trabalho "gran torino"

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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa Análise do filme “Gran Torino” Perspectiva Psicopedagógica Docente : Prof. Doutora Diana de Vallescar P. Discentes : Claudia Garcia, n.º 20063012 Susana Ferreira, n.º 20061566 Porto, 9 de Junho de 2009

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Page 1: Trabalho "Gran Torino"

Intervenção Psicopedagógica na População Idosa

Análise do filme “Gran Torino”

Perspectiva Psicopedagógica

Docente:

Prof. Doutora Diana de Vallescar P.

Discentes:

Claudia Garcia, n.º 20063012

Susana Ferreira, n.º 20061566

Porto, 9 de Junho de 2009

Page 2: Trabalho "Gran Torino"

Índice

1. Introdução ..................................................................................................................... 3

2. Curiosidades e premiações ........................................................................................... 3

3. Ficha técnica do filme................................................................................................... 3

4. Orientação/Intervenção Psicopedagógica ..................................................................... 5

4.1 Conceito de Orientação ........................................................................................... 5

4.2 Conceito de Intervenção ......................................................................................... 5

4.3 Diferença entre Orientação e Intervenção............................................................... 6

4.4 Cruzamento entre Orientação e Intervenção ........................................................... 7

5. Agentes ......................................................................................................................... 8

6. Contextos ...................................................................................................................... 9

7. Onde ............................................................................................................................. 9

8. Quando ....................................................................................................................... 10

9. Para quem ................................................................................................................... 10

10. Porquê ....................................................................................................................... 10

11. Modelos .................................................................................................................... 11

12. Psicoterapias ............................................................................................................. 12

13. Conclusão ................................................................................................................. 13

14. Webgrafia ................................................................................................................. 14

15. Anexos ...................................................................................................................... 14

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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa Análise do Filme “Gran Torino”

Claudia Garcia (20063012) e Susana Ferreira (20061566) – Psicopedagogia Clínica, 3.º Ano 3

1. Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Intervenção Psicopedagógica

na População Idosa, do curso de Psicopedagogia Clínica.

De seguida, iremos abordar diversos pontos-chave do filme “Gran Torino”, através

de uma perspectiva psicopedagógica. Desta forma, nestes pontos teremos em

consideração: curiosidades, premiações e a ficha técnica do filme, os conceitos de

orientação e de intervenção, a diferença e o cruzamento entre estes dois conceitos, os

agentes que fazem parte da acção, os modelos de intervenção e tipo de psicoterapia a

utilizar com uma pessoa específica, os contextos em que o filme se desenrola, os

espaços físico e temporal, a personagem para quem é dirigida a intervenção e a razão

desta intervenção. Finalmente, iremos fazer uma breve conclusão do trabalho, referindo

ainda um pequeno glossário de términos fundamentais da disciplina e a respectiva

webgrafia.

2. Curiosidades e premiações

Os actores hmong foram seleccionados em comunidades de Detroit (Michigan), Saint

Paul (Minnesota) e Fresno (Califórnia). Nenhum deles, com excepção de Doua Moua, já

havia actuado num filme. Foi um dos primeiros filmes a utilizar a nova lei de incentivos

fiscais aplicada pelo estado de Michigan, de forma a atrair para o local novas produções.

A música “Gran Torino” é apresentada nos créditos finais, sendo cantada por Clint

Eastwood e Jamie Cullum. Esta versão consta apenas no filme, já que na trilha sonora

Eastwood foi substituído por Don Runner. O orçamento de “Gran Torino” foi de 35

milhões de dólares.

Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Canção Original – “Gran

Torino”.

3. Ficha técnica do filme

Título Original Gran Torino

Género Drama

Tempo de Duração 116 minutos

Ano e País de Lançamento 2008, EUA/Austrália

Site Oficial www.thegrantorino.com

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Claudia Garcia (20063012) e Susana Ferreira (20061566) – Psicopedagogia Clínica, 3.º Ano 4

Estúdio Warner Bros./Village Roadshow Productions/Gerber

Pictures/Media Magik Entertainment/Matten

Productions/Double NickelEntertainment/Malpaso

Productions

Distribuição Warner Bros.

Direcção Clint Eastwood

Roteiro Nick Schenk, baseado em estória de Dave Johannson e Nick

Schenk

Produção Bill Gerber, Clint Eastwood e Robert Lorenz

Música Kyle Eastwood e Michael Stevens

Fotografia Tom Stern

Desenho de Produção James J. Murakami

Direcção de Arte John Wamke

Figurino Deborah Hopper

Edição Joel Cox e Gary Roach

Efeitos Especiais Pacific Title and Art Studio

Elenco o Clint Eastwood (Walt Kowalski)

o Christopher Carley (Padre Janovich)

o Bee Vang (Thao Vang Lor)

o Ahney Her (Sue Lor)

o Brian Haley (Mitch Kowalski)

o Geraldine Hughes (Karen Kowalski)

o Dreama Walker (Ashley Kowalski)

o Brian Howe (Steve Kowalski)

o William Hill (Tim Kennedy)

o John Carroll Lynch (Martin)

o Brooke Chia Thao (Vu)

o Scott Eastwood (Trey)

Sinopse Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um inflexível veterano da

Guerra da Coréia, que está agora aposentado. Para passar o

tempo ele faz consertos em casa, bebe cerveja e vai

mensalmente ao barbeiro (John Carroll Lynch). Sua vida é

alterada quando passa a ter como vizinhos imigrantes

hmong, vindos do Laos, os quais Walt despreza. Ressentido

e desconfiando de todos, Walt apenas deseja passar o tempo

que lhe resta de vida. Até que Thao (Bee Vang), seu tímido

vizinho adolescente, é obrigado por um gang a roubar o

carro de Walt, um Gran Torino retirado da linha de

montagem pelo próprio. Walt consegue impedir o roubo, o

que faz com que se torne uma espécie de herói local.

Especialmente para Sue (Ahney Her), mãe de Thao, que

insiste que deve trabalhar para Walt como forma de

recompensá-lo.

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4. Orientação/Intervenção Psicopedagógica

4.1 Conceito de Orientação

A Orientação é para todos, em todas as idades. Aplica-se a todos os aspectos do

desenvolvimento humano e estimula a descoberta e o desenvolvimento pessoal. Trata-se

de uma tarefa cooperativa, que deve considerar-se como parte principal do processo

total da educação e deve ser responsável perante o indivíduo e a sociedade. Tem como

objectivos desenvolver ao máximo a personalidade, conseguir auto-orientação, auto-

compreensão e aceitação própria, atingir a maturidade para a tomada de decisões

educativas e vocacionais, conseguir adaptação, ajustamento e aprendizagem óptima no

percurso educativo e combinar os aspectos anteriores.

Segundo Echeverría (1933), a Orientação é um processo contínuo, sistemático e

intencional de mediação, que tende a desenvolver a capacidade de auto-determinação

das pessoas para que, com base em critérios que são contrastados, sejam capazes de

identificar, eleger e reconduzir, se for necessário, as alternativas oferecidas pelo seu

meio até assumir as mais conformes ao seu potencial e trajectória vital.

Já para Martínez Clares (2002), é um processo de acção contínuo, dinâmico, integral

e integrador, dirigido a todas as pessoas, em todos os âmbitos, fases e contextos ao

longo de todo o seu ciclo vital e com um carácter fundamentalmente social e educativo.

Parte de uma postura holística, compreensiva, ecológica, crítica e reflexiva. Não só deve

ajudar, mas também mediar, inter-relacionar e facilitar distintos processos de

transformação e/ou mudança social.

4.2 Conceito de Intervenção

Partindo da ideia de De Charms (1971), intervir é entrar dentro de um sistema de

indivíduos em progresso e participar, de forma cooperativa, para os ajudar a planificar,

conseguir e/ou mudar os seus objectivos, em que “entrar” designa um modelo da

procura vs modelo da espera, “dentro de um sistema” refere-se a perspectivas de

investigação sócio-ecológicas e sistémicas, uma metodologia qualitativa, “em

progresso” determina o seu carácter dinâmico e de perspectiva longitudinal, proactiva e

de transformação social, “participar de forma cooperativa” sublinha o papel facilitador-

mediador, o agente de mudança vs expert técnico, “para os ajudar a planificar,

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conseguir” diz respeito a um processo estruturado nas diferentes fases e coordenadas

espácio-temporais e “mudar os seus objectivos” relaciona-se com o carácter

contextualizado às necessidades e objectivos das pessoas – colaboração e transformação

social.

“Intervir” (do latim, interventio) significa “vir entre”, “interpor-se”, por vezes

sinónimo de “intromissões”, “meter-se em”, “intercessão”, “ajuda”, “apoio”,

“consenso”, “imiscuir-se”, “influência”, “intrusão”, “coacção”, “repressão”,

“restabelecimento da ordem estabelecida” (Ardoino, 1980).

A Intervenção refere-se a diversas actividades realizadas dentro e fora da Escola e

consiste na interferência de um profissional (educador ou terapeuta) sobre o processo de

desenvolvimento e/ou aprendizagem do sujeito que apresenta problemas, bem como

introduzir novos elementos para o sujeito pensar e para que possa quebrar padrões de

relações com o mundo das pessoas e ideias. Interfere-se no processo para compreender,

explicitar e corrigi-lo.

A Intervenção compreende quatro princípios básicos: o antropológico, o de

prevenção primária, o de desenvolvimento e o da Intervenção social. O princípio

antropológico: deriva da filosofia e antropologia, sublinha a liberdade condicionada e o

desenvolvimento – contexto e as necessidades humanas são o seu fundamento. O

princípio de prevenção primária deriva do campo da saúde mental, significa evitar que

algo aconteça e implica reduzir o número de novos casos; supõe actuar antes da entrada

na Escola e no ambiente social e opera sobre grupos grandes de sujeitos. O princípio de

desenvolvimento propõe o máximo desenvolvimento de capacidades, habilidades,

potencialidades – desenvolvimento da carreira e considera o sujeito em crescimento ao

longo da vida; assume os contributos da developmental counseling, da educação

psicológica, da educação para a carreira, da activação do desenvolvimento vocacional e

pessoal e da educação emocional. Por último, o princípio da Intervenção social deve

considerar sempre o contexto social (meio envolvente), considera o orientador como

agente de mudança (adaptação e postura crítica) e está relacionado com os modelos

ecológicos (as relações harmoniosas da pessoa com o meio envolvente).

4.3 Diferença entre Orientação e Intervenção

Esta distinção aparece por volta dos anos 50/60. A Intervenção possui uma conotação

de “casos problema”, sejam eles de aprendizagem, de adaptação, etc… Remete para a

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produção de um problema e para a procura de soluções mediante processos

especializados, diz respeito a programas de prevenção e desenvolvimento (diferencia-se

da simples Intervenção) e, recentemente, utiliza-se não num sentido terapêutico, mas

preventivo (cresce, então, a coincidência com a prática da Orientação).

Na prática, dedica-se às funções similares de psicólogos e pedagogos: diagnóstico,

Orientação profissional, atenção a NEE, técnicas de estudo, etc… assim os psicólogos

utilizam expressões como “Intervenção” e “assessoria” e os pedagogos estão mais

voltados para a Orientação em si. Existe então um ponto de convergência entre estas

duas áreas, a Psicopedagogia, que dirige a formação a ambos os profissionais sob o

desafio de desenvolver um enquadramento conceptual e uma linguagem comum.

Assim como a Orientação é iminentemente um trabalho de equipa, a Intervenção

Psicopedagógica pode-se entender melhor como um trabalho realizado por um

especialista.

4.4 Cruzamento entre Orientação e Intervenção

Orientação e Intervenção têm muitos elementos em comum, mas não coincidem

totalmente. A Intervenção tem um desvio face à atenção às Necessidades Educativas

Especiais, mas não se limita a elas; também há intervenções para a prevenção e

desenvolvimento.

Na Orientação podem colaborar profissionais e para profissionais que não realizem

uma Intervenção Psicopedagógica propriamente dita, por isso, podemos considerar que

a Intervenção é um trabalho de carácter preferencialmente especializado que, em grande

medida, coincide com o subconjunto da Orientação (a dimensão prática).

Intervenção em saúde e comportamentos menos saudáveis

A Orientação é entendida em sentido amplo, a qual inclui uma dimensão teórica e

uma dimensão prática. A esta última, por vezes, denomina-se Intervenção.

Orientação Intervenção

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5. Agentes

Dorothy: a esposa falecida por quem Walt sentia um grande apreço e amor, era

aquela com quem partilhou a sua vida e a razão pela qual os filhos ainda

mantinham algum respeito por ele.

Ashley Kowalsky: a neta que vai ao funeral da avó com roupa desapropriada e

que, no decorrer deste, joga com o telemóvel, não nutrindo qualquer tipo de

sentimento e consideração pela dor da perda do avô; além disso, aproxima-se do

avô para que ele lhe deixe o carro e um sofá “muito retro” como herança.

Jake (Padre): criou uma relação de proximidade com a esposa de Walt alguns

meses antes de esta falecer, a qual lhe pediu para que olhasse por Walt e que

fizesse com que este se confessasse, pois era esse o seu desejo; devido à

juventude do padre e por não dar importância à igreja, Walt tratava-o de forma

rude e preconceituosa, contudo, ao longo do filme, estas duas personagens

quebram a “parede” que os separa, gradualmente: a persistência do padre em

cumprir a promessa que tinha feito a Dorothy e as pequenas conversas que

mantinha com Walt fizeram com que se fosse criando uma relação de confiança

que levou mesmo a que Walt se confessasse.

Thao: a personagem mais importante no que toca à mudança de comportamentos

de Walt: grande parte do filme desenrola-se em torno destas duas personagens;

Thao é um rapaz da família vizinha (de origem oriental, pela qual Walt sente

desprezo e tem um grande preconceito devido ao trauma de guerra que possui)

que se havia mudado há pouco tempo. A personagem de Thao pode ser

interpretada por dois lados: por um lado, apresenta-se frágil, incapaz de se

defender dos primos que o maltratam por não se juntar ao gang, por outro lado, e

apesar desta fragilidade, é capaz de criar e desenvolver uma relação que Walt

afirma ser mais próxima do que aquela que mantém com os próprios filhos. No

desenrolar da história, Walt protege Thao dos primos e ao mesmo tempo ajuda-o

a ser uma pessoa mais forte e destemida que é capaz de lutar pela vida,

deixando-lhe o seu valioso “Gran Torino” como herança, ao mesmo tempo que

Thao ajuda Walt a superar o preconceito e a mudar de atitudes face à sua cultura

(oriental), criando uma relação de amizade que é benéfica, nomeadamente no

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que diz respeito à superação da morte da sua esposa e que quebra em, certa

medida, a solidão que esta situação poderia vir a desencadear.

Sue: é irmã de Thao e, como tal, também é protegida por Walt, acabando por ser

uma ponte entre a sua família e esta personagem; é um importante agente que

influencia Walt e o rumo da história – é para a vingar que Walt morre.

Filhos: mantêm uma relação distante, despreocupada e sem afecto para com o

pai, tentam descartar-se dele, querendo a todo o custo que ele aceite ir para um

lar.

“Spider” e o seu gang: “Spider” é o líder de um gang e primo de Thao, é deles

que Walt o protege, a ele e à Sue e são eles que acabam por matá-lo.

6. Contextos

Igreja: é o contexto em que se inicia a história, com o acontecimento do funeral

da esposa de Walt e onde se percebe claramente da relação entre este e a família.

Casa: é o seu refúgio, onde vive sozinho e onde, muito raramente, os filhos o

visitam; é um dos poucos bens que ele possui, além do carro.

Bairro/Vizinhança: mantém com a vizinhança uma relação distante; é o contexto

principal do filme, pois é onde decorrem os conflitos com os gangs e onde ele

tenta, mais tarde, defender Thao e a sua irmã. É onde acaba também por ser

morto.

Casa dos Lor: é a família que mora mesmo do seu lado e é deles que sente maior

desprezo, pois, devido ao seu trauma de guerra, não os aceita (chama-os de

“pilantras”, “ratazanas do pântano”, “chineses”, “chinocas”…).

7. Onde

Midwest (Estados Unidos da América) é a região onde se localiza o bairro e onde se

desenvolve toda a história.

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8. Quando

Não há referência a nenhuma data concreta, embora nos seja possível ter uma ideia

em que década decorre o filme. Sabendo que a Guerra do Vietname ocorreu entre 1959

e 1975, isto é, terminou há 44 anos e supondo que a personagem principal tem cerca de

70 anos, podemos conjecturar que a acção decorre na década de 90.

9. Para quem

A orientação é para todas as pessoas ao longo da sua vida, não somente as que têm

problemas.

Para um homem polaco do sexo masculino, idoso, activo, intransigente, agressivo,

racista, preconceituoso, rude, protector, orgulhoso, auto-suficiente que vive sozinho e

isolado da família com quem mantém uma relação unidireccional, pois os filhos apenas

sentem interesse pelo que é do pai, nomeadamente o “Gran Torino”. Apesar das suas

características mais adversas, Walt dá a sua vida para salvar Sue e Thao. Sabendo que já

não lhe restaria muito tempo de vida, sacrifica-se para que o gang de “Spider” fosse

preso.

10. Porquê

A finalidade da orientação psicopedagógica é o desenvolvimento integral da pessoa,

o que remete para a necessidade de uma orientação para a prevenção e para o

desenvolvimento Humano.

Porque é importante viver e conviver em sociedade, a intervenção dirigir-se-á em

grande parte à vertente social, pois foi esta dimensão que o trauma de guerra o afectou.

Também é importante uma intervenção direccionada para a saúde, porque, apesar da

preocupação da médica e dos sintomas prováveis de cancro/tuberculose, ele não deixa

de fumar e de beber, pelo que é relevante e prioritária uma mudança no comportamento.

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11. Modelos

Um modelo é uma estratégia que serve de guia no desenvolvimento do processo de

Orientação/Intervenção que pretende alcançar os resultados propostos.

Segundo Rodriguez Espinar e outros (1993), um modelo é “a representação da

realidade sobre a qual se vai intervir, e que vai influir nos propósitos, nos métodos e nos

agentes da dita Intervenção”.

Os modelos baseiam-se em teorias que se baseiam em ideologias e servem para

clarificar a nossa mente e melhorar as nossas capacidades de tomar decisões. “A

característica mais importante requerida pelo profissionalismo é a posse de um corpo

teórico sólido, juntamente com o código de conduta associado à autonomia dada às

profissões.” (Tones, 1990). Segundo este autor, existem quatro razões para a

fundamentação teórica da promoção da saúde: 1) poder contestar e justificar formas de

promoção da saúde – dado que a promoção da saúde é uma iniciativa política com

raízes nas preferências e preconceitos humanos, há o risco de, para aqueles promotores

de saúde que partilhem dos mesmos preconceitos, qualquer forma de promoção de

saúde parecer aceitável; 2) impor limites às intervenções – a promoção da saúde é

muitas vezes efectuada sem o conhecimento ou permissão dos indivíduos ou das

comunidades; 3) obrigar à explicitação – ao fazê-lo, o promotor de saúde submete-se à

discussão pública, à análise, às sugestões de melhorias; 4) para fins de avaliação.

Os modelos têm a vantagem de clarificar a nossa mente e melhorar as nossas

capacidades de tomar decisões. É importante trabalhar também com as crenças da

pessoa idosa: pode-se utilizar os modelos como um enquadramento para a prática e

adoptá-los a várias situações e a pessoas idosas diferentes. Podem ser utilizados

individualmente, onde os promotores de saúde observam os seus objectivos, propósitos

valores e aplicação prática na promoção da saúde das pessoas idosas, ou combinados.

Os modelos são um corpo teórico concebido para ser adaptado a diversos problemas.

No caso de Walt, a intervenção teria que se debruçar em características de vários

modelos para que fosse bem sucedida. É necessário adaptar os modelos às necessidades

de cada indivíduo. Deste modo, seriam seleccionadas características dos seguintes

modelos: Abordagem Educacional, Modelo Centrado no Utente, Abordagem da

Mudança Comportamental e Modelo de Etapas de Mudança.

A Abordagem Educacional visa conceder à pessoa idosa informação, conhecimentos

e compreensão sobre as questões de saúde, possibilitando-lhe a tomada de decisões

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informadas. Por esta razão, seria útil para começar a intervenção com Walt, para que

este pudesse fazer as suas escolhas de saúde baseando-se na informação que lhe seria

dada e desenvolver as capacidades para explorar os seus valores e atitudes.

O Modelo Centrado no Utente seria uma boa aproximação a Walt devido à sua

personalidade, pois este modelo visa ajudar as pessoas idosas a identificar as suas

próprias preocupações e a potenciar o controlo sobre a sua saúde, ou seja, o idoso

assume o controlo sobre si mesmo. Como Walt é independente e dificilmente seguiria

algo que lhe fosse prescrito e sugerido se não concordasse, este modelo faz uso da

autonomia do idoso para que este se aperceba das suas necessidades e da melhor

maneira de as ultrapassar, tendo em conta as suas crenças, conhecimentos, capacidades

e habilitações para melhorar a sua própria saúde.

Através da Abordagem da Mudança Comportamental é possível alterar as atitudes e

comportamentos dos indivíduos e encorajar um estilo de vida saudável. No sujeito em

questão seria necessário fazer uma mudança nos hábitos alimentares, pelo que este

modelo poderia ser bem sucedido se Walt estivesse disposto a aceitá-lo.

O Modelo de Etapas de Mudança seria utilizado para modificar o comportamento de

risco que Walt tinha, que era fumar. Com os sintomas que apresentava, de que tinha

alguma doença grave que lhe afectava os pulmões, este modelo seria muito importante

no que toca à sua saúde, pois poderia impedir que a doença agravasse.

12. Psicoterapias

Devido aos traços e características mais visíveis da personalidade da personagem

central do filme, Walt, a psicoterapia mais adequada seria a terapia individual, que

consiste numa intervenção holística, fundamentalmente não verbal, que envolve

modalidades e actividades sensoriais, entre elas a música, a dança ou a arte, além de

ajudar na descoberta do self, retratar as forças do passado e do presente e manter ou

promover a socialização. Este tipo de terapia baseia-se nas actividades criativas e

expressivas que permitem a cada indivíduo redescobrir-se e expressar-se a si próprio,

adicionando um novo sentido à vida, criando uma sensação de bem-estar. É impensável

este idoso aceitar uma terapia que passasse pela música ou pela dança, mas, tendo em

consideração que Walt dedica parte do seu tempo à oficina que tem na garagem de casa,

onde existem inúmeras ferramentas e materiais, estes poderiam ser úteis num tipo de

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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa Análise do Filme “Gran Torino”

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actividades que envolvessem os trabalhos manuais, numa vertente de construção e

utilização das ferramentas.

Nesta abordagem, são trabalhados os problemas individuais mais imediatos, ajuda-se

na descoberta do significado da vida pessoal e social de cada um, promove-se a

interacção e a comunicação com os outros, desenvolvem-se num sentido saudável as

forças do ego, a auto-estima e a dignidade, promove-se o desenvolvimento das

faculdades intelectuais, físicas e emocionais. Cada um terá a sua própria actividade

terapêutica de eleição, a partir da qual terá mais facilidade em se expressar, que, neste

caso, seria o trabalho manual.

Mas esta forma de terapia enfrenta também alguns obstáculos. No caso específico de

Walt, este terá sérias dificuldades em expressar abertamente os seus sentimentos e

emoções, por razoes de personalidade, educacionais, culturais, etc… Este é um processo

por vezes muito demorado e indirecto, que se baseia numa descoberta individual.

13. Conclusão

Este filme chama a atenção para temas importantes como o racismo/discriminação

racial, os traumas de guerra (stress pós-traumático), a autonomia na terceira idade e a

importância da família para o idoso. Mostra-nos que o racismo é um preconceito que

nem sempre é difícil de ultrapassar, pois é possível reconhecer neste filme que aqueles

que Walt mais desprezava acabam por ser mais importantes na sua vida do que a sua

própria família, como aliás ele comenta no filme. Podemos também verificar como a

guerra e os traumas que advêm dela podem exercer um poder negativo sobre a vida e a

personalidade de uma pessoa. Na terceira idade, assim como em todas as outras

camadas etárias, é importante manter a autonomia e tentar contrariar esta capacidade

pode ser sinónimo de revolta e frustração, como acontece neste filme, quando um dos

filhos e a respectiva esposa tentam convencer Walt a ir para um lar e este se revolta

contra eles, expulsando-os da sua casa no dia do seu aniversário. Relativamente à

importância da família na vida do idoso, constatamos que Walt não pode contar com

mais ninguém da sua família, pois tanto os filhos como os netos não se interessam por

ele, mantendo apenas uma proximidade por causa dos seus bens que irá deixar quando

morrer. Como já fora referido anteriormente, ele apenas pode contar com aqueles que

sempre desprezou e que agora são a sua “família”.

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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa Análise do Filme “Gran Torino”

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14. Webgrafia

@ http://www.adorocinema.com/filmes/gran-torino/gran-torino.asp#Elenco

15. Anexos

I. Glossário de términos fundamentais

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Anexo I – Glossário de términos fundamentais

Autonomia

Significa o exercício do auto-governo, auto-regulação, livre escolha, privacidade,

liberdade individual e independência moral. Refere-se à liberdade de experienciar os

eventos de vida com harmonia com os próprios sentimentos e necessidades.

Envelhecimento

Não se trata somente de um “momento na vida do indivíduo, mas um processo

extremamente complexo e pouco conhecido, com implicações tanto para quem o

vivencia como para a sociedade que o suporta ou assiste a ele” (Fraiman, 1995, p.19).

Segundo Bacelar (1999), trata-se de um conjunto de alterações psicofísicas do

organismo da pessoa e da sua maneira de interagir com o meio social, no qual está

inserida.

Idoso

É um termo que indica uma pessoa com uma vivência traduzida em muitos anos. Em

geral, a literatura classifica as pessoas acima dos 60 anos como idosos, embora tenha

passado, recentemente para os 65 anos.

Intervenção

Entrar dentro de um sistema de indivíduos em progresso e participar, de forma

cooperativa, para os ajudar a planificar, conseguir e/ou mudar os seus objectivos.

Orientação

Processo de acção contínuo, dinâmico, integral e integrador, dirigido a todas as pessoas,

em todos os âmbitos, fases e contextos ao longo de todo o seu ciclo vital e com um

carácter fundamentalmente social e educativo.

Preconceito

É um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude

discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou

“estranhos”. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ao que lhe é

diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, racial e sexual. De um

modo geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, chamada

estereótipo.

Page 16: Trabalho "Gran Torino"

Anexo I – Glossário de términos fundamentais

Projecto de Orientação/Intervenção

O termo “projecto de orientação/intervenção” tem várias conotações e é usado em

sentidos diferentes. Por vezes, associamo-lo a um propósito, uma intenção ou mesmo

um desígnio. Noutras situações, conotamo-lo com um esquema, um plano ou um

programa. Em geral, os dois aspectos estão presentes, em maior ou menor grau e de

modo mais ou menos explícito, naquilo a que chamamos um projecto.

Racismo

O racismo é a tendência do pensamento ou do modo de pensar em que se dá grande

importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às

outras, onde existe a convicção de que alguns indivíduos e a sua relação entre

características físicas hereditárias e determinados traços de carácter e inteligência ou

manifestações culturais são superiores a outros.

Stress Pós-Traumático

O stress pós-traumático é uma forma de ansiedade, que se segue à experiência de um

acontecimento particularmente traumático sobre o plano psicológico.

Terapia

Do grego: θεραπεία – “servir a deus”, significa o tratamento para uma determinada

doença pela medicina tradicional, ou através de terapias complementares ou

alternativas.