trabalho de conclusÃo de curso bacharelado em … › ourobranco › biblioteca › ...dornier et...

21
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS CÂMPUS OURO BRANCO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO OURO BRANCO DEZEMBRO 2017

Upload: others

Post on 30-Jan-2021

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

    TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS

    CÂMPUS OURO BRANCO

    TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

    BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

    OURO BRANCO

    DEZEMBRO 2017

  • LUÍS FERNANDO RIBEIRO E SOUZA

    LOGÍSITCA REVERSA DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE

    SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL

    DE MINAS GERAIS

    OURO BRANCO

    DEZEMBRO 2017

  • LUÍS FERNANDO RIBEIRO E SOUZA

    LOGÍSITCA REVERSA DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE

    SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL

    DE MINAS GERAIS

    Trabalho de Conclusão de Curso

    apresentado ao Instituto Federal de Minas

    Gerais – Campus Ouro Branco, como

    parte dos requisitos exigidos para a

    conclusão do curso Bacharelado em

    Administração.

    Aprovado em 07 de dezembro de 2017.

    Professor orientador: Haroldo Lacerda de Brito

    OURO BRANCO

    DEZEMBRO 2017

  • Elaborada por Márcia Margarida Vilaça – CRB-6- 2235

    Ribeiro e Souza, Luís Fernando

    R484l Logística reversa de resíduos de serviço de saúde: estudo de caso em

    um hospital de Minas Gerais. / Luís Fernando Ribeiro e Souza. – 2017.

    17 p.; il.

    Orientador: Profº Haroldo Lacerda de Brito

    Trabalho de conclusão de curso (graduação) - Instituto Federal de

    Minas Gerais, Campus Ouro Branco, Curso Bacharelado em

    Administração, 2017 1. Logística reversa. 2. Resíduos de serviço de saúde.3. Lixo hospitalar.

    I. Ribeiro e Souza, Luís Fernando. II. Instituto Federal de Minas

    Gerais, Campus Ouro Branco. III.Título.

    CDU: 658.788

  • 1

    Logística reversa de Resíduos de Serviço de Saúde: estudo de caso em

    um hospital de Minas Gerais

    Luís Fernando Ribeiro e Souza¹, Haroldo Lacerda de Brito²

    ¹Luís Fernando Ribeiro e Souza – Graduando do curso Bacharelado em Administração do IFMG Campus Ouro Branco – e-mail: [email protected]

    ²Haroldo Lacerda de Brito – Mestre em Administração pela Faculdade Pedro Leopoldo e docente do IFMG Campus Ouro Branco – e-mail: [email protected]

    Resumo: O artigo estudou um novo campo da logística, a logística reversa, especificamente

    na área da saúde. Para isso o objetivo geral da pesquisa foi identificar e analisar as etapas e o

    processo do descarte de resíduos hospitalares em um hospital público situado na cidade do

    interior de Minas Gerais. A pesquisa foi um estudo de caso, com fins descritivos e com

    abordagem qualitativa. Foi realizada uma entrevista com a responsável técnica da Comissão

    de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Beta a fim de perceber como funciona, de

    fato, a logística reversa no hospital e qual é o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço

    de Saúde da empresa. Como principal resultado do trabalho, observou-se grande empenho do

    hospital em cumprir as normas regulamentadas pelos órgãos competentes, porém há algumas

    precariedades na cadeia logística reversa e nas fases no PGRSS.

    Palavras-Chave: logística reversa; Resíduos de Serviço de Saúde; lixo hospitalar.

    1 INTRODUÇÃO Há uma preocupação gradativa por partes das empresas no que tange à responsabilidade

    social e consciência ambiental. Tal cenário é consequência da fiscalização dos órgãos

    ambientais e da competitividade frente ao mercado, uma vez que uma parcela crescente dos

    consumidores procura e valoriza empresas socialmente e ambientalmente responsáveis. Leite

    (2009) afirma que empresas modernas reconhecem cada vez mais que para satisfazer

    diferentes stakeholders – acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidade local,

    governo – que avaliam as empresas sob diferentes perspectivas, é necessário atender uma

    variedade de interesses sociais, ambientais e governamentais, garantindo lucratividade ao

    longo do tempo.

    A logística exerce um papel relevante na gestão empresarial como um todo, pois

    possibilita um gerenciamento eficaz e eficiente dos recursos. Organizações são pressionadas a

    prestarem serviços de qualidade e os clientes cobram que elas também sejam responsáveis

    ambientalmente pelas ações que realiza.

    Seguindo essa linha de pensamento, surge a importância da logística reversa (LR), que

    vem conquistando um espaço expressivo no planejamento das empresas e estabelecendo

    mudanças no fluxo reverso de logística.

    O conceito de LR é recente, está em constante evolução e segue sendo implementado em

    muitas organizações, não apenas pelo retorno financeiro, mas também por pressões de leis que

    visam a sustentabilidade. Bowman (1995 apud. Xavier e Corrêa, 2013) afirma que até meados

    da década de 1990 a abordagem de logística reversa se focalizava no atendimento às

    necessidades do cliente. Porém, nem sempre coincidiam com as exigências legais que

    passaram a vigorar. Nesse período, o apelo à sustentabilidade ainda não havia sido

    internalizado pela sociedade e pelo mercado.

    Conforme Donato (2008), os resíduos hospitalares sempre se constituíram um problema

    bastante sério para os administradores hospitalares, devido principalmente à falta de

    informações a seu respeito, gerando mitos e fantasias entre pacientes, funcionários, familiares

    e principalmente a comunidade próxima aos aterros sanitários e às edificações hospitalares.

  • 2

    Diante esta afirmação, este artigo responde o seguinte problema: como ocorre o processo

    de descarte de resíduos de serviço de saúde em um hospital?

    O objetivo do artigo é analisar o processo de descarte de Resíduos de Serviço de Saúde

    (RSS) do Hospital Raymundo Campos, localizado em Ouro Branco, cidade do interior de

    Minas Gerais. Os RSS são resíduos gerados por prestadores de serviços de assistência médica,

    odontológicos, laboratoriais e farmacêuticos possuindo potencial risco à comunidade, em

    função da presença de materiais biológicos, produtos químicos, rejeitos radioativos e objetos

    perfurocortantes contaminados. Para tanto, faz-se necessário identificar a normatização dos

    órgãos regulamentadores, descrever como é realizada a logística reversa do hospital e, por

    fim, verificar se o hospital age em conformidade às exigências legais.

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A globalização tem implicações não só econômicas, mas também tecnológicas, sociais,

    políticas e culturais. Nesse contexto, o sistema de produção enfrenta novos desafios na

    distribuição de bens e serviços que atenda essa demanda crescente. Como consequência, a

    logística tem um papel fundamental na gestão empresarial.

    Dentre os diversos conceitos de logística, Ballou (1993) afirma que ela estuda a melhor

    forma de se atingir um melhor nível de rentabilidade na distribuição de produtos até o

    consumidor, planejando, organizando e controlando o movimento e estocagem, de forma a

    proporcionar facilidade no fluxo de mercadorias.

    Para Novaes (2001), a logística consiste no processo de planejar, implementar e controlar

    de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como as informações e

    serviços associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo final, com o

    objetivo de atender aos requisitos do consumidor.

    2.1 Logística reversa Leite (2009) identifica quatro áreas operacionais em que a logística empresarial atua,

    distinguindo-se em logística de suprimentos, responsável em suprir insumos para a empresa;

    logística de apoio à manufatura, que planeja, armazena e controla os fluxos internos; logística

    de distribuição, que se encarrega basicamente da entrega de pedidos recebidos; e a logística

    reversa, a mais nova área da logística, incumbida pelo retorno de produtos pós-venda e pós-

    consumo ou pelo seu endereçamento a diversos destinos.

    Figura 1: áreas da logística empresarial

    Fonte: Leite, 2009.

    Em uma definição mais sucinta, Xavier e Corrêa (2013) apontam a logística reversa como

    a parte da logística que opera os fluxos reversos em relação aos fluxos diretos tradicionais,

    fluem contra a corrente, da ponta do consumo para trás.

  • 3

    Stock (1998) afirma que em uma perspectiva de logística de negócios, a logística reversa

    atua no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição e reuso de materiais,

    disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura.

    A “logística reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas

    no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e

    embalagens” (COUNCIL OF LOGISTICS MANAGEMENT, 1993, apud. LEITE, 2009,

    p.16).

    Com essa visão ampliada do papel da logística empresarial, Dornier et al. (2000, p.39)

    expõe um novo conceito de logística que abrange todas as quatro áreas identificadas:

    Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócio. A definição atual de

    logística engloba maior amplitude de fluxos do que no passado. Tradicionalmente,

    as empresas incluíam a simples entrada de matérias primas ou o fluxo de saída de

    produtos acabados em sua definição logística. Hoje, no entanto, essa definição

    expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações.

    Portanto, além dos fluxos diretos tradicionalmente considerados, a logística moderna

    engloba, entre outros, os fluxos de retorno de peças a serem reparadas, de

    embalagens e seus acessórios, de produtos vendidos devolvidos e de produtos

    usados/consumidos a serem reciclados.

    Bowersox e Closs (2001), englobando o conceito da logística moderna apresentada por

    Dornier et al., apresentam a ideia do “apoio ao ciclo de vida”, referindo-se ao prolongamento

    além do fluxo direto dos materiais e à necessidade de considerar fluxos reversos em geral.

    A logística reversa possui duas grandes áreas de atuação que são tratadas de forma

    autônoma na literatura, essas áreas são logística reversa pós-consumo e logística reversa pós-

    venda. Leite (2002) afirma que elas são diferenciadas pelo estágio ou fase do ciclo de vida útil

    do produto, fazendo com que os canais de distribuição reversa sejam distintos a fim de

    melhorar o fluxo dos materiais.

    Figura 2: canais de distribuição direta e reversa

    Fonte: Leite, 2009.

    Como observado na Figura 2, a cadeia de distribuição tem o mesmo ponto de origem e

    tem como destino o consumidor, os fluxos reversos podem ser de pós-venda ou de pós-

    consumo. Leite (2009) determina que os canais de distribuição reversos de pós-consumo são

    constituídos pelo fluxo de produtos e materiais que foram descartados no final da sua vida útil

  • 4

    e que retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira, seja pelo reuso, desmanche

    (remanufatura) ou reciclagem. Caso não seja possível uma das maneiras, o produto é dirigido

    à destinação final de forma correta, segura e controlada sem provocar impactos maiores no

    meio ambiente.

    Em relação aos canais de distribuição pós-venda, Leite (2009) define como canais

    compostos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de produtos, com pouco ou

    nenhum uso, motivados por problemas relacionados à qualidade em geral ou processos

    comerciais entre empresas.

    2.1.1 Logística verde A sociedade tem se preocupado cada vez mais com os diversos aspectos do equilíbrio

    ecológico. A questão ambiental foi percebida, incorporada e gerenciada em paralelo ao

    amadurecimento do conceito de logística, dando origem ao conceito de logística verde ou

    logística ambiental. Apesar de conceitos parecidos, Xavier e Corrêa (2013) frisam que

    logística ambiental está mais relacionada a atividades logísticas aplicadas à gestão ambiental,

    enquanto a logística reversa mescla necessidades ambientais e necessidades de

    sustentabilidade do negócio.

    Figura 3: ordem cronológica da relação entre logística e a gestão ambiental

    Fonte: Xavier e Corrêa, 2013.

    A terminologia da área logística ainda não se encontra firmemente estabelecida. Como

    visto na Figura 3, a relação de logística e gestão ambiental é relativamente nova e novos

  • 5

    estudos e conceitos são apresentados na literatura com alguns detalhes e aprofundamentos

    diferentes. Xavier e Corrêa (2013) complementam que é importante estabelecer as sutis

    diferenças entre os termos semelhantes, diferenças estas que, na prática, tornam-se mais

    perceptíveis.

    Quiemento (2011, apud. Santos, 2015) aponta que o principal objetivo da logística verde

    é coordenar as atividades dentro de uma cadeia de suprimentos de tal forma que as

    necessidades de benefícios sejam atendidas com o “menor custo” para o meio ambiente. O

    “custo” do passado tem sido definido em termos monetários, como “custo” agora também

    pode ser entendido os custos externos associados à logística: alterações climáticas, poluição

    do ar, deposição de resíduos, degradação do solo, ruído, vibração e acidentes.

    Além do benefício ambiental que a logística verde traz, ela identifica-se também como

    um diferencial competitivo para as empresas que a realizam. Leite (2009) afirma que ações

    convenientemente dirigidas à preservação ambiental, dentro dessa visão contributiva de

    marketing social e ambiental, certamente serão recompensadas com salutares retornos de uma

    imagem diferenciada como vantagem competitiva. Empresas líderes em seus setores já

    apresentam posicionamentos de acréscimo de valor a seus produtos e a sua imagem por meio

    da logística verde.

    Gerenciar adequadamente o balanceamento entre redução de custo logístico e impacto

    ambiental tem sido preocupação de muitas empresas ao redor do mundo. Zhu et al. (2008,

    apud. Xavier e Corrêa, 2013) destaca que na busca por competitividade, as empresas devem

    gerenciar a logística e a cadeia de suprimentos, de forma a balancear a necessidade de redução

    de custos e a manutenção de padrões satisfatórios de desempenho ambiental, que podem, em

    alguns casos, ser objetivos contraditórios.

    2.1.2 Política Nacional de Resíduos A crescente preocupação com a conservação dos recursos naturais e com a saúde pública

    relacionada a resíduos sólidos aponta que políticas públicas para abordar esses temas tendem

    a ser cada vez mais exigidas pela sociedade.

    Reflexo dessas demandas, foi sancionada em agosto e regulamentada em dezembro de

    2010 a Lei n.12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a qual

    compreende diretrizes e ações a serem adotadas visando à gestão integrada e ao

    gerenciamento apropriado dos resíduos sólidos.

    A Política não trata de rejeitos radioativos, pois estes possuem uma regulamentação

    específica por apresentarem características peculiares que requer grande atenção para o

    descarte correto. Alguns princípios da PNRS são:

    I – A prevenção e a precaução;

    II – O poluidor-pagador e o protetor-recebedor;

    IV – O desenvolvimento sustentável;

    VIII – O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem

    econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania.

    Conforme o segundo princípio da PNRS, o poluidor-pagador, ou seja, as pessoas

    jurídicas que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase do seu gerenciamento, que

    deixar de cumprir com as normas regulamentadas na Lei 12.305/2010, estará sujeito à

    penalidade de advertência e no caso de reincidência poderá ser aplicada uma multa financeira

    que pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do

    meio ambiente.

    A Política também foca no desenvolvimento sustentável do país. Satterthwaite (2004,

    apud. Barbosa, 2008) define desenvolvimento sustentável como uma resposta às necessidades

    humanas com nenhuma ou mínima transferência de custos de produção, consumo ou lixo para

    outras pessoas e ecossistemas, hoje e no futuro.

  • 6

    A PNRS enxerga o tratamento do resíduo sólido como uma economia para as empresas

    que o realizam; além dessas organizações promoverem renda, cidadania e gerarem postos de

    trabalhos. Há ganhos diretos como o reaproveitamento de materiais e redução de custos; e

    indiretos, como uma boa imagem anexa à proteção ambiental, melhorando o relacionamento

    com os clientes.

    2.2 Logística reversa na área da saúde O Manual de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde salienta que das 149.000

    toneladas de resíduos residenciais geradas diariamente, pouco menos de 2% é composta por

    resíduo de serviço de saúde (RSS), e apenas 10 a 25% carecem de cuidados específicos.

    Portanto, segregar diferentes tipos de resíduos na fonte e no momento de sua geração conduz

    à minimização de resíduos, principalmente àqueles que exigem um tratamento prévio à

    disposição final. Os hospitais, por gerarem grande volume de RSS em seus procedimentos,

    merecem atenção especial. De acordo com Bottiglieri (1997), em grandes hospitais há geração

    de 1,0 a 6,5 toneladas de resíduos por dia.

    No Brasil, órgãos como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a

    Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) têm assumido o papel de orientar,

    normatizar e regular a conduta dos diferentes agentes em relação à geração e ao manejo dos

    resíduos de serviços de saúde, a fim de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a

    sustentabilidade.

    2.2.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde O principal objetivo do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

    (PGRSS) é estabelecer condições necessárias para a segurança do processo de manejo dos

    resíduos. Além disso, ele possui metas como reduzir a quantidade e a periculosidade dos

    resíduos, melhorar as medidas de segurança e higiene no trabalho, minimizar riscos sanitários

    e ambientais derivados dos resíduos sólidos etc.

    Segundo Mozachi (2007), em seu Manual do Ambiente Hospitalar, as etapas do PGRSS

    são:

    a. caracterizar os resíduos gerados; b. classificar os resíduos segundo legislação vigente; c. implantar sistema de manejo interno, que compreende identificação, geração,

    segregação, tratamento preliminar, acondicionamento, coleta e transporte,

    armazenamento temporário e externo;

    d. controlar as fases do PGRSS realizadas fora do estabelecimento, como a coleta e transporte externo, que geralmente são terceirizadas, mas que continuam sendo

    responsabilidade do hospital gerador.

    2.2.2 Classificações e tratamento de resíduos de serviço de saúde A classificação dos RSS está em evolução contínua, à medida que são introduzidos novos

    tipos de resíduos na área da saúde e como o meio ambiente irá reagir perante esses resíduos,

    como forma de estabelecer uma gestão segura e sustentável.

    A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) classifica os resíduos em três

    classes. A ABNT NBR 10.004/2004 substitui as normas de 1987 visando aperfeiçoá-la e,

    desta forma, fornecer subsídios para o gerenciamento de resíduos sólidos. São divididos em

    perigosos (classe I) e não perigosos (classe II A e B) conforme apresentados a seguir.

    Resíduos de Classe I – Perigosos: possuem propriedades físico-químicas e

    infectocontagiosas que podem apresentar riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

    Apresentam ao menos uma das seguintes características: corrosividade, inflamabilidade,

    toxicidade, reatividade e/ou patogenicidade.

  • 7

    Resíduos de Classe II A – Não Inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações

    de resíduos de classe I ou de classe II B. Os componentes destes resíduos, como matérias

    orgânicas, papéis, vidros e metais podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados.

    Podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em

    água.

    Resíduos de Classe II B – Inertes: resíduos que, quando submetidos a um contato

    dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem

    nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

    potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

    A Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA nº 306/2004 e Resolução CONAMA nº

    358/2005 classificam os RSS em cinco grupos distintos: A, B, C, D e E.

    Grupo A – compreende os componentes com possível presença de agentes biológicos

    que, por suas características de maior virulência – capacidade de um vírus ou bactéria de se

    multiplicar dentro de um organismo – ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

    Exemplos: bolsas transfusionais contendo sangue, placas e lâminas de laboratório, tecidos,

    peças anatômicas (membros), carcaças, dentre outras.

    Grupo B – engloba substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou

    ao meio ambiente, dependendo de suas características de corrosividade, inflamabilidade,

    toxicidade e reatividade. Como exemplo tem-se os resíduos contendo metais pesados,

    reagentes de laboratório, medicamentos apreendidos, dentre outros.

    Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

    radionuclídeos em quantidades acima dos limites de eliminação especificados nas diretrizes

    da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), como, por exemplo, radioterapia e

    serviços de medicina nuclear.

    Grupo D – podem ser equiparados aos resíduos domésticos por não apresentarem risco

    químico, biológico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Resíduos das áreas

    administrativas, sobras de alimentos e do preparo de alimentos são alguns exemplos.

    Grupo E – materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como agulhas, lâminas de

    barbear, pontas diamantadas, ampolas de vidro, espátulas, lâminas de bisturi e outros

    similares.

    A Resolução do CONAMA nº 283, de 12 de julho de 2001, define o tratamento resíduo

    sólido de saúde como o conjunto de unidades, processos e procedimentos que alteram as

    características biológicas, físicas, físico-químicas ou químicas dos resíduos e conduzem a

    minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente (BRASIL, 2001).

    RESUMO DOS MÉTODOS DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL

    Métodos de

    Tratamento

    GRUPOS DE RSS PROCESSO

    Grupo A

    Biológico

    Grupo B

    Químico

    Grupo C

    Radioativo

    Redução

    Volume

    Impacto

    Ambiental

    Eficiência

    Desinfecção

    Custo

    Operação

    Incineração X X Alta Alta Baixo Alto

    Autoclave X Baixa Alta Baixo Médio

    Tratamento X Baixa Incompleta Médio Médio

    Micro-ondas X Baixa Alta Baixo Alto

    Decaimento X

    Figura 4: resumo dos métodos de tratamento dos grupos A, B e C

    Fonte: BRASIL, 2001.

  • 8

    A Figura 4 exibe um resumo dos métodos de tratamento dos grupos que carecem de uma

    atenção maior na disposição final considerando a redução do volume, o impacto ambiental, a

    eficiência de desinfecção do resíduo e o custo da operação.

    Existem diversas formas de tratamento de RSS, associados aos diferentes grupos de

    resíduos. Em relação ao tratamento, merecem destaques os resíduos de Grupo A, B e C. Cada

    um desses grupos de resíduos tem características distintas, o que demanda formas de

    tratamentos diferentes e específicas.

    No tratamento do grupo A o objetivo é a redução de agentes biológicos através da

    desinfecção – eliminação da de microrganismos patogênicos. Mozachi (2007) diz os

    tratamentos podem ser apresentados da seguinte forma:

    • Desinfecção por meio de micro-ondas, tratamento químico, autoclave, ionizante; • Destruição térmica que pode ser realizada pelo método da incineração, plasma (estado

    gasoso) e pirólise (decomposição a altas temperaturas).

    O micro-ondas compreende em submeter os resíduos biológicos, previamente triturados e

    vaporizados, à uma vibração eletromagnética de alta frequência, até atingir e manter a

    temperatura de 100ºC.

    O tratamento químico dá-se por meio do uso de desinfetante. Consiste na ação de

    produtos químicos, associados a outros fatores como trituração, temperatura e pH (índice de

    acidez ou basicidade). O propósito é a eliminação de microrganismos.

    A autoclave, por sua vez, é um tratamento térmico dos resíduos biológicos, sob

    determinadas condições de pressão, tempo e com prévia extração do ar presente.

    Na ionização os resíduos são submetidos à raios gama quem destroem os

    microrganismos. Este processo é comum na esterilização de produtos farmacêuticos e

    alimentares. No fim da vida útil o equipamento se torna um rejeito radioativo de alta

    periculosidade, acarretando transtornos quanto à sua disposição final.

    A incineração consiste em destruir os resíduos por meio da combustão, variando de 800 a

    1.200ºC, no qual os resíduos são reduzidos a cinzas. Utilizar a combustão de resíduos sob

    condições específicas, como forma de desinfecção, emite gases tóxicos que devem ser

    tratados.

    Quanto ao grupo B, a resolução do CONAMA nº 5/93 trata os resíduos químicos como

    aqueles que deverão ser submetidos a tratamento e disposição finais específicos, pois seu

    lançamento gera poluição, prejudica a saúde humana e provoca efeitos graves nos organismos

    vivos que compõem o ecossistema. A figura abaixo apresenta algumas áreas geradoras e

    alguns exemplos de produtos químicos por setor.

    PRODUTO QUÍMICO POR LOCAL DE GERAÇÃO

    COZINHA LAVANDERIA LIMPEZA LABORATÓRIO RADIOLOGIA SANITÁRIOS

    Detergentes Detergentes Detergentes Metais

    Metais

    Desinfetantes

    Óleos Óleos Desinfetantes Soluções químicas Detergentes

    Graxas Graxas Oxidantes Reagentes químicos Medicamentos

    Figura 5: geração de resíduos do grupo B

    Fonte: CONAMA nº 5, 1993.

    Em relação ao grupo C, Mozachi (2007) afirma que único tratamento capaz de eliminar a

    periculosidade dos resíduos é o armazenamento para decaimento de sua radioatividade, que

    varia para cada elemento radioativo de acordo com tempo de meia-vida.

    Para ilustrar a complexidade do processo, a tabela a seguir apresenta o tempo de meia-

    vida e o tempo de segurança de alguns elementos radioativos.

  • 9

    Tabela 1: meia-vida e decaimento de alguns elementos radioativos

    MEIA-VIDA MÉDIA E DECAIMENTO DE RADIOATIVIDADE

    DE ALGUNS ELEMENTOS RADIOATIVOS

    Isótopos Meia-vida Tempo de Segurança

    Horas Dias Anos Horas Dias Anos

    Tc99 Tecnécio 6 60

    Fe59 Ferro 45,6 456

    Si90 Silício 27,7 277

    Am241 Amerício 458 4580

    Fonte: BRASIL, 2001.

    Após o decaimento o resíduo precisa ser encaminhado para disposição final ou receber

    devido tratamento conforme seu novo enquadramento nos grupos A, B ou D.

    Os resíduos classificados no grupo D não apresentam perigo e nem são exigidos

    tratamentos específicos. O hospital pode contribuir fazendo a coleta seletiva (papel, plástico,

    vidro e metal) para facilitar a destinação final desses resíduos.

    Os perfurocortantes que contém agente biológico devem ser utilizados processos que

    reduzam ou eliminam a carga microbiana. Dependendo da concentração, deve ser submetido

    ao mesmo tratamento do grupo A. As agulhas e seringas utilizadas em processos de

    assistência à saúde e os demais resíduos perfurocortantes não precisam de tratamento.

    3 MÉTODO DE PESQUISA A pesquisa realizada é descritiva, uma vez que visa caracterizar como deve ser e como é

    processo de descarte dos resíduos em um hospital localizado numa cidade do interior de

    Minas Gerais. Conforme Gil (2008) a pesquisa descritiva procura descrever as características

    de determinados fenômenos ou populações. Uma de suas particularidades está na utilização de

    técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário.

    Com uma abordagem qualitativa a pesquisa não se preocupa com a representatividade

    numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de uma

    organização, de um grupo social, uma instituição (GOLDENBERG, 2004).

    Com o objetivo de gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de

    problemas específicos, a natureza do projeto é classificada como pesquisa aplicada.

    Quanto aos procedimentos foi realizado um estudo de caso em um hospital. Fonseca

    (2002) propõe que um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma

    entidade bem definida como uma instituição. Visa conhecer em profundidade o como e o

    porquê de uma determinada questão, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e

    característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-

    lo tal como ele o percebe.

    A coleta de dados foi realizada no Hospital Beta, localizado no interior de Minas Gerais,

    através um questionário semiestruturado, “instrumento de coleta de dados constituído por uma

    série de perguntas, que devem ser respondidas por escrito” (MARCONI; LAKATOS, 1999, p.

    100), para fins de visualização do processo de geração, segregação, acondicionamento e

    destinação de resíduos sólidos de saúde.

    O questionário da pesquisa foi retirado do Trabalho de Conclusão de Curso de Ismael

    Buboltz (2011) e adaptado para focar no processo de descarte do hospital, e não das

    prestadoras de serviço de coleta, transporte e disposição final dos resíduos. Com as respostas

    obtidas, foi possível verificar o procedimento de descarte do hospital e se age totalmente ou

    parcialmente conforme as normas regulamentadas.

  • 10

    4 ANÁLISE DOS RESULTADOS O objeto de estudo da pesquisa foi o Hospital Beta. A entrevista foi respondida pela

    enfermeira e responsável técnica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),

    incumbida de controlar e pôr em prática o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços

    de Saúde (PGRSS) da policlínica.

    Considerando que os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) possuem disposições finais e

    processos específicos de tratamento, antes do destino final alguns setores do hospital devem

    fazer o tratamento prévio no local do setor. A empresa conta com o forno de autoclave para as

    vacinas de vírus vivo para evitar proliferação caso descartado diretamente no lixo, peças

    anatômicas do bloco cirúrgico passam por um tratamento químico antes de serem descartadas

    – com a devida autorização do paciente – pois há problemas religiosos e éticos envolvidos

    nesse contexto. O hospital também disponibiliza um coletor onde são descartados os materiais

    recicláveis como papel e papelão, realizando a reciclagem por meio de uma associação de

    catadores de materiais recicláveis e reaproveitáveis da cidade.

    A empresa não possui método de tratamento para todos os tipos de resíduos gerados pois

    demanda alto investimento, então ela terceiriza o serviço para atender as exigências

    ambientais e sociais. A Serquip-MG, licenciada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental

    (Copam), especializada em coletar, transportar, tratar e dar destinação final correta aos

    resíduos sólidos gerados pelas atividades produtivas, é a terceirizada que presta esse serviço

    para o hospital. A Serquip faz a coleta do lixo toda sexta feira dos resíduos não radiológicos e

    fornece as bombonas para o armazenamento destes no hospital, essas bombonas devem viajar

    sempre com a tampa fechada para que não haja imprevistos. Se ocorrer um acidente, por

    exemplo, durante o transporte e o lixo cair num rio, os resíduos podem poluir o ecossistema e

    o Hospital Beta será responsabilizado pela poluição, uma vez que a responsabilidade continua

    sendo do hospital gerador.

    O setor do CCIH faz diversos treinamentos e reuniões com os funcionários, médicos e

    gestores a fim de reduzir o número de acidentes e conscientizar a real importância do

    tratamento e direcionamento correto dos resíduos gerados. A ocorrência de acidente do

    trabalho envolvendo resíduos infectantes e perfurocortantes era de um por mês e vem

    reduzindo devido aos constantes treinamentos realizados. As vezes há problemas de licitação

    em relação a compra de sacos de lixo branco causando transtornos, pois os resíduos

    biológicos e químicos passam a ser descartados em sacos de lixo preto, o que pode acarretar

    multa ao hospital, pois conforme a RDC da ANVISA nº 306/2004 os resíduos devem ser

    acondicionados em saco branco leitoso, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de

    sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas.

    O hospital é o gerador primário, seguido das 11 Unidades Básicas de Saúde, sendo 10

    urbanas e uma rural. Além disso, há mais de 80 geradores externos como dentistas, farmácias,

    veterinários e o laboratórios que levam o lixo em sacos apropriados (saco de lixo branco) toda

    quinta feira para o hospital para ser destinado adequadamente. A estimativa da geração de

    RSS nos estabelecimentos públicos e privados do município, considerando os quantitativos

    mensais dos meses de janeiro a maio de 2017, chega a 2,6 toneladas por mês.

    O Hospital Beta é filiado à Superintendência Regional de Saúde de Barbacena, que é

    subordinada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, que está vinculado ao

    Ministério da Saúde, setor governamental responsável pela administração e manutenção da

    saúde pública do país. Além de responder a esses três órgãos, o hospital é fiscalizado pela

    Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), um dos órgãos seccionais de apoio do Copam,

    por meio de um detalhado questionário realizado a cada dois anos com a finalidade de

    executar a política de proteção, conservação e melhoria da qualidade ambiental. A Vigilância

    Sanitária Municipal também realiza o acompanhamento do PGRSS por meio da solicitação de

    cópias de documentos atualizados e assinados pela responsável técnica e inspeções anuais.

  • 11

    O RDC da ANVISA nº 306/2004 é o regulamento norteador do hospital. A classificação

    do lixo é dividida entre os grupos A, B, C, D e E. O grupo A, correspondente aos resíduos

    biológicos, carece de tratamento prévio, como dito anteriormente. Após o lixo biológico ser

    gerado, mais seis pessoas irão manuseá-lo antes da disposição final, então é de extrema

    importância que as vacinas, resíduos de placas, entre outros resíduos com risco de infecção

    sejam direcionados para a autoclave antes de qualquer outra destinação.

    Os resíduos que contém substâncias radioativas com a presença de radionuclídeos são

    repassados para empresa a Remocel, em São Paulo, onde o lixo é “lavado” e a prata é retirada

    para ser vendida. O acondicionamento até que seja decorrido o tempo de decaimento

    necessário ao atingimento do limite de eliminação é uma das funções da empresa terceirizada.

    O lixo comum é jogado em sacos de lixo preto, armazenado em bombonas para que a

    Prefeitura faça a coleta diariamente e transporte o lixo para o aterro sanitário da Ecotres,

    consórcio público intermunicipal de tratamento de resíduos sólidos, constituído por três

    municípios vizinhos.

    A responsável técnica do CCIH e as outras duas funcionárias do setor tem total

    consciência dos riscos que a incorreta disposição final dos resíduos pode causar tanto ao meio

    ambiente quanto as pessoas. Há riscos químicos, biológicos e radioativos, acidente de trabalho

    com perfurocortantes, ou até mesmo com os catadores de lixo quando descartados de forma

    incorreta em aterros sanitários comuns. Os solos e rios também podem ser contaminados,

    causando danos à vegetação e prejudicando qualquer ser vivo que tenha contato com a água

    contaminada.

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa teve o objetivo de analisar o processo de descarte do hospital e verificar se

    age conforme as normas e regulamentos impostos a esses geradores de resíduo. Com as

    respostas obtidas na entrevista foi possível verificar a tamanha preocupação da empresa em

    trabalhar em conformidade com as leis.

    O hospital cumpre com as exigências da RDC nº 306/2004 da ANVISA, porém peca no

    armazenamento final, em que são dispostas apenas duas pequenas salas sem ventilação para

    acondicionamento, sendo uma para os sacos pretos e outra para os brancos leitosos. A

    resolução do CONAMA nº 358/2005 contempla que os resíduos de serviços de saúde devem

    ser acondicionados atendendo às exigências legais referentes ao meio ambiente, à saúde e à

    limpeza urbana, e às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ABNT

    NBR 12.809/2013 normatiza que cada unidade geradora deve ter uma sala de resíduo

    apropriada para armazenamento interno dos recipientes com área mínima de 4m², prevendo-se

    espaço suficiente para entrada completa dos carros de coleta, abertura de ventilação com, no

    mínimo, 1/20 da área do piso e não inferior a 0,20m², ou ventilação mecânica que proporcione

    pressão negativa. Por se tratar de uma organização pública, a destinação de verbas para a

    reestruturação do espaço para que atenda as exigências não é realizada conforme o orçamento.

    O Hospital Beta não controla as informações da Remocel, empresa incumbida de realizar

    a coleta, transporte e destinação final dos resíduos radioativos, causando desconforto para a

    responsável técnica que responde pelo resíduo e não consegue fiscalizar o processo da

    terceirizada, se ela cumpre com a norma NE-6.05/1985 da CNEN que estabelece critérios

    gerais e requisitos básicos relativos à gerência de rejeito radioativos. E conforme Mozachi

    (2007), uma das fases do PGRSS é controlar a coleta e transporte externo, que geralmente são

    terceirizadas, mas que continuam sendo responsabilidade do hospital gerador.

    No artigo foi realizado um estudo de caso em um hospital que utiliza serviços

    terceirizados para o descarte final dos resíduos gerados, sendo assim, para estudos futuros,

    sugere-se a realização de uma pesquisa nas empresas que prestam esses serviços aos hospitais,

  • 12

    como, por exemplo, a Serquip e a Remocel. Identificar e analisar qual é o processo que o lixo

    passa desde a coleta nos hospitais e demais fontes geradoras até o descarte final.

  • 13

    REFERÊNCIAS

    BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, administração e distribuição física.

    São Paulo: Atlas, 1993.

    BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões 4ª ed., n. 4,

    Volume 1, jan. /jun. 2008.

    BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logistics management: the integrate supply chain

    process. McGraw-Hill, 2001.

    BOTTIGLIERI, C. A. M. Gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde, riscos de

    acidentes de trabalho e doenças profissionais. São Paulo, 1997.

    BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada nº

    306, 7 de dezembro de 2004.

    ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 10.004, 30 de novembro

    de 2004.

    ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 12.809, 19 de abril de

    2013.

    ______. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Resolução CNEN NE 6.05, 17 de

    dezembro de 1985.

    ______. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 5, 31 de agosto de

    1993.

    ______. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 283, 12 de julho

    de 2001.

    ______. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 358, 29 de abril de

    2005.

    ______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos

    Sólidos. Brasília, 2 de agosto de 2010.

    ______. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Agência Nacional de

    Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

    BUBOLTZ, Ismael. Logística reversa aplicada à saúde: a realidade hospitalar frente às

    imposições de adequação. Trabalho de conclusão de curso. Santa Cruz do Sul, jun. 2011.

    DONATO, V. Logística verde. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008.

    DORNIER, P.; ERNST, R.; FENDER, M.; KOUVELIS, P. Logística e operações globais.

    São Paulo: Atlas, 2000.

    FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

    GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

  • 14

    GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências

    Sociais. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

    LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: [s.n.], 2003.

    __________. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson

    Prentice Hall, 2009.

    __________. Revista tecnologística. São Paulo: Publicare, 2002.

    MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.

    MOZACHI, Nelson. O hospital: manual do ambiente hospitalar. Curitiba: Manual Real,

    2007.

    NOVAES, Antônio G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia,

    operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

    SANTOS, J. S. Logística verde: conceituação e direcionamentos para aplicação. Revista

    eletrônica em gestão, educação e tecnologia ambiental. Santa Maria, v. 19, n. 2, p. 314−331,

    mai. /ago. 2015.

    SOTCK, J.R. Reverse logistic programs. Council of Logistics Management: Illinois, 1998.

    XAVIER, L. H.; CORRÊA, H. L. Sistemas de logística reversa: criando cadeias de

    suprimento sustentáveis. São Paulo: Atlas, 2013.

  • 15

    APÊNDICE

    Entrevista aplicada no hospital.

    Caro respondente,

    O objetivo desta pesquisa é identificar o processo de logística reversa de resíduos

    hospitalares, tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso para Bacharel em Administração.

    Sua contribuição é muito importante!

    Meus sinceros agradecimentos.

    Luís Fernando Ribeiro – Graduando em Administração

    1. Considerando que os Resíduos de Serviço de Saúde possuem disposições finais e

    processos específicos de tratamento, gostaria, por gentileza, de saber os métodos que a

    empresa dispõe para tratamento de resíduos hospitalares: (assinale com “x”).

    (a) Incineração (b) Decaimento

    (c) Autoclave (d) Ionização

    (e) Tratamento Químico (f) Reciclagem

    (g) Micro-ondas (h) Compostagem

    2. A empresa possui método de tratamento para todos os tipos de resíduos? Em caso de não

    ter, qual o procedimento adotado? Utiliza serviços terceirizados para coleta, transporte e

    disposição final dos resíduos? Se sim, qual empresa presta este serviço? Como é

    realizado o controle das operações de descarte da terceirizada?

    3. Como se dá a avaliação das atividades desempenhados pelo hospital?

    4. Qual é o órgão que controla e fiscaliza a organização?

    5. Qual a região de abrangência da empresa, quantidade de hospitais e qual a média mensal

    de resíduos gerados?

    6. Em relação à classificação dos resíduos sólidos oriundos do serviço de saúde, qual a

    forma de segregação adotada pela empresa?

    7. Os componentes com possível presença de agentes biológicos que podem apresentar risco

    de infecção (materiais como gazes, drenos, biopsias, materiais com a presença de sangue

    humano, perfurocortantes, seringas) possuem algum processo específico de segregação

    para descarte?

    8. De acordo com resoluções da ANVISA os resíduos de GRUPO C (substâncias

    radioativas que contém radionuclídeos) devem ser destinados a um órgão específico para

    tratamento - o chamado Conselho Nacional de Energia Nuclear. Como se dá o processo

    de repasse destas substâncias a este órgão? Quais medidas e cuidados devem ser

    tomados?

  • 16

    9. Qual o processo de descarte dos resíduos hospitalares que não apresentam riscos ao meio

    ambiente?

    10. Quais os principais riscos que a incorreta disposição final de resíduos causa ao meio

    ambiente?

    11. A empresa autoriza a divulgação e citação de seu nome referente ao presente estudo?

    12. Há alguma observação ou possível comentário da empresa que julgue pertinente e não foi

    abordado nas questões anteriores?

  • 17

    ANEXO

    Simbologia dos resíduos de serviço de saúde