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O SEGREDO DE DEUS: JESUS O AFRICANO Melo Nzeyitu JOSIAS BiToPo

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O SEGREDO DE DEUS: JESUS O

AFRICANO

Melo Nzeyitu JOSIAS

BiToPo

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Todos os direitos reservados de acordo com convenções internacionais de copyright. Nenhuma parte

deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou

mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer

sistema de armazenagem e recuperação, sem autorização prévia por escrito da editora. Todas as

perguntas devem ser dirigidas à INSJCM, 24 Marcellin Berthelot, 94 Choisy-le-Roi, France ou via este correio

electrónico : [email protected]

ISBN: 978-2 9530825-2-4

15€ / 20$

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SINOPSE

No dia 23 de Agosto de 1983, o Veneravel Profeta Simão Gonçalves

TOKO aparaceu numa visão ao autor deste livro, o Revendo-Pastor

Melo Nzeyitu Josias, para revelá-lo o Terceiro Segredo de Fátima, o

Segredo do Vaticano.

O Poder do Espírito Santo agarrou a mão do autor para escrever as

linhas básicas deste Grande Segredo, resultando em dez folhas de

papel (Jeremias 36 : 17-18)1. Incumbiu então ao autor iniciar

investigações e pesquizas teológicas e científicas, para desbruçar–

se no universo incomensuravel que constitui este Místerio e tornar

o Inacreditável em Credivel.

O Autor se considera como um simples instrumento que Deus usou

para que esta Mensagem seja conhecida no mundo inteiro,

contribuindo assim na viragem da nova página, a última, na

historia movementada da Humanidade.

Que todo o louvor e toda a glória seja dado ao Eterno Deus de

Isolele e para o Nosso Senhor Jesus Cristo - o Bom Pastor.

1 17 E perguntaram a Baruque, dizendo: Declara-nos agora como escreveste da sua boca todas estas palavras. 18 E disse-lhes Baruque: Da sua boca ele me ditava todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro.

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Tradução de francês para português:

Dissengomoka Sebastião Alexandre

Vuaitoma Sebastião

Revisão linguística :

Melo Nzeyitu Josias

Dissengomoka Sebastião Alexandre

Catarina Joaquim Pinto

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E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e

de noite, ainda que tardio para com eles?

OS MEUS AGRADECIMENTOS A PAÍ MAYAMONA

Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do

homem, porventura achará fé na terra?

Lucas 18 : 7-8

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Zacarias 6:12

Atos 15:16-17

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ÍNDICE

Nota de abertura .......................................................... 9

Prefácio ..................................................................... 11

Introdução ................................................................. 13

Cap. I Duas Loucuras ............................................... 19

Cap. II O Baíle do Sol em Fátima ............................... 21

Cap. III Europa e África............................................ 31

Cap. IV O Maravilhoso Baíle do Profeta Kimbangu ....... 33

Cap. V Os Milagres de Simón Kimbangu ..................... 37

Cap. VI Uma Falsa Revelação .................................... 43

Cap. VII Retrospectiva ............................................. 49

Cap. VIII Os Primeiros Segredos ............................... 55

Cap. XI A Transmissão da Mensagem ......................... 59

Cap. X Stolen Legacy ou a Herança Usurpada ............. 63

Cap. XI Stolen Legacy : Mesmo no Sagrado ................ 71

Cap. XII São As 12 Tribos de Israel ........................... 77

Cap. XIII Kongo dia ‘Totela ....................................... 95

Cap. XIV Patmos Anuncia Fátima ............................. 105

Cap. XV Um Regresso Secreto ................................ 109

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Cap. XVI 1917 : Fátima e o Dragão Vermelho ........... 113

Cap. XVII 13 de Maío de 1917 = A Anunciação ......... 131

Cap. XVIII Um Retráto Enigmático ........................... 137

Cap. XIX Simão Toko, o Homem de Fátima ............... 147

Cap. XX O Evangelho do Homem de Fátima .............. 161

Annex I Khemit, o Egipto Antigo .............................. 185

Annex II Abusos à Humanidade............................... 193

Annex III As Madonas Negras ................................. 201

Annex IV A Bíblia : Um Livro Africano ? .................... 207

Annex V Kongo dia ‘Totela, n’Si a Kana .................... 213

Annex VI O Kikongo, Idioma da Revelação ............... 221

Notas de fim ............................................................. 247

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Nota de abertura

Ao aceitar traduzir esta obra em língua portuguesa a favor do autor, fí-lo com belo prazer e obrigação de divulgar as ideias inspiradas de qualidade, sobretudo quando se tratou de um assunto tão delicado, que sempre intrigou as pessoas. Se no meu livro sobre Psicologia Filosófica dos Bakongo e sua Expansão no mundo (Edições Humbi-Humbi, 2.000) a minha suposição especulativa me levava a dizer que, talvez Cristo tenha tido o sangue bakongo, Melo Nzeyitu Josias me espanta com tão elevada busca analítica do assunto de género.

Se alguém tenha a ousadia de condená-lo por esta perspicácia, não hesitaremos de lamentar sobre a presença de tantos intelectuais clássicos que apenas admitem o sabido, negando possibilidades do surgimento do novo. No entanto, pelo que os próprios clássicos de uma era muito recente diziam: «O novo deve negar o velho, (in Marxismo Leninismo) », a verdade é ainda muito evidente, na medida em que, o próprio pensamento encontra-se em constante movimento e desenvolvimento. Nada é e deve ser considerado como perfeito e dogmático.

O Jovem Escritor e Pesquisador cuja honra de apresentar me cabe assumir, representa, sobremaneira, aqueles amantes da nova geração de pensadores profundos, que a humanidade precisa, sobretudo, no quadro da libertação das mentes presas ao simplesmente existente. Autores de alguns títulos que se encontram em páginas anteriores e que recomendo uma leitura de convicção sobre o que acima afirmo, justificam a minha ousadia.

Modesto, concentrado, calmo, profundo, rico no pensamento, flexível nas análises, ávido de dizer humildemente as coisas e outras, são algumas das suas qualidades escondidas em suas inspirações constantes nesta obra, que convida aos leitores «famintos» do saber, de irem ao encontro do novo.

Professor Dissengomoka Sebastião Alexandre

(Doutor em Psicologia da Educação)

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PREFÁCIO

A primeira versão deste livro foi publicada nos Estados Unidos em

2001. Trata-se de The True Third Secret of Fatima Revealed,

NeKongo Press, Tucson, Arizona, onde encontrou um sucesso

notável porque em poucos meses, milhares de exemplares do livro

foram vendidos sem nenhuma promoção.

Funcionário internacional junto da UNESCO em Paris naquela

época, estávamos ligados a um dever de reserva, razão pela qual

resolvemos esperar dez anos e a demissão das nossas antigas

funções antes de nos lançarmos na re-escritura e reedição do livro.

O resultado é esta obra. Poderão constatar que se o

tema − Jesus o Africano − é polémico, não temos poupado nenhum

esforço de investigação para convencer até os mais cépticos que as

informações aqui contidas não são contos nem fábulas. Em todo

caso, esperamos que fechando a última página do livro, todos os

olhos ficarão abertos sobre a realidade de uma conspiração do

silêncio cujo objectivo era, nem mais nem menos, levar o mundo à

catástrofe.

Para facilitar a leitura do livro, decidimos dividi-lo em duas

partes:

A revelação pormenorizada do Segredo ;

Em anexo, o fruto das investigações realizadas e destinadas a

tornar plausível o que é − reconhecemo-lo de bom agrado −

difícil de acreditar.

Para terminar, tratando-se primeiramente de uma obra

espiritual, formulamos a oração de que se a vossa inteligência ficar

impermeável à leitura deste evangelho dos últimos tempos, que

cada célula de vosso coração seja comovida pela revelação deste

segredo.

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I N T R O D U Ç Ã O

m célebre escritor francêsi declara sem rodeios que

"a maior força que governa o mundo é a mentira."

Esta sentença vai no mesmo sentido do que dizia há

mais de dois séculos Napoleão Bonaparte: "A história

é uma fábula elaborada de um comum acordo."

Do seu lado, o Senhor Jesus Cristo emite um julgamento sem

concessão quanto ao reino soberano da mentira no nosso mundo.

Ele dirige-se nestes termos aos fariseus do seu tempo e, através

deles, a muitos dos detentores da autoridade espiritual de hoje :

“Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de

vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na

verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere

mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da

mentira” (João 8:44).

Sim, a mentira governa o mundo. O exemplo mais recente

desta triste constatação é o pretexto utilizado pela Primeira

Potência mundial − os Estados Unidos da América − para

desencadear uma guerra terrivelmente mortífera no Iraque. As

ADM (Armas de Destruição Massiva) supostamente detidas pelo

Iraque nunca foram descobertas pela simples razão de que elas

não existiam. Mas esta falsidade permitiu aos Americanos

desequilibrar e ocupar para seu benefício esta região estratégica do

planeta...

Entre as fábulas elaboradas maliciosamente para servir causas

inconfessáveis, colocaríamos em primeiro plano a fábula sobre a

origem branca da civilização judeo-cristã. De facto, na origem do

cristianismo, uma testemunha ocular (Tácito, escritor romano do

século I da nossa era) descreveu os Judeus como sendo uma raça

de Etíopes, portanto de Negros. Contudo, hoje, é estranho de

constatar que é quase impossivel de encontrar um só personagem

bíblico negro numa obra literaria ilustrada consagrada à Bíblia. Este

U

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14 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

trabalho de falsificação com consequências trágicas (o tráfico

negrei ro que sugou a Áfr i ca durante quatro séculos e a

concomitante colonização, simbolizam-nas aos nossos olhos) foi

feito por degraus, etapa por etapa. Contudo, a apoteose foi

alcançada quando o Papa Julius II pediu ao artista italiano da

Renascença, Raffaelo Santi, mais conhecido por Rafael, para

representar os personagens da Bíblia conforme à imagem da

Europa e dos Europeus. A Palestina, o maior teatro das epopeias

bíblicas, acabava deste modo de se enxertar como por encanto à

Europa. O cristianismo, ao passar a ser, desde a conversão em 313

do Imperador Constantino, a religião dominante da Europa,

tornava-se indispensável ao Papado que os Europeus se

identificassem como protagonistas da Bíblia, mesmo se aquilo

contradissesse os textos de referência e o simples bom sentido.

Alguns exemplos para uma melhor compreensão: os profetas

do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo Testamento eram

circuncisados. Heródoto, um sábio grego do século V AC,

considerado como o Pai da História, afirma que esta prática é uma

característica própria dos Negros. Isto não impede que os profetas

e os apóstolos da Bíblia sejam geralmente representados como se

fossem "Arianos" autênticos.

Moisés, o grande legislador que deu origem à nação de Israel,

era um Egípcio de cultura e de fenótipo (Êxodo 2:19 e Actos 7:22).

Apesar de que os próprios faraós consideravam-se como os

descendentes de Cam, ou seja negros autênticos (Salmos 105:23 e

105:27), foi sem receio de ridiculizar-se que os actores americanos

Yul Brynner e Charlton Heston – brancos − representaram os

personagens de Faraó e Moisés num dos mais famosos filmes de

Hollywood.

Falando ainda de Moisés: como prova de Seu poder, Deus...

“Disse-lhe: torna a meter a mão no seio. E tornou a meter a mão

no seio; depois tirou-a do seio, e eis que se tornara como o

restante da sua carne” (Êxodo 4:7).

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Introdução 15

É necessário situarmo-nos bem no contexto desta historia:

Deus quer demonstrar a Moisés que Ele é Todo Poderoso, que não

há nada que Lhe seja impossível. Seria ridículo, com efeito, se

escolhesse tornar branca a mão de alguém que já é... branco ! Há

apenas a hipótese contrária que faça sentido... Moisés era Negro e

o facto da sua mão tornar-se branca resulta indubitavelmente de

um milagre. Séculos mais tarde, Jesus destaca o milagre que supõe

esta metamorfose preto-branco nesta frase:

“Nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só

cabelo branco ou preto” (Mateus 5:36).

E Job que, ao saber da morte dos seus filhos, rasga a sua

roupa e... se raspa a cabeça em sinal de luto ! (Job 1:20). Isto é

outro costume bíblico antigo que, curiosamente, se reencontra hoje

em dia apenas na África sub-saariana... Este facto vem apoiar a

tese desenvolvida mais adiante no livro sobre uma migração

efectuada por certos povos do Médio Oriente em direcção à África

negra nos primeiros séculos da nossa era.

Esta entrada em matéria impunha-se para introduzir o tema

deste livro, a divulgação do Segredo do Vaticano, ou seja o

Terceiro Segredo de Fatima, cujo título, Jesus o Africano, é

explícito.

Convimos sem escapatória que este título dá para sorrir e

mesmo para rir. Caro amigo, se lhe apanhar este desejo, vai lá

francamente. Pode soltar uma gargalhada sonora, vinda do fundo

das tripas, que dilate a sua garganta estendida como uma cascata.

Uma vez passado o último soluço, limpadas as lágrimas que

molham a sua face, recorde-se de que a história de Israel começa

praticamente com um riso. Incrédulo. O de Sara que se ri quando

os anjos do Senhor anunciam que ela iria ter um filho, com quase

cem anos de idade. Ridículo ! Estúpido ! Inconcebível ! É bem

conhecido o que aconteceu depois: o filho prometido nasce, a quem

se dá o nome "risada", Itsaakii, e que na altura determinada por

Deus viria a dar o seu nome ou, antes, a sua alcunha, à nação mais

famosa do mundo − Israel – pelo seu filho Jacob.

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16 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Para voltarmos ao nosso tema, a razão principal da risada que

pode provocar o título de “Jesus o Africano” é fácilmente

compreensível : de facto, não representam a África e os Africanos

um concentrado de todas as misérias e calamidades do mundo ?

Em relação à pergunta de Natanael a Filipe, que lhe anuncia que o

Messias é de Nazaré: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré ?”

(João 1:46), a questão que se põe é de saber se “alguma coisa

boa” pode vir da África.

A resposta à esta pergunta é dupla : em primeiro lugar será a

mesma que a de Filipe a Natanael: “Vem e vê !” Que “entrem” nas

páginas deste livro para “ver”... Em seguida, citaremos estas

palavras inspiradas do apóstolo Paulo:

“Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para

confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo

para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do

mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada

as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de

Deus” (1 Corintios 1:27-29).

São estes critérios de selecção determinados pelo próprio Deus

que retratam a trama sobre a qual foi tecido o incrível fresco da

Revelação do Terceiro Segredo de Fátima. Negar admiti-lo, recusar

de submeter-se à esses critérios, nos levaria a cair na mesma

armadilha em que o Vaticano caiu desde 1960. A de se opor

frontalmente à vontade divina, com as terríveis consequências

resultantes de tal loucura.

Para fechar esta introdução, deixem-nos dizer que o sucesso

mundial da novela de Dan Brown, “O Código Da Vinci” confirma o

interesse indefectível do público para quaisquer divulgações novas

(ou supostas como tais) sobre o personagem de Jesus. Não

retirando nada à qualidade do livro supracitado, devemos salientar

que essa história saiu da imaginação fértil de Brown. Não é nada

disso no que diz respeito a Jesus o Africano: os factos expostos

têm tido lugar ao vigésimo século. Portanto é fácil verificar e

recortá-los e constatar, provas ao apoio, que todos os factos são

verdadeiros.

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Introdução 17

A divulgação do Terceiro Segredo de Fatima é um

prelúdio à nova era à qual aspira a maior parte da humanidade, onde deve reinar a Verdade em oposição à Mentira que contém em si mesmo os gérmens do caos.

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CAPÍTULO I

Duas Loucuras Para Forçar o Papa a Falar

o dia 2 de Maio de 1981, Lawrence James Downey,

um Australiano, antigo Monge cisterciense do

monastério romano dos Tre Fontane desvia um avião

da Aer Lingus que efectua um voo entre Dublim e

Londres. Queria com este golpe de fenda forçar João Paulo II a

divulgar o Terceiro Segredo de Fátima. Este atentado louco foi um

fracasso. Terá contudo a vantagem de colocar o famoso Mistério de

Fátima e o seu Grande Segredo na primeira página dos jornais do

mundo inteiro.

As brasas deste sensacional evento ainda não são resfriadas

quando, onze dias mais tarde, uma “trovoada” abala as salas

de redacção de todos os diários, rádios e televisões do mundo.

A 13 de Maio, o Soberano Pontífice, que parece resolvido a

amordaçar a Mensagem de Fátima, é obrigado a recordar-se dela

da maneira mais trágica. É, de facto, vítima de um atentado na

Praça São Pedro de Roma. Atingido gravemente pelas

balas −disparadas à queima roupa − por um terrorista turco de

nome Ali Agça, é por milagre que escapa à morte. Pura

coincidência ? Este atentado tem lugar no mesmo dia − 13 de

Maio de 1981 − do 64º aniversário das aparições de Fátima que

começaram no dia 13 de Maio de 1917. Por incrível que pareça: as

balas de Ali Agça atingiram o Papa exactamente às 17h19. A

inversão destes dois números dá... 1917, o ano do início do

Mistério de Fátima.

“Porque o Senhor ordenou e tudo se fez; ele mandou e tudo

apareceu” clama o profeta Jeremias (Lamentações 3:37). Qual é o

homem, tão poderoso e venerado que seja que possa questionar os

N

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20 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

decretos do Senhor ? O Senhor terá esperado quarenta anos,

quarenta longos anos, ou seja, cerca de duas gerações, para ver se

o Papado publicaria o (verdadeiro) Terceiro Segredo de Fátima

confessando assim públicamente a sua culpa.

Não foi o caso. Bem pelo contrário, as instâncias supremas do

Vaticano, das quais fazia parte o actual Papa Benedito XVI,

decidiram mudar o verdadeiro sentido do atentado de 13 de Maio

de 1981 que era uma advertência do Senhor ao Papa João Paulo II,

para fazerem dele a revelação do Grande Segredo: “Um bispo

vestido de branco que cai debaixo de balas inimigas...”

Ninguém se zomba impunemente de Deus (Gálatas 6:7).

Aproveitamos esta ocasião para meditar esta palavra do Senhor:

“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se perder

a sua alma ? Ou que dará o homem em recompensa da sua

alma ?” (Mateus 16:26).

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CAPÍTULO II

O Baile do Sol em Fátima

ntes do dia 13 de Outubro de 1917, o planeta Terra

nunca testemunhou uma festa semelhante. Neste

famoso dia, num recanto insignificante deste globo

azulado, concretamente uma pequena aldeia do

centro de Portugal de nome Fátima, o sol vestiu-se dos seus mais

lindos ornamentos e entregou-se, sem falso pudor, a uma exibição

fenomenal. Era visível que o astro delirava de alegria − como uma

mulher que da à luz um filho único − produzindo um feérico fogo

de artifício sob o olhar incrédulo de uma imensa multidão.

Assistimos aqui à última aparição da Senhora do Céu aos

pastorinhos de Fátima a quem ela fala desde há cinco meses. Neste

dia, todo o Portugal se encontra representado lá na Cova da Iria.

Há de facto, uma multidão de crentes, de curiosos, mas também de

descrentes, camponeses, burgueses, médicos, obreiros, cientistas,

etc. Debaixo de uma forte chuva, cerca de setenta mil pessoas

escavam de impaciência. Quando os três pequenos videntes se

apresentam, a Lúcia − cujo nome, que significa “luz”, nunca foi tão

simbólico −, pede à multidão fechar os guarda-chuvas para

rezarem. Ao meio-dia, a Senhora aparece. Após ter anunciado a

sua mensagem, abrindo as mãos, fá-las reflectir sobre o sol e,

enquanto ela ascende, o reflexo da sua própria luz continua a

projectar-se sobre o sol. Assim se confirma a descrição misteriosa

de Revelação 12:1 que declara que a mulher das aparições estava

“vestido do sol.”

Neste mesmo momento, de acordo com a promessa feita

aquando da sua precedente visita e em conformidade com o

anúncio da Lúcia, realiza-se um prodígio inédito. O sol começa a

mover, e durante cerca de dez minutos, o astro de fogo, por três

vezes, gira como uma roda de circo, lançando raios de luz coloridos

A

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22 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

pintando tudo, o solo, as árvores, as pessoas, de diferentes cores.

Parece dever esmagar-se sobre a terra, o que provoca um

movimento de pânico da multidão completamente aterrorizada.

Muitos caem de joelhos gritando: «Milagre ! Milagre ! Ó meu Deus

de Misericórdia ! Perdão ! Creio, ó meu Deus !" A massa recita o

acto de arrependimento, em seguida entoa-se o credo. Porém, o

sol pára com a sua queda vertiginosa, sobe tal como tinha descido

e retorna ao seu lugar no firmamento, recuperando o seu brilho

normal. A multidão põe-se de pé, recompondo-se tal como um

pugilista groggy. Constata-se que as roupas todas encharcadas de

chuva dez minutos antes estão agora absolutamente secas.

Este fenómeno solar foi constatado a quilómetros da Cova da

Iria,iii por pessoas que ignoravam tudo do que ali acontecia.

Mas deixemos a palavra a alguns testemunhas oculares do

doravante famoso Baile do Sol de Fátima.

TESTEMUNHO DO PROFESSOR JOSÉ PROENÇA GARRET

Dentre os espectadores convidados a este festival vindo de uma

outra dimensão encontra-se um homem dotado de uma inteligência

fora do comum. Trata-se de José Proença Garret, um professor

reputado de ciências na Universidade de Lisboa. Fica tão fascinado

pelo espectáculo que está determinado a transmitir o seu

testemunho à posteridade...

Pela sua formação científica e seu espírito analítico, o Professor

Garret pode ser considerado como a única testemunha capaz de

fazer a descrição mais fiável do milagre. Munido dos seus

binóculos, pôde observar de perto o estranho fenómeno. A sua

descrição do prodígio, que vão ler in extenso, é mais preciosa

ainda, visto que o nosso homem confessa ser ateu, afastando

imediatamente a suspeita de um testemunho partidário.

Da cercadura da bacia onde se encontra, o professor Garret

goza de uma vista estratégica sobre a espécie de anfiteatro natural

onde ocorrem as aparições desde o 13 de Maio. Lançando um olhar

circular sobre a cena, fica assombrado de ver a enorme multidão

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O Baile do Sol em Fátima 23

que pulula em baixo. Decide então avaliar o número de pessoas

reunidas lá, praticamente aos seus pés, contando-as segundo um

engenhoso método. Calcula, pela superfície quadrada que ocupam,

o número total de pessoas que se encontram mais perto do lugar

onde está de pé. Por projecção, multiplica este número por tantas

vezes a superfície quadrada que é necessário para cobrir todo o seu

campo de visão. É assim que recenseia mais ou menos 70000 a

100000 pessoas.

É quase meio dia. Há cerca de meia hora, os três pequenos

pastores de Fátima que se encontram no centro de toda esta

efervescência, cairam em êxtase. Parecem agora estar a conversar

com alguém que somente eles podem ver. De repente, a mais

idosa das crianças, Lúcia dos Santos, aponta o seu indexo para o

céu: «Olhem, olhem ! » grita com uma voz ardente.

Instintivamente, o professor Garret levanta os olhos e o que ele vê

lhe traz dúvidas nos seus sentidos. Será objecto de uma

alucinação ? Com efeito, ele vê o sol esboçar um ligeiro

movimento, com se fosse apanhado com um cismo. Sem

considerar o risco normalmente fatal para os seus olhos, ele pega

em seus binóculos e aponta os em direcção ao astro solar. Ele

descreve assim o fenómeno :

"Alguns tempos atrás, o sol tinha furado a camada espessa

de nuvens que até então tinha o escondido e posto a brilhar clara

e intensamente. Virei-me para este íman que atraía todos os

olhares e pude observar que era semelhante a um disco com uma

extremidade exacta e ângulo saliente mas sem que aquilo

enfraquecesse os olhos. Ouvia em Fátima o sol a ser comparado a

um disco prateado, o que não parece justo. Na verdade, era uma

cor mais clara, mais brilhante e mais rica, iridescente como o

oriente de uma pérola. Não se assemelhava em nada à lua numa

noite transparente e clara porque via-se e sentia-se como um

astro vivo. Não era esférico como a lua, também não tinha a

tonalidade nem as claridades escuras. Parecia um disco raso e

liso, como se cortado em pérola de um marisco. Não é lá uma

comparação um tanto quanto banal extraída numa poesia de

pouca qualidade. Os meus olhos encaravam-no realmente assim.

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24 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Também não se assemelhava ao sol quando contemplado através

do nevoeiro − aliás, não havia nevoeiro naquele momento porque

não parecia escuro nem difundido nem oculto. Em Fátima, o sol

dispensava luz e calor e desenhava-se distintamente com um

lado cortado em espinha, como a bandeja de uma mesa de jogo.

O arco celeste estava coberto de cirros cruzados e azulados aqui

e acolá, mas o sol apartava-se várias vezes sobre a parte nítida

do céu. As nuvens que transladavam ligeiramente do leste ao

oeste não confundiam a luz do sol que não prejudicava os olhos,

de modo que as pessoas tinham a impressão de que passavam

por detrás do sol e não em frente dele. É surpreendente que

durante um tempo tão longo, a multidão mesmo assim podia

fixar o astro − lareira de luz e chamas de calor −, sem dor nos

olhos e sem que a retina seja deslumbrada, cega. Este fenómeno,

com duas interrupções durante as quais o astro lançou raios mais

brilhantes e mais deslumbrantes que obrigaram desviar os olhos,

durou cerca de dez minutos. Este disco perlado tinha um

movimento vertiginoso. Não era apenas a cintilação de um astro

em plena vida. Girava também sobre si mesmo com uma

velocidade impressionante em direcção ao solo, ameaçando

esmagar-nos debaixo do peso da sua imensa massa

incandescente. Foram momentos de terríveis impressões.

Ocupando-me a fitar o sol, notabilizei que todo se escurecia ao

redor de mim. Olhei primordialmente o que estava ao meu redor,

além do meu horizonte e vi que todas as coisas tinham tomado

uma cor de ametista. Os objectos, o céu e as nuvens da

atmosfera tinham a mesma cor. Um grande carvalho, todo

violeta, projectava uma sombra tenebrosa sobre o solo.

Causando uma irritação na retina − uma hipótese pouco provável

porque, neste caso, não teriam parecidos violetas todos os

objectos − franzi as pálpebras e apoiei os dedos sobre elas a fim

de interceptar qualquer luz. Virei-me para abrir os olhos e vi que,

como antes, a paisagem e o ar tinham sempre a mesma cor roxa.

A impressão que tínhamos não era a de um eclipse. Em Fátima, a

atmosfera, embora roxa, continuava a ser transparente até aos

confins do horizonte, que se via claramente, e não tive a

sensação de uma parada da energia universal. Continuando a

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O Baile do Sol em Fátima 25

contemplar o sol, observei que a atmosfera tinha-se tornado mais

clara. A esta altura, ouvi um camponês dizer à sua vizinha ao

meu lado: Mas, Senhora, você é tão amarela ! Até então tudo

tinha mudado de perto e à distancia revestindo-se de cor velho

damasco amarelo. As pessoas pareciam doentes, atingidas por

uma icterícia. Sorri ao vê-los assim, feios e com uma má

disposição. Ouviam-se risadas. As minhas mãos pareciam

também amareladas.

Todos os fenómenos que enumerei e descrevi, observei-os

com um espírito brando e acima de todo sem nenhuma emoção

nem sobressalto. Cabe a outros além de mim explicar ou

interpretá-los...”

TESTEMUNHO DO JURISTA AZEVEDO MENDES

Mestre Carlos de Azevedo Mendes, a nossa segunda testemunha, é

um jovem jurista de 28 anos. Viajou pela primeira vez a Fátima em

Setembro de 1917, durante um passeio de cavalo. Foi curioso ver a

misteriosa colina que se localizava em cima de Batalha, onde desde

o dia 13 de Maio se realizavam milagres que punham em agitação

a região inteira. Após esta visita, decide conhecer os três pequenos

visionários. Junta-se aos seus pais e pede para falar com as

crianças. Após ter brincado com elas para ganhar a confiança delas,

submete-as a um interrogatório amigável. A sinceridade das

crianças, derivada da espontaneidade das suas respostas,

transtorna-o. No seu testemunho feito em 1960, declara:

"Após esta primeira visita a Fátima no início do mês de Setembro,

escrevi uma carta à minha noiva informando-lhe que eu fui

convencido de que algo de incomum se passava com os

pastorinhos de Fátima e que tinha a intenção de deslocar-me a

esta aldeia no dia 13 deste mês, para certificar pessoalmente. A

sinceridade das crianças, quando falavam dos eventos, era

evidente. Todas as três afirmam que uma Senhora está

aparecendo lhes. Não sabem quem ela é.

Havia vários milhares de pessoas em Fátima no dia 13 de

Setembro (o mês que precedeu o milagre), e muitas delas

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26 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

testemunharam mais tarde ter visto uma chuva prateada e outros

fenómenos, mas pessoalmente devo dizer que não vi nada.

Donde a minha grande decepção foi quando, no fim de apenas

alguns minutos, as crianças − que estavam de joelhos −

ficaram de pé, declarando que não tinham mais nada a dizer.

Decidi então que não iria à Fátima no dia 13 de Outubro. Porém,

naquele dia, foi mais forte que eu. Acompanhado de meu irmão

Cândido e de alguns dos seus amigos, apercebi-me que estava

em Fátima sem portanto saber porque, posicionando-me não

distante do local dos eventos. Vi as crianças a chegar, vi-as a

pôr-se de joelhos, e fui surpreendido pelo impressionante silêncio

que se abateu sobre nós. Recordo-me hoje como se fosse ontem.

Uma vez mais, enquanto as crianças falavam da visão, as

pessoas ao redor de mim descreviam coisas que elas viam, mas

eu não via nada de estranho.

Era meio-dia passado de alguns minutos. De repente, ouvi a

multidão a gritar. Ergui os olhos e vi o sol, semelhante a uma

bola de fogo, que começou a mover-se através das nuvens. O

evento durou vários segundos, durante as quais tive a impressão

de que o sol caía acima de nós. Todos os rostos tinham mudado

de cor, gritos e exclamações esguichavam de todos os lados,

seguidos de actos de contrição, de amor para com Deus. Um

momento indescritível ! A pessoa sente, continua cativada. Mas é

impossível descrevê-lo. Choveu toda a manhã e o céu estava

preenchido de nuvens, mas a chuva cessou repentinamente. Sob

o efeito de uma intensa emoção, avancei e levantei a pequena

Lúcia, pressionando-a sobre o meu ombro.

Em conclusão, o que vi em Fátima neste dia não deixou de

perturbar a minha vida espiritual e estou persuadido de que todos

os que viram o milagre, ou mesmo ouviram falar dele, foram de

certeza impressionados pela sua grandeza... Recordo-me ainda

hoje de maneira tão viva como aquilo se produziu, e sinto-me

ainda dominado pelo extraordinário evento do qual fui

testemunha no dia 13 de Outubro de 1917 em Fátima. Não sou o

único. Todo Portugal ficou comovido por completo.”

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O Baile do Sol em Fátima 27

TESTEMUNHO DE MÁRIO GODINHO

O Senhor Godinho, um engenheiro ateu pertencente a uma famosa

família portuguesa, dirige-se à Fátima logo no dia 13 de Junho de

1917. Acompanhava a sua mãe, uma mulher devota que, desde o

começo dos fenómenos, acreditou na sua origem divina. O Sr.

Godinho permanecerá na história de Fátima como o primeiro a ter

viajado de carro à Cova da Iria. Tinha 25 anos de idade na altura.

"A minha família vive cerca de 25 km de Fátima. Em Maio de

1917, chegaram-nos rumores sobre extraordinários eventos em

Fátima. Não pude crer tanto mais que a imaginação popular vinha

inchando estes rumores de narrações fantásticas. Porém minha

mãe, mulher devota, acreditou imediatamente à notícia e fez

tudo para convencer-me para acompanhá-la ao sítio das visões.

Fomos lá então no dia 13 de Junho, aquando da segunda

aparição da Nossa Senhora. À beira da estrada, vimos uma dúzia

de pessoas, entre as quais encontravam-se três pastorinhos

pegando velas acesas nas mãos. Outras pessoas juntaram-se à

nós na espera da aparição. Em frente das crianças havia um

pequeno carvalho verde. As crianças declararam que era sobre

esta árvore que a Nossa Senhora iria manifestar-se. No que me

diz respeito, não vi nada de extraordinário neste dia, o que

reforçou ainda mais a minha convicção de que as pobres crianças

deliravam. Como estávamos dentro do automóvel, propus-me a

acompanhá-las à suas casas. Aproveitamos para bombardeá-las

com perguntas. Penso sinceramente ter sido o primeiro a tirar a

foto dos pastorinhos e a submetê-los à um interrogatório.

Longe de ser escaldada por esta primeira experiência, a

minha mãe insistiu para que a acompanhasse outra vez à

Cova da Iria, no dia 13 de Agosto. Uma vez mais, regressei

daí desanimado e desiludido. Contudo, algo de extraordinário

tinha mesmo acontecido. A minha mãe, que sofria de um grande

tumor no olho durante muitos anos, foi curada. Os médicos que a

tratavam declararam que eram incapazes de explicar tal cura.

Continuei contudo a não crer nas visões. Finalmente, e uma vez

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28 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

mais cedendo-me às exigências de minha mãe, acompanhei-a à

Cova da Iria no dia 13 de Outubro.

Desta vez, a multidão era inúmera: centenas e centenas de

peregrinos, e vários tipos de veículos. Ver esta multidão

constituía ainda um choque em mim, e como continuei incrédulo,

não tive mesmo a intenção de sair do meu automóvel. Tão de

súbito, notei que todo mundo olhava ao céu. Impelido por uma

curiosidade muito natural, saí do automóvel e ergui igualmente

os olhos ao céu. Vi então num espaço livre do céu (em que a

pessoa normalmente não seria capaz de manter os olhos fixos ao

sol) o próprio sol. Era semelhante a um círculo de vidro fumado

iluminado pela parte traseira e girando sobre si mesmo, o que

dava a impressão de cair sobre as nossas cabeças. Pude então

ver o sol mais facilmente do que a lua cheia. Dentre os milhares

de vozes, ouvi palavras de elogio e de adoração. E subitamente,

eu mesmo acreditei. Convenci-me que não fui vítima de uma

alucinação. Tinha visto este sol como nunca mais o reexaminei.”

TESTEMUNHO DE O SÉCULO, O GRANDE JORNAL LIVRE-PENSADOR DE LISBOA

Avelino de Almeida, editor chefe do O

Século, é ateu. Razão pela qual publicou de

manhã mesmo neste jornal um artigo

irónico sobre as visões da Cova da Iria. Ao

meio-dia, é testemunha do prodígio e à

noite, mudança de tom: ainda sob a

impressão das visões, escreve um novo

artigo do qual citamos aqui alguns

extractos. Este artigo, publicado n’O Século

de segunda-feira 15 de Outubro de 1917,

causa aliciação por todo país, e resulta em

censuras duras ao seu autor por parte dos

livres-pensadores portugueses, furiosos por

esta formidável publicidade feita às

aparições de Fátima. Contudo, para os

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crentes, esta caução vinda do ateísmo é a prova paradoxal de que

o Baile do Sol teve efectivamente lugar.

"(...) As nuvens rasgaram-se e o sol, como uma placa

prateada... pôs-se a girar sobre si mesmo e a ziguezaguear no

círculo do céu livre de nuvens. Um grande grito escapou-se dos

peitos; e os milhares de pessoas, que a fé levantava até ao céu,

caíram de joelhos sobre o diluído solo.

A luz do sol tornou-se de um azul estranho ! Dizem que

atravessava os vidros coloridos de uma imensa catedral, antes de

espalhar-se dentro desta nova gigantesca catedral, modelada em

ogiva por todas as mãos que se levantavam para o céu !...

Seguidamente a luz azul esbateu-se gradualmente como filtrada

por vidraças amarelas. Manchas amarelas caíam agora sobre as

coifas brancas e os vestidos sombrios das mulheres. Estas

manchas repetiam-se indefinidamente sobre as árvores, sobre as

pedras, sobre o solo... Toda a multidão chorava, toda a multidão

rezava, os homens, o chapéu à mão na grandiosa impressão do

milagre esperado ! Estes momentos pareciam levar tempo, eram

tão intensos !"

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CAPÍTULO III

Europa e África Convidadas Para Uma Mesma Festa

o dia 13 de Outubro de 1917 em Portugal, o sol

bailou sob o olhar de uma multidão capaz de

preencher um grande estádio olímpico moderno.

É de recordar que este astro soberano localiza-se

a 1392000 km da terra e que tem um volume 1,3 milhão de vezes

superior ao do nosso planeta. É esta bola de gás em fusão com

dimensões fabulosas que moveu-se em Fátima. Será que devemos

de considerar este extraordinário desfile do sol como sinal de um

acontecimento excepcional ? Em outros termos, à semelhança das

nuvens mensageiras da chuva, será que este fenómeno precede

um acontecimento extraordinário ? A resposta é sim. Contudo, é

necessário notar que advento melhor que evento é a palavra certa

neste contexto particular. Se, em Portugal, o céu desdobrou uma

magnificência de tal magnitude que estampou esse dia de um selo

indelével, foi para a celebração do hímen dos céus e da terra

concretizado pelo cumprimento de um oráculo multimilenário. Mais

adiante teremos a oportunidade de desenvolver este tema

pormenorizadamente.

A região onde esta profecia iria decorrer-se, nomeadamente a

África profunda, não podia ficar atrás. Houve festa nos céus de

Portugal. Haverá festa, no momento oportuno, sobre a terra

sagrada da África, esta terra que o proprio Criador amassou com as

Suas mãos − metáfora − para extrair Muntu, o ser humano

original, fonte da humanidade inteira. Esta afirmação apoia-se na

palavra kikongo Muntu que deu origem à palavra latina Mundus da

qual deriva “mundo”, quer dizer as tribos, nações e línguas que

povoam a terra. A parte linguística do livro (ver anexo VI) contém

mais dados sobre o assunto.

N

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CAPÍTULO IV

O Maravilhoso Baile Do Profeta Simón Kimbangu

rês anos e seis meses após o Baile do Sol em Portugal, a África sintoniza-se com Fátima, pelo braço de um homem inspirado revestido do poder de Deus. Ao testemunho dos céus ia fazer eco o de um profeta que

aparece numa porção do globo terrestre situada no equador, no território do antigo Reino de Kongo dia 'Totela.iv

Este homem inspirado chama-se “Simão o Mensageiro”. Nasceu em 1889 no Sul do Congo, então sob a dominação belga. O seu nome, Kimbangu, que significa “o testemunha”, tomou o seu significado real em 1918, quando ele tinha trinta anos de idade. Este Elias ignorado, tendo alcançado a idade messiânica, à imagem do Cristo de há dois mil anos, foi designado divinamente com a missão de “pastar a sua manada.”

Naquela época, as doze Mavila − “tribu, clã” − do Kongo raramente tinham enfrentado uma aflição similar no decorrer da sua história, que se iniciou há mais de 3500 anos atrás no Khemit (Egipto) das grandes dinastias faraónicas com o Profeta/Legislador Maza ou seja Moisés.

Com efeito, o território do antigo Reino do Kongo agoniza em consequência de uma terrível seca da qual resulta fome e epidemias mortais. As doze tribos, sem força, morrem-se e, erguendo os olhos e as mãos ao céu, gritam o seu desespero...

Como se as calamidades naturais não chegassem, as autoridades portuguesas perpetram ao mesmo tempo acções de terra queimada, devastando e destruindo aldeias inteiras,

T

Kimbangu, o Profeta de Deus

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procurando com essas matanças impedir a revolta dos autóctones da região, liderada por Tulante (Tenente) Álvaro Buta.

É nesta altura que aparece Simão o Taumaturgo, que faz parte dos Ne-'Saku,v a tribo dos sacrificadores de Kongo dia `Totela; foi chamado para consolar o seu povo, para “converter o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais”, para que tenham um só coração, uma só mente (Malaquias 4:6).

A Grande Guerra que durante quatro anos tornou a Europa em fogo e sangue acaba de cessar. Em Portugal, a efervescência provocada pelas aparições de Fátima não acabara ainda.

A chamada de Kimbangu e as visões de Fátima estão estreitamente interligadas mas ninguem sabe disso, com a excepção das esferas celestiais. O autêntico profeta é em geral um homem de profunda humildade: Kimbangu, que pode sem hesitação ser classificado nesta categoria, sente-se indigno da chamada divina. Crendo poder escapar à Voz que lhe persegue, parte da sua aldeia natal de ‘Kamba. Desloca-se então para Léopoldville (hoje Kinshasa), a capital do país.

Contudo, será que podemos nos esconder dos olhos do Deus Todo Poderoso ? O lirismo do Salmista responde-nos :

“Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no solo a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em noite a luz que me circunda; nem ainda as trevas são escuras para ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Salmos 139:7-12).

É assim que cada palavra, cada frase deste salmo colam nas solas de Kimbangu, cujos passos são trazidos novamente e irresistivelmente para ‘Kamba após três anos passados na grande metrópole congolesa. Revestido do Espírito Santo em Abril de 1921, é transcendido e inicia a pregar a Boa Nova do Reino de Deus, anunciando o próximo regresso do Cristo, em África, no seio do seu povo.

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O Maravilhoso Baile do Profeta SK 35

Em eco às palavras de Kimbangu ressoam das profundidades do século XVII as profecias de Kimpa Vita, ou seja Dona Beatriz do Kongo, queimada viva na flor da juventude pelos missionários católicos que não podiam suportar que a Verdade lhes fosse jogada na cara. Mas não antecipemos...

O baile supracitado está ligado ao facto de que Kimbangu acompanha as suas pregações de milagres cujo similar se encontra apenas nas páginas mais maravilhosas dos Evangelhos. Os paralíticos que caminham, os surdos que ouvem, os cegos que vêem, os mortos que rescucitam formam, com os seus parentes ao cúmulo da alegria, a multidão dos que dançam à gloria do Senhor cujo Mensageiro se chama Kimbangu. Kimbangu é o Mestre do Baile, deste baile que vem em sintonia ao Baile do Sol ocorrido em Portugal quatro anos antes.

Kimbangu, alguns o terão percebido, é o Elias do tempo do fim

profetizado por Mateus:

“Digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas

fizeram-lhe tudo o que quiseram” (Mateus 17:12).

Mas a pergunta que se põe − com razão – é a seguinte : “Não será

João Baptista esse Elias ?” Sim, com certeza, foi a João Baptista

que se incumbiu o papel de preparar o caminho do Messias. Mas

isto ocorreu há 2000 anos, em Palestina. Contudo, é ao Simão o

Mensageiro que foi confiada a mesma missão no verdadeiro tempo

do fim, ou seja a época contémporânea, a que viu o Evangelho do

Reino a abranger os quatro pontos cardeais da terra (Mateus

24:14).

João Batista é o tipo, Kimbangu é o anti-tipo, de acordo com o

princípio da dualidade profética. Este princípio ensina que um

acontecimento ou um personagem tipo é o precursor de um evento

ou carácter anti-tipo comparável, cuja intervenção há de ter lugar

num futuro muito distante.vi As narrações que descrevem os

milagres ocorridos na Palestina na época de Jesus de Nazaré são,

de acordo com o princípio supracitado, o tipo. Apresentamos aqui a

epopeia dos milagres acontecidos no centro do continente africano

no início do século XX. Estes representam o anti-tipo dos milagres

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36 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

que esmaltam os Evangelhos. Estes prodígios foram realizados

perante dezenas de milhares de testemunhas, algumas das quais

estavam ainda em vida recentemente.

OS ESCRIBAS DE KIMBANGU

“Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memorial num livro” (Êxodo 17:14). Inspirado por estas palavras do Senhor, Kimbangu tomou cuidado de escolher, entre os seus discípulos, dois que sabiam ler e escrever e dotados de uma memória infalível. Trata-se de 'Finanganivii e ’Zungu, que estão encarregues de assentar por escrito tudo o que os seus olhos pasmados vêem. Assim, as narrações do próximo capítulo devem ser considerados como reportagens instantâneas e não como narrações históricas escritas muito tempo após os eventos que descrevem. É apenas uma parte do seu testemunho que reproduzimos, sem alterar nada, a não serem certas correcções ortográficas e gramaticais indispensáveis, tendo assim respeitado o próprio estilo dos autores. O que nos contam fica, 90 anos depois, de uma notável actualidade e uma admirável pureza.

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CAPÍTULO V

Os Milagres de Simón Kimbangu

o mês de Abril,viii havia uma grande multidão que lá foi para ser curada. Aproximou-se um homem que sofria de paralisia: não podia mexer os braços nem as pernas nem nenhuma parte do seu corpo. Disse-

lhe: “Vim à você, profeta de Deus, para ser curado e me sentir bem e poder me levantar.”

Este (o homem de Deus), por sua vez clamou: “Em nome de Cristo, levanta-te !” O homem levantou-se imediatamente e a multidão ficou pasmada. Este homem era um habitante de Lukunga,ix de nome Matubuka. Todos os que se aproximaram dele para receber a bênção totalizavam sessenta e cinco almas, padecendo todos de diversas doenças.

Dentre eles havia um homem de nome 'Goma, que disse: “Vim a você porque sou cego.” O profeta interrogou-lhe: “Que deseja ?” Este por sua vez respondeu-lhe: “Quero ver.” O profeta cuspiu na terra, fez lama e friccionou-a sobre os olhos. Ordenou-lhe logo para ir lavar-se. Conseguiu enxergar e glorificou a Deus pelo o que lhe tinha acontecido.

Aproximou-se também um homem da aldeia de ‘Tumba Lulumbe, que era mudo. Ajoelhou-se aos pés de Kimbangu, os olhos fixos sobre ele. O profeta impôs-lhe as mãos e clamou: “Em nome de Jesus Cristo, fala !” Imediatamente, o homem falou.

Trouxeram-lhe ainda uma criança que sofria de deformação corporal, de nome Thomas da aldeia de Lombo. A sua mãe a pousou aos pés do profeta. Este indagou a: “O que é que queres que eu faça à sua criança ?" A mãe disse: “Quero que ele seja normal.” Disse o profeta: “Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda !” A criança levantou-se bem firme sobre as suas pernas.

N

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38 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

O trabalho de cura dos pacientes ganhou uma amplitude enorme. A multidão tornou-se tão numerosa que quase que não havia mais espaço para passar.

Num belo dia, trouxeram-no uma rapariga morta havia três dias já. Quando a sua família aproximou-se da aldeia, Deus revelou ao Simão o Profeta que chegava uma morta e que ele teria de reanimá-la em nome de Cristo. A criança sem vida foi colocada aos pés do profeta. O pai da menina chamava-se Bonix e a mãe Vango. O pai suplicou-lhe: “Simón, profeta de Deus, tenha misericordia da minha criança, que viva !” Ela chamava-se Dina. Simón disse: “A vossa rapariga não morreu, ela apenas dorme.” Dirigiu-se à menina e disse: “Em nome de Cristo, levanta-te !” A morta levantou-se imediatamente.

A multidão estava maravilhada e louvou o Senhor num hino de elogio. O profeta sentiu-se mais ainda revestido do poder de Deus. Saiu e acompanhou a menina à estrada. Dirigiram-se para a colina. Tendo chegado lá, ele disse-lhe: “Vai em paz !” e estendendo a mão, abençoou-a. Dina respondeu-lhe dizendo: “Fica em paz !” O pai disse ao profeta: “Se aceitasse dinheiro, ter-vos-ia dado 50 patax mas sei que você não aceita dinheiro.”

O profeta voltou então ao seu trabalho de cura. Chegou um tipoa,xi onde se encontrava 'Kunki, habitante de Lumweno. Ele veio ajoelhar-se aos pés de Simón dizendo: “Por muito tempo estou doente, não posso me levantar. Vim a você, ó profeta, porque desejo levantar-me.” O profeta respondeu: “Levanta-te em nome de Cristo !” De imediato, 'Kunki levantou-se, andou e saiu do recinto.

Outro dia, chegou um designado Bwanda e sua mulher ‘Kenge, que levava uma criança morta, mas não encontravam passagem para chegar até ao profeta devido à multidão. Finalmente, conseguiram traçar-se um caminho. O homem disse: “Simón, profeta de Deus, vim para que a minha criança que é adormecida, faça-lhe misericórdia e que retome vida.” O profeta tossiu e a criança levantou as pálpebras e fixou os olhos ao céu. Simón disse: “Em nome de Cristo, levanta-te !” A criança levantou-se logo, completamente restabelecida. Simón disse ao pai e à mãe que

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Os Milagres de Simón Kimbangu 39

glorificassem Deus pela maravilha que tinha realizado para a sua criança.

De manhã, trouxeram-lhe uma criança de nome Nezidi. Seu pai chamava-se Mayonga. Vinham do Congo francês.xii O pai disse: “Trouxemos a nossa criança, mas morreu no caminho. Tenha piedade de nós, que a nossa criança retorne à vida e toma o seio.” O profeta impôs-lhe as mãos e imediatamente a criança reanimou-se e, completamente restabelecida, tomou o seio.

Por volta da noite, ao cair do sol, trouxeram mais uma criança, filho de Masamuna e de Lusala. A criança chamava-se Dinampovele. Quando chegaram à aldeia, tiveram dificuldade em atingir Simón devido à multidão. Chegados na frente do profeta, disseram-lhe: “Quando chegamos na aldeia de Kintumba, a criança morreu.” Simón recolheu-se, tossiu e disse: “Menina, levanta-te !” A criança reanimou-se e tomou o seio da sua mãe. Partiram cheios de alegria.

Uma outra mulher originária de Kilau trouxe a sua criança única. O nome da mãe era Kikeka. Disse: “A minha criança morreu, quero que ela reviva.” Então Simón pegou a criança e disse: "Criança, levanta-te !" Imediatamente, a criança levantou-se e a mãe foi preenchida de alegria. Toda a multidão abençoou Deus por este milagre.

Chegou também uma mulher, uma Mongala,xiii que disse: “Sofro de uma perda de sangue há um ano e meio, não foi curada. Já tomei muitos medicamentos, mas em vão. Vim por conseguinte implorar socorro junto de você.” Simón disse: “Em nome de Cristo, que a fonte de sangue seque-se.” Imediatamente a fonte de sangue secou-se. Esta mulher chamava-se 'Gulula. Vinha de Leopoldville.

Outro dia, chegou uma mulher do Congo do Rei.xiv Pousaram-na aos pés de Simón e a mulher disse: “Há cerca de cinco anos, não me levanto mais. Agora, vim, cheia de fé, e espero levantar-me.” Simón disse: “Levanta-te, em nome de Cristo.” A mulher tentou levantar-se, mas não pôde. Simão repetiu: “Levanta-te, em nome de Cristo.” A mulher tentou outra vez, em vão. Até três vezes, mas sem resultado. Ela levantou então os olhos ao céu

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40 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

chorando amargamente: “Ó Deus, meu Pai, todos levantam-se aqui, eu posso testemunhá-lo, sou a única que não se pode levantar. Se cometi um pecado que ignoro, confesso à você, ó meu Deus, tenha piedade de mim, porque é que não posso me levantar, que tristeza para os que me levaram desde Kongo dia ‘Totela até aqui.” Dizendo aquilo, chorava a fogueiras lágrimas. Deus teve piedade dela. Simón pegou-a pela mão e disse-lhe: “Vai, porque a tua fé salvou-te.” Disse ao mesmo tempo aos que cercavam-na: “Peguem-na pela mão.” Pegaram-na pela mão e deixaram-na fazer alguns passos. Então a mulher disse: “Deixem-me andar sozinha, porque recuperei as minhas forças !” E andou sozinha.

Ao cair do sol, chegou mais uma mulher de Sona Bata. Vinha para ser curada de uma doença que os Exi-Kongo chamam matadi. Disse: “Há oito anos que não me levanto. Agora que sou crente, quando o dia da passagem chega, levam-me à entrada da casa de orações para comer a ceia. Agora, vim para ser curada por você.” Simón disse-lhe: “Em nome de Cristo, como têm-no feito anteriormente Pedro e João, levanta-te !” De imediato, a mulher levantou-se e foi-se embora.

Um dia, trouxeram-lhe um homem de Luozi. Disseram-lhe que o homem tinha morrido há dois dias na sua aldeia. Então ouvindo dizer que havia em 'Kamba um homem que podia reanimar os mortos pelo poder de Deus, os seus parentes levantaram-se para levá-lo ao profeta. Chegados próximo da aldeia de 'Kamba este homem reanimou-se mas não pôde falar. Chegaram até a Simón, o profeta de Cristo, que disse: “Que as suas forças retornem !” Ao momento, saiu da rede e foi-se embora. O próprio Simón conduziu-o à vale de 'Fuma e disse-lhe: "Wenda kiambote ! Vai em paz !” E respondeu-lhe: “Sala kiambote ! Fica em paz !”

Que diríamos em conclusão deste capítulo ? Que milagres tão sonoros realizados em um só e mesmo lugar de maneira tão regular são o privilégio de um só povo, o da revelação bíblica. Se Kimbangu fosse branco, tais prodígios tinham-se realizado num lugar mais convindo do que a África, é certo que o mundo inteiro teria ouvido falar dele e o celebraria hoje como um autêntico profeta de Deus. Em vez daquilo, teve de sofrer um mártir de trinta anos de prisão, após a pena capital que se viu infligido por parte

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Os Milagres de Simón Kimbangu 41

dos Europeus “civilizados” ter sido comutada em pena de prisão perpétua. O seu único crime ? Ter pregado Cristo com poder, ter consolado o seu povo, ter situado o advento desta era messiânica após a qual suspiram todos os homens de boa vontade, no meio do continente mais desprezado que seja e que, no entanto, é o único lugar citado nomeadamente no Eden bíblico (Gênesis 2:13).xv

Kimbangu (à direita), com dois adeptos, na prisão de Kasongo, em 1950

É assim que os seis meses do ministério de Simón o Mensageiro foram uma verdadeira festa para as doze mavila,xvi estas tribos perdidas perante o mundo mas não perante Deus.

O céu, na Europa, e a terra, na África, uniram-se, como o acabamos de ver, no início do século XX, para celebrar conjuntamente um acontecimento que ninguém podia imaginar.

Deste acontecimento depende o futuro da humanidade inteira. Este acontecimento constitui o Terceiro Segredo de Fátima, o segredo mais explosivo de todos os tempos. Mas antes de chegar aos capítulos do livro que revelam detalhadamente o Grande Segredo que é objecto deste livro, uma retrospectiva dos eventos de Fátima impõe-se.

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CAPÍTULO VI

Uma Falsa Revelação

ada 13 de Maio comemora-se o aniversário das

aparições de uma mulher “vestida de sol” em Portugal

(Apocalipse12:1). Esta Senhora, descida do céu em

1917 em Fátima, uma pequena aldeia de Estremadura

(centro de Portugal), era mensageira de uma série de

comunicações de maior importância para o mundo. Confiou as

mensagens, conhecidas portanto sob o nome genêrico de “Os Três

Segredos de Fátima,” a três pastorinhos, a mais velha dos quais, a

Lúcia dos Santos, tendo apenas dez anos de idade na altura.

Das três mensagens, duas foram publicadas com alguns

comentários em 1942. Em resumo, anunciavam a morte prematura

de dois dos pastorinhos visionários (Jacinta e Francisco Matos), o

fim da Grande Guerra dita “Primeira Guerra Mundial”, o nascimento

do comunismo na Rússia e a sua expansão mundial e uma Segunda

Guerra Mundial precedida de um sinal celeste. Este fenómeno

aconteceu efectivamente no dia 25 de Janeiro de 1938 em forma

de aurora boreal.

Quanto à Terceira Mensagem, devia ser revelada ao mundo em

1960 de acordo com as próprias instruções da Senhora do céu. O

Papado, que tornou-se proprietário legal do envelope que continha

o Segredo, fez grande publicidade acerca da divulgação do Segredo

neste ano, anunciando o fim de um longo suspenso. Contudo, o

Papa João XXIII, tendo ordenado o desselar do envelope e tomando

conhecimento do famoso anúncio, de acordo com o rumor, ficou

profundamente transtornado. O envelope voltou sem tardar ao seu

C

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44 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

cofre-forte e, longe de publicar a mensagem, o Vaticano tomou a

mais trágica decisão da sua história agitada, a de esconder sob um

silêncio irrevogável, uma notícia que a humanidade esperava desde

há dois mil anos.

Por meio da Agência portuguesa A.N.I. de Roma, eis os termos

em que o Vaticano apontou esta decisão:

“O Segredo de Fátima nunca será revelado, admite-se nas

esferas do Vaticano (9/02/60). É provável que o Segredo nunca

será tornado público. Em círculos altamente dignos de fé do

Vaticano, acabavam de declarar ao representante da United Press

International que é extremamente possível que nunca esteja

aberta a carta em que a irmã Lúcia escreveu as palavras que a

Nossa Senhora confiou aos três pastorinhos, como um segredo,

na Cova da Iria.

Sobre a indicação da irmã Lúcia, a carta não podia ser aberta

senão em 1960. Perante as pressões exercidas sobre o Vaticano

(as outras para que a carta esteja aberta e o seu conteúdo

revelado ao mundo inteiro; outras baseando-se nas previsões

alarmantes que continha, de modo que ela não seja publicada),

afirma-se nos mesmos círculos que o Vaticano decidiu que o texto

da carta da irmã Lúcia não seria revelado, continuando a ser

mantido sob o segredo mais rigoroso.

Será que o Vaticano conhece o conteúdo do envelope ? A decisão

das autoridades do Vaticano baseia-se em várias razões, a saber

nomeadamente:

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Uma Falsa Revelação 45

A irmã Lúcia ainda vive;2

O Vaticano conhece o conteúdo da carta;

Embora a Igreja reconheça as aparições de Fátima, ela não

deseja comprometer-se em garantir a veracidade das

palavras dos três pastorinhos. Em tais circunstâncias, é

muito provável que o Segredo de Fátima seja mantido, para

sempre, sob o mais absoluto segredo.”xvii

Todavia, quarenta anos mais tarde, no momento em que o

mundo menos esperava, um dos sucessores de João XXIII, João

Paulo II nomeadamente, aproveitou-se do 83º aniversário das

aparições e do Jubileu da Igreja para anunciar oficialmente que o

famoso Segredo referia-se à uma tentativa de assassinato sobre

um “bispo vestido de branco”. Uma vez que um acontecimento

similar decorreu ao 13 de Maio de 1981, quando um fanático turco,

Ali Agça, disparou sobre o mesmo João Paulo II, ferindo-o

seriamente, o Vaticano declarou que não havia mais mistério. Por

conseguinte, o novo rifão da cúria romana no que diz respeito ao

Grande Segredo de Fátima passou a ser: “Homens do mundo, por

que estão olhando para Roma? Já não há segredo nenhum !”

“Sinto fortemente ainda no meu coração a emoção que senti

ontem por ter beatificado os pastorinhos Francisco e Jacinta Matos,

que, juntamente com Lúcia, ainda em vida, tinham tido o privilégio

de ver a Madona e falar com ela”, declarou então João Paulo II,

dirigindo-se à multidão reunida na Praça São Pedro de Roma.

2 Morreu em 2005

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46 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Que os dois pastorinhos de Fátima falecidos prematuramente

pouco depois das visões fossem beatificados não falta de deixar um

sentimento de indisposição quanto ao teor do Segredo. Será que a

sobrevivente dos pastorinhos, a irmã carmelita Lúcia, desaparecida

em 2005 (quase centenária) terá sacrificado a vida toda para

manter selado uma mensagem que, uma vez publicada, nem

sequer traz um estremecimento de mudança no destino da

humanidade? E que dizer do orgulho de uma entidade que deixa o

mundo crer que uma profecia velha de 1900 anos (reler o início do

capítulo 12 do Apocalipse) refere-se à ela? Uma vez mais, que haja

um atentado contra um Papa, que beneficio traz na vida de

centenas de milhões de miseráveis que diariamente apenas

sobrevivem?xviii

Os jornais do mundo inteiro comentaram abundantemente

sobre o surpreendente ressalto que constituiu a pseudo revelação

do Terceiro Segredo de Fátima pelo Vaticano, sem, no entanto

conhecer todas as suas implicações, suas entradas e suas saídas. A

CNN,xix por exemplo, transmitiu esta informação sem que o

jornalista “especializado” se estranhasse de que 18 anos mais cedo,

e somente um ano após o atentado do qual tinha sido vítima e que,

na insinuação de Roma, constitui o Segredo, João Paulo II tinha

efectuado uma peregrinação a Fátima. Não era então o melhor

momento para divulgar um mistério velho de 65 anos? Nestas

circunstancias, a Mensagem revelada pela Igreja apostólica romana

no dia 26 de Junho de 2000 teria tido outro impacto... Imaginem

que esta mesma revelação fosse feita em 1982. A emoção

suscitada pelo atentado contra o Papa estando ainda viva no

coração de todos, a suspeição de uma falsificação da mensagem

não teria sido recebido... Hoje dia, o facto de ter esperado 40 anos

antes de anunciar publicamente o “segredo” provoca mais

especulações ainda acerca das “hipocrisias” do Vaticano.

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Uma Falsa Revelação 47

Além disso, que pensar da flagrante contradição que existe

entre a declaração da Lúcia em 1924 aquando de um

interrogatório: “O Segredo compõe-se de palavrinhas pronunciadas

pela Senhora do céu” disse ela então, e a versão actual do Vaticano

que se trata de uma visão simbólica de um atentado contra um

bispo vestido de branco?

Por último, que pensar do facto que a mensagem confiada a

Igreja católica há meio século pela irmã Lúcia cabia numa pequena

folha de papel de vinte à vinte e cinco linhas em comparação com

as quatro páginas do fac-símile do pretendido Segredo exibido pela

cúria romana?

Uma das personalidades a estranhar-se do facto é o bispo

Venâncio, prelado português, a quem incumbiu-se em 1957 a

responsabilidade de levar o famoso envelope ao núncio de Lisboa

afim de ser enviado a Roma. Submeteu naquela ocasião o envelope

aos raios do sol através da janela e afirma que continha apenas

uma folha de papel com uma vintena de linhas escritas por Lúcia.

O nº 2 do Vaticano, o cardeal Ángelo Sodano, que João Paulo II

escolheu para “revelar” o Segredo, não era simplesmente credível

quando declarou numa entrevista que o soberano pontífice

desejava pôr um termo à décadas de especulações sobre a

Mensagem.

“Parecia oportuno revelar estas visões simbólicas, e igualmente

mostrar que não havia basicamente nada de bem misterioso”,

confiou o cardeal italiano ao diário romano La Republica.

Nada de bem misterioso? Quem pode isto acreditar? Será que o

sol bailou ao encerrar o ciclo das aparições em Outubro 1917 para

celebrar “nada de bem misterioso?” O Vaticano, tendo percebido

que milhões de pessoas ficariam insatisfeitas acerca das razões do

longo silêncio do Papado sobre o Segredo, publicou recentemente o

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48 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

fac-símile do documento original onde a Lúcia dos Santos da sua

mão teria escrito a mensagem mais de 50 anos antes.

Do parecer de muitos peritos, nomeadamente José Geraldes

Freire, Professor de Literatura na Universidade de Coimbra, cidade

onde a Lúcia dos Santos viveu escondida durante mais de 80 anos,

tratar-se-ia de um falso documento. Propõe ele uma explicação que

se aproxima muito do que é revelado neste livro: o Grande

Segredo é estreitamente ligado ao antigo império português na

África, da qual Angola era a pérola.

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CAPÍTULO VII

Retrospectiva Sobre o Mistério de Fátima

a história agitada da humanidade, os fenómenos sobrenaturais, as maravilhas e os mistérios abundam. Mas quantos destes fenómenos ditos paranormais podem orgulhar-se de ter sido

anunciados num livro − a Bíblia neste caso − hoje à disposição de todos, dois mil anos antes dos fenómenos ocorrerem? Ao nosso parecer, depois de mais de quinze anos de pesquisas e investigações a este respeito, só um destes mistérios pode aguentar o desafio de uma análise bíblica sem concessão. Trata-se das famosas aparições de Fátima em 1917. No dia 13 de Maio daquele ano, com efeito, a pátria do rei Dom Henrique vai conhecer, por meio de uma insignificante aldeia de Estremadura, uma hora de glória destinada a brilhar para sempre nas anais da sua história. No momento muito menos esperado, Fátima, aldeia perdida no centro de Portugal, cuja população elevava-se a apenas cerca de 2500 almas na altura, vai ser durante seis meses o teatro de eventos sobrenaturais cujo eco dará a volta ao globo.

Neste dia de graça, três pastorinhos da aldeola de Aljustrel, Lúcia dos Santos (10 anos) e os seus dois primos mais jovens, Francisco (9 anos) e Jacinta (7 anos) vão pastar, como sempre, o seu rebanho de carneiros numa pequena vala conhecido na região sob o nome de Cova da Iria. É uma vasta bacia cercada de colinas e coberta de carvalhos verdes e de oliveiras, sita a dois ou três quilómetros das primeiras habitações da aldeia. Esta configuração em forma de anfiteatro natural é maravilhosamente adequada aos acontecimentos extraordinários dos quais os pastorinhos serão os protagonistas.

O 13 de Maio é um Domingo, dia do Senhor, e isto constitui o nosso primeiro índice revelador. O algoritmo «13» é indubitavelmente um segundo índice revelador. Com efeito, é um indicador precioso quanto à chave do Terceiro Segredo. Tendo

N

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50 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Cristo doze discípulos, é evidente que ele próprio seja o décimo terceiro personagem do grupo. As inúmeras pinturas que retratam a Santa Ceia, nomeadamente a última refeição tomada pelo Senhor no meio dos seus discípulos, testemunham-no. Sendo o treze o número de predilecção deste Mistério, isto anuncia-nos que o seu fio condutor é o próprio Senhor Jesus Cristo. Com efeito, as aparições de Fátima, conforme as assinalamos acima, são a concretização de uma profecia feita pela alvorado da era cristã pelo apostolo João.

No seu livro profético e alegórico que encerra a Bíblia, João

declara no preâmbulo que foi “no dia do Senhor” que recebeu a

visita, em Patmos, de um mensageiro celeste. Segundo facto que

não é também puro acaso, é o Domingo que precede a festa da

Ascensão. Ora, acontece que foi no dia da Ascensão do Senhor que

dois anjos predisseram aos discípulos o regresso do Mestre num

contexto similar ao extraordinário acontecimento ao qual acabam

de assistir.

Mas voltemos aos pastorinhos de Fátima. Chegam por volta de

meio-dia à famosa bacia, após uma longa caminhada sinuosa.

Enquanto as ovelhas pastam, as crianças brincam com a

despreocupação inerente à sua idade, rezam o seu rosário, brincam

novamente. Todo é perfeitamente calmo, o sol brilha no zénite, o

céu é de um azul límpido.

De repente, ouve-se uma trovoada ensurdecedor. Assustados,

os três pastorinhos decidem então de juntar a pressa seus animais

e empurram-nos numa gruta por baixo.

Os três pastorinhos de Fátima, de esquerda à direita, Jacinta e Francisco Matos e a prima Lúcia dos Santos.

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Retrospectiva Sobre o Mistério 51

Lúcia dos Santos relata-nos nas suas Memórias o que se passou

em seguida:

“Começamos a descer a encosta, empurrando as ovelhas com

direcção à estrada. Chegando mais ou menos à metade do

caminho, pouco perto da elevação de um grande carvalho verde

que lá se encontrava, houve um outro relâmpago e, após ter

dado ainda alguns passos, vimos sobre um pequeno carvalho

verde, uma Senhora, vestida de branco, mais brilhante que o sol,

irradiando uma luz mais clara e mais intensa que um vidro de

cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol

mais ardente. Paramos, surpreendidos por esta aparição.

Estávamos tão perto que nos encontrávamos na luz que a

circundava, ou seja que dela emanava, talvez a um metro e meio

de distância, mais ou menos."

A aparição se apresenta então à Lúcia e seus primos

estupefactos como “sendo do céu.” Marca-lhes em seguida um

encontro no mesmo lugar, em 13 de cada mês à mesma hora

(meio dia) a fim de lhes confiar revelações da mais extrema

importância sobre o futuro da humanidade.

Perante a irrupção inesperada desta maravilha na sua vida, as

crianças não podem calar-se, sobretudo a mais jovem, Jacinta, que

vai, ao cúmulo da excitação, contar tudo aos seus pais. Estes estão

muito cépticos de inicio, e tratam os meninos de mentirosos e

fabuladores. Contudo, tiveram logo que se render à evidência,

quase contra a sua vontade: as crianças diziam a verdade. Com

efeito, nem os insultos, nem as ameaças, nem os soluços das duas

mães (Dos Santos e Martos) que lamentavam-se: “Mas quem são

essas crianças para que a própria Madona Santa desça do céu para

falar com elas?” não fazem dobrar os pastorinhos. Interrogados

separadamente, a sua versão dos factos permanece inalterada,

sem contradições. É assim que as duas famílias decidem

acompanhar as crianças à Cova da Iria aquando da segunda

aparição, prevista para dia 13 de Junho. Um pequeno grupo de

curiosos, posto ao corrente pelas “alas do vento” (algo pode

acontecer numa aldeola como Aljustrel sem que todos o saibam?)

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52 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

juntam-se igualmente a eles. Uma vez no sitio, chegam a constatar

que, certamente, algo de insólito lá se passa. Quando, alguns

meses mais tarde, será necessário fazer o historial destas

estranhas aparições, as testemunhas afluirão. Parece com efeito

que à cada uma das suas aparições, a Senhora do céu não deixou

de dar no seu trilho alguns sinais visíveis.

“Estávamos no mês de Junho e a árvore (o pequeno carvalho

verde) tinha toda a sua ramada coberta de brotos longos muito

jovens. Ora, no fim da aparição, quando a Lúcia anunciou que a

Nossa Senhora ia em direcção ao leste, todos os ramos da árvore

colheram-se e desviaram para este mesmo lado, como se a

Nossa Senhora quando partiu tivesse deixado arrastar o seu

vestido sobre a ramada", conta uma testemunha.

Doravante, a cada 13 do mês, peregrinos e curiosos cada vez

mais numerosos acompanham as crianças ao encontro da Senhora.

Ao chegar, os pastorinhos e os que na multidão são crentes

ajoelham-se frente ao pequeno carvalho verde onde a Mensageira

do Céu aparece. Sua chegada é sempre precedida de relâmpagos e

trovoadas que todos podem ver e ouvir. Neste ponto da nossa

narração, é de destacar que estes sinais que anunciam a aparição

não são fortuitos. Podem, de facto, explicar-se pelas seguintes

passagens bíblicas:

“... No terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o

povo sobre o monte Sinai... E aconteceu, ao terceiro dia, ao

amanhecer, que houve trovões e relâmpagos sobre o monte... de

maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial.”

(Êxodo 19:11; 16).

Podemos assim perceber que quando o Criador desceu do céu

para falar com Moisés, esta presença − invisível − foi concretizada

por dois fenómenos físicos: relâmpagos e trovoadas. O povo ficou

aterrorizado. Em Fátima, mesmo cenário: relâmpagos e trovoadas

e pânico por parte dos pastorinhos. Eis por um lado o que reza o

Antigo Testamento.

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Retrospectiva Sobre o Mistério 53

Por outro lado, o Novo testemunha assim:

“E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus” (Apocalipse 4:5).

“... Porque como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia” (Lucas 17:24).

Lenta mas certamente aproximamo-nos da verdade sobre Fátima. O personagem principal deste Mistério não é outro senão Cristo, o Messias de Israel e do mundo inteiro. O anjo de Fátima, a Senhora do céu, é a sua Mensageira celeste. Quanto a Kimbangu, é o seu Mensageiro terrestre.

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CAPÍTULO VIII

Perseguições Contra Lúcia e Seus Primos

Os Primeiros Segredos

“Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa” (Mateus 5:11).

pesar da comoção causada pelas aparições, muitos ainda duvidam. É preciso destacar aqui que a Lúcia e seus primos são os únicos a ver e a ouvir a Senhora. Isto entristece a Lúcia que pede à Mensageira, no dia

13 de Julho, para fazer um milagre visível “afim que todos possam acreditar”. Da sua voz suave e melodiosa, a Senhora promete e precisa mesmo a data do milagre: 13 de Outubro, aquando da sua última visita...

A notícia espalha-se logo em todo Portugal: em Fátima, a Santa Madona desce do céu para falar com três pastorinhos. Não são certamente os cépticos e zombadores que faltam. Mas, ainda mais numerosos são os que pensam apenas numa coisa: que mensagem é que ela quer anunciar ao mundo ?

Recordemos que em 1917 a Europa está à beira do abismo, arrastando o resto do mundo para a mesma inclinação suicidária. A Primeira Guerra Mundial rebentou de facto em Sarajevo desde o assassinato do herdeiro do império austro-húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinand. Longe das suas casas, homens jovens que constituem a força viva das suas nações morrem no combate. Será que a Senhora falou desta guerra às crianças ?

Em Portugal mesmo, os anticléricos no poder desde a revolução

de 1910 que impôs a República arruinaram ainda mais um país já

quase moribundo. Houve separação da Igreja e do Estado, um dos

A

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56 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

objectivos primordiais dos inimigos da fé sendo de erradicar do país

qualquer vestígio de religião. As igrejas estão ainda toleradas, sim,

mas muitos conventos e mosteiros são encerrados, os monges

expulsos e os seus bens confiscados. É pouco dizer por conseguinte

que os eventos de Fátima caem mal para as autoridades políticas

portuguesas que vão fazer tudo para asfixiar no ovo esta história.

Apesar disso, neste verão de 1917, Fátima torna-se o foco

espiritual de um mundo desamparado. A Igreja católica bem como

as suas instâncias, em Portugal e em Roma, observam uma

prudente reserva, fingindo ignorar o acontecimento. Eles, os

detractores, passam à ofensiva. Os jornais liberais assenhoram-se

do assunto e arrastam na lama os pastorinhos, as suas famílias e a

religião. O Século, o grande diário de Lisboa já citado (cf.

Capítulo II), fala de especulação comercial por parte dos vigários e

afirma que a Lúcia e os seus primos são epilépticos notórios que

caem, para um sim ou para um não, em síncope. As autoridades os

perseguem, querendo obriga-los a retractarem-se. Ridicularizam-

nos, batem-nos, são submetidos a intermináveis interrogatórios.

O paroxismo destas perseguições acontece no dia 13 de

Agosto, dia em que as crianças são raptadas pelo administrador da

freguesia. Encarceradas na fortaleza de Ourém, são submetidas a

uma espécie de inquisição e, perante sua mudez, ameaçadas das

piores exacções e até mesmo de morte. O infame administrador

não hesita em prometer às crianças que serão mergulhadas num

tanque de óleo fervente se continuarem caladas. Mas

demonstrando uma coragem excepcional para pequeninos da sua

idade, recusam-se a falar e guardam um silêncio absoluto sobre o

que a Senhora lhes confiou.

É necessário sublinhar aqui que o mistério dos Três Segredos

de Fátima teve realmente início no dia 13 de Julho. É neste dia,

com efeito, que a Senhora do céu transmitiu aos pastorinhos uma

série de mensagens destinadas para abalar o mundo. É o teor

destas mensagens que interessa no mais alto grau o administrador

da freguesia que sabe que se chegar a fazer falar Lúcia e os seus

primos, obterá uma fama mundial.

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Os Primeiros Segredos 57

OS PRIMEIROS SEGREDOS

Portanto os apaixonados do Mistério de Fátima deverão usar de paciência. Com efeito, se esperará 25 anos, aquando das cerimónias que comemoram um quarto século das aparições, ou seja em 1942, antes que sejam publicadas as primeiras divulgações acerca do Mistério de Fátima no livro das Memórias da Irmã Lúcia desvendando os dois primeiros segredos. Já os resumimos no princípio deste capítulo. Não é supérfluo entrarmos novamente em mais pormenores sobre eles. As primeiras mensagens referem-se:

Ao fim da Primeira Guerra Mundial que intervém efectivamente um ano depois dos eventos de Fátima, com a assinatura do Armistício aos 11 de Novembro de 1918;xx

Ao evento na Rússia de uma revolução que ia instaurar um sistema de governo baseado no ateísmo, com o objectivo de desviar do caminho de Deus muitos povos e nações. Este oráculo não demorou em realizar-se: no mesmo ano e no mesmo mês do Baile do sol em Fátima (em Outubro de 1917) inicia-se na Rússia um novo regímen político, o Comunismo, que arrastará nos compromissos “anti-fé” muitos povos e muitas nações;

À predição de uma Segunda Guerra Mundial. Esta última devia ser assinalada por uma noite iluminada por uma luz desconhecida, profecia concretizada aos 25 de Janeiro de 1938 por uma estranha aurora boreal visível no céu da maioria dos países europeus. Foi, como escreveu Lúcia dos Santos, o sinal do advento, se os homens não se arrependessem dos seus maus trilhos, de uma grande aflição no mundo, causada por uma segunda guerra mundial mais mortífera ainda que a primeira. O Escritor P. Gabriel, numa obra dedicada à Fátima, dá mais pormenores sobre este ponto:

"Este fenómeno atmosférico que perturbará tanto os astrónomos como os astrólogos, produziu-se muito precisamente durante a noite de 25 (Terça-feira) à 26 (Quarta-feira) de Janeiro de 1938. Eis o que disse o jornal `o Figaro' em primeira página da sua edição de 26 de Janeiro de 1938, num discreto parágrafo, sob o título ‘aurora boreal vislumbrou-se ontem à noite na Europa:

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58 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Um fenómeno meteorológico extraordinário foi observado ontem à noite na França e em vários países da Europa. Assinalou-se primeiro que em Grenoble, entre 19h30 e 21h30, e logo acima de toda a cordilheira dos Alpes, o céu tinha sido iluminado por uma imensa lareira, de um vermelho muito vivo, como se o sol fosse levantar-se. A claridade era tão viva que em Briançon os carteiros trabalharam durante uma hora com lâmpadas apagadas. O mesmo fenómeno foi anunciado de todas as cidades de Normandia e Mayenne onde as populações creram num gigantesco fogo. Breves informações análogas chegaram também da Suíça onde o clarão, ora intensivo, ora fraco, passou de vermelho à púrpura, do litoral belga onde os pescadores, assustados, não ousaram sair dos portos, da Áustria onde se espalharam os rumores mais fantásticos, e da Checoslováquia.”

Quanto ao Terceiro Segredo, por culpa dos seus detentores,

continua em cativeiro, e isto, contrariamente às expectativas de

milhões de fiéis, persuadidos com razão de que deste segredo

depende o futuro da humanidade. Porém, apesar da autoridade do

papado, muitos não se resignam a aceitar este silêncio. O chefe de

ala destes “protestantes”, provenientes das próprias instituições do

Vaticano, é sem dúvida o Padre Nicolas Grüner, um bispo

canadiano que fez da divulgação do Terceiro Segredo de Fátima o

combate da sua vida.

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CAPÍTULO IX

A Transmissão da Mensagem de Coimbra ao Vaticano

uando o segredo é confiado à pequena Lúcia dos

Santos, ela é − à semelhança de inúmeras crianças

portuguesas da sua idade nesta época − apenas uma

analfabeta que do mundo só sabe o que ouve na Igreja

ou o que lhe ensinam os seus pais, eles próprios camponeses

incultos. Este facto aumenta o crédito do seu testemunho porque

Lúcia nunca ouviu falar da Rússia, por exemplo, antes que a

Senhora do céu lhe falasse da extraordinária revolução que iria

aprontar-se a esse país.

É tal a importância da última mensagem confiada às três

criancinhas que, sem dúvida para preservar o segredo, um só

dos videntes portugueses, provavelmente a mais forte

psicologicamente, a Lúcia, deve ficar como guardiã exclusiva

deste. Seus dois primos, Jacinta e Francisco, desaparecem sem

tardar da cena. São de facto vítimas da gripe espanhola que

causou mais mortosxxi entre 1918 e 1920 do que a Grande

Guerra. Jacinta morre em 1918 seguida um ano depois por seu

irmão Francisco. A Lúcia não se perturbou com isso porque a

Senhora tivera predito aos pastorinhos de Aljustrel estes

desaparecimentos prematuros.

Ser o depositário de um segredo tão explosivo requer por parte

da pastorinha de Fátima o sacrifício de uma vida inteira. Para

resistir à enorme pressão mediática — sem falar de varias outras

solicitações — de que ela vai ser doravante o objecto, Lúcia decide

entrar nas ordens como carmelita num convento de Coimbra.

Entretanto, a sua pequena aldeia tão discreta torna-se

gradualmente um lugar de peregrinação que reúne duas vezes por

ano, no mês de Maio e no mês de Outubro, centenas de milhares

de peregrinos provenientes do mundo inteiro. Lúcia dos Santos,

Q

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60 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

portanto, desaparece para sempre do mundo dos vivos

considerando-se doravante como “morta em Cristo.”

Dedica-se logo a sair do analfabetismo para adquirir

conhecimentos, principalmente bíblicos, capazes de colocar na sua

verdadeira perspectiva os acontecimentos dos quais ela fica a única

testemunha viva. Só assim poderá transmitir os segredos a quem

de direito. Recordemos de que a mais importante das mensagens

devia ser transmitida ao Vaticano para divulgação em 1960.

Quando em 1943 a irmã Lúcia fica de cama por causa de uma

perigosa pleurisia, MonSenhor Da Silva, seu bispo, conhece um

momento de angústia. O mundo nesta época está outra vez em

fogo, por causa da Segunda Guerra Mundial provocada pela

Alemanha nazista. Para o bispo, agora mais do que nunca, o

mundo necessita da Mensagem de Fátima. O que aconteceria se a

sua protegida morresse? Nunca tinha percebido antes com tanta

acuidade a sua obrigação de assegurar-se que a Lúcia não

desapareça sem transmitir ao mundo o Grande Segredo, ponto

chave dos fenómenos de Fátima.

Assim, no mês de Setembro do mesmo ano, Monsenhor Da

Silva sugere à Irmã Lúcia que punha por escrito o texto do Terceiro

Segredo. Esta responde que não pode assumir essa

responsabilidade ela própria sem uma ordem formal escrita. Mesmo

quando recebe esta ordem um mês mais tarde, a então pastora,

que escreveu livremente sobre as guerras, a fome, as perseguições

e a aniquilação das nações, mostra-se incapaz de redigir uma

mensagem que parece perturbá-la − e de longe − mais que os

eventos supracitados. É-lhe, a ela, que até lá viveu uma vida de

obediência total para com os seus superiores, literalmente

impossível de emitir a Mensagem. Atribui este «bloqueio» à uma

causa sobrenatural.

Finalmente, alguns meses depois, chega a escrever o texto do

Segredo na capela do convento de Tuy. Segundo o relatório de um

cónego nomeado Martins dos Reis, apenas decidiu-se quando a

Senhora do céu apareceu-lhe em sonho para a encorajar...

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A Transmissão Da Mensagem 61

Por conseguinte, no dia 9 de Janeiro de 1944, a irmã

carmelita mais famosa do mundo endereça uma carta ao bispo

Da Silva, para dizer-lhe que conseguiu finalmente redigir a

Mensagem que colocou num envelope selado. No dia 17 de

Junho de 1944, o envelope é entregue a MonSenhor Da Silva,

por intermédio do bispo confessor da Irmã Lúcia em Tuy. O

prazo suplementar de seis meses, entre Janeiro e Junho de

1944, resulta da decisão da Lúcia de não confiar este envelope

à ninguém, a não ser a seu bispo. Da Silva propõe-se transmitir

sem demora o envelope à Santa Sede. Contrariamente ao que

se esperava, o Papa Pio XII rejeita esta proposta. O peso do

Segredo recai doravante sobre o prelado português, que

promete solenemente a Lúcia que o envelope permaneceria

selado e que o Segredo não seria revelado antes da data

marcada de 1960.

Depois de um interrogatório urgente da Irmã Lúcia pelo cardeal

Ottaviani em Maio de 1955, a Santa Sé reconsidera a sua decisão e

exige que o envelope que contém o Segredo seja transmitido ao

Vaticano pelo Núncio em Lisboa. Pouco tempo antes que o precioso

envelope fosse levado ao Núncio, o assistente de Da Silva, o Bispo

Venâncio, devorado pela curiosidade, levantando-o no ar através

da janela, pôde claramente discernir as 23 linhas da caligrafia da

Irmã Lúcia que constitue sem dúvida o segredo mais explosivo de

todos os tempos. À primavera de 1957, o Terceiro Segredo é

definitivamente transmitido ao Vaticano que se torna doravante o

seu depositário.

A irmã Lúcia obteve a promessa do Bispo de Fátima-Leiria de

que o Segredo seria divulgado publicamente em 1960 e não num

outro ano, “porque a nossa Senhora o queria assim.” Como a

Carmelita ia explicá-lo mais tarde ao Cardeal Ottaviani e ao Cónego

Barthes (um perito de renome de Fátima), a Senhora de Fátima

ter-lhe-ia confiado que o Segredo devia ser revelado em 1960

“porque tornar-se-ia mais claro.”

Este facto é um argumento suplementar que milita contra a

pseudo revelação do Segredo pelo Vaticano no ano 2000. Com

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efeito, se a Mensagem se referia realmente ao atentado contra

João Paulo II em 1981, não se vê de modo nenhum uma relação

entre a data limite de 1960 e o que aconteceu ao Papa polaco.

Seja qual for, a medida que se aproxima a data fatídica de

1960, a excitação expectativa dos católicos do mundo inteiro que

esperam ardentemente conhecer − finalmente − o conteúdo da

Mensagem, toma proporções espectaculares, alimentando-se de

rumores mais loucos.

Infelizmente, esta expectativa é cruelmente desiludida. No dia

8 de Fevereiro de 1960, os fiéis aprendem que fontes vaticanas não

identificadas informam o mundo, através do canal de uma agência

de imprensa portuguesa, que o Terceiro Segredo não será

divulgado este ano ou qualquer outro ano e permanecerá

provavelmente, para sempre, sub sequestro.

Portanto, é pouco dizer que a toma em refém da notícia que

devia ser publicada pelo Papa João XXIII, não deixa de perturbar o

espírito da multidão que espera impacientemente a divulgação do

Segredo. Algumas autoridades no seio mesmo da Igreja católica, o

patriarca de Portugal, o cardeal Cerejeira, por exemplo,

é profundamente afectado e até mesmo humilhado, ele que, em

1946 prometeu publicamente que o Segredo seria conhecido de

todos em 1960. De Roma não veio então nenhuma objecção. Pelo

contrário, os cardeais Ottaviani e Tisserant, personalidades

próximas do Papa, com decorrer dos anos, fizeram eco a esta

promessa, assim como numerosos outros caciques da Igreja.

Haverá mesmo um programa da televisão norte americana

intitulado “Zero 1960”, cujo tema se refere exclusivamente à

divulgação mundial do Segredo.

Por que razão o Papa João XXIII tomou a louca opção de

desobedecer abertamente a Deus, esta interrogação tem a sua

resposta na própria natureza do Segredo.

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CAPÍTULO X

Stolen Legacy ou A Herança Usurpada

”O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...”

(Oséias 4:6)

“A estreia de todas as forças que guia o mundo é a mentira”xxii

ERRADICAR TODO ORGULHO DO CORAÇÃO DO HOMEM

ssim − como sublinhamos na nossa Introdução − se o Mistério de Fátima merece o título de “segredo mais explosivo de todos os tempos”, é primeiramente porque ele põe a nu a Grande Mentira, a Grande

Manipulação. Os defensores do europeo-centrismo usaram e abusaram das armas da mentira e da falsificação histórica para garantir a sua supremacia sobre povos considerados por eles de primitivos. Citamos por exemplo o caso das civilizações inca e maya: um historiador espanhol estimou que pelo menos 12 milhões de indígenas foram massacrados, apenas na América do Sul, e a maior parte dos seus conhecimentos perderam-se ou foram sistematicamente destruídos.xxiii

Apoiando-se num personagem que é por si próprio a Verdade

encarnada − queremos evidentemente falar do Cristo − o Terceiro

Segredo desfaz por completo o dogma da superioridade de um

povo sobre um outro, de uma raça sobre uma outra. Frente às

tragédias causadas por esta filosofia, com a escravidão de 400

anos dos Africanos na América e a exterminação planificada das

«raças inferiores» pelos Nazis durante a Segunda Guerra Mundial,

não se pode imaginar que Deus não tivesse planeado um meio de

erradicar para sempre todo orgulho do coração do homem. O

Mistério de Fátima, como o veremos mais adiante com a revelação

do Grande Segredo, é chamado a desempenhar eficientemente este

papel.

A

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64 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

NENHUMA CONTRIBUIÇÃO NA CIVILIZAÇÃO UNIVERSAL?

Nos anos 60, durante um debate televisivo − encarregue de hostilidade − sobre a situação dos Negros nos Estados Unidos, um jornalista próximo da extrema direita, editor do News Leader de Vermont, procurou arrogantemente humilhar o escritor afro-americano James Baldwin. Com um sorriso zombador nos lábios, fez-lhe a pergunta de saber qual foi a mínima contribuição dos Negros para a civilização universal...

No entender deste jornalista, a resposta esperada com uma perversa deleitação era obviamente: em nada ! Este preconceito, que está na base de sofrimentos inconcebíveis por todo um continente e uma comunidade humana composta de milhões e milhões de indivíduos, infelizmente é compartilhado ainda hoje em dia por muitas pessoas. Estes têm em comum o sentimento de uma superioridade que se alimenta de uma falta de cultura flagrante e de uma aflitiva ignorância.

Esta imagem do Negro bárbaro que contribui com nada para a civilização humana não se deve ao acaso. É o resultado da Mentira aludida na nossa Introdução, que chamariamos sem hesitação de «G. C.», Grande Conspiração. Para atingir os seus objectivos, os eurocentristas aplicaram com uma arte refinada a lei fundamental da estratégia militar:

“Qualquer estratégia militar é baseada no engano. Um general experiente deve ser um mestre na arte de criar ilusões destinadas para confundir e enganar o inimigo. Atacar o espírito do adversário a fim de manipular a sua mente, tal deve ser a condição prévia de qualquer batalha.”xxiv

Com base neste princípio, a Europa procedeu a uma falsificação da história humana visando atacar a mente dos Negros, inoculando-lhes o veneno de uma pseudo inferioridade congénita. Os ataques contra o psiquismo dos Africanos foram conduzidos usando duas armas fundamentais: uma pseudo teologia e uma pseudo cultura. Estas resultaram com a espoliação do Negro do seu bem mais precioso: a herança cultural e o prestigioso património que os seus antepassados lhe legaram.

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A Herança Usurpada 65

Existe com efeito uma acumulação de provas históricas e arqueológicas demonstrando que os Africanos tinham atingido o auge da civilização no momento em que a Europa estava ainda mergulhada em densas trevas. Assim, sem querer entrar na polémica sobre a origem negra da civilização egípcia, os investigadores exumaram e continuam a exumar das profundidades da terra sudanesa os vestígios de uma dinastia ignorada, que atingiu o seu apogeu no século V a.C., quer dizer mais de um milénio antes da chegada dos Árabes nesta região. Uma das capitais desta dinastia situava-se sobre a actual montanha de Djebel Karbal. Ela oferece à vista dos arqueólogos, estupefactos pelos esplendores de um passado tão prestigioso, pirâmides que vão a centenas e cabeças esculpidas de faraós todos africanos, que não deixam nenhuma sombra de dúvida quanto a sua negritude. Alguns destes faraós núbios subiram mesmo o curso do Nilo para reinar no Egipto, sendo o mais conhecido entre eles o faraó Taharqua, fundador da 25ª dinastia do Egipto. A necrópole destes célebres faraós, situado no noroeste do actual Sudão, abunda com estatuetas, hieróglifos e múmias perfeitamente conservadas, que fazem parte do património comum da humanidade. Isto deveria uma vez por todo varrer a propaganda martelada durante séculos de uma África bárbara e selvagem desde os princípios da história. E no entanto, esta obra de alienação mental prossegue-se até hoje em dia.

Tal é o caso dos cientistas negros contémporâneos e dos séculos passados. É escandaloso, por exemplo, que o nome de Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo graças à invenção e aos fantásticos progressos da ciência informática, seja conhecido no mundo inteiro, que entretanto, ignora quase completamente o nome de Philip Emeagwali. Nigeriano de origem Ibo, nascido em 1954, estabelecido nos Estados Unidos onde fez brilhantes estudos científicos, Emeagwali é um génio das matemáticas e da informática. É ele que, inventando a fórmula matemática capaz de combinar entre si 65000 microprocessadores, possibilitou o extraordinário progresso das multimédias numéricas. Se o mundo pode comunicar hoje com a velocidade da luz por correio electrónico, se as imagens e os sons viajam instantaneamente de uma extremidade à outra do planeta, via Internet, o devemos em

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grande parte a Emeagwali. Contudo, permanece na sombra, objecto às vezes de uma absurda discriminação.

Um exemplo concreto: uma revista americana especializada na informática decidiu em Fevereiro de 1991 publicar um artigo sobre a fabulosa invenção dos 65000 microprocessadores de Emeagwali. Quais não foram a indignação e a estupefacção do sábio africano, ao descobrir que a capa desta revista que lhe fora previamente submetida e na qual podiam facilmente reconhecer o seu retrato, foi substituída por uma outra em que estava metamorfoseado... branco ! E é mui evidentemente esta capa falsificada que foi encontrada nos quiosques...

É incrível, pois não? Mas vamos recuar de três a quatro gerações para rapidamente conhecermos alguns outros génios negros, que precederam o Emeagwali.

Ouçam, boa gente ! Quando param frente a um semáforo, sobem num elevador, escrevem uma carta com uma bela pena, arranham no teclado do vosso computador, procedem à lubrificação

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A Herança Usurpada 67

do motor do vosso automóvel, ouvem com deleite as notas de uma viola eléctrica, carregam num interruptor para se iluminar a noite, saibam que é a negros que o devem. Por que os nomes de Garret Morgan (inventor da sinalização rodoviária em 1923), Alexander Miles (inventor do ascensor em 1867), W.B. Purvis (inventor da caneta de tinta permanente em 1890), Burridge & Marshman (inventores da máquina de escrever em 1885), Elijah McCoy (inventor do sistema de lubrificação dos motores térmicos em 1895), Robert F. Flemming (inventor da viola eléctrica em 1886), Lewis Latimer (inventor do filamento de cobre das lâmpadas eléctricas em 1882), não são do conhecimento dos alunos e estudantes e, por conseguinte, permanecem desconhecidos do público em geral, a responsabilidade recai sobre os que fizeram da lavagem do cérebro a sua actividade principal.

“A HISTÓRIA É UMA FÁBULA ELABORADA DE COMUM ACORDO”

(Napoleão Bonaparte)

Napoleão, o famoso general e imperador francês, que encarnou este crime de lesa-verdade ao deslocalizar um obelisco egípcio da sua pátria para instalá-lo no centro de Paris cerca de três séculos atrás, exprimiu com cinismo, no seu tempo, esta frase: “A história é uma fábula elaborada de comum acordo.”xxv

Para elaborar a sua fábula, a Europa soube empregar instrumentos de uma grande eficácia. Houve, durante os últimos séculos, e, seguidamente, no vigésimo século:

- As obras de arte religiosa, que retrataram as figuras e cenas bíblicas de acordo com a imaginária exclusiva da Europa ;

- O livro que, com a melhoria de uma invenção chinesa (a tipografia) por Gütenberg no século XV, conheceu de um dia para outro uma produção e uma divulgação sem igual na história da humanidade;

- Para além da escrita e da rádio, o cinema e a televisão que têm literalmente inundado o mundo de imagens de uma superioridade branca auto proclamada destinada a justificar o seu arrogante

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imperialismo. Os Westerns que justificam posteriormente as matanças dos indígenas da América do Norte e a espoliação das terras dos mesmos e o defunto apartheid na África do sul simbolizam com eloquência as ultrapassagens desta conspiração da Mentira.

Tradução: Então, quem é este homem branco posando como Jesus Cristo ? Seu nome é Cesare Borgia, o segundo filho do papa Alexandre VI de Roma. Ele foi o modelo para a imagem do "novo3 Jesus Cristo". Originalmente pintado por Leonardo da Vinci.

3 Inventado de acordo com os interesses dos Europeus

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A Herança Usurpada 69

Os Filipinos, por exemplo, representam Cristo conforme ele era, quer dizer, Negro

Convidamos os leitores interessados no tópico reportarem-se ao Anexo I para mais informações sobre a grande conspiração da Mentira.

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CAPÍTULO XI

Stolen Legacy: Mesmo No Sagrado

espoliação dos

Africanos em

particular e dos

Negros em geral

da sua prestigiosa herança não

poupou o domínio do sagrado.

Tomamos o exemplo de São

Maurício. Este santo africano foi

oficial do exército romano no

século IV de nossa era. Ele

preferiu morrer com seus

homens na defesa da sua fé

cristã, antes de adorar o

Imperador pagão Maximilião.

Essa façanha impressionou tão

fortemente os Europeus que o

seu apelido Maurício, que vem

do grego mavros e que significa

“o Negro” tornou-se um apelido cristão comum. O seu retrato em

pé, obra de Matthias Grünewald, artista alemão do século XV,

representa-o tal qual era, um autêntico Negro. Porém, bastou

alguns anos após a sua morte para que fosse branqueado e que o

significado mesmo de Maurício, o “Mouro, o Negro,” se perdesse

nos limbos da história...

Outro exemplo: o papa que dirigia o Vaticano aquando do

torneio decisivo da história da cristandade, isto é a conversão à fé

cristã do Imperador Constantino em 313, era um Africano. Trata-se

de Miltiades, 32º soberano pontífice depois do apóstolo Pedro de

A

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acordo com as crónicas vaticanas nas quais, “naturalmente”,

aparece sob os traços de um Europeu.

A MÃE E A CRIANÇA: DO NEGRO AO BRANCO

Vindas do fundo dos tempos, as Madonas negras sempre representaram um mistério na iconografia cristã. Estão tão espalhadas em algumas regiões da Europa que se tornariam comuns se as suas qualidades plásticas não as colocassem entre as obras-primas da arte romana. Em todas as igrejas católicas da Europa, na França, na Itália, na Alemanha, na Espanha, em Portugal, etc., Jesus Cristo, e, por conseguinte, a sua mãe, são descritos como negros. Basta, para convencer-se disso, dirigir-se à Catedral de Chartres (França), à famosa Capela da Madona de Loretto (Itália), à Igreja da Annunciata (Itália), às Igrejas de São Lázaro e de Santo Estevão em Gênoa (Itália), à São Francisco em Pisa (Itália), à Igreja de Brixen em Tyrol (Itália), à Igreja São Teodoro de Munique (Alemanha) ou à Catedral de Augsburg (Alemanha) onde a Madona e a Criança são representados em ponto grande. Como se pode constatar, a lista é longa e não exaustiva.

“Uma correspondente alemã residente em Nova Iorque, relata o escritor afro-americano J. A. Rogers,xxvi escreveu-me à respeito da Madona negra da sua terra natal, a Baviera, lamentando que durante anos tentou dizer aos Americanos que o Cristo e a Madona Maria eram Negros mas que ninguém quis acreditar nisso.”

“No que me diz respeito, nasci num país estritamente católico da Alemanha do Sul, e nas nossas igrejas, uma grande importância é atribuída à Santa Maria na sua qualidade de Mãe de Deus. Temos estátuas da Madona, bem como ícones, que são esculturas e pinturas de origem de madeira e de pedra, velhas de 800 a 1000 anos e mesmo mais. As faces destas imagens são negras e de tipo negróide, as Madonas de Constuchan em Tolers e a estátua da Mãe de Deus no Alt-Olting em Baviera perto de Munique, que foi levada da Palestina há mais de 1000 anos por Ritter von Heiligers Lande. Estas duas Madonas em particular são veneradas nos países católicos e centenas de milhares de pelegrinos vão prestar homenagem à mãe do Cristo cada ano. Diz-se que curas de todo tipo de doenças realizam-se alí. Em conclusão, qualquer

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A Herança Usurpada : Mesmo no Sagrado 73

católico não pode ignorar o facto que Santa Maria era uma Negra.”

TESTEMUNHOS PÚBLICOS DO PAPA JOÃO PAULO II

Ao testemunho desta Alemã de boa fé, acrescentamos aquele

− tácito e tonítruo ao mesmo tempo − do defunto João Paulo II.

Tácito, porque este papa decidiu ocultar a verdade, enquanto

resulta das nossas investigações que se esse papa foi escolhido

pelo céu para ocupar o «trono de São Pedro», é principalmente por

ser Polaco. De facto era-lhe mais fácil revelar o Terceiro Segredo

graças à sua devoção pela Madona negra de Czestochowa.

Tonítruo, porque desde o início do seu reinado, João Paulo II não

faltou de fazer acto de indefectível devoção para com a Madona

negra. Foi primeiramente em 1979 no tempo da sua visita triunfal à

sua pátria. Nesta época, a Polónia estava ainda sob o domínio

soviético. Tonítruo porque depois de ter milagrosamente

sobrevivido ao atentado do dia 13 de Maio de 1981, o papa

resolvera, dois anos depois, exprimir adoração e gratidão à Madona

negra durante duas viagens: uma a Fátima e outra novamente a

Czestochowa. Durante estas duas peregrinações, João Paulo II

declarou publicamente que foi graças à Madona negra que ele

escapou à morte em 1981...

O Papa adorando a Madona e o Cristo negros

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74 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

A MADONA NEGRA, RAINHA DA POLÓNIA

Cremos que a história da mãe de Jesus, venerada como negra

pelos cidadãos de um país europeu que nunca foi sob influência

cultural africana − pelo menos oficialmente −, merece ser contada.

Ela demonstra — se for ainda necessário — que a mãe de

Jesus e a mulher que apareceu aos pastorinhos de Fátima sendo

para milhões de cristãos católicos uma só e mesma pessoa, é esta

Madona que simboliza Israel e as suas doze tribos. Com efeito, a

revelação feita ao apóstolo João não deixa nenhuma dúvida acerca

disso :

“Uma mulher vestida do sol, a lua debaixo dos seus pés, e uma

coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”.

Estas doze estrelas representam as tribos de Israel que sairam

de Canaã no inicio da era cristã operando uma migração norte-sul,

a qual foi consecutiva à destruição do Templo de Jerusalém pelas

tropas do general romano Titus.

DA PALESTINA À EUROPA

Os anais sobre a Madona negra de Czestochowa revelam que o ícone chegou a Polónia no fim do século XIV. Tratar-se-ia de uma pintura da Madona com a criança Jesus, cujo artista seria Lucas, o autor do terceiro livro do Novo Testamento. Diz-se que este discípulo realizou-a sobre o pedaço de uma mesa de madeira fabricada pelo próprio Jesus quando exercia ainda a profissão de carpinteiro. Foi durante a realização deste ícone que a mãe do Cristo contou a Lucas os detalhes da Anunciação e da infância de Jesus que este evangelista é o único a relatar de maneira muito pormenorizada.

Não se sabe bem o que ocorreu durante os dois primeiros séculos da existência da pintura no Médio Oriente. Não obstante, no fim de muitas peripécias, ela reapareceu em 326, quando dona Helena, a mãe do Imperador Constantino, localizou-a em Jerusalém, durante uma peregrinação. Tendo recuperado-a, tivera-a entregado ao seu filho, que mandou logo construir um santuário em Constantinopla em sua honra. Diz-se que durante uma batalha

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A Herança Usurpada : Mesmo no Sagrado 75

crítica contra os Sarracenos, o ícone foi exibido sobre os muros da cidade, resultando com os assaltantes sofrerem uma tremenda derrota cujo crédito foi atribuído à Madona negra. Ela teria passado alguns séculos mais tarde entre as mãos do Imperador Charlemagne. A seguir, ela se reencontrou na corte do príncipe Leão de Rutenia (Hungria) onde permaneceu até à invasão de Húngaro no século XI. De acordo com uma legenda bem estabelecida, o príncipe − que tornou-se rei no intervalo − suplicou em oração a Madona negra para salvar a sua pátria. Em resposta, uma densa obscuridade cobriu as tropas inimigas, as quais, na confusão que se seguiu, começaram a atacar-se mutuamente. É assim que a Rutenia foi salva, graças à esta milagrosa intervenção.

No século XIV, o ícone foi transferido na Polónia, à Colina da Luz, a saber o sanctuário de Jasna Gora, sob a responsabilidade do príncipe Ladislau de Opola.

Esta maravilhosa história, que tinha anteriormente tudo de uma fábula, tornou-se melhor documentada a partir deste momento. Em 1382, os Tártaros atacaram uma fortaleza do príncipe Ladislau em Belz. Durante este ataque, uma flecha tártara tocou o ícone à garganta. O príncipe, temendo que o precioso objecto caísse às mãos do inimigo, escapou-se a favor da noite para refugiar-se na cidade de Czestochowa. O ícone foi colocado numa pequena igreja aguardando que um santuário mais adequado e mais seguro seja erigido a sua honra.

No século seguinte, mais precisamente em 1430, foram desta vez os Ossitos que atacaram o monastério que protegia o tesouro. Durante a batalha que se seguiu, o ícone foi tocado duas vezes. Antes do autor deste acto sacrílego poder golpear uma terceira vez, caiu no chão, torcendo-se de dor e expirou ao fim de alguns minutos. Os cortes que resultam deste incidente são, hoje ainda, visíveis sobre a obra de arte.

Dois séculos mais tarde, em 1655, a Polónia quase sucumbiu à um ataque de Carlos X, rei da Suécia. Só foi preservada a área situada ao redor do monastério onde se encontrava o ícone. Inexplicavelmente, os monges, menos armados e em número

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muito mais reduzido, puderam resistir durante aproximadamente 40 dias, até que a defesa polaca chegasse a afastar os invasores. Após este evento extraordinário, a Madona negra tornou-se o símbolo da unidade nacional polaca e o país foi colocado oficialmente sob a sua protecção por um decreto do rei Casimiro que nomeou-a Rainha perpétua da Polónia.

OS POLACOS: OS ÚNICOS A CONFESSAREM A VERDADE?

É assim que desde cerca de quatro séculos, os Polacos na sua imensa maioria adoram uma Madona e − dedução lógica − um Cristo negro, sem que isso perturbe a sua fé. Pelo contrário ! Lech Walesa, por exemplo, decidiu conduzir um combate desigual contra o governo comunista polaco somente após ter colocado a sua luta sob a benevolente protecção da Madona negra. Esta louca aventura foi exitosa além das suas esperanças. É por isso que o ex-líder de Solidarnosc e presidente polaco não se separa nunca, seja onde que for, de uma medalha com a efígie da Madona negra de Czestochowa que leva orgulhosamente no peito.

O caso deste país europeu − pátria de um dos papas mais adulados das crónicas da Igreja católica −, colocado sob a protecção de uma Negra, constitui uma enorme janela aberta sobre a revelação do Terceiro Segredo de Fátima.

Finalmente, que dizer da preguiça intelectual dos Africanos que

continuam a santificar uma Madona branca quando um dos países

europeus mais católicos adoram-na... negra?

Convidamos os leitores interessados pelo tópico reportarem-se

ao Anexo III para mais informações sobre as Madonas negras na

Europa.

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CAPÍTULO XII

São as Doze Tribos de Israel Realmente Perdidas?

“Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.” (Gênesis 49:28).

“E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. À qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus (Actos 26:6-7).

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel” (Apocalipse 7:4).

ma das pedras principais da Grande Conspiração do Stolen Legacy, “nossa herança usurpada,” refere-se ao desaparecimento das doze tribos de Israel. Basta porém uma leitura objectiva da Bíblia e um

conhecimento sem preconceitos da história dos Hebreus para enfrentar a realidade. Com efeito não estava previsto no plano divino que essas famosas tribos desaparecessem da superfície do globo. Pelo contrário, o plano do Senhor, cujo desenvolvimento inelutável deve levar à instauração do Reino de Deus na terra (Kongo dia ‘Totela), articula-se em volta das doze tribos (ver a imagem das 12 mavila na página que se segue). Constatar-se-á facilmente que à luz das três passagens supracitadas, de Gênesis (a Antiguidade), ao Apocalipse (o tempo presente) via os Actos dos apóstolos (a época de há dois mil anos), que a perenidade das doze tribos é atestada indiscutivelmente pelas Escrituras. O testemunho de Paulo, contémporâneo e apóstolo de Jesus Cristo é, a este respeito, particularmente edificante (Actos 26:7 supracitado). Revela que a ideia do desaparecimento das doze

U

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tribos é uma fábula popular, como o confirma J. Bullinger.xxvii Esta fábula leva a crer que no tempo da crucificação de Jesus, só a tribo de Judá residia em Israel, o que explicaria porque ao longo de todos os séculos, é aos Judeus, e só à eles que nos referimos quando evocamos Israel. Todas as outras tribos teriam desaparecido quando da sua deportação na Assíria e na Babilónia. Esta tese não resiste à uma análise sem concessões como vamos destacá-lo. Refaçamos juntos o itinerário histórico e geográfico que conduziu as doze tribos, de um país de Cam (o Egipto) a um outro país de Cam (Canaã mais tarde rebaptizado Palestina) para, finalmente, fixar-se definitivamente numa outra terra de Cam, a África central, o umbigo da terra, o navel ha eretz (Ezequiel 38:12) dos exegetas judaicos da Bíblia.

Eis, esquematicamente, quais foram as grandes etapas destas migrações sucessivas, umas voluntárias, outras forçadas.

Primeira etapa

DO EGIPTO À CANAÃ

Sob a conduta de Moisés investido da missão divina de redimir o seu povo da servidão, Israel abandona o Egipto onde se constituiu em nação para subir à conquista de Canaã. Contudo, o estabelecimento de Israel na terra dita prometidaxxviii far-se-á sob a liderança de Josué.

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Segunda etapa

DE CANAÃ A BABILÓNIA DEPOIS DE BABILÓNIA A CANAÃ

Após ter sido dirigido por juízes muito tempo, Israel exige constituir-se em monarquia apesar das advertências solenes de Deus que esta decisão resultaria em graves tragédias. É assim que Saul, logo David, logo Salomão sucedem-se no trono de Israel.

Pouco depois a morte de Salomão, as doze tribos de Israel entram numa zona de forte turbulência que culmina na divisão do reino em duas entidades distintas. As dez tribos do norte (Ruben, Simão, Levi, Zabulon, Issacar, Dan, Gad, Aser, Naftali e José) separam-se de facto das duas tribos do sul (Judá e Benjamin). As primeiras tomam o nome de Reino de Israel, enquanto que as últimas adoptam o nome de Reino de Judá. Um muro simbólico ergue-se doravante entre os dois reinos. Esta cisma marca o cumprimento de um oráculo que o Senhor pronunciara contra Salomão, pouco antes da morte deste, para puni-lo da idolatria em que o tinha arrastado suas numerosas concubinas estrangeiras (1 Reis 11:4-12).

Devido ao seu desvio espiritual, o reino de Israel, composto das dez tribos do norte, cai em 772 a.C., sob a dominação do rei Salmanaser, que as leva em cativeiro na Assíria.

É aqui que intervém um elemento de uma importância capital para compreender o mistério do aparecimento de dois Israeles, um composto de estrangeiros prosélitos e o outro das tribos de origem.

O APARECIMENTO DE DOIS ISRAELES

A Bíblia (2 Reis 17:24-30) nos ensina que “o rei da Assíria trouxe gente de Babilónia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades”(...) Como apesar da idolatria que lá predominava, esta terra mantinha-se terra sagrada do Senhor Deus dos Hebreus, as abominações que là se cometiam não podiam ficar impunes.xxix Feras com apetite feroz invadiram o território fazendo reinar o terror entre os novos emigrantes. De tal modo que o rei da Assíria resolveu enviar sacerdotes hebreus saidos do cativeiro a fim de ensinar aos Assírios como evitar a profanação da terra

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sagrada do Senhor. É assim que Israel se desdobra: foram de facto esses Assírios que formaram mais tarde o grosso dos que a Europa viria a qualificar de Judeus sefarades ou mediterrâneos em oposição aos descendentes dos Khazars,xxx em outros termos os Judeus ashkenazes ou europeus, originários das estepes caucasianas.

É verdade que aquando do êxodo, as doze tribos de Israel não saíram sozinhas, mas acompanhadas de uma “multidão de gente de toda a espécie” (Êxodo 12:38), aqueles que alguns comentaristas da Tora, tal como Rachi,xxxi chamam a “turba numerosa”, uma mistura heteróclita de prosélitos. Contudo, o que aconteceu em Babilónia, séculos mais tarde, foi único na medida que uma parte não desprezível do clero caldeus não só converteu-se ao judaísmo, mas pôs-se em dever de expropriar as tribos hebraicas da sua herança cultural. É assim que se destaca das nossas investigações de que a escrita dita hebraica é de facto uma escrita desenvolvida pelos sacerdotes de Babilónia quando se empreenderam espoliar os verdadeiros Hebreus da sua cultura. O hebreu de origem comportava apenas dez caracteres,xxxii correspondendo às dez fases da Criação − o que é o caso da escrita meloítica relembrada pelo autor deste livro.

HEBREUS NEGROS E JUDEUS BRANCOS

Tenhamos em consideração, por conseguinte, que um grande número dos súbditos do rei da Assíria − com traços semitas de acordo com os critérios de hoje e que se diferencia ao primeiro olhar das tribos do Israel que elas são negras −, adoptaram os usos e costumes dos seus cativos israelitas, não somente nas suas próprias terras mas também até nas suas colónias, das quais a Palestina/Canaã fazia parte. Alguns destes prosélitos caldeus tornaram-se Samaritanos, predestinados ao desprezo dos verdadeiros Judeus por razão principalmente do seu sincretismo religioso um pouco duvidoso. Constata-se que, até à época do Cristo, era bastante fácil reconhecer o verdadeiro hebreu do judeu prosélito oriundo de Babilónia.

Isto é ilustrado admiravelmente pelo exemplo da mulher samaritana. Esta Samaritana encontra Jesus à beira de um poço em Sicar. À primeira vista, vê em Jesus o Hebreu por excelência − talvez por causa de um elemento característico da sua roupa mas com mais certeza pelo facto de que é Negro − e surpreende-

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se de este lhe dirigir a palavra: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana ? (João 4:9) e ela acrescenta imediatamente − simbolizando por esta simples frase o mistério dos dois Israeles − “És tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado ?” (João 4:12). Examinemos um instante esta cena.

Acto 1 : A Samaritana reconhece que ela não é israelita ;

Acto 2 : Fala de Jacob como sendo o pai das tribos de Israel e dos Samaritanos, o que não pode ser senão uma mentira. Com efeito, o “Acto 2” contradiz o “Acto 1”.

Que as tribos de Israel continuarem a considerar os Samaritanos como estrangeiros mais de 500 anos após o seu estabelecimento na Palestina é confirmado pelo próprio Jesus. “Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro ?” diz ele falando de um Samaritano que acaba de curar da lepra (Lucas 17:18).

JUDEU: ANTES UMA RELIGIÃO QUE UMA RAÇA

A verdade sobre estes estrangeiros que afirmam ser o verdadeiro

Israel (Apocalipse 2:9) encontra-se nas narrativas de certos

investigadores objectivos, como David Icke:

“Nada pode melhor exprimir a amplitude desta fraude que são

todas as raças e religiões, que as pessoas que afirmam hoje

serem judeus. Como os escritores e antropólogos judeus o

admitem, a raça judaica não existe como tal. Ser judeu é um

credo, não uma raça. Todo o conceito de um povo judeu foi

elaborado para servir de fachada... Aquilo torna-se uma farsa, e é

revelador deste mundo em tela fumada em que vivemos, quando

se realiza que a maior parte das pessoas que declaram elas

mesmas serem judeus hoje, não têm nenhum laço genético

qualquer com a terra que chamam de Israel.”xxxiii

Para resumir, acabamos de constatar que na época do Cristo

coabitam dois Israeles: as tribos de origem e os judeus de credo.

O primeiro operou, algumas décadas após a eclosão do

cristianismo, uma migração para o umbigo da terra, para o

Equador, abandonando o terreno ao segundo. É este facto que

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expõe à luz do dia o Terceiro Segredo de Fátima que revela a

existência das doze tribos em África, doze tribos que o Vaticano

teria preferido guardar para sempre nos calabouços da história.

De facto, a sua ressurreição intempestiva denuncia a Grande

Mentira...

BY THE RIVERS OF BABYLON

Dois séculos depois do infortúnio das dez tribos do norte, caem

por sua vez as duas tribos do sul. Caem de facto sob o jugo de

Nabucodonosor, rei de Babilónia, que, após uma impiedosa

assédio de Jerusalém, leva-as (em 538 a.C.) em cativeiro nas

beiras dos rios de Babilónia (Salmos 137; 2 Reis 24:19-20 ;

2 Reis 25:1-2; 2 Reis 25:22).

É sobre essas duas deportações (na Assíria e na Babilónia)

que se baseia a famosa legenda do desaparecimento das doze

tribos de Israel. Como todas as legendas, não resiste à uma

análise séria.

Ao fim de cerca de 80 anos de deportação das tribos do sul em Babilónia, o Senhor suscita-lhes um libertador na pessoa de Ciro, rei da Pérsia (Isaías 45:1 ; 13 e Esdras 1:1-4). É assim que reúnem-se sob o trapaceiro de alguns patriotas inspirados (Esdras, Neemias, Zorobabel...) e tomam o caminho do regresso. Ao risco de perder o fio, se deve bem compreender que não são apenas uma nem duas nem três, mas as doze tribos na sua integridade que regressam a Israel. Como é isto possível visto que as dez tribos do norte foram deportadas quase dois séculos antes das duas tribos do sul?

UM «MURO DE BERLIM» VELHO DE 2500 ANOS

A razão é simples. Está comprovado que na época da separação dos dois reinos, havia membros de Israel, pertencentes as dez tribos do norte, que habitavam no meio das duas tribos do sul, Judá e Benjamim. Os textos de 2 Crónicas 10:17 e 2 Crónicas 11:3 falam dos filhos de Israel que residem nas cidades de Judá.

Muito tempo antes da dispersão das dez tribos e o cativeiro de Judá, um número considerável de cidadãos do reino do norte tinha-se juntado ao reino do sul fugindo a idolatria introduzida

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pelos seus reis. É como se, transpondo esta situação à época recente (o século XX), cidadãos da Alemanha de Leste cruzam o Muro de Berlim para refugiar-se na Alemanha do Oeste, para fugir um regímen desprezado. Os sacerdotes e os levitas que vivem no norte fogem em grande número, abandonando as suas terras e os seus bens para ir viver no sul, em Jerusalém e nas regiões vizinhas.

Estes transfuges estavam, com efeito, em conflito com Jeroboam e os seus filhos que os tinham destituído das suas funções a fim de adorarem livremente seus ídolos. O rei das tribos do norte tinha-se constituído sacerdotes idólatras ao seu saldo. O resultado foi que, seguindo os levitas, os cidadãos do reino de Israel que aspiravam a agradar o Senhor seu Deus, emigraram. Assim vieram reforçar o reino de Judá, e o poder de Roboão, filho de Salomão. Este facto está amplamente confirmado em várias passagens da Bíblia, nomeadamente estas:

“Ouvindo, pois, Asa estas palavras, e a profecia do profeta Odede, cobrou ânimo e tirou as abominações de toda a terra de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara nas montanhas de Efraim, e renovou o altar do Senhor, que estava diante do pórtico do Senhor. E reuniu a todo o Judá, e Benjamim, e com eles os estrangeiros de Efraim e Manassés, e de Simeão; porque muitos de Israel tinham passado a ele, vendo que o Senhor seu Deus era com ele” (2 Crónicas 15:8-9).

À luz do que precede, é claro que quando Nabucodonosor assedia Jerusalém e deporta os seus habitantes a Babilónia, os Hebreus cativos não compreendem somente as duas tribos do sul mas igualmente a multidão dos que, fugindo as heresias da Samaria, tinham-se instalado em Jerusalém e nas cidades circundantes.

Por conseguinte, doze tribos eram aquando da sua deportação a Babilónia, doze tribos permaneceram quando o Senhor, seu Deus, lhes suscitou um libertador na pessoa de Ciro, rei da Pérsia, já citado. Notemos a este respeito que se a Bíblia fala destas tribos como um “resíduo”, não se deve contudo equivocar-se sobre o sentido a dar à este termo. Não significa de modo nenhum que unicamente a tribo de Judá sobreviveu no fim do exílio dos Hebreus em Babilónia, hipótese proposta pela

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maioria dos historiadores. As doze tribos tinham, sim, diminuído em número, já que uma forte componente de Israelitas exilados, seduzida pelo way of life de Babilónia ou pouco desejosa de abandoná-la para repartir de zero à Canaã, resolvera ficar. Esta decisão pode se justificar. De facto, o rei persa Artaxerxes, o novo homem forte da região, demonstrou uma grande benevolência para com os exilados judeus. Ele decidiu impor a religião judaica à qual, como já mencionamos, converteu-se um número considerável de Babilónicos, como uma das numerosas religiões do país. Esta meretriz tinha feito rapidamente desta cidade um lar importante do judaísmo fora da Palestina. A existência de dois Talmudes, o de Babilónia, que de acordo com os anais, data de 537 antes de J. C., e o de Jerusalém, posterior ao primeiro, ilustra esta dualidade de Israel. Por todas essas razões, serão por conseguinte apenas os mais patrióticos dos Hebreus que tomarão o caminho do regresso à promulgação do édito do rei persa. Os únicos a levantar-se serão “os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou (Esdras 1:5).

ESTRANGEIROS OCUPAM AS NOSSAS TERRAS, DESCONHECIDOS, AS NOSSAS

CASASxxxiv

Foi assim que ao regresso destes exilados em Israel, grande foi a sua amargura quando encontraram estrangeiros ocupando suas terras, desconhecidos, suas casas. Desde então, tiveram que coabitar dois Israeles pela força das coisas: um de filiação uterina atestada pela pertença às doze tribos e o outro, prosélito. A dinastia herodiana e os Samaritanos previamente evocados constituem os melhores exemplos do facto. Como se devia esperar, os que se tinham apropriado a herança dos Hebreus durante a sua ausência forçada foram irritados pelo regresso dos verdadeiros donos da terra. Fizeram tudo para lhes fazer compreender que não estavam bem-vindos nas suas próprias terras. Foi − esta comparação pode valer neste contexto −, a situação dos autóctones da África do sul considerados como estrangeiros na terra dos seus antepassados, por invasores procedentes da Europa. Esta situação devia perdurar em Israel até ao aparecimento de Jesus de Nazaré.

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São as 12 Tribus de Israel Realmente Perdidas ? 85

Terceira etapa

A PERENIDADE DAS DOZE TRIBOS

Na época de Cristo e dos apóstolos, ou seja cerca de 500 anos após o regresso do exílio babilónico, o apóstolo Paulo nos confia um testemunho irrefutável sobre a sobrevivência das tribos hebraicas:

“E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. À qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus” (Actos 26:6-7).

O próprio Jesus aferra-se à mesma opinião: Ele proclama :

“Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19:28).

Como se pode constatar, as tribos de Israel não desapareceram na época de Jesus, ao contrário da crença popular. O historiador Flávio Josefe precisa acerca do termo “judeu” que se foi por este nome que todo Israel foi designado é porque ao regresso do cativeiro em Babilónia, a tribo de Judá foi a primeira a voltar às suas terras, e que foi “a partir de lá que, o povo, e o país foram assim chamados.”xxxv Além disso, uma leitura atenta das Escrituras nos ensina que os termos “Judá” e “Israel” são permutáveis. Aquando do Pentecostes, o discípulo de Jesus, Pedro, dirigindo-se aos seus compatriotas, chama-os “homens de Judá” (Actos 2:14) e, imediatamente depois, “homens de Israel” (Actos 2:22).

Se, por conseguinte, até à época de Jesus, Israel conservou a sua componente étnica na integridade das suas doze tribos, o quê lhes aconteceu depois?

O MENINO JESUS : A SALVAÇÃO LHE VEIO DA ÁFRICA

Quando Herodes toma conhecimento do nascimento de um menino destinado a ser o rei dos Judeus, ele que se sabia culpado de um Stolen Legacy, tendo usurpado o título de rei de Israel, sentiu o seu trono vacilar sobre as suas bases. Decide então matar a criança que constitui uma ameaça para a sua dinastia.

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86 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Frente a este perigo, o anjo do Senhor aparece num sonho a José e Maria, e os ordena de fugir com o menino Jesus, não para a Ásia, nem para a Europa, mas para a África (Mateus 2:13). Esta escolha da África excluindo os dois continentes supracitados explica-se primeiro pela proximidade que existe entre Israel e Egipto, cujos territórios juntavam-se antes da construção do canal de Suez no fim do século XIX. As relações estreitas existentes entre Egipto e Israel são além disso ilustradas pela existência em Elefantina, na parte sul do país, de um templo judaico concorrente do templo de Jerusalém. Seguidamente, pelo facto de que a dominação romana que sucedeu a dos Gregos, resultou com uma progressão crescente da supremacia branca na Palestina, anteriormente povoada na sua maioria de Sag Gig (Cabeças Negras).xxxvi Por conseguinte, África impunha-se doravante como o único refúgio realmente seguro para Negros ansiosos de derreterem-se na massa de uma população maioritariamente da mesma cor.

ALEXANDRIA, SEGUNDO LAR JUDAICO NA ÉPOCA DE JESUS

Recordar-se-á, a este respeito, da famosa guerra dos Macabeus que opôs no ano 150 antes da nossa era os Asmoneenses de Judás Macabeu às tropas do rei Antíoco IV Epífano, um dos sucessores do primeiro soberano seleucide, Antíoco III, alcunhado “o Grande”. Uma das consequências desta luta de resistência à opressão grega foi de provocar um formidável movimento de emigração dos Hebreus para a mãe África, terra de refúgio por excelência. Assim sendo, a cidade de Alexandria, capital dos Ptolemaicos, se tornou nessa época — em consequência a esta emigração forçada — o segundo lar judaico no mundo, depois de Israel, pelo número, pela vitalidade e pelo dinamismo da sua comunidade.

A segunda comunidade judaica mais importante no mundo na época de Cristo era portanto africana e este elemento é de uma importância primordial para quem quer compreender como as doze tribos de Israel reencontram-se hoje no coração deste continente. A fuga de Jesus e dos seus pais para a África não é fortuita. É um sinal forte, um símbolo eloquente que surge desde o principio dos Evangelhos e que pinta definitivamente o panorama: “África = terra de refúgio, terra de descanso para o povo de Deus”.

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São as 12 Tribus de Israel Realmente Perdidas ? 87

“JUNTAREI OUTROS POVOS À ISRAEL,” ORÁCULO DO SENHOR DEUS

Voltando a Jesus, é necessário sublinhar que apesar da inimizade que reinava então entre as tribos de Israel e os Judeus prosélitos, ele não se deixa influençar por essas polémicas, como o indica a história da mulher samaritana do capítulo 4 de João. O Deus de Israel, com efeito, é o Pai de todos os povos, nações e línguas. Deste facto, não faz acepção de pessoas (Romanos 2:11). É por esta razão que proclama:

“E não fale o filho do estrangeiro, que se houver unido ao Senhor,

dizendo: Certamente o Senhor me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca. Porque assim diz o Senhor a respeito dos eunucos, que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo em que eu me agrado, e abraçam a minha aliança: também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Assim diz o Senhor Deus, que congrega os dispersos de Israel: ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram” (Isaías 56:3-8).

As palavras acima são explícitas. Significam que todo

estrangeiro que se junta à Israel torna-se povo de Deus, desde

que obedecer às leis e aos preceitos por ele estabelecidos. É

assim que os descendentes de Nabucodonosor, a partir da sua

conversão ao judaísmo, enquanto obedecerem às prescrições e

mandamentos do Deus de Israel, tornaram-se “judeus” ao

mesmo título que as tribos de Israel. Paulo que se orgulha

pertencer à tribo de Benjamin e que faz a distinção entre os

judeus e as tribos de Israel (Actos 26:6-7) se entristece por esta

razão de que uma parte de Israel, a maioria dos judeus prosélitos

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88 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

sem dúvida, caiu na incredulidade (Romanos 11:25). Assim, os

motivos reais de conflito entre as duas comunidades surgiram

apenas quando os judeus prosélitos procuraram expropriar as

tribos de Israel da sua herança. É a este nível que se situa a

verdadeira separação entre os dois Israeles e não à uma questão

de raça. Alias, para o observador neófito, primeiro os Gregos, e

depois os Romanos, o facto de ser judeu não depende da raça

mas da adesão à esta estranha religião que professa que Deus é

único e invisível...

Com a vinda de Jesus, um fosso profundo escava-se entre os

judeus para algum campo a que pertencem, judeus de origem ou

judeus prosélitos. Uns aceitam a sua mensagem, os outros

rejeitam-no com tanto ódio que não hesitam fazê-lo condenar ao

terrível tormento da cruz.

Uma coisa contudo é certa, incontestável: os primeiros

cristãos foram principalmente judeus que pertenciam às tribos de

Israel, como o sugere claramente o apóstolo Paulo. Ele declara

pertencer à tribo de Benjamim (Filipenses 3:5). Isto significa que

quando ele fala das “doze tribos que servem Deus continuamente

noite e dia,” não é mais o judeu fariseu integrista — o que era

Paulo antes de Jesus aparecer-lhe no caminho de Damasco — que

fala mas o mais zeloso dos cristãos ! Paulo não podia falar das

doze tribos em termos tão elogiosos se elas não se convertissem

ao cristianismo, recohecendo em Jesus seu Senhor e Mestre...

A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO MARCA O INÍCIO DO “VIVAMOS ESCONDIDAS”

DAS DOZE TRIBOS

Portanto, aquando da terrível prova do assídio de Jerusalém pelas tropas romanas do general Titus, cuja consequência foi a destruição no ano 70 do dispendioso templo edificado por Herodes, os que tinham acreditado em Jesus recordaram-se das suas profecias sobre Jerusalém:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados ! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste !” (Mateus 23:37).

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São as 12 Tribus de Israel Realmente Perdidas ? 89

O Cristo tinha avisado numa outra ocasião:

“Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na

Judeia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que nos campos não entrem nela” (Lucas

21:20-21).

Portanto, as doze tribos esperavam apenas um sinal por parte do Senhor para abandonar a cidade assaltada. Este sinal não

demorou. Quando, após semanas de cerco Jerusalém estava a ponto de cair às mãos dos Romanos, Gaius Cestus, seu

comandante, decidiu abandonar a luta. Os zelotes (judeus fanáticos) aproveitaram esta inesperada pausa para reorganizar a

defesa da cidade. Quanto aos que tinham acreditado nas profecias do Messias, foi por eles o sinal para sairem da cidade que sabiam destinada à devastação. Flavio Josefe e Tácito

confirmam o facto:

“Algum tempo antes da destruição do templo pelos Romanos, na

festa denominada Pentecostes, os sacerdotes que acabavam de entrar no templo para cumprir com as tarefas litúrgicas usuais

perceberam − assim o afirmaram −, um tremor de terra, seguido de uma inumerável voz que gritou: PARTIMOS DAQUI !”xxxvii

Pouco depois, os soldados da infantaria romana voltaram atacar a cidade. Tinham à sua cabeça o General Titus, o filho do imperador Vespasiano. Desta vez, o oráculo realizou-se:

Jerusalém caiu como uma fruta madura e a matança que se seguiu permanece nos anais como uma das páginas mais

sangrentas da história humana.

Quanto ao “núcleo duro” das doze tribos, o resto do qual as

Escrituras falam, desceu para o Egipto juntar-se à comunidade hebraica lá expatriada desde há três séculos. Naquela época existiam vias praticáveis ligando a Palestina ao centro da África.

Foi o que permitiu, nomeadamente, ao ministro africano da rainha Kandakè (Candace) chegar até Jerusalém “assentado no

seu carro” para celebrar a Páscoa com os seus correligionários (Actos 8:26-40). Este alto dignitário africano, era judeu quando

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partiu da sua pátria. No seu regressou na terra natal, já não era

judeu mas, sim, cristão.

É provável que tornou-se um propagador ardente do

Evangelho do Cristo, o que sub-entende que a África profunda era cristã desde os primeiros tempos do cristianismo, facto

geralmente ocultado pelos historiadores ocidentais, com excepção de alguns tal como Galbraith Welch.

O TERRITÓRIO ATRIBUÍDO A ISRAEL: DESDE A FONTE DO NILO

Por que é que a África foi escolhida como a etapa definitiva das tribos de Israel no seu périplo para a terra onde devia-se estabelecer o Reino de Deus na terra? Para além das duas razões evocadas previamente, é porque neste continente é que se encontram os três quartos do território atribuído por Deus à descendência de Abraão:

“Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abraão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio Eufrates” (Gênesis 15:18).

Que devemos compreender? “Desde o rio do Egipto” se refere sem dúvida à fonte deste rio, e este último não é outro que o Nilo, cuja fonte se encontra situada na região dos Grandes Lagos, em pleno coração do continente africano.

A NOVA JERUSALÉM, ONDE TUDO TINHA INICIADO

É também porque é neste continente que deve erigir-se a Nova Jerusalém, cidade que deve se situar alí onde iniciaram-se todas as coisas, a saber o Éden bíblico. A Bíblia nos relata em referência à Nova Jerusalém, que “no meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. (Rev. 22:2). Deve-se destacar que a primeira menção que é feita na Bíblia desta árvore de vida encontra-se na narração da criação: (...)

“E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden; e pós ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:8-9).

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Dedução: à conclusão do plano de Deus para a instauração do seu reino na terra, a humanidade voltará ao seu ponto de partida. É là mesmo onde tudo começou que tudo se concluirá. Hoje, após séculos de esforços vãos para negar a verdade histórica, o mundo inteiro, incluindo o Vaticano, rende enfim justiça à África, misturando sua voz à dos Anciãos que desde milénios proclamam que:

“Os Africanos são de todos os homens os primeiros que existiram; e eis as provas que se pode dar disso. Primeiro, como se admite quase unanimemente que estes não vieram de fora, mas que têm as suas raizes na terra dêles próprios, não se pode sem injustiça recusar-lhes o título de autóctones; seguidamente, é também provável que os homens que habitam as regiões meridionais saíram os primeiros do seio da terra, porque o calor do sol, após secar a terra húmida, tem-na fecundado para dar a existência aos animais. Assim, se pode afirmar que os lugares mais próximos deste astro foram os primeiros a produzirem seres animados.”xxxviii

Pelo facto mesmo que o primeiro homem foi tirado da gleba africana, esta terra, queira ou não, é sagrada para a humanidade inteira. Os Gregos da Antiguidade não deixaram de espalhar esta noção da África como terra de predilecção de Deus:

“Diz-se que os Africanos são também os primeiros que ensinaram a render um culto aos deuses, a oferecer-lhes sacrifícios, a praticar as cerimónias sagradas de homenagem, a realizar finalmente todos os actos religiosos através dos quais os homens têm costume de adorar a divindade. De igual modo, os Africanos são famosos em toda a terra pela sua devoção, e os sacrifícios oferecidos por êles são geralmente considerados como os mais agradáveis aos imortais. Invoca-se à este respeito o testemunho do mais antigo dos poetas, e o mais em crédito entre os Gregos que, na Ilíada, apresenta Júpiter e os outros deuses viajando para a África, afim de participarem ao sacrifício e ao banquete que os Africanos lhes oferecem todos os anos.”

Contradiz por enquanto a Bíblia a opinião dos Anciãos? De modo nenhum ! Falando da cidade de Deus, que pela força do Espirito Santo ele viu em Àfrica, eis o que canta o salmista (Salmos 87):

“O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações de Jacob. Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de

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Deus. Farei menção de Raabe e de Babilónia àqueles que me conhecem: eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este homem nasceu ali. E de Sião se dirá: Este e aquele homem nasceram ali; e o mesmo Altíssimo a estabelecerá. O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali. Assim os cantores como os tocadores de instrumentos estarão lá; todas as minhas fontes estão em ti."

AFIRMAR QUE ISRAEL É NEGRO: QUE LOUCURA !

Em Novembro de 1984, fui confrontado a uma audiência hostil num anfiteatro da universidade de Lille, uma cidade provincial do norte da França. A razão desta hostilidade? Acabei de expor com argumentos que ninguém chegava a contradizer, uma tese que, incontestavelmente, semeava a perturbação no espírito de todos. A saber que o Israel das origens, o verdadeiro Israel composto das célebres doze tribos, nunca foi branco, que era e que continua a ser negro e que, finalmente, hoje em dia, ele se situa no umbigo da terra, em pleno coração da África. Inútil de precisar que não fui acreditado e que houve gritos na sala que era eu louco (João 10:20; 1 Corintios 2:14).

Mas apenas dois meses mais tarde, em Janeiro de 1985, o mundo inteiro assistiu pasmado à Operação Moisés quando os judeus de Israel organizaram uma ponte aérea entre Jerusalém e a Etiópia com o objectivo de extirpar seus correligionários falashas perseguidos pelas autoridades locais. Estes Falashas tem beneficiado do aliya, a lei segundo a qual todo judeu, em qualquer parte do mundo que se encontre, tem o direito de regressar para Israel e de obter todas as prerogativas de cidadão do pais.

Os que compareceram à conferência supracitada começaram então a dizer que, afinal, não era eu tão louco ! De fato, acabavam de realizar que a existência de Judeus negros, Africanos, era uma realidade e não uma utopia tirada da nossa imaginação.

OS LEMBAS, OS BANTUS JUDEUS ORIGINÁRIOS DO IÉMEN

Recentemente, a história dos Lembas, uma população bantu que povoa a África austral, principalmente o Zimbabwe, que sempre reclamou sua judeidade, veio confortar a nossa tese. Com efeito, está estabelecido pelos investigadores judaicos brancos que estes

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São as 12 Tribus de Israel Realmente Perdidas ? 93

Bantus têm no seu ADN “indicadores” atestando que são não somente Judáicos mas que pertencem aos cohanim, ou seja à tribo dos levitas (sacerdotes) de Israel. Está igualmente estabelecido de maneira indubitável que emigraram, há uma dezena de séculos, do Iémen, berço da Arábia feliz tão cara no coração dos nossos irmãos semitas, para a África austral. Esta extraordinária epopeia dos Lembas é uma passagem aberta que nos permite abordar por último o caso das doze mavila do Reino kongo.

Os Lembas constituem a prova que existem Bantus Judeus

O Anexo V do livro di-los-á mais sobre este reino e sobre uma profecia plurimilenária que se realizou sobre a sua terra: a da deportação, seguido da escravidão, dos filhos de Isolele.

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CAPÍTULO XIII

Kongo dia ‘Totela ou seja Isoluele − Isolele − Izolele (Isroël)xxxix

com uma excitação jubilaria que abordamos este capítulo sobre Kongo dia ‘Totela. Faz quase dois mil anos com efeito que os nossos pais, que foram os actores incansáveis desta peça de teatro magistral concebida

pelo próprio Eterno Deus, esperam por este momento. Que a herança que nos legaram e que hoje faz a glória de outros povos reencontra os seus verdadeiros beneficiários. Que o mundo reconheça finalmente – ao tomar conhecimento do Terceiro Segredo − o que deve a este povo, hoje humilde entre os humildes, mas que marcou com uma impressão indelével a história da humanidade.

Este povo, nestes tempos do fim, não é reconhecido por ter dado grandes sábios; não é reconhecido por contar nas suas filas os homens mais ricos ou os mais influentes do mundo; não é reconhecido por possuir a arma nuclear − horror nos olhos do Altíssimo Senhor ! Nunca se falará de um lobby kongo capaz de influir sobre as orientações das Nações Unidas porque o Senhor Deus, o Pastor deste povo, assim o decidiu.

“O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos” (Deuteronómio 7 :7).

CRITÉRIOS DE ELEIÇÃO DIVINA: AO CONTRÁRIO DOS CRITÉRIOS HUMANOS

Isoluele – Isolele – Izolele, três vocábulos cuja relação fonética com Isroel é evidente, significam em kikongo: “(afinal) te achei – (por isso é que) te escolhi e te amei.” Ora, quais são os critérios de eleição definidos pelo próprio Senhor Deus?

É

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96 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

“Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os

sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos

os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas

deste mundo para confundir as sábias ; e Deus escolheu as coisas

fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as

coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para

aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.”

(1 Corintios 1:26-29).

A declaração solene acima referida, a qual acrescentamos as

seguintes palavras: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o

derradeiro de todos e o servo de todos” (Marcos 9:35) mergulha-

nos no coração do tópico.

As tribos de Isolele, para obter a parte que é sua no vindouro

Reino de Deus na Terra, deviam necessariamente pôr-se na última

fila. O capitão, o guia que está à cabeça, o Muntu, é sempre o

último a deixar um navio em perdição. Porém, a terra com a

iminência de uma apocalipse nuclear − porque crêem que o Irão,

apoiado pela Rússia, está absolutamente ansioso a desenvolver o

seu programa nuclear e a ajuntar-se assim a Israel no clube

fechado dos que possuem esta arma saída das entranhas do

inferno? − é um barco que naufraga, por todos os lados.

Este povo, ao exemplo do seu Messias, devia levar o peso dos

sofrimentos do mundo sobre as suas costas, costas que dobram-se

mas nunca se fracturam. Menosprezado, desprezado, pontapeado,

este povo tinha apenas uma esperança: que voltando no seu seio,

o Santo de Isolele finalmente lhe faça justiça.

APÓS SÉCULOS DE UMA EXISTÊNCIA OCULTA À SOMBRA DE DEUS, TOCOU A

HORA DE VERDADE

O tempo chegou ! Com a revelação feita neste livro, os que

estavam “escondidos na alijava do Senhor Deus” (Isaías 49:2)

saem da sombra. A esposa do Senhor, Kangu dia ‘Totela,xl

finalmente vai levantar-se. “É iluminada, a sua luz chega e a glória

do seu Pastor levanta-se sobre ela.”

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Kongo dia ‘Totela 97

Esta glória, Kangu dia Totela, a noiva a quem o Senhor disse

“Isolele ! Te escolhi !” tem-na, como o vamos examinar nas linhas

que seguem, bem merecida. Com efeito, através dos seus profetas,

ela deu a Bíblia, o livro mais vendido no mundo, à humanidade.

Isto é certo: não há contributo maior na civilização universal que a

luz trazida por este livro nas nações que outrora andavam nas

trevas. Israel, a segunda, a Prosélita, bem o sabe porque uma vez

as doze tribos desaparecidas (mavila), sentiu-se como órfã, como

demonstrado nos extractos de um livro escrito por um eminente

membro desta comunidade:

“Eles, os Judeus, continuaram a crer que os seus irmãos perdidos

viviam numa espécie de limbos, exilados além do misterioso rio

Sambatyon (...) Conta-se tantas legendas sobre as tribos

perdidas assim como dos lugares onde elas se refugiaram.

Afirma-se que os Israelitas perdidos deram os Japoneses, os

Tártaros, os Indianos da América, os Chineses, os Bantús, os

Holandeses, os Gregos e os Russos (...) Várias obras tentam

provar que os Afegãos, os Curdos, os Mongoles e os Khazars são

Israelitas. Uma brochura recente atesta que os Gregos

descendem da tribo de Dã. Nos Estados Unidos, as Igrejas

fundamentalistas afirmam que os Ingleses e os Americanos são

descendentes directos das tribos perdidas de Israel (...) Parece

que por toda parte do mundo, certos grupos humanos sejam

identificados como Judeus perdidos − os Indios Quechua, nos

Andes, ou a colónia dos Indios judeus perto da cidade de

Pachuca, no México. Em África, os Núbios do Sudão, os Masáis do

Quênia, os Zulus e os Kaffirs da África do Sul foram qualificados

de tribos perdidas pelos missionários. Na Etiópia, outras tribos,

para além dos Falashas, reclamam-se do Judaísmo.”

SAMBATYON – SAMBA – ‘SAMBU – ‘SAMBUADI

Contudo, havia apenas um lugar no mundo onde podia-se

encontrar as tribos desaparecidas, ou mais precisamente,

escondidas. O índice “rio Sambatyon” conduziu os exploradores

portugueses dirigidos por Diogo Cão até a foz de um rio gigantesco

e majestoso. Os habitantes desta região têm, na sua língua, um

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radical que serve para designar o sagrado : samb. Assim samba

significa “orar”, ‘sambu, “benção, santificação”, ‘esambilu, “templo,

casa de oração”, ‘sambuadi, “número sete”. Sambatyon, embora

em grego, faz evidentemente parte da mesma família de palavras.

ANGOLA, PRIMEIRO PAÍS ESCOLHIDO

Este índice, e mais outros, levou os Judeus prosélitos a querer fazer a junção com as tribos escondidas de Isolele. Por isso é que um outro membro eminente desta comunidade, S.A. Anahory, apresentou, em 1886, uma proposta aos líderes sionistas que estavam à procura de um território para os Judeus vítimas de segregação e de perseguição em toda a Europa. Consistia em apresentar um pedido formal junto do governo português com fins de lhe conceder uma porção do território angolano, então sob a dominação portuguesa.

Os esforços incessantes neste sentido conduziram à adopção por parte do Parlamento português, a 15 de Junho de 1912, de um projecto de lei baptizado “Projecto Bravo” prevendo a cessão aos sionistas do planalto de Benguela.xli Contudo, a Jewish Territorial Organization, a instância encarregue de procurar um refúgio para o povo judaico, rejeitou esta opção durante um Congresso que teve lugar de 27 a 30 de Junho de 1912, em Viena.

O tempo para as duas entidades judaicas (as 12 tribos e os prosélitos) reencontrar-se ainda não tinha chegado. A razão (espiritual) do facto é que o Santo de Isolele que devia aparecer seis anos mais tarde nesta mesma região (Angola) não podia reaparecer no meio de um povo que continuava a rejeitá-lo, perseguindo os seus fiéis. Embora esta seja uma tentativa abortada dos sionistas de emigrar para Angola,xlii comprova que certos “olheiros perspicazes” dentre eles, estão a par da presença neste país das tribos ditas perdidas.

A PRIMEIRA BÍBLIA NO MUNDO: ESCONDIDA NUMA LÍNGUA

O Senhor Deus, sabendo que na sequência dos tempos as tribos de Isolele seriam confrontadas com uma multidão de povos que falam línguas diversas e variadas e reclamando-se de Israel, como atesta o texto seguinte:

«E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu (…) Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e Medos, Elamitas e os que habitam na

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Kongo dia ‘Totela 99

Mesopotámia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia, e Frígia e Panfília, Egipto e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e Árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.» (Actos 2:5; 8-11).

... colocou de maneira sumamente divina, que transcende o espírito humano, a primeira Bíblia que nunca existiu. Perante as pretensões de todos esses prosélitos, a prova da eleição das tribos de Isolele será dada, no momento oportuno, simplesmente analisando sua língua.

No princípio era a Palavra, proclama a Bíblia. Esta Palavra foi proferida numa língua que levava em si a semente da criação de todas as coisas. Esta língua existe ainda hoje. Ela é considerada geralmente como uma língua primitiva que não pode − segundo a inteligência humana − ter nenhuma parte com a narração bíblica. Contudo...

“Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11:25).

O que o Senhor Deus escondeu aos que se julgam inteligentes devia normalmente ser evidente aos olhos destes. Infelizmente, Europa abordou o seu encontro com África com tais preconceitos que estes agiram sobre ela como um véu sobre os olhos e bolas de cera nas orelhas.

“E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis.” (Mateus 13:14).

‘KANDA = PELE, COIRO, PERGAMINHO

Quando os Europeus chegaram no Reino do Kongo, estavam persuadidos que os nativos não tinham nenhuma noção do que significa “livro”, pois eles não sabiam nem ler nem escrever. Nesta hipótese, a lógica induz que os Exi-Kongo não podiam dispor no seu vocabulário nenhuma palavra para designar um livro, visto que não se denomina senão o que existe. Ora, aos Portugueses que lhes apresentavam a Bíblia, o livro por excelência, dizendo: “Livro !” os Exi-Kongo responderam : “’Kanda !”

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100 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Os Portugueses, repletos de preconceitos, não raciocinaram acerca do que era subentendido na palavra ‘kanda, isto é “pele, coiro, pergaminho.” Ora, o que é um pergaminho ? O dicionário diz-nos que é “uma pele de carneiro, de ovelha ou de cordeiro, que é preparada com o alúmen para escrever sobretudo os documentos destinados para ser conservados muito tempo.”

A questão que se põe é de saber como os Exi-Kongo podiam saber que a pele, o kanda podia servir de matéria prima para escrever, ou em outros termos, servir de livro? A resposta que impõe a lógica é que provavelmente os Exi-Kongo são os herdeiros de uma civilização que utilizava este suporte para escrever. O coiro, o pergaminho, foi desde a Antiguidade a matéria usada pelos Hebreus para, primeiramente, perenizar a Palavra de Deus transmitida de geração à geração pelos profetas, e logo para as necessidades normais de um sistema de escritura (título das casas e das terras, testamentos, patentes, etc.).

A Bíblia, ou mais concretamente, a Tora, é lido ainda hoje em forma de ‘kanda − pergaminho − nas sinagogas. Assim, normalmente, a palavra ‘kanda devia apelar a atenção dos Europeus sobre um mistério subjacente, o mistério da identidade escondida dos Exi-Kongo.

SONSO = “PREGO” – SONEKA = “ESCREVER”

Uma outra palavra que devia intrigar os «descobridores» de Kongo dia ‘Totela, é... soneka, “escrever”. Esta palavra é derivada de sonso, “prego”. A relação entre prego e escrever deve-se procurar numa civilização cuja escrita era em forma de prego. O termo de escrita cuneiforme (ou seja em forma de cúneo) caracteriza o aspecto externo desta escrita, que se apresenta com efeito normalmente como combinações de carácteres em forma de pregos triangulares, alinhados com regularidade sobre prateleiras de argila. Este aspecto provem de que o escriba se servia de uma cana esculpida em forma de bisel, que segurava firmemente com a mão, e com a qual golpeava com pequenos golpes rápidos sobre uma prateleira de argila fresca. O único povo que se servia deste suporte de escrita era os Mesopotâmicos, na época quando Abraão, o pai da fé, vivia nessa região. Por conseguinte, se a palavra precedente, ‘kanda, nos leva a Canaã, a futura Palestina, o casal

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Kongo dia ‘Totela 101

sonso-soneka constitui uma ligação indubitável com a génese do povo hebreu, cujas raízes estão em Ur dos Caldeus (Gênesis 11:31).

AMBASSI = OS HERDEIROS DE ISOLELE

À chegada dos Portugueses no Kongo, a capital do Reino levava o nome de Ambassi. Holman Bentley, missionário da Baptist Missionary Society (BMS) e eminente linguista inglês do século XIX, não faltou de o mencionar na obra monumental que consagrou à língua kongo (o kikongo), o instrumento de comunicação das tribos de Isolele. Com Ambassi, detemos a prova que as diferentes versões da Bíblia existentes actualmente são apenas cópias de uma Bíblia originalmente escrita em kikongo. Isto, ninguém pode acreditar, mas examinemos os factos.

Nenhum povo no mundo, para além das tribos de Isolele, podia conhecer o contexto em volta do aparecimento deste nome (Isolele) que achamos na Bíblia (Gênesis 32:22-28). Por conseguinte, os Exi-Kongo muito antes da chegada dos Europeus e, logicamente muito antes de saber que um livro denominado Bíblia existia, tinha na sua língua, gravada de maneira misteriosa, a história contada de geração a geração pelos Anciãos:

“No início da nossa história, nasceram dois gémeos, dos quais o segundo a ver a luz do dia, ao sair das entranhas maternas, segurava o calcanhar do seu irmão. Por causa disso, foi chamado ‘Simba, enquanto ao seu irmão lhe deram o nome de ‘Zuzi”

Para tirar toda a substância desta história, algumas explicações linguísticas impõem-se. Com efeito, o nome do segundo gémeo, ‘Simba deriva do verbo Simba que significa “segurar, agarrar”. Este nome representava igualmente uma profecia visto que ‘Simba conheceu, anos mais tarde, um destino particular: lutou contra um anjo do Senhor uma noite inteira sem desfalecer. Em muitas línguas do mundo, o verbo “agarrar” significa ao mesmo tempo “resistir, não desfalecer”, quer dizer simba. Por conseguinte, temos com apenas uma palavra, ‘simba, dois pontos salientes da história de... Jacob que, segundo a Bíblia, agarrava o calcanhar do seu gémeo Esaú (Gênesis 25:24-26). Anos mais tarde, o mesmo resistiu lutando contra um anjo do Senhor.

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102 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Mas não é tudo : anjo em kikongo diz-se m’basi, metátese perfeita de ‘simba. M’basi é por conseguinte um eco (com sílabas intervertidas) de... ‘simba. Ora, a palavra “anjo” tomada na sua primeira acepção significa “enviado, mensageiro”. O anjo que lutou com ‘Simba era o enviado, o mensageiro de Deus. Razão pela qual − isto é uma prova da anterioridade e da supremacia da cultura kongo neste contexto específico − a palavra kikongo m’bassy se reencontra hoje nas línguas europeias com o mesmo significado : “enviado, mensageiro, representante”...

Baixa Latina: Embascia

Inglês: Embassy

Francês: Ambassade

Português: Embaixada

Espanhol: Embajada

Italiano: Ambasciata

Voltemos aos Anciãos:

“O anjo de Deus, estupefacto de constatar que ‘Simba conseguiu lutar contra ele durante horas com uma força e uma coragem fora do comum, disse-lhe no fim :

“O Senhor Deus encarregou-me com a missão de procurar um homem capaz de segurar (simba) o archote da verdade com coragem e determinação, um homem capaz de perseverar até ao fim, este homem, é você ‘Simba. Por isso, doravante teu nome ja não será ‘Simba, mas :

Isoluele = Te achei (do verbo solola)

Isolele = Te escolhi (do verbo sola)

Izolele = Te amei (do verbo zola)”

Estes significados se encontram em toda a Bíblia. Vamos citar apenas duas passagens:

“Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei (Izolele), assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida” (Isaías 43:4).

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Kongo dia ‘Totela 103

“Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi (Isolele); para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá” (Isaias 43:10).

‘SIMBA, MBASI = ISOLELE (ISROEL)

Os três vocábulos acima referidos, tão eloquentes biblicamente

falando, deram a palavra : Isroel mais familiarmente, Israel... A

dedução que se impõe do que precede é que o nome de Jacob,

aquele que agarrou o calcanhar do seu irmão, pode ser considerado

como uma tradução de ‘Simba. A anterioridade de ‘Simba em

comparação com Jacob pode-se deduzir do raciocino seguinte:

Jacob em hebreu não teve nenhuma influencia sobre outras línguas

maiores da humanidade ao contrário do kikongo que influiu sobre

as linguas latina, inglêsa, francêsa, espanhola, italiana, portuguêsa

como podemos o demonstrar com a palavra m’Bassy.

Há mais ainda a dizer acerca de Ambassi. A primeira letra da

palavra, a saber “a” é um prefixo que significa “os descendentes

de, os filhos de, os que pertencem a”. Outro metátese de mbasi dá

‘Sambi, ou mais precisamente ‘Zambi, o Senhor Deus em kikongo.

Sublinhemos que o “z” de ‘Zambi é uma convenção ortográfica.

Na verdade, na linguística, “s” e “z” constituem o mesmo fonema

ou som: a diferença é que o “s” é surdo e o “z”, sónoro. Se

escolhermos escrever o carácter “s” em vez de “z” como na palavra

“rosa” que, embora se escreve com “s” pronuncia-se “z”, ‘Sambi

faz referência ao verbo... samba, “orar”. ‘Sambi (pronunciada “z”)

é por conseguinte aquele que devemos adorar através das nossas

orações. Quanto ao verbo samba, basta eliminarmos o nasal “m”

para que se converta em ... “sába-do”, dia de oração do povo de

Isolele !

Assim chegamos a um outro significado do nome ‘Simba, o

Jacob da Bíblia : ‘Sambi, o nome do Senhor Deus, que ‘Simba leva

em si, isto é :

S1 i2 m3 b4 a5 = S1 a5 m3 b4 i5

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104 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Os nomes acima mencionados contém uma evidência

impossível a encontrar no nome de Jacob: ‘Simba = Homem

escolhido de Deus, o que justifica plenamente o apelido que foi-lhe

atribuído pelo anjo: Isolele, “te escolhi !”

Finalmente, Ambassi, a capital do antigo Reino do Kongo,

significa: “A Embaixada de Deus na Terra.”

Para concluir esta demonstração, ‘Zuzi, o gémeo a sair

primeiro, cujo nome não deixa de recordar o de Esaú, tornou-se na

tradição kongo o último. Porque esta desgraçã? Simplesmente

porque ‘Zuzi vendeu o seu direito de primogenitura a ‘Simba !

(Gênesis 25: 31-34).

Quanto à Kongo dia ‘Totela, significa, como já o mencionamos :

“O Reino de Toda a Terra.”

Kongo = Reino, do kikongo ‘Kengi, “pastor, rei”, (cf. o inglês

King) ;

Totela = Totalidade, do kikongo tota, “reunir, congregar,

totalizar” (cf. latim totus, tota, totum).

Assim, combinados, os nomes da capital e o do reino do Kongo

dão:

Ambassi a Kongo dia ‘ Totela, o que significa literalmente:

“A Embaixada de Deus no Reino de Toda a Terra”...

Como para varrer toda dúvida acerca disso, os próprios

Portugueses desbaptizaram a capital do reino kongo para dar-lhe o

nome de:

“São Salvador do Kongo”, quer dizer “a Cidade do Santo

Salvador, a Cidade de Jesus Cristo”, exactamente a profecia

proferida por Kimpa Vita e que resultou com a sua morte tão cruel.

Convidamos os leitores interessados pelo tópico da lingua kikongo com comparação à Bíblia reportarem-se ao Anexo VI do livro.

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CAPÍTULO XIV

Patmos Anuncia Fátima

“Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (2 Pedro 3:8).

ara o espírito humano, uma declaração tal como esta é

pura loucura. Um dia é igual a mil anos e mil anos

equivalem a um dia. Para o Criador do Universo, onde

as distâncias contam-se em anos luz, o tempo não

obedece às mesmas regras que aquelas que governam o

insignificante planeta Terra. Ora vejamos, o que é a terra senão

uma gota de água perdida no oceano do Cosmos...

O Mistério de Fátima permite ao nosso espírito muito limitado

de agarrar um átomo de poeira desta verdade. Com efeito, oferece-

nos duas cenas separadas por cerca de dois mil anos de história se

submetemo-las à prova do relógio humano, mas por apenas dois

dias de acordo com a cronologia divina. Estas duas cenas lançam,

diríamos assim, uma escala entre o céu e a terra, com a

intervenção de dois mensageiros provenientes do céu e dois

visionários humanos. O primeiro dos visionários é um homem.

É quase centenário e viveu uma vida fora do comum na sua

qualidade de apóstolo de Cristo. O segundo − ou mais

precisamente a segunda − é uma pequena rapariga de apenas dez

anos de idade. É uma pastorinha que, da vida, ainda nada sabe.

Estamos no fim do primeiro século da nossa era, numa ilha

grega do mar Egeu, Patmos. O apóstolo João − ele é nosso ponto

de referência − está em êxtase. Impregna-se literalmente das

palavras “de alguém que se assemelha à um Filho do homem,

P

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106 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

vestido de uma longa batina, e tendo uma cintura de ouro no

peito.” De acordo com a descrição que é feita deste personagem,

em particular o seu rosto similar ao sol quando está no zénite,

trata-se do Senhor Jesus Cristo. As palavras proferidas por ele não

deixam nenhuma dúvida a este respeito:

“E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o

sempre. Amem. E tenho as chaves da morte e do inferno.

Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois

destas hão de acontecer (Apocalipse 1:18-19).

João, desterrado nesta ilha perdida por causa do Evangelho, a

boa nova do Reino dos céus que propagava com zelo, trazendo

inúmeras ovelhas no rebanho do Bom Pastor, seu Senhor e Mestre,

tem de repente os olhos abertos pela acção do Espírito Santo. Vê

então desenrolar-se, como sobre o ecrã gigante do céu, os eventos

que vão marcar os tempos do fim, pouco antes da apoteose final da

Parousia, o Advento glorioso do Filho do homem. O olhar do

apóstolo, mergulhando no fluido etéreo do tempo, percorre

aceleradamente mais de 1800 anos no futuro. Vê então uma

mulher « vestida do sol, a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa

de doze estrelas sobre a sua cabeça.”

Dois dias após a visão do apóstolo − estamos numa

perspectiva divina − esta projecção no futuro concretiza-se no

presente na pessoa de uma pastorinha de nome Lúcia dos Santos.

É portuguesa e o seu nome significa “a luz dos santos”.

A Lúcia vê esta mesma mulher, aquela que foi anunciada pelo

profeta de Patmos. É de uma beleza sobrenatural, “irradiando uma

luz mais clara e mais intensa que um vidro de cristal cheio de uma

água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.” As

leis da gravidade não têm influência nenhuma sobre ela porque

está suspensa no ar, acima de um pequeno carvalho verde.

A aparição, que a visionária de Fátima vai chamar “a Nossa

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Patmos Anuncia Fatima 107

Senhora”, se apresenta: “Venho do céu.” Assim opera-se, em pleno

século XX, a junção já evocada do céu e da terra...

Estamos no dia 13 de Maio de 1917 e é o início de uma

aventura que vai perturbar a vida da pastorinha portuguesa.

Analfabeta na ocasião dos aparecimentos, esta dispõe de um único

meio para saber quem é Nossa Senhora: as imagens devotas que

representam a Theotokos, a Madona, imagens perante as quais se

ajoelhou tantas vezes na Igreja e na intimidade do seu modesto

quarto. Ela está longe de imaginar, na altura, que Toko é

exactamente o Homem do Mistério, aquele para quem o céu

condescendeu para inclinar-se sobre a Terra.

Dois meses mais tarde, aos 13 de Julho de 1917, a Lúcia torna-

se a depositária de uma notícia tão incrível que levará em 1960 o

Vaticano a tremer sobre as suas bases, obrigando três papas, João

XXIII, Paulo VI e João Paulo II, a mentir por omissão perante a

humanidade. De acordo com certos rumores, ela estaria igualmente

na origem do falecimento prematuro de um outro papa, João

Paulo I, cujo reino terá durado em tudo e por tudo apenas 33 dias.

Esta notícia vai por último exigir da pastorinha de Fátima o

sacrifício de toda uma vida. Para guardar o segredo, ela entra nas

ordens, aceitando ser enclausurada para o restante dos seus dias

num convento de irmãs carmelitas em Coimbra.

APOCALIPSE 12 E FÁTIMA, AS DUAS FACES DE UMA MESMA MEDALHA

No dia 1 de Novembro de 1950, 600 000 a 700 000 peregrinos

estão reunidos ao redor da Basílica São Pedro. Estão em Roma para

celebrar com pompa o 33º aniversário das aparições de Fátima.

A irmã Pascalina, que esteve durante praticamente o

pontificado inteiro do Papa Pio XII um dos seus mais próximos

colaboradores, evoca nas suas Memórias estes momentos

inesquecíveis. “Após ter dado a sua bênção à multidão que o

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108 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

aclamava, relata ela, Pio XII penetrou na Basílica onde prosseguia

a cerimónia dedicada à Nossa Senhora.”

Como para estabelecer, através do tempo, uma ponte entre a

“visitação” do velho apóstolo de Patmos e a da inocente pastorinha

de Fátima, a impressionante multidão canta, em latim, “signum

magnum apparuit in coelo, mulier amicta sole et luna sub pedibus

eius,” em outros termos, o primeiro versículo do capítulo 12 de

Apocalipse, ao entrar na basílica, seguindo o soberano pontífice.

Esta multidão estava unida pela mesma fé, a fé numa notícia da

qual não sabia nada, senão que constituia o Grande Segredo. Ela

sentia intuitivamente que este segredo era de uma importância

capital para a humanidade inteira. Este povo de crentes ignorava −

mas ninguém, com a excepção de Lúcia dos Santos podia saber

então − que a Mensagem que constitui o Grande Segredo

encontra-se escrita claramente num livro à disposição de todos: a

Bíblia. “O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma

mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo

esteja levedado.” (Mateus 13:33). Assim é do Terceiro Segredo de

Fátima. Foi necessário três gerações, “três medidas de farinha,” os

90 anos que separam 1917 do ano da publicação deste livro, para

que este segredo, que estava consignado na Bíblia antes mesmo

que o Vaticano e os papas que o dirigem venham a existir,

amadureça suficientemente para ser posto sobre a mesa das

nações.

Convidamos por conseguinte o leitor a assentar-se nesta mesa

connosco, neste momento solene anunciado pelo profeta Daniel.

Com efeito, ele predisse que “estas palavras estariam fechadas e

seladas até ao tempo do fim” (Daniel 12:10). Agora chegou o

momento de “encher as nossas entranhas deste rolo... e de comer

palavras que serão nas nossas bocas doces como o mel”

(Ezequiel 3:3). Mas cuidado ! Saibam contudo que o prato que vão

comer não terá o gosto do mel para todos. Há de deixar o sabor do

absinto na boca de muitos....

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CAPÍTULO XV

Um Regresso Secreto Mas No Entanto Profetizado

“Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.” (Marcos 13:32)

alavras de Cristo, repetidas à repleção por todos os pregadores, pastores e outros evangelistas do passado, do presente e − certamente − do futuro e cantadas em coro pelos fieis de todas as igrejas e confissões cristãs.

Longe de nós a ideia de questionar a atitude, de bom senso e de sabedoria, que consiste em dizer: “acerca do dia e da hora, ninguém sabe.” A passagem supracitada impunha-se, com efeito, afim de apelar à vigilância as ovelhas do Senhor contra os lobos devoradores. Trata-se daqueles falsos messias e falsos cristos, um número impressionante dos quais tem surgido ao longo dos séculos em várias regiões do globo.

É por isso que proclamar que o Cristo viveu na terra no vigésimo século, homem entre os homens, não pode senão soar, ao ouvido de qualquer cristão, como uma verdadeira heresia.

Um provérbio chinês declara que “Quando o sábio mostra a lua, o tolo olha para o dedo.” Um outro ditado nos avisa: “Ter razão com vinte e quatro horas de antecedência significa não ter razão durante vinte e quatro horas”. E dependendo do que você anuncia, expõe-se a passar por louco, uma situação que o próprio Cristo não faltou de viver: “E muitos deles diziam: Tem demónio, e está fora de si; por que o ouvis?” (João 10:20). O servo não sendo maior do que o mestre (João 13:16), orgulhamo-nos, quanto a nós, de nos colocarmos na mesma situação, na medida em que “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” (1 Coríntios 1:25).

P

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110 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Para referirmos uma vez mais à alegoria da lua e do dedo, é

meditando sobre certas passagens da Bíblia, após uma análise

meticulosa, que o astro aparece de repente na trajectória do dedo.

É assim que o que parecia antes de mais sem sentido, revela-se a

medida que se rasga o véu, como uma firme torre capaz de resistir

a tempestades das mais violentas. Os fundamentos desta torre são

pilares que penetram dentro do tempo até chegar aos profetas

Daniel, Sofonias, Isaías, Zacarias, etc.

Assim Daniel anuncia:

“Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio

de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os

esmiuçou. (...) Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu

levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino

não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses

reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre. Da maneira que

viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos,

e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro ; o

grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo

é o sonho, e fiel a sua interpretação. (Daniel 2:34; 44-45).

Retenhamos esta mensagem: uma pedra que sai de uma

monte ao tempo do fim e vem destruir o sistema sobre o qual está

assentada a ordem mundial, (desordem mundial seria uma

expressão mais adequada). Qual é este monte? Onde se situa?

Aqui, um pormenor de grande importância ! É lógico pensar que se

este monte está situado na terra e não no céu, esta mera

constatação demonstra que Cristo devia voltar na terra ao tempo

do fim. A lógica impõe-nos, com efeito, o seguinte silogismo :

se o monte encontra-se na terra;

e que a pedra surge deste monte;

significa que a pedra se encontra na terra.

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Um Regresso Secreto 111

Sofonias profetiza:

“Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que

todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam com um

mesmo consenso. Dalém dos rios da Etiópia, meus zelosos

adoradores, que constituem a filha dos meus dispersos, me

trarão sacrifício (Sofonias 3:9-10).

Mensagem subentendida: o elemento movente desta profecia,

são os povos de toda a terra em geral, mas particularmente a

diaspora de Isolele (Miqueias 4:1-3 e Jeremias 31:8-10). O

elemento fixo, onde convergirão os que trarão ofertas de gratidão

ao Cristo, o Rei dos reis, é a Etiópia. Esta deve-se compreender no

seu sentido literal, a saber Aethiopia, “o país dos Negros.”xliii Assim

sendo, esta profecia anuncia que os que foram vendidos e

espalhados além da sua África natal, a antiga Etiópia, hão de sair

daquele “além” − quer dizer os países onde foram mais mortos do

que vivos − voltando para Kana (Canaã) com ofertas de gratidão e

de adoração ao seu Salvador e Libertador, o homem cujo nome é

“Renovo, Semente...”

Proclama também Isaías:

“Quem deu crédito à nossa pregação ? E a quem se manifestou o

braço do Senhor ? Porque foi subindo como renovo perante ele, e

como raiz de uma terra seca ; não tinha beleza nem formosura e,

olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o

desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os

homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e,

como um de quem os homens escondiam o rosto, era

desprezado, e não fizemos dele caso algum (Isaías 53:1-3)."

Meditemos sobre esta mensagem: um homem de dores,

desprezado e menosprezado, com aspecto tão pouco atractivo que

nem sequer olhamos para ele... Quem pode realmente ser este

misterioso personagem?

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112 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Zacarias vem concluir:

“E fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor. Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e ele levará a glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos os ofícios (Zacarias 6: 12-13).

Analisemos: Um homem cujo nome é Renovo há de voltar no seio do seu povo para − entre muitas tarefas − edificar o templo do Senhor. Será ao mesmo tempo Rei e Sacerdote. Quem se esconde assim sob este nome misterioso de Renovo?

Uma tradução mais precisa do termo Renovo é Planta ou Semente. Cristo se compara a uma planta ou uma semente, que têm a virtude de renascer perpetuamente, figurando assim a Eternidade. Assim o nome de Simão significa Semente.

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CAPÍTULO XVI

1917: Fátima e o Dragão Vermelho

s numerosos autores, historiadores e exegetas que fizeram de Fátima o objecto das suas investigações deviam, afim de compreender o mistério, fazer-se algumas perguntas que resultam do simples bom

senso: “Qual é o personagem principal desta história, sem a qual Fátima nunca teria existido? Qual é a fonte escrita onde, em primeiro lugar, faz-se menção desta figura ? É esta fonte credível ?”

Respostas:

Uma mensageira celeste ;

A Bíblia;

Sem dúvida nenhuma.

As duas últimas respostas são inseparáveis. Com efeito, a revelação do Terceiro Segredo baseia-se na Bíblia − salvo algumas indispensáveis incursões na história de Israel em particular e da humanidade em geral. É fundamental recordar que este livro contém a Palavra de Deus. Como disse o Salmista, é “lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho.” (Salmos 119:105). Por conseguinte, quando não conseguimos entender um evento ligado ao divino, a sabedoria nos orienta a examinar as Escrituras. “Pois bem, dirão os cépticos, mas que nos garante que esta compilação de livros com o conteúdo as vezes hermético é realmente palavra de Deus ? Porque finalmente, para além da Bíblia, existem muitas outras obras que apresentam a mesma pretensão de ser considerados como sagradas por centenas de milhões de indivíduos dispersos em diferentes regiões do globo.”

Para responder a estes, vamos ceder a palavra ao cientista e filósofo francês Pascal: “Há nela (na Bíblia) bastante luz para convencer os que estão dispostos para acreditar e bastante

O

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114 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

obscuridade para os que têm uma disposição contrária”. Dito em outros termos e de maneira mais familiar: “Não há mais surdo que aquele que não quer ouvir.”

Estamos convencidos, porém, que você leitor faz parte do primeiro grupo referido por Pascal. Assim lhe convidamos, depois de varrer a mente de opiniões enraizadas, de ideias preconcebidas e de dogmas integristas, a abrir os ouvidos, para entrar na intimidade do Grande Segredo.

AS PROFECIAS DA BÍBLIA LEVAM O SELO DE DEUS

“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. E quem proclamará como eu, e anunciará isto, e o porá em ordem perante mim, desde que ordenei um povo eterno? E anuncie-lhes as coisas vindouras, e as que ainda hão de vir” (Isaías 44:6-7).

A Bíblia atesta sem rodeios que para saber se contém realmente a Palavra de Deus, basta submetê-la à prova das profecias. Se estas se realizam, séculos ou milénios após de serem escritas, então a prova da sua origem metafísica, divina, é patente.

Deuteronómio 18 confirma este postulado:

“E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou ? Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele (versículos 21-22).

Com Fátima, a prova de que a Bíblia é verdadeiramente Palavra de Deus é feita. Com efeito, as gerações presentes podem contemplar a realização de eventos anunciados na Bíblia há milénios !

Vamos iniciar com a análise de uma profecia que nos transmitiu o apóstolo João, em dois tempos:

No seu Evangelho;

No seu Apocalipse ou Revelação.

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Fátima e o Dragão Vermelho 115

“O PAI QUE SABE” NÃO FICOU CALADO

É de destacar que o próprio Jesus, no seu tempo, avisou os seus

fieis que “com respeito ao dia, ninguém sabe”, salvo o Pai... e o

Espirito Santo. Dito e certo. Contudo, será que o Pai ficou calado?

Pois, não ! Ele nos falou no percurso dos séculos através de

homens inspirados cuja voz chegou até aos nossos ouvidos através da Bíblia.

O Pai nos fala neste momento. Ele diz:

“As primeiras coisas desde a antiguidade as anunciei; da minha

boca saíram, e eu as fiz ouvir; apressadamente as fiz, e

aconteceram. Porque eu sabia que eras duro, e a tua cerviz um

nervo de ferro, e a tua testa de bronze. Por isso te anunciei desde

então, e te fiz ouvir antes que acontecesse, para que não

dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, e a minha imagem de

escultura, e a minha imagem de fundição as mandou. Já o tens

ouvido; olha bem para tudo isto; porventura não o anunciareis?

Desde agora te faço ouvir coisas novas e ocultas, e que nunca

conheceste. Agora são criadas, e não de há muito, e antes deste

dia não as ouviste, para que porventura não digas: Eis que eu já

as sabia” (Isaías 48:3-7).

O profeta Amos vem confirmar este oráculo:

“Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Amos 3:7).

Que podemos concluir do que precede?

Que os únicos que sabem são o Pai celeste e o Espirito Santo;

Contudo, o Pai não fica calado mas transmite, através do

Espírito Santo, o que Ele sabe aos Seus servos, os profetas;

Que por sua vez os profetas nos transmitem por intermédio da Bíblia aquilo que o Pai quer que saibamos;

Que podemos, por meio deste canal, sintonizarmos com o Pai,

entrar no segredo do Pai.

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116 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

O GRANDE SEGREDO NÃO PODIA SER DESVENDADO SENÃO POR REVELAÇÃO

No vigésimo primeiro ano após o prazo marcado por Deus para a divulgação do Segredo ao mundo, como o papado parecia ter decidido manter sob sequestra a terceira parte da Mensagem de Fátima, uma advertência solene veio do céu.

No dia 13 de Maio de 1981, às 17h19 exactamente, João Paulo II foi seriamente ferido por Ali Agça, um terrorista turco. O dia 13 de Maio deste ano marcava o sexagésimo quarto aniversário do início do Mistério. A hora do atentado, 17h19, também não foi por acaso: lendo os dois números que compõem-na de direita para a esquerda, dá-nos o ano dos aparecimentos do anjo de Fátima: 1917 !

Após este evento que durante dias foi nas primeiras páginas dos canais de informação do mundo inteiro, ter-se-ia esperado que o soberano pontífice compreendesse finalmente que devia revelar o Grande Segredo, apesar das consequências provavelmente negativas para o Vaticano. Não foi nada disso. A única concessão feita a Fátima por João Paulo II foi a peregrinação que ele efectuou a Portugal no ano seguinte, em 1982, para, disse ele, honrar a Madona por ter lhe poupado a vida. Ofereceu-lhe nesta ocasião a bala que devia normalmente lhe matar. O papa polaco tinha assim perdido uma bela oportunidade de dizer a verdade, essa verdade que centenas de milhões de pessoas, cristãos ou não, esperavam desde 1960. O verdadeiro acto de reverência concedido ao Terceiro Segredo de Fátima − que demonstra que ele tinha já conhecimento da Mensagem − o papa o fez aquando da sua segunda viagem a Portugal. Relata assim o escritor e jornalista francês P. Gabriel:

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Fátima e o Dragão Vermelho 117

“Curiosamente, algumas semanas após a viagem do papa a Portugal,

exactamente na sexta-feira 31 de Maio de 1991, líderes políticos de

destaque, por um lado o Sr. James Baker, Secretário de Estado dos

Estados Unidos e o Sr. Alexandre Bessmertnykh, Ministro soviético de

Assuntos estrangeiros, acompanhados pelo Sr. Javier Pérez de Cuellar,

Secretário geral da O.N.U, vieram a Lisboa ratificarem o cessar fogo oficial

que devia acabar com dezasseis anos de uma guerra civil particularmente

mortífera em Angola.”xliv

Porque este súbito interesse para Angola? Uma vez mais, o

vínculo com Fátima está escondido na data deste encontro: lendo

31 de direita para a esquerda, se converte em... 13. 13 de Maio, a

data do Mistério. Angola como o veremos está intimamente associada à Fátima e ao seu segredo.

Cansado de esperar em vão que Roma divulgasse o Segredo, o

Senhor decidiu 23 anos depois da data limite, ou seja em 1983,

confiar a Mensagem a um dos filhos de Isolele, de acordo com a

Palavra que proclama que “as coisas encobertas pertencem ao

Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a

nossos filhos para sempre” (Deuteronómio 29:29). Como outrora

no caso de Moisés, apareceu numa chama de fogo ao autor deste

livro, no dia 9 de Março de 1983, para lhe incumbir a missão da

divulgação do Segredo.

Este curto testemunho impunha-se por várias razões:

Para que se compreenda bem que a nossa sabedoria não

ultrapassa de modo algum a dos outros ministros de Cristo que

sempre exortaram as ovelhas do Senhor para não procurar

saber, no que diz respeito aos tempos que o Pai determinou da sua própria autoridade ;

Que, para fazer nossas as palavras do apóstolo Paulo “me foi

este mistério manifestado pela revelação » (...) Por isso,

quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo” (Efésios 3:3).

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118 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Que se não fosse por revelação divina, a nossa inteligência tão

limitada não podia nos permitir descobrir por si mesma os arcanos deste Mistério;

Que se esperamos cerca de trinta anos antes de divulgar este

Segredo, é para enforcar que foi sem precipitação e num

momento determinado por aquele mesmo que disse “eu sou o

caminho, e a verdade e a vida” (João 14:6) e que é a pedra de ângulo deste livro, que o fizemos.

Que o objectivo desta revelação é que neste início de um novo

século, que é ao mesmo tempo o início de um novo milénio, a

Verdade seja finalmente conhecida de todos, das doze tribos de

Isolele que andam dispersas, principalmente na América, bem

como de todos os filhos de Deus que estão “desgarrados como

ovelhas; cada um se desviando pelo seu caminho » (Isaías

53:6).

Para aquel que, crente fiel, usará dos recursos da sua fé, as

explicações supracitadas deveriam ser suficientes. Para os Tomé, a

massa dos cépticos, uma explicação mais racional impõe-se.

EXPLICAÇÕES RACIONAIS DO MISTÉRIO

Um importante facto de saber é que os Evangelhos foram escritos

muitos anos depois da morte e da ressurreição do Cristo. O

Evangelho de Marcos, considerado como o mais antigo dos

sinópticos, foi redigido provavelmente por volta de 64-69.

Considerando que estas narrações não são obras do apóstolo, mas

do próprio Senhor por meio do Espírito Santo - é a única razão para

dizer que são sagradas − o Pai podia revelar o seu segredo à um

dos seus discípulos, sem que o interessado o saiba. A Bíblia

testemunha isso quando declara que “a profecia nunca foi

produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de

Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21). Os

discípulos estavam convencidos que o regresso de Jesus

aconteceria enquanto eles estiverem ainda em vida, esquecendo-se

de que o Mestre lhes deixou um índice que situava este

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Fátima e o Dragão Vermelho 119

acontecimento nos últimos tempos: “Este evangelho do reino será

pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e

então virá o fim” (Mateus 24:14). Isto significa que, enquanto o

evangelho não tivesse atingido os quatro pontos cardeais da terra,

o regresso do Cristo não podia intervir.

Neste sentido, Jesus, aos seus companheiros que desejavam

saber quando ia restabelecer o reino de Isolele, respondeu:

“Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai

estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do

Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis

testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e

Samaria, e até aos confins da terra “(Actos 1: 7-8).

Na resposta de Cristo, se destaca o “mas” que relativiza a

negação do “não vos pertence” subentendendo “à não ser por meio

do Espírito Santo !”

AS DATAS CRIPTADAS DE FÁTIMA

É assim que, pelo Espírito Santo, o apóstolo João relata esta cena

comovente quando o Cristo ressuscitado ajuda os seus discípulos a

realizar uma pesca milagrosa. Devido à sua importância para a

sequência da nossa narração, e para aqueles que não tem a Bíblia

à sua disposição, reproduzimos integralmente esta narração de

João 21:1-11.

«Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto

do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: estavam juntos

Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de

Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus

discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles:

Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco,

e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se

apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era

Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de

comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede

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para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já

não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele

discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E,

quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a

túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros

discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da

terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de

peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um

peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes

que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para

terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes e,

sendo tantos, não se rompeu a rede.”

ICHTIS

Neste testamento, cuja dimensão alegórica vai ser evidente nas linhas que se seguem, esconde-se um enigma, uma verdadeira jóia em matéria de profecia. De certeza Cristo sabia que o peixe tornar-se-ia o símbolo dos seus fiéis, antes que a cruz viesse substitui-lo. Com efeito, para reconhecer-se entre si numa época onde declarar-se cristão expunha-os aos piores perigos, os adeptos da nova fé escolheram o peixe como emblema. Porque o peixe? Por um lado, porque os primeiros discípulos de Cristo eram pescadores. E por outro lado, os primeiros cristãos − que falavam o grego na sua maioria − tinham notado na palavra ICHTIS, que significa “peixe”, as iniciais do seguinte título : Iesous CHristou Theou Ios Sôter, cuja tradução é: “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador”. A narração dos peixes coloca-nos no coração de uma narração na qual Cristo, ou seja ICHTIS, é o personagem principal.

Se observa que a pesca milagrosa relatada por João assemelha-se muito com uma outra relatada por Lucas (capítulo 5, versículos 1-11). Analisemos os versículos 5 e 6 : “E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede. E, fazendo

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assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.”

Se pode constatar nesta narração que o número de peixes tem tão pouca importância que nem sequer é mencionado. Por que então João − ou mais exactamente o Espírito Santo que o inspirou − cuidou-se de dar o número exacto de peixes apanhados enquanto Lucas, num contexto similar, não atribui nenhum interesse à este pormenor ?

Devemos escolher entre duas alternativas. Ou (a) trata-se de um artifício de escritor desejando trazer na sua narração um estilo de cunho realístico ou (b) se trata de uma mensagem criptada no número total de peixes ! Obviamente a segunda alternativa é a boa pois é mais conforme ao contexto espiritual desta narração...

O número 153 tem certamente uma rica história a contar. Ao examinar 153 aparece uma data com um dia, um mês e um ano. Temos de facto três datas dependendo da ordem de leitura de este logaritmo.

Na ordem normal, temos o 15 de Março (15-3). Em desordem, temos o 13 de Maio (13-5) e o 31 de Maio (31-5). Sublinhamos aqui, antes de ir mais adiante, que se mencionamos esta última data, é apenas para respeitar todas as opções possíveis, nenhum evento profeticamente significativo tendo se produzido − ao nosso conhecimento − no dia 31 de Maio (31-5) do ano que vamos descobrir.

Uma vez destacados os dias e os meses de referência, falta achar o ano correspondente. No seu Apocalipse, o apóstolo João nos revela um mistério. Trata-se do número do Anticristo, este inimigo de Jesus chamado também a Besta.

“Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o

número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (Apocalipse 13:18).

Sabendo que “anti” significa “oposto, contrário”, é lógico deduzir que o número do próprio Cristo deve ser o contrário de 666, quer dizer 999 !

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A reputação do 9 de ser um número extraordinário, misterioso e mesmo místico é notória. Para os matemáticos, que chegaram a descobrir alguns segredos do “9” é, por exemplo, o símbolo da verdade, confirmado pela expressão “fazer a prova por 9.” Simboliza também a vida, visto que o tempo normal de gestação de um bebé é 9 meses. É neste sentido que o “9” simboliza o Cristo que nos da a vida eterna. 153 deve assim imperativamente levar a assinatura de Cristo, senão a nossa demonstração fica sem efeito. A adição de 1 + 5 + 3, dá “9”, trazendo a prova... por “9” que estamos em realidade no recinto de Cristo.

0 + 9 = 9

1 + 8 = 9

2 + 7 = 9

3 + 6 = 9

4 + 5 = 9

5 + 4 = 9

6 + 3 = 9

7 + 2 = 9

8 + 1 = 9

9 + 0 = 9

Dividamos agora o número 153 pelo total dos três números que o compõem, ou seja 153 dividido por 9. Obtemos o número...17. Neste contexto, “17” representa um ano. Com efeito, como já temos um dia e um mês, ficava só achar um ano, e o ano é... 1917. No século XX, com a invenção e o fantástico desenvolvimento da informática, determinar um ano pelos dois últimos números que o compõem impunha-se para poupar a

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capacidade de memória do computador. Assim, quando se fala por exemplo dos anos cinquenta, se trata dos anos 1950...

Por conseguinte, da análise de 153, surgem duas datas, que são:

15 de Março de 1917 (15-3-17), e

13 de Maio de 1917 (13-5-17).

Examinemos agora o que está escondido dentro destas duas datas.

DIA 15 DE MARÇO DE 1917, NASCIMENTO OFICIAL DO DRAGÃO VERMELHO

O baile do sol do qual foram testemunhas, no dia 13 de Outubro de 1917, 70000 pessoas na Cova da Iria, deu a Fátima o seu cunho de autêntica maravilha divina. De igual modo, foi necessário um evento de dimensão mundial ocorrido quase simultaneamente, em Outubro de 1917, para dar à profecia de João o cunho indelével do divino. Se este evento não tivesse ocorrido nesta precisa data, toda a nossa argumentação desabava-se. Este evento de tremenda importância no século XX é o seguinte:

“Primavera de 1917. O Portugal, entrado em guerra em Março do ano precedente, começa o combate na frente francesa. Enquanto as ofensivas inúteis multiplicam-se, a Primeira guerra mundial atasca-se. Os soldados, cansados, reclamam cada dia o regresso nos seus lares. Revoltas rebentam no seio do exército francês após a derrota sangrenta do Chemin des Dames. Na outra extremidade da frente, a Rússia cristã vive as suas últimas horas. O czar Nicolas II abdica no dia 15 de Março, em consequencia da revolta de Petrograd e da criação, em Moscovo, do primeiro Soviete. Lenine regressa do exílio a fim de organizar o bolchevismo. Assim nasce o Comunismo.”

Estas linhas são tiradas de um número especial do Mensal francês “Le Crapouillot” de Dezembro de 1985 consagrado aos Verdadeiros milagres e Falsos prodígios. O autor do artigo sobre “Os Três Segredos de Fátima” não podia imaginar que, ao evocar um facto histórico, a porta aberta ao comunismo na Rússia no dia 15 de Março de 1917, estabeleceria uma relação directa entre este evento e uma profecia duas vezes milenária. Diríamos assim que a emergência deste verdadeiro colosso que é a União Soviética a

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124 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

partir mesmo do seu nascimento, pega perfeitamente com a profecia do capítulo doze de Apocalipse :

“E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas” (Apocalipse 12:3).

Em matéria de alegoria, um animal representa frequentemente − na Bíblia como em diversos folclores e tradições no mundo inteiro − um país, uma nação, um povo. O galo simboliza a França, o leão, numerosas nações entre as quais o antigo Império Otomano e a Inglaterra, a águia representa os Estados Unidos da América, etc... No caso da profecia supracitada, o Dragão Vermelho representa obviamente a Rússia, não a Rússia czarista mas a Rússia comunista ! “O acaso, diz um ditado popular, é uma boleia de Deus.” Analisemos a rede das aparentes coincidências que nos permitem reconstituir, peça por peça, a profecia do aparecimento do Dragão.

A DATA

O dia e o mês codificados na narração da pesca miraculosa de João (15-3) encontram-se esclarecidos pelo ano, obtido adicionando o número de cabeças (sete) e de chifres (dez) que leva o Dragão descrito na Bíblia: “Eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres.”

7 + 10 = 17, ou seja o ano 1917 !

Quanto aos dia e mês, estão confirmados pelos livros de história que relatam que foi precisamente no dia 15 de Março de 1917 que o czar Nicolas II, abandonando o trono da Rússia, desenrolou o tapete vermelho (é a palavra certa) em frente de Lenine, o “pai” da revolução denominada proletária !

A COR VERMELHA

O comunismo apenas nascido escolheu uma cor para simbolizá-la:

o vermelho ! A sua bandeira (ver imagem), o seu exército, o sítio

onde se situa a sede do governo, todos os símbolos fortes do

comunismo levam a cor vermelha. Os próprios comunistas iam a

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Fátima e o Dragão Vermelho 125

ser chamados “Os Vermelhos” obedecendo assim sem o saber à

profecia bíblica ! O nome mesmo de Rússia, se o aproximarmos

com o termo latino russeus, significa... vermelho ! E mesmo o

acrónimo da União Soviética, a URSS, pode ser convertido

em...RUSS, vermelho ! Constatar que a Palavra de Deus tinha

predito tudo isto quando a Rússia, como nação, não existia ainda,

desafia o raciocino cartesiano.

O NÚMERO DAS ESTRELAS ARRASTADAS PELO DRAGÃO

“E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e

lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que

havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”

(Apocalipse 12:4).

Em Lisboa, de 7 a 11 de Outubro de 1951, celebrou-se o

primeiro congresso internacional sobre a Mensagem de Fátima.

Este congresso foi colocado sob a alta autoridade do Presidente da

República portuguesa, o Sr. Craveiro Lopes. Mais de 2000

delegados, de 43 países, incluindo 5 cardeais, mais de 40

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126 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

arcebispos, ministros, embaixadores, membros do Parlamento e

teólogos, participaram neste congresso.

Houve muitos testemunhos acerca do Mistério de Fátima.

Contudo, um dos mais comoventes (e perspicazes) foi o proferido

por Douglas Hyde, um afamado jornalista do “The Daily Worker”:

“Para mim, a mensagem da Nossa Senhora de Fátima é a única

esperança que temos de que, brevemente, o comunismo que

divide o mundo será vencido, e que a Rússia será convertida.

Sem esta fé, não há esperança nenhuma porque o comunismo,

em menos de trinta anos, dominou um terço da humanidade e

continua a sua marcha triunfal.”

Um terço da humanidade ! “A terça parte das estrelas do céu”,

anuncia a profecia. Precisamos que a estrela, de acordo com a

exegese bíblica, pode simbolizar a alma, como se deduz da citação

seguinte:

“E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis

que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze

estrelas se inclinavam a mim. E contando-o a seu pai e a seus

irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é este que

tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a

inclinar-nos perante ti em terra ?” (Gênesis 37:9-10).

As estrelas do sonho de José representam as almas dos seus

irmãos... Voltando à profecia acerca do comunismo, o facto de que

estas estrelas são lançadas do céu sobre a terra subentende a

queda, no sentido edénico do termo, destas almas que, virando

deliberadamente as costas ao seu Criador, vão adorar o “bezerro

de ouro” do marxismo-leninismo, o que significa que vão para a

perdição.

Quanto à identidade espiritual do Dragão, a Bíblia diz :

“E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o

Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado

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na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Apocalipse

12:9).

Este grande dragão, esta serpente sedutora, é aquela mesmo

que inspirou o comunismo. Por isso é que, a partir do seu

aparecimento, esta filosofia política procurou acabar com toda

crença ou religião. Decretando que a religião era o ópio do povo,

alimentou-se do sangue de inúmeros servos de Deus, destruindo

templos e igrejas para instalar no seu lugar ginásios, piscinas,

anfiteatros ou estádios à glória do ateísmo triunfante.

Que o comunismo seja de essência satânica encontra-se

também confirmado pelo facto que Karl Marx, o autor do Capital,

obra que inspirou a revolução vermelha foi, nos anos 1840, adepto

de uma seita satânica cujo guru chamava-se Joana Southcott. Esta,

que se proclamava sacerdote do demónio Shiloh, tinha imposto aos

seus fiéis, como sinal de fidelidade, de não se cortar nem a barba

nem os cabelos, o que explica a face hirsuto de Karl Marx.

AS SETE CABEÇAS

Como já o destacamos, o grande Dragão Vermelho é um monstro

de sete cabeças e dez chifres. Aqui também pode-se perceber a

mão operante de Deus. Já vimos que adicionando o número das

cabeças e dos chifres, se obtêm 17, o ano em que os bolcheviques

chegaram no poder na Rússia. Sem dúvida as cabeças representam

os chefes, os líderes, que iam a dirigir esta organização tentacular

que tornou a ser a União Soviética. A esperança de vida desta hidra

de sete cabeças era predeterminada: 70 anos, ou seja a

multiplicação das sete cabeças com os dez chifres ! Durante este

tempo, sete homens foram destinados a encarnar uma das cabeças

do Dragão. O cálculo, operado a partir da história mais recente, é

de uma precisão fenomenal.

A primeira cabeça do dragão é Vladimir I. Lénine (1870-1924);

A segunda cabeça é José Estaline (1879-1953) ;

A terceira cabeça é Nikita Khrouchtchev (1894-1971) ;

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A quarta cabeça é Leonid Brejnev (1906-1982);foi durante o seu reinado que Angola, elemento principal do Mistério de Fátima, foi invadida por uma coalizão de países comunistas sob a égide da Rússia (Gogue e Magog), realizando assim uma profecia bíblica milenária : “Portanto, profetiza, ó Filho do homem, e dize a Gogue: Assim diz o Senhor Deus: Porventura não o saberás naquele dia, quando o meu povo Israel habitar em segurança ? Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso, e subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios me conheçam a mim, quando eu me houver santificado em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos” (Ezequiel 38:14-16).

A quinta cabeça foi Iouri Andropov (1914-1984) ;

A sexta cabeça foi o Konstantin Tchernenko (1911-1985). Com Andropov, é considerado como o segundo líder da transição que interveio entretanto na União Soviética.

Parece que a mão invisível mas todo poderosa de Deus que determina o destino da humanidade decidiu, a partir da morte de Brejnev em 1982, de acelerar o ritmo das mudanças no seio do Dragão Vermelho para conceder o domínio, o mais rapidamente possível, à sétima cabeça a quem incumbiu a missão de abalar o sistema de modo que caia no fim dos setenta anos acima referidos. Isto explica a sucessão acelerada de três czares do comunismo (Andropov, Tchernenko e Gorbatchev) no espaço de três anos, coisa nunca vista na história de uma super potência como a URSS.

A sétima e última cabeça é Mikhaïl Gorbatchev (1931), o pai da glasnost, política de abertura e de transparência. Como o dragão, o diabo Satanás não pode resistir à verdade, pouco tempo depois, a União soviética cai, a queda do Muro de Berlim estando uma das consequências maiores deste evento. Gorbatchev encarna por conseguinte a sétima cabeça do dragão no fim dos setenta anos da sua existência.

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Fátima e o Dragão Vermelho 129

O parto que trouxe ao mundo o Dragão Vermelho teve lugar no dia 15 de Março (1917). Não é puro acaso se foi igualmente no dia 15 de Março que foi assinado o acto pelo qual devia desaparecer o mesmo dragão. Com efeito, foi no dia 15 de Março de 1991, que Mikhail Gorbatchev que assumia o ínterim do poder, foi elegido oficialmente à cabeça da União Soviética !

- 15 de Março de 1917 = abdicação do czar = nascimento do Dragão ;

- 15 de Março de 1990 = eleição de Gorbatchev = prelúdio à morte deste mesmo dragão.

OS 70 ANOS DA UNIÃO SOVIÉTICA

Vamos agora dar mais pormenores sobre um tópico já analisado há

pouco. As sete cabeças correspondem aos sete homens que

dirigiram a União Soviética do inicio até o fim do comunismo neste

pais. Muito bem ! E os chifres? Para compreendermos melhor a

alegoria dos chifres, é necessário fazermos um rewind, um

regresso ultra rápido de vários milénios, no tempo do famoso

Ninrode, filho de Cuxe, neto de Noé.

Por causa da sua força sobre-humana, este gigante escolhera

como símbolo o touro. Ao decorrer do tempo, os chifres deste

animal, que Ninrode levava atados na cabeça, tornaram-se o

emblema do seu poder. Mais tarde, os chifres foram substituídos

por um objecto mais prestigioso simbolizando também o poder de

Ninrode, o primeiro homem a dirigir toda a terra. Assim nasceu a

... coroa, cuja etimologia deriva da palavra “corno”. Como se sabe,

a coroa fica, até hoje em dia, como símbolo de poder de todos os

reis do mundo. A tiara que levava até recentemente o papa não

representava senão os dois chifres do “touro” Ninrode, o Negro.

Os cornos do Dragão Vermelho representam por conseguinte o

poder do mesmo ou mais precisamente − e isto é patente quando

se multiplica o número dos chifres (dez) com o número das cabeças

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130 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

(sete) − o espaço de tempo em que ele ia exercer a sua dominação

sobre um terço da humanidade : setenta anos !

Há cerca de dois mil anos, perante a magnificência do Templo

de Jerusalém, nenhum Judeu podia pensar que, um dia, este

orgulhoso e imponente edifício ao qual o rei Herodes consagrou as

riquezas dos Romanos e dos Judeus, cujas muralhas foram feitas

em blocos de mármore branco de dimensões fabulosas, podia ser

destruído.

“Mestre, olha que pedras, e que edifícios ! E, respondendo Jesus,

disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre

pedra que não seja derrubada ! (Marcos 13: 1-2).

Esta declaração não deixou de escandalizar os fariseus e os

saduceus. Será na devida altura um dos argumentos que estes

utilizarão para exigir de Pilatos a condenação a morte de Jesus.

Portanto, como a palavra do Senhor não volta a Ele sem efeito,

no ano 70 esta predição do Filho do homem realizou-se, no sangue

e no fogo. Apesar dos sinais premonitórios de uma catástrofe

nacional iminente, a maior parte dos zelotes judeus optaram não

sair de Jerusalém.

Assim como o Israel de então conheceu um destino trágico por

causa da incredulidade dos seus líderes, do mesmo modo a União

Soviética, por ter negado a existência de Deus e ter insultado as

glórias celestes, atraiu sobre ela uma maldição que resultou com

um desaparecimento prematuro.

No ano 70 caía o Templo de Jerusalém por causa de uma

colina, o Gólgota, onde a loucura e a crueldade do homem

atingiram o seu auge. Mil nove centos anos mais tarde, 70 foi o

número simbólico do derribamento do Templo do ateísmo que foi o

regime comunista soviético.

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CAPÍTULO XVII

Dia 13 de Maio de 1917 : A Anunciação

oltando a “mil anos correspondem à um dia, um dia a

mil anos,” basta algumas modificações menores para

que uma narração capital dos Evangelhos, velha de

dois mil anos a escala humana, mas de dois dias a

escala divina, adapte-se perfeitamente com os eventos de Fátima

em 1917.

Anuncia Lucas 2:8-11:

“Ora, havia naquela mesma comarca (Fátima) pastores (Lúcia,

Francisco e Jacinta) que estavam no campo (a Cova da Iria), e

guardavam, durante o dia, o seu rebanho. E eis que o anjo do

Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de

resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não

temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que

será para todo o povo.”

Saber qual é a notícia anunciada pelo anjo aos pastores de

Fátima, é desvendar o Terceiro Segredo de Fátima. Para confirmar

a quase simultaneidade dos factos relatados por Lucas e os

consignados nas suas Memórias por Lúcia dos Santos, é importante

reter já que o mensageiro do céu anuncia aos pastores − os de

Belém como os de Fátima − a mesma notícia.

Trata-se do nascimento de um menino que só pode ser o

Cristo, o Senhor, o Libertador, o Salvador. Aqui, nenhuma

ambiguidade: é o mesmo Messias, o Santo dos santos de Isolele, o

Rei dos reis, o Senhor dos senhores. As únicas diferenças

fundamentais entre as duas anunciações concernem o tempo e o

espaço correspondentes. No que diz respeito ao tempo, o menino

anunciado em Fátima aparece no vigésimo século, nove meses

V

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132 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

exactamente depois a primeira aparição de Nossa Senhora a

13 de Maio de 1917. Quanto ao espaço, o menino não aparece em

Palestina, mas dois mil quilómetros mais para o Sul, no coração de

África.

DOIS NASCIMENTOS QUE MARCAM A HISTÓRIA

O nascimento de Jesus Cristo em Belém de Judeia foi um evento

chave na história da humanidade, que conduziu os homens a dividí-

la em dois períodos: antes e depois de Jesus Cristo. Foi necessário,

porém, esperar cerca de 500 anos antes que este evento seja

reconhecido à sua justa medida.

As nossas investigações à esse respeito nos guiaram até a

Dionisus Exiguus, “Denis o Pequeno”, um monge romano do sexto

século, erudito tão famoso que o papa que dirigia o Vaticano

naquela época encarregou-o a determinar a data de nascimento de

Jesus e de alterar o calendário baseando-se na mesma. Assim

determinou ele esta data aos 25 de Dezembro do anno urbis 754

que tornou-se assim o ano zero da nossa era. Sublinhemos que os

Romanos, que eram então os mestres do mundo, datavam

geralmente todos os eventos a partir da fundação de Roma, anno

urbis I (754 antes da era cristã). Em todo o caso, Denis o Pequeno

criou o nosso sistema de cálculo cronológico de maneira um pouco

arbitrária. Decidiu que a nossa era começaria a partir do oitavo dia

após o nascimento de Cristo. Determinou a data aos 25 de

Dezembro, seguindo assim o raciocino de Clemente de Alexandria,

grande apologista do século III. Este é que teve a ideia de fazer

coincidir a festa pagã do Solstício de Inverno, então chamado natal

(nascimento em latim), com a vinda do Cristo no mundo. Assim, o

ano “1” devia normalmente ser o ano “0”. Contudo Denis utilizava

os números romanos ignorantes do zero. Éste é uma formidável

revolução matemática importada na Europa pelos Mauros a partir

do século VIII de nossa era e adoptada pelos matemáticos

europeus apenas no século XII.

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13 de Maio de 1917: A Anunciação 133

Tal como o nascimento do Cristo há 2000 anos marcou a

história da humanidade − mesmo a posteriori − de igual modo o

seu nascimento no século XX marcará para sempre o percurso

futuro do destino da humanidade.

1918, NASCIMENTO DE UM VARÃO PROFÉTICO

Com efeito, desde o ano 1918, ou seja o ano do nascimento do

varão profetizado no Apocalipse 12, a humanidade vive numa outra

era, sem o saber. Isto tornar-se-á evidente aquando da

regeneração de todas as coisas quando a história do século XX for

analisada à luz do Mistério de Fátima.

Voltando à extraordinária profecia de Apocalipse 12 que

anuncia o nascimento de um filho de homem “que há de reger

todas as nações com vara de ferro”, dois factos fundamentais

devem ser esclarecidos:

Este varão não é outro senão o Messias de Israel e das

nações, o Cristo;

Este varão devia nascer pouco depois do aparecimento da

“mulher vestida do sol” de Apocalipse 12:1.

O primeiro ponto encontra-se confirmado em duas outras

passagens bíblicas:

“Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu

hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os

fins da terra por tua possessão (Salmos 2:7-8).

“E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe

darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e

serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de

meu Pai » (Apocalipse 2:26-27).

Como se pode observar, a mesma expressão, “vara de ferro”

reencontra-se no Apocalipse 12, no Apocalipse 2 e no Salmos 2

para acertarmos sem nenhuma contestação a identidade do varão:

“Tu és meu Filho”, declara Deus acerca do menino que acaba de

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134 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

nascer. Trata-se com certeza de Jesus Cristo. “Dar-lhe–ei poder

sobre as nações e com vara de ferro as regerá”: esta proclamação

justifica o título de Kongo dia `Totela, “King of the Totality, Rei de

todas as nações !”

Visto que as aparições da “mulher vestida do sol” ocorrem

simultaneamente com o aparecimento do Dragão, devemos

imperativamente situar a época destes dois eventos no tempo do

fim, quer dizer nossa época; não pode ser de modo nenhum a

época do nascimento de Cristo em Belém.

Como já o indicamos, o “varão com varra de ferro” nasceu nove meses após a primeira aparcição da Senhora de Fátima, ou seja em 1918. Os pormenores acerca deste nascimento serão dados nas linhas seguintes.

NASCIMENTO NUM TERRITÓRIO PORTUGUÊS

Percorrendo os Evangelhos, constatamos que com a excepção de Lucas que dá detalhes edificantes à este respeito, a Natividade parece não ter merecido uma atenção particular na narração da vida do Senhor. O caso de Marcos é significativo neste sentido: o seu Evangelho, o mais antigo de todos, nem fala nisso. É como se o Espírito Santo tivesse julgado que este nascimento, que tornar-se-ia o ponto de referência de nossa era, devia inclinar-se perante um outro evento similar a intervir no tempo do fim. O anúncio deste, quando ser publicado, há de provocar um efeito “terramoto”, comparável à um sismo mundial. Por isso é que o Senhor Deus empenhou-se a marcar por um sinal nunca visto antes − o baile do sol de Outubro de 1917 − o nascimento secreto do Filho do homem.

Que se compreenda bem que se este segundo nascimento, esta renovação − é por isso que o novo nome de Cristo significa “Renovo” − não fosse mencionado claramente na Bíblia, nunca nos tiveriamos atrevido a escrever este livro.

Portanto, este nascimento é profetizado primeiramente pelo

apóstolo João na ilha de Patmos. O anjo visitou João por volta do

ano 90 da nossa era, saber três gerações após o nascimento de

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13 de Maio de 1917: A Anunciação 135

Jesus em Belém. De modo que não haja nenhuma dúvida sobre a

época em que ia realizar-se este evento, o anjo declarou à primeira

vista que as revelações que ele se preparava a fazer ao apóstolo

concerniam o futuro, “revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe

deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente

devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João

seu servo” (Apocalipse 1:1). A conclusão lógica do que precede é

que o menino preanunciado não podia aparecer senão na época da

realização das profecias de Apocalipse.

Comparando as duas aparições, a do anjo em Belém e a do

anjo em Fátima, a concordância entre elas está ligada à notícia que

os dois mensageiros haviam de anunciar: o do nascimento do filho

de Deus. Salvo este ponto, emergem divergências fundamentais. A

primeira divergência refere-se, como acabamos de destacar, à

época do nascimento.

A segunda divergência sobressai com o lugar do nascimento.

Lucas anuncia:

“Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é

Cristo, o Senhor » (Lucas 2:11).

Logicamente, o anjo portador desta mensagem a qual se refere

Lucas podia dirigir-se só à pessoas da mesma nação que o varão a

nascer. A mesma coisa devia verificar-se no que diz respeito à

profecia de Apocalipse 12. Por isso, os três pastorinhos de Aljustrel

sendo portugueses, o varão anunciado devia obrigatoriamente

pertencer à mesma nação !

Aqui intervém um dos elementos que fazem do Terceiro

Segredo de Fátima uma verdadeira “bomba”! O celeste varão

anunciado ao João em Patmos e à Lúcia em Fátima, se possuir

efectivamente a nacionalidade portuguesa, é Português somente

pelo facto de que a sua pátria está dominada pelo Portugal desde

há 400 anos ! Trata-se do Kongo português, ou seja Angola, onde

está situada a capital do antigo Reino do Kongo, lugar de refúgio

das doze tribos de Isolele.

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136 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

É de sublinhar que o Oceano Atlântico foi chamado anteriormente Oceanus Aethiopicus. A profecia de Sofonias (3:10) evocando os rios da Etiópia refere-se à costa ocidental de África, Angola em particular.

Sublinhemos aqui uma dessas piscadelas que as vezes se

encontram na história: havia 50% de possibilidade para a mulher

de Apocalipse 12 aparecer não em Portugal mas em Espanha. Por

isso bastava que o papa Alexandre VI, Rodrigue Borgia (1431-

1503), que tomou sobre si a responsabilidade de dividir o mundo

em duas partes ao benefício das duas grandes potências da época

(Espanha e Portugal), ao traçar uma linha vertical norte-sul sobre a

mapa-múndi, atribuísse as terras situadas no Leste não a Portugal

mas a Espanha. Assim, por decreto papal, “em virtude da plenitude

do poder apostólico”, África teria pertencido a Espanha e as

Américas a Portugal. Foi o contrário que aconteceu. Assim sendo, o

Reino do Kongo − bem como outros vastos e riquíssimos

territórios da África ocidental − foi atribuído a Portugal, a

América passando a ser “hispânica” pela vontade do Vaticano.

Perdeu assim a Espanha a oportunidade de ver realizar-se num

território sob o seu controlo a mais extraordinária profecia de todos

tempos, o Terceiro Segredo de Fátima.

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CAPÍTULO XVIII

Um Retrato Enigmático

“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Daniel 12 : 4).

“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Daniel 12: 9).

“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra ?” (Lucas 18: 7-8).

“Então os reis, os príncipes, e todos aqueles que possuem a terra, louvarão aquele que os governa todos, aquele que estava escondido. Pois desde o inicio o Filho do homem estava escondido; o Altíssimo o retinha em presença da sua potencia e o revelava apenas aos eleitos” (Enoque 61:10).

ara compreender as profecias bíblicas, devemos ter em conta um princípio básico que já tivemos a ocasião de abordar, o principio da dualidade. De acordo com esta regra, um evento (tipo) é o sinal precursor de um

evento similar (anti-tipo) que há de realizar-se no futuro. Em outros termos, a profecia, à semelhança da História, às vezes “gagueja”. Também, acontece frequentemente que uma situação do passado torne-se o protótipo de um acontecimento do futuro.

A deportação e a escravidão dos filhos de Isolele são os exemplos notáveis que possamos dar acerca disso. Infelizmente, isto aconteceu há 2500 anos, e reproduziu-se nos tempos modernos. Outro exemplo: o anúncio na Bíblia de uma Nova Jerusalém. Tomemos uma ilustração concreta tirada da história. Existe uma cidade nos Estados Unidos denominada “New Orleans”, quer dizer “Nova Orleans”. É o índice da migração de uma forte

P

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138 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

comunidade francesa que, estabelecendo-se nesta região da América do Norte, baptizou-a assim para a sua posteridade não esquecer-se da sua pátria de origem. Portanto, Orléans pode ser considerado como o tipo, New Orleans, o anti-tipo.

O oráculo bíblico de uma Nova Jerusalém obedece ao mesmo

postulado. Concerne a migração das tribos de Israel para uma

outra terra onde haviam de estabelecer uma nova capital, a antiga

Jerusalém tornando-se, de acordo com esta citação bíblica

“a grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egipto,

onde o seu Senhor também foi crucificado” (Apocalipse 11 : 8).

Dito em termos menos alegóricos, Jerusalém, espiritualmente,

tornar-se-ia cidade de prostituição e de cativeiro após ter bebido

sua terra o sangue inocente de Jesus. Esta migração era

indispensável para assegurar a sobrevivência e a integridade das

tribos de Israel cujos inimigos tinham o objectivo de fazê-las

desaparecer para sempre: “Disseram: Vinde, e desarreiguemo-los

para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de

Israel” (Salmos 83:4).

Era necessário deixar um Canaã (a Palestina) para ir a direcção

de um outro Canaã (o Cuxe/África de Gênesis 2:13) − dualidade

profética − a fim de preservar-se das guerras e conflitos

incessantes que iam cobrir de sangue o antigo Isolele (pelo facto

dos Romanos, dos Cruzados, dos Árabes, dos Otomanos...). Era

também necessário estabelecer-se sobre um território de uma

riqueza inigualável, e bastante extensa para acolher, na devida

altura, não somente os milhões de pessoas que compõem a

Diáspora, mas também a inúmera multidão dos que hão de sair de

todos os cantos da terra “dalém dos rios da Etiópia”

(Sofonias 3:10) para regressar à sua verdadeira pátria.

Com o Mistério de Fátima, o princípio de dualidade tem um

papel preponderante. Com efeito, é impossível elucidar e

compreender este Mistério se fazermos abstracção da dualidade

profética. Acabamos de analisar este principio no que diz respeito

às aparições de mensageiros celestes a pastores estando em dois

espaços-tempos diferentes para anunciar o mesmo evento.

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Um Retráto Enigmático 139

O Senhor Jesus Cristo não deixou de avisar os seus discípulos

sobre os falsos messias e falsos cristos que brotariam ao longo dos

séculos em diversas partes do mundo. Ele bem conhece a incrível

credulidade dos homens, prontos à seguir o primeiro guru ou

charlatão que lhes aparecesse. “Porque virá tempo em que não

suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,

amontoarão para si doutores conforme as suas próprias

concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às

fábulas.” (2 Timóteo 4: 3-4).

Como, então, reconhecer o Mestre, o Salvador, o Libertador ?

É fácil de saber ! Tudo quanto a ele se refere, desde o seu

nascimento até a sua morte, passando pelo pápel que terá que

desenvolver, deve ser consignado na Bíblia. O próprio Cristo o

anunciara: “Examinais as Escrituras, porque (...) são elas que de

mim testificam” (João 5:39). E o Senhor, o Deus da aliança com o

Seu povo circunscreveu de tal maneira a Sua palavra que nenhum

homem pode se introduzir nela por malícia para proclamar-se

Messias no lugar do Filho do homem ! Vamos tirar exemplos

concretos baseando-nos no nosso primeiro capítulo:

FESTA NO CÉU

É preciso que o próprio Pai Criador certifique que se trata bem do

Seu Filho através de um ou vários sinais que levam

indiscutivelmente a Sua assinatura. Há dois mil anos, foi a estrela

que guiou os magos até o menino Jesus. Em 1917, foi o baile do

sol em Fátima. O sol que bailou pode ser assimilado a neo helios

(em grego), “um novo sol” cuja contracção deu a palavra Noël em

francês, ou seja “Natal”...

Foi igualmente o aparecimento, alguns meses mais tarde em

1918, de uma estrela que os soldados da Primeira Guerra Mundial

nomearam “Estrela da Vitória”e que os cientistas baptizaram “Nova

Aquilae.”

Estes sinais provenientes dos céus, nenhum falso messias,

nenhum falso cristo é capaz de desviá-los por su beneficio, ou

ainda mais impossível, de suscitá-los dizendo “eu os fiz para mim.”

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140 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

FESTA NA TERRA

Podemos contemplar, na vida quotidiana, uma escolta de carros

com sereias precedendo um alto dignitário em deslocação. O papel

da escolta é de anunciar a chegada de um rei ou um presidente

abrindo-lhe ao mesmo tempo o caminho. Se assim é para meros

mortais, o que seria da pessoa que há de reger todas as nações? O

Messias, Rei dos reis, não pode aparecer na Terra sem que um

arauto, um mensageiro poderoso, o anuncia e abra-lhe o caminho.

Há pouco dizíamos que é fácil reconhecer os falsos messias. De

facto, nunca ouvimos dizer que um falso cristo ou messias foi

anunciado de antemão por um profeta cujas obras testemunhavam

da sua eleição... Os charlatães, embora mascarados em “anjos de

luz” (2 Coríntios 11:14) sempre apareceram sozinhos, em solo,

prova evidente da sua falsidade.

Por isso é que o capítulo 53 de Isaías começa por estas

palavras sibilinas : “A quem se manifestou o braço do Senhor?”

quer dizer os milagres e prodígios que precedem e acompanham a

chegada do Messias. Há dois mil anos, este papel foi

desempenhado por João Batista, primo de Jesus. Nestes tempos do

fim, onde as profecias seladas por Daniel devem finalmente

esclarecer-se, é a um profeta segundo a tradição milenária de

Isolele, Simón Kimbangu, que incumbiu este papel, com mais brio

ainda do que João Batista.

Declaramos sem hesitar “com mais brio” porque João Batista

não realizou aquelas maravilhas que milhares e milhares de gente

testemunharam de Kimbangu, não na antiguidade, mas no

vigésimo século, de Abril a Outubro de 1921 (cf. o capítulo V do

livro).

Kimbangu nunca disse que era ele o Messias mas anunciou o

Filho do homem que devia vir atrás dele em conformidade com as

Sagradas Escrituras.

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Um Retráto Enigmático 141

O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS

Por que razão o livro de Enoque (Gênesis 5:24), sétimo patriarca a

partir de Adão, é considerado como apócrifo enquanto um livro de

romantismo erótico como os cantares de Salomão está considerado

como sagrado, esta é uma questão que nos intriga bastante. Talvez

seja porque o livro de Enoque anuncia claramente a mensagem do

Terceiro Segredo de Fátima, a saber a vida secreta do Filho do

homem na Terra no tempo do fim, a nossa época. Proclama

Enoque:

“O Senhor ordenou aos reis, aos príncipes, aos poderosos, a

todos que habitam a terra, assim dizendo: Abram os olhos,

ergam para o céu as vossas caras, e tentem compreender o

Eleito. E o Senhor dos espíritos sentado sobre o seu trono de

glória. E o espírito de justiça estava espalhado a volta dele. A

palavra da sua boca exterminará todos os pecadores e todos os

ímpios; nenhum deles subsistirá perante ele. Neste dia, os reis,

os príncipes, os poderosos e os que possuem a terra, levantar-se-

ão, verão e compreenderão e eles vê-lo-ão sentado sobre o seu

trono de glória, e em sua frente, os santos que ele julgará na sua

justiça. E nada do que será dito perante ele será vão. Assim a

perturbação deles sairá, eles serão semelhantes a uma mulher

surpreendida pelas dores do parto, cujo trabalho é difícil, cuja

libertação é também difícil. Eles olhar-se-ão uns aos outros, e, no

seu estupor, baixarão seu rosto. E serão golpeados de temor

quando verão o Filho da mulher sentado sobre o seu trono de

glória. Assim os reis, os príncipes, e todos aqueles que possuem a

terra, celebrarão aquele que os governa a todos, aquele que

esteve escondido. Porque desde o início o Filho do homem

esteve escondido; o Altíssimo o retinha da Sua potência e

só o revelava aos eleitos.”xlv

A profecia é tão clara que ela devia passar-se de comentários.

Mas para rebolar sobre este oráculo, será Enoque o único a

anunciar esta vinda secreta do Filho do homem nos últimos

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142 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

tempos? Longe de lá. Isaías e Daniel o anunciam de igual modo.

Isaías proclama, oráculo do Senhor:

“Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor me

chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez

menção do meu nome. E fez a minha boca como uma espada

aguda, com a sombra da sua mão me cobriu; e me pós como

uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava” (Isaías 49:1-2).

As duas expressões “coberto com a sombra da sua mão” e

“escondido no seu aljava” significam que o Filho do homem estará

na sombra, escondido. Melhor ainda: escondido no escudo do

Eterno Deus evoca a não duvidar uma flecha, verdadeira arma

secreta que, uma vez lançada, atinge sem dúvidas seu alvo.

É o que anuncia a pedra de Daniel “que se destaca da

montanha sem ajuda de nenhuma mão, e que quebra o ferro, o

bronze, a argila, a prata e o ouro” da estátua vista em visão pelo

rei Nabucodonosor.

Façamos agora a junção entre o mesmo Isaías e Jesus Cristo.

Na parábola do iníquo juiz citada no início deste capítulo, o Senhor

faz esta enigmática pergunta: “Mas quando o Filho do homem virá,

encontrará ele a fé sobre a terra?” Confrontamo-la com a primeira

parte da frase que nos fala dos eleitos do Senhor que gritam a ele

dia e noite. O termo mesmo “eleitos” supõe que se trata de fiéis

entre os fiéis do Senhor. Ora, o que significa a palavra “fiel”? É, no

seu primeiro sentido, aquele ou aquela que tem a fé (do latim

fides). E onde se encontram estes fiéis que a ele gritam dia e

noite? Sobre a terra ! O que sob entende então esta frase é:

Que ele não tardará para voltar sobre a terra;

Para fazer justiça aos seus eleitos ;

No entanto, quando ele regressar, será que estes mesmos

eleitos terão fé suficiente para o reconhecer? Dai a questão de

Isaías, que faz eco à de Jesus: “Quem reconheceu o braço do

Senhor Deus?”

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Um Retráto Enigmático 143

ISAÍAS 53

“Isaías é geralmente considerado como o maior dos profetas de Israel.” Assim começa o comentário da Bíblia dos Monges de Maredsous sobre Isaías. Mais longe na sua exegese, eis o que escrevem estes monges, que consagraram a sua vida à oração e à meditação das Escrituras:

“Na segunda parte do livro, Isaías é o profeta da consolação e da esperança. Nela encontramos uma concepção majestosa de Deus, criador e soberano mestre, vencedor do mundo, e salvador do seu povo. Nela encontramos sobretudo uma série de poemas misteriosos no concernente ao servidor do Senhor. Não sabemos que figura contémporânea recobre este personagem enigmático. Alguns pensaram à Ciro, rei da Pérsia, que reintegrou os Israelitas em sua pátria; outros ainda quiseram ai ver uma figura de elite do povo, este pequeno resto a quem o profeta se refere muito. Mas a tradição cristã ai viu sempre uma imagem de Jesus Cristo.”xlvi

Somente podemos saudar a honestidade intelectual destes monges cuja principal actividade é de sondar as Escrituras e que, visivelmente, são intrigados pelo personagem descrito pelo profeta. Esta hesitação de reconhecer que o Santo Sofredor descrito por Isaías e Jesus Cristo não constituem senão uma só e mesma pessoa provem do facto de que, se o retrato moral do primeiro corresponde ponto a ponto ao de Jesus, o retrato físico dele é completamente differente (sem beleza nem brilho, semelhante aquele pelo qual se tem virado os olhos). O que nos dizem, com efeito, as Escrituras? Que o Messias de Israel, no seu papel de «bode expiatório», devia ser perfeito em beleza.

No seu papel de cordeiro destinado ao sacrifício (João 1:36), esta condição devia ser preenchida a “cento por cento”. Para que um sacrifício seja reconhecido, era preciso que o corpo deste sacrifício fosse um macho sem o mínimo defeito físico. Levítico 22 nos descreve isso com muitos detalhes com vista a sublinhar a atenção minuciosa que devia ser levada à escolha do animal por sacrificar:

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144 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

“Falou mais o Eterno a Moisés, dizendo : Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e disse-lhes: Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, oferecer a sua oferta, quer dos seus votos, quer das suas ofertas voluntárias, que oferecem ao SENHOR em holocausto, segundo a sua vontade, oferecerá macho sem defeito, ou dos bois, ou dos cordeiros, ou das cabras. Nenhuma coisa em que haja defeito oferecereis, porque não seria aceita em vosso favor. E, quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao Eterno, separando dos bois ou das ovelhas um voto, ou oferta voluntária, sem defeito será, para que seja aceito; nenhum defeito haverá nele” (Levítico 22:17-21).

Confrontemos desta vez esta lei com Isaías 52:13 a 15:

“Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens. Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão”.

Tal é a primeira impossibilidade que o rosto desfigurado do enigmático personagem de Isaías possa aplicar-se a Jesus de Nazaré. A segunda impossibilidade decorre do facto de que o Messias de Israel, para além do seu papel de cordeiro sacrificial, tinha um outro, não menos importante: o de sacrificador... Ora, uma vez mais, a Lei é incontornável: “Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus” (Levitico 21:21).

Mas que tem que ver isso com Jesus de Nazaré? O Novo Testamento, fundamentalmente a epístola aos Hebreus (7:23-27) esclarece-nos a este propósito:

“E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio

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Um Retráto Enigmático 145

perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.”

Assim nesta passagem, são postas em evidência as duas principais cargas que incumbiam ao Messias, há 2000 anos atrás:

Cordeiro sacrifial ;

Soberano sacrificador.

Desde então, a contradição entre o Levítico 21 e 22 e Isaías 52 é flagrante, porque o homem com o rosto desfigurado é indiscutivelmente impróprio ao sacrifício e ao sacerdócio. Esta lei estava ainda rigorosamente seguida na época de Jesus. Assim Antígona, lutando para ser Sumo Sacerdote no ano 40 antes de nossa éra, tinha tomado a cidade de Jerusalém depois de meses de uma sangrenta batalha contra Hircano, seu adversário. Para impedir seu rival atingir essa ambição, Antígona não hesitou em rasgar-lhe as orelhas com os seus dentes “afim que torne inapto ao sacerdócio, que se devia exercer por pessoas sem defeito corporal” relata um historiador. O apóstolo Pedro, na sua primeira epístola, sublinha o facto de que, Jesus, fisicamente falando, não podia escapar a esta lei da perfeição física, como símbolo da sua perfeição moral:

“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pedro 1:18-19).

Á luz do que precede se pode compreender melhor a razão pela qual os exegetas cristãos se tenham livrados a contornos acrobáticos para tentar fazer concordar o rosto desfigurado descrito por Isaías com o de Jesus Cristo. Seja como for, os dois

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146 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

retratos − o do Cordeiro de Deus com a beleza perfeita e o do Santo Sofredor sem beleza nenhuma (Isaías 53:3) − não se encaixam...

Cristo é o Cordeiro de Deus (João 1:36), inocente e sem mancha nenhuma

Coloca-se, por conseguinte, a questão de saber qual é o

mistério que se esconde atrás deste paradoxo. Este mistério “oculto

desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi

manifesto aos seus santos” (Colossenses 1:26), é que Jesus devia

voltar na carne antes da Parousia.

Isaías 52:13 a 15 e Isaías 53 são destinados a nos fazer

compreender, em suma, que o Filho do homem voltaria como um

ladrão, disfarçado e que seria rejeitado − desdenhado −

menosprezado, o Vaticano não sendo o último a desprezá-lo,

porque tal é o destino comum do Africano que foi predestinado a

ser, sobretudo num contexto colonial.

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CAPÍTULO XIX

Simão Toko, O Homem de Fátima

s premissas da justiça imanente do Senhor perante os

anticristos que foram infiltrados no seio mesmo do

Seu templo materializaram-se em 1918, no momento

em que ninguém o esperava. Elas tomaram a forma

de um pequeno varão, sem graça nem beleza. A expressão bíblica

consagrada para o designar é a este facto eloquente: “Foi subindo

como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha

beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa

aparência nele, para que o desejássemos” (Isaías 53:2).

De imediato, o detalhe sobre a seca que fustiga a terra onde

aparece o menino é a concretização da profecia acima referenciada.

Não estamos em Palestina, em Belém onde nasceu o menino Jesus.

Com efeito, nenhuma crónica, nem anais nos reportam uma seca

nesta época naquela região. Os apóstolos, sempre expeditos a

relevar as profecias que se cumpriam sobre a pessoa de Jesus de

Nazaré, não teriam certamente escapado de o mencionar, se tal

fosse o caso. Esta profecia toma corpo em pleno coração da África.

Nascido a 24 de Fevereiro de 1918 numa aldeia do extremo norte

de Angola (o Tsafon de Salmos 48:3)xlvii tendo o nome predestinado

de Sadi ’Banza Zulu Mongo, literalmente, “a aldeia da montanha

celestial”, aparecia o menino num meio muito hostil.

Com efeito, desde mais de quarenta anos, esta região sofre

desastres naturais. De 1872 a 1921, um longo período de seca

interpolado de curtas acalmias bate o território do Reino do Kongo,

a saber, o Norte de Angola e o Sul dos dois Congo (francês e

belga). Tais secas provocam uma fome extrema que destruí a

população, sem falar da hecatombe resultante de diversas doenças

(varíola, febre tifóide, doença do sono, paludismo,...). Estes

diversos males não são fruto do azar. São o cumprimento de uma

A

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148 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

profecia bíblica, mas ninguém (a excepção de alguns inspirados de

Deus) o sabe:

“E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e

lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que

havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”

(Apocalipse 12:4).

Saberão as “forças das trevas” a identidade secreta desta

criança que acaba de nascer? Não o podemos afirmar. Ainda assim,

estas forças lançam contra o menino as suas flechas mais aguçadas

afins de que, vítima seja da calamidade, seja de uma das doenças

epidemiológicas jà citadas, a criança não permaneça em vida.

Acontece assim que o menino, atingido por uma violenta varíola,

padece tanto que se ele sobrevive à doença, é unicamente graças à

Mão de Deus sobre ele estendida. Não obstante, ele não sai salvo

totalmente desta doença, porque ela lhe desfigura deixando-o com

com marcas indeléveis no rosto , realizando assim a profecia :

“Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava

tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura

mais do que a dos outros filhos dos homens” (Isaías 52:14).

Um missionário da BMS (Baptist Missionary Society), advertido

por sonho que um grande rei vinha de nascer na esfera do seu

ministério, decide de ir ao pé do bebé, guiado pelo Espírito Santo.

Vendo-o tão raquítico e desfigurado, fraco indefeso, o missionário

abana a cabeça, incrédulo, faz uma ou duas questões aos que

velavam a criança e vira os tornozelos, persuadidos de ter sido

objecto de uma visão enganadora.

Apesar da pouca chance de sobreviver que lhe acorda o seu

parentesco, a alma do menino é de um excepcional vigor. Ela

agarra-se sobremaneira a este corpo tão frágil e... milagre !

O Renovo toma dificilmente raiz e se põe a crescer...

Se um Inspirado de Deus lá estivesse, ele teria confirmado a

veracidade do seu sonho ao missionário inglês, somente revelando

o que se escondia por detrás da data de nascimento do renovo.

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Simão Toko, o Homem de Fátima 149

24 DE FEVEREIRO DE 1918 = 999 = OMEGA

Nasceu num 24 de Fevereiro. O 24 de Fevereiro de 1918. Ao

capítulo XVIII, vimos que se 666 é a cifra do Anticristo, 999

é − segundo a lei dos contrários − a cifra do Cristo. Ora, basta

escrever em números a data de nascimento do menino:

24.02.1918, e de reter o 9 de “1918”, adicionar o 1 e o 8 de “18” e

enfim, fazer a soma das restantes cifras, seja 2 + 4 + 2 + 1 para

ter... 999, a cifra do Filho do homem.

1918 1 + 8 =

9 2 + 4 + 2 + 1 =

9

A data de nascimento do menino tem assim uma assinatura, e

esta assinatura é crística ! É, por assim dizer, a prova por 9 da

identidade secreta do varão de Isaías (Isaías 11:1).

13 DE MAIO DE 1917 = 999 = OMEGA

Consideremos agora a data do anuncio, correspondendo ao início

do Mistério de Fátima: 13 de Maio de 1917. Façamos, abaixo, a

mesma operação aritmética. Comecemos por escrever em números

esta data, seja 13.05.1917. Retenhamos o 9 de “1917”,

adicionemos as três cifras restantes, seja 1 + 1 + 7, façamos a

soma das três cifras ilustrando “13 de Maio”, seja 1 + 3 + 5, e

obtemos... 999, o selo do Leão de Judá !

1917 1 + 1 + 7 =

9 1 + 3 + 5 =

9

O que se pode dizer perante uma tal ciência, senão louvar a

sabedoria incomensurável do Altíssimo !

24 DE FEVEREIRO = NATAL = OMEGA

Contudo, há mais. Metamos de lado o ano do nascimento para nos

focalizarmos sobre o dia e o mês: 24 de Fevereiro. Sabendo que os

Anciãos − e particularmente os patriarcas hebreus — tendo

estudado o curso dos astros e a cadencia das estações ao longo das

gerações, dividiram o ano em 12 meses; sabendo que esta mesma

sabedoria lhe tinham indicado o mês de Março − e não o mês de

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150 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Janeiro, como devendo ser o primeiro do ano, temos que nos

basear sobre este princípio e sobre o calendário judáico, em

conformidade com a tabela seguinte:

1° mês : Março Nissan

2° mês : Abril Iyar

3° mês : Maio Sivan

4° mês : Junho Tammuz

5° mês: Julho Av

6° mês: Agosto Elul

7° mês: Setembro (septem = 7) Tishri

8° mês: Outubro (octo = 8) Cheshvan

9° mês: Novembro (novem = 9) Kislev

10° mês: Dezembro (decem = 10) Tevet

11° mês: Janeiro Shevat

12° mês: Fevereiro Adar

Assim, corrigindo o erro do calendário gregoriano actual

resultante da introdução por dois imperadores romanos (Júlio

Caesar, que deu Julho, e Caesar Augusto, que deu Agosto), dos

seus nomes, reencontramos o calendário hebraico para dar à data

de nascimento do menino kongo o seu verdadeiro simbolismo, quer

dizer Natal (vigésimo quarto dia do décimo segundo mês), data de

nascimento convencional do Cristo !

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Simão Toko, o Homem de Fátima 151

O NATAL DE CRISTO

Chamam a este dia o dia do nascimento do sol invicto. Nós consideramos o Cristo como o sol da justiça de quem escreveu o profeta Malaquias “...para vós que temeis a Deus irá levantar-se o seu nome como o sol da justiça e a salvação está debaixo das suas asas” (4:2).

O sol que bailou em Fátima, no dia 13 de Outubro de 1917, era para confirmar, concretizar a profecia de Malaquias, e não só, muitas outras, tal como:

«Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.» (Isaías 9:6).

Confirmação proveniente da história desta vez que o Príncipe da Paz nascia é o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, ano de nascimento de Simão Toko.

Três anos e meio depois da Festa do Céu em Fátima, a região onde apareceu o varão espalhavam ecos de milagres simbolizando serem facto de um profeta que aparece do outro lado da fronteira que separa Angola do Congo Belga.

O nome deste profeta é Kimbangu, o que significa “A Testemunha”. Dentre os patriarcas guardiães da memória colectiva, alguns se lembraram de Kimpa Vita, Dona Beatriz. “Não terá ela anunciado, há um longo tempo atrás em `Banza Kongo, cidade capital de Kongo dia `Totela, o que está acontecer hoje? Este homem, no braço de quem Deus cumpre com grandes milagres, não será ele o Messias esperado?”

Interrogado a este respeito, Kimbangu responde sem hesitar: “Não sou o Messias; sou apenas o seu Mensageiro, o seu ‘Tumua.”

Para os mais perspicazes, a questão parecia inútil. Com efeito, na mais pura tradição do povo da Aliança, o seu nome não lhe foi atribuído pelo azar. Ele tem um significado eminentemente bíblico. Analisemos este nome à luz da seguinte passagem:

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152 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos” (Malaquias 3:1).

O substantivo ‘Tumua vem do verbo Tuma, “enviar” em

kikongo. Sabendo que os verbos nesta língua em particular e os

verbos de toda a área linguística bantu em geral são bisilábicos,

sabendo que eles não comportam em geral senão duas sílabas que

sempre terminam pelo sufixo “a”xlviii o radical deste verbo sobressai

imediatamente: Tum. Ora, basta fazer a metátesexlix, a saber, de

inverter a ordem das duas consoantes, para chegar à palavra Mut.

É este radical que o latim emprestou ao kikongo para forjar Mit,

raiz do verbo Mittere (enviar). A palavra "mensageiro" deriva do

particípio passado de mittere, ou seja missus, que deu em

português palavras tais como "missão, missionário, emissário,

emissão, mensageiro, etc.”

É este radical, lido da direita para esquerda, que

reencontramos no prenome mesmo do profeta, Sim-ão, ou Mis-ão,

subentendido “o Enviado, o Mensageiro”

Tomamos o Antigo Testamento como testemunho. Inclinemo-

nos agora sobre uma passagem do Novo Testamento:

“Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este

veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que

todos cressem por ele» (João 1:6-7).

Em kikongo, a língua da revelação divina, como tivemos a

ocasião de demonstrar várias vezes, “dar testemunho” se diz: sia

umbangi, o radical ´bangi significa “testemunho”. Desde então

tornou-se fácil de deduzir que Kimbangu significa “A Testemunha,

aquele que vem dar testemunho”. O nome de Simón Kimbangu,

traduzido na sua plenitude, significa por conseguinte

“o Mensageiro, o Testemunho”. Relevemos um ponto capital: João

(Baptista), prenome cujo radical hebreu é Yohannan significa

“a graça de Deus” e não “a Testemunha de Deus”. Um homem cujo

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Simão Toko, o Homem de Fátima 153

nome significa “a Testemunha”, que aparece no fim dos tempos

realizando milagres e que faz parte de doze tribos escondidas, este

homem não pode ser outro que Elias, o precursor do Messias.

Assim quando se refere à profecia de Malaquias “e o

mensageiro da aliança que vós desejais, eis ele vem,” ela toma

igualmente uma iluminação particular quando se sabe que a

palavra “aliança” em kikongo se encontra por assim dizer

incrustada na palavra “Kongo”. Trata-se de ‘Kangu, do verbo Kanga

(amarrar, ligar, estabelecer uma aliança). Neste contexto, uma vez

descodificado, o título Mensageiro (Sim – ão) da Aliança (Kangu) dá

Simão de Kangu, quer dizer Simão de Kongo !

Vos temos imposto esta ginástica semântica num único

objectivo : estabelecer uma relação entre a criança de três anos

cidadão português e o seu compatriota de trinta anos, cidadão

belga.

“Eis, enviarei o meu mensageiro”... Sabeis quem se exprime

nestes termos? Por mais inacreditável que isso pareça, é a criança

de três anos que fala, o garoto, o miúdo, o raquítico, a planta

fraca. Os caminhos de Deus são, com certeza, insondáveis. O

homem de trinta anos, poderoso profeta, está ao serviço da criança

de três anos, Renovo insignificante.

Kimbangu, ao exemplo de seu duplo espiritual João Baptista,

morreu na prisão. Mas se o cativeiro de João foi de curta duração,

Kimbangu, ele, passou trinta intermináveis anos numa minúscula

célula (a dimensões de um armário) da prisão de Kasongo em

Elisabethville (hoje Lubumbashi, situada a mil quilómetros da sua

aldeia natal, 'Kamba). Apesar dos milagres sensacionais que ele

havia realizado, em nenhum momento ele assumiu um título que

não era seu, o de Messias. Assinando muitas das cartas que ele

escreveu em cativeiro com o pseudónimo de João Baptista, facto

confirmado por Georges Balandier, historiador e sociólogo francês

já citado, Kimbangu não escondeu estar ao serviço de alguém,

maior que ele, que ficava ainda na sombra.

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154 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

UM NOVO EVANGELHO

Aquele que assim se escondia, era o Renovo com traços sem formosura. Entretanto, aquele em honra de quem houve outrora festa no céu a Fátima tinha-se tornado um jovem de 33 anos.

O seu nome é Simão Toko, nome profetizado na Bíblia a través da seguinte passagem:

“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (Apocalipse 3:12).

Mais adiante no mesmo livro de Apocalipse, referência é de novo feita a este novo nome, mas com um precioso indicio: “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus” (Apocalipse 19:13). A palavra que se assemelha mais a um prenome bem conhecido e cujo significado é “Palavra de Deus” é Sermão.

Para nos convencermos que a palavra “sermão” bem significa “Palavra de Deus”, tomemos o mais célebre discurso de Jesus, o “Sermão sobre o Monte.” São palavras de Cristo pronunciadas no início da sua vida pública sobre uma altura dominante do lago de Tiberiade revelando a seus discípulos e à multidão a sua mensagem messiânica, o ideal novo do Evangelho e as Beatitudes.

Assim, Simão = Sermão = Palavra de Deus

De todas maneiras, entregando-nos a um exercício de que gostamos particularmente, quer dizer o raciocínio ao contrário, deixámo-nos dizer que existe apenas duas alternativas:

O nome de Jesus, Yeshoua em hebreu, significa “a Palavra de Deus”; ou

Tem um significado completamente diferente...

Na primeira alternativa, tudo bem porque a passagem de Apocalipse 19:13 toma todo o seu sentido. Na outra alternativa, visto que Yeshoua nunca teve outro significado que o de “Salvador”, encontramo-nos perante um enigma que somente se

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Simão Toko, o Homem de Fátima 155

clarifica ao admitir que Jesus devia voltar sobre a Terra e ter um novo nome cujo significado (entre tantos) seria “A Palavra de Deus”...

Lembremo-nos, neste contexto, que o nosso capítulo XV terminava pela questão de saber que nome se escondia atrás do pseudónimo “Gérmen” (Zacarias 6:12). A resposta é : Simão, a partir da raiz latina semen, que significa “gérmen”.

Assim, Simão = Semen = Gérmen (ou Semente, Renovo).

UMA INSPIRAÇÃO DIVINA PARA UMA DEMONSTRAÇÃO TRANSCENDENTAL

Há algun tempo, o Espírito Santo veio sobre o autor deste livro. Ele

revelou-o um método de mnemotécnica bíblica que consiste em

converter toda cifra designando um capítulo e/ou um versículo da

Bíblia em letra, segundo a ordem clássica do alfabeto:

- Capítulo ou versículo 1 = A

- Capítulo ou versículo 2 = B

- Capítulo ou versículo 3 = C

- Capítulo ou versículo 4 = D

- Capítulo ou versículo 5 = E

- Capítulo ou versículo 6 = F

- Capítulo ou versículo 7 = G

- Capítulo ou versículo 8 = H

- Capítulo ou versículo 9 = I

- Capítulo ou versículo 10 = J

- Capítulo ou versículo 11 = K

- Capítulo ou versículo 12 = L

- Capítulo ou versículo 13 = M

- Capítulo ou versículo 14 = N

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156 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

- Capítulo ou versículo 15 = O

- Capítulo ou versículo 16 = P

- Capítulo ou versículo 17 = Q

- Capítulo ou versículo 18 = R

- Capítulo ou versículo 19 = S

- Capítulo ou versículo 20 = T

- Capítulo ou versículo 21 = U

- Capítulo ou versículo 22 = V

- Capítulo ou versículo 23 = W

- Capítulo ou versículo 24 = X

- Capítulo ou versículo 25 = Y

- Capítulo ou versículo 26 = Z

As letras designando o capítulo e/ou o versículo estão sempre

escritas em maiúscula.

Depois da conversão das cifras em letras, trata-se de classificar

a Bíblia segundo dois critérios:

Um primeiro vogal designando a categoria ou família a qual

pertence o livro ou epístola ;

Um segundo vogal desempenhando a função de identificador.

Os dois vogais acima referenciados estão sempre escritas em

minúscula.

O método transforma assim qualquer passagem bíblica, num

simples código comportando em geral quatro ou cinco letras.

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Simão Toko, o Homem de Fátima 157

Exemplo: CaPe

C = capítulo 3

a = categoria dos Evangelhos

P = versículo 16

e = identificador do livro de João.

Por conseguinte CaPe = João 3:16

Estes princípios sendo postos levam a saber que o primeiro

vogal «i» no exemplo abaixo designa a categoria dos livros do

Pentateuco. Os identificadores correspondentes são:

e = Génese

a = Êxodo

i = Levítico

o = Números

u = Deuteronómio

Assim o código MiRe, corresponde à Gênesis 13:18 (referir-se à

conversão das cifras em letras para se lembrar facilmente).

A aplicação das regras governando o nosso método dá dois

códigos absolutamente extraordinários, obras do Espírito Santo e

revelando de maravilhosa maneira a identidade escondida do

Homem de Fátima, Simão Toko.

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158 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

As duas passagens bíblicas em questão são:

ÊXODO 3: 13-15

13.- “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos

de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós;

e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 14.- E

disse Deus a Moisés: eu sou o que sou. Disse mais: Assim dirás

aos filhos de Israel: eu sou me enviou a vós.15.- E Deus disse

mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de

vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de

Jacob, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e

este é meu memorial de geração em geração.”

O código correspondente é:

C = capítulo 3

i = categoria do Pentateuco

M = versículo 13

a = identificador do livro de Êxodo

O = versículo 15.

CiMaO ! Em outras palavras, esse código revela o nome Escondido do Homem de Fátima, escrito com um “C” na ilustração acima mas bem pronunciado SiMaO !l

Tal é o nome por eternidade, tal é o nome de geração a geração, do Santo de Isolele !

ÊXODO 19:13-15.

13.- “Nenhuma mão tocará nele; porque certamente será apedrejado ou asseteado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; soando a buzina longamente, então subirão ao monte.

14.- Então Moisés desceu do monte ao povo, e santificou o povo; e lavaram as suas roupas.

15.- E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia; e não vos chegueis a mulher ».

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Simão Toko, o Homem de Fátima 159

O código de acordo com o nosso método é:

S = capítulo 19

i = categoria do Pentateuco

M = versículo 13

a = identificador do livro do Êxodo

O = versículo 15.

Vamos agora ver aparecer um verdadeiro tesouro em hermenêutico, uma interpretação tão transcendente que ela não pode ser, senão a obra do Altíssimo, aquele cuja inteligência não tem limite (Salmos 147:5).

Ex. 19:13. - O quadro acima apresentado faz irresistivelmente pensar à cena mais comovente dos Evangelhos: a cena da Paixão de Jesus Cristo. Os principais sacrificadores, os fariseus, os escribas, os doutores da lei, quase todos os poderosos de Israel tinham decidido que Jesus devia morrer. Segundo a lei judaica, uma sentença de morte significava a lapidação. Mas como juridicamente a última palavra voltava por excelência à autoridade ocupante romana, Jesus foi condenado a ser crucificado, em outras palavras, asseteado ! Foi assim que, uma vez suspenso na madeira do calvário, Jesus já não era homem, mas um animal, o cordeiro pascoal (João 1:36) levado ao talho “como um cordeiro ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca” (Isaías 53:7).

Ex. 19:14.- A figura de Jesus Cristo confunde-se com a de Moisés no seu papel de libertador, e, isto tanto mais que a metátese do nome Moisés dá “Ssémoï”, ou seja Simão ! Moisés fez atravessar o Mar Vermelho aos filhos de Israel. A ligação com Jesus é que o seu sangue representa o Mar Vermelho que cada cristão atravessa aquando do seu baptismo para ser libertado da maldição do pecado. A paixão de Jesus teve lugar sobre uma altura e se pode dizer que, espiritualmente, Jesus desceu da colina de Golgota em direcção ao povo, que santificou do seu sangue, permitindo assim a purificação de seus pecados, o que simboliza a lavagem de vestuários.

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160 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Ex. 19:15.- Lembrem-se do que aconteceu três dias depois do

crucifixo de Jesus. Foi, de todas as páginas da Bíblia, o momento

de glória suprema, aquele que viu a derrota definitiva de Satanás,

o mestre da morte. É um dia que devia ser santificado e assim,

“não se aproximar de nenhuma mulher” significa manter-se numa

pureza absoluta, razão pela qual este dia, o Domingo, o primeiro

dia da semana, suplantou no coração dos cristãos o sétimo dia, o

sábado.

O código segundo o Método deste recital, criptado na Bíblia

com uma divina presciência mais de mil anos antes de Gólgota é

SIMÃO, o novo nome do Filho do homem, o Salvador do mundo.

TOKO, O ESPOSO

Toko, em kikongo, significa “o Jovem, o Noivo, o Esposo”, um

nome eminentemente profético. Assim, as dez virgens do capítulo

25 de Mateus esperam o Cristo, alegoricamente chamado o Esposo.

E a terra de Isolele está chamada de « Esposa » em quem o Cristo,

o Esposo, coloca o seu prazer.

“Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se

denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer

está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de

ti, e a tua terra se casará” profetiza Isaías (62:4).

Fazendo referência a ele próprio, o Cristo responde a uma

pergunta que lhe é feita a propósito de seus discípulos que não

respeitam o jejum como o fazem os discípulos de João e dos

fariseus:

“Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o

esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será

tirado o esposo, e então jejuarão.”

Este esposo chama-se Toko. Simão Toko...

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CAPÍTULO XX

O Evangelho do Homem de Fátima

identidade da criança, uma vez estabelecida sem contestação pelo seu nome e a data do seu nascimento, vamos ao seu encontro onde o tínhamos deixado. O seu caminho tendo sido capinado, limpado,

aclarado, pelo seu mensageiro, ele pode, ao aproximar dos trinta anos, a idade messiânica, iniciar a sua missão.

Reencontrá-mo o Renovo nesta época em Leopoldville (actualmente Kinshasa, capital de la República Democrático do Congo), guiado pelo Espírito Santo. Uma vez mais constatamos que tudo o que rodeia o Toko é uma profecia bíblica:

Leo = o Leão

Pold = o Pólo

Ville = a Cidade

Significa que se trata da “Cidade do Pólo do Leão”, o Leão em questão sendo o “Leão de Juda”:

« E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Apocalipse 5:5).

Uma conferência internacional reunindo todas as missões

protestantes do mundo, aí se realiza em 1946, na prestigiosa zona

de Kalina. De certeza inspirados pelo Senhor, os missionários

pedem a três Africanos vindos de Angola de orar. Trata-se de

Gaspar de Almeida, de Jessé Chiula Chipenda e de Simão Toko. Ele

aproveita então esta ocasião, para pedir ao Pai celeste a efusão do

Espírito Santo sem o qual a África continuaria na escravatura física

e espiritual.

A

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162 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Esperando o cumprimento desta oração, o jovem Toko torna-se

um membro assíduo da Igreja Baptista Protestante de Itaga, um

bairro popular da cidade de Leopoldville. Ele cria então um coro

composto inicialmente por 12 membros, premissas da Igreja

primitiva cristã que ele se propõe relembrar. Este coro conhece em

seguida um sucesso fenomenal e passa rapidamente de doze para

uma centena de pessoas.

Sempre que canta ao culto dominical e a outras ocasiões, o

Espírito Santo manifesta-se com um tal poder (pela glossolália, as

visões proféticas, o êxtase) que os missionários europeus, sem

dúvidas ciumentos deste sucesso, acusam o jovem Angolano de...

magia !li

Exortam-no a abandonar as suas “práticas tenebrosas.”

Reposta de Simão Toko:

“Mas se nós todos oramos o mesmo Deus, como pode ser que

simplesmente como se manifesta a força do Espírito Santo no

nosso seio, me acusam de magia? Será que, por ser eu um

indígena africano, que tais sinais não podem manifestar-se a

través de mim? Será que Deus faz acepção de pessoas?”

(1 Samuel 10:10).

No entanto, os missionários, não aceitando tais explicações,

excluem-no da Igreja. Portanto, que todos aqueles que se tinham

convertido pela unção dos cânticos inspirados cantados pelo coro,

seguem o seu mestre e abandonam em massa a Igreja protestante

de Itaga. Agora, um dilema se coloca. Ou Simão Toko abandona

estas ovelhas recém-convertidas à sua sorte, e é certo que essas

vão voltar para suas antigas más vias ou... ele as deve

salvaguardar, como bom pastor que ele é. A questão é

rapidamente resolvida: o jovem mestre de coro decide de guardar

o grupo consigo, para cuidar dele. Mas sabendo que a tarefa que

lhe espera é dura, ele dirige-se de novo ao seu Pai nos céus,

renovando-lhe a oração feita três anos antes na Conferência

Internacional Protestante. O ano de referência é 1949.

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O Evangelho do Homem de Fátima 163

Toko decide convocar 35 membros do seu coro na rua de

Màyenge, na casa de um dos seus fiéis de nome Ambrósio ‘Vanga,

na noite de 24 de Julho. Enquanto se espera a hora da oração, as

suas vozes melódicas sobem ao céu louvando as maravilhas do

Senhor. Pouco antes de meia-noite, Simão levanta os olhos, mãos

estendidas para o céu e reza assim:

“Pai, sei que você sempre ouve as minhas súplicas. Agora olha,

considere esta manada que me deste. A tarefa é tão imensa que

sem o Espírito Santo, o Consolador, não poderemos nunca levá-la

a bem. Será que não terás escutado a oração que te fiz há três

anos?”

UM NOVO PENTECOSTES

A resposta vem sem tardar. Aos doze golpes de meia-noite, um vento forte sacode a casa que estremece nos seus alicerces. O sopro do Espírito Santo apodera então a assembleia, com a excepção de Sansão Afonso, um dos dirigentes do coro. Deus faz com que este fique lúcido a fim de escrever o testemunho das maravilhas que se desenrolam então sob os seus olhos estupefactos. Alguns dos que são sacudidos pelo Espírito falam em línguas. Outros vêem os céus abertos, outros ouvem vozes inefáveis, outros ainda adquirem o poder de comunicar, por um efeito telepático, com pessoas que se encontram a largos quilómetros do local onde se realiza este Pentecostes Novo.

Aqui, uma vez mais, joga o princípio da dualidade profética,

tipo e anti-tipo: há dois mil anos, o Espírito Santo desceu sobre os

apóstolos reunidos em Jerusalém cinquenta dias após a

ressurreição do Cristo. O tumulto resultante desta manifestação do

Espírito Santo não deixou de atrair uma multidão heterogênea.

Assombrada, observou com curiosidade o comportamento desta

gente aparentemente apanhada pela bebida (Actos 2:13). É o tipo.

Ao vigésimo século, em Léopoldville, se desenrola a mesma

cena, mas desta vez, com consequências mais contrariantes. Não

nos esqueçamos de que se o contexto da colonização é o mesmo,

os Romanos no tempo de Jesus, os Belgas 2000 anos mais tarde,

pelo menos os de Isolele, desfrutavam em Jerusalém uma certa

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164 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

consideração devida ao prestígio da sua história e cultura

milenárias.

Simão Toko e seus fieis não beneficiam desta vez de nenhum

preconceito favorável da parte dos Europeus, que consideram os

Africanos como grandes crianças com inteligência limitada. As

perturbações que resultam deste pentecostes africano − os

discípulos de Simão tinham-se espalhado na cidade de Léopoldville

pregando com fogo o arrependimento dos pecados e a iminência do

Reino de Deus − tendo atraído a atenção das autoridades coloniais

belgas, os instigadores da perturbação são, no fim de três meses

apenas de evangelização, presos.

APRISIONADOS

Era para que se realizasse a palavra: “Eu estive na prisão, e fostes

ver-me» (Mateus 25:36). Estes são rapidamente encarcerados,

tanto mais quanto a perseguição contra os discípulos do

Mensageiro, os que já são chamados de Kimbanguistas, continua

sem piedade. Estes são decapitados, queimados vivos nas suas

casas, afogados no rio, abatidos sem aviso prévio. Contudo, os

colonos, para não arruinar uma mão-de-obra que lhes é muito

preciosa, optam frequentemente pela pena de deportação. É assim

que os maridos são separados das suas mulheres, as mulheres dos

seus maridos, os pais de seus filhos. Eles estão, então, dispersos

aos quatro ventos, a centenas ou mesmo milhares de quilómetros

de seus locais de residência.

Por conseguinte, quando milagres começam a cumprir-se pela

mão dos discípulos deste “novo Kimbangu”, as autoridades

coloniais belgas decidem de castigá-los imediatamente, para

asfixiar no ovo este novo movimento messiânico.

Preso no dia 22 de Outubro de 1949, Simão Toko é

encarcerado com cerca de três mil dos seus fiéis. São colocados em

duas prisões da capital congolesa, Ofiltra e Ndolo. Será somente

três meses mais tarde, no dia 9 de Janeiro de 1950, que serão

libertados. No entanto, um decreto datado de 8 de Dezembro de

1949 é emitido, decreto de expulsão assim redigido:

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O Evangelho do Homem de Fátima 165

“Atendendo a que os indígenas originários de Angola, cujos nomes a seguir se indicam, praticam e manifestam o desejo de continuar a praticar os ritos de uma doutrina místico-religiosa hierarquizada, pregando a vinda de uma ordem nova que sob o reino de um Novo Cristo derrubará as autoridades e os poderes actuais para tomar o seu lugar e fazer reinar a justiça;

Atendendo a que estas práticas são de natureza a perturbar profundamente a tranquilidade e a ordem pública na cidade indígena de Leopoldville, cujo volume das populações permitiria a extensão extremamente rápida e perigosa destas doutrinas subversivas;

Atendendo a que se verificou que este movimento místico-religioso apresenta afinidades evidentes com as doutrinas espalhadas pela Associação “Watch Tower”, e que se provou que o seu chefe, Simão Gonçalves Toko, está enfeudado a esta Associação, como se conclui da sua correspondência com a Sede da Watch Tower em Nova York;

Determina-se:

São expulsos do território da Colônia do Congo, que deverão deixar num prazo de oito dias a contar da assinatura deste Despacho.”

ESTRANHA MORTE DO SENHOR PILOTE

É aqui que é dada a ocasião ao jovem Angolano, o Renovo, de

levantar um canto da vela que esconde o seu verdadeiro rosto, a

sua identidade escondida. O administrador das prisões de Ofiltra e

Ndolo, um Belga de nome Pilote, toma prazer em maltratar os

“Tokoístas”, torturando-os de diversas maneiras e cubrindo-os de

insultos racistas. Um dia o mesmo administrador insulta Simão

Toko: “Niangalakata do Muzombo, eructa ele, vais voltar para tua

terra !”lii

Irritado por estes excessos, o Homem de Fátima decide infligir

uma boa correcção ao arrogante administrador. “Saiba que o dia

em que serei expulso do Congo Belga, levá-lo-ei comigo como o

meu porta bagagens !”, disse ao colono flamengo. Pilote passa

então por todas as cores do arco-íris, tão grande é a sua raiva.

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166 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

E acrescenta Simão: “Sim, vou voltar para meu país, Angola; mas

saiba que um dia, aqui voltarei, no Congo e quando eu aqui vier...”

− o Filho do homem bate então com a sua mão direita a palma da

sua mão esquerda virada para o céu antes de virá-la com um gesto

brusco para o solo − “o que está em cima ficará em baixo e o que

está em baixo ficará em cima !”

Sobre a plataforma do comboio que o leva para o seu novo

destino, “o Esposo” endereça uma ultima e muda mensagem à

massa de seus fieis reunida na Place des Braconiers onde se

encontra situada a estação central de combóios de Léopoldville: ele

levanta os seus braços, os dez dedos de suas mãos bem

estendidas...

Ninguém está neste momento em condições de perceber o

sentido de suas palavras e de seu gesto sibilino. No concernente a

Pilote, os discípulos do Esposo não tardam de compreender: com

efeito, no dia mesmo em que O Filho do homem e seus fieis são

expulsos, o administrador Pilote cai subitamente morto, no seu

quarto, enquanto se preparava a sair da casa para ir ao seu

escritório, a esposa esperando-o no carro pronto a arrancar. Eram

então 7h da manhã.

Quanto às mensagens gestuais da palma da mão invertida e os

dez dedos largamente abertos, as suas significações tornaram-se

evidentes dez anos mais tarde, em 1960, quando a arrogante

Bélgica caiu após uma revolta popular tão espectacular como

inesperada. O que estava em baixo, a saber, os Congoleses

curvados sob um jugo colonial implacável, veio em cima a

30 de Junho de 1960, quando o Congo acedeu à independência. O

que estava em cima veio em baixo quando a Bélgica foi obrigada

de deixar definitivamente a sua tão rica colónia africana. “E fez a

minha boca como uma espada aguda (...) » (Isaías 49 : 2).

O Esposo tinha feito prova disso, com as duas anedotas

concernentes Piloteliii e a independência do Congo belga ocorrido

em 1960 pela potência da palavra de Simão Toko. É neste mesmo

ano que o mundo devia saber, pela revelação do Terceiro Segredo

de Fátima, a presença sobre a terra do Filho do homem.

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O Evangelho do Homem de Fátima 167

HOMEM DE DORES

Uma vez em Angola, vai verificar-se plenamente a profecia do “homem de dores e experimentado nos trabalhos”, porque nunca mais Simão Toko conhecerá o descanso e a tranquilidade. É uma página de perseguições cruéis e incessantes que se abre na sua vida, exacções que têm apenas um e mesmo objectivo: fazê-lo desaparecer por todos os meios possíveis e imagináveis afim de cortar pela raiz, o que ele veio cumprir nestes últimos tempos.

“Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo” (Actos 15:16).

Esta profecia realizou-se no dia 17 de Agosto de 2012 com a inauguração em Luanda/Angola do Templo do Deus Vivo

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168 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Desde Leopoldville, onde sofreu uma prisão arbitrária, ele é lançado do norte para o sul no seu próprio país pelas autoridades coloniais portugueses:

Ao Colonato do Vale de Loge, município de Bembe (norte);

De Bembe a Waba Caconda (sul);

De Caconda a Hoque, a 30 kms de Sa da Bandeira −Lubango− (sul) ;

De Lubango a Waba Caconda novamente (sul) ;

De Caconda a Cassinga-Vila Artur de Paiva (sul) ;

De Cassinga a Jau, no comuna de Chibia (sul);

De Chibia, voltando para Lubango (sul) ;

De Lubango a Moçâmedes, no município do Tombwa (Porto Alexandre), mais precisamente a Ponta Albina-Bentiaba (sul-oeste);

De Ponta Albina-Bentiaba a Luanda, a capital (centro oeste).

Todas essas deportações tiveram lugar durante um período de

doze anos, a estadia nestas prisões comportam, segundo a vontade

das autoridades portuguesas, três meses para o período mais curto

(em Lubango) e cinco anos e cinco meses para o período mais

longo (em Ponta Albina-Bentiaba).

Tais deportações de um sadismo consumado procuram quebrar a vontade do Homem de Fátima e reduzir a nada a sua Igreja, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. Vendo que, ao contrário, em todo lado por onde o Filho do homem e seus fieis são deportados, eles aí acendem, passo a passo, o fogo do Espírito Santo, tendo como resultado a propagação no conjunto do território angolano da doutrina que os Portugueses chamam doravante de Tokoísmo, as autoridades coloniais decidem utilizar os grandes meios. Simão Toko delenda estliv, o que significa: “Imperioso é destruir Simão Toko” torna-se o seu lema.

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O Evangelho do Homem de Fátima 169

UM TRACTOR PASSA LHE POR CIMA

É assim que, enquanto que é reduzido à escravidão (Isaías 49:7) num acampamento agrícola em Caconda, no Sul do país, a sua cabeça é posta a preços. O montante prometido para quem conseguiria assassiná-lo sendo de natureza a fazer calar todos os escrúpulos, dois capatazes portugueses, tentados pela recompensa, decidem que esta iria para o seu bolso. Fazem um plano maquiavélico para chegar aos seus fins.

Aquando de uma estadia em Angola em 1993, tivemos a

ocasião de recolher o testemunho do Pastor Adelino Canhandi,

testemunha ocular da extraordinária história que se segue.

Pastor Canhandi, testemunha ocular do milagre de Caconda

Canhandi é na época o cozinheiro do acampamento de Caconda. Ocupado com as suas fornalhas, ouve de repente alguém chamá-lo: “Canhandi, Canhandi !” Reconhece a voz de Simão Toko. Uma vez fora, curioso de saber a razão desta chamada, Simão lhe responde: “Fique lá e olhe. Uma vez mais, o Filho do homem vai ser posto à prova.” Palavras estranhas na verdade que Canhandi,

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170 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

que na altura não é cristão ainda, não pôde evidentemente compreender. Intrigado, não obstante, de saber de que se trata, observa com muita atenção.

Um dos capatazes portugueses, de nome Palma, emerge de repente e dirigindo-se de um tom autoritário a Toko, diz-lhe : “Eh ! Simão, vês este tractor? Há ervas loucas que obstruem o funcionamento da máquina, lá em baixo. Vai arrancá-las !” O interpelado − sabendo a intenção secreta do capataz − vai docilmente colocar-se debaixo da máquina. No momento preciso em que o Filho do homem se encontra totalmente engajado debaixo do monstro de aço, o capataz, que entretanto tinha tomado o volante do tractor, arranca e passa por cima do corpo de Simão. Pasmado pelo horrível espectáculo, Canhandi fica imóvel onde estava de pé. O corpo inanimado e despedeçado de Simão Toko jaz − sem vida − sobre o chão.

É neste instante que se produz o milagre: sob os olhos

incrédulos de Canhandi, o corpo desarticulado remexe sob a terra

móvel na qual a máquina o tinha enfiado. Ele recompõe-se como

por encantamento e de repente, o Homem de Fátima está de pé

com, em tudo por tudo, um arranhão na cavilha direita. O capataz

português que se tinha voltado sobre o assento do tractor para

contemplar o seu crime é tomado de pânico vendo Simão Toko

vivo, sacudindo suas roupas manchadas de lama.

“Muito obrigado, Senhor Palma !” são as únicas palavras que

ele dirige ao homem que acaba de lhe infligir tão cruel prova.

Quanto a Canhandi, acreditou em Deus no mesmo dia. A sua

família e ele tornaram-se os primeiros discípulos de Simão Toko no

Sul de Angola. Foi igualmente neste dia que pela primeira vez, “o

Esposo” deixou claramente transparecer a sua identidade escondida

atrás de seu rosto marcado pela varíola:

“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a

tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou;

tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este

mandamento recebi de meu Pai” (João 10:17-18).

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O Evangelho do Homem de Fátima 171

ENCONTRO COM UM EMISSÁRIO DO PAPA

Aquando da estadia de Simão Toko em Luanda, capital de Angola − ele estava então na sua nona deportação −, intervém um outro episódio onde fura a identidade escondida do Homem de Fátima. Convém dizer que, se quando apareceu em Palestina, ele costumava falar de si na terceira pessoa, usando a famosa fórmula “o Filho do homem”, desta vez Canhandi foi uma das raras pessoas a ouvi-lo usar esta circunlocução. Ele, com efeito, sempre falava em nome do Senhor Jesus Cristo o que, para o seu redor, significava que ele era um servidor de Cristo como os outros. Logo, apesar dos milagres que seguiam os seus passos, tal como uma sombra, ninguém sabia quem ele era na realidade. Mas as suspeitas não faltavam porque muitos diziam: “Quem é este homem capaz de ressuscitar sempre que o matam?”

Então, é grande a surpresa dos seus fieis quando ouvem, um

belo dia, que um emissário do Vaticano, enviado pelo Papa

João XXIII, procura encontrar Simão Toko. Posto na presença do

Homem de Fátima, disse lhe : “Fui encarregue pelo Papa para

fazer-lhe esta pergunta : quem é você ?”

Não percam de vista que estamos

em 1962, seja dois anos após a data

fatídica em que o Grande Segredo de

Fátima devia ser tornado público. Logo,

João XXIII estava certamente a

corrente do segredo transmitido ao

Vaticano por Lúcia dos Santos.

Resposta de Simão Toko: “Estou

surpreendido de constatar que um

personagem tão poderoso como o papa,

se interessa à minha pequena pessoa,

ao ponto de fazer-lhe percorrer 8000

km só para me encontrar. A resposta

que você vai dar ao seu mestre vem de

uma passagem bíblica, Mateus 11:2-6.”

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172 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Coloquemo-nos agora no lugar do papa João XXIII, quando

tomou conhecimento da mensagem:

“E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois

dos seus discípulos, a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou

esperamos outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e

anunciai a João as coisas que ouvis e vedes : Os cegos vêem, e

os coxos andam ; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem ; os

mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.

E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim.”

Agora, já temos evocado a flecha escondida no escudo do

Eterno Deus e que, atirada de qualquer distância − mesmo quando

milhares de quilómetros separam o arqueiro do alvo, ainda que

2000 anos os separem −, atinge inevitavelmente o seu alvo.

João XXII e João XXIII: 642 anos separam os dois papas excluindo a probabilidade de uma simples coincidência acerca de Mateus 11:2-6

Imaginem que por meio de uma só passagem das Escrituras,

Simão Toko faz compreender a João XXIII que ele é de facto Jesus

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O Evangelho do Homem de Fátima 173

Cristo. Na verdade, quando o papa abriu em 1960 o envelope onde

a irmã Lúcia dos Santos colocou o papel revelando o Grande

Segredo, ao lêr o conteúdo do papel, descobriu a presença sobre a

terra do seu Senhor e Mestre. Agora esta mensagem vinda de

Luanda confirma de maneira magistral esta fabulosa noticia. Com

efeito, este papa podia ter levado um outro nome. Ele podia levar o

nome de Gregório, Benedito, Pedro, Clemente ou Anastasio ! Pois

não: ele chama-se João e a passagem bíblica que o Homem de

Fátima lhe faz chegar dirige-se nomeadamente a um certo João !

O último papa que levava este nome antes de João XXIII − ou seja

João XXII – foi em 1316 ! Extraordinário exemplo do princípio de

dualidade profética a qual já nos referimos várias vezes.

Convencido desta vez que o impensável é bem verdadeiro, que

o Filho do homem encontra-se efectivamente no seio de um povo

hoje o mais desprezado de todos, o Vaticano decide então de

aproveitar a devoção que o ditador português Antonio Oliveira

Salazar cultiva ao seu respeito. O papado faz-lhe compreender

sobre o perigo que representa Simão Toko para a cúria romana em

particular e a preeminência europeia em geral. Se o Homem de

Fatima viesse oportunamente a desaparecer, seria uma incidência

muito feliz....

DEPORTADO AO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES

Eis a sequência da história. No dia 18 de Julho de 1962, o Filho do homem se encontra de novo deportado, desta vez não numa região remota e hostil da sua terra natal, mas para Portugal, alí onde o seu nascimento tinha sido anunciado em tão grande pompa em 1917.

Tomemos de novo como testemunha a Palavra de Deus:

“Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os que edificavam rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? » (Mateus 21:42).

A escolha da expressão “os que edificavam” não é fortuito. Para melhor compreendê-la, substituamos esta palavra por uma só :

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174 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

“edificadores.” Quando se sabe que um dos sinónimos em latim desta palavra é pontífico, ou seja “edificador de ponte”, e que esta palavra faz parte do título mais conhecido do papado, a saber Soberano Pontífice, tudo se aclara.

Soberano Pontífice = Soberano Edificador

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Efésios 2:20).

Imaginar que é esta pedra angular, a única capaz de sustentar o conjunto dos templos que constituem os corpos dos filhos de Deus (1 Coríntios 3:16), que rejeitaram os “edificadores” do Vaticano, que escândalo ! Catedrais foram construídas à glória de Cristo e quando ele em honra de quem estes majestosos edifícios foram construídos se apresenta, os que se chamam seus lavradores rejeitam-no ! Ousaram desprezar a única pedra digna de consideração. E não somente a rejeitaram, esta pedra, para preservar os seus interesses mesquinhos, mas até procuraram destruí-la, assim que o demonstra a sequência da epopeia do Homem de Fátima.

Assim cumpre-se a parábola abaixo citada dos lavradores

maus:

“Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e

circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou

uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para

longe. E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos

lavradores, para receber os seus frutos. E os lavradores,

apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e

apedrejaram outro. Depois enviou outros servos, em maior

número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo. E, por

último, enviou-lhes seu filho, dizendo : Terão respeito a meu

filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o

herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E,

lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o

mataram. Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles

lavradores ? Dizem-lhe eles : Dará afrontosa morte aos maus, e

arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem

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O Evangelho do Homem de Fátima 175

os frutos. Diz-lhes Jesus : Nunca lestes nas Escrituras : A pedra,

que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do

ângulo ; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos

olhos ? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado,

e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair

sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair

ficará reduzido a pó” (Mateus 21 : 33-44).

Podemos, com certeza, dizer aqui que o Vaticano, ao rejeitar o

Filho do homem, caiu sobre a pedra acima referida e, tal como o

diz a parábola, no momento determinado, serão reduzidos a pó

aqueles sobre quem a pedra cair.

PÂNICO EM PLENO CÉU

À sua chegada a Lisboa, as autoridades portuguesas não perdem

um minuto para pôr a caminho o seu plano de destruição do Filho

do homem. Um avião especial (o aparelho SC-54 7504) do exército

português o espera, composto por uma tripulação de um género

particular. Com efeito, à excepção de um eclesiástico, esta

tripulação comporta apenas agentes da polícia secreta de Salazar,

a famosa PIDE-DGS de triste memória. A sua missão é de pôr o

cabo em alto-mar e uma vez atinginda a altitude requerida, atirar

Simão Toko abaixo a exemplo do tratamento desumano que os

oficiais argentinos iriam aplicar mais tarde (nos anos 70) contra os

oponentes a seu regime.

Quanto ao religioso, que manifestamente não sabe a quem esta

tripulação heteróclita se vai confrontar, o seu papel é fazer

barragem, pelas suas orações “aos poderes mágicos do Africano”.

Mas este plano habilmente concebido falhará. No momento mesmo

em que os inimigos do Filho do Homem se preparam para pôr o seu

projecto desastroso em execução, Simão Toko dirige uma oração a

Deus e a aeronave entra de repente numa forte turbulência ! A

tripulação, tomada de pânico, constatando que o prelado sobre

quem eles contavam orava em vão, implora “o Preto”, com

lágrimas de terror nas suas vozes. O aparelho estabiliza-se então

quando os elementos enfurecidos obedecem à oração do Filho do

homem para que haja paz !

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176 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Para os que esta história deixará cépticos, recordemos que,

aquele que mandou “sacudir” este avião no ar é o mesmo que, há

2000 anos, tinha ordenado a uma tempestade de parar, o mesmo

que andou sobre as águas, o mesmo que em Fátima fez bailar o sol

no dia 13 de Outubro de 1917 enquanto estava ainda nas esferas

celestiais.

Deixaremos de lado outros numerosos atentados que

esmaltaram a estadia forçada do Esposo a Ponta Delgada

(Arquipélago dos Açores) onde lhe foi atribuída a residência na

qualidade de “prisioneiro político” durante onze anos. Esta história

assemelha-se muito a de João, relegado em pleno meio do oceano

sobre a ilha de Patmos e que, o primeiro, teve a revelação sobre

este extraordinário enigma, o Mistério de Fátima.

CORAÇÃO ARRANCADO DURANTE UMA OPERAÇÃO CIRÚRGICA

A ultima tentativa de tirar-lhe a vida, que testemunha a fotografia

ao lado, desenrola-se alguns meses apenas antes da sua libertação

no mês de Julho de 1974, feliz consequência da “Revolução das

Flores” que pôs fim à ditadura portuguesa.

Simão Toko, o Filho do homem, mostrando em público a cicatriz horrível que resulta da tentativa de assassinato da qual foi vítima aquando da sua deportação no Arquipélago dos Açores.

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O Evangelho do Homem de Fátima 177

Tendo constatado que este homem é decididamente

indestrutível, doutores que têm de médico apenas o nome,

decidem furar o segredo da invulnerabilidade que parece deter o

enigmático Africano. Sob o falacioso pretexto de tirar-lhe um tumor

maligno, eles levam o Homem de Fátima para uma sala. Colocam-

no sobre uma mesa de operação. Abrem a golpes de escalpelo o

seu peito. Uma mão hábil mergulha no interior da cavidade cheia

de sangue e pega no coração. A aorta e outras artérias são

prontamente cortadas. O coração ainda palpitante é arrancado.

Simão Toko jaz numa lagoa de sangue...

Seus executores, ao número de seis, tomam o seu coração e

colocam-no num utensílio especial. Para examiná-lo à sua vontade,

decidem levar o órgão vital de Toko para outra sala. Mas neste

mesmo momento, eles ficam sem palavras, congelados de medo.

Acabam de perceber um movimento do corpo sem coração, do

corpo sem vida ! Constatam então que não somente o homem sem

coração vive, mas que é capaz de falar: “Para onde levam o meu

coração? Devolvam-no, ele não me pertence !” diz-lhes com voz

firme.

Os médicos, no cúmulo do pânico, voltam sobre os seus

passos, forram literalmente o coração no buraco aberto do peito,

refazem ao contrário a operação que acabavam de praticar alguns

minutos antes, e, no fim, fazem-se a seguinte pergunta: “Onde

achar a quantidade de sangue necessária para uma renormalização

do processo vital?”.

Tendo feito apelo à doação benevolente de sangue, para

“salvar a vida” do estranho Africano, o sangue assim recolhido

permitiu uma transfusão sanguínea que, no plano espiritual, teve

consequências pesadas.

Uma delas foi que este coração arrancado a Simão Toko de

seguida recolocado no seu lugar, tocou o sino da ditadura

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178 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

portuguesa. Alguns meses mais tarde, jovens capitães do exército

português chegaram a depor o poder vigente, instaurando um

regime democrático que muitos pensavam impossivel atingir. Pouco

depois foram libertados todos os prisioneiros políticos

abandonados nas jaulas portuguesas e, dentre eles, o mais

misterioso, Simão, o Renovo.

REGRESSO TRIUNFAL PARA ANGOLA

Devolvido à sua terra natal, Angola, Simão lhe trouxe, segundo a

sua própria expressão, “a independência no bolso.” O Filho do

homem desembarca triunfalmente em Luanda, a capital do país, no

dia 31 de Agosto de 1974, um passageiro entre centenas outros do

Transatlântico Infante Dom Henrique.

Sob aplausos e aclamações de uma massa jubilante, percorre à

pé a distancia de cerca de quinze quilómetros que separam o porto

de Luanda do local da sua residência no “bairro indígena”, um dos

mais pobres da metrópole angolana.

O que o povo de Luanda acabava de viver, esta marcha triunfal

dentro da mais importante cidade do país, não faltou, sem dúvida,

de fazer lembrar ao Renovo que há dois mil anos, ele já tinha

vivido momentos comparáveis em Jerusalém, sentado sobre um

burro (Mateus 21).

Simão Toko (ao cen t ro) desembarcando

do nav io In fan te Dom Henr ique no d ia 31 de

Agosto de 1974

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O Evangelho do Homem de Fátima 179

Quinze meses mais tarde, no dia 11 de Novembro de 1975,

Angola acede à independência.

LÁ ONDE SE JUNTAM AS ÁGUIAS

Neste ponto da nossa narração, uma pergunta queima-vos sem dúvida os lábios:

“Onde está ele neste momento?”

A resposa, uma vez mais, se encontra nas Sagradas Escrituras:

“E, respondendo (os discípulos), disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse:

«Ubicumque fuerit corpus, illuc congregabuntur et aquilae” (Lucas 17:37)." Tradução: “Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias.”

Esta passagem é uma das mais herméticas do Novo Testamento. Com efeito:

A sua acção situa-se nos últimos tempos;

Cristo fala de um corpo, de um cadáver, que é mesmo seu, assim como o confirmam várias fontes, entre as quais Annick de Souzenellelv;

Este corpo encontra-se numa alta montanha.

Transcrevemos a citação de Lucas em latim porque o texto é

muito mais transparente. Na Bíblia em português, o título que

resume os versículos 22 a 37 de Lucas 17 é o seguinte “Jesus

anuncia a sua segunda vinda”.

Estamos então, nos últimos tempos, dito de outra maneira, na

época actual. Em latim, o artigo possessivo não se indica quando o

sentido da frase é tal como não subsiste nenhuma ambiguidade

sobre o possessor. É o caso aqui: sem dúvidas, Jesus fala do seu

próprio corpo. Porém, a maior parte dos tradutores confundiram

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abutres por aquilae, o que parece lógico em referência a um corpo,

um cadáver. Aquilae deve entender-se aqui sob dois níveis: literal e

alegórico.

Alegoricamente falando, a águia designa um personagem

detendo uma alta autoridade, sobretudo espiritual. O sentido que

convém atribuir à esta palavra no contexto que nos ocupa é o de

autoridades temporais mas sobretudo espirituais de grau muito

alto.

No seu sentido literal, aquilae, as águias, pássaros dos ápices

por essência, juntam-se tradicionalmente no cume das montanhas.

O. Dapper, um colunista do século XVI, descobrindo Ambassi, a

capital do Reino de Kongo fica admirado:

“A cidade está colocada sobre a montanha mais alta do país,

porque do porto de Pinda, onde se desembarca, até a capital,

levam-se dez dias de caminhada e se vai sempre subindo até

chegar à dita cidade e até a província de Pemba. Esta província

encontra-se no coração e no meio do reino e é a cabeça de todas

as outras províncias e a origem dos reinos antigos.”

A frase sibilina do Senhor deve então compreender-se assim:

“Voltarei na carne sem que os homens me reconheçam, como um

ladrão, efectuarei secretamente a minha missão. No fim, deixarei

o meu envelope carnal que será colocado sobre uma alta

montanha. Esta última tornar-se-á no seu tempo um alto lugar de

peregrinação. É a partir desta montanha que efectuarei a minha

Parousia.”

DESMEMBRADO COMO UMA OVELHA NO TALHO

Quando no dia 1 de Janeiro de 1984 a notícia do falecimento de

Simão Toko é anunciada pelos canais de informação do seu país, é

o estupor geral tanto a sua reputação de NEKAKULUKI ou seja

− Indestrutível − é bem estabelecido.

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O Evangelho do Homem de Fátima 181

No dia 31 de Dezembro de 1983, enquanto a cidade de Luanda

se prepara para festejar um novo ano, o Homem de Fátima apaga-

se às 15h precisas, a mesma hora que Kimbangu o seu

mensageirolvi, a mesma hora de há dois mil anos no Gólgota. Com

efeito, esta hora corresponde à nona hora bíblica (Mateus 27:46).

Informado da notícia, um homem se precipita là onde está exposto o corpo do defunto. Este homem – que vamos designar pela alcunha de “o Comandante” − é completamente confuso. Penetra na multidão que veio honrar o defunto, densa, compacta, que parece abrir-se espontaneamente para ele, porque aqui toda gente o conhece e o teme. Ele goza, com efeito, de uma reputação de duro entre os duros. Os Portugueses que ele combateu com bravura durante catorze anos de guerra de libertação de Angola, bem o sabe. No entanto, este veterano de guerra, mestre na manipulação de armas brancas, fazia impiedosamente saltar as cabeças dos colonos a golpes de catana.

Eis o Comandante perante os restos mortais do Renovo. Um silêncio absoluto cai sobre a multidão. A voz do antigo combatente eleva-se então acima da massa para gritar a sua incredulidade. “Não é possível, diz ele, o homem que jaz lá, sem vida, não pode estar morto.” Que ele, o Comandante, mais que outro, é bem colocado para o saber. Com efeito, o nosso valente comandante faz a confissão pública abaixo:

“Eu, o Comandante, fui encarregue há alguns anos de matar Simão Toko de maneira a tirar-lhe qualquer possibilidade de ressurreição. Prendi-o e levei-o para um lugar secreto. Eu mesmo o decapitei. Os meus homens despedaçaram-no como um animal e colocaram-no num saco que foi abandonado no mesmo local. Ao fim de três dias, voltámos para o local. Para a nossa estupefacção, o saco tinha desaparecido. No momento em que discutíamos para saber o que tinha acontecido com o corpo, uma voz tinha soado atrás de nós : QUEM procuram? Aqui estou eu ! Era Simão Toko, em carne e osso, vivo, de pé majestosamente là onde se devia encontrar normalmente o saco. Aterrorizados, tínhamos todos desandado, cada um procurando escapar, numa

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fuga confusa, à visão terrificante de um homem decapitado, despedaçado, voltado milagrosamente à vida !”

Para a pequena história, acrescentaremos que foi a última vez que alguém ousou tocar num cabelo da cabeça de Simão Toko, destes cabelos de lã evocados por Daniel:

“Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas rodas de fogo ardente” (7:9).

N’TAYA, MONTANHA DE SI(M)ÃO

Após o desaparecimento físico do Homem de Fátima, o seu corpo foi levado, de acordo com as suas próprias instruções, para uma alta montanha do norte de Angola, em N’Taya, aldeia situada não longe do ex São Salvador, a cidade de Ambassi/M’Banza Kongo, antiga capital do Reino.

Contudo, antes de fechar este capítulo que é igualmente o último da revelação do Grande Segredo de Fátima, acreditamos que é importante contar as circunstâncias que têm cercado o desaparecimento de Simão Toko.

À luz dos testemunhos numerosos e variados que confirmam o facto de que o Filho do homem é imortal (Apocalipse 1:18), é óbvio que ninguém podia tirar-lhe a vida. Ele era o único que podia decidir sobre o dia e a hora onde ele iria abandonar o seu corpo físico. Algum mêses antes do seu falecimento, ele se tinha dirigido a milhares de seus fiéis aquando de um culto dominical realizado em céu aberto, como de hábito. Com um sorriso cúmplice, tinha-lhes dito: “Bem amados, sabem o que faz um pássaro que se prepara para deixar seu ramo ? Sacude-o em sinal de adeus. Agora, quero que cada um dentre vocês tome os vossos lenços ou outros tecidos e que agitem-nos bem alto.”

Nos minutos que seguiram, milhares e milhares de lenços, cachecóis e outras peças de tecido flutuavam no ar, agitando-se como tantas asas de pássaros que diziam adeus ao seu ramo. Simão Toko, em resposta, agitava um lenço branco.

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O Evangelho do Homem de Fátima 183

Mas como ao seu hábito, não tinha dado explicação nenhuma

quanto ao significado deste gesto. Será apenas alguns tempos mais

tarde, no Domingo 1 de Janeiro de 1984, que os Tokoistas

compreenderão esta metáfora quando souberam da notícia incrível

do desaparecimento, no dia 31 de Dezembro de 1983, às 15 horas,

do seu Bom Pastor. Simão, “Águia dentre as águias”, tinha

desdobrado em grande as suas asas, para subir às ápices

inacessíveis... »

Contudo, antes de deixar as ovelhas, ele teve um encontro com

os seus discípulos mais próximos, informando-os que se

fisicamente eles o deixariam de ver, ele, espiritualmente, estaria

sempre no meio dos seus.

A sepultura de Simão Toko, em cumprimento de Lucas 17:37

No ano 2000, 16 anos depois de ser sepultado no dia 10 de

Janeiro de 1984 em n’Taya Maquela do Zombo, inspirou um jovem

de nome Afonso Nunes (à direita na imagem abaixo) para continuar

a sua obra. Hoje Bispo da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no

Mundo, é atravês dele que cumpriu-se a promessa de edificar o

Templo do Deus Vivo (Zacharias 6:12).

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184 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

O Renovo pregou sobre o Reino de Deus durante cerca de 33

anos, a partir da relembrança da sua Igreja em 1949. Isto constitui

uma relação com a sua vida na Palestina há 2000 anos quando

morreu aos 33 anos de idade.

Existem igualmente três fabulosas “coincidências” que

merecem uma atenção particular. Para os cristãos do mundo inteiro

− salvo talvez os Adventistas do sétimo dia − o primeiro dia da

semana, Domingo, é o dia de Cristo. Ora, o nascimento de Simão

Toko foi anunciado, em Portugal, no dia 13 de Maio de 1917: era

um Domingo; Simão Toko nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1918:

era também um Domingo; a sua “ausência” foi anunciada no dia

1 de Janeiro de 1984 : era ainda um Domingo !

Três datas, três dias que levam irrefutavelmente a assinatura

do Esposo, o selo de Cristo, a estampilha do Filho do homem...

Simão Toko, o

Filho do Homem

revestido no corpo do

Bispo Dom Afonso

Nunes (Col. 1:26)

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ANNEX I

Khemit, o Egipto Antigo

“Então Israel entrou no Egipto, e Jacob peregrinou na terra de Cam” (Salmo 105:23)

erço da civilização durante vários milénios no momento em que o resto do mundo ainda estava mergulhado na barbaridade, Khemit ou seja o Egipto antigo permanecerá durante toda a antiguidade a

terra clássica onde os povos mediterrâneos irão em peregrinação regar-se às fontes dos conhecimentos científicos, religiosos, morais, sociais, filosóficos, etc. mais antigos que os homens adquiriram. Esta é a razão pela qual era indispensável aos “tenores” da supremacia branca de usurpar ao seu benefício este tesouro do património mundial. Como explicar, por exemplo, que o Egipto nos museus maiores do mundo seja separado do resto da África? As esculturas do Benin e do Nigéria (Ifé e Nok) são reconhecidas como uma das mais prestigiosas do mundo, mas não estão expostas no museu do Louvre em Paris, enquanto a arte do Egipto antigo ocupa uma importantíssima parte do mesmo.

Portanto ao analisar objectivamente o passado deste berço da civilização universal, o pesquisador pode constatar a escandalosa injustiça da qual são vítimas seus verdadeiros herdeiros. Porque se os edificadores das grandiosas pirâmides são louvados por toda a humanidade, que nomeiam-se Narmer, Tutmosis, Akhenaton ou Ramses, os seus descendentes negros beberam e continuam de beber a copa amarga do desprezo da parte daqueles mesmos que lhes roubaram o património que lhes pertence.

Do fundo dos seus milénios túmulos, os faraós devem lamentar estar mumificados assim para a eternidade ! Ah, se pudessem desembaraçar-se das suas faixas, levantar a pesada tampa dos seus sarcófagos, sair e testemunhar, teriam tantas coisas a dizer ! Clamariam, por exemplo, que Egipto nunca fez parte de um

B

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186 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

oriente, próximo ou médio, cuja fictícia criação teve por único objectivo de cortar com tesoura imaginária a sua terra da mãe África.

Eles fariam calar os caloteiros que, contra toda a lógica, não hesitam a qualificar a raça egípcia de raça branca com "pele de preto” sob o pretexto que algumas das representações esculturais dos faros não correspondem à cana que etnólogos e antropólogos racistas determinaram sendo as características obrigatórias da raça negra ! Eles gritariam à face da terra: "Parai as vossas mentiras! Sim, chama-nos Egípcios hoje nos vossos livros de história. Mas será no entanto que tornamos Gregos pelo simples facto de que Egipto, alteração de Kuptos é um termo grego? Os nossos pais, durante milénios, não chamaram Camit a nossa terra em honor ao Negro Cam, filho de Noé e pai do nosso pai Mizraim ?

Nossa terra, não existiria sem o Nilo, nobre rio cuja fonte, é situada no coração de África, onde nós situamos a nossa própria fonte? O filho do Negro Cuxe, irmão do nosso pai Mizraim, não é Ninrode, que a Bíblia designa como o primeiro rei poderoso sobre toda a terra, que veneraram povos e nações e línguas ?”

A voz destes Faraós subindo do fundo dos sarcófagos para chegar até aos nossos ouvidos, quebrando o silêncio sideral dos milénios, não pode nos deixar indiferentes. Vamos juntar à essa voz outras que seleccionamos para fazer triunfar a verdade.

Em primeiro lugar, vamos ouvir o testemunho de Hérodoto, erudito e aventureiro grego do século V a.C. Viajante incansável, ele visitou o Egipto em 447 antes de J.C. e escreveu tudo quanto viu durante as suas peregrinações. O testemunho de Heródoto não admite nenhum polémico sobre a negritude dos Egípcios . Para ele, é o calor que explica a cor preta dos Egípcios . Outro argumento adiantado por ele para afirmar que os Egípcios de orígem são negros é a prática da circuncisão.

De facto, durante uma viagem nas regiões vizinhas do Mar Negro, Heródoto encontrou uma tribo denominada Colches ou Colchidienses, provavelmente para honrar eles também, Cuxe o glorioso filho de Cam. Heródoto faz a descrição seguinte desse povo no seu famoso livro (Heródoto, Livro II) :

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Khemit, o Egipto Antigo 187

"Obviamente, os Colchidienses são de raça egípcia. O que eu digo era minha opinião pessoal antes de ouvir esta mesma opinião na bouca de outras pessoas. Como o meu desejo era investigar este assunto no fundo, interroguei homens dos dois povos ; e eu achei que os Colchidienses se lembravam mais dos Egípcios que os Egípcios dos Colchidienses; mas alguns Egípcios contaram me que segundo à sua opinião os Colchidienses faziam parte dos soldados do Faraó Sésostris. Eu tinha conjecturado isto a partir destes índices: primeiro, porque eles têm a pele preta e o cabelo crespo (de facto isso não prova nada, porque outros povos também estão neste caso) ; em segundo lugar, e com mais autoridade, pela razão que, entre todos os homens os Colchidienses, os Egípcios e os Etíopes são os únicos a praticarem a circuncisão desde o principio dos tempos.”

Este testemunho é precioso para nós porque constatamos que Heródoto coloca na mesma família os Colchidienses, os Egípcios e os Etíopes, confirmando assim a genealogia mencionada na Bíblia (cf. Gênesis 10). O pormenor acerca da circuncisão será fundamental quando se tratará de demonstrar, mais a frente, que os descendentes de Abraão, o primeiro, segundo a Bíblia, a praticar a circuncisão sobre o seu filho Isaque, pertencem à mesma família negra.

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188 O Segredo de Deus : Jesus o Africano

Outro autor famoso da antiguidade, Diódoro de Sicília, testemunha assim :

"Os Etíopes dizem que os Egípcios são uma colônia etiopiana. Foram levados no

Egipto por Osiris. Afirma-se também que Egipto no princípio do mundo era

apenas um mar, que tornou-se terra a partir do lodo de Etiópia depositado pouco

a pouco pelo rio Nilo. Acrescentam que a maior parte das leis dos Egípcios

vieram dos Etíopes. Aprenderam também deles a tradição de honrar os seus reis

como deuses e a enterrar os seus mortes com grande honra. Finalmente,

receberam dos mesmos Etíopes a escultura e a escritura. ” lvii

Este testemunho de Diódoro de Sicília nos revela que os Egípcios aprenderam quase tudo dos Etíopes, facto que as pesquisas arqueológicas feitas no Sudão actual (o Meroé dos tempos antigos) confirmam de maneira indubitável.

A opinião de todos os escritores da Antiguidade acerca da raça dos Egípcios antigos é resumida por Maspero:lviii

"No testemunho quase unânime dos antigos historiadores, os Egípcios pertencem a uma raça africana, quer dizer negra que primeiro estabeleceu-se na Etiópia no Nilo mediano, que teria descido gradualmente para o mar seguindo o curso do rio. Por outro lado, a Bíblia afirma que Mizraïm, filho de Cam, irmão de Cuxe e Canaã, veio da Mesopotâmia para estabelecer-se nos lados do Nilo com os seus filhos”.

Nós devemos lembrar de que a entrada de Egipto na esfera arabo-islâmica, é um evento bastante recente comparada a história multimilenária deste país. Não se pode logicamente justificar a actual separação Egipto-África, que foi imaginada pelos mistificadores da história. Como acabamos de ver, são muitas as fontes que demonstram que não se pode dividir o Egipto antigo do resto da Africa.

De François Volney, um dos cientistas que acompanharam Napoleão na sua conquista do Egipto no século XVIII não vem nenhuma contradição:

"Mas voltando no caso do Egipto, ele oferece à luz da história muitos pontos de reflexão aos filósofos. Que tópico de meditação, ver o barbarismo e a ignorância presentes dos coptos, que representam a aliança do génio profundo dos

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Khemit, o Egipto Antigo 189

Egípcios, e da mente brilhante dos Gregos, pensar que esta raça de homens pretos, hoje nossos escravos e o objecto de nosso desprezo, é aquela mesma a que nós devemos nossas artes, nossas ciências, e até o uso da palavra, imaginar finalmente, que é no meio dos povos que se dizem os melhores amigos da liberdade e da humanidade, que se pratica a mais selvagem das escravidões e debates para saber se os homens pretos têm uma inteligência da mesma espécie que a dos homens brancos.” lix

Que dizer do testemunho de Champollion, o descodificador dos hieróglifos que, um pouco embaraçado, confessa ao descobrir um fresco do século XV a.C. :

"Neste fresco os Egípcios quiseram representar os habitantes das quatro partes do mundo, em conformidade com o sistema egípcio antigo, quer dizer: 1) os habitantes do Egipto; 2) os habitantes puros de África, os pretos; 3) os Asiáticos 4) os Semitas, e, finalmente 5) (envergonho-me a dizer isto, visto que a nossa raça é a última e a mais selvagem de todas), os Europeus que, nestes tempos remotos, é justo confessá-lo, não tinham nenhum prestigio neste mundo.»

Vamos acabar com dois testemunhos, um de Fabre d’Olivet, um filósofo, historiador e linguista francês do século XVII e para dar um ponto final a este debate, o de um Egípcio contémporâneo.

FABRE D’OLIVET:

"Vou me transportar, para este efeito, num tempo bastante remoto do tempo onde vivemos; e, fortalecendo os meus olhos debilitados por um longo preconceito, fixar, a través da obscuridade dos séculos, o momento onde a raça branca da qual fazemos parte, veio a aparecer na cena do mundo ; naquele tempo cuja a data tentarei de determinar mais tarde, a raça branca estava ainda fraca, selvagem, sem leis, sem artes, sem cultura de nenhuma espécie, privada de memória e sem esperança. Ela habitava na região do pólo norte, onde tinha fixado a sua residência. A raça negra, mais antiga, dominava então na terra, e segurava o ceptro da ciência e do poder. Possuía toda a África e a maior parte da Ásia. (...) A raça preta existia na toda a magnificência do Estado social. Cobria a África inteira com nações poderosas, possuía a Arábia e as suas colónias atingiam as costas meridionais da Ásia. Uma infinidade de monumentos que levam o carácter africano existe ainda hoje em dia nestas paragens e atestam a grandeza dos povos que os edificaram. As enormes construções de Mahabalipouram, as pirâmides de Memphis, as escavações de Tebes no Egipto, e muitas outras obras, que a

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imaginação assombrada atribui a gigantes, demonstram a longa existência da raça negra e os imensos progressos que tinha realizado nas artes...” lx

UM EGÍPCIO CONTÉMPORÂNEO:

O mais actual testemunho nos é dado por Mostafa Hefny, um

Egípcio que emigrou nos Estados Unidos. Em 1997, ele decidiu

processar as autoridades americanas que persistiam a afirmar que

ele era branco enquanto ele próprio se considerava preto. Nascido

no Egipto, Mostafa Hefny é orgulhoso das suas raízes africanas

que, segundo ele, originam com os faraós. Mas quando ele emigrou

para os Estados Unidos, ao fim do ano 1996, foi muito irritado e

indignado quando determinaram que ele era branco. Em

conformidade com a directiva n° 15 do «US Office of Management»

a raça é determinada pela origem geográfica e não a origem

étnica ou a cor da pele. De acordo com essa directiva, só são

pretos os imigrantes da África subsahariana. Toda pessoa

proveniente da Europa, do Norte de África ou do Médio Oriente é

ipso facto branca ! Perante a recusa da administração americana

em corrigir esta aberração, pelo menos no caso dele, Mostafa

Hefny estava profundamente aborrecido: "Impossível de me

acostumar à ideia, diz ele. Ao tornar oficialmente branco, eu perdi

a minha identidade."

Assim, esta directiva n° 15 é uma confirmação oficial da grande

conspiração da mentira da parte dos panegiristas do modelo

ariano. Ciente da impossibilidade de manter o dogma de uma

supremacia branca desde a origem da história humana se as

regiões onde nasceram as grandes civilizações ficassem “não

brancas”, a Europa decidiu simplesmente separar o Egipto e a

Palestina, apelidado Cam e Canaã, da esfera geográfica e cultural

negro-africana a qual eles pertenceram durante milénios.

De Negro que era à origem, o Egipto misturou-se pouco a

pouco com outros povos devido às ocupações sucessivas dos

Persas, dos Macedónios, dos Romanos, dos Árabes, dos Turcos, dos

Franceses e dos Ingleses. Esta obra de espoliação foi completada

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Khemit, o Egipto Antigo 191

pela separação arbitrária, no papel, do Egipto com as suas raízes

africanas situadas no coração do continente negro para colocá-lo

no colo asiático…

Stolen Legacy, os abutres da história conseguiram assim um

verdadeiro hold up ! Porém, nos consolamos de ver que a

resistência contra este crime cultural organizou-se e contínua

progressando graças à personalidades como o falecido sábio

senegalese Cheikh Anta Diop, o eminente historiador Africano

Americano Yosef A. Ben Jochanan e o egiptólogo congolese

Théophile Obenga que dedicaram a sua vida a "devolver a César o

que pertence a César".

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ANNEX II

Abuso à Humanidade e Falsa Supremacia

ara ilustrar o que acabamos de analisar há pouco,

vamos considerar dois casos que podem simbolizar o

“tesouro de raiva” ajuntado no céu pelos partidários

do modelo ariano.

SARAH BAARTMAN, A VÉNUS HOTTENTOTE

Há primeiramente a história da “Vénus hottentote”. Esta moça sul-

africana preta cuja imagem é conhecida dos antropólogos do

mundo inteiro, morreu no dia 29 de Dezembro de 1815 à idade de

25 anos. Embora falecida, permaneceu "visível” durante décadas

através de seu corpo moldado no gesso, e exposto no Museu do

Homem em Paris. Sarah Baartman − foi com este nome holandês

que ela devia adquirir uma triste celebridade na Inglaterra e na

França no princípio do século XIX − era uma adolescente do povo

Khoisan, o famoso povo hottentote. Dotada de uma cambrure

excepcional, o que é o caso da maioria das mulheres da sua nação,

essa morfologia calipiga pouco comum foi suficiente para que seja

raptada da sua terra nativa por um Afrikaaner em 1810. Assim

chegou ela no outro lado do Atlântico, exibida numa jaula como se

fosse uma besta selvagem, tornando-se numa das atracões mais

visitadas nos circos, museus e universidades de Londres e de Paris.

Como era necessário trazer uma caução científica a esta infâmia,

foi um “eminente” paleontólogo francês, mestre em anatomia

comparada, o professor Georges Cuvier que se encarregou disso.

Ao termo de trabalhos efectuados sobre a sua cobaia humana, cujo

valor científico devia ser rejeitado poucos anos depois, concluiu as

análises realizadas sobre a jovem sul-africana por esta sentença

abrupta: “Ela deve ser colocada apenas acima do orango-

outango !”

P

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194 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

OTA BENGA, O PIGMEU

Segundo caso: o do Pigmeu Ota Benga. Raptado − ele também −

do seu Congo nativo no inicio do século XX pelo rei dos Belgas

Leopoldo II que era então o "dono " deste imenso território

(2 450 000 km2), ficou preso nas calas escuras de um navio que

rumava aos Estados Unidos. À sua chegada, foi colocado

imediatamente num jardim zoológico de Nova Iorque, em

companhia com primatas. Um jornal daquela época conta:

“Milhares de pessoas tomaram vários meios de transporte para ir

no parque zoológico de Nova Iorque, no Bronx, ontem, ver Ota

Benga, o Bushman que as autoridades do jardim zoológico

colocaram numa jaula de macacos para exibí-lo ao olhar de uma

multidão que, obviamente, parecia apreciar muito o espectáculo.

São poucas as pessoas que se dizem chocadas pela visão de um

ser humano preso numa jaula com macacos como vizinhos

imediatos. É óbvio que para a maioria dos espectadores, esta

exibição homem-macaco é o espectáculo mais excitante do

Parque do Bronx.”lxi

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Abuso à Humanidade e Falsa Supremacia 195

PERVERSIDADE MORAL DA EUROPA

Além dos dois casos acima mencionados, convém fazer o ponto

sobre a deterioração moral que tem agarrado a Europa no fim do

século XIX e no princípio do XX. Convencidos que a cor branca era

a norma requerida e imposta por Deus, os Europeus classificaram

apressadamente como infra-humanos todos os outros componentes

da raça humana. Assim nasceram os jardins zoológicos humanos os

quais, de Paris a Hamburgo, de Londres a Nova Iorque, de Moscova

a Barcelona, fizeram as delícias de uma população em busca do

sensacional. Em 1875, Carl Hagenbeck, negociante de Hamburgo,

dono de um comércio de animais selvagens inaugura um ethno-

show com Lapões. Nos anos seguintes, ele apresenta Nubianas do

Sudão egípcio, primeiro na Alemanha, a seguir em Londres e em

Paris. Em 1860, Napoleão III inaugura o jardim de aclimatação do

Parque de Boulogne (Paris) concebido primeiramente para albergar

animais exóticos e, logo depois, seres humanos. As entradas no

jardim zoológico de aclimatação dobraram aquele ano. Em 1891, as

amazonas do Dahomey, famosas guerreiras, são então "visitadas"

no jardim zoológico de Berlim, logo depois de Frankfurt, e em

seguida de Paris. Nesse ano, 800000 dos visitantes sobre 950000

vieram ver as cinquenta Dahomenses e uma tropa proveniente de

Egipto.

Mas onde então estava a Igreja de Cristo naquela Europa

supostamente cristã quando se cometiam tais abominações? Será

que os padres, pastores e outros evangelistas que se proclamavam

discípulos do macio e humilde Jesus, conseguiam encontrar o sono

depois da oração da noite enquanto subia até no céu o fedor de tal

impiedade?

Esta corrupção moral deve muito ao Dr. Darwin e sua teoria da

evolução. Filho de um dos pastores mais famosos daquele tempo,

Darwin deixou-se inspirar pelo diabo que o seu pai combatia nas

suas pregações, dando ao mundo uma teoria destinada a

demonstrar a falsidade da Bíblia desde as suas primeiras linhas.

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196 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

A Bíblia ensina que o ser humano foi criado à imagem de Deus.

O Dr. Darwin e sua escola de pensamento fazem pelo contrário

descer a humanidade do macaco ! Usando argumentos

enganadores, acrescentam que não há na origem da Criação

nenhuma inteligência, que as maravilhas que se estendem aos

olhos do homem não são senão o resultado do acaso e que,

finalmente, Deus não existe ! Ou, antes, ao Deus omnipotente,

incomparável Organizador do Universo, Darwin opõe um outro

deus, nomeado o “Acaso.”

O deus Acaso, do vazio integral, fez existir toda a matéria e a

luz de uma gigantesca explosão. Deixou alguns átomos divagar

aqui e acolá no Universo, e em seguida fez surgir a vida. Proveu a

tudo de forma que esta vida seja mantida, por exemplo misturando

em proporções apropriadas os dois gases que compõem a

atmosfera da terra, permitindo assim a respiração dos seres que

iriam emergir. Permitiu também que células, embriões da vida,

somente algumas, evoluíssem de etapa em etapa em peixe, depois

em macaco, e finalmente em ser humano, desafiando assim todas

as leis da probabilidade. Mas também o deus Acaso teve a

sabedoria de parar esta evolução no momento certo para que não

pudéssemos viver juntos com seres que se assemelham ao mesmo

tempo a homens e a macacos.

E para tudo coroar, o deus Acaso tudo criou de forma

harmoniosa, respeitando as proporções muito bem definidas,

evitando monstruosidades tais como homens e mulheres com um

só olho, três orelhas, sem nariz, e tendo dez membros, etc.

Milhões de jovens Europeus que não aguentavam mais as

hipocrisias e mentiras que se escondiam por detrás dos rituais de

uma Igreja que não tinha senão o discurso do fogo sulfuroso e

eterno do inferno para os manterem no bom caminho, gritaram de

alegría, deitando as suas Bíblias para as urtigas. A nova e atraente

teoria do deus Acaso tornou-se então o seu novo credo. A evolução

representando a mais moderna ciência, a consciência podia ser

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Abuso à Humanidade e Falsa Supremacia 197

esmagada, e os seres humanos que, obviamente, não eram da

mesma ascendência que os Europeus podiam agora ser enjaulados

e exibidos nos jardins zoológicos.

Louvando Darwin para a sua louca teoria, os racistas logo

estabeleceram uma escala de valores pseudo-científica do género

humano, o grau de humanidade de uma raça dependendo da sua

cor da pele e da sua morfologia geral. Assim, o Europeu posicionar-

se-ia no topo da escala, o Asiático no meio e o Africano em baixo,

logo antes do primata !

Esta teoria permitiu também elaborar o conceito do

“Darwinismo social”. De acordo com esta teoria, os “povos

superiores” estão destinados a dominar as massas dos "povos

inferiores” e de dispor deles como quiserem. A implementação

deste postulado resultou com a divisão dos países africanos e a

pilhagem das suas riquezas naturais mediante os interesses dos

poderes imperialistas europeus reunidos em Berlim a quando da

célebre Conferência de 1885.

O pai de Darwin pregava a verdade; seu filho empenhava-se a

destruí-la. Darwin pai proclamava, parafraseando o apóstolo Paulo

que “de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre

toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados

e os limites da sua habitação” (Actos 17:26).

Que diria Darwin filho ele que se trajava em togas da ciência,

perante as provas científicas trazidas hoje pela genética,

demonstrando que este homem à origem da humanidade − Muntu,

Mundus, Mundo − era um… Africano? Confrontado a uma tal

evidência, o dogma da preeminência e da supremacia da raça

branca já não pode resistir.

As humilhações, as espoliações, os crimes contra a humanidade

que sofreu a África só foram possíveis pelo facto de um Stolen

Legacy, a saber uma “Herança Usurpada”.

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198 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

HOMENAGEM AO PROFESSOR GEORGE G. M. JAMES

“Herança Usurpada”: Esta expressão é uma homenagem ao

cientista afro-americano George G. M. James. No Stolen Legacy,

um livro controverso publicado no princípio dos anos cinquenta, o

professor James expõe a Grande Impostura. A saber, que o termo

"filosofia grega” pode ser considerado como uma fraude cultural e

científica. Em realidade, filósofos e cientistas gregos tão famosos

como Sócrates, Pitágoras, Tales, Anaximandro, Xenófanes,

Heraclito, Platão e Aristóteles, foram alunos neófitos da filosofia e

da ciência dos Egípcios. Muitos de entre eles que fizeram a viagem

pela a África, uma vez de regresso a Grécia, contentaram-se em

plagiar as obras dos seus mestres Egípcios, colhendo a glória de

descobertas que na altura já eram ensinadas há várias gerações no

Egipto.

Será que poder-se-á realmente acreditar que os negros

Egípcios poderiam ter construído as pirâmides que ainda hoje são

um grande mistério para os cientistas sem entretanto dominar

teorias ensinadas nas escolas e universidades como pertenças ao

génio grego? As pirâmides constituem uma soma de ciências

− matemáticas, físicas, geométricas − que nos permitem acreditar

que não. Os Gregos foram os vulgarizadores, e não os inventores

dessas teorias, tal é a verdade.

Uma vez mais, o testemunho dos Anciãos não sofre, a este

respeito, nenhuma contradição. Assim o escritor grego Plutarco

testemunha que “os mais sábios de entre os Gregos, Sólon, Tales,

Platão, Eudoxo, Pitágoras… viajaram para o Egipto e aí conferiram

com os sacerdotes do país”. Acrescenta: “Diz-se que Eudoxo foi

instruído por Conufis de Memphis, Sólon por Sonchis de Saïs,

Pitágoras por Enufis o Heliopolitano. Pitágoras principalmente,

cheio de admiração a estes sacerdotes, a quem ele inspirou ele

próprio o mesmo sentimento, imitou a sua linguagem enigmática e

misteriosa e revestiu os seus dogmas do véu da alegoria.”

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Abuso à Humanidade e Falsa Supremacia 199

Aristóteles diz a mesma coisa. Ele sacudiu o mito da origem

grega das matemáticas escrevendo que “o Egipto foi o berço das

artes matemáticas” (Metafísicas, A1, 981, b23).

Para voltarmos ao Professor James, um dos pioneiros da luta

para uma reabilitação da verdade histórica, este encontrou uma

morte violenta logo após a saída do seu livro acima citado, vítima

de um misterioso acidente de carro quando deslocava-se da

universidade de Arkansas onde era professor de matemática e de

civilização grego-latina para Nashville onde residia a sua família.

Através do seu prematuro desaparecimento, cuja causa natural

fica contestada por muitos investigadores, o Dr. Georges G.M.

James pode ser alistado como mais um mártir dos heróis que

morreram por ter denunciado a impostura. De facto, as suas

pesquisas induziram-no a questionar o dogma de uma civilização

grego-latina imaculada, nascida como por geração espontânea, um

facto que a classe dominante daquele tempo não podia aceitar.

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ANNEX III

As Madonas Negras: Todas as Explicações Salvo a Boa

cerca das Madonas Negras, apesar de fluxos de tinta

derramados no tópico, os pseudo-especialistas –

exceto o Padre Van den Steen, clérigo alemão do

século XVII − nunca resolveram-se a considerar a

única hipótese plausível : a da negritude da mãe do Cristo. Vamos

tentar varrer o cúmulo de preconceitos que proíbe a verdade de

luzir e prevalecer.

Para explicar a profusão das Madonas Negras na Europa, os

historiadores, teólogos, exegetas e outros estudiosos da Bíblia

recusaram sempre admitir a evidência. A saber que se a Madona

era primitivamente representada negra é porque o Israel das doze

tribos é… negro ! Esta é a única explicação lógica, a única que não

contradiz o bom senso nem a razão.

Na panóplia das explicações mais ou menos fantasistas que

foram propostas para explicar a cor bronzeada (é um eufemismo)

da Madona, seleccionamos as mais praticadas para demonstrar que

a Grande Conspiração do Stolen Legacy existe em realidade, que

não é uma quimera. O nosso dever porém é de sublinhar que não

estamos favoráveis a qualquer representação da mãe de Jesus, ou

de qualquer outro personagem da Bíblia, de acordo com a

interdição que se encontra no Decálogo (Êxodo 20:4). Se trata

simplesmente de enfrentar o adversário no seu próprio campo e de

usar uma das suas armas favoritas como um boomerang. Uma vez

mais, poder-se-á perceber que o embaraço que transpira das

explicações que se seguem é uma confirmação que, decididamente,

“querem” nos esconder algo…

A

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202 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

a) A cor preta emana de uma fantasia de artista;

b) As estátuas foram fabricadas por escultores negros;

c) Os protótipos originais foram esculpidos numa substância

negra;

d) As estátuas foram enegrecidas pelo tempo sob o efeito de

várias acções;

e) A cor preta foi escolhida para traduzir a melancolia da Idade

Média acabando;

f) A cor negra foi escolhida por Maria, em referência às palavras

pronunciadas pela noiva dos Cantares de Salomão: “Eu sou

morena e agradável, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de

Quedar, como as cortinas de Salomão” ;

g) A Madona é preta, porque pertencendo a uma raça pecadora,

ela simboliza a Mãe das Dores;

h) As Madonas negras são transposições dos ícones de Santo

Lucas.

A última explicação que guardamos para o fim é, para nós,

aquela que aproxima-se mais da verdade. Quanto às outras, é fácil

refutá-las uma por uma.

A) FANTASIA DE ARTISTA?

Quando se sabe que os artistas em questão são europeus e que a

figura que deviam representar constitui para eles a essência

mesma do sagrado, fica difícil de entender por que razão eles

teriam optado para uma cor diferente da cor deles próprios.

Estabelecendo um paralelo com os artistas do Egipto antigo, visto

que eram pretos, sempre representaram Osíris e Isis, os seus

deuses, com cor de ébano (preta). A ideia de um Osíris e de uma

Isis representados com cor diferente da cor negra não podia subir à

sua mente.

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As Madonas Negras 203

B) OBRA DE ESCULTORES NEGROS?

Dever-se-ia neste caso admitir que todas essas obras foram

importadas de África ou de qualquer outro pais de Negros, o que é

absurdo.

C) PROTÓTIPOS ESCULPIDOS NUMA SUBSTÂNCIA NEGRA?

Hipótese plausível mas neutralizada pelo facto que a maioria das

estátuas eram pintadas e não esculpidas na madeira.

D) ENEGRECIDAS PELO TEMPO SOB O EFEITO DE VÁRIAS ACÇÕES?

Aqui, duas explicações foram sempre adiantadas:

- A cor preta resultaria do fumo das velas acendidas por

gerações de peregrinos;

- A cor preta resultaria de problemas de oxidação devida à

acção do fogo, ou dos sales minerais, ou do facto que, muitas

vezes, essas estátuas foram enterradas para escondê-las,

particularmente durante as revoluções ou as guerras de

religião.

Estas hipóteses são fáceis de refutar. Admitindo que as

Madonas foram enegrecidas pelo fumo das velas ou qualquer acção

extrínseca, como então explicar a existência de Madonas brancas?

Com efeito, salvo as estátuas de execução mais recente, as

brancas deveriam ter enegrecido também, as mesmas causas

(vapores, oxidação, interacção) produzindo os mesmos efeitos.

Constata-se, além disso, que os olhos (brancos) e os lábios

(vermelhos) das Madonas negras guardaram estes coloridos. Por

que razão não enegreceram também?

E) TRADUZIR A MELANCOLIA DA IDADE MÉDIA ACABANDO?

Embora romántica, esta hipótese não merece nenhuma análise

séria.

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204 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

F) NOIVA DOS CANTARES DE SALOMÃO?

Hipótese interessante porque coloca os princípios de uma negritude

de Israel (simbolizada pela Madona, cf. Apocalipse 12). O problema

é que cerca de mil anos separam os dois personagens (a Noiva e a

Mãe de Cristo);

G) NEGRA PORQUE PERTENCENDO A UMA RAÇA PECADORA...

Estamos aqui frente a um fenómeno encontrado de vez em quando

nas nossas pesquisas; em outros termos, se trata de culpabilizar a

vítima. Posta em perspectiva, os episodios mais lúgubres da

história da humanidade (escravidão, colonização, espoliação das

riquezas alheias, guerras mundiais, bombas atómicas, terrorismo

cego, etc.) nos induz a paraphrasear o Cristo quando declara:

“porque reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e

não vês a trave que está no teu olho?” (Mateus 7 : 3). Se trata aqui do

“síndromo do argueiro e da trave”, uma doença frequëntemente

encontrada entre as tribos europeias...

H) TRANSPOSIÇÃO DE ÍCONES DE SÃO LUCAS?

Lucas, apóstolo de Cristo, não se seria enganado de cor ao

representar a mãe querida do seu Senhor. Algumas fontes afirmam

que Lucas é o único dos apóstolos que não pertence às tribos de

Israel. Provavelmente de origem síria, se pode considerar que ele

ousou transgredir por essa razão o segundo dos dez mandamentos

− "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança

do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas

águas debaixo da terra" (Ệxodo 20:4) − ao pintar a Madona. Mas é

difícil de acreditar que ela, filha de Israel, pudesse aceitar tal

proposta sem um imperioso motivo. O único que se pode examinar

é que, sabendo o Stolen Legacy que iria cometer-se no futuro, ela

quis deixar um retrato dela despenteando a sua verdadeira raça.

Dito isto, a lição a tirar desta última explicação é que se os

estudiosos da história bíblica aceitaram a ideia que Lucas pintou a

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As Madonas Negras 205

mãe de Jesus preta, é que Israel é preto. Todas as outras

explicações são brincadeiras e quimeras.

A busca da verdade no coração do homem é tão forte que,

apesar de tudo, a Europa sentia intuitivamente que são as Madonas

pretas que levam o selo da autenticidade histórica. É assim que

viu-se autênticas Madonas românicas (brancas) levadas nas

oficinas de restauração para se transformarem em estátuas pretas.

Acreditamos que à luz de tudo isso, temos argumentos válidos

para demonstrar que o Israel das origens, a saber as doze tribos,

é preto como a Madona que representa um dos seus maiores

emblemas. É por isso que Apocalipse 12:1 nos descreve a mulher

descida do céu como "vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e

uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça." As doze estrelas

simbolizam sem nenhuma dúvida as doze tribos de Israel.

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ANNEX IV

" Stolen Legacy »: A Bíblia, um Livro Africano?

izraim, o segundo filho de Cam, é segundo as

Escrituras o antepassado epónimo dos Egípcios. Este

simples facto coloca-o indubitavelmente na herança

cultural negro-africana. Hoje em dia Mizraim o

Africano tornou-se em Mizraim o Asiático… Por que razão era tão

importante para os chantres da concepção imaculada das culturas

grego-latina e judeo-cristã “descolorar” os descendentes de Cam,

os Egípcios ? Porque é que era tão importante para eles de

cortarem literalmente esta nação do resto do continente negro?

Por várias razões, a principal sendo sem dúvida que a Europa

nunca podia estender a sua dominação sobre o mundo se não

tivesse elaborado uma fábula à medida das suas ambições. Deixar

subsistir provas que os arrogantes conquistadores da "pura" Europa

devem aos desprezados Negros a cultura da qual eles se orgulham,

constituía uma incongruência. Qual é a fonte principal deste

orgulho, senão o sentimento de pertencer a uma raça pseudo

superior? E pode-se então fazer parte de uma raça superior

enquanto não se poder provar que Deus mesmo se encontre em

seu campo?

É portanto nesta base estratégica que os falsificadores

meteram mãos à obra. O Cristo, reconhecido como filho de Deus,

não podia continuar sendo esse homem de dores acostumado ao

sofrimento, cuja a face não corresponde aos críterios de beleza

deste mundo − descrição do Africano que ele é − e que não se

enquadra no papel que forçavam-no a desempenhar. Por

M

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208 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

conseguinte, a sua bandeira, longe de representar a esperança do

pobre explorado pelo rico e do fraco espoliado pelo poderoso, foi

desviada para servir de álibi a um imperialismo pouco respeitoso

dos direitos humanos. Segundo a expressão consagrada, a aliança

da Bíblia com o canhão tinha nascido. Assim sendo, o Cristo que

teve a “desastrada” ideia de aparecer numa região do mundo

definida pelo eminente historiador e etnólogo alemão Herbert

Wendt como o “berço da raça negra”, era necessário apagar todo o

rasto de "má etnicidade” da face da nação da qual ele saiu, a

saber, Israel !

Porém, Israel, como nação, surgiu... no Egipto !

Consequentemente, havia um grande risco em deixar circular a

informação de que o Egipto é, na sua origem, negro. Com efeito,

Israel só podia ser branco sob a condição de que o Egipto, que foi o

seu cadinho, o seja igualmente ! Assim sendo, as fontes históricas

à disposição do público foram truncadas, manipuladas, falsificadas.

Por exemplo, Napoleão não hesitou em desfigurar o Sfinx, essa

escultura monumental de um leão com cabeça de homem, a golpes

de canhão. É assim que o nariz gigante do faraó Kuvu, que os

Gregos baptizaram por Keops, caiu no chão para sempre. Muitas

das esculturas da Mesopotâmia e do Egipto foram decapitadas ou

ainda mutiladas pela mesma razão.

E quando este trabalho de falsificação tornava-se impossível

− em relação à Bíblia por exemplo − os textos foram traduzidos ou

interpretados de uma maneira enganadora. Um dos exemplos entre

tantos outros é: em vez do “você não estará envergonhado” que

encontramos nos textos bíblicos de origem, os tradutores europeus

traduziram “não ireis corar de vergonha”, o que deixa supor que se

o sujeito em questão pode corar, é que se trata de branco.

Um caso flagrante: no famoso episódio onde o jovem David,

futuro rei de Israel, desafia num combate singular o gigante de

Canaã Golias, a vontade deliberada de enganar é patente. De facto,

a maioria dos tradutores descrevem David como loiro ! “E olhando

o Filisteu e vendo a David, o desprezou, porquanto era jovem loiro

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A Biblia, Um Livro Africano? 209

e de gentil aspecto." Ora, a palavra hebraica traduzida por loiro é

adon. Porém, esta palavra significa vermelho e não loiro. No limite,

a tradução correcta deveria ser “ruivo”. O facto de que alguns

tradutores, tal como Louis Segond, tornassem loiro o que é ruivo

deriva do fantasma do Ariano loiro promovido pelos Nazis.

Mas devolvamos esta história ao seu verdadeiro contexto. O

Filisteu Golias, como também David, pertenceram ambos à mesma

raça. Portanto, fazer passar o semita David por um branco e o

camita Golias por um preto − ou ambos por brancos − é uma

impostura, pois o termo “semita” não define uma raça distinta mas

um grupo linguístico. O mais plausível é que o que diferencia David

de Golias além da estatura do segundo personagem é um tom de

cor da pele. Do mesmo modo que não existe uma raça branca da

cor do gesso, de igual modo falar de raça negra evocando todos os

Negro-Africanos é uma facilidade de linguagem. Basta observar o

mosaico de cores existente no seio desta comunidade para se

convencer. Pode-se encontrar numa mesma nação e na maior parte

dos casos no seio duma mesma etnia, tom de cores das mais

variadas que vão da mais escura à mais clara.

Em toda a parte da África sul-saariana, aqueles que têm uma

tonalidade de pele clara são qualificados de... vermelhos, o

famoso adon da versão hebraica do texto em referência ! Por

exemplo, buaki em kikongo e motane em lingala, epítetos tirados

de dois idiomas diferentes da África central, significam “vermelho”.

São estes termos que definem a tonalidade de cor dos negros de

pele clara.

Mas voltando a Israel, apesar dos esforços dos usurpadores

para amordaçar a verdade, os factos são teimosos e falam por si.

Assim, a reunião mística entre Maza (Moisés), o grande iniciador e

legislador da nação de Israel, e o seu Deus, teve lugar numa terra

africana. Foi também em terra africana, o Monte Sinai, que Deus

ditou os Dez Mandamentos ao legislador que ele se escolheu, antes

de designar Canaã, novamente terra africana, como território

prometido ao povo eleito.

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210 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

OS CARTÓGRAFOS AO SERVIÇO DO STOLEN LEGACY

Quanto à pergunta de se saber o que é a África, Ali A. Mazrui

responde de maneira lapidária: “It is what Europeans finally

decided it was." Todos os estudiosos que se debruçaram sobre esta

questão depois de se despirem dos preconceitos habituais na

matéria são unânimes nas suas conclusões:

"O antigo território de Canaã era apenas uma extensão da massa

continental africana e nos tempos bíblicos, os Africanos tinham o

hábito de a atravessar nas suas migrações para o Crescente fértil

irrigados pelos rios Tigre e Eufrates da antiga Mesopotâmia.

Existem mapas antigos que apresentam a conexão anterior da

África continental com a massa de terra vizinha do Nordeste...

Por causa do ensino enganoso dos historiadores ocidentais em

relação a esta parte do mundo, os estudantes foram induzidos a

acreditar que Havilah (a Arábia), Etiópia (a África), e Assíria (a

Mesopotâmia), a Pérsia e Síria estavam separadas e sem elo de

ligação no seu contexto histórico e geográfico. Porém, na época

bíblica, estavam intimamente ligadas. Os povos viajavam

regularmente da África profunda em direcção a África do

Nordeste (Canaã/Palestina) ou seja, Israel. Não existia nenhuma

barreira de água que separava estas duas regiões. O Canal de

Suez só foi construído no século XIX e só durante a Segunda

Guerra Mundial é que os correspondentes de guerra começarão a

referir-se à África do norte e a do Nordeste como sendo o Médio

Oriente. O termo Médio Oriente escamoteava, de facto, a palavra

África."lxii

Por todas estas razões, o pastor afro-americano Rudolph R.

Windsorlxiii, demonstra, com uma rara erudição, que a Bíblia é, na

sua essência, um livro africano. Segundo ele, basta analisar o papel

desempenhado pelas nações negro-africanas na Bíblia comparado a

aquele das nações europeias para se descortinar a verdade.

Assim, a palavra Roma e seus derivados só são mencionados

perto de 20 vezes na Bíblia, e ainda, somente no Novo Testamento.

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A Biblia, Um Livro Africano? 211

Quanto ao Antigo Testamento, a palavra Roma não é citada.

Entretanto a palavra Grécia e seus derivados só estão mencionados

26 vezes no Novo Testamento e 4 no Antigo. Em conclusão, as

nações europeias na sua totalidade aparecem 4 vezes no Antigo

Testamento. O que, comparado aos povos e lugares negro-

africanos, é mais que irrisório.

A cidade africana de Sidom e os Sidomenses, assim chamados

de acordo com o filho primogénito de Canaã (Gênesis 10:15), estão

citados 17 vezes, a Etiópia é citada 40 vezes, a cidade africana de

Tir e seus habitantes estão mencionados 57 vezes, o povo africano

designado de Cananeenses é mencionado 153 vezes, e os Egípcios

727 vezes !

Como podemos constatar, a implicação dos Negros na Bíblia é

tal que não se pode imaginar um Israel branco mergulhado neste

“mar negro”.

As provas a este respeito transbordam de tal sorte que alguns

eruditos de boa fé foram interpelados. Assim, o célebre explorador

e missionário inglês David Livingstone, quando chegou no centro do

continente africano no século XIX, declarou que a fisionomia geral

dos negros que aí encontrou o fazia recordar mais a fisionomia dos

antigos Assírios que ele tivera visto nos monumentos daquela zona

do que aquela definida pelos etnólogos e antropólogos racistas do

seu tempo.

A ligação que estabelece o explorador inglês entre as regiões

onde nasceu a Bíblia e a África está atestada por várias fontes.

Mencionaremos duas para concluirmos:

"A Sumer, que tantas vezes nos foi apresentado como a primeira

civilização do mundo, as raízes africanas dos habitantes originais

são reveladas pelo nome que eles próprios se atribuíram, a saber

as “Cabeças Negras". Além disso, a primeira capital de Sumer foi

chamada Kish, o mesmo radical que o egípcio Kish, que designa

Cuxi, ou seja a Etiópia."lxiv

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212 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

"Para ter uma ideia da natureza misturada de todas as

populações do antigo Oriente, devemos nos imergir

completamente nas noções contémporâneas de raça. Os Caldeus,

por exemplo, que moravam na terra de onde Abraão, o

antepassado dos Judeus, tivera saído, eram negros, segundo

Godfrey Higgins e outros pesquisadores".lxv

Antes de fecharmos este capítulo, nós não devemos deixar

persistir nenhuma ambiguidade. Quando afirmamos que Sidon e

Tir, situados na zona que hoje em dia é chamada Medio Oriente,

são cidades africanas, isto não pode ser senão com referência ao

antepassado epónimo Cam, pai de Cuxi, avô de Ninrod. Ele é a

figura histórica que está à origem de todas as cidades ditas

mesopotâmicas: Babel, Erec, Accad, Calné, Ninive, Sidon (cf.

Gênesis 10:6-20).

O termo "cidade africana” deve-se entender no seu sentido

étnico. Ele sugere que a África, pela parentela genética dos seus

habitantes para com os povos do Oriente, não se limitava às

fronteiras que lhe são definidas hoje em dia.

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ANEXO V

O Reino do Kongo dia ‘Totela, Nsi a ‘Kana

uitas coisas foram ditas e escritas acerca do antigo Reino do Kongo, particularmente pelos missionários e colonos portugueses. Porém, bem poucos daqueles que investigaram sobre a sua história

souberam evitar a armadilha do paternalismo, para não dizer do racismo, que proclamou sempre que os bons Europeus vieram "civilizar" os Africanos apenas saídos da Idade da pedra. O que é preciso dizer, em realidade, é que não existe somente uma África mas várias Áfricas, com diferenças enormes entre as regiões, a todos os níveis, cultural, técnica, social, espiritual, etc. Assim, algumas esferas geográficas, longe de corresponder aos clichés habitualmente veiculados acerca de África, reflectiam, segundo o historiador e etnólogo alemão Leo Frobénius, a seguinte imagem:

"Não que os primeiros navegantes europeus do fim da Idade Media não tivessem feito neste domínio observações muito notáveis. Quando chegaram na Baía de Guiné e abordaram a Vaida, os capitães ficaram admirados de encontrar ruas organizadas com, em cada lado, kilómetros e kilómetros de árvores: atravessaram durante longos dias uma zona agrícola coberta de magníficos campos, habitados por homens vestidos de roupa de cor brilhante cujo material era fabricado por eles próprios! Mais para o sul, no Reino do Kongo, uma enorme multidão vestida de seda e veludo, grandes Estados bem ordenados, e isto nos infinitos detalhes, soberanos poderosos, indústrias opulentas. Civilizados até à medula dos ossos ! ”lxvi

O Dr. Georges Balandier, historiador, etnólogo e sociólogo francês, no seu livro consagrado ao Reino do Kongo, aproxima-se mais da verdade. Na página 213, ele declara:

"Os antigos colunistas assinalam o grande número dos circuncisados e interrogam-se acerca da origem desta prática.

M

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214 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Pigafetta sublinha a generalidade deste costume: Estes povos praticam a circuncisão à maneira dos Judeus. ”lxvii

Recordemos aqui o que já destacamos algum tempo atrás:

Heródoto, o pai da História, revela sobre os Colcheses que ele está

persuadido que se trata bem de Negros, a partir de três elementos:

(a) a cor da pele; (b) a textura lanuginosa do seu cabelo e,

principalmente, (c) a prática da circuncisão. Como se pode

constatar, 500 anos antes de Cristo, numa época em que os

Hebreus estão instalados na Palestina desde há um milénio, a

prática da circuncisão, instituída por Abraão de acordo com a Bíblia

(Gênesis 17:9-10) ainda permanece uma característica exclusiva

dos Negros.

Todavia, na página 201, Balandier, falando da música fúnebre

que acompanha o rei na sua última residência, observa que os Exi-

Kongo "fazem ressoar (dos seus instrumentos) um som tão triste

que nunca ouviu-se causa igual de tristeza. Eles tocam doze vezes

esta música. Esta cerimónia evoca as doze gerações do Kongo

donde provêm os primeiros reis (...). O sentido geral desta fase do

ritual é claro, mas um ponto fica por especificar: as doze gerações

mencionadas correspondem antes aos doze clãs primordiais

considerados como a fundação do conjunto kongo. ”

Finalmente, sobre a agricultura, ele destaca que os Exi-Kongo

"cultivam doze tipos de plantas alimentarias, que maduram durante

um mês distinto, para dispor de comida fresca durante todo o ano.”

Com respeito a este último ponto, o paralelo é embargante com

a passagem do Apocalipse que anuncia que no meio da Nova

Jerusalém “havia a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o

seu fruto de mês em mês" (...) (Apocalipse 22: 2).

A existência desta árvore da vida no coração da capital do

antigo Reino do Kongo, Ambassi, mais tarde chamada São

Salvador, ou seja "a cidade de Jesus Cristo" pelos Portugueses, é

conhecida de todos os seus nativos. Com efeito, a esta árvore, o

Yala n’Kuwu, está emprestada a particularidade extraordinária de

ter, como seiva, sangue humano. Os colonos portugueses

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O Reino do Kongo, Nsi a Kana 215

comprovaram-no quando, irritados pelos rumores dos poderes

sobrenaturais que os "nativos" atribuíam a esta árvore cuja idade é

desconhecida, tinham decidido cortá-la. As mãos cheias do

“sangue” que tinha jorrado do tronco da árvore, interromperam

imediatamente o abate, e foram obrigados a pôr um gesso de

cimento na "ferida" que eles tinham infligido à misteriosa árvore...

O antigo Reino do Kongo é – que nos permitam recordá-lo –

a verdadeira Terra da Promessa. Se ele existisse ainda hoje nas

suas fronteiras daquela época, seu território abrangeria o

prodigioso espaço geografíco de Angola e dos dois Congo

(República Democrática do Congo e Congo-Brazzaville), terras de

uma riqueza (começando por uma hidrologia ilimitada, a falta de

água sendo um problema crucial do futuro) tão fabulosa que

justifica plenamente a expressão bíblica consagrada: “uma terra

onde emana leite e mel ” (Levítico 20 : 24).

O malogrado pastor Martin Luther King da diáspora afro-

americana teve o privilégio, algumas horas apenas antes do seu

assassinato − tal Moisés contémplando do cume do Monte Horeb a

terra de Canaã − de ver pelo Espírito Santo este reino. Falando a

um auditório composto unicamente de Afro-Americanos, proferiu

estas palavras proféticas: “Pode acontecer que eu não chegue ao

término do caminho com vocês... Eu quero que esta noite saibam

portanto que nós como povo chegaremos à terra prometida.”

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216 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Esta visão profética do mais famoso dos Afro-Americanos

acontece ao término de 400 anos de deportação nesta Nova

Babilónia que são os Estados Unidos de América. A região da África

onde começou esta deportação, em realização da profecia bíblica

(Actos 7:6), é onde logicamente se deve situar a presença das

tribos de Israel. Porém, que dizem as fontes históricas?

"Os portugueses foram os pioneiros do negócio dos escravos na

África ocidental. Nas ruínas do Reino do Kongo que eles

desmantelaram progressivamente, levaram, segundo os

historiadores como Duffy, mais de um milhão de escravos entre o

século XV e a abolição oficial do tráfico no princípio do século

XIX. »lxviii

400 anos de escravidão ! No exemplo do sapato de Cinderella que não podia calçar nenhuma outra pessoa, este detalhe dos 400 anos de escravidão numa terra estrangeira, nenhum outro povo no mundo não podia o calçar, salvo os Africanos. O mestre da investigação criminal, o inglês Sherlock Holmes, tivera com certeza colocado a sua lupa nesta região do mundo para elucidar o mistério do desaparecimento das tribos perdidas de Israel. Esta escravidão aconteceu em realização das Escrituras: “As profecias do Livro sobre nós hão de cumprir-se” canta a Diáspora,lxix referindo-se aos textos abaixo citados:

"E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade da terra" (Deuteronómio 28:64).

"E lançaram a sorte sobre o meu povo, e deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem" (Joel 3:3).

"E falou Deus assim: Que a sua descendência sera peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão e a maltratariam por quatrocentos anos" (Actos 7:6).

Com respeito a esta servidão de 400 anos, algumas precisões são necessárias. Para praticamente todos os especialistas da Bíblia, esta servidão de 400 anos dos filhos de Israel aconteceu no Egipto.

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O Reino do Kongo, Nsi a Kana 217

Ora, a própria Bíblia afirma que o total dos anos da estadia do povo de Deus no Egipto foi de... 430 anos: “O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egipto foi de quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egipto (Ệxodo 12:40-41).

Aqui surge uma contradição, pois não se pode imaginar que foi somente em uma geração, ou seja em trinta anos, que “os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles” (Ệxodo 1:7). Não, Israel permaneceu no Egipto pelo menos cem anos antes que se levantasse um “novo rei sobre o Egipto que não conhecera José” (Ệxodo 1:8). Assim a escravidão do povo de Israel no Egipto não podia logicamente ser de mais de 300 anos, destacando o facto que os 400 anos acima referidos serem uma profecia que devia realizar-se num outro contexto da história de Israel.

E além disso, a Bíblia afirma que os Israelitas seriam vendidos: “Porque assim diz o Senhor, por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados” (Isaías 52:3). No Egipto, os Hebreus não foram vendidos mas estando sem defesa entre as mãos de Faraó, ele portanto lhes reduziu aos trabalhos forçados sem que gastasse um centavo.

E finalmente, se o número quatro simboliza biblicamente o reinado − falaremos nisso mais tarde − encarna também o castigo, a sanção, a prova. Por causa dos seus pecados, o Senhor destruiu a humanidade, com a excepção de Noé e sua família, pelo dilúvio que, durante 40 dias e 40 noites, inundou a superfície do globo. Os filhos de Israel, por causa da sua permanente rebeldia durante o êxodo, foram condenados a vagar 40 anos no deserto. O profeta Jonas, enviado pelo Senhor, ameaçou Nínive de destruição num prazo de 40 dias se os habitantes da cidade não se arrependessem das suas malícias. O próprio Jesus foi tentado pelo diabo após jejuar 40 dias e 40 noites. Para acabar com esta comparação, Jerusalém, capital de Israel, foi destruída pelos romanos 40 anos depois do início da missão de salvação do Messias e sua crucificação naquela cidade…

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218 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Assim raciocinando, os 400 anos de escravidão dos Hebreus não podem senão corresponder a um castigo, o cumprimento de um oráculo do Senhor:

"Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu

Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e

os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas

estas maldições e te alcançarão: (Deuteronómio 28:15)... Teus

filhos e teus filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o

verão, e após eles desfalecerão todo o dia; porém não haverá

poder na tua mão. O fruto da tua terra e todo o teu trabalho o

comerá um povo que nunca conheceste; e tu serás oprimido e

quebrantado todos os dias (Deuteronómio 28:32-33). E o Senhor

te fará voltar no Egipto em navios, pelo caminho de que te tenho

dito : Nunca jamais o verás; e ali sereis vendidos por servos e

por servas aos vossos inimigos... (Deuteronómio 28: 68).

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O Reino do Kongo, Nsi a Kana 219

Estas profecias, estas maldições proferidas por Deus para

manter o seu povo no bom caminho − todos os livros de história o

testemunham − cumpriram-se unicamente em África, revelando

assim o lugar onde foram esconder-se as doze tribos de Israel.

Os quatrocentos anos de servidão, a Diaspora africana

espalhada na América do norte, central e do sul, sem esquecer as

“ilhas de longe” (Jeremias 31:10) os viveram no seu corpo, o corpo

martirizado dos filhos e filhas de Isolele.

Em conclusão, basta se saber que esta Diáspora partiu, em

primeiro lugar, do antigo Reino do Kongo, para afirmar e proclamar

que Kongo-dia-‘Totela é a verdadeira Terra da Promessa.

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ANEXO VI

O Kikongo, Idioma da Revelação

maginemos um momento que a junção entre Isolele e

Israel seja realizada. Imaginemos que alguns entre os

Sionistas tivessem persistido em duvidar da verdadeira

identidade dos nativos de Kongo-dia-‘Totela. Sabendo

que a tradição dos Hebreus afirma que o idioma deles é o idioma

original, visto que veio dos céus antes da confusão dos idiomas na

Torre de Babel, portanto os mais sábios entre eles teriam dito:

“Examinemos o idioma desse povo. Considerando que o povo de

Israel é antes de tudo o povo da Palavra, o povo do Logos, a

nação que reivindica ser à das 12 tribos de Israel deveria poder

demonstrá-lo apenas pela análise do seu idioma. ”

Assim sendo, toda veleidade de dúvida teria sido aniquilada. Há

em primeiro lugar, a similaridade que se constata entre o kikongo e

o caldeu-hebráico (vamos daqui em diante designar o kikongo pela

abreviação KKG e o idioma falado em Israel hoje em dia por CDH).

Por exemplo, bana em KKG significa "filhos", é bana, bene,

b'nei em CDH; tonda em KKG significa “obrigado/a, agradecer” é

toda em CDH; minu em KKG significa "fé", é emouna em CDH;

sana, sanisina em KKG significa “louvar, celebrar, exaltar",

o radical é o mesmo que a palavra hosana em CDH, etc.

A seguir, a partir da simbiose particular, no limite da

metafísica, observada entre a Bíblia e o KKG, simbiose que se

revela aos olhos pasmados do pesquisador, a medida que se

analisa este idioma. "Diga-me como você fala e eu lhe direi quem é

você", tal é o credo do linguista. Visto que um idioma expressa

uma concepção do mundo, formula ideias e exterioriza sentimentos

I

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222 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

que constituem o património espiritual, moral e cultural do povo

que o fala, é este que o define da maneira mais precisa.

É esta teoria, designada por simbolismo, que dominou durante

muito tempo o pensamento dos investigadores e exegetas bíblicos

que analisaram e descascaram o idioma considerado como sendo a

língua da revelação divina, em outros termos o CDH. Os resultados

não comprovaram esse postulado, visto que esses distintos

linguistas tinham ao seu dispor uma matéria enganadora. Na

realidade, o que lhes faltava era o idioma de referência, ou seja o

KKG...

Voltando ao simbolismo, é um sistema de pensamento fundado

sobre a convicção de que os nomes dados por Adão às coisas eram

um tipo de fotografia da realidade: o aceno que é a palavra sendo

motivado. Assim, cada coisa, que seja um número, uma cor,

actividades da vida quotidiana, está justificada por relação às

verdades eternas que a Bíblia expressa.

Uma palavra, como todo ser vivo, tem um passado, um

presente e um futuro. O passado de uma palavra pertence a

iniciadores, artistas da formulação que evitaram de "bater"

palavras por acaso. Eles precisaram de um alto grau de observação

e inteligência para chamar judiciosamente e electivamente os seres

e as coisas que os cercavam. E se acontece que, como no caso do

KKG, é o próprio Criador que é o Inspirador, alcança-se a perfeição.

Neste sentido, Holman Bentley, sábio linguista inglês, quase fez

a Grande Descoberta. Enviado pela Sociedade Missionária Batista

(Baptist Missionary Society, BMS) ao término do século XIX a São

Salvador do Kongo ou ‘Banza Kongo, a capital jà referida do Reino,

empenhou-se, logo após a sua chegada, a realizar a imensa tarefa

de elaborar um dicionário e uma gramática do KKG. Ao fim desta

obra em 1887, este estudioso proclama a sua estupefacção:

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O Kikongo, Idioma da Revelação 223

"À medida que progredíamos no nosso trabalho novas surpresas

nos esperavam, considerando a riqueza, a flexibilidade, a

exactidão, a subtileza de ideia e a beleza da expressão que se

desafogam deste idioma (...). Nós descobrimos então que o povo

kongo possui um idioma tão exacto e tão fiável que as

ambiguidades, as falsidades e as perversões ilógicas que se

encontram tão frequentemente nos idiomas europeus são

impossíveis na dialéctica kongo. As múltiplas discussões e as

montanhas de falsos raciocínios tão frequentemente repetidas em

palavras e expressões indefinidas, que são a razão principal da

zizânia que tem dividido a Igreja cristã, não poderiam perturbar

os Exi-Kongo que têm à sua disposição um meio de expressão tão

exacto e preciso.”lxx

Não sabemos como expressar a nossa gratidão a este distinto

mandarim pela sua honestidade intelectual. Com efeito, a confissão

de Bentley questiona muitos preconceitos porque coloca o KKG

acima de todos os idiomas europeus, começando com o seu próprio

idioma, quer dizer o inglês. Von de Velde, um linguista alemão, já

tinha feito a mesma comprovação em 1880, ou seja, sete anos

antes Bentley, maravilhando-se de que, para ele, “o bantu parecia

ser um vigamento através do qual os outros idiomas deveriam se

reconhecer".

Porém, voltando a Bentley, tivera ele analisado os vocábulos do

KKG sob o ângulo da Bíblia, mais imensa teria sido a sua surpresa.

Teria percebido então que o povo kongo “fala a Bíblia", que não

é possível que o Livro sagrado só os alcançou após a chegada dos

missionários europeus no fim do século XV. No final de contas,

Bentley teria descoberto que estes Africanos que os Europeus

consideravam como crianças atrasadas, eram os verdadeiros

autores − pela inspiração divina, com certeza − deste livro que

revolucionou e continua a revolucionar o mundo.

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224 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

O KKG E O GÊNESIS: UMA PERFEITA COMUNHÃO

Antes de tudo, devemos sublinhar que a narração da unicidade de

Deus, da criação do Universo em seis dias, do homem extraído do

pó da terra, da mulher formada da costela do homem, dos grandes

luminares criados no quarto dia, do sétimo dia como dia sagrado,

todas estas narrativas que hoje fazem parte do património cultural

mundial, não podiam iluminar a mente do ser humano sem uma

inspiração divina. Exceto o povo de Isolele, todos os outros povos

da terra aprenderam a maravilhosa história da Gênesis, seja por

proselitismo da parte do povo eleito, seja pela leitura da Bíblia.

Ora, achar no idioma de uma nação, nas suas palavras de cada

momento, essas verdades divinas insertas com uma presciência

fabulosa, não pode significar senão uma coisa: que os que falam

este idioma são os verdadeiros inspirados do Senhor, o único povo

no mundo a celebrar Deus perpetuamente, mesmo ao contar de

um a dez, o único povo que nunca necessitou do Livro (a Bíblia),

para afirmar a existência do único e verdadeiro Deus, o Deus da

Trindade Cristã.

O KKG é este idioma, o CDH − considerado falsamente como o

idioma da revelação − sendo na incapacidade de competir com o

KKG neste respeito.

‘PATI

Analisemos para começar, uma palavra entre as mais preciosas de

quase todos os idiomas europeus: “Paixão." Todos os dicionários

etimológicos dizem que esta palavra vem do latim passio que

significa "sofrimento, dor. " Quanto à origem desta palavra latina,

não é proposta nenhuma explicação. A razão é que passio, ou mais

precisamente passi, o “o" final sendo apenas uma ponte ligando-o

com o sufixo do genitivo, ou seja passi-o-nis, provem do KKG.

Existe uma escritura chamada "meloítica" que reflecte melhor o

génio do KKG em particular e de todos os dialectos bantu em geral,

do que a escritura alfabética.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 225

A escrita meloítica, fiel nisto com as características da maioria

das escritas antigas, é consonântica, devolvendo assim à palavra a

sua lógica primitiva. Com efeito, todos os linguistas sabem, o

Dr. Habig sendo um entre eles, que as consonantes representam a

ossatura da palavra. A "palavra" pode assim ser comparada com

uma bandeira: a consonante representa o poste, fixo, rígido e a

vogal simboliza o estofo que flutua seguindo a direcção do vento, à

esquerda ou à direita. O vento neste respeito é a regra da eufonia,

ou a beleza do som. Esta é a razão pela qual, nós adoptámos

escrever em letras maiúsculas as consonantes, as vogais estando

em letras minúsculas.

A escritura meloítica também nos permite libertar-nos, em

regra geral, dos nasais, “m" e "n" os quais, segundo convenções

inerentes à escritura alfabética, alteram a ossatura das palavras

bantu. Assim, em vez de escrever mbote,"bom, bonito" em KKG,

o nasal é devolvido em meloítica por um ponto dentro da

consonante, ou por uma apóstrofe precedendo a palavra em

escritura alfabética. Por conseguinte, mbote se escreverá ‘bote.

Do que precede, façamos um trampolim para continuar com a

nossa demonstração. ‘Passi se escreverá em meloítica, P S, com

um ponto no "p" para devolver o nasal. Enquanto em latim, esta

palavra permanece suspensa na vacuidade, sem etimologia própria,

em KKG uma ligação directa é estabelecida com a gênesis bíblica,

na narração da criação de Adão e Eva:

"Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão e

este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne

em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem,

formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora

osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada

varoa, porquanto do varão foi tomada" (Gênesis 2:21-23).

Em todos os idiomas que investigamos, mesmo no CDH, esta

passagem da Bíblia perde o sabor que se nota em KKG.

Analisemos: a palavra ‘PaSi (P S) deriva de ‘Pati (P T). ‘Pati designa

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226 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

o conjunto das 24 costelas do corpo humano. O singular desta

palavra, ou uma costela, é VaTi (V T). Isto significa que em KKG:

VaTi (V T) = uma costela

PaTi (P T) = as costelas.

Visualizando a criação da mulher segundo a Bíblia, assistimos à

primeira operação cirúrgica praticada na história da humanidade.

Esta operação é feita pelo Criador. E como em toda cirurgia, uma

anestesia é exigida para evitar ao paciente de sofrer durante o

acto. A regra é que o cirurgião faz cair o doente num sono pesado.

Quando a acção da anestesia desaparecer, a primeira sensação

percebida pelo paciente é… a dor.

Eis o Muntu,"Adão", o nosso antepassado de todos, que acorda

do sono pesado consequência da anestesia que recebeu de Deus. O

seu sistema nervoso recebe então do cérebro o impulso de uma

sensação por ele totalmente desconhecida, estranha e altamente

desagradável. O homem original não tem nenhuma palavra para

descrever o que ele sente. O seu reflexo normal é de tocar com a

mão o lugar de onde surge a estranha sensação. Adão solta então

um grito, uma palavra, que até hoje em dia ressoa na maioria dos

idiomas principais da humanidade:

- ‘Pati !

O que significa: "Minhas costelas !”

É assim que a palavra "costelas" em KKG foi emprestada por

dois idiomas tão prestigiosos como o latim e o grego, em acto de

vassalagem para com o KKG:

- Latim : Pati = “sofrer, padecer" ;

- Grego : Patos ="sofrimento, dor".

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O Kikongo, Idioma da Revelação 227

De ‘Pati deriva o verbo pâtir (sofrer) em francês e o substantivo

"patologia", tudo o que concerne a dor, as doenças. A lista dos

derivados de ‘Pati é longa.

Enquanto a palavra"sofrimento", ishorim em CDH, fica restrita

no quadro estreito deste idioma, a pergunta que se põe é de saber,

por que é que os distintos linguistas europeus foram procurar uma

palavra de uma língua africana para falar dos sofrimentos do Cristo

na cruz? Assim, o título “Paixão de Jesus Cristo” tornou-se o que

resume, da maneira mais eloquente, os sofrimentos do Filho de

Deus no calvário. A este respeito, porque escolher paixão, do KKG

‘pasi, e não a palavra do CDH, ishorim?

João Sebastião Bach (1685-1750), um dos génios da música,

não podia saber, ao compor a sua monumental obra A Paixão

Segundo São Mateus, que é em África que se encontra a raiz da

palavra que foi a fonte da sua inspiração. Assim, o francês e o

inglês passion, o espanhol pasión, o português paixão são

devedores do KKG neste respeito.

VATI

Mas a nossa demonstração não pára aqui. Agora analisemos o

singular de ‘PaTi que é VaTi. A Bíblia declara que “de um só fez

toda a geração dos homens” (Actos 17:26) e “chamou Adão

o nome da sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os

viventes” (Gênesis 3:20).

Por conseguinte, o nome da “nossa mãe a todos” deve

necessariamente confirmar as duas declarações acima referidas. O

KKG traz a prova disto, pois, Eva é apenas o diminutivo ou uma

alteração de VaTi. A prova é que, basta uma deslocação de vogais,

o "a" tomando o lugar do "i" para formar em latim uma palavra,

pérola do léxico europeu, a saber:

- ViTa, o que significa "a vida”.

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228 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

A relação entre VaTi e o facto de ser mãe, progenitora,

estabelece-se pela palavra WuTa em KKG, “dar à luz, dar a vida",

cuja similaridade com Vita é evidente. Wuta deu em latim útero,

o lugar mesmo onde se forma a vida no seio da mulher. Se VaTi, a

costela, é nossa mãe, a lógica exige que PaTi, ou seja o Adão, seja

o nosso pai. A língua latina, uma vez mais, inclina-se perante o

KKG, recuperando esta palavra para forjar:

- Pater,"o pai, o patriarca, o progenitor”

Além disso, o KKG tem uma outra palavra para designar a

mulher, a companheira, a esposa. Se trata de ‘Kento, que deriva de

Keto, que significa “uma parte, uma metade, um lado”. Assim se

expressa a ideia que o homem, o varão, por um lado e a mulher, a

varoa, por outro lado, são apenas partes, metades, que juntas,

formam o ser humano.

Assim em KKG, o homem diz da sua mulher:

- ‘Kento (K T) ame = uma parte de mim, minha metade, meu

lado (lu-keto);

e a mulher diz do seu esposo:

- Toko (T K) diame, o que tem exactamente o mesmo

significado.

São verdades divinas que se expressam duma maneira tão

simples na língua original, demonstrando que o KKG é, na

realidade, uma língua divinamente inspirada.

Se os exploradores, os missionários e outros colonos europeus

não tivessem sido obcecados pelo orgulho de pertencerem a uma

raça superior, e, como corolário deste sentimento, sentirem

desprezo absoluto para com os Africanos, como é possível, que

tendo estudado o KKG, não viram a evidência? Como explicar que

estes "primitivos analfabetos" podiam estabelecer um vínculo entre

dois conceitos tão distantes como “costelas” e “sofrimento”,

“costelas e pai”, “costela e mulher/mãe”, se eles não conheciam a

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O Kikongo, Idioma da Revelação 229

Bíblia antes da chegada dos Europeus? É claro, os nativos de

Kongo-dia-‘Totela conheciam a Bíblia, pois eles vivem cada

momento mergulhados na inspiração divina que se encontra no

Livro Sagrada, a través do seu idioma.

K T = T K = T K = T K = K T

`Katu (KT) = o vazio, a vacuidade, a inanidade, a vaidade ;

Tuka (T K) = a gênese, o início, o principio, o começo ;

Teke (T K) = a terra, o barro ;

Toko (T K) = o homem original, o macho, o varão

Koto, `KenTo (K T) = o princípio feminino, a fêmea, a varoa...

São palavras que relatam assim a Gênesis bíblica :

“No inicio – TuKa − não havia nada − ‘KaTu − Deus tomou a terra

– TeKe − para formar o homem – ToKo − e depois, da costela

− KeTo − do homem, formou a mulher – KoTo, `KenTo.

Isto dá a equação seguinte: K T (o vazio) = T K (o início) = T K

(o barro) = T K (o varão) = K T (a varoa).

Desafiamos aqui qualquer pessoa a fazer uma demonstração

similar usando qualquer outro idioma.

ACERCA DA COR NEGRA

Falando da terra, do barro que serviu para a formação do ser

humano, aproveitámos esta oportunidade, para destacar, que esta

terra é preta. Esta afirmação não sai da nossa imaginação, mas

sim, ela é um dado científico. Os geólogos russos forjaram um

nome para designar esta terra rica e fértil, o único que corresponde

aos critérios científicos que vamos analisar a seguir. Esta terra

chama-se tchernosium, derivado da palavra russa tcherno, que

significa "preto”.

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230 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

"Está estabelecido, que toda a substância ou matéria na Terra

estão compostas de 92 materiais naturais de base, chamados

elementos. Está estabelecido também que o corpo humano

é composto mais ou menos de 18 destes elementos básicos, que

são essenciais para a vida. A análise da superfície da terra dá a

proporção de 68 a 70% de água e 30 a 32% de terra. O corpo

humano contém a mesma proporção: 68 a 70% de água e 30 a

32% de elementos ou substâncias. A parte fluida do sangue que,

de acordo com a Bíblia, simboliza a vida, contém 91 a 92% de

água, um homem de constituição mediana possuindo 7 litros de

sangue, aproximadamente. O estudo da composição da terra em

elementos e substâncias minerais indica que o ser humano é

fundamentalmente composto dos mesmos elementos que os que

constituem a terra.”lxxi

Visto que não há terra branca ou solo branco contendo os 92

materiais naturais básicos, ou de terra branca ou solo branco que

contêm os 18 elementos básicos essenciais para a vida ou para a

existência na terra, assim, a conclusão se impõe por si mesma:

preto é o tchernosium, preta é a primeira humanidade da qual

todos nós somos as reproduções, apesar do mosaíco das cores

que caracteriza a humanidade actual.

Científicamente, a cor preta devia necessariamente ser a cor da

humanidade da origem. A razão é que o Senhor Deus, na sua

sabedoria, previu uma protecção natural contra a irradiação do sol,

que pode provocar um cancro da epiderme. Esta protecção natural

chama-se melanina, derivada da palavra grega melanos (preto,

negro) bem conhecida de todos os dermatologistas. Mesmo

pessoas de raça branca devem possuí-la, numa mínima proporção,

para ter uma pele saudável. Esta melanina, que encontra-se no

sangue de todos os seres humanos, significa que toda a

humanidade é negra. A prova é que a melanina reaparece quando

uma pessoa de raça clara (Europeia como Asiática) adquire uma

tonalidade de cor mais escura quando se expõe ao sol.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 231

MUNTU, A HUMANIDADE

Mu = “Na”

n’Tu = “Cabeça”

Se quase todo o mundo conhece a palavra bantu que designa a

maior parte dos Africanos negros, em qualquer parte do continente

onde se encontram, poucos são os que sabem que esta palavra é o

plural de muntu, uma palavra carregada de um simbolismo tal que

ilumina também a narrativa da Gênesis.

Como vamos demonstrar, os antepassados dos Bantu

inspiraram-se na relação da criação do mundo segundo a Bíblia,

para formar a palavra muntu. Com efeito, o que diferencia o ser

humano do animal não é outra coisa senão, o cérebro, sede da

inteligência, um órgão absolutamente fabuloso na sua

complexidade. É o cérebro humano que cumpre com a seguinte

palavra bíblica:

“E dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e

sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gênesis 1:28).

É o que permite ao homem de ser o mestre, a cabeça, o n’tu,

de toda a criação.

A primeira palavra que se encontra na Bíblia traduzida por

Chouraqui, um estudioso judaico, é béréschit, derivado da palavra

rosh, “cabeça” em CDH, o que traduzido em KKG é muntu, que já

analisámos.

Que a palavra "cabeça" seja a primeira palavra da Bíblia, não

é fortuito. De facto, enquanto em CDH não existe nenhum vínculo

entre a primeira palavra da Bíblia e o homem, em KKG esta

verdade torna-se clara. Ao abrir a palavra de Deus, se as traduções

da Bíblia forem certas, deveria aparecer “Mu ntu” em primeiro lugar

em KKG, destacando que a Bíblia foi escrita para o homem, de

maneira que possa este compreender a razão da sua criação, da

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232 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

sua existência na terra. Se deve também sublinhar o facto que

Muntu, o ser humano, sendo a imagem de Deus, ele é o mestre, a

cabeça, de toda a criação.

A primeira Bíblia que jamais existiu na terra, foi em... KKG e

uma das provas é que a primeira palavra que normalmente

aparecia na versão original da Bíblia, em outros termos, Muntu,

é aquela que foi escolhida em latim para dar:

Mundus: “o homem, a humanidade, o mundo”.

Mens, mentis: “a mente, o pensamento, a inteligência”,

característica distintiva do homem em relação ao animal.

Não podemos fechar este tema sem trazer à luz uma outra

lição de filosofia e teologia inspirada da palavra Muntu. O ser

humano foi a última criatura de Deus. Ele encontrou-se então no

último grau, fechando a fileira da criação. Porém, Deus o colocou à

cabeça (mu ntu) desta criação, tornando-lhe o primeiro, o chefe, o

rei.

Assim é resumida de uma maneira magistral a palavra profética

do Cristo, quando disse: “Assim os derradeiros serão primeiros e os

primeiros serão derradeiros” (Mateus 20:16).

CONTAR EM KKG É EQUIVALENTE A RECITAR A GÊNESIS

De um a seis, os seis dias cósmicos da Criação

Em quase todos os idiomas do mundo, contar é um exercício banal

que não tem nada a ver com a Bíblia. Todavia, na língua da

revelação divina, simplesmente, ao contar, entramos na intimidade

do Criador.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 233

Mosi, M S = um

Zole, Z L = dois

Tatu, T T = três

Yala, Y L = quatro

Tanu, T N = cinco

Sambanu, S B N = seis

‘Sambuadi, S B D = sete

NaNa, N N = oito

Vuwa, V W = nove

Kumi, K M = dez

Analisemo-los, mosi a mosi, "um por um.":

MOSI (M S) "UM"

A ossatura, a saber, as consoantes da palavra que expressa a

unidade é M S. O primeiro verbo que encontramos na Bíblia

é, lógica divina, "criar."

“No principio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1).

Em KKG existe uma simbiose perfeita entre o número "um",

o verbo "criar" e o substantivo “Criador", ou seja MoSi, SeMa

e ‘Semi, o que na linguística divina dá a seguinte equação:

M S = S M = S M

A correspondência entre "um" (M S) e "Criador" (S M)

demonstra em seguida o que felizmente nenhum missionário de

boa fé tem negado, a saber que o monoteísmo existiu na cultura

dos Exi-Kongo muito antes da chegada dos Europeus na África.

E não só: o facto que esta verdade que constitui a base das três

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234 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

religiões principais da humanidade, o Judaísmo, o Cristianismo e o

Islã, se encontra incrustada no seio do “falar” mais simples

M S = Um = S M = Criador

significa que o monoteísmo foi “formatado" desde o princípio nesta

cultura. A ausência de tal concordância em CDH onde "um" diz-se

ehad e "criar", bara, ou seja ehad ≠ bara, demonstra que

subsistem dúvidas acerca desta língua ser a língua da revelação

divina.

O CDH, por exemplo, fala de Deus no plural, Elohim, singular

de El desde as primeiras linhas da Bíblia. Os locutores do CDH,

porém, rejeitam veementemente a noção da Trindade. Ao negar a

pluralidade de Deus, eles esquecem-se de que o próprio Deus fala

de Sí no plural (exemplo: “Façamos o homem a nossa imagem,

conforme a nossa semelhança”, Gênesis 1:26). Não é isso a prova

mesmo de um Stolen Legacy, de uma cultura alheia e não

assimilada?

Considerando o politeísmo que caracterizava as nações

europeias antes de se converterem ao cristianismo, ficámos

dubitativos ao recordarmos o que foi dito e escrito sobre o

“politeísmo generalizado” dos Africanos. Enquanto o Cristianismo

levou mais de três séculos antes de ser aceite na Europa, através

da conversão do Imperador Constantino em 313 (cf. a Introdução

do livro) e o advento de Teodósio, que proibiu por decreto os cultos

pagãos em 391, o rei de Kongo ‘Zinga recebe os missionários com

entusiasmo em 1485, e seu filho Dom Afonso I manda construir em

1509, simultaneamente, doze igrejas na capital do Reino, as quais

representam as doze tribos originais.

Dois critérios principais explicam a diferença de recepção

reservada ao cristianismo na Europa em comparação com África.

De um lado a noção da existência de um Deus único, omnisciente,

omnipresente e omnipotente era para o politeísmo da Europa

completamente aberrante; por outro lado, o cristianismo opunha-se

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O Kikongo, Idioma da Revelação 235

às inclinações naturais dos Europeus, o que Fabre de Olivet, o

filósofo francês já citado, confirma de maneira indiscutível :

"É provável que tenha sido um espectáculo tão admirável como

inesperado, de ver estes povos «farouches», para quem a

devastação e a destruição eram uma necessidade, cujos os

braços, armados de ferro e de chamas, traziam a morte e o fogo

por todas as partes, parar de repente no meio das suas vitórias,

para receber, daqueles mesmos cujas ciências e artes

horrorizavam, uma religião que encadeava a sua fúria e

contrariava todos os seus desejos. É preciso, para julgar o

surpreendente contraste do seu carácter com a sua posição,

percorrer os nossos espantosos anais, desde o meio do século V

até o início do VI. Eu não acredito que nada mais notável seja

ocorrido na terra."

Mas o atavismo é uma coisa teimosa. Apesar da lixa do

cristianismo, este carácter cruel e belicoso não deixou de ressurgir,

a cada ocasião favorável, durante os séculos em intermináveis

guerras de conquista e de religião, no negócio humano dos

Africanos e na colonização, alcançando um cume no século XX, com

as duas guerras mundiais nas quais povos que não tinham nenhum

interesse nestes conflitos “euro-europeus" foram envolvidos contra

a sua vontade.

Assim pode-se perceber, que há Cristianismo e cristianismo:

“Por seus frutos os conhecereis”, oráculo do Senhor (Mateus 7:16).

Enquanto no princípio da penetração da fé cristã na Europa os

Cristãos foram entregues aos feras nas arenas, transformados em

tochas vivas pelo imperador romano Nero, obrigados a esconder-se

em cavernas e catacumbas para escapar as perseguições, eis o que

o padre Rui Aguiar, um missionário capuchinho escreve, a 25 de

Maio de 1516, acerca do rei do Kongo, Dom Afonso I :

"Da sua qualidade de cristão, Sua Alteza (dirigia-se ao rei de

Portugal) saberá, na minha opinião, que não é um homem mas

um anjo que o Senhor enviou aqui neste reino, para o converter,

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236 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

de acordo com as coisas que ele diz e expressa. Porque eu

certifico que ele ensina-nos e que conhece os profetas e o

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e as vidas dos santos e

todas as coisas da nossa santa mãe a Igreja melhor que nós os

conhecemos.”lxxii

A declaração acima citada é um argumento mais a favor da

verdade. Este rei africano que ensina os próprios missionários

europeus, ao invés do contrário, era o verdadeiro herdeiro do Livro

que estes pensavam ter lhe trazido. Por ter proclamado

publicamente esta verdade na cara dos lobos disfarçados de

cordeiros enviados pelo Vaticano, uma filha de Kongo-dia-‘Totela,

Kimpa Vita, foi queimada viva a 2 de Julho de 1706, com a idade

de 22 anos.

Portanto, os Exi-Kongo em particular e os Bantu em geral são e

sempre eram monoteístas, sem a necessidade de uma influência

externa lhes vir ensinar esta crença multimilenária. A evidência é

que a noção do Deus único não lhes foi trazida pelos europeus,

apesar das vagas de tinta e saliva derramadas afirmando o

contrário. Condenando as duas práticas com a mesma força, temos

que sublinhar que a existência do culto dos antepassados nas

sociedades africanas não é mais uma prova de politeísmo que o

culto dos numerosos santos da igreja católica.

O etnólogo alemão Leo Frobenius nos segreda a este respeito o

fundo do seu pensamento:

"As revelações dos navegantes do século XV até ao século XVIII

demonstram de maneira irrefutável, que a África Negra que se

estendia no sul da zona desértica do Saara estava ainda em plena

evolução, em todo o estouro de civilizações harmoniosas e bem

formadas. Este progresso, os conquistadores europeus o

aniquilavam a medida em que penetravam no seio do continente.

Porque o novo país de América precisava de escravos e África os

oferecia: centenas, milhares, cargas cheias de escravos ! Porém,

o tráfico de escravos nunca foi um negócio fácil; requeria ser

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O Kikongo, Idioma da Revelação 237

justificado, de maneiras que fizeram do Negro um meio-animal,

uma mercadoria. Foi assim que inventaram a noção do feitiço

como símbolo de uma religião africana. Marca de fábrica

europeia ! Quanto a mim, não vi em nenhuma parte da África

Negra os nativos adorar feitiços. A ideia do Negro bárbaro é uma

invenção europeia que tem, por malícia, dominado a Europa até

ao princípio do século XX."

Antes de passarmos a ZoLe (Z L), "dois", meditemos sobre

uma outra extraordinária concordância com a Gênesis: "E disse

Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez

Deus separação entre a luz e as trevas" (Gênesis 1:3-4). Em KKG,

esta luz, este flash gigantesco do fiat criador, diz-se ‘SeMo (S M).

Em KKG a declaração acima mencionada poder-se-ia traduzir

assim:

"Mosi, sema ‘Semi ‘semo", quer dizer “um (o primeiro dia),

criou a luz o Criador” o que da a equação seguinte:

M S = S M = S M = S M

Que transcendente concordância !

Ainda mais: o KKG é o único idioma até prova do contrário, que

faz uma distinção entre esta "luz primitiva", original, que surgiu do

seio do Criador (‘Semi = ‘semo) e a luz que é o resultado das

grandes luminárias (o sol e a lua em particular) que só apareceram

no… quarto dia (Gênesis 1:14-19). De facto, a luz do primeiro dia

é chamada ‘SeMo enquanto a do quarto dia é chamada ‘TeMo.

Aproveitamos esta ocasião para destacar que ‘TeMo, a luz que vem

do sol, fonte de calor, se reencontra na palavra thermos (calor) em

grego.

Na cosmogonia kongo, ‘TeMo não é só a luz, ilustra também

o calor e a energia. Esta força e esta potência são omnipresentes

no universo. A aproximadamente 150 milhões de quilómetros de

nosso planeta, o sol irradia uma quantidade fenomenal de energia,

ou aproximadamente 180 000 000 000 000 (ou 180 000 biliões) de

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238 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

quilowatts dos quais a Terra só intercepta um meio bilionésimo do

calor e da luz… Contudo, é este meio bilionésimo que representa o

motor de nosso planeta, a energia sem a qual toda a vida estaria

impossível na terra. Um imenso forno nuclear que produz energia

enquanto queimando aproximadamente 3,6 milhões de toneladas

de hidrogénio por segundo, eis o que é finalmente o sol !

Por conseguinte, é fácil de perceber a razão pela qual tantas

civilizações antigas (Egipto, Babilónia, Inca, Maia…) adoraram o sol,

tornando esta estrela em seu "deus”. Quanto aos Bantu em geral e

aos Exi-Kongo em particular, longe de adorar o sol, sempre

afirmaram que "alguém" o criou, que era preciso adorar, mas não a

criação, pelo que sim: o Criador… ‘SeMi !

ZOLE (Z L),"DOIS"

Uma parte das águas acima da terra foi repelida verticalmente, o

que produziu uma cobertura nublada densa e grossa na atmosfera

e um imenso oceano cobrindo a terra. A partir deste momento,

apareceu uma jóia de safira de um esplendor sem igual.

“E chamou Deus a expansão céus; e foi a tarde e a manhã: o dia

segundo” (Gênesis 1:8).

O número "dois" em KKG é ZoLe e "céus" diz-se ZuLu, o que

resulta na ossatura seguinte: Z L = Z L. Outra equação perfeita que

demonstra que o povo que usa uma homofonia para dizer “dois” e

“céu”, sabe − por revelação divina − que foi no segundo dia que o

Senhor Deus criou os céus.

TATU (T T), " TRÊS"

" E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar

e apareça a porção seca (...) E chamou Deus a porção seca Terra

(...) e foi a tarde e a manhã: o dia terceiro" (Gênesis 1: 9-13).

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O Kikongo, Idioma da Revelação 239

A superfície da terra foi modificada. Uma massa enorme de

água foi deslocada para fazer se aparecer a terra: o líquido que

cobria o globo concede um lugar para o sólido.

O número "três" diz-se TaTu. “Terra” diz-se ‘ToTo. A ossatura

destas duas palavras é exactamente a mesma, ou seja T T = T T,

outra perfeita equação. Também foi no terceiro dia que Deus criou

a “erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto

segundo a sua espécie (...) " (Gênesis 1:11).

Daqui em diante, a terra está coberta de um tapete de verdura.

Árvores frutíferas crescem em abundância. A terra se enche

rapidamente de uma vegetação abundante e luxuriante. Aparecem

plantas açucaradas, amargas ou picantes, árvores que dão frutas

bonitas e deliciosas…

Por este terceiro dia da Criação, a homofonia toca novamente

com mestria a sua partição sinfónica em KKG. Verdura diz-se TiTi,

T T, diminutivo de 'Ti, "árvore". Temos assim a ossatura T T que

faz eco em TaTu, T T, o número três.

Assim temos: ‘ToTo (T T) = TaTu (T T) = TiTi (T T)

YALA (Y L), "QUATRO"

Do tohu bohu ou caos original, emergiu a ordem que governa a

Criação. É por isso que todas as leis matemáticas e físicas derivam

de uma observação meticulosa do universo. Com efeito, o universo

que nós conhecemos depende da regulamentação rigorosa de

quatro forças físicas fundamentais:

A gravitação;

o electromagnetismo;

a interacção forte;

a interacção fraca.

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240 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

É a harmonia e o equilíbrio perfeito destas quatro forças, sem

as quais o universo seria apenas uma nuvem de pó, que nos

permitem existir.

Baseando-se nesta observação, o Senhor Deus que inspirou o

KKG determinou que o número quatro seria o número da ordem, da

orientação, da lei, da direcção, do governo, noções que se

encontram na Bíblia desde as suas primeiras linhas.

"E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver

separação entre o dia e a noite, e sejam eles para sinais e para

tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares

na expansão dos céus, para alumiar a terra. E fez Deus os dois

grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o

luminar menor para governar a noite (…) E foi a tarde e a manhã:

o dia quarto." (Gênesis 1:14-19).

As explicações que vão seguir são de uma importância

primordial porque abrem uma janela inédita na história de Israel.

O número "quatro" é YaLa em KKG. Para fazer a distinção entre

o número e o verbo “governar, presidir, dominar, dirigir, orientar",

os patriarcas de Isolele, ou seja os «Exi-Kongo», decidiram que

“quatro” seria indicado pelo diminutivo Ya. Portanto o verbo YaLa

simboliza a orientação, o que se justifica nas leis da física porque

para navegar, circular, orientar-se, há quatro pontos cardeais.

A harmonia transcendental entre o KKG e a Bíblia verifica-se uma

vez mais. Em Numbers in Scripture o eminente teólogo americano

J. Bullinger nos ensina que o número quatro, no simbolismo bíblico

é o número do “governo, do poder, da dominação, da realeza”.

É a razão pela qual, em conformidade com esta lei bíblica,

o Messias a quem incumbe a dominação, não podia sair − dentre

as doze tribos que compõem Isolele − senão da quarta tribo,

nomeadamente a tribo de Judá.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 241

"Judá, a ti te louvarão os teus irmãos, a tua mão será sobre

o pescoço de seus inimigos, os filhos de teu pai a ti se inclinarão

(...) O ceptro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre

seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.”

(Gênesis 49:8 e 10).

"E o Senhor, Deus de Israel, escolheu-me de toda a casa de meu

pai, para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque a Judá

escolheu por príncipe, e a casa de meu pai, na casa de Judá ;

e entre os filhos de meu pai se agradou de mim para me fazer rei

sobre todo o Israel" (1 crónicas 28:4).

Por dedução, é fácil de constatar que a palavra Judá é só uma

deformação, uma alteração de ‘Yadi, substantivo do verbo YaLa

(quatro) que significa “dirigir, dominar". ‘Yadi ou seja Judá é por

conseguinte o guia, o chefe, o rei…

No percurso dos séculos, gerações de exegetas ficaram

perguntando-se por que razão o nome de Judá de onde deriva

"judeu" veio a designar todo o Israel. "A ti te louvarão teus irmãos"

profetizara o pai das doze tribos ao seu quarto filho. Esta palavra

não ficou sem efeito porque a preeminência de ‘Yadi permanece até

hoje em dia e, isto, com maior manifestação, já que o "Leão de

Yadi" (Apocalipse 5:5), a saber o Cristo, está no meio do seu povo,

oráculo do Terceiro segredo de Fátima.

YaLa deu também outro substantivo − LuYaLu − raiz de uma

palavra que se reencontra em francês e em inglês. Trata-se de

“loyal” que faz referência a todos os princípios da LEI, ao "JuDi-

ciário". Nesta palavra, as duas primeiras sílabas destacam "YaDi",

do número Ya, quatro.

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242 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

TANU (T N), "CINCO"

"E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de

alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.

E Deus criou as grandes baleias, e todo réptil de alma vivente,

que as águas abundantemente produziram conforme as suas

espécies, e toda ave de asas conforme a sua espécie (...)"

(Gênesis 1:20-21).

O número cinco é TaNu, T N. É nesta passagem que se

encontra pela primeira vez a noção de "carne, corpo" com a criação

dos animais. "Carne, corpo" diz-se NiTu, N T da qual resulta

a equação T N = N T. Com os animais, pela primeira vez também a

noção de reprodução, de ninhada aparece. “Conceber” diz-se NaTa

(N T) cuja ossatura se confunde com NiTu (N T). A palavra “Natal”

que fala do nascimento de Cristo origina-se sem nenhuma dúvida

do KKG NaTa.

SAMBANU (S-B-N), "SEIS"

"E criou Deus o homem à sua imagem. À imagem de Deus o

criou; macho e fêmea os criou... E Deus os abençoou (...)"

(Gênesis 1: 26-31).

A suprema bênção que constitui a aparição na terra do ser

humano, imagem do Criador, tendo intervido no sexto dia, é

natural que a língua original estabeleça um vínculo entre a palavra

"bênção", SamBu e o número seis, SamBaNu. Já encontramos este

radical com o Sambatyon (cf. Cápitulo XIII, p. 93) , o rio mítico que

devia conduzir os exploradores europeus até ao lugar da verdadeira

terra prometida das doze tribos de Isolele.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 243

‘SAMBUADI, S-B-D, "SETE"

As Sagradas Escrituras proclamam: “Pela fé entendemos que os

mundos, pela palavra de Deus, foram criados” (Hebreus 11:3).

Baseando-se nesta declaração, podemos deduzir que cada vez

que fala Deus, Ele irradia um poder criativo que transforma

instantaneamente esta palavra em realidade tangível e concreta.

"Assim será a palavra que sair da minha boca ; ela não voltará a

mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para

que a enviei” (Isaías 55:11).

A partir deste princípio, podemos afirmar que o primeiro

decálogo encontra-se na primeira página da Bíblia, com os Dez Fiat

Criadores, os Dez "Disse Deus" que recapitulamos a seguir:

E disse Deus (1): “Haja luz. E houve luz”... o dia primeiro;

(Gênesis 1:3);

E disse Deus (2): “Haja uma expansão... E chamou Deus a

expansão céus”... o dia segundo (Gênesis 1:8);

E disse Deus (3): “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus”

(Gênesis 1:9);.

E disse Deus (4): “Produza a terra erva verde:” o dia terceiro

(Gênesis 1:13);

E disse Deus (5): “Haja luminares na expansão dos céus”…

(Gênesis 1:14)... o dia quarto (Gênesis 1:19);

E disse Deus (6): “Produzam as águas abundantemente répteis

de alma vivente”... (Gênesis 1:20);

“E Deus os abençoou, dizendo (7): Frutificai, e multiplicai-

vos”... (Gênesis 1:22)… o dia quinto (Gênesis 1:23) ;

E disse Deus (7 bis) : “Produza a terra alma vivente”… (Gêne-

sis 1:24);

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244 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

E disse Deus (8): “Façamos o homem à nossa imagem”…

(Gênesis 1: 26) ;

E Deus os abençoou, e Deus lhes disse (9): “Frutificai, e

multiplicai-vos” (Gênesis 1 :28);

E disse Deus (10): “Eis que vos tenho dado toda erva”…

(Gênesis 1:29).

Após verificação e depois de longos anos de pesquisas,

podemos afirmar que o KKG é a única língua no mundo a destacar

os dez logos e, isto, ao falar da maneira mais ordinária. Desafiamos

qualquer pessoa de fazer uma demonstração similar em qualquer

outra língua.

Nós poderíamos detalhar aqui, os dez fiat criadores com a sua

correspondência em KKG. Porém, como tal não é a meta deste

trabalho, vamos terminar com a análise do número "sete" e sua

extraordinária relação com a narração bíblica.

Destacou-se num dos pontos acima referidos que há na Bíblia,

dois fiat criadores que se juntam para fazer um só sétimo logos. Se

trata dos logos "7" e "7 bis” encontrados nos versos 22 e 24. Se

não fosse a indicação de um logos 7 bis, chegaríamos a um

resultado de onze logos em vez de dez. Mas isso, na lógica divina

não podia ser. Com efeito, os dez dedos que tem o ser humano

correspondem ao número dez que simboliza o universo. Assim,

recordamo-nos, neste contexto, que os cientistas gregos da

antiguidade (Pitágoras, Platão, Sócrates, Tales de Mileto, Solão,

etc.) que foram beber à fonte do saber africano do Egipto dos

faraós, consideravam o número dez como um número místico,

símbolo mesmo do universo. Por isso é que a escola dos filósofos

(sábios) gregos, nomeadamente a escola Aristotélica, emprestou

do KKG a palavra KuMi (K M), "dez", para designar o "universo",

Kosmos na língua grega.

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O Kikongo, Idioma da Revelação 245

Somente pelo laço que estabelece entre o número dez (KuMi) e

o universo (KuMa), o KKG demonstra que os que falam esta língua

tiveram alcançado o sumum da cultura e da civilização a uma

altura quando a Europa ainda engatinhava no domínio científico.

Recordar-se-á, neste contexto, as tribulações e perseguições

sofridas pelo sabio Galileu por ter afirmado que a Terra é redonda.

Excomungado pela Igreja católica, só escapou à morte renegando a

sua profunda convicção que, contudo, gira ! Em KKG, esta verdade

é igualmente inscrita no quotidiano dos Exi-Kongo. De facto, a

rotundidade da terra e do universo está proclamada pela palavra

‘KoMi (K M), “o punho", mesmo radical que ‘KuMa”, o "universo" e

KuMi, o “número dez."

Vamos acabar aqui esta digressão acerca do número dez para

terminarmos o exame de nossos “dois sete.”

"E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou

no sétimo dia... e abençoou Deus e o santificou (...)" (Gênesis 2:2-3).

De acordo com o que precede, o sétimo logos divino não podia

escapar à lei seguinte: sete = descanso. Daí a separação deste

sétimo "disse Deus" que não é contabilizado na nossa enumeração

do Decálogo.

Sabedoria suprema de Deus que destaca o KKG. De facto, este

idioma revela que não houve nenhuma criação a quando do sétimo

“disse Deus” senão uma bênção, que, em KKG diz-se ‘Sambu.

O número sete em KKG, ‘SamBu-adi, ao trocar só uma letra, torna-

se ‘Sambu-idi, o que significa “abençoo”. Demonstração

indiscutível que é o próprio Criador que fala !

É, em realidade, SamBuadi em KKG que deu a palavra

"sábado”, o sétimo dia cuja paternidade é falsamente atribuída à

palavra sheva, "sete" em CDH.

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246 O Segredo de Deus: Jesus o Africano

Depois do sete de descanso descrito acima, reencontramos no

verso 24 o sete normal, que nós chamamos 7 bis. É assim que o

deca, ou seja o "dez", recupera uma enumeração “normal”. São

verdades transcendentais que a sabedoria suprema de Deus

escondeu num idioma africano desprezado, o KKG...

Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos

inteligentes" (1 Coríntios 1:19).

“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque

escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste

às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve”

(Lucas 10:21).

Oráculos do Senhor…

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Notas de fim

i Jean-François-Revel, ver Capítulo X

ii O seu grau de parentesco com a palavra kikongo tsaka, que significa risada,

brincadeira, é evidente.

iii Nome do sitio onde ocorrem as aparições.

iv Nome completo deste reino que foi um dos mais potentes de Africa na época

precolonial.

v Saku deu dois termos em latim: sacrum e sanctum, dos quais derivam sacro,

sacrificare, consagrare, sacrilégio, sacramento, etc.

vi Introduction à la prophétie, par John A. Halford.

vii Finangani é primo de Kimbangu.

viii Do ano 1921.

ix Aldeia do sul do Congo, a proximidade do sitio onde operava o profeta.

x Moeda de um valor de 5 francos congoleses daquela época.

xi Cadeira de transportar utilizada pelos colonos na sua deslocação de um lugar

para outro.

xii Congo Brazza situado no outro lado do rio.

xiii Plural, Bangala: uma das principais tribos da RDC.

xiv Ou São Salvador do Congo, a capital do Reino.

xv E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.

Cuxe representa toda a África negra.

xvi Mavila, en kikongo, significa ao mesmo tempo «tribo, clã» e «perdidas»…

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248 Notas de fim

xvii Laurent Morlier, Le Troisième Secret du 26 juin 2000 est un faux, Editions

D.F.T., 2001.

xviii Segundo a F.A.O. cerca de um milhão de pessoas sofrem de fome no mundo.

xix A mais célebre das televisões norte americanas.

xx No dia 11 de Novembro se celebra também a independência de Angola, ponto

focal do Mistério de Fátima. Coincidência?

xxi Aproximadamente 50 milhões de mortos.

xxii Jean François Revel, La Connaissance Inutile, Editions Pluriel.

xxiii David Icke, Le Plus Grand Secret, Louise Courtreau Editrice, p. 295.

xxiv Samuel Griffith, Introduction to Sun Tzu, The Art of War.

xxv Ivan Van Sertima, African Presence in Early Europe.

xxvi J. A. Rogers, Sex and Race, p. 275.

xxvii J. Bullinger, Numbers in Scripture.

xxviii Nsi a Kana, em kikongo, significa “terra de destino, terra prometida.”

xxix O sacrifício humano, sobre tudo a imolação pelo fogo dos primogénitos em

honor do deus Baal, era uma tradição em Babilónia.

xxx População de origem caucasiana que se converteu ao judaísmo no século VII da

nossa era. Eles formam a maior percentagem dos judeus ashkenazes.

xxxi Messod et Roger Sabbah, les Secrets de l’Exôde.

xxxii David Icke, Le Plus Grand Secret.

xxxiii David Icke, Le Plus Grand Secret.

xxxiv Lamentações 5:1-2

xxxv Flavio Josefe, Antiquidades II.

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Notas do fim 249

xxxvi Ivan van Sertima, African Presence in Early Asia.

xxxvii Daniel Rops, La Vie Quotidienne en Palestine, p. 448.

xxxviii Diodoro de Sicília, Lib. III, 2.

xxxix Nome idiomático de Israel.

xl Kangu = Esposa, noiva, mulher querida. Os dois outros significados deste termo

são «aliança, povo». Assim quando Deus se dirige a Seu povo, na verdadeira língua da revelação, por uma única palavra, Ele lhe diz: Tu és minha aliança, meu povo, minha esposa querida.»

xli Centro Oeste de Angola.

xlii Jornal de Angola nº 6615 do 17/12/95.

xliii Em grego significa «negro, bronzeado, queimado.»

xliv P. Gabriel: Fátima, Le Secret de Dieu, p. 21.

xlv Passagem do livro de Enoque, capitulo 61

xlvi A Bíblia Sagrada, versão completa de acordo com os textos originais pelos

Monges de Maredsous, pág. XXIX.

xlvii Na língua hebraica significa “o norte, o setentrional.”

xlviii Os verbos que comportam três, quatro ou mesmo cinco sílabas têm um radical

dissilábico, o resto das sílabas sendo sufixos. Exemplos: Em Sa-Mu-Na (anunciar); Vo-Va-Zia-Na (conversar), os radicais são SaM-a e VoV-a, “- una” e “- ziana” sendo os sufixos destes dois verbos.

xlix Metátese: O facto de inter verter as consoantes, característica frequente das

línguas semíticas. A raiz “acb”, por exemplo, pode tornar-se “cab” ou “bca”.

l Se deve notar que quando o texto de referência compreende vários versículos

(em vez de um só), o código passa de 4 para 5 letras, a última letra simbolizando o versículo que encerra a passagem em questão.

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250 Notas de fim

li A 2000 anos de distância, a mesma acusação que em Mateus 12:24 e João

10:20.

lii Simão Toko e os seus discípulos são na sua maioria os Bazombo, uma filial da

nação kongo. Ao exemplo do vocábulo “judaico”, “Muzombo” adquiriu rapidamente uma dimensão pejorativa pela qual todos os Angolanos exilados foram

negativamente caricaturado.

liii O nome de Pirote é quase o mesmo que o de Pilatos, uma pescadela mais da

parte do Renovo.

liv Esta citação latina é inspirada da famosa frase de Escipião o Africano que repetia

Incansavelmente “Carthago delenda est” (Se deve destruir Cartago).

lv Le Symbolisme du Corps Humain, p. 303.

lvi Kimbangu morreu na sua cela da prisão central de Elisabethville (hoje dia

Lubumbashi ex Katanga) no dia 12 de Outubro de 1951, às 15 h, após trinta intermináveis anos de privação arbitrária de liberdade. lvii

Diodore de Sicile, Histoire universelle, Livre III

lviii Maspero: Histoire ancienne des peuples de l’Orient.

lix C. F. Volney, Voyage en Syrie et en Egypte, p. 77

lx Fabre d’Olivet, Histoire Philosophique du Genre Humain, p. 80

lxi New York Times, 10/09/1906

lxii Ali A. Mazrui, The Africans, a Triple Heritage.

lxiii Rudolph R. Windsor, The Valley of the Dry Bones.

lxiv Charles S. Finch III, Echoes of the Old Darkland: Themes from the African Eden.

lxv J. A. Rogers, Sex and Race, Vol. 1

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Notas do fim 251

lxvi Léo Frobenius, Histoire de la Civilisation Africaine, Gallimard, p. 14

lxvii Georges Balandier, La Vie Quotidienne au Royaume de Kongo.

lxviii Michel Van LeeuWen, Angola: Tragédie Africaine.

lxix Bob Marley in « Redemption Song »

lxx Holman Bentley, Dictionary & Grammar of the Kongo Language, Preface.

lxxi Clarke Jenkins, The Black Hebrews of the Seed of Abraham After 430 Years in

America.

lxxii Raphaël Batsikama, L’Ancien Royaume du Kongo.

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252 Notas de fim

A escritura meloítica reveladora dos mistérios escondidos na lingua kikongo