trabalho de licenciatura(1)

Upload: james-smith

Post on 31-Oct-2015

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • SISTEMA DE CONTROLO INTERNO SOBRE A GESTO DE TESOURARIA

    O caso: Aeroportos de Moambique, E.P.

    Jorlinho A. Frenque Mafumo

    TRABALHO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E FINANAS

    UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

    FACULDADE DE ECONOMIA

    Maputo, Moambique

    Julho de 2012

  • UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

    FACULDADE DE ECONOMIA

    SISTEMA DE CONTROLO INTERNO SOBRE A GESTO DE TESOURAIA

    O CASO: AEROPORTOS DE MOAMBIQUE, E.P.

    Jorlinho A. Frenque Mafumo

    Tese de licenciatura apresentada junto ao curso

    de Licenciatura em Contabilidade e Finanas,

    sendo esta a primeira vez que submeto um

    trabalho de gnero, para a obteno do ttulo de

    licenciado, junto a Faculdade de Economia da

    Universidade Eduardo Mondlane.

    Orientadora: Dra. Guilhermina Notio

    Maputo

    Julho de 2012

  • Declarao

    Declaro que este trabalho da mia autoria e resulta da mia investigao. Esta aprimeira vez que o submeto para obter um grau acadmico numa instituio educacional.

    Maputo, O3 de \R*,tgp- de20l2

    Jorlio A. Frenque Mafumo

    Aprovao do Jri

    Este trabalho foi aprovado "ottt {*l valores no dia$ Ae . ( L^- de 2012 por ns,

    membros do Juri examinador da Universidade Eduardo Mondlane.

    (Supervisor)

  • Dedicatria

    minha filha Kyara, que veio ao mundo no dia 21 de Setembro de 2011, facto extremamente

    marcante e incentivador para o culminar deste trabalho. Filha! Mais do que uma dedicatria,

    s o maior presente que DEUS enviou para mim. sua BNO.

  • No h forma de medir quantos fracassos pela informao sero evitados

    e quantos dollars investidos sero poupados devido ao aumento

    de ateno a um efectivo sistema de controlo interno.

    Donald T. Nicolaisen Chief Accountant SEC, Outubro 2004

  • AGRADECIMENTOS

    DEUS pela sua presena gloriosa, em todos momentos da minha vida.

    Aos meus pas, especialmente a minha Me Estrela Isabel Chunguana, por toda dedicao,

    perseverana, e luta incansvel na educao e formao dos seus filhos.

    Aos meus irmos Drcia e Sidy, por partilharem comigo todos os bons e maus momentos, no

    seio da nossa convivncia. Outro especial para Angelina, minha noiva, por continuar a

    suportar todas as minhas virtudes.

    minha supervisora, Guilhermina Notio por aceitar orientar-me na realizao deste

    trabalho, pela sua pacincia, ateno e humildade.

    Ao Dr. Antnio Silva (Administrador Financeiro), Dr. Ernesto Chama (Ex- Director

    Financeiro, agora Chefe do Gabinete de Planeamento e Controlo Interno GPCI), Dr. Egas

    Chioco, (Tcnico Superior de N1 afecto ao GPCI), Dr. Chongo (Chefe do Gabinete de

    Qualidade), Dra Clotilde Mudlovo (Chefe do Gabinete de Informtica), e ao pessoal da rea

    financeira, dos Aeroportos de Moambique, E.P., por apoiarem-me no estgio profissional e

    fornecimento de dados para a realizao do estudo de caso naquela instituio.

    Aos meus amigos e colegas que pela pacincia e tolerncia quando tanto precisaram de mim,

    e estive ausente. Mas que de forma amigvel mantiveram sempre o seu apoio.

    Por ltimo a todos que de forma directa ou indirecta, contriburam e tem contribudo para o

    meu sucesso acadmico e profissional.

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    ADM, E.P. Aeroportos de Moambique, E.P.

    AICPA American Institute of Certified Public Accountants.

    ARDs Aerdromos.

    ARPs Aeroportos.

    CA Conselho de Administrao.

    COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission.

    NIRF Normas Internacionais de Relato Financeiro.

    PA Pedido de Adiantamento.

    PES Plano Econmico e Social.

    PGC Plano Geral de Contabilidade.

    SCI Sistema de Controlo Interno.

  • SUMRIO

    Este trabalho foi realizado com vista elucidar a importncia de implementao das boas

    prticas de corporate governance no sistema de controlo interno para que possa possibilitar

    uma gesto mais profissionalizada e transparente, diminuindo a assimetria de informaes

    para a maximizao do valor na empresa. As boas prticas de corporate governance,

    prendem-se com a necessidade de cumprimento de normas, prestao de contas,

    transparncia e senso de justia.

    Para tal, foi identificado para a realizao deste trabalho um tema denominado Sistema de

    Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria, onde se descreve a importncia do controlo

    interno na gesto pblica com o intuito de apresentar possveis solues, visando eliminar ou

    minimizar os efeitos resultantes da problemtica hoje existente, relacionados nfase dada ao

    controlo eficiente e eficaz dos recursos, bem como a avaliao da aco dos gestores

    pblicos. Foi realizado um estudo de caso nos ADM, E.P., no qual fez-se levantamento sobre

    as normas e procedimentos adoptados, bem como a discusso dos dados de pesquisa,

    relacionados com o processo de Gesto de Tesouraria.

    Constatou-se que, o Sistema de Controlo Interno dos ADM, E.P., levado a cabo desde os

    nveis mais altos de uma organizao at aos nveis mais baixos, envolvendo desse modo o

    Conselho de Administrao, as direces e outros membros das organizaes, e encontram-se

    implementados os procedimentos e regulamentos de controlo interno, convergindo com as

    boas prticas de governao corporativa, facto que fez validar como verdadeira a hiptese

    apresentada.

    O processo de gesto de tesouraria nos ADM, est relacionado com procedimentos que so

    levados a cabo em operaes de recebimentos (toda a transaco de entrada de valores na

    empresa, em numerrio ou documentos, desde que devidamente certificados, reconhecidos e

    conferidos como originais) e operaes de pagamentos (toda a transaco que envolve sada

    de valores da empresa, quer em numerrio ou documentos).

    Palavras-chave: Controlo Interno, Administrao Pblica, Governao Corporativa e Gesto

    de Tesouraria.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 1

    ndice Geral

    Agradecimentos.i

    Lista de abreviaturas.ii

    Resumo....iii

    1. INTRODUO .................................................................................................................................. 3

    1.1 Contextualizao ....................................................................................................................... 3

    1.2 Problema de pesquisa ................................................................................................................ 4

    1.3 Relevncia da pesquisa .............................................................................................................. 4

    1.4 Objectivos .................................................................................................................................. 5

    1.4.1 Objectivo geral .......................................................................................................................... 5

    1.4.2 Objectivos especficos ............................................................................................................... 5

    1.5 Hiptese ..................................................................................................................................... 6

    1.6 Metodologia .............................................................................................................................. 6

    1.7 Resultados esperados ................................................................................................................. 7

    1.8 Limitaes ................................................................................................................................. 8

    1.9 Estrutura do trabalho ................................................................................................................. 8

    2. REFERENCIAL TERICO ........................................................................................................... 10

    2.1 Controlo Interno e Sistema de Controlo Interno ..................................................................... 10

    2.1.1 Conceitos e interpretao ........................................................................................................ 10

    2.1.2 Factores Integrantes do Controlo Interno ................................................................................ 12

    2.1.3 Tipos de Controlo Interno ....................................................................................................... 14

    2.2 Tcnicas de Controlos Internos ............................................................................................... 15

    2.3 Princpios e regras para organizao do Sistema de Controlo Interno .................................... 16

    2.4 Sistemas de Controlo Interno .................................................................................................. 20

    2.4.1 Componentes do Sistema de Controlo Interno ........................................................................ 21

    2.4.2 Caractersticas do Sistema de Controlo Interno e Suas Actividades ....................................... 22

    2.4.3 Riscos nos Sistemas de Controlo Interno ................................................................................ 24

    2.5 Medidas de controlo interno sobre as disponibilidades .......................................................... 25

    2.5.1 Pagamento em dinheiro ........................................................................................................... 25

    2.5.2 Pagamento via bancos ............................................................................................................. 26

    2.5.3 Reconciliaes bancrias ......................................................................................................... 28

    2.6 O controlo interno a nvel internacional O sarbanes-oxley act ............................................ 29

    2.6.1 Governao corporativa e os valores da Lei SOX no controlo interno ................................... 30

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 2

    3. ADMINISTRAO PBLICA E CONTROLO INTERNO ...................................................... 32

    3.1 Princpios norteadores da administrao pblica e controlo interno ....................................... 32

    3.1.1 Importncia do Controlo Interno na Administrao Pblica .................................................. 34

    3.1.2 Funes do Controlo Interno ................................................................................................... 34

    3.2 Modelos de controlo interno ................................................................................................... 35

    4. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 37

    4.1 Breve historial da empresa ...................................................................................................... 37

    4.2 Principais actividades dos ADM, E.P. .................................................................................... 39

    4.3 Principais projectos da empresa em curso ............................................................................... 40

    4.4 Resultados de pesquisa sobre as normas e procedimentos adoptados pelos ADM, E.P. ........ 41

    4.4.1 Gesto do Oramento .............................................................................................................. 42

    4.4.2 Gesto de Tesouraria ............................................................................................................... 45

    4.4.2.1 Recebimentos .......................................................................................................................... 45

    4.4.2.2 Pagamentos .............................................................................................................................. 46

    4.4.2.3 Reconciliao bancria ............................................................................................................ 51

    4.4.3 Gesto de contas bancrias ...................................................................................................... 51

    4.4.4 Contabilidade e prestao de contas ........................................................................................ 52

    4.5 Discusso dos resultados da pesquisa ..................................................................................... 54

    5. CONCLUSES E RECOMENDAES ...................................................................................... 57

    5.1 Concluses .............................................................................................................................. 57

    5.2 Recomendaes ....................................................................................................................... 58

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................... 59

    7. ANEXOS ........................................................................................................................................... 61

    ndice de Tabelas

    Tabela 1 Tipo de despesas pagas pelo fundo fixo ............................................................................... 48

    Tabela 2 Valor do fundo fixo e seus limites ....................................................................................... 49

    Tabela 3 Tabela de prestaes de contas ............................................................................................ 53

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 3

    1. INTRODUO

    1.1 Contextualizao

    O controlo interno entendido como sendo uma actividade que procura garantir as boas prticas de

    gesto e procedimentos, bem como do cumprimento das polticas determinadas pela gesto. Ele

    constitui uma forma de organizao que pressupe a existncia de um plano e sistemas coordenados,

    destinados a prevenir a ocorrncia de erros e irregularidades ou a minimizar as suas consequncias e

    ainda, maximizar o desempenho da entidade na qual se insere.

    importante realar que os mecanismos de controlo visam no s prevenir, mas tambm garantir uma

    aplicao regular dos recursos pblicos. Para alm disso, considerando que a Administrao Pblica

    deve rigorosamente servir aos fins para os quais o Estado foi criado, evidencia-se a necessidade de

    permanente incidncia do controlo sobre toda e qualquer actividade administrativa.

    Para que a administrao pblica possa cumprir e assegurar o bem-estar social imprescindvel que

    disponha de recursos suficientes para tal fim (arrecadao de receitas), uma vez que os servios

    prestados pelo Estado demandam de uma contraprestao (aplicao das despesas). Da que,

    independentemente do papel do Estado a administrao pblica precisa de ser controlada e, com

    intuito de conferir maior eficcia, eficincia e economicidade aos gastos pblicos e dar maior

    transparncia na aplicao de recursos pblicos, existe o controlo interno, instrumento obrigatrio que

    auxilia na gesto pblica e actua de forma preventiva na deteco de irregularidades.

    Assim, este trabalho procurar de maneira sintetizada, elucidar da importncia de implementao das

    boas prticas de corporate governance (de expresso inglesa que significa governao corporativa)

    no sistema de controlo interno para que possa possibilitar uma gesto mais profissionalizada e

    transparente, diminuindo a assimetria de informaes para a maximizao do valor na empresa. De

    onde que, as boas prticas de corporate governance iro cingir-se basicamente, necessidade de

    cumprimento de normas (compliance), prestao de contas (accountability), transparncia (disclosure)

    e senso de justia (fairness).

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 4

    1.2 Problema de pesquisa

    Com a aprovao do Estatuto Orgnico da Inspeco-Geral de Finanas, o correspondente

    Regulamento Interno, pelo Decreto n. 40/99, de 29 de Junho, e o Diploma Ministerial n. 57/2000, de

    21 de Junho, respectivamente, observou-se mais um avano no fortalecimento do controlo interno em

    Moambique, uma vez que a funo de zelar pela observncia rigorosa da disciplina financeira do

    Estado e outros entes pblicos j fora conferida ao rgo acima referenciado pelo prprio Estatuto

    Orgnico do Ministrio das Finanas.

    Todavia, o controlo interno d ao Administrador suporte e confiana na gesto do patrimnio do

    Estado e ou, dos entes pblicos. Este compreende uma relevante ferramenta no domnio preventivo,

    detectivo e correctivo, que deve ser operado com todo o rigor e independncia, a fim de cumprir as

    finalidades que se prope.

    Contudo, os inmeros casos de incompetncia, impropriedades, nepotismo, fraudes, prticas perversas

    sobre a gesto de fundos pblicos, continuam abalando a confiana e a credibilidade da

    sociedade/populao, em relao as instituies pblicas moambicanas. Tais factos demonstram que

    os sistemas de controlo interno possuem deficincias que os impedem de garantir de forma razovel,

    eficiente, eficaz e qualitativa, a gesto e a prestao de servios pelos rgos pblicos. Diante destes

    factos a questo que se coloca a presente pesquisa :

    Ser que a Gesto de Tesouraria feita de uma maneira eficiente e eficaz luz do Sistema de

    Controlo Interno, de modo a cumprir com os procedimentos e polticas determinadas pela gesto?

    1.3 Relevncia da pesquisa

    A relevncia desta pesquisa em relao ao Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria

    resultado do interesse de aprofundar o conhecimento no tema escolhido, traduzindo-se na

    oportunidade de incrementar o aprendizado em assuntos correlatos administrao pblica, na

    constituio de uma actividade imprescindvel a todo esforo humano colectivo pela busca dos

    objectivos firmados. Donde que, se no existe controlo significado de que a administrao pblica

    no tem como mensurar o cumprimento de metas nem a execuo de oramentos, pela inobservncia

    de um dos intrnsecos instrumentos da administrao.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 5

    Neste contexto, importa ressaltar a expanso dos limites das aces de controlo para alm do

    conhecimento de eficincia, incluindo-se tambm o conceito de eficcia dos resultados. Assim, o

    controlo interno em uma entidade desempenha como maior objectivo, a proteco do patrimnio

    constituindo de igual modo uma ferramenta de apoio a contabilidade, o que releva a necessidade de

    estudos direccionados nessa rea, tendo em vista a importncia de um Sistema de Controlo Interno que

    evidencie indicadores de excelncia na execuo das polticas pblicas.

    Outra justificativa, deve-se fundamentalmente pela relevncia na rea do conhecimento sobre o

    controlo interno nas instituies pblicas, uma vez que a bibliografia que retrata sobre esse assunto se

    volta mais amplamente para discusses no mbito das instituies privadas, o que confere a escassez

    de publicaes inerentes ao tema.

    1.4 Objectivos

    Os objectivos podem ser divididos em final ou intermedirios, ou geral e especficos.

    1.4.1 Objectivo geral

    Segundo BEUREN (2003:65), O objectivo geral indica uma aco ampla, por isso mesmo deve ser

    elaborado com base na pergunta da pesquisa. Assim, com base nesses conceitos, definiu-se como

    objectivo geral da presente pesquisa o seguinte:

    Analisar a importncia do controlo interno como um instrumento que proporciona

    Administrao Pblica, uma boa gesto dos fundos pblicos atravs de um controlo eficiente e

    eficaz dos recursos.

    1.4.2 Objectivos especficos

    De acordo com BEUREN (2003:53), os objectivos especficos devem escrever aces

    pormenorizadas, aspectos especficos para alcanar o objectivo geral estabelecido.

    Ainda BEUREN (2003:56), refere que, tanto objectivo geral como os objectivos o especficos

    precisam manter coerncia entre si, o que pressupe a harmonizao entre eles e a subordinao destes

    em relao quele. Desde j, tm-se como objectivos especficos:

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 6

    Caracterizar as polticas e procedimentos usados no processo administrativo das receitas e

    despesas pblicas;

    Apresentar e descrever as caractersticas e importncia do controlo interno na gesto das

    receitas e despesas pblicas;

    Avaliar os controlos internos e seus sistemas na gesto de tesouraria em empresas pblicas.

    1.5 Hiptese

    Hiptese uma soluo provisria ao problema levantado e, consequentemente, uma provvel soluo

    ao tema central. De acordo com GIL (2002:30), hiptese uma explicao susceptvel de ser declarada

    verdadeira ou falsa.

    O controlo interno no sector pblico um mecanismo atravs do qual a entidade avalia o cumprimento

    das metas previstas no oramento planeado, comprova a legalidade e avalia os resultados de acordo

    com os princpios que regem a administrao pblica, controlo a gesto dos recursos pblicos,

    servindo de apoio aos controlos administrativos, aos gestores e ao controlo interno. Assim, pelo facto

    de que o oramento pblico pode ser uma ferramenta do controlo interno na administrao pblica e

    com base na anlise dos conceitos e objectivos do controlo interno, pretende-se validar a hiptese que

    a seguir se apresenta:

    Ho: Os procedimentos e regulamentos do sistema de controlo interno, convergem com os

    instrumentos das boas prticas de governao corporativa, quanto a gesto dos recursos pblicos.

    1.6 Metodologia

    A escolha do delineamento deve considerar o pressuposto que orienta a pesquisa. Neste estudo,

    definiu-se o seguinte pressuposto: Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria, no que

    vai cingir na descrio da importncia do controlo interno na gesto pblica com o intuito de

    apresentar possveis solues, visando eliminar ou minimizar os efeitos resultantes da problemtica

    hoje existente, relacionados nfase dada ao aspecto legal e formal da gesto, ao da avaliao da

    aco dos gestores pblicos.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 7

    Assim, a pesquisa poder ser enquadrada na tipologia descritiva, de acordo com GIL (2002:45), tem

    como objectivo primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou,

    ento, o estabelecimento de relaes entre variveis.

    No que concerne aos procedimentos, refere-se a uma pesquisa bibliogrfica. Segundo MARTINS

    (1990:23), a que se efectua para se resolver problema ou adquirir conhecimentos a partir de consultas

    a livros, artigos, jornais, entre outros. Tem como objectivo recolher, seleccionar, analisar e interpretar

    as contribuies tericas j existentes sobre determinado assunto.

    Assim, uma vez que o estudo consistiu na colecta, seleco, anlise e interpretao da literatura

    pertinente ao assunto, composta de livros, manuais, teses, dissertaes, artigos cientficos, sites

    especializados de internet, e mais, a pesquisa de carcter bibliogrfico que se prender no

    esclarecimento sob ponto de vista terico nos conceitos de controlo interno e sistemas de controlo

    interno aliados a sua importncia na gesto pblica, uma vez que defendem o patrimnio pblico,

    assegurando o cumprimento dos procedimentos previstos, prevenindo, detectando e corrigindo erros.

    A pesquisa tambm pode ser classificada como documental, pois conforme conceitua BEUREN

    (2003:89):

    A pesquisa documental vale-se de matrias que ainda no receberam nenhuma anlise

    aprofundada. Esse tipo de pesquisa visa assim, seleccionar, tratar e interpretar a informao

    bruta, buscando extrair algum sentido dela e introduzir-lhe algum valor, podendo desse modo,

    contribuir com a comunidade cientfica a fim de que outros possam voltar a desempenhar

    futuramente o mesmo papel.

    Para a elaborao do trabalho proposto, foram consultados colectneas bibliogrficas sobre os assuntos

    relacionados ao tema central, que a Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria na

    Empresa Pblica, alm da consulta aos instrumentos legais pertinentes ao tema.

    1.7 Resultados esperados

    No final, espera-se que esta pesquisa possa possibilitar novas dimenses e tratamento conferidos ao

    objecto de estudo, servindo como base para direccionar novas pesquisas. Assim sendo, no h

    pretenses de exaurir toda a problemtica que envolve o tema, mas sim apresentar concisamente uma

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 8

    anlise, reflexo e discusso com base na literatura pertinente, pois se considera o controlo interno

    como ferramenta fundamental da gesto pblica.

    1.8 Limitaes

    As limitaes podem ser os entraves encontrados para a consecuo da pesquisa. Podem ser

    dificuldades encontradas que podem inviabilizar a resoluo do problema. A partir desta acepo de

    limitao embora o tema controlo interno seja de grande importncia para as entidades, tanto

    pblicas ou privadas, os resultados obtidos no so muito divulgados, configurando-se assim, numa

    limitao para o presente estudo.

    Houve limitao na recolha de informaes, uma vez que a empresa encontrava-se ainda agitada,

    devido aos ltimos acontecimentos de desvios de fundos do errio pblico. Da que os entrevistados e

    outros funcionrios receavam muito em disponibilizar dados ou informaes relacionados com o tema

    em apreo, facto que fez com que o trabalho de licenciatura levasse mais tempo do que previsto.

    Outra limitao para a presente pesquisa a pouca divulgao da obrigatoriedade de se manter, na

    administrao pblica, sistemas integrados de controlo interno. A pouca divulgao de informaes

    sobre o controlo interno por parte das entidades pblicas, faz com que o controlo interno, em muitos

    casos, ocorra de maneira no estruturada e por vezes pretextando o cumprimento da lei.

    1.9 Estrutura do trabalho

    O trabalho composto por V Captulos. Sendo que no Captulo I, se tem a introduo que

    contextualiza a importncia dos instrumentos de controlo interno na Administrao Pblica, no que

    tange a transparncia, eficincia e eficcia na aplicao dos recursos pblicos. Em seguida, apresenta-

    se o problema de pesquisa quanto ao cumprimento de polticas e procedimentos pela gesto, relevando

    o controlo como um instrumento de mensurao para o cumprimento de metas estabelecidas. Ainda no

    mesmo captulo, encontram-se plasmados os objectivos e a hiptese a ser validada no culminar do

    trabalho, a metodologia que foi usada para a pesquisa tendo em conta os pressupostos definidos, assim

    como os resultados esperados e as limitaes para a realizao desta pesquisa.

    O Captulo II, trata da reviso bibliogrfica de vrias obras com maior enfoque ao controlo interno e

    sistemas de controlo interno, onde se apresenta diversos conceitos e interpretaes, tendo como

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 9

    referncia vrias obras e documentos que de uma forma generalizada, abordam assuntos relacionados

    com o tema em apreo. J no Captulo III, debrua-se matria relacionada com a administrao pblica

    e controlo interno, onde se faz meno das funes e importncia do controlo interno, bem como dos

    princpios norteadores na administrao pblica.

    No IV Captulo, tem-se a confrontao dos assuntos retratados nos captulos anteriores, atravs da

    apresentao de um estudo de caso nos Aeroportos de Moambique, E.P. Para terminar, no Captulo

    V, o presente trabalho apresenta as concluses e recomendaes dos assuntos retratados no tema

    causa, sendo a bibliografia e anexos apresentados nos Captulos VI e VII, respectivamente.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 10

    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1 Controlo Interno e Sistema de Controlo Interno

    2.1.1 Conceitos e interpretao

    Controlo interno compreende a plano de organizao e todos os mtodos e medidas adoptados na

    empresa para salvaguardar seus activos, verificar a exactido e confiabilidade de dados contabilsticos,

    promover a eficincia operacional e fomentar o respeito s polticas administrativas fixadas pela

    gesto (Comit de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contabilistas Pblicos

    Certificados (American Institute of Certified Public Accountants AICPA).

    O controlo interno um instrumento de gesto que utilizado para proporcionar uma garantia

    razovel de que se cumpram os objectivos estabelecidos pela direco (Organizao Internacional das

    Entidades Fiscalizadoras Superiores INTOSAI).

    O controlo interno numa entidade desempenha como maior objectivo, a segurana do patrimnio, alm

    de gerar eficincia no alcance do objectivo social o que se manifesta como resultado e obviamente

    ferramenta de apoio contabilidade. Sendo que a partir de um sistema de controlo interno, procura-se

    evitar desvios, perdas e desperdcios, assegurando de uma forma razovel o comprimento de normas

    administrativas e legais e proporcionando a identificao de erros, fraudes e seus respectivos

    responsveis.

    Assim, segundo ATTIE (1998:114), sob uma ptica empresarial, o controlo interno visa os seguintes

    objectivos:

    Salvaguardar e proteger seus activos;

    Verificar o grau de confiabilidade e exactido dos registos contabilsticos;

    Promover a eficincia operacional.

    A International Organization of Supreme Audit Institutions (INTOSAI), preocupada com a

    administrao pblica, promoveu em vrios pases uma pesquisa sobre o uso de controlos internos,

    cujo resultado ficou consolidado no Guia para Normas de Controlo Interno, na qual define controlo

    interno como sendo:

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 11

    Todo o sistema de controlos financeiros e de qualquer outra natureza da entidade, ()

    incluindo a estrutura organizacional, os mtodos, os procedimentos e a auditoria

    interna, estabelecido pelos administradores segundo os objectivos da entidade, que

    contribuem para que ela seja regularmente administrada de forma econmica,

    eficiente e eficaz, garantindo, assim, a observncia de polticas determinadas pela

    administrao, salvaguardando bens e recursos, assegurando a fidelidade e

    integridade dos registos contabilsticos e produzindo informaes financeiras e

    gerncias confiveis e tempestivas. (INTOSAI, 1992).

    Segundo o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO)1 apud

    ATTIE (1998:110), o Controlo Interno definido como sendo o processo levado a cabo pelo Conselho

    de Administrao, Direco e outros membros de uma organizao, com o objectivo de proporcionar

    um grau de confiana razovel na concretizao dos seguintes objectivos:

    a) Eficcia e eficincia dos recursos objectivo do alcance bsico das metas de desempenho e

    rentabilidade da entidade, com meno a salvaguarda dos activos;

    b) Fiabilidade da informao financeira para este objectivo, as demonstraes financeiras

    devem reflectir transaces reais, consignadas pelos valores reais e enquadramentos

    correctos; e

    c) Cumprimento das leis e normas estabelecidas observncia da aplicabilidade das normas

    que a entidade est sujeita (Compliance).

    Afirma ainda que, Controlo Interno compreende o plano de organizao dos mtodos e medidas,

    adoptadas pela empresa, para proteger seu patrimnio, verificar a exactido e seus dados

    contabilsticos fidedignos, promover a eficincia operacional e encorajar a adeso poltica traada

    pela administrao.

    Ainda ATTIE (1998:111), o controlo interno compreender todos os meios planeados pela empresa

    para dirigir, restringir, governar e conferir suas vrias actividades com o propsito de fazer cumprir os

    seus objectivos.

    1 Internal Control Integrated Framework Disponvel em:

    http://www.coso.org/publications/executive_summary_integrated_framework.htm, acesso 7/03/2010.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 12

    Atravs destes conceitos, pode-se observar que a alta administrao e os gestores so os responsveis por

    planear, organizar, dirigir e controlar todos os desempenhos da organizao.

    Pode-se observar tambm de forma bastante genrica, que o controlo interno envolve todos os

    processos e rotinas de natureza contabilstica e administrativa, com a ideia de organizar a empresa de

    tal forma que seus colaboradores compreendam, respeitam e faam cumprir as polticas traadas pela

    administrao.

    2.1.2 Factores Integrantes do Controlo Interno

    Pela sua amplitude, o controlo interno, para ser compreendido correctamente deve ser examinado ao

    seu real significado. Dessa forma, MORAIS (2003:18) cita alguns requisitos que devem ser

    observados como factores integrantes do controlo interno:

    Polticas - Compreendem o conjunto de declaraes de carcter administrativo a respeito das

    intenes da organizao em relao a um determinado tema. Podem ser conceituados como guias de

    raciocnio, planeadas para a tomada de deciso em nveis inferiores, decises estas aplicveis a

    situaes repetitivas, tendo em vista canalizar as decises para objectivos estabelecidos. possvel a

    identificao de dois nveis distintos de preocupao em termos do estabelecimento de polticas:

    a) Polticas globais, que afectam todo o comportamento da organizao (polticas estratgicas);

    b) Polticas operacionais, que tm uma menor faixa de influncia e que muitas vezes, aparecem

    como verdadeiras regras de trabalho.

    Objectivos - Devem ser entendidos como seus planos e declaraes estratgicas no amplo

    sentido. O estabelecimento de objectivos precede sempre a escolha das metas e seleco, desempenho,

    implementao e manuteno dos sistemas que tm como finalidade a segurana na consecuo dos

    objectivos.

    Metas - So alvos especficos, quantificados, dentro de sistemas especficos e podem tambm

    ser denominados como metas operacionais, padres operacionais, nvel de desempenho ou resultados

    esperados. Devem ser identificados em cada sistema, claramente definidas, mensurveis, com

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 13

    adequado grau de realismo e consistentes com os objectivos estratgicos. Os riscos de sua no

    realizao devem ser tambm explicitamente reconhecidos.

    Plano de organizao - o modo pelo qual se organiza um sistema. A estrutura organizacional

    necessita corresponder a uma diviso de trabalho adequada e balanceada de forma que sejam

    estabelecidas as relaes de autoridade e responsabilidade entre os vrios nveis, pelas parcelas de

    trabalho exigidas para a consecuo dos objectivos da organizao. Representa, em outras palavras, a

    definio de quem faz o qu, e quem tem autoridade sobre quem na organizao.

    Mtodos e medidas - Estabelecem os caminhos e os meios de comparao e julgamento para

    chegar a determinado fim, mesmo que no tenham sido preestabelecidos formalmente (normas,

    sistemas, manuais de servio e rotinas). A organizao como um todo pode ser caracterizada como a

    conjuno de vrios subsistemas. Cada um dos subsistemas, por sua vez, compe-se de uma cadeia de

    procedimentos destinados a gerar e registar informaes finais. O planeamento de um sistema, alm de

    resultar num sistema eficiente, prtico, econmico e til, deve levar em conta a definio de

    procedimentos especficos destinados a promover o controlo sobre as operaes e as actividades

    preferencialmente formalizadas atravs de manuais.

    Proteco do patrimnio - Compreende a forma pela qual so salvaguardados e defendidos os

    bens e direitos da organizao (custdia, controlo e contabilizao de bens, normas, e mais).

    Exactido e fidedignidade dos dados contabilsticos - Correspondem a adequada preciso e

    observncia aos elementos dispostos na contabilidade. A classificao dos dados dentro de uma

    estrutura formal de contas, seguida da exactido de um plano de contas que facilite o seu registo,

    preparao e contabilizao de um manual descritivo do uso das contas conjugado definio de

    procedimentos que possibilitem a anlise, conciliao e a soluo tempestiva de quaisquer

    divergncias so elementos significativos para a expresso da fiel escriturao contabilstica (Plano

    Geral de Contas, regras de contabilizao, manuais de servios, conciliao contabilstica dos diversos

    sistemas com a contabilidade e levantamento de contas no escrituradas electronicamente).

    Eficincia operacional - Compreende a aco ou fora a ser posta em prtica nas transaces

    realizadas pela organizao. A definio de adequado plano de organizao aliada aos mtodos e

    procedimentos bem definidos, assim como a observao de normas convenientes no cumprimento dos

    deveres e funes com a existncia de pessoal qualificado, treinado para desenvolver suas actividades

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 14

    e adequadamente supervisionado por seus responsveis, tendem a implementar a desejada eficincia

    nas operaes.

    Logo, de uma forma isolada ou agregada a maior parte desses requisitos podero contribuir de uma

    forma positiva, para um funcionamento efectivo do Sistema de Controlo Interno.

    2.1.3 Tipos de Controlo Interno

    Segundo o AICPA, apud COSTA (2000:140) o controlo interno na empresa pode ser bem amplo,

    assim, pode-se caracteriz-lo em dois grandes grupos: Administrativo e Contabilstico.

    Controlo Interno Administrativo Inclui, embora no se limite, o plano de organizao e os

    procedimentos e registos que se relacionam com os processos de deciso que conduzem autorizao

    das transaces pelo rgo de gesto.

    Controlo Interno Contabilstico - Compreende o plano da organizao relacionado com a proteco

    dos bens, direitos e obrigaes da empresa e a fidedignidade dos registos financeiros. De modo que,

    consequentemente, proporcionem uma razovel certeza de que:

    a) As transaces so executadas de acordo com uma autorizao geral ou especfica do rgo de

    gesto;

    b) As transaces so registadas de modo a:

    i. Permitirem a preparao de demonstraes financeiras em conformidade com o PCGA2

    ou com qualquer outro critrio aplicvel a tais demonstraes;

    ii. Manterem um controlo sobre os activos;

    c) O acesso aos activos apenas permitido de acordo com autorizao do rgo de gesto;

    d) Os registos contabilsticos dos activos so periodicamente comparados com esses mesmos

    activos, sendo tomadas aces apropriadas sempre que se encontrem quaisquer diferenas.

    2 Princpios de Contabilidade Geralmente Aceites.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 15

    2.2 Tcnicas de Controlos Internos

    Para CAVALHEIRO e FLORES (2007:38), algumas tcnicas de controlos internos devem estar

    inseridas nas rotinas das pessoas e unidades administrativas para que se alcancem os objectivos do

    controlo. Assim, dentre vrias tcnicas de controlos internos existem algumas que se requerem que

    sejam obrigatoriamente institudas por qualquer sistema de controlo interno, a saber:

    Autorizao - uma tcnica que consiste em limitar determinadas operaes mediante

    autorizao de pessoa diferente da que executa a tarefa.

    Correlao - Esta consiste em conciliar saldo de contas contabilsticas, ou ainda, a correlao

    existente entre dados e informaes. Exemplo: conciliao bancria, inventrios fsicos e

    contabilsticos, arrecadao de impostos no sector tributrio e os valores lanados na

    contabilidade, a aquisio de bens patrimoniais no sector de patrimnio e os valores

    contabilizados.

    Numerao sequencial - uma forma de controlo bastante simples que consiste em enumerar

    sequencialmente determinado documento, com o objectivo de assegurar a integridade do

    processo, como pedidos e autorizaes.

    Controlo de totais - O controlo de totais consiste em confrontar as somas dos valores que

    importam em conferncias de forma a assegurar-se que todas as transaces foram executadas.

    Operaes pendentes - Consistem em registar as operaes omissas de um processo e criar

    rotinas de verificao dessas operaes.

    Dupla verificao - um dos mecanismos elementares para detectar erros, consistindo na

    repetio ou nova execuo em detalhes da actividade sujeita a controlo. Pode ser efectuada

    pela mesma pessoa, todavia, o nvel de confiana aumenta quando a aco realizada por

    outra. a implementao da cultura do fazer e conferir at o momento em que haja o

    comprometimento das pessoas em se concentrarem e fazer certo da primeira vez. Mesmo

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 16

    assim, na prtica, sabe-se que h necessidade da conferncia e esta cultura deve ser fomentada,

    evitando que no haja preocupao de cada pessoa com a eficcia do processo.

    Controlo prvio - Esta tcnica ou mecanismo difere da dupla verificao, porque realizado

    antes desta e envolve a avaliao de juzo da transaco. Exemplo: controlo da emisso da nota

    de desempenho.

    Anlise de balanos - A anlise das demonstraes contabilsticas da organizao pode revelar

    importantes itens de controlo ou a sua ausncia, principalmente a anlise da evoluo de

    ndices e indicadores onde as alteraes significativas devem ser investigadas.

    Indicadores de desempenho - Os ndices de desempenho nos processos devem ser criados e

    analisados e, assim como a anlise de balano, essa rotina revela desvios de comportamento e

    pode indicar desvios de controlos.

    2.3 Princpios e regras para organizao do Sistema de Controlo Interno

    A finalidade do controlo da Administrao Pblica, em sentido amplo, de verificar se o gestor aplica

    os recursos que lhes so repassados de maneira responsvel, eficiente e moral. Contudo, o controlo no

    se restringe apenas s aplicaes de recursos, ele tem enfoque tambm sobre a gesto da coisa pblica.

    Ele deve actuar tambm na avaliao de resultados no que diz respeito eficcia e eficincia da gesto

    financeira, oramentria e patrimonial da Administrao Pblica, directa ou indirecta, assim como na

    verificao da eficcia e eficincia da aplicao de recursos por entidades privadas, quando aqueles

    so oriundos de ente pblico.

    Nessa ordem de ideias, CAVALHEIRO e FLORES (2007:34-38), citam vrios princpios e regras que

    concorrem para uma plena organizao do sistema de controlo interno, a saber: segurana razovel,

    integridade e competncia, acompanhamento dos controlos, organizao, registo oportuno, sistema de

    autorizao e execuo, segregao de funes, acesso restrito, determinao das responsabilidades,

    normalizao, comunicao interna, cumprimento da legislao e proteco dos activos.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 17

    Segurana razovel - O sistema de controlo interno deve oferecer a segurana razovel de que os

    objectivos gerais da organizao sero cumpridos. Para tal, h que ter um nvel satisfatrio de

    confiana por meio da garantia da independncia profissional dos integrantes e dos departamentos.

    Mesmo que se reconhea como metodologias existentes a Unidade de Controlo Interno ou a

    Contabilidade de Gesto3, ambas integrando funes por vezes conjuntas de controlos e auditoria

    ou auditoria e contabilidade em benefcio do princpio da segregao de funes, estas tarefas

    devem ser desempenhadas, por medida de segurana, por diferentes departamentos e independentes. A

    Auditoria deve reportar-se alta gesto e ser independente da Contabilidade de Gesto. A

    Contabilidade de Gesto organiza os controlos contabilsticos e a relao destes com os outros

    departamentos, sendo que a auditoria recomenda-se que seja desempenhada por departamento de

    auditoria independente.

    Ainda em volta do princpio da segurana dos controlos que no se recomenda que a coordenao

    dos departamentos de auditoria (principalmente) e de contabilidade de gesto sejam ocupados por

    pessoal que no seja de provimento efectivo da instituio.

    Integridade e competncia - Os chefes, directores e colaboradores devem caracterizar-se por sua

    integridade pessoal e profissional, possuir um nvel de competncia que lhes permita entender a

    importncia de desenvolver, implantar e manter controlos internos apropriados, assim como alcanar

    os objectivos gerais traados para os mesmos controlos. Neste mbito, o incentivo educao formal e

    formao profissional deve ser constante. Tomando de princpio que pessoas instrudas e educadas

    podem entender com mais facilidade a finalidade dos controlos.

    Acompanhamento dos controlos - O tempo passa, os sistemas de controlos tambm modificam-se.

    Mesmo os procedimentos que antes eram eficazes podem tornar-se obsoletos devido ao envolvimento

    de novas tecnologias, admisso ou demisso do pessoal, assim como modificaes nos processos. Da

    que, importante que haja rotinas de verificao e acompanhamento constante do sistema de controlo

    interno, contudo, ser fundamental e recomendvel que as verificaes se faam em separado.

    3 rgo administrativo responsvel pela gesto econmica da empresa.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 18

    As constantes rotinas fazem parte do prprio sistema de controlo e devem estar inseridas no seu

    planeamento. Consistem em testar permanentemente os sistemas de controlos, mediante relatrios e

    suas correlaes ou evolues relativas a ndices de desempenho. Por exemplo, o relatrio de gastos

    com veculos verificado por pessoa diferente da que elabora o relatrio e esta tem a responsabilidade

    de identificar desvios de comportamento no consumo de combustveis. Ocorrendo alteraes, devem

    ser investigadas e podem revelar deficincias no controlo interno. Indicadores de desempenho nos

    processos so excelentes instrumentos de avaliao dos controlos internos. conveniente que para

    todos os processos sejam criados indicadores para medir sua eficcia e eficincia.

    Ocorrendo desvios no sistema de controlo interno, devem ser sempre investigados e podem indicar

    deficincias ou melhorias necessrias nos controlos. Esses desvios podem ser alcanados por exemplo,

    com o processo de compra, desde o pedido at a chegada do material, em relao ao tempo que o

    processo leva na organizao, assim como o prazo mdio de compras (tempo para pagamento), no qual

    os desvios em comparaes com os tempos e prazos mdios histricos podem indicar problemas ou

    novas necessidades de controlos internos.

    A avaliao em separado dos controlos internos serve no s para testar a eficcia dos controlos, mas

    inclusive para testar a eficcia das verificaes constantes, ou seja, da auto-adaptao dos controlos. A

    funo de avaliao em separado dos controlos internos feita pela auditoria interna e/ou externa.

    Organizao - Na estrutura do controlo interno, todas as transaces e os factos significativos devem

    estar claramente documentados, e a documentao deve estar sempre disponvel para exame. Mais

    difcil do que guardar os documentos encontr-los quando se necessita deles. Por isso, importante

    que a instituio tenha conscincia que um sistema de digitalizao de documentos e informatizao

    sobre a localizao electrnica e fsica dos documentos essencial para a economia e segurana da

    organizao. Muitas instituies chegam a adjudicar contratos para a guarda de documentos, o que

    um desperdcio.

    Registo oportuno - As transaces e os factos significativos devem ser prontamente registados e

    adequadamente classificados. Contabilizao e outros registos administrativos em atraso apontam para

    falta de controlos internos ou sua ineficincia.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 19

    Sistemas de autorizao e execuo - As transaces e factos relevantes devem ser autorizados e

    executados somente por pessoas que actuem no mbito de sua competncia. As permisses de acesso a

    sistemas, softwares ou a determinados documentos e informaes devem ser claras e obedecidas, alm

    de atender ao princpio da segregao de funes. Todas as referncias sobre o sistema de autorizao

    e execuo devem ser feitas no manual de organizao do sistema de controlo interno.

    Segregao de funes - As tarefas e responsabilidades essenciais ligadas autorizao, ao

    processamento, ao registo e reviso das transaces e factos devem ser distribudas entre diferentes

    pessoas e/ou unidades administrativas, a fim de reduzir os riscos de erros, fraudes e desperdcios. O

    trabalho de uma pessoa ou unidade deve ser automaticamente verificado por outra nos fluxos normais

    de trabalho. No pode uma nica pessoa ter todo um processo sob o seu domnio, se este domnio

    possibilitar erros, fraudes ou desperdcios no identificveis em seu curso normal.

    Acesso restrito - O acesso a recursos, registos e determinados locais deve ser limitado a pessoas

    autorizadas, responsveis por custdia ou uso, como as do almoxarifado4 e as da tesouraria. Os

    recursos devem ser confrontados com os registos peridicos, para assegurar a responsabilidade e

    determinar a sua compatibilidade. Por exemplo, numa unidade de cobrana, os valores arrecadados e

    obtidos pelo sistema, devem ser comparados com a arrecadao lanada na Contabilidade.

    Determinao das responsabilidades - Todos devem conhecer os direitos e deveres das pessoas e das

    unidades administrativas, bem como as atribuies de seus cargos com a linha hierrquica claramente

    definida. No h como cobrar responsabilidades se no estiverem claras as atribuies. Ressalta-se

    que, no basta que as pessoas conheam as suas responsabilidades do ponto de vista vertical da

    organizao, mas, sim, que tambm conheam os seus papis nos processos de gesto.

    Normalizao - Todos os procedimentos, processos e documentos devem ser alvo de normalizao ou

    mediante instrues de controlo ou manual de organizao do sistema de controlo interno. A

    organizao do organograma, por exemplo, com definio das atribuies especficas e comuns das

    unidades administrativas, o desenho do fluxo dos processos internos, os manuais de procedimentos

    sectoriais, as rotinas das unidades, bem como as determinaes sobre formulrios, procedimentos,

    4 Lugar destinado armazenagem em condies adequadas de produtos para uso interno, seja em empresas pblicas ou privadas.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 20

    prestaes de contas, devem ser objectos de normalizao. Deve-se ter o cuidado para que as

    normalizaes sobre controlos internos no sejam extensas, que sejam simples e sofram peridica

    reavaliao.

    Comunicao interna - Sistemas de comunicao interna e acesso aos meios de comunicao devem

    ser regulamentados. O uso indiscriminado de sistemas de comunicao electrnica pode ser muito

    prejudicial para a entidade, por provocar perdas de tempo, desestimular o relacionamento pessoal entre

    os servidores em detrimento de mensagens electrnicas, provocar mal-entendidos por mensagens lidas

    e interpretadas equivocadamente, provocar falhas de segurana em sistemas da empresa por

    recebimento de vrus e outros. O acesso internet tambm deve ser regulamentado para evitar abusos.

    Com a expanso dos meios de comunicao, a entidade deve estabelecer os mecanismos de

    comunicao que considera aceitveis e sua utilizao de forma coerente com os objectivos da

    organizao.

    Cumprimento da legislao - O conhecimento sobre a legislao que envolve a entidade essencial

    para os controlos internos. As pessoas envolvidas com a instituio devem dominar a legislao em

    que esto inseridas. Para tanto, deve haver clara determinao sobre que unidades devem cumprir

    determinadas legislaes, bem como manter o acompanhamento sobre as actualizaes ou novidades

    legislativas que interferiram na organizao. Por exemplo, a segurana no trabalho regulamentada e

    no pode haver desconhecimento sobre essa legislao pela parte competente da entidade.

    Proteco dos activos - Proteger os activos significa proteger no apenas o caixa, mas os bens e os

    direitos de qualquer natureza. Determinar as responsabilidades sobre a guarda e proteco dos activos

    item de controlo interno, como, por exemplo, estabelecer qual a unidade deve preocupar-se com a

    busca de direitos tributrios, com a guarda e conservao dos bens mveis e imveis, seguros,

    sistemas de vigilncia e proteco contra furtos e roubos.

    2.4 Sistemas de Controlo Interno

    Um sistema de Controlo Interno um processo que levado a cabo desde os nveis mais altos de uma

    organizao at aos nveis mais baixos, envolvendo desse modo o Conselho de Administrao, as

    direces e outros membros das organizaes.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 21

    Para COSTA (2000:124), o sistema de controlo interno estende-se para alm das matrias que se

    relacionam directamente com as funes do sistema contabilstico e compreendem o ambiente de

    controlo e procedimentos de controlo.

    Entende-se por ambiente de controlo, a atitude global, a consciencializao e as aces dos directores

    e administradores relativamente ao sistema de controlo interno e sua importncia para a empresa.

    Quanto aos procedimentos de controlo significam as polticas e os procedimentos que, para alm do

    ambiente de controlo, o rgo de gesto estabeleceu a fim de atingir os objectivos especficos da

    empresa.

    Sendo que para a NIR5 400 (parg. 08), um Sistema de Controlo Interno, significa todas as polticas e

    procedimentos (Controlo Interno) adoptados pela gerncia de uma entidade para contribuir para a

    obteno do objectivo da gerncia de assegurar, tanto quanto praticvel a conduo ordenada e

    eficiente do seu negcio, incluindo a aderncia as polticas de gesto, a salvaguarda de activos, a

    preveno e deteco de fraudes e erros, e o rigor da plenitude dos registos contabilsticos, e

    preparao tempestiva de informao financeira credvel.

    De acordo com as citaes acima, pode-se sinteticamente, concluir-se que um sistema de controlo

    interno possibilita a manuteno de um procedimento clere e actualizado de informaes

    administrativas e financeiras que torna eficiente e segura a tomada de decises e proporciona maior

    tranquilidade ao gestor pblico em relao aos actos que possam ser praticados por seus subordinados.

    2.4.1 Componentes do Sistema de Controlo Interno

    Segundo o COSO (1992), o sistema de controlo interno composto de cinco componentes inter-

    relacionadas, que derivam da forma como a gesto gere o negcio e de como so integradas no

    processo de gesto. O modelo do COSO considera que as componentes do controlo formam um

    sistema integrado, que reage dinamicamente, face a condies de mudana. Essas componentes so as

    seguintes:

    O ambiente de controlo que significa a atitude geral, a consciencializao e as aces da gesto

    e do rgo de gesto a respeito do sistema de controlo interno e a sua importncia dentro da

    5 Norma Internacional de Reviso/Auditoria. IFAC.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 22

    entidade e que d a tnica a uma organizao, influenciando a conscincia de controlo do seu

    pessoal. o ponto de partida para os outros componentes do controlo interno, proporcionando

    disciplina e estrutura;

    A avaliao do risco a identificao e anlise pela entidade dos riscos relevantes para a

    realizao dos seus objectivos, formando a base para a determinao de como os riscos devem

    ser geridos;

    As actividades de controlo so as polticas e os procedimentos que ajudam a assegurar que os

    objectivos da gesto so executados, minimizando o risco. As actividades de controlo incluem

    controlos do tipo preveno, deteco, orientao, correco, compensao, informticos e de

    gesto;

    A informao e comunicao a identificao, recolha e troca de informao de forma a

    permitir a todos levarem a cabo as suas responsabilidades e;

    A Superviso que o processo que avalia a qualidade do desempenho do controlo interno ao

    longo do tempo. A auditoria interna desempenha um papel importante como rgo ideal de

    superviso.

    2.4.2 Caractersticas do Sistema de Controlo Interno e Suas Actividades

    Segundo a INTOSAI, as actividades de controlo representam as aces e procedimentos estabelecidos

    pela organizao, direccionados gesto do risco detectado. Para que tais actividades sejam efectivas

    devem ser apropriadas, funcionar de um modo consistente de acordo com o plano traado durante o

    perodo, ter um custo efectivo, razoabilidade e integrao com os objectivos gerais.

    Por regra, as actividades de controlo so classificadas em preventivas e detectivas, consoante o fim

    para o qual foram estabelecidas. Assim, as preventivas so destinadas a evitar que um determinado

    erro ocorra, e as detectivas destinadas a identificar o evento que porventura tenha acorrido. Na prtica,

    as actividades detectivas actuam como factor de medida da eficincia das actividades preventivas.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 23

    As actividades de controlo acontecem em todos os nveis da organizao e etapas da gesto. A relao

    das aces de controlo comporta uma srie de polticas e procedimentos de diversos aspectos, em que

    vrios autores classificam como caractersticas ou princpios de controlo.

    Assim, segundo ATTIE (1998:15), as caractersticas do controlo interno compreendem:

    Plano de organizao um plano simples que se deve prestar ao estabelecimento de linhas

    claras de autoridade e responsabilidade. Um elemento importante em qualquer plano de

    organizao a independncia estrutural das funes de operaes, custdia, contabilidade e

    auditoria (segregao de funes);

    Entende-se por segregao de funes a separao das actividades de execuo das de controlo

    atendendo ao lema quem faz no controla. Assim, ningum pode ter o controlo completo de uma

    transaco, sob pena de causar vulnerabilidade no sistema.

    A independncia estrutural requer uma separao de funes de tal forma que os registos existentes,

    fora de cada departamento sirvam como controlo das actividades, dentro de departamento. Embora a

    independncia estrutural requeira separao o trabalho de todos os departamentos deve ser integrado e

    coordenado, a fim de possibilitar fluxo suave de trabalho e eficincia da operao.

    Sistema de autorizao e procedimentos de escriturao integrado por um sistema adequado

    de contabilidade para assegurar que as transaces sejam classificadas e registadas com

    respeito a documentos originais, em conformidade com o plano de contas e em tempo

    oportuno;

    Manual de procedimentos - estabelece os procedimentos operacionais e contabilsticos,

    polticas e instrues que normalizam tais procedimentos;

    Manual de formulrios e documentos - possibilita padronizar os formulrios, estabelecendo

    seus objectivos, finalidades, nvel de informao que deve conter, usurios emitentes, pontos

    de controlo, critrios e locais de arquivos, devendo conter ainda, campos especficos para

    vistos, assinaturas e autorizaes.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 24

    Estimulo eficincia operacional abrange a competncia do pessoal, baseado na capacidade

    tcnica prevista para o cargo, e a responsabilidade para definir claramente os nveis de

    atribuies, de modo que possibilite apurar a responsabilidade por prejuzos ocorridos por

    negligncia, incapacidade tcnica ou fraude; e

    Aderncia s polticas existentes esta aderncia constituda por superviso, indicando que

    os funcionrios devem ser supervisionados por pessoas de reconhecido valor e honra, e

    auditoria interna para actuar na organizao como um factor de persuaso, pelo facto de os

    subordinados saberem que esto sendo monitorados.

    2.4.3 Riscos nos Sistemas de Controlo Interno

    De acordo com CAVALHEIROS e FLORES (2007:64), os controlos internos no podem ser

    considerados como a salvao da organizao. No significa que a entidade ter sucesso ao possuir

    bons controlos; todavia, o insucesso bem provvel caso no mantenha controlos adequados. Alguns

    riscos rondam qualquer sistema de controlo e podem ser identificados:

    Obsolescncia do SCI6 Mesmo um bom sistema de controlo interno deteriora-se sem

    melhorias constantes, seja por alteraes em legislaes, seja por melhores prticas, evoluo

    tecnolgica; logo, o risco sempre presente e o antdoto a reviso peridica.

    Crena em sistemas perfeitos - No existe sistema de controlo isento de falhas, at porque a

    manuteno dos sistemas feita por pessoas e estas esto sujeitas a falhas.

    Rotina - A aco rotineira das pessoas quanto aos controlos pode impedir que se preste ateno

    em determinadas actividades que se afastam das melhores prticas, devido fadiga, ao mau

    julgamento, distraco.

    6 Sistema de Controlo Interno.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 25

    M-f - Os mais perfeitos controlos podem ser estudados no sentido de encontrar falhas por

    deliberao das pessoas que fazem parte ou supervisionam os controlos, para a satisfao de

    interesses pessoais.

    Conluio - Duas ou mais pessoas agindo deliberadamente para fraudar o maior inimigo de

    qualquer sistema de controlo. O conluio pode envolver pessoas de dentro e de fora da

    organizao.

    Custo/benefcio dos controlos - O benefcio advindo do controle deve ser maior que o custo do

    controle, sob pena de inviabiliz-lo no ponto de vista econmico.

    Contudo, alguns controlos estratgicos, mesmo que um pouco onerosos, podem ser mantidos se

    houver objectivo de preservao da cultura dos controlos, e estudado caso a caso.

    2.5 Medidas de controlo interno sobre as disponibilidades

    Para COSTA (2000:247-252), dos activos da empresa, as disponibilidades (sobretudo a nvel dos

    meios monetrios) so os mais vulnerveis a ponto de, eventualmente, serem objecto de utilizao no

    apropriada por parte das pessoas que, a qualquer nvel, trabalhem nessa empresa. evidente que a

    dimenso da empresa determinar, de forma significativa, o sistema de controlo a implementar,

    incluindo necessariamente a segregao das funes, a qual deve sempre existir entre as pessoas

    encarregadas do manuseamento de valores (Caixas; Tesoureiros; cobradores) e as pessoas que tm a

    seu cargo os registos contabilsticos desses mesmos valores (Guarda-livros; Escriturrios). Assim,

    seguem-se alguns aspectos que podero ser seguidos nesta rea.

    2.5.1 Pagamento em dinheiro

    De uma forma geral, os pequenos pagamentos efectuados pelas empresas devem apenas ser em

    dinheiro, devendo neste caso os pagamentos normais a terceiros serem realizados via bancos. Os

    pequenos pagamentos a dinheiro, referem-se a despesas midas, tais como, selos fiscais e de correios,

    transportes pblicos, txis, e demais.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 26

    2.5.1.1 Fundo fixo de caixa

    Dever-se- constituir um fundo fixo de caixa o qual dever ser reposto periodicamente quando o

    numerrio em caixa atinja um limite que se considere mnimo.

    Sempre que cada pagamento seja feito da caixa pequena, o seu responsvel dever constatar a

    autenticidade do documento que origina e verificar se o mesmo foi devidamente aprovado, aps disso

    que o poder registar na chamada folha de caixa, depois de lhe ter aposto um carimbo de PAGO.

    Na altura da reposio do fundo dever-se- emitir um cheque nominativo, ordem do responsvel do

    fundo (o qual dever ser apenas uma pessoa), pelo valor correspondente aos documentos entretanto

    pagos. Os documentos sero devidamente contabilizados nas respectivas contas de custo nessa data.

    Por tal motivo, e independentemente do perodo estabelecido para a reposio do fundo, dever-se-

    estabelecer que o mesmo ser reposto no ltimo dia de cada ms para que, quela data, no sejam

    considerados em disponibilidades custos j incorridos. O uso de caixa pequena em sistema de fundo

    fixo possibilita algumas vantagens, a saber:

    - Limita a um valor determinado (dependendo do tipo de empresa e/ou do volume de transaces) o

    mximo do numerrio existente em caixa e facilita as contagens de surpresa caixa uma vez que, em

    qualquer momento, o somatrio do numerrio existente com os documentos pagos e no resgatados

    ter de ser, forosamente, igual ao limite estabelecido.

    claro que as circunstncias especficas de cada actividade, podero ditar para que dentro da mesma

    empresa possa existir mais caixa pequena, cada uma com seu responsvel. Nas mdias ou pequenas

    empresas, a responsabilidade da caixa pequena, poder ser adstrita a uma secretria ou recepcionista.

    2.5.2 Pagamento via bancos

    As empresas devem efectuar os seus pagamentos normais a terceiros (fornecedores, empregados,

    Administrao Fiscal, segurana social, entre outros) atravs dos bancos, utilizando uma das seguintes

    formas: cheques, transferncias bancrias ou ordens permanentes de pagamento.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 27

    2.5.2.1 Pagamento por cheques

    A emisso dos cheques relativos a pagamentos a terceiros deve estar a cargo de um empregado

    responsvel o qual dever providenciar no sentido de ficar com uma cpia de cada cheque emitido.

    Todos os cheques devero ser emitidos ao nominado e cruzados ou barrados, devendo o espao

    frente do nome do beneficirio ser inutilizado com um trao horizontal.

    Cada cheque dever ser assinado por duas pessoas, cujas funes sejam independentes. Os cheques s

    devem ser assinados na presena dos respectivos documentos de suporte, previamente conferidos,

    devendo a primeira pessoa que assina verificar, rubricando, a concordncia do valor e o beneficirio e

    a segunda pessoa proceder (ou mandar proceder na sua presena) aposio de um carimbo de

    PAGO em tais documentos a fim de evitar que os mesmos possam ser apresentados, com outro

    cheque, a outras pessoas com poderes de assinatura.

    Os cheques em branco devem estar guarda de um empregado responsvel e em lugar seguro. Quando

    por qualquer motivo, se anula um cheque j emitido deve o mesmo ser arquivado depois de se lhe

    destrurem as assinaturas, no caso de o mesmo j estar assinado.

    Por razes de segurana, nunca devem ser assinados cheques em branco. A alternativa ser alargar o

    nmero de pessoas com poderes de assinatura. Nos casos em que for de todo impossvel seguir este

    procedimento, a forma de minimizar o perigo de sacar um cheque em branco ser cruzar e escrever o

    nome do beneficirio.

    2.5.2.2 Pagamento por transferncia bancria ou por conta.

    Ao contrrio de efectuar pagamentos a terceiros atravs de cheque, a empresa poder recorrer

    transferncia, sendo que o mesmo sistema oferece algumas vantagens, a saber:

    A ordem de transferncia pode ser feita atravs de uma carta previamente preparada e

    padronizada;

    A ordem de transferncia pode ser colectiva, isto , a empresa d instrues ao seu banco para

    transferir, por dbito da sua conta e para crdito das contas dos diversos beneficirios, as

    importncias mencionadas;

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 28

    As pessoas que assinam a ordem de transferncia s tm de assinar uma vez, ao contrrio do

    que acontece no caso de os pagamentos serem feitos por cheques;

    O lanamento a crdito da conta de depsitos ordem, feito pelo total das transferncias,

    diferentemente, no caso de cheques tero de ser feitos tantos lanamentos;

    Como resultado da alnea anterior, as reconciliaes bancrias sero muito mais fceis de

    efectuar.

    Logicamente que os cuidados a ter com as assinaturas destas ordens de transferncia devem ser

    idnticos aos que se v no caso de os pagamentos serem efectuados por cheques.

    2.5.2.3 Ordens permanentes de pagamento

    Os pagamentos de determinados servios de tipo repetitivo, podem ser efectuados atravs dos bancos

    desde que a empresa lhes d instrues precisas neste sentido e avise de tal facto as entidades

    prestadoras dos servios.

    Para o pagamento das despesas de gua, electricidade, telefone, telefax, rendas, seguros, quotas,

    assinaturas de jornais e revistas, entre outras, poder se usar ordens permanentes de pagamento.

    Assim, h no entanto, que ter ateno o facto de ser usual mediar um lapso de tempo aprecivel, entre

    a data do dbito na conta por parte do banco e a data de recepo do respectivo recibo ou borderaux. O

    controlo de tais situaes deve ser feito atravs da anlise das reconciliaes bancrias mensais. no

    entanto, aconselhvel existir uma conta bancria especfica para este tipo de pagamentos.

    2.5.3 Reconciliaes bancrias

    As reconciliaes bancrias sero elaboradas mensalmente por um empregado que no pertena

    Seco de Tesouraria e que na Seco de Contabilidade no tenha acesso s contas correntes. Para tal

    dever-lhe-o ser remetidos, directamente do Sector de Correio ou da Secretria-Recepcionista, os

    respectivos extractos bancrios. Tais reconciliaes devero ser feitas previamente com a posio

    diria dos Bancos, devido ao atraso, muito usual, da escriturao das contas correntes.

    As reconciliaes bancrias devem ser feitas de maneira normalizada e devem ser visadas pelo Chefe

    da Contabilidade ou pelo Director Financeiro. Os itens de reconciliao que apaream dois meses

    consecutivos na reconciliao devero ser adequadamente investigados. No caso de se tratar de dbitos

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 29

    e/ou crditos do Banco que no tenham sido contabilizados na Empresa haver que detectar a razo do

    sucedido e, se no existirem ou tiverem sido extraviados os respectivos documentos de suporte,

    solicitar ao Banco as respectivas segundas vias.

    No caso de cheques que h vrios meses permaneam pendentes de levantamento haver que

    contactar por escrito o beneficirio, e se tal no resultar, dever-se- proceder ao seu estorno e instruir o

    Banco no sentido de no proceder ao seu pagamento. Ser emitido um novo cheque se o beneficirio

    reclamar.

    2.6 O controlo interno a nvel internacional O sarbanes-oxley act

    Os escndalos financeiros ocorridos em empresas globais como, entre outras, a Enron, a WorldCom, a

    Parmalat e a Mitsubishi Motors, contriburam decisivamente para uma alterao do status quo da

    organizao empresarial.

    Estes acontecimentos provaram sociedade que imperativo analisar as transaces que esto na

    origem dos registos na contabilidade, sendo que a melhor forma de o fazer atravs da anlise dos

    processos e controlos institudos na empresa. precisamente neste contexto que surge o Sarbanes-

    Oxley Act (doravante abreviadamente denominado por Lei SOX), fundado pelos Senadores Paul

    Sarbanes (Democrata de Maryland) e Michael Oxley (Republicano de Ohio), sendo, provavelmente, o

    mais importante documento legislativo a nvel do mbito, rigor e impacto mundial nesta rea. De seu

    nome oficial Public Company Accounting Reform and Investor Protection Act, foi aprovado pelo

    Congresso dos EUA em Julho de 2002, sendo aplicvel a todas as empresas presentes nos mercados

    accionistas norte-americanos (ex. NYSE, NASDAQ), com o intuito de estabelecer requisitos bastante

    rigorosos na rea de Corporate Governance, nomeadamente na definio do sistema de controlo

    interno e seu funcionamento, e na responsabilidade dos Gestores relativamente fiabilidade das

    Demonstraes Financeiras.

    A Lei SOX veio exigir que as sociedades pblicas dos EUA e respectivas filiais europeias, bem como

    as sociedades estrangeiras registadas num dos mercados bolsistas dos EUA, instalem, no respectivo

    comit de fiscalizao, procedimentos de recepo, aceitao e tratamento das queixas recebidas em

    matria de contabilidade, controlos contabilsticos internos ou outros assuntos nesta rea; e a

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 30

    transmisso confidencial e annima pelos empregados de preocupaes nestas matrias (A Lei

    Sarbanes-Oxley Act, Seco 301 (4)).

    Alm disso, a Seco 806 da Lei SOX prev medidas de proteco contra aces de retaliao aos

    empregados que recorram ao sistema de denncia de infraces com o intuito de apresentar provas de

    fraudes ocorridas em sociedades cotadas na bolsa.

    A Lei SOX prope ainda mudanas importantes no reporting financeiro estabelecendo normas

    relativamente funo de auditoria e seus protagonistas, abordando questes que vo desde a

    explicitao da responsabilidade das Administraes at s penalizaes criminais dos responsveis,

    em caso de no conformidade da informao.

    A Lei SOX privilegia, assim, o papel crtico do controlo interno, como um processo executado pelos

    corpos gerentes ou por outras pessoas da empresa que impulsionam o sucesso dos negcios em trs

    categorias:

    1) Eficcia e eficincia das operaes;

    2) Confiana dos relatrios financeiros;

    3) Cumprimento de leis e regulamentos aplicveis.

    Diante disto, pode-se concluir que, embora com tendncia a ser mais sofisticado nas empresas de

    maior dimenso, nenhuma empresa, por mais pequena que seja, pode exercer a sua actividade sem ter

    institudo um sistema de controlo interno, ainda que menos formal ou sistematizado. Do ponto de vista

    da auditoria externa, o mesmo dizer que nenhum trabalho deveria realizar-se sem que fosse efectuada

    uma anlise e teste aos sistemas institudos.

    2.6.1 Governao corporativa e os valores da Lei SOX no controlo interno

    A governao corporativa em uma empresa no diz respeito apenas ao disciplinar as relaes entre

    suas diversas reas, ou destas com partes externas. A implementao das boas prticas de governao

    corporativa possibilita uma gesto mais profissionalizada e transparente, diminuindo a assimetria de

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 31

    informaes e o problema de agncia7. Assim, procura fazer convergir os interesses de todas as partes

    relacionadas, buscando maximizar a criao de valor na empresa.

    Nesse sentido, a CVM (2002)8 define governao corporativa como sendo um conjunto de prticas que

    tem por finalidade optimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes

    interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A anlise

    das prticas de governao corporativa aplicada ao mercado de capitais envolve, principalmente:

    transparncia, equidade de tratamento dos accionistas e prestao de contas.

    A Sarbanes-Oxley act (Lei SOX) tem como um dos principais objectivos a minimizao dos riscos e

    uma melhor gesto dos controlos internos das empresas. Ela trouxe uma maior necessidade de

    transparncia das informaes, intensificando a busca pela contnua melhoria nos aspectos de

    controlos internos e governao corporativa das empresas. Assim, as boas prticas de governao

    corporativa se guiam por 4 valores que se fundamentam Lei Sarbanes-Oxley, basicamente, a

    necessidade de cumprimento de normas (compliance), prestao de contas (accountability),

    transparncia (disclosure) e senso de justia (fairness).

    O compliance significa o cumprimento de normas, legislaes e procedimentos, tanto internos quanto

    externos, visando conformidade da organizao com todas as regulamentaes necessrias para o seu

    pleno funcionamento. O accountability9 envolve a utilizao de adequadas tcnicas de contabilidade e

    auditoria, de maneira que as informaes prestadas pela organizao retratem a realidade de modo

    fidedigno. O princpio da transparncia (disclosure) indica que a comunicao no deve restringir-se

    ao desempenho econmico-financeiro, mas sim, contemplar tambm os demais factores (inclusive

    intangveis) que norteiam a aco empresarial e que conduzem criao de valor. O senso de justia

    (fairness) voltado para o tratamento igualitrio dos accionistas maioritrios e minoritrios, evitando-

    se favorecimento a uma ou outra categoria. Deve-se garantir o respeito aos direitos dos accionistas

    minoritrios, tanto nos resultados quanto na participao nas decises.

    7 Quando as pessoas possuem interesses diferentes e buscam a maximizao dos prprios interesses, em detrimento das necessidades

    dos demais. 8 Comisso de Valores Mobilirios, disponvel em: www.google.com 9 Prestao de contas.

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 32

    Contudo, existem algumas crticas que se fazem Lei SOX, dizem respeito aos custos de sua

    implementao. H, porm, opinies favorveis tese de que os custos da implementao no devem

    ser comparados com os benefcios de curto prazo, mas sim com um novo patamar de qualidade de

    gesto e de informao pblica resultante dos benefcios de longo prazo.

    3. ADMINISTRAO PBLICA E CONTROLO INTERNO

    3.1 Princpios norteadores da administrao pblica e controlo interno

    Segundo MEIRELLES (1990), a funo administrativa do sector pblico submete-se a tratamento

    especial doutrinado em princpios jurdicos administrativos. Sua caracterstica essencial reside, de um

    lado, na admissibilidade da ideia de que a execuo da lei por agentes pblicos exige o deferimento de

    necessrias prerrogativas de autoridade, que faam com que o interesse pblico juridicamente

    predomine sobre o interesse privado; e de outro, na formulao de que o interesse pblico no pode ser

    livremente disposto por aqueles que, em nome da colectividade, recebem o dever-poder de realiz-los.

    Na administrao pblica, o controlo interno deve estar presente, actuando de forma preventiva, em

    todas as suas funes, administrativa, jurdica, oramental, contabilstica, financeira, patrimonial, de

    recursos humanos, dentre outra, na busca da realizao dos objectivos a que se prope.

    Ainda MEIRELLES (1990) consiste, na verdade, no regime jurdico decorrente da conjugao de dois

    princpios bsicos: o princpio da supremacia dos interesses pblicos e o da indisponibilidade dos

    interesses pblicos. Assim, tem-se como alguns princpios da administrao pblica:

    Legalidade Que a actuao do gestor pblico e a realizao de procedimentos

    administrativos na forma da lei;

    Razoabilidade - Enuncia-se com este princpio que a Administrao, ao actuar no exerccio de

    discrio, ter de obedecer a critrios aceitveis do ponto de vista racional, em sintonia com o

    senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da

    competncia exercida;

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 33

    Economicidade - Pressupe na utilizao dos recursos (humanos, materiais e financeiros)

    compatveis com as necessidades e resultados esperados, considerando-se a relao

    custo/benefcio;

    Eficcia - Pressupe que os resultados obtidos estejam dentro dos objectivos propostos para a

    entidade. Obtm-se da relao entre a produo e os resultados, no est ligada s actividades,

    mas sim aos resultados;

    Publicidade Acto de tornar pblico actos administrativos;

    Eficincia Pressupe na obteno de nveis mximos de produo com mnimos de recursos

    possveis. A eficincia obtm-se da relao entre produo e os recursos aplicados;

    Igualdade Tratamento de igualitrio, proibio de actos que levam a discriminao. Num

    processo licitatrio o gestor no pode incluir clusulas que restrinjam ou frustrem o carter

    competitivo favorecendo uns em detrimento de outros, que acabam por beneficiar, mesmo que

    involuntrios determinados participantes;

    Impessoalidade O interesse pblico est acima dos interesses pessoais. Ser dispensado a

    todos os interessados tratamento igual, independente se a organizao pequena, mdia ou

    grande;

    Moralidade A licitao dever ser realizada em estrito cumprimento dos princpios morais, de

    acordo com a Lei, no cabendo nenhum deslize, uma vez que o Estado custeado pelo cidado

    que paga seus impostos para receber em troca os servios pblicos;

    Probidade Administrativa O gestor deve ser honesto em cumprir todos os deveres que lhe so

    atribudos por fora da legislao;

    Vinculao ao Instrumento Convocatrio - A Administrao, bem como os licitantes, ficam

    obrigados a cumprir os termos do edital em todas as fases do processo: documentao,

    propostas, julgamento e ao contrato;

  • Sistema de Controlo Interno sobre a Gesto de Tesouraria: Caso Aeroportos de Moambique, E.P.

    Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Finanas - Jorlinho A. Frenque Mafumo Page 34

    Julgamento Objectivo - Pedidos da Administrao em confronto com o oferecido pelos

    participantes devem ser analisados de acordo com o que est estabelecido no Edital,

    considerando o interesse do servio pblico e os factores de qualidade de rendimento,

    durabilidade, preo, eficincia, financiamento e prazo.

    Compulsando sobre os aspectos citados por MEIRELLES, possvel concluir sinteticamente, que os

    mecanismos de controlo visam no s a prevenir, mas tambm a garantir e regular a aplicao dos

    recursos pblicos. E, ainda, considerando que a Administrao Pblica deve rigorosamente servir aos

    fins para os quais o Estado foi criado, evidencia-se a necessidade de permanente incidncia do

    controlo sobre toda e qualquer actividade administrativa, zelando pela responsabilidade e transparncia

    na gesto pblica.

    3.1.1 Importncia do Controlo Interno na Administrao Pblica

    O controlo interno ganha maior importncia na Administrao Pblica em virtude dessa esfera no

    dispor de mecanismos naturais de correco de desvios, diferentemente do processo que ocorre nas

    actividades privadas, onde a competio e o lucro funcionam como potentes instrumentos para

    reduzir desperdcios, melhorar o desempenho e alocar os recursos de forma mais eficiente.

    Deste mod