tráfico negreiro

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1 I. INTRODUÇÃO. O descobrimento de metais preciosos (ouro, diamante, etc) fomentou o maior mercado consumidor das Colónias e para estes vieram todos àqueles que sobre o ouro viam a forma de enriquecimento rápido e fácil, como também, àqueles que fariam a riqueza destes visionários, ou seja, os escravos. Daí o início deste negócio de seres humanos. É Chamado tráfico de escravos ou de negreiro o transporte forçado de negros como escravos para as Américas e para outras colónias de países europeus, durante o período colonialista.  A escravatura foi praticada por muitos povos, em diferentes regiões do mundo, desde as épocas mais antigas. Eram feitos escravos, em geral, os prisioneiros de guerra. Na Idade Moderna, sobretudo a partir da descoberta da América, houve um aumento da escravidão. Desenvolveu-se, então, um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as  Américas.  Assim, neste trabalho, falaremos sobretudo do tráfico de escravos, sua origem, seu desenvolvimento e consequências para Angola, por último a conclusão e a bibligrafia.

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I. INTRODUO.

O descobrimento de metais preciosos (ouro, diamante, etc) fomentou o maior mercado consumidor das Colnias e para estes vieram todos queles que sobre o ouro viam a forma de enriquecimento rpido e fcil, como tambm, queles que fariam a riqueza destes visionrios, ou seja, os escravos. Da o incio deste negcio de seres humanos.

Chamado trfico de escravos ou de negreiroo transporte forado denegroscomoescravospara asAmricase para outrascolniasde paseseuropeus, durante operodo colonialista.Aescravaturafoi praticada por muitos povos, em diferentes regies do mundo, desde as pocas mais antigas. Eram feitos escravos, em geral, os prisioneiros deguerra.NaIdade Moderna, sobretudo a partir dadescoberta da Amrica, houve um aumento da escravido. Desenvolveu-se, ento, um cruel e lucrativocomrciode homens, mulheres e crianas entre a frica e as Amricas. Assim, neste trabalho, falaremos sobretudo do trfico de escravos, sua origem, seu desenvolvimento e consequncias para Angola, por ltimo a concluso e a bibligrafia.

II. O DESENVOLVIMENTO DO TRFICO DE ESCRAVOS.O desenvolvimento do trfico de escravos passou a ser justificado por razes morais e religiosas e baseado na crena da suposta superioridaderacialeculturaldos europeus ou raa brana era considarada superior em relao a raa negra. A prtica do trfico de escravos africanos se dividiu em quatro fases, nomeadamente:1. Ciclo daGuin(no sculo 16): Desenvolvia-se na actual Repblica da Guin-Conacri, situada na frica Ocidental limitado a norte pela Guin-Bissau e pelo Senegal, a norte e leste pelo Mali, a leste pela Costa do Marfim, a sul pela Libria e pela Serra Leoa e a oeste pelo oceano Atlntico. O trfico de escravo deste ciclo foi desenvolvido no perodo colonial da Guin que se iniciou quando tropas francesas penetraram na regio, em meados do sculo XIX. A dominao francesa foi assegurada ao derrotarem as tropas de Samory Tour, guerreiro de etnia malinke, o que deu aos franceses o controlo do que hoje a Guin, e de regies adjacentes. A Frana definiu, em fins do sculo XIX e incio do XX, as fronteiras da atual Guin com os territrios britnico e portugus que hoje formam, respectivamente, Serra Leoa e Guin-Bissau. Negociou ainda a fronteira com a Libria. Sob domnio francs, a regio passou a ser o Territrio da Guin dentro da frica Ocidental Francesa, administrada por um governador-geral residente em Dakar (actualmente, capital do Senegal). Tenentes-governadores administravam as colnias individuais, incluindo a Guin e controlavam o comrcio de escravos nesta regio.2. Ciclo deAngola(sculo 17): traficouos povos congos, ambundos, bacongos,benguelaseovambos. Angola, limitada, a norte e a nordeste, pela actual Repblica Democrtica do Congo, a leste pela Zmbia, a sul pela Nambia e a oeste pelo Oceano Atlntico, um territrio mais prximo da colnia britnica de Santa Helena.A presena portuguesa na regio iniciou-se no sculo XV, mas a delimitao do territrio apenas aconteceu no incio do sculo XX. O primeiro europeu a chegar a Angola foi o explorador portugus Diogo Co. Angola foi como uma colnia portuguesa que apenas abrangeu o actual territrio do pas no sculo XIX e a "ocupao efectiva", como determinado pela Conferncia de Berlim em 1884, aconteceu apenas na dcada de 1920, aps a resistncia dos povos mbundas e o sequestro de seu lder, Mwene Mbandu Kapova. 3. Ciclo daCosta da Mina, hoje chamado Ciclo deBenineDaom(sculo 18 - 1815): traficouiorubs,jejes,minas,haus, tapas e bornus.ACosta da Minacorresponde a uma regio doGolfo da Guinde onde proveio grande parte dos escravos embarcados para asAmricas. Corresponde aproximadamente faixa litornea dos actuaisestadosdeGana,Togo,BenineNigria.O mais famoso porto de embarque de escravos dessa regio foi afeitoriadeSo Jorge da Mina, em torno da qual se desenvolveu a actual cidade deElmina, emGana.O comrcio de escravos na regio foi mais intenso durante os sculosXVIIIeXIX. Esses escravos eram de diversas etnias:nags,jejes,fantiseaxantis, gs e txis (minas), mals(islamizados),haus,kanuris,tapas,gruncis,fulasemandingas. No caso especfico do Brasil, os escravos desta regio eram geralmente desembarcados naBahia, onde predominavam entre os escravos. Durante ociclo do ouro(sculo XVIII), muitos deles foram levados aMinas Gerais, onde tambm chegaram a predominar. No sculo XIX, foram superados numericamente pelos escravosbantosda regio de Angola. 4. Perodo de trfico ilegal, reprimido pela Inglaterra (1815-1851)

O uso de mo-de-obra africana noCaribee nosuldas colnias inglesas daAmrica do Norteformou uma grande rede empresarial que comprava escravos j apresados no litoral deAngolaeGuin, trazendo-os para a Amrica.O trfico de escravos causou verdadeira sangria na frica: alimentou guerras internas, abalou organizaes tradicionais, destruiu reinos, tribos e cls e matou criminosamente milhes de negros. NaAmrica do Sul, o trfico foi muito intenso, principalmente naAmrica portuguesa/Brasil. Osportuguesesj usavam o negro como escravo antes da colonizao do Brasil, nasilhasdaMadeira,Aorese Cabo Verde. O trfico para o Brasil, embora ilegal a partir de1830, somente cessou em torno de1850, aps a aprovao de uma lei de autoria de Eusbio de Queirs, depois de intensa presso do governobritnico, interessado no desenvolvimento do trabalho livre para a ampliao do mercado consumidor.Iniciado na primeira metade dosculo XVI, o trfico de escravos negros dafricapara oBrasilteve grande crescimento com a expanso da produo deacar, a partir de1560e com a descoberta deouro, nosculo XVIII. A viagem para o Brasil era dramtica, cerca de 40% dos negros embarcados morriam durante a viagem nos pores dos navios negreiros, que os transportavam. Mas no final da viagem sempre havialucro. Os principaisportosde desembarque no Brasil eram aBahia,Rio de JaneiroePernambuco, de onde seguiam para outras cidades.

III. ORIGEM DO TRFICO DE ESCRAVOS

H diversas ocorrncias de escravatura sob diferentes formas ao longo da histria, praticada por civilizaes distintas. No geral, a forma mais primria de escravatura se deu na medida em que povos com interesses divergentes guerreavam, resultando no acmulo de prisioneiros de guerra. Apesar de, na Idade Antiga, ter havido comrcio de escravos, no era necessariamente esse o fim reservado a esse tipo de esplio de guerra. Vale destacar que algumas culturas com um forte senso patriarcal reservavam, mulher, uma hierarquia social semelhante do escravo, negando-lhe direitos bsicos que constituiriam a noo de cidado.Embora a escravido no fosse desconhecida na frica, sendo que a compra e venda de aprisionados era praticada h muito tempo entre os traficantes rabes e os sobas, rgulos e outros chefes tribais africanos, foi com a descoberta da Amrica no final do sculo XV que o trfico de escravos atingiu dimenses de um grande negcio, vindo a se tornar um dos maiores do mundo de ento, em sua primeira fase da globalizao. A viagem de Colombo Amrica fez com que feitorias portuguesas, holandesas e inglesas, fossem instaladas nas salincias da frica Ocidental na Costa dos Escravos e no Golfo de Benin - para dedicarem-se exclusivamente ao trfico da mo-de-obra africana apresada, transportando-a a ferros para as grandes plantaes de acar, de tabaco, e para minas situadas na Amrica.Os atraentes produtos coloniais, somados s incontveis riquezas encontradas a toda hora no subsolo da Amrica, produziram um desejo insacivel por braos africanos, absorvidos no Novo Mundo como se fora carvo humano para dar energia a revoluo econmica do mercantilismo europeu. Grande parte do intercambio mercantil entre a Europa, frica e Amricas (especialmente entre 1650 e 1850), o tristemente famoso "Comrcio Triangular", foi tomado pelas naus dos negreiros que nada mais eram seno que masmorras flutuantes cruzando o oceano empurradas por grandes velas, em cujos pores agrilhoados iam os africanos aterrorizados pelo estalar das chibatas e pelos gritos dos capatazes.Portanto, a explorao da costa africana, a chegada dos europeus Amrica do Norte e do Sul durante o sculo XVI e a posterior colonizao do continente africano representam os grandes condicionalismos do trfico intercontinental de escravos na Idade Moderna.Portugal foi a primeira potncia europeia a satisfazer as suas carncias de mo-de-obra atravs da importao de escravos, para colmatar a crnica carncia de trabalhadores agrcolas. Este comrcio de escravos comeou por volta de 1444, e na dcada de 60 do sculo XV o pas importava, anualmente, volta de 700 a 800 escravos do continente africano, capturados, na sua maioria, por outros africanos.O exemplo de Portugal foi seguido pela Espanha. Contudo, Portugal continuou a manter o monoplio deste trfico por cerca de um sculo.No sculo XV, tambm os comerciantes rabes no Norte da frica exportavam africanos oriundos da frica Central para serem levados para os mercados da Arbia, do Iro e da ndia. No sculo XVI, os colonializadores espanhis fixados na Amrica Latina tentaram forar a populao autctone a trabalhar no campo, mas esta no sobreviveu ao trabalho duro e s doenas transmitidas pelos europeus, para alm de contar com a proteo dos Jesutas. Assim, para suprir a sua necessidade de trabalhadores braais, os espanhis viram-se obrigados a recorrer aos escravos africanos. O trabalho no continente americano, fosse nas minas de prata do Per e do Mxico, fosse nos engenhos de acar brasileiros, ou mais tarde no labor das minas de ouro e diamantes neste territrio, foi o principal responsvel pelo incremento do trfico entre os sculos XVI e XVIII.Atualmente, apesar de a escravido ter sido abolida em quase todo o mundo, ela ainda continua existindo de forma legal no Sudo e de forma ilegal em muitos pases, sobretudo na frica e em algumas regies da sia.

Escravido na AntiguidadeA escravido era uma situao aceite e logo tornou-se essencial para a economia e para a sociedade de todas as civilizaes antigas, embora fosse um tipo de organizao muito pouco produtivo. A Mesopotmia, a ndia, a China e os antigos egpcios e hebreus utilizaram escravos.Na civilizao grega, o trabalho escravo acontecia na mais variada sorte de funes: os escravos podiam ser domsticos, podiam trabalhar no campo, nas minas, na fora policial de arqueiros da cidade, podiam ser ourives, remadores de barco, artesos etc. Para os gregos, tanto as mulheres como os escravos no possuam direito de voto. Muitos dos soldados do antigo Imprio Romano eram ex-escravos.No Imprio Romano, o aumento de riqueza realizava-se mediante a conquista de novos territrios, capazes de fornecer escravos em maior nmero e mais impostos ao fisco. Contudo, arruinavam os pequenos proprietrios livres, que, mobilizados pelo servio militar obrigatrio, eram obrigados a abandonar as suas terras, das quais acabavam por ser expulsos por dvidas, indo elas engrossar as grandes propriedades cultivadas por mo de obra escrava.

IV. CONSEQNCIAS DO TRFICO DE ESCRAVOS EM ANGOLA

A chegada dos primeiros europeus data de fins do sculo XV, em 1482, quando o navegador portugus Diogo Co atracou na foz do rio Congo ou Zaire.Em 1700, os portugueses dominavam em Angola uma rea de 65 mil quilmetros quadrados, a partir do litoral de Luanda e Benguela at 200 quilmetros para o respectivo interior, praticamente com o objectivo nico de manter abertas as rotas dos escravos a partir do planalto. Por essa altura, de facto, j os escravos negros eram a principal mercadoria a dominar todo o comrcio, sendo "exportados" para Portugal, Brasil, Antilhas e Amrica Central.A escravatura desencadeou uma gigantesca movimentao de populaes em todo continente africano no geral e em particular para Angola, causando graves consequncias sociais e econmicas, privando as populaes dos seus membros mais vigorosos e dinmicos e paralisou o desenvolvimento da actividade produtiva. A procura dum refgio seguro e a instabilidade verificada entre as populaes causou diversos movimentos migratrios a uma escala varivel com o tempo e o lugar. Foi, alm disso, a maior migrao forada intercontinental de sempre. Tornaram-se destrutivos os efeitos dum crculo vicioso de trocas comerciais, armas de fogo por escravos, e escravos por armas de fogo que seriam usadas na captura de mais escravos e, assim por diante, indefinidamente. Muitos povos ocupam os seus actuais territrios em consequncia das deslocaes provocadas pelo trfico de escravos. Provocou ainda o desaparecimento dos povoados, dos indivduos mais jovens, mais vigorosos e sos. Tratando-se de populaes essencialmente agrcolas, a produo e a acumulao de bens alimentares mergulharam num caos generalizado, que destruiu o processo produtivo. O trfico de escravos instalou a guerra entre as tribos e a violncia no interior das prprias tribos. Os chefes do litoral passaram a ver os seus sbditos como uma mercadoria e a guerrearem-se uns aos outros para venderem os seus compatriotas. Os povos das tribos angolanas eram impotentes perante as armas de fogo dos negreiros europeus. As revoltas eram frequentes, mas selvaticamente reprimidas. difcil de estimar a amplido deste trfico que se manteve durante sculos a uma cadncia acelerada.

V. CONCLUSO:Portanto, ainda que outras formas de escravido persistam at hoje em algumas partes do mundo, ela foi abolida com o surgimento do chamadoabolicionismo, movimento poltico que visou a abolio daescravaturae dotrfico de escravosque existia abertamente, tendo suas origens durante oIluminismonosculo XVIII. Tal movimento se tornou uma das formas mais representativas de activismo poltico dosculo XIXat actualidade.

Pela letra da lei a escravido extinta. O ltimo pas a abolir a escravido foi a Mauritnia em 1981. Porm a escravido continua em muitos pases, porque as leis no so aplicadas. Elas foram somente feitas pela presso de outros pases e daONU, mas no representam a vontade do governo do respectivo pas. Hoje em dia existem pelo menos 27 milhes de escravos no mundo.

A escravatura afectou as vidas de milhes de crianas, mulheres e homens da frica no geral e de Angola em particular, vendidos como mercadoria, obrigados a trabalhar sem salrio, merc dos seus dono. Como consequncias graves foram a destruo de aldeias e desestruturao das famlias e a fuga de homens fsica, mentalmente fortes que deviam desenvolver o pas para outros pases.

VI. BIBLIOGRAFIA

Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

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