tradição e ruptura - entrelinhas editora · luiz vicente, marina azem e waldemar seehagen...

19
Tradição e Ruptura Cultura e Ambiente Pantaneiros Luiz Vicente da Silva Campos Filho

Upload: lamdien

Post on 20-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura

Cultura e Ambiente Pantaneiros

Luiz Vicente da Silva Campos Filho

Tradicoes_e_Rupturas.indd 1 29/04/13 09:57

Page 2: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

C198t..Campos Filho, Luiz Vicente da Silva

Tradição e ruptura: cultura e ambiente pantaneiros /

Luiz Vicente da Silva Campos Filho. – Cuiabá: Entrelinhas,

2002.

184 p.: il.; 23cm

ISBN: 8587226-08-8

1. Pantanal Matogrossense – Usos e costumes. I. Título.

..........................................................................................CDU : 981.71

© Luiz Vicente da Silva Campos Filho. 2002

Av. Senador Metello, 3.773 – Jardim Cuiabá

Cep: 78.030-005 – Cuiabá, MT

Tele/fax: (65) 624 5294

www.entrelinhaseditora – e-mail: [email protected]

Produção Editorial

Maria Teresa Carracedo

Candida Bitencourt

Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen

Cristina Campos

Projeto Gráfico

Capa e Editoração

Fotos

Revisão

Contato com o autor: [email protected]

Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livroda Fundação Biblioteca Nacional.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 2 29/04/13 09:57

Page 3: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e RupturaLuiz Vicente da Silva Campos Filho

Cuiabá, Mato Grosso, 2002

Cultura e Ambiente Pantaneiros

Tradicoes_e_Rupturas.indd 3 29/04/13 09:57

Page 4: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradicoes_e_Rupturas.indd 4 29/04/13 09:57

Page 5: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

A um homem pantaneiro, José Jacinto da Silva,

pelo seu olhar amoroso sobre o mundo.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 5 29/04/13 09:57

Page 6: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradicoes_e_Rupturas.indd 6 29/04/13 09:57

Page 7: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

O homem deveria criar uma outra ilusão de realidade

e inventar, para este fim, outras palavras,

já que as suas carecem de sangue...

Cioran

Tradicoes_e_Rupturas.indd 7 29/04/13 09:57

Page 8: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Ao Prof. Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão, pela orientação e apoio integral a este trabalho.

À Profª Drª Maria Fátima Roberto Machado, pela orientação no campo da antropologia, pela amizade e estímulo constante.

À Universidade Federal de Mato Grosso, através do Instituto de Biociências.

À Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA - MT, por disponibilizar as imagens de satélite e as instalações para a confecção do mapa.

À Coleção Amídicis Tocantins, da Biblioteca Central da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT.

À Biblioteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA.

Às Bibliotecas do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte - CNPGC, Campo Grande-MS e do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATU, Belém-PA, ambas da EMBRAPA.

À Biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ.

À Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizon-te-MG.

Ao Pouso Alegre - Hotel Fazenda, Pantanal de Poconé-MT, pelo financia-mento desta pesquisa.

Às fontes orais que contribuíram para esta dissertação: Adolfo Abel Pereira, Antônio Eubank Neto, Antônio Pe-dro da Silva Campos (in memorian), Antônio Rodrigues Nascimento Filho, Benedito Malheiros dos Santos, Bene-dito Mamede de Arruda Filho, Benedito Nicolau Vieira, Benedito Rosa da Silva (in memorian), Bernadete Celestina de Oliveira Nascimento, Célio Corrêa da Costa, Donato Malheiros, Francisco Ildefonso da Silva Campos, Geraldo Gomes Guimarães (in memorian), Giovani Nunes Rondon (in memorian), Gonçalo Vicente Figueiredo (in memorian), José de Arruda, José Lobo, José Salvador de Arruda Santos, José Vicente

Tradicoes_e_Rupturas.indd 8 29/04/13 09:57

Page 9: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 9

Agradecimentos

Dorileo (in memorian), Laíde Gomes da Silva (in memorian), Layr Nunes Rondon

Zaramella, Lúcia Nunes Rondon Fontes, Luís Fernando Perfeito Silva Campos,

Manoel Benedito da Silva, Manoel Benedito da Silva Campos (in memorian), Maria Virgínia de Almeida Lobo, Mário

Dorileo, Paulo Acindino de Arruda, Rosália Gomes da Silva Campos, Ulis-ses Arruda e Silva, Vicente Falcão de

Arruda.

Às fontes orais que contribuíram com informações sobre variados temas,

incluindo paisagens: Antônia Mariana de Aquino Nunes, Antônio Alves de

Arruda, Filemon Leôncio Gaíva (in

memorian), Francisco da Silva Prado, Íris de Arruda, Jesuína da Silva, João

Urbano da Silva, José de Assis e Silva (in memorian), José Jacinto da Silva, José

Rodrigues de Carvalho (in memorian), Luís Bispo de Arruda, Luiz Vicente da Silva Campos, Manoel Valfride Correa

(in memorian), Maria Lídia de Arruda Prado.

Aos que contribuíram com apoio, discussões, sugestões e bibliografia:

Caio e Edna Silva Campos, Carolina da Silva, Cátia Cunha, Cristina Campos,

Célia Soares, Cláudia Callil, Dalci Oliveira, Daniel Giese, Elane Guerrero,

Eliani Fachim, Elizabeth Siqueira, Eurani Veiga, Eva Sérgio, Evaristo

da Silva, Everaldo Maciel, Fátima Sá, Fátima Sonoda, Francisco da Silva Campos, Germano Guarim, Gilda

Maitelli, Ivens Scaff, Jerry Penha, José Geraldo Marques, José Jacinto da

Silva, José Lobo, Letícia Lobo, Lígia Madruga, Lúcio Barreto, Luís Cláudio

Perfeito, Luiz e Zélia Silva Campos e família, Maria José da Silva, Maria Teresa Carracedo, Marcos Carvalho,

Míriam Assis, Renata Freitas, Rita Fiori, Sergio Alves, Suzana Hirooka, Terence Matfield, Theresa Presotti, Vera Pexe,

Vivianne Amaral, Walderez Amaral, Zuleica Rinschede.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 9 29/04/13 09:57

Page 10: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradicoes_e_Rupturas.indd 10 29/04/13 09:57

Page 11: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 11

15 Aspectos pantaneirosFigura 1: croqui das áreas de estudo e controle ..........20Personagens da cena pantaneira: os primeiros habitantes e a colonização .......................24A economia pecuária pantaneira ...................................40As origens do gado tucura ..........................................44

Uma identidade pantaneira ...........................................50

63 Metodologia Procedimentos ........................................................................ 69

73 Caracterização da paisagemAbordagem de paisagem pela cultura pantaneira ........75

As Unidades Culturais de Paisagem da área cartografada .................................................... 103Quadro 1: Síntese das Unidades Culturais de Paisagem cartografadas ..........................................112Quadro 2: Síntese do comportamento hídrico das Unidades Culturais de Paisagem ..........................112Figura 2: Mapa de Unidades Culturais de Paisagem ..113

Imagens da paisagem pantaneira ................................114

121 O homem e a lida

145 O tucura: uma herança cultural

151 Desenvolvimento: a tradição e a ruptura

171 Considerações finais

177 Referências bibliográficas

Tradicoes_e_Rupturas.indd 11 29/04/13 09:57

Page 12: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradicoes_e_Rupturas.indd 12 29/04/13 09:57

Page 13: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 13

Resumo

Este livro edita uma dissertação de Mestrado que tem como foco as tradições do Pantanal de Poconé em seu confronto com os agencia-mentos contemporâneos de uniformização, através das informações e representações de fontes orais, acerca de temas considerados impor-tantes para a cultura e a identidade do homem do Pantanal, como a sua história e sua percepção das paisagens. Partindo de entrevistas, complementadas por consultas bibliográficas e reconhecimentos de campo, foram definidas as unidades de paisagem, em uma área re-presentativa do Pantanal, que foram cartografadas a partir de interpre-tação de imagens de satélite. A análise dos dados coletados permitiu demonstrar a eficácia dos conhecimentos tradicionais para uma me-lhor compreensão do Pantanal mato-grossense. O trabalho trata das inter-relações do homem com o gado, especialmente o tucura, que é o gado nacional local, em seu comportamento adaptado, utilizando conhecimentos bibliográficos para o esclarecimento de suas origens e introdução histórica. Descreve também a história e a crise atual da pecuária bovina pantaneira.

Em seus resultados, esta pesquisa subsidia o planejamento do tu-rismo ecocultural no Pantanal de Poconé.

Palavras-chave: conservação, cultura, paisagem, Pantanal, pecuária.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 13 29/04/13 09:57

Page 14: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 14

Abstract

This book is the result of a Master’s degree dissertation that focuse-son the traditions of the Pantanal of Poconé, on their conflict with the contemporaneous promoters of uniformity, through information and representations of oral sources, about themes considered important for local culture and the Pantanal man’s identity through its history and its perception of landscapes. Based on interviews, complemented by bibliographic references and field recognition. The different units of landscape were defined in an area representative of the Pantanal of Poconé, which were charted through interpretation of satellite ima-ges. The analysis of collected data allows for the demonstration of the efficiency of traditional knowledge for a better understanding of the Pantanal mato-grossense. This work deals with the interrelations of men with cattle, especially the local tucura cattle, in its adapted behavior, using bibliographic knowledge for clarifying its origins and historical introduction. It also describes the history and the current crisis of bovine cattle breeding in the Pantanal.

In the results, this research supplements the planning of cultural and ecological tourism in the Pantanal of Poconé.

Keywords: conservation, culture, landscape, Pantanal, cattle.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 14 29/04/13 09:57

Page 15: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Aspectos pantaneiros – 15

1

Aspectos pantaneiros

Tradicoes_e_Rupturas.indd 15 29/04/13 09:57

Page 16: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 16

Tradicoes_e_Rupturas.indd 16 29/04/13 09:57

Page 17: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Aspectos pantaneiros – 17

O Pantanal é uma planície sedimentar, situada na região central da América do Sul. No Brasil, possui área de 168.000 Km2 (Carvalho, 1984), nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Corrêa Filho (1955) o define como uma “chanura emoldurada pela encosta do planalto central, a leste, norte e sul, e elevações que se prendem ao sistema andino, a oeste”.

É uma área de grande importância para o conservacionismo, con-correndo para a sua diversidade atual a baixa densidade demográfica e as formas de manejo utilizadas pela cultura tradicional, que histori-camente demonstra uma compatibilidade da economia pecuária com a conservação da natureza.

Esse diálogo da cultura pantaneira com a natureza criou práticas importantes para o conservacionismo, aproximando-se da idéia con-temporânea de Serres (1991), do “contrato natural” como uma simbio-se, onde o relacionamento humano com a natureza integra a escuta admirativa, a reciprocidade, a contemplação e o respeito.

Essa visão é fruto de interações culturais locais peculiares, que vêm encontrando, nos dias atuais, dificuldades para se reproduzir, pela unidimensionalização do pensamento, ditada pelos agenciamentos da contemporaneidade (Guattari, 1991).

Para a definição de políticas sustentáveis, as singularidades regio-nais devem ser pesquisadas e valorizadas, sendo a reconstrução das tradições um importante instrumento para a sua efetivação. Assim, as organizações internacionais WRI/UICN/PNUMA (1992) lembram que

Tradicoes_e_Rupturas.indd 17 29/04/13 09:57

Page 18: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Tradição e Ruptura • Cultura e Ambiente Pantaneiros – 18

os “conhecimentos que os mais velhos possuem [...] ou a história de mudanças ecológicas locais, por exemplo, podem ser mais valiosos para a conservação da biodiversidade do que qualquer conhecimento importado de especialistas” 1.

Assim, reconstruindo conhecimentos tradicionais orais, este trabalho configura-se como uma “descrição densa”, conforme Geertz (1989). Trazendo uma leitura ecológica por uma dada cultura, integra-se ain-da à etnoecologia. Toledo (1991) traz um histórico dessa disciplina, definindo-a como a “área encarregada de estudar aquela porção do conhecimento tradicional sobre a natureza”, na visão do observado, assim como os “comportamentos que esse conhecimento gera”.

Historicamente, estudos em diversas disciplinas foram feitos des-respeitando as fontes e as culturas pesquisadas. De forma diferente, esta pesquisa, num diálogo interdisciplinar entre o conservacionismo ecológico e a nova antropologia, que tem sua origem no movimento hermenêutico (Cardoso de Oliveira, 1988), supera a pretensão de pro-duzir uma ciência absoluta, enfatizando como elementos científicos a intersubjetividade, a individualidade e a historicidade.

Os saberes tradicionais podem contribuir para a melhor compre-ensão do Pantanal de Poconé. Assim, este trabalho descreve temas de importância para a cultura pantaneira, sendo uma apresentação de parte desses saberes. Visando configurar o universo pesquisado, o texto está organizado de forma que, o primeiro capítulo refere-se às informações e representações encontradas em bibliografia, com aportes de fontes orais sobre os personagens da cena pantaneira, assim como alguns dados demográficos e da ocupação colonizadora, com um breve histórico da pecuária pantaneira e do gado tucura, gado bovino nacional do Pantanal, presente desde o início da pecuária pantaneira e, atualmente, correndo o risco de extinção. Traz informes sobre a introdução desses animais e suas origens paleontológicas. No mesmo capítulo, é descrita, ainda, uma identidade dos homens do Pantanal, conforme coletada em campo. Complementa esse capítulo a

1 WRI - Instituto de Recursos Mundiais, UICN - União Mundial para a Natureza e PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 18 29/04/13 09:57

Page 19: Tradição e Ruptura - Entrelinhas Editora · Luiz Vicente, Marina Azem e Waldemar Seehagen Cristina Campos Projeto Gráfico Capa e Editoração Fotos Revisão ... que tem sua origem

Aspectos pantaneiros – 19

interpretação do Pantanal como sertão, compondo uma identificação cultural local. Como resultados da pesquisa de campo, o Capítulo 3 traz a percepção dos pantaneiros sobre a paisagem local, com a defi-nição de unidades cartografáveis, em uma área controle. O Capítulo 4 aborda o imaginário humano quanto aos animais de sua criação (bovinos e eqüinos), descrevendo as formas de manejo praticadas e as categorias com que representam os bovinos, incluindo o gado bravio, o baguá, em seus aspectos pragmáticos e imaginários. O Capítulo 5 retoma o gado tucura em seu comportamento adaptado às condições ambientais pantaneiras. O Capítulo 6 discute a pecuária tradicional em seu confronto com a modernização das formas de produção. No capítulo 7 são sucintamente retomados temas do trabalho, indicando prosseguimentos de pesquisa e sugestões de interesse para a conser-vação e a economia locais.

Este livro tem como objetivo geral contribuir para a reconstrução da tradição local, que constitui um conhecimento sobre a área de estudo. Na busca desses conhecimentos, recorreu-se a fontes orais, bibliografia e reconhecimento de campo.

Entre os objetivos específicos deste trabalho estão:

a) Compilar dados históricos (bibliográficos e orais), como ocupa-ção, origem étnica de seus habitantes, economia, introdução do gado e aspectos sociais;

b) Contribuir para o conhecimento do manejo pecuário local e do imaginário humano sobre o gado;

c) Situar as políticas de desenvolvimento deste século para a região, em relação à visão tradicional;

d) Resgatar conhecimentos tradicionais das denominações, defini-ções e hierarquizações da paisagem pantaneira;

e) Descrever as Unidades Culturais de Paisagem encontradas em uma propriedade (área controle);

f) Demonstrar a eficácia metodológica de cartografar Unidades Culturais de Paisagem nos termos locais, subsidiando a elabo-ração de roteiros turísticos ecológico-culturais.

Tradicoes_e_Rupturas.indd 19 29/04/13 09:57