trabalho completo de ciborgues e a história

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO CAMPUS MARQUÊS DE PARANAGUÁ Departamento de Ciências da Computação Tecnologia e Mídias Digitais 1º Semestre / 2010 CIBORGUES: PASSADO, PRESENTE E FUTURO CIBORGUES E A HISTÓRIA Cultura Digital – Prof Fábio Fernandes Gabriela de Sá Teles Freitas RA 00062791 Gerson Victor do Santos RA 00062813 Leonardo Lauricella RA 00066367 Thiago Mittermayer RA 00062807

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Monografia para a aula de Cultura Digital da PUC-SP 1º semestre/2010 Tema: "Ciborgues: passado, presente e futuro" Subtema: "Ciborgues e a História" Grupo: Gabriela Freitas (redatora), Gerson Victor dos Santos, Leonardo Lauricella e Thiago Mittermayer

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Page 1: Trabalho completo de Ciborgues e a História

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

CAMPUS MARQUÊS DE PARANAGUÁ

Departamento de Ciências da Computação

Tecnologia e Mídias Digitais

1º Semestre / 2010

CIBORGUES: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

CIBORGUES E A HISTÓRIA

Cultura Digital – Prof Fábio Fernandes

Gabriela de Sá Teles Freitas RA 00062791

Gerson Victor do Santos RA 00062813

Leonardo Lauricella RA 00066367

Thiago Mittermayer RA 00062807

Page 2: Trabalho completo de Ciborgues e a História

1. Introdução

Embora haja um sistema lingüístico subjacente a cada língua, ele não

impede a variação1. Todo vocábulo pode sofrer ampliações ou restrições de sentido, até

ser necessária a criação de novos termos. Esse fenômeno lingüístico é visto

freqüentemente, principalmente em áreas ligadas à tecnologia. Com o termo “cyborg”

não foi diferente.

A palavra cyborg – em português, ciborgue – cunhada por Manfred Clynes

e Nathan Kline em 1960, na publicação do artigo “Cyborgs and Space”, é a união das

palavras cybernetic organism. Cyber provém do grego “Khyber” que significa orientação.

Assim, ao pé da letra, cyborg seria o resultado da ciência do controle empregada em um

organismo. Mas, na sua origem, o termo ciborgue foi criado para designar aquele que,

deliberadamente, incorpora componentes exógenos utilizados para estender as funções

humanas, com o objetivo de adaptá-lo a novos ambientes. Por fim, o termo cyborg foi

incorporado no nosso cotidiano para designar os seres compostos parcialmente por

materiais orgânicos e parcialmente por materiais inorgânicos, os quais melhorariam as

funções naturais destes organismos.

O cyborg é conhecido por sua veiculação nos meios artísticos,

especialmente na ficção literária e nos filmes. Um bom exemplo é o seriado americano,

produzido e exibido entre 1974 e 1979, “Ciborgue, O Homem de Seis Milhões de

Dólares” (The Six Million Dollar Man), inspirado no livro Cyborg, de Martin Caidin

(1972). Apesar disso, esse termo é freqüentemente empregado em estudos e na vida real.

1 [2005] MARCUSCHI, Luiz Antônio e XAVIER, Antônio Carlos: Hipertexto e Gêneros Digitais – Novas formas de construção de sentido. Editora Lucerna. – pág. 30.

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O termo ciborgue, a primeira vista, remete a uma união entre humanos e

tecnologias, porém, essa visão é um tanto parcial. Há muito mais a explorar sobre o termo

ciborgue. Poderíamos começar a analisar desde as variedades dos equipamentos e

computadores de vestir até as variedades dos tipos de próteses e implantes existentes na

área da cibernética que cabe à biomedicina. Por exemplo: em 1997, a Creapole École de

Création et de Design e o cientista Alex Pentland produziram, em Paris, uma Mostra de

Moda de Roupa Inteligente (Smart Clothes Fashion Show). O objetivo era prever o

casamento iminente da moda com os computadores para vestir. Mas, com isso,

estariamos nos distanciando do nosso foco principal: por meio de pesquisas em sites

confiáveis da internet, vídeos disponíveis na internet, artigos de revistas, consulta em

livros e uma entrevista realizada por nós com o Prof. Dr. Antônio Quevedo – engenheiro

elétrico responsável pelo Laboratório de Reabilitação Sensório-motora do Centro de

Engenharia Biomédica (CEB) da UNICAMP – por Skype; analisamos a história do

cyborg, a evolução das teorias e das tecnologias desenvolvidas que envolvem os cyborgs

e os estudos e realizações nessa área, com a finalidade de especular sobre o futuro, o

próximo passo da história: seriam os cyborgs o próximo passo da evolução humana? Em

suma: analisamos o passado para entender o presente e especular sobre o futuro.

2. Desenvolvimento

2.1. Passado

2.1.1. Principais Conceitos / Estudos

O primeiro ciborgue – antes mesmo de existir esse termo, no final dos

anos 50 – foi um rato de laboratório do Hospital Estadual de Rockland, em Nova York.

Pertencente a um programa experimental, foi implantado nele uma bomba osmótica. Sua

Page 4: Trabalho completo de Ciborgues e a História

função era a de injetar doses controladas de substâncias químicas, alterando diversos dos

seus padrões fisiológicos. Ele foi usado como um dos exemplos no artigo “Cyborg and

Space”, de 1960 – época auge da corrida espacial pela qual o mundo bipolarizado

passava. Artigo no qual Manfred Clynes e Nathan Kline usaram o termo cyborg pela

primeira vez, para designar um “homem ampliado”; um homem melhor adaptado aos

rigores da viagem espacial: o objetivo dos autores era tornar automático e inconsciente a

união entre o sistema cibernético e o orgânico de um astronauta no espaço, assim, ele não

teria que se preocupar com os ajustes feitos por uma máquina para continuar vivo,

tornando-se escravo dela. Imaginavam um austronauta com um coração controlado por

anfetaminas e, no lugar dos pulmões, haveria uma “célula energética inversa”, a qual

seria alimentada por energia nuclear.

Nobert Wiener, em 1947, definiu a cibernética como “a particularidade de

sistemas em que a retroalimentação (o feedback) é fundamental”. Anos mais tarde,

Marcela Antelo – aplicando essa idéia em seu artigo “O corpo se anima” – defendeu que

o ciborgue implicaria em um governo do corpo, em que o governante e o governado são,

ambos, partes fundamentais do sistema. Com isso, é possível concluir que a auto-

regulação é uma característica definidora do conceito de cyborg – afinal, ela se manteve

desde a concepção da idéia até os dias de hoje.

Donna Haraway, professora de História da Consciência na Universidade

da Califórnia, foi uma das primeiras pensadoras a refletir sobre a relação antagônica de

amor e ódio entre pessoas e máquinas. Entre suas idéias, ela defende que todos os seres

humanos já podem ser considerados ciborgues, pois há uma relação tão profunda entre o

homem e as máquinas que já não se sabe quando um começa e outro termina.

Page 5: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Para ela, vivemos em um mundo de conexões em que é importante saber

quem é que é feito e desfeito, pois tanto o ser humano está dentro do resultado de suas

ações como esse está dentro do ser humano; vivemos em um mundo que é um

entrelaçado de redes híbridas – redes com partes humanas e partes máquinas, acabando

com conceitos como “natural” e artificial” – as quais não apenas nos cercam como nos

incorporam. Essas redes híbridas são os ciborgues. Para Donna Haraway, um ciborgue é

uma criatura de ficção e também de realidade social – a qual constitui das relações sociais

vividas, da construção política mais importante e da ficção que tem a capacidade de

mudar o mundo – tendo a onipresença e a invisibilidade como características.

Em 1985, ela escreveu o ensaio “A Cyborg Manifesto: Science,

Technology, and Socialist-Feminism in the Late Twentieth Century” no qual usou a

imagem do ciborgue não como ícone de soberania, como ele era visto na época da Guerra

Fria, mas como um símbolo de libertação feminina: “se as mulheres (e os homens) não

são naturais [seus papéis não podem ser mudados], mas construídos, tal como um

ciborgue, então dados os instrumentos adequados, todos nós podemos ser reconstruídos”

(1997, KUNZRU, Hari. “Você é um ciborgue”). Os dualismos foram mantidos em nossa

cultura como instrumento de dominação, não só da mulher, como dos trabalhadores,

pessoas de cor e etc. O ciborgue destrói o dualismo. Em suma, ela acredita que, a partir

do final do século XX, todos podiam ser considerados ciborgues, sendo esse um símbolo

da junção ocorrida da realidade material e da imaginação, pontos que estruturam qualquer

possibilidade de transformação histórica. Além disso, defende que a natureza e a cultura

foram reestruturadas com o advento do ciborgue, não havendo mais uma relação

hierárquica ou de dominância entre elas.

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Hari Kunzru, crítico britânico, diz que a característica essencial que torna

os ciborgues de hoje diferentes de seus ‘ancestrais mecânicos’ é a informação. Essa seria

a chave do sistema de feedback proposto por Wiener. Ele se baseia, mais uma vez, em

Donna Haraway, quando esta explica que os ciborgues “são máquinas de informação.

Eles trazem dentro de si sistemas causais circulares, mecanismos autônomos de controle,

processamento de informação – são autônomos com uma autonomia imbutida”. Hari

Kunzru compara o ser humano com um ‘computador de carne’ que executa diversos

sistemas de informação que se auto-ajustam para adaptarem-se a outros sistemas e ao

ambiente. O sonho médico de construir um corpo melhor implicaria em melhorar os

mecanismos de feedback ou em conectar o corpo a um outro sistema, um melhor

(exemplo: olho biônico).

Em 1995, os autores Gray, Mentor e Figueroa-Sarriera apresentaram uma

proposta taxonomica das tecnologias-ciborgues, separando-as em: restauradoras

(responsáveis pela restauração de algumas funções, com a substituição membros e órgãos

perdidos); normalizadoras (dão novamente ao organismo uma indiferente normalidade);

reconfiguradoras (criação de pós-humanos, termo que veremos no item 2.3.1.); e

melhoradoras (criação de organismos relativamente melhores do que o padrão).

Em 1997, Alec McHoul em “Cyberbeing and ~Space”, diz que: "O cyber

não é atual nem virtual simplesmente; reside mais num entre-dois, em espaços que não

são nem aqui nem ali, nem presente nem ausente, nem material nem imaterial, (...)".

Assim como ele, muitos autores definem cyborg como um ser híbrido. Em 2001, Marko

Monteiro diz no seu artigo “O Ciborgue como recurso heurístico” que o conceito de

ciborgue – tal como explorado por alguns autores – caracteriza uma pessoa que escapa

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das distinções tão comuns difundidas em nossa sociedade, como humano/máquina ou

natureza/cultura, que parecem fazer cada vez menos sentido em nosso mundo.

Tomaz Tadeu da Silva abordou em seu artigo questionador “Nós,

ciborgues: o corpo elétrico e a dissolução do Humano” (publicado no livro

“Antropologia do ciborgue – as vertigens do pós-humano”, em 2000) as conseqüências

sofridas pelos humanos com a realidade dos ciborgues. Ele defende que, com os

ciborgues, nós deixamos questões subjetivas, cujas respostas buscávamos há anos, como

“quem é o sujeito?” para nos focar em questões como “queremos ser apenas sujeitos?” e

“quem vem depois do sujeito?”. Apesar disso, ele acredita que a realidade do ciborgue é,

para muitas pessoas, aterrorizante por ela acabar com a ‘originalidade’ do ser humano, e

não por pôr em dúvida a sua origem ‘divina’. Ele defende que o ciborgue é a intersecção

do conjunto de organismos (o qual contém seres humanos cada vez mais artificiais) e do

conjunto de máquinas (as quais não simulam características humanas, mas se apresentam

como uma “versão melhorada dos ‘apenas’ humanos”). Para ele, a questão mais

importante que aflinge o nosso tempo é: onde termina o homem e onde começa a

máquina? Essa questão, desse jeito, já foi abordada por vários autores antes dele, como a

Donna Haraway, já vista anteriormente, mas ele propõe que nós consideremos a

onipresença da tecnologia para analisarmos, também, o sentido inverso da questão: onde

termina a máquina e onde começa o homem?

Com base nesses conceitos, vemos que o termo ciborgue é associado a

duas características principais: a hibridização entre homem e máquina, natureza e cultura

de modo que não sabemos mais ver a fronteira que separa os dois; e a auto-regulação do

sistema homem-máquina. No começo como uma vestimenta, mais tarde, como implantes

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de chips e próteses mecânicas. No começo para ajudar aqueles que não tinham corpos

capazes para realizar algumas funções, mais tarde, também para ajudar os que tem mais

dificuldade na realização de tarefas diárias, talvez, no futuro, também para libertar os

humanos de suas capacitações limitadas. Também é possível perceber que o ciborgue não

é usado apenas para estudos científicos, militares e medicinais, mas também como um

recurso heurístico e como uma ferramenta de estudo ontológico.

2.1.2. Exoesqueletos

O Exoskeleton é um projeto de um exoesqueleto robótico que, quando

vestido pelo usuário, garante a ele força extra. Ele está sendo desenvolvido pela Raytheon

(EUA) desde 2000. Através de sensores, a roupa percebe movimentos mínimos no corpo

do usuário e ela aumenta em 20 vezes a força deste. O principal objetivo da criação do

Exoskeleton é para uso militar (cf. Foto 1).

A Estrutura chamada HAL, desenvolvida por Yoshiyuki Sankai pela

empresa japonesa Cyberdyne, consiste no mesmo princípio que o Exoskeleton, mas com

algumas diferenças básicas: seu principal objetivo é para o uso de idosos e pessoas com

limitações físicas (principalmente para as pessoas que sofreram derrame ou tem um dano

na medula espinhal); seu design é bem mais bonito; ele está disponível para venda desde

2008 – apenas no Japão – e ele pode aumentar a força do usuário de 2 a 10 vezes.

Segundo o site da empresa (em inglês), o “HAL” suporta seu próprio peso, foi criado

para ser usado na escalada de montanhas e no trabalho com condições adversas, como a

neve, mas, mesmo assim, eles recomendam que os usuários usem o traje dentro de casa

(cf Foto 2).

Page 9: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Em 2007, antes do “HAL” sair no mercado, foi feita uma exposição em

Tóquio para a apresentação de robôs criados para ajudar a cuidar de pacientes doentes,

idosos e pessoas com limitações físicas. Algo que chamou a atenção foi a “Roupa

Robótica” apresentada pelos pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Kanagawa. O

exoesqueleto motorizado é movido a ar comprimido, permitindo que um enfermeiro, por

exemplo, carregue um paciente em seu colo, como se ele tivesse metade do seu peso real.

São necessários 10 minutos para vestir o traje de 30 kg. Ele só é produzido por

encomenda e também pode ser usado para trabalhadores em construções civis e etc.

O “Assistente de Gerenciamento de Passada”, ou “Walking Assist Device”

(cf. Foto 3) e o “Assistente de Suporte de Peso Corporal” (cf. Foto 4) são os gadgets mais

recentes no mercado, lançados em 2009, apesar de estarem em desenvolvimento desde

1999, produzidos pela Divisão de Robótica e Tecnologia da Honda. Derivados das

pesquisas realizadas para a construção do robô Asimo, o objetivo desses gadgets é

mobilizar e reabilitar a população de idosos. O primeiro regula a passada e a velocidade

do passo da caminhada da pessoa, tornando o andar muito mais fácil, ao mesmo tempo

em que fortalece os músculos e melhora a postura do usuário. Já o segundo, reduz a carga

sobre as pernas da pessoa, fazendo com que atividades como subir escadas e agachar se

tornem mais fáceis. Isso se deve aos dois sensores de pegada que existem nas solas dos

tênis embutidos e aos dois sensores de alçamento nas pernas, os quais reagem

instantaneamente aos movimentos do usuário, sem controlá-los. O design é polido e seu

peso é leve, apesar de não ser discreto.

Com a pequena taxa de natalidade e a crescente expectativa de vida, o

Japão tem um número cada vez maior de idosos, os quais necessitam de cuidados

Page 10: Trabalho completo de Ciborgues e a História

especiais. Essa é uma realidade já presente na maioria dos países desenvolvidos e tende a

se espalhar e se agravar cada vez mais. O desenvolvimento de ferramentas para ajudá-los

em diversas tarefas cotidianas, como os trajes robotizados, é um mercado promissor.

Enquanto isso, os EUA – que se tornou o pólo mundial durante a 2ª Guerra Mundial

quando vendia mercadorias para uma Europa destruída e, desde então, deixa sua Indústria

Bélica dominar sua economia, o principal fator de soberania de uma nação – investe em

exoesqueletos para seu exército.

2.2. Presente

2.2.1. Ciborgue hoje: Popularidade

Para saber como o cyborg é visto atualmente, é necessário fazer um estudo

de toda sua história, como foi feito no item 2.1.. É preciso ter em mente, também, que,

desde sua concepção, a idéia do ciborgue tem sido um projeto técnico, uma espécie de

sonho científico e militar. Nos anos 70, milhões de dólares da Força Aérea

estadounidense foram aplicados em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) e em projetos

de construção de exoesqueletos, braços robóticos do tipo mestre-escravo, dispositivos de

biofeedback e sistemas especializados. Ciborgues representavam um grande negócio: nas

pesquisas militares, na ficção literária, nos seriados da TV e na medicina. A chance de

melhorar as capacidades humanas estava mais perto de se tornar realidade por meio dos

dispositivos artificiais. As obras de ficção científica e os cyberpunks surgiram com as

preocupações que a população tinha com o rumo da tecnologia, da ciência, e de como a

sociedade ficava no meio disso. As pesquisas científicas se inspiravam na arte, querendo

saber até onde chegariam. Cyborgs passaram a ser vistos pela população, ora como algo a

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ser temido, ora como um objeto de fascínio. A popularidade dos ciborgues, difundida

pelas mídias e pelas descobertas no meio acadêmico, foi crescente desde sua concepção

(cf. Foto 5).

2.2.2. Tecnologia-Ciborgue que se pode obter hoje

O primeiro implante de marca-passo foi realizado em um homem de 43

anos, em 1958. Esse tipo de implante é feito quando a freqüencia de batimentos cardíacos

está muito baixa. O marca-passo é um aparelho eletrônico posto debaixo da pele e

conectado ao coração por eletrodos, que levam estímulos elétricos produzidos por um

gerador. Esses estímulos garantem os batimentos cardíacos. Talvez seja uma das

primeiras tecnologias-ciborgues a ser implantada em um organismo humano. Hoje há até

um marca-passo wireless que se conecta a internet, enviando ao médico o desempenho do

aparelho e dos batimentos do paciente (cf. Foto 6).

O implante coclear, também conhecido como ouvido biônico, é um

dispositivo eletrônico que estimula eletricamente as fibras neurais remanescentes em

diferentes regiões da cóclea, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo

auditivo, com a finalidade de ser decodificado pelo córtex cerebral, possibilitando ao

usuário a capacidade de perceber o som (cf. Foto 7). O seu funcionamento difere do

Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), o qual amplifica o som. Entre os

implantes cocleares de gerações mais avançadas utilizados nos principais centros

internacionais dedicados ao tratamento da surdez, estão: Nucleus 24, desenvolvido na

Austrália pela Cochlear Corporation; Combi 40+, desenvolvido na Áustria pela Med-EL;

e Clarion, desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced Bionics.

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Inspirados no sucesso dos implantes cocleares, já há algum tempo que

chips prometem devolver a visão a quem não enxerga: em 2002, resultados promissores

na restauração da visão foram obtidos em uma pesquisa sobre implante de chip no

cérebro e outra sobre implante de chip na retina; mas estes estavam longe de “virar

realidade”, pois não davam aos pacientes a capacidade de reconhecer rostos e letras

grandes. Já em 2009 (essa data foi quando a notícia foi liberada para a imprenssa, as

pesquisas começaram em 1999 e os testes clínicos em 2006), o Laboratório de Pesquisas

de Eletrônicos do MIT começou a desenvolver um chip que, implantado no globo ocular,

leva a informação visual diretamente para o cérebro, sem o uso de fios (cf. Foto 8) e que

concede aos pacientes estas capacidades. O implante é destinado a pessoas que perderam

a visão em função da retinite pigmentosa, ou degeneração macular, causada pelo

envelhecimento. Esse sistema não irá restabelecer 100% da visão, mas, ao menos, dará ao

paciente a capacidade de navegar por uma sala e reconhecer rostos, podendo se integrar

socialmente ao ambiente. Os pesquisadores esperam obter com os testes clínicos

informações que permitam refinar o algoritmo usado no chip para produzir visão útil.

Não são apenas chips que querem alterar a visão humana. Cientístas da

Universidade de Washington desenvolveram lentes de contato biônicas que contêm

circuitos, minúsculas LEDs e componentes elétricos tão pequenos que são chamados de

“pó acizentado”. Ela deveria ser capaz de dar a um ser humano normal a habilidade de

projetar imagens que seriam sobrepostas às imagens reais. Ela também pode ter

aplicativos como: zoom; web; games; informações úteis surgindo no campo de visão do

usuário e muitos outros. O time de pesquisadores está, até mesmo, sugerindo uma TV

wide-screen. Um dos grandes problemas que tiveram na hora de desenvolvê-la foi a

Page 13: Trabalho completo de Ciborgues e a História

criação de um design biologicamente saudável, mas as lentes já foram testadas em

coelhos e não houve nenhum efeito colateral. Os cientístas esperam que, no futuro, as

lentes possam se conectar com outros aparelhos por sem a necessidade de fios. Também

esperam poder construir lentes que se recarreguem com luz solar, mas eles estão focando

num modelo básico para um futuro próximo (cf. Foto 9).

O implante de órgãos artificiais é um sonho já possível atualmente. Desde

2006 foi aprovado, pela U.S. Food and Drug Administration, a venda de um coração

totalmente artificial, produzido pela empresa de Massachucets, Abiomed, chamado

AbioCor. Ele só poderá ser usado em pacientes fracos demais para correr o risco de

transplante e que não tenham nenhuma alternativa (cf. Foto 10). Há também o pulmão

artificial, o BioLung, criado e patenteado pelos engenheiros da MC3, que pode substituir

o pulmão real enquanto o paciente está se recuperando de uma doença ou até acharem um

doador compatível (cf. Foto 11). Rins também são outra opção, desde 1980 há rins

artificiais em hospitais, mas só em 2008 que foi feito um que evita diálises e é vestível –

um colete chamado de AWAK (cf. Foto 12) –, por dois pesquisadores da UCLA e pelo

Sistema de Saúde de Los Angeles. Por fim, uma companhia de Boston chamada

HepaLife está desenvolvendo um fígado artificial que, apesar de ser um dispositivo

externo, tem como base a união entre homem e máquina.

Um órgão que ainda não foi criado artificialmente foi o estômago, mas

cientistas britânicos estão chegando perto. Eles construiram o primeiro estômago

artificial do mundo. Ele não é uma tecnologia-ciborgue propriamente dita já que não pode

ser implantado, mas foi construido para servir de estudo sobre a digestão humana visando

Page 14: Trabalho completo de Ciborgues e a História

essa possibilidade. Essa máquina tem metade da capacidade de um estômago humano e

seu material agüenta as enzimas e os ácidos corrosivos que compõe a digestão. Os

cientistas o vêem como um futuro instrumento de luta contra a obesidade (cf. Foto 13).

Também é possível implantar músculos artificiais, como o Air Muscle da

Schadow Robot Company, os quais são feitos de borracha e têm a capacidade de se

contrairem em diferentes níveis (cf. Foto 14). Durante testes feitos com uma perna

mecânica, cujo joelho era composto por dois músculos artificiais, os resultados

mostraram que, ao andar, há um retorno aos músculos contraidos (perna esticada) de mais

de 30% da energia que foi gasta para se esticarem (perna dobrada).

Mas tecnologias-ciborgues mais conhecidas são as próteses que

substituem membros externos do corpo, como braços, pernas, mãos e pés. Foi na China

que descobriram que o corpo, na realidade, “se move a eletricidade”. Durante séculos,

cientistas especularam se poderiam mexer dentro desse sistema elétrico para restaurar

funções perdidas e reparar o corpo humano, como se o homem fosse mesmo uma

máquina. Por volta de 2008 foi lançado no mercado o primeiro braço biônico “controlado

pela mente”: ao pensar no movimento, impulsos elétricos vão até as células residuais do

braço, interpretados pelos eletrodos e o movimento é feito pelo braço biônico (cf. Foto

15). Cientistas visam não apenas melhorá-lo a ponto de desempenhar as mesmas funções

com a mesma habilidade do braço humano, mas ultrapassar esse ponto. A C-Leg da Otto

Bock é uma perna biônica (cf. Foto 16) cujo joelho tem um microprocessador

responsável pelo feedback. Uma única peça tem diversos modos, para a realização de

Page 15: Trabalho completo de Ciborgues e a História

diversas atividades, como o modo para andar, o modo para dirigir, o modo para pedalar,

entre outros, e eles podem ser trocados por um controle remoto.

2.2.3. Exemplos Reais

Hugh Herr, chefe do laboratório de biomecatrônica do MIT, diz que: “Um

terço da população mundial tem algum tipo de deficiência. Centenas de milhões usam

próteses. Lentes de contato são próteses oculares, e ninguém estranha”.

A ex-fuzileira norte-americana Claudia Mitchell, em 2006, foi a primeira

humana a receber um braço biônico controlado diretamente pela sua mente — os nervos

que controlavam seu braço amputado foram retirados do ombro e conectados a nervos na

musculatura peitoral. Após alguns meses, eles cresceram no tecido muscular.

Posteriormente, eletrodos conectados a uma placa no ombro foram usados para detectar

impulsos emitidos dos nervos para o músculo e daí para o braço. Depois disso, há apenas

uma remodelagem do braço por questões estéticas, pondo próteses de silicone e aplicando

botóx.

Atualmente, existem no mundo mais de 60.000 usuários de implante

coclear. Entre eles há a paulista Júlia Albuquerque. Ela nasceu surda e recebeu o “ouvido

biônico” com 10 meses de idade, cedo o suficiente para passar pelo processo de

aprendizagem da fala igual a uma criança de corpo naturalmente capaz.

Mas, o “ciborgue” que teve uma grande repercursão na mídia foi o

corredor sul-africano Oscar Pistorius. Ao nascer sem as tíbias, ele amputou as pernas

abaixo dos joelhos quando ainda criança. Agora, usa as próteses Cheetah, fabricadas pela

Page 16: Trabalho completo de Ciborgues e a História

empresa Ossur. Foi campeão de todas as modalidades de corridas nas Para-olimpíadas e

lutou por ter a chance de participar nas Olimpíadas. Ele, a empresa Ossur e diversos

médicos diziam que o formato de suas próteses não dava a ele nenhuma vantagem em

relação aos outros competidores de corpos capazes, mas a Associação Internacional de

Federações de Atletismo (IAAF) afirmava que ele tinha uma vantagem injusta, já que

poderia trocar as próteses enquanto os corredores não poderiam trocar as pernas. Eles

acabaram dando permissão para Pistorius tentar a classificação nos Jogos Olímpicos de

Pequim, mas ele passou do limite de tempo para a classificação, não conseguindo sua

vaga. Alegando ter perdido por não ter treinado o necessário durante o ano, já que ficou

lutando nos tribunais, ele diz que essa foi a prova de como tal 'vantagem' não existia.

Tanya Vlach não é uma cyborg. Mas essa é a meta dela desde o acidente

de carro que sofreu em 2005, no qual perdeu o olho esquerdo. Ela recebeu uma prótese

ocular para fins estéticos e decidiu usá-la de forma mais útil. Tanya montou um blog e

apresentou uma proposta de instalar uma câmera na sua cavidade ocular. Como escritora,

ela pesquisou muito sobre o assunto para poder fazer tal proposta ser realista e conseguiu

reunir argumentos suficientes para tentar persuadir engenheiros a ajudá-la ao mesmo

tempo em que cativa o público e o convida a fazer doações financeiras para sua causa. A

camêra teria uma série de itens obrigatórios, tais como: Bluetooth wireless, Firewire /

USB drive, Mini A/V out, 4 GB SD mini Card; uma lista de itens que ela deseja:

Carregador Wireless; Sensores que respondam ao piscar para fotos, zoom, foco e ligar e

desligar; Infravermelho / Ultravioleta. Ela promete fazer um 'Truman Show aos olhos de

Tanya' se conseguir alcançar esse objetivo. Ela é um exemplo de como nossos corpos são

limitados e de como usamos a tecnologia para ampliarmos nossas funções.

Page 17: Trabalho completo de Ciborgues e a História

2.3. Futuro

2.3.1. Especulações em torno da palavra ciborgue

Com as tecnologias avançando constantemente, nós temos nos tornado

cada vez mais impacientes com o corpo que a natureza nos deu. Envelhecimento, morte,

limites. Se pudessemos construir um corpo melhor; usar tecnologia para consertar essa

forma humana, então, realmente, melhorariamos o corpo, deixando-o mais forte; mais

rápido; mais inteligente e criariamos, assim, o humano do futuro. Só que hoje.

André Lemos, professor da Universidade Federal da Bahia, defende em

seu livro, “Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea” (2008), que

o cyborg confunde-se com a própria história da humanidade. Para ele é possível por o

cyborg como característica da estrutura da humanidade e como característica evidente da

cybercultura. Assim, o cyborg constituiria num processo da evolução da sociedade.

O pesquisador-chefe do Instituto de Robótica da Universidade de Reading,

Kevin Warwick, também acredita que os ciborgues serão o próximo passo da evolução

humana. Para ele, ser humano é se contentar com muito pouco; é ter habilidades

ultrapassadas. Para tanto, em 1998, ele implantou seu primeiro chip (2,5 cm x 3 mm).

Este ficou debaixo da pele de seu braço durante nove dias e servia para controlar

mecanismos em seu laboratório, como o abrir das portas e o acender das luzes. Com seus

55 anos ele já possuiu, ao todo, 2 chips e 100 eletrodos. De modo empírico, ele diz que as

pessoas que implantam chips (ou próteses e marca-passos) se acostumam em tê-los, de tal

forma que começam a vê-los como parte de si mesmos, ao invés de vê-los como aparatos

tecnológicos.

Page 18: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Seu segundo chip, em 2002, comandava os movimentos de uma mão-robô

por sinais emitidos diretamente pelo seu sistema nervoso. Era possível até mesmo

controlá-la a longa distância, pela internet. Ele já criou, e fez uso, de um boné com

eletrodos conectados ao implante. Este emitia sinais ao seu cérebro sempre que um objeto

ou uma pessoa se aproximava dele – quanto mais perto, maior a quantidade de sinais

recebidos – funcionando como um radar de um morcego. Ele colocou uma venda e tentou

se guiar em uma sala fazendo uso, apenas, desse artifício. O objetivo era a ampliação dos

outros sentidos. Esses dois últimos experimentos o levaram, respectivamente, à busca de

duas de suas grandes ambições: a comunicação mente-a-mente (o que ele pretende atingir

em 20 ou 25 anos) e a criação de mais sentidos (o que ele acha ser possível em 15 anos),

ambos por meio de chips implantados.

A linguagem, para ele, é um sistema de códigos extremamente pobre para

expressar os verdadeiros conceitos e abstrações que queremos transmitir. Um chip de

comunicação pela mente mudaria isso, passando verdadeiros sentimentos e pensamentos

de uma mente para a outra, na velocidade da luz – para ele, só de deixar a comunicação

mais rápida, vale a pena. Isso mudaria o modo humano de se socializar. Para isso, ele

pretende pôr, dentro de 4 ou 5 anos, um chip em seu próprio cérebro, como um teste.

Apesar de soar uma idéia ficcional, isso já está sendo investigado desde que usaram pela

primeira vez um chip para fazer com que um tetraplégico se expressasse controlando

mentalmente um cursor virtual.

Ele tem diversas outras visões para o futuro, como o download de

informações ao invés de aprender e o armazenamento de arquivos no próprio cérebro.

Tudo isso o leva a crer que o conceito do que é humano deverá ser, em breve, repensado.

Page 19: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Existiriam assim dois tipos de seres humanos: a espécie aprimorada, com chips e outros

implantes, devir ciborgue; e a espécie “não tão melhor” e “não tão inteligente”, uma

subespécie.

Haraway se opõe aos dois pensamentos anteriores ao propor que os

ciborgues não serão o próximo passo evolucional, pois os humanos já são ciborgues: a

TV, o carro, os aparelhos de acadêmia; toda a tecnologia, os cercam e os incorporam,

deixando-os ciborgues.

Andy Clark, filósofo britânico, reforçou essa linha de racicínio ao criar sua

teoria de Mente Estendida, defendendo que o ser humano não precisa por chips,

implantes ou computadores vestíveis para ser chamado de ciborgue. Ele seria

naturalmente ciborgue, pois desde sempre ele fica dependente de novas tecnologias,

incorporando ferramentas que o ajudam a sobreviver no ambiente inóspito; ferramentas

que ampliam sua mente. Assim, nessa teoria não há apenas uma redefinição no conceito

de mente (ela não seria mais apenas o cérebro, mas ele em conjunto do corpo, das ações

humanas e do ambiente); mas há, também, uma “proposta” de criação de um novo termo

para conceituar os humanos/ciborgues do futuro visto por Kevin Warwick, ou um novo

termo para designar aquele indivíduo que faz pleno uso do potencial das novas

tecnologias ao seu dispor (indivíduo-objeto de estudo na teoria de Andy Clark). Esse caso

expressa a necessidade de expansão do vocabulário: a expressão “pós-humano” passou a

designar esse indivíduo que explora a cibercultura. Importante notar que, o pós-humano e

o ciborgue não se excluem, ou seja, é possível que um pós-humano seja, também, um

ciborgue, por exemplo.

Page 20: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Uma visão interessante dos ciborgues foi dada para nós pelo Prof. Dr.

Antônio Augusto Fasolo Quevedo2. Ao perguntarmos se ele concordava com a visão de

que os ciborgues – aqueles que implantam próteses, chips e outros aparatos tecnológicos

– seriam o próximo passo da evolução humana, ele se mostrou bem cético. Ele explica

como o nosso organismo é algo dinâmico e como nosso sistema de proteção tenta expelir

todo objeto estranho a ele. Assim como uma farpa de madeira no dedo dá uma

inflamação, nem é preciso tirá-la já que o nosso próprio corpo a expele naturalmente, um

marca-passo, há cada dez anos, tem que ter seus eletrodos mudados de posição porque,

naquela parte do coração, já houve a formação de uma “camada de tecido orgânico”, a

qual os impede de funcionarem apropriadamente. Ele acredita que os ciborgues não serão

o futuro enquanto os implantes não puderem ser mantidos por um longo prazo,

precisando de uma manutenção constante. Com o avanço das pesquisas na área da

nanotecnologia, pode haver a construção de máquinas a partir de moléculas compatíveis

com as dos nossos corpos. E, então, surgiria o problema da acessibilidade. A possível

criação desse tipo de máquina – isso se ainda pudermos chamar algo de carbono, por

exemplo, de máquina – usaria uma tecnologia muito cara. Poucas pessoas poderiam dar o

tão desejado upgrade em seus corpos. Assim, os ciborgues seriam uma parcela muito

pequena da população mundial, não o suficiente para serem considerados o padrão ou

uma nova espécie.

3. Conclusão

2

Prof. Dr. Antônio Augusto Fasolo Quevedo, responsável pelo Laboratório de Reabilitação Sensório-motora do Centro de Engenharia Biomédica (CEB) da UNICAMP, graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica. Entrevista feita no dia 09 de abril de 2010, por Skype.

Page 21: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Ciborgue, de maneira bem simples, é o termo que designa o organismo

que fez uso de componentes mecânicos para melhorar seu desempenho. Sua principal

característica, além da hibridização entre homem e máquina, é a auto-regulagem. O

ciborgue passou por grandes transformações em sua história: de sonho louco e distânte da

realidade, mas presente na ficção; até futuro evolutivo, parte real do nosso presente e do

nosso futuro.

O sonho de se dar um upgrade – sempre presente nos seres humanos,

junto com a necessidade imposta na Guerra Fria de mostrar ao mundo qual povo era o

melhor –, causou o investimento de milhares de dólares na realização do mito ciborgue. E

conseguiram.

Exoesqueletos, próteses e chips se tornam cada vez mais frequentes.

Inicialmente simples, querendo fornecer uma vida mais tranqüila aos enfermos, como o

marca-passo, hoje são exoesqueletos para trabalhadores de fábricas, idosos e militares;

implantes que dão, aos surdos, audição; chips que visam melhorar a vida social dos

deficientes visuais; próteses que chegam a oferecer melhores funções do que as originais

do corpo humano... E sonhos. Muitos sonhos controversos: o ser humano não quer ficar

limitado ao seu corpo, ele quer melhorá-lo, empurrar seus limites para mais longe e o

“tornar-se ciborgue” – possível apenas pelos estudos e avanços tecnológicos – é visto

como um modo de tornar esses sonhos uma realidade; ao mesmo tempo em que muitos

defendem que avançar essa tecnologia para corpos capazes seja “brincar de Deus”.

De qualquer modo, esse sonho de evoluír nossos corpos e de nos

tornarmos ciborgues é visto por muitos como uma futuro alcançável, assim como há os

Page 22: Trabalho completo de Ciborgues e a História

que defendem que já somos ciborgues: em todo lugar, dependemos da tecnologia, ela nos

rodeia e nos engloba.

O que mudaria no futuro seria a qualidade dessa tecnologia, da qual

dependemos, uma vez que ela está sempre se inovando. Mas uma coisa é importante

ressaltarmos: não importa a maneira que o ser humano use para tentar evoluir, ele o fará

garantindo que tenha total controle. Ele sempre limitará a máquina para que esta não o

supere, garantindo, assim, seu posto de dominância. Afinal, são ferramentas criadas pelos

humanos, para auxiliarem os humanos e não para dominá-los.

Page 23: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Anexos

Foto 1 - Retirada do site da Terra

Exoskeleton com peso de 200lbs (90,72 kg)

Foto 2 – Retirada do site da empresa Cyberdyne.

Foto divulgação do “HAL”, com 30Kg em sacos de arroz

Foto 3 – Retirada do site “Gizmodo”

Demonstração do Assistente de

Gerenciamento de Passada

Foto 4 – Retirada do site “Gizmodo”

Demonstração do Assistente de Suporte de

Peso Corporal

Page 24: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Foto 5 – Retirada do cronograma do Google

Gráfico de quantidade de arquivos na rede associados a robôs, andróides e cyborgs.

Foto 6 – Retirado do site “Popular Sciense” In: < http://www.si14.com.br/wp-content/uploads/2009/08/marca_passo.jpg>

Marca-passo sem fio

Foto 7 – Retirada do site oficial de Implante Coclear

Ilustração de um Implante Coclear (componente externo e interno).

Foto 8 – Retirada do site “MIT News”

Foto divulgação do modelo do implante retinal.

Page 25: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Foto 9 – Retirada da galeria do site “Oobject”

Lente biônica

Foto 10 – Retirada do site de notícias da Discovery Channel

AbioCor

Foto 11 – Retirada do site oficial da MC3

BioLung, o pulmão biônico

Foto 12 – Retirada do site “Science News”

AWAK – A Wearable Artificial Kidney (Um Rim Artificial Vestível).

Page 26: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Foto 13 – Retirada do site “Science Ahead”

Estômago artificial para estudo

Foto 14 – Retirada do site “VUB: Applied Sciences”

Diferentes níveis de contração de um músculo artificial

Foto 15 – Retirada do site “Popular Sciense”

Braço Biônico “Neuro-Controlado”

Foto 16 – Retirada do site da empresa Otto Bocks

C-Leg – Perna Biônica

Page 27: Trabalho completo de Ciborgues e a História

Bibliografia:

SITES:

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Page 30: Trabalho completo de Ciborgues e a História

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REVISTAS:

OLIVEIRA, Fátima Regis de; PIZZI, Fernanda e GONÇALVES, Márcio Souza. Artigo “Ciborgue: humano e comunicação”. Revista Ghrebh, São Paulo, n.6, nov. 2004. In: <http://www.revista.cisc.org.br/ghrebh6/artigos/06fatima.htm> Acesso em: 15 de março de 2010

LOIOLA, Rita. Artigo “Eu, ciborgue”. REVISTA GALILEU, n.220, nov. 2009. In: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87206-7855,00.html> e <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87206-7855-220-2,00-EU+CIBORGE.html> Acesso em: 15 de março de 2010

Revista ÉPOCA – 8 de fevereiro de 2010 – “O NOVO HOMEM BIÔNICO” por Peter Moon, Aline Ribeiro e Marcela Buscato.

LIVROS:

Tadeu da Silva, Tomaz (org.). Antropologia do Ciborgue – as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.