lygia clark, todo mundo é artista

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um projeto da Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”, Walmor Pamplona e Carioca Filmes DOCUMENTÁRIO 80’ DOCUMENTÁRIO 80’

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Projeto do filme "Lygia Clark, Todo Mundo é Artista"

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Page 1: Lygia Clark, Todo Mundo é Artista

um projeto da Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”, Walmor Pamplona e Carioca Filmes

DOCUMENTÁRIO 80’DOCUMENTÁRIO 80’

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INSTITUIÇÃO

A Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”é uma entidade sem fins lucrativos que visadisseminar a vida e a obra de Lygia Clark noBrasil e no mundo ao promover e organizar juntoa parceiros eventos, publicações e exposiçõessobre a Artista. Além disso, desenvolveu umprocesso pioneiro e revolucionário decertificação de obras da Artista, que, em quasesua totalidade, são peças não assinadas defabricação industrial. Sua atuação valorizou aobra de Lygia Clark por inibir ações de falsificaçãoe assegurar operações de compra e venda depeças autênticas.

A Associação foi fundada em maio de 2001 paraorganizar um cadastro das obras e de todo omaterial documental referente à trajetória daArtista. A Associação tem a missão de difundirinformações sobre Lygia Clark através de textos,fotos ou quaisquer outros suportes que venhama surgir derivados de sua criação, bem comopesquisar e certificar a autenticidade das obrasda Artista.

Na Associação Cultural existe atualmente umacervo de 6000 imagens e 15000 laudas dedocumentos. Esse acervo funciona, acima detudo, como um arquivo dinâmico, que éatualizado à medida que novos documentos sãopesquisados ou criados pelo campo da crítica dearte ou por acadêmicos. Com cartas edocumentos pessoais da Artista em português,inglês, francês, espanhol, alemão, italiano ejaponês, o acervo concentra a idéia de um estudoamplo sobre a atividade artística de Lygia,tornando a Associação Cultural “O Mundo deLygia Clark” referência para o estudo da artecontemporânea brasileira disponível parapesquisadores no Brasil e no mundo.

O papel da Associação Cultural é ser apropagadora das idéias de Lygia, tornar efetivasas suas propostas e renovar sua eficácia comoum estímulo à vida, tal qual a Artista gostariaque sua obra fosse vivenciada.

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Certificação

Desde o seu início, em 2001, a certificação deobras de Lygia Clark é uma atividade necessáriapara o cadastro, pesquisa e divulgação da obrada Artista. Além disso, é uma garantia desegurança e uma certeza, indubitável, sobre aorigem e a autenticidade da obra para o seucolecionador.

A Associação Cultural "O Mundo de Lygia Clark"oferece gratuitamente a certificação de obras.O processo é feito com a avaliação dosdocumentos entregues pelo proprietário arespeito da origem, histórico de compra da obra,laudo técnico, dados da obra e do proprietário.

A análise do processo de certificação é baseadaem documentos de titularidade das obras,escritos de próprio punho pela Artista. Caso aobra não seja identificada nestas listas, solicita-se ao proprietário que a obra seja enviada a umprofissional qualificado para que sejam feitosos testes competentes à área de química eidentificação de materiais de época.

Atualmente, a Associação possui cerca de 560obras certificadas, tornando o seu banco dedados um instrumento de segurança para arealização de exposições.

A Associação conta com o apoio de todos oscolecionadores de obras de Lygia Clark para quese possa identificar, certificar e divulgar a obrade uma das Artistas mais importantes da Históriada Arte.

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Exposições

Lygia cria novos conceitos, como a “linhaorgânica”, promove a interatividade com opúblico e pouco a pouco se afasta do suportestradicionais da arte. Neste conceito departicipação foi o que a Artista mais seaprofundou ao longo de sua trajetória artística,transformando-se numa de suas característicasmais marcantes, sobre a qual o cenário das artesnacional e internacional se mostra mais atentos.

Manter viva a memória de Lygia Clark assimcomo divulgar a sua obra é a prioridade naAssociação que, desde sua fundação, participouna organização de dezenas de exposições noBrasil e no exterior. Dentre elas, destacam-se:The Art of Participation, SF-MOMA, São Francisco(2008); Peripheral vision and Collective Body,Museion, Bolzano (2008); Krobo/Clark, LodzMuzeum (2008); WACK! Art and the FeministRevolution, MOCA, Los Angeles (2007),Washington (2008), Vancouver (2008);Tropicália: a revolution in Brazilian Culture,Museum of Contemporary Art, Chicago (2005);Barbican, Londres (2006) e Bronx Museum ofthe Art, New York (2006/07), MAM-RJ, Brasil(2008); Lygia Clark, da obra ao acontecimento:somos o molde, a você cabe o sopro..., Muséedes Beaux-Arts, Nantes (2005) e Pinacoteca doEstado de São Paulo, SP, Brasil (2006); Pulse:Art, Healing and Transformation, ICA, Boston,(2003); Brazil: Body and Soul, New York,Guggenheim Museum (2001); 7th InternationalIstanbul Biennial - Sala especial, Istanbul (2001).Pensamento Mudo, Dan Galeria, (2004). 50Jahre/Years DOCUMENTA: 1955-2005, KunsthalleFridericiaum Kassel (2005). Artists' Favourites,ICA - London, (2004). Soto: a construção daimaterialidade, CCBB - RJ e BSB, Instituto TomieOthake, (2005).

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Publicações

Diversos textos são produzidos sobre Lygia Clark,seja uma análise sobre uma fase, seja uma densainvestigação sobre sua trajetória. Portanto, todoesse material de pesquisa é importante para adifusão da memória de Lygia Clark.

Para que sejam mantidas as atividades depesquisa e preservação da obra, bem como ofuncionamento administrativo da AssociaçãoCultural, são cobradas taxas, para o uso dedireitos de imagem, de instituições que procurama Associação com o interesse em divulgar a obrada Artista, por meio de projetos com finscomerciais.

Seguem algumas publicações que tiveram oapoio da Associação Cultural para a sua edição:Elles@centrepompidou, Juan Vicente Aliaga(2009). Woman Artists, MoMA (2009). The Bodyin Contemporary Art, Thames&Rudson (2009).Understanding Art, Nelson Education (2008).PRATES, Valquíria; SANT'ANA, Renata. LygiaClark: linhas vivas. São Paulo: Paulinas, 2006.FERREIRA, Gloria; COTRIM, Cecília (org.). Escritosde Artistas: anos 60/70. Rio de janeiro: JorgeZahar, 2006. FARINA, Cyntia. Arte, cuerpo ysubjetividad: estética de la formación ypedagogía de las afecciones. Tese de Doutorado.Universidade de Barcelona, 2005. GUIGON,Emmanuel; PIERRE, Arnauld. L`oeil moteur: artoptique et cinétique, 1950-1975. Strasbourg:Musée d`Art moderne et contemporain, 2005.DE SALVO, Donna. Open systems: rethinking Art,c.1970. Londres: Tate, 2005. HOFFMANN, Jens;JONAS, Joan. Perform. Londres: Thames &Hudson, 2005. BRETT, Guy. Carnival ofperception: selected writings on art. Londres:InIVA, 2004. 100 Brasileiros. Editado pelaSecretaria de Comunicação do Governo Federal,2004. RAMIREZ, Mari Carmen; OLEA, Hector.Inverted Utopias: Avant-garde art in LatinAmerica. Houston: Museum of Fine Arts, 2004.BOIS, Yve-Alain; KRAUSS, Rosalind et al. Art since1900: modernism, antimodernism andpostmodernism. Londres: Thames e Hudson,2004. SUZUKI, Katsuo. Brazil: Body Nostalgia.Tóquio: The National Museum of Modern Art,Tokyo, 2004. GROSENICK, Uta. Women artists,Mujeres Artistas de los siglos XX y XXI. Colonia:Taschen, 2001.

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Pesquisa

Muitas são as inquietações provocadas pela obrade Lygia, não só de obras plásticas se constituia sua trajetória - muitos são seus estudos, tantoplásticos quanto literários, e muitas são asreverberações de suas obras, tais comoexposições, teses e críticas produzidas emdiversos pontos do mundo.

A Pesquisa da Associação Cultural visa catalogara obra completa da Artista e organizar umcadastro dessas obras e de todo o materialdocumental referente a elas. Todo este acervo,constituído de imagens e textos, é organizadopara facilitar o estudo sobre Lygia Clark.

Parceiros

A mais recente retrospectiva da obra de Lygiafoi realizada em parceria com a Fundació AntoniTàpies, com sede em Barcelona. A grandeexposição foi inaugurada em 1997 na própriafundação. Depois seguiu para o Museu deMarseille (1998), Museu de Serralves (Porto,1998) e Société des Expositions du Palais desBeaux-arts, Bruxelas (1998).

A mostra encerrou temporada no Paço Imperial,no Rio de Janeiro, entre dezembro de 1998 efevereiro de 1999, reunindo mais de 30 milpessoas, número considerado recorde. A parceriagerou ainda um catálogo com cerca de 500páginas em quatro idiomas, com tiragem de 9mil exemplares. Atualmente esta publicaçãoencontra-se esgotada.

Desde que foi fundada, a Associação Culturalparticipou e contribuiu em mais de 70 exposiçõesno Brasil e no mundo: Musée du Calais (Calais,França), The Museum of Modern Art Oxford(Inglaterra), Solomon Guggenheim Museum (NY),Ludwig Museum (Colônia), Akademie der Künste(Berlim), The Henry Moore Institute (Leeds,Inglaterra), Museo de Arte Latioamericano deBuenos Aires, Museum of Modern Art (Tokyo),Musée d'art moderne et contemporaine(Genebra), Fundació Joan Miró (Barcelona),MOMA (NY), Parque Ferial Juan Carlos I (Madri),Tate Modern (Londres), Pinacoteca do Estadode São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Musée desBeaux-Arts de Nantes e Museum für VölkerkundeHamburg (Alemanha), Hiroshima-Museum-of-

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Contemporary-Art, Museum of Fine ArtsHouston (USA), MCA Chicago (USA), BarbicanCenter (Inglaterra), ICA-Londres (Inglaterra),NMWA - Washigton (USA), PS1 NY (USA), LodzMuzeum (Polônia), Instituto Oi Futuro (Rio deJaneiro), SF MoMA São Francisco (USA), MOTTokyo (Japão), Museion (Bolzano - Itália), CentrePompidou (França), Zacheta National Museumof Poland estão entre os parceiros.

Exposições de Lygia Clark já foram realizadas em29 países e 114 cidades diferentes, sem contarcom aquelas organizadas a partir de coleçõespessoais que não são informadas à Associação.A obra de Lygia teve uma sala especial no Museude Arte Moderna do Rio de 1999 a 2001. Nesteperíodo, 30% do público que comparecia aoMAM tinha como objetivo principal ver a obrada Artista.

A exposição individual de Lygia Clark, realizadana Pinacoteca do Estado de São Paulo entrejaneiro e março de 2006, recebeu um públicototal de 47.570 visitantes, dos quais 2.807 eramestudantes, oriundos de 44 escolas.

Entre as instituições que têm nas suas coleçõesobras certificadas pela Associação Cultural estão:21st Museum of Contemporary Art, Kanazawa(Japão), Autin Desdemond Fine Art (Inglaterra),Ella Fontanals Cisneros Collection (USA), Marie-Josée Kravis - Stonecroft Associates LLC (USA),MoMa Museum of Modern Art (USA), TateModern (Londres), Fundação Cisneros(Venezuela), Centre Pompidou (França), Bienalde Veneza, Coopel Collection (México), MuseuNacional Centro de Reina Sofia (USA), WalkerArt Center (USA) e o MAM de São Paulo (Brasil).

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JUSTIFICATIVA

Importância da arte na formação do indivíduo

São muitos os estudos que mostram no Brasile no exterior que o contato com arte étransformador para o ser humano. OGuggenheim Museum lançou há alguns anosum estudo que mostra através de pesquisasser benéfico o contato das pessoas com arte,suas manifestações e sua história.

O trabalho testou e comparou o desempenhoem habilidades intelectuais - comodiscernimento, capacidade descritiva, visãocrítica e criatividade - de adolescentesparticipantes do programa Learning ThroughArt (Aprendendo através da arte -www.learningthroughart.org), que estimulao aprendizado artístico em escolas desde1970, com o de não participantes doprograma criado pelo museu.

Segundo os resultados obtidos, os alunos doprograma do Guggenheim Museum tiveramdesempenho superior (mais detalhes sobreo estudo em anexo). A pesquisa indicou queos alunos do programa usaram mais palavraspara se expressarem e demonstrarammaiores habilidades intelectuais do que ogrupo não participante do Learning ThroughArts.

“Excelência em ensino é um diferencial doGuggenheim e as descobertas dos estudosconfirmam o que intuitivamente já sabíamos- que apreciar, discutir e criar obras de artecom os jovens melhora a habilidade delesem raciocinar e ler”, disse Kim Kanatani,diretora de educação do GuggenheimMuseum durante palestra que discutiu oestudo.

No Brasil, estudiosos como Geraldo Ferraz,em “Retrospectiva: figuras, raízes eproblemas da arte contemporânea.” (SãoPaulo: Cultrix/Edusp, 1975), afirmam que “aarte, ao evocar o espírito de inquietação, a

Exposição Lygia Clark na Pinacoteca, São Paulo, 2005 . Caminhando, 1963

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necessidade natural e instintiva do homem de exaurir seu estado emocional, é também sugerida comoum processo social, por constituir-se em um meio de comunicação com os semelhantes”, conformetratado em “Conteúdos lúdicos, expressivos e artísticos na educação formal”, de Jaqueline C. CastilhoMoreira e Gisele Maria Schwartz (estudo em anexo).

Os parâmetros curriculares da educação artística, segundo as pesquisadoras, afirmam que “é possíveldesenvolver a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão, ao realizar produçõesartísticas e interagir com diferentes materiais, procedimentos e instrumentos.

“O documento ressalta, ainda, a possibilidade de se desenvolver outros conteúdos como o respeitoà própria produção e à dos colegas, a compreensão e a identificação da arte das diversas culturas eépocas, a observação e a comparação das diferenças existentes nos padrões artísticos e estéticos.”

Conclusão: a arte em nossas vidas tem o intuito de fazer com que nos tornemos participantes dasociedade em que estamos inseridos, que possamos criar, pensar, sentir o mundo que nos cerca eque possamos expressar esses aspectos não somente por meio de palavras, mas por outras linguagens.Linguagens como as artes visuais, a dança, a música, o teatro etc.

Evento gratuito realizado no MAC Niterói, 2004 . Óculos, 1968

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Importância de Lygia Clark para o ser humano

Vivemos num mundo midiático. Deixamos, aospoucos, de ter contato de primeira pessoa com omundo objetivo. Mudamos de canal, falamos aocelular e sacamos dinheiro através de forçaspoderosas invisíveis. O mundo virtual, sem limites,vai tomando o lugar do mundo físico em nossas vidas.Trabalhamos, convivemos e nos divertimos por telas,interfaces que nos dizem o que fazer e nos guiamaonde queremos chegar.

Segundo Lygia Clark, a arte precisava estar a serviçoda libertação do ser humano que hoje existe emcélulas, comunidades, perfis online. Lygia esteve afrente de seu tempo, hoje fica claro. Compartilhouao transformar o corpo do outro no objeto de suaarte muito antes da web 2.0, em que a ordem do diaé compartilhar. A Artista deu o objeto da arte na mãode seu interlocutor e estabeleceu que a “arte é o seuato”. Fundou a arte participativa, interativa ecompartilhada desde então.

Lygia destravou as portas do subconsciente atravésde sua arte e propunha isso como manifestaçãoartística transcendental. Objetos sensoriais erelacionais, entre muitos outros artefatos, abriamum canal direto com o primitivo interior (self, nojargão de Lygia), criando um estado de auto-conhecimento revelador e, por isso, libertador.

O legado de Lygia Clark é hoje o antídoto para oveneno da modernidade, que tem a depressão e oestresse como pandemias. Faz do contato físico realum refúgio e a revelação do eu e do outro. Faz docontato humano o abrigo que buscamos no mundovirtual e que, em verdade, lá não temos.

Exposição Lygia Clark, Pinacoteca, São Paulo, 2005 . Diálogo de Óculos, 1968

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A experiência com a obra de Lygia Clarkdesperta a identidade individual pelainvestigação de sensações e memóriascorporais que ela provoca. Tal experiênciapropicia uma compreensão da arte e agarantia de sua incorporação no cotidianocomo forma de apoiar os processos deconstrução de uma identidade cultural.

Descobrir quem somos e procurarcompreender o modo de ser dos outrossão os primeiros passos para que possamosinteragir com respeito. A Artista semprese colocou como pesquisadora, explorandoos limites da relação entre arte e público,envolvendo profundamente as pessoasnum processo interativo de criação.

Diagnóstico: mais reconhecimento noexterior do que no Brasil

Diante da importância comprovada dasartes e de Lygia para a formação de umapessoa mais intelectualmente preparadae emocionalmente equilibrada, surge umatriste e paradoxal realidade. Lygia Clark esua obra ainda são pouco conhecidas pelobrasileiro, em comparação com o públicoestrangeiro. A própria Associação Cultural“O Mundo de Lygia Clark” estima que maisde 70% dos pesquisadores que acessam ainstituição para levantar informações sobrea Artista vêm de fora do Brasil.

Instituições parceiras e colecionadores nomundo inteiro reconhecem a importânciae o valor de Lygia Clark, atestando que aexperiência com sua obra estimula odesenvolvimento pessoal e social além decontribuir decisivamente para oentendimento da função e do conteúdo daarte, pontualmente a contemporânea. Aomesmo tempo, em solo brasileiro, Lygiaestá limitada a debates acadêmicos e dacrítica de arte, com pouca penetração juntoao grande público.

Projeto Lygia Clark nas Escolas, Escola CuriosaIdade, Rio de Janeiro, 2005 . Bicho Caranguejo, 1960

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Importância do filme

Fica claro diante do exposto até o momento que umdocumentário sobre a trajetória e a obra de Lygia Clark vaiter um efeito transformador sobre seus espectadores. Taisbenefícios abrangem não só a riqueza da vivência artísticageral e específica da Artista em questão como também daexperiência intelectual e o desenvolvimento de uma visãoharmonizada e sintonizada com o momento atual do país edo mundo.

Ter o nome associado ao de Lygia Clark, sua obra e suaspropostas tem sido uma experiência comprovadamentesuperior para diversos parceiros como museus, galerias,instituições de ensino e colecionadores individuais.Disseminar Lygia é consagradamente fundamental para aconstrução de um mundo melhor, mais tolerante e maisinteligente.

Informação transformadora e experiência cultural de altonível são atributos de um bom conceito, marca ou instituição,sem falar na importância humanística das ações que visamampliar o conhecimento sobre este grande valor das artesplásticas brasileiras.

Evento gratuito realizado no MAC Niterói, 2004 . Rede de Elástico, 1974

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Diferencial

O que faz deste documentário uma obranecessária e singular é a própria peculiaridadeda obra de Lygia Clark. Diferentemente dosdocumentários tradicionais, esse filme não vaise basear somente em depoimentos, arquivos eacervo para mostrar a produção artística e atrajetória da Artista.

Vai além, ao realizar a vivência das propostasde Lygia, obras que ultrapassaram os limites demolduras e objetos para envolver diretamenteo corpo humano e se transformar em rituaisindividuais e coletivos em busca da harmonia edo auto-conhecimento.

Tais propostas, como Lygia as chamava,provocam vivências únicas, que serãoreconstituídas e experimentadas para as lentescinematográficas, criando uma linguagemnarrativa, emocional e visual única naperspectiva da produção audiovisual de caráterdocumental no planeta. Ou seja, o filme vai seruma experiência singular para seus espectadores.

Ateliê de Lygia Clark, Paris, década de 70 . Rede de Elástico, 1974

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Disseminar a vida e a obra da Artista plástica Lygia Clarkno Brasil e no mundo, contribuindo para a formaçãoartística do brasileiro ao ampliar seu conhecimento sobrearte contemporânea.

Objetivo Específico

Realizar um documentário de 80 minutos de duração(longa-metragem) sobre a vida e a obra de Lygia Clark,de trajetória única na história da arte universal.

Experiência realizada nas proximidades da Sorbonne, Paris, 1975 . Cabeça Coletiva, 1975

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NARRATIVA

1. Proposições filmadas especialmente para o documentário

As filmagens ocorrerão num estúdio com total controle de luze som. As proposições serão realizadas normalmente sem queos atores se preocupem em posar para as lentes. Vai acontecero contrário: a lente, narrador do filme, vai se movimentar 360graus em torno das proposições, com opções de enquadramentoe velocidade de movimento. Alto contraste na fotografia e figurinoneutro vão valorizar a ação das proposições.

Microfones serão colocados nos atores enquanto estãovivenciando uma proposição. Câmeras com o ponto de vista doator serão usadas em proposições como “A casa é o corpo” e“Túnel”. Uma terceira câmera será colocada em plongée (picada)para o ponto de vista perpendicular às proposições, frente afrente com a pessoa deitada que está vivenciando a proposição.

A intenção é trazer o espectador como parte vivencial da obra.

2. Texto

Quase que em sua totalidade o textoserá o de Lygia Clark, em suas cartas,anotações e diários inéditos, escritosde próprio punho.Trata-se de uma história contada pelaprotagonista em primeira pessoa.

Exposição Lygia Clark, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1986 . Corpo Coletivo, 1986

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3. Depoimentos

O filme vai registrar o depoimento no eixo Rio-SP-BH de pessoas que ajudem a reconstituir Lygia:amigos, parceiros de trabalho, a família em Belo Horizonte. Além de entrevistas internacionais comYve-Alain Bois, David Medalla e Guy Brett.

O documentário vai mostrar o relato dos surdos do Instituto dos Surdos e Mudos que na década de50 foram alunos de Lygia.

Será exibido ainda o testemunho dos atores que participaram das proposições filmadas especialmentepara o longa-metragem sobre a experiência que tiveram.

Caetano Veloso foi seu cliente. Será ouvido.

Depoimentos vão mostrar seu legado para a cultura brasileira e sua importância para a psicanálise.

Aula na Sorbonne, Paris, década de 70 . Baba Antropofágica, 1973

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4. Arquivo

O filme terá um grande númerode fotos de Lygia, em todos osmomentos de sua vida. Isso vaidar riqueza narrativa e ritmo naedição.

5. Computação gráfica /trajetória de Lygia

O filme vai ter uma animaçãopara ilustrar a trajetória artísticade Lygia Clark. Esta animaçãoserá editada como vinheta depassagem ao longo do filme.

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, 1984 . Estruturação do Self, 1976 a 1986

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6. Voz de Lygia / atriz

A atriz vai manter a primeira pessoa danarrativa, uma vez que estamos usandoapenas textos escritos por ela. Um trabalhode preparação será feito para que a atrizconsiga captar a inflexão e a intenção deLygia ao falar. A idéia é criar uma “nuvem”em que as pessoas embarquem no mundode Lygia pela sua própria melodia e intenção.

7. Lettering

Quando o texto não for de Lygia mas for extremamentenecessário à narrativa, usaremos letreiros sobre fundocoerente com a identidade visual do filme.

Aula na Sorbonne, Paris, 1973 . Túnel, 1973

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8. Abertura

Os créditos iniciais serão assinados emcomputação gráfica que use os conceitosde planos e superfícies moduladas e delinha orgânica. A cada assinatura, o fundomuda, formando novas imagens, a seremdecupadas a partir da obra neoconcretade Lygia.

Como opção, teremos “A casa é o corpo”percorrida por uma câmera com o pontode vista de uma pessoa que estejavivenciando a proposição. O espectadorvai “nascer” para o mundo de Lygia Clark,já que essa proposta reproduz o parto.

9. Música

Vamos liberar com Caetano a música que ele compôs praela: “If you hold a stone”. Alexandre Kassin, produtor musicale compositor, cuida da trilha em geral e faz um remix dacanção de Caetano.

Exposição Museu da Vale do Rio Doce, 2005 . Casa é o Corpo, 1968

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INDICADORES E FORMAS DE VERIFICAÇÃO

Indicadores de quantidade alcançada pelo projeto

Número de espectadores em salas de exibição decinema divulgados pela Agência Nacional de Cinema(Ancine) no Brasil.

Número de espectadores aferido nas exibições emtodas as exposições de Lygia Clark no Brasil e noExterior. A exibição do filme será indicada pelaAssociação Cultural “O mundo de Lygia Clark” atodos os parceiros em exposições e eventos.

Número de espectadores em salas de exibição decinema no exterior, inclusive em festivais.

Número de espectadores em exibições especiaispara alunos de escolas da rede pública de ensino.

Número de exibições (views) de trailers e makingof em mídias sociais como Youtube, Vimeo e redessociais (Orkut, Facebook, Twitter, MySpace).

Indicadores de qualidade alcançada pelo projeto

Crítica especializada na grande mídia - análises na imprensa, sinalaberto (broadcast) e fechado (cable) de TV no Brasil e no exterior.Crítica especializada na web, incluindo nessa mídia ainda a opiniãonão especializada e espontânea em blogs pessoais e outras plataformasindividuais (Twitter, Facebook etc) no Brasil e no exterior.

WC - diários de Lygia Clark, evento gratuito, Oi Futuro, Rio de Janeiro, 2007 . Rede de Elástico, 1974

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CRONOLOGIA

1920. Nasce em Belo Horizonte a 23 de outubro.

1954/1956. Rio de Janeiro. Integra o Grupo Frente,liderado por Ivan Serpa e formado por HélioOiticica, Lygia Pape, Aluísio Carvão, Décio Vieira,Franz Weissmann, Abraham Palatnik, entre outros.

1954/1958. Rio de Janeiro. Realiza as séries“Superfícies Moduladas” e “Contra-Relevos”.

1958/1960. Nova York. Recebe o prêmioInternacional Guggenheim.

1959. Rio de Janeiro. É uma das fundadoras doGrupo Neoconcreto.

1960. Rio de Janeiro. Leciona artes plásticas noInstituto Nacional de Educação dos Surdos.

1960/1964. Rio de Janeiro. Cria a série “Bichos”,construções metálicas geométricas que searticulam por meio de dobradiças e requerem aparticipação do espectador.

1964. Rio de Janeiro. Cria a proposição“Caminhando”, recorte em uma fita de Moebiuspraticado pelo participante.

1966. Passa a dedicar-se à exploração sensorial,em trabalhos como “A Casa é o Corpo”.

1969. Los Angeles. Participa do Simpósio de ArteSensorial.

1970/1975. Paris. É professora na Faculté d´ArtsPlastiques St. Charles, na Sorbonne, e seu trabalhoconverge para vivências criativas com ênfase nosentido grupal.

1978/1985. Rio de Janeiro. Passa a dedicar-se aoestudo das possibilidades terapêuticas da artesensorial, trabalhando com os objetos relacionais.

1982. São Paulo SP. Profere a palestra “O MétodoTerapêutico de Lygia Clark”, com Luiz CarlosVanderlei Soares, no Tuca.

1983/1984. Rio de Janeiro. Publica “Livro-Obra” e“Meu Doce Rio”.

1988. Falece no Rio de Janeiro.

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CONSIDERAÇÕES

Palavra do Diretor

Vivemos num mundo midiático. Deixamos, aospoucos, de ter contato de primeira pessoa com omundo objetivo. Mudamos de canal, falamos aocelular e sacamos dinheiro através de forçaspoderosas invisíveis.

O mundo virtual, sem limites, vai tomando o lugardo mundo físico em nossas vidas. Trabalhamos,convivemos e nos divertimos por telas, interfacesque nos dizem o que fazer e nos guiam aondequeremos chegar.

Perturbados com a velocidade deste novo mundo,compartilhamos nossas loucuras por meio de redese mídias sociais, buscamos forças na força invisíveldo divino - religiões, seitas, rituais - e acordamostodo dia em dívida com a informação que proliferasem parar.

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, década de 80 . Máscaras Sensoriais, 1967

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As forças invisíveis do mundo online podemnos trazer grande liberdade (virtual), maspodem também nos oprimir: vivemos commedo de inimigos igualmente invisíveis: vírus(de computador ou não), bactérias,assaltantes, terroristas. Vivemos trancadosem locais seguros, mantendo contato comtodo o planeta por janelas eletrônicas.

Oprimidos, com medo e confusos, sentimosnecessidade de nos expressar: berramos gritosde guerra em torcidas, nos exibimos emwebcams, falamos de nós mesmos por horasem chats e transformamos o corpo em outdoorde nossas opiniões.

Sutilmente loucos, procuramos alívioinstantâneo em bebidas místicas como odaime, abusamos de drogas, lícitas ou não, edançamos frenéticos ao ritmo de tambores(samba, candomblé, Afroreggae, Stomp).

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, década de 80 . Máscaras Sensoriais, 1967

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Chegamos a pintar a face (manifestações derua, estádios esportivos, carnaval). Enfim,tentamos simular a vida dos ancestrais, queviveram num mundo mais simples, fácil deentender: bastava alimentar e proteger a tribo.

Ou seja, o primitivo, hoje, nos dá alívio.

Lygia sabia disso. Seus pensamentos maisherméticos guardavam este segredo: a arteprecisava estar a serviço da libertação do serhumano que hoje existe em células,comunidades, perfis online.

Verdadeiramente livre, Lygia esteve a frentede seu tempo, hoje fica claro. Compartilhou aotransformar o corpo do outro no objeto de suaarte muito antes da web 2.0, em que a agendaé compartilhar.

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, década de 80 . Máscaras Sensoriais, 1967

Page 25: Lygia Clark, Todo Mundo é Artista

A auto decretada não-Artista deu o objeto da arte na mãode seu interlocutor, como em “Caminhando”, e estabeleceuque a “arte é o seu ato”. Fundou a arte participativa,interativa e compartilhada desde então.

Lygia destravou as portas do inconsciente através de suaarte e propunha isso como manifestação artísticatranscendental. Objetos sensoriais e relacionais, entre muitosoutros artefatos, abriam um canal direto com o primitivointerior (self, no jargão de Lygia), criando um estado deauto-conhecimento revelador e, por isso, libertador.

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, década de 80 . Máscaras Sensoriais, 1967

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O mundo de Lygia Clark é hoje o antídoto para o veneno damodernidade. Faz do contato físico real um refúgio e a revelação doeu e do outro. É mais catártico e legítimo que mil palavras ditas naterapia psicanalítica clássica. Faz do contato humano o abrigo quebuscamos no mundo virtual e que, em verdade, lá não temos.

Nosso conceito é de um documentário de longa-metragem quereconstitua vida e obra de Lygia. Sua riqueza imagética, seu talentoexperimental e seu humor dão inestimável matéria prima a umanarrativa marcada pelas ações e propostas de Lygia Clark, realizadaspara o principal narrador: as lentes da captação - olhos do espectador.

Ateliê Lygia Clark, Rio de Janeiro, década de 80 . Máscaras Sensoriais, 1967

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Acreditamos que o filme não só cumpre o papelde eternizar de forma audiovisual a históricaLygia Clark, como também disseminamanifestação artística extremamente atual ecoerente com estes tempos em que estamossempre com pressa.

Resetar (teclar reset) Lygia Clark é restartar omundo. Resetar o mundo é restartar Lygia Clark.Chamado Lygia Clark, o filme é sobre isso.

Walmor Pamplona, 17 de fevereiro de 2009 (23h23) @ LygiaClark.blog

Exposição Lygia Clark, Paço Imperial, 1986 . Máscaras Sensoriais, 1967

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Conceito

Lygia teve sua vida regida pela pesquisa dosubconsciente e como resultado a criação.Todos seus momentos (de vida) forampontuados por um parto criativo, marcosde suas vivências. Sua existência não ficadelineada quando estudamos a sua neurae sim constatamos inversamente a suafabulosa tentativa exploratória dentro dainteriorização geral estabelecida na época,através de regras, definições e fórmulas eteoremas pré-estabelecidos.

Exposição Lygia Clark, Signals Gallery 1965 . Planos em Superfície Modulada, 1957 - Ovo Linear, 1958 - Bicho, 1960

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Esta "viagem" está intrinsecamente ligada à sua evolução de criação,desde seus primeiros estudos (acadêmicos), através de suas aulas emParis (Aspase e Fernand Léger), a quebra da imobilidade da obra de arte(quebra da moldura), a criação da linha orgânica (com a finalidade decriar o movimento da obra de arte até então estática), os planos desuperfícies moduladas (para que a obra tivesse a chance de serbidimensional com seus próprios movimentos), o relevo e contra relevo,quando a obra realmente usufruísse realmente da sua bidimensionalidade,os casulos que realmente alcançaram a tridimensionalidade com seusvazados interiores, e finalmente quando os mesmos caíram no chão e setransformaram em esculturas móveis (“Bichos”), articuladas. Este foi omomento em que foi dado ao espectador o direito de participação efetivano processo criativo, ou seja, Lygia transferiu a autoria da obra ao indivíduocomum, deixando claro a sua tese de que todos somos Artistas (criadores)em potencial, desde que não sejamos tolhidos.

Sala Especial Lygia Clark, Bienal de Veneza, 1968 . Trepante, 1965

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Na criação do “Caminhando”, esta transferência está mais clara que nunca, épocaem que ela fecha a sua participação como criadora.

No seu devaneio pela tentativa de "facilitar" o contato entre psicanalista epaciente, relação ultra difícil haja vista os longos anos de tratamento de que elaparticipou, criou um link entre os arquivos sensoriais de nosso corpo e suasproblemáticas psíquicas, o que hoje é uma realidade dentro dos estudosterapêuticos.

Nunca tentou fazer o papel do terapeuta. Sua missão era como de uma enfermeiraque atende previamente um paciente, com o objetivo único de suprir o médicode informações básicas para uma consulta, ou seja, facilitação no diagnóstico.Assim, queria deixar claro, que em um documentário sobre Lygia deveriam seusfatos pessoais estarem ligados a suas realizações nos diversos campos de criação,pois os links são evidentes.

Pedra e Ar, 1966

Álvaro Clark, presidente da Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”26 de Fevereiro de 2009 (19h09) @ LygiaClark.blog