trabalho de licenciatura teresa nhambirre

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Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Ciência Política e Administração Pública Análise da Coordenação Institucional entre Órgãos do Poder Local e Órgãos Locais do Estado: o Caso da Matola (2004-2008). Supervisanda: Teresa Ricardo Julião Nhambirre Supervisor: Nobre de Jesus Varela Canhanga Maputo, Fevereiro de 2011

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  • Universidade Eduardo Mondlane

    Faculdade de Letras e Cincias Sociais

    Departamento de Cincia Poltica e Administrao Pblica

    Anlise da Coordenao Institucional entre rgos do Poder Local e rgos Locais do

    Estado: o Caso da Matola (2004-2008).

    Supervisanda: Teresa Ricardo Julio Nhambirre

    Supervisor: Nobre de Jesus Varela Canhanga

    Maputo, Fevereiro de 2011

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 2

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais Ricardo Muando e Janete Saide, as minhas irms Berta, Sheila e Ricardina. Aos meus Tios e

    Tias, colegas da turma, pelo amor, carinho e confiana que depositaram em mim, durante a formao.

    Em particular, vai o meu maior e sincero agradecimento ao meu supervisor, Nobre de Jesus Varela Canhanga,

    por me ter aceitado acompanhar durante a elaborao do trabalho, principalmente pela pacincia e compreenso

    ao longo desse perodo.

    Sendo de referir, o corpo docente do Departamento de Cincia Poltica e Administrao Pblica, pela ateno e

    dedicao que a mim foi dispensada durante o curso todo, e pela forma como foi transmitido o contedo terico

    da Administrao Pblica. Agradecer a Cooperao Tcnica Belga, instituio esta que custeou os meus

    estudos.

    A realizao deste trabalho s foi possvel com a contribuio incondicional de vrias pessoas, que directa ou

    indirectamente deram o seu melhor para que o trabalho se realizasse. A estas pessoas gostaria de manifestar a

    mais sincera e profunda gratido.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 3

    FOLHA DE APROVAO

    PRESIDENTE OPONENTE SUPERVISOR

    .............................................. ........................................................ ..........................................

    Maputo, aos ..........de..........................de 2011

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 4

    DECLARAO DE HONRA

    Declaro por minha honra, que o presente trabalho de fim de curso, nunca foi apresentado para a obteno de

    qualquer grau nesta Faculdade e Universidade, e em outra Universidade diferente da UEM, e o resultado de

    muita investigao pessoal.

    Maputo, aos-------de-----------------------de 2011

    A Licencianda

    -----------------------------------------------------------

    Teresa Ricardo Julio Nhambirre

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 5

    LISTA DE SIGLA E ABREVIATURAS

    CM - Conselho Municipal

    CMM - Conselho Municipal da Matola

    EP1- Escola Primaria do 1 Grau

    EP2- Escola Primaria do 2 Grau

    ESG- Ensino Secundrio Geral

    FRELIMO - Frente de Libertao de Moambique

    GCM - Governo da Cidade da Matola

    MAE - Ministrio da Administrao Estatal

    OLE - rgos Locais do Estado

    OPL- rgos do Poder Local

    PRE- Programa de Reabilitao Econmica

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 6

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 7

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................i

    FOLHA DE APROVAO ..........................................................................................................ii

    DECLARAO DE HONRA ......................................................................................................iii

    LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................................iv

    RESUMO.........................................................................................................................................4

    CAPTULO I ..................................................................................................................................5

    1.INTRODUO ...........................................................................................................................5

    CAPTULO II ................................................................................................................................7

    2. CONTEXTUALIZAO .........................................................................................................7

    2.1. Descentralizao Poltica em Moambique..............................................................................6

    2.2. Dimenso Institucional do Municpio e do Governo da Cidade da Matola..............................9

    2.2.1 Mudanas e os Desafios do Quadro Normativo.....................................................................9

    2.3. Quadro Legal das Competncias dos rgos do Poder Local................................................11

    2.3.1. Quadro das Atribuies........................................................................................................12

    2.3.2. Quadro de Transferncia de Funes e Competncias........................................................12

    2.4. Quadro Legal dos rgos Locais do Estado (Governo da Cidade da Matola).......................13

    2.4.1. Funo dos rgos Locais do Estado..................................................................................13

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 8

    2.4.2. Princpios de Organizao e Funcionamento.......................................................................14

    2.4.3. Coordenao entre os rgos Locais do Estado e as Autarquias Locais............................14

    2.5. Problema ................................................................................................................................15

    2.5.1 Hiptese................................................................................................................................16

    2.5.2. Justificao do Tema............................................................................................................16

    2.6. Objectivos do Estudo..............................................................................................................18

    2.7. Metodologia............................................................................................................................18

    CAPTULO III .............................................................................................................................22

    3.ENQUADRAMENTO TERICO E CONCEPTUAL ..........................................................22

    3.1. Quadro Terico.......................................................................................................................22

    3.1.1. Abordagem Institucionalista e Procedimentalista................................................................23

    3.2. Quadro Conceptual.................................................................................................................25

    CAPITULO IV .............................................................................................................................31

    4.APRESENTAO, DISCUSSO E ANALISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA,

    CONCLUSO E POSSVEIS SOLUES PARA O MELHORAMENTO DA

    COORDENAO DO CONSELHO MUNICIPAL E O GOVERNO

    DISTRITAL ..............................................................................................................................31

    4.1.O Perfil do Municpio da Matola.............................................................................................31

    4.1.1. Aspectos Geogrficos..........................................................................................................31

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 9

    4.1.2. Infra-estruturas Relativas a Educao e Sade e Estrutura Poltico-

    administrativa.............................................................................................................................32

    4.1.3. Estrutura Urbana e Rural da Cidade da Matola...................................................................32

    4.2. O Perfil do Governo da Cidade da Matola..............................................................................33

    4.2.1. Aspectos Geogrficos..........................................................................................................33

    4.2.2. Infra-estruturas Poltico-administrativa Relativas ao Governo da Cidade da

    Matola.........................................................................................................................................33

    4.3. Coordenao entre os OPL e OLE..........................................................................................34

    4.3.1. A Questo da Coordenao no mbito de Infra-estruturas (Escolas e

    Hospitais)...................................................................................................................................37

    Concluso......................................................................................................................................41

    Possveis Solues para o Melhoramento da Coordenao do Conselho Municipal e o Governo

    Distrital.......................................................................................................................................44

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................................45

    APNDICES................................................................................................................................48

    Apndice 1 - Guio de entrevistas.................................................................................................48

    Apndice 2 - Lista dos entrevistados.............................................................................................51

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 10

    RESUMO

    Este trabalho analisa o processo de coordenao institucional entre os rgos do Poder Local e

    os rgos Locais do Estado, e suas implicaes no desenvolvimento local. Com base num estudo

    de caso, atravs de entrevistas semi-estruturadas procuramos perceber como os elementos

    institucionais (Leis e Decretos), estimulam a coordenao e articulao entre os rgos do Poder

    Local e os rgos Locais do Estado, na gesto de infra-estruturas Municipais.

    Esta observao ser feita tendo em conta que h uma fraca capacidade coordenativa entre estes

    dois rgos, facto este que esta relacionado com a falta de um dispositivo legal que delimita as

    fronteiras de coordenao entre os rgos do Poder Local e os rgos Locais do Estado. Com

    base no problema identificado na pesquisa questionamos em que medida os mecanismos

    institucionais (Leis e Decretos), que configuram a edificao legal sobre o qual assentam os

    rgos do poder local e os rgos locais do Estado, estimulam a coordenao e articulao entre

    os mesmos na gesto de infra-estruturas Municipais. Respondendo a questo, avanamos com o

    pressuposto de que, apesar dos instrumentos tericos e do quadro legal estimularem uma maior

    coordenao, transferncia de funes e competncias para as autarquias, regista-se certa

    fragilidade na coordenao entre rgos do Poder Local e os rgos Locais do Estado

    resultando num baixo cumprimento das actividades planificadas e crises no relacionamento entre

    as instituies.

    Com base na abordagem institucionalista e procedimentalista, e na operacionalizao de um

    conjunto de conceitos relevantes, a nossa principal concluso de que h coordenao, entre os

    rgos do poder local e os rgos locais do Estado. No entanto, os dispositivos legais que

    asseguram, estimulam a coordenao e articulao destes dois rgos, na gesto de infra-

    estruturas Municipais, ainda no existem. Apenas existe o Decreto 33/2006, que afirma que

    preciso coordenar, no especificando as reas de actuao, nem as actividades a desempenhar,

    por cada rgo.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 11

    CAPTULO I

    1.INTRODUO

    Este documento o resultado de um trabalho de pesquisa, elaborado no mbito da preparao do

    Trabalho do Final do Curso para obteno do grau de licenciatura em Administrao Pblica,

    pela Faculdade de Letras e Cincias Sociais da Universidade Eduardo Mondlane. O tema em

    estudo - Anlise da Coordenao Institucional entre rgos do Poder Local e rgos

    Locais do Estado, o Caso da Matola - insere-se nos debates modernos sobre a necessidade de

    reformar o Estado, redemocratizao poltica da sociedade com vista ao reforo da eficincia e

    eficcia na proviso de bens e servios.

    Em Moambique o processo de descentralizao traz um novo parmetro de relacionamento

    entre o governo central e o governo local, criando oportunidade de coabitao de diferentes

    actores dentro do mesmo espao poltico, com atribuies e competncias distintas, com um

    nico objectivo, maior flexibilidade na administrao pblica e consequentemente melhor

    prestao de bens e servios pblicos.

    A escolha de uma abordagem coordenativa entre rgos do Poder Local e rgos Locais do

    Estado, deve-se ao facto de registar-se algum esforo para propiciar maior participao

    populacional no processo de tomada de decises. Este processo passava pela reforma e

    redimensionamento do Estado, (Chichava e Faria, 1999). A concentrao de estudos que

    abordavam sobre a questo participativa na formulao de polticas locais estimula-nos a

    identificar outras perspectivas de anlise, concretamente o da coordenao dos rgos do poder

    local com os rgos locais do Estado, na sua jurisdio no que concerne gesto das infra-

    estruturas Municipais na Matola.

    Para uma compreenso mais detalhada, o trabalho est estruturado da seguinte maneira: no

    captulo 1 faremos a introduo do trabalho, j no captulo 2, apresentaremos a contextualizao

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 12

    da descentralizao poltica em Moambique, dimenso institucional do Municpio e do governo

    da cidade da Matola, o quadro legal das competncias dos rgos do poder local (Municpios),

    quadro legal dos rgos locais do Estado (governo da cidade da Matola), relevncia do tema,

    problema, pergunta de partida e hiptese, objectivos e metodologia. No 3 captulo,

    apresentaremos o quadro terico e conceptual. Finalmente no 4 captulo, faremos a apresentao,

    discusso dos resultados da pesquisa. E por fim a concluso e possveis solues para o

    melhoramento da coordenao do Conselho Municipal e o Governo Distrital.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 13

    CAPTULO II

    2. CONTEXTUALIZAO

    2.1. Descentralizao Poltica em Moambique

    Neste captulo contextualizamos o processo de descentralizao em Moambique. O objectivo

    facilitar a percepo do assunto em anlise. O enfoque a evoluo histrica e as transformaes

    polticas que ocorreram nos ltimos anos e suas implicaes na mquina administrativa do

    Estado.

    O ponto de partida de que aps o pas ter alcanado a independncia, em 1975, o Estado

    moambicano adoptou um sistema poltico e econmico centralmente planificado. Este era um

    modelo socialista da administrao pblica (Canhanga, 2001 Apud. MAE, 1998). Devido a

    complexidade do modelo ento adoptado, o Estado torna-se sobredimensionado a nvel central e

    muito fraco a nvel provincial e distrital. Localmente as competncias e a autonomia poltica das

    autoridades era muito reduzida, assim como eram quase inexistentes os meios financeiros

    prprios, (Cistac, 2001).

    Depois da independncia, houve tentativas de abolir as autoridades tradicionais, e foram

    igualmente dissolvidas as Cmaras Municipais autnomas (estruturas do perodo colonial). As

    Cmaras Municipais foram extintas pela Lei n. 6/78 de 22 de Abril de 1978, devido ao modelo

    poltico e ideologia instituda pelo Estado no perodo ps independncia. O prembulo da Lei

    6/78, lia-se que com a formao das assembleias do povo em todos os escales, nasceram

    novos rgos do poder do Estado democrtico popular e criaram-se novas condies, para a

    organizao do Estado, de acordo com as decises da FRELIMO. Dessa maneira tornasse

    imperiosa a extino de antigas estruturas do aparelho do Estado, assumindo os rgos do poder

    popular e o seu aparelho de Estado, todas as tarefas necessrias (Chambule, 2010).

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 14

    Na altura, as formas administrativas de poder (Cmaras Municipais e Juntas Locais) foram

    extintas. As direces, servios e outros rgos e unidades ou empresas das Cmaras Municipais

    ficaram sob a direco dos Conselhos Executivos da cidade. Os patrimnios dos corpos

    administrativos, como parte da propriedade do Estado, seriam utilizados pelo Conselho

    Executivo respectivo, no interesse do cumprimento das tarefas da cidade, de acordo com as

    prioridades definidas no Plano Geral do Estado, sendo extintos desta forma todos os servios de

    Administrao Civil, em todos os escales.

    As reformas iniciadas na altura criaram um novo sistema unificado e centralizado de

    administrao pblica. Assim, em substituio das antigas estruturas administrativas locais,

    foram institudas as assembleias do povo e os respectivos conselhos executivos da cidade e do

    distrito (Lichuge, 2003 Apud. Macamo, 1996). Para garantir um funcionamento efectivo do

    Estado aos nveis meso e micro da administrao, foram institudas novas autoridades, os

    secretrios de grupos dinamizadores, os chefes de quarteires e de dez casas.

    Os rgos do Estado ou instituies criadas e em funcionamento ao nvel local eram

    centralmente nomeados, e eram por excelncia, entidades de direito pblico com a mesma

    personalidade jurdica da do Estado, mais sem autonomia administrativa, financeira nem

    patrimonial. Neste contexto as relaes que se estabelecem entre o Estado e os rgos Locais

    eram de completa subordinao hierrquica destes aos rgos centrais do Estado (ibidem).

    Com base na filosofia de um Estado socialista, baseado nos princpios do centralismo

    democrtico, a partir de 1983, houve um reconhecimento pblico e oficial, de que o sistema

    administrativo excessivamente centralizado. Mas a guerra civil, as calamidades naturais

    dificultavam qualquer tipo de reforma administrativa. Entretanto, nos finais dos anos 80 sob os

    auspcios das agncias multilaterais, o Estado moambicano assistiu a um processo de

    redemocratizao poltica das sociedades nacionais.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 15

    As reformas polticas, econmicas e sociais implementadas na altura inseriam-se no mbito do

    Programa de Reabilitao Econmica (PRE), consolidadas pela adopo de uma nova

    Constituio aprovada em 1990, que conferia mais direitos e liberdades ou mais cidadania aos

    moambicanos. A Constituio catalisou as oportunidades para uma reflexo sobre a necessidade

    de mudanas profundas na governao e o fim da guerra civil, criando condies favorveis para

    o desenvolvimento do processo de descentralizao no pas (Cistac, 2001). Por isso, a emenda

    constitucional de 1996, introduziu a questo do poder local1, viabilizando que as reformas de

    descentralizao se transformassem num instrumento importante do processo de reconfigurao

    do Estado a nvel local (Forquilha, 2007).

    Na sequncia de emendas constitucionais, foi produzida uma serie de legislao que deu corpo

    ao processo de reformas, com maior destaque para a Lei n 2/972 relativa as autarquias locais e a

    lei n 8/2003 sobre os rgos locais do Estado. Estas reformas resultaram num sistema de

    governao local de duas formas: uma que de devoluo de poderes, funes e recursos

    (descentralizao politica), para os 33 Municpios que actualmente so 43, de acordo com a Lei

    3/08, com a realizao regular de eleies locais; e a outra que a descentralizao

    administrativa, que consiste na transferncia de recursos, tarefas e poder de deciso para as

    autoridades hierarquicamente inferiores (os distritos).

    Estas duas formas de descentralizao que foram definidas e acomodadas nos preceitos

    normativos adoptados pelo Estado nos finais dos anos 90 e princpios de 2000, abriram espaos e

    oportunidades para coabitao de duas formas de poder poltico e administrativo em um mesmo

    espao geogrfico. Sob ponto de vista terico e conceptual, esta coabitao, poltico e/ou

    1 Lei n 9/96, Boletim da Republica, I Serie, n 47, 1 Suplemento, 22 Novembro 1996.

    2 Na 8 sesso, realizada em Agosto de 1994, vai culminar no surgimento dos primeiros sinais das autarquias locais na publicao da Lei n. 3/94 de 13 de Setembro de 1994, e que mais tarde foi revogada pela Lei n. 2/97 de 18 de Fevereiro de 1997, e que passado muitos anos depois, esta ltima lei tambm veio a sofrer algumas emendas, dando origem a Lei n. 15/07 de 27 de Junho de 2007, que na sua essncia esta lei no mudou muito em relao a lei anterior.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 16

    administrativo dentro do mesmo espao territorial estimula as oportunidades para uma maior

    coordenao institucional e viabiliza os projectos de desenvolvimento nos mais diferentes nveis

    da administrao do Estado. Esta a concluso provisria da sesso que estamos apresentando.

    Para consubstanciar o debate, na sesso seguinte descreve-se o quadro normativo que estabelece

    as competncias do Municpio e do Governo da Cidade da Matola.

    2.2. Dimenso Institucional do Municpio e do Governo da Cidade da Matola

    2.2.1 Mudanas e os Desafios do Quadro Normativo

    As mudanas na Constituio iniciadas na dcada de 90 e a Lei 9/96 criaram as bases legais para

    institucionalizao das autarquias locais em Moambique, atravs do chamado pacote

    autrquico. As Leis n 2/97, 10/97 e 11/97 estabeleceram o princpio de gradualismo, que

    significa extenso sequencial de nmero de municpios e transferncia gradual de competncias

    para as autarquias, e criaram as primeiras 33 autarquias institudas em 1998.

    A Lei n 3/2008 garantiu que em 2008 outras dez autarquias fossem institudas, totalizando-se

    assim 43 autarquias. Com enfoque nas reas direccionadas a consolidao dos processos de

    desenvolvimento local e reduo da pobreza, o figurino legal atribuiu as autarquias locais

    competncias para as questes de desenvolvimento econmico e social, meio ambiente,

    saneamento bsico e qualidade de vida, abastecimento pblico, sade, educao, cultura, tempos

    livres e desporto, polcia da autarquia, urbanizao, construo e habitao. Para aperfeioar o

    modelo ora definido, nos ltimos dez anos, vrias mudanas foram operadas no quadro legal e

    institucional que orienta o processo de descentralizao em Moambique, com destaque para as

    seguintes:

    1. Em 2003 atravs do Decreto 46/2003 o Governo estabeleceu os procedimentos de

    transferncia de mais funes e competncias dos rgos do Estado para as autarquias locais

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 17

    no mbito das atribuies enumeradas no artigo 6 da Lei n 2/97, de 19 de Fevereiro. Ainda

    nessa perspectiva, em 2006 o Governo introduziu o Decreto n 33/2006 que estabelece o

    quadro de transferncia de funes e competncias dos rgos do Estado para as autarquias

    locais, concretizando os princpios da descentralizao e da autonomia do Poder Local.

    Ainda atravs deste instrumento foi estabelecido que da competncia dos rgos

    autrquicos o planeamento, a gesto e realizao de investimentos nos domnios dos: i)

    transportes e comunicao, ii) estradas; iii) educao, cultura e aco social; iv) sade, v)

    ambiente e saneamento bsico; e vi) indstria e comrcio.

    2. Acompanhando este aumento de competncias, as Leis n 2/97 e 11/97 foram revogadas,

    dando lugar as Leis n 15/2007 e n 1/2008. Esta ltima aperfeioa o regime financeiro,

    oramental e patrimonial das autarquias locais e define o novo Cdigo Tributrio Autrquico.

    Por isso, para alm das competncias das autarquias locais, definidas na Lei n 11/97 e no

    Decreto n 63/2008 que se limitavam a cobrar imposto pessoal e predial autrquico, taxas de

    actividade econmica, imposto autrquico de comrcio e indstria, e imposto sobre

    rendimento de trabalho a Lei n 1/2008 aperfeioa o sistema tributrio autrquico,

    transferindo novos impostos para gesto autrquica: imposto autrquico de veculos, imposto

    autrquico de SISA ou imposto sobre transferencia de propriedade, assim como, sobre as

    tarifas e taxas pela prestao de servios. Por outro lado, a nova legislao reduz o limite

    das transferncias do governo central e redefine os critrios da sua distribuio.

    3. No quadro da proviso de servios pblicos, as autarquias serviram-se do Decreto n 54/2005

    que mais tarde foi revogado dando lugar ao Decreto n 15/2010 de 24 de Maio (que

    regulamenta o processo de Contratao de Empreitada de Obras Pblicas, Fornecimento de

    Bens e Prestao de Servios ao Estado).

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 18

    A despeito das reformas no quadro legal e dos sistemticos aperfeioamentos, ainda so visveis

    sintomas de centralizao, recentralizao e limitao do espao de interveno das autarquias

    locais. A ttulo de exemplo, o crescente controlo do Estado central sobre os nveis locais, a

    cobrana de certos impostos: imposto autrquico de veculo automvel, imposto do SISA que

    foram transferidos para os municpios, continuam sendo parcialmente cobrados pelo governo

    central.

    O montante do Fundo de Compensao Autrquica (FCA), que objecto de uma dotao prpria

    a inscrever do Oramento Geral do Estado e que anteriormente era estimado entre 1,5% e 3%, foi

    reduzido para um valor mximo de 1,5% das receitas internas (Canhanga, 2009). Com base

    nestes elementos de natureza estrutura e institucional, podero as autarquias consolidar o seu

    prprio desenvolvimento institucional, garantindo a sua autonomia e reforo da capacidade de

    proviso de bens e servios pblicos ao nvel local? Que competncias o quadro normativo

    estabeleceu para viabilizar que, tanto as autarquias como os distritos, no mbito das suas

    atribuies coordenem suas actividades simplificando procedimentos e duplicao de

    actividades? Parte destes questionamentos vamos responder nas sesses seguintes.

    2.3. Quadro Legal das Competncias dos rgos do Poder Local

    Em Moambique o processo de devoluo do poder e do aprofundamento e a consolidao da

    democracia, foi criado e configurado com base na Lei n. 2/97 de 18 de Fevereiro de 1997. De

    acordo com Alves e Cossa (1998), esta lei criada, como forma da deciso j no ser tomada em

    nome e por conta do Estado, mas sim em nome e por conta de uma autarquia local por um rgo

    que emana dele e que tem autonomia financeira3, patrimonial4 e administrativa5.

    3 Que lhes confere o poder de elaborar, aprovar, alterar e executar oramentos e planos de actividades, elaborar e aprovar as contas de gerncia, dispor de recitas prprias e arrecadar outras que por lei, lhes forem atribudas, ordenar e processar as despesas e, em caso de necessidade, e de acordo com a lei em vigor, contrair emprstimos.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 19

    O quadro normativo estabelecido define que as autarquias locais, gozam de autonomia

    administrativa, que tem o poder de praticar actos definitivos e executrios na rea da sua

    circunscrio territorial, criar, organizar e fiscalizar servios destinados a assegurar a

    prossecuo das suas atribuies; autonomia financeira que tem como poderes elaborar, aprovar,

    alterar e executar planos de actividades e oramento, bem como elaborar e aprovar as contas de

    gerncia. As autarquias locais devem tambm dispor de receitas prprias, ordenar e processar as

    despesas e arrecadar as receitas que por lei forem destinadas as autarquias; e autonomia

    patrimonial que tem como poder gerir o patrimnio autrquico para a prossecuo das suas

    atribuies6.

    2.3.1. Quadro das Atribuies

    As atribuies das autarquias locais respeitam os interesses prprios, comuns e especficos das

    respectivas populaes, e essas mesmas atribuies so feitas com recursos financeiros ao seu

    alcance e respeita a distribuio de competncias entre os rgos autrquicos e os de outras

    pessoas colectivas de direito pblico, nomeadamente o Estado, determinadas pela presente Lei e

    por legislao complementar. Estas atribuies dizem respeito ao desenvolvimento econmico e

    social, meio ambiente, saneamento bsico e qualidade de vida, abastecimento pblico, sade,

    educao, cultura, tempos livres e desporto, polcia da autarquia, urbanizao, construo e

    habitao7.

    4 Que lhes confere o poder de terem bens prprios, tanto imveis como mveis, para porem em andamento as suas actividades.

    5 Que lhes confere o poder de praticar actos definitivos e executrios, a serem cumpridos nas suas reas e de, criar, organizar e fiscalizar os servios que tem por objectivo permitir que executam as tarefas que lhes cabem.

    6 Ver artigo 7 da Lei n. 2/97 de Fevereiro de 1997

    7 Artigo 6 da Lei acima exposta.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 20

    2.3.2. Quadro de Transferncia de Funes e Competncias

    O processo de transferncia de funes e competncias, dos rgos do Estado para as autarquias

    locais regido pelo Decreto n 33/2006 de 30 de Agosto de 2006 e concretiza os princpios da

    descentralizao administrativa e da autonomia do poder local. O Artigo 8 do referido decreto,

    define que compete aos rgos autrquicos o planeamento, a gesto e a realizao de

    investimentos nas seguintes reas: i) De espaos verdes, incluindo jardins e viveiros da

    autarquia; ii) Rodovias, incluindo passeios; iii) Habitao econmica; iv) Infra-estruturas de

    utilidade pblica de gesto autrquica; v) Cemitrios pblicos; vi) Instalaes de servios

    pblicos da autarquia; vii) Mercados e feiras; e viii) Bombeiros.

    2.4. Quadro Legal dos rgos Locais do Estado no Governo da Cidade da

    Matola

    Tendo-se verificado a necessidade de a administrao do Estado dispor de um representante

    especfico, em cada Municpio da cidade capital de provncia, a fim de tornar mais vivel a

    representao do Estado, foram introduzidas alteraes ao artigo1 do Decreto n. 65/2003, de 31

    de Dezembro. Esta alterao vai constar no Decreto n. 52/2006, do mesmo artigo, na qual

    nomeado o representante do Estado, na figura do Administrador Distrital (Decreto n. 52/2006,

    de 26 de Dezembro). O administrador distrital , no respectivo Distrito, o representante da

    autoridade central da administrao do Estado, cujo dirige a execuo do programa do governo,

    do plano econmico e social e do oramento do Estado. Cabe tambm ao administrador distrital

    responder individualmente pelas actividades administrativas do Distrito perante o governo

    provincial (Artigo 34 da Lei n 8/2003).

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 21

    2.4.1. Funo dos rgos Locais do Estado

    Os rgos Locais do Estado tm a funo de representao do Estado ao nvel local para a

    administrar o processo de desenvolvimento do respectivo territrio e contribuem para a unidade

    e integrao nacional. No mbito das suas funes de direco estatal, exercem competncias de

    deciso, execuo e controlo no respectivo escalo. Estes sem prejuzo da autonomia das

    autarquias locais, garantem a realizao de tarefas e programas econmicos, sociais e culturais

    de interesse local e nacional, observando a constituio, as deliberaes da Assembleia da

    Repblica e as decises do Conselho de Ministros e dos rgos do Estado de escalo superior8

    (Artigo 2 da Lei n. 8/2003).

    2.4.2. Princpios de Organizao e Funcionamento

    A organizao e funcionamento dos rgos Locais do Estado obedecem aos princpios da

    desconcentrao e da desburocratizao administrativas, visando o descongestionamento do

    escalo central e a aproximao dos servios pblicos as populaes, de modo a garantir a

    celeridade e a adequao das decises as realidades locais9. Estes mesmos rgos observam o

    princpio da estrutura integrada verticalmente hierarquizada.

    2.4.3. Coordenao entre os rgos Locais do Estado e as Autarquias Locais

    No que respeita a coordenao dos rgos do Poder Local (autarquias locais) com os rgos

    Locais do Estado (Distritos), a Lei n. 8/2003, diz que de acordo com o Artigo 9, os rgos locais

    do Estado respeitam a autonomia, as atribuies e competncias das autarquias locais,

    coordenando seus planos e programas, projectos e aces com os rgos das autarquias locais

    compreendidas no respectivo territrio, visando a realizao harmoniosa das suas atribuies e

    competncias.

    8 Ver artigo 2 da Lei n. 8/2003.

    9 Ver n. 1 e 2 do artigo 3 da Lei n. 8/2003).

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 22

    Na necessidade de se estabelecerem funes e competncias dos distritos, como rgos locais do

    Estado, surge a Lei n. 8/2003 de 19 de Maio de 2003, mostrando os princpios da

    desconcentrao.

    De acordo com o Artigo 46 da referida Lei, no mbito da administrao geral, so competncias

    do governo distrital: i) Dirigir a execuo do programa do governo e do plano econmico e

    social; ii) Aprovar o plano de desenvolvimento e o oramento do distrito; iii) Aprovar o relatrio

    de balano e de contas de execuo do oramento distrital e submete-lo ao governador

    provincial; iv) Aprovar relatrios de balano de execuo dos planos de desenvolvimento local;

    v) Zelar pela cobrana das receitas fiscais e no fiscais do Estado, na sua rea de competncias;

    vi) Garantir a defesa e consolidao do domnio pblico do Estado e do patrimnio do Estado no

    respectivo distrito; vii) Fixar as taxas e tarifas de receitas no fiscais, conforme as competncias

    atribudas por lei; e viii) Aprovar o seu regulamento interno.

    2.5. Problema

    Em Moambique o processo de descentralizao inscreve-se no quadro da construo das

    modificaes pragmticas operadas nas prticas de gesto e interaco poltico institucional e

    implicou a redefinio em torno das relaes Estado-sociedade, bem como, nas formas de

    articulao institucional registadas nos campos poltico e administrativo.

    O relacionamento entre o Estado e as autarquias locais, traduzido na tutela administrativa, tem

    como objectivo fiscalizar as actividades administrativas do rgo tutelado (autarquia local), a fim

    de assegurar o mrito, a oportunidade e a legalidade dos actos administrativos desta (Lichuge,

    2003 Apud. Macamo, 1996). Para alm desta perspectiva, o quadro normativo que estabelece as

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 23

    formas de articulao entre os OPL e os OLE, define que estes devem coordenar suas actividades

    sem no entanto, agir em prejuzo um do outro10.

    Sabendo que esto especificadas todas as funes e competncias actualmente exercidas pelas

    autarquias locais, estas devem ser transferidas de forma gradual, de modo a permitir a criao e

    consolidao da capacitao tcnica, humana e financeira dos rgos autrquicos.

    Com base nos pressupostos legais as autarquias locais so rgos autnomos. Entretanto, os

    Distritos (embora na maioria dos casos coabitando o mesmo espao com as autarquias locais)

    no tm a mesma autonomia. Embora, os Governos Distritais no tenham autonomia

    administrativa, financeira nem patrimonial, tm a funo fiscalizadora das actividades

    desenvolvidas pelo Municpio.

    Reconhecendo que o Decreto n. 33/2006, define as competncias e funes do Municpio na

    rea de infra-estruturas municipais (Hospitais e Escolas), e que o Decreto no especifica os

    mecanismos pelos quais o Estado e as autarquias locais devem coordenar e articular suas

    actividades, verificamos existir falta de clareza a nvel institucional, nos espaos de coordenao

    entre OPL e OLE. Com base neste reconhecimento, questionamos em que medida os

    mecanismos institucionais (Leis e Decretos), que configuram a edificao legal sobre o qual

    assentam os rgos do poder local e os rgos locais do Estado, estimulam a coordenao e

    articulao entre os mesmos na gesto de infra-estruturas Municipais?

    2.5.1. Hiptese

    Respondendo a questo, avanamos com o pressuposto de que, apesar dos instrumentos tericos

    e do quadro legal estimularem uma maior coordenao, transferncia de funes e competncias

    10 Ver artigo 9 da Lei 8/2003.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 24

    para as autarquias, regista-se certa fragilidade na coordenao entre rgos do Poder Local e os

    rgos Locais do Estado resultando num baixo cumprimento das actividades planificadas e

    crises no relacionamento entre as instituies.

    2.5.2. Justificao do Tema

    O interesse pelo tema surge pelo facto da descentralizao estar directamente ligado a cincia da

    Administrao Publica, e que para sua efectiva consolidao merecer maior destaque, em vrias

    perspectivas. Neste ponto de vista, pretende-se contribuir com algum subsdio numa rea no to

    nova mais que merece destaque, que o da coordenao institucional entre os rgos do poder

    local e os rgos locais do Estado, no Municpio da Matola.

    No que diz respeito ao Municpio e ao perodo escolhido, pela razo deste constar na lista dos

    primeiros Municpios a fazer parte das segundas eleies autrquicas, e pelo facto de constar nas

    primeiras 33 cidades e vilas (23 cidades e 10 vilas), a ascender a esta categoria (de municpios),

    sendo possvel analisar a capacidade de gesto do mesmo, e por outro lado, por este apresentar

    uma amostra significativa de infra-estruturas a serem analisadas neste trabalho, bem como pela

    sua localizao.

    Sob ponto de vista terico, o trabalho importante pois reflecte sobre um assunto recente em

    Moambique, neste caso a descentralizao, e num contexto especfico e diferente das vrias

    abordagens11 at aqui feitas por autores como Chichava e Faria (1999), procurando confrontar

    aspectos tericos e prticos da descentralizao, contribuindo de alguma forma para o avano do

    conhecimento cientfico tomando em considerao os instrumentos usados na reflexo do

    assunto.

    11 Participativa e de responsabilizao do cidado

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 25

    No geral, pretendemos demonstrar at que ponto os rgos do poder local e os rgos locais do

    Estado so capazes de coordenar suas actividades, a partir das leis, decretos, normas,

    regulamentos, existentes. Todavia, esperamos que aps a concluso da pesquisa, tendo em conta

    o grau de conhecimento adquirido, possamos contribuir para uma melhor visualizao das

    responsabilidades do Municpio, bem como as do Distrito, assumindo que o Municpio um

    rgo autnomo e o Distrito uma entidade desconcentrada.

    Este trabalho relevante, na medida em que analisa a descentralizao num contexto concreto,

    procurando encontrar aspectos convergentes e divergentes entre a teoria e a prtica, porque um

    dos grandes problemas que tem afectado as organizaes pblicas a impreciso das normas e

    procedimentos.

    2.6. Objectivos do Estudo

    Como objectivo geral pretendemos analisar o processo de coordenao institucional entre os

    rgos do Poder Local e os rgos Locais do Estado, e suas implicaes no processo de

    desenvolvimento local. Para isto, os objectivos especficos do estudo so os seguintes:

    Identificar os actores envolvidos no processo de coordenao institucional no Municpio

    e cidade da Matola;

    Descrever o mecanismo de funcionamento da coordenao entre os rgos do poder local

    e rgos locais Estado, na Matola;

    Mostrar os espaos e oportunidades de coordenao, existente entre os dois rgos, na

    gesto de infra-estruturas Municipais;

    Demostrar as responsabilidades de ambas entidades na manuteno e gesto do pessoal

    administrativo, pela edificao, bem como a alocao de fundos para tal;

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 26

    Verificar os pontos fracos e fortes de ambas autoridades locais e a capacidade

    profissional que estes tm na gesto de infra-estruturas Municipais;

    Descrever o impacto da coordenao institucional a nvel local.

    2.7. Metodologia

    Para a realizao deste trabalho foram utilizados vrios procedimentos. Dentre os quais a reviso

    bibliogrfica de obras, que abordam acerca da descentralizao, coordenao institucional

    (Municpio e Distrito), incluindo conceito de gesto pblica, de modo que tenhamos

    instrumentos bsicos para a realizao do estudo.

    Numa primeira fase fizemos a reviso bibliogrfica, que feita com base em documentos j

    elaborados, concretamente livros e vrios outros materiais cientficos, que abordaram sobre a

    descentralizao, incluindo aspectos que relatam acerca da gesto de infra-estruturas no

    Municpio, com documentos que a instituio fornecer, neste caso referimo-nos a estatutos

    orgnicos, leis, website, que mostram como controlado todo o processo de actividades

    efectuadas nessa rea territorial.

    A reviso bibliogrfica vantajosa na medida em que desenvolve, esclarece e modifica conceitos

    e ideias, permitindo a formulao precisa de problemas ou hipteses pesquisveis, proporcionam

    uma viso geral acerca de determinados factos. Mais tambm corremos o risco de lermos tudo

    que livro, artigos, esperando encontrar qualquer coisa que explique o objectivo do trabalho.

    Mas a maior dificuldade encontrada no local aquando do pedido de documentos oficiais do

    Municpio, foi a ausncia de material e documentao especfica sobre o assunto em anlise, e

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 27

    uma grande resistncia por parte de alguns funcionrios pblicos, em dar a sua contribuio no

    decorrer das entrevistas. E por vezes, chegaram a afirmar que no coordenam nenhuma.

    Numa segunda fase elaboraremos as entrevistas semi-estruturadas, dado que se trata de um

    estudo qualitativo, que tem a ver com a administrao pblica. Estas entrevistas sero

    padronizadas e que com o decorrer do questionrio por se tratar de assuntos ligados poltica,

    pode suscitar que seja preciso adoptar novas perguntas naquele instante de modo que se

    encontrem respostas adequadas a situao. No entanto estas entrevistas numa primeira fase sero

    feitas como um instrumento de anlise interna dentro das instituies abaixo mencionadas com

    um guio de entrevista, na qual o entrevistador se far presente.

    Est previsto por ns que a entrevista seja em duas instituies: neste caso estamos a falar do

    Conselho Municipal e no Governo Distrital. A amostra em termos de pessoal administrativo, de

    5 pessoas por cada instituio somando 10 pessoas no total, e esta estratificao teve como base

    o nmero de funcionrios que se encontram a trabalhar em cada instituio, e o pessoal que lda

    directamente com este assunto em causa. E uma das componentes usadas para a comunicao

    entre ns e os entrevistados a lngua portuguesa, que pode ser um dos factores importantes na

    nossa comunicao.

    E por ltimo o trabalho constituir um estudo de caso, por ser caracterizado pela recolha de

    dados em campo, com vista a obter maior nmero de informao no local onde ocorre este

    problema. Este tipo de pesquisa apresenta trs vantagens que so: procura analisar os diferentes

    contornos de um dado problema; apresenta procedimentos de colecta e anlise de dados

    considerados simples em relao aos outros tipos de delineamento; e estimula a novas

    descobertas (Gil, 1996).

    A presente pesquisa tambm ser de carcter qualitativo, porque permitir uma melhor

    compreenso dos significados, numa argumentao lgica de ideias a caractersticas situacionais

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 28

    apresentadas pelos entrevistados, a partir do mtodo descritivo. Tendo como mtodo hipottico-

    dedutivo, por se iniciar pela percepo de uma lacuna nos conhecimentos acerta da qual formula

    hipteses e, pelo processo de inferncia dedutiva. Depois de feita a reviso bibliogrfica, as

    entrevistas, procuraremos conciliar os dados recolhidos no campo aos conceitos, e a teoria por

    ns escolhida. Por fim, fazer a concluso do trabalho, e algumas recomendaes.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 29

    CAPTULO III

    3.ENQUADRAMENTO TERICO E CONCEPTUAL

    Este captulo apresenta o quadro terico e conceitos que serviram de base para a compreenso

    dos elementos discutidos neste estudo. O centro da discusso a coordenao entre rgos do

    poder local e os rgos locais do Estado. A base terica do trabalho fundamentou-se

    essencialmente em duas abordagens: Institucionalista e a Procedimentalista. A razo da sua

    opo baseou-se no facto de estas fornecerem elementos especficos e relevantes para a

    compreenso do sistema poltico em Moambique no geral, e tambm pelo facto do seu foco

    estar centrado nas questes sobre gesto das organizaes, nos processos normativos e

    regulatrios.

    3.1. Quadro Terico

    3.1.1. Abordagem Institucionalista e Procedimentalista

    A escola institucionalista, enfatiza o papel das instituies na vida econmica, e mostra que estas

    no so simplesmente uma organizao ou um estabelecimento para a promoo de objectivos

    especficos como por exemplo, um sindicato (Brue, 2005). Elas so tambm um padro

    organizado de comportamento grupal bem estabelecido e aceite como parte fundamental da

    cultura, incluindo costumes, hbitos sociais, leis, modos de pensar, modos de vida (idem).

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 30

    De acordo com Scott (1995)12, a abordagem institucionalista aproxima o seu foco sobre as

    organizaes, e discute processos dentro das organizaes, como a orientao de aces em

    conformidade com regras e normas que interferem no alcance de propsitos da organizao.

    Esta mesma abordagem debrua-se sobre aspectos ligados ao funcionamento das instituies, na

    medida que permitira identificar melhor os servios que os contribuintes necessitam, do que os

    governos a nvel mais alto, por um lado, por outro, os governos locais esto em melhor posio

    para distribuir equitativamente os recursos pblicos nas suas reas de jurisdio.

    A partir da abordagem institucionalista, possvel verificar que as instituies devem definir

    objectivos claros, e agir em conformidade com regras, princpios, valores, padres institudos

    pela organizao, de modo que estes procedimentos alcancem os propsitos da organizao.

    Com base nestes princpios, as organizaes, instituies passam a ter autonomia sustentada por

    processos que nela esto institudas. Com base nesta abordagem, para que haja uma efectiva

    coordenao Municipal e Distrital, preciso que se descentralizem vrias funes, recursos

    financeiros e competncias, que esto sob controlo do Estado, e que cada um dos actores esteja

    pr-disposto a coordenar e colaborar em prol do processo de desenvolvimento, (Soiri, 1999).

    Se o governo quer cumprir correctamente com as exigncias para que se atinja com eficcia os

    seus objectivos a nvel local, de modo a atingir com eficincia a proviso de bens e servios,

    preciso que a descentralizao se torne num elemento essencial, no processo poltico dependendo

    de uma relao bem sucedida entre o governo e administrao central, regional e local. A

    descentralizao efectiva implica o fortalecimento do poder local, a transferncia do poder a

    escala local, incluindo a financeira, requerendo um reforo por parte do Estado na qualificao e

    profissionalizao dos quadros. A base poltica deve sempre permanecer na localidade, os

    funcionrios locais no devem ser vistos como estando ao servio do governo central, mesmo se

    a sua esfera de influncia for limitada, um considervel grau de autonomia deve existir nas reas

    12 Apud:http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/art_cie/art_01.pdf 22/02/10

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 31

    que tenham sido legalmente definidas como estando sob jurisdio de uma autoridade local. Mas

    a descentralizao, por si s, no garante a coordenao e articulao entre os rgos do poder

    local e os rgos locais do Estado. preciso que sejam criadas um conjuntos de normas,

    regulamentos, uma srie de procedimentos internos e locais, que garantem o andamento

    independente da instituio, promovendo uma aco legtima (Lichuge, 2003).

    Por sua vez a abordagem procedimentalista, enfatiza aspectos relacionados aos procedimentos

    para que a descentralizao se efective, e para que o mesmo processo de descentralizao se

    concretize implica necessariamente emendas constitucionais profundas. Deste modo torna-se

    imperiosa a definio de papeis e responsabilidades para cada rgo, explicitando qual o papel

    que cabe ao poder central e quais as suas responsabilidades relativamente ao poder local. Esta

    abordagem acentua a dinmica e a capacidade de articulao das instituies descentralizadas.

    Manor (1998) ao analisar as promessas e as limitaes da descentralizao, constatou existirem

    limitaes quanto ao alcance da mesma. Razo pela qual afirma que, o governo deve orientar

    recursos suficientes que permitam as autoridades locais levarem a cabo as tarefas que lhes foram

    confiadas. Pois, se assim no for, pode levar a que aces das autoridades descentralizadas

    fiquem desequilibradas financeiramente ou resultar em tarefas no realizadas.

    No obstante, preciso salientar que com a coordenao entre estas duas entidades, fica mais

    fcil atingir objectivos preconizados por ambas, porque estas vo agir em conformidade com a

    Lei e com competncia de cada uma, sem no entanto transgredir o que foi estabelecido pela

    constituio. E neste processo de cooperao de uma com a outra, criasse condies de

    estabilidade poltica, estimulando o desenvolvimento local.

    Neste sob captulo preciso reter que estas duas abordagens (institucionalista e

    procedimentalista), complementam-se pelo facto da primeira analisar a instituio, organizao

    no como um fim em se mesma, mais prioriza regras, normas, regulamentos que direccionam o

    alcance de objectivos concretos, que tornem as independentes, pressupondo a transferncia de

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 32

    recursos necessrios para tal. E a segunda abordagem preocupa-se na definio de

    responsabilidades especficas de cada instituio, organizao e relao entre as mesmas no

    mbito da descentralizao.

    3.2. Quadro Conceptual

    Para ajudar na compreenso do tema em estudo nesta sesso vamos definir os principais

    conceitos. Os conceitos relevantes definidos para o trabalho so os seguintes: i) descentralizao,

    ii) coordenao, iii) desenvolvimento, iv) rgos do poder local, rgos locais do Estado e gesto

    pblica.

    O termo descentralizao , por si s, muito menos explcito que os que designam, no estrangeiro

    (Selbstverwaitung), que a mesma tendncia do direito alem significa, literalmente, poder de

    administrar-se por si mesmo ou (local goverment), em certos pases anglo-saxnicos, marcando

    somente como uma tendncia em afastar o poder do centro (Cistac, 2001).

    Segundo (Correia, 2005), a descentralizao est ligada ao conceito de delegao, ou seja, a

    transferncia de recursos, tarefas e poder de deciso para as autoridades hierarquicamente

    inferiores, que so independentes do governo central ou democraticamente eleitas. O termo por

    vezes associado desconcentrao, e tambm conhecido por descentralizao administrativa

    no sentido que h uma disperso dos agentes do governo central dos nveis mais altos para os

    nveis mais baixos (Cistac, 2001).

    Na desconcentrao, a deciso sempre tomada em nome do Estado por um dos seus agentes, s

    h substituio por um agente local (o Governador) ao chefe da hierarquia (o Ministro),

    (Canhanga, 2001 Apud. Cistac, 1996). No mbito da desconcentrao falaremos dos rgos

    Locais do Estado (Distrito) que so tidos como um conjunto de rgos cuja funo a

    representao do Estado a nvel local, para a administrao e desenvolvimento do respectivo

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 33

    territrio e, contribuem para a integrao e unidade nacional (Lei n. 8/2003). Diferentemente

    dos rgos do Poder Local, os rgos Locais do Estado (OLE) possuem rgos centralmente

    nomeados, garantindo no respectivo territrio a concentrao de tarefas e programas

    econmicos, culturais e sociais de interesse local e nacional. O que mostra claramente que so

    rgos sem autonomia financeira nem patrimonial.

    Entretanto, os rgos do Poder Local (OPL) so rgos com poder administrativo, que, em

    Moambique, de acordo com o nmero 3 do artigo 1 da Lei n.2/97, estes desenvolvem suas

    actividades no quadro da unidade do Estado e organizam-se com pleno respeito da unidade do

    poder poltico e do ordenamento jurdico nacional.

    A literatura e o quadro normativo mostram que descentralizao pode ocorrer de vrias formas,

    como por exemplo a descentralizao fiscal, administrativa e, poltica. Mas aqui as abordagens

    que se tomaro em conta para o trabalho so a descentralizao poltica e administrativa, por

    serem as que focalizaram melhor as formas de interaco entre os OPL e os OLE, no contexto da

    transio de um sistema centralizado dos processos de tomada de deciso, para um sistema

    descentralizado.

    A descentralizao poltica tambm entendida como descentralizao democrtica ou devoluo,

    ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuies prprias que no decorrem do ente

    central, ela decorre directamente da constituio e independente da manifestao do ente

    central (Correia, 2005).

    No concernente a estas duas entidades distintas que so (OPL) e (OLE), vamos analis-las,

    olhando para o conceito de coordenao, que mais que um processo de integrao das

    diferentes actividades desenvolvidas em cada departamento da organizao, de forma a atingir os

    resultados organizacionais pretendidos. Pois sem esta integrao perder-se-ia o sentido da

    organizao como um todo, porque enquanto a diviso do trabalho separa as pessoas, a

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 34

    coordenao volta a uni-las13. De acordo com Chiavenato (2000), a noo de coordenao

    implica uma unio e harmonizao das actividades e esforos de diferentes pessoas ou rgos de

    uma instituio, tendo em vista o alcance de um objectivo comum.

    A coordenao tem como objectivo, a providncia para o perfeito funcionamento da organizao

    como um todo e para cada uma das suas partes funcionais, de modo a alcanar resultados

    eficazes (Stonner e Freeman, 1985). A importncia da coordenao, reside no facto de que todas

    as instituies querem locais, como de mbito central, devem desenvolver actividades integradas

    e sincronizadas para que os seus objectivos sejam alcanados de forma plena. No entanto, nos

    entendemos que deve haver coordenao entre os OPL e os OLE, para harmonizar as actividades

    que sero desempenhadas por ambas entidades de modo a atingir propsitos em comum.

    O conceito de desenvolvimento impe auto-conhecimento, com o fim de implementar aces o

    que, pressupe a motivao dos participantes, com o fim de pr em marcha um processo de

    mudana que faa evoluir determinada comunidade para um estado qualitativamente superior,

    isto , melhoria das condies de vida (Diniz, 2006). Por sua vez de acordo com Correia (2005),

    quando se fala em desenvolvimento, tem-se a ideia de que este deve ser centrado nas pessoas, a

    riqueza equitativamente distribuda e o ambiente cada vez mais saudvel.

    Para que o municpio em coordenao com os OLE coordenem, preciso que eles por se

    prprios adoptem uma forma de gerir as instituies, organizaes que fazem parte da sua

    circunscrio territorial, de modo que todos os objectivos e metas sejam alcanados com

    eficincia e eficcia, preciso tambm que se encontre a melhor forma de gesto pblica.

    Entende-se por gesto pblica a tentativa de reforma da organizao pblica, atravs da adopo

    das tcnicas e ferramentas utilizadas nas organizaes privadas (Silvestre, 2010). O objectivo de

    qualquer organizao o atingir da eficcia organizacional, atravs de um enunciado escrito

    sobre resultados a alcanar, num determinado perodo de tempo (Chiavenato, 1999).

    13 http://www.Knoow.net/cienceconemp/rgestao/coordenaao.htm.27-07-2010

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 35

    A gesto pode ser feita de duas maneiras: gesto por objectivos e por resultados. A gesto por

    objectivos centra-se na formulao e deciso de objectivos, colocando pouco nfase no controlo,

    na monitorizao e na gesto do desempenho (Wegener, 2000 citado por Silvestre). Esta viso

    complementada pela gesto por objectivo de Chiavenato (1999), que da nfase ao planeamento e

    controle, pois esta uma tcnica de participao de planeamento e avaliao, pela qual

    superiores e subordinados, definem em conjunto aspectos prioritrios, e estabelecem objectivos a

    serem alcanados, e acompanham sistematicamente o desempenho e as correces necessrias.

    Tendo em conta que a gesto por objectivo visa alcanar algo, pois este no um fim em si

    mesmo, mais um meio para atingir resultados, a gesto por resultados, vai privilegiar um feed-

    back permanente e contnuo de todo o sistema organizacional, ao invs da formulao nica dos

    objectivos, centrando-se nos resultados das vrias actividades (doing the right thing), (Wegener,

    2000 citado por Silvestre).

    No obstante a descentralizao s ser melhor avaliada, a partir do que se for a verificar na rea

    de proviso de bens e servios pblicos, atravs da melhoria do acesso aos servios essncias,

    como por exemplo a educao e sade. A eficiente coordenao determinante para melhorar a

    prestao dos servios pblicos, tambm condio essencial para resolver muitos dos

    constrangimentos institucionais. Mais para prestar ptimos servios pblicos preciso criar

    infra-estruturas bsicas, aumentando o nmero de edifcios, e que sejam cumpridas com as metas

    de edificao e apetrechamento no prazo estabelecido, de tal maneira que as pessoas possam se

    beneficiar desses servios.

    Para que os objectivos e metas do OPL e OLE sejam realizados preciso que haja coordenao,

    que uma aco que visa a realizao de metas desejadas por ambas as partes interessadas,

    consistindo tambm num conjunto, de actividades inter-relacionadas, requerendo uma maior

    colaborao de aces. Uma maior capacidade de negociao entre diversas instituies,

    necessita exactamente que as pessoas saibam o que vo fazer, a partir do que esta legalmente

    institucionalizado.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 36

    Contudo, necessrio descentralizar, para que se atinja um rpido desenvolvimento econmico e

    social, tanto a nvel nacional, regional e local, para uma maior adequao s necessidades e

    realidade do terreno. Por uma delimitao clara da jurisdio e autoridade entre os rgos do

    poder local e os centrais, pela informao, dilogo e transparncia na tomada e implementao

    de decises. A descentralizao, potencia um maior equilbrio na mobilizao e distribuio de

    recursos (Chichava, 1999), vista como parte do processo de pacificao e democratizao do

    pas, e uma necessidade absoluta para poder dar respostas a diversidade de Moambique

    (Correia, 2005).

    Tendo em conta, que a descentralizao visa tudo o que foi descrito no pargrafo acima, para que

    esta se concretize, preciso que haja coordenao institucional. Esta coordenao institucional

    por sua vez, pressupe uma interaco e integrao total das autoridades locais (OPL e OLE),

    envolvidas na melhoria das condies econmicas e sociais da respectiva comunidade,

    aumentando a capacidade e competncia das instituies envolvidas, propiciando de tal maneira

    o desenvolvimento local.

    Este desenvolvimento local segundo Correia (2005), vai ser notrio a partir de iniciativas,

    processos, experincias, projectos de base comunitria que procuram responder a necessidades

    locais, que no tem encontrado respostas globais, nomeadamente atravs de:

    a) Frmulas locais de regularizao social, econmica e poltica;

    b) Mobilizao das capacidades e recursos locais de forma integrada;

    c) Utilizao de redes de solidariedade e identidades locais;

    d) Aparecimento de processos de participao e de cidadania mais efectivos;

    e) Uma nova relao do econmico com o social, o cultural, o ambiental.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 37

    A ideia central a reter no quadro conceptual que tanto os rgos do poder local bem como os

    rgos locais do Estado, surgem na perspectiva da descentralizao/desconcentrao, para

    promover um desenvolvimento equitativo, atravs de decises tomadas a partir das necessidades

    locais, partindo da coordenao entre ambos rgos, que fundamental.

    CAPITULO IV

    4.APRESENTAO, DISCUSSO DOS RESULTADOS DA PESQUISA.

    Neste captulo, vamos apresentar e descrever, o perfil do Municpio e do Governo da Cidade da

    Matola. Propomo-nos tambm a apresentar, discutir e analisar os resultados colhidos no campo

    de pesquisa, Municpio e cidade da Matola, tendo como objectivo, testar a hiptese que

    levantamos, responder a pergunta de partida, objectivos gerais e especficos.

    4.1.O Perfil do Municpio da Matola

    4.1.1. Aspectos Geogrficos

    A cidade da Matola a capital da provncia de Maputo, confinando com a cidade de Maputo, a

    Matola tem como limites a norte e nordeste o distrito de Moamba, a nordeste o distrito de

    Marracuene, a este e sudoeste a cidade de Maputo, a sudoeste o esturio de Maputo, a sul o

    distrito de Boane e o distrito Municipal da Catembe e a sudoeste o distrito de Boane. Com uma

    rea de 375km e uma populao estimada em 675.417 habitantes e refese ao censo de 2007, a

    cidade da Matola de caracterstica urbana, semi-urbana e rural e tem um padro e tecido social

    rico e diversificado.

    4.1.2. Infra-estruturas Relativas a Educao e Sade e Estrutura Poltico-administrativa

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 38

    De acordo com o site14 fornecido pelo conselho Municipal da cidade da Matola, actualmente o

    Municpio conta com 8 centros de sade, 46 escolas do EP1, 11 escolas do EP2, 1 escola do ESG

    do 2 ciclo e 3 escolas do ESG do 1 ciclo. A autarquia da Matola se subdivide em trs postos

    administrativos que so: da Matola Sede, da Machava e do Infulene e os seus 43 bairros.

    Integram a Matola Sede os seguintes Bairros: Matola A, Matola B, Matola C, Matola D, Matola

    F, Matola G, Matola H, Matola J, Fomento, Liberdade, Mussumbuluco, Malhanpsene e

    Sikwama.

    4.1.3. Estrutura Urbana e Rural da Cidade da Matola

    Porm, 39% da populao da Matola vive na zona urbana, 14% na zona rural e os restantes 47%

    ao nvel da zona peri-urbana. O processo de urbanizao na Matola caracteriza-se por apresentar

    aspectos fundamentais, o aumento da proporo da populao residente nas reas urbanas,

    especialmente devido a migrao campo-cidade, como consequncia dos diferentes nveis de

    desenvolvimento, seca, pobreza rural, a situao poltico militar anterior, o crescimento do

    espao fsico das cidades e perspectivas para um futuro melhor.

    A cidade da Matola, apresenta estes aspectos com um certo grau de relevncia pelo facto de

    constituir uma alternativa devido aos ndices de saturao que a Cidade de Maputo apresenta no

    que concerne ao aumento do espao fsico. Em termos comparativos, a populao urbana da

    Matola, ocupa o segundo lugar no conjunto do pas, perfazendo uma mdia de 12% depois de

    Maputo que tem 25% da populao total.

    A Matola urbana constituda por 10 bairros, nomeadamente: Matola A, Matola B, Matola C,

    Matola C, Matola D, Matola F, Matola G, Matola H, Matola J, Fomento e Liberdade.

    14 http://www.iid.org.mz/iucn/html/matola_perfil_da_cidade.HTM22/10/2009

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 39

    A Matola rural constituda pelos bairros Mussumbuluco, Malhanpsene, Sikwama, km 15,

    Matlemele, Cobe, Matola gare, Singathele, Khongolote, Intaka, Muhalaza, 1 de Maio, Boquisso

    B, Boquisso A, Mali, Mukatine, Ngolhoza.

    4.2. O Perfil do Governo da Cidade da Matola

    4.2.1. Aspectos Geogrficos

    O Distrito da Matola localiza-se na capital da Provncia de Maputo, Cidade da Matola. Possui

    uma superfcie de 375 km, com uma populao de 675.417 habitantes, de acordo com o 3

    Recenseamento Geral da Populao e Habitao de 2007 e cuja densidade populacional de

    1,802 habitantes por km. O Distrito da Matola em termos geogrficos possui os seguintes

    limites:

    Norte - Distrito da Moamba e Marracuene;

    Sul - Esturio Esprito Santo;

    Este - Cidade de Maputo;

    Oeste - Distrito de Boane.

    4.2.2. Infra-estruturas Poltico-administrativa Relativas ao Governo da Cidade da Matola

    O Distrito da Matola composto por trs postos Administrativos, nomeadamente:

    Posto Administrativo da Matola-Sede, composto por 13 bairros, 4 esquadras da Policia da

    Republica de Moambique, que vo desde a primeira a quarta esquadra, que so esquadra da

    Cidade da Matola-Sede, da Matola B, do Fomento e Liberdade.

    Posto Administrativo da Machava, possui 14 bairros e duas esquadras que so a quinta e sexta

    esquadra, nomeadamente a da Machava e do Infulene.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 40

    Posto Administrativo do Infulene, este tem 15 bairros, e possui apenas uma esquadra, que a

    stima e localiza-se no Bairro do T3.

    4.3. Coordenao entre os OPL e OLE

    De acordo com um dos nossos entrevistados do CM15, a coordenao entre o Conselho

    Municipal e o Governo da Cidade da Matola, algo que existe sim, tanto a nvel municipal

    quanto a nvel distrital. Apesar de no existir um documento ou um dispositivo legal naquela

    instituio que comprove a necessidade e existncia da coordenao entre ambas entidades,

    baseando-se apenas no nmero 3 do artigo 2 do Decreto 33/2006, o qual pressupem "que os

    rgos do Estado e as autarquias locais devem coordenar a sua interveno, no exerccio de

    competncias prprias, designadamente atravs das formas de parceria previstas no artigo 7 do

    mesmo decreto, de modo a assegurar a unidade na prossecuo de polticas pblicas e evitar a

    sobre posio de actuaes. "

    Esta ideia complementada por um dos nossos entrevistados do GCM16, afirmando que existe

    sim, uma necessidade de se coordenar todas as actividades, sabendo que trata-se de dois rgos

    com entidades e competncias diferentes, mais que comungam do mesmo espao territorial, e

    tem mesmos objectivos, que o bem-estar da populao, tambm pelo facto de que s a

    coordenao neste caso que pode salvaguardar estes mesmos objectivos.

    15Dr. Amade Miquidade, Antroplogo de profisso, funcionrio desta instituio pblica desde 2005, ocupando actualmente o

    cargo de Director do Departamento da Administrao Municipal e Desenvolvimento Institucional.

    16 Sr. Nelton Armando Jossinai, Tcnico Profissional em Administrao Publica, ocupando actualmente o cargo de Chefe do

    Gabinete do Administrador, e que encontra-se a trabalhar naquela instituio pblica desde 2007.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 41

    Questionados aos nossos dois primeiros entrevistados, o porque da no existncia de um

    dispositivo legal que rege esta coordenao, a resposta foi unnime ao afirmarem que ainda no

    esto esclarecidas as reas das quais ambas instituies devem articular suas actividades, mais

    que apenas o Decreto acima referida no paragrafo anterior diz que preciso coordenarem.

    De acordo com Sr. Jossinai, a iniciativa de coordenao entre os OPL e OLE, surge por parte do

    Estado, porque o Municpio ainda no dispe da capacidade financeira de arcar com todos os

    custos necessrios para o funcionamento normal da entidade, tambm pela falta de pessoal

    qualificado para lidar com novas formas de administrao pblica. Uma outra justificao da

    coordenao advir do Estado que, a poltica da administrao pblica deve ser nica para todo

    o territrio, de modo que o desenvolvimento seja equitativo e no separatista, por causa de

    polticas traadas de forma diferente, isto a nvel municipal.

    Desta maneira, a maior parte de participao neste processo fica com o GCM. Mas o facto de o

    GCM ter maior papel na aco coordenativa, no quer dizer que o Municpio no participa de

    forma activa, isto , uma maior influencia no processo de coordenao.

    Segundo o Dr. Miquidade, o Municpio tem sim uma grande responsabilidade neste processo

    todo, pois o Distrito da Matola encontra-se situado dentro da circunscrio territorial do CMM,

    e este por sua vez, s tem uma infra-estrutura de representao do Estado, mais no tem um

    activo populacional para desenvolver actividades por eles programadas, recorrendo assim ao

    pessoal administrativo do Municpio da Matola, que mais tarde so subsidiados.

    No entanto, o Dr. Miquidade afirma que a relao entre estes dois rgos de poder saudvel,

    h uma plena colaborao entre ambas partes, e que no existem grandes dificuldades ao ponto

    de serem obstculos para a realizao de alguma actividade em comum, mas no entanto, esta

    coordenao entre os OPL e OLE, feita de uma forma geral. Nem todas as competncias do

    Municpio esto de facto sob sua gesto, o caso de Escolas e Hospitais em todos os nveis, e

    deve-se tambm ao facto de no estarem especificadas as reas de actuao, nem actividades.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 42

    Pois estas ainda se encontram sob gesto do Estado, e que a nvel Municipal representado pelo

    GCM, na figura do Administrador Distrital.

    No entanto, esta coordenao ao invs de ser somente feita entre o GCM e o CMM, tambm

    feita com a Secretaria Provincial e o Governo Provincial da Matola respectivamente. Isto deve-se

    a razes estritamente ligadas ao financiamento de actividades que devem ser desempenhadas por

    ambas entidades. Sabendo que os dois rgos, no dispem de fundos para realizar ou manter

    suas actividades. Porque de acordo com o Sr. Jossinai, uma parte do oramento do Estado

    desembolsado para o Municpio, mas esse dinheiro no vai para o CM, nem o GCM, mais sim

    para Secretaria Provincial, que por sua vez coordena suas actividades com o GCM, e para

    Governo Provincial da Matola, que tambm coordena com o CM.

    Esta forma de coordenao, feita a partir de entidades provinciais na opinio desses nossos dois

    primeiros entrevistados, no muito saudvel, porque requer uma constante argumentao do

    porqu da necessidade de uma certa quantia de dinheiro, dependendo por vezes da compreenso

    e boa vontade das entidades provinciais na concesso dos montantes, que por vezes no lhes

    concedido.

    Alem destas dificuldades por eles (CM e GCM) encontradas, os nossos entrevistados dizem

    haver grandes vantagens neste processo de coordenao, pois tanto uma entidade como a outra

    vai ganhando experincias novas nesta rea, vo aprendendo quais so os principais aspectos ater

    em conta quando se fala em coordenao, aprendem a ultrapassar dificuldades sem no entanto

    entrarem em conflitos, passam a respeitar a prioridade de um e do outro, tanto como as

    responsabilidades, que neste caso so completamente diferentes se tratando de rgos

    autnomos. E as desvantagens no so to grandes, foi nos indicada apenas uma que se relaciona

    com o aspecto de em tudo que actividade que devem coordenar ser preciso o parecer de um e

    do outro, o que por vezes torna moroso a prossecuo de uma determinada actividade.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 43

    Questionados aos nossos entrevistados, sobre o que acham da existncia da coordenao entre

    estes dois rgos, estes preferiram manter o anonimato, dizendo que era mais uma forma de

    imposio do Estado, mas de forma legal, as suas prioridades em termos governativos ao

    Municpio, no fazendo sentido ate hoje, se j institudas as competncias do mesmo, o Estado

    ainda estar l presente.

    4.3.1. A Questo da Coordenao no mbito de Infra-estruturas (Escolas e Hospitais)

    Indo especificamente ao objecto de estudo, no que se refere as competncias relativas as infra-

    estruturas relacionadas com a Educao e Sade, de acordo com o Artigo 46 da Lei n. 8/2003,

    no caso dos distritos, e de acordo com o Artigo 11 e 12 do Decreto n. 33/2006, no caso dos

    Municpios, veja a tabela abaixo:

    Municpios Distritos

    Educao A criao, apetrechamento e

    administrao das escolas de

    ensino primrio e centros

    internatos de educao para

    adultos.

    Zelar, promover a ligao

    escola comunidade, luta contra

    o analfabetismo, e o bom

    funcionamento das unidades

    de prestao de servios das

    instituies de educao.

    Abertura de concursos para a

    construo de escolas, gesto

    do pessoal administrativo do

    ensino primrio e centros -

    internatos.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 44

    Sade Assegurar a gesto corrente

    das unidades sanitrias de

    nvel primrio (centros de

    sade, higiene e exames

    mdicos), garantindo que

    nelas sejam dispensados todos

    os componentes dos cuidados

    de sade primrios.

    Zelar e assegurar pela higiene

    e salubridade pblicas e o bom

    funcionamento das unidades

    sanitrias.

    Dar parecer e fazer proposta

    para o desenvolvimento da

    rede primria de ateno de

    sade na rea geogrfica do

    Municpio.

    Realizar campanhas de

    vacinao e divulgar

    informao sobre epidemias e

    pandemias.

    Participar, fazer propostas e

    dar parecer sobre as metas a

    atingir para cada um dos

    programas de sade, cujas

    competncias foram

    transferidas.

    Fonte: Lei n. 8/2003 de 19 de Maio de 2003 e o Decreto n. 33/2006 de 30 de Agosto de 2006

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 45

    No que se refere a coordenao, quando falamos de infra-estruturas, concretamente Escolas e

    Hospitais, preciso salientar que ao abrigo da Lei n. 2/97 de 18 de Fevereiro de 1997, e de

    acordo com Alves e Cossa (1998), o Municpio dispe de uma autonomia financeira, patrimonial

    e administrativa. E que todos os nveis primrios de Escolas e Hospitais j se encontram sob

    gesto do Municpio (Decreto n. 33/2006 de 30 de Agosto de 2006).

    No entanto, o que fomos verificar na prtica, ao entrevistarmos indivduos nessas instituies, e

    de acordo com documentos em nosso poder, que nenhuma Escola e Hospital de nvel primrio

    ou outros nveis, esta sob gesto do Municpio, mais sim sob gesto do GCM, isto de acordo com

    trs funcionrios que quiseram manter o anonimato, tanto os nossos dois primeiros entrevistados

    confirmaram (Sr. Jossinai e Dr. Miquidade). Estes dois ltimos e um em anonimato, foram

    unnimes em afirmar que a transferncia ainda esta em processo, e provavelmente at meados de

    2011, se ter concretizado.

    No que concerne ao documento por ns adquirido, no nmero 2 do mesmo passo a citar:

    " A implementao dos servios distritais nas cidades capitais, provinciais

    resultara da reestruturao das actuais direces de cidade remanescentes dos

    antigos conselhos executivos de cidade as quais garantem actualmente o

    exerccio das competncias do Estado ainda no foram transferidas para o

    referido municpio, tais como a sade e educao" (Despacho nr432/ MAE/

    637/GM/ DAJE/2008).

    Este despacho vem mostrar e clarificar que at 2008 pelo menos nenhuma infra-estrutura Escolar

    e Hospitalar, estava sob gesto do Municpio. E em conversa com um outro dos nossos

    entrevistados do GCM17, as infra-estruturas que se encontram exclusivamente sob gesto do

    17Sr. Ismett Dias, funcionrio desde 2009, formado em Direito, ocupando actualmente o cargo de responsvel pela Repartio,

    Planificao e Desenvolvimento Local.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 46

    conselho Municipal so jardins, rodovias incluindo passeios, habitao econmica, infra-

    estruturas de utilidade pblica de gesto autrquica, cemitrios pblicos, mercados e feiras.

    J as que se encontram sob tutela dos dois rgos so espaos verdes, viveiros da autarquia,

    instalaes de servios pblicos da autarquia, e os bombeiros que se encontram sob gesto da

    Cidade de Maputo. Em caso de precisarem dos servios dos bombeiros, o Municpio recorre a

    Mozal ou a Cidade de Maputo. Ficamos a saber, de outras actividades que no constam nos

    Decretos 2/97 e 33/2006, como os chapas que circulam dentro do territrio da Matola, esto na

    gesto do Municpio, mais o caso da Polcia de Moambique esta e sempre estar na tutela do

    GCM, porque diz respeito a segurana Nacional.

    No caso do nosso objecto de estudo, que so Escolas e Hospitais, mesmo estando sob gesto do

    GCM, estes so geridos em coordenao com o Municpio, uma vez que o territrio que eles

    devem realizar essas actividades ser pertencente ao CM, que por sua vez conhece as prioridades

    e necessidades da populao, apesar do GCM determinar as metas a atingir. Neste mbito, todas

    as infra-estruturas Escolares e Hospitalares so construdas mediante o crescimento da

    populao, e feita em bairros em expanso, onde o Municpio reserva espaos, em caso de

    necessidade de construo destas.

    No caso de haver financiamento de doadores ou do Estado, para a realizao destas actividades,

    o GCM submete um documento ao Conselho Municipal, na qual explica a existncia de um

    financiamento para uma destas infra-estruturas. Entretanto o Municpio d seu parecer e concede

    o espao j reservado para tal e efectua-se a construo.

    Mas, o Municpio tem tido vezes em que consegui financiamento para a construo de Escolas,

    temos como exemplo a Escola Benfica Nova, no bairro de Infulene, que teve como financiador a

    Frana. J no caso do apetrechamento destas infra-estruturas, o processo tambm o mesmo,

    salvo em casos que o financiamento venha de fundos adquiridos por doao directa de uma

    organizao no governamental, e que direccionado a aquela actividade especfica.

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 47

    No concernente a alocao de recursos humanos, cabe especificamente ao GCM velar por esta

    actividade, pois de acordo com o Sr. Dias, o Municpio ocupa 55.8% da populao total da

    provncia de Maputo, representando deste modo, o maior nmero de funcionrios naquela urbe,

    sendo desta maneira reservado a eles a alocao de funcionrios para prestar servios ao pblico.

    Contudo, os objectivos por estes preconizados tm sido alcanados, e pelo que eu pudemos

    apurar com uma grande colaborao de ambas partes, porque as entidades por mais distintas que

    sejam, elas tem em vista em primeiro lugar a satisfao das necessidades da populao, deixando

    de lado possveis conflitos que entre elas possam surgir.

    Concluso

    O tema do trabalho a Anlise da Coordenao Institucional entre rgos do Poder Local e

    rgos Locais do Estado, o Caso da Matola. O trabalho tem como objectivo principal analisar

    o processo de coordenao institucional entre os rgos do poder local e os rgos locais do

    Estado, e suas implicaes no processo de desenvolvimento local, e procuramos saber em que

    medida os mecanismos institucionais (Leis e Decretos), que configuram a edificao legal sobre

    o qual assentam os rgos do poder local e os rgos locais do Estado, estimulam a coordenao

    e articulao entre os mesmos na gesto de infra-estruturas Municipais. E para respondermos a

    esta questo, partimos do pressuposto de que dos instrumentos tericos da descentralizao, do

    quadro legal que regulamenta o processo de transferncia de funes e competncias, regista-se

    certa fragilidade na coordenao entre rgos do Poder Local e os rgos Locais do Estado

    resultando num baixo cumprimento das actividades planificadas e crises no relacionamento entre

    as instituies.

    Do estudo que fizemos concluimos que h coordenao, entre os rgos do poder local e os

    rgos locais do Estado. No entanto, os dispositivos legais que asseguram, estimulam a

    coordenao e articulao destes dois rgos, na gesto de infra-estruturas Municipais, ainda no

  • Elaborado por Teresa Nhambirre Pgina 48

    existem. Apenas existe o Decreto 33/2006, que afirma que preciso coordenar, no

    especificando as reas de actuao, nem as actividades a desempenhar, por cada rgo.

    Em termos mais especficos, a pesquisa identificou:

    Que o Municpio e o Governo da cidade da Matola, so os principais actores envolvidos

    no processo de coordenao na gesto de infra-estruturas Municipais. Entretanto, a

    Secretaria Provincial e o Governo Provincial da Matola, de uma forma indirect