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LLiitteerraattuurraa IInnffaannttiill ee IIlluussttrraaoo::
IImmaaggeennss qquueeFFaallaamm
Mestrado em Educaorea de Esp. Tecnologia Educativa
Tecnologia da ImagemDocente: Prof. Doutor Henrique Chaves
Trabalho realizado por:
ElisaCastro
Braga
2004/2005
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Literatura Infantil e Ilustrao Imagens que falam
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ndice
Introduo .................................................................................................................... 4
Literatura Infantil ..................................................................................................... 5Gnese e evoluo ........................................................................................................ 5O livro para a criana.................................................................................................... 7Os primeiros impressos ................................................................................................ 9Classificao da literatura infantil .............................................................................. 13
Ilustrao .................................................................................................................... 17Tcnicas Manuais ....................................................................................................... 19Lpis e tinta ................................................................................................................ 19O aergrafo................................................................................................................. 20Manejo do aergrafo................................................................................................... 22
Ilustrao Infantil.................................................................................................... 25Aspectos grficos e visuais......................................................................................... 26Leitura de imagens...................................................................................................... 28Funes da ilustrao.................................................................................................. 30Figuras de estilo.......................................................................................................... 31
Alice no Pas das Maravilhas............................................................................... 34Lewis Carroll............................................................................................................. 34
Contextualizao do texto e do autor ......................................................................... 35Como surgiu a Alice? ................................................................................................. 37Lewis, o fotgrafo ...................................................................................................... 40John Tenniel, o ilustrador ........................................................................................... 46Outros ilustradores...................................................................................................... 47Imagens que falam...................................................................................................... 50Conselhos de uma Lagarta, por sete ilustradores.................................................... 59Matemtica na obra?................................................................................................... 60
Concluso ................................................................................................................... 64Bibliografia ................................................................................................................ 65
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Alice comeava a sentir-se muito cansada por estar sentada no banco,
ao lado da irm, e por no ter nada que fazer. Mais do que uma vezespreitara para o livro que a irm estava a ler, mas este no tinha
gravuras nem conversas... E para que serve um livro que no temgravuras nem conversas? pensou Alice.
CARROLL, Lewis. Alice no Pas das Maravilhas
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Introduo
O presente trabalho tem como ttulo Literatura Infantil e Ilustrao: Imagens
que falam. Partindo do conceito de literatura infantil, procedemos a uma breveresenha histrica em torno do mesmo. A partir de que momento surgiu a literatura
infantil e se comearam a escrever histrias direccionadas para crianas? A par do texto
quais as funes da imagem que o acompanham? Quais os autores/ilustradores mais
representativos deste tipo de escrita destinado aos mais jovens? Tentamos responder a
estas e outras questes, pondo a tnica principal no papel das imagens e das ilustraes
neste tipo de livros.
Num segundo momento, passamos s tcnicas da ilustrao propriamente ditas.Que utenslios e que materiais um ilustrador utiliza para a concepo dos seus
desenhos? Que cuidados deve ter um ilustrador ao conceber desenhos para livros de
crianas? At que ponto as imagens desenhadas so um reflexo das palavras, ou seja, do
texto escrito? Ser que todas as imagens representam e materializam o texto escrito, ou
por outro lado, so apenas uma mera repetio ou redundncia daquilo que est escrito?
Partindo destas questes, seleccionamos uma obra para a infncia intitulada
Alice no Pas das Maravilhas e analisamos as respectivas ilustraes. Tentamos ver
em que medida elas convergem ou distanciam-se do texto. Fizemos ainda uma pesquisa
em relao aos vrios ilustradores da obra em questo (mais de duzentos), sendo que
John Tenniel, o primeiro ilustrador da obra, at hoje, o mais conhecido pelas suas
ilustraes a preto e branco.
Por ltimo, passamos parte prtica do trabalho, no qual colaboraram quatro
crianas. Estas fizeram a anlise de uma srie de ilustraes da Alice no Pas das
Maravilhas e depois passaram visualizao do filme. Em relao a este trabalho,
apresentamos as concluses na parte final.
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Literatura Infantil
Gnese e evoluo
O impulso de contar histrias deve ter nascido no momento em que o Homem
sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experincia sua.
A primeira obra realmente direccionada ao pblico infantil foi uma colectnea
de cantigas infantis publicada por Mary Cooper em 1744, cujo ttulo era: Para todos os
pequenos senhores e senhoritas, para ser cantada para eles pelas suas amas at que
possam cantar sozinhos. Uma segunda colectnea intitulada Melodia da Mam
Gansa de 1760, provavelmente do livreiro John Newberg, considerado precursor na
descoberta e explorao do mercado de livros para crianas.
O aparecimento da literatura infantil decorre da ascenso da famlia burguesa e
do novo estatuto concedido infncia na sociedade. a partir do sculo XVIII que a
criana passa a ser um ser diferente do adulto, pelo que devia distanciar-se dos mais
velhos e receber uma educao especial.
Em Portugal (1866), literatura para crianas era coisa que ningum sabia ainda
muito bem o que era. Liam-se tradues e no muitas. A literatura infantil portuguesa
comea a vislumbrar-se nos finais do sculo XIX com o Tesouro Potico para a
Infncia de Antero de Quental, Os contos para a infncia de Guerra Junqueiro e
ainda com a obra de Joo de Deus.
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A literatura infantil tem o seu ponto de partida sob o aspecto de consagraouniversal, na Frana do sculo XVII.
Sculo XVII Sculo XVIII Sculo XIX
Charles Perrault (1628-1703)O Gato das botasA Gata BorralheiraO Capuchinho VermelhoA Branca de Neve
Jonathan Swift (1667-1745)Viagens de Guliver
Hans Christian Andersen (1805-1875)O patinho feio, O soldadinho dechumbo, A pequena vendedora defsforos
Fnelon (1651-1715)Telmaco
Daniel Defoe (1660-1731)Robinson Crusoe
Irmos Grimm: Lus Jacob (1785-1863) e Guilherme Carlos (1786-1859)Contos populares, Lendas alems
La Fontaine (1621-1695)Fbulas
Mme. Leprince de Beaumont (1711-1780)A fada das ameixas , A bela e a fera
Frances Hodon BurnetO Pequeno Lord
Mme. DAulnoy (Maria CatarinaJumel de Berneville)O Delfim A ave azul, A belados cabelos de ouro
Mme. De Genlis (1749-1830)Influenciada por Rousseau, escreveuassuntos de natureza informativa ecientfica.
Collodi (Carlos Lorenzini)Pinocchio
Berquin (1749-1791)Considerado por muitos o verdadeirofundador da literatura infantil.Literaturas Escolhidas
Edmundo de AmicisCuore
Charles DickensDavid CopperfieldMattew J. BarriePeter PanCondessa de Sgur
Memrias de um burroQue amor de criana!Lewis CarrollAlice no pas das maravilhasMark TwainTom SawyerFenimore CooperO ultimo dos moicanosLyman Frank BaumO Feiticeiro de OzRudyard KiplingJungle Books
Selma Lagerlof (rainha da fantasiasueca)Jlio VerneA volta ao mundo em 80 diasVinte mil lguas submarinasOtvio FeuilletPolichineloMaeterlinkPssaro AzulTchekovlbuns de contos russosAntoine de Saint-xuperyO Pequeno Prncipe
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O livro para a criana
Nos cnones da literatura infantil de Harold Bloom e Maurice Sendak,
encontramos diversos autores / ilustradores como William Blake, Wilhelm Bush, BeatrixPotter, Edward Lear.
William Blake (1757-1827) foi pintor, gravador, poeta, mstico visionrio e uma
das primeiras e maiores figuras do romantismo. Songs of Innocence (1789) sua
primeira obra-prima de "iluminura impressa."
Blake imprimia ele prprio o seu trabalho. Ajudado pela sua mulher, muitas
vezes aquarelava mo cada pgina, ou imprimia os pratos de cor numa ordemdiferente, de maneira que cada livro fosse uma obra nica.
Canes da Inocncia de William Blake
Wilhelm Bush um excelente caricaturista. O trao gil e, como o texto, cheio
de humor. Podemos acompanhar a histria pelos desenhos. Influenciado por Topffer, o
seu trabalho funciona como uma histria em quadrinhos. Juca e Chico - 7
Travessuras, escrito em 1865, talvez o seu livro mais conhecido.
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Juca e Chico de Wilhelm Bush
O livro mais conhecido de Beatrix Potter, The Tale of Peter Rabbit, nasce numa
carta escrita em 1893 para uma criana que estava doente.
Na primeira edio de Peter Rabbit, 1902, paga pela autora, as ilustraes eram a
preto e branco. Mas logo aparecerem as edies coloridas. Os livros adocicados de
Beatrix eram pequeninos, desenhados de maneira a que as crianas pudessem carreg-los confortavelmente. At hoje so sucesso garantido.
Edward Lear foi desenhador num zoolgico, viajante, artista, escritor.
Deprimido, epilptico, solitrio. Em 1845 escreveu e ilustrou A Book of Nonsense.
Capaz de esquecer a sua destreza e optar por um gesto fludo e solto como o de uma
criana, Lear d-nos, no sculo XIX, uma lio de modernidade.
A Book of Nonsense de Edward Lear
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Os primeiros impressos
Os primeiros impressos para crianas so cartilhas: hornbooks, "batledores" ou
"catones". Pgina coladas num suporte, que primeira vista podiam servir tambm de
palmatria. Comeam a ser usadas em 1440 e continuam a aparecer at 1850. Alm do
ABC incluam oraes, ensinamentos morais ou polticos.
A criana descobre desde logo os chapbooks, pliegos sueltos, "fliegende
bltter", "folhas volantes" ou "de cordel" com as baladas, xcaras, anedotas, contos
maravilhosos, episdios de cavalaria., e apossam-se dessas narrativas populares, que
no foram escritas especialmente para elas.
Chapbooks eram folhas ou folhetos vendidos nas ruas.
Valentine and Orson . um exemplo tpico desses livros baratos que no eram feitos
para crianas, mas que as conquistaram. As personagens so dois irmos gmeos
separados ainda pequenos. Orson, criado por um urso, Valentine, pelo rei da Frana.
Valentine captura o seu irmo e os dois, depois de muitas faanhas, casam-se com belas
princesas.
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Espcie de romance popular, em verso, que se cantava ao som da viola, ou
xcara, coletado por Almeida Garrett, que acreditava que a viagem da nau portuguesa
que em 1565 transportava Jorge de Albuquerque Coelho de Olinda para Lisboa deu
origem a esta xcara: A Nau Catrineta.
L vem a nau CatrinetaQue tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,Uma histria de pasmar...
De entre os primeiros livros para crianas, no possvel esquecer a obra de
Johann Amos Comenius. O bispo de Morvia considerado um grande inovador da
pedagogia.
Comenius1592 - 1670
Orbis Sensualium Pictus foi escrito em 1658. Nele temos um ABC com imagens de
animais. O texto traz os rudos caractersticos dos bichos, para ensinar o som de cada
letra.
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Comenius no foi o primeiro a fazer cartilhas ilustradas. Temos, no sculo XVI,
a Cartinha para aprender a ler de Joo de Barros, com o "A" debaixo de uma rvore,
e assim por diante.
Humanista, historiador e gramtico, deixou-nos ainda o curioso Dilogo de
Iom de Barros com dous Filhos seus sobre Preceptos Moraes em forma de Jogo,
publicado em 1563.
O conceito de literatura para a infncia tem sido problematizado ao longo do
tempo por diversos autores que o definem de acordo com diferentes pressupostos:
Citam-se alguns exemplos:
So as crianas, na verdade, que o delimitam, com a sua preferncia. Costuma-se
classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado,
talvez, assim classificar o que elas lem com utilidade e prazer. No haveria, pois, uma
Literatura Infantil a priori mas a posteriori. Mais do que literatura infantil existem
"livros para crianas".
Ceclia Meireles1 (1951)
1 Poetisa brasileira nascida no Rio de Janeiro. Professora universitria, Ceclia Meireles interessou-se pelo
estudo das lnguas, msica, cultura oriental e literatura infantil. Casou-se com o ilustrador portugusFernando Correia Dias, artista que contribuiu imensamente para o desenvolvimento das artes grficas noBrasil, autor de caricaturas e desenhos altamente requintados e modernos.
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A literatura para a juventude uma comunicao histrica (quer dizer localizada no
tempo e no espao) entre um locutor ou um escritor adulto (emissor) e um destinatrio
criana (receptor) que, por definio, de algum modo, no decurso do perodo
considerado, no dispe seno de forma parcial da experincia do real e das estruturas
lingusticas, intelectuais, afectivas e outras que caracterizam a idade adulta.
Marc Soriano2 (1975)
Sublinhemos: o livro infantil o livro ilustrado; e esta situao j comporta a
existncia do livro de imagens...
Amrico Lindeza Diogo3 (1994)
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Estudioso de literatura infantil para a infncia3 Doutorado em Literatura Portuguesa pela Universidade do Minho. Professor Auxiliar no Instituto deLetras e Cincias Humanas da Universidade do Minho.
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Classificao da literatura infantil
Fases normais no desenvolvimento da criana:
O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, no nosso sculo, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligncia como um elemento
estruturador do universo que cada indivduo constri dentro de si, chama a ateno para
os diferentes estgios do seu desenvolvimento (da infncia adolescncia) e a sua
importncia fundamental para a evoluo e formao da personalidade do futuro adulto.
A sucesso das fases evolutivas da inteligncia (ou estruturas mentais) constante e
igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar,
dependendo da criana, ou do meio em que ela vive.
Primeira Infncia: Movimento vs Actividade (15/17 meses aos 3 anos)
Maturao, incio do desenvolvimento mental;
Fase da inveno da mo - reconhecimento da realidade pelo tacto;
Descoberta de si mesmo e dos outros;
Necessidade grande de contactos afectivos;
Explora o mundo dos sentidos;
Descoberta das formas concretas e dos seres;
Conquista da linguagem;
Nomeao de objectos e coisas - atribui vida aos objectos;
Comea a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela ,
assimilando, sem questionamento, o que lhe dito;
Egocentrismo, jogo simblico;
Reconhece e nomeia partes do corpo;
Forma frases completas;
Nomeia o que desenha e constri;
Imita, principalmente, o adulto.
Histrias para crianas (faixa etria/reas de interesse/materiais/livros):
1 a 2 anos:
A criana, nesta faixa etria, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e no ao contedo
do que contado. Ela presta ateno ao movimento de fantoches e a objectos que
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conversam com ela. As histrias devem ser rpidas e curtas. O ideal invent-las na
hora. Os livros de pano, madeira e plstico, tambm prendem a ateno. Devem ter,
somente, uma gravura em cada pgina, mostrando coisas simples e atractivas
visualmente. Nesta fase, h uma grande necessidade de pegar na histria, segurar o
fantoche, agarrar o livro, etc..
2 a 3 anos:
Nesta fase, as histrias ainda devem ser rpidas, com pouco texto de um enredo simples
e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao mximo, das vivncias da criana.
Devem ser contadas com muito ritmo e entoao. H um grande interesse por histrias
de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente,
com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches
continuam a ser o material mais adequado. A msica exerce um grande fascnio sobre
ela. A criana acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivncia, por isso, a histria
transforma-se em algo real, como se estivesse mesmo a acontecer.
Segunda Infncia: Fantasia e Imaginao (dos 3 aos 6 anos)
Fase ldica e predomnio do pensamento mgico;
Aumenta, rapidamente, seu vocabulrio;
Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "porqu ?";
Egocentrismo - narcisismo;
No diferenciao entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
Desenvolvimento do sentido do "eu";
Tem mais noo de limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
Tempo no tem significao - no h passado nem futuro, a vida o momento presente;
Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos;Textos curtos e elucidativos;
Consolidao da linguagem, onde as palavras devem corresponder s figuras;
Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas so dotadas de vida e vontade;
O elemento maravilhoso comea a despertar interesse na criana.
Dos 6 aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente:
Interesse por ler e escrever. A ateno da criana esta voltada para o significado dascoisas;
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O egocentrismo diminui. J inclui outras pessoas no seu universo;
O seu pensamento torna-se estvel e lgico, mas ainda no capaz de compreender
ideias totalmente abstractas;
S consegue raciocinar a partir do concreto;
Comea a agir cooperativamente;
Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto;
O elemento maravilhoso exerce um grande fascnio sobre a criana.
Histrias para crianas (faixa etria/reas de interesse/materiais/livros):
3 a 6 anos:
Os livros adequados nesta fase devem propor "vivncias radicadas" no quotidiano
familiar da criana e apresentar determinadas caractersticas estilsticas.
Predomnio absoluto da imagem, (gravuras, ilustraes, desenhos, etc.), sem texto
escrito, ou com textos brevssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a
fim de que a criana perceba a inter-relao existente entre o "mundo real", que a cerca,
e o "mundo da palavra", que nomeia o real. a nomeao das coisas que leva a criana
a um convvio inteligente, afectivo e profundo com a realidade circundante.
As imagens devem sugerir uma situao que seja significativa para a criana, ou que lhe
seja, de alguma forma, atraente.
A graa, o humor, um certo clima de expectativa, ou mistrio so factores essenciais nos
livros para o pr-leitor.
As crianas, nesta fase, gostam de ouvir a histria vrias vezes. a fase de "conte outra
vez".
Histrias com dobraduras simples, que a criana possa acompanhar, tambm exercem
grande fascnio. Outro recurso a transformao do contador de histrias com roupas eobjectos caractersticos. A criana acredita, realmente, que o contador de histrias se
transformou no personagem ao colocar uma mscara, chapu, capa, etc..
Podemos enriquecer a base de experincias da criana, variando o material que lhe
oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criana para novas
experincias.
Assim como as histrias infantis, os contos de fadas tm um determinado momento para
serem introduzidos no desenvolvimento da criana, variando de acordo com o grau decomplexidade de cada histria.
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Os contos de fadas, tais como os "Os Trs Porquinhos" e "O Patinho Feio" apresentam
uma estrutura bastante simples e tm poucas personagens, sendo adequados a crianas
entre 3 e 4 anos. Por outro lado, "Capuchinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo",
"Pedro e o Lobo" e o "Pequeno Polegar" so adequados a crianas entre 4 e 6 anos.
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Ilustrao
A palavra "ilustrar" vem do latim, ilustrare, e significa "lanar luz ou brilho,
ou tornar algo mais evidente e claro".
Dar luz ao entendimento, instruir, civilizar, acepes da palavra ilustrar, que,
junto com a puramente ornamental, definem uma actividade que vincula a expresso
plstica ao desenho, a arte aplicada a uma funo concreta: a informao. A funo que
cumpre a ilustrao transcende, na maioria dos casos, o puramente ornamental para se
converter em informao no escrita, um meio de expresso que prescinde de barreiras
lingusticas, facilitando a compreenso de uma mensagem.
O ilustrador, ao contrrio de outros profissionais da arte, est sujeito a certas
limitaes no seu trabalho. O bom resultado da sua obra no depende exclusivamente de
um estado de esprito ou inspirao, a sua criao deve cumprir uma funo que lhe
imposta quando aceita o trabalho e, ao mesmo tempo, deve efectu-lo tendo em conta o
processo de reproduo a que vai ser submetido: sistema de impresso, limitaes de
cor, etc., o que no se deve interpretar como aspectos negativos, antes pelo contrrio:
desafio profissional que no se tem ao pintar um quadro de inspirao livre e ao qual
no se exige mais do que qualidade artstica.A ilustrao, foi, sem dvida, o primeiro meio de expresso grfica empregue
pela Humanidade. Desde as pinturas rupestres at aos actuais infogramas, passando
pelos ideogramas de culturas como a egpcia e as pr-colombianas, foi sempre o mtodo
mais directo de comunicao, j que no precisa de um cdigo abstracto de leitura. Com
a descoberta da imprensa, no s no decaiu como atingiu um auge notvel, como
suporte e ampliao da informao fornecida pelo texto com o qual compartilha as
pginas impressas, ou como elemento descritivo que torne desnecessrio o mesmo.
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Ilustrao que adorna o artigo sobre a msica numaenciclopdia de 1023 elaborada no Mosteiro de Montecasiano.
Nas primeiras publicaes peridicas, as ilustraes feitas chapas metlicas eram
a nica possibilidade de imprimir a imagem at ao aparecimento da fotografia e os
processos de fotogravao, os quais no foram o fim da sua utilizao, mas uma
libertao, j que, a partir desse momento, se recorria ao ilustrador no como nica
fonte de imagem, mas sim como um profissional cuja criatividade ia dar a esta um toque
especial, diferente da pura captao da realidade, o que no resulta em detrimento do
trabalho fotogrfico, que pode constituir uma autntica ilustrao para l da reportagem.
Aubrey Beardsley (1872-98), apesar da sua curta vida, tornou-se num dos mais
importantes ilustradores da histria moderna.
Aubrey Beardsley (1872-98)
Ilustrao para a obra
Salom de O. Wilde
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Tcnicas Manuais
O processo de trabalho na ilustrao difere do desenho e da pintura no s na
escolha do tema a tratar, que neste caso imposto ao profissional; tambm de vital
importncia ter em conta o meio de reproduo que vai ser utilizado e a idiossincrasia
do pblico a quem dirigido: evidentemente, no podem ter o mesmo tratamento uma
ilustrao para imprensa diria e a destinada a um livro colorido, ou uma ilustrao
tcnica e a dirigida a crianas.
O conhecimento de algumas tcnicas como algumas aplicaes do lpis e da
tinta e uma ferramenta de desenho quase exclusiva da ilustrao, o aergrafo, so
fundamentais para o ilustrador manual.
Lpis e tinta
O lpis uma das tcnicas de desenho mais influenciadas pelo meio de
reproduo e impresso final. Portanto, antes de escolher a sua utilizao, o ilustrador
deve conhecer o tratamento a que o seu trabalho vai ser submetido, evitando, mediantetcnicas concretas, que a ilustrao sofra alteraes.
Apesar da alta qualidade dos meios de reproduo actuais, um trabalho de
graduaes de cinzento realizadas com o lpis dever ser tratado com maior ou menor
dureza segundo a resoluo (pontos por polegada ou por centmetro) da textura com que
vai ser reproduzido. Tons muito suaves de cinzento podem chegar a perder-se ou a fazer
que as reas brancas adjacentes no possam ser reproduzidas como tal, ou seja: corre-se
o risco de que o desenho seja suavizado ou endurecido pela reproduo, impedindo
que um cinzento muito claro se funda com o branco sem brusquido.
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O aergrafo
O primeiro aergrafo, o aerograph, foi desenhado pelo ilustrador britnico
Charles Burdick em 1893, e desde ento passou por aperfeioamentos tcnicos e pocas
de esquecimento produzidas por predominncias de outros estilos, mas mantendo-se
sempre como o instrumento-rei da ilustrao de efeitos realistas.
Charles Burdick Primeiro aergrafo
Uma vez dominada a sua tcnica, o ilustrador conseguir efeitos de luz, texturas
e tons suaves insubstituveis em muitos tipos de ilustraes.
H muitos tipos de aergrafos, consoante a sua finalidade e preo, mas todos se
baseiam no mesmo princpio: o ar, comprimido a 2-3 atmosferas, atravessa uma conduta
chamada Venturi (em cujo princpio baseado o aergrafo), passando para outra mais
larga, onde se expande, absorvendo a tinta que cai de um depsito presso normal,
pulverizando-a, projectando o fluxo atravs de uma boquilha cnica at ao papel.
O ar comprimido pode ser fornecido por meio de garrafas recarregveis ou
postas de lado, ou por meio de um compressor elctrico, a melhor opo, j que
costumam ser munidos de manmetros para regular a presso e de filtros decondensao de gua.
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H dois tipos bsicos de aergrafos: de alavanca simples ou dupla. A alavanca
simples produz um jacto uniforme, controlvel apenas pela separao entre o
instrumento e o plano de desenho. A alavanca de dupla aco permite controlar
pressionando para baixo o fluxo de ar e para trs o da tinta, o que o torna mais til para
trabalhos delicados.
Seco ou corte de um aergrafo
Legenda:
1. Boquilha de sada;
2. Entrada de ar;
3. Depsito de tinta;
4. Agulha;
5. Gatilho de dupla aco;6. Mordaa da agulha.
H aergrafos com boquilhas mltiplas que lhes permitem adaptar-se tanto a
trabalhos de trao fino como a projeco de grandes fundos.
Como norma bsica de uso, a posio do aergrafo em relao ao plano do
desenho dever ser a mais aproximada possvel de um ngulo recto e a distncia ao
papel ser inversamente proporcional espessura do trao: muito perto quando se
projecta pouca tinta e muito ar (traos finos); mais afastado para muita tinta (grandes
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superfcies). Nunca se deve incidir sobre o mesmo ponto sem que a projeco anterior
esteja seca.
Manejo do aergrafo
Para se familiarizar com o manejo do aergrafo existem vrios exerccios:
1 Sobre uma quadrcula de uns 10 mm de lado, tentar desenhar um ponto no centro de
cada rectngulo.
2 Traado de barras paralelas e crculos mo: exercita o domnio do trao e posiodo mesmo, aumentando o ar ao mximo e diminuindo a tinta ao mnimo, tentando que o
trao seja o mais fino possvel.
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3 Esbatimentos finos e picados. Deve ter-se presente que maior presso e menor
quantidade de tinta produziro graduaes suaves de cor. Pelo contrrio, se se restringe
a passagem do ar e se abre a da tinta, o resultado sero pontos mais ou menos grossos
(efeito de picado).
4 Superfcies em trs dimenses e mscaras. As superfcies a tratar so delimitadas
com mscaras de pelcula auto adesiva fabricada para esse efeito, recortando e
descobrindo a parte a tratar com uma lmina ou bisturi. Para este exerccio desenham-se
figuras geomtricas simples, como o cubo, o cilindro e a esfera, projectando a tinta em
esbatimentos dando efeitos de luz, como se fossem superfcies polidas.
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Exemplo:
Desenhar um tigre com o aergrafo
Materiais necessrios
Lpis de cor preto Pincel fino humedecido
para esbater o traado
1 Camada de cor
onde as sombras somais marcadas
Pinceladas na pelagempara dar o aspecto de
pelos pretos
Sombras acentuadas. Aluz vem da direita.
Pincel para finalizara face e uma camadade cor preta com o
aergrafo
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Ilustrao Infantil
A ilustrao est a aumentar a sua importncia num momento em que cada vez
tem mais preponderncia a imagem sobre o texto, num mundo em que, para acomunicao visual, dados os meios informticos existentes, as possibilidades de
criao, mistura e transformao de imagens so cada vez mais complexas e elaboradas.
A ilustrao apoia uma mensagem escrita, dentro do contexto da obra em que se
encontra. A sua funo fundamentalmente esttica: tornar mais agradvel vista a
obra a que pertence.
De todas as especialidades no campo da ilustrao, a dedicada ao mundo da
infncia constitui uma rea muito especial. Em qualquer tipo de trabalho, o profissionaldeve entrar na mentalidade do receptor, e isto torna-se especialmente difcil no caso
das crianas. No fcil encontrar uma linguagem grfica compreensvel sem tentar
desenhar como eles, o que, por outro lado, careceria de validade: a criana utiliza mais a
fantasia do que o adulto, e no vem os seus desenhos como os vem os mais velhos.
Esta capacidade de comunicao especfica, e o que implica de conhecimento
dos processos mentais infantis faz com que seja a especialidade de ilustrao mais rara.
Ilustrao para conto infantil,de Enrique Santana
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Aspectos grficos e visuais
A classificao de livro ilustrado est baseada, segundo Joan Cass, no seu
formato: Picture books tell a story through a unique combination of text and
illustration so that meaning conveyed in the text is extended by the illustrations. The
content may be realistic, fanciful, or factual, but the format of text and illustration
combined defines it as a picture book.
Desde Comnio at aos nossos dias que os pedagogos tm vindo a salientar a
importncia da imagem nos livros para crianas. Surgem os ilustradores, que so os
primeiros intrpretes da histria. Estes vo desenh-la e recont-la atravs da linguagem
da arte. As ilustraes tm assim como objectivo principal comunicar significados,
possibilitando criana o prazer do jogo visual das formas e das cores. No entanto,
muitas vezes cai-se no risco da parfrase, ou seja, as imagens so uma mera repetio
do texto, ou ento, o prprio desenho nada tem a ver com o texto, tal como aponta
Grard Bertrand: Lillustration y court le risque daffadir par la paraphrase ce que la
recontre de quelques mots a suffit faire surgir dans lesprit du lecteur.
Os livros ilustrados pretendem aliciar as crianas. Estas preferem livros com
imagens realistas e coloridas, sendo a cor de grande importncia neste tipo de livros. Os
livros devero ter mais imagens e menos texto quanto mais novas forem as crianas, j
que estas tm uma ateno muito mvel. A dificuldade de concentrao por parte das
crianas ser tanto mais reduzida quantas mais imagens tiver um livro.
Os autores dos livros infantis no devem esquecer que os destinatrios das suas
histrias so as crianas, por isso, o estilo e os aspectos tcnicos e materiais de um livro
levam-no a ser aceite ou rejeitado pelas crianas. Assim, o formato, o tamanho das
pginas e das letras, a qualidade do papel, a capa, o colorido das imagens so muitoimportantes. Capas vistosas so um elemento de persuaso que levam um leitor a
comprar um livro. Alm disso, os nomes das personagens devem ser divertidos e
sonantes para captar a ateno das crianas.
A fantasia cativa as crianas e desperta nelas a curiosidade e estimula a
imaginao. Todos estes factores contriburam para uma grande aceitao deste tipo de
livros por parte das crianas, a partir do incio do sculo. Eles so, ainda hoje, um bom
entretenimento para os mais novos em horas de lazer e antes de deitar.
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A ilustrao obedece a cdigos prprios de significao:
- o aliciamento do leitor virtual (em tempos de escolaridade mnima todas as
crianas podem e devem ser leitores);
- a necessidade intrnseca ou extrnseca de suportar a actividade do leitor que
comea face a um texto, que infantil ou no, uma estrutura mais intencional que real.
A ilustrao acompanha assim, a faixa etria: quanto menor for a idade do leitor,
tanto mais o livro que se lhe dirige tem imagens e tanto menos letras ter.
Sendo a criana um leitor infantil a cativar, o livro infantil dever ter uma
funo ldica, no qual a imagem domina. a ilustrao que, sem dvida, surge como
uma segunda natureza da obra infantil (Lajolo & Zilberman, 1985:13)
Ler uma imagem tambm ter acesso a um conjunto de convenes grficas
prprias da nossa cultura e da nossa sociedade. As imagens devem corresponder ao
ncleo do eu / mundo de forma a que a criana as identifique e permitam uma
progresso ajustada ao seu desenvolvimento.
Folhear as pginas do livro a metfora do desenrolar do tempo que a prpria
sucesso das ilustraes reala; ao faz-lo a criana brinca com o tempo, fazendo-o
avanar ou recuar.
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Leitura de imagens
Verdade / Falsidade
a linguagem verbal que determina a impresso de verdade ou de falsidade
que podemos ter de uma mensagem visual. Uma imagem considerada verdadeira ou
falsa no por causa daquilo que representa mas por causa daquilo que nos dito ou
escrito acerca do que ela representa. Tudo depende da expectativa do espectador. a
conformidade ou a no-conformidade entre o tipo de relao imagem/texto e a
expectativa do receptor que do obra um carcter de verdade ou falsidade.
A mentira
Felix Valloton
Quando o pintor Valloton, a uma pintura forte e comovente representando umhomem e uma mulher que se beijam, abraados, num recanto sombrio de um salo
burgus, no d o ttulo de O Beijo mas sim A mentira, aceitamos a interpretao
proposta, uma vez que se trata de uma pintura e, portanto, de expresso, mais do que
informao.
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A leitura das imagens implica processos de codificao-descodificao e actos
de compreenso.
Em relao ao uso da palavra leitura (reading), Colin fala em duas acepes
da palavra:
- Decifrao (readability);
- Compreenso (comprehensibility).
S a leitura compreensiva e no a mera decifrao permitem a comunicao.
Nem todas as imagens tm o mesmo nvel de complexidade, sendo que imagens
complexas tm leituras mais complexas.
Sendo a semiologia a teoria dos signos, ela uma referncia fundamental a partir
do momento em que passamos a encarar a imagem como um sistema de signos. Surge
assim a semiologia da imagem:
A semiologia da imagem, melhor denominada iconologia, estuda uma
imagem ou um objecto icnico (por exemplo, um filme) como um sistema, isto , como
um conjunto de elementos interdependentes e organizados de modo a que estes
elementos e o todo que constituem s possam compreender-se uns em relao aos
outros. Da mesma maneira que a cincia da linguagem procura descobrir os elementos
constitutivos da significao lingustica, a iconologia visa pr em evidncia as
componentes da significao icnica e as suas leis de organizao. (Cazeneuve,
pg.146)
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Funes da ilustrao
A relao entre o texto e a imagem est na interpretao que o ilustrador cria
para a histria. A ilustrao uma linguagem que dialoga com a linguagem verbal e
apresenta diferentes possibilidades de leitura de um mesmo texto. A ilustrao tem as
funes de ornar ou elucidar o texto. No entanto, ela pode ter ainda outras funes:
Funo representativa:
Quando a imagem imita a aparncia do ser ao qual se refere.
Funo descritiva:
Quando a imagem detalha a aparncia do ser ao qual se refere.
Funo narrativa:
Quando a imagem situa o ser representado em devir, atravs de transformaes ou
aces por ele realizadas.
Funo simblica:
Quando a imagem sugere significados sobrepostos ao seu referente, como o caso
das bandeiras nacionais.
Funo expressiva:
Quando a imagem revela sentimentos e emoes do produtor da imagem.
Funo esttica:
Quando a imagem enfatiza a forma da mensagem visual.
Funo ldica:
Quando a imagem est orientada para o jogo.
Funo conativa:
Quando a imagem est orientada para o destinatrio, visando influenciar o seu
comportamento, atravs da persuaso.
Funo metalingustica:
Quando o referente da imagem a linguagem visual ou a ela directamenterelacionado.
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Funo ftica:
Quando a imagem enfatiza o papel do seu prprio suporte.
Funo de pontuao:
Quando a imagem est orientada para o texto junto ao qual est inserida.
Figuras de estilo
Na linguagem verbal, as figuras de estilo alteram ou enfatizam o sentido das
palavras, e possuem correspondentes similares na linguagem visual, como a hiprbole, a
metfora, a metonmia e a personificao.
Apresentamos de seguida exemplos para cada uma delas:
Hiprbole:
Processo de exagero que ocorre, por exemplo, na
caricatura.
Metfora:Corresponde a transformaes na imagem, atravs
de relaes de similaridade.
Metonmia:
H uma relao objectiva entre a imagem e o ser
representado, como por exemplo, a representao
de parte de um determinado ser para referir-se aoser inteiro.
Personificao:
Atribuio de caractersticas humanas a seres
inanimados bem como a ideias abstractas como as
figuras alegricas que representam a justia, a
liberdade, etc.
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A Imagem As Palavras
A ilustrao uma imagem que acompanha o texto e que estabelece uma relao
semntica com ele. Esta relao pode ser denominada de coerncia inter semitica, visto
que articula dois sistemas semiticos: a linguagem verbal e a linguagem visual.
Pode entender-se a coerncia inter semitica como a relao de convergncia ou
no-contradio entre os significados denotativos e conotativos da ilustrao e do texto.
Pode falar-se em trs graus de coerncia:
1) a convergncia;
2) o desvio;
3) a contradio.
Assim, avaliar a coerncia entre uma ilustrao e um texto significa avaliar emque medida a ilustrao converge, desvia-se ou contradiz os significados do texto.
Denotao / Conotao
Para analisar ou ler uma imagem devemos diferenciar claramente dois nveis
fundamentais, a denotao e conotao. Uma imagem pode ter significados denotativos
e conotativos:
1) significados denotativos:
- referem-se ao ser que a imagem representa;
- decorrem da funo representativa.
2) significados conotativos:
- referem-se a associaes sugeridas pela imagem;
- decorrem da funo esttica.
O nvel denotativo refere uma enumerao e descrio dos objectos num
determinado contexto e espao.
O nvel conotativo refere-se anlise das mensagens ocultas numa imagem, e na
forma como a informao aparece escondida ou reforada. composta por todos os
elementos observveis: desde a mais pequena unidade de anlise, como o ponto ou a
linha at aos objectos de volume varivel e materiais diferentes.
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Alice no Pas das Maravilhas
Lewis Carroll
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Contextualizao do texto e do autor
Lewis Carroll
(1832-1898)
Charles Lutwidge Dodgson, escritor e matemtico britnico, mais conhecido
pelo seu pseudnimo de Lewis Carroll, nasceu a 27 de Janeiro de 1832 e faleceu a 14 de
Janeiro de 1898. O seu pai, Reverendo Charles Dodgson, era pastor protestante e deu ao
filho uma educao religiosa, preparando-o para uma carreira tambm religiosa. No
entanto, Charles Dodgson ingressou na Universidade de Oxford e, em 1855, foiconvidado para permanecer como professor de Matemtica, leccionando em Oxford at
1881. Apesar dos seus primeiros livros abordarem temas de Geometria e lgebra, foi
como lgico que Dodgson se destacou. O seu interesse pela lgica matemtica e pelos
jogos capazes de testar a razo, levou-o a publicar diversos livros sobre lgica, entre os
quais se destacam The Game of Logic (1887) e Symbolic Logic (1896). Dedicava-
se tambm a criar adivinhaes, silogismos e problemas lgicos divertidos que usava
nas suas aulas como por exemplo o dos Relgios Loucos: Qual dos relgios regista otempo mais fielmente? Um que se atrasa um minuto por dia ou um que no funciona?4
Enquanto professor em Oxford, conheceu aquele que viria a ser o seu grande
amigo, Henry Liddell, pai de trs meninas Alice, Lorina e Edite, a primeira das quais
viria a ser a sua fonte de inspirao para o seu primeiro grande romance publicado em
1865: Alice in Wonderland.
4 O relgio que se atrasa um minuto por dia d a hora exacta de dois em dois anos, pois como se atrasa
um minuto por dia s voltar a estar certo depois de se atrasar doze horas, o que s acontece ao fim de720 dias. O relgio que est parado est certo duas vezes em cada vinte e quatro horas. Por isso, o relgioque regista melhor o tempo o que est parado.
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imediato o ch com o Chapu Louco, a Lebre de Maro e um rato do campo, e mantm
uma conversao com o gato de Cheshire, que tem a virtude de aparecer e desaparecer
vontade. Assiste finalmente a um julgamento contra a Dama de Copas, mas antes de
terminar Alice desperta bruscamente: tudo tinha sido um sonho. Carroll serve-se da
capacidade infantil para observar a realidade com total ingenuidade, capacidade que
utiliza para evidenciar os aspectos absurdos e incoerentes do comportamento dos
adultos e para animar jogos encantadores baseados nas regras da lgica.
Como surgiu a Alice?
Lewis Carroll era um homem tmido, introvertido e conservador. Gostava
imenso de crianas e de lhes contar histrias.
No dia 4 de Julho de 1862, convidou as trs filhas do seu amigo Liddell - Alice,
Lorina e Edite - para um passeio de barco no rio. Durante o passeio, como j era hbito
sempre que estavam na companhia de Lewis, as trs meninas pediram para que lhes
contasse uma histria muito divertida. Lewis comeou a contar a histria medida queia remando ao longo do rio. Fez trs tentativas para que a histria terminasse mas as
meninas no o permitiram e iam pedindo para que continuasse. Quando a histria
terminou j passava das oito da noite e com ela findou tambm o passeio de barco dos
quatro amigos.
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Da esquerda para a direita:
Edith, Lorina e Alice Liddell, 1858
Antes de se deitar, nessa mesma noite, Lewis escreveu toda a histria tal como a
tinha contado a Alice e s suas irms. Chamou-lhe Alice Debaixo da Terra. S dois
anos mais tarde, em 1864, que a tornou a ler. Acrescentou-lhe ento algumas
personagens, acrescentou alguns captulos (a histria ficou com, sensivelmente, o dobro
das pginas) e alterou o ttulo paraAlice no Pas das Maravilhas. O livrofoi editado, noano seguinte, em 1865. Seguiu-se-lhe, seis anos mais tarde, Alice do outro Lado do
Espelho, em 1871.
Muitas das personagens e situaes dos livros foram inspirados em pessoas e
factos reais pertencentes do quotidiano de Lewis e da comunidade onde viveu:
Alice Liddell
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Tambm a nogueira onde aparece o Gato de Cheshire, o gato que est sempre a
rir, ainda hoje pode ser vista no jardim do Colgio de Deanery.
E, na Catedral de Ripon, onde o pai de Lewis exercia funes de reverendo,
existe talhada em madeira uma imagem de um grifo que serviu de inspirao para o
Grifo amigo da Falsa Tartaruga, grifo que tambm o smbolo do "Trinity College.
Os poemas e os versos que Alice recita, e que parecem no ter sentido nenhum,
so stiras aos poemas enfadonhos que as crianas inglesas daquela poca tinham que
saber de cor. Quanto ao poema que Alice descobre no Livro do Espelho, e que s se
consegue ler quando est reflectido no espelho porque est escrito ao contrrio, foi na
realidade escrito pelo sobrinho de Lewis, Stuart Dodgson Collingwood.
Um, dois! Um, dois! Zs, catraps,A espada vorpal foi cortando.
morto o deixou,E com a sua cabea galufante voltou.
(...)
Tambm o dia do Lanche Maluco no uma data ao acaso mas sim o verdadeiro
dia de aniversrio de Alice Liddell, 4 de Maio.
A histria que o Chapeleiro e a Lebre de Maro contam a Alice sobre as trs
irms que vivem num poo de mel - Elsie , Lacie e Tillie - refere-se s trs irms
Liddell, respectivamente, Lorina, Edite e, claro est, Alice.
A Porta que Alice ordena ao criado R que abra, a caricatura da porta Norman
da sacristia da Igreja onde o pai de Lewis Carroll era Reverendo.
O captulo sobre o Leo e o Unicrnio inspirado nos smbolos das bandeiras de
Inglaterra e Esccia, respectivamente.
Lewis aproveitou as caractersticas mais marcantes de alguns dos seus colegas
na Universidade de Oxford e utilizou-as na caracterizao de algumas das personagens
dos seus livros:
- professores que do conselhos filosofais a Alice, tal a Lagarta;
- o professor Bartholomew, apaixonado por morcegos:
Brilha, brilha, morceguinho!Como te invejo!
Voa pelo cuComo um tabuleiro de ch. Brilha, brilha...
Brilha, brilha...- o seu colega Duckworth que inspira Lewis no desenho do Pato;
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- professores que tal como Humpty Dumpty seriam capazes de discutir, com
Alice, questes de semntica;
- o prprio muro onde Humpty Dumpty se balanava uma caricatura dos
muros da Universidade Oxford;
- na beira do Lago, onde Lewis e as trs irms passeavam de barco, existiam
de facto algumas cobras que inspiraram Lewis na histria do Pai Guilherme
que equilibrava uma cobra no nariz. As trs crianas tinham tambm, dias
antes, assistido a uma actuao de equilibristas e acrobatas que estavam de
passagem por aquela regio.
Lewis, o fotgrafo
Carroll referia-se fotografia como um fascnio e uma devoo. Era um
fotgrafo bastante apreciado, que fotografou muita gente da sociedade que frequentava
e onde ocupava o lugar de excntrico solitrio: conhecidos, amigos e filhos de amigos,
escritores, artistas eram objecto da sua arte fotogrfica social. Mas a aplicao
realmente simblica da tcnica fotogrfica centrou-se nos seus retratos de meninas.
Neles, muitas vezes Carroll no se satisfazia s com o aspecto natural da foto. Tinha de
criar um artifcio. O cume desse artifcio est no retrato da menina Alice encarnando um
pedinte, com a mo estendida. Nele, Alice Liddell est com um vestido rasgado,
mostrando os braos e as pernas, com os ps descalos, uma das mos fechada na
cintura e a outra aberta como quem pede esmola, o corpo encostado a um muro. Alm
do erotismo explcito, h um fundo pervertido em contraste com o rosto infantil.
Alice Liddell, 1859
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Uma foto de Irene Mac Donald parece bem inocente. Ela est de camisola,
escova numa das mos e um espelho noutra, que pousa sobre uma cadeira. Mas os
cabelos esto significativamente soltos, os ps descalos. Viramos a pgina do lbum de
fotos e defrontamo-nos com a mesma Irene reclinada num sof. No est descala, nem
dorme. Mas a expresso do seu olhar perdido est entre o sono e o xtase. No se pode
negar a relao estreita entre o sono, o ato de se estar deitado sobre travesseiros ou
inclinado sobre almofada num sof e o erotismo.
Irene MacDonald, 1863
Mary Millais
Mary Millais, por exemplo, est recostada num cho que parece de grama ou de
tapete felpudo. Tambm os recantos, a posio inclinada e a expresso longnqua,
prxima do xtase, so visveis obsesses erticas. Nada disso se encontra nas fotos
comuns de familiares, pessoas distintas ou de renome que tambm constituam o alvodas fotos do ''reverendo'', que se dizia ''praticamente um leigo'' no final da sua vida.
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Dymphna Ellis, 25 Julho 1865
Tryphena Hughes com os filhos, 19 Julho 1864
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Maria White, 11 Julho 1864
Margaret Anne e Henrietta Mary Lutwidge, 1859
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Mary e Charlotte Webster, e Margaret Gatey, 1857
Seis irms de Carroll e o irmo Edwin, 1857
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John Tenniel, o ilustrador
(1820-1914)
Ilustrador e caricaturista ingls, nasceu a 28 de Fevereiro de 1820, em Londres, e
morreu nesta cidade a 25 de Fevereiro de 1974.
Estudou na Royal Academy e foi aluno do clebre Charles Keene, tendo
estudado escultura no Museu Britnico. Em 1845, j cego de um olho, foi premiado no
concurso aberto pelo Governo aberto pelo Governo para decorar o Parlamento, com o
projecto O Esprito de Justia. Uma das suas primeiras obras foi um frescorepresentando Santa Ceclia e que lhe fora encomendado para decorar a capela da
Cmara dos Lordes. Trabalhou na redaco do jornal Punch e, em 1893, foi armado
cavaleiro.
Ilustrou mais de trinta livros e produziu cerca de duas mil e quinhentas
caricaturas para o Punch. A sua maior glria foram as ilustraes de Lalla Rookh de
Thomas Moore, em 1861, mas aquilo que o tornou numa figura que se recorda
afectuosamente foram as ilustraes que fez paraAlice no Pas das Maravilhas eAlicedo Outro Lado do Espelho.
As ilustraes a preto e branco de Sir John Tenniel ainda hoje continuam a ser as
mais famosas. Depois dele, surgiram muitos outros ilustradores diferentes do original.
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Outros ilustradores
Maria L. Kirke, 1904
Arthur Rackham, 1907
1837-1939
Bessie Pease Gutmann, 1907
18761960
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Jessie Willcox Smith, 1923
Arte contempornea
Marshall Vandruff
Walt Disney
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Imagens que falam
Imagem1
Mas, no preciso momento em que o Coelho tirou um relgio do bolsodo colete, olhou para ele e comeo a correr mais depressa.
Image
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No entanto, numa segunda volta, reparou numa cortina baixa que novira antes, por detrs da qual havia uma pequena porta com cerca de
trinta centmetros de altura. Alice tentou enfiar a pequena chavedourada e ficou deliciada ao ver que ela se abria ali!
Imagem3
(...) por isso, Alice voltou para a mesa, na esperana de encontrar alioutra chave ou um livro de instrues para ensinar as pessoas afecharem-se como se fossem telescpios, mas desta vez o que achoufoi uma pequena garrafa (que decerto no estava ali antes, pensou)que, roda do gargalo, tinha um rtulo de papel, onde podia ler-se emletras grandes e maravilhosamente impressas: BEBE-ME.
Imagem4
Agora estou a crescer como se fosse o maior dos telescpios! Adeus,ps! (pois quando olhou para os ps mal os viu, de to longe queestavam). Oh, meus pobres pezinhos! Quem ir agora calar-vos asmeias e os sapatos, meus queridos? Tenho a certeza que no serei eu.
Imagem5
Alice sentia-se to desesperada que estava pronta a pedir ajuda aquem quer que fosse. Por isso, quando o coelho se aproximou dela,comeou a dizer com uma voz tmida: - Por favor, senhor... O Coelhodeu um salto violento, deixou cair as luvas brancas de pele e o leque, edesapareceu na escurido, o mais depressa que pde.
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Imagem6
Ao completar este pensamento, um dos ps escorregou-lhe e, derepente, ficou mergulhada na gua salgada at ao queixo.
Imagem7
Foi precisamente nessa altura que ouviu qualquer coisa chapinharna poa, no muito perto dela. Nadou at l para ver do que setratava. (...) Finalmente, descobriu que era apenas um rato queescorregara para a gua, tal como ela.
Imagem8
Que mais tens dentro da algibeira? perguntou, voltando-se paraAlice.- Apenas um dedal respondeu Alice tristemente.- Tr-lo aqui disse o Dod.Mais uma vez, todos os se reuniram volta dela, enquanto Dodexibia o dedal, dizendo com solenidade:
- Pedimos-te que aceites este lindo dedal.
Imagem9
Ento sentaram-se de novo em crculo e pediram ao Rato quelhes contasse mais alguma coisa.
Imagem1
0
Mas j era tarde de mais! Alice continuou a crescer, cada vezmais, e em breve teve de ajoelhar-se no cho. Pouco depois, jnem isto foi suficiente e ela tentou deitar-se com o cotoveloencostado porta e o outro brao enrolado volta da cabeaMesmo assim, continuou a crescer.
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Pouco depois, o Coelho alcanou a porta e tentou abri-la, mas noconseguiu pois o cotovelo de Alice empurrava-a pelo lado de dentro.Alice ouviu-o dizer: - Nesse caso, vou dar a volta e entrar pela janela.Isso que tu no fazes! pensou Alice, e depois de esperar atimaginar que ouvira o Coelho debaixo da janela, deitou o brao de
fora e fez um gesto no ar. No agarrou nada mas ouviu um gritinho, orudo de uma queda e de vidros partidos.
Imagem1
2
Enfiou um dos ps na chamin, o melhor que pde, e ficou esperaat ouvir um pequeno animal (no conseguiu adivinhar de que animalse tratava) a arrastar-se e a roar no interior da chamin, mesmo acimadela. Depois, disse com os seus botes: L vem o Bill. Deu umpontap rpido e ficou espera do que iria passar-se.
Imagem1
3
Mal sabendo o que fazia, apanhou um pauzinho e estendeu-o aocachorro que deu imediatamente um salto no ar, soltando um latido de prazer, e correu para o pauzinho, fazendo crer que lhe davaimportncia. Ento, Alice abrigou-se atrs de uma grande moita desilvas, para impedir que ele lhe passasse por cima.
Imagem1
4
Durante algum tempo, a Lagarta e Alice olharam-se em silncio. Porfim, a Lagarta tirou o cachimbo da boca e perguntou-lhe numa vozlnguida e sonolenta: - Quem s tu?
Imagem1
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Ests velho, pai Guilherme, disse o jovem,E o teu cabelo est a enbranquecerMas andas sempre de cabea para baixo...Achas isso certo na tua idade?
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Ests velho, disse o jovem, como eu j disse,E engordaste muito,Mas entraste em casa aos pulos...Diz-me, qual a razo por que o fizeste?
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Ests velho, disse o jovem, e j tens os dentes fracosDe tanto mastigar,Mas comes o pato com ossos e bico...Diz-me, como consegues?
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Ests velho, disse o jovem, e ningum diriaQue tens a vista forte como nunca.Aguentas uma enguia na ponta do nariz...O que te faz assim to esperto?
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De repente, um criado de libr pareceu a correr, vindo do bosque(Alice considerou-o um criado porque ele vinha de libr, mas, a julgar pela cara, ter-lhe-ia chamado peixe) e bateu portaruidosamente, com os ns dos dedos. Esta foi aberta por um outrocriado de libr, de cara redonda e olhos grandes, como uma r.Eram ambos criados. (...) O criado comeou por tirar debaixo dobrao uma grande carta, quase do seu tamanho, que estendeu aooutro dizendo num tom solene: - para a Duquesa. Um convite daRainha para jogarcroquet.
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A porta dava directamente para uma cozinha enorme que estavacheia de fumo. A Duquesa estava sentada num banco de trs ps aembalar um beb; a cozinheira estava inclinada sobre o lume, amexer um caldeiro que parecia estar repleto de sopa.
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No agradava a Alice estar assim to perto dela: em primeiro lugar,porque a Duquesa era muito feia; em segundo, porque, devido suabaixa estatura, apoiava o queixo pontiagudo no seu ombro, o que setornava bastante incmodo. No entanto, Alice no gostava de ser
malcriada e suportou-a como pde.
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Pouco depois, encontraram um Grifo deitado no sol,semiadormecido. (Se no sabem o que um Grifo, olhem para odesenho.
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Dirigiram-se ento para junto da Falsa Tartaruga, que os mirou comos seus olhos grandes, cheios de lgrimas, e no disse nada.- Trago-te aqui esta menina que quer conhecer a tua histria- disse oGrifo.- Vou contar-lha disse a Falsa Tartaruga. Sentem-se e no digamuma palavra antes de eu acabar de falar.
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Ento comearam a danar em volta de Alice, com grandesolenidade, pisando-lhe os ps de vez em quando, sempre que seaproximavam demasiado. Agitavam as patas dianteiras para marcar ocompasso, enquanto a Falsa Tartaruga cantava, muito lentamente ecom um ar tristonho.
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No entanto, levantou-se e comeou a recitar, mas tinha a cabeaainda to cheia da Dana das Lagostas que mal sabia o que estava adizer e as palavras saam muito esquisitas:Esta a voz da lagosta, ouvi-a eu dizer:Cozeste-me de mais, tenho de adoar o cabelo.Como um pato faz com os olhos, assim ela faz com o narizArranca o cinto e os botes, e volta os ps para fora.
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Ao ouvir isto, o Coelho Branco deu trs toques de clarim, desenrolou opergaminho e leu o seguinte:
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Ao ouvir isto, o pobre Chapeleiro tremeu tanto que deixou cair ossapatos.
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E o Chapeleiro saiu do tribunal a correr, sem mesmo calar ossapatos.
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Levantou-se com tal rapidez que deu um safano na bancada dos jurados com a ponta da saia e estes caram em cima da cabea damultido que se encontrava mais abaixo e espalharam-se.
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Se esse papel no tem qualquer significado, tanto melhor. Evita-nospreocupaes pois escusamos de tentar procur-lo disse o Rei.
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Nesse momento, todo o baralho se espalhou pelo ar e veio cair emcima dela. Alice soltou um gritinho de medo e de fria e tentou bater-lhes.
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Depois da leitura da obra e de uma anlise cuidada s imagens que ilustram a
mesma, conclumos que John Tenniel teve a preocupao de, na maior parte das
imagens, imprimir-lhes um carcter verdadeiro e de conformidade em relao ao texto
de Lewis Carroll. A grande maioria das imagens, exceptuando algumas, de fcil
leitura (visual), sendo que grande parte delas acaba por ser uma redundncia do que est
escrito. Por outro lado, outras imagens revelam-se de difcil leitura e do a sensao de
no-conformidade em relao ao texto. Em alguns casos foi at difcil encontrar na
escrita aquilo que a imagem pretendia representar. De notar a total ausncia de cor,
caracterstica da poca, mas que no invalida o facto de estas ilustraes serem, at
hoje, as mais conhecidas e as mais famosas.
Em relao ao formato do texto, salientamos o aspecto de ele constituir uma
histria longa (mais de cem pginas) e que as ilustraes no aparecem em todas as
pginas, mas sim espaadamente entre as pginas. John Tenniel desenhou, no total,
quarenta e uma ilustraes.
Atendendo ao facto de que Alice no Pas das Maravilhas est classificado
como um livro para a infncia, importa reflectir nas idades s quais estar mais
direccionado.
Pensamos que um livro deste gnero dificilmente captaria a ateno de crianas
at aos 10/12 anos. Experimentamos dar o livro a quatro crianas e pedimo-lhes uma
primeira impresso do mesmo. As crianas realaram sobretudo a falta de cor, dizendo
que tudo no livro era preto. Em relao ao tamanho do texto, conclumos que nunca
poderamos pedir s mesmas crianas que o lessem devido sua extenso. Por este
motivo, conclui-se que a cor, o tamanho do texto, e todos os aspectos grficos do livro
condicionam a curiosidade das crianas. Um livro deste gnero, dificilmente atrair a
ateno das crianas, quando muito dos adolescentes. Por outro lado, quandosolicitamos s mesmas crianas que visualizassem o filme a cores, todas mostraram-se
muito receptivas e entusiasmadas. Foi pedido s mesmas crianas que no final,
contassem a histria, cujo resultado consistiu em quatro vdeos visualizados no dia da
apresentao do trabalho. Alm desta actividade, mostramos s mesmas crianas
algumas ilustraes de John Tenniel, desta vez coloridas, e pedimo-lhes que falassem
acerca das mesmas (ver anexo 1).
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Conselhos de uma Lagarta, por sete ilustradores
John Tenniel
Ilustraes feitas por seis ilustradores do incio do sculo XX
Maria L Kirk(1904)
Arthur Rackman(1907)
Bessie P. Gutmann(1907)
A. E. Jackson(1914)
Mabel L. Attwell(1910) G. M. Hudson(1922)
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Matemtica na obra?
Podemos dizer que o sucesso de Alice se deve tambm ao papel que a
matemtica a desempenha, aos jogos lgicos, s charadas sem resposta aos jogos de
linguagem que constantemente irrompem nas aventuras descritas.
Ao que parece Dodgson sofria de insnias e durante as longas noites em que no
conseguia dormir, entretinha-se a formular problemas lgicos divertidos, construir jogos
de palavras e adivinhas.
Aqui ficam alguns exemplos:
Os relgios loucos de Carroll
Qual dos relgios regista o tempo mais fielmente? Um que se atrasa um minuto pordia ou um que no funciona?
Soluo:O relgio que se atrasa um minuto por dia d a hora exacta de dois em dois anos,
pois como se atrasa um minuto por dia s voltar a estar certo depois de se atrasardoze horas, o que s acontece ao fim de 720 dias.
O relgio que est parado est certo duas vezes em cada vinte e quatro horas.
Por isso o relgio que melhor regista o tempo o que est parado.
GARDNER, Martin. The Universe in a Handkercheif, Lewis Carroll's Mathematical Recreations,Games, Puzzles, and Word Plays.
Uma palavra
Construa uma palavra com estas letras: NOR DO WE
Soluo:
ONE WORD
GARDNER, Martin. The Universe in a Handkercheif, Lewis Carroll's Mathematical Recreations,
Games, Puzzles, and Word Plays.
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1. Todos os lees so ferozes.
2. Alguns lees no bebem caf.
Qual a concluso correcta?
a) Algumas criaturas que bebem caf no so ferozes.
b) Algumas criaturas ferozes no bebem caf.
CARROLL, Lewis. Lgica Simblica
1. Nenhum professor ignorante.
2. Todas as pessoas ignorantes bebem gua com sabo.
Qual a concluso correcta?
c) Nenhum professor bebe gua com sabo.
d) Algumas pessoas que bebem gua com sabo no so professores.
CARROLL, Lewis. Lgica Simblica
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Imagem 7 Imagem 8 Imagem 9
Obrigada pela tua colaborao!
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Concluso
A ideia de fazer o trabalho de imagem na rea da literatura, mais
especificamente literatura infantil, surgiu do gosto e interesse pessoais por estes
assuntos.
A ideia inicial consistia em fazer uma pesquisa em torno do assunto ilustrao
infantil, mas depois de ler a obra de Lewis Carroll, surgiu a vontade de aprofundar o
estudo da obra, nomeadamente nestas questes da imagem e da ilustrao. Durante a
concepo do trabalho, foram inmeras as fontes que encontramos disponibilizadas on-
line, o que nos surpreendeu, j que desconhecamos por completo a visibilidade do tema
e dos assuntos tratados. Por outro lado, tivemos algumas dificuldades em encontrar
referncias escritas em portugus e em suporte papel. Existiam referncias noutras
lnguas, mais concretamente o ingls e o francs, mas o problema foi encontrar os livros
disponveis nas bibliotecas e outros locais, o que, caso contrrio, teria enriquecido em
muito a nossa pesquisa. Por estes motivos, tentamos concretizar este trabalho com as
fontes que encontramos, mas tendo sempre presente a ideia de que poderamos ter feito
mais e melhor noutras circunstncias, sendo um tema to abrangente e diversificado.
Apesar destes factos, o produto final contribuiu para o alargar de conhecimentos
nesta rea, e pensamos que foi um prazer concretiz-lo, fazendo ele parte de um gosto
pessoal.
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Bibliografia
CALADO, Isabel.A utilizao educativa das imagens. Porto Editora: 1994
CARROLL, Lewis. Alice no Pas das Maravilhas. Publicaes Dom Quixote: 2000
CAZENEUVE, Jean (Direco). Guia Alfabtico das Comunicaes de Massa,Edies 70, LISBOA: s/d
DIOGO, Amrico Antnio Lindeza. Literatura Infantil. Histria, Teoria,Interpretaes. Porto Editora: 1994
GOMES, Jos Antnio. Literatura para Crianas e Jovens, Caminho, Lisboa: 1991
JOLY, Martine. Introduo anlise da imagem. Edies Setenta: s/d
LAJOLO, Marisa, ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: Histrias eHistrias. Editora tica. So Paulo: 1985
MOLES, Abraham, ZELTMAN, Claude. La comunicacin y los mass media.Ediciones Mensajero. Bilbao: 1975
PIRES, Maria Laura Bettencourt. Histria da Literatura Infantil Portuguesa, Vega,
Lisboa: 1983
SORIANO, Marc. Guide de Littrature pour la Jeunesse, Flammarion, Paris : 1975
Tcnicas de pintura e desenho. G & Z Edies Lda.
TRAA, Maria Emlia. O Fio da Memria Do Conto Popular ao Conto paraCrianas, Porto Editora, Porto: 1992
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Sites consultados:
Posters do filme Alice no Pas das Maravilhas:http://us.imdb.com/title/tt0043274/posters
Exemplo de ilustrao com aergrafo:http://www.aamiot.com/tutorial_aerographie.htm
Conhecendo o aergrafo:http://aerografia.com/aerografo.html
Pgina com vrios links sobre a Alice:http://www.wolfiewocky.com/allw.htm
Lennys Alice in Wonderland Site:http://www.alice-in-wonderland.net/?alice14.html
A Lewis Carroll Centenary Exhibition:http://www.hrc.utexas.edu/exhibitions/online/carroll/
The Background & History ofAlice In Wonderland:http://www.bedtime-story.com/bedtime-story/alice-background.htm
CRANE, Walter. O livro ilustrado:http://www.escritoriodolivro.org.br/oficios/crane.html
Ncleo de Literatura Infantil. Faculdade de Educao USP:http://www.nucleodeliteraturainfantil.com.br/
Matemtica na Alice?:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/alice/matematica.htm
Literatura para crianas e desenvolvimento social:http://www.eselx.ipl.pt/curso_bibliotecas/infanto_juvenil/tema3.htm
Lewis Carrolls Puzzle Page:http://www.knowl.demon.co.uk/page36.html
Lewis Carroll Logician and Mathematician:http://www.lewiscarroll.org/logic.html
Lewis Carroll Wikipedia:http://pt.wikipedia.org/wiki/Lewis_Carroll
Jogos de lgica inventados por Lewis Carroll:http://redescolar.ilce.edu.mx/redescolar/act_permanentes/mate/mate2f.htm
Tenniel Illustrations for Alice in Wonderland:
http://www.archive.org/details/etex
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Doce de letra: Portal de literature infantil e juvenil:http://www.docedeletra.com.br/
Contos Infantis:http://sitededicas.uol.com.br/cinf.htm
Problemas de lgica inventados por Lewis Carroll:http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm45/conclua.htm
Obra integral (em ingls) de Alice no Pas das Maravilhas:http://www-2.cs.cmu.edu/People/rgs/alice-table.html
Illustrations of Lewis Carroll'sAlice's Adventures in Wonderland:http://www.exit109.com/~dnn/alice/
Alice no Pas das Maravilhas, Centro de Competncia Nnio Sc. XXI ESE de
Santarm:http://nonio.eses.pt/alice/