trabalho prático #1 (regime de concessão -henrique santana 74278)

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Agosto - 2010 Henrique Santana RA 74278 Princípios da Engenharia do Petróleo Trabalho Prático - #1

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias

Agosto - 2010

Henrique Santana – RA 74278

Princípios da Engenharia do Petróleo Trabalho Prático - #1

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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ÍNDICE

Definição

Histórico

Regras das concessões

Etapas do processo

Marco regulatório

Concessão versus partilha

Contrato de concessão

Impactos econômicos

Anexos

Referências

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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Definição

Entendimento Mercadológico:

Concessão pública é o contrato entre a Administração Pública e uma empresa particular,

pelo qual o governo transfere ao segundo a execução de um serviço público, para que este o

exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário, em

regime de monopólio ou não.

A Concessão pública difere-se da permissão porque esta consiste em ato unilateral,

precário e discricionário do Poder Público. De acordo com o artigo 175, da Constituição Federal,

"incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou

permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos [1].

Entendimento Jurídico:

“A jazida de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos como bens públicos e

não serviços públicos” - Podemos afirmar que a concessão de petróleo não corresponde à

concessão de serviço público, uma vez que, a Administração Pública não delegou a outrem a

execução de um serviço público, mas sim, a possibilidade de exploração de um bem que é

público.

A Constituição Federal, em seu artigo 20, IX, estabelece que "São bens da União os

recursos minerais, inclusive os do subsolo"; em seu artigo 176 que "As jazidas, em lavra ou não,

e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade

distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida

ao concessionário a propriedade do produto da lavra"; e, finalmente, em seu artigo 177, que

"Constituem monopólio da União a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e

outros hidrocarbonetos fluidos".

Dessa forma, trata-se de concessão de exploração de bem público. Assim, estabeleceu-se

um novo regime jurídico para concessões, visando à exploração da atividade econômica no

campo petrolífero, cujas normas legais apresentam algum distanciamento das regras gerais

estabelecidas para as concessões de serviço público.

Conforme prescreve o artigo 177, §1º, da Constituição Federal, "a União poderá contratar

com empresas estatais ou privadas", desde que "observadas às condições estabelecidas em

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lei". A lei n.º 9.478/97 estabelece, em seu art. 5º, que a pesquisa e a lavra das jazidas de

petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos poderão ser exercidas mediante

concessão ou autorização.

Dessa forma, na hipótese de realização de contrato de concessão para exploração de bem

público, serão, basicamente, as normas de Direito Público que regerão a contratação de

empresas estatais ou privadas para a pesquisa e a lavra jazidas de petróleo e gás natural e

outros hidrocarbonetos fluidos, uma vez que se trata de contrato administrativo [2].

Histórico

A Rodada Zero

A chamada Rodada Zero foi o conjunto de negociações realizadas após a promulgação da

Lei 9.478/97 do Petróleo para definir a participação (abertura de mercado) da Petrobras

(Sociedade anônima de capital aberto e que atua em diversos segmentos da indústria de óleo,

gás e energia) que até então era a única executora do monopólio que a União exercia sobre as

atividades de exploração e produção de petróleo. Consolidada em agosto de 1998, a Rodada

Zero ratificou os direitos da Petrobras na forma de contratos de concessão, conforme a Lei do

Petróleo, sobre 282 campos em produção. Estas concessões foram celebradas sem processo

licitatório e cobriram área superior a 450.000 Km² em 115 blocos exploratórios.

Nos casos das áreas produtoras, a Petrobras teve seus direitos assegurados por três anos

sobre cada campo que se encontrasse em produção na data de início da vigência da Lei.

Outros 62 campos que já haviam produzido ou que se encontravam na etapa de

desenvolvimento não foram reivindicados pela empresa no prazo previsto, ficando à disposição

da ANP. De 1998 até 2006, outros campos foram devolvidos. Estas áreas ficaram conhecidas

como "campos marginais".

A Primeira Rodada de Licitações foi realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo - é o

órgão regulador das atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos

biocombustíveis no Brasil. Autarquia federal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a ANP

é responsável pela execução da política nacional para o setor energético do petróleo, gás

natural e biocombustíveis, de acordo com a Lei do Petróleo), no Rio de Janeiro, nos dias 15 e 16

de junho de 1999, com 38 empresas habilitadas. Desde então, as Rodadas vêm sendo

promovidas anualmente. [3]

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5

Reflexo dos Novos Tempos da Concessão

A Constituição de 1988 manteve o monopólio da Petrobras, mas trouxe a idéia da

necessidade de um órgão regulador para o setor. Isso despertou na empresa o objetivo de se

preparar para os novos tempos.

Depois de 35 anos de criação, a estatal lançou o seu primeiro plano estratégico em 1989. O

projeto tinha como diretrizes: as necessidades de investimento em eficiência, competitividade,

recursos humanos e tecnologia, além da integração do processo produtivo (upstream e

downstream).

A proposta revela que as diretrizes se contrapunham aos princípios adotados por uma

estatal monopolista.

Nos anos 1990, dentro do contexto da reforma do Estado, inicia-se uma nova fase

institucional para o setor. Em agosto de 1995, a emenda constitucional número 5 permitiu que

os serviços locais de gás canalizado fossem explorados por empresas privadas. Em novembro

daquele mesmo ano, a emenda constitucional número 9, que flexibiliza o monopólio da

Petrobras e permite a atuação de empresas privadas em todos os elos da indústria do petróleo,

intensifica o processo de reestruturação setorial, que culminaria com a Lei 9.478 em 1997.

O novo marcou legal manteve o monopólio da União sobre as reservas de petróleo, gás e

demais atividades da cadeia produtiva. No entanto, as atividades de exploração e produção

passaram a ser regidas por contratos de concessão firmados entre a Agência Nacional do

Petróleo (ANP) e as empresas vencedoras das licitações de blocos promovidas anualmente.

A ANP tornou-se o braço da União para realizar os poderes de concessão, fiscalização e

regulamentação. O modelo regulatório instituído obteve, ao longo dos últimos 11 anos, os

resultados esperados: atração de novos investimentos, maior participação dos entes

federativos sobre as receitas geradas pelas atividades do setor e, sobretudo, o fortalecimento

da Petrobras.

Submetida à concorrência, a empresa foi oxigenada. Assimilou novas práticas. Inovou na

sua gestão. Construiu novas parcerias. Mudou a sua forma de relacionamento com o governo

federal. Aprimorou práticas de responsabilidade social e de cuidados com o meio ambiente,

aumentando a transparência em relação ao mercado.

Dessa forma, a estatal adquiriu maior relevância internacional, uma vez que não estava

mais protegida sob o guarda-chuva do monopólio legal.

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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O próprio Estado passa a utilizar menos a empresa como instrumento político e procura se

aproveitar melhor dos fluxos de lucros, dividendos, impostos e participações governamentais

pagos pela empresa (Pires e Campos Filho).

Dessa forma, o processo de abertura do setor no Brasil é reconhecido internacionalmente

por sua transparência, estabilidade de regras, possibilitando aos agentes econômicos

previsibilidade e planejamento de longo prazo. Depois dessas mudanças, o setor aumentou

consideravelmente sua participação no PIB, crescendo sempre acima da média.

A Tabela 1 apresenta dados comparativos relevantes (1997 X 2007) do setor de petróleo e

gás:

[4]

Tabela – 1

Regras das concessões

As Rodadas de Licitações para Exploração, Desenvolvimento e Produção de Petróleo e Gás

Natural realizadas periodicamente pela ANP constituem, desde a promulgação da Lei nº

9.478/1997 - a Lei do Petróleo - o único meio legal no Brasil para a concessão do direito de

exercício dessas atividades econômicas.

O Brasil está entre os países mais atrativos para investimentos em petróleo e gás natural

que, segundo projeções da Agência Internacional de Energia, devem permanecer como as

fontes de energia mais importantes nas duas próximas décadas.

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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Cabe à ANP, como órgão regulador do setor, promover estudos visando à delimitação de

blocos e também as licitações para concessão de exploração, desenvolvimento e produção;

celebrar, em nome da União, os contratos delas decorrentes; e fiscalizar a sua execução. Os

blocos são partes de uma bacia sedimentar onde são desenvolvidas atividades de exploração

ou produção de petróleo e gás natural.

As licitações realizadas pela ANP atendem aos princípios e objetivos da Política Energética

Nacional, expressos na Lei do Petróleo (Art. 1º) e também às diretrizes da Resolução nº 8/2003,

do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que estabelece a política de produção de

petróleo e gás natural e define diretrizes para a realização de licitações de blocos exploratórios

ou áreas com descobertas já caracterizadas.

A delimitação dos blocos oferecidos nas Rodadas de Licitações da ANP é condicionada à

disponibilidade de dados geológicos e geofísicos que demonstrem indícios da presença de

petróleo e gás natural e a considerações preliminares sobre condicionantes ambientais, entre

outros itens técnicos. A seleção final é feita de acordo com as diretrizes do CNPE, nos termos da

Resolução CNPE nº 8/2003.

Empresas nacionais e estrangeiras devidamente habilitadas podem participar das licitações

para exploração, desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos. Entretanto, para se

tornarem concessionárias devem ser constituídas sob as leis brasileiras, com sede e

administração no País. Os processos licitatórios transcorrem sob regras claras e ampla

transparência.

Exemplos de blocos sob o regime de concessões estão dispostos na figura número dois. [5]

[6]

Figura – 2

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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Conteúdo Local

Conteúdo local é o que define, nos contratos de concessão firmados pela ANP com as

empresas vencedoras nas Rodadas de Licitações, o percentual mínimo de participação das

empresas brasileiras fornecedoras de bens, sistemas e serviços nas atividades econômicas

relacionadas às atividades previstas no contrato. Este percentual é determinado nos editais que

precedem as Rodadas de Licitação e é detalhado nos contratos de concessão.

Os contratos de concessão determinam que as concessionárias devam contratar

fornecedores brasileiros sempre que suas ofertas apresentem condições de preço, prazo e

qualidade equivalentes às de outros fornecedores.

A exigência de conteúdo local no processo de concessão de áreas para exploração e

produção de petróleo e gás natural contribui para impulsionar o desenvolvimento da indústria

nacional. [7]

Etapas do processo

Cronograma das Licitações

A organização de uma Rodada de Licitações inclui as seguintes etapas:

I. Definição de blocos;

II. Anúncio da rodada;

III. Publicação do pré-edital e da minuta do contrato de concessão;

IV. Realização da audiência pública;

V. Recolhimento das taxas de participação e das garantias de oferta;

VI. Disponibilização do pacote de dados;

VII. Seminário técnico-ambiental;

VIII. Seminário jurídico-fiscal;

IX. Publicação do edital e do contrato de concessão;

X. Abertura do prazo para a habilitação das empresas concorrentes;

XI. Realização do leilão para apresentação das ofertas;

XII. Assinatura dos contratos de concessão. [5]

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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Acompanhamento da Execução

Está previsto nos Contratos de Concessão para Exploração, Desenvolvimento e Produção

de Petróleo e Gás Natural que a ANP - diretamente ou mediante convênios com órgãos

federais, estaduais ou do Distrito Federal – exercerá o acompanhamento e fiscalização

permanentes das operações realizadas nos blocos concedidos.

O objetivo deste acompanhamento é assegurar que o concessionário adote as melhores

práticas da indústria internacional do petróleo e obedeça às normas e procedimentos técnicos

e científicos pertinentes – inclusive com vistas à segurança das pessoas e equipamentos, à

conservação dos reservatórios e de outros recursos naturais e à proteção do meio ambiente.

[8]

Marco regulatório

É um conjunto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores nos

quais agentes privados prestam serviços de utilidade pública. Parece complicado, mas não é.

Um exemplo clássico de setor que precisa de marco regulatório no Brasil é o de telefonia. Em

1998, empresas privadas passaram a atuar no ramo e foi necessário o estabelecimento de

critérios rígidos para garantir a continuidade, a qualidade e a confiabilidade dos serviços

prestados à população. O mesmo aconteceu com a área de energia elétrica e a de

administração de rodovias. A regulação é sempre feita por um organismo independente com

condições de defender os interesses dos cidadãos, do governo e das empresas concessionárias

que obtiveram o direito de explorar o setor. O marco regulatório é responsável pela criação de

um ambiente que concilie a saúde econômico-financeira das empresas com as exigências e as

expectativas do mercado consumidor. No caso específico da telefonia, esse organismo é a

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Existem muitas outras agências reguladoras,

como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Além de estabelecer as regras para o funcionamento do setor, o marco regulatório contempla a

fiscalização do cumprimento das normas, com auditorias técnicas, e o estabelecimento de

indicadores de qualidade. A criação de um marco regulatório claro e bem concebido é

fundamental para estimular a confiança de investidores e consumidores e para o bom

andamento do setor. [9]

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Concessão versus partilha

Um dos eixos centrais do debate sobre o pré-sal diz respeito ao marco regulatório da

exploração e produção do petróleo. Segundo a experiência internacional, são três os modelos

de regulação mais utilizados: o regime de concessão, adotado no Brasil em 1997 e que, na

proposta apresentada pelo governo, será mantido em 28% do pré-sal, para as áreas já licitadas;

o contrato de serviços, que utilizamos a partir de 1975, em resposta às pressões cambiais

associadas ao choque de preços do petróleo, e cujos resultados foram pífios; e o sistema de

partilha da produção, proposto pelo governo para as áreas não licitadas - 72% do total do pré-

sal - e outras jazidas relevantes, que é o modelo predominante nos maiores produtores

mundiais de petróleo.

A figura número três apresenta um entendimento sobre o novo cenário proposto.

Note-se que o regime de concessão foi implantado no Brasil em um cenário em que o

preço do barril do petróleo era US$19, o país vivia uma crise cambial prolongada e a Petrobras

estava descapitalizada - o governo vendeu 30% das ações da empresa por um valor irrisório, se

olharmos com o olhar de hoje, de US$5 bilhões. Um cenário, além disso, dominado pela

ideologia do Estado mínimo, para a qual as empresas estatais já não eram necessárias e os

caminhos da modernidade eram a desregulamentação e a privatização.

Esse quadro é hoje radicalmente distinto, inclusive devido à grave crise econômica e

financeira internacional que expôs as inconsistências do capitalismo autorregulado. Isso não

exclui, no entanto, que o regime de concessão, em condições de risco exploratório alto e nível

de produção potencial baixo, possa ser uma opção aceitável para o Estado e para a sociedade,

já que é a empresa concessionária quem arca com os custos e riscos da exploração. O problema

é que, nesse regime, as reservas, quando descobertas, são privatizadas. Elas são incorporadas

ao balanço das empresas, que podem delas dispor livremente pelo prazo de 27 anos. Em

consequência, o Estado e a sociedade perdem o controle da gestão operacional e estratégica

das reservas.

Esse é o ponto central do debate. A dimensão das jazidas do pré-sal e seu baixo risco

exploratório representam uma mudança estrutural sem precedentes na economia do petróleo

do Brasil, como evidencia a descoberta, a partir de 2006, em apenas três poços, Tupi, Iara e

Parque das Baleias, de reservas da ordem de 9,5 a 14 bilhões de barris. Ou seja, dobramos, em

apenas três anos, o volume de reservas identificadas ao longo de mais de 50 anos.

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No regime de partilha, a propriedade das reservas e da produção permanece em poder do

Estado e as empresas recebem uma compensação adequada pelas atividades desenvolvidas.

Portanto, introduzir o regime de partilha é essencial para manter o controle público sobre essas

reservas, que podem desempenhar um papel estratégico em nosso desenvolvimento. Isso é

particularmente importante porque 77% das reservas mundiais estão sob controle público, 7%

pertencem às grandes multinacionais e, nos próximos 20 anos, projeta-se um déficit na oferta

mundial de petróleo da ordem de 75 milhões de barris/dia.

Além disso, com o regime de partilha podemos fortalecer a Petrobras, elegendo-a como

parceira prioritária para operar o pré-sal. No regime de concessão a Petrobras teria que

disputar blocos com multinacionais de grande capacidade financeira, o que conduziria à sua

descapitalização e limitaria sua capacidade de induzir a dinamização da cadeia produtiva do

petróleo e o aumento do

seu índice de

nacionalização. São esses

fatores que explicam, em

parte, o crescimento da

participação da indústria

de petróleo e gás no PIB,

de 3,5% para 12%. A

proposta do governo Lula

é de que pelo menos 30%

de toda atividade

exploratória no pré-sal

sejam controlados pela

Petrobras. A figura

número três demonstra

um modelo com a

formulação da partilha.

Figura – 3

Por último, o regime de partilha permite aumentar a participação do Estado na renda do

petróleo, ampliando a capacidade do novo Fundo Social, que integra a proposta do Governo,

para canalizar os recursos do pré-sal para a erradicação da pobreza, a educação e a cultura, a

inovação científico-tecnológica e a defesa do meio ambiente. [10]

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Contrato de concessão

Concluídas as licitações, são celebrados os contratos de concessão entre a ANP, em nome

da União, e as empresas vencedoras. A Agência acompanha a execução desses contratos que

estabelecem:

XIII. Os pagamentos pela ocupação (ou retenção) das áreas;

XIV. O pagamento dos royalties;

XV. O pagamento de participação especial no caso de campos de grande volume de

produção ou de alta rentabilidade;

XVI. As condições de devolução das áreas;

XVII. A vigência, duração do contrato e os prazos e programas de trabalho para as

atividades de exploração e produção;

XVIII. O compromisso com a aquisição de bens e serviços de fornecedores nacionais;

XIX. O compromisso com a realização do Programa Exploratório Mínimo proposto na

oferta vencedora;

XX. As responsabilidades das concessionárias, inclusive quanto a danos ao meio

ambiente.

Na figura número quatro temos uma visão mundial dos países e seus regimes de atuação

na exploração e produção de petróleo.

O contrato de

concessão também exige

que as concessionárias

cumpram o Programa

Exploratório Mínimo

proposto na oferta

vendedora, com período

variável entre três a oito

anos. Nessa fase, as

empresas devem adquirir

dados, realizar novos

estudos geológicos e

geofísicos, perfurar poços

exploratórios e avaliar se as Figura – 4

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Rodadas de Licitação de Concessões de Áreas Exploratórias Ago 2010

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eventuais descobertas são comercialmente viáveis.

No caso de considerar comercial uma descoberta, a empresa concessionária deve

submeter à aprovação da ANP um plano de desenvolvimento, proposta de trabalho e previsão

de investimentos, antes de iniciar a produção.

O contrato de concessão prevê ainda que, em caso de risco de desabastecimento de

combustíveis no País, as concessionárias atendam prioritariamente às necessidades do

mercado interno. Com a finalidade de garantir o abastecimento nacional, a Lei nº 9.478/1997

atribui à ANP, órgão regulador do mercado por ela criado, a função de autorizar as exportações

de petróleo, gás natural e seus derivados.

No tópico de anexos (ANEXO I) encontra-se o vínculo para acessar a página da ANP onde

encontramos um modelo do contrato de concessão. [11]

Impactos econômicos

Praticamente aprovado o novo marco regulatório do pré-sal, o Brasil deverá assistir já nos

próximos meses uma nova onda de fusões, aquisições, joint ventures e parcerias em toda

cadeia do setor.

Estudo da consultoria Ernst & Young sobre as perspectivas da indústria petrolífera

brasileira - ao qual o Brasil Econômico teve acesso - revela que boa parte dos negócios se dará

entre as companhias já presentes no mercado brasileiro, mas uma fatia significativa das fusões

e aquisições ocorrerá entre fornecedores de bens

e serviços, que precisam se qualificar para

atender as exigências de conteúdo local do país.

Para o especialista em Energia da Ernst &

Young, Carlos Alberto de Assis, o processo, entre

os fornecedores, será liderado por companhias

estrangeiras com interesse em nacionalizar a

produção.

Figura – 5 (ilustrativa)

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Embora evite projetar um volume total de recursos envolvidos nas fusões, Assis lembra

que o setor brasileiro de petróleo deverá receber investimentos diretos de US$ 190 bilhões até

2013.

Tal volume projeta o executivo, inclui não só os desembolsos previstos pela Petrobras e

demais petroleiras no país, mas também de fornecedoras de bens e serviços.

Com periodicidade trimestral, o levantamento engloba o primeiro trimestre deste ano. Não

leva em consideração, portanto, episódios recentes da indústria petrolífera mundial, como o

vazamento no Golfo do México da plataforma Deep Water Horizon, operada pela Transocean a

serviço da British Petroleum (BP), do Reino Unido.

De qualquer forma, o executivo avalia que o acidente, no curto prazo, deverá ter impacto

sobre os investimentos do setor, que deverão ser elevados como consequência do

encarecimento dos custos com seguros e novas normas de segurança.

Entre 2015 e 2012, pondera Assis, esses mesmos custos deverão se estabilizar.

Para o executivo, independentemente do impacto do acidente no Golfo, as transações no

Brasil deverão se intensificar nos próximos meses, como consequência direta de definições

como o novo marco regulatório do pré-sal.

"Embora ainda persista certa insegurança quanto aos rumos da regulação brasileira, a

aprovação do novo marco regulatório abre uma perspectiva positiva para as empresas

interessadas", avalia o executivo, ao lembrar que, embora o novo sistema de partilha não

represente o melhor modelo para os investidores, muito pior seria a indefinição de regras.

Além das reservas do pré-sal, que são muito grandes comparativamente com outras

províncias petrolíferas, a atratividade também se justifica, de acordo com o executivo, por um

conjunto de fatores resumido por estabilidade econômica, segurança institucional e respeito às

regras.

Assis lembra, no entanto, que o tamanho das reservas amplia proporcionalmente a

quantidade de oportunidades para novas empresas no país.

Para a Ernst & Young, os negócios deverão ocorrer em duas etapas. Na primeira, por meio

de associações entre petrolíferas estrangeiras e a Petrobras, com objetivo de explorar as

reservas do pré-sal. Paralelamente, uma segunda frente de negócios será aberta por meio de

parcerias e fusões, tanto por fornecedoras estrangeiras quanto nacionais, em busca de

adequação aos padrões nacionais de conteúdo local.

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"Uma característica identificada pelo estudo nesse novo processo de fusões e aquisições é

que, ao contrário de outros ciclos semelhantes, desta vez os negócios serão menos numerosos,

mas deverão envolver um volume maior de recursos", avalia Assis. [12]

Anexos

ANEXO I - Contrato de concessão

Clique aqui para conhecer um modelo de contrato de concessão

Referências

[1] (Wikipédia, a enciclopédia)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Concess%C3%A3o_p%C3%BAblica

[2] (Jus Navigandi, Alexandre de Moraes)

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2426

[3] (ANP – Agência Nacional de Petróleo) http://www.anp.gov.br/?pg=19444&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282755430889

[4] (Revista Interesse Nacional)

http://interessenacional.com/artigos-integra.asp?cd_artigo=30

[5] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/?pg=15397&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282756313637

[6] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/brasil-rounds/round4/atividades_exploratorias/mapas/Cam_San_ES.pdf

[7] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/?pg=9230&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282834199122

[8] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/?pg=9226&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282834337511

[9] (IPEA)

http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/19/artigo14917-1.php

[10] (Administradores - Aloizio Mercadante)

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/partilha-ou-concessao/33494/

[11] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/?pg=19461&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282758465371

[12] (Brasil Econômico)

http://www.brasileconomico.com.br/noticias/onda-de-parcerias-do-presal-atraira-us-190-bilhoes_84807.html

Observação geral: Algumas citações em referência foram

resumidas e interpretadas de acordo com o critério estabelecido

pelo autor do material.