trabalho_politicas culturais (diana)
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8/7/2019 trabalho_Politicas Culturais (diana)
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Docente:
Maria Joo Moreira
Discentes:
Martim Dias
Rita Silva
Soraia Carvalho
Docente :
Maria Joo Moreira
Discentes:
Martim Dias
Soraia Carvalho
Rita Silva
Polticas Culturais
Polticas Culturais Aplicadas ao Patrimnio Im
Porto, de 2010 |
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ndice
Introduo 4
Parte I - Abordagem s polticas culturais.6
Capitulo 1 - Desenvolvimento do conceito de cultura no contexto
internacional e nacional.
6
Captulo 2- Desenvolvimento histrico das politicas culturais em
Portugal
8
Captulo 3 - Democracia cultural e democratizao da cultura. 12
Capitulo 4 Ministrio Da Cultura 13
Seco 1 - Misses o objectivos 13
Seco 2 - Organograma do Ministrio Da Cultura 14
Captulo 5- Financiamento e distribuio de verbas pelo
Ministrio da Cultura
17
Parte II Patrimnio Imvel 20
Capitulo 1 Desenvolvimento do conceito de Patrimnio ao
longo dos tempos.
20
Seco 1 - O conceito de Patrimnio Imvel. 21
Parte III - Politicas aplicadas ao Patrimnio Imvel. 23
Capitulo 1 Evoluo da legislao aplicada ao Patrimnio
Imvel aps o 25 de Abril
23
Seco 1 - A evoluo do enquadramento administrativo 23
Captulo 2 A Classificao do Patrimnio Imvel 26
Seco 1 - Princpios seguidos durante os anos 70 e 80 26
Seco 2 - Princpios seguidos nos anos 90 27
Seco 3 - A situao actual da classificao e
inventariao do patrimnio edificado
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Capitulo 3 Cartas, convenes e organismos internacionais e
a sua aplicao em Portugal.
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Seco 1 - Os organismos Internacionais e a sua
importncia
32
Seco 2 - O alargamento do conceito de Patrimnio
Imvel
35
Seco 3 - A Salvaguarda do Patrimnio Cultural como
uma responsabilidade colectiva.
36
Seco 4 - A Salvaguarda do Patrimnio, uma filosofia
europeia.
37
Captulo 4 As competncias da administrao local relativas
ao patrimnio imvel
38
Seco 1 - A definio das responsabilidades 38
Seco 2 - Mudana de competncia das Autarquias
Locais no domnio do Patrimnio Cultural
39
Seco 3 - Zonas de proteco aos imveis classificados 41
Seco 4 - A tutela dos imveis classificados 41
Seco 5 - As garantias de proteces e as sanes aos
atentados contra o Patrimnio Cultural
42
Seco 6 - Despesas dos municpios com o Patrimnio
Cultural
43
Capitulo 5 Mecenato Cultural e a sua importncia na
salvaguarda do patrimnio.
46
Seco 1 - Evoluo histrica do conceito de mecenato 46
Seco 2 - Mecenato de Empresas 47
Seco 3 - Evoluo Legislativa 48
Concluso 51
Bibliografia 52
Webgrafia 53
Anexos
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Introduo
Este trabalho, proposto no mbito da disciplina de Politicas Culturais,
trata a temtica das Politicas Culturais aplicadas ao Patrimnio Imvel.
O nosso grupo interessou-se com a temtica, no decorrer do trabalho,
com a certeza que um trabalho relativo a este tema seria muito til, j a grande
maioria do patrimnio classificado pertence a esta tipologia de patrimnio,
adquirindo assim informaes muito relevantes acerca da legislao aplicada
ao patrimnio imvel, do desenvolvimento das polticas culturais relativas ao
patrimnio imvel e tudo o que directa ou indirectamente est relacionado com
a temtica do patrimnio imvel.
Decidimos iniciar com uma parte relativa a conceitos relevantes para o
entendimento deste trabalho, como o caso do desenvolvimento do conceito
de cultura no contexto internacional e nacional e a explicao da misso,
objectivos e formas de financiamento do Ministrio da Cultura.
Numa segunda parte sero tratados conceito mais tcnicos, como o
caso de Patrimnio e Patrimnio Imvel e o seu desenvolvimento histrico.
Por fim trataremos das temticas directamente relacionadas com o
Patrimnio Imvel, como o caso da evoluo da legislao aplicada ao
Patrimnio Imvel aps o 25 de Abril, a classificao do Patrimnio Imvel,
Cartas, convenes e organismos internacionais e a sua aplicao em
Portugal, as competncias da administrao local relativas ao patrimnio
imvel e por fim o Mecenato Cultural e a sua importncia na salvaguarda do
patrimnio. Dentro destas diferentes temticas, outros assuntos sero
trabalhados e desenvolvidos, como o caso das tutelas do Patrimnio Cultural
(dando relevncia ao Patrimnio Imvel), os Organismos Internacionais e a sua
importncia e a definio das responsabilidades no que toca ao Patrimnio
Cultural.
Penso que as temticas abordadas so de total importncia para a
temtica do nosso trabalho, sendo escolhidas segundo a nossa ideia pr-
definida quando iniciamos a elaborao deste trabalho.
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Pensando que questes relevantes iro surgir no desenrolar da leitura
do trabalho pensamos que muitas ramificaes e desenvolvimentos futuros so
possveis em trabalhos acerca desta temtica.
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Parte I - Abordagem s polticas culturais.
Capitulo 1 - Desenvolvimento do conceito de cultura no contexto
internacional e nacional.
A origem etimolgica da palavra cultura remonta ao final do sculo XVIII
e parte do termo germnico Kultur, utilizado para simbolizar todos os aspectos
espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization
referia-se principalmente s realizaes materiais de um povo. Ambos os
termos foram sintetizados por Edward Tylor no termo ingls Culture que levado
para um sentido etnogrfico o conjunto que inclui todos os conhecimentos, ascrenas, a arte, a moral, as leis, os costumes ou qualquer outra capacidade ou
hbito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade1.
Podemos falar de Cultura e Identidade Cultural como dois conceitos que
interagem e se inter-relacionam.
Em primeiro lugar, a cultura deve ser encarada como sendo um conceito
bastante abrangente, pois esta pode assumir diversas formas de expresso,
nomeadamente o Patrimnio que um povo possui.
A Identidade poder ser entendida como um conjunto de factores, entre
os quais o prprio espao territorial, bem como a lngua materna. Ou seja todos
os elementos culturais transversais a uma sociedade, que a identifica e a
define, formam, no seu conjunto a sua Identidade Cultural.
Cada cultura representa um conjunto de valores nico e insubstituvel j
que as tradies e as formas de expresso de cada povo constituem sua
maneira mais acabada de estar presente no mundo.2
11 LARAIA, Roque de B. Cultura, um conceito antropolgico. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 2001, pp. 25.
22 Declarao do Mxico, Mxico, 1982 - Conferncia Mundial sobre as Polticas Culturais,
ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Stios.
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Ao longo dos tempos, o conceito de Cultura foi evoluindo e alargando-
se, pois sabe-se que esta, em determinados contextos e perodos da histria,
compreendia tudo aquilo que estava ligado s artes eruditas ou
desenvolvimento intelectual. No entanto, esta corrente eliminava uma noo
ligada etnologia e todas as formas de viver de um povo, como as suas
tradies, crenas, costumes e relaes.
Nos dias de hoje a cultura aparece-nos como o conjunto de prticas e
aces sociais que seguem um determinado padro num determinado espao.
Ela refere-se s crenas, comportamentos, valores, instituies e regras morais
que permitem identificar uma sociedade. A cultura assume tambm o aspecto
da vida social que se relaciona com a produo do saber, da arte, do folclore,
da mitologia e dos costumes, entre outros, bem como a forma que a sua
perpetuao se d atravs da transmisso de uma gerao para outra.
Uma das principais caractersticas da cultura o seu mecanismo
adaptativo, ou seja, a sua capacidade de responder ao meio num contexto de
mudana de hbitos. Alm desta caracterstica possui tambm um mecanismo
cumulativo, ou seja, as modificaes levadas a cabo por uma gerao so
passadas gerao seguinte. Desta forma com o passar do tempo a cultura
sofre transformaes uma vez que vai perdendo determinados aspectos e
incorporando outros mais adequados s vivncias da nova gerao.
A mudana cultural d-se atravs de dois mecanismos bsicos: a
inveno ou introduo de novos conceitos e a difuso de conceitos a partir de
outras culturas.
Segundo a declarao do Mxico sobre Polticas Culturais (1984), no
seu sentido mais alargado, a cultura deve ser entendida como o complexo
global de elementos espirituais, materiais, intelectuais e emocionais distintivosque caracterizam a sociedade ou o grupo social, incluindo no apenas as artes
e letras, mas igualmente os modos de vida, os direitos humanos fundamentais,
os sistemas de valores, as tradies, as crenas. a Cultura que permite
formar seres racionais, realmente humanos, dotados de uma capacidade de
julgamento e de uma certa conscincia moral. atravs da Cultura que o
Homem se pode exprimir, tomar conscincia de si prprio, reconhecer a sua
imperfeio, interrogar-se sobre as suas prprias dvidas, realizar-se, procurar
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sem cessar novos significados e criar obras que lhe permitam transcender os
seus prprios limites.
Sendo a cultura intrnseca ao Homem, esta no pode ser restrita,
qualquer pessoa tem o direito de lhe aceder livremente. Este direito est
patente na Declarao Universal dos Direitos do Homem de 1948 no artigo 27
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso cientifico e nos
benefcios que deste resultam3.
Desta forma, pode-se afirmar que o Homem o centro de tudo e que a
Cultura essencial para o seu desenvolvimento e progresso, porque o ajuda a
reflectir sobre si mesmo. Para alm desta caracterstica, a Cultura tambm
um meio de reforo de independncia, identidade e soberania nacional com a
sua compreenso e aceitao pelos povos. Assim, necessrio criar uma srie
de mecanismo para a defesa da cultura, do patrimnio de cada pas.
Captulo 2 - Desenvolvimento histrico das politicas culturais em
Portugal
Ao longo dos tempos, com a evoluo poltico-social que se fo
denotando, as politicas culturais foram, tambm elas, sendo alteradas, a nvel
do prprio conceito e das suas polticas.
Na sequncia do golpe militar de 28 de Maio de 1926 foi instaurado em
Portugal o regime Salazarista. Regime que criou desde logo mecanismos
imprescindveis construo da sua hegemonia ideolgica e cultural, tendo
como uma das primeiras preocupaes a estruturao da aco cultura
claramente assumida como propaganda.Foram ento criados rgos e instrumentos destinados aco poltico-
cultural do regime. A 1933, criado o Secretariado de Propaganda Nacional
(SPN), rgo destinado a veicular a ideologia do regime e a uniformizar o
conhecimento da realidade nacional, passando este, posteriormente, a
designar-se Secretaria Nacional de Informao e Cultura Popular (SNI), devido
a ter deixado de corresponder ao mbito restrito da sua designao. A censura
33 Declarao Universal dos Direitos do Homem, 1948.
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tambm teve um papel fundamental, na medida que correspondia ideia
preconizada do regime autoritrio que definia que cultura convinha aos
portugueses e quais os valores que a deviam enformar.
O regime exercia-se igualmente por via do sistema educativo, em que a
Junta de Educao Nacional (JEN) desempenhava um papel preponderante.
Este junta dividia-se em vrias subseces; sendo a primeira, a segunda e a
quarta, relevantes ao domnio da cultura4.
Deste modo a cultura era dominada pela dimenso propagandista e as
reas que hoje se consideram especificamente culturais, reas estas que eram
da competncia do Ministrio da Educao e no qual encontravam-s
integradas.
A 26 de Setembro de 1968, Marcelo Caetano sobe ao poder, sucedendo
a Salazar e, trazendo uma orientao poltica que tinha por lema a renovao
na continuidade. Com uma perspectiva menos rgida deu-se um ligeiro
abrandamento da situao de opresso (censura), mas no decorrer dos tempos
os esquemas controladores do Regime acabaram por manter-se, passando a
censura a designar-se de Exame Prvio.
A 25 de Abril de 1974, d-se o golpe militar de marca o fim do Regime
Salazarista, instaurando a democracia em Portugal e, trazendo mudanas
profundas no s no sistema poltico do pas, mas tambm no econmico, no
social e no cultural.
Em Maio do mesmo ano publicado o Programa do Movimento das
Foras Armadas que toma imediatamente medidas como a abolio da
Censura e do Exame Prvio e a criao de uma comisso adhoc com a misso
de controlar a imprensa, rdio, televiso, teatro e cinema.
Com a criao do I Governo Provisrio surge um novo programa queprevia por conseguinte: uma nova lei de imprensa, rdio, televiso, teatro e
cinema; o estabelecimento de medidas de salvaguarda do patrimnio; a
erradicao do analfabetismo e o fomento dos meios de comunicao social
como uma forma de atingir uma democratizao cultural e difundir a lngua
44 A primeira dizia respeito educao moral e cvica, a segunda estava encarregada das
relaes culturais, e a quarta estava encarregada da literatura, bibliotecas e arquivos.
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portuguesa, assim como o desenvolvimento de actividades culturais e artsticas
(a literatura, o cinema, o teatro, as artes plsticas e a msica).
Em Agosto os rgos do poder comeam a anunciar uma poltica
cultural, instituindo-se assim Campanhas de Dinamizao Cultural com o
objectivo de democratizar a cultura, que no se prolongariam para alm do V
Governo Provisrio.
Durante o perodo de transaco a cultura deixa de ser uma prioridade
dos Governos, a braos com problemas considerados mais urgentes, que no
corresponderam s aspiraes dos agentes culturais
Em 1976, o fim do VI Governo provisrio marca o incio de um novo
perodo poltico no pas, durante o qual exerceram o poder treze Governos
Constitucionais.
No I Governo, o seu programa explicita pela primeira vez as tarefas do
mesmo no sector cultural e, criada a Secretaria de Estado da Cultura (SEC),
que depende directamente do Concelho de Ministros. Com a autonomizao da
SEC consideram-se reunidas as condies para que a cultura, em Portugal,
possa libertar-se de situaes ambguas que at data a comprometiam.
A SEC tem como grandes objectivos prosseguir as aces com vista
soluo de problemas herdados das estruturas anteriores ao 25 de Abril que
no foram revistas pelos governos provisrios e propor legislao com vista a
regularizar o funcionamento das instituies de natureza cultural e a actividade
dos trabalhadores intelectuais.
Para tal a SEC actua em quatro reas: patrimnio cultural, investigao
e fomento cultural, espectculos e aco cultural.
No II Governo d-se um regresso a alguns temas culturais do inicio da
democracia. O seu programa prev iniciativas no mbito da democratizao dacultura, da fruio dos bens culturais e da sua criao por parte da populao.
No III Governo, o seu programa destaca a democratizao,
descentralizao e o reforo da identidade nacional, promovendo-se o
incremento da participao cultural, a salvaguarda do patrimnio e
valorizao da criao e difuso culturais. com este governo que a cultura
assume uma nova definio, deixando de ser una e passando a ser tripartida
em cultura de elite, de massas e popular, sendo funo da poltica diminuir o
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fosso que as separa e que vai sendo expressa de formas diferentes nos dois
governos seguintes.
O IV Governo orienta-se mais para a questo do nacionalismo
defendendo a lngua e a difuso de valores humansticos por ela veiculados.
O Programa do V Governo Constitucional acentua as orientaes dos
governos anteriores. A poltica cultural que o governo se prope a adoptar
supes e implica uma concepo de cultura pluriforme e globalizante. Este o
primeiro governo que explicita o seu conceito de cultura e organiza os
objectivos, as orientaes e a orgnica da poltica cultural em funo do
mesmo. Neste programa a noo de patrimnio surge pela primeira vez
associada no s ao patrimnio adquirido, mas tambm s expresses vivas
da criao cultural actual.
A partir dos anos 80 a cultura passa a constituir um tema recorrente do
discurso poltico e lanada a concepo da cultura como consenso, do qual
faz parte o patrimnio, a identidade nacional e a democratizao da cultura.
Com a preparao para a futura adeso Comunidade Econmica Europeia,
passa-se a encontrar nos programas objectivos muito ligados identidade
nacional, que permita a melhor identificao de uma imagem e de uma
personalidade cultural portuguesa.
Em 1983, com o IX Governo que separa as atribuies governamentais
relativas cincia e tecnologia das relativas cultura, criado o Ministrio da
Cultura (MC). Neste perodo a preservao do patrimnio cultural surge como
reforo da identidade cultural e criada da 1 lei do patrimnio.
O perodo de 1985 a 1995 corresponde a trs Governos (X, XI e XII)
sociais-democratas dos quais os seus programas enunciam os seguintes
princpios: universalidade do acesso aos bens culturais; preservao dopatrimnio; apoio criao, que tem subjacente o estmulo dos talentos e
valores individuais e a liberdade de criao; descentralizao; e afirmao da
identidade cultural, com a valorizao da lngua portuguesa.
criada a Lei do Mecenato, que leva a levantar-se crticas por parte da
oposio, considerando-se que o incentivo do mecenato privado possa vir a
constituir uma forma do Estado se demitir das suas responsabilidades.
Por outro lado, referido o objectivo de promoo da cultura portuguesano exterior, a adeso ao acordo que constitui a Fundao Europeia, a
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intensificao do relacionamento com o Brasil e os Pases Africanos de Lngua
Portuguesa Oficial (PALOP), a implementao de institutos portugueses no
Brasil e na Europa, de centros culturais nos PALOP e de organismos que
promovam a cultura e lngua portuguesas.
Em Outubro de 1995 d-se o inicio do Governo Socialista cujo programa,
para alm de dedicar um espao mais alargado ao sector da cultura, apresenta
tambm medidas mais especficas e concretas, orientadas em funo de cinco
grandes princpios: a democratizao, a descentralizao; a
internacionalizao; a profissionalizao e a reestruturao.
A partir de 1995, a poltica cultural tem sido marcada por laos a uma
atitude cultural tradicional de uma esquerda moderna que no renega o
clssico5 e que entende a cultura como uma espcie de viso do mundo alm
dos direitos a um acto criativo.
Captulo 3 - Democracia cultural e democratizao da cultura.
Os conceitos de democracia cultural e democratizao cultural
aparecem definidos na Declarao do Mxico sobre Politicas Culturais de 1982
elaborada durante a Conferncia Mundial sobre as Polticas Culturais, realizada
pelo ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Stios. Dessa
declarao podemos transcrever as seguintes citaes de forma a ilustrar os
dois conceitos:
A democracia cultural significa a capacidade de participao do
indivduo e da sociedade na criao de bens culturais, no processo de deciso
da vida cultural e na disseminao e fruio da cultura.6
A democratizao Cultural implica a fruio da excelncia artstica por
parte de todas as comunidades e da populao no seu todo, a par da
55 SILVA, Augusto Santos (2004b) Como Classificar as Polticas Culturais? Uma Nota dePesquisa in OBS, n 12, Lisboa: Observatrio das Actividades Culturais, pp. 10-20.
66 Declarao do Mxico, Mxico, 1982.
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eliminao das desigualdades que decorrem de factores diversos como a
lngua, o status social, a educao, a nacionalidade, a idade, o sexo, a religio,
a sade ou a pertena a determinados grupos minoritrios ou excludos.7
Nesta declarao encontramos tambm a ideia de que necessrio
trabalhar para uma descentralizao da vida cultural, tanto a nvel geogrfico,
como a nvel administrativo. Pois s assim se consegue atingir uma plena
democratizao cultural, descentralizando dos lugares de fruio cultural, como
o caso das Belas Artes, tornando possvel o acesso excelncia artstica a
todas as comunidades e classes da sociedade.
preciso eliminar as desigualdades provenientes da origem, da posio
social, da educao, da nacionalidade, da idade, da lngua, do sexo, das
convices religiosas, da sade ou da pertinncia a grupos tnicos minoritrios
ou marginais.
S respeitando todos estes princpios se pode tornar a cultura
verdadeiramente democrtica como teoricamente deve ser mas na prtica nem
sempre se verifica.
Capitulo 4 Ministrio Da Cultura
Seco 1 - Misses o objectivos
Discutir Cultura implica obrigatoriamente falar do papel do Governo
nesta rea. Ao Governo cabe-lhe, sem controlar a vida cultural, garantir a
estimulao, a promoo e o apoio de aces que possibilitem o favorecimento
do acesso a todas as pessoas cultura bem como sua produo. Para almdestes deveres, o Governo ainda tem que garantir a defesa e salvaguarda do
patrimnio cultural, no esquecendo o incentivo a novas modalidades de
conhecimento e fruio. Para tal, o Governo necessita de um departamento
governamental que tenha como misso viabilizar o mencionado acima. Assim,
surge o Ministrio da Cultura. As suas funes traduzem-se por u
responsabilizao na criao de infra-estruturas que ajudem no
77 Declarao do Mxico, Mxico, 1982.
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estabelecimento de uma poltica cultural no apenas coerente, mas tambm
consistente e eficaz. Tambm tem sob a sua alada estimular formas de
cooperao no s entre entidades autrquicas e regionais, mas entre os
agentes privados e os cidados, valorizando assim as iniciativas culturais
existentes e que possam vir a existir.
A criao de um Ministrio da Cultura resulta do Decreto-Lei n. 46/96 de
7 de Maio que estipula um Ministrio cuja funo melhorar as condies de
acesso cultura e, por outro, defender e salvaguardar o patrimnio cultural,
incentivando novas modalidades da sua fruio e conhecimento.
A criao do Ministrio da Cultura, concretizou uma opo estratgica
que colocava a poltica cultural no centro das polticas de qualificao.
O Ministrio da Cultura o departamento governamental que tem por
misso a definio e execuo de uma poltica global e coordenada na rea da
cultura e domnios com ela relacionados, designadamente na salvaguarda e
valorizao do patrimnio cultural, no incentivo criao artstica e difuso
cultural, na qualificao do tecido cultural e na internacionalizao da cultura
portuguesa.8
Seco 2 - Organograma do Ministrio Da Cultura
88 Decreto-Lei n. 215/2006 de 27 de Outubro
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O Ministrio da Cultura composto por servios integrados n
administrao directa do Estado, de organismos integrados na administraoindirecta do Estado, de rgos consultivos, de entidades integradas no sector
empresarial do Estado e de outras estruturas.
Relativamente aos servios integrados na administrao directa do
Estado podemos encontrar os seguintes servios centrais:
O Gabinete de Planeamento, Estratgia, Avaliao e Relaes
Internacionais; A Inspeco-Geral das Actividades Culturais;
A Secretaria-Geral;
A Biblioteca Nacional de Portugal;
A Direco-Geral das Artes;
A Direco-Geral do Livro e das Bibliotecas;
A Direco-Geral de Arquivos.
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Existem tambm, dentro dos servios integrados da administrao
directa do Estado, servios perifricos:
A Direco Regional de Cultura do Norte;
A Direco Regional de Cultura do Centro;
A Direco Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo;
A Direco Regional de Cultura do Alentejo;
A Direco Regional de Cultura do Algarve.
No que toca administrao indirecta do Estado, esto sob
superintendncia do Ministrio da Cultura os seguintes organismos:
A Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, I. P.;
O Instituto do Cinema e do Audiovisual, I. P.;
O Instituto de Gesto do Patrimnio Arquitectnico e
Arqueolgico, I. P.;
O Instituto dos Museus e da Conservao, I. P.
O Conselho Nacional de Cultura o nico rgo consultivo que engloba
o Ministrio da Cultura, segundo o estatuto de rgo consultivo.
Dentro do Ministrio da Cultura existem outras estruturas que funcionam
como parte integrante do prprio ministrio, como o caso de:
A Academia Internacional de Cultura Portuguesa;
A Academia Nacional de Belas Artes;
A Academia Portuguesa de Histria.
A competncia relativa definio das orientaes das entidades do
sector empresarial do Estado com atribuies nos domnios da cultura, bem
como ao acompanhamento da respectiva execuo, exercida pelo membro
do Governo responsvel pela rea da Cultura, sem prejuzo dos poderes
conferidos por lei ao Conselho de Ministros e ao membro do Governo
responsvel pela rea das Finanas.Quanto s fundaes a nova lei do Ministrio da Cultura diz-nos que:
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O MC pode ser fundador em Fundaes que prossigam fins
culturais.
O MC exerce a tutela sobre as Fundaes das quais fundador,
nos termos definidos nos respectivos estatutos.
As orientaes gerais definidas relativas, quer reorganizao dos
servios centrais do Ministrio da Cultura para o exerccio de funes de apoio
governao, de gesto de recursos, de natureza consultiva e coordenao
interministerial e de natureza operacional, quer reorganizao dos servios
desconcentrados de nvel regional, sub-regional e local e descentralizao de
funes, determinam, desde logo, a introduo de um modelo organizacional
que tem por base a racionalizao de estruturas, o reforo e
homogeneizao das funes estratgicas de suporte governao e a
aproximao da Administrao Central aos cidados.
Captulo 5 -Financiamento e distribuio de verbas pelo Ministrio da
Cultura
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O investimento na rea cultural tem vindo a diminuir percentualmente, a
partir do ano de 2002 (com a excepo do ano de 2005), quando foi atingido o
valor mximo de 0,7% das verbas totais do oramento destinadas ao Ministrio
da Cultura. No ano da sua criao verificamos que valor do oramento para
este Ministrio, representou 0,5% do total do oramento, uma percentagem
superior do que no ano de 2009, em que o oramento dado representou
apenas 0,3, apesar de as verbas serem mais elevadas que em 2005.
Estes dados podem ser entendidos de duas formas, este
desinvestimento representa um abandono das polticas de investimento cultural
ou uma consequncia dos problemas econmicos crnicos de Portugal que
leva a uma mudana na poltica do investimento global, substituindo o
investimento no sector cultural por um investimento no sector social
econmico.
Ao observar os dados referentes ao oramento do Ministrio da Cultura
por domnio, verificamos que a maior fatia de verbas destinada
Patrimnio. No entanto se formos a analisar os dados acerca da execuo do
oramento, podemos verificar que uma parte considervel dessas verbas no
chega a ser executado, principalmente no domnio do Patrimnio.
De 2000 a 2006, verificamos que a execuo fica sempre abaixo do
oramento, sendo os dois anos seguintes uma excepo pois ultrapassado o
oramento destinado a este domnio.
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Podemos verificar tambm que o oramento total nunca executado na
sua totalidade at ao ano de 2008, ano em que o montante executado
superior ao oramentado.
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Ao analisarmos a distribuio do financiamento do Ministrio da Cultura
por regio ao longo do perodo de tempo entre 2005 e 2008, podemos verificar
que ela no feita de uma forma equitativa entre as regies e difere tambm
de ano para ano. Sendo assim, Lisboa aparece-nos como a regio do pas que
aufere a maior fatia do financiamento do Ministrio da Cultura, aparecendo a
regio Norte como a segunda maior beneficiria. Podemos ver que a regio de
Lisboa tem beneficiado de um aumento regular de financiamento enquanto as
outras regies tm sofrido com grandes variaes dos valores atribudos de
ano para ano. A Madeira aparece como a regio com menor financiamento,
auferindo no total de quatro anos uma verba de 30.000 em contraste com a
regio de Lisboa, que num s ano recebeu de financiamento 55.423.681.
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Parte II Patrimnio Imvel
Capitulo 1 Desenvolvimento do conceito de Patrimnio ao longo
dos tempos.
O patrimnio cultural de um povo compreende as obras dos seus
artistas, arquitectos, msicos, escritores e sbios, assim como as criaes
annimas emergidas da alma popular e o conjunto de valores que do sentido
vida. Ou seja, as obras materiais e no materiais que expressam a
criatividade desse povo: a lngua, os ritos, as crenas, os lugares
monumentos histricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas.9
O conceito de patrimnio designa um bem destinado ao usufruto de
uma comunidade, constitudo pela acumulao contnua de uma diversidade de
objectos que se congregam atravs de um passado comum.
Numa sociedade evolutiva, constantemente em mudana a noo de
patrimnio remete-nos para um bem, uma tradio ou um costume, muitas
vezes pertencente ao passado e j extinto.A institucionalizao do patrimnio nasce no final do sculo XVIII, com a
viso moderna de histria e de cidade. na poca das Luzes que o patrimnio
histrico, constitudo pelas antiguidades, tem uma renovao iconogrfica e
conceitual.
A ideia de um patrimnio comum a um grupo social, caracterizador da
sua identidade e enquanto tal, merecedor de proteco perfaz-se atravs de
prticas que ampliaram o acesso a esse mesmo patrimnio a indivduos quenada mais conheciam do que o patrimnio relacionado com a cultura popular.
O conceito de patrimnio cultural, tal como definido na lei de bases do
patrimnio cultural portugus (Lei n. 107/01 de 8 de Setembro), um conceito
amplo e integrador, que abrange tanto os bens materiais de interesse cultural
relevante, mveis e imveis, como os bens imateriais, como o caso da lngua
99 Declarao do Mxico, Mxico, 1982 - Conferncia Mundial sobre as Polticas Culturais,
ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Stios.
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portuguesa. Dentro do conceito amplo de patrimnio cultural podemos ainda
isolar noes de mbito mais especfico, como sejam: patrimnio arqueolgico,
patrimnio arquitectnico, patrimnio construdo, patrimnio etnogrfico, entre
outras.
Seco 1 - O conceito de Patrimnio Imvel.
O conceito de Patrimnio Imvel, em Portugal, definido na lei 107/01
especificando a sua abrangncia em trs diferentes categorias. Esta
diferenciao surge na implementao da nova lei redigida em 2001
inspirando-se nas convenes internacionais elaboradas at ento. At ento o
conceito de Patrimnio Imvel no era to especfico possibilitando diferentes
interpretaes do termo.
Esta nova lei vem tambm definir quais as entidades responsveis pela
classificao, inventariao e conservao - tema que ser desenvolvido mais
frente.
Na Lei 107/01, patrimnio imvel surge subdividido nas categorias de
monumento, conjunto e stio. Esta definio tem como base a Conveno para
a proteco mundial, cultural e natural que define monumentos, conjuntos e
stios da seguinte forma:
Monumentos: obras de arquitectura, composies importantes ou
criaes mais modestas, notveis pelo seu interesse histrico, arqueolgico,
artstico, cientfico, tcnico ou social, incluindo as instalaes ou elementos
decorativos que fazem parte integrante destas obras, bem como as obras de
escultura ou de pintura monumental;
Conjuntos: agrupamentos arquitectnicos urbanos ou rurais de suficiente
coeso, de modo a poderem ser delimitados geograficamente, e notveis,
simultaneamente, pela sua unidade ou integrao na paisagem e pelo seu
interesse histrico, arqueolgico, artstico, cientfico ou social;
Stios: obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza,espaos suficientemente caractersticos e homogneos, de maneira a poderem
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ser delimitados geograficamente, notveis pelo seu interesse histrico,
arqueolgico, artstico, cientfico ou social.10
101 Conveno para a proteco mundial, cultural e natural, artigo 1,1972.
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Parte III - Politicas aplicadas ao Patrimnio Imvel.
Capitulo 1 Evoluo da legislao aplicada ao Patrimnio Imvel
aps o 25 de Abril
Como consequncia da Revoluo de 25 de Abril de 1974 deram-se
vrias alteraes no sector da Cultura: passa a ter direito a Secretaria de
Estado, desde os governos provisrios, e posteriormente, a Ministrio. Tal
como a Cultural, o sector do Patrimnio passou tambm por um processo de
desenvolvimento, especialmente a partir da dcada de 70, quando se procurou
actualizar a legislao nacional bem como os procedimentos e as metodologiasa utilizar na conservao e salvaguarda do patrimnio cultural, imagem das
Cartas e Convenes Internacionais que a partir da Carta de Atenas de 1931,
em especial no ltimo quartel do sculo, se vo difundindo atravs dos
organismos internacionais vocacionado para a salvaguarda e a proteco do
patrimnio cultural UNESCO, Conselho da Europa, ICOMOS, ICCROM.
Desta forma, paralelamente ao aparecimento de novas instituies
pblicas directamente vocacionadas para a gesto do patrimnio cultural,
publicada a primeira Lei de Bases do Patrimnio Cultural, em 198511.
Esta nova lei acolheu em si as contribuies das Convenes e Cartas
internacionais acerca do patrimnio, destacando-se a Conveno de Granada,
desta forma tornou-se um instrumento legal, actualizado e adequado, no
entanto, o adiamento da sua regulamentao, que nunca chegou a ser feito,
limitou o seu alcance e a sua eficcia. Em 2001 esta lei foi substituda pela Lei
de Bases do Patrimnio Cultural.12
Seco 1 - A evoluo do enquadramento administrativo
111 Lei n. 13/85 de 6 de Julho.
121 Lei n. 107/01 de 8 de Setembro.
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O enquadramento administrativo tambm sofreu uma evoluo
significativa nas ltimas dcadas, no mbito das estruturas do Estado. Entre a
Revoluo e a criao do Instituto Portugus do Patrimnio Cultural, em 1980,
as habilitaes de gesto e salvaguarda do patrimnio edificado e arqueolgico
que estavam inseridas na Direco Geral dos Assuntos Culturais, vo passar
para a Direco Geral do Patrimnio Cultural introduzida na Secretaria de
Estado da Cultura. Por outro lado, no que toca s competncias de carcter
consultivo atribudas 2 seco da Junta Nacional de Educao, vo ser, a
partir de 1978, executadas pela Comisso Organizadora do Instituto de
Salvaguarda do Patrimnio Cultural e Natural13.
S com a criao do Instituto Portugus do Patrimnio Cultural que se
vai verificar uma estabilizao da situao de enquadramento institucional da
gesto do patrimnio que, com algumas alteraes e adaptaes se ir manter
ate sua transformao para IPPAR.
A inteno de criao de um Instituto independente com
responsabilidades na rea do patrimnio cultural vem j desde o I Governo
Constitucional, altura em que foi criada a Comisso Organizadora do Instituto
de Salvaguarda do Patrimnio Cultural e Natural. S em 1980 com o IV
Governo Constitucional no poder, criado o IPPC (Instituto Portugus do
Patrimnio Cultural), atravs do Decreto-Lei n. 59/80, integrando a Secretaria
de Estado da Cultura. A Lei Orgnica do IPPC publicada nesse mesmo ano,
atravs de Decreto Regulamentar n. 34/80, atribuindo a este instituto
competncias muito alargadas na rea da gesto do patrimnio cultural
edificado, artstico, arqueolgico, etnogrfico. Com o intuito de formar um
organismo que se pronunciasse sobre assuntos de politica cultural e de
aprovao dos planos anuais do IPPC e do conselho consultivo, foi criado oConselho Nacional do Patrimnio Cultural, presidido pelo Secretario de Estado
da Cultura. O IPPC caracterizado desde o seu inicio por uma forte
centralizao, concentrando-se em Lisboa praticamente a totalidade dos
servios e possuindo competncias extremamente alargadas, controlando a
gesto dos vrios tipos de patrimnio cultural, vai sofrer sucessivas alteraes,
contidas em novas leis orgnicas, combatendo no sentido da desconcentrao
131 Decreto-Lei n. 1/78 de 7 de Janeiro.
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geogrfica dos servios e concentrando apenas competncias na salvaguarda
do patrimnio edificado.
Atravs de uma nova Lei Orgnica de 199014 que cria quatro direces
regionais Porto, Coimbra, vora e Faro atribui tambm ao IPPC as
competncias na execuo de projectos e obras nos imveis classificados,
criando para o efeito o departamento de projectos e obras controlado pelo
IPPC. Esta lei tambm extingue o Concelho Nacional do Patrimnio Cultural,
cria o Instituto Portugus do Livro e da Leitura15 e o Instituto Portugus de
Arquivos16, retirando assim as competncias na rea das bibliotecas e dos
arquivos ao IPPC.
Em 1991 criado o Instituto Portugus de Museus atravs do Decreto-
Lei n. 278/91, vendo o IPPC as suas competncias diminudas em 1992 para
a gesto, salvaguarda e valorizao do patrimnio arquitectnico e
arqueolgico, sendo ento criado o IPPAR Instituto Portugus do Patrimnio
Arquitectnico e Arqueolgico17, simplificando a estrutura dos servios centrais
e criando a Direco Regional com sede em Lisboa.
O novo Instituto concentrava as suas competncias na gesto,
salvaguarda, conservao, valorizao e divulgao do patrimnio
arquitectnico e arqueolgico, incluindo a classificao de monumentos e a
gesto dos imveis afectos ao Instituto e propriedade do Estado.
Uma nova alterao legislativa em 1996 divide as competncias
anteriormente atribudas ao IPPAR, formando dois novos Institutos Instituto
Portugus do Patrimnio Arquitectnico com competncias na rea do
141 Decreto-Lei n. 216/90 de 3 de Junho.
151 Decreto-Lei n. 71/87 de 11 de Fevereiro.
161 Decreto-Lei n. 152/88 de 29 de Abril.
171 Decreto-Lei n. 106-F/92 de 1 de Junho Lei orgnica do IPPAR. Pelo Decreto-Lei n. 316/94 de 24 de
Dezembro foram introduzidas pequenas alteraes na primeira lei orgnica.
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patrimnio edificado classificado; e o Instituto Portugus de Arqueologia que
tutela a investigao e o Patrimnio Arqueolgico.
Em seguimento do Decreto-Lei n. 96/2007 surge o Instituto de Gesto
do Patrimnio Arquitectnico e Arqueolgico, I. P., que resultou da fuso do
Instituto Portugus do Patrimnio Arquitectnico e do Instituto Portugus de
Arqueologia, incorporando ainda parte das atribuies da extinta Direco
Geral dos Edifcios e Monumentos Nacionais, anteriormente sob a tutela do
Ministrio do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento
Regional.
o IGESPAR, I. P., tem por misso a gesto, a salvaguarda,
conservao e a valorizao dos bens que, pelo seu interesse histrico,
artstico, paisagstico, cientfico, social e tcnico, integrem o patrimnio cultural
arquitectnico e arqueolgico classificado do Pas. Na prossecuo das
atribuies que lhe esto cometidas o IGESPAR, I. P., dotado de autonomia
cientfica e tcnica.
Captulo 2 A Classificao do Patrimnio Imvel
Seco 1 - Princpios seguidos durante os anos 70 e 80
Somente na segunda metade da dcada de 70 conseguimos observar
mudanas substanciais na prtica de classificao desempenhada durante a
primeira metade do sculo e que se revelam, de uma primeira forma, no
incremento significativo do nmero de imveis alvo de classificao, de outra
forma, no aumento exponencial da classificao de imveis particulares,especialmente casas solarengas e capelas, por ltimo na variao dos critrios
que regulam a classificao. Estas alteraes expressa-se em diversas formas
e vo dar sequncia a um certo desenvolvimento legislativo anterior e s
advertncias das convenes internacionais realizadas at ento18 e que se
mostra nos seguintes pontos:
181 Carta de Veneza de 1964; Carta Europeia do Patrimnio Arquitectnico de 1975; Carta de Florena de
1981 acerca dos jardins histricos.
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Proteco de conjuntos urbanos, designadamente atravs da
classificao de centro histricos, ruas e reas urbanas possuidoras de valor
patrimonial, bem como pela definio de Zonas Especiais de Proteco ZEP
circunscrevendo um conjunto de imveis classificados num determinado
centro urbano.
Concepo dos imveis a classificar como um grupo indissocivel
agregado de zona edificada, jardins, zona agrcola, florestal, cercas, muros,
caminhos, entre outros possveis, como elementos fulcrais para a
sobrevivncia e percepo do conjunto classificado como um todo.
A introduo da noo de stio arqueolgico, em ambiente urbano.
A prestao de ateno aos estilos arquitectnicos mais recentes,
como o caso de exemplares da arquitectura do sculo XIX, entre outros.
Grfico1 - Imveis classificados no Norte de Portugal, entre 1970 e 1990.
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Assim como existiu uma evoluo no termo patrimnio, o conceito de
patrimnio imvel evoluiu tambm. A classificao de imveis no norte de
Portugal mostra-nos essa evoluo pois os bens classificados passaram a
abranger no s os monumentos de grande dimenso e importncia mas
tambm os bens patrimoniais com um interesse mais local, como o caso dos
pelourinhos e cruzeiros.
Seco 2 - Princpios seguidos nos anos 90
O enquadramento legislativo de proteco ao patrimnio edificado foi
alvo de significativas alteraes com a dcada de 80, numa primeira fase com
a criao do Instituto Portugus do Patrimnio Cultural (IPPC), em 1979 e, em
1985 numa segunda fase, com a publicao da Lei de Bases do Patrimnio
Cultural (Lei 13/85), que promoveu uma actualizao legislativa nacional,
acolhendo no seu articulado, designadamente, as propostas da, altura
recente, Conveno de Granada.
A nova lei, embora nunca tenha sido alvo de regulamentao, promoveu
o crescimento, no domnio do IPPC/IPPAR, de um tecido tcnico especializado
e actualizado pelas metodologias expressas nas vrias cartas e convenes
internacionais; e o desenvolvimento de uma opinio pblica mais desperta para
questes da proteco do Patrimnio, reflectem-se no geral da actuao da
Administrao Pblica na proteco do patrimnio e, como bvio numa maior
diversificao das tipologias e caracterizaes dos imveis a proteger, por
consequncia a classificar:
A ateno dada paisagem construda que vai passar deelemento de enquadramento a objecto fulcral de proteco.
A valorizao da noo de autenticidade, que se vai reflectir no
s na anlise dos imveis a classificar, mas tambm no planeamento das
intervenes de salvaguarda.
O surgimento das primeiras classificaes de patrimnio
vernacular, associada s preocupaes de proteco do patrimnio
etnogrfico, presentes na lei desde os anos 70.
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A evoluo urbana, e as reas que estavam destinadas a
actividades industriais, com o decorrer do tempo, sofreram alteraes que
colocam o problema da preservao do Patrimnio Industrial, que se encontra
muitas vezes em mau estado de conservao. Aqui encontramos dois tipos de
valores patrimoniais: a arquitectura industrial e os edifcios modernistas que
passam a ganhar mais ateno por parte dos rgo que procedem
classificao.
Os estudos cientficos e o reconhecimento pblico das
arquitecturas do sculo XX levaram a que se procedesse classificao de
edifcios e conjuntos exemplares de diversos momentos da arquitectura
contempornea.
Seco 3 - A situao actual da classificao e inventariao do
patrimnio edificado
Historicamente o procedimento de classificao, se o formos a analisar,
no passa pela seleco do imvel a classificar baseado num inventrio
generalizado de valores culturais. excepo do decreto de 1910, resultante
de um levantamento nacional de valores patrimoniais. Desta forma, o impulso
que conduz classificao de um bem , geralmente de carcter pontual, quer
seja de origem local, ou do prprio organismo que realiza a classificao. Desta
forma, verifica-se que as razes que levam ao incio de um procedimento de
classificao so as seguintes:
Proposta do proprietrio, que geralmente resulta da vontade deproteger o bem de agresses exteriores, designadamente pela existncia de
uma rea de proteco. Outra das motivaes, so os benefcios fiscais
previstos na Lei e o acesso a programas de financiamento, nomeadamente na
rea turstica, onde apoiam preferencialmente os imveis classificados.
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Grfico 2 Imveis em vias de classificao no Norte de Portugal.
Propostas de associaes de defesa do patrimnio, geralmente
em situaes limite de destruio iminente do bem que se pretende classificar.
Proposta de autarquias locais, geralmente em seguimento de
levantamentos do patrimnio concelhio.
Iniciativa dos servios do Estado responsveis pelo procedimento
de classificao. Geralmente em situaes pontuais e associadas a momentos
de crise, do bem ou da sua envolvente. Pode ainda surgir esta iniciativa em
consequncia de aces de inventrio limitadas, de carcter geralmente
especfico e nem sempre com carcter formal.
Na Lei 107/2001 que regula as bases da poltica e do regime de
proteco e valorizao do patrimnio cultural est expresso no seu artigo 16.
que alm da proteco do patrimnio atravs da sua classificao, os bens
culturais podero desfrutar de proteco atravs do registo patrimonial de
inventrio. O que se verifica concretamente que no existe actualmente
qualquer inventrio nacional, sistemtico e uniforme dos bens patrimoniais. Oque existe uma multiplicidade de inventrios e levantamentos de patrimnio,
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realizados por uma panplia de entidades e com objectivos e critrios mltiplos
Inventrio do patrimnio classificado pelo IPPAS, Inventrio do patrimnio
arquitectnico da DGMN, Levantamentos de carcter acadmico e cientfico,
iniciativas de Associaes de Defesa do Patrimnio, etc.
Esta informao, que se encontra demasiado dispersa e por isso de
difcil utilizao, poder ser ordenada se se estabelecer o carcter do registo
patrimonial de inventrio.
O IPPAR centrou a sua aco, mediante o previsto na Lei,
valorizao e salvaguarda dos bens culturais j classificados ou em vias de
classificao, descorando o desenvolvimento de uma interveno sistemtica
na rea do inventrio. Foram embora, desenvolvidas aces de inventrio
especficas.
Devido sua qualidade de entidade responsvel pela salvaguarda e
valorizao do patrimnio edificado, no que toca ao trabalho de inventrio que
o IPPAR/IGESPAR vem a desenvolver, ele centra-se em imveis, conjuntos e
stios de carcter excepcional com uma proteco de carcter nacional, e no
assenta numa recolha de informao compatvel com um levantamento
sistemtico, o que o torna superficial em relao a todos os va
patrimoniais.
nesse sentido que o IPPAR comeou a desenvolver um sistema
informtico designado Sistema de Integrao de Gesto do Patrimnio Imvel
que, com base no inventrio do patrimnio classificado pretende tornar possvel
a sua gesto integrada, quer nos aspectos de interveno, conservao e
valorizao dos imveis, quer no que toca a salvaguarda desses imveis e das
suas reas de proteco, ou ainda na gesto de toda a informao documental
referente aos imveis classificados.Com este sistema informtico, pretende-se ainda que na sua valncia de
inventrio, possa servir como modelo de apoio ao desenvolvimento de aces
de levantamento patrimonial que possam ser desenvolvidas por outras
entidades, nomeadamente pelas autarquias locais.
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Grfico 3 Bens imveis culturais por localizao geogrfica e por tipo (fonte INE)
Em seguimento das competncias atribudas aos municpios, pelas novas Leis
do Patrimnio Cultural e das Autarquias Locais, dando-lhes a capacidade d
classificao de Imveis de Interesse Municipal, parece uma boa soluo localizar nos
Municpios a base do inventrio patrimonial sistemtico. O que evidente que
caber ao IPPAR, hoje IGESPAR, o desenvolvimento de aces de coordenao, no
sentido de permitir alguma adequao de critrios.
Capitulo 3 Cartas, convenes e organismos internacionais e a
sua aplicao em Portugal.
Ao longo deste sculo, os conceitos e as doutrinas acerca do patrimnio
cultural tm atravessado uma fase de grande evoluo mas nunca
permanecendo imutvel para o futuro. A nossa prpria percepo do
patrimnio evoluiu devido rapidez das transformaes urbanas, onde se
desenrola um crescimento a um ritmo sem paralelo na histria e as profundas
alteraes da paisagem rural so disso consequncia. Isto leva o homem a
reagir e a travar uma luta vital de procura de um novo equilbrio com o meio
envolvente, natural e construdo.
Em Portugal, tambm tem existido uma grande evoluo nesta rea,
principalmente na ltima dcada, existindo um crescente interesse pela
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identificao, preservao e divulgao do nosso patrimnio arquitectnico.
Esta preocupao que inicialmente se cingia preservao dos monumentos
de maior significado histrico, alargou-se aos centros histricos devido sua
importncia como um conjunto de imveis interdependentes. Hoje existe
tambm uma preocupao ambiental e ecolgica devido viso globalizante
dos problemas, pois a m gesto desta problemtica pode levar a alteraes
urbansticas e paisagsticas das nossas paisagens e cidades.
Seco 1 - Os organismos Internacionais e a sua importncia
Em 1945, a ONU (Organizao das Naes Unidas) criou uma
instituio multidisciplinar com uma vertente cultural e educacional muito
importante. A essa instituio deu-se o nome de UNESCO (Organizao das
Naes Unidas para a Educao, Cincias e Cultura).
A UNESCO tem por misso contribuir para a manuteno da paz e da
segurana ao estreitar, pela educao, pela cincia e pela cultura, a
colaborao entre as naes, a fim de assegurar o respeito universal pela
justia, pela lei, pelos Direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais.19
A UNESCO recebe a contribuio de ONGs sendo a de maior
importncia na rea do patrimnio imvel o ICOMOS (Internacional Council of
Monuments and Sites). Esta organizao foi criada em 1965 e agrupa pessoas
e instituies que trabalham no mbito da conservao de monumentos,
conjuntos e stios histricos, tendo como principais objectivos promover a
conservao, a proteco, a utilizao e a valorizao dos monumentos,
conjuntos e stios. Portugal possui um Comit Nacional do ICOMOS.
O ICOMOS tem desempenhado um papel importante junto da UNESCO
tendo dado um importante contributo terico como perceptvel nas Cartas e
Recomendaes por si redigidas, como o caso de:
Recomendao sobre o Turismo Cultural, (1976);
191 LOPES, Flvio Cartas e Convenes Internacionais: Patrimnio Arquitectnico e Arqueolgico.
Lisboa: IPPAR,1996.
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Carta sobre a Salvaguarda dos Jardins Histricos, ou Carta de
Florena, (1981);
Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Histricas,
(1987);
Carta Internacional para a Gesto do Patrimnio Arqueolgico,
(1990).
Voltando UNESCO devemos tambm referir algumas Convenes e
Recomendaes que tiveram grande importncia no mbito da proteco do
patrimnio arquitectnico:
Conveno sobre a Proteco do Bens Culturais em caso de
Conflito Armado, (adoptada em 1954);
Conveno para a Proteco do Patrimnio Mundial Cultural e
Natural, (1972);
Recomendao Relativa Salvaguarda dos Conjuntos Histricos
e a sua Funo na Vida Contempornea, (1976).
Outra organizao com grande importncia no que toca ao Patrimnio
Imvel o Conselho da Europa, fundada por dez pases europeus, em 1949,
os seus propsitos so a defesa dos direitos humanos, o desenvolvimento
democrtico e a estabilidade poltico-social na Europa. Tem personalidade
jurdica reconhecida pelo direito internacional e serve cerca de 800 milhes de
pessoas em 47 Estados, incluindo os 27 que formam a Unio Europeia.
Portugal associa-se como membro desta organizao em 1994, quando o
Conselho da Europa j contava com 42 pases membros.O Conselho da Europa originou, a partir dos anos setenta, novos
princpios e filosofias de abordagem do patrimnio, defendendo uma viso mais
alargada, pois, no se limita aos grandes monumentos histricos, englobando
todas as componentes do ambiente humanizado e edificado (centro histricos,
conjuntos rurais, patrimnio de interesse tcnico e industrial e arquitectura dos
sculos XIX e XX).
Uma srie de documentos fundamentais foram produzidos por esteconselho, ajudando a definir a actual viso europeia, e por consequncia
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portuguesa, sobre a salvaguarda do patrimnio arquitectnico e arqueolgico,
como so exemplo:
Conveno para a Proteco do Patrimnio Arqueolgico, (1969 e
1992);
Carta Europeia do Patrimnio Arquitectnico, (1975);
Apelo sobre a Arquitectura Rural e o Ordenamento do Territrio,
(1976);
Resoluo 813, relativa arquitectura contempornea, (1983);
Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Arquitectnico da
Europa, (1985).
O mais importante de todos os documentos fundamentais criados foi a
Conveno de Paris, assinada a 19 de Dezembro de 1954, pois est na origem
de todos os posteriores estudos, reflexes e recomendaes desenvolvidas no
seio do Conselho da Europa. Em Portugal, a aplicao da Conveno de Paris,
produziu efeitos a partir de Setembro de 1980, tornando-se visvel na nossa Lei
n. 13/85.
Seco 2 - O alargamento do conceito de Patrimnio Imvel
O conceito de patrimnio arquitectnico era muito reduzido at dcada
de setenta, pois, at a era entendido como monumento isolado e a sua
proteco era seguida por princpios que se resumiam a este pensamento.O crescimento acelerado das cidades e o visvel fracasso das grandes
intervenes urbansticas despontou uma necessidade premente de exigncia
e uma nova esperana na procura de uma melhor organizao urbanstica,
procurando agora uma forma para revitalizar os centros urbanos antigos, com a
reutilizao do patrimnio edificado existente e a manuteno do carcter
social dos bairros histricos.
Foram duas as referncias nesta matria, a Recomendao para aSalvaguarda dos Conjuntos Histricos e a sua Funo na Vid
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Contempornea, aprovada na 19 reunio da UNESCO em 1976, e a Carta
para a Salvaguarda das Cidades Histricas, aprovada pelo ICOMOs em 1987.
A Recomendao para a Salvaguarda dos Conjuntos Histricos e a sua
Funo na Vida Contempornea mostra um especial interesse na clarificao
de conceitos que at ento no tinham sido estabelecidos.
Considera-se conjunto histrico ou tradicional, todo o grupo de
construes e de espaos, incluindo os lugares arqueolgicos e
paleontolgicos, que constituem uma fixao humana, quer em meio urbano,
quer em meio rural e cuja coeso e valor so reconhecidos do ponto de vista
arqueolgico, arquitectnico, pr-histrico, histrico, esttico ou sociocultural.20
Nestes conjuntos, que so muito variados, podem distinguir-se em
especial: os stios pr-histricos, as cidade histricas, os antigos bairros
urbanos, as aldeias e os casarios, assim como os conjuntos monumentais
homogneos, entendendo-se que estes ltimos deveriam, por regra, ser
conservados cuidadosamente, sem alteraes.21
Entende-se por salvaguarda, a identificao, a proteco, a
conservao, o restauro, a reabilitao, a manuteno e a revitalizao dos
conjuntos histricos ou tradicionais [] e do seu tecido social, econmico ou
cultural.22
A Carta para a Salvaguarda das Cidades Histricas, produzida onze
anos depois declara que por vezes a situao dramtica, com perdas
irreversveis nas cidades histricas, alterando o seu carcter cultural, social e
202 Recomendao Sobre A Salvaguarda dos Conjuntos Histricos e da Sua Funo Na VidaContempornea, UNESCO, Qunia, 26 de Novembro de 1976.
212 Idem, Ibidem
222 Idem, Ibidem
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tambm econmico. Esta carta prope tambm medidas e instrumentos
concretos de actuao, formando a figura de plano de salvaguarda.
A salvaguarda dos conjuntos urbanos histricos deve, para ser eficaz,
integrar-se numa poltica coerente de desenvolvimento econmico e social e
ser tomada em considerao em todos os nveis do planeamento territorial e do
urbanismo.23
A evoluo do pensamento contemporneo e a conscincia que surgiu
nas comunidades acerca da importncia da salvaguarda do seu patrimnio
est implcita nestes textos, gerando ainda hoje choques de ideias conflitos de
interesse e dificuldades contnuas na realizao dos conceitos estabelecidos.
Seco 3 - A Salvaguarda do Patrimnio Cultural como uma
responsabilidade colectiva.
A Conveno para a Proteco do Patrimnio Mundial, Cultural e Natural
de 1972 tem como objectivo o estabelecimento de um sistema escala
mundial capaz e eficaz de proteco colectiva do patrimnio cultural e natural
com valor universal excepcional.
A criao da Lista do Patrimnio Mundial em Setembro de 1978 com a
inscrio dos primeiros doze bens veio proporcionar aos pases e governos de
todo o mundo, que desenvolvem esforos para incluir monumentos e stios
nesta lista, para alm de benefcios directos (financeiros e tcnicos), prestgio e
projeco internacional.
Actualmente a lista possui 890 bens inscritos e encontra-se empermanente actualizao. Tornou-se numa grande estratgia de promoo dos
stios, paisagens e bens culturais ou naturais e numa forma de salvaguarda
desse mesmo patrimnio espalhado pelo mundo.
Seco 4 - A Salvaguarda do Patrimnio, uma filosofia europeia.
232 Carta Internacional sobre A Salvaguarda das Cidades Histricas, ICOMOS, Washington D.C., Outubro
de 1987.
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A Carta Europeia do Patrimnio Arquitectnico de 1975 veio sedimentar
no plano do consenso terico, a projeco do significado cultural do patrimnio
monumental e do enquadramento histrico ou tradicional.
A noo de patrimnio arquitectnico nesta carta confirmada, numa
noo dinmica e abrangente: O patrimnio arquitectnico europeu
constitudo, no s pelos nossos monumentos mais importantes, mas tambm
pelos conjuntos de construes mais modestas das nossas cidades antigas e
aldeias tradicionais inseridas nas suas envolventes naturais ou construdas
pelo homem.24
A Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Arquitectnico da
Europa de 1985, ratificada por Portugal em 1991 ainda hoje um texto de
grande relevncia e actualidade uma vez que marca a consagrao filosfica e
jurdica dos aspectos fulcrais das polticas de salvaguarda e valorizao do
patrimnio arquitectnico.
Ao longo de todo o documento, que apesar de integrar preocupaes e
princpios j expressos noutras convenes e recomendaes anteriores,
atravessa uma preocupao com o objectivo de uma estreita cooperao entre
Estados, na busca de uma poltica comum de salvaguarda e valorizao do
patrimnio arquitectnico.
Neste mbito, a legislao portuguesa articulou-se com o regime
comunitrio e da UNESCO, incorporando preceitos contidos nos diferentes
diplomas, conforme os compromissos politicamente assumidos.
certo que com a entrada de Portugal para a Comunidade Europeia em
1986, e com a respectiva participao como membro de pleno direito, nas
decises da UNESCO, a legislao portuguesa reflectiu a abertura dasfronteiras, tambm a nvel das medidas de salvaguarda do patrimnio.
Captulo 4 As competncias da administrao local relativas ao
patrimnio imvel
242 Carta Europeia do Patrimnio Arquitectnico, Conselho da Europa, Estrasburgo, 1975
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A classificao do patrimnio cultural deve ser entendida como o ultimo
nvel de proteco possvel relativo ao patrimnio imvel e mvel. Segundo a
Lei n. 107/01 a proteco legal dos bens que integram o patrimnio cultural
assenta na classificao e inventariao (artigos 18. e 19.). A classificao
incide sobre bens, mveis ou imveis, que possuam incontornvel valor
cultural, cuja degradao ou subtraco que impossibilite a sua fruio cultural
em Portugal, devido exportao indevida, apresenta-se como uma grave
perda no que toca identidade e patrimnio culturais, devendo por isso estar
sujeitos a medidas que garantam a sua salvaguarda.
Podendo os bens imveis ser classificados como monumento, conjunto
ou stio, podem tambm ser classificados relativamente ao seu interesse
nacional, interesse regional, interesse pblico ou interesse municipal. Enquanto
um bem classificado como de interesse nacional toma a forma de decreto do
governo, a classificao com interesse pblico ter a forma de portaria e a
classificao de interesse municipal tomar a forma constante da legislao
aplicvel (cf. artigo 28. da Lei n. 107/01)25.
Seco 1 - A definio das responsabilidades
Na Lei de Bases, Lei n. 13/85 apontada uma grave insuficincia no
que diz respeito clarificao das responsabilidades entre a Administrao
Central e Local, pois era necessrio existir uma articulao entre os diferentes
nveis de poder. O que se encontra disposto no n. 2 do artigo 7. da Lei 13/85,
em conjugao com o artigo 26. torna possvel aos Municpios e s Regies
Autnomas, classificar ou desclassificar patrimnio sobre a sua jurisdio. Com
isto surgiram dvidas acerca da eficcia desta classificao sem reconhecimento do Ministrio da Cultura, analisar o valor do bem que se
pretendia classificar ao nvel do poder local, ou seja, os designados valores
concelhios no podiam ser classificados sem que essa classificao fosse
assumida pelo ministrio da Cultura mesmo havendo argumentos em contrrio.
252 MARQUES, Helena da Silva Patrimnio cultural imvel: As novas competncias dos rgos
municipais. In. Estudos/Patrimnio, n.6, 2004.
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As responsabilidades financeiras e tcnicas, no que toca salvaguarda
do dito imvel, no se encontravam igualmente definidas. Quem deveria
financiar os projectos ou aces relativas salvaguarda dos imveis, foi a
dvida que se colocou.
Com isto natural que as cmaras municipais se resguardassem, no
que toca ao avano de processos de classificao sem interveno do IPPC
(Instituto Portugus do Patrimnio Cultural, actualmente IGESPAR), uma vez
que seriam de imediato confrontadas com a necessidade de investimentos
financeiros e tcnicos na valorizao dos imveis, que eles mesmos tinham
classificado, ou promovido a sua classificao.
Desta forma surgiu a necessidade de se proceder redefinio das
regras no que toca responsabilidade, tanto do poder central como local, no
que diz respeito classificao de bens que possuam valor concelhio, mas
tambm sua preservao.
Seco 2 - Mudana de competncia das Autarquias Locais no
domnio do Patrimnio Cultural
No Decreto-Lei n. 77/84 refere no artigo 8., o n. 2 da alnea f), quanto
s competncias em matria de investimentos pblicos no domnio da cultura,
referente aos municpios unicamente o patrimnio cultural, paisagstico e
urbanstico do municpio sobre a responsabilidade dos municpios, deixando
grandes dvidas relativas a este tema.
No artigo 20. da Lei n. 159/99 aparece uma nova definio das
competncias institudas no Decreto-Lei acima referido, remetendo para os
rgos municipais as seguintes competncias:
a) Propor a classificao de imveis, conjuntos ou stios nos termos
legais;
b) Proceder classificao de imveis conjuntos ou stios considerados
de interesse municipal e assegurar a sua manuteno e recuperao;
c) Participar, mediante a celebrao de protocolos com entidades
pblicas, particulares ou cooperativas, na conservao e recuperao dopatrimnio e das reas classificadas;
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d) Organizar e manter actualizado um inventrio do patrimnio cultural,
urbanstico e paisagstico existente na rea do municpio;
Com esta mudana apenas se explicou as verdadeiras competncias
dos municpios, podendo estes classificar e inscrever os bens culturais imveis
nos respectivos instrumentos de gesto urbanstica e patrimonial, obrigando
somente a uma comunicao dessas decises aos organismos centrais. O
registo patrimonial de classificao ficar sempre a cargo dos organismos de
Administrao Central.
A organizao de atribuies e competncias da administrao do
Patrimnio Cultural entre o Estado e o Poder Local estruturou-se atravs da
nova lei de bases, seguindo princpios de cooperao interinstitucional e auxlio
administrativo, tendo sempre em ateno a descentralizao resultante da Lei
n. 159/99 no que toca classificao e qualificao do Patrimnio Cultural
imvel.
A chamada do estado, das Regies Autnomas e das Autarquias Locais
a prosseguir na defesa e valorizao do Patrimnio Cultural pode levar a uma
eventual sobreposio de atribuies.
Existindo interesses pblicos referentes defesa e valorizao do
Patrimnio Cultural no se coloca a hiptese da separao de atribuies.
Aparece entretanto a questo de delimitao de competncias entre as
diversas entidades pblicas, sendo resolvido este problema atravs da Lei n.
159/99.
Seco 3 - Zonas de proteco aos imveis classificados
Qualquer imvel classificado pelo Ministrio da Cultura deve dispor de
uma zona de proteco, que constituda por 50 m contados a partir dos
limites exteriores do imvel, at ser definida uma zona especial de proteco
(ZEP). A ZEP surge na vigncia da Lei n. 13/85, sendo para isso ouvidapreviamente a autarquia ou autarquias respectivas podendo incluir-se na zona
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non aedificandi, em todos os casos, salvo aqueles que fiquem perfeitamente
salvaguardados com a zona de proteco tipo ou padro. Os imveis em vias
de classificao ou propostos a classificao como interesse municipal,
beneficiam da zona de proteco padro 50 m, pois o grau de classificao
final pode ser superior ao proposto, atravs de um parecer do IGESPAR nesse
sentido.
Estas zonas de proteco para os imveis classificados ou em vias de
classificao, s podem ser definidas atravs de parecer favorvel d
administrao do patrimnio cultural competente, neste caso o IGESPAR,
deixando de fora os Municpios ou outras entidades, sendo proibido
licenciamento para obras de construo ou qualquer outro trabalho que altere a
topografia, ou a distribuio de volumes e coberturas ou o revestimento exterior
dos edifcios.
Os imveis classificados como valor concelhio, actualmente interesse
municipal, aps entrada em vigor da Lei n. 159/99, no dispe da zona de
proteco pois esta s pode existir para a proteco de imveis classificados
como monumentos nacionais ou imveis de interesse pblico.
Seco 4 - A tutela dos imveis classificados
A tutela dos imveis classificados varia consoante o nvel d
classificao atribudo ao imvel. Atravs da Lei n. 13/85 conclui-se que a
Administrao Central, ao recusar a classificao de um imvel com
Monumento Nacional ou Imvel de Interesse Publico e ao aceitar
classificao de Interesse Municipal transfere a responsabilidade pela
preservao do imvel para as Cmaras Municipais. A entrada em vigor da Lein. 159/99 vem definir claramente esta situao ao transferir a competncia de
classificao dos imveis, conjuntos e stios para os rgos municipais bem
como a competncia de assegurar a sua manuteno e recuperao. Estes
pressupostos encontram-se, agora, expressamente assumidos na nova Lei de
Bases do Patrimnio Cultural.
Esta responsabilidade adquirida pelos municpios faz com que estes no
tenham a preocupao em inventariar todo o patrimnio existente na sua
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regio, pois funcionaria como uma sobrecarga aos seus oramentos j que a
responsabilidade pela sua preservao e restauro est totalmente a seu cargo.
Seco 5 - As garantias de proteces e as sanes aos atentados
contra o Patrimnio Cultural
tutela penal relativa aos crimes praticados contra os bens culturais
aplicam-se disposies previstas no Cdigo Penal com especificidades
constantes nos artigos 101. a 103. da Lei de Bases do Patrimnio, Lei n.
107/01, no que se refere aos crimes de deslocamento, exportao ilcita e
destruio de vestgios.
Esta Lei de Bases do Patrimnio inovadora em Portugal, no que se
refere tutela contra-ordenacional e possibilidade de aplicao de sanes
assessorias existentes nos artigos 104. a 109..
A instruo do procedimento por contra-ordenao est a cargo do
servio de administrao do Patrimnio Cultural competente para o
procedimento de classificao, tanto a nvel dos servios do Estado, hoje em
dia IGESPAR e s Cmaras Municipais quando o imvel possui a classificao
de Interesse Municipal. A aplicao da coima compete ao rgo dirigente do
servio competente para a instruo do procedimento, como foi anteriormente
explicado, sendo 60% do valor da coima para o estado e 40% para a entidade
respectiva, exceptuando quando cobradas pelos organismos competentes dos
governos regionais, pois desta forma o valor da coima reverte totalmente para
a respectiva regio.
Seco 6 - Despesas dos municpios com o Patrimnio Cultural
Os municpios apresentam grandes despesas na rea cultural, onde
esto englobadas as despesas relacionadas com o patrimnio cultural imvel.
No grfico abaixo disposto, podemos observar um crescimentoconstante na rea cultural, juntamente com o desporto, representando uma
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despesa total de cerca de 802,9 milhes de Euros no ano de 2006, traduzindo
um decrscimo de 12% face ao ano anterior.
O pico de despesa total foi atingido em 2005, observando-se uma
tendncia de decrscimo nessa despesa, mostrando uma preocupao com a
diminuio do peso da rea cultural e desportiva nas despesas dos municpios.
Grfico 4 - Dados do INE: retirado do relatrio Estatsticas da Cultura, Desporto e Recreio 2006
O domnio dos Jogos e Desportos, continua a representar a maior fatiadas despesas municipais aparecendo as despesas com Recintos Culturais e
Patrimnio de seguido representando respectivamente, 13% e 11%, formando
no conjunto uma despesa total de 24%, aproximando-se assim dos 37%
destinados aos Jogos e Desportos no ano de 2006.
Os municpios do Alentejo e Algarve foram os que destinaram maior
proporo do seu oramento s actividades culturais e desporto, 15,6% e
12,5%, respectivamente. As despesas em cultura e desporto tiveram menor
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peso nos oramentos do conjunto das autarquias da Regio Autnoma da
Madeira (6,4%) e da regio de Lisboa (7,5%).
Grfico 5 - Dados do INE: retirado do relatrio Estatsticas da Cultura, Desporto e Recreio 2006
Em 2008, as despesas das Cmaras Municipais com actividades
culturais foram de cerca de 526 milhes de Euros, significando num acrscimo
de 7,5% face ao ano anterior, mesmo assim, inferior aos anos de 2005 e 2006.
Relativamente ao financiamento das actividades culturais por regio, os
maiores aumentos ocorreram nas autarquias localizadas na Regio Autnoma
da Madeira (80,3%), Alentejo (14,2%) e Lisboa (8,2%). Nas autarquias da
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Regio Autnoma dos Aores e do Algarve registaram-se, face ao ano anterior,
decrscimos de 6,7% e 3,3%, respectivamente.
Grfico 6 - Dados do INE: retirado do relatrio Estatsticas da Cultura 2008
Do total das despesas em actividades culturais realizadas pelas
Cmaras Municipais em 2008 destacam-se as afectas ao domnio d
patrimnio cultural, representando em 2008 18% da despesa total,
apresentando assim um aumento percentual e real de 7% face a 2006.
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Os municpios do Alentejo, Algarve, Norte e Regio Autnoma dos
Aores foram os que destinaram maior proporo do seu oramento s
actividades culturais 8,6%, 7,2%, 6,7% e 6,4%, respectivamente. As despesas
em cultura tiveram menor expresso nos oramentos do conjunto da
autarquias da Regio Autnoma da Madeira (5,7%) e da regio de Lisboa
(5,9%).
Capitulo 5 Mecenato Cultural e a sua importncia na salvaguarda
do patrimnio.
O papel do Mecenato Cultural na salvaguarda do patrimnio cultural temassumido uma maior notoriedade com o passar dos anos, criando tambm
discrepncias na verdadeira essncia do conceito mecenato.
Quanto ao chamado mecenato tive ocasio de na altura chamar a
ateno que mecenato no era contribuir para aces culturais em troca de
publicidade ou de reduo de impostos. Isso, quando muito, podia ser
considerado patrocnio, porque mecenato dar sem recompensas.26
Estes dois conceitos, mecenato e patrocnio, tm sido muitas vezes
entendidas como um s at porque hoje, pelo menos em termos prticos e
legais a distino no ser fcil.
262 COSTA, Jos Pereira da Documentos para a Histria dos Arquivos Regional da Madeira e Nacional
da Torre do Tombo. Funchal. 2002.
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Seco 1 - Evoluo histrica do conceito de mecenato
O termo mecenato ter origem em Caius Cilnius Mecenas (nascido por
volta de 70 a.C.), figura de alta ascendncia etrusca, foi um diplomata e
conselheiro do Imperador Augusto, sendo considerado como o maior patrono
das letras de toda a antiguidade clssica e por isso, o termo mecenas se
prolongou at aos nossos dias.
O conceito de mecenas e mecenato tem-se, ao longo da histria,
alterado quanto forma e aos seus agentes. Ao mecenato religioso e da
nobreza, exercido por papas, imperadores ou prncipes, junta-se o mecenato
de uma nova classe que surge no sculo XIV, a burguesia.
A obra at ao sculo XVI associada ao seu autor, relegando o
mecenas para um plano de menor evidncia.
Em Inglaterra surge, em 1572, um decreto que obrigava os actores a
possuir a proteco de um varo ou ata personalidade, dedicando a ele a sua
obra.
Podemos ver a importncia dos mecenas em diversas obras como o
caso de Rape of Lucrece que Shakespeare dedica ao seu patrono. Em
Portugal temos o caso de Lus de Cames, que na segunda impresso das
Rimas, em 1598, evoca em verso, na Ode 3, o seu protector, D. Manuel de
Portugal, filho do Conde de Vimioso.
No sculo XVII surge o mercado de cpias, suportado em parte por
particulares no abastados, dando um novo impulso s artes e contribuindo
decisivamente para a sua emancipao.
Com o aparecimento do liberalismo e dos Estados modernos
republicanos, o apoio dado s actividades culturais assumido, quastotalmente pelos governos deixando o mecenato para segundo plano.
Seco 2 - Mecenato de Empresas
Este tipo de mecenato parece ter surgido nos Estados Unidos da
Amrica em 1945 chagando Europa nos anos 60, mas s nos anos 70
comea a ganhar expresso.
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O mecenato de empresas normalmente associado qualificao
acadmica dos gestores profissionais e s tcnicas de marketing que surgiam
nesta altura, pois o bom gosto e a cultura deveriam participar na estratgia
empresarial de promoo e expanso, sendo posteriormente entendido
tambm como uma possibilidade de investimento e capitalizao.
Inicialmente era entendido como uma mais-valia na rea da publicidade,
acrescentando prestgio e visibilidade s empresas que praticavam mecenato.
Hoje em dia o mecenato assenta noutros princpios, funcionando tanto
para empresas como para particulares, como uma ferramenta para atingir
benefcios fiscais.
O Estado incentiva o investimento privado em concorrncia com o
pblico, para assegurar a salvaguarda do patrimnio, nunca deixando de
assumir o papel de principal responsvel pelo patrimnio cultural do povo que
representa. O Estado nem sempre recebe mais do que perde, isto , a iseno
que proporciona, nalguns domnios do mecenato, maior do que aquilo que
teria de despender directamente.
No caso portugus parece no se dar razo mxima que diz que a
gesto privada mais eficiente que a pblica, primeiro, porque h um
enquadramento do que e como deve ser feito, e segundo, porque a execuo
da responsabilidade do Estado.
Seco 3 - Evoluo Legislativa
Em termos de mecenato, no existem elementos relativos a esta
temtica anteriores a 1986, ano em que foi publicado o Decreto-Lei n. 258/86,
de 28 de Agosto, surgindo como consequncia da Lei n. 13/85, onde se defineos princpios relativos ao Patrimnio Cultural Portugus, contemplando os
benefcios fiscais no artigo 46. deste diploma.
O Decreto-Lei n. 258/86 tem subjacente a ideia de []no deve
competir exclusivamente aos poderes pblicos o apoio financeiro criao,
aco e difuso cultural, j que, neste domnio, especial responsabilidade
pertence a toda a comunidade por se tratar da defesa e salvaguarda de algo
que a prpria razo de ser da existncia de Portugal como entidadeautnoma no concerto dos povos.
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Actualmente existe uma nova lei do mecenato, aprovada pelo Decreto-
Lei n. 74/99, mantendo no essencial, o actual regime dos donativos ao Estado
e a outras entidades equiparadas, referidas no Cdigo do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Singulares e no Cdigo do Imposto sobre
Rendimento das Pessoas Colectivas.
Nos termos deste estatuto, esto abrangidas pelo regime de donativos o
Estado, as Regies Autnomas, as Autarquias Locais e qualquer dos seus
servios, estabelecimentos e organismos, ainda que personalizados, assim
como as Associaes Autrquicas e Fundaes em que a Administrao
Central, Regional e Local participe no seu capital inicial e, ainda, as Fundaes
de iniciativa exclusivamente privada que percorram por fins de natureza
essencialmente social ou cultural. Muitas outras entidades podem beneficiar de
donativos sendo, as associaes de produo de actividades relativas a
temticas culturais e de defesa do patrimnio histrico-cultural as mais
relevantes na rea do patrimnio imvel, pois desempenham um papel
fundamental na recuperao e salvaguarda do testemunho que esse
patrimnio representa.
A atribuio dos benefcios fiscais varia consoante a qualidade do
mecenas, pessoa colectiva ou singular, e da entidade que recebe o donativo,
entidade pblica ou privada.
O mecenas poder retirar benefcios econmicos da sua doao mas
no menos verdade que todos ns beneficiamos com isso. Existe tambm
um carcter participativo nesta aco pois, cada um de ns atravs de uma
grande empresa ou sendo simples particular podemos ajudar instituies ou
entidades de forma a valorizar o seu trabalho.
Desde a sua criao o instituto do mecenato cultural permitiu enriquecimento do patrimnio cultural portugus e por conseguinte do
patrimnio imvel, proporcionando a possibilidade de restauro de monumentos
classificados atravs do IPPAR hoje em dia IGESPAR.
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Grfico 7 - Patrocnios de empresas e instituies ao IPPAR destinados conservao e
restauro, exposies, aquisio de obras, publicaes, comemoraes.27
A conscincia de quem somos s pode ser atingida atravs d
patrimnio cultural portugus sendo importante a divulgao, recuperao e
preservao fsica do mesmo, sendo o mecenato uma ferramenta importante
que permite atingir alguns deste objectivos. Atravs do mecenato muitas
empresas assumiram tambm um papel social na rea da cultura, permitindo
que a cultura se aproxime de novos pblicos que at ento se sentiam
afastados da sua identidade cultural.
A associao de uma empresa ou de algum a um projecto artstico oude ordem patrimonial permite-lhe assumir papel activo no desenvolvimento
cultural do pas. Mas ao mesmo tempo a sua imagem, personalizada atravs
dessa colaborao (aliada obra de arte, ao monumento recuperado, ao
espectculo apresentado), que aparece aos olhos do pblico com uma nova e
diferente expresso.28
Tabela 1 - O valor do mecenato no total de receitas do IGESPAR. Valor em euros.
272 SILVA, Lus Melo e; Avelino Rosa - O Mecenato. In. Estudos/Patrimnio, n.6, 2004.
282 Mecenato Cultural. Lisboa: Secretaria de Estado da Cultura. 1986.
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Concluso
No desenrolar deste trabalho foi-nos dada a possibilidade de aprofundar
os nossos conhecimentos acerca da temtica Politicas Culturais aplicadas aoPatrimnio Imvel, tentamos desenvolver este trabalho de uma forma o mais
lgica possvel com o objectivo de tornar perceptveis as vrias metamorfoses
que ao longo do tempo se fizeram sentir, em vrios dos campo subjacentes
compreenso e apreenso das especificidades do Patrimnio Imvel,
nomeadamente o desenvolvimento da legislao que o rege, que reflecte as
diferentes posturas adoptadas na salvaguarda e preservao dos rgos
governativos, bem como a evoluo da classificao deste tipo de patrimnioque nos parece ainda aqum do desejado num pas to rico, como Portugal,
em Imveis de consagrado valor para a nossa identidade como povo.
Ao terminar este trabalho fica-nos a ideia de que ainda muito h a fazer
no que toca ao Patrimnio Imvel, como disso exemplo, a falta de articulao
dos diferentes nveis de poder, tornando assim, susceptvel ao
desaparecimento de diversos bens que teriam toda a relevncia de serem
preservados.
Outro ponto que nos parece mal gerido diz respeito ao financiamento
atribudo pelo Ministrio da Cultura e Poder Local ao domnio do Patrimnio,
pensando que em muitos casos esta tipologia posta de lado, dando por
exemplo, os apoios dados aos Jogos e Desporto pelo Poder Local que
superior em 20% ao financiamento dado ao Patrimnio Cultural.
Sabendo que muitas outras temticas poderiam ser abordadas,
pensamos que os pontos tratados por ns so os que apresentam maior
relevncia no que toca a esta temtica.
Esperamos ter atingido os objectivos propostos no mbito deste
trabalho.
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Bibliografia
NEVES, Jos Soares - Despesas dos Municpios com a Cultura [1986
2003], Documento disponvel em www.oac.pt
MELO, Alexandre Politica Cultural: Aco ou Omisso.Verso
electrnica do artigo da publicao peridica do Observatrio das Actividades
Culturais, OBS n2, Outubro de 1997, pp. 8-10.
COSTA, Antnio Firmino da -Politicas Culturais: conceitos e
perspectivas. Verso electrnica do artigo da publicao peridica do
Observatrio das Actividades Culturais, OBS n2, Outubro de 1997,