação é manifestação de vontade que tem que partir da associação de vocês.

Jorge Chaves – Plateia

Com certeza. Se é para botar por escrito é comigo mesmo. Eu boto a minha cara á

tapa em tudo que é lugar que eu vou. Não tem problema nenhum. Você já me

conhece, sabe como é que é.

- 39 -

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

A gente... O Marco está fazendo a Ata e ele perdeu o nome da tua associação.

Jorge Chaves – Plateia

É Instituto Socioambiental da Zona Oeste e o nome fantasia é Amar Bangu.

Antigamente era Associação de Meio Ambiente. Nós fizemos uma...

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Instituto?

Jorge Chaves – Plateia

Instituto Socioambiental da Zona Oeste.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Instituto Socioambiental da Zona Oeste.

Jorge Chaves – Plateia

Nome fantasia Amar Bangu.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Está certo. Então, mais essa reivindicação, e mais essa possibilidade que você tem de provocar,

tomando sentido aí da sua solicitação que é exatamente...

Jorge Chaves – Plateia

Meu nome é Jorge Chaves.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Jorge Chaves.

Jorge Chaves – Plateia

Jorge Chaves. Quer o telefone também? 9793-9006

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Não, não, não, telefone não.

- 40 -

Jorge Chaves – Plateia

Quer endereço para correspondência? Também dou.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Mas você assinou a lista lá, não foi? Obrigado pela tua presença aqui.

Jorge Chaves – Plateia

Obrigado a vocês aí.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Obrigado pela presença também. Mais alguma pergunta? Você quer se manifestar? Então,

vamos escutar aqui a nossa colega do Inea, que faz parte do grupo de trabalho.

Técnica - Inea

É só para esclarecer sobre a compensação ambiental. Todo Estudo de Impacto Ambiental tem

um cálculo de quanto tem que ser utilizado em medida compensatória em cima do valor do

projeto. É calculado o valor da medida compensatória que é utilizada em parques de

conservação no entorno da área que está sendo ofertada. Então, isso daí está previsto no

Estudo de Impacto. Vai ser calculado em cima dos impactos da tabela de impactos que o

Estado definir e a empresa vai ter que recolher esse valor de medida compensatória. Outra

coisa é que Gericinó não tem uma área de proteção ambiental, é um parque. É um parque sob

a tutela do Estado, do Inea, e mesmo sendo tutela do Inea, existe todo um conselho gestor, e a

gente tem uma diretoria que cuida disso e também é ouvia nesses casos de impacto. Esta

diretoria participa do Estudo e ela também e opina se tiver algum impacto que cobre medidas

para serem adotadas pelo Inea.

Jorge Chaves – Plateia

Esse conselho conta com participantes?

Técnica – Inea

Eles são ouvidos. A gente não pode...

Jorge Chaves - Plateia

São ouvidos? Não são ouvidos não.

- 41 -

Eu sou secretário executivo do Conselho Gestor da APA Gericinó Mendanha. Não

fomos comunicados...

Técnica – Inea

A compensação ambiental não...

Jorge Chaves - Plateia

Mas o que eu falei foi no Parque Municipal. O Parque Municipal está ali fronteira

com o lixão. Falei do Parque Municipal. A metade do Parque Municipal, ele está

fora da APA e que na verdade está dentro do parque. Não falei da APA, falei do

parque, Parque Municipal. E o Parque Municipal, como parque, continua tendo as

mesmas prioridades que os outros parques, mesmo sendo municipal. E quanto ao

Conselho Gestor da APA Gericinó Mendanha, prazer, Jorge Chaves, secretário

executivo; o presidente é o Marcelo Soares.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Muito obrigado. Mais alguma pergunta, mais alguma colocação, mais algum comentário? Nós

estamos aqui com uma hora e quarenta e cinco de audiência. São nove horas. Nós temos mais

alguma colocação? Tudo isso que foi dito, que foi colocado foi aqui anotado pelo nosso

analista do Inea, que está representando o grupo de trabalho. A senhora ainda tem mais

alguma colocação? Jorge Chaves mais alguma? Senhor Romildo, mais alguma? Então, eu

agradeço a participação, a presença das pessoas que estiveram aqui. Isto foi um exercício de

cidadania e democracia. Apesar de a audiência não estar assim como as outras audiências

estavam, mas temos uma representatividade de lideranças aqui da comunidade, então, eu

declaro a audiência encerrada, desejando uma boa noite e um feliz regresso para todos vocês.

Muito obrigado.

Jorge Chaves - Plateia

Quando a gente vai poder ter acesso a esse material?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Qual material? RIMA?

- 42 -

Jorge Chaves – Plateia

É.

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Isso tudo já está disponível.

Jorge Chaves – Plateia

Da Ata, da transcrição da Ata?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

A transcrição da Ata é mais ou menos uma semana.

Jorge Chaves - Plateia

Está legal. Eu te procuro lá?

Antônio Carlos Gusmão – Presidente

Pode ir lá, pode ir lá. A Ata sucinta até sexta-feira, até segunda-feira está pronta, mas a

transcrição é de sete a dez dias. Muito obrigado. Boa noite para todos.

Fim de áudio – 01h43min06s