ciborgues e ciberfeminismos no tecno … · mais tarde à teoria queer de judith butler, a qual...

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www.generoesexualidade.com.br (83) 3322.3222 [email protected] CIBORGUES E CIBERFEMINISMOS NO TECNO-CAPITALISMO Cláudia Pereira Ferraz Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [email protected] RESUMO: Esta proposta de apresentação, analisa e discute os movimentos ciberfeministas inseridos no tecno-capitalismo e a aquisição da tecnologia como potência ao exercício político. Trabalha como metáfora desta categoria, a condição ciborgue, onde sinergia entre o corpo físico e o aparato em conexão online, demonstrará o reflexo digital do que aqui se reconhece, a potência criativa à outros fluxos de subjetividade. Historicamente, os ciberfeminismos emergiram simultaneamente aos avanços tecnológicos da comunicação, portanto este estudo, irá discorrer sobre os primeiros movimentos ciberfeministas como questionadores e/ou enaltecedores da potencialidade emancipadora do território do ciberespaço. Através do exercício de observação oculta no monitoramento das principais páginas feministas disponíveis na rede social/digital, tem por objetivo, refletir sobre os recentes ativismos feministas e de gênero representados digitalmente, não só como veículos de organização rumo às ruas, mas sobretudo, a sua representação online como campo de debate e crítica, proporcionando outras possibilidades e olhares sobre o sistema patriarcal e neoliberal vigentes no tecno-capitalismo. Esta exposição visa trazer os recentes ciberfeminismos mapeados em suas expressões online, onde serão apresentados como o reflexos digitais da multidão em seu conceito político e sociológico, e a relevância de seu potencial de transcendência às modelações da vida pautadas na normatividade econômica e de gêneros. Palavras chave: ciborgue, ciberfeminismos, subjetividade, rede social, tecno-capitalismo. Esta proposta de apresentação oral ao XII CONAGES na temática: sociologia, identidades, ciborgues e subjetividadescorresponde a um recorte do estudo que vem sendo desenvolvido para a tese de doutorado, “ Mulheres, Tecnologia e Política - dos Ciberfeminismos aos Ciber-ativismos Feministas online”. Esta pesquisa que ainda está em fase de desempenho, constata que em diversos aspectos, o tecno-capitalismo avançou em termos de tecnologia da comunicação, mas muito se estagnou no panorama sistêmico do patriarcado 1 . 1 O patriarcado é colocado aqui como um conceito baseado no modelo hierárquico organizacional da polis de Aristóteles, quando o direito ao Estado está restrito apenas aos cidadãos homens, e estes são os portadores Portanto, antes desta exibição apresentar os feminismos em rede social, seus efeitos, e a força potencial da recente condição ciborgue animal/máquina como possível produtora de novas subjetividades, se faz necessário, apresentar o sistema produtor dos modelos estruturantes do tecno-capitalismo. Preciado (2004:33), reconhece neste sistema, os domínios dos fluxos produtores de sentidos como matéria prima do tecno-capitalismo. Ou seja, se dá na produção da informação, na cultura nas relações sociais, e na esfera da de vozes. Num plano inferior estavam os escravos, estrangeiros e todas as mulheres, compondo assim, um modelo de estado bastante restrito e até hoje ativo em muitos aspectos do pensamento ocidental, colonizador e globalizante.

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[email protected]

CIBORGUES E CIBERFEMINISMOS NO TECNO-CAPITALISMO

Cláudia Pereira Ferraz

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

[email protected]

RESUMO: Esta proposta de apresentação, analisa e discute os movimentos ciberfeministas inseridos no

tecno-capitalismo e a aquisição da tecnologia como potência ao exercício político. Trabalha como metáfora

desta categoria, a condição ciborgue, onde sinergia entre o corpo físico e o aparato em conexão online,

demonstrará o reflexo digital do que aqui se reconhece, a potência criativa à outros fluxos de subjetividade.

Historicamente, os ciberfeminismos emergiram simultaneamente aos avanços tecnológicos da comunicação,

portanto este estudo, irá discorrer sobre os primeiros movimentos ciberfeministas como questionadores e/ou

enaltecedores da potencialidade emancipadora do território do ciberespaço. Através do exercício de

observação oculta no monitoramento das principais páginas feministas disponíveis na rede social/digital, tem

por objetivo, refletir sobre os recentes ativismos feministas e de gênero representados digitalmente, não só

como veículos de organização rumo às ruas, mas sobretudo, a sua representação online como campo de

debate e crítica, proporcionando outras possibilidades e olhares sobre o sistema patriarcal e neoliberal

vigentes no tecno-capitalismo. Esta exposição visa trazer os recentes ciberfeminismos mapeados em suas

expressões online, onde serão apresentados como o reflexos digitais da multidão em seu conceito político e

sociológico, e a relevância de seu potencial de transcendência às modelações da vida pautadas na

normatividade econômica e de gêneros.

Palavras chave: ciborgue, ciberfeminismos, subjetividade, rede social, tecno-capitalismo.

Esta proposta de apresentação oral ao XII

CONAGES na temática: “sociologia,

identidades, ciborgues e subjetividades”

corresponde a um recorte do estudo que vem

sendo desenvolvido para a tese de doutorado,

“ Mulheres, Tecnologia e Política - dos

Ciberfeminismos aos Ciber-ativismos

Feministas online”. Esta pesquisa que ainda

está em fase de desempenho, constata que em

diversos aspectos, o tecno-capitalismo

avançou em termos de tecnologia da

comunicação, mas muito se estagnou no

panorama sistêmico do patriarcado1.

1 O patriarcado é colocado aqui como um conceito

baseado no modelo hierárquico organizacional da polis

de Aristóteles, quando o direito ao Estado está restrito

apenas aos cidadãos homens, e estes são os portadores

Portanto, antes desta exibição apresentar os

feminismos em rede social, seus efeitos, e a

força potencial da recente condição ciborgue

animal/máquina como possível produtora de

novas subjetividades, se faz necessário,

apresentar o sistema produtor dos modelos

estruturantes do tecno-capitalismo. Preciado

(2004:33), reconhece neste sistema, os

domínios dos fluxos produtores de sentidos

como matéria prima do tecno-capitalismo. Ou

seja, se dá na produção da informação, na

cultura nas relações sociais, e na esfera da

de vozes. Num plano inferior estavam os escravos,

estrangeiros e todas as mulheres, compondo assim, um

modelo de estado bastante restrito e até hoje ativo em

muitos aspectos do pensamento ocidental, colonizador

e globalizante.

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teoria econômica recente. Preciado (2009) no

artigo Biopolítica del Gênero localiza como o

motor desta organização tecno-capitalista, a

hibridez entre a empresa, o estado e a

sociedade - agenciando os poderes da

biopolítica, em que o sexo biológico

vinculado a identidade de gênero passam a

servir à gestão política da vida.

Paul Preciado lembrou neste mesmo texto, a

colocação de Teresa Laurentis que designa as

tecnologias de gêneros, um circuito bastante

complexo de técnicas, corpos, e signos que

levam a compreensão, não só sobre as

técnicas performativas, como também as

biotecnológicas, midiáticas, cinematográficas

entre outras que atuam como tentáculos da

biopolítica na tecnologia de gêneros

operantes no tecno-capitalismo.

Estas tecnologias, historicamente amparadas

pelas conveniências da cultura de mercado,

são historicamente produtores imanentes das

construções sociais e vetores totalizadores das

subjetividades, a partir do direcionamento

político e social ativando a construção de

normatividade dos estilos de vida. Judith

Butler e Athena Athanasiou em

Despossession: The Performative in the

Political (2004:17) visualizam a realidade da

política neoliberal como uma Thanapolítica

brutal que subjuga as identidades que não

constituem as suas subjetividades, baseadas

nas fantasias normativas que capacitam as

verdades para um bom estilo de vida. Desse

modo, segundo as autoras, a vida fica definida

nas jogadas econômicas das grandes

corporações, na submissão do Estado às

questões econômicas, no fetichismo das

mercadorias, na excitação consumista das

massas, nas políticas de segurança dos

estados-nações, e nos persistentes referenciais

burgueses das tendências de moda. Estes

aspectos, são ativos como constituintes dos

fluxos que atingem os dispositivos de uma

subjetividade pautada na normatividade da

biopolítica. Típica do tecno-capitalismo,

seguem produzindo e reproduzindo a

subjetividade intoxicada pelas tecnologias que

visam controle e coesão social.

No entanto, a partir desta apresentação,

pretende-se demonstrar que a tecnologia em

rede social, e o reflexo digital dos recentes

movimentos feministas - questionadores da

violência sobre a mulher, do conceito de

gênero, e das perversidades do sistema

econômico vigente, são capazes de

desempenhar instrumentalizar o uso político

da rede em conexão. E fazerem-se úteis como

resistência ao movimento da máquina tecno-

capitalista, a qual historicamente segue

acionando os dispositivos da subjetividade

pelo poder da cultura de mercado e os valores

de matrizes patriarcais conduzindo a

inteligibilidade das massas.

É nesta subversão aos ideais totalizantes do

tecno-capitalismo, que esta proposição de

apresentação de estudo, visa reconhecer a

possibilidade de outra faceta do biopoder.

Apropriando-se das tecnologias em diferentes

campos e discursos, específicos da

contemporaneidade. Através das expressões

dos feminismos em rede social/virtual,

recortados dos recentes movimentos sociais

online, serão observados adiante, estes

feminismos na rede como fragmentos da

Multidão - conceito sociológico recortado (no

caso dos ciberfeminismos contemporâneo) em

sua versão digital. Neste estudo, este conceito

equivale ao que Preciado (2003) no artigo

Multitudes queer. Notes for a politics of

"abnormality", se referiu sobre as diferentes

identidades de gênero, representando a

menção teórica de Negri e Hard (2001),

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quando os autores trabalham a ideia de

revolução dos explorados e subjugados,

formando uma Multidão contra o Império.

O Império, aqui é visto como controlador e

manipulador efetivo dos mecanismos de

poder que leva da sociedade disciplinar à

sociedade de controle. Garantindo e

estruturando padrão normativo construído

conforme a base do que Preciado chama de

tríade - entre estado, empresa e sociedade.

Esta tríade articulada aos artefatos

tecnológicos em conexão, é responsável pela

disseminação dos modelos de vida, das

fabricações de verdades e condutores de

moralidades. Isso põe sentido ao que Preciado

(2004:39) traz como tecnobiopoder – quando

traz esta terminologia culminada por Haraway

para lembrar que toda a ação do poder e de

controle são passiveis de envolver todo

tecnovivo conectado.

E é inspirando-se na produção de Haraway

(1985) sobre tecnologia e ser vivo que este

trabalho reconhece o potência do ciborgue. A

autora foge da concepção totalitária de

identidade como um elo de união entre as

mulheres aspirando por um movimento

feminista que seja heterogêneo. Deste modo

rejeita as matrizes imperialistas e totalizantes

da existência e defende que não há matriz

identitária natural que una as mulheres, só

pelo fato de serem mulheres. O que

demonstra uma crítica ao feminismo radical

que calca sua pauta na opressão de gêneros

como a principal luta das mulheres. Mas é na

potencialidade política gerada pelo acesso da

tecnologia da comunicação que o ciborguismo

de Haraway2, é apresentado neste estudo,

2 Relevando-se como força contrária aos valores da

sociedade, Haraway em seu “Manifesto Ciborgue,

1985, constrói a figura do ciborgue, e o define como

representando a raiz do movimento

ciberfeminista, assim como os espectros de

luz que iluminaram a teoria queer.

Historicamente, os movimentos

ciberfeministas que emergiram no início da

década de noventa, tinham em vista, a

libertação do ser humano das amarras binárias

relacionadas a homem, mulher; branco, negro;

homossexual, heterossexual; comunismo,

capitalismo... Isso era almejado ao menos no

ambiente do ciberespaço, inspirando assim, o

pensamento sobre as identidades críticas das

dicotomias binárias, a partir da ideia de

neutralidade do ciberespaço3. Mas entre as

feministas, alguns grupos passaram a

questionar esta “neutralidade” do ambiente

tecnológico, de modo a partir da crítica,

começar a ramificar varias vertentes

uma “entidade, blasfemo irônico, incompleto que segue

minando as categorias tão prezadas pela sociedade

ocidental”; o ciborgue, para ela é a construção de um

animal-humano, uma maquina orgânica física e não

física, e como reflexo da própria sociedade capitalista e

patriarcal, ele era considerado “desleal e insurrecional”.

Seu ciborgue neste caso, adquiri capacidade de assumir

um papel de sujeito pós moderno de guerrilha que

assume as qualidades potentes de seu inimigo e utiliza-

as para seus próprios fins ideológicos. A idealizadora

do parece ambicionar uma revolução tecno-orgânica

em busca de um ideal, feminista e usar o impulso

capitalista como força para cooptação para uma

revolução rumo á outro progresso histórico e

intelectual. O “Manifesto” repudiava uma visão única

e a representava como “as piores ilusões”, reivindica

uma sociedade comprometida politicamente, e em

tempo juntar “bruxas, engenheiros, anciões,

pervertidos, cristão, mães, e leninistas” e desarmar o

“estado””.

3 Vale lembrar que durante a década de noventa no

ciberespaço, a internet ainda era pouco disseminada

globalmente, e não havia redes sociais como Facebook

com recursos de imagens, voz e filmes. A comunicação

era apenas por chats sem áudio ou filmadora.

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ciberfeministas questionadoras ou

enaltecedoras da internet.

Entre estas categorias ciberfeministas,

conheceu-se as seguintes correntes: o

Ciberfeminismo Utópico Liberal, que liderado

por Sandie Plant acreditava que o ciberespaço

seria um ambiente de emancipação e novas

possibilidades; o Ciberfeminsmo diatópico-

radical – que encontrava como símbolo

teórico, o trabalho de Ziaudidin Sardar e Judy

Wacjman (2012), as quais mantiveram a tese

que o ciberespaço representa a recolonização

do ocidente, portanto não transcenderia a

condição normativa da sociedade; e o

Cyberpunk como princípio da ciber rebeldia e

vertente da ficção científica que se inspirava

diretamente no “Manifesto Ciborgue” de

Haraway (1985).

A citada autora, como já apontado,

fertilizou o terreno para o Ciberfeminismo e

mais tarde à teoria Queer de Judith Butler, a

qual atualmente, segue levantando um amplo

debate sobre as questões performativas do

gênero, principalmente quando estas

concepções, debatidas na rede social digital,

passam a ganhar cada vez mais espaço na

esfera offline.

Pela condição contemporânea de

ciborguismos a tecnologia da comunicação

permite agrupamentos digitais em forma de

comunidades feministas na rede social. É

possivel notar que esta novas representações

de gênero no campo online instrumentalizam

as mensagens pela máquina em conexão, a

fim de interferir no sistema maquínico – é o

que Deleuze e Gattari (2010:506) chamam de

máquinas sociais. Ou seja, descodificam e

ressignificam os códigos num processo que

visa libertar as linhas de fuga e

remanejamento dos fluxos em outra direção,

desestabilizando as estruturas normativas. A

comunidade “Feminismo sem Demagogia-

original”, por exemplo, se apropria da

máquina de tecnologia de comunicação em

rede ( também típica dos desdobramentos das

mídias de massa) para dar voz a um

feminismo marxista que não se apega na

ortodoxia materialista histórica, apresentando

uma releitura feminista que pauta inclui

outras opressões.

Por outro lado, fica claro que este novos

ciberfeminismos analisados são rachados por

uma série de conflitos ideológicos entre eles

mesmos, principalmente quando os

feminismos materialistas histórico- radicais

(TERF – feministas redicais trans excludente)

não assimilam as interseccionalidades de

opressões como pautas dos novos

feminismos. As páginas “Gay – Anti Queer” e

“Coletivo Feminista Radical Manas Chicas”

acreditam que as referências Queer de adesão

de feminilidade não passam de maneiras de

sujeição ao sistema correspondente aos

mecanismos neo liberais, quando cria-se um

enorme mercado destinado à construção da

feminilidade, vendendo a sujeição como algo

libertador.

A anteriormente citada, “Feminismo sem

Demagogia-original”, é uma comunidade

representante da esquerda feminista e

reconhecida como não original, pelas radicais

porque abraça uma militância em torno das

causas relacionadas a homofobia, transfobia,

lesbofobia, machismo, xenofobia e demais

opressões. O que para as feministas radicais, é

um fato de grande prejuízo ao feminismo, já

que ficam em segundo plano os problemas de

divisão sexual do trabalho, legalização do

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aborto, violência física e psicológica sobre a

mulher e a prostituição.

Desse modo, reconhecendo as modalidades

conflitantes, constituiu-se como realização do

objetivo, analisar as diferentes perspectivas

dos feminismos online na Internet, mais

especificamente ativas o Facebook. E

constatou-se que estes movimentos são

reverberadas pelas novas tecnologias da

comunicação como configurações de

correntes, muitas vezes, antagônicas nos

diferentes discursos de feminismos. Porem de

modo geral são significantes como vetores

contemporâneos dos movimentos sociais que

nascem da fusão entre corpo, tecnologia e

conexão em alusão ao ciborgue de Hataway

no uso das ferramentas tecno-capitalistas para

uma quebra de valores de base do patriarcado

e do neo liberalismo.

Portanto, a principal hipótese que está sendo

testada, está na possibilidade destas

expressões feministas e de gênero, servirem

de amostras representativas do conceito de

Multidão, ativos na rede social digital como

um conjunto de singularidades que abarcam a

rede e ativam a potência e a transcendência,

conforme Negri (2004:16,17) inspira a pensar

com sua definição ontológica sobre tal

conceito.

Estas amostras são partes do recorte de

diferentes feminismos em rede online como

os recentes ciberfeminismos, potencializados

pela comunicação em conexão tecnológica.

Este mapeamento se fez possível, inspirando-

se no exercício de observação oculta como

parte do método proposto por Skågeby

(2011). Neste caso, acompanha-se o conteúdo

e a discussão das páginas dos feminismos no

Facebook, sem atuar ou interferir nas

mesmas, apenas as seguindo e as analisando.

Tal metodologia, que adiante será mais

detalhada, confirma a hipótese anteriormente

mencionada, quando, os recentes ativismos

feministas na rede social, tratados aqui como

expressões dos novos ciberfeminismos –

podem reconhecidos como fragmentos do

conceito de Multidão - em rede online,

representando possibilidades de resistência ao

caráter hegemônico do sistema patriarcal e

econômico, assim como da racionalidade

patriarcal/tecno-capitalista.

A partir disso, leva-se em consideração, o

papel da própria tecnologia para produzir

dispositivos competentes em ativar outros

pontos de subjetividades e maneiras de existir.

Tais dispositivos de subjetividade competem à

noção de Foucault, sobre quando Deleuze

(1996:3) os interpretam como máquinas que

agem biologicamente / socialmente e nos

fazem capazes de, falar, de fazer vermos e

sermos vistos. Em cada dispositivo perpassam

linhas de mutações que envolvem os campos

estéticos, científicos, políticos, entre outros.

Foucault resgata a subjetividade ateniense

quando a eleva para além dos poderes,

econômicos ou religiosos reconhecendo

outras tipologias de formações subjetivas. É

onde os ciberfeminismos podem representar

este recorte da Multidão online/offline.

Segundo a leitura de Deleuze sobre Foucault,

as formações subjetivas não são fixas,

proporcionado assim, produções de

subjetividade que saem dos poderes e dos

saberes de um dispositivo para o outro,

potencializando outras formas de nascer.

Como representação deste movimento dos

dispositivos, a máquina em conexão em rede

social online serve como um campo fruto do

ideal colonizador e patriarcal. Mas serve

também como um campo que pode

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proporcionar a reinvenção das subjetividades.

Metaforizando Hataway (1985) em seu

ciborgue insurrecional e toda Multidão que se

organiza e se comunica digitalmente na

tentativa de revolucionar socialmente,

desempenham um rompimento com o padrão

tradicional da racionalidade tecnológica na

linha histórica do tecno-capitalismo. Em tal

conceito de racionalidade, Marcuse (1979:37)

aponta sua principal característica política ser

o melhor veículo de utilidade de dominação e

para a construção de um universo totalitário.

Desse modo, os recentes ciberfeminismos na

rede serão considerados como rota de fuga da

totalidade, da unidimensionalidade do

pensamento que se rende as ilusões fabricadas

pelo sistema tecno-capitalista.

Continuando com Marcuse, a condição

unidimensional do tecno-capitalismo e suas

estruturas rígidas pautadas no

desenvolvimento tecnológico servem para

sustentação de poderes e sucessos

mercadológicos, e ainda sustentados por

valores tradicionais da normatividade. Isto é

na reprodução de padrões de vida, gerando o

homem-máquina ou sistemas-máquinas, cujo

os dispositivos são facilmente aptos à

aniquilar possibilidades criativas do modo de

viver. Assim, os produtos do tecno-

capitalismo seguem fabricando criaturas

preconceituosas, homofóbicas que se

alimentam de ganância, consumismos,

alienação e prepotência colonizadora, em

proporções globalizantes. Portanto, são os

ideais humanos que alimentam os dispositivos

contrários à estes valores perigosos e até

fatais, que esta análise busca trazer e os

revelar como agentes de resistência, a partir

da imagem e das mensagens dos novos

ciberfeminismos em rede social online. Onde

gera-se um mecanismo de poder contra os

modelos normativos e reguladores dos

modelos de vida, num viés de remanejamento

dos fluxos que permeiam os dispositivos de

subjetividade potencializados pelo ler, pensar,

escrever e agir em rede social/digital.

O poder e a máquina são fortemente

interligados e Butler (2001:12) em sua obra

sobre os Feminismos, a sujeição e os

mecanismos psíquicos do poder, relembra

Foucault, reconhecendo o poder como não

sendo apenas algo que opõe, e sim uma

maneira de narrar nossa existência e dizer

quem somos. A máquina e a política por si só

não libertam o sujeito, pelo contrário são

elaboradas para dominar, mas também

oferecem os mecanismos e os dispositivos

indagadores das estruturas que mantém o que

Butler (2001:95) chama de sujeição do

sujeito. O projeto de subjetivação que para

Foucault se dava no corpo, agora se dá na

condição corpo/máquina – ciborgues que não

deixam de reproduzir os rituais de

normatização. Mas também representa uma

forçapotencial, geradora de transgressão

destes parâmetros estruturais pautados em

valores caducos. Os recentes ciberfemininos

em rede social/digital são reconhecidos aqui

pelo enfrentamento destes códigos. Porém, as

direções ideológicas destes ciberfeminismos

não se dão maneira heterogênia. Os

ciberfemismos recentes, assim como os que

emergiram com a internet, possuem

ramificações diferentes, mesmo quando as

diferentes vertentes publicam mensagens

similares.

Ao percorrer o campo redes sociais focando-

se nas páginas feministas e de gêneros,

percebe-se que muitas vezes a criatividade é

capturada por uma máquina de repetição do

mesmo, onde muitas comunidades possuem

temáticas diferentes, mas com

questionamentos similares, conforme

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colocado anteriormente. Desse modo, fez-se

necessário realizar o levantamento das

principais páginas Feministas, ativas no

Facebook4, com mais de quinhentos mil

seguidores para formulação desta proposta de

apresentação: Feminismo sem Demagogia;

Geledés – instituto da mulher negra e Moça,

você é machista, serviram como fonte de

coleta de dados, e seu critério de seleção ficou

respectivo às atividades de reivindicações e

contestações entre os direitos das mulheres

cisgênero e transgênero na dimensão online.

A observação oculta5, entre páginas

selecionadas e marcadas para o campo online,

segue de outros dados específicos encontrados

além do Facebook; em blogs e sites -

coletados quando apontam as questões e

direções do estudo no campo digital. Desse

modo, a coleta identificou o que se trata de

relevante na distribuição de uma variada

discussão sobre os ciberfeminismos no tecno-

capitalismo. Tal procedimento, se fez útil,

pois impediu que fosse visualizada uma única

questão. Como material, o Google também

ofereceu uma fonte contínua, na busca sobre a

discussão no foco dos ciberfeminismo em

rede online e offline. Como sugere Skågeby

(2011), há sempre uma aliança entre a

4https://www.facebook.com/FeminismoSemDemagogiaMarxistaOriginal/?fref=ts;

https://www.facebook.com/geledes/?fref=ts,

https://www.facebook.com/MocaVoceEMachista/?fref

=ts 5 O exercício de observação oculta proposto por

Skågeby (2013) – com ingresso às páginas, mas sem

participação e interação com o grupo ou atores

estudados em rede social/digital, é um método para

fidelidade aos dados, o qual remete ao pretenso

aprofundamento desta pesquisa, à teoria de Latour

(2012: 231) quando analogamente, o Ator-Rede é

remetido a um cuidado extremo do pesquisador para

não manipulação de sua ação, optando assim por uma

narrativa descritiva com desarranjos de associações

leais aos dados coletados, o que também garante a

devida atualização dos dados.

linguagem e a tecnologia e estas duas

linguagens juntas oferecem um potencial

bastante rico para a coleta e análise de dados.

A quantificação das mensagens ciberativistas

foram selecionadas pelo critério de atuação6

social/digital na esfera da política feminista

em grupos do Facebook, ativa pelas postagens

que geram agendas, debates e informações.

Tal trabalho, sobre a atuação feminista

envolvida com a tecnologia e sua interação

entre rede/rua, segue o que Latour (2012),

sugere, quando defende tecer redes de atores,

visando permitir o estabelecimento de uma

gama de combinações e operações.

A necessidade de questionário e entrevistas

não se fez necessário pois a gama de paginas

estudadas e os questionamentos levantados e

publicados por elas trouxeram as luzes

necessária às questões sem que se necessite de

mais aprofundamento nas colocações dos

atores sociais/digitais. Mesmo porque, estas

comunidades atuam de forma

descentralizadas, e as moderadoras não se

apresentam como líderes. Castells (2012:210)

quando discorre pelos recentes movimentos

em rede, os reconhece como alavanca das

mudanças sociais. Para o autor, não mais

necessitam de uma liderança formal ou

organização vertical para passar informações

ou instruções, pois a partir do inter -

relacionamento com diversos núcleos online e

offline, as funções de coordenação e

deliberação, já se dão garantidas. O

6 O critério do olhar que seleciona os perfis

significantes na atuação política social digital dos

movimentos feministas no Facebook, segue neste

estudo, a proposta de Latour (2012:191), quando

lembra que um ator que não faz diferença, não e um

ator, e propõe o desdobramento dos atores como redes

de mediações, cultivando sempre as descrições dos

Atores em Rede.

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movimento ficam praticadas em rede. Marcha

Mundial das Mulheres em sua página do

Facebook7, serve como uma prévia amostra

do sentido às palavras do autor, pois se

apresenta como um movimento sem líder ou

partido apresentada como uma proposta

global de luta: feminista e anticapitalista para

mudança do mundo e da vida das mulheres,

contra a pobreza, a violência sexista, a

mercantilização dos corpos das mulheres e

pela legalização do aborto. Frequentemente,

a marcha desempenha a ocupação do espaço

público em diversas cidades do país, sob esta

circunstância: sem líder, e se inte-

relacionando em vários formatos de mídias

integradas por blog, site e imagens e

mensagens publicadas em página no

Facebook. Consolidando-se assim, no que o

autor chama de movimento, quando, embora

esteja inicialmente articulado pelas redes

sociais da internet, persiste como

manifestação de rua. É no híbrido entre

cibernética e espaço urbano que Castells

encontra a possibilidade de autonomia dos

movimentos - locais e globais, pelo desafio do

contraponto à ordem institucionalizada, fato

este, que vem a dar sentido às reivindicações

pelas estratégias de ações dos movimentos

sociais/digitais que este trabalho no formato

amplo de tese, ainda está investigando.

Dando continuidade ao método de constante

monitoramento das comunidades feministas

que atuam no Facebook, percebe-se espectros

do ciborgue de Haraway observados nas

expressões feministas em rede social. Pois, o

gênero e as perversidades do tecno-

capitalismo passam a ser questionado pelas

ciberfeministas e o ambiente da tecnologia

7

https://www.facebook.com/marchamundialdasmulhere

sbrasil/?fref=ts

online passa a ser o campo de debates e

discussões emancipadoras da normatividade.

Isso se faz evidente, além dos

questionamentos sobre as dicotomias de

gênero; quando localizam-se politicamente no

socialismo, no marxismo ou anarquismo8

sempre vertente de esquerda, não foi

diagnosticada comunidades feministas que se

intitulam “liberais”, ou expressam adesão à

estas vertentes. Embora o feminismo

materialista histórico considera a teoria Queer

um teoria liberal. Ao contrário da esfera

ideológica que permeia os recentes

ciberfeminismos, as paginas que atuam e

reivindicam em favor das minorias de gênero,

como a comunidade Transfeminismo9 e o

grupo Politicas de cotas para Travestis e

Transsexuais10

, por exemplo, encontram-se

mais focados em projetos ou pautas

especificas sem centralização em correntes

políticas.

Os resultados deste estudo, repercutem sobre

as novas atuações ciberfeministas

dimensionando suas propostas, levando em

consideração a amplitude e abrangência do

sistema tecno-capitalista, as quais

historicamente interligam as questões de

gênero às questões políticas e econômicas que

desembocam no recente neoliberalismo. Tais

aspectos demonstram, por exemplo, que as

causas ecológicas e sociais são urgentes entre

reivindicações feministas. As ciberfeministas

seguem colocando entre as pautas, a

resistência sobre o modelo tecno-capitalista.

8 Anarcho-Queer -

https://www.facebook.com/anarcho.gender/?fref=ts

Anarcho- Feminist - https://www.facebook.com/The-

Anarcho-Feminist-136330899727311/?fref=ts 9 https://www.facebook.com/Transfem/?fref=ts 10 https://www.facebook.com/groups/1402199483349491

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Os recentes ciberfeminismos reconhecem o

vetor do sistema totalizador, ao mesmo

tempo, discriminador e normalizador do

controle e da violência contra a mulher, as

minorias sociais e de gênero, e o meio

ambiente, e outros que desdobram-se em

forma de diversas máquinas de opressões. O

que pode explicar a maneira como as páginas

ciberfeministas no Facebook se apresentam:

Marcha Mundial das Mulheres – Bahia-

movimento feminista e anti-capitalista.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos

livres! Desse modo, estes dados demonstram

que os resultados aproximam-se da hipótese,

quando estes movimentos ciberfeministas são

reconhecidos aqui como as amostras à

multidão – atuantes não apenas nas esfera

online, pois pelo desempenho desta pesquisa,

demonstram-se bastante ativa a articulação

presencial entre as relações rede/rua.

A constatação deste desempenho pode ser

observada ao proliferar as marchas feministas

no país, contra o projeto de lei 5069, de

autoria do presidente da Câmara dos

Deputados, Eduardo Cunha. Por este fato,

pode-se concluir que os feminismos ganharam

força nas ruas das grandes capitais brasileiras

no final de outubro do ano de dois mil e

quinze, pela articulação proporcionada, pela

tecnologia da comunicação em rede social

online, mais especificamente, o Facebook,

onde têm-se evidente, os novos

ciberfeminismos, digitalmente nítidos para

que este estudo os reconheça como

movimentos políticos e sociais em rede

online.

Consuma-se então que, pela condição dos

ciborguismos contemporâneos, estas atuações

online, por textos, imagens e depoimentos, e

a rua se fazem elementos de potências para

construção de novas subjetividades,

estimulando a reflexão crítica sobre as normas

patriarcais, colonizadoras, normativas e

neoliberais, em questões relacionadas aos

direitos à livre performance do corpo, contra a

exploração da terra, do trabalho, do

monopólio das grandes corporações, da

fabricação dos estereótipos femininos pelas

mídias; do direito ao aborto e entre outras

questões, que rumam em direção às ruas, ou à

consciência crítica, através da apropriação dos

meios tecnológicos como forma de

elucidação, chamado e organização.

De maneira lúdica, mas revolucionária, a

proposta do ciborgue de Haraway como

metáfora em torno da atuação pela tecnologia

corresponde nesta análise à Multidão online -

como deserção ao sistema, apropriando-se da

tecnologia comunicacional viabilizada pelo

tecno-capitalismo como condição de

subversão aos ideais controladores operantes

das subjetividades do sistema maquínico com

novas dinâmicas para se pensar o corpo, a

família, a sociedade e a propriedade. É a

condição ciborgue metaforizando a

competência de estimular o imaginário para

um caminho de resistência ao biopoder,

atuante sempre com a pretensão totalizante na

dominação da vida e seus desejos.

Transformando, assim a biopolítica no avesso

desta dominação normativa pela energia

ativista ativa – a tecnobiopotência como o

combustível da Multidão. Tanto como utopia

ou como projeto concreto ativo, a condição

ciborgue na Multidão social/digital, pode ser

encarada como defesa ao incômodo gerado

por uma crise global da democracia e seus

sistemas políticos condutores das

desigualdades que derivam e se alastram a

partir do modelo patriarcal para economia

tecno-capitalista.

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Os movimentos feministas desdobrados nos

ciberfemismos em rede social online, podem

reforçar a resistência, à histórica estrutura de

poderes, hegemonicamente capitalistas e

patriarcais e alimentar os dispositivos de

subjetividades com a potencialidade de

transmutação e transformação das bases do

tecno-capitalismo.

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https://www.facebook.com/articulacaodemulh

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“Marcha Mundial das Mulheres”

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asmulheresbrasil?fref>

“Feminismo sem Demagogia”

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