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Tradução

Irène Goodjes

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© Copyright by Éditions Robert Laffont, S. A., Paris

Título original: L’ âme des animaux, les aventures de l’esprit

Direitos de publicação cedidos ao

Instituto Lachâtre

Caixa postal: 164, Cep.: 12914-970, Bragança Paulista, SP.

Fone/Fax: (11) 4063-5354

Capa: Andrei Polessi

1a edição – maio de 2014

A reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer meio, somente

será permitida com a autorização por escrito da Editora (Lei no 9.610 de

19.02.1998)

_____________________________________________________________

CIP-Brasil. Catalogação na fonte

Prieur, Jean, 1914-

A alma dos animais / Jean Prieur; tradução Irène Goodjes, 1a edi-

ção, Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2014.

320 p.

1.Espiritismo. 2.Animais. I.Título. II. Subtítulo. III.Adendo. IV.Post-s-

criptum.

CDD 133.9 CDU 133.7

Impresso no Brasil

Presita en Brazilo

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Sumário

Primeira parteAlma dotada de sensibilidade, de inteligência e de iniciativa

1. A alma dos animais, uma evidência, 92. Os sentimentos dos animais, 133. A inteligência dos animais, 254. Será que os animais tem noção do bem e do mal?, 395. Seus olhares, 476. Seus gritos, 577. Suas grandes viagens, 678. Sua morte, 839. Prática das virtudes cristãs, 103

Segunda parteA alma sobrevive e se manifesta

10. Animais mortos percebidos pelos seres humanos, 11511. Seres humanos falecidos percebidos por animais, 13112. Animais mortos percebidos apenas por animais, 14713. Dons proféticos, telepatia, visão remota, 151

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Jean Prieur

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Terceira parteA alma reconhecida pela maioria das civilizações

14. Sabedoria animal, 17115. Oriente e Grécia, 17916. Antigo Testamento, 19717. Novo Testamento, apócrifos, primeiros padres, 21118. Idade Média e Renascença, 22719. Séculos 17 e 18: a controvérsia, 23920. Século 19: a esperança, 24921. Século 20: o inferno, 25922. Igreja católica e os animais, 27923. Homo rapiens, 291Adendo: Os seres humanos têm uma alma?, 299Post-scriptum: Bosco, sessenta anos depois, 311O autor, 315

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9. Prática das virtudes cristãs

M eSMO SeM NOçãO DO evANGelhO, os animais o pra-

ticam. Não leram as epístolas de Paulo, ignoram tudo da fé e da esperança, no entanto eles praticam as virtudes que o apóstolo chamava de caridade e que designamos como altruísmo, ajuda mútua, solidariedade e amor.

Estava doEntE E mE visitastEs

Perto de Londres havia um homem parcialmente paralisado. Assim que o acomodavam, no jardim, em sua espreguiçadei-ra, ele se sentia um pouco aliviado do seu sofrimento. Naquela hora, ele tinha certeza de ver aparecer Czar, o cachorro do vi-zinho, que vinha lhe dar o prazer de sua companhia. Seu dono não gostava dele, portanto, o animal tinha cavado um buraco por baixo da cerca para visitar o doente. Passavam à tarde assim, pata e mão dadas, calmos e felizes, enquanto esperavam o retor-no da esposa do trabalho.

Mas a felicidade dos dois amigos durou pouco tempo. Um dia, o dono do cachorro descobriu o buraco na cerca e as fugas para o quintal do vizinho deficiente; imediatamente, ele ficou louco de ci-

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úmes. O cão recebeu uma correção terrível. Seus gritos foram como facadas para o paralisado, cujas lágrimas encheram seu rosto devas-tado.

Sei, por experiência própria, que as pessoas que não gostam de seus animais não gostam de quem os ama. Batendo com vio-lência no cão ao ponto de fazê-lo gemer, o sádico se vingava do paciente.

A cerca foi reparada, as visitas clandestinas pararam e a tarde parecia interminável para os dois amigos separados, um pregado na sua cadeira e o outro preso. Um dia, por acaso, esqueceram-se de prendê-lo; não aguentando mais, Czar refez o buraco na cerca e apareceu todo feliz, orgulhoso, diante do doente encan-tado e apavorado. Ele acariciou o animal, beijou-o e disse-lhe:

– Vá embora, vá embora... ele pode matá-lo.E foi o que aconteceu. Quando o dono percebeu que, nova-

mente, o cão tinha fugido, o indivíduo foi buscar sua arma e ati-rou nele.

Profundamente dominado pela dor, o doente suportou nova-mente os dias solitários, mas seu estado de saúde piorou e logo morreu.

Algum tempo depois, sua viúva resolveu visitar o grande mé-dium Harold Sharp, que lhe transmitiu a mensagem seguinte: “Recuperei minha juventude e o uso de meus membros. Vou passando bastante tempo junto com você, estou feliz, você está cercada do meu amor. Sabe quem está comigo? O cão do nosso vizinho, o bom Czar!”

Estava aflito E mE trouxEstEs a consolação

Olga C. veio orar no quarto de Sandra, sua filha, que já par-tira para o outro mundo. É noite, ela está ajoelhada diante de sua janela. Hoje, está preocupada com a outra garota, que tem problemas, e com seu marido, em estado grave e que deve ser internado e passar por uma cirurgia, no dia seguinte. Sua afli-

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ção é infinita. De repente, ela sente uma pequena pata pousar na sua perna, ela vira as costas, mas está escuro, portanto não enxerga a gata que está perto dela. Ela se abaixa e pega o ani-mal nos braços, é a gata inválida. “Que um cão ponha a pata na perna ou no joelho, está dentro de seus hábitos”, disse Olga, “mas que uma gata pequena, que poucos minutos antes estava dormindo na sua cesta, venha até o quarto de Sandra para me dar reconforto, como se tivesse sentido minha dor, para me consolar, isso sugere questionamentos. Quem será que a des-pertou? Quem a mandou vir até mim? Sandra? Pois que outra pessoa poderia ser? Só podia ser Sandra, que tinha tanta afini-dade e compreensão com os animais. Se tivéssemos deixado, ela teria transformado nossa casa na arca de Noé.”

O fato que acabo de contar aconteceu na Bélgica, mas ocor-reu a mesma aventura espiritual na região de Toulouse.

A sra. Lepetit está ajoelhada ao pé da cama de Jean-Luc, seu filho falecido. Como não sabe rezar, ela chora. Pasífae, uma bela gata da raça sagrada da Birmânia, olha sua dona sofrendo. De re-pente o animal some por alguns minutos, e reaparece segurando seu gatinho entre os dentes. Como se fosse uma oferenda, a gata coloca o bichinho diante da sra. Lepetit, que não vê o animal-zinho, pois ela está com o rosto escondido na colcha. Pasífae tenta então, com dificuldade, subir na cama com o pequenino. Quando finalmente consegue, a senhora vê o surpreso gatinho, que olha para ela com seus olhos cândidos, os mesmos olhos azuis de Pasífae. Telepaticamente a mãe de Jean-Luc entende o que a gata quer dizer: “Eu lhe dou a única coisa que tenho. Você perdeu o seu filho, dou-lhe o meu”. Então, como se fosse responder, a sra. Lepetit diz com muita delicadeza:

– Obrigada, Pasífae, fez muito bem. Seu presente é um sím-bolo de vida. De fato, mesmo que não consiga parar, minhas lágrimas não são mais amargas; posso dizer até que têm certa

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doçura agora! Vai, Pasífae, pode pegar seu pequeno e levá-lo de volta!

Mas Pasífae parece não ouvir, ela fica parada fixando o teto, como se nesse espaço branco vazio tivesse visto alguém, como se Jean-Luc estivesse assistindo à cena, como se ele tivesse visto essa mãe-animal trazer reconforto para uma mãe-humana, sua mãe.

No domingo 26 de maio de 1985, dia de Pentecostes, em uma propriedade localizada entre o Piemonte e Milão, assisti a uma cena semelhante. Havia três mulheres ao meu redor: uma ti-nha perdido dois filhos em acidente de carro; a outra, um filho atingido por um raio enquanto saía do rio onde estava tomando banho, e a terceira, a sra. G., nossa anfitriã, cujo marido faleceu nos primeiros anos do casamento, seguido pela filha, uma jo-vem e bela mulher; ambos morreram de leucemia.

A sra. G. não conseguia conter suas lágrimas. Afligidos ficá-vamos em silêncio, impotentes diante dessa dor. Foi então que sua cadela entrou e fez o gesto das duas gatas da história ante-rior: Ela acariciou delicadamente a perna de sua dona.

Foi aí que, de repente, fomos surpreendidos por grandes on-das de perfume. De onde vinham? Não sabíamos. Ou melhor, sim, sabíamos que elas vinham desses jovens dos quais falamos antes que estavam perto de nós, a presença amorosa atraída pe-las nossas palavras; fragrância mística Pentecostal.

Estava com frio E mE aquEcEstEs Durante uma conferência, o padre Guy Gilbert, capelão dos

meninos de rua, contou a história de Jean-Pierre, que odeia os seres humanos, mas que, por outro lado, ama muito os cães. Ele tem fortes razões para isso:

– Na minha infância, diz ele, em casa sempre me colocavam para fora quando meu pai estava bêbado, pouco se importavam com o tempo que fazia. Mas, uma vez sozinho, dois cães vinham

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me abraçar. Parece que sabiam que eu estava morrendo de frio. Foram eles que salvaram minha vida.

Estava sozinho E mE amastEs

Em Asnières, na década dos 60, eu morava em cima de um cru-zamento onde os acidentes acabavam, em geral, com carros ama-çados. Naquele dia, o acidente fora fatal. Uma freada, um choque, vários gritos... Alguns minutos de silêncio... em seguida, uma voz de mulher começou a gritar: “Eles o mataram. Eles o mataram! Eu só tinha ele.”

Coloquei meu nariz na janela e vi uma velha senhora segu-rando um poodle branco. “Eu só tinha ele!” É fácil imaginar pelo tom trágico das palavras que se tratava de uma solteirona ou de uma viúva abandonada pelos filhos... A pobre criatura sentou-se na beira de um muro com o corpo do cão deitado nos seus joelhos. Como uma lamentável Pietá, ela chorava aca-riciando esse poodle que tinha vindo... “para amar aqueles que ninguém mais amava”.1

Eu Era autista E mE curastEs

Um casal de pais consternados traz ao professor Boris Levinson de Nova Iorque seu filho autista que deve ser internado, conforme a decisão do médico psiquiatra que o atende. Horrorizados pela perspectiva do internamento, eles resolvem levá-lo para consultar outro especialista. Por isso, eles estão no consultório do dr. Levin-son.

O professor fala com calma e bondade para com a criança fe-chada no silêncio, mas não consegue nenhuma resposta, parece que o menino não ouve nada, não vê nada, ele está enterrado em um bloco de concreto.

Boris Levinson está ficando desesperado, quando um milagre acontece. O cachorrinho que estava cochilando perto do aque-1 Lamartine.

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cedor se levanta, vai ao encontro da criança, que também se le-vanta e caminha ao encontro do bichinho. Ele acaricia o animal, beija-o, fala com ele e começam a brincar. Depois, virando-se para o professor, ele pede a permissão de retornar. Finalmente, a criança falou e expressou um desejo!

No dia seguinte, ele está de volta, e assim por diante durante vários dias, portanto o desbloqueio ocorreu dessa maneira sem di-ficuldade. A criança resolveu se abrir ao professor Levinson, pois ele para ela já não era mais um psiquiatra, era o amigo do seu me-lhor amigo. Não era mais questão de fazer testes, de psicanálise, e menos ainda de internação. O retorno à normalidade foi feito sem problemas, com a maior facilidade. O jovem paciente foi definiti-vamente liberado.

O mais curioso desta história é que o cão era totalmente des-conhecido do professor. Ele o havia encontrado no mesmo dia, com fome, tremendo, vagando no escuro inverno de Nova Ior-que. Diante do seu estado, resolveu recolher o animal, aquecê-lo, e restaurá-lo. Ele estava ocupado com essa tarefa de bom samaritano, quando tocou o telefone com os pais desesperados na linha:

– Professor, você é a nossa última esperança. Trata-se de inter-nar nosso filho, hoje. Gostaríamos de ouvir primeiro suas consi-derações. Por favor, aceite receber a visita de nosso filho imedia-tamente.

– Está bem, pode trazê-lo para mim! Estou esperando.E foi assim que o cão perdido sem colarinho agradeceu seu

salvador, salvando seu paciente.

Eu Era suicida E mE ligastEs novamEntE à vida

O dr. Samuel Corson, um psicólogo da Universidade de Ohio, teve entre seus pacientes uma esquizofrênica de dezessete anos. Hospitalizada por sete meses, seu estado tornava-se cada vez mais grave. Ela se movia como um autômato, seus movimentos

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eram rígidos e bruscos, o olhar era fixo, a boca apertada. Essa es-tátua ambulante só falava para anunciar sua intenção de se ma-tar. Drogas, eletrochoques, psicanálise ficaram sem efeito. O dr. Corson entendeu que era preferível abandonar os tratamentos convencionais. Como já sabia que a companhia de um animal acalmava e trazia equilíbrio aos pacientes, resolveu oferecer-lhe um cão. Aos poucos, ela se interessou pela vida, reencontrou sua vitalidade e alegria, e finalmente pôde deixar o hospital.

O programa de TV francesa chamado “Os dossiês da TV” (Les dossiers de l’écran) do 5 de março de 1985 foi dedicado ao problema doloroso do suicídio dos jovens. O filme projetado intitulado O último pedido de socorro (Le dernier appel au se-cours), criado e produzido com o apoio do dr. Farberow, diretor do Centro de Prevenção do Suicídio em Los Angeles, tinha rece-bido a liberação das autoridades de saúde dos EUA e da França.

As relações meninos-meninas / pais e crianças foram bem analisadas. Havia também uma relação homem-animal, ainda que fosse apenas sugerida, pois os participantes do debate não deram a ela muita importância. Por isso, vou fazê-lo agora. O primeiro choque que sofreu a jovem Sharon foi a morte do seu cão; sob o pretexto de que ele estava doente, os pais mandaram matá-lo sem avisá-la, portanto, ela ficou terrivelmente zangada com eles e foi o início da neurose. O primeiro sinal de recupera-ção aparece quando ela decidiu por ela mesma comprar um cão. A noite em que retornou para casa, segurando o animal em seus braços, ao seu sorriso seus pais entenderem que estava salva. O filme termina com essa cena.

Eu quEria vEr você morto E mE salvastEs Eis um noticiário que aconteceu nos anos 50 do século 19:

um jovem decidiu afogar seu cão Fido (naquela época todos os cães eram chamados de Fido). Portanto, os dois subiram em um

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barco, que logo se afastou da margem do rio. Uma vez no meio da correnteza, ele agarrou o animal pela cintura e o jogou na água. Fido desapareceu, mas logo voltou na superfície; ofegan-te, ele tentou desesperadamente alcançar o barco, que saiu à ve-locidade máxima. Toda vez que estava prestes a alcançá-lo, seu dono o empurrava o com um remo. A luta durou muito tempo entre o animal exausto e o dono furioso. Ansioso por acabar com isso, o jovem parou o barco, se levantou, pegou um remo com as duas mãos e deu um golpe forte na cabeça do cão, mas, ao mesmo tempo, o tolo perdeu o equilíbrio e, por sua vez, caiu fundo na água. Sem rancor, Fido mergulhou e trouxe seu dono de volta à costa.

Um século mais tarde, o mesmo anúncio saía no Reader’s Digest de setembro de 1958, que resumo em poucas palavras. Desta vez, o cão é chamado de Malakoff, é um grande Terra Nova que pertence a um joalheiro parisiense. Os aprendizes da oficina, que não gostam do animal, pois ele faz muito bem seu serviço de guarda, também decidiram afogá-lo, e aproveitar essa oportunidade para se vingar do chefe. Levam Malakoff na beira do rio Sena. Chegando lá, um tal de Jacques amarra uma corda ao pescoço do cachorro com uma grande pedra e jogam o ani-mal no rio. Só que os pés do assassino ficaram presos na corda e ele cai junto na água; mas ele não sabe nadar! Como ocorreu com Fido, Malakoff ressurgiu, apesar do peso da pedra, e salvou aquele que planejou sua morte. “Faça o bem para aqueles que vos perseguem! Dá o bem pelo mal.” Vejo apenas os cães a vi-venciar esse difícil mandamento; às vezes, eles são capazes até de lamber a mão do vivissector!

Do mabeco ao cão-guia No capítulo 22 do livro Esse Além que nos espera (Cet Au-

delà qui nous attend), no capítulo intitulado “Animal é anima”,

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acrescentei uma nota pérfida: “Podemos dizer que o cão con-seguiu superar sua ferocidade primitiva, enquanto o homem ainda não o conseguiu.” Essa constatação foi considerada por muitos como uma piada, e não era: acredito profundamente que o cão foi bem sucedido na sua evolução, ao contrário do homem que, até agora, vem falhando. Como sempre, procuro me base-ar nos fatos. Numa transmissão do excelente programa de TV “Os animais do mundo”, eu tinha visto um documentário sobre mabecos, os famosos cães selvagens parecidos com lobos. Esses predadores, os mais ferozes de todos, se assemelham fisicamen-te às hienas. Eles caçam em bandos de doze a quinze indivíduos na savana africana, onde espalham o terror. Eles atacam animais de grande porte, ovelhas e até homens, comem suas vítimas vi-vas, e o filme mostrou cenas insustentáveis.

Foi aí que eu pensei, entre o cão selvagem e o cão-guia, que caminho percorrido! Naquela hora, era a imagem de um cão-guia bem específica que me voltava à memória, pois sempre o encontrava quando pegava o trem de Osny para Paris. Nesse comboio suburbano sobrecarregado, barulhento, agitado, ele fi-cava calmo e digno ao lado do seu dono.

Naquela época, nós tínhamos que trocar de trem em Pontoise e depois em Conflans-Sainte-Honorine. O cão fazia maravilhas para achar o caminho nas passagens subterrâneas e entre as vá-rias plataformas das estações. Por fim, chegando à estação de Paris Saint-Lazare, ele entrava no metrô, onde o esperavam ou-tros problemas de corredores e de conexões. Eu ficava admirado diante de tanta inteligência, bondade, autocontrole... e a mensa-gem de Pierre Monnier, que diz que o cão é o mais evoluído de todos os animais, me voltava à memória.

Marie Noël vai ainda mais longe quando afirma: ele é o me-lhor dos seres. Essa perfeita católica que – com a idade de quin-ze anos, pediu ao Senhor três coisas loucas: sofrer muito, ser poeta, e ser santa – escreveu um conto bem surpreendente. Com

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muita coragem, essa musa da igreja refez a Gênese: Primeiro, Deus criou o cachorro, e ficou muito satisfeito com o seu dia. Então, só então, ele criou o homem e é o fracasso que sabemos.

O homem, um fracasso? Longe de ser herética, a afirmação já está na Bíblia: “O Senhor arrependeu-se de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração.” E Gênese 6,6 ignorava a bomba atômica! Ter criado um ser que faz uma bagunça no planeta e que é capaz de destruí-lo sugere terríveis perguntas.

A resposta poderia ser encontrada em Odes de Salomão 7,10, apócrifo grego que tem apenas uma tradução em siríaco: “Aquele que criou a sabedoria é mais sábio que suas obras.”

E dEus viu quE isso Era bom

No primeiro capítulo do livro de Gênese são de fato declara-dos bons: 1) a luz, 2) os continentes e os mares, 3) as gramíneas e árvores, 4) o sol, a lua e as estrelas, 5) os peixes e as aves, 6) o gado, os bichos e os animais selvagens. Logo após tem uma pausa: a criação do homem. É notável que a fórmula seguinte falta: dessa vez, Deus não viu que era bom. Mas ela reaparece quando se trata dos animais selvagens, das aves e de tudo que se arrasta, e viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.

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O Autor

J eAN PRIeuR NASceu NO INícIO da Primeira Guerra Mun-

dial, no dia 10 de novembro de 1914, na cidade de lille, França, então ocupada pelo exército alemão.

Foi aluno dos liceus Buffon e Condorcet e diplomado pela Escola Livre de Ciências Políticas.

Desde cedo, demonstrou gosto pronunciado para a história e a literatura. Escritor, historiador, pesquisador, autor dramático, é professor de francês e autor de numerosos estudos sobre his-tória e espiritismo.

Prieur iniciou a sua carreira literária em 1932 com a obra O mortal anacronismo.

Após um primeiro emprego na Exposição Internacional de 1937, sucedeu, em 1938, à Georges Arnaud como editor  na União Nacional das Associações de Turismo. No ano seguin-te tornou-se professor de francês e latim na Escola de Guyen-ne, em Sainte Foy-la-Grande (Gironde). Antes da ocupação de Bordéus, em junho de 1940, obteve seu certificado de literatu-ra francesa. Em seguida, recebeu o certificado de estudos lati-

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nos em Toulouse, e terminou a sua licenciatura em letras, nas cidades de Lião e Paris.

Em 1945, foi editor do Jornal Falado de Radiodifusão. A par-tir de 1947, tornou-se professor de língua e de cultura francesa em Bonn, Colônia, e no Instituto Francês de Berlim. Em segui-da, assumiu a mesma função nas universidades populares em Jönköping (Suécia) e Fredrikstad (Noruega).

De 1958 a 1978, lecionou na Aliança Francesa, em Paris. Em dezembro de 1994, Jean Prieur foi condecorado com a Medalha de Vermeil da Cidade de Paris (da Academia Francesa) por todo seu trabalho.

Este ano, Jean Prieur completa cem anos de idade de uma existência em que, em meio a tantas atividades, escreveu e pu-blicou cerca de sessenta livros, entre obras de literatura e en-saios, muitas de temática espírita.

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