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Desenvolvimento x Crescimento: Da Ditadura à Nova República

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Desenvolvimento x Crescimento:Da Ditadura à Nova República

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Page 1: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Desenvolvimento x Crescimento:

Da Ditadura à Nova República

Rafael Di Lena da Costa R.A. 21033610

Rodrigo

Thiago

Page 2: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Índice

Introdução

Objetivo e Metodologia

Relação Crescimento e Desenvolvimento

O Brasil nos últimos cinquenta anos

Conclusão

Page 3: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Introdução

Muito se discutiu nas últimas décadas sobre os conceitos acerca do desenvolvimento, seus significados e suas implicações para a sociedade. Mas ainda não se chegou a um consenso sobre o que seria desenvolvimento e como avaliá-lo devidamente em cada país.

A ideia de se utilizar o crescimento do Produto Interno Bruto era a regra principal para se analisar a evolução de uma nação ao longo do tempo. Mas essa ideia foi colocada em xeque ao longo dos anos 60 e 70, por vários fatores: pela mudança de visão dos economistas e políticos; pelo amadurecimento do movimento ambientalista; e especialmente pelo período das grandes manifestações de 1968, no auge do crescimento econômico da época, que evidenciou que o crescimento econômico não era suficiente para se analisar plenamente as condições da sociedade.

Page 4: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Objetivo e Metodologia

O objetivo deste trabalho é elaborar um conjunto de estatísticas que evidenciem o comportamento dos governos brasileiros, desde o período militar até os dias atuais, nos vários aspectos do desenvolvimento.

Para isso, utilizamos uma literatura que mostrasse o percurso histórico socioeconômico do Brasil, a sua relação entre o crescimento e o desenvolvimento econômico, e observamos os dados do Banco Mundial para demonstrar de forma clara como o regime militar proporcionou altas taxas de crescimento econômico no Brasil, mas péssimos indicadores sociais.

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Relação Crescimento e Desenvolvimento

Page 6: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

O Brasil nos últimos cinquenta anos

Em 1964, o Brasil sofreu um golpe de Estado pelos militares, destruindo a democracia, e permanecendo no poder por 21 anos. Durante este período, a economia viveu um forte crescimento econômico na primeira década, mas uma forte estagnação na segunda metade, principalmente pelas crises do petróleo. Não apenas a Ditadura massacrou a população brasileira, com os "desaparecimentos", como ainda promoveu uma série de medidas que atrasaram o desenvolvimento do país, como a censura, a restrição das liberdades civis e o fechamento da economia. Tancredo Neves foi eleito indiretamente à presidência, mas faleceu antes da posse, sendo Sarney a ocupá-lo em 1985. Seu governo foi marcado por altas taxas de inflação e decrescimento econômico, pela formulação da nova Constituição de 88 e pelas primeiras eleições diretas da Nova República. Collor, que assumiu em 90, marcou seu governo pelo confisco da poupança dos brasileiros, pelas maiores taxas de inflação já registradas na história e pela abertura econômica que gerou a falência de várias empresas. Com os governos Itamar, FHC e Lula, o país estabilizou a economia e promoveu uma série de medidas que melhoraram significativamente os indicadores sociais brasileiros. Não somente os indicadores melhoraram, mas de maneira geral o período que se inicia com Itamar em 93 se mostra mais favorável ao desenvolvimento, por várias medidas governamentais, como a abertura da economia, a recuperação das liberdades civis e políticas restringidas na Ditadura, a preocupação com os Direitos Humanos, a ampliação das Universidades, e programas sociais que aumentaram as condições de oportunidades dos brasileiros. Todos esses resultados serão evidenciados a seguir.

Os dados apresentados nas tabelas desta parte foram tiradas do Atlas do IDH 2013, de um artigo do IPEA e dos indicadores de desenvolvimento do Banco Mundial, sendo que alguns possuem dados de apenas parte dos anos selecionados, mas ainda é suficiente para demonstrar nossos objetivos.

No primeiro gráfico temos o crescimento do Produto Interno Bruto per capita do Brasil e a média mundial de 1960 a 2013. É evidente o crescimento brasileiro acima da média nos anos de 67 a 74, mas na segunda década do período militar terá taxas muito abaixo da média mundial com alguns picos de crescimento.

Nos períodos do Sarney até FHC, tivemos alguns poucos picos de crescimento, mas ainda percebe-se um crescimento abaixo da média, sendo apenas no governo Lula um crescimento pouco acima da média mundial. Diante desses dados, seria possível concluir, na perspectiva ultrapassada de desenvolvimento, que o Brasil não estava se desenvolvendo nos anos 80 e 90, e sim na primeira metade do regime militar.

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A partir deste ponto, apresentamos evidências de que o crescimento econômico do milagre econômico não representou desenvolvimento, e nem o fraco desempenho econômico dos últimos trinta anos não representa estagnação no nosso desenvolvimento. No próximo gráfico, temos o Índice Gini, que representa a desproporção de renda dentro da sociedade. O Índice vai de 0 a 100, e quanto mais próximo de 100, maior é a desigualdade de renda. Os dados iniciam nos anos 80, mas mesmo não pegando todo o regime militar, ainda mostram a herança deixada. Selecionamos alguns países da região não como comparação, apenas para mostrar a situação de outros países próximos ao Brasil. É evidente que o cenário de crescimento econômico do regime militar beneficiou apenas parte da população, visto que o Brasil apresentava um índice absurdamente superior à média regional, mas nos últimos anos vem diminuindo a desigualdade.

Page 8: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Na área de educação, o Brasil inicia os anos 80 muito atrás da América Latina, onde vários dos países apresentavam taxas de alfabetização beirando os 100%, enquanto o Brasil permanecia com 75%. A Nova República avançou a passos lentos nesse aspecto, com a alfabetização avançando de forma mais lenta que países como a Jordânia e a Líbia, especialmente pelo isolamento de certas comunidades do acesso as escolas.

Mas o interessante é a tabela seguinte, que mostra os artigos científicos publicados em revistas técnicas. Esse crescimento pode ser facilmente associado à abertura do país, ao fim da censura, ao crescimento das universidades públicas e privadas a partir do governo FHC e à retomada dos investimentos das empresas no Brasil, que demandaram cada vez mais mão de obra especializada.

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Na área da saúde, também é visível o péssimo desempenho do regime militar. Nos anos 60 a expectativa de vida no país era de 54 anos, abaixo da média dos países da América Latina, mas acima Jordânia e da Líbia. No final do período militar, o Brasil possuía um crescimento da expectativa de vida muito aquém dos outros, sendo o pior de todos estes países selecionados, estando ainda 10 anos atrás da expectativa de vida da Costa Rica, e sendo ultrapassado pelos dois países árabes. No período da Nova República, houve uma pequena aceleração do crescimento da nossa expectativa de vida, se aproximando novamente dos países selecionados.

No mapa mostrado a seguir, é mostrado o IDH do Brasil de 91 a 2010.

Page 10: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

No mapa produzido pelo IBGE, temos mais uma evidência da herança do regime militar, o péssimo investimento em saúde e educação, e o descaso com os municípios afastados das grandes capitais e com as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em 1991 predomina no Brasil municípios com IDH considerado muito baixo, alguns com baixo IDH, e apenas o Distrito Federal com médio IDH. Em 2010 os municípios com baixo IDH, de médio IDH e os de alto IDH representam algo perto de um terço cada grupo, sendo que basicamente todos os municípios avançaram. E mais importante, a quantidade de municípios com muito alto IDH ultrapassaram os de muito baixo IDH.

Para que seja possível associar a melhora do IDH com a democratização do Brasil, é só ter em mente a Constituição de 88, que cedeu mais poderes ao municípios, e também obrigou a todos estes o cumprimento de metas de investimentos em várias áreas de infraestrutura, como saúde e educação; também à formulação de novos partidos, que pressionaram o governo por novas políticas públicas; e especialmente à agenda de respeito aos Direitos Humanos desenvolvida neste período.

Para finalizar essa análise, o último gráfico mostra o valor do salário mínimo de 64 até 2010, utilizando valores de 2011. No período anterior ao regime o salário mínimo oscilava em torno dos 600 reais, valor reduzido para a faixa entre os 300 e 400 reais pela política de arrocho salarial da Ditadura. O espaço que vai de 79 a 93 mostram o período da inflação descontrolada, quando o governo precisava fazer reajustes contínuos no salário mínimo, mas a inflação corroia esse aumento logo em seguida

Page 11: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Conclusão

Este trabalho tentou pegar um apanhado de indicadores para evidenciar a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento. É claro que é necessário um conjunto de dados maior para mostrar um período tão longo e complexo, mas para este trabalho os dados satisfazem a nossa perspectiva.

O caso brasileiro deixa muito visível, quando se coloca lado a lado o período militar e a Nova República brasileira, se considerarmos apenas a ideia de crescimento econômico como alavanca do desenvolvimento, cairemos numa armadilha. É preciso muito mais que um dado para se demonstrar o desenvolvimento de um país.

Page 12: Trabalho Desenvolvimento e sustentabilidade

Fontes de pesquisa:

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1663/1/TD_1500.pdf

https://www.google.com.br/publicdata/explore?ds=d5bncppjof8f9_&met_y=ny_gdp_mktp_cd&idim=country:BRA&dl=pt-BR&hl=pt-BR&q=pib