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Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC Curso de Graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental Elaboração de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) para o Antigo Lixão do Itacorubi, Florianópolis (SC) Augusto Ehlers Souza Orientadora: Naiara Francisca Ramos 2013/2

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Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC Curso de Graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental

Trabalho

Trabalho de Conclusão de Curso

Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

Curso de Graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental

Elaboração de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) para o Antigo Lixão

do Itacorubi, Florianópolis (SC)

Augusto Ehlers Souza

Orientadora: Naiara Francisca Ramos

2013/2

Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico

Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA (PRAD) PARA O ANTIGO LIXÃO DO

ITACORUBI, FLORIANÓPOLIS (SC)

AUGUSTO EHLERS SOUZA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Programa de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Engenheiro em Engenharia Sanitária e Ambiental.

Orientadora: MSc. Naiara Francisca Ramos

Florianópolis, SC 2013

SOUZA, A. E. Elaboração de um plano de recuperação de área degradada (PRAD) para o antigo lixão do Itacorubi, Florianópolis (SC). Florianópolis: UFSC/CTC/ENS, 2013. 125f. Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Sanitária e Ambiental – UFSC.

Aos meus pais Nilton e Claudete,

pelo amor e dedicação

incondicionais.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, desde o primeiro dia de aula até hoje. À minha orientadora, Naiara Francisca Ramos, por compartilhar ensinamentos e pela dedicação durante esta jornada. Ao professor Armando pela amizade e por não medir esforços em ajudar no que foi preciso. Aos meus chefes Davi e Márcio por compartilharem seus conhecimentos. À minha família pelo incentivo e por todo apoio necessário para concluir esta graduação. Jamais teria conseguido sem vocês, obrigado! À minha namorada, Joana, por ter convivido durante todos os momentos da elaboração deste trabalho, pelo carinho e por fazer meus dias mais felizes. Aos amigos da faculdade por tornarem os dias de estudos mais divertidos. A todos os demaisque fizeram valer a pena cada momento juntos e compreenderam que nem sempre foi possível ir a todas as festas que gostariam.

Se você encontrar um caminho sem

obstáculos, ele provavelmente não leva a

lugar nenhum.

Frank Clark

RESUMO

Problemas envolvendo lixões sempre estiveram presentes em nosso país.Não obstante, o tema vem recebendo a atenção necessária após a criação, em 2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual determina a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em até quatro anos após sua publicação. Desta maneira, o presente trabalho buscou desenvolver um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) para um antigo lixão localizado no bairro Itacorubi, município de Florianópolis/SC. A partir de normativas e estudos já desenvolvidos na área, o trabalho traz à tona o histórico do lixão e do gerenciamento de resíduos no município, desenvolvendo um diagnóstico das características físicas de Florianópolis e da atual situação de degradação da área projetando, assim, um cenário futuro caso nada seja feito a respeito.Como resultado da pesquisa, obteve-se um documento que apresenta as principais atividades a serem desenvolvidas na área do antigo lixão, para que problemas advindos da deposição inadequada de resíduos sejam corrigidos, cessando o dano ambiental. Palavras-chave: plano de recuperação, área degradada, lixão, técnicas de remediação.

ABSTRACT

Problems involving landfills have always been a difficulty in our country. Nevertheless, this topic has received more attention since the creation, in 2010, of the "National Policy of Solid Waste." which determines the final disposal in an environmentally appropriate until four years after its publication.Therefore, this research paper seeks to develope a plan to recuperate an old dump in Florianópolis' district, Itacorubi. From normative and studies already undertaken in the study area, the work brings to light the history of landfill and waste management in the city, developing a diagnostic of the physical characteristics of Florianópolis and current situation of degradation of the area, and thus designing a scenario if nothing is done about.As a result of these studies, they obtained a document that presents the main activities to be developed in the old landfill, so that arising problems with the degradation of the environment and excess in waste can be solved, thereby ending the environmental damage. Key-words: recovery plan; degraded area; dump; remediation techniques.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil ...................... 26

Figura 2: Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil ........................ 26

Figura 3: Destinação final de RSU no Estado de Santa Catarina (t/dia) 27

Figura 4: Aspectos ambientais causados pelos lixões ........................... 33

Figura 5: Estrutura de um aterro sanitário ............................................. 34

Figura 6: Esquema de um sistema de impermeabilização de base ........ 37

Figura 7: Estrutura de um aterro sanitário ............................................. 38

Figura 8: Métodos de remediação de áreas degradadas ........................ 48

Figura 9: Bombeamento e tratamento ................................................... 51

Figura 10: Extração de vapores (SVE) .................................................. 52

Figura 11: Air sparging ......................................................................... 54

Figura 12: Localização da Bacia Hidrográfica do Itacorubi, Florianópolis - SC. ................................................................................ 60

Figura 13: Local do antigo lixão em estudo .......................................... 61

Figura 14: Representação das estruturas do CTReS .............................. 62

Figura 15: Antigo lixão do Itacorubi em funcionamento ...................... 69

Figura 16: Mapa geológico do município de Florianópolis .................. 72

Figura 17: Legenda da Figura 16 - Mapa geológico do município de Florianópolis ......................................................................................... 73

Figura 18: Mapa dos solos do município de Florianópolis ................... 75

Figura 19: Legenda da Figura 18 - Mapa dos solos do município de Florianópolis ......................................................................................... 76

Figura 20: Rio Itacorubi ........................................................................ 78

Figura 21: Manguezal do Itacorubi ....................................................... 81

Figura 22: Vegetação existente no antigo lixão .................................... 82

Figura 23: Afloramento de resíduos de construção civil ....................... 83

Figura 24: Leiras de compostagem, armazenamento de lixiviado e depósito de resíduos de poda ................................................................. 84

Figura 25: Sistema de microdrenagem .................................................. 84

Figura 26: Canal natural componente da macrodrenagem .................... 85

Figura 27: Canal artificial componente da macrodrenagem .................. 86

Figura 28: Investigação geológica (Sondagem a Percussão Tipo Raymond) .............................................................................................. 88

Figura 29: Localização dos pontos de investigação geológica (SPT) ... 88

Figura 30: Execução dos poços de monitoramento das águas subterrâneas........................................................................................... 92

Figura 31: Locação dos poços de monitoramento das águas subterrâneas .............................................................................................................. 92

Figura 32: Locação dos pontos de monitoramento de águas superficiais .............................................................................................................. 93

Figura 33: Sistemática da medição de gás .......................................... 101

Figura 34: Crescimento populacional de Florianópolis ...................... 103

Figura 35: Evolução da ocupação dos arredores do Manguezal do Itacorubi entre os anos 1938 e 2013 .................................................... 104

Figura 36: "Caminho do Lixo" e Museu do Lixo ................................ 114

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fontes e tipos de informação específicos sobre cada área levantada durante a etapa de avaliação preliminar ................................ 43

Tabela 2: Mananciais de Florianópolis e suas respectivas bacias hidrográficas .......................................................................................... 79

Tabela 3: Resumo da investigação geológica ........................................ 89

Tabela 4: Pontos de análise de solo ....................................................... 90

Tabela 5: Resultados das análises laboratoriais de solo ........................ 91

Tabela 6: Resumo dos poços de monitoramento das águas subterrâneas ............................................................................................................... 93

Tabela 7: Parâmetros analisados e suas respectivas metodologias utilizadas ............................................................................................... 94

Tabela 8: Resultados dos parâmetros analisados nos poços de monitoramento de águas subterrâneas ................................................... 95

Tabela 9: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de monitoramento de águas superficiais 01 e 04........................................ 97

Tabela 10: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de monitoramento de águas superficiais 05 e 06........................................ 99

Tabela 11: Resumo dos poços de monitoramento de gás (PMG) ........ 100

Tabela 12: Medição de gases nos PMG .............................................. 101

Tabela 13: Locais de disposição de resíduos e Fator de Correção de Metano................................................................................................. 106

Tabela 14: Componentes dos resíduos e seu COD .............................. 107

Tabela 15: Valores adotados para aplicação do método IPCC ............ 108

Tabela 16: Relação entre população, taxa de atendimento e produção de resíduos por ano .................................................................................. 109

Tabela 17: Fração de resíduos que foi depositada no antigo lixão ...... 110

Tabela 18: Resultados obtidos pelo método IPCC .............................. 111

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais AC Área Contaminada AP Área Potencialmente Contaminada CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento CETESB Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo CIASC Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina COMCAP Companhia Melhoramentos da Capital CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CTReS Centro de Transferência de Resíduos Sólidos DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO Demanda Química de Oxigênio FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INMET Instituto Nacional de Meteorologia IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IPUF Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis LARESO Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos NBR Norma Brasileira Regulamentadora OD Oxigênio Dissolvido PEAD Polietileno de Alta Densidade pH Potencial Hidrogeniônico PM Poço de Monitoramento PMAS Ponto de Monitoramento de Água Superficial PMF Prefeitura Municipal de Florianópolis PMG Ponto de Monitoramento de Gás PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PRAD Plano de Recuperação de Área Degradada PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico PT Pump and Treat (Bombeamento e Tratamento) PVC Cloreto de Polivinila RSU Resíduo Sólido Urbano SPT Standard Penetration Test (Sondagem a Percussão) SVE Extração de Vapores do Solo UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina UFSC Universidade Federal de Santa Catarina VMP Valores Máximos Permitidos

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................. 25 2. OBJETIVOS ................................................................... 29

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................ 29

2.1.1 Objetivos Específicos........................................... 29 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................... 31

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................ 31

3.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS . 32

3.2.1 Lixão .................................................................... 32

3.2.2 Aterro Sanitário .................................................... 33

3.3 ÁREA DEGRADADA ............................................ 39

3.4 AVALIAÇÃO DE RISCO ....................................... 40

3.5 PLANO DE RECUPERAÇÃO ................................ 41

3.5.1 Avaliação Preliminar da Área Contaminada ........ 41

3.5.2 Investigação Confirmatória .................................. 45

3.6 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO ............................ 46

3.6.1 Sistema de cobertura ............................................ 48

3.6.2 Escavação, remoção e destinação do solo ............ 49

3.6.3 Bombeamento e tratamento (Pump And Treat) ... 50

3.6.4 Extração de vapores do solo (SVE) ..................... 51

3.6.5 Air Sparging ......................................................... 52

3.6.6 Biorremediação .................................................... 54

3.7 LEGISLAÇÃO VIGENTE ...................................... 56 4 METODOLOGIA .......................................................... 59

4.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................ 59

4.2 DIAGNÓSTICO ...................................................... 62

4.2.1 Clima .................................................................... 63

4.2.2 Geologia e pedologia ........................................... 63

4.2.3 Geomorfologia e relevo ....................................... 63

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4.2.4 Hidrologia ............................................................ 63

4.2.5 Vegetação ............................................................ 63

4.2.6 Histórico do lixão ................................................ 64

4.3 PROGNÓSTICO ..................................................... 64

4.4 ESCOLHA DA(S) TÉCNICA(S) DE REMEDIAÇÃO ....................................................... 64

5 RESULTADOS ............................................................... 67 5.1 DIAGNÓSTICO ...................................................... 67

5.1.1 Histórico do lixão ................................................ 67

5.1.2 Caracterização física de Florianópolis ................. 69

5.1.3 Caracterização da cobertura do lixão ................... 82

5.1.4 Caracterização do sistema de drenagem pluvial da área ...................................................................... 84

5.1.5 Relatório Técnico desenvolvido pela SANETAL Engenharia ........................................................... 86

5.2 PROGNÓSTICO ................................................... 102

5.3 AVALIAÇÃO TEÓRICA DA GERAÇÃO DE GÁS NO ANTIGO LIXÃO ............................................ 105

5.4 AÇÕES PARA RECUPERAÇÃO DA ÁREA DO ANTIGO LIXÃO DO ITACORUBI ..................... 112

5.4.1 Captação de Percolados e Extração de Vapores do Solo .................................................................... 112

5.4.2 Tratamento do Percolado Coletado.................... 112

5.4.3 Melhorias no sistema de drenagem pluvial ........ 113

5.4.4 Uso futuro da área .............................................. 113 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................. 117

6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................... 118 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................... 119

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1 INTRODUÇÃO O crescimento exponencial da população e o aumento da

expectativa de vida, aliados ao crescente consumo de bens não duráveis são fatores que levam a uma produção cada vez maior de resíduos sólidos urbanos, trazendo à tona esta problemática. A geração e o manejo destes resíduos são uma das grandes problemáticas a serem enfrentadas pelos municípios brasileiros.O gerenciamento desses resíduos deve ser planejado de maneira que estes tragam o menor impacto possível ao meio ambiente e às populações envolvidas, já que seu manejo inadequado causa poluição do solo e das águas subterrâneas; gera maus odores; proliferação de vetores e desvalorização imobiliária.

A maioria dos municípios brasileiros dispõe de coleta regular de resíduos nas áreas urbanas, serviço este que é de fácil controle da população, uma vez que é prestado diretamente a ela e causa transtornos à cidade e aos moradores. Porém, a disposição final adequada destes resíduos vem, muitas vezes, sendo deixada em segundo plano, e como não acontece aos olhos da população, não é notada.Com a aprovação da lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), fica estabelecido que a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deverá ser implantada em até quatro anos após a data de publicação desta Lei. Neste sentido, políticas públicas vêm sendo desenvolvidas para a melhoria da gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Segundo dados divulgados pela ABRELPE (2012) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), oriundas da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, a geração de RSU no Brasil cresceu 1,3% de 2011 para 2012, índice que é superior à taxa de crescimento populacional urbano no país no período, que foi de 0,9%. Os dados apresentados na Figura 1 mostram que, como constatado em anos anteriores, apesar de a produção de RSU superar o crescimento populacional, a mesma teve uma redução na sua intensidade.

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Figura 1: Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil

Fonte: ABRELPE (2012)

A quantidade de RSU coletada diante da total produzida indica

que 6,2 milhões de toneladas deixaram de ser coletadas no ano de 2012, e por consequência, tiveram destino inadequado. Porém, esta quantidade ainda é cerca de 3% menor do que em 2011.

A Figura 2 mostra que houve um aumento de 1,9% da quantidade de RSU coletada entre 2011 e 2012. Este índice quando comparado com o crescimento da produção de RSU, mostra que o sistema de coleta de resíduos teve uma discreta evolução na cobertura do serviço, chegando a 90,17%.

Figura 2: Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil

Fonte: ABRELPE (2012)

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Dos mais de 73 milhões de toneladas de resíduos produzidas anualmente no Brasil, 58% são destinadas a aterro sanitário, 24,2% a aterros controlados, e 17,8% aos lixões. Já no estado de Santa Catarina, os mesmos índices são, respectivamente 71,6%, 16,9% e 11,5%

Figura 3: Destinação final de RSU no Estado de Santa Catarina (t/dia)

Fonte: ABRELPE (2012)

. Segundo a Lei Federal 12.305/10 que institui a Política Nacional

de Resíduos Sólidos, os planos nacional e estadual de resíduos sólidos devem ter metas para a eliminação e recuperação de lixões e áreas degradadas, em razão de disposição inadequada de resíduos sólidos ou rejeitos. Um importante instrumento para a recuperação destas áreas e de gestão ambiental é o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), podendo ser desenvolvido para vários tipos de atividades antrópicas, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos, terraplenagem, exploração de jazidas de empréstimos, bota-foras e deposição de resíduos sólidos urbanos diretamente no solo.

Neste contexto, desenvolveu-se o presente trabalhona área de Engenharia Sanitária e Ambiental, cujo objetivo principal foielaborar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) para o antigo lixão do Itacorubi, em Florianópolis-SC, propiciando a mitigação dos impactos ambientais gerados pelo mesmo.

Atualmente, na área do antigo lixão encontra-se a estação de transbordo de RSU da COMCAP – Companhia Melhoramentos da Capital, empresa responsável pela coleta e destino final dos RSU de Florianópolis.

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O trabalho foi desenvolvido com o auxílio das instalações e do corpo técnico do Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos (LARESO), pertencente ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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2. OBJETIVOS

Os objetivos deste estudo são apresentados a seguir, sendo que foram separados em objetivo geral e objetivos específicos.

2.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)

para o antigo lixão do Itacorubi, em Florianópolis-SC, propiciando a mitigaçãodos impactos ambientais gerados pelo mesmo.

2.1.1 Objetivos Específicos

Reconhecer a situação de degradação da área em questão a

partir da elaboração de um diagnóstico.

Identificar e propor a melhor técnica aplicável para a mitigação dos impactos observados.

Estruturar um PRAD para o lixão do Itacorubi, com base na melhor técnica de recuperação de lixões existente para o caso estudado, propondo um uso futuro para a área.

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31

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo consta um levantamento de bibliografias que servirão debase para a estruturação do presente trabalho. São descritas considerações sobre plano de recuperação, área degradada, lixão, técnicas de remediação, aterro sanitário, avaliação de risco e legislação vigente. 3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Todo subproduto resultante da atividade humana, industrial e de

consumo é considerado resíduo sólido. Um material só se torna resíduo quando seu produtor ou proprietário não o consideram mais com valor suficiente para conservá-lo. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 10004/2004:

Resíduos sólidos são os resíduos em estado sólido ou semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Ainda, a Lei Federal 12.305/2010 considera como resíduo sólido:

Qualquer material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou

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economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

3.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

3.2.1 Lixão

Lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, caracterizada pela simples descarga dos resíduos sobre o solo, sem comprometimento com as consequências ambientais ou sociais.

A disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos no solo, na forma de vazadouros e lixões, constitui sério problema ambiental e de saúde pública, pois a falta de medidas de controle propicia a proliferação de vetores de doenças, a geração de gases nocivos, maus odores, riscos de deslizamento em encostas, entupimento dos sistemas de drenagem e, sobretudo, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas pelos lixiviados, resultante da decomposição dos resíduos sólidos (ZANTA et al. 2006; ABNT, 1992 apud PIMENTEL 2012).

Da mesma maneira, ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO (1999) citam que o lixo disposto a céu aberto gera uma ameaça constante de epidemias, pois fornece condições propícias para a proliferação de doenças. Além da liberação de gases que contribuem para o agravamento do efeito estufa, como o metano, a decomposição do lixo gera o chorume, líquido que contamina o solo e a água por compostos orgânicos e íons metálicos (BRAGA et al., 2002).

Além de todos os problemas ambientais e de saúde pública, o fato de os lixões atraírem pessoas que sobrevivem da catação é um grave problema social, uma vez que estas se instalam nestes locais e levam junto suas famílias, formando grandes comunidades que dependem destas áreas fétidas para sua sobrevivência.

Ainda, pode-se acrescentar a este cenário a total falta de controle quanto aos tipos de resíduos ali depositados, onde muitas vezes verificam-se resíduos de serviço de saúde, principalmente de hospitais e também de indústrias.

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Figura 4: Aspectos ambientais causados pelos lixões

Fonte: FEAM, 2010.

3.2.2 Aterro Sanitário

Aterros sanitários são locais onde são depositados e tratados os resíduos gerados pela atividade humana. Este procedimento visa atenuar ao máximo o impacto ambiental causado pelos resíduos ali depositados, utilizando-se de técnicas de engenharia para confinamento no menor espaço possível. Neste sentido, segundo Castilhos Junior et al. (2003), esta técnica é considerada o método mais utilizado e de menor custo para o tratamento de RSU. A definição de aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos é colocada da seguinte maneira, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1992):

Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área

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possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se necessário.

De modo geral, os resíduos cujos líquidos lixiviados gerados possam sofrer alguma forma de atenuação no solo, consideram-se passíveis de disposição em aterro sanitário. No interior de um aterro sanitário, que pode ser concebido como um biorreator, a degradação dos resíduos ocorre basicamente de três maneiras: através da dissolução dos elementos minerais presentes no meio; devido ao carreamento das finas partículas e do material solúvel pela água de percolação; e principalmente em função da bioconversão da matéria orgânica em formas solúveis e gasosas, sob influência de mecanismos físicos, químicos e biológicos resultantes da interação entre os componentes oriundos do próprio resíduo e entre os agentes naturais (água e microrganismos) (CASTILHOS JUNIOR et al., 2003; ZANTA et al., 2006). O efeito concomitante de todos esses fenômenos produz os diversos impactos ambientais nas redondezas de um aterro sanitário, tais como a geração de odores, a atração de vetores e principalmente a geração de lixiviado e de biogás (CASTILHOS JUNIOR et al., 2003).

Figura 5: Estrutura de um aterro sanitário

Fonte: BAHIA, s.d.

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3.2.2.1 Queima de gases A queima de gases é o processo mais utilizado como tratamento

dos gases gerados em um aterro sanitário, através da redução do metano (CH4) agás carbônico (CO2), que é eliminado na atmosfera.

O biogás é o principal produto resultante da digestão anaeróbia da matéria orgânica aterrada e suas características variam conforme a composição dos resíduos aterrados e o estágio de decomposição destes. O metano é o seu principal gás e apesar de ser inodoro, insípido e não tóxico, possui elevado poder calorífico e é um dos responsáveis pelo efeito estufa, tendo um potencial 21vezes maior de aprisionamento de calor na atmosfera do que o dióxido de carbono (CO2) (MCT, 2010). Sendo assim, o Biodieserlbr (2013), site especializado em fontes de energia, aborda o assunto dizendo que o biogás gerado nos aterros sanitários deve ser drenado e queimado para mitigação dos efeitos causados pelo seu lançamento na atmosfera, notadamente no que concerne a potencialização do efeito estufa. A queima do biogás transforma o metano em dióxido de carbono e vapor d’água. Apesar de a queima do biogás ser um processo de baixo custo para a minimização dos impactos ambientais provenientes de aterros sanitários, o IBAM (2007) trata do assunto dizendo que a alternativa de energia elétrica oriunda do biogás de aterros sanitários ganha novas políticas de geração de energia com a biomassa e outras fontes de energia renovável, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, incentivado pelo governo federal. Projetos com aproveitamento do biogás para simples queima no flare ou produção de energia geram receita com a venda de créditos de carbono no mercado internacional, o que propicia um incentivo para melhorar o projeto e a operação dos aterros sanitários e avançar na implementação de uma correta gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios brasileiros. 3.2.2.2 Lixiviado

O lixiviado é o líquido originário da água infiltrada pela cobertura

do solo de um aterro sanitário e da água que excede a capacidade de retenção da umidade dos materiais aterrados e percola através da massa de resíduos (TCHOBANOGLOUS et al., 1993).

Segundo a mesma linha de raciocínio, o lixiviado pode ser considerado como uma composição entre a água proveniente do processo de decomposição da matéria orgânica e a água que infiltra pelo

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solo, solubilizando componentes orgânicos e inorgânicos. Consequentemente, o volume de lixiviado produzido por certa massa de resíduos é diretamente proporcional à quantidade de águas pluviais que infiltraram na massa, e suas características químicas e físicas dependem principalmente do tipo de resíduo ali aterrado. Segundo Jucá et al.

(2006), as características físicas, químicas e biológicas dos lixiviados variam conforme o tipo de resíduo aterrado, o grau de decomposição, clima, estação do ano, idade do aterro, profundidade do resíduo aterrado, dentre outros. Em função do grande número de variáveis relacionadas com a qualidade dos lixiviados, é difícil definir valores típicos destes efluentes.

Um dos maiores impactos ambientais causados por áreas que recebem resíduos sólidos urbanos inadequadamente é a percolação do lixiviado pela massa de solo, podendo atingir e contaminar as águas subterrâneas e superficiais no entorno da área. Assim, segundo Borges e Lima (2000), antes de ser lançado ao ambiente, o lixiviado deve ser coletado e tratado, mas também pode ser recirculado para o próprio aterro e interferir positivamente na decomposição dos resíduos e na produção de biogás.

Dentre as tecnologias de tratamento de lixiviado de aterros sanitários, pode-se citar o sistema de lagoas; a aplicação de tratamentos biológicos; aplicação de tratamentos biológicos aeróbios com remoção de nitrogênio em sistemas de lodos ativados; o tratamento combinado de lixiviados de aterros sanitários de RSU com esgoto sanitário; e o tratamento de lixiviados por evaporação.

3.2.2.3 Impermeabilização de base do aterro

O sistema de impermeabilização de base, também chamado de

barreiras impermeáveis, tem a função de proteger a fundação do aterro, evitando a contaminação do subsolo e aquíferos subjacentes, pela migração de percolado e/ou biogás (IPT/CEMPRE, 2000). Este sistema deve ser executado a fim de garantir estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência às intempéries e compatibilidade com os resíduos a serem aterrados (ROCCA, 1993). De acordo com Rebello (2003), a escolha do tipo é influenciada pelo uso a que se destina, pelo meio ambiente físico, pela química da solução percoladora e da água subterrânea, pela vida útil do projeto, taxa de infiltração e restrições físicas.

Autores como Daniel (1993) defendem que, independente do nível de proteção que tenha se projetado, os sistemas de

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impermeabilização não são suficientes para assegurar o mínimo impacto ambiental em alguns casos.Portanto, é indispensável se assegurar um acompanhamento técnico contínuo da obra, a fim de garantir os padrões de funcionamento e a qualidade de execução das camadas.

Os sistemas de impermeabilização natural compreendem os solos argilosos naturais de baixa condutividade hidráulica.

Segundo Castilhos Júnior (2003), as barreiras de argilas compactadas são constituídas, essencialmente, por solos compactados, podendo conter matérias sintéticas como bentônica sódica. O tipo mais comum de revestimento de solo compactado é o construído a partir de solo de ocorrência natural, que contém significativa quantidade de argila. Tipos de solos próprios para revestimentos minerais incluem solos residuais ou transportados. Rochas altamente intemperizadas, como argilitos e lamitos podem ser empregadas como revestimentos minerais, desde que convenientemente processadas.

Já as barreiras sintéticas utilizam materiais geossintéticos que oferecem condutividade hidráulica baixíssima, pequenas espessuras, boa resistência física e química. Tais características são fundamentais para controlar a percolação e o fluxo de efluentes líquidos e gasosos. A geomembrana que vem sendo mais utilizada em aterros é a de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) de no mínimo 1,5 mm.

Figura 6: Esquema de um sistema de impermeabilização de base

Fonte: PROSAB, 2003

3.2.2.4 Cobertura do aterro

O sistema de cobertura de resíduos é um aspecto construtivo de

fundamental importância nos aterros sanitários, pois objetiva, essencialmente, minimizar a infiltração de água na massa de resíduos para evitar a formação de lixiviado e mitigar os impactos decorrentes da exposição deste material ao ambiente (BAGCHI, 2004; D’ALMEIDA;

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VILHENA, 2000). Dentre outras funções, D’Almeida e Vilhena (2000, p. 283) colocam que o sistema de cobertura deve:

Eliminar a proliferação de vetores, reduzir a exalação de odores, diminuir a taxa de formação de lixiviados, impedir a catação, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro, eliminar a queima de resíduos e a saída descontrolada de biogás.

As camadas de cobertura diária ou intermediária são aquelas executadas diariamente, ao longo do processo de deposição de resíduos no aterro. Já a cobertura final, é aquela executada no encerramento das atividades do aterro.

O sistema de cobertura do aterro sanitário difere da impermeabilização da base principalmente porque o primeiro não tem contato com o lixiviado produzido, apenas com a água da chuva. Portanto, sua resistência química pode ser inferior. No entanto, deve apresentar resistência física e mecânica para que ofereça durabilidade diante de intempéries meteorológicas que causam erosão.

Geralmente o solo é o material mais utilizado para a execução dessas camadas, também sendo utilizada em larga escala a adição de argila compactada para impermeabilização (CASTILHOS JÚNIOR, 2003).

Figura 7: Estrutura de um aterro sanitário

Fonte: CARVALHO, 1999

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3.3 ÁREA DEGRADADA Área degradada é aquela em que as condições naturais do

ecossistema foram perdidas, sejam elas referentes ao solo, vegetação, clima, ao ar e às águas superficiais e subterrâneas.

O conceito de degradação muitas vezes tem sido associado aos efeitos negativos que as atividades e intervenções humanas causam ao meio ambiente. Raramente usa-se o termo para caracterizar as alterações decorrentes de fenômenos ou processos naturais. No presente trabalho serão apresentados somente os conceitos relacionados aos processos antrópicos de degradação, por estarem dentro do contexto. Afonso (2009)define que a degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e a faunaforem destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e o regime de vazão do sistema hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento socioeconômico. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da sua NBR 10703, a degradação do solo é apontada como sendo a “alteração adversadas características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto osestabelecidos em planejamento, como os potenciais”. Este conceito considera o entendimento do solo enquanto espaço geográfico, ou seja, ultrapassa o sentido de matéria ou componente predominante abiótico do ambiente. Sugere, ainda, o conceito de efeito ou impacto ambiental considerado negativo. Uma área contaminada pode ser definida como área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria que contenha quantidades ou concentrações de substâncias químicas, comprovadas por estudos, que causem ou possam causar danos à saúde humana, ao meio ambiente ou a outro bem a proteger (FEAM, 2010). Por conseguinte, contaminação é a presença de substâncias químicas ou biológicas no ar, no solo ou na água, decorrentes de atividades antrópicas, em concentrações tais que restrinjam a utilização desse serviço ambiental para os usos atual e/ou futuro, definidas com base em avaliação de risco à saúde humana, assim como aos bens a proteger, em cenário de exposição padronizado ou específico. Para a que a área em estudo possa ser julgada como degradada ou não, é imprescindível que se faça um estudo comparativo entre o atual estado da área e suas características naturais originais.

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3.4 AVALIAÇÃO DE RISCO

Segundo CETESB (2001), o objetivo principal da etapa de avaliação de risco é a identificação e quantificaçãodos riscos à saúde humana, decorrentes de uma área contaminada, uma vez que a saúde humana e a segurança da população devem ser priorizadas, dentre os bens a proteger expostos, na avaliação de risco em uma área contaminada. Dependendo da situação, outros bens devem ser considerados, tais como ecossistemas, a produção agrícola, as edificações e instalações de infraestrutura urbana. Para a realização da avaliação dos riscos, as metodologias utilizadas estão baseadas em princípios de toxicologia humana e no conhecimento das propriedades físico-químicas e do comportamento ambiental dos contaminantes. Assim, a identificação dos riscos de uma determinada área servirá de base para a definição dos objetivos a serem atingidos pela remediação da área e das medidas a serem adotadas. Já para FIEMG (2011), a avaliação de risco, em relação à investigação de áreas contaminadas, é o processo pelo qual se identificam e avaliam os riscos potenciais ereais que a alteração do solo pode causar à saúde humana e a outros organismos vivos. Complementando os conceitos acima, SCHMIDT (2010) cita que o conceito fundamental de avaliação de riscoestá baseado na existência de três componentes essenciais: contaminantes perigosos, vetores de exposição e receptores potenciais. Não existindo um dos três componentes, entende-se que não existe o risco da contaminação. Contaminante perigoso é aquele que apresenta propriedades nocivas em determinadas concentrações, tornando o local impróprio para o uso, de acordo com os padrões aceitáveis para a saúde humana e o meio ambiente em geral. Vetores de exposição são definidos como a forma de transporte do contaminante, que por intermédio do meio contaminado permite seu contato com o receptor. Por sua vez, receptores são indivíduos ou um grupo deles que estão expostos de forma potencial à contaminação. A caracterização do risco envolve a quantificação dos riscos aos receptores potenciais associados à exposição aos compostos químicos analisados. O risco é verificado utilizando-se programas comerciais reconhecidos, integrando-se os resultados de exposição e toxicidade, com caracterização em termos de magnitude e incertezas envolvidas no processo (SCHMIDT, 2010).

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3.5 PLANO DE RECUPERAÇÃO

Planos de recuperação de áreas degradadas têm como objetivo principal aadoção de medidas corretivas nessas áreas que possibilitem recuperá-las para um uso compatível com as metas estabelecidas a serem atingidas após a intervenção, adotando-se dessa forma o princípio da “aptidão para o uso” (CETESB, 2001). Segundo da Silva (2004), planos de recuperação são importantes instrumentos da gestão ambiental para vários tipos de atividades antrópicas, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos, terraplenagem, exploração jazidas de empréstimos, bota-foras e deposição de RSU diretamente no solo. Já o IBAMA (2011), na instrução normativa nº 4, trata um plano de recuperação como uma restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original. A resolução Conama 420/2009 sugere as seguintes etapas como componentes de um plano de recuperação de áreas degradadas:

identificação: serão identificadas áreas suspeitas de contaminação com base na avaliação preliminar, e, para aqueles em que houver indícios de contaminação, deve ser realizada uma investigação confirmatória.

diagnóstico: inclui a investigação detalhada e investigação de risco, com objetivo de subsidiar a etapa de intervenção, após a investigação confirmatória que tenha identificado substâncias químicas em concentrações acima do valor de investigação.

intervenção: execução de ações de controle para a eliminação do perigo ou dedução a níveis toleráveis, dos riscos identificados na etapa de diagnóstico, considerando o uso atual e futuro da área.

monitoramento: acompanhamento e verificação da eficácia das ações executadas.

3.5.1 Avaliação Preliminar da Área Contaminada

A avaliação preliminar tem como objetivo a realização de um

diagnóstico inicial das áreas potencialmente contaminadas (APs), por intermédio de um levantamento de informações disponíveis e coletadas em inspeções de reconhecimento das áreas.

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A execução dessa etapa possibilitará, resumidamente (CETESB, 2001):

levantar informações sobre cada AP de modo a subsidiar o

desenvolvimentodas próximas etapas do gerenciamento de áreas contaminadas (ACs);

documentar a existência de evidências ou fatos que levem a suspeitar ouconfirmar a contaminação nas áreas em avaliação, possibilitando sua classificação como área com suspeita de contaminação (AS) ou AP;

estabelecer o modelo conceitual inicial de cada área em avaliação;

verificar a necessidade da adoção de medidas emergenciais nas áreas.

Os dados obtidos nesta etapa possibilitam estabelecer uma primeira avaliação das áreas classificadas primeiramente como APs e indicam a sequencia de etapas que deverão ser executadas dentro do gerenciamento de ACs. Durante a etapa de avaliação preliminar pode-se obter evidências que indiquem a necessidade de adoção de medidas emergenciais, visando à proteção da saúde da população ou outros bens a proteger. Os dados coletados devem ser interpretados com o intuito de formular hipótesessobre as características da fonte de contaminação, as prováveis vias de transporte dos contaminantes (meios por onde podem se propagar), a distribuição espacial da contaminação e os prováveis receptores ou bens a proteger atingidos (CETESB, 2001). As informações existentes da área a ser avaliada devem ser reunidas e identificadas, por intermédio de dois procedimentos básicos:

levantamento histórico das atividades desenvolvidas e em desenvolvimento na área.

levantamento de dados sobre o meio físico da área.

O estudo do histórico da área possibilita que sejam levantadas informações como as atividades de manejo realizadas, a produção, armazenamento e disposição de substâncias na área, a evolução da ocupação e do uso do solo no entorno da região e o posicionamento dos bens a proteger. Esta etapa é de grande importância principalmente onde as fontes de contaminação já foram desativadas e não existe mais uma

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administração do local. Na tabela 1 podem ser vistas várias fontes de informação e documentos normalmente utilizados na etapa de avaliação preliminar.

Tabela 1: Fontes e tipos de informação específicos sobre cada área levantada durante a etapa de avaliação preliminar

Fontes de informações

Tipos de Informações

Documentos a Consultar

Proprietário ou responsável pela área

Histórico operacional e

ambiental da área

Registros de população,

armazenamento e disposição de

substâncias e resíduos na área, fluxogramas e plantas industriais

Órgão de controle ambiental

Histórico ambiental e operacional da

área, dados sobre o meio físico

Processos, relatórios e cadastros

Ministério público Informações sobre a

situação legal da área

Processos

Prefeitura Utilização

atual/futura da área e vizinhança

Plano diretor, plantas da área

Empresas de planejamento do uso e ocupação do solo

Informações sobre os bens a proteger

localizados próximos à área,

histórico operacional da área

Mapas, fotografias aéreas e relatórios

Empresas prestadoras de serviços

especializados, como perfuradoras de poços

,aerofotogrametria, firmas de engenharia

civil, empresas de abastecimento deágua

Descrição geológica e hidrogeológica da área, história do uso do solo e utilização da área, drenagens,

bens a proteger, histórico das

operações na área, disposição de

Relatórios contendo mapas perfis

descritivos de poços e sondagens,

fotografias aéreas multitemporais,

plantas das edificações, mapas

com utilidades

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substâncias, “layout” da área,

informações geotécnicas

Meios de comunicação

Ocorrências de fatos marcantes

relacionados à área

Jornais, revistas e livros

Corpo de Bombeiros

Mapas históricos e plantas de segurança

contra incêndio, medidas de segurança

tomadas na área

Relatórios, mapas, croquis

Entrevistas com moradores,

funcionários, técnicos da agência

ambiental e prefeitura, etc.

Histórico geral da área, processos,

operação, disposição de substâncias

Registros das entrevistas executadas

Institutos (geológico, agronômico, química,

pedológico, meteorológico, etc.),

universidades

Comportamento dos contaminantes,

geologia, hidrogeologia,

meteorologia da área, etc.

Textos de revistas especializadas, teses, dissertações, livros

Fonte: CETESB, 2001.

O levantamento de dados sobre o meio físico tem como principal objetivo a determinação das potenciais vias de transporte de contaminantes, bem como a localização e caracterização de bens a proteger. Para que esta etapa possa ser realizada, devem ser coletados dados hidrológicos, hidrogeológicos, geológicos, geomorfológicos e meteorológicos. Tais dados podem ser obtidos junto aos órgãos de controle e planejamento ambiental, universidades, institutos de pesquisa, empresas de abastecimento de água, empresas perfuradoras de poços etc. Durante a inspeção de reconhecimento, a área deve ser vistoriada detalhadamente, além de serem realizadas entrevistas com pessoas do local, de modo que se possam adquirir informações que não seriam obtidas com base na simples observação, como por exemplo, a natureza

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das substâncias utilizadas entre outras.Entrevistaspodem ser realizadas com pessoas que possam estar ou terem estado ligadas à área em questão, como funcionários atuais ou antigos do empreendimento e moradores vizinhos, onde as seguintes informações poderão ser obtidas (CETESB, 2001):

locais de disposição ou infiltração de resíduos; acidentes ocorridos; paralisação do funcionamento; índice de doenças nos funcionários, moradores, animais; manuseio das substâncias; reclamações da população; problemas com a qualidade do ar, água e solo; reformas realizadas na área.

3.5.2 Investigação Confirmatória

O processo de identificação de áreas contaminadas se encerra na

etapa de investigação confirmatória, que tem como objetivo principal confirmar ou não a existência de contaminação nas áreas suspeitas, as quais foram identificadas na etapa de avaliação preliminar.

As áreas que anteriormente foram classificadas como AS são avaliadas através de métodos que visam comprovar a presença de contaminação. Assim, os dados obtidos nesta etapa são importantes uma vez que auxiliam as ações do órgão gerenciador ou órgão de controle ambiental na definição dos responsáveis pela contaminação e dos trabalhos necessários para a solução do problema. A definição de uma área contaminada ou a comprovação da contaminação ocorrerápela realização de análises específicas, tomando-se como base o conhecimento adquirido sobre a área nas etapas anteriores e utilizando-se diferentes técnicas de investigação, isolada ou conjuntamente, cuja seleção depende das características específicas de cada área em estudo. O processo de confirmação da contaminação dá-se, basicamente, pela tomada de amostras de solo e/ou água subterrânea para análises químicas. O número de amostras coletadas deve ser reduzido, porém suficiente para comprovar a contaminação (CETESB, 2001). As principais etapas de uma investigação confirmatória são (FIEMG, 2011):

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sondagem de solos e coleta de amostras para avaliar contaminações nos locais identificados provenientes de resíduos enterrados indevidamente, derramamento de produtos químicos, etc.;

efetuar análise de solo e de aquífero subterrâneo do local para avaliar teor de contaminação;

coleta de amostra de água, à jusante do local, próximo à sua divisa, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero subterrâneo;

coleta de amostras, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero subterrâneo, privilegiando as áreas tidas como de risco, para avaliar a existência de contaminação;

coleta de amostra de água a montante do local, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero subterrâneo, próximo à sua divisa;

coleta de amostra de água de aquíferos superficiais próximos à divisa de saída do local;

análises das amostras de solo e água subterrânea. 3.6 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO

A desativação de lixões é feita, muitas vezes, através do simples

abandono e fechamento da área, sem critérios técnicos adequados. A interrupção da disposição de resíduos no local cessa a atividade de catadores e do trabalho infantil, porém os aspectos ambientais como a geração de gases e lixiviado perduram por muito tempo, ocasionando sérios impactos ambientais na área.

É cada vez mais frequente a constatação de substâncias químicas nas águas subterrâneas no entorno de lixões, evidenciando o aumento do descarte de materiais como pilhas, baterias e eletro-eletrônicos. Um aspecto contribuinte para o agravo deste quadro é a falta de controle dos tipos de resíduos depositados nos lixões, como resíduos industriais ou mesmo atividades urbanas como oficinas mecânicas e postos de combustíveis.

Devido à grande probabilidade da ocorrência de impactos ambientais, os lixões devem ter suas atividades encerradas de maneira tecnicamente correta ou mesmo utilizando técnicas de remediação que minimizem ou cessem os impactos, podendo assim tornarem-se aterros sanitários.

Neste contexto, segundo NETO et al. (2005), a remediação consiste em um processo complexo em que se faz a remoção de

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contaminantes do solo. Neste processo, primeiramente se faz a caracterização geomorfológica e hidrológica da área de interesse e o mapeamento da pluma de contaminação, a fim de ser delimitada sua área de abrangência. Após, faz-se uma definição das técnicas de remoção de fase livre e, posteriormente, das fases dissolvida e adsorvida, considerando as peculiaridades do local de trabalho e do volume de produto a ser removido. Por último, são feitos a implementação das técnicas mais apropriadas e um programa de análises físicas e químicas do solo e aquífero até o saneamento da área impactada, sendo esta a etapa mais prolongada do processo.

Para eleger a melhor técnica para a remediação, é necessário que seja realizado um estudo prévio detalhado do local avaliando as condições físicas e principalmente o comprometimento ambiental do local, contendo dados como o levantamento planialtimétrico, análises de águas superficiais e subterrâneas, estudos de sondagem e caracterização geotécnica, entre outros.

As tecnologias disponíveis para minimizar ou impedir o problema da contaminação de solos e águas subterrâneas, podem ser classificadas sob diversos aspectos como, por exemplo, em termos de seu objetivo (contenção ou tratamento), localização (in situouex situ), processo (físico, químico, biológico, termal), meio contaminado (ar, água ou solo), mecanismo operacional (recuperação de líquidos e vapores, imobilização, degradação), entre outros.

As técnicas de remediação podem ser realizadas no local (in situ) ou através de remoção do material (solo) contaminado para outro local, onde será tratado (ex situ). As técnicas ex situ não são, em geral, apropriadas para grandes áreas contaminadas, por motivos econômicos. Devem ainda ser rigorosamente estudados os aspectos técnicos e econômicos da disposição dos resíduos e a efetividade do tratamento a fim de se evitar a contaminação da área de despejo final, bem como custos excessivos envolvidos no projeto. Esses aspectos levaram à aplicação crescente de técnicas de remediação in situ (SCHMIDT, 2010).

Resumidamente, tem-se:

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Figura 8: Métodos de remediação de áreas degradadas

Fonte: FIEMG, 2011.

3.6.1 Sistema de cobertura

Os sistemas de cobertura fornecem um mecanismo de

estabilização através da reduçãodo fluxo de água em uma trincheira ou bacia de retenção. A cobertura é tipicamente composta por uma camada superficial que suporta a vegetação, uma camada de drenagem, uma camada de baixa permeabilidade e uma camada de ventilação de gases. As exigências do local ditam quais as camadas sãonecessárias, sendo que alguns lugares não necessitam de todas as camadas. A camada superficial é geralmente composta por solo com adequada quantidade de matéria orgânica para sustentar a vegetação. Esta camada requer boa drenagem para favorecer o crescimento da vegetação. A vegetação estabiliza a camada de superfície. Para evitar danos às camadas mais

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baixas da cobertura, a vegetação tem de ser de um tipo que possua raízes rasas e seja adaptada ao clima. A decomposição da matéria orgânica resulta na geração de gás metano. Caso a produção não seja controlada, o gás que se desloca dentro do sistema pode inflar a cobertura e possivelmente entrar em combustão. Portanto, o gás deve ser drenado de maneira controlada (BELLANDI, 1995).

3.6.2 Escavação, remoção e destinação do solo

A remoção dos resíduos responsáveis pela degradação ambiental

é uma técnica de remediaçãoex situ que consiste em retirar os resíduos ali dispostos de forma inadequada e transportá-los para outro local, previamente preparado tecnicamente para o tratamento dos mesmos e devidamente regularizado no órgão ambiental competente. Esta alternativa apresenta custos relativamente elevados quando a quantidade de materiais a serem retirados e transportados é muito grande, pois essas atividades apresentam dificuldades operacionais. Além disso, o novo local de deposição deve apresentar características operacionais (lançamento, compactação, etc.) superiores às do depósito original.

Para se avaliar a viabilidade de remoção dos resíduos deve-se considerar, primordialmente, que a substituição dos locais seja vantajosa do ponto de vista ambiental, segundo as seguintes circunstâncias:

a) Remoção do local de origem onde não eram empregados

critérios técnicos, para outra área previamente preparada como um aterro sanitário.

b) Remoção de um local em área urbana em expansão para um outro desabitado, de preferência já degradado anteriormente.

c) Remoção de uma área mais vulnerável ambientalmente para uma menos vulnerável, do ponto de vista geológico, geotécnico e hidrológico.

d) Remoção de uma área destinada à ocupação mais nobre para uma área com menor valor imobiliário e usos corriqueiros, de acordo com o plano diretor do município.

Paralelamente à remoção dos resíduos, deve ser realizada uma avaliação das condições da água subterrânea e do solo, buscando focos de contaminação. Caso não seja constatada a contaminação, a área deverá ser recuperada com solo natural e revegetada com espécies nativas. Caso contrário, devem-se definir ações de imediato visando o controle da contaminação e reabilitação da área. Em alguns casos são

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necessárias medidas de proteção à saúde da população, como a instalação de lacres em poços e cisternas para evitar o consumo de água contaminada (FEAM, 2010). 3.6.3 Bombeamento e tratamento (Pump And Treat)

Nos processos de remediação por bombeamento, ou do tipo

“Pump and Treat” (PT), a água subterrânea contaminada é bombeada para um sistema superficial de coleta, através de poços que penetram na zona saturada do solo. O material coletado é posteriormente tratado por técnicas ex situ. Nesse contexto, o PT pode ser considerado um tratamento. Em termos de aspectos in situ, porém, o PT é caracterizado atualmente por diversos autores como uma técnica de contenção (SCHMIDT, 2010). A água contaminada é submetida a um processo de remoção de contaminantes e pode ser colocada de volta ao reservatório natural. A água é tratada pela técnica de air sparging, passando através de carvão ativado ou biorremediação para a extração dos contaminantes (NADIM et al., 1999). É necessário que se saibam características do local como condutividade hidráulica, transmissibilidade e o gradiente hidráulico para que seja possível determinar o número de poços necessários, sua posição e a taxa de bombeamento (KAHN et al, 2004). Das suas características, pode-se dizer que é simples de projetar e operar e o equipamento é facilmente disponível. Além disso, o distúrbio local é mínimo, deixando poucas marcas no local, se comparada com outras técnicas de remediação (KAHN et al., 2004). Outros pontos que devem ser destacados é que ela não é recomendável para aqüíferos de baixa permeabilidade e pode requerer longo tempo de tratamento (NADIM et al., 1999). Indo na contramão do que pensam os autores acima citados, TIBURTIUS et al. (2004) cita que este processo é bastante eficiente, porém tem caráter um pouco destrutivo quando associado a outras técnicas como a de air sparging, visto que na sua utilização há a liberação de gases poluentes para a atmosfera e o processo de adsorção leva à geração de fases sólidas saturadas com contaminantes não-destruídos. Além disso, a necessidade da utilização de diversas tecnologias faz com que o processo se torne caro e demorado, devido à complexidade das instalações. Para acúmulos de lixiviado em fase livre e plumas sobrenadantes, pode-se utilizar o bombeamento na diminuição do volume de contaminante a ser tratado por outra técnica de remediação, a qual

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garanta um nível satisfatório da qualidade da água. Nesses casos, o bombeamento pode ser utilizado como uma medida imediata no projeto de remediação.

Figura 9: Bombeamento e tratamento

Fonte: Adaptado de Schmidt, 2010.

3.6.4 Extração de vapores do solo (SVE)

A extração de vapor do solo (SVE) é uma técnica in situ de

remediação que pode ser utilizada para remover componentes orgânicos voláteis e alguns semivoláteis do solo (NADIM et al., 1999).

É uma técnica bastante simples apropriada para a remoção de contaminantes na zona não saturada do solo que tenham a tendência de se volatilizarem ou evaporarem facilmente. A técnica consiste na aplicação de grande quantidade de ar na zona não saturada do solo para promover a volatilização dos contaminantes presentes como fase livre ou residual, e com posterior extração dos vapores gerados por sistema a vácuo.

Um sistema de SVE prevê a instalação de poços de extração de gases e poços de injeção (ou air vents) na área contaminada, formando um sistema de circulação de ar. Os poços de injeção de ar utilizam compressores para forçar a passagem do ar através do solo. São normalmente colocados na vertical, mas podem ser horizontais para níveis d’água mais superficiais. Air vents têm a mesma função, porém ao invés de bombear o ar apenas facilitam a entrada do ar no terreno.

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Quando o ar passa no solo em seu caminho para os poços de extração, os contaminantes evaporam, saindo dos poros do solo e sendo puxados pelo ar para os poços de extração, onde são removidos e tratados antes do lançamento na atmosfera. Os vapores são tipicamente tratados por adsorção por carbono, incineração, oxidação catalítica ou condensação. O tipo de tratamento escolhido é função do tipo e da concentração do contaminante, sendo a adsorção por carbono a mais largamente utilizada para tratamento de uma grande quantidade de compostos orgânicos voláteis SCHMIDT (2010).

Durante o emprego do método não ocorrem distúrbios nem escavações e ele geralmente é utilizado juntamente com outros processos, como esgotamento com ar (air stripping), para que se obtenham melhores resultados. Além disso, é possível a remediação de grandes volumes de solo com baixo custo e pequeno tempo de tratamento. Como desvantagem, sabe-se que se o solo tiver baixa permeabilidade, a velocidade do ar e o movimento do vapor serão afetados, diminuindo a eficiência do método. Outra causa de diminuição da eficiência é a alta umidade do solo (pois diminui a permeabilidade). Além disso, altas concentrações de matéria orgânica no solo podem absorver os componentes voláteis e retardar o processo (KAHN et al., 2004).

Figura 10: Extração de vapores (SVE)

Fonte: Téchne, 2012.

3.6.5 Air Sparging

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Air sparging é uma tecnologia de remediação de águas subterrâneas in situ, que envolve a injeção de um gás (ar ou oxigênio) sob pressão, por meio de poços situados na zona saturada do solo, para remoção de compostos volatilizáveis. O air sparging estende a aplicabilidade do SVE (extração de vapores do solo) a solos saturados e águas subterrâneas, possibilitando a remoção física do contaminante e a aceleração da biodegradação em zonas saturadas. É aplicável ao tratamento de contaminantes que não podem ser remediados por SVE. Quando o mecanismo de ação predominante é a biodegradação, o processo é chamado biosparging SCHMIDT (2010).

Alguns fatores determinantes para a utilização desta técnica são:

A permeabilidade da zona saturada; A profundidade do lençol freático; O tipo de contaminante.

O ar (oxigênio) sob pressão é injetado abaixo do nível da água, na zona saturada. No início do processo o ar se desloca horizontalmente, e depois, devido à menor densidade em relação ao solo, inicia um movimento vertical para cima. Nesta migração, o ar volatiliza os contaminantes dissolvidos, que migram para a zona vadosa, onde são removidos por meio de poços. A eficiência do processo é determinada pela taxa de aumento da concentração de oxigênio na água subterrânea. O aumento da concentração de oxigênio depende da pressão parcial do oxigênio que está sendo introduzindo (NADIM et al., 1999). Solos homogêneos e com uma relativa permeabilidade fazem com que o contato com o ar atmosférico aumente, tornando a técnica bastante eficiente (KAHN et

al., 2004). Sabe-se que este método apresenta baixa eficiência em solos contaminados por espécies de caráter fenólico, pois estas possuem maior solubilidade em água (TIBURTIUS et al., 2004). Os solos com sedimentos de argila também não são apropriados para o uso da tecnologia.

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Figura 11: Air sparging

Fonte: Téchne, 2012.

3.6.6 Biorremediação

Entende-se como biorremediação qualquer forma de tratamento

que utiliza microorganismos do solo para biodegradar os contaminantes do solo e das águas subterrâneas, transformando as substâncias perigosas presentes nos compostos orgânicos em energia e em substâncias não tóxicas ou pouco tóxicas SCHMIDT (2010).

Os processos abióticos citados até então nas outras técnicas de remediação raramente transformam substâncias orgânicas em produtos inorgânicos. Os processos biológicos de degradação (biodegradação), por sua vez, têm capacidade para transformar completamente compostos orgânicos tóxicos em compostos inorgânicos e não tóxicos, como o CO2.

A biorremediação pode se dar in situ ou ex situ. As técnicas de biorremediação ex situ podem ser mais rápidas e fáceis de controlar, porém requerem escavação, transporte, tratamento e disposição do solo contaminado, sendo de mais alto custo, impacto e dificuldades operacionais que as técnicas in situ. As tecnologias de biorremediação in

situ não requerem escavação do solo contaminado, sendo mais baratas e causando menos perturbações e liberação do contaminante para o meio ambiente. Possibilitam também o tratamento de uma maior quantidade de solo.

Os processos de biodegradação podem ocorrer sob condições existentes (biorremediação intrínseca) ou serem estimulados por

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tecnologias de biorremediação, que visam criar condições ideais para que ocorra a biodegradação necessária. Estimula-se o crescimento da população de microorganismos no solo, capazes de promover a biodegradação do contaminante de forma adequada à sua quantidade e qualidade. Para que ocorra a biodegradação existem seis requisitos básicos (BEDIENT et al., 1994): 1. Presença dos microorganismos apropriados: Os microorganismos nos aqüíferos subterrâneos são quase sempre bactérias. É preferível ter bactérias nativas (indigenous) capazes de biodegradar o contaminante local; 2. Fontes de Energia: O carbono orgânico é necessário como fonte de energia e utilizado pelos organismos para manutenção e crescimento, sendo transformado em carbono inorgânico, energia e elétrons; 3. Fontes de carbono: Aproximadamente 50% do peso seco das bactérias é carbono, sendo o carbono orgânico utilizado para compor e gerar novas células; 4. Receptores de elétrons: A biodegradação envolve a oxidação dos contaminantes, sendo necessários elementos oxidantes (receptores de elétrons); 5. Nutrientes: Entre os nutrientes necessários estão o nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio, sendo os dois primeiros necessários em grandes quantidades; 6. Condições ambientais aceitáveis:Exemplos são a temperatura, pH, salinidade, pressão hidrostática, radiação ou presença de metais pesados ou outros elementos tóxicos que inibam a população bacteriana. A concentração do contaminante no aquífero também tem influência direta no crescimento da população. As técnicas de biorremediação in situ são, em geral, de bioestimulação da população microbiana nativa (microorganismos indigenous). Se a atividade biológica necessária para a biodegradação efetiva de um determinado campo contaminado não for atendida pelas condições locais, microorganismos de outros locais (exogenous) podem ser adicionados.

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3.7 LEGISLAÇÃO VIGENTE

Devido à crescente preocupação com o tema “ÁreasContaminadas”, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) publicou, em 2009, uma resolução estabelecendo critérios e valores orientadores referentes à presença de substâncias químicas no solo e fornecendo diretrizes e procedimentos para o gerenciamento de áreas contaminadas, a Resolução CONAMA nº 420/09. A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece os princípios da política nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), Artigo 225, écolocado o princípio:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A seguir são apresentadas leis federais relevantes para o estudo de áreas contaminadas, de acordo com FIEMG (2011): Lei nº 12.035, de 02/08/2010 – Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos; Resolução Conama nº 420, de 28/12/2009 – Dispõe sobre

critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas; Resolução Conama nº 396, de 03/04/2008 – Dispõe sobre a

classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências; Resolução Conama nº 334, de 03/04/2003 – Dispõe sobre os

procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos; Lei nº 10.165, de 27/12/2000 - Altera a Lei nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências;

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Lei n° 9.605, de 12/2/1998 – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências; Resolução Conama nº 05 de 05/08/1993 – Estabelece definições,

classificações e procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários; Resolução Conama 02, de 22/08/1991 – Dispõe sobre adoção de

ações corretivas, de tratamento e de disposição final de cargas deterioradas, contaminadas ou fora das especificações ou abandonadas; Lei n° 6.938, de 31/8/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional de

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências; Lei n° 6.803, de 2/7/1980 – Dispõe sobre as diretrizes básicas

para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências; Lei n° 6.766, de 19/12/1979 – Dispõe sobre o parcelamento do

solo urbano e dá outras providências.

O Brasil também dispõe de normas técnicas (Normas ABNT)para orientar as primeiras etapas do gerenciamento de áreas contaminadas e de amostragem de solo e águas subterrâneas, além de normas técnicas que visam orientar preventivamente, estabelecendo medidas para correto manuseio, armazenamentoe transporte de produtos e resíduos perigosos (FIEMG, 2011). ABNT NBR 15515-1: Passivo ambiental em solo e água

subterrânea. A norma estabelece os procedimentos mínimos para avaliação preliminar de passivo ambiental visando à identificação de indícios de contaminação de solo e água subterrânea; ABNT NBR 15495: Poços de monitoramento de águas

subterrâneas em aquíferos granulados. Norma que estabelece parâmetros para projetos e construção de poços de monitoramento de água subterrânea; ABNT NBR 15847: Amostragem de água subterrânea em poços

de monitoramento – Métodos de purga. A norma apresenta os métodos de purga com remoção de volume determinado, purga de baixa-vazão e métodos passivos de amostragem. ABNT NBR 10004: Critérios de classificação e os ensaios para a

identificação dos resíduos conforme suas características. A norma

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classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais para o meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. ABNT NBR 13221:Transporte terrestre de resíduos. Esta Norma

especifica osrequisitos para o transporte terrestre de resíduos, de modo aevitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública.

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4 METODOLOGIA Algumas etapas são fundamentais para a elaboração de um Plano

de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). As etapas que foram abordadas e desenvolvidas ao longo deste trabalho e que compoe o PRAD incluem o diagnóstico e prognóstico da área de estudo, servindo de base para escolha da melhor alternativa técnica de recuperação da área degradada.

Para a realização do PRAD, a Instrução Normativa IBAMA Nº 04, de 13/04/2011 foi utilizada como referência.

4.1 ÁREA DE ESTUDO

Florianópolis possui um grande potencial turístico devido

principalmente às belezas naturais. Assim sendo, a cidade passou de 196.055 habitantes em 1980 para 421.240 em 2010, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Desde o passado, o crescimento desenfreado no espaço limitado da Ilha tem causado consequências desastrosas a seus ecossistemas, tal como ocorreu na Bacia Hidrográfica do Itacorubi, a qual deságua no Manguezal do Itacorubi.

A Bacia Hidrográfica do Itacorubi está localizada na região centro-oeste da Ilha de Santa Catarina (27°34'35'' - 27°37'57'' de latitude Sul e 48°28'25'' - 48°33'00'' de longitude Oeste) e abrange os bairros Córrego Grande, Itacorubi, Pantanal, Santa Mônica e Trindade, os loteamentos Flor da Ilha, Jardim Anchieta, Jardim Germânia, Parque São Jorge e Jardim Itália, além dos assentamentos do Alto Pantanal, Quilombo e Sertão do Córrego (IPUF, 2008).

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Figura 12: Localização da Bacia Hidrográfica do Itacorubi, Florianópolis - SC.

Fonte: SILVA, 2010

A população da bacia é de aproximadamente 45.000 habitantes, sendo a população flutuante maior pelo fato de existirem importantes atividades administrativas, educacionais e comerciais nesta região, tais como: UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UDESC (Universidadedo Estado de Santa Catarina), ELETROSUL (ELETROSUL Centrais Elétricas S.A), BRASIL TELECOM, CELESC (Centrais Elétricas de Santa Catarina), EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão do Estado de Santa Catarina), CIASC (Centro de Informática e Automação de SC) entre outras empresas e escolas que compõem a rede educacional de ensino. Em função disto estima-se que circulam diariamente nesta região 45 mil pessoas, podendo o número de usuáriosatingir 90 mil pessoas/dia (PINTO, STEFFENS e OLIVEIRA, 2007). A área de drenagem da bacia é de aproximadamente 23km2, e é drenada pelos rios do Sertão, Córrego Grande, Itacorubi e seus afluentes, além de alguns canais de drenagem menores (COLLARES et

al, 2004). Ainda hoje, a bacia apresenta vários problemas a serem solucionados, como a deficiência do sistema viário, falta de saneamento e consequente poluição por esgotos domésticos, insuficiência no sistema de coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento público de

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qualidade dúbia, moradias irregulares em Áreas de Preservação Permanente em morros, alagamentos em áreas mais baixas, subaproveitamento de nascentes para abastecimento local, entre outros (PMF, 2000). Na região está localizada uma estação de transbordo – antigo lixão, o qual é o foco do estudo – em uma área de 4ha, administrada pela Companhia de Melhoramentos da Capital (COMCAP).

Figura 13: Local do antigo lixão em estudo

Fonte: Google Earth

Na área do antigo lixão, ocorria a proliferação de ratos e insetos, produção de chorume e mau cheiro, contaminando o manguezal e os cursos d’água, bem como a fauna e a flora de modo geral, além dos riscos de explosões devido aos gases produzidos pelo processo de decomposição da matéria orgânica ali depositada ao longo dos anos (PANITZ & MASUTTI 2000, PMF 2000). O teor de metais pesados também era elevado, fato esse descoberto quando se iniciaram os primeiros estudos com fatores abióticos em 1979, pela Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (CETESB) (CETESB 1979). A partir do ano de 2000 esse cenário mudou com a inauguração do Centro de Transferência de Resíduos Sólidos (CTReS), administrado pela COMCAP, onde é realizado o transbordo dos resíduos sólidos urbanos coletados na capital, e então encaminhados para o aterro sanitário do município de Biguaçú, administrado pela empresa Proactiva. Além da estação de transbordo, a área conta com instalações como o centro de triagem para reciclagem, posto de lavagem da frota com tratamento de água, centro de capacitação e educação ambiental para funcionários, estudantes e comunidade em geral, área de

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compostagem e o Museu do Lixo. Estas unidades podem ser localizadas na Figura 14.

Figura 14: Representação das estruturas do CTReS

Fonte: MEIRELES, 2012.

4.2 DIAGNÓSTICO

Etapa fundamental para a elaboração do PRAD, o diagnóstico

teve por finalidade mostrar a atual situação da área no entorno do lixão do Itacorubi. Para sua elaboração foram coletados dados relativos ao solo, água e ar, além de meios bióticos como a fauna e flora da região. Será necessário estimar dados sobre o lixão como o total de resíduos dispostos na área e estimar a quantidade de lixiviado e biogás produzidos, uma vez que este tipo de área degradada não dispõe decontrole de entrada e saída de materiais.

A empresa de engenharia SANETAL e a Companhia Melhoramentos da Capital (COMCAP), que atualmente administra a área do antigo lixão e é responsável pela coleta de resíduos sólidos urbanos de Florianópolis, serão contatadas para compor informações importantes na elaboração do diagnóstico.

A Instrução Normativa do IBAMA Nº4 dispõe de um formulário para aplicação de questionários sobre a área degradada, o qual será utilizado para levantamento de dados como o histórico de resíduos no

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bairro Itacorubi e no entorno do lixão até os dias de hoje. Para a caracterização específica do lixão serão realizadas visitas ao local.

Dessa maneira, por intermédio de consulta literária o presente trabalho irá propor medidas de mitigação e técnicas já consolidadas que reduzam os impactos ambientais e restaurem as características naturais da área.

4.2.1 Clima

O clima da área do entorno do lixão em estudo será determinado

via literatura. É um dado importante na elaboração do PRAD pois indica a temperatura média da região, bem como o índice pluviométrico, importante na determinação de estimativas da produção de lixiviado.

4.2.2 Geologia e pedologia

A caracterização do solo será realizada por intermédio da

literatura e consultas nas secretarias responsáveis. Suas principais características quanto à compactabilidade e vulnerabilidade erosiva serão caracterizadas antes e depois dos danos ambientais causados pelo lixão.

4.2.3 Geomorfologia e relevo

O relevo será caracterizado antes e depois dos danos ambientais

causados pelo lixão, por intermédio da literatura e consultas junto às secretarias responsáveis. Busca-se entender aspectos importantes na elaboração do PRAD para uma caracterização completa.

4.2.4 Hidrologia

Serão coletadas informações sobre a bacia hidrográfica na qual o

lixão do Itacorubi está inserido, bem como os rios que a compõe e seu local de desaguamento. Dados sobre as águas subterrâneas como profundidade e qualidade também são importantes para quantificar os danos ambientais da área. 4.2.5 Vegetação

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A vegetação predominante do local será identificada, bem como a presença ou não de animais na área no entorno do lixão, por intermédio da literatura.

4.2.6 Histórico do lixão

Será realizado um levantamento das atividades realizadas no

lixão por intermédio de visitas ao próprio local e à prefeitura de Florianópolis. Os dados referentes ao histórico serão coletados por meio de formulários e observações.

Pretende-se colher dados como o tempo de funcionamento do lixão, o tipo de material que ali foi depositado e a forma como as atividades na área foram encerradas.

4.3 PROGNÓSTICO

Nesta etapa serão esclarecidos os riscos e as consequências para a

área e para a população caso nada seja feito no local do lixão, ou seja, se a implementação do PRAD não ocorrer. Será realizado um estudo de crescimento demográfico na região para avaliar se a população do entorno poderá ou não sofrer as consequências e agravar os impactos ambientais no local.

4.4 ESCOLHA DA(S) TÉCNICA(S) DE REMEDIAÇÃO

A escolha da técnica a ser utilizada em uma área contaminada depende de diversos fatores, tais como (SCHMIDT, 2010): localização e extensão da área contaminada; condições geotécnicas locais; condições hidrogeológicas locais; forma de ocorrência da contaminação (fases dos compostos,

concentração); ocorrência em áreas saturadas e não saturadas; características químicas e físicas dos contaminantes, incluindo

abiodegradabilidade e sua caracterização como miscíveis ou não miscíveis; identificação dos riscos envolvidos para a população local

baseada em um sistema de análise de riscos; viabilidade técnica e econômica e aspectos legais para

implantação de um sistema de remediação.

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O conhecimento da extensão e localização da pluma de contaminação é de grande importância para decidir as ações que se pretende tomar. A dimensão da área a ser tratada é fator limitante para várias técnicas de remediação.

Para melhor caracterização do problema, o conhecimento das condições geotécnicas e hidrogeológicas do ambiente de estudo é fundamental para avaliação das interações solo-contaminante, capacidade de biodegradação, identificação de zonas saturadas e não saturadas, identificação de heterogeneidades e definição das condições de transporte do contaminante.

Em se tratando de projetos de engenharia, os aspectos técnico-econômicos devem ser sempre analisados, a fim de se obter a melhor relação custo-benefício para o atendimento das exigências legais locais.

A caracterização do campo contaminado inclui todos os ensaios e verificações usualmente realizadas nos solos não contaminados, além de caracterização de parâmetros inerentes à contaminação, como se segue. Um programa de caracterização da contaminação envolve (SCHMIDT, 2010):

ensaios de caracterização de solo (granulometria, parâmetros

físicos, limite de liquidez e plasticidade, presença de matéria orgânica), de forma a classificar as camadas de solo de acordo com os sistemas existentes. caracterização hidrogeológica e geotécnica do campo

contaminado, incluindo a estratigrafia local, a determinação de heterogeneidades, os gradientes hidráulicos, os níveis e pressões d’água, a condutividade hidráulica do aquífero e a permeabilidade ao ar; determinação das características químicas do solo em termos de

sua composição e propriedades químicas como pH, capacidade de troca catiônica, potencial Redox, cátions trocáveis, sais solúveis, etc.; caracterização físico-química dos contaminantes. identificação da distribuição (localização e extensão) da

contaminação nas zonas saturada e não saturada; monitoramento através de poços e coleta de amostras de água e

solo para acompanhamento da remediação. Ainda, otipo de contaminante é determinante na escolha da técnica de remediação adequada, devendo ser identificado com relação às seguintes características (SCHMIDT, 2010):

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concentração e composição química; biodegradabilidade do composto; densidade e viscosidade do líquido; demais propriedades físico-químicas do contaminante como, pH,

condutividade elétrica, solubilidade em água, ponto de ebulição, pressão de vapor e constante dielétrica

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5 RESULTADOS

5.1 DIAGNÓSTICO 5.1.1 Histórico do lixão

Na maioria dos municípios brasileiros a questão dos resíduos sólidos e principalmente sua destinação final sempre foi pouco debatida, e em Florianópolis a situação não foi diferente. Em 1830 foi lançada uma lei determinando que o lixo e as excretas da população fossem lançados nos rios e mares, para que não se acumulassem em meio à população. Mais tarde, em 1877, iniciou-se o serviço de remoção de resíduos feito por particulares através de carroças puxadas por animais, sendo despejados na Baía Norte. No ano de 1914, para acabar com o acúmulo de lixo nas praias e no centro da cidade, propôs-se uma solução avançada para os padrões da época: a construção de um incinerador de lixo. O “forno do lixo”, como ficou conhecido, foi construído próximo à ponte Hercílio Luz, e funcionou durante quase meio século. Em meados de 1956, a população de Florianópolis estava em expansão, e a fumaça produzida pelo incinerador de lixo perturbava os moradores da redondeza. Surge, então, a ideia de depositar os resíduos no manguezal do bairro Itacorubi, tornando o local conhecido como “Lixão do Itacorubi”. Na região praticamente não existiam moradores, apenas o cemitério São Francisco de Assis. Na figura 15 é possível perceber a área do lixão e como os resíduos domiciliares eram dispostos, através da sua simples deposição sobre o solo, sem nenhum tipo de proteção ao meio ambiente à saúde pública. Com os resíduos expostos a céu aberto, iniciou-se a proliferação de vetores como ratos, baratas, mosquitos; geração de maus odores, poluição das águas subterrâneas e superficiais, problemas sociais e depreciação das áreas vizinhas. A partir do ano de 1979 iniciaram-se estudos com relação à desativação do Lixão do Itacorubi, sendo constituídos três grupos técnicos (comissões), em épocas diferentes, para estudar como efetivar a desativação deste. Sendo assim, em 1980, um grupo de estudos, composto por técnicos da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB e técnicos da COMCAP, apresentaram uma solução conjunta para o gerenciamento de resíduos

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sólidos nos municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçú (COMCAP, 2011). Uma das comissões criadas, a Comissão Interdisciplinar para Estudos dos Resíduos Sólidos, apresentou em 1986, um conjunto de soluções à população quanto ao tratamento dos resíduos sólidos domiciliares. Uma delas dizia respeito à construção de duas usinas de triagem e compostagem. Em setembro de 1987 o Tribunal de Justiça proibiu a instalação da usina, sendo iniciados contatos com as demais prefeituras da Grande Florianópolis. Nenhum dos prefeitos procurados aceitou receber o lixo de Florianópolis, com exceção de São José. Algumas pessoas tentaram embargar a obra, porém a Justiça de São José não acatou o pedido e permitiu à Prefeitura de Florianópolis a instalação da Usina em 1988, em parceria com a prefeitura local(COMCAP, 2011). Finalmente, depois de mais de 30 anos em funcionamento, o lixão do Itacorubi teve suas atividades encerradas no ano de 1989 graças à pressão popular, atingindo, no final de sua operação, uma área de 12 hectares. Porém, durante aproximadamente dez anos, o local continuou recebendo resíduos da construção civil até o ano de 1999. Iniciaram-se, então, os contratos para terceirização dos serviços de destino final dos resíduos sólidos. Em 2000 foi inaugurado o Centro de Transferência de Resíduos Sólidos (CTReS) sobre a área do antigo lixão do Itacorubi, voltado para o manejo de resíduos da capital. Atualmente os resíduos produzidos em Florianópolis são coletados pela COMCAP e encaminhados para a estação de transbordo na CTReS, na área do antigo lixão. Os resíduos são então transferidos para carretas terceirizadas pela empresa contratada PROACTIVA e são transportados até seu destino final, o aterro sanitário localizado no município de Biguaçú, de propriedade da mesma empresa.

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Figura 15: Antigo lixão do Itacorubi em funcionamento

Fonte: COMCAP, s.d.

5.1.2 Caracterização física de Florianópolis

5.1.2.1 Clima

De acordo com Nimer (1979), a classificação do clima do litoral

catarinense, incluindo Florianópolis, é do tipo subquente, com a temperatura média anual superior a 20°C e com um inverno ameno. A temperatura média inferior oscila no mês mais frio entre 15°C e 18°C, e a temperatura média de janeiro entre 24°C e 26°C.Por ser um clima de transição entre o tropical quente das baixas latitudes e o temperado mesotérmico das médias latitudes da região sul do Brasil, ele é classificado como subtropical mesotérmico úmido, equivalente ao Cfa de Köppen. Durante todo ano qualquer parte da Região Sul é constantemente submetida a mudanças de tempo que são divididas em 4 grupos principais, segundo Nimer(1979):

Estável com temperatura mediana a elevada, sob o domínio do AnticicloneSubtropical do Atlântico Sul;

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Tempo instável de chuvas mais ou menos pesadas que acompanham apassagem da Frente Fria;

Retorno do tempo estável sob o domínio do Anticiclone Polar que traz tempoensolarado, umidade relativa baixa e calmaria e;

Com o desaparecimento do Anticiclone Polar este último tempo é submetido pelo primeiro, recomeçando novamente o ciclo.

O clima de Florianópolis é determinado principalmente pela influência das massas de ar quente e úmida, a Massa Tropical atlântica (MTA), Massas de Ar Intertropical (quente) e pela Massa Polar Atrlântica (MPA, fria). Estas massas de ar são responsáveis por conferir a característica mesotérmica à região (FREYESLEBEN, 1979). As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano, com média de precipitação de 1700 mm. A passagem das frentes frias polares ocasiona mudanças bruscas de tempo atmosférico em qualquer das estações. Em função da maritimidade, a umidade relativa média do ar é de 80%. Os ventos predominantes sopram do quadrante norte com velocidade média de 3,5 m/s, no entanto os mais velozes e também mais frequentes sopram do Sul com velocidade média de 10 m/s associados àTropical Marítima e Polar Marítima do Atlântico. Os ventos sul antecedem a entradade frentes frias e da Polar Marítima do Atlântico com rajadas chegando até 80 km/h (M. MONTEIRO, 1991; MENDONÇA, 2002). No verão ocorrem chuvas convectivas associadas ao aquecimento do continente.De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em 71 anos (1925 a 1995) a média anual de precipitações foi de 1493,12 mm com média de chuvas de 35% no verão (janeiro a março), 25% na primavera (setembro a dezembro), 20% no outono (abril a junho), e 19% no inverno (de julho a setembro) (MENDONÇA, 2002). 5.1.2.2 Geologia e Pedologia

Florianópolis é basicamente constituída por duas formações geológicas: os terrenos rochosos chamados cristalinos e os terrenos sedimentares de formação em depósitos recentes. No Embasamento Cristalino ou Escudo Catarinense estão as rochas cristalinas, ocorrendo em toda a borda leste do estado. São as rochas mais antigas, datadas desde o Eon Arqueano – ou Proterozóico Superior(mais de 2,5 bilhões de anos) até a Era Paleozóica (aproximadamente 280 milhões de anos), período do processo de formação das rochas mais antigas às mais

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recentes. Os terrenos cristalinos formam as partes mais elevadas na Ilha de Santa Catarina, destacando-se uma cadeia central na direção N-S e os pontos rochosos que se sobressaem no entorno. Os terrenos sedimentares, por sua vez, estão em áreas mais baixas e planas com a chamada cobertura Sedimentar Quaternária (da Era Cenozóica), onde são denominadas “Planícies Costeiras”, com depósitos marinhos, aluviais, dunas, restingas e manguezais (FLORIANÓPOLIS, 2004). A maioria dos depósitos sedimentares se formou durante o período geológico chamado quaternário, com depósitos no pleistoceno e do holoceno (recente), com deposição de sedimentos marinho praial, eólico, lagunar e paludial. A formação destes sedimentos está associada aos movimentos da mudança do nível do mar, transgressão e regressão. A Cobertura Sedimentar Quaternária é constituída pordepósitos inconsolidados ou fracamente consolidados de areias, siltes, argilas ou conglomerados, distribuídos ao longo da planície costeira, nos vales dos principais cursos d'água, ao longo de antigas lagunas ou próximos às encostas (FLORIANÓPOLIS, 2011). Dentre os depósitos citados, para o presente trabalho destaca-se o Depósito de Mangues. Este depósito é formado de sedimentos argilo-sílico-arenosos de ambiente de mangue, ricos em matéria orgânica, caracterizando a influência das marés nestes ambientes. Na Ilha de Santa Catarina os manguezais estãolocalizados a oeste: Rio Tavares (no Rio Tavares), Carijós e Saco Grande,(Ratones, Daniela e Canasvieiras), e o manguezal do Itacorubi, que está inserido no Distrito Sede e parte do manguezal da Reserva de Carijós, que está localizado entre os bairros de João Paulo e Sambaqui (Figura 16)(FLORIANÓPOLIS, 2011).

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Figura 16: Mapa geológico do município de Florianópolis

Fonte: Florianópolis, 1991 e Florianópolis 1994, adaptado e organizado

por Orlando Ferretti apud(FLORIANÓPOLIS, 2011).

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Figura 17: Legenda da Figura 16 - Mapa geológico do município de Florianópolis

Fonte: Florianópolis, 1991 e Florianópolis 1994, adaptado e organizado

por Orlando Ferretti apud(FLORIANÓPOLIS, 2011).

Quanto aos tipos de solos encontrados no município de Florianópolis, eles pertencem a sete classes de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos desenvolvido pela EMBRAPA, 2006: argissolos, cambissolos, afloramento de rochas, espodossolos, gleissolos, neossolos e dunas. O Argissolo aparece em Florianópolis predominantemente em áreas comrelevo acidentado e ondulado das encostas de morros e

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colinas. A profundidade, textura e fertilidade são variáveis. Ocorrem em grandes e contínuas áreas, com presença freqüente na Ilha. O solo do tipo Cambissolo tem ocorrência na porção insular do município, principalmente próximo ao bairro Ratones (Figura 18). Os Afloramentos de rochas aparecem na forma de uma capa (laje) de rocha querecobre o terreno ou na forma de acúmulo de blocos e matacões ao longo das encostas e/ou na sua base. Os afloramentos de rocha na forma de laje são comuns nos trechos mais íngremes das encostas e nos costões junto às praias.Os afloramentos rochosos aparecem em quase todas as áreas de crista e nos topos do Maciço Central de Florianópolis(FLORIANÓPOLIS, 2011). O Espodossolotem ocorrência mais significativa na Ilha de Santa Catarina ao norte, em região próxima à foz do rio Ratones, no entorno do manguezal; em menor área também ocorre próximos das áreas urbanizadas de Canasvieiras e Praia Brava; no leste da Ilha, o Espodossolo aparece na região da Barra da Lagoa, fazendo divisa com a Lagoa da Conceição (Figura 18) (FLORIANÓPOLIS, 2011). O tipo de solo Gleissolo é de grande importância para o presente trabalho, uma vez que o antigo lixão do Itacorubi, objeto de estudo, está inserido sobre este solo. Na figura 18este solo é representado pelos manguezais, uma vez que quando ocorre com horizonte A húmico é encontrado nestes ecossistemas. Apresenta textura argilosa e a presença de enxofre e sais(pois é alagado pela água do mar quando a maré enche). Por ser um solo encharcado, a matéria orgânica não se decompõe totalmente, o que explica a presença de enxofre e a sua cor escura e, por vezes, o mau cheiro. O solo Neossolo ocorre nas planícies e nos depósitos de dunas antigas (Figura 18)(FLORIANÓPOLIS, 2011). As dunas são os depósitos arenosos de dunas móveis, onde o vento age significativamente, não permitindo a formação de solo (FLORIANÓPOLIS, 2011). Tem grande ocorrência no município de Florianópolis, principalmente nas praias da Joaquina e dos Ingleses (Figura 18).

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Figura 18: Mapa dos solos do município de Florianópolis

Fonte: Florianópolis, 1991 e Florianópolis, 2004, adaptado e organizado

por Orlando Ferretti apud(FLORIANÓPOLIS, 2011)

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Figura 19: Legenda da Figura 18 - Mapa dos solos do município de Florianópolis

Fonte: Florianópolis, 1991 e Florianópolis, 2004, adaptado e organizado

por Orlando Ferretti apud(FLORIANÓPOLIS, 2011)

5.1.2.3 Geomorfologia e relevo A geomorfologia de Florianópolis consiste de uma série de maciços rochosos cristalinos, atualmente representados pelos morros, interligados por áreas planas constituídas por sedimentos marinhos, lacustres, eólicos e fluviais, que hoje constituem as planícies. Antes desta sedimentação, e em épocas de nível mais elevado dos oceanos, sua configuração não era de apenas uma ilha, mas sim de várias ilhas. As duas unidades geomorfológicas da Ilha de Santa Catarina são a Serra Litorânea e a Planície Costeira. Os terrenos cristalinos, Pré-Cambrianos, formam a parte mais elevada do relevo, com altitudes de até 522 m, como o morro do Ribeirão da Ilha (CARUSO JR, 1993). As planícies costeiras constituem uma extensão de terrenos planos ou muito poucodissecados, onde a geração do relevo está intrinsecamente relacionada à sedimentação devido às variações do nível do mar ocorrido durante o Quaternário,e que formam ambientes

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marinhos, lacustres, eólicos, fluviais e de leques aluviais. (GUEDES JÚNIOR, 2005). Entre as duas unidades geomorfológicas descritas, há um processo de acumulaçãochamado de rampas, que podem ser de dois tipos: colúvio-eluviais e de dissipação. As rampas colúvio-eluviais são constituídas basicamente por materiais originários da decomposição de rochas graníticas, deslocadas vertente abaixo, que avançam sobre as planícies e os relevos modelados em rochas cristalinas, sendo mais comuns na face oeste da Ilha. As rampas de dissipação são formadas a partir de dunas de captação juntamente com materiais oriundos da vertente deslocados por solifluxão, fluxos de areia e lama, rolamento etc. e que ocorrem frequentemente na face leste da Ilha (GUEDES JÚNIOR, 2005). O sistema estuário pode ser entendido como as baías Norte e Sul, situadas entre a Ilha e o Continente, com os ecossistemas associados, ou seja, principalmente os rios que nelas deságuam e os manguezais situados em suas orlas, tanto insular como continental. Na Ilha, as principais contribuições de água doce para as baías provêm dos rios Ratones e Itacorubi, na porção norte, e o Rio Tavares, no sul. O relevo do manguezal do Itacorubi é quase horizontal e com suave aclividade nassuas margens; nas áreas não alteradas por atividade antrópica (aterros e canais), as partes mais altas estão a 45 cm acima do nível da maré baixa. No interior do manguezal, o nívelmédio da maré éde 0,63m (FILHO e PANITZ 1998 apud SORIANO-SIERRA et al 1986). 5.1.2.4 Hidrologia

A hidrografia de Florianópolis caracteriza-se por lagoas, bacias,

córregos e rios de pequena extensão que deságuam diretamente nas baías Norte e Sul e no Oceano Atlântico.

O fato de o município possuir relevo com inclinação acentuada entre as planícies e as encostas, forma uma grande quantidade de vertentes com córregos e quedas d`água que geram pequenos cursos dependentes do regime pluviométrico. A hidrologia caracteriza-se pela fraca capacidade de vazão das redes de drenagem e ausência de mananciais vigorosos. As principais bacias são as dos rios Ratones, Tavares, Itacorubi, Saco Grande e Capivari (GUEDES JÚNIOR, 2005).

Na porção central da Ilha, os maciços graníticos propiciam a formação de pequenas bacias hidrográficas, divididas em quatro vertentes que correspondem aos setores Leste, Oeste, Norte e Sul. Na

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vertente Leste, os rios e córregos nascem no embasamento cristalino, porém não atingem diretamente o Oceano Atlântico. Eles são captados pelas águas da Lagoa da Conceição no setor Centro-Norte e Lagoa do Peri na porção Sul. Os rios da vertente Oeste desembocam nas baías Norte e Sul, enquanto os da vertente norte e sul direcionam-se diretamente para o Oceano Atlântico (FLORIANÓPOLIS, 2011).

Na porção continental do município, a Bacia do Estreito tem suas águas drenadas para a Baía Norte, enquanto que na Bacia de Coqueiros as águas correm para a Baía Sul. Os principais rios que drenam a Ilha de Santa Catarina são: Rio Vermelho; Rio dosIngleses, Rio Tavares, Rio Itacorubi, Rio do Saco Grande e Rio Ratones. A ilha possui um sistema lagunar que incorpora dois ambientes principais: Lagoa da Conceição (trata-se de uma laguna) e a Lagoa do Peri(FLORIANÓPOLIS, 2011).

Figura 20: Rio Itacorubi

Fonte: Acervo pessoal do autor

Sob a área de estudo deste trabalho, o antigo lixão do Itacorubi, está localizado o Aquífero Canasvieiras, aparecendo também em diversas partes da Ilha. Este aquífero compreende depósitos sedimentares em superfícies planas e próximas a manguezais. Os depósitos encontrados neste aquífero são compostos por sedimentos finos como silte ou argila, podendo ocorrer areia grossa e fina. Esses sedimentos são remanescentes de eventos marinhos regressivos que formaram pequenos lagos, assim como processos de deposição em

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dissecação dos maciços graníticos. Evidentemente que processos recentes de maré também contribuem (GUEDES JR., 1999).

Tabela 2: Mananciais de Florianópolis e suas respectivas bacias hidrográficas

Manancial Localização

Área da Bacia de

Contribuição (Km²)

Vazão Médi

a (L/s)

Vazão Média

Estiagem (Q7, 19)

(L/s)

Vazão Média

Captação (L/s)

Cachoeira do Assopra

Lagoa da Conceição 0,97 21,20 5,90 10,00

Ana D`Ávila Itacorubi 1,16 25,93 7,05 4,0

Rio Tavares Rio Tavares 2,36 51,57 14,34 20,00 Rio Pau do

Barco Monte Verde 3,00 56,59 15,06 7,00

Rio do Mel Saco Grande 1,35 29,50 8,21 4,00

Córrego do Meiembipe

Saco Grande 1,23 26,88 7,48 4,00

Poção Córrego Grande 1,94 42,39 11,79 14,00

Lagoa do Peri

Lagoa do Peri 20,1 433,7

8 121,63 200,00

Fonte: FLORIANÓPOLIS, 2004 (FLORIANÓPOLIS, 2011). 5.1.2.5 Vegetação A cobertura vegetal de Florianópolis é relativamente simples. Compõe-se de três formações principais: a floresta tropical úmida ou floresta ombrófila densa, a vegetação de restinga e os manguezais. O termo floresta ombrófila densa abrange as florestas litorâneas e a floresta amazônica. No município de Florianópolis esta floresta estende-se principalmente em dois ambientes: na planície quaternária litorânea e nas encostas dos morros pré-cambrianos. A floresta de planície quaternária se desenvolve em um solo de baixa fertilidade, apresentando elevada acidez, com vegetação atingindo no máximo 15 metros de altura. Esta floresta está quase extinta no município, principalmente pelo fato de se desenvolver em planícies, suscetível a

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crescente ocupação. Já a floresta das encostas dos morros pré-cambrianos é a própria atlântica. É formada por árvores de 30 metros de altura, composta por três estados de vegetação: árvores menores, arvoretas e arbustos. Desta floresta, grande parte já foi devastada na Ilha de Santa Catarina. Podem-se encontrar apenas algumas formações arbóreas secundárias isoladas, ou em áreas de preservação permanente e de difícil acesso. A vegetação de restinga é comumente observada em vários locais no município de Florianópolis, principalmente perto das praias. É sobre a faixa de areia depositada pelo trabalho construtivo do mar, a restinga,que aparece uma cobertura vegetal especializada. São plantas normalmente halófitas, ou seja, vivem sempre com excesso de sal. As plantas são rasteiras, suas folhas, estreitas, pequenas e muito duras (coriáceas), têm tamanho reduzido das folhas para reduzir ao máximo à perda pela transpiração. Além disso, os arbustos e as árvores formam densos grupamentos, com que se protegem do vento,da luz e do calor. Duas famílias de plantas colonizam a restinga da Ilha: Gramineae mais próximas ao mar, e Myrtaceae nas dunas fixas e semifixas (BRESOLIN, 1979 apud FLORIANÓPOLIS, 2004). Os manguezais, por sua vez, marcam o contato entre a água dos oceanos e dos rios. Nele desenvolvem-se plantas aquáticas e seletivas higrófilas dotadas de adaptações que lhes permitem viver em um ambiente frágil e com diversos graus de adversidade, o que reduz a população das comunidades a espécies muito especializadas e resistentes. Águas calmas, sem muita movimentação, pouco profundas, como rios de escoamento vagaroso, são condições necessárias para a formação de um ambiente todo especial em que se desenvolve um substrato lodoso onde se instalam as espécies do manguezal. Na Ilha, os manguezais só existem na face oeste voltado para o continente: nas desembocaduras dos Rios Ratones, Tavares e Itacorubi (FLORIANÓPOLIS, 2011). Segundo IBGE (1990 apud SANETAL, 2004), as espécies de árvores que dominam os manguezais no sul do Brasil são: Laguncularia racemosa, conhecida como Mangue Branco.

Habitualmente distribuída em grupamentos densos, baixos, apresentando folhagem verde clara, em lugares de pouco alcance pelas marés;

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Avicennia schaueriana, comumente conhecido como Siriuba. Espécie dominante nos manguezais do Sul do Brasil, pertencente a áreas permanentemente alagadas pelas marés; Rhizophora mangue, conhecido como Mangue

Vermelho.Caracterizando-se por suas altas raízes adventícias, encontrada em áreas frequentemente alagadas pelas marés. No manguezal do Itacorubi ocorrem as três espécies: Avicennia

schaueriana(mangue preto, siriuba, mangue cortume); Laguncularia racemosa (mangue branco,mangue rasteiro) e Rhizophora mangue

(mangue vermelho, mangue verdadeiro). Ocorremtambém espécies de transição (restinga) como Hibiscus tilliaceus (algodoreir-da-praia),Acrostichum aureum (avencão do mangue). (FILHO e PANITZ, 1998 apud SANETAL, 2004). Segundo Dalotto (2003), a espécie que domina a vegetação do mangue próxima ao antigo lixão é a Avicennia schaueriana (Siriuba), a qual compreende aproximadamente 98% da área total do mangue.

Figura 21: Manguezal do Itacorubi

Fonte: Acervo pessoal do autor

Porém, sobre maciço do lixão encontram-se espécies variadas, não somente aquelas adaptadas aos manguezais, como se observa na figura 22. No local, aconteciam constantes depósitos de resíduos de poda e construção civil que carregavam consigo galhos e sementes, propiciando, desta forma, o desenvolvimento de novas espécies.

82

Figura 22: Vegetação existente no antigo lixão

Fonte: Acervo pessoal do autor

5.1.3 Caracterização da cobertura do lixão A investigação geológica desenvolvida pela empresa SANETAL,

comentada no item 5.1.5.2 deste trabalho, permitiu a realização da caracterização da cobertura do antigo lixão e determinar vários perfis geológicos da área (ANEXO B).

Tal investigação determinou que o antigo lixão foi coberto com uma camada final de entulhos de construção civil e poucos resíduos domésticos orgânicos, cuja permeabilidade pode ser estimada de 10-1 a 10-5 m/s. Em algumas partes dos taludes é possível perceber o afloramento de resíduos de construção civil (Figura 23).

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Figura 23: Afloramento de resíduos de construção civil

Fonte: Acervo pessoal do autor

Atualmente, no topo do maciço do antigo lixão, existe um depósito de resíduos de podas feitas pela COMCAP, que são encaminhados para as leiras de compostagem que se encontram também sobre o lixão. As condições do local não são ideais para comportar as leiras de compostagem, uma vez que não existe sistema de impermeabilização de base. O lixiviado produzido pelas leiras é drenado através de calhas escavadas no próprio terreno, e é reservado em um poço também escavado no terreno e sem impermeabilização. O lixiviado reservado é devolvido para as leiras de compostagem através de um sistema de bombeamento.

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Figura 24: Leiras de compostagem, armazenamento de lixiviado e depósito de resíduos de poda

Fonte: Acervo pessoal do autor

Verificou-se que muitas áreas do antigo lixão apresentaram recalques, inclusive danificando construções da CTReS presentes no local. Provavelmente este fato ocorreu pela má compactação dos resíduos e pela ausência de sistemas de drenagem de gases e líquidos percolados do lixão.

5.1.4 Caracterização do sistema de drenagem pluvial da área O sistema de microdrenagem da área do antigo lixão foi

desenvolvido por canaletas e tubulações em concreto com diâmetro de 400 mm, as quais drenam suas águas para o sistema de macrodrenagem.

Figura 25: Sistema de microdrenagem

Fonte: Acervo pessoal do autor

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O sistema de macrodrenagem, por sua vez, é composto basicamente por dois córregos. O primeiro é um córrego natural, situado na extremidade leste da área, com suas águas correndo no sentido norte-sul, desembocando-as diretamente no rio Itacorubi sobre o mangue. Além de drenar as águas superficiais no seu entorno e as contribuições da microdrenagem, este córrego também é responsável por receber e drenar as águas pluviais procedentes do CETReS e da Rodovia Admar Gonzaga.

Figura 26: Canal natural componente da macrodrenagem

Fonte: Acervo pessoal do autor

Já o segundo canal compositor do sistema de macrodrenagem, é um canal artificial, sendo criado em função da necessidade de escoamento das águas pluviais da área, inclusive recebendo contribuição da Rodovia Admar Gonzaga. Parte do trecho deste canal é no interior da área, e o restante contorna o perímetro na porção noroeste, desembocando no Rio Itacorubi sobre o mangue.

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Figura 27: Canal artificial componente da macrodrenagem

Fonte: Acervo pessoal do autor

5.1.5 Relatório Técnico desenvolvido pela SANETAL Engenharia

Em 2003, depois de aproximadamente 50 anos da criação do

lixão do Itacorubi, a Companhia Melhoramentos da Capital (COMCAP), ciente do dano ambiental causado pelo lixão, assinou um contrato com a empresa de engenharia SANETAL, a qual desenvolveu um diagnóstico ambiental da degradação existente no local.

Para a composição deste diagnóstico ambiental, foram realizados serviços na área do antigo lixão como levantamento topográfico plani-altimétrico cadastral; realização de investigações geológicas e definição dos perfis de resíduos depositados; implantação de poços e pontos de monitoramento; preparação dos poços de monitoramento para coleta de amostras; coleta de amostras; análise das amostras coletadas e análise de geração de gases.

Por se tratar de um trabalho de conclusão de curso, não foi possível por tempo hábil, materiais disponíveis e falta de recursos financeiros, realizar novamente todos estes serviços de engenharia para que os novos resultados pudessem ser comparados com os de dez anos atrás. Porém, alguns dados como levantamento topográfico, investigação geológica e perfis de solo pouco variam neste intervalo de tempo. Assim, COMCAP e SANETAL foram contatadas para permitirem o uso destes dados sobre o diagnóstico ambiental no presente trabalho, e serão apresentados a seguir.

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5.1.5.1 Levantamento Topográfico Segundo a NBR 13133, nivelamento topográfico é um conjunto

de métodos que, através de medições de ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais, verticais e inclinadas, com instrumental adequado à exatidão pretendida, primordialmente, implanta e materializa pontos de apoio no terreno, determinando suas coordenadas topográficas. A estes pontos se relacionam os pontos de detalhes visando à sua exata representação planimétrica numa escala predeterminada e à sua representação altimétrica por intermédio de curvas de nível, com equidistância também predeterminada e/ou pontos cotados.

Para a realização do levantamento topográfico na área do antigo lixão, utilizou-se um equipamento topográfico de alta precisão (Estação Total), permitindo a realização de um levantamento plani-altimétrico com curvas de nível de meio em meio metro, em escala de 1:750, determinando a localização de todas as estruturas físicas presentes na área (prédios, balanças, oficinas, arruamentos, sistemas de drenagens de águas pluviais). O desenho foi elaborado no software Auto Cad 2000, e é apresentado no ANEXO A.

5.1.5.2 Investigação Geológica

A investigação geológica teve como objetivo mostrar a altura das

camadas de resíduos, aterro e nível do lençol freático, até que o ensaio atingisse o impenetrável ou o solo natural da região, o mangue. Assim, é possível se obter uma estimativa da quantidade de resíduos que foram depositados. A partir do levantamento topográfico foram locados dez pontos onde foram realizadas as investigações, cuja localização pode ser visualizada no ANEXO A.O método utilizado foi a sondagem a percussão SPT (Standard Penetration Test) tipo Raymond de 2.1/2”.

88

Figura 28: Investigação geológica (Sondagem a Percussão Tipo Raymond)

Fonte: SANETAL (2004)

Os pontos onde as sondagens foram executadas são localizados por um marco de concreto identificado por uma placa referente ao número da sondagem, como mostra a Figura 29.

Figura 29: Localização dos pontos de investigação geológica (SPT)

Fonte: Acervo pessoal do autor

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Na Tabela 3têm-se o resumo da investigação geológica realizada em cada ponto onde foi executada a sondagem SPT, identificando as camadas e suas espessuras, bem como o nível do lençol freático.

Tabela 3: Resumo da investigação geológica Ponto

Sondagem SPT

Coordenadas UTM

Lençol Freático (m)

Limite da Sondagem

(m)Cota (m) Classificação do

Material

2,00 Argila arenosa, mole a média, com pedras

5,30 Entulho com pouco lixo doméstico

7,65 Argila arenosa, rija a dura

8,94 Argila arenosa, dura com pedregulhos

2,20 Entulho com pouca argila

6,15 Lixo doméstico com entulhos

6,81 Areia média com pouca argila

*SPT 03 745346 E / 6947095 N

Não encontrado 6,57 6,57 Entulhos com pouca

argila

1,50 Entulhos com pouca argila

12,90 Lixo doméstico com entulhos

13,85 Lixo doméstico, argila e fosseis marinhos

14,45 Argila muito mole com fósseis marinhos

*SPT 05 745440 E / 6946915 N

Não encontrado 5,40 5,40 Entulho com argila.

Presença de gás.

*SPT 06 745497 E / 6946867 N

Não encontrado 3,81 3,81 Lixo doméstico com

entulhos e argila

0,80 Argila arenosa com entulhos

2,10 Lixo doméstico com entulhos

0,85 Argila arenosa com pedras

6,20 Lixo doméstico com entulhos

11,88 Areia média compacta com pedregulhos

0,50 Argila arenosa com pedras

5,00 Lixo doméstico com entulhos

9,75 Argila arenosa, média a rija

11,94 Areia média siltosa pouco compacta

15,74 Areia média siltosa compacta

0,60 Argila arenosa

1,43 Lixo doméstico, entulhos com argila

*SPT 10 745600 E / 6946917 N

Não encontrado 1,43

SPT 08 745542 E / 6946980 N 6,90 11,88

SPT 09 745618 E / 6947077 N 0,85 15,74

SPT 04 745347 E / 6946967 N 10,90 14,45

*SPT 07 745602 E / 6946926 N

Não encontrado 2,10

SPT 01 745508 E / 6947081 N 3,10 8,94

SPT 02 745375 E / 6947160 N 4,35 6,81

*Não foi possível atravessar a camada em função do entulho.

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004)

90

5.1.5.3 Análises Laboratoriais de Solo As análises laboratoriais de solo tiveram como objetivo

determinar o estágio de decomposição da matéria orgânica que foi depositada no lixão, bem como avaliar as condições do mangue a jusante do sistema. Por serem amostras pontuais, a representação das condições de toda a área podem ficar limitadas.

As amostras realizadas dentro da área do lixão foram coletadas durante as sondagens geológicas nos pontos SPT 01, SPT 02, SPT 04, SPT 06, SPT 08 e SPT 09. Além destes pontos, foi coletado um ponto fora da área de influência do antigo lixão, no mangue do bairro Santa Mônica; e ainda, outros dois pontos entre o Rio Itacorubi e o pé do talude do antigo lixão. Todos os pontos de coleta de solo podem ser visualizados no ANEXO A.Na tabela4 são apresentados os pontos de análise do solo.

Tabela 4: Pontos de análise de solo

Ponto de Análise

Amostra Coordenadas UTMDescrição da

AmostraPonto Branco -

Montante1 745702 E / 6945951 N Sedimento do Mangue

1 - Jusante 2 745552 E / 6946812 NSedimento do

Mangue

2 - Jusante 3 745276 E / 6946970 NSedimento do

Mangue

1 4 745508 E / 6947081 N Solo com Res íduo

2 5 745375 E / 6947160 N Solo com Res íduo

4 6 745347 E / 6946967 N Solo com Res íduo

6 7 745497 E / 6946867 N Solo com Res íduo

8 8 745542 E / 6946980 N Solo com Res íduo

9 9 745618 E / 6947077 N Solo com Res íduo

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004) As análises realizadas e os métodos analíticos para sua

determinaçãoem cada amostra de solo coletado do interior do lixão

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foram: pH (método potenciométrico), matéria orgânica (método gravimétrico), fósforo total (método gravimétrico - Quimociac), nitrogênio total (método volumétrico – Kjeldahl) e sólidos voláteis (método gravimétrico).

Tabela 5: Resultados das análises laboratoriais de solo

Nitrogênio Total

Fósforo Total

Matéria Orgânica (550°C)

Sólidos Voláteis (600°C)

Umidade (a 105 ± 5°C

peso constante)

pH em água

Ponto Branco 0,54 0,04 23,64 23,95 61,61 5,801 - Jusante 0,46 0,11 14,00 15,11 60,35 7,202 - Jusante 0,44 0,08 20,34 20,62 64,19 6,60

2 0,36 0,03 17,71 17,96 48,30 7,904 0,39 0,13 17,13 17,53 36,02 7,906 0,06 ND 5,27 6,66 13,15 9,508 0,08 ND 5,54 5,98 19,19 8,009 0,05 ND 3,54 3,81 22,17 6,60

*ND - Não determinado

Res

ulta

dos (

%)

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004)

Como os últimos resíduos orgânicos foram depositados há pelo menos 13 anos antes das análises acima apresentadas, nota-se que o percentual de matéria orgânica para as amostras retiradas do interior do antigo lixão (SPT6, SPT8, SPT9) ficou abaixo de 10%, indicando que os resíduos domésticos ali depositados estão em avançado processo de degradação, caracterizando os resíduos como antigos. Portanto, como hoje já se passaram pelo menos 23 anos da deposição de resíduos orgânicos, seu percentual de matéria orgânica seria ainda menor, dado o maior tempo de depuração natural.

5.1.5.4 Monitoramento das Águas Subterrâneas

O objetivo do monitoramento das águas subterrâneas foi determinar a influência do antigo lixão nas mesmas. Para tanto, foram executados seis poços de monitoramento (PM), sendo quatro deles jusante e dois a montante. Porém, foram realizadas análises somente em quatro poços, três a jusante e um a montante. Os poços a montante do antigo lixão fornecem valores de qualidade de água sem a interferência da área. A localização dos poços foi determinada pela hipótese da distribuição dos contaminantes na área.

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Figura 30: Execução dos poços de monitoramento das águas subterrâneas

Fonte: SANETAL (2004)

Os pontos onde os poços de monitoramento foram executados são localizados por marcos de concreto onde, na época da execução, eram identificados por uma placa referente ao local onde as amostras foram coletadas, como mostra a Figura 31. Figura 31: Locação dos poços de monitoramento das águas subterrâneas

Fonte: Acervo pessoal do autor

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A tabela 6 apresenta um resumo das características dos poços de monitoramento executados, como nível da água e profundidade do poço. Tabela 6: Resumo dos poços de monitoramento das águas subterrâneas Poço Coordenada UTM Nível d'água (m) Profundidade do Poço (m)

PM 01 745449 E / 6947128 N 1,60 3,20

PM 02 745582 E / 6947133 N 1,90 3,20

PM 03 745552 E / 6946812 N 0,80 3,20

PM 04 745377 E / 6946876 N 1,10 3,40

PM 05 745276 E / 6946970 N 0,60 3,20

PM 06 745242 E / 6947180 N 0,90 3,20

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004) 5.1.5.5 Monitoramento das Águas Superficiais

O objetivo do monitoramento das águas superficiais é detectar

qualquer alteração da qualidade do corpo receptor destas, em função do sistema de drenagem pluvial existente na área do antigo lixão. Para tanto, foram determinados quatro pontos de monitoramento das águas drenadas pelo sistema pluvial (ver ANEXO A). Estes pontos foram estrategicamente determinados, sendo um a montante e outro a jusante do Rio Itacorubi, e outros dois em canais de água pluvial dentro da área do antigo lixão.

Figura 32: Locação dos pontos de monitoramento de águas superficiais

Fonte: SANETAL (2004)

94

5.1.5.6 Análises Laboratoriais de Água Para determinação da qualidade das águas subterrâneas e

superficiais na área do antigo lixão, realizaram-se análises laboratoriais de diversos parâmetros em duas campanhas de coleta.

Na tabela a seguir são apresentados os parâmetros analisados e suas respectivas metodologias utilizadas.

Tabela 7: Parâmetros analisados e suas respectivas metodologias

utilizadas

Fonte: SANETAL (2004)

Para se avaliar os resultados das análises dos poços e pontos de monitoramento, utilizou-se dos padrões estabelecidos pela resolução CONAMA 20/1986 Classe VII (Salobra). Seus limites de lançamento de efluentes em um corpo receptor foram definidos pelo Decreto Estadual Nº 14.250 de 1981. Os resultados das análises para os poços de monitoramento foram comparados aos padrões de lançamento de efluentes, e não com os

95

padrões de qualidade de água subterrânea, uma vez que o lençol existente sob o antigo lixão é artificial, formado para dar vazão à produção de percolado proveniente da massa de resíduos. O mesmo foi feito para os pontos de monitoramento de águas superficiais, uma vez que a vazão d’água destes canais é gerada basicamente na área do antigo lixão, caracterizando um efluente de um sistema produtivo. Para a realização da investigação, os poços de monitoramento escolhidos para análise de água foram:PM-02, sendo a montante do antigo lixão, portanto considerado como branco; PM-03; PM-04 e PM-05, e também os pontos monitoramento de águas superficiais(PMAS) PMAS-01, PMAS-04, PMAS- 05 e PMAS-06. Foram realizadas duas coletas, uma em 09/12/2003 e 16/12/2003, nos horários de 14:30 e 16:45 respectivamente. Na tabela 8 são apresentados os resultados das análises para os poços de monitoramento, bem como seus padrões de lançamento.

Tabela 8: Resultados dos parâmetros analisados nos poços de monitoramento de águas subterrâneas

Fonte: SANETAL (2004)

96

De maneira geral, percebe-se que os parâmetros analisados do poço de monitoramento PM-02, a montante do antigo lixão, apresentaram significativa diferença para os poços a jusante, PM-03, 04 e 05. Provavelmente, pelo fato deste poço de monitoramento estar localizado próximo ao cemitério São Francisco, os resultados das análises de pH foram inferiores aos dos poços a jusante, devido à degradação da matéria orgânica na fase ácida ou até mesmo pela presença de minerais no entorno do poço e que podem estarinfluenciando este resultado. Os resultados das análises da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)e de metais pesados foram bem inferiores aos normalmente encontrados quando se tratando de lixões e aterros sanitários (5000 mg O2/L para DBO). Por este parâmetro estar diretamente ligado à quantidade de matéria orgânica presente na amostra e seu estado de degradação, pode-se concluir, pelos baixos valores das análises, que os resíduos ali depositados estão em avançado estágio de degradação. Também foi detectada a presença de nutrientes, principalmente nitrogênio na forma de amônia nos poços de monitoramento a jusante, PM-03, 04 e 05. Nas análises para detecção da presença de coliformes, os valores encontrados para coliformes totais e fecais nos poços de monitoramento a jusante são bem inferiores aos que normalmente ocorrem em amostras de chorume de aterros sanitários. Além das análises dos parâmetros de águas subterrâneas, foram realizadas análises de águas superficiais. Na tabela 9 têm-se os resultados para os pontos de monitoramento de águas superficiais 01 e 04 em separado, para que seja analisada uma situação específica, que é a qualidade das da água pluvial do antigo lixão.

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Tabela 9: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de monitoramento de águas superficiais 01 e 04

Fonte: SANETAL (2004)

Os pontos de monitoramento de águas superficiais PMAS-01 e 04 foram escolhidos a jusante de dois canais de drenagem que percorrem o interior da área do antigo lixão. Além de água da chuva, estes canais recebem o escoamento superficial do maciço de lixo, carreando consigo possíveis poluentes. Portanto, estes canais foram considerados como vias de lançamento dos efluentes gerados no antigo lixão no mangue do Itacorubi. De maneira geral os pontos 01 e 04 encontraram-se bem adequados aos padrões recomendados pela legislação ambiental. O único parâmetro que apresentou valores superiores ao da legislação, como era esperado, foi o nitrogênio total. A presença deste nutriente é bastante comum no processo de degradação da matéria orgânica presente nos resíduos. Outros parâmetros como DBO e DQO também estavam abaixo do esperado para os pontos 01 e 04, demonstrando que a contribuição de chorume e carga orgânica por parte do lixão não é significativa. Já os

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parâmetros para coliformes apresentavam valores superiores aos poços de monitoramento PM-03, PM-04 e PM-05, porém tais valores ainda se enquadram aos padrões comumente encontrados em aterros sanitários. Provavelmente este fato está relacionado à grande quantidade de urubus presente no local na época das amostragens, contribuindo de forma significativa com suas fezes. Ainda, foi avaliada a qualidade da água de outros dois pontos de águas superficiais, locados no Rio Itacorubi, para desta forma avaliar a contribuição da poluição do antigo lixão sobre o rio. Os pontos de monitoramento de águas superficiais foram locados um a montante (PMAS-05) e outro a jusante (PMAS-06) do sentido normal do fluxo do rio em relação ao antigo lixão. As coletas foram, novamente, realizadas em duas datas, sendo em 09/12/2003 com maré enchente e em 16/12/2003 com maré vazante. A avaliação dos resultados das análises de água tomou por base os padrões de qualidade das águas salobras classe VII, de acordo com a Resolução CONAMA Nº 20/86, por se tratar de um ambiente de mangue. Na Tabela 10 são apresentados os resultados das análises da água coletada para os dois pontos, nas duas datas.

99

Tabela 10: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de monitoramento de águas superficiais 05 e 06

Fonte: SANETAL (2004)

Em relação aos nutrientes, a amônia corresponde a quase totalidade do nitrogênio total das amostras analisadas, estando acima dos valores máximos permitidos (VMP) pela Resolução nº 20/86. Pode-se considerar que o antigo lixão apresenta significativa influência na presença da carga de nutrientes apresentada no Rio Itacorubi, uma vez que comparando-se os resultados do dia 16 de Dezembro (maré vazante), os valores de amônia, fosfato, nitrato e nitrogênio total do PMAS-06 (jusante) são maiores em relação aos do PMAS-05 (montante). Para os metais pesados, os únicos que apresentaram valores superiores aos VMP foram Chumbo e Ferro Total. Na primeira coleta (maré enchente) o Chumbo apresentou valores 11 vezes superiores aos VMP. Porém, na segunda campanha (maré vazante), o valor apresentado para montante é superior ao de jusante, demonstrando que o rio já sofre algum tipo de contribuição anterior ao lixão.

100

Em relação à DBO, os valores também ultrapassaram os VMP para águas salobras. Percebe-se que os valores do dia 09/12 (maré enchente) são bem superiores aos do dia 16/12 (maré vazante), provavelmente devido que, com maré enchente as camadas de sedimentos do mangue, que são ricas em matéria orgânica, são revolvidas, elevando este parâmetro. Já para Demanda Química de Oxigênio (DQO), constata-se que a contribuição do antigo lixão é insignificante. Os parâmetros Oxigênio Dissolvido (OD), coliformes totais e fecais também estão em desconformidade com os padrões da Resolução CONAMA. Nota-se que, quando comparados os valores dos pontos 05 e 06, o antigo lixão contribui em termos de coliformes. 5.1.5.7 Avaliação da geração de gás no antigo lixão Para avaliação da geração de gás no antigo lixão do Itacorubi, foram construídos quatro poços de monitoramento de gases (PMG) em pontos estratégicos. Tais locais foram determinados pela constatação de gases em alguns pontos durante as sondagens a percussão e em função das informações dos perfis geológicos do solo. São identificados na área do antigo lixão por placas sinalizadoras em PVC.Na tabela 11 tem-se o resumo dos PMG, indicando sua profundidade, cota e classificação dos materiais encontrados durante a sondagem.

Tabela 11: Resumo dos poços de monitoramento de gás (PMG) PMG

Coordenadas UTM

Profundidade do poço (m)

Cota (m) Classificação do material

0,50 Argila arenosa com pedras

5,00Lixo doméstico com

entulhos

0,85 Argila arenosa com pedras

6,20Lixo doméstico com

entulhos

1,50 Entulhos com pouca argila

12,90Lixo doméstico com

entulhos

4745347 E / 6946967 N

5,40

5,40 Entulho com argila. Presença de gás

1745618 E / 6947077 N

5,00

2745542 E / 6946980 N

6,20

3 745440 E / 6946915 N

5,40

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004)

101

Para a realização do procedimento de análise da geração de gás nos poços de monitoramento, foi utilizado um saco plástico de volume conhecido. Este saco foi fixado na saída do PMG de modo a se obter estanqueidade. Imediatamente após esta etapa, iniciou-se a medição do tempo necessário para encher os recipientes plásticos com gás. Assim, foi obtida a vazão de gás nos PMG. As medições foram realizadas nos dias 12 e 16 de dezembro de 2003.

Figura 33: Sistemática da medição de gás

Fonte: SANETAL (2004)

Tabela 12: Medição de gases nos PMG

Volume de Gás

(litros)

Tempo de Coleta

Vazão (L/h)

Volume de Gás

(litros)

Tempo de Coleta

Vazão (L/h)

1 1,00 3:48' 0,26 0,00 3:00' 0,002 2,00 2:40' 0,75 1,00 3:00' 0,333 8,00 10' 48,00 4,00 30' 8,004 2,00 40' 3,00 1,00 1:30' 0,67

1ª Medição (12/12/2003) 2ª Medição (16/12/2003)

PMG

Fonte: Adaptado de SANETAL (2004)

102

De acordo com as medições realizadas nos PMG, constantes na Tabela 12, nota-se que, de maneira geral, a geração de gases não foi expressiva uma vez que os resíduos de origem orgânica que ali foram depositados entre os anos de 1956 até 1989, já estarem em um avançado processo de decomposição. Além disso, outro fator contribuinte é a ineficiente impermeabilização que foi conferida ao antigo lixão na camada superior e em seus taludes, haja vista o baixo grau de compactação e a natureza dos materiais utilizados. Os PMG 3 e 4 apresentaram maiores produções de gás por estarem localizados em uma área que recebeu resíduos orgânicos mais recentemente, aproximadamente 15 anos antes da realização das análises. O PMG 4 não produziu tanto gás quanto o PMG 3 por sua cobertura apresentar menor estanqueidade, uma vez que é formada por resíduos de construção civil. Já os PMG 1 e 2 tiveram menor produção de gás por estarem em uma área onde os resíduos orgânicos foram depositados há mais tempo, estando praticamente estabilizados. Os gases ainda existentes no antigo lixão devem estar confinados em bolsões formados por vazios no maciço de lixo, resultado da ineficiente compactação e inexistência de um sistema de drenagem de gases apropriado. Devido ao fato de as medições realizadas há dez anos apresentarem pequena produção de gás, não será proposta nenhuma providência quanto a sua captura e seu tratamento, uma vez que atualmente sua geração deve ser ainda menor pelo maior tempo de depuração dos resíduos. 5.2 PROGNÓSTICO

Para se avaliar o risco que o antigo lixão do Itacorubi oferece à

população que reside em suas imediações, deve ser levado em consideração o crescimento populacional e a interação do homem com o ambiente na área de influência.

De acordo com os últimos censos do IBGE, nota-se uma nítida evolução do crescimento populacional da capital durante o período de funcionamento do antigo lixão, entre os anos de 1956 e 1989.

103

Figura 34: Crescimento populacional de Florianópolis

Fonte: Adaptado de IBGE, Censos Demográficos e Contagem da

População.

Assim como a população de todo o município de Florianópolis cresceu neste período, o mesmo ocorreu no bairro Itacorubi, especialmente no período onde se instalaram importantes atividades administrativas, educacionais e comerciais nesta região.Analisando a Figura 34 fica evidente o desenvolvimento populacional e de infraestrutura no bairro Itacorubi.

104

Figura 35: Evolução da ocupação dos arredores do Manguezal do Itacorubi entre os anos 1938 e 2013

Fonte: DESTERRO HOJE, 2013.

A população que vive no bairro Itacorubi é abastecida com água tratada pela Companhia Catarinense de Água e Saneamento – CASAN, proveniente dos rios Cubatão Sul e Vargem do Braço, ambos situados no município de Palhoça – SC. Desta maneira, não há consumo por parte da população das águas da bacia do Itacorubi. Porém é frequente a prática da pesca e recreação tanto no Rio Itacorubi quanto em outros afluentes que drenam o manguezal. Estas práticas poem em risco a saúde da comunidade, uma vez que a população entra em contato com contaminantes provindos do antigo lixão que são carreados pelo Rio Itacorubi. Em relação aos maus odores e proliferação de vetores, o antigo lixão do Itacorubi não provoca estes passivos ambientais, uma vez que ao longo do período de fechamento de suas atividades até hoje não há mais resíduos a céu aberto. Desta maneira, seria de grande valia a busca por alternativas de utilização da área do antigo lixão em prol da população que conviveu tanto tampo com este passivo ambiental e social.

105

5.3 AVALIAÇÃO TEÓRICA DA GERAÇÃO DE GÁS NO ANTIGO LIXÃO

Uma das etapas fundamentais e embasadoras para a aplicação de

um plano de recuperação de áreas degradadas em lixões é a avaliação da geração de gases que está sendo ou foi gerada pelos resíduos. Como já foi mostrada, a atual produção de gases no antigo lixão é pequena, em decorrência da elevada idade dos resíduos orgânicos que lá foram depositados. Porém, grande quantidade destes gases já foi liberada para a atmosfera.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC apresenta uma metodologia de fácil aplicação para se determinar emissões anuais em países ou regiões específicas. O método envolve a estimativa da quantidade de carbono orgânico degradável presente no resíduo sólido urbano, calculando assim a quantidade de metano que pode ser gerada por determinada quantidade de resíduo depositada, considerando diferentes categorias de resíduos sólidos domésticos.

O método IPCC segue a equação abaixo:

Onde:

QCH4: metano gerado [m³CH4/ano]; Popurb: população urbana [habitantes]; TaxaRSD: taxa de geração de resíduos sólidos domiciliares por

habitante por ano [kg de RSD/habitante.ano]; RSDf: fração de resíduos sólidos domésticos que é depositada

em locais de disposição de resíduos sólidos [%]; L0: potencial de geração de metano do RSU [kg de CH4/kg de

RSD]; pCH4: massa específica do metano [kg/m³];

Obs: O valor da massa específica do metano é 0,740 kg/m³.

O potencial de geração de metano (L0) corresponde ao total de metano produzido (m³ de metano por tonelada de RSU). Seu valor é dependente da composição do resíduo, principalmente da parte orgânica presente. É estimado com base no conteúdo de carbono do resíduo, na fração de carbono biodegradável e em um fator de conversão

106

estequiométrico. Seus valores típicos podem variar entre 125 m³ e 310 m³ de CH4 por tonelada de resíduo.

Onde:

L0: potencial de geração de metano do RSU [kg de CH4/kg de RSD];

FCM: fator de correção de metano [%]; COD: carbono orgânico degradável [kg de C/kg de RSD]; CODf: fração de COD dissociada [%]; F: fração em volume de metano no biogás [%]; (16/12): fator de conversão de carbono em metano [kg de

CH4/kg de C]. O fator de correção de metano (FCM) está relacionado com as características de aterramento do resíduo, influenciando diretamente na quantidade de gás produzido. Valores recomendados pelo IPCC para este fator são indicados na Tabela 13.

Tabela 13: Locais de disposição de resíduos e Fator de Correção de Metano

Tipo de Local Fator de Correção de Metano (FCM)

Adequado 1,0Inadequado (profundo para ≥ 5,00 m

de resíduos)0,8

Inadequado (não profundo para < 5,00 m de resíduos)

0,4

Sem classificação 0,6 Fonte: IPCC, 1996

A quantidade de carbono orgânico degradável (COD) é

determinada pela seguinte equação:

Sendo:

107

COD: carbono orgânico degradável [kg de C/kg de RSD]; A: fração de papel e papelão no RSU; B: fração de resíduos de parques e jardins no RSU; C: fração de restos de alimentos no RSU; D: fração de tecidos no RSU; E: fração de madeira no RSU.

Esta equação se baseia na composição do resíduo e na quantidade de carbono em cada componente da massa de resíduo comoreportado em IPCC (1996). Na Tabela 14 são apresentados os valores de COD para diferentes componentes do resíduo.

Tabela 14: Componentes dos resíduos e seu COD Componente COD (% em massa)

A) Papel e papelão 40B) Resíduos de parques e jardins 17

C) Restos de alimentos 15D) Tecidos 40E) Madeira 30

Fonte: IPCC, 1996

A fração de COD dissociada (CODf) indica a fração de carbono que é disponível para a decomposição bioquímica, e pode ser obtida pela equação:

Sendo:

CODf: fração de COD dissociada [%]; T: temperatura na zona anaeróbia [°C].

DE SOUZA (2009), adotou os seguintes valores para aplicação do método IPCC na determinação da estimativa da geração de gases no antigo lixão do Itacorubi:

108

Tabela 15: Valores adotados para aplicação do método IPCC Coeficiente Símbolo Unidade Valor adotado

População urbana Pop urb Habitantes Tabela 16Taxa de geração de resíduos

sólidos domésticos por habitante por ano

Taxa RSDKg RSD /

habitante x ano231

Fração de RSD que é depositada em locais de

disposição de resíduos sólidosRSDf

Fator adimensional

Tabela 17

Fator de correção de metano FCMFator

adimensional0,6

Carbono orgânico degradável no resíduo sólido doméstico

COD

Fator adimensional

ou KgC / KgRSD

0,2003

Fração de COD que realmente degrada

CODfFator

adimensional0,77

Fração de CH4 no gás de aterro

FFator

adimensional0,5

Taxa de geração de carbono em metano

16/12

Fator adimensional ou Kg CH4 /

Kg C

1,333

Quantidade de metano recuperado

R Kg CH4 / ano 0

Fonte: DE SOUZA, 2009

Na Tabela 16 são apresentadas as relações entre população, taxa de atendimento e produção de resíduos no período de funcionamento do antigo lixão.

109

Tabela 16: Relação entre população, taxa de atendimento e produção de resíduos por ano

AnoPopulação Urbana

(hab)Deposição de RSD no

lixão (Ton/ano)1956 50.768 35021957 52.768 36401958 54.847 37831959 57.008 39321960 59.255 54501961 63.641 58531962 68.353 62871963 73.413 67521964 78.848 72521965 84.685 77891966 90.954 83651967 97.687 89851968 104.919 96501969 112.686 10.3641970 121.028 16.6981971 124.593 17.1901972 128.263 17.6961973 132.041 18.2171974 135.931 21.8801975 139.935 22.5241976 144.057 23.1881977 148.300 23.8711978 152.669 24.5741979 157.166 25.2981980 161.795 29.7631981 167.700 30.8501982 173.820 31.9751983 180.164 33.1421984 186.739 34.3521985 193.554 37.8311986 200.617 39.2121987 207.939 40.6431988 215.528 42.1261989 223.393 43.663

Fonte: DE SOUZA, 2009.

A fração do total de resíduos coletados que foram depositados no antigo lixão (RSDf) varia ao longo dos anos, e está demonstrado na Tabela 17.

110

Tabela 17: Fração de resíduos que foi depositada no antigo lixão Ano RSDf Ano RSDf1950 0,2 1970 0,61951 0,2 1971 0,61952 0,2 1972 0,61953 0,2 1973 0,61954 0,2 1974 0,61955 0,3 1975 0,71956 0,3 1976 0,71957 0,3 1977 0,71958 0,3 1978 0,71959 0,3 1979 0,71960 0,4 1980 0,81961 0,4 1981 0,81962 0,4 1982 0,81963 0,4 1983 0,81964 0,4 1984 0,81965 0,4 1985 0,851966 0,4 1986 0,851967 0,4 1987 0,851968 0,4 1988 0,851969 0,4 1989 0,85

Fonte: DE SOUZA, 2009

Os resultados da aplicação do método IPCC para estimação da produção de biogás no antigo lixão do Itacorubi são apresentados na Tabela 18. O método IPCC não atribui muita precisão ao cálculo, levando o resultado a uma aproximação da realidade.

111

Tabela 18: Resultados obtidos pelo método IPCC

AnoProdução de Metano

(Ton / ano)Produção de

Metano (m³ / ano)1956 102,80 1434441957 106,80 1490951958 111,00 1549701959 115,40 1610771960 119,90 1674221961 187,00 2610321962 194,40 2713141963 202,10 2820081964 210,00 2931191965 218,30 3046681966 302,60 4222281967 325,00 4534891968 349,00 4870581969 374,90 5231151970 402,60 5618431971 432,40 6034361972 464,40 6481071973 498,80 6960921974 535,80 7476181975 575,40 8029711976 927,10 12936211977 954,40 13317261978 982,50 13709531979 1.011,50 14113351980 1.041,20 14529031981 1.250,60 17449841982 1.287,40 17963851983 1.325,30 18493081984 1.364,40 19037771985 1.404,60 19598551986 1.652,50 23058191987 1.712,80 23899601988 1.775,40 24771931989 1.840,10 2567590

Fonte: DE SOUZA, 2009.

112

5.4 AÇÕES PARA RECUPERAÇÃO DA ÁREA DO ANTIGO LIXÃO DO ITACORUBI

5.4.1 Captação de Percolados e Extração de Vapores do Solo

O objetivo da captação de percolados é impedir que estes líquidos

gerados a partir do contato da chuva com a massa de resíduos escoe em quantidades cada vez maiores diretamente para o Rio Itacorubi e para o manguezal, sem tratamento prévio.

Para interromper o processo de geração de percolados, o ideal seria promover a impermeabilização total do maciço de lixo por meio da implementação de manta impermeabilizadora de polietileno de alta densidade (PEAD). Porém esta alternativa mostra-se inviável, uma vez que sobre a área do antigo lixão existem diversas edificações pertencentes a CETReS. Portanto, como forma de minimizar tal geração, sugere-se a execução de um melhor recobrimento de alguns taludes que receberam como cobertura final entulhos de construção civil, os quais apresentam elevada permeabilidade.

Após o levantamento bibliográfico e a consulta literária, foram levantadas seis técnicas de remediação de lixões. Para escolha das técnicas a serem implementadas no lixão do Itacorubi, foi levado em conta o espaço físico disponível, questões financeiras e técnicas. Desta maneira, a técnica de bombeamento e tratamento em conjunto com SVE (extração de vapores) aparentemente são as mais indicadas para corrigir a contaminação do terreno. Para reduzir custos operacionais, sugere-se optar pela técnica SVE Air Vents,têm a mesma função, porém ao invés de bombear o ar apenas facilitam a entrada do ar no terreno.

5.4.2 Tratamento do Percolado Coletado

O percolado originado de lixões contém altas concentrações de

substâncias orgânicas e inorgânicas, e possui um grande potencial poluidor de águas superficiais e subterrâneas. Conforme o resultado das análises de água subterrânea desenvolvido pela empresa de engenharia SANETAL, os principais elementos presentes são nutrientes, DBO e DQO elevados, coliformes e certos metais pesados. Assim sendo, a escolha do tipo de tratamento do percolado deve reduzir a níveis aceitáveis pela legislação todos estes parâmetros.

Como opção de tratamento do percolado coletado, sugere-se a combinação de um tratamento de lagoa aerada facultativa seguida de Zona de Raízes (Wetlands).

113

Nas lagoas aeradas facultativas, a degradação da matéria orgânica se realiza por ação de bactérias heterotróficas. Nestas lagoas, a potência instalada existente é suficiente para introduzir na massa de líquido o oxigênio necessário no processo, porém não é suficiente para impedir a sedimentação de boa parcela dos sólidos em suspensão. Desta maneira, não há grandes investimentos em equipamento e gastos com energia.

A zona de raízes por sua vez utiliza a capacidade depuradora do sistema radicular das plantas e suas propriedades de oxigenação e absorção de nutrientes para o tratamento de efluentes. Este sistema se caracteriza por ser um estágio de polimento de um tratamento biológico prévio, normalmente uma lagoa aerada ou aerada facultativa. Apresenta algumas vantagens como o baixo custo de implantação e eficiência no tratamento do efluente.

5.4.3 Melhorias no sistema de drenagem pluvial

O sistema de microdrenagem existente na área do antigo lixão,

passou, há pouco tempo, por uma reforma. Portanto a situação das canaletas instaladas para dar vazão às águas superficiais é adequada. Entretanto, em alguns locais foi detectada a presença de resíduos nas mesmas, obstruindo-as e impedindo o fluxo normal das águas superficiais.

Já o sistema de macrodrenagem deve receber manutenção e limpeza constante principalmente no canal natural localizado a leste da área do antigo lixão, uma vez que a vegetação invade o leito do canal diminuindo sua capacidade de dar vazão às águas. Para o canal artificial, sugere-se o revestimento do leito do canal com canaletas de concreto, evitando, desta forma o acúmulo de água parada e sua infiltração, o que pode ser um problema por estarem carregando consigo poluentes, por se tratar de uma área de deposição de resíduos.

5.4.4 Uso futuro da área

As propostas para uso futuro da área do antigo lixão do Itacorubi

devem levar em consideração que nos locais onde os resíduos foram aterrados o processo de decomposição dos mesmos continua ocorrendo mesmo após o encerramento das atividades, por longos períodos. Portanto, os sistemas de drenagem de águas superficiais, captação e tratamento de lixiviado e gases, controle da qualidade do solo e de águas subterrâneas devem ser mantidos a fim de garantir a qualidade ambiental do local para os usos futuros propostos.

114

Antes de se propor novos usos para a área do antigo lixão do Itacorubi, deve-se comentar a utilização que já vem sendo feita desta área. Atualmente, funcionam sobre a área uma central de transbordo dos resíduos de Florianópolis; o centro de educação ambiental da COMCAP, contando com o Museu do Lixo e “Circuito do Lixo”, no qual condutores capacitados da equipe conduzem o público, na sua maioria escolas de nível fundamental, para realizarem uma volta completa pelo CTReS e observarem toda a sistemática de operações do mesmo; uma central de triagem de resíduos e um pátio de compostagem.

Figura 36: "Caminho do Lixo" e Museu do Lixo

Fonte: Acervo pessoal do autor

Estas atividades são de extrema importância na formação das atuais e futuras gerações, devendo ter seu funcionamento mantido diante da função social que exercem. Complementando o projeto de educação ambiental, sugere-se a criação de trilhas ecológicas tanto sobre o maciço de lixo quanto margeando o Rio Itacorubi, próximas ao mangue, para que possam ser

115

passados conhecimentos a respeito desse ecossistema, e desta forma mostrar quem realmente sofre com este impacto ambiental chamado Lixão do Itacorubi.

Um projeto paisagístico seria de grande importância para a implantação de áreas verdes, com equipamentos comunitários e praças esportivas, uma vez que a localização da área é próxima a áreas urbanizadas. A implantação de parques e espaços mais abertos à sociedade poderá beneficiar um maior número de pessoas, tornando o local público. A existência de uma área verde, com trabalho paisagístico de implantação de gramados, arbustos e árvores nativas seria um local ideal de descanso para os usuários da ciclovia e pista de corrida localizada na Avenida da Saudade se estendendo pela Rodovia Admar Gonzaga.

Por fim, em qualquer caso, a reabilitação da área deve proporcionar uma integração à paisagem do entorno e acima de tudo atender às necessidades da comunidade local, sendo recomendável a participação de seus representantes na definição de seu uso futuro.

116

117

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Por intermédio dos resultados das análises de águas subterrâneas

dos poços de monitoramento, observa-se que os resíduos depositados no antigo lixão do Itacorubi são antigos, estando em estágio final de degradação da fração orgânica. Desta forma, a situação das águas superficiais e subterrâneas, e efluentes lançados no mangue e no Rio Itacorubi não é tão preocupante como imaginado. Entretanto, tem-se conhecimento do potencial poluidor que o chorume e lixiviado de lixões representam, principalmente sobre um ecossistema de tão tênue equilíbrio como os manguezais. Imagina-se, então, que em algum momento da existência do lixão a carga poluidora lançada foi alta, e com o passar do tempo o ecossistema a absorveu.

De acordo com as análises realizadas há dez anos, é indiscutível que algum sistema de tratamento dos efluentes do antigo lixão deve ser desenvolvido no local, para que os mesmos se enquadrem nos padrões de lançamento de efluentes para águas salobras. Entretanto, uma nova bateria de análises deve ser efetuada para se reconhecer a atual condição das águas subterrâneas e superficiais da área. A partir do resultado destas novas análises, pode-se tomar uma melhor decisão da alternativa do sistema de captação e tratamento do percolado, ou até mesmo optar por não o captar e tratar.

Uma consideração importante que se deve fazer é o não atendimento aos padrões de qualidade para águas salobras no Rio Itacorubi a montante do antigo lixão. Portanto, conclui-se que as águas deste rio já carregam contaminantes, principalmente metais pesados, antes mesmo da passagem pela área do lixão, provavelmente advindas de outros empreendimentos ao longo do curso a montante do rio, como postos de gasolina, oficinas mecânicas e lavação de carros.

Quanto aos gases produzidos no antigo lixão, ficou claro que a captura e queima destes gases é inviável economicamente frente às baixas vazões apresentadas nos poços de monitoramento de gás. Uma vez que estas medições foram realizadas há dez anos, atualmente é bem provável que estas vazões sejam ainda menores.Sabe-se que a geração de gases em lixões é muito elevada, e estas acontecem em etapas anteriores na degradação dos resíduos. Portanto, a instalação de drenos para captura destes gases pouco melhoraria a condição ambiental do local, uma vez que os resíduos já estão em fase final de degradação. Ainda assim, sugere-se um estudo mais aprofundado, como novas sondagens, a procura de prováveis bolsões de gases que tenham se

118

formado, como forma de prevenção ao risco de explosão que estes apresentam.

6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O tema “Recuperação de Lixões” ganha ainda mais destaque após

a aprovação da lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde fica determinado que as municipalidades terão que enquadrar suas condutas quanto à coleta e disposição final de resíduos sólidos urbanos. Fica estabelecido, portanto, o fim do uso de lixões como disposição final, e a recuperação dos preexistentes.

A proposta do presente trabalho foi apresentar de forma clara e objetiva todas as etapas da elaboração de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, baseado na construção de um diagnóstico e prognóstico, aplicado ao antigo Lixão do Itacorubi.

Para melhor caracterização da situação de degradação da área do antigo lixão, a disponibilização por parte da SANETAL Engenharia e da COMCAP do trabalho “Diagnóstico Ambiental do Antigo Lixão do Itacorubi – Florianópolis/SC”foi de suma importância no fornecimento de informações indispensáveis na elaboração de um PRAD.

Pesquisas devem ser feitas no sentido de avaliar a viabilidade econômica da implantação tanto das técnicas de captação e tratamento do percolado quanto do PRAD na sua totalidade, a fim de que estas atividades sejam efetivamente postas em prática. A questão econômica é, principalmente em se tratando de pequenos municípios, determinante para implantação do PRAD, uma vez que as técnicas de remediação são consideravelmente dispendiosas.

O presente trabalho, apesar de desenvolver um PRAD especificamente para o antigo Lixão do Itacorubi, serve como modelo e referência para a elaboração de PRADs para outras localidades, uma vez que seu passo a passo é desmembrado entre todas as etapas necessárias para sua elaboração.

119

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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126

Anexos

RESÍDUOS DOMÉSTICOS

ARGILA e ENTULHOSNÍVEL DO LENÇÓL FREÁTICO

ARGILA ARENOSA, MÉDIA A RIJA AREIA MÉDIA POUCO ARGILOSACOM PEDREGULHOS

ARGILA MUITO MOLE A MOLE, COM FÓSSEIS MARINHOS

NÍVEL DO LENÇÓL FREÁTICO

ARGILA ARENOSA, RIJA A DURA

ARGILA MUITO MOLE A MOLE, COM FÓSSEIS MARINHOS

RESÍDUOS DOMÉSTICOS

ARGILA e ENTULHOS

ARGILA, MOLE A MÉDIA, COM PEDRAS

RESÍDUOS DOMÉSTICOS

ENTULHOS COM POUCA ARGILANÍVEL DO LENÇÓL FREÁTICO

AREIA MÉDIA POUCO ARGILOSA

ARGILA MUITO MOLE

ARGILA e ENTULHOS

ARGILA MUITO MOLE A MOLE ARGILA MUITO MOLE A MOLE

ARGILA MUITO MOLE A MOLE

RESÍDUOS DOMÉSTICOS

NÍVEL DO LENÇÓL FREÁTICO

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PERFIL AAEscala: 1/11003

PERFIL DDEscala: 1/11001

PERFIL BBEscala: 1/11002

PERFIL CCEscala: 1/11004

PLANTA TOPOGRÁFICAEscala: 1/17005 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Diagnóstido Ambiental do Antigo Lixão do Itacorubi

Planta Topográfica - Locação daSondagem SPT, PM, PMAS e PMG

Escala:1/1100

Anexo A

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CEMITÉRIO SÃO FRANCISCO

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FINAL DO PASSEIO

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39,850

38,500

37,960

34,625

32,712

31,373

27,984

28,576

30,930

31,357CALÇAMENTO C/ LAJOTA

33,600

37,959

35,400

35,500

28,829

28,321

26,781

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22,000

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PMAS 2

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SPT 03

SPT 02

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SPT 01

PM 2

PMAS 3

SPT 09

SPT 10

SPT 06

PM 4

PM 3

PMAS 4

PMAS 5

SPT 07

SPT 05

SPT : Sondagem a percussão, Tipo Reymond;PMAS: Ponto de Monitoramento de Águas superficias;PM : Poço de Monitoramento de Águas subterrâneas;PMG : Poço de Monitoramento de Gás.

CONVENÇÃO

PMG 03

PMG 04

PMG 02

PMG 01

N

PONTO DE ANÁLISE DOSOLO / LIXO

Amost.: 08 - COTA (0,00 a 0,85 m)

PONTO DE COLETA DOSOLO DO MANGUE

AMOSTRA 02

PONTO DE ANÁLISE DO SOLO / LIXOAmost.: 07 - COTA (0,00 a 3,81 m)

PONTO DE ANÁLISE DO SOLO / LIXOAmost.: 06 - COTA (10,0 a 12,90m)

PONTO DE COLETA DOSOLO DO MANGUE

AMOSTRA 03

PONTO ANÁLISE DO SOLO / LIXOAmost.: 05 - COTA (2,00 a 4,50 m)

PONTO DE ANÁLISE DOSOLO / LIXO

Amost.: 04 - COTA (2,00 a 5,30 m)

PONTO DE ANÁLISE DOSOLO / LIXO

Amost.: 09 - COTA (0,50 a 5,00 m)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINADiagnóstido Ambiental do Antigo Lixão do Itacorubi

Planta Topográfica - Locação daSondagem SPT, PM, PMAS e PMG

Escala:1/1100

Anexo A