trabalho de filosofia

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FATORES DO GOLPE MILITAR A intervenção política dos militares no Brasil aconteceu de maneira gradual. De fato, desde a inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros, alguns setores militares se mostravam favoráveis ao estabelecimento da Ditadura Militar. A primeira ação tomada nesse sentido aconteceu em 1961, quando o vice- presidente João Goulart teve sua posse ao cargo presidencial ameaçada por militares que o considerava um político comprometido com as esquerdas nacionais. Contrários ao anseio militar, diversos democratas e trabalhadores saíram em defesa da posse do novo presidente. No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, organizou uma campanha legalista a favor da oficialização do cargo assumido por Jango. A essa altura, vivia- se uma situação conflituosa que ameaçava a organização de uma guerra civil no país. Coincidentemente, Jango tinha feito uma visita à China, país que representava uma das maiores forças do socialismo mundial. Para contornar a situação, Jango resolveu estender a sua viagem diplomática fazendo uma parada estratégica nos EUA. Tal ação tinha o intuito de enfraquecer as desconfianças que recaíam sobre sua figura política e aproximar Jango dos interesses capitalistas. Além disso, Jango aceitou que o Congresso limitasse os poderes do Executivo ao impor um regime parlamentarista capaz de limitar o papel presidencial. Só assim, Jango conseguiu assumir a presidência em setembro de 1961. Em 1963, um plebiscito restabeleceu as normas do regime presidencialista e deu fim a todas as limitações políticas impostas pelo parlamentarismo. Com isso, teve seus poderes restaurados e passou a adotar uma série de medidas reformistas onde instituiu o 13º salário, o controle sobre a remessa de lucros para o exterior e o monopólio do Estado sobre a importação do petróleo. No ano seguinte, João Goulart organizou o polêmico comício na Central do Brasil. Durante o discurso realizado no evento, João Goulart se comprometeu a tomar uma série de medidas que integravam as chamadas reformas de base. Entre outras medidas, Jango prometia iniciar a reforma agrária, ampliar o voto aos analfabetos e remodelar o sistema educacional vigente. Tais propostas deixaram em alerta as elites empresariais, militares e demais conservadores da época. Por outro lado, despertou o apoio aos setores de esquerda, dos grupos nacionalistas e líderes

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CF 1988 e os direitos sociais.

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Page 1: Trabalho de Filosofia

FATORES DO GOLPE MILITAR

A intervenção política dos militares no Brasil aconteceu de maneira gradual. De fato, desde a inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros, alguns setores militares se mostravam favoráveis ao estabelecimento da Ditadura Militar. A primeira ação tomada nesse sentido aconteceu em 1961, quando o vice-presidente João Goulart teve sua posse ao cargo presidencial ameaçada por militares que o considerava um político comprometido com as esquerdas nacionais. 

Contrários ao anseio militar, diversos democratas e trabalhadores saíram em defesa da posse do novo presidente. No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, organizou uma campanha legalista a favor da oficialização do cargo assumido por Jango. A essa altura, vivia-se uma situação conflituosa que ameaçava a organização de uma guerra civil no país. Coincidentemente, Jango tinha feito uma visita à China, país que representava uma das maiores forças do socialismo mundial. 

Para contornar a situação, Jango resolveu estender a sua viagem diplomática fazendo uma parada estratégica nos EUA. Tal ação tinha o intuito de enfraquecer as desconfianças que recaíam sobre sua figura política e aproximar Jango dos interesses capitalistas. Além disso, Jango aceitou que o Congresso limitasse os poderes do Executivo ao impor um regime parlamentarista capaz de limitar o papel presidencial. Só assim, Jango conseguiu assumir a presidência em setembro de 1961. 

Em 1963, um plebiscito restabeleceu as normas do regime presidencialista e deu fim a todas as limitações políticas impostas pelo parlamentarismo. Com isso, teve seus poderes restaurados e passou a adotar uma série de medidas reformistas onde instituiu o 13º salário, o controle sobre a remessa de lucros para o exterior e o monopólio do Estado sobre a importação do petróleo. No ano seguinte, João Goulart organizou o polêmico comício na Central do Brasil. 

Durante o discurso realizado no evento, João Goulart se comprometeu a tomar uma série de medidas que integravam as chamadas reformas de base. Entre outras medidas, Jango prometia iniciar a reforma agrária, ampliar o voto aos analfabetos e remodelar o sistema educacional vigente. Tais propostas deixaram em alerta as elites empresariais, militares e demais conservadores da época. Por outro lado, despertou o apoio aos setores de esquerda, dos grupos nacionalistas e líderes trabalhistas. 

Inconformada com as diversas medidas defendidas pelas Reformas de Base, os conservadores paulistas organizaram, em 19 de março de 1964, uma grande passeata com o nome de “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. No final daquele mês a oposição ao governo só piorou com um levante de tropas mineiras que se deslocavam para o Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, os governadores de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro apoiaram a ação golpista dos militares rompendo politicamente com Jango. 

No dia 1º de abril de 1964, João Goulart abandonou a presidência e buscou apoio entre os políticos gaúchos, principalmente de Leonel Brizola. Naquele mesmo dia, de maneira inconstitucional, a cadeira de presidente foi considerada vaga e foi logo reassumida por Rainieri Mazzieli. Sem poder buscar uma alternativa, o ex-presidente buscou asilo no Uruguai. 

Dessa maneira, o “Golpe de 1964” foi conseqüência de várias questões que tomavam conta da nação. Nos anos de 1960, a economia brasileira estava corroída por uma onda de desemprego, inflação e queda nos investimentos. Além disso, o populismo entrou em crise ao perceber que as reivindicações concedidas aos trabalhadores não poderiam ser impostas sem primeiro atender os interesses das elites. Por último, devemos ainda destacar o apoio logístico e militar dos EUA à ação dos militares brasileiros.

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OS DIREITOS SOCIAIS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 1. INTRODUÇÃO 

Os Direitos Sociais refletem a preocupação do Constituinte com a integridade física do homem, e estão relacionados aos princípios de dignidade da pessoa humana, solidariedade e igualdade, que visam atingir a justiça social. A história de surgimento dos direitos sociais, remonta ao século XX, no período pós-guerra, sendo fruto da reflexão antiliberal e da ascensão do Estado de Bem Estar Social, predominante na Europa e disciplinado nas Constituições Mexicana de 1917 e de Weimar de 1919, são caracterizados, conforme a Teoria dos Direitos Fundamentais, em direitos de segunda geração. No Brasil, a primeira Constituição a tratar do tema foi a de 1934.

Os direitos sociais, segundo José Afonso da Silva[†], são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações desiguais. Dessa forma, possibilita ao indivíduo exigir do Estado prestações positivas e materiais para a garantia de cumprimento desses direitos.

Entretanto, a doutrina diferencia os direitos sociais dos direitos de defesa. Dirley da Cunha Júnior[‡], os distingue quanto ao seu objeto, no sentido de que os primeiros, consistem numa prestação positiva de natureza material ou fática em benefício do indivíduo, para garantir-lhe o mínimo existencial, responsável pelos postulados da justiça social. Exigem permanente ação do Estado na realização dos programas sociais; os segundos, tem por finalidade proteger o indivíduo contra as investidas abusivas dos órgãos estatais, não permitem sua violação.

Os direitos sociais estão dispostos na Constituição de 1988, no Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), e no Título VIII (Da Ordem social). Estabelece em seu Art.6º, como direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Do artigo 7º ao 11, o constituinte privilegiou os direitos sociais do trabalhador, em suas relações individuais e coletivas. Vale destacar, que o direito à alimentação foi introduzido pela Emenda Constitucional nº. 64 de 04 de fevereiro de 2010.

No título VIII, estão sistematizados os direitos à Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social), os direitos relativos à Cultura, à Educação, à Moradia, ao Lazer, ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e os direitos sociais da Criança e dos Idosos.

O art. 7º relaciona os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, entretanto, a doutrina atual não faz nenhuma distinção entre eles. Dentre os direitos dos trabalhadores previstos no texto constitucional, alguns têm aplicabilidade imediata, outros dependem de lei para sua efetiva aplicação, devendo o estado assegurá-los materialmente, já que o direito do trabalho é normatizado por leis específicas.

Em meio aos direitos dos trabalhadores previstos constitucionalmente, podemos relacionar, conforme divisão doutrinária de Dirley da Cunha Júnior[§], o direito ao trabalho e à garantia do emprego (art. 7º, I, II, III, XXI), os direitos relativos ao salário do trabalhador (art. 7º, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XII, XVI, XVII), os direitos relativos ao repouso do trabalhador (art. 7º, XV, XVII, XVIII, XIX, XXIV), o direito à proteção do trabalhador (art. 7º, XX, XXII, XXVII, XXVIII, XXXIII), outros direitos sociais do trabalhador (art. 7º, XI, XIII, XIV ao XVI e XXX ao XXXIV), e a extensão dos direitos relativos aos trabalhadores domésticos (art. 7º, IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV).

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Destaca o autor, os direitos coletivos dos trabalhadores, que englobam o direito de sindicalização (art. 8º), direito de greve (art. 9º), direito de participação dos trabalhadores em colegiados dos órgãos públicos (art. 10) e o direito de representação na empresa (art.11). Direito à saúde 

O Estado brasileiro aceita legalmente o uso de políticas públicas como forma de compensar as desigualdades existentes e, de garantir o mínimo de dignidade às pessoas. Aquelas são realizadas por meio da prestação de serviços à coletividade e da adoção de programas sociais, já que cabe ao Executivo atender às demandas da sociedade, sua ação programática está prevista legalmente prevista entre os artigos 196 e 200 da Constituição Federal de 1988. Caso seja verificada omissão do Estado recorre-se ao Judiciário para a obrigatoriedade de sua efetivação.

Entretanto, essas medidas dirigem-se a fins políticos, que beneficiam membros do Legislativo e do Executivo, já que com a elaboração dessas medidas não reduz a desigualdade social, apenas vicia a população carente a viver sob condições assistencialistas de governos populares que chegam ao poder devido à vulnerabilidade desses grupos marginais. Sendo estes os que não têm acesso a uma moradia digna, à socialização da cultura, à educação, ao lazer, à prática de esportes, ao acesso aos bens da vida em geral.

O direito social à saúde está inserido entre os que garantem a seguridade social, que compreende também os direitos à previdência e à assistência social. Elestêm por propósito garantir um mínimo necessário a uma existência digna, traduzido na disponibilidade de recursos materiais indispensáveis à satisfação dos postulados da justiça social. ”[**]

O direito à saúde está intimamente relacionado ao direito à vida, por isso, pressupõe que todos tenham direito a um tratamento digno de saúde, conforme dispo o art. 196 da Constituição de 1988: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. No art. 197, dispõe sobre a relevância pública das ações e serviços de saúde. No art. 198, institui o Sistema Único de Saúde (SUS) e dispõe em seus incisos sobre as diretrizes desse sistema, visando a realização de ações e serviços públicos de saúde.

O art. 199 dispõe sobre a possibilidade ou não de assistência à saúde pela rede privada, de forma complementar seguindo as determinações do SUS, que dará preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. O art. 200 estabelece as competências do Sistema Único de Saúde exigindo prestações do Estado para a realização de determinadas tarefas a fim de que garanta a realização do direito à saúde previsto constitucionalmente.

Destarte, a efetivação desse direito social depende da existência de profissionais e estabelecimentos habilitados a prestarem atendimento ao individuo doente bem como de prevenir doenças. Na ausência das prestações materiais do Estado, o Judiciário intervem obrigando os entes administrativos a disponibilizarem ações e serviços que atendam às demandas da sociedade, que podem ser desde a obrigatoriedade de custeio de tratamento clínico à determinação de construção de clínicas e hospitais, já que está em questão o direito à vida e a uma existência digna, não devendo, portanto, haver omissão à consecução dos fins da justiça social. Direito à previdência social

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O direito à previdência social está previsto constitucionalmente nos artigos 201 e 202, garantindo a segurança social, por meio de um regime de contribuição previdenciária que garante ao individuo segurado e seus dependentes em caso de doença, invalidez, morte, velhice e reclusão, por meio de concessão de benefícios e de prestação de serviços. Direito à assistência social

Conforme dispõe o artigo 203 da Constituição Federal de 1988: A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social. Estabelece também em seu artigo 204 a solidariedade financeira, já que, as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, e não através de contribuição previdenciária. O direito à seguridade social será prestado àqueles que não dispõem de recurso financeiros para o mínimo de existência digna, os grupos menos favorecidos economicamente. 

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal de 1988, em virtude de diversos acontecimentos históricos, sejam locais ou internacionais, estatuiu um rol de Direitos e Garantias Fundamentais, compreendido do artigo 5º ao 17.

Sendo Lei Suprema do "Estado Constitucional de Direito", a Constituição vincula governantes e governados, garantindo aos mesmos uma série de direitos e garantias com base no Princípio da Tripartição de Poderes.

Desta feita, para que seja possível dar continuidade às breves e singelas considerações presentes neste texto, é medida de rigor a diferenciação entre garantias e direitos.

1. Das Garantias Fundamentais

Segundo o Professor Paulo Bonavides, em sua obra "Curso de Direito Constitucional", as garantias constitucionais podem ser tanto da Constituição (acepção lata), como serem "garantias dos direitos subjetivos expressos ou outorgados na Carta Magna, portanto, remédios jurisdicionais eficazes para a salvaguarda desses direitos (acepção estrita)."

As garantias constitucionais na acepção lata dizem respeito à manutenção da eficácia e proteção da ordem constitucional contra fatores que possam colocá-la em risco, por exemplo, situações de crises do sistema político.

Por outro lado, as garantias constitucionais em acepção estrita, buscam proteger de forma direta ou indireta os direitos fundamentais - subjetivos através de remédios jurisdicionais hábeis a combater a violação de direitos fundamentais.

É de importante ressalte, ainda, a existência das Garantias Institucionais, modalidade autônoma protetiva, assim caracterizada modernamente pelo jurista alemão Carl Schimitt. Este ramo de garantias confere proteção constitucional a algumas instituições reconhecidas como fundamentais pela sociedade, bem como a certos direitos fundamentais de caráter institucional.

A aplicação exclusiva deste preceito ou mesmo dos anteriores à definição de garantias constitucionais é extremamente limitada, razão pela qual há necessidade de redefinição dos conceitos dados às garantias fundamentais (anteriormente explanados), acrescendo-se ao mesmo a definição de garantias institucionais. Neste sentido, observa-se que garantia constitucional é

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um meio disciplinador e de tutela do exercício dos direitos fundamentais, e ao mesmo tempo, de proteção adequada às instituições existentes no Estado, dentro dos limites constitucionais.

2. Dos Direitos Fundamentais

Os direitos fundamentais, consagrados pela Constituição Federal de 1988, são direitos assegurados ao cidadão tanto em sociedade quanto isoladamente em oposição à discricionariedade estatal ou outros atos temerários praticados por terceiros.

Verifica-se, portanto, que enquanto as garantias são "instrumentos" da efetivação dos direitos fundamentais e eminentemente assecuratórias, não estando necessariamente expressas no Texto Constitucional, os direitos fundamentais, propriamente ditos, constam expressamente da Carta Magna, o que confere aos mesmos, caráter declaratório.

Os direitos fundamentais possuem caráter de "norma constitucional", mercê de sua positivação na Lei Maior. São direitos fundamentais na medida em que estão insertos no Texto Constitucional, tendo passado por declaração do Poder Constituinte para tanto, com fundamento no Princípio da Soberania Popular. A priori, tais direitos possuem eficácia e aplicabilidade imediata, situação que pode ser mitigada conforme os critérios de razoabilidade e proporcionalidade previstos na lei ou a serem arbitrados em determinado caso concreto.

São características dos direitos fundamentais: historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade, inviolabilidade, universalidade, concorrência, efetividade, interdependência e complementaridade.

A historicidade dos direitos fundamentais diz respeito ao seu nascimento, modificação e desaparecimento no tempo, mercê dos acontecimentos históricos.

A inalienabilidade dos direitos fundamentais é caracterizada pela impossibilidade de negociação dos mesmos, tendo em vista não possuírem conteúdo patrimonial.

São imprescritíveis os direitos fundamentais, na medida em que podem ser exercidos ou reclamados a qualquer tempo, não havendo lapso temporal que limite sua exigibilidade.

A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais, significa que mesmo não sendo tais prerrogativas exercidas, o cidadão não pode renunciar às mesmas.

Os direitos fundamentais são invioláveis, enquanto não podem ser desrespeitados por qualquer autoridade ou lei infraconstitucional, sob pena de ilícito civil, penal ou administrativo.

A universalidade é caracterizada pela disposição dos direitos fundamentais a todo ser humano, com plena observância ao Princípio da Isonomia.

Os direitos fundamentais podem ser exercidos ao mesmo tempo, ainda que em um caso concreto um se contraponha ao outro. Neste caso, aplicar-se-á critérios de proporcionalidade e razoabilidade, configurando-se o que se chama de "cedência recíproca".

A efetividade dos direitos fundamentais é assegurada pelos meios coercitivos dos quais dispõe o Estado para garantir a possibilidade de exercício das prerrogativas constitucionais ora aventadas.

Page 6: Trabalho de Filosofia

A interdependência diz respeito à relação harmônica que deve existir entre normas constitucionais e infraconstitucionais com os direitos fundamentais, devendo as primeiras zelar pelo alcance dos objetivos previstos nos segundos.

Por fim, a complementaridade, refere-se à interpretação conjunta dos direitos fundamentais, objetivando sua realização de forma absoluta.

2.1. Da Divisão Doutrinária dos Direitos Fundamentais

Os direitos fundamentais são doutrinariamente divididos em quatro categorias, sendo elas: direitos fundamentais de primeira, segunda, terceira e quarta geração.

Os direitos de primeira geração, são os direitos de liberdade, no que tange aos direitos civis e políticos. De titularidade individual, são oponíveis ao Estado, demonstrando caráter antiestatal. Neste diapasão, observa-se que de fato há uma separação entre Sociedade e Estado, ficando a faculdade intervencionista do segundo limitada de modo a não atingir as liberdades abstratas de cada indivíduo.

Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos, tendo estrita relação com o Princípio da Igualdade, porquanto trazem em seu bojo a proteção da isonomia entre os cidadãos através das normas Constitucionais. Prima-se, portanto, pela proteção da igualdade material.

Enquanto as categorias anteriores demonstram estrita relação com a individualidade (em especial os direitos fundamentais de primeira geração), os direitos de terceira geração privilegiam em grande escala a sociedade como um todo. Assentados sobre a idéia de fraternidade, tais direitos podem ser subdivididos em cinco grupos, quais sejam: o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direito de comunicação.

Por fim, os direitos de quarta geração abarcam a democracia, o direito à informação, auto-determinação dos povos e ao pluralismo. Com nascedouro na globalização política, tais direitos configuram a fase mais moderna da Institucionalização do Estado Social, visando preparar o cidadão para uma participação social mais ativa, legitimando-o a tomar parte no sistema democrático.

3. Considerações Finais

Conclusivamente, é de importante ressalte o fato de existir plena relação entre a situação política-econômica de um país, a efetividade de seu sistema legal e das garantias nele previstas.

Em termos de Brasil, um país periférico, caracterizado pelas grandes desigualdades sociais e, conseqüentemente, pela carência de condições econômicas para suprir as necessidades dos cidadãos, em que pese a Constituição Federal veementemente garantista estar às vésperas de completar 20 anos de vigência, observa-se uma grande dificuldade na efetivação dos direitos fundamentais, apesar existirem princípios norteadores bastante consolidados para tanto. Desta feita, há evidente descompasso entre o plano fático do "ser" e o plano normativo do "dever ser".