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CAMILA COSTA DE ARAUJO TRAJETÓRIA DO CENTRO DE MASSA NA MARCHA HUMANA NORMAL EM AMBIENTE AQUÁTICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE PUCPR CURITIBA 2006

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CAMILA COSTA DE ARAUJO

TRAJETÓRIA DO CENTRO DE MASSA NA MARCHA HUMANA NORMAL EM AMBIENTE AQUÁTICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE

PUCPR

CURITIBA 2006

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

PROGRAMA PÓS-GRADUAÇÃO TECNOLOGIA EM SAÚDE

CAMILA COSTA DE ARAUJO

TRAJETÓRIA DO CENTRO DE MASSA NA MARCHA HUMANA

NORMAL EM AMBIENTE AQUÁTICO

Curitiba 2006

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CAMILA COSTA DE ARAUJO

TRAJETÓRIA DO CENTRO DE MASSA NA MARCHA HUMANA

NORMAL EM AMBIENTE AQUÁTICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia em Saúde.

Orientador (a): Profª.Drª Elisangela Ferreti Manffra

Co-orientador : Prof Dr Percy Nohama

Curitiba 2006

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Dedico este trabalho aos meus pais João Magno e Rose, fiéis incentivadores e patrocinadores de todos os meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha completa saúde e por ser meu “Rumo Certo”.

À Maria, por me socorrer e me segurar no colo nos momentos de intensa preocupação,

quando esta dissertação parecia não ter fim.

Aos meus pais, por todo incentivo, apoio, dedicação e amor incondicional que sempre

me ofereceram e por terem sido fundamentais na concretização deste estudo.

Ao Mateus Faeda Pellizzari, pelo carinho e amor, por estar sempre ao meu lado e me

fazer sorrir, por me socorrer em todas as dificuldades e, principalmente, por compreender que

minha ausência se fazia necessária.

Ao meu irmão Magno Costa de Araujo, por sua paciência, lealdade e amizade durante

esses 2 anos de mestrado que moramos juntos.

À minha orientadora Dra Elisangela Ferreti Manffra, que se transformou em amiga,

pela excepcional atenção empregada na realização deste estudo, por nunca ter se negado, a

qualquer hora, me atender, pela paciência, humildade e motivação.

Ao co-orientador desta pesquisa, professor Dr Percy Nohama, por todo auxílio na

busca de artigos científicos e toda atenção e disponibilidade dedicados a mim.

À professora Dra Vera Lúcia Israel, pela ajuda nos momentos mais difíceis, pelos

ensinamentos referentes à tudo que se relaciona ao meio aquático e por ensinar amor à

pesquisa.

Ao professor André Luis Félix Rodacki, pot toda sua atenção, ensinamentos e dicas

durante toda essa pesquisa.

À Professora Mônica Fort, diretora do curso de Comunicação Social, por ter cedido os

estúdios e ilhas de edição, sem os quais esta pesquisa não poderia ter sido realizada.

Ao Sidney, técnico do Laboratório de Comunicação Social, por ter ajudado em todas

as coletas de imagem em ambiente terrestre. E também ao Luciano e Rodinei que estavam

sempre dispostos a ajudar.

À direção do Pequeno Cotolengo Dom Orione do Paraná, por terem nos

disponibilizado a piscina, onde foram realizados vários estudos pilotos.

À mestranda e grande amiga Danieli Isabel Romanovitch Ribas, por dividir comigo

momentos de sufoco e alegria na realização desta pesquisa, por sua amizade e por sempre

acreditar que daríamos conta de tudo. E a mestranda Lilian Faller, por sua ajuda nos

momentos mais difíceis.

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5

À professora Marciane Kulczycki, por ter cedido a piscina da Clínica Escola de

Fisioterapia e por seu apoio total em todas as fases desta pesquisa.

Aos funcionários da Clínica Escola de Fisioterapia Marilú Duran, Sandra Mara

Honório Tortato e Rosângela Marques, por terem ajudado na execução desta pesquisa,

suprindo todas as necessidades de materiais que surgiam de última hora e ao Willian da Silva

Amaro, funcionário da piscina da clínica escola de Fisioterapia, por sua inteira disposição em

sempre nos atender.

Ao Flávio Dias Miranda (cunhado do Ericson), por ter emprestado a segunda

filmadora, indispensável para realização deste estudo.

Ao Raphael Morti, pela ajuda indispensável na obtenção e tratamento das imagens.

Ao grande amigo Ericson Pereira, pelo auxílio durante todo o processo de estudos

pilotos e coleta de dados, por sua amizade e preocupação em ajudar na realização desta

pesquisa.

À Dielise de Bona, pela amizade, companheirismo e disposição em nos ajudar no que

fosse necessário, mesmo nas tarefas mais chatas e difíceis.

Aos bolsistas Lendro Diogo Vazzata, Roberto Eliud Marks Farias, Jean Pierre Jarrier

Conti e Rafael Mello, pessoas super especiais e insubstituíveis, que trabalharam muito para a

realização desta pesquisa. Que Deus os abençoe sempre.

À toda equipe do Laboratório de Engenharia de Reabilitação da PUCPR, que estavam

sempre prontos a ajudar, principalmente ao Lucas Miara Kiapuchinski e Adriano Ricardo

Duma e aos acadêmicos Bruno e Vítor.

Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação, por sempre nos atenderem muito

bem.

Aos colegas mestrandos, por terem feito parte desta fase da minha vida.

Meu muito obrigado aos voluntários desta pesquisa, por terem concordado em

participar deste estudo, sem vocês esta dissertação não existiria.

Agradeço a PUCPR pela bolsa de incentivo no primeiro ano de mestrado e à CAPES

pela bolsa no segundo ano.

Meu agradecimento a todos que de uma forma ou de outra, se empenharam para a

concretização deste trabalho.

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Nada te perturbe. Tudo passa.

(Santa Tereza D’Ávila)

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RESUMO

Os exercícios em ambiente aquático e principalmente a marcha, têm sido amplamente utilizados em programas de reabilitação. Por este motivo, as características biomecânicas como os ângulos articulares, momentos, força de reação do solo e eletromiografia têm sido investigados atualmente. Apesar disso, pouco se sabe sobre as estratégias de controle motor empreendidas pelo sistema nervoso central (SNC) durante a marcha em ambiente aquático (AA). Sabe-se que a trajetória do Centro de Massa (CM) durante a marcha está diretamente relacionada à postura e ao equilíbrio. Sendo assim, estudar a trajetória do CM forneceria importantes informações sobre como o SNC adota estratégias para controlar a estabilidade dinâmica durante a marcha. Portanto, o objetivo deste estudo é investigar a trajetória do CM em ambiente aquático (AA) e compará-la com aquela em ambiente terrestre (AT). Para coleta de dados, 19 sujeitos foram filmados, caminhando em velocidade confortável em AT e AA (com a água na altura processo xifóide). Para a obtenção desses dados marcadores foram posicionados em pontos anatômicos, suas coordenadas foram recuperadas e a trajetória do CM foi calculada através do método de análise segmentar. Além de trajetória do CM, características como a excursão vertical, velocidade e distância horizontal entre o CM e o ponto de apoio foram calculados. Durante a fase de apoio, esta distância permite inferir a estabilidade do corpo naquele meio. Diante dos resultados, foi possível constatar diferenças na trajetória do CM em AA e AT, isto pode indicar que a troca de energia potencial em cinética é diferente em AA. Outro achado é que o CM está mais afastado do ponto de apoio em AA do que em AT, o que remeteria a uma situação de instabilidade. Porém, a manutenção desta postura, sem que haja uma queda demonstra que o arrasto e a força de empuxo atuam auxiliando na estabilização do corpo em AA.

Palavras-chave: Centro de Massa. Marcha Humana. Biomecânica. Ambiente aquático.

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ABSTRACT

Water based exercises have been largely adopted in rehabilitation programs. Among them, walking in water is one of the most popular. For this reason, biomechanical characterization of walking in water have been done by investigating joint angles, joint moments, ground reaction forces and electromyographic activation patterns. Despite of this, very few is known about motor control strategies employed by the central nervous system (CNS) during walking in water. It is well known that control of body center of mass (BCOM) during gait is strongly related to posture and balance. In this sense, examination of the BCOM displacement during gait provides information about dynamic stability control and CNS strategies to achieve it. Therefore, the aim of this work was to investigate the behavior of BCOM during walking in water, comparing its characteristics with those on dry land. To do this, nineteen male healthy adults were videotaped while walking at self-selected speeds on land and in water at the Xiphoid-process level. Markers were placed over anatomical landmarks, their coordinates were recovered and position of BCOM was calculated through a segmental analysis method. Beside the usual BCOM characteristics such as vertical excursion and horizontal velocity, the horizontal distance between the BCOM and the point of support was calculated. During the single stance phase, such distance provides a measure of stability. Among the results, it was possible to observe differences between the form of BCOM´s trajectory in water and dry land. This property might indicate that the interchange of potential and kinectic energies is different in water environment. Another result is that the BCOM remains farther from the point of support in water, i.e. the body seems to remain in a more unstable situation. In this sense, one might suppose that buoyancy and drag forces act to stabilize the body.

Keywords: Body Center of Mass. Gait. Biomechanics. Under Water Gait.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação do passo (contato do pé seguido do contato do é contralateral) e

da passada (intervalo entre dois contatos seqüenciais do mesmo pé) .......................... .......19

Figura 2 – Ciclo da marcha normal ilustrando os eventos e as fases do andar ............ .......19

Figura 3 – Ângulo do tornozelo durante um ciclo da marcha ...................................... .......20

Figura 4 – Ângulo do joelho durante um ciclo da marcha ........................................... .......21

Figura 5 – Ângulo do quadril durante um ciclo da marcha .......................................... .......21

Figura 6 – Divisão funcional do corpo em unidade passageiro e unidade locomotora .......22

Figura 7 – Trajetória normal do CM durante a marcha................................................ .......25

Figura 8 – Inclinação ou queda pélvica para minimizar deslocamento do CM ........... .......26

Figura 9 – Quarto e quinto determinantes, denominados mecanismo do joelho e tornozelo

para minimizar deslocamento do CM........................................................................... .......26

Figura 10 – Sexto determinante da marcha denominado mecanismo do deslocamento

lateral para minimizar deslocamento do CM.......................................................................27

Figura 11 – Excursão vertical do CM em diferentes velocidades, calculada por 3 métodos

diferentes: Análise Segmentar, plataforma de força e marca sacral ....................................28

Figura 12 – Trajetória e velocidade típicas do CM na direção médio-lateral. Linha cheia

representa idosos sadios e linha pontilhada representa idosos com distúrbio

vestibular..............................................................................................................................30

Figura 13 - (a) Fluxo Laminar e (b) Fluxo Turbulento........................................................34

Figura 14 – Modelo biomecânico bidimensional de 4 segmentos adotado neste

trabalho................................................................................................................................39

Figura 15 – Procedimento para obter a posição do CM da coxa.................................. .......41

Figura 16 – Representação das variáveis Dx1 e Dx2...................................................... .......43

Figura 17 – Imagem Calibrador durante Coleta em AT............................................... .......45

Figura 18 – Esquema para visualização da disposição dos equipamentos em ambiente

terrestre.................................................................................................................................46

Figura 19- Esquema para visualização da disposição dos equipamentos em ambiente

aquático................................................................................................................................47

Figura 20 - Imagem subaquática adquirida pela câmera dentro da piscina.........................48

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Figura 21 – Imagem representativa do tronco pela câmera de fora da piscina,

correspondente ao ponto do ombro, correspondente ao ponto do ombro..................... .......48

Figura 22 – Tela do Software durante análise do ciclo da marcha em AA..........................50

Figura 23 - Marcação manual dos pontos, realizada quadro a quadro na análise da marcha de

um voluntário em ambiente terrestre.....................................................................................51

Figura 24– (a) Média do comprimento da passada em AA e AT. (b) Média do tempo da

passada em AA e AT. O topo da barra de erro indica a média mais desvio padrão, o ponto

inferior indica a média menos desvio padrão…………………….......................................55

Figura 25 –(a) Média da velocidade da passada AA e AT. (b) Média da cadência em AA e

AT. O topo da barra de erro indica a média mais desvio padrão, o ponto inferior indica a

média menos desvio padrão.................................................................................................55

Figura 26 – (a) Trajetória média do CM em AT ,(b) Trajetória média do CM em

AA………………………………………………………………………………................56

Figura 27 – Média trajetória CM eixo y em AT...................................................................57

Figura 28 – Média trajetória CM eixo y em AA..................…………………....................57

Figura 29 – Média trajetória CM eixo x em AA e AT. .......…………………....................58

Figura 30 – Excursão vertical do CM por sujeito nos ambientes AA e AT.........................58

Figura 31 – Instante em que o CM atinge altura máxima…………………………............59

Figura 32 – Comportamento da variável Dx1 em AA e AT .................................................60

Figura 33 – Comportamento da variável Dx2 em AA e AT .................................................60

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11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................13

1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................13

1.2OBJETIVOS .......................................................................................................14

1.2.1Objetivo Geral ...........................................................................................14

1.2.2Objetivos Específicos .................................................................................14

1.3 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................15

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.............................................................17

2 REVISÃO DE LITERATURA ...........................................................................18

2.1 MARCHA HUMANA.......................................................................................18

2.2 ESTUDO CINEMÁTICO DA MARCHA ........................................................22

2.3 CENTRO DE MASSA ......................................................................................23

2.4 AMBIENTE AQUÁTICO.................................................................................32

2.5 MARCHA EM AMBIENTE AQUÁTICO .......................................................35

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................39

3.1 MODELO BIOMECÂNICO E CÁLCULO CM...............................................39

3.2 SELEÇÃO DAS VARIÁVEIS..........................................................................42

3.3 POPULAÇÃO ...................................................................................................43

3.4 COLETA DE DADOS.......................................................................................44

3.4.1 Local da Pesquisa.......................................................................................44

3.4.2 Avaliação dos Sujeitos ...............................................................................44

3.4.3 Procedimento de Coleta de Dados............................................................45

3.4.4 Coleta da Marcha em Ambiente Terrestre..............................................46

3.4.5 Coleta da Marcha em Ambiente Aquático ..............................................47

3.4.6 Análise dos Dados ......................................................................................49

3.5 CORREÇÃO DA DISTORÇÃO DEVIDO AO POSICIONAMENTO DAS CÂMERAS EM AMBIENTE AQUÁTICO ..........................................................52

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS .....................................................53

4. RESULTADOS ..................................................................................................54

4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA............................................................54

4.2 VARIÁVEIS LINEARES..................................................................................54

4.3 COMPORTAMENTO DA TRAJETÓRIA DO CM.........................................56

5. DISCUSSÃO......................................................................................................61

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5.1 VARIÁVEIS LINEARES..................................................................................61

5.2 CARACTERÍSTICAS DA TRAJETÓRIA DO CM.........................................62

5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................66

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................68

REFERÊNCIAS.....................................................................................................69

ANEXOS.................................................................................................................77

ANEXO A ...............................................................................................................78

ANEXO B ...............................................................................................................80

APÊNDICE ............................................................................................................83

APÊNDICE A.........................................................................................................84

APÊNDICE B..........................................................................................................89

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1 INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

A locomoção humana é um dos temas que mais têm recebido atenção na Biomecânica.

Desde Aristóteles, da Vinci, Borelli, passando por Weber, Marey, Braune & Fischer e

Muybridge, até os mais atuais estudos que se beneficiam dos recentes avanços nos processos

de aquisição e processamento dos sinais biológicos, a locomoção sempre foi alvo de atenção

dos estudos biomecânicos (SERRÃO, 2001).

A análise da marcha é um dos principais recursos que podem ser usados para detectar

problemas funcionais relacionados à locomoção. Com esse tipo de estudo, obtêm-se

parâmetros importantes para se determinar e acompanhar tratamentos de vários tipos de

distúrbios (OKAI; MORAES, 1999). A compreensão dos complexos mecanismos

biomecânicos e de controle motor envolvidos na marcha humana avançam rapidamente. A

constante evolução nos métodos e técnicas de medição, disponibilizadas pelo avanço

tecnológico, permitem o acesso a diferentes comportamentos do sistema locomotor, de forma

mais precisa e com mais rapidez (DAVID, 2001).

O objetivo da locomoção humana é a progressão para frente de todo o corpo através do

espaço e esta progressão é feita a partir de deslocamentos sucessivos do Centro de Massa

(CM). Sendo assim, é de suma importância analisar a trajetória do CM, quando se deseja

entender os mecanismos da marcha humana.

O conhecimento de onde e como a força da gravidade atua sobre o corpo (e os seus

segmentos), é importante clinicamente para facilitar a movimentação, alterar cargas de

exercícios, equilibrar as partes do corpo e prevenir as quedas (SMITH; WEISS;

LEHMKUHL, 1997).

De fato, alguns estudos afirmam que uma maneira simples de compreender o

movimento é determinando o CM do indivíduo Viel (2001). Ainda neste contexto, variáveis

como velocidade e deslocamento do CM têm sido utilizadas como parâmetro avaliativo e

usado como indicador de desempenho, para técnicos e atletas (MOTA; CARPES;

ESTRÁZULAS, 2003).

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14

A piscina terapêutica tem sido constantemente utilizada nos processos de reeducação

da marcha. Os benefícios da Fisioterapia e do treinamento esportivo em ambiente aquático

tem sido amplamente divulgados, sendo crescente a preocupação em se estudar o

comportamento do movimento humano quando em interação com diferentes meios (RIBAS;

ISRAEL; MANFFRA; ARAÚJO, 2007).

Apesar do ambiente aquático (AA) estar sendo cada vez mais utilizado para

treinamento físico e nos processos de recuperação cinético-funcional, não há muita

informação sobre as alterações que este meio possa proporcionar na marcha (HAUPENTHAL

et al., 2005; BARELA et al., 2005; BARELA; DUARTE, 2005; MIYOSHI et al., 2004 e

GEHM et al., 2003) e, conseqüentemente, no deslocamento do CM.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo comparar a trajetória do Centro de Massa (CM)

durante a marcha humana em ambiente aquático (AA) com a trajetória do CM durante a

marcha humana em ambiente terrestre (AT).

1.2.2 Objetivos Específicos

Especificamente, pretende-se:

1. Identificar o padrão da trajetória do Centro de Massa durante a marcha humana nos

ambientes aquático e terrestre;

2. Identificar de que modo as características do ambiente aquático influenciam no

comportamento da trajetória do CM neste ambiente;

3. Estabelecer a relação entre trajetória do CM e as variáveis lineares que caracterizam a

marcha.

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15

1.3 JUSTIFICATIVA

O ambiente aquático vem sendo amplamente utilizado em programas de reabilitação e

condicionamento físico para um grande número de pacientes em tratamento.

Na área de medicina desportiva este fato fica mais evidente, pois as caminhadas

aquáticas são utilizadas como uma forma eficaz de condicionamento, bem como a prescrição

de exercícios de baixo impacto. O alívio de carga nas articulações torna esta atividade ideal

para a reabilitação, particularmente para aqueles pacientes que possuem lesões do aparelho

locomotor, para os quais as caminhadas na terra são contra-indicadas (BECKER; COLE,

2000). Para Silva Filho, Fernandes e Costa (2005), a necessidade de exercícios de baixo

impacto levou à procura por atividades corporais realizadas no meio líquido.

De acordo com ISRAEL; MANFFRA; RIBAS; ARAUJO, (2007) existe um grande

interesse no estudo do movimento humano dentro da água, uma vez que o meio já é utilizado

como de valor terapêutico na recuperação de atletas lesionados e até mesmo no treinamento

de atletas sadios, devido às diferentes propriedades mecânicas que a água oferece. A

avaliação do movimento de segmentos em imersão, em conjunto com as observações quanto à

patologia do paciente, são de extrema importância para acompanhar a validade do tratamento

proposto (INFANTINI; RODRIGUES, 2000).

O andar dentro da água, como um componente primordial e presente na maior parte

dos protocolos de Fisioterapia aquática, é pouco explorado na literatura em termos de

variáveis biomecânicas, dificultando, assim, a atuação dos fisioterapeutas e demais

profissionais envolvidos no processo de reabilitação. Desta forma, limita estes profissionais a

prescrever e orientar sem fundamentação a marcha nas rotinas de tratamento e estabelecer em

que fase do tratamento, o início do andar está realmente indicado (BRITO, 2003; SOUZA et

al., 2005 e HAUPENTHAL et al., 2005).

Como a marcha humana é descrita como uma seqüência de deslocamentos do CM,

torna-se imprescindível estudar o comportamento do CM para analisar sua eficiência. Dessa

forma, pode-se considerar que a tarefa motora que o SNC deve realizar ao longo da marcha é

manter o equilíbrio dinâmico controlando a trajetória do CM sob ação da força gravitacional

(ARAUJO; MANFFRA; RIBAS; NOHAMA, 2007). É através do estudo da trajetória do CM

na marcha humana que podemos inferir parâmetros como o equilíbrio, eficácia do movimento

e gasto energético

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Viel (2001) afirma que fica mais fácil compreender o movimento quando se determina

o CM do indivíduo. Quando o CM eleva-se em relação à base, a estabilidade dinâmica torna-

se melhor. Abaixar a posição do CM melhora o equilíbrio estático, mas reduz a capacidade de

equilíbrio dinâmico.

A determinação da massa, posição do centro de massa e momento de inércia dos

segmentos corporais são fundamentais para a construção de modelos do movimento humano

(SCARRONE et al., 2001).

Do ponto de vista do controle motor, os movimentos da marcha produzem um

movimento eficiente, controlando a trajetória do centro de gravidade (CG) e mantendo o

equilíbrio. Sendo assim, a análise das alterações da trajetória do CG no AA, em relação ao

ambiente terrestre (AT), pode auxiliar na compreensão das adaptações motoras em AA

(MANFFRA et al., 2007).

Ervilha, Duarte e Amadio (2001) afirmam que há uma grande quantidade de literatura

sobre exercícios realizados em meio aquático e dos efeitos fisiológicos de imersão; porém,

poucos estudos relacionando variáveis biomecânicas como, por exemplo, eletromiografia,

cinemetria, força de reação do solo e estimativas de momentos de força articular.

Apesar do grande interesse que o ambiente aquático vem despertando, ainda são

escassos os estudos nesta área, principalmente, os referentes à análise da marcha dentro da

água (HAUPENTHAL et al., 2005; BARELA et al., 2005; BARELA; DUARTE, 2005;

MIYOSHI et al., 2004 e GEHM et al., 2003) e menos ainda sobre a trajetória do CM neste

meio.

Brito (2003) ainda afirma que um dos motivos seria o custo dos equipamentos de alta

tecnologia que essas pesquisas necessitam na realização da parte experimental e a necessidade

de um espaço físico apropriado e metodologia específica. Para Haupenthal et al. (2005), a

carência de estudos nesta área pode ser atribuída à necessidade de uma instrumentação

adaptada a este tipo de estudo.

Apesar da crescente preocupação em se estudar o comportamento do movimento

humano quando em interação com diferentes ambientes, até nosso conhecimento pela

literatura consultada, não há estudo que relate a trajetória do CM durante a marcha em

ambiente aquático.

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17

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Neste documento, o capítulo 2 trata da revisão de literatura dos assuntos que norteiam

este estudo: a marcha humana, o estudo cinemático da marcha, o centro de massa, o ambiente

aquático e a marcha neste ambiente.

O capíulo 3 descreve os materiais e métodos utilizados nesta pesquisa, o que engloba o

modelo biomecânico empregado, toda a rotina de coleta de dados, desde a avaliação dos

sujeitos para a amostra, procedimento de coleta e análise dos dados, até a análise estatística.

No capítulo 4 estão descritos os resultados obtidos com esta pesquisa e no capítulo 5

são discutidos estes resultados em face dos dados disponíveis na literatura.

O capítulo 6 apresenta as considerações finais, bem como sugestões para trabalhos

futuros, referências bibliográficas e os anexos e apêndices que fazem parte deste estudo.

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18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MARCHA HUMANA

A locomoção humana não se resume a um único fenômeno, sendo um movimento de

estrutura complexa para análise e interpretação (SILVEIRA FILHO et al., 1997). A marcha

pode ser caracterizada, dentre as diversas formas de locomoção, como um movimento

voluntário, comum e cíclico, executado pelo homem diariamente (BRUNIERA; AMADIO,

1993; MELO et al., 1999).

Existem características na locomoção humana que permitem uma padronização do

movimento (BRUNIERA; AMADIO, 1993), embora se saiba que o andar sofra alterações

entre indivíduos e para um mesmo indivíduo em diferentes velocidades, de acordo com a sua

natureza morfológica, idade, tipo de atividade exercida, patologia, entre outros fatores

(MELO et al., 1999). De acordo com Vaughan, Davis, O’Connor (1992), a seqüência de

acontecimentos no corpo humano que resulta na marcha pode ser resumida em sete itens: (1)

registro e ação do andar através do comando do Sistema Nervoso Central; (2) transmissão dos

sinais para o sistema nervoso periférico; (3) contração dos músculos que desenvolvem a

tensão; (4) geração de forças e momentos sobre as articulações sinoviais; (5) regulação das

forças e momentos nas articulações pelos segmentos esqueléticos rígidos; (6) deslocamento

dos segmentos, buscando uma forma que forneça um andar funcional e (7) geração das forças

de reação no solo.

Um ciclo da marcha normal é composto pelos eventos que ocorrem desde o toque do

calcanhar de um dos membros inferiores até o toque deste mesmo calcanhar mais adiante

(ISHIDA, 1997). Um passo trata do início de um evento por um membro até o início de

mesmo evento com o membro contralateral e passada refere-se a um ciclo completo do andar,

que se refere ao início de um evento por um membro até o início do mesmo evento com o

mesmo membro (Figura 1). O toque do calcanhar é usualmente o evento que delimita o passo

ou a passada (PERRY, 2005).

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19

Figura 1-Representação do passo (contato do pé seguido do contato do pé contralateral) e da passada (intervalo entre dois contatos seqüenciais do mesmo pé) (PERRY, 2005).

Por convenção, utiliza-se o lado direito do corpo como referência e as fases do ciclo

básico da marcha são assim nomeadas: a fase de apoio é definida como a porcentagem do

ciclo em que o pé de referência está em contato com o solo, e a fase de balanço, pelo tempo

em que este está no ar, como mostra a Figura 2. A fase de apoio compreende o período entre o

toque do pé-calcanhar (0%) e o desprendimento dos dedos (62%); a fase de balanço ocorre

entre o desprendimento dos dedos (62%) e o segundo (ipsilateral) toque do pé (100%)

(SUTHERLAND; KAUFMAN; MOITOZA, 1998).

Figura 2 - Ciclo da marcha normal ilustrando os eventos e as fases do andar (adaptado de VAUGHAN; DAVIS; O’CONNOR, 1999).

As principais subdivisões das fases mostradas na Figura 2 descrevem as transições que

devem ocorrer durante uma passada.

A fase de apoio é subdividida em três períodos: (1) duplo apoio inicial, que marca o

início da marcha, indo do toque do pé até o desprendimento do pé oposto; (2) apoio simples,

que se inicia com desprendimento do pé oposto e vai até o toque deste pé no solo; (3) segundo

duplo apoio, que se inicia com toque do pé contralateral até o desprendimento do pé.

Fase de Apoio Fase de Oscilação

Resposta de carga

Apoio Final

Balanço Inicial

Balanço Terminal

Balanço Médio

DuploApoio Inicial

Segundo Duplo Apoio

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20

Seguindo a mesma nomenclatura, a fase de balanço também é dividida em três períodos: (1)

balanço inicial, que começa com o desprendimento inicial do pé e a perna é acelerada para

frente; (2) balanço médio - momento em que a tíbia do membro em balanço está

perpendicular ao solo e coincide com o período de apoio médio do membro contralateral; (3)

balanço terminal, que ocorre quando a perna se prepara para o próximo toque do pé na

superfície de contato e é o período de desaceleração do membro.

Além dessas variáveis (duração das fases de apoio e balanço), existem outras medidas

lineares do ciclo da marcha que são a cadência (número de passos em um intervalo de tempo -

passos/min), o comprimento do passo (distância entre os mesmos pontos de referência em

cada pé durante o duplo apoio) comprimento da passada (distância percorrida durante o tempo

de dois toques sucessivos do mesmo pé) e a velocidade da marcha (velocidade média atingida

depois de aproximadamente três passos, sendo expressa em m/s) (SUTHERLAND;

KAUFMAN; MOITOZA, 1998).

Os deslocamentos de todo o corpo no espaço são descritos como translacionais, mas a

marcha só é obtida pelos deslocamentos angulares dos vários segmentos do corpo em torno

dos eixos localizados próximos às articulações (INMAN; RALSTON; TODD, 1998). Os

deslocamentos angulares típicos do tornozelo, joelho e quadril no plano sagital durante um

ciclo da marcha, estão mostrados nas Figuras 3, 4, 5, respectivamente.

Figura 3-Ângulo do tornozelo durante um ciclo da marcha (adaptado de PERRY, 2005). A linha em negrito indica média. A linha superior indica a média mais o desvio padrão e a linha inferior a média menos o desvio padrão.

Ângulo do tornozelo

( º )

Porcentagem do Ciclo da Marcha

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Figura 4 - Ângulo do joelho durante um ciclo da marcha (adaptado de PERRY, 2005). O significado das linhas é o mesmo da Figura 3.

Figura 5-Ângulo do quadril durante um ciclo da marcha (adaptado de PERRY, 2005). O significado das linhas é o mesmo da Figura 3.

Para descrever os movimentos do corpo e principalmente para analisar a marcha, os

segmentos corporais são considerados corpos rígidos e são geralmente definidos, entre

inúmeros modelos existentes, como pé, perna, coxa, pelve, braços, cabeça e tronco. As

principais articulações entre os segmentos adjacentes incluem o tornozelo, joelho, quadril,

cotovelo e ombro. Mas na maioria das vezes somente os movimentos dos segmentos

inferiores são considerados na análise da marcha. Provavelmente, isto ocorre pelo fato que

funcionalmente os membros inferiores são os responsáveis pelo deslocamento do corpo

Ângulo do

joelho (º)

Ângulo do

quadril (º)

Porcentagem do Ciclo da Marcha

Porcentagem do Ciclo da Marcha

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(sistema locomotor) e os membros superiores são considerados como a unidade passageiro,

por serem carregados pelos membros inferiores, conforme ilustra a Figura 6 (PERRY, 2005).

Figura 6 -Divisão funcional do corpo em unidade passageiro caracterizada pelos membros superiores e unidade locomotora pelos membros inferiores (PERRY, 2005).

2.2 ESTUDO CINEMÁTICO DA MARCHA

A cinemática é a área da física que realiza a descrição do movimento de um corpo sem

se preocupar com as suas causas, ou seja, não considerando as forças atuando sobre ele. Na

análise cinemática da marcha ocorre a descrição do movimento do corpo como um todo e/ou

dos segmentos corporais em relação uns aos outros, observando o deslocamento angular dos

segmentos (NORKIN, 1993; RAMALHO JR., 1997).

As técnicas de medição biomecânica incluem os métodos, assim como os

procedimentos para processamento de dados como pré-requisitos em investigação científica.

Entre essas técnicas, tem-se a cinemetria, que se constitui em importante instrumento para a

observação e análise a partir das características do corpo em movimento e de seus indicadores

como posição, velocidade, ângulo e aceleração (COSTA; AMADIO, 1995).

Em geral, os sistemas de imagem são usados para localizar marcadores em espaço

tridimensional. Utilizando diversos marcadores para identificar segmentos corporais de

interesse, estes sistemas são capazes de determinar os deslocamentos lineares e angulares dos

segmentos e articulações do corpo em 3 dimensões durante atividades dinâmicas

(DURWARD et al., 2001).

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23

Na análise quantitativa cinemática da marcha humana, obtêm-se dados cinemáticos

lineares (movimentos de translação) e angulares (movimentos de rotação).

A cinemetria vem sendo utilizada desde quando era usada tecnologia de cinema ou

seqüências de fotografias (HARRIS; WERTSCH, 1994). Atualmente, porém, emprega-se o

registro em vídeo, considerando-se as vantagens eletrônicas definidas pelo processamento de

imagens, ou seja, baixo custo de operação, rápida representação de resultados, possibilidade

de ajustes e controle remoto da câmera, simples sincronização com dados de outras origens e

aplicabilidade em situações de competição (COSTA; AMADIO, 1995).

Usando este tipo de sistema, é possível obter dados digitais e estes podem ser

armazenados diretamente no computador para posterior apresentação e análise. Estes sistemas

usam tanto os marcadores ativos (ativas fontes de luz), quanto os passivos (refletores de luz),

para identificar a posição e a orientação dos segmentos do corpo (LEE; POLLO, 2001).

Entre os sistemas comerciais de análise, de imagem pode-se citar os sistemas óptico-

eletrônicos com avaliação de dados automática e digital, como o PEAK PERFORMANCE,

OLGA (On Line Graphic Analysis), OPTOTRAK com sensores ópticos adequados ao

processamento de imagens; VICON (Vídeo Converter for Biomechanics) e ELITE (Elaborate

di Immagini Televisive) com sistemas de varredura automática de TV; SELSPOT (Selective

Light Spot Recognition) baseado no efeito lateral de diodos; CODA (Cartesian Optoeletronic

Dynamic Anthropometer) baseado em laser, DEGEEME e SIMM (Software for Interactive

Musculoskeletal Modeling) que utilizam imagens de filmadoras e marcação manual dos

pontos (COSTA; AMADIO, 1995).

2.3 CENTRO DE MASSA (CM)

De forma simplista, pode-se afirmar que o Centro de Gravidade é o ponto de aplicação

da força peso. Os termos Centro de Massa e Centro de Gravidade podem ser usados de forma

equivalente, pois a força gravitacional pode ser considerada constante na análise do

movimento humano.

O centro de massa é um ponto teórico cuja localização muda de instante a instante

durante um movimento. A mudança na posição do centro de massa resulta de posições que se

modificam rapidamente nos segmentos do corpo durante o movimento (HAMIL; KNUTZEN,

1999). Qualquer alteração em relação à posição anatômica faz com que o CM se desloque.

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Por exemplo, se os braços forem dobrados sobre o tórax ou elevados acima da cabeça, o

centro de gravidade sobe.

O centro de gravidade relativamente alto nos seres humanos coloca a pessoa ereta em

uma posição de equilíbrio instável. Assim, apenas uma pequena força é necessária para iniciar

a marcha. A queda do corpo é prevenida por um sistema neuromuscular intacto e automático,

que coloca uma base de suporte (a perna estendida) embaixo do centro de gravidade. Assim, a

marcha humana pode ser descrita como uma seqüência de perturbar e capturar o centro de

gravidade (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).

Segundo Eames, Cosgrove e Baker (1999), a marcha consiste da translação do centro

de gravidade horizontalmente e a ação muscular deve desempenhar uma força horizontal para

mover este centro e uma força vertical para prevenir que o corpo caia devido ao efeito da

gravidade. Um conceito importante a ser compreendido é de que o deslocamento suave do

centro de massa do corpo é essencial para a marcha eficiente. Para que isso ocorra é

necessária uma ação muscular, havendo consumo de oxigênio tanto para iniciar quanto para

manter a marcha. A fim de que os movimentos do centro de massa sejam suaves e a marcha

eficiente, os movimentos dos membros inferiores e, em menor extensão, dos membros

superiores, devem apresentar trajetórias coordenadas de forma otimizada (ROSE E

GAMBLE, 1998).

Conforme os membros direito e esquerdo alternam seus papéis de suporte, o corpo

precisa mover-se. Os membros alternam o alinhamento vertical entre duplo apoio e apoio

simples, levando a uma mudança na altura da pelve, o que faz a massa do corpo se deslocar

para cima e para baixo (PERRY, 2005). O objetivo da locomoção humana, segundo Tucker et

al. (1998) é a progressão para frente de todo o corpo através do espaço, enquanto que os

movimentos dos segmentos individuais são para manter deslocamentos mínimos do CG, nas

direções vertical e lateral.

Há muitos movimentos do esqueleto durante a locomoção normal que se destinam ao

objetivo de atenuar as subidas e descidas do centro de gravidade, a fim de fazê-lo descrever

uma curva aproximadamente senoidal o mais suave possível.

A trajetória do centro de gravidade é imposta pela alternância de pés separados com

duplo contato (ponto baixo) e apoio unipodal (ponto alto). O ponto mais alto é observado ao

redor de 18% do ciclo da marcha (o tronco passa na vertical durante contato unipodal), sendo

o ponto baixo observado ao redor de 48% do ciclo, no momento de duplo contato (VIEL,

2001). A diferença da altura na trajetória do CM seria de aproximadamente 9,5 cm se

nenhum mecanismo compensatório fosse realizado. Elevar repetidamente o corpo nessa

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distância tornaria-se rapidamente exaustivo. No entanto, ocorrem ações compensatórias para

minimizar o movimento do CM (PERRY, 2005).

Tais ações consistem em seis padrões de movimento, chamados determinantes da

marcha, que minimizam o deslocamento em relação à linha de progressão (Figura 7) e

reduzem o esforço muscular durante a marcha (PERRY, 2005). Para Inman, Ralston e Todd

(1998) este deslocamento vertical é cerca de 5cm nas velocidades usuais da marcha, já para

Gard, Miff e Kuo (2004) variam entre 2,4 e 3,4cm. Hahn e Chou (2004) encontraram

deslocamento de 3,9cm na velocidade de 1,3m/s.

Figura 7-Trajetória normal do CM durante a marcha e seu deslocamento em relação à linha de progressão (PERRY, 2005)

O primeiro determinante é a rotação pélvica de 4º para cada lado do eixo central, um

total aproximado de 8º, que ocorre nas fases de duplo apoio, fazendo com que o comprimento

da passada aumente e o ponto mais baixo da trajetória do CM seja elevado. O segundo

determinante é a inclinação pélvica de 4º a 5º (Figura 8), onde a pelve cai para o lado da perna

em oscilação. Esta queda é controlada pelos abdutores do quadril (glúteo médio e mínimo) da

perna de apoio. Como o Centro de Massa (CM) está no ponto médio entre os quadris, a curva

da trajetória diminui sua amplitude, reduzindo sua elevação máxima do solo durante o apoio

simples (LEHMANN; LATEUR, 1994, ROSE; GAMBLE, 1998).

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26

Figura 8 - Inclinação ou queda pélvica, segundo determinante da marcha para minimizar deslocamento do CM (PERRY, 2005).

A flexão do joelho de aproximadamente 15º que acontece na fase de apoio médio, é o

terceiro determinante. O joelho é estendido durante o contato inicial do calcanhar, fletido a

15º no período de apoio médio e estendido novamente na fase de impulsão. Isto reduz com

eficácia o comprimento da perna durante o apoio médio, quando o CM atinge seu ponto mais

alto da trajetória (LEHMANN; LATEUR, 1994, ROSE; GAMBLE, 1998).

O quarto e o quinto determinantes estão relacionados aos mecanismos do joelho e

tornozelo (Figura 9). Conforme o membro de apoio recebe a carga, a combinação do aumento

da flexão plantar do tornozelo (Figura 3) e da flexão do joelho (Figura 4) diminui o ritmo de

elevação do corpo e parte da resposta à carga torna-se mais vertical pelo rolamento anterior do

calcanhar. Seguindo o contato do antepé com a superfície de apoio, o avanço do membro

continua com a dorsiflexão do tornozelo enquanto o joelho aumenta sua flexão. No momento

em que a tíbia está verticalizada no final da fase da fase de apoio inicial, o joelho flete 15º.

Figura 9 – Quarto e quinto determinantes, denominados mecanismo do joelho e tornozelo para minimizar deslocamento do CM (PERRY, 2005)

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27

O sexto determinante consiste no movimento do centro de gravidade no plano

horizontal, na direção látero-lateral (Figura 10). Para manter a estabilidade, o centro de

gravidade é deslocado para o membro de sustentação. O valgo anatômico normal do joelho

coloca os pés mais perto da linha média, levando a um menor desvio lateral. A largura

anatômica entre as articulações dos quadris é de aproximadamente 20 a 25 cm. A largura do

passo normal é de 8 cm. Conforme o membro recebe a carga, existe um leve aumento no

valgo do joelho, o que move o CM para mais perto do pé de apoio. Como resultado, a

trajetória do CM descreve uma curva senoidal suave tanto no plano sagital quanto no

transverso (LEHMANN; LATEUR, 1994, ROSE; GAMBLE, 1998, PERRY, 2005).

Figura 10 – Sexto determinante da marcha denominado mecanismo do deslocamento lateral para minimizar deslocamento do CM (PERRY, 2005)

A trajetória do Centro de Massa do corpo é comumente investigada em estudos sobre

a postura e o equilíbrio (CHOU et al., 2001, LENZI; CAPELLO; CHIARI 2003, LAFONDI;

DUARTE; PRINCE, 2003, MOCHIZUKI E AMADIO, 2003).

Segundo Mochizuki e Amadio (2003), a trajetória do CM representa tradicionalmente

a oscilação natural que o corpo apresenta quando está na postura ereta, o que é denominada de

balanço postural. O estudo da trajetória do Centro de Massa do corpo humano é realizado para

compreender os mecanismos de controle postural em diferentes ações motoras. Essa variável

é tradicionalmente associada ao movimento do Centro de Pressão (CP) (obtido através da

interação das forças de reação do solo com o apoio do corpo humano no chão) para se estudar

os movimentos associados ao controle do corpo em relação à base de apoio e equilíbrio

(MOCHIZUKI; AMADIO, 2003).

A projeção vertical do CM representa uma variável de interesse que caracteriza a

posição e movimento do corpo em relação à base de suporte, e é considerada como uma

variável de controle do sistema de equilíbrio (LENZI; CAPPELLO; CHIARI,2003).

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Gard, Miff e Kuo (2004) num estudo sobre a comparação de três métodos de

determinação da trajetória vertical do CM, relacionaram o padrão da trajetória do CM com o

tamanho da passada e a velocidade da marcha. Eles demonstraram que o método de análise

segmentar e o método da plataforma de força forneceram resultados muito semelhantes para

cálculo da excursão vertical do CM em todas as velocidades e também afirmaram que quanto

maior o comprimento da passada e a velocidade, maior a excursão vertical do CM, conforme

pode-se visualizar na Figura 11.

Figura 11- Excursão vertical do CM em diferentes velocidades, calculado por três métodos diferentes: Análise Segmentar, Plataforma de força e Marca Sacral (adaptado de GARD, MIFF e KUO, 2004)

A velocidade do CM e sua localização em relação à base de suporte, são identificados

como fatores importantes na manutenção do equilíbrio. O preciso controle da trajetória do

CM e sua coordenação com o centro de pressão do pé de apoio são importantes para a

manutenção de toda a estabilidade dinâmica do corpo e para suportar as exigências dinâmicas

Velocidade = 0,8m/s Velocidade = 1,2m/s

Velocidade = 1,6m/s Velocidade = 2m/s

Tempo (% passo) Tempo (% passo)

Tempo (% passo) Tempo (% passo)

Exc

ursã

o V

erti

cal (

cm)

Exc

ursã

o V

erti

cal (

cm)

Exc

ursã

o V

erti

cal (

cm)

E

xcur

são

Ver

tica

l (cm

)

Análise Segmentar Plataforma Força Marca Sacral

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29

nas articulações dos membros de apoio na necessidade de transpor obstáculos (CHOU et al.,

2001).

Em um estudo de Chou et al. (2001) com 6 adultos jovens para investigar o efeito da

altura dos obstáculos na trajetória do CM do corpo humano, estes foram instruídos a caminhar

livremente e tiveram que passar por cima de objetos de diferentes alturas. Para análise dos

dados, foram selecionados parâmetros como a amplitude de deslocamento do CM nas três

direções e a velocidade do CM. Como resultado dessa pesquisa, os autores puderam verificar

que transpor obstáculos altos resultou em um aumento significativo na amplitude da trajetória

do CM nas direções antero-posterior e vertical, em um aumento da velocidade do CM na

direção vertical e uma maior distância antero-posterior entre o CM e CP. Em contrapartida, o

movimento do CM na direção médio-lateral não foi significativamente afetado.

Chou et al. (2003) compararam o movimento do CM na direção médio-lateral em

idosos sadios e idosos com distúrbio vestibular, ao transpor obstáculos durante a marcha.

Eles sugerem que o exame da trajetória do CM do corpo pode ser uma valiosa ferramenta na

avaliação de pacientes com distúrbios de equilíbrio. Informações sobre a habilidade individual

de controlar a trajetória do CM durante a passagem de obstáculos, permite identificar riscos

de desequilíbrios e quedas. Como resultado, puderam verificar que idosos com distúrbios

vestibulares mostraram um significativo aumento na amplitude e na velocidade do CM na

direção médio-lateral (Figura 12), apresentando uma trajetória assimétrica e muito diferente

dos idosos sadios, o que reflete na maior dificuldade de se manter uma estabilidade dinâmica

no plano frontal. De acordo com estas curvas, é possível visualizar que os idosos com

distúrbio vestibular não conseguem manter um padrão normal de controle da trajetória do

CM, quando vão transpor obstáculos.

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Figura12-Trajetória e velocidade típicas do CM na direção médio-lateral. Linha cheia representa idosos sadios e a linha pontilhada representa idosos com distúrbio vestibular (adaptado de CHOU et al., 2003).

O mecanismo de caminhada pode ser comparado a um sistema de pêndulo invertido.

A cada passo o CM está localizado sucessivamente atrás ou na frente do ponto de contato do

pé com o solo. Quando o CM se localiza atrás do ponto de contato, o toque do pé com o solo

provoca um movimento de desaceleração, um decréscimo da energia cinética, uma elevação

vertical do CM e um aumento da energia potencial, pois parte dessa energia cinética, devido à

velocidade de início é convertida em energia potencial gravitacional. Quando o CM se

desloca para frente do ponto de contato com o solo, o contato com o solo leva a uma redução

da altura do CM e um aumento da velocidade inicial. Parte da energia potencial gravitacional,

agora é convertida novamente em energia cinética, como no mecanismo do pêndulo.

Entretanto, o corpo humano não é um sistema ideal de pêndulo sem atrito, e as energias

cinética e potencial não são perfeitamente conservadas e o máximo de troca é de

aproximamente 65% (CAVAGNA; ZAMBONI, 1976 apud DETREMBLEUR et al., 2004).

Outros estudos relacionam o aumento do gasto energético durante a marcha a uma

anormalidade de movimentação dos membros inferiores que alteram a deslocamento

idealmente senoidal suave do CM, alterando a eficiência do mecanismo de pêndulo da marcha

(TESIO; LANZI; DETREMBLEUR, 1998, DETRERMBLEUR et al., 2004).

% ciclo da marcha

Vel

ocid

ade

M-L

CM

(cm

/s)

Tra

jetó

ria

M-L

(cm

)

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31

O centro de massa é usualmente determinado com auxílio da cinemetria e de um

modelo de segmentos corporais (WINTER, 2005, LAFOND; DUARTE; PRINCE, 2003,

DETREMBLEUR et al., 2004). As coordenadas de cada segmento corporal e a distância entre

os marcadores (correspondendo ao tamanho de cada segmento) são registradas. A partir

dessas distâncias e de um modelo antropométrico adequado (WINTER, 2005), pode-se obter a

localização do centro de massa de cada segmento corporal.

Esta quantificação da trajetória do CM necessita de uma modelagem do corpo como

um sistema de segmentos corporais e da determinação precisa da posição e orientação

espacial de cada segmento, através de pontos anatômicos identificados no espaço pelo sistema

de imagens (TUCKER et al.,1998; RABUFFETTI; BARONI, 1999). Parâmetros de

segmentos corporais são tipicamente derivados de medidas indiretas e/ou de dados

previamente publicados baseados na altura e peso do sujeito (LENZI; CAPPELLO; CHIARI,

2003).

Segundo Hamil e Knutzen (1999), esta abordagem é chamada de método segmentar e

utiliza as coordenadas horizontal e vertical, a partir de dados digitalizados e de dados

antropométricos dos segmentos, para analisar um segmento por vez e, então, calcular o centro

de massa corporal total.

A quantidade de segmentos corporais utilizada em cada estudo depende do modelo

antropométrico escolhido. Tucker et al. (1998) utilizaram 11 segmentos (pés, pernas, coxas,

braços, pelve, tronco e cabeça); Chou et al. (2001) e Lafond, Duarte e Prince (2003) usaram

13 segmentos, sendo que 4 segmentos representando os membros superiores, 6 segmentos os

membros inferiores, 1 a pelve, 1 o tronco e 1 a cabeça; já Lenzi, Cappello e Chiari, (2003)

utilizaram 4 segmentos corporais (CBT- representando um único segmento que liga cabeça,

braços e tronco, seguido de coxa, perna e pé). Já Detrembleur et al. (2004) realizaram seus

estudos com 7 pontos, referentes a 6 segmentos (cabeça do quinto metatarso, maléolo lateral,

côndilo lateral, trocanter maior, crista ilíaca, sacro e acrômio). Rabuffetti e Baroni (1999) em

seus estudos, usaram 2 modelos antropométricos: o primeiro com 4 pontos fixados na pelve e

o segundo com 16 segmentos corporais.

Segundo Benda et al. (1994) apud Lenzi, Capelo e Chiari (2003) o método cinemático

de segmentos rígidos com o sistema de análise de movimento é considerado o mais fidedigno

método de estimação do CM e é freqüentemente referenciado como padrão ouro para

validação e comparação.

O método cinemático é baseado diretamente na definição do CM. Para realização

deste método, é necessário um modelo antropométrico preciso e a descrição cinemática de

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cada marcador posicionado especificamente proximal ou distal nas estruturas ósseas. A

exatidão da localização do CM é relacionada a parâmetros inerciais de massa precisos,

provenientes da posição do CM e fração de massa de cada segmento do modelo escolhido

(LAFOND; DUARTE; PRINCE, 2003).

2.4 AMBIENTE AQUÁTICO

Com a evolução dos tratamentos, a Hidroterapia tornou-se uma modalidade

terapêutica amplamente aceita e utilizada pelos fisioterapeutas. Constitui-se como elemento

essencial do processo de reabilitação sendo dirigida também para a prática de exercícios

aquáticos com a finalidade de obtenção de cura, prevenção e bem-estar.

Sabe-se que a água possui propriedades físicas que influenciam diretamente no

tratamento dos pacientes. Quando os fisioterapeutas fazem uso da piscina terapêutica devem

conhecer as propriedades, efeitos físicos e fisiológicos da água em relação ao corpo em

imersão total e parcial, em repouso e em movimento, para que possa utilizar adequadamente

este meio (INFANTINI; RODRIGUES, 2000).

A pressão hidrostática obtida pela Lei de Pascal é definida como a força exercida por

unidade de área, em que a força atua perpendicularmente à área de superfície, e é exercida

igualmente sobre toda área da superfície de um corpo imerso em repouso, em uma certa

profundidade (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 1997). A pressão em um líquido aumenta com

a profundidade e está diretamente relacionada com a densidade do fluido.

Do ponto de vista fisiológico, pode-se considerar que a pressão hidrostática oferece

uma certa “contenção” articular, favorece ao ortostatismo e à marcha dos indivíduos em

imersão (INFANTINI; RODRIGUES, 2000).

Como conseqüência da pressão hidrostática, tem-se a força de empuxo que atua na

direção oposta à força da gravidade, sendo gerada pelo volume de água deslocado, e surge do

fato de que a pressão em um fluido aumenta com a profundidade (MUNSON; YOUNG;

OKIISHI, 1997). Segundo o Princípio de Arquimedes, quando um corpo está imerso

completamente ou parte dele em um líquido em repouso, ele sofre uma força para cima, igual

ao peso do líquido deslocado por ele.

De forma similar ao peso, pode-se considerar que a força de empuxo está aplicada em

um ponto do corpo: o centro de flutuação (CF). O CF localiza-se na centróide de volume do

corpo imerso. Quando o CG e o CF estão na mesma linha vertical e possuem a mesma

magnitude, o corpo está em equilíbrio estático e, quando isso não acontece, o resultado é uma

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força rotacional. Esse momento de força é determinado pelo deslocamento horizontal entre os

dois centros e pela diferença de magnitude dos vetores entre a força ascendente no centro de

flutuação e a força descendente no centro de gravidade (BECKER; COLE, 2000).

A flutuação, então, é a capacidade de um corpo manter-se à superfície da água,

resultando da interação entre a força da gravidade e o empuxo. Quanto maior o volume do

corpo imerso na água, maior será o empuxo aplicado ao corpo (DEGANI, 1998). Devido ao

empuxo, a água pode ser utilizada laboratorialmente para simular a ausência de gravidade e

pode ser utilizada de maneira vantajosa para reabilitação, quando se necessita de ausência de

carga (BECKER; COLE, 2002).

De acordo com Bates e Hanson (1998), a flutuabilidade diminui as forças

compressivas nas articulações e muitos indivíduos que não podem suportar muito peso numa

determinada articulação podem, desta forma, fazer o uso de músculos que não estão sendo

utilizados em terra e também aumentar a capacidade de realização de movimentos.

Conforme Kruel et al. (1995), quanto maior o nível de imersão, menor será o impacto

a que uma articulação estará submetida quando realiza um determinado exercício, diminuindo

assim o estresse articular. Eles demonstraram redução do percentual médio do peso

hidrostático de 46% ao nível do quadril e de 70% ao nível do processo xifóide. Brito et al.

(2004) em uma pesquisa sobre a quantificação da força vertical de reação do solo em

ambiente aquático, quando compararam os valores da água com os valores em solo, obtiveram

uma redução em torno de 15% para o nível de imersão correspondente a próximo do joelho e

de 57% para o nível próximo do quadril.

Além do empuxo, outra força que influencia o deslocamento na água é o arrasto que

tenderá a se opor ao movimento relativo entre um objeto e o fluido (MUNSON; YOUNG;

OKIISHI, 1997). A força de arrasto é resultado do atrito viscoso e da turbulência.

A viscosidade é uma medida da fricção interna entre as camadas das moléculas de um

fluido ou a resistência de um fluido a forças de cisalhamento (MUNSON; YOUNG;

OKIISHI, 1997). A resistência viscosa aumenta proporcionalmente a velocidade ao quadrado

relativa entre objeto e o fluido.

Quando a água move-se continuamente, com todas as linhas de correntes paralelas,

diz-se que a água está em fluxo laminar (Figura 13a). Normalmente, as taxas de fluxo laminar

são lentas, pois quando a água se move rapidamente, até mesmo as menores oscilações criam

um fluxo irregular e os caminhos paralelos são desviados do alinhamento. Quando esta última

condição ocorre, desenvolve-se um outro tipo de padrão, chamado fluxo turbulento (Figura

13b); neste, as linhas de correntes não são paralelas e há formação dos redemoinhos ou

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vórtices numa região denominada esteira (posterior ao corpo) (MUNSON; YOUNG;

OKIISHI, 1997). O coeficiente de arrasto de um corpo em movimento na água é muito maior

para um fluxo turbulento, pois a propulsão do corpo e a velocidade e o modo de execução do

movimento gera o fluxo turbulento, aumentando a resistência ao seu movimento.

(a) (b)

Figura 13- (a) Fluxo Laminar, (b) Fluxo Turbulento (HAMILL e KNUTZEN, 1999).

A forma como o corpo está posicionado em relação à correnteza determina o

coeficiente de arrasto, relacionado à turbulência. Deste modo, a resistência ao movimento

depende da velocidade e da forma do objeto (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 1997). As

forças de arrasto são uma combinação de arrasto viscoso e arrasto de pressão. O cálculo da

força total de arrasto em um corpo rígido é dado pela equação,

FA = ½ ρ · A ·CA ·v2 (1)

onde ρ é a densidade do fluído, A é a área de secção transversal do corpo, CA é o

coeficiente de arrasto e v é a velocidade do corpo em movimento em relação ao líquido. A

densidade da água, a secção transversal e a velocidade do corpo podem ser medidos

diretamente. O coeficiente de arrasto é um parâmetro crítico e depende da forma do corpo,

rugosidade da superfície e do tipo de fluxo laminar ou turbulento (MUNSON; YOUNG;

OKIISHI, 1997).

Quando se analisa a equação da força de arrasto, pode-se observar que a resistência

aumenta com o quadrado da velocidade do corpo. Então, quanto maior a velocidade, maior é a

resistência ao movimento, quanto mais denso o fluído, maior a dificuldade de realização do

movimento e a resistência ao movimento também aumenta com o aumento da área frontal do

corpo (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 1997).

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35

A viscosidade e a turbulência são propriedades que tornam a água um meio útil para

fortalecimento muscular.

2.5 MARCHA EM AMBIENTE AQUÁTICO

O andar na água apresenta diferentes características quando comparado com a marcha

em ambiente terrestre. Isto acontece devido às propriedades já descritas. A densidade maior

da água junto com a força de empuxo, reduz o efeito da gravidade, facilitando o equilíbrio e a

permanência do indivíduo em ortostase. Em contrapartida, exige maior força propulsiva do

aparelho locomotor para vencer as forças de resistência, como a turbulência e o arrasto

(ERVILHA, 1999).

Infantini e Rodrigues (2000) afirmam que a marcha dentro da água apresenta

características que diferem da marcha em solo, principalmente, no que diz respeito à

amplitude de movimento das articulações dos membros inferiores durante as fases da marcha

e que se acentuam com o aumento da velocidade do movimento realizado.

De acordo com Skinner e Thompsom (1985), após uma lesão ou processo cirúrgico, o

paciente pode ficar em pé e iniciar treinamento da marcha e exercícios de fortalecimento

dentro da água, antes de executá-los fora.

Haupenthal at al. (2005) em um estudo com 6 voluntários sobre a força de reação do

solo na corrida em ambiente aquático, constataram velocidade média de corrida em ambiente

aquático de 0,80 m/s, que é bem menor do que a velocidade de corrida realizada em terra que

foi de 3,0 m/s e relacionaram este fato à maior resistência fornecida pela água durante o

movimento. Estes mesmos autores também observaram redução para menos da metade, de

componente vertical da força de reação do solo, em ambiente aquático. Apesar da força de

reação do solo ser reduzida à metade, para correr na água, o indivíduo necessita vencer a

maior resistência deste ambiente. Assim, este exercício torna-se um importante método

alternativo de condicionamento, porque com menor carga imposta às estruturas consegue-se

treinar de forma semelhante o sistema cardiovascular.

Para Haupenthal et al. (2005), o paciente que ainda não possui a capacidade de correr

em terra devido a um acometimento osteomioarticular, pode encontrar na água um meio

eficaz de manter o condicionamento físico ou acelerar o processo de recuperação com a

corrida em ambiente aquático.

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Dulcy (1988) observou que ocorre uma redução aparente do peso corporal, secundário

ao efeito de redução da ação da gravidade, com conseqüente diminuição da magnitude das

forças internas nas estruturas músculo-esqueléticas, possibilitando o início precoce de

atividades na água em relação à terra. Isso, por sua vez, acelera o processo de reabilitação,

diminuindo o tempo e os custos com o tratamento, e também prevenindo possíveis riscos de

prejuízos aos procedimentos cirúrgicos na fase pós-operatória.

De acordo com Charness (1993) a água aquecida estimula a consciência da

movimentação das partes do corpo. As propriedades de apoio da água dão ao paciente mais

equilíbrio e maior estabilidade ao tronco. Os estímulos vestibulares ajudam a melhorar a

resposta de equilíbrio, pela estimulação dos músculos antigravitacionais localizados nos

membros inferiores.

Através da comparação de aspectos espaço-temporais e cinemáticos da marcha de 5

adultos sadios com idade média de 26,6 anos em ambiente terrestre e, em dois níveis de

imersão em ambiente aquático (nível da crista ilíaca e nível do processo xifóide), Barela et al.

(2005) puderam verificar que os sujeitos andaram em menor tempo no ambiente terrestre do

que no ambiente aquático, porém, não houve diferença de tempo entre os dois níveis de

imersão. A velocidade da passada foi maior no ambiente terrestre, sem diferença entre os

níveis de imersão. Os sujeitos andaram com uma cadência duas vezes mais alta no ambiente

terrestre, comparado aos dois níveis de imersão. Com uma plataforma de força subaquática

embutida em uma passarela, verificaram que a redução do peso corporal aparente foi maior no

nível do processo xifóide em ambiente aquático. Os resultados desse trabalho estão resumidos

na Tabela 1.

Tabela 1-Média (± desvio padrão) das variáveis espaço-temporais da passada durante a marcha no ambiente terrestre (AT), ambiente aquático, nível da crista ilíaca (AA-CI) e ambiente aquático, nível do processo xifóide (AA-PX) e da redução do peso corporal aparente (PCA) (obtidos por BARELA et al., 2005).

AT AA-CI AA-PX

Duração (s) 1,0±0,1 2,2±0,1 2,5±0,4

Comprimento (m) 1,3±0,2 1,1±0,1 1,1±0,2

Velocidade (m/s) 1,4±0,1 0,5±0,02 0,4±0,03

Cadência (passos/s)

2,1±0,2 0,9±0,05 0,8±0,1

Redução PCA (%)

47±1 60±2

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Em uma pesquisa com 8 voluntários visando quantificar os momentos articulares do

tornozelo, joelho e quadril durante a fase de apoio da marcha em ambiente aquático (nível

axilar de imersão) em comparação com ambiente terrestre, Miyoshi et al. (2003) constataram

uma diminuição significativa dos 3 momentos articulares na água em comparação com o

ambiente terrestre. Neste mesmo estudo, eles não constataram nenhuma mudança significativa

na amplitude de movimento e no padrão de movimento do quadril e do tornozelo, entre os

meios aquático e terrestre. Entretanto, o joelho apresentou padrão de movimento na água

diferente do que na terra, com a amplitude de movimento diminuindo significativamente no

meio e no final da fase de apoio.

Gehm et al. (2003), em uma pesquisa com 9 indivíduos, utilizando a cinemetria para

análise cinemática da marcha em ambiente aquático com nível da água na altura do processo

xifóide, puderam verificar: comprimento da passada e fase de apoio maior na água do que na

terra, velocidade média menor em ambiente aquático, acelerações e desacelerações angulares

da coxa maiores na terra do que na água, velocidade angular do tornozelo na fase de

acomodação do pé ao solo é maior na terra do que em ambiente aquático e amplitude angular

do tornozelo na fase de propulsão maior na água do que em ambiente terrestre. Os autores

relacionaram o aumento da duração da fase de apoio em ambiente aquático ao aumento no

comprimento da passada e a diminuição na velocidade de execução da marcha. Os resultados

aproximados, disponíveis desta pesquisa estão relacionados na Tabela 2.

Tabela 2-Valores aproximados das variáveis: comprimento da passada, duração da fase de apoio e velocidade média em AA e AT (obtidos por GEHM et al., 2003).

AA AT

Comprimento Passada (m) 1,2m 0,8m

Duração Fase Apoio (%) 56% 49%

Velocidade Média (m/s) 0,25m/s 0,4m/s

Miyoshi et al. (2004), em um estudo com 15 sujeitos do sexo masculino, sobre as

diferenças no padrão da marcha dentro da água no nível axilar e em solo, obtiveram como

principais resultados: uma diminuição significativa do componente vertical da força de reação

do solo em meio aquático, a componente antero-posterior da força de reação do solo

apresentou somente direção anterior em quase toda fase de apoio durante a marcha em meio

líquido. Os autores não constataram diferenças nos deslocamentos angulares das articulações

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do quadril e tornozelo, mas a articulação do joelho apresentou menor amplitude na água em

relação à terra, todos os momentos articulares foram significativamente menores no meio

aquático, o quadril manteve-se predominantemente em extensão em quase toda a fase de

apoio no meio líquido e a atividade eletromiográfica dos músculos gastrocnêmio medial e

bíceps femural foi maior com o aumento da velocidade nos dois ambientes, entretanto, o tibial

anterior e o reto femoral não apresentaram esta tendência.

Kruel et al. (1995) concluíram que quanto maior a profundidade de imersão do corpo,

maior a redução do peso hidrostático e Brito et al. (2003), em um estudo comparativo

utilizando uma plataforma de força subaquática, para análise da marcha humana em ambiente

aquático e no solo, obtiveram redução percentual média de 33,41% da taxa de aceitação de

peso, quando os sujeitos realizaram marcha no nível do joelho e redução percentual média de

78,58% quando os sujeitos estavam imersos no nível do quadril.

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39

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão descritos os procedimentos metodológicos que guiaram esta

pesquisa. Inicialmente, será apresentado o modelo utilizado e depois as informações

referentes à população, coleta de dados e os instrumentos de medidas.

3.1 MODELO BIOMECÂNICO E CÁLCULO DO CM

Neste estudo, utilizou-se um modelo bidimensional de quatro segmentos adaptado de

Winter (2005) (Figura 14). Os membros superiores e o tronco são representados como um

único segmento denominado CBT (cabeça, braços e tronco), e o membro inferior dividido em

três segmentos: coxa, perna e pé.

Perna

Coxa

Cabeça-Braços-Tronco

Cabeça do 5o

Metatarso

MaléoloLateral

CôndiloFemoral

TrocânterMaior

Acrômio

Perna

Coxa

Cabeça-Braços-Tronco

Perna

Coxa

Cabeça-Braços-Tronco

Cabeça do 5o

Metatarso

MaléoloLateral

CôndiloFemoral

TrocânterMaior

Acrômio

Cabeça do 5o

Metatarso

MaléoloLateral

CôndiloFemoral

TrocânterMaior

Acrômio

Figura 14: Modelo biomecânico bidimensional de 4 segmentos adotado neste trabalho

x

y

0

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Os segmentos são delimitados por pontos definidos no modelo biomecânico (Quadro

1), que são localizados em estruturas anatômicas (WINTER, 2005). Todos os pontos estão

referenciados a um mesmo sistema de coordenadas.

Quadro 1-Referências anatômicas correspondentes aos pontos do modelo biomecânico

(x1, y1)

Cabeça do quinto metatarso

(x2, y2)

Maléolo Lateral

(x3, y3)

Côndilo Femural

(x4, y4)

Trocânter Maior

(x5,y5)

Acrõmio

O CM do corpo é calculado a partir dos CM de cada segmento, como ilustra a Figura

15. Sendo os CM de cada segmento, obtidos a partir das coordenadas dos marcadores

localizados nas estruturas anatômicas de referência e de dados antropométricos fornecidos no

Quadro 2 (WINTER, 2005).

Quadro 2-Dados Antropométricos (adaptada de WINTER, 2005). Sendo que DF é a distância do CM do

segmento em relação a uma das extremidades do segmento, expressa como fração do comprimento do segmento

DF

Segmento Definição Massa do

Segmento/ Massa Total

do Corpo

Proximal Distal

Pé Maléolo Lateral- Cabeça 2º Metatarso

0,0145 0,50 0,50

Perna Côndilo Femoral- Maléolo Lateral

0,0465 0,433 0,567

Coxa Trocânter Maior- Côndilo Femoral

0,100 0,433 0,0567

CBT (Cabeça, Braços e Tronco)

Trocânter Maior- Articulação Glenoumeral

0,678 0,626 0,374

.

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A figura 15 ilustra o cálculo do CM da coxa (CMC). A distância (d) da localização do

CM é obtida através do produto de DF que é a posição do Centro de Massa em relação ao

comprimento do segmento (coxa) retirado da Tabela 3, pela medida do tamanho do segmento

coxa (LC) obtido a partir das coordenadas (x3, y3) e (x4,y4). O ponto distal foi utilizado como

referência para cálculo de todos os segmentos.

Para exemplo dos cálculos do Xc e Yc, tem-se:

cdxX C θcos4 −= (2)

cdsenyYC θ−= 4 , (3)

onde θc é o ângulo do segmento da coxa com a horizontal.

Então, para o cálculo da posição do CM de todo o corpo, utiliza-se a média das

coordenadas dos CM, ponderada pelas massas dos segmentos:

(4)

(5)

Onde:

• xCM e yCM são as coordenadas do CM no plano sagital;

• xCBT, yCBT, xC, xC, xp, yp, xPE, yPE são as coordenadas dos CM do CBT, coxa,

perna e pé respectivamente;

CMCBT (XCBT, YCBT)

CMC (XC, YC)

CMP (XP, YP)

CMPé (XPé, YPé)

d

LC

(x3, y3)

(x4, y4)

d = DF LC

Figura 15 - Procedimento para obter a posição do CM da coxa.

θc

M y M y M y M y y PE PE P P C C CBT CBT

CM ++ +

= M

M M x

M x

M x

M x

x

PE PE P P C C CBT CBT CM ++ + =

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• MCBT, MC, Mp, MPE são as massas do CBT, coxa, perna e pé, respectivamente,

e M é a massa total do indivíduo.

Sendo este um modelo bidimensional, os dados de entrada correspondem a um único

lado. Assumiu-se, então, a simetria entre os dois lados do corpo na marcha a fim de obter o

valor do CM, segundo o procedimento descrito em Winter (2005). Esta consideração pode ser

feita aqui, pois o estudo inclui apenas indivíduos hígidos sem assimetria visual na marcha.

3.2 SELEÇÃO DAS VARIÁVEIS

Para a análise quantitativa da trajetória do CM, algumas variáveis foram selecionadas.

As variáveis comprimento e duração da passada foram calculadas a partir da coordenada na

direção horizontal x, da marca posicionada no calcâneo, sendo a distância entre o primeiro

contato do pé com o solo e o segundo contato do mesmo pé. O tempo de apoio foi calculado a

partir do tempo de apoio com o solo e expresso como porcentagem do ciclo da marcha.

A velocidade do CM foi obtida à partir da curva do XCM em função do tempo,

considerando que a velocidade é constante, seu valor é o coeficiente desta reta. A velocidade

também foi calculada, dividindo o tamanho da passada pelo tempo da passada e foi obtido um

valor muito semelhante ao obtido pelo coeficiente da reta. A cadência foi calculada a partir da

quantidade de passos e o tempo da passada.

A trajetória do CM foi apresentada como média nos eixos x e y em ambiente terrestre

e aquático e também no eixo y em função do tempo.

A variável excursão vertical do CM, foi obtida por meio da diferença entre o valor

máximo e o valor mínimo da trajetória do CM. Ainda relacionado ao CM, observou-se o

instante em que o YCM atingiu seu valor máximo no ciclo da marcha.

Ainda em relação ao CM, foram usadas as variáveis Dx1 e Dx2. Estas variáveis foram

definidas como mostra a Figura 16 e as expressões:

11 xXD CMx −= 22 xXD CMx −= (6)

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(XCM, YCM)

(x1, y1) (x2, y2)

Dx2

Dx1

(XCM, YCM)

Figura 16- Representação das Variáveis Dx1 e Dx2, que representam a distância horizontal entre o ponto de apoio

do pé com o solo e a projeção do CM.

As variáveis Dx1 e Dx2, foram definidas para estimar a distância horizontal entre a

projeção do CM e o ponto de apoio do pé com o solo. A partir dela deseja-se obter

informações sobre o equilíbrio na água.

3.3 POPULAÇÃO

Fizeram parte desta pesquisa 19 indivíduos hígidos, do sexo masculino. Os critérios de

inclusão foram: ausência de alterações no padrão da marcha, ausência de limitações físicas

dos sistemas osteomioarticulares, nervoso e/ou cardiopulmonar diagnosticados, ângulos

articulares normais. Os critérios de exclusão foram: alergia ao cloro, incontinência urinária

e/ou fecal, doenças dermatológicas e úlceras de pele.

Inicialmente, 20 voluntários fariam parte da amostra, mas 1 indivíduo mesmo

apresentando todos os critérios de inclusão e ter passado pela avaliação inicial, durante o

processamento das imagens da coleta da marcha em solo, não apresentou padrão de marcha

compatível para análise cinemática por não apresentar dissociação dos membros superiores e

conseqüentemente, ocultar sucessivamente o marcador do trocânter maior.

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3.4 COLETA DE DADOS

3.4.1 Local da Pesquisa

A coleta de dados para a pesquisa foi realizada em dois ambientes diferentes. A parte

referente à coleta das imagens da marcha em ambiente terrestre foi realizada no estúdio do

Laboratório de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em

Curitiba e a parte em ambiente aquático na piscina do setor de Hidroterapia da Clínica Escola

do curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná. A análise dos dados foi realizada no Laboratório de

Engenharia de Reabilitação da mesma universidade.

3.4.2 Avaliação dos Sujeitos

A seleção dos indivíduos, que atenderam aos critérios de inclusão, foi realizada com

auxílio de uma ficha de Avaliação (APÊNDICE I), que está dividida em três partes. A

primeira parte está relacionada com os dados de identificação do paciente tais como: nome,

sexo, idade, peso, altura, índice de massa corpórea (IMC) e anamnese. A segunda parte está

destinada à avaliação subjetiva da marcha em ambiente terrestre através da observação. E a

terceira parte é para o registro dos ângulos articulares de flexão/extensão de quadril, joelho e

tornozelos, obtidos através da goniometria e a coleta dos dados antropométricos, onde os

segmentos medidos foram: pé, perna, coxa e CBT, sendo os pontos de referências utilizados

para as medições, aqueles especificados na Tabela de Dados Antropométricos (WINTER,

2005). Os procedimentos da avaliação foram realizados em uma sala da Clínica Escola de

Fisioterapia da PUCPR, em uma sala apropriada e sempre pelo mesmo avaliador.

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3.4.3 Procedimento de Coleta de Dados

Cada indivíduo tomou conhecimento do procedimento a ser realizado e assinou um

termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO I). A pesquisa respeitou a Resolução

196/1996 do CONEP, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná, no dia 15 de dezembro de 2004, estando a mesma registrada

neste Comitê sob número 427 (ANEXO II).

Os indivíduos selecionados foram submetidos à avaliação da marcha em ambiente

terrestre e aquático através da cinemetria. Para o registro dos dados cinemáticos nos dois

ambientes, foram afixados marcadores passivos, brancos a prova d’água de 3,5cmX3,5cm, em

6 (seis) pontos anatômicos: trocânter maior, côndilo femural, base lateral do calcâneo, base do

V metatarso, maléolo lateral e articulação glenoumeral. A distância entre cada marcador foi

mensurada e anotada na ficha de avaliação para garantir que as mesmas posições dos pontos

anatômicos fossem registradas no ambiente aquático.

Em ambos os casos, um objeto para calibragem de dimensões e ângulos conhecidos

(Figura 17), foi posicionado dentro do plano de visão das câmeras. Tal objeto permitiu

recuperar as dimensões reais dos segmentos corporais a partir das imagens digitalizadas.

Figura 17 – Imagem calibrador durante coleta da marcha em AT. O calibrador ficava sempre posiionado no mesmo lugar durante todo o período das filmagens

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Antes de iniciar a aquisição das imagens cada participante foi ambientado à atividade

a ser realizada, executando a atividade de caminhar quantas vezes julgasse necessárias para

que se familiarizasse com a tarefa. Todos os sujeitos foram filmados a uma freqüência de 60

Hz, com ajuste manual de shutter de 250 e ajuste manual de foco, nos dois ambientes.

3.4.4 Coleta da Marcha em Ambiente Terrestre

Essa etapa da pesquisa foi realizada no estúdio do Laboratório de Comunicação

Social da PUC-PR.

Cada indivíduo foi orientado a caminhar, a uma velocidade de sua própria escolha

em uma passarela de 4m x 1,10m de comprimento e largura respectivamente.

Para a filmagem da marcha em solo, uma filmadora digital da marca Panasonic PV-

GS12LB-S, com freqüência de 60 Hz e shutter de 1/8000, foi posicionada a 4,2m da

passarela, a 1m de altura do solo, de forma a adquirir a imagem do plano sagital. As filmagens

foram realizadas segundo o esquema da Figura 18 .

PASSARELA

Câmera

LuzLuz

Calibrador

1,60m

2,0

m4,20m

4,001,10

m

Figura 18 - Esquema para visualização da disposição dos equipamentos em ambiente terrestre.

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47

Foram registradas 20 repetições de cada participante do início ao final da passarela,

sendo solicitado aos participantes que caminhassem em linha reta a uma velocidade de sua

própria escolha, de forma mais natural possível.

3.4.5 Coleta da Marcha em Ambiente Aquático

Após a coleta dos dados em solo, os voluntários realizaram a macha em ambiente

aquático. Para esta avaliação, foi utilizada a piscina do setor de Hidroterapia da Clínica Escola

do Curso de Fisioterapia da PUCPR, que apresenta como medidas 6,0m X 4,0m de

comprimento e largura respectivamente.

Solicitou-se que os participantes entrassem na piscina, com profundidade da água ao

nível do processo xifóide e caminhassem também em linha reta na passarela já demarcada nas

bordas da piscina. Para garantir a altura no nível do processo xifóide de cada sujeito, era

realizado o ajuste do nível da água para cada participante da pesquisa.

Para a aquisição das imagens nesse ambiente (Figura 19) foram utilizadas duas

câmeras de vídeo digital uma da marca Panasonic PV-GS12LB-S (câmera 1) e outra JVC

GRD 72U (câmera 2), com freqüência de 60 Hz e shutter de 1/250, que captaram imagens

separadas para cada ambiente, devido à refração da luz no ambiente aquático, conforme Kwon

(1999).

Passarela

Câmera (a)

Calibrador Contador de passada

Câmera (b)

Sincronizador

5,00

m

6,00

Figura 19 - Esquema para visualização da disposição dos equipamentos em ambiente aquático.

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48

A câmera 1 foi inserida em uma caixa estanque da marca Croma, e posicionada no

interior da piscina a uma distância de 5m da passarela utilizada pelos participantes para

caminhar. Esta câmera adquiria as imagens subaquáticas (Figura 20), referentes aos

marcadores localizados no membro inferior. A passarela utilizada apresentava 4,0m X 0,75m

de comprimento e largura, respectivamente.

Figura 20-Imagem subaquática adquirida pela câmera de dentro da piscina. A seta branca indica a presença do flash utilizado para sincronizar a imagen de dentro da piscina com a imagem de fora da piscina.

A câmera 2 foi posicionada fora da piscina a uma distância de 6 m de comprimento

da borda contra lateral e adquiriu as imagens do membro superior, mais especificamente, o

ponto do ombro (Figura 21).

Figura 21 -Imagem representativa do tronco pela câmera de fora da piscina, correspondente ao ponto do ombro. A seta branca indica a presença do flash.

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49

Ambas as filmadoras foram posicionadas com o eixo óptico perpendicular ao plano

de deslocamento.

Para este ambiente, também foram adquiridas vinte repetições de cada participante

do início ao final da passarela.

As imagens das duas filmadoras foram sincronizadas através de um dispositivo

luminoso e um dispositivo que marcava o número de repetições. Cada vez que os sujeitos

passavam pelo calibrador, era disparado manualmente um flash, que brilhava dentro e fora da

água no mesmo instante, para permitir que os cortes dessas imagens fossem realizadas no

mesmo quadro.

3.4.6 Análise dos Dados

Após as aquisições das imagens em ambos os ambientes, as imagens foram

transferidas para um computador. Dessas imagens foram selecionados três ciclos (passadas)

aleatórios de marcha de cada indivíduo em cada ambiente, entretanto para análise em

ambiente aquático, foram realizados 6 cortes, pois 3 eram representativos aos MMII e 3 aos

MMSS. Em AA é necessário filmar simultaneamente dentro e fora da água, com duas

filmadoras distintas e depois o software realiza a composição da imagem completa através de

dois vídeos distintos. Para a obtenção desses cortes foi utilizado o programa Adobe Premier

Pro, versão shareware.

Depois de realizados os cortes, referentes ao ciclo da passada, as imagens eram

arquivadas para posterior análise.

Para análise, foi utilizado um programa (VAZATTA; ARAUJO; MELLO;

MANFRRA, 2006) (Figura 22) desenvolvido pelo grupo de pesquisa no ambiente MATLAB.

Para iniciar a análise, o primeiro passo era selecionar o número de análises, que neste caso

eram 3, pois era realizado a média desses ciclos, depois era selecionado o número de vídeos

que forma cada análise, no caso 1 vídeo para análise da marcha em AT e 2 vídeos para análise

em AA, seguido do número de pontos que seriam digitalizados em cada quadro de acordo

com o modelo biomecânico adotado.

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50

Figura 22 - Tela do software durante análise da um ciclo da marcha em ambiente terestre.

Em cada quadro do ciclo da marcha, as posições dos marcadores foram recuperadas

em coordenadas espaciais. O procedimento para a transformação das coordenadas reais dos

dados adquiridos foi o da transformação linear direta (DLT, Direct Linear Transformation) e

as imagens solo-água provenientes das duas filmadoras foram sincronizadas automaticamente

pelo software.

Utilizou-se um calibrador de 1,6m X 2,0m (comprimento e altura, respectivamente)

com 30 pontos. Foram utilizados para a recuperação das imagens 4 pontos com suas

coordenadas horizontal e vertical nas imagens realizadas dentro da água e outros 4 pontos nas

imagens capturadas pela câmera 2 que estava fora da água.

Depois de configurado o sistema, as imagens eram carregadas no computador e os

vídeos eram analisados. A análise era realizada quadro a quadro para cada corte referente a

um ciclo da passada, onde em cada corte era realizada a marcação manual de todos os pontos

(Figura 23) correspondentes aos marcadores no modelo biomecânico e assim sucessivamente

para todos os ciclos.

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51

Figura 23 – Marcação manual dos pontos, realizada quadro a quadro na análise da marcha de um voluntário em ambiente terrestre.

Após a realização de uma análise completa, o software fornecia como resultado as curvas

e os dados numéricos das variáveis: ângulos do tornozelo, joelho e quadril durante o ciclo da

marcha; aceleração e velocidade angulares do tornozelo, joelho e quadril durante o ciclo da

marcha e as coordenadas x e y do centro de massa no plano sagital durante um passo. Além

disso, também eram armazenados em arquivos as coordenadas “x”e “y” de todos os pontos

dos marcadores.

Portanto, as curvas das variáveis angulares em um ciclo da marcha, foram obtidas

durante o trabalho de pesquisa, mas não são mostradas neste documento, pois não são o foco

deste estudo.

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52

3.5 CORREÇÃO DA DISTORÇÃO DEVIDO AO POSICIONAMENTO DAS CÂMERAS

EM AMBIENTE AQUÁTICO

Devido às condições físicas do ambiente disponível para a coleta de dados, as

filmadoras foram posicionadas a distâncias diferentes do calibrador. Conforme pode-se

observar na Figura 19, a câmera de fora da água está posicionada a 6 m do calibrador

enquanto que a câmera sub-aquática está posicionada a 5 m do mesmo.

Este posicionamento gerou uma distorção na dimensão do tronco que, por sua vez,

ocasionou uma distorção no posicionamento do CM. A fim de corrigir este problema foi

realizada uma correção na dimensão do tronco em ambiente aquático da seguinte forma:

1. Primeiramente foram obtidos os comprimentos dos segmentos a partir das imagens

obtidas em ambiente terrestre, o qual foi realizado com apenas uma câmera;

2. A partir destes comprimentos foi calculado um fator de proporcionalidade do tronco

em relação aos MMII, dado na equação 7:

cozapernapé

tronco

troncolll

lf

++= (7)

Onde:

ftronco: fator de proporcionalidade do tronco entre o comprimento do tronco e dos

mmii;

ltronco : comprimento do tronco obtido a partir do vídeo feito em solo;

pel : comprimento do pé obtido a partir do vídeo feito em solo;

pernal : comprimento da perna obtido a partir do vídeo feito em solo

coxal : comprimento da coxa obtido a partir do vídeo feito em solo

Isto porque todos os membros inferiores estavam no campo de visão da câmera sub-

aquática e não sofreram distorção, portanto.

3. Este fator de proporcionalidade foi utilizado para corrigir o comprimento do

tronco na água, utilizando a equação 8:

)( ´´´´cozapernapétroncotronco lllfl ++= (8)

Onde

troncol´ : é o comprimento corrigido do tronco em água;

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53

pél ´ : comprimento do pé obtido a partir do vídeo feito água;

pernal : comprimento da perna obtido a partir do vídeo feito água;

coxal : comprimento da coxa obtido a partir do vídeo feito água.

4. Com os comprimentos dos segmentos em AA, calculou-se o centro de massa

conforme explicado no item 3.1, utilizando as coordenadas mais distais como

referência para o posicionamento do CM, como mostra a Figura 15. Isso permite que

se faça o cálculo do CM do tronco em AA a partir do ponto do trocânter que se

encontra imerso e, portanto, é obtido pela filmadora subaquática.

ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Como procedimento de análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva e o teste t

de Student pareado, onde considerou-se diferença estatisticamente significativa, quando p ≤

0,01.

Para utilização do teste t, para cada uma das variáveis, foram formuladas duas

hipóteses:

• H0: não há diferença entre os grupos que estão sendo comparados, ou seja, a variável

no solo é igual a variável na água.

• H1: existe diferença entre os grupos, ou seja, a variável da água é diferente da do solo,

sendo estatisticamente significante.

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54

4 RESULTADOS

Neste capítulo, apresentam-se os dados referentes à trajetória do CM em ambiente

terrestre (AT) e em ambiente aquático (AA), bem como os dados referentes às características

lineares da trajetória do CM. Para uma melhor compreensão dos dados, este capítulo está

dividido em características da amostra, variáveis lineares e comportamento da trajetória do

CM.

4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

Fizeram parte desta pesquisa 19 indivíduos hígidos, do sexo masculino com idade

média de 24 ±3,2 anos. Os indivíduos apresentaram altura média de 1,75 ±0,05 m, peso

médio de 69,63 ± 8,44 kg e IMC médio de 22,71±2,18 kg/m2. A média dos dados lineares

para os 19 sujeitos em AT e AA está presente no Apêndice B1, a média dos resultados da

ficha de avaliação para caracterização dos sujeitos está no Apêndice B2 e a média da

goniometria dos sujeitos no Apêndice B3.

4.2 VARIÁVEIS LINEARES

Para melhor visualização, a Figura 24 apresenta os valores médios da variável

comprimento e tempo da passada, para os ambientes aquático e terrestre. Para estas variáveis,

o teste t student apresentou diferença estatisticamente significativa com p ≤ 0,01. Os sujeitos

da pesquisa apresentaram comprimento da passada menor em AA e demoraram mais tempo

para caminhar neste meio.

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55

Comprimento da Passada (m)

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

AA AT

Tempo (s)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

AA AT

(a) (b)

Figura 24 - (a) Média do comprimento da passada em AA e AT. (b) Média do tempo da passada em AA e AT. O topo da barra de erro indica a média mais desvio padrão, o ponto inferior indica a média menos desvio padrão.

Os voluntários da pesquisa andaram com maior velocidade em ambiente terrestre do

que em ambiente aquático. A cadência também foi maior em AT do que em AA, conforme

ilustra a Figura 25.

Figura 25 - (a) Média da velocidade da passada AA e AT. (b) Média da cadência em AA e AT. O topo da barra de erro indica a média mais desvio padrão, o ponto inferior indica a média menos desvio padrão.

Velocidade (m/s)

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

AA AT

Cadência (passos/min)

0

20

40

60

80

100

120

140

AA AT

(a) (b)

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56

4.3 COMPORTAMENTO DA TRAJETÓRIA DO CM.

As próximas figuras apresentadas são referentes à trajetória do CM e todas são

apresentadas em função da % passo, pois o software de análise de marcha, utilizou o passo

como referência para cálculo da trajetória.

A figura 26 apresenta a média das trajetórias do CM dos 19 indivíduos, nos ambientes

terrestre e aquático, nos quais constatou-se que a curva no AT é mais aberta que no AA, bem

como a curva do AT atinge seu ponto mais alto, mais tardiamente no ciclo da marcha.

Trajetória CM em AT

1,08

1,085

1,09

1,095

1,1

1,105

1,11

1,115

1,12

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

X CM (m)

Y C

M (m

)

(a)

Trajetória CM em AA

1,01

1,015

1,02

1,025

1,03

1,035

1,04

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

X CM (m)

Y C

M (

m)

(b)

Figura 26 - (a) Trajetória média do CM em AT ,(b) Trajetória média do CM em AA.

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57

As Figuras 27 e 28 apresentam o valor médio de YCM em função do tempo (% ciclo da

marcha) em AT e AA, respectivamente.

1,06

1,07

1,08

1,09

1,1

1,11

1,12

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

% ciclo da marcha

Y C

M (

m)

Figura 27 – Comportamento do YCM em função do tempo em AT, o que representa a excursão vertical do CM em AT.

0,995

1

1,005

1,01

1,015

1,02

1,025

1,03

1,035

1,04

1,045

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

% ciclo da marcha

Y C

M (

m)

Figura 28 – Comportamento do YCM em função do tempo em AA, o que representa a excursão vertical do CM em AA.

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58

A Figura 29 representa o valor médio de XCM, em função do tempo (% do ciclo da

marcha), para AT e AA. O valor represneta a coordenada do XCM ao longo do ciclo da

marcha.

Figura 29-Média trajetória CM eixo x em AA e AT. Representa a trajetória da coordenada XCM no decorrer de um passo em ambiente aquático e ambiente terrestre.

A excursão vertical apresentou média em AA de 3,3 ± 0,1 cm e em AT de 3,5 ± 0,05

cm. A Figura 30 apresenta a excursão vertical do CM de cada indivíduo em AT e AA.

Embora a maioria dos indivíduos apresentasse uma excursão vertical menor na água, esta

variável não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os meios, com p=0,295.

Figura 30 – Excursão vertical do CM por sujeito nos ambientes AA e AT. Este gráfico representa a amplitude de deslocamento do CM no eixo y para cada indivíduo.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

1 3 5 7 9 1113151719212325272931333537394143454749

% ciclo da marcha

X C

M (

m) AA

AT

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

sujeitos

AA

AT

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59

Quanto à variável instante em que o CM atinge a altura máxima (Figura 31), pode-se

observar diferença significativa entre os meios (p ≤ 0,01), sendo que em AT, a curva da

trajetória do CM atingiu seu pico máximo numa média de 32 ± 2,72% do ciclo da marcha, e

em AA a média foi de 27 ± 5,39 % do ciclo, mostrando que a curva da trajetória do CM

atinge seu ponto máximo antecipadamente no ambiente aquático do que em ambiente

terrestre.

Figura 31 - Instante em que o CM atinge altura máxima em AA e AT.

Em relação à variável Dx1, a Figura 32 mostra que o CM está mais perto do ponto de

apoio em AA do que em AT e o CM passa por cima do pé de apoio primeiramente em AA e

mantém uma tendência de estar mais à frente do pé de apoio, permanecendo nesta situação

por mais tempo. O que se confirma através da Figura 33, onde a variável Dx2 também

apresenta as mesmas características.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

AA AT

% d

o c

iclo

da

mar

cha

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60

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

% ciclo da marcha

Dx1

(m

)

AA

AT

Figura 32 – Comportamento da variável Dx1 ao longo do ciclo da marcha durante um passo (50% do ciclo da marcha) em AA e AT.

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

% ciclo da marcha

Dx2

(m

)

AA

AT

Figura 33 – Comportamento da variável Dx2 ao longo do ciclo da marcha durante um passo (50% do ciclo da marcha) em AA e AT.

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61

5 DISCUSSÃO

No presente estudo, as características da trajetória do CM em ambiente aquático, bem

como possíveis alterações nesta trajetória relacionadas com as variáveis lineares e o ambiente

aquático foram investigadas.

A seguir, a discussão dos principais resultados referentes ao ambiente aquático e

terrestre é apresentada, colocando em comparação os dados obtidos no ambiente aquático com

os dados do ambiente terestre.

Para uma melhor interpretação dos resultados aqui discutidos, é importante que se

considere primeiramente as diferenças encontradas entre o meio terrestre e aquático para as

variáveis lineares e depois as possíveis correlações entre estas variáveis e a trajetória do CM.

5.1 VARIÁVEIS LINEARES

As variáveis lineares coletadas em AT estão de acordo com os dados encontrados na

literatura e apresentam diferenças estatisticamente significativas quando comparadas com as

variáveis obtidas em AA.

Na literatura foram encontrados valores contraditórios para o comprimento da passada.

Barela et al. (2005), obtiveram comprimento da passada menor em AA, ao contrário de Gehm

et al. (2003) que encontraram um comprimento de passada maior em ambiente aquático.

Ambos os trabalhos relacionam este fato à força de arrasto, sendo que Barela et al. (2005)

afirma que o comprimento da passada diminui devido à resistência imposta pela força de

arrasto e Gehm et al. (2003) atribuem um maior comprimento de passada ao fato da

resistência da água ter estimulado os indivíduos a darem um passo maior. Os sujeitos desta

pesquisa apresentaram comprimento da passada menor em AA do que em AT, resultado

semelhante ao encontrado por Barela et al. (2005).

Com um menor comprimento de passada em AA, os sujeitos apresentaram um tempo

de passada maior em AA em relação ao AT, o que está de acordo com os dados de Barela et

al. (2005).

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62

Neste estudo, todos os sujeitos foram instruídos a selecionar uma velocidade

confortável para caminhar nos dois ambientes; porém, os sujeitos caminharam em menor

velocidade em ambiente aquático e com cadência menor neste meio. Barela, Stolf e Duarte

(2006) também apresentaram cadência e velocidade menor em AA comparado com AT.E

Miyoshi et al. (2004), mesmo quando solicitaram que os participantes da pesquisa andassem

mais rápido, a velocidade foi menor no AA do que no AT. Gehm et al. (2003) afirmam que ao

se caminhar em ambiente aquático os sujeitos encontram uma resistência frontal significativa

tendo em vista o efeito do arrasto, que leva a redução na velocidade dos movimentos.

Essa diminuição da velocidade da marcha em AA está relacionada ao fato de que

quanto maior a densidade de um fluido e maior a área frontal de um corpo em movimento,

maior será a resistência que este corpo vai encontrar ao realizar um movimento. Diante disso,

os sujeitos demoraram mais tempo para realizar a marcha em AA e conseqüentemente

apresentaram uma cadência menor neste meio.

Os voluntários não apresentaram diferença na duração da fase de apoio entre os meios,

o que está de acordo com Barela, Stolf e Duarte (2006), Barela e Duarte (2005) que afirma

que os sujeitos mantiveram a mesma organização temporal nos dois ambientes, mesmo com

grande diferença de velocidade adotada pelos indivíduos nos ambientes. Mas Gehm et al.

(2003) encontraram aumento no tempo de duração da fase de apoio em ambiente aquático e,

conseqüentemente, uma diminuição na duração da fase de balanço, e relacionaram este fato

com o aumento no comprimento da passada e a diminuição na velocidade da marcha. Estes

autores afirmam que a resistência extra oferecida pela água induz a uma maior necessidade de

contato com o solo.

5.2 CARACTERÍSTICAS DA TRAJETÓRIA DO CM

Um dos objetivos que se buscava com este trabalho era identificar o padrão da

trajetória do CM em ambiente terrestre e aquático. Para tanto, foram escolhidas algumas

variáveis para caracterizar esta trajetória: excursão vertical do CM, instante em que o CM

atingiu a altura máxima e a distância horizontal entre o CM e o quinto metatarso (Dx1) e o

maléolo lateral (Dx2). Além disso, a própria forma da curva foi analisada qualitativamente.

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63

Considere-se inicialmente o padrão da trajetória em AT. Na velocidade escolhida

pelos indivíduos, a trajetória do CM apresentou as mesmas características já observadas na

literatura.

A trajetória do CM durante a marcha em AT neste estudo, apresentou uma curva

aproximadamente sinusoidal com excursão vertical média de 3,5 cm. Valores semelhantes são

encontrados na literatura clássica, como por exemplo Inman, Ralston e Todd (1998), que

apresentam uma excursão vertical de 5cm na velocidade usual da marcha, Perry (2005) aponta

uma excursão vertical de 2,3 cm. Em particular, podemos ressaltar a concordância entre o

valor da excursão vertical encontrado neste estudo e o obtido por Gard, Miff e Kuo (2004).

Estes autores estudaram o comportamento do CM durante a marcha em diferentes

velocidades. Na velocidade de 1,2 m/s, que é a mais próxima do valor observado neste estudo,

obtiveram uma excursão vertical média de 3,5 cm.

O CM em AT atingiu altura máxima a 32% do ciclo da marcha, que corresponde a

64% do passo. Segundo a literatura clássica, o ponto mais alto da curva do CM acontece na

metade da fase de apoio, referente ao apoio médio, isto corresponde aproximadamente a 31%

do ciclo da marcha (PERRY, 2005; INMAN; RALSTON; TODD ,1998). Além disso no

estudo de Gard, Miff e Kuo (2004) o máximo da curva da posição vertical do CM a uma

velocidade de 1,2m/s, acontece a aproximadamente 60% do passo, ou seja 30% da passada.

Observando as variáveis Dx1 e Dx2 (Figura 32 e 33), e considerando que o quinto

metatarso e/ou maléolo respectivamente representam o ponto de apoio, seu comportamento

mostra que no início do passo, o CM está atrás do ponto de apoio e no final está a frente deste

ponto. O CM passa por sobre o maléolo a 32% do ciclo da marcha e sobre o quinto metatarso

a 34% do ciclo da marcha. Diante disso, observa-se que o CM atinge a altura máxima no

momento em que está passando sobre o maléolo e alguns instantes depois passa pelo quinto

metatarso. Estes comportamentos estão de acordo com o esperado, considerando o padrão

normal da marcha.

A curva do deslocamento vertical do CM em AT (Figuras 26a e 27) apresentou a

forma sinusoidal como descrita na literatura clássica (PERRY, 2005; INMAN; RALSTON;

TODD ,1998, WINTER, 2005). A forma sinusoidal assimétrica obtida neste estudo é muito

semelhante à do estudo de Gard, Miff e Kuo (2004) a uma velocidade de 1,2m/s (Figura 11).

Em resumo para AT, o padrão da trajetória do CM que foi identificado neste trabalho

é praticamente o mesmo ao descrito na literatura.

Em ambiente aquático, a excursão média vertical do CM apresentou 3,3 cm, que

apesar de ser menor que o valor médio encontrado em solo, esta diferença entre as excursões

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não foi estatisticamente significativa. O CM atingiu sua altura máxima a 27% do ciclo da

marcha, ou seja anterior ao AT. As variáveis Dx1 e Dx2 (Figura 32 e 33), mostram que o CM

passa por sobre o maléolo a 21% do ciclo da marcha e sobre o quinto metarso a 24% do ciclo

da marcha. Dessa forma, em AA o CM atinge seu ponto máximo, após ter passado sobre o

maléolo e o quinto metatarso, diferente do padrão encontrado em AT, em que o CM atinge

sua altura máxima quando passa sobre o maléolo.

Em AA, os valores de DX1 e DX2 apresentaram um comportamento semelhante aos

apresentados em AT, mostrando que no início do passo, o CM encontra-se atrás do ponto de

apoio e ao final do passo localiza-se à frente deste. Porém em AA, no início do passo, o CM

está mais próximo do ponto de apoio que em AT. No final do passo, em AA o CM está mais

afastado do ponto de apoio que em AT.

O formato da curva do deslocamento vertical do CM em AA também é sinusoidal

assimétrica (Figuras 26b e 28). Porém em AA a assimetria da curva é maior que a do AT. A

forma da curva em AA é muito semelhante à obtida por Gard, Miff e Kuo (2004), mas a uma

velocidade de 0,8m/s. (Figura 11). Quando se compara a curva da trajetória do CM nos dois

ambientes (Figura 26a e 26b) pode-se observar que a curva do AA é mais aberta. E ainda é

possível verificar que a curva sobe mais cedo e mais devagar em AA e assim desce mais cedo

e mais devagar neste meio.

As variáveis escolhidas para a caracterização da trajetória do CM em AA, bem como a

forma das curvas, demonstram um padrão diferente do encontrado em AT neste estudo e na

literatura.

Outro objetivo deste trabalho foi identificar como as características do ambiente

aquático influenciam nas variáveis lineares e na trajetória do CM.

Observando as curvas da coordenada vertical do CM (Figura 27 e 28), é possível

constatar que a trajetória do CM em AA encontra-se numa altura menor que em AT. Isto está

relacionado ao fato dos sujeitos projetarem o tronco mais a frente em AA. Isto pode ser

atribuído a uma tentativa de minimizar a ação da força de arrasto ortogonalmente ao tronco,

uma vez que estando o tronco inclinado, apenas uma projeção desta força estaria atuando.

Segundo Barela, Stolf e Duarte (2006) a resistência frontal e o arrasto podem

promover uma redução da força de reação do solo e com isso alterar a posição do centro de

gravidade. Com isso, a trajetória do CM em ambiente aquático é modificada e o corpo precisa

adotar posições angulares diferentes para compensar a projeção do CM para frente e facilitar

o trabalho muscular que gera o impulso do pé para deslocar o corpo para frente (Ribas et al.,

2007).

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O comportamento da posição horizontal do CM relativa a base de apoio (representada

pelas variáveis DX1 e DX2) também demonstra a presença de uma inclinação anterior do tronco

maior em AA do que em AT, durante todo o passo. O comportamento de DX1 e DX2 no inicio

e no fim do passo, trazem também informações sobre a influência do ambiente aquático no

equilíbrio durante a marcha. No início do passo o CM está mais próximo do ponto de apoio e

no final do passo está mais afastado do ponto de apoio em AA do que em AT. Isto pode

acontecer porque em AA, o sujeito procura criar um momento de força, projetando seu tronco

sobre o ponto de apoio a fim de vencer a força de arrasto. Uma postura assim em AT levaria a

uma situação de maior instabilidade e provavelmente uma queda, o que não ocorre em AA

devido à força de empuxo que auxilia num melhor controle do movimento devido a redução

aparente do peso corporal. Este maior “estabilidade aparente” do AA também pode estar

associada a própria força de arrasto que agindo contra o tronco, tende a criar um momento de

força contrário a uma possível queda no final de passo.

O fato do CM ter atingido sua altura máxima antecipadamente em AA do que em AT,

pode ser explicado também pela ação da força de empuxo, que diminui a necessidade de se

absorver o impacto, já que as forças de reação do solo neste ambiente estão diminuídas. Pode-

se dizer também que em AA, os sujeitos levaram menor tempo para transformar energia

cinética em potencial.

Neste trabalho os valores da excursão vertical obtidos em AA e AT não apresentaram

diferença estatisticamente significativa. Este fato contraria o que seria esperado, tendo em

vista que em AT foi observado que à medida que a velocidade da marcha e o comprimento da

passada diminuem, a excursão vertical do CM diminui (GARD; MIFF; KUO, 2004). Porém

esta relação entre velocidade e excursão vertical do CM pode não ser válida em AA, pois a

organização corporal para realizar uma marcha com baixas velocidades em AT é diferente

daquela adotada, para as mesmas velocidades em AA. Uma organização corporal diferente em

AA é adotada pelo indivíduo, para adaptar-se às diferentes forças que atuam sobre ele neste

ambiente.

Do ponto de vista do controle motor, os movimentos da marcha produzem um

movimento eficiente, controlando a trajetória do centro de gravidade (CM) e mantendo o

equilíbrio. Sendo assim, a análise das alterações da trajetória do CM no AA, em relação ao

ambiente terrestre (AT), pode auxiliar na compreensão das adaptações motoras em AA.

Segundo Ribas et al. (2007) e Israel et al. (2007) marcha humana em ambiente

aquático apresenta diferenças signigficativas em relação ao ambiente terrestre, quanto ao

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comportamento articular em suas fases e subfases, as quais devem ser consideradas durante a

elaboração de um programa de tratamento que utilize a hidroterapia como recurso.

Essas diferenças podem ser atribuídas ao fato que o corpo humano adota padrões de

movimento e estratégias motoras diferentes ao caminhar em ambiente aquático. Isso ocorre,

provavelmente, em função da necessidade de adaptar o sistema sensório-motor para

deambular em um meio com características físicas diferentes das habituais. A falta de

familiaridade e as condições ambientais impostas pelo meio líquido promovem adaptações ao

movimento da marcha em ambiente aquático, para que esta possa ser realizada com êxito no

novo ambiente.

Entender como é a trajetória do CM em ambiente aquático, proporciona aos

fisioterapeutas parâmetros avaliativos sobre os deslocamentos sucessivos do CM em relação a

base de apoio e durante a marcha, colaborando na capacidade de prescrever seus planos de

tratamento principalmente para os pacientes em que a marcha em AT ainda é contra-indicada,

possibilitando ainda treinar o sistema de equilíbrio em ambiente aquático, inicialmente nos

processos de reabilitação.

5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A associação do estudo da trajetória do CM em conjunto com as variáveis angulares

do tornozelo, joelho e quadril podem fornecer parâmetros mais precisos do comportamento do

CM, evidenciando a forma como o corpo se reorganiza durante a marcha em AA. E também o

estudo de todas essas variáveis em diferentes níveis de imersão, para se poder entender até

quanto ocorre a atuação das propriedades físicas da água na marcha humana,

Um modelo bidimensional foi usado neste estudo, sendo assim modelos biomecânicos

em 3D podem ser utilizados para análise da marcha em ambiente aquático, com a finalidade

de analisar além das variáveis já descritas, também os movimentos de rotação dos segmentos

em imersão para entender melhor como o corpo se reorganiza no AA.

O uso da plataforma de força para aquisição do CP em conjunto com a trajetória do

CM pode ser utilizado para se estudar os movimentos associados ao controle do corpo em

relação a base de apoio e consequente equilíbrio (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003) o que é

extremamante necessário para compreender como ocorrem os ajustes posturais em AA.

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O estudo da trajetória do CM em AT e AA, em diversas patologias, principalmente as

relacionadas com algum prejuízo de equilíbrio, podem elucidar os mecanismos de controle do

equilíbrio e de adaptação do corpo na água.

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6 CONCLUSÃO

Analisando os resultados desta pesquisa, pode-se concluir que a trajetória do CM em

ambiente terrestre está de acordo com os dados encontrados na literatura e o formato da curva

do deslocamento vertical em ambiente aquático apresenta um padrão sinusoidal, similar a do

AT, porém mais assimétrico e com a curva mais aberta em AA. E em AA também atinge seu

ponto máximo numa porcentagem menor do ciclo da marcha.

Um dos fatores que caracterizam a trajetória do CM é a amplitude de deslocamento

vertical, que no ambiente aquático não apresentou diferença estatisticamente significativa.

Características das variáveis lineares, como o aumento do comprimento da passada e da

velocidade que contribuem para um maior deslocamento vertical em AT, não pode ser

aplicado em AA. O que remete ao fato de que mesmo em um ambiente diferente do usual na

realização da marcha e com todas as propriedades físicas da água agindo, o corpo se

reorganiza na tentativa de vencer toda esta resistência e manter um padrão de movimento.

As características do ambiente aquático influenciam diretamente no comportamento da

trajetória do Centro de Massa em ambiente aquático, já que o corpo adota medidas, como a

projeção anterior do tronco, para vencer a resistência imposta pela força de arrasto, decorrente

do atrito viscoso e da turbulência, proporcionados pela movimento em um meio líquido. O

empuxo também contribui nesta alteração da trajetória do CM, já que atua diminuindo o peso

corporal aparente.

O conhecimento das forças que uma pessoa tem que vencer para se movimentar na

água, associado ao conhecimento da forma como o corpo se reorganiza para vencer esta

resistência, é importante para a elaboração de programas de reabilitação e de atividade física,

e também para compreender os mecanismos de controle postural em diferentes ações motoras

e ambientes.

O CM em AA apresenta uma tendência, de no início do passo estar mais próximo do

ponto de apoio e no final do passo estar mais afastado do ponto de apoio do que em AT.

Como esta projeção caracteriza a posição e o movimento do corpo em relação a base de

suporte, o AA pode ser utilizado como meio para treinamento e manutenção do equilíbrio nas

fases iniciais de reabilitação, principalmente para aqueles pacientes em que a marcha em AT

ainda não é indicada, sem que isso traga algum prejuízo para a postura ereta, já que as

propriedades físicas da água atuam para compensar e conter um maior deslocamento.

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SIMM. Internet. Disponível: http://www.musculographics.com/prodcts/simm.html. Acesso em: 20 mar. 2006. SILVEIRA, E. D. et al Plataforma de Força Montada para Instrumentação de Esteira Ergométrica para Avaliação de Marcha Humana. In: Congresso Brasileiro de Biomecânica, 7.,1997. Campinas. Anais... Campinas: Sociedade Brasileira de Biomecânica, 1997, p 216-221. SKINNER, A. T.; THOMSON, A. M. Duffield: Exercícios na água. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985. SMITH, K.K.; WEISS, E.; LEHMKUHL, L. D. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. 5ed. São Paulo: Manole, 1997. SOUZA. P. V. et al. Força vertical de Reação do Solo na Marcha de um Portador de Mielomeningocele dentro e fora da água. Anais do XI Congresso Brasileiro de Biomecânica. João Pessoa, 2005. 1CD-ROM. TAG Multimídia e Sistemas. SUTHERLAND, D.H.; KAUFMAN, K.R. & MOITOZA, J.R. Cinemática da marcha humana normal. in ROSE, J. & GAMBLE, J.G. Marcha Humana. 2 ed. São Paulo,Editorial Premier, 1998. TESIO, L.; LANZI, D.; DETREMBLEUR, C. The 3-D motion of the centro of gravity of the human body during level walking. II. Lower amputees. Clinical Biomechanics, v. 13, n. 2, p. 83-90, 1998. TUCKER, C. A. et al. Center of gravity dynamic stability in normal and vestibulopathic gait. Gait and Posture, v. 8, p. 117-123, 1998. VAUGHAN, C. L.; DAVIS, B. L.; O'CONNOR, J. C. Dynamics of human gait. 2. ed. Cape Town: Kiboho Publishers, 1999. VAZATTA, L.; MELLO, R. G.; ARAUJO, C. C.; MANFFRA, E. F. Software para análise cinemática da marcha humana em ambiente terrestre e aquático. In Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, 20., 2006. São Pedro. Anais... São Pedro: Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, 2006, p. 1009 – 1012. VICON. Internet. Disponível: http://www.vicon.com/applications/sports_more.html. Acesso em: 20 mar. 2006.

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VIEL, E. A Marcha Humana, a Corrida e o Salto. São Paulo: Manole, 2001. WINTER, D. Biomechanics and Motor Control of Human Movement. 3 ed. New York: A Wiley Interscience Publication JohnWiley & Sons, 2005.

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ANEXOS

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ANEXO A - PARECER DE APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA

E PESQUISA

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ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome:_________________________________________________________________________

Idade:_________Sexo:__________ Naturalidade:______________________________________

Endereço:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Profissão:_______________________________RG:____________________________________

Fui informado detalhadamente sobre a pesquisa: “Análise da Trajetória do Centro de Massa durante a Marcha Humana em ambiente Aquático em indivíduos hígidos adultos jovens” que será realizada pela fisioterapeuta Camila Costa de Araujo, mestranda do Programa de Pós Graduação em Tecnologia em Saúde da PUC/PR.

Declaro que fui plenamente esclarecido (a) sobre a avaliação físico-funcional a que

serei submetido (a). Fui informado (a), também que o objetivo do estudo é: Analisar a

trajetória do Centro de Massa durante a marcha humana em ambiente aquático. Para alcançar

este objetivo, serei submetido a uma avaliação, que será constituída por quatro itens: dados de

identificação, goniometria (medida dos ângulos articulares através do uso de um goniômetro),

medição de parâmetros antropométricos e avaliação da marcha subjetiva. Estou ciente que a

avaliação da marcha irá ocorrer em dois ambientes: terrestre e aquático, e será filmada através

do uso de câmeras analógicas.

Fui informado que poderei interromper a sessão a qualquer momento se sentir

desconforto antes ou depois dos procedimentos, mesmo já tendo sido esclarecido que este

método não trará nenhum prejuízo ou risco à minha saúde. Também fui esclarecido que serei

acompanhado pela pesquisadora durante toda a pesquisa, tanto dentro como fora da água.

Estou ciente de que o professor responsável, juntamente com a mestranda, estarão à

minha inteira disposição para solucionar o problema e eventuais dúvidas. Diante do exposto,

declaro que minha participação foi aceita espontaneamente e que, se desistir deverei informar,

da maneira mais conveniente tornando-me responsável por possíveis prejuízos e/ou riscos a

que estarei me expondo. Declaro, também, que, por se tratar de trabalho acadêmico sem

interesse financeiro, não tenho direito a nenhuma remuneração, ressarcimento de despesas

decorrentes da participação da pesquisa, ou indenizações diante de eventuais danos

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recorrentes, como também não terei qualquer gasto durante a pesquisa. Por fim, concordo

com a utilização de minhas imagens e das informações resultantes da pesquisa, bem como

divulgação dos resultados desde que preservada minha identidade.

_____________________________________

assinatura (de acordo)

Curitiba, _______ de _______ de 200____.

Contato: Camila Costa de Araujo

41-3016 5800 / 41- 9941 6133

_____________________________________

testemunha

_____________________________________

testemunha

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APÊNDICES

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APÊNDICE A: FICHA DE AVALIAÇÃO

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FICHA DE AVALIAÇÃO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••• Nome:_______________________________________________________ •••• Sexo: _________ Data de Nascimento: _____________ Idade: _____

•••• Raça:________________________________________________________

•••• Endereço_________________________________Bairro:______________

•••• Cidade:____________________________________Estado:____________

•••• Telefone_____________________________ Celular __________________

•••• Peso:_________________Altura:___________________IMC: __________

1.1 ANAMNESE a) Você apresenta alguma doença cardíaca? ( ) sim ( ) não

Qual? ______________________________________________

b) Já lesionou alguma estrutura óssea? ( ) sim ( ) não

Qual? _____________Há quanto tempo?___________________

c) Já lesionou alguma estrutura muscular? ( ) sim ( ) não

Qual? _____________Há quanto tempo?____________________

d) Já fez alguma cirurgia? ( ) sim ( ) não

Aonde?____________ Há quanto tempo?____________________

e) Já necessitou realizar algum tratamento médico? ( ) sim ( ) não

Para quê? ______________ Há quanto tempo?_________________

Qual a duração do tratamento? ______________________________

f) Já realizou tratamento fisioterapêutico? ( ) sim ( ) não

Para quê? ______________ Há quanto tempo?_________________

Qual a duração do tratamento? ______________________________

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g)Já necessitou ficar internado em ambiente hospitalar? ( ) sim ( ) não

Há quanto tempo? ________ Qual o motivo? ____________________

Quantos dias? _____________________________________________

h) Você fuma? ( ) sim ( ) não

Quantos cigarros por dia? ___________ Há quanto tempo? ____________

i) Faz uso de bebidas alcoólicas? ( ) sim ( ) não

Qual a freqüência? _____________ Hoje você fez uso de bebidas?___________ Qual?____________________________________________________________________

j) Faz uso de algum medicamento? ( ) sim ( ) não

Qual?_____________ Há quanto tempo faz uso? ________________

Hoje você utilizou algum medicamento? _______________________Qual? ___________

l) Já teve algum problema neurológico? ( ) sim ( ) não

Qual? ____________________________________________________________________

m) Já teve algum problema respiratório? ( ) sim ( ) não

Qual? ____________________________________________________________________

n) É diabético? ( ) sim ( ) não

o) Apresenta alguma alergia de pele ou outro comprometimento cutâneo? ( ) sim ( ) não

Qual?____________________________________________________________________

p) Apresenta alergia ao cloro de piscina? ( ) sim ( ) não

q) Apresenta tonturas? ( ) sim ( ) não

Qual a freqüência? _________________________________________________________

Hoje você apresenta tonturas? ( ) sim ( ) não

r) Apresenta falta de equilíbrio? ( ) sim ( ) não

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Hoje você apresenta diminuição do equilíbrio? ( ) sim não ( )

Em que atividade realizada você sente diminuição em seu equilíbrio? _________________

s) Sente alguma dor? ( ) sim ( ) não

Aonde? __________________________________________________________________

t) Apresenta dificuldades em caminhar? ( ) sim ( ) não

Dor ao caminhar? _________________________________________________________

u) Observação da pele: ______________________________________________________

Observações: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. AVALIAÇÃO DA MARCHA

Fase de apoio:

Inicial: ___________________________________________________________________

Resposta de Carga __________________________________________________________

Apoio Médio ______________________________________________________________

Apoio Final _______________________________________________________________

Fase de Oscilação

Inicial ____________________________________________________________________

Média____________________________________________________________________

Final: ____________________________________________________________________

Observações: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. GONIOMETRIA

Articulação avaliada Movimento ângulo Posição do paciente

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D

E

D

E

D

E

D

E

D

E

D

E

Curitiba, _____de __________200_

_____________________________

assinatura

horário da avaliação: __________

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APÊNDICE B: TABELAS DE DADOS DOS SUJEITOS

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Tabela B1: Média dos dados lineares da marcha para os 19 sujeitos em ambiente terrestre e

ambiente aquático

AT AA p ≤ 0,01 Comprimento da Passada (m)

1,56 ± 0,11 1,14 ± 0,17 Sim

Tempo da Passada (s)

1,09 ± 0,07 2,62 ± 0,35 Sim

Velocidade (m/s) 1,43 ± 0,13 0,44 ± 0,07 Sim

Cadência (passos/min)

110,03 ± 7,49 46,48 ± 6,39 Sim

Tempo de apoio (% ciclo da marcha)

57,26 ± 3,29 58,53 ± 5,81 Não

Tabela B2: Média dos resultados da ficha de avaliação dos 19 sujeitos

SIM NÃO Apresentam Doença Cardíaca

19 0

Fumam

1 18

Usam Bebida Alcoólica

1 18

Usam algum medicamento

2 17

Apresentam problema neurológico

0 19

Apresentam problema respiratório

5 13

São diabéticos

0 19

Apresentam alergia

2 17

Apresentam alergia ao cloro

0 19

Sentem tontura

1 18

Sentiam tontura no dia da coleta

0 19

Apresentam falta de equilíbrio

0 19

Apresentavam falta de equilíbrio no dia da coleta

0 19

Dor em MMII

0 19

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Fratura em MMII

2 17

Lesão muscular em MMII

4 15

Cirurgia em MMII

1 18

Já fizeram fisioterapia

11 8

Apresentam dificuldade para caminhar

0 19

Apresentam fraqueza em MMII

0 19

Tabela B3: Média da Goniometria dos 19 sujeitos

Sujeitos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Flexão Quadril (º) 150 120 138 110 145 120 108 160 155 150

Extensão Quadril (º) 14 10 14 20 15 20 14 10 10 20

Flexão Joelho (º) 140 120 142 124 145 128 100 150 130 110

Extensão Joelho (º) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Dorsiflexão (º) 25 30 23 20 28 30 30 25 25 25

Flexão Plantar (º) 45 40 44 44 46 42 44 45 40 45

Sujeitos 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Flexão Quadril (º) 126 120 120 150 130 115 142 140 116

Extensão Quadril (º) 10 10 12 10 20 18 16 12 10

Flexão Joelho (º) 140 142 140 140 145 140 144 145 136

Extensão Joelho (º) 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Dorsiflexão (º) 20 20 20 28 30 24 30 22 20

Flexão Plantar (º) 42 42 42 40 50 40 40 40 44

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