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Trabalho Decente: Conceito, histórico e desafios de uma Agenda Internacional em processo Curitiba, Paraná 20 de Agosto de 2010

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Trabalho Decente:

Conceito, histórico e desafios de uma Agenda Internacional em processo

Curitiba, Paraná

20 de Agosto de 2010

Trabalho Decente Trabalho produtivo e adequadamente remunerado,

exercido em condições de liberdade, eqüidade e segurança, sem quaisquer formas de discriminação, e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho.

Conceito forjado no final da década de 1990 a partir da eleição do embaixador chileno Juan Somavia para o cargo de Diretor Geral da Organização Internacional do Trabalho

Parte da estratégia global de definir um novo papel para a OIT, única organização tripartite do sistema das Nações Unidas (Governos, organizações de trabalhadores e de empregadores)

Trabalho Decente Conceito mais abrangente que coloca no centro o papel das

políticas públicas, superando o entendimento anterior de que o único papel do Estado era de fiscalizar os ambientes e a relação de trabalho

Supera o entendimento de que a simples aplicação de normas basta para promover justiça social e, em particular, igualdade de oportunidades no mundo do trabalho

Necessidade do estímulo ao diálogo social, como medida e metodologia complementar à tradicional negociação coletiva de trabalho expressa por meio de acordos e convenções coletivas de trabalho e todo o sistema normativo complementar (justiça do trabalho, leis específicas etc.)

ORIGEM NO BRASIL• 2003 – Memorando de Entendimento Brasil e OIT para

uma ANTD:

– Geração de emprego, microfinanças e capacitação de RH com ênfase no emprego de jovens

– Viabilização e ampliação da seguridade social

– Fortalecimento do tripartismo e do diálogo social

– Combate ao trabalho infantil e à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao trabalho forçado e à discriminação no emprego e na ocupação

ASSEMBLÉIA GERAL ONU 2005• “Apoiamos firmemente uma globalização justa e

resolvemos fazer com que os objetivos do emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, especialmente para as mulheres e os jovens, sejam uma meta fundamental das nossas políticas nacionais e internacionais e de nossas estratégias nacionais de desenvolvimento, incluindo as estratégias de redução da pobreza, como parte de nossos esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”

CÚPULA DAS AMÉRICAS 2005:trabalho decente versus ALCA

• “(....) implementar políticas ativas que gerem trabalho decente e criem condições de emprego de qualidade, que dotem as políticas econômicas e a globalização de um forte conteúdo ético e humano, que coloquem a pessoa no centro do trabalho, da empresa e da economia. Promoveremos o trabalho decente, ou seja, os direitos fundamentais no trabalho, o emprego, a proteção social e o diálogo social.”

ANTDApresentada no CDES e lançada durante a XVI Reunião

Regional Americana da OIT(2006)

Prioridades:

1) Gerar mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de tratamento;

2) Erradicar o trabalho escravo e o trabalho infantil, especialmente nas suas piores formas;

3) Fortalecer os atores tripartites e os mecanismos de diálogo social como instrumentos de governabilidade democrática.

AHTD (2006-2015)

• Objetivos Estratégicos:

• Objetivo 1: O cumprimento das normas sobre princípios e direitos fundamentais no trabalho é um objetivo central da política de geração de trabalho decente.

• Objetivo 2: A geração de maiores oportunidades de trabalho para homens e mulheres.

• Objetivo 3: Situação da Proteção Social – Melhorar a qualidade dos regimes de proteção social e ampliar sua cobertura.

• Objetivo 4: A promoção do diálogo social e o fortalecimento das organizações dos atores sociais

AHTD (2006-2015)

Objetivos Transversais:

1) Combater a pobreza e a exclusão em busca de maior igualdade, especialmente de gênero.

2) Objetivo Global: Emprego de Qualidade

Políticas Gerais AHTD1. Crescimento econômico promotor do emprego

2. Respeito efetivo dos princípios e direitos fundamentais no trabalho

3. Trabalho infantil

4. Trabalho forçado

5. Liberdade sindical e negociação coletiva

6. Não discriminação e igualdade no trabalho

Políticas Gerais AHTD7. Maior eficiência e cobertura da proteção social

8. Diálogo social efetivo

9. Normas internacionais do trabalho

10. Igualdade de gênero

11. Emprego para a juventude

12. Microempresas e pequenas empresas

13. Economia informal

Políticas Gerais AHTD

14. Setor rural e desenvolvimento local

15. Formação profissional

16. Serviços de emprego

17. Salário e remuneração

18.Segurança e saúde no trabalho

19. Trabalhadores migrantes

IMPLEMENTAÇÃOCriação de um Comitê Executivo Interministerial,

coordenado pelo MTE e composto por: MTE, MRE, MPS, MDS, MJ, MS, MEC, SRI, SEPIR, SEPM, SEDH (11 ministérios)

Agenda do Trabalho Decente – Bahia e Mato Grosso do Sul

2009 – Decreto Comitê Executivo promoção ANTD: os 11 anteriores, mais: MAPA, MF, SG/PR, MMA, MPOG, MDIC

Antecedentes no ABCD Seminário “O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento”,

março de 2009

GTs Emprego e Desemprego e Relações de Trabalho

Solenidade no Consórcio com Ministro Lupi, dezembro de 2009

Criação do Comitê Gestor, tripartite , responsável pela elaboração da Agenda Regional do Trabalho Decente no ABC

Instalação formal do Comitê Gestor e indicação da Comissão Organizadora da Conferência, fevereiro de 2010

Mobilização Regional Oficinas municipais com objetivo de:

sensibilizar os atores sociais (governo, trabalhadores, empregadores) para o tema (documento-base)

obter informações para o diagnóstico sobre déficits de trabalho decente na região

mobilizar para a Conferência Regional

Cerca de 300 participantes no total

Conferência Regional

Conferência Regional Cerca de 250 participantes

Apresentação, debate e complementação do diagnóstico sobre Trabalho Decente na região

Documento elaborado pelo DIEESE, com apoio da OIT

Propostas dos 4 Grupos de Trabalho

Apresentaremos uma síntese

Trabalho e Renda Aprofundar e completar o diagnóstico apresentado

na Conferência Regional (Juventude, Trabalho Infantil, Terceirização com ênfase no setor público)

Foco na Economia Informal e Urbana para desenvolvimento de políticas públicas e privadas

Criação de um Plano Regional de Qualificação Profissional com integração das políticas públicas de Educação, Assistência Social, Desenvolvimento Econômico e Saúde

Igualdade de Oportunidades e de Tratamento Pessoas com Deficiência: poder público e setor privado

garantir informação e capacitação através de campanhas de sensibilização, em parceria com movimento sindical e social

Geração: conscientização do empresariado para oferta de vagas para trabalhadores acima de 40 anos e jovens sem experiência com participação dos sindicatos.

Gênero: para o setor público, garantir a aplicação da licença maternidade de 180 dias para todas as formas de contratação (ex. Frentes de trabalho).

Diálogo Social Fortalecer os espaços de debates já existentes no

ABC e criar ambiente de debate propositivo relacionada ao tema saúde pública e privada envolvendo empregadores, trabalhadores, poder público e universidades;

Promover debates intercategorias relacionados ao ambiente de negociação envolvendo os atores tripartites;

Campanha de Formalização da carteira de trabalho no setor público e privado na região do ABC.

Proteção Social Articular as ações voltadas ao microcrédito operativo,

empreendedorismo individual e cooperativismo;

Incluir a temática do assédio moral e sexual no trabalho;

Analisar as doenças que atingem os trabalhadores: dependência química, acidentes de trabalho;

Inserir o debate sobre o SUS na agenda do Trabalho Decente;

Realizar evento tripartite no dia 28 de abril de 2011 (Dia Internacional em Memória das Vítimas dos Acidentes e Doenças do Trabalho) para um diagnóstico e um enfoque integrado e regional sobre o problema dos acidentes e doenças do trabalho

Iniciativas Regionais Decretos das Prefeituras Municipais de Mauá e de São

Bernardo do Campo sobre o incentivo à prática do Trabalho Decente nas contratações feitas pelas Administrações Públicas dos Municípios

Artigo 1º. Todos os procedimentos relacionados à contratação de obras e serviços no âmbito da Administração Municipal deverão estabelecer, como incentivo à prática do Trabalho Decente, a necessidade de que, previamente à lavratura do ajuste, as empresas declarem, expressamente, o compromisso com tal prática.

Iniciativas RegionaisProjeto de Lei de autoria de todos os

Vereadores, aprovado na Câmara Legislativa em Ribeirão Pires, que incentiva o prática da Prefeitura sobre “Trabalho Decente”, que é um sistema de normas éticas para a contratação e manutenção de empregos seja no serviço público ou privado

Próximos passos no ABCD Organização da Coordenação Executiva da Agenda

Regional do Trabalho Decente no ABCDMRR

7 Prefeituras

3 representantes do Movimento Sindical

3 representantes dos Empregadores

Definição de cronograma de trabalho e do Plano de Ação para implementação da Agenda

Constituição de Observatório do Trabalho Decente no ABCDMRR (experiência da Agenda estadual da Bahia)

Curso formação sindical sobre Trabalho Decente

Questões problematizadoras para nosso debate

1) Do que podemos nos orgulhar em nossa região em termos de qualidade no trabalho e trabalho produtivo?

2) Quais são nossas debilidades?

3) O que temos como objetivo desenvolver? Quais são nossas necessidades? Como promover o trabalho de qualidade em nossa região?

4) Qual o papel de cada um dos atores sociais envolvidos? O que caberia aos governos municipais? E ao governo Estadual? O que mais esperar do governo federal? Como podem as associações empresariais contribuir? E os sindicatos de trabalhadores, o que podem fazer?

Tabela 1: Características gerais da inserção feminina no mercado de trabalhoRegião Metropolitana de Curitiba, 2008

RMC Homens Mulheres TotalPart. da

mulher (%)

População 1.541 1.683 3.225 52,2

PIA 1.306 1.455 2.762 52,7

PEA 965 835 1.800 46,4

Rendimento médio da

PEA1.785,0 1.107,0 1.477,0 0,6*

Ocupados 922 778 1.699 45,8

Rendimento médio

dos ocupados1.647,0 984,0 1.343,0 0,6*

Desocupados 43 57 101 56,4

Taxa de desocupação 4,5 6,8 5,6 -

Tabela 2: Perfil dos trabalhadores em Curitiba, por gênero – 31/12/2008

2008 Variação 2008 / 2007

Emprego

s

Part.

(%)

Remuneração

média

EmpregosRemuneração

média

AbsolutaRelativa

(%)Relativa (%)

Homens 404.336 52,4 2.167,2 13.973 3,6 15,5

Mulheres 367.462 47,6 1.724,1 19.384 5,6 23,9

Total 771.798 100,0 1.956,2 33.357 4,5 18,7

Fonte: MTE/RAIS

Elaboração: DIEESE

Nota (1): a remuneração média encontra-se em valores de dez/2008, e a variação da remuneração

média foi calculada utilizando-se valores de dez/2008.

A participação da pessoa com deficiência em relação ao universo de trabalhadores formais do município de Curitiba é extremamente reduzida, inferior a 1%. Esse percentual, entretanto, é próximo ao verificado em outros recortes geográficos, o que evidencia a baixa inclusão, de forma geral, do trabalhador com deficiência no mercado formal de trabalho.

Em Curitiba, observa-se que a maior concentração do emprego formal para a pessoa com deficiência está nas faixas de estabelecimento maiores, especialmente a partir daqueles quepossuem mais de 100 vínculos ativos e que, portanto, estão incluídos na lei 8.213/91, que obriga as empresas com mais de 100empregados a preencherem de 2% a 5% dos seus postos de trabalho com pessoas com deficiênciaou beneficiários da previdência reabilitados.

Thomaz Ferreira Jensen

[email protected]