trabalho direito internacional

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI CAMPUS SANTIAGO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS CURSO DE DIREITO ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS (ALCA). DIONE MICHELI DE FREITAS PEDROSO IMMICH DARLENE SNOVARESKI LUANA BEN MELISSA BATTÚ MENDONÇA Santiago/RS 2015

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Trabalho Direito Internacional

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  • UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSES

    URI CAMPUS SANTIAGO

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS SOCIAIS E APLICADAS

    CURSO DE DIREITO

    REA DE LIVRE COMRCIO DAS AMRICAS (ALCA).

    DIONE MICHELI DE FREITAS PEDROSO IMMICH

    DARLENE SNOVARESKI

    LUANA BEN

    MELISSA BATT MENDONA

    Santiago/RS

    2015

  • SUMRIO

    1 EVOLUO HISTRICA ................................................................................................... 2

    1.1 ACONTECIMENTOS MAIS RECENTES: .............................................................................. 4

    1.2 SO PASES-MEMBROS DA ALCA: ..................................................................................... 4

    2. SNTESE INICIAL DA SITUAO NEGOCIAL ................................................................ 5

    2.2. A QUEM INTERESSA A ALCA LIGHT? ............................................................................... 6

    2.2.1. Os Motivos dos Estados Unidos ..................................................................................... 6

    2.2.2. Os Motivos do Brasil ......................................................................................................... 9

    2.3. AGRICULTURA: O TEMA QUE PODE TRAVAR AS NEGOCIAES MESMO COM

    A ALCA LIGHT. ............................................................................................................................... 10

    2.4 ESFORO DE SNTESE FINAL .......................................................................................... 10

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................... 11

    1 EVOLUO HISTRICA1

    A rea de Livre Comrcio das Amricas (ALCA), uma idia lanada pelos

    Estados Unidos, surge em 1994, durante a realizao da Cpula das Amricas,

    quando foram assinados a Declarao de Princpios e o Plano de Ao, com o

    objetivo de eliminar as barreiras alfandegrias entre os 34 pases americanos,

    exceto Cuba, e assim formar uma rea de livre de comrcio para as Amricas, at o

    final de 2005.

    Por deciso posterior a ALCA tem o prazo mnimo de sete anos para sua

    formao, a partir de 2005, mas nesse instante enfrenta oposio para sua

    implementao, tanto do Congresso dos Estados Unidos, cujos congressistas

    historicamente defendem os interesses locais dos seus eleitores, quanto dos demais

    pases do Continente Americano.

    Se implantada, a ALCA poder transformar-se em um dos maiores blocos

    comerciais do mundo, superando mesmo a Unio Europia. Seu Produto Interno

    Bruto (PIB) ser da ordem de 12.600 trilhes de dlares (2 trilhes a mais que a UE),

    1 ___________REA DE LIVRE COMRCIO DAS AMRICAS (ALCA). [on line] Disponvel em:

    http://www.camara.gov.br/mercosul/blocos/ALCA.htm. Acesso em: 12/06/2015 s 17:25.

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    e sua populao alcanar os 825,3 milhes de habitantes, mais do dobro da

    registrada na Unio Europia.

    O governo do Presidente Bill Clinton props a implementao imediata de

    acordos parciais, com abertura total do mercado em 2005, mas enfrentou a oposio

    do Partido Republicano, majoritrio no Congresso norte-americano, que no cedeu

    ao pedido de autorizao para aplicar o instrumento conhecido como "fast track" (via

    rpida), ou seja, de negociao rpida e sem qualquer interferncia do Congresso

    quanto apresentao de emendas propostas de acordos comerciais

    apresentados pelo Executivo.

    O Governo do Presidente George W. Bush, eleito para o perodo 2002-2005,

    obteve autorizao do Congresso Norte-americano para aplicar o "fast track",

    fortaleceu a Agncia de Comrcio dos Estados Unidos (United States Trade

    Representative - USTR), e, por fim, autorizou o Secretrio Robert B. Zoelick da

    USTR, a acelerar as negociaes para a criao da ALCA.

    Nesse sentido, o Brasil e o Mercosul prevem grandes dificuldades na

    adaptao de suas economias a essa proposta de integrao comercial, preferindo

    dar incio ao seu processo de negociao em 2005, ao mesmo tempo em que os

    grupos brasileiros, norte-americanos e dos demais pases do continuidade aos

    estudos para implantao da ALCA, atravs do Comit de Negociaes Comerciais

    (CNC).

    O Comit de Negociaes Comerciais da ALCA responsvel pela

    superviso dos diversos grupos de negociaes cujas reas de estudos so: a)

    Acesso a Mercados (GNAM); b) Agricultura (GNAG); c) Compras Governamentais

    (GNCSP); d) Investimentos (GNIN); e) Polticas de Concorrncias (GNPC); f)

    Direitos de Propriedade Intelectual (GNPI); g) Servios (GNSV); h) Soluo de

    Controvrsias (GNSC); e i) Subsdios, Antidumping e Medidas Compensatrias

    (GNSADC).

    Nesta fase de criao, a instncia principal na organizao da ALCA a

    Presidncia, que exercida por um dos trinta e quatro pases que podem vir a ela se

    associar, a cada dezoito meses, sendo substitudo ao final desse perodo, com a

    concluso de uma Reunio Ministerial. A partir de maro de 2003, a presidncia est

    sendo exercida conjuntamente pelo Brasil e pelo EUA, que nela permanecero at

    setembro de 2004.

  • 4

    1.1 ACONTECIMENTOS MAIS RECENTES:

    1. Em 03 de maro de 2003, o USTR (Agncia de Comrcio dos Estados

    Unidos), em comunicado oficial imprensa, divulgou opinio do Secretrio Robert B.

    Zoelick que, salvo melhor juzo, demonstra o grau de dificuldades que tero que ser

    negociadas no decorrer do processo de criao da ALCA. Em resumo, afirmou o

    Secretrio Robert B. Zoelick: "No decorrer de todo o ano passado, o Presidente

    Bush e sua Administrao resgataram a liderana da Amrica no campo do

    comrcio exterior e agora cuidam de assegurar que os benefcios da abertura de

    mercados favoream as famlias, os produtores agrcolas, os industriais, os

    trabalhadores, os consumidores e os negociantes norte-americanos".

    2. O Sub-secretrio de Comrcio dos Estados Unidos, Senhor William H. Lash

    III em visita protocolar no ms de fevereiro de 2003, a Representao Brasileira na

    Comisso Parlamentar Conjunta do Mercosul, logo no incio de uma nova

    Legislatura. O Senhor William Lash foi recebido pelos Deputados Feu

    Rosa (PSDB/ES), Osmar Serraglio(PMDB/PR) e Dr. Rosinha (PT/PR), que

    deixaram bem claro ao Sub-secretrio de Comrcio dos Estados Unidos que "a

    ALCA s poder ser um sucesso se atender aos interesses de todas as economias

    sul-americanras que a ela vierem a se associar", ressaltando, ainda, a possibilidade

    de que "os atuais US$ 30 bilhes de comrcio entre o Brasil e os Estados Unidos se

    transformem, nos prximos anos, em, pelo menos, US$ 100 bilhes, pois as nossas

    economias esto potencialmente capacitadas para tanto".

    3. O desfecho da guerra no Iraque afetar, com certeza, os prximos passos

    do processo de negociao entre os pases que discutem a criao da ALCA.

    1.2 SO PASES-MEMBROS DA ALCA:

    Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolvia, Brasil,

    Canad, Chile, Colmbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador, Equador, Estados

    Unidos da Amrica, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica,

    Mxico, Nicargua, Panam, Paraguai, Peru, Repblica Dominicana, Santa Lcia,

    So Cristvo e Neves, So Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago,

    Uruguai e Venezuela.

  • 5

    2. SNTESE INICIAL DA SITUAO NEGOCIAL2

    Como proferiu-se anteriormente, a partir da Reunio Ministerial de Miami, de

    novembro de 2003, aps quase dez anos de especulaes e da elaborao de duas

    minutas vastamente caracterizadas por incertezas de todo gnero, as delegaes

    acordaram pela viabilidade de tornar o esquema ALCA mais simplificado possvel, o

    que denominou-se vulgarmente de ALCA LIGHT, ou ALCA Flexivel. Da Reunio

    supracitada restou resolvido que o Acordo ser divido em dois nveis, isto , um

    Acordo Geral, que ser compartilhado por todos os Membros de igual forma, pois

    tentar ao mximo no ferir as economias menores por ser estritamente simples nas

    propostas; e subseqentes Acordos Temticos ou Compromissos Suplementares de

    carter mais profundo a serem negociados de acordo com os interesses dos pases

    que deles sero signatrios, em forma bi ou plurilateral.

    No que se refere ao contedo e ao nvel de ambio do Acordo Geral estes

    ainda sero definidos, sendo que caber, conforme delimitou-se na Reunio, ao

    Comit de Negociaes Comerciais, CNC, elaborar essas delimitaes. Perdura

    indefinio nas negociaes com relao a acesso a mercados na fase inicial de

    atuao da ALCA, sendo que distingui-se dois grupos distintos: o G-14, que liderado

    pelos Estados Unidos, que defende que o Acordo Geral limite-se a pautar o

    substancial do comrcio; e, por outro lado, um grupo encabeado pelo MERCOSUL,

    que defende a abrangncia de todos os produtos comerciveis pelos trinta e quatro

    membros.

    Doutrinariamente, a Reunio de Miami, de 2003, recebeu a significativa

    expresso de ALCA de geografia varivel, isso pelo fato de que, como dispomos

    anteriormente, o Acordo final tratar os compromissos a serem adquiridos de forma

    bifsica para a constituio do bloco. De fato, por essa caracterstica impar, a ALCA

    apresenta agora no ter um nico vis, mas aponta para vrios "micro-blocos" em

    temas especficos e de abordagens distintas, desde que sejam respeitados os

    princpios do Acordo Geral e as normas da Organizao Mundial do Comrcio,

    OMC, sobre negociaes suplementares.

    2 SIMES, Regina Clia Faria; MULLER, Vivian. ALCA. Processo da rea de Livre Comrcio das

    Amricas. [on line] Disponvel em: http://jus.com.br/artigos/5986/alca-processo-da-area-de-livre-comercio-das-americas/2. Acesso em: 12/06/2015 s 19:00.

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    Segundo TORRENT, o projeto ALCA teve incio de fato na Reunio Ministerial

    de Miami, e est sendo organizado desde a XVII Reunio do CNC, realizado em

    Puebla, Mxico, entre 02 a 06 de fevereiro de 2004. Seguindo nesta mesma senda,

    o Chanceler Celso Amorim externou que "a ALCA nunca esteve to perto de ser

    criada. Antes, o ambiente conduzia a um impasse de ltima hora" [9]. Ainda, salientou

    em outra oportunidade que "o que acontecia antes era uma falsa negociao" [10]. O

    embaixador brasileiro Adhemar Bahadian, Co-Presidente do CNC, por sua vez,

    caracterizou a atual formatao do Acordo Geral como objetivo, flexvel, pragmtico

    e criativo [11], mostrando, com isso, maior viabilidade para a sua consecuo.

    2.2. A QUEM INTERESSA A ALCA LIGHT?

    A priori, pode sugestionar obscuro e at indefinido quem interessou uma

    mudana to drstica nos rumos de tal processo negociador que perdurou por quase

    uma dcada. Porm, uma anlise aprofundada do cenrio internacional atual,

    embasada por uma base histrica forte sobre relaes internacionais pode

    facilmente sugestionar os interessados.

    Primeiramente, evidente a constatao de que o cenrio econmico-

    comercial internacional hodierno encontra-se caracterizado por mltiplas nuances,

    inviabilizando qualquer acordo que vise apenas o fomento econmico, em

    detrimento das diversas articulaes de uma nao. Essa negativa de

    engessamento vlida para a maior potncia comercial produtora e consumidora

    , como para a menor das economias do bloco em questo. Fundamentalmente, a

    ALCA LIGHT agrada aos Estados Unidos e ao Brasil, por motivos diversos, tenha-se

    claro.

    2.2.1. Os Motivos dos Estados Unidos

    Pelo lado do atual governo estadunidense, a proposta da ALCA como est

    sendo discutida agora , a curto e mdio prazo, excelente, pois de outra forma

    haveria o inconveniente de causar maiores discusses internas tanto com a

    sociedade civil como com o Congresso, que desaprovavam o formato anterior por

    tocar em temas protegidos pelo pas em um ano eleitoral, desfavorecendo o atual

    Presidente americano, principalmente pelo fato de que o seu adversrio eleitoral,

  • 7

    John Forbes Kerry, do partido democrata, deixa claro sua posio pelo

    protecionismo comercial internacional.

    O descontentamento do empresariado de setores protegidos por medidas

    protecionistas ou subsidiados pelo governo dos EUA com relao negociao de

    temas protegidos para aquela sociedade, como medidas compensatrias,

    antidumping e subsdios, agricultura, siderurgia, etc, refletiram nas constantes

    negativas do Congresso Norte Americano em permitir ao Executivo assinar o Acordo

    da ALCA na forma em que se encontrava. O jornal Valor Econmico [12] salientou

    sobre esse particular, reafirmando tal idia, dizendo que

    "Alm das restries legais internas (o mandato para negociao de acordos,

    Trade Promotion Authority, aprovado pelo Congresso dos EUA, limita os

    negociadores em vrios aspectos), ser muito difcil que se aceite num ano eleitoral

    a retirada de protees sobre algumas indstrias agrcolas americanas. Mas pelo

    menos agora no estamos num jogo de faz de conta. H seis anos os negociadores

    no consequiram chegar a um acordo mas agora os motivos esto colocados sobre

    a mesa, afirmou o embaixador brasileiro (Embaixador Adhemar Bahadian)".

    Um segundo motivo, dentre os trs mais aparentes, o desinteresse do atual

    governo em se utilizar das estratgias comerciais para buscar uma hegemonia

    global; o plano estratgico atual a atuao hegemnica pela ideologia do terror

    mundial. Essa motivao bastante patente se analisarmos as estratgias de

    insero internacional atravs do processo elaborado por NYE, sobre o jogo de

    xadrez tridimensional, jogado simultaneamente. Na teoria deste cientista-poltico,

    que encontra respaldo do ex-chanceler Celso Lafer, as relaes internacionais so

    pautadas em trs nveis: o militar, o econmico-comercial e o diplomtico.

    de conhecimento que a diplomacia estadunidense insuficiente em seus

    desgnios, conforme restou comprovado no episdio do desrespeito a Resoluo do

    Conselho de Segurana da ONU de nmero 1441, de 2002, e as demais a ela

    ligadas, que resultou na tomada do poder soberano do Iraque pelos EUA, atravs de

    sua hegemonia militar impar. Neste caso didtico, a diplomacia americana no s foi

    ineficaz como tambm aleivosa ao levantar hipteses infundadas e acobertadas por

    documentao falsa para justificar interesse difuso do qual proclamava.

  • 8

    Com relao s questes de comrcio e economia, reafirmamos o que j

    dispomos anteriormente que o mundo contemporneo est pautado pelo pluralismo

    nesta esfera, despontando diversas potencias, como o caso do Japo, da

    Alemanha, da China, da ndia, e da prpria Amrica Latina. Resta ao EUA busca a

    hegemonia mundial que tanto primam pela fora militar, atravs de justificativas de

    combate ao terrorismo e ao narco-terrorismo.

    PINHEIRO, aponta que "a noo de hegemonia, de Antonio Gramsci, vai na

    direo de que a reproduo da dominao baseada em mecanismos de sistemas

    culturais que persuadem os dominados de estarem obedecendo espontaneamente,

    sem interveno de fora externa por parte daqueles mecanismos exceto nos

    momentos de crise de autoridade". De fato, a hegemonia, qualquer que seja seu

    objeto, seja comercial, militar, etc, leva em considerao, sempre, em primeiro plano,

    a dominao ideolgica. No particular belicoso, o fazer com que se faa o que

    aparentemente vai resultar em maior proteo ao bairro no qual se vive, cidade na

    qual se estruturam as famlias, ao Estado ou ao mundo todo. A primeira dominao

    impreterivelmente ideolgica.

    Aparentemente, h alguns anos est vem sendo a estratgia de insero

    internacional prioritria para os EUA, pois seu poderio blico incontestvel. Criar a

    idia de que o mundo est vivendo em constante alarme em virtude do terrorismo

    est sendo uma excelente estratgia para manter-se presente em todos os

    continentes do globo. Mesmo internamente, as campanhas para presidncia daquele

    pas giram em torno do quesito segurana interna e internacional: qual dos dois

    candidatos conseguir ser mais incisivo na sua coero ideolgica do medo? Bush

    j comprovou que capaz de qualquer coisa para por a tropa no front de batalha,

    mesmo que o inimigo seja apenas sua frtil imaginao. Lembra PINHEIRO [ainda

    que "a violncia simblica somente atua pela presena permanente da violncia

    bruta que ela simboliza".

    Um ltimo, porm relevante, motivo o desinteresse dos EUA em criar atrito

    com o Brasil. Neste sentido, o peridico The New York Times, em matria assinada

    por Christopher MARQUES, definiu os aliados latino americanos, sublinhando-se

    principalmente o Brasil, como no mais dceis e confiveis para os EUA, mostrando

  • 9

    o desconforto estadunidense com relao s atuais posturas da diplomacia

    brasileira.

    2.2.2. Os Motivos do Brasil

    Para o Brasil, o Acordo tal qual estava sendo proposto pelos EUA e aceito

    pelas economias da Amrica Central, por presso estadunidense, no se mostrava

    vantajoso pelo fato de que o pas no uma potncia comercial internacional no seu

    sentido lato, assim no interessando um acordo que s visasse a esfera comercial,

    mais ainda, o comrcio pautado pelos interesses norte-americanos. Muito embora

    no seja uma superpotncia comercial o The New York Times traou um esboo do

    pas e concluiu que

    "um pas industrial de mdio porte e uma superpotncia agrcola, o Brasil no

    depende do comrcio com os EUA na mesma proporo que a maioria dos pases

    latino-americanos. Braslia est interessada em cimentar um bloco sul-americano

    bem estruturado do que comprar a idia do arranjo hemisfrico dominado por

    Washington".

    A diplomacia brasileira vem enfrentando com firme disposio as negociaes

    no entorno da formao da ALCA, no esquecendo-se de alinhavar entendimentos

    com os pases do MERCOSUL para fortificar interesses dos Estados em

    desenvolvimento. Essa demonstrao de fortalecimento do bloco do Cone Sul foi

    sentido em fevereiro em Puebla, onde os quatro pases negociaram juntos, sem

    nenhuma dissenso. Visualizando um cenrio global e multifacetado, o grupo

    formado pelos Estados do Sul, fortes no setor agrcola, liderados pelo Brasil, ndia e

    China, est agregando fora neste nicho negocial contra os Estados do Norte que

    subsidiam seus os produtores. Isso refletiu-se com grande fora na OMC, e

    respingou nas negociaes para a formao da ALCA. A posio brasileira at o

    presente momento de que o pas optou por transferir para a OMC o debate o tema,

    bem como investimentos, propriedade intelectual, servios e compras

    governamentais.

    Desta forma, evidente as mltiplas possibilidades de acesso a grande

    mercados para o Brasil no G-22, bem como o interessante estgio do MERCOSUL e

  • 10

    sua possibilidade de integrao, caso a ALCA se mostre muito nefasta aos seus

    interesses de desenvolvimento sustentvel. O embaixador Graa Lima sublinha que

    "interessa-nos negociar um programa de liberalizao comercial em mbito

    continental na medida em que sejam contemplados os interesses dos 34 pases do

    hemisfrio, se alcance o equilbrio de ganhos e concesses e contribua para

    promover a prosperidade entre os povos".

    2.3. AGRICULTURA: O TEMA QUE PODE TRAVAR AS NEGOCIAES MESMO

    COM A ALCA LIGHT.

    As diferenas substanciais entre os pases do MERCOSUL e os EUA sobre o

    tratamento dado a questo agrcola so um enorme entrave a formao da ALCA.

    Tanto que o Brasil j se posicionou no sentido de remeter as discusses na OMC a

    temtica, pela incongruncia de tratamento entre eles. O fato que, como bem

    salientou o Embaixador Bahadian [20], "no hay hiptesis alguna de hacer um acuerdo

    sobre las reglas bsicas del ALCA si no hay um esfuerzo por solucionar el

    problema mayor, que es el algricola".

    Assim, resta concluso que a problemtica gerada pela questo agrcola pode,

    ainda, travar as negociaes e atrasar a data prevista para a entrada em vigor da

    ALCA, mesmo ela j tendo sido simplificada ao mximo.

    2.4 ESFORO DE SNTESE FINAL

    Essa modificao radical das negociaes responde a interesses mltiplos no

    cenrio internacional, tanto de ordem poltica quanto econmica. Obviamente, da

    forma atual, a ALCA mostra-se menos impactante aos olhos da economia interna,

    mas devemos buscar uma anlise de todos os atores e situaes internacionais

    envolvidos direta ou indiretamente, o que nos leva a concluir que, futuramente, os

    impactos podem no ser apenas de ordem econmica, mas tambm social.

    interessante salientar que um acordo dessa amplitude pode por em risco fatores

    sociais imprescindveis para o desenvolvimento do Brasil, como o caso dos

    impactos econmicos sentidos na agricultura, caso o Acordo celebrado desfavorea

    a entrada dos produtos desta cadeia de produo, o que ocorre tambm com a

  • 11

    siderurgia. Isso, consequentemente abalaria a economia domstica, causando

    impacto no desenvolvimento social.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    SIMES, Regina Clia Faria; MULLER, Vivian. ALCA. Processo da rea de Livre Comrcio das Amricas. [on line] Disponvel em: http://jus.com.br/artigos/5986/ alca-processo-da-area-de-livre-comercio-das-americas/2. Acesso em: 12/06/2015 s 19:00.

    ___________REA DE LIVRE COMRCIO DAS AMRICAS (ALCA). [on line] Disponvel em: http://www.camara.gov.br/mercosul/blocos/ALCA.htm. Acesso em: 12/06/2015 s 17:25.