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Faculdade de Ensino Superior de Floriano – FAESF PI Curso: Farmácia e Bioquímica Disciplina: Farmacologia II Professora: Dr. Maria do Carmo ANESTÉSICOS GERAIS; Heitor Ribeiro Abreu

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Page 1: Trabalho Anestesicos Gerais

Faculdade de Ensino Superior de Floriano – FAESF PICurso: Farmácia e BioquímicaDisciplina: Farmacologia IIProfessora: Dr. Maria do Carmo

ANESTÉSICOS GERAIS;

Heitor Ribeiro Abreu

Floriano, junho de 2012.

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ANESTESICOS GERAIS.

Os anestésicos gerais são usados como adjuvantes em procedimentos cirúrgicos, de modo a tornar o paciente inconsciente ao estimulo doloroso. Eles são dados sistemicamente e exercem seus principais efeitos sobre o sistema nervoso central, ao contrario dos anestésicos locais, que agem por bloquear a condução dos impulsos nos nervos sensoriais periféricos.

Os anestésicos gerais podem ser divididos em 2 categorias de acordo com a via de administração: os inalatórios (gases e vapores) e os intravenosos (exemplo: Propofol).

Os efeitos dos anestésicos possuem 4 niveis de ação na fisiologia do SNC: O primeiro é

o Estagio de Analgesia ocorrendo apenas analgesia mas posteriormente gera-se

também amnésia. Os neurónios da substância gelatinosa do corno dorsal da espinal-

medula são sensíveis aos anestésicos mesmo em baixas concentrações. A ação

daqueles compostos aqui leva a interrupção da transmissão de estímulos sensoriais,

inclusive dos estímulos nociceptivos (da dor). Porém, o paciente mantém-se

consciente. O Segundo é o Estágio de Excitação: Neste estágio ocorre frequentemente

uma excitação do paciente, que pode se apresentar delirante e falar coisas sem

sentido com características de delírio, excitação e amnésia, respiração irregular, ânsia

de vômitos e vômitos, incontinência; O terceiro é o Estágio de Anestesia Cirúrgica

onde ocorre a recuperação da respiração regular e cessam os movimentos

involuntários até cessação completa da respiração espontânea; O quarto Estagio é o

Estagio de Depressão Bulbar que sucede uma severa depressão do centro vasomotor

da medula e também do centro respiratório. Os neurónios destes dois centros são

relativamente resistentes aos efeitos dos anestésicos, mas com o aumentar da dose

também são atingidos. Ocorre um colapso cardiorespiratório e a morte advém

rapidamente se não houver suporte artificial circulatório e respiratório.” (KATZUNG,

2003).

A seguir é representado um medicamento de cada classe de anestésicos gerais e suas

propriedades de importância na farmacologia.

Anestésico geral inalatorio: HALOTANO

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O Halotano é o nome usual do derivado halogenado (2-bromo-2-cloro-1,1,1-trifluoretano), largamente utilizado como anestésico inalatório (inalador) anestésico. Ao contrário dos outros agentes anestésicos usados atualmente, que são derivados do éter, o halotano é um derivado alcano. Não causa irritação, é bem tolerado e é um potente hipnótico. Mesmo em concentrações anestésicas normais, o halotano causa uma queda na pressão arterial, parcialmente devida à depressão miocárdica e à vasodilatação. O halotano não é analgésico e tem um efeito relaxante sobre o útero, o que limita sua utilidade para fins obstétricos.

FARMACOCINETICA:

Todos os anestésicos inalatorios possuem uma ação cinética parecida, sendo altamente solúveis, passam com facilidade pela parede alveolar. Portanto é a velocidade de liberação da droga pelo ar inspirado pelos pulmões que vai determinar seu comportamento anestésico. Os principasi fatores que determinam a velocidade da indução e recuperação podem ser resumidos a seguir:

Propriedades do anestésico, como coeficiente de partição sangue, isto é solubilidade no sangue,e coeficiente de partição óleo, ou seja solubilidade na gordura. Alem desses é importante frisar aspectos fisiológicos como a taxa de ventilação alveolar e debito cardíaco.

O Halotano possui solubilidade relativamente baixa no sangue, e, por esta razão, as concentrações alveolares/sangüíneas equilibram-se rapidamente promovendo rápida indução. Seu coeficiente elevado no tecido adiposo favorece o acúmulo, que trará repercussão no tempo de despertar. Pode ser absorvido pela borracha utilizada em alguns circuitos anestésicos. O coeficiente de partição borracha / gás a 20ºC é 120.

Tempo de ação – após exposição ao halotano o paciente levará de 4-16 min para despertar. O tempo pode ser maior dependendo da concentração no sangue e da duração da exposição ao halotano.

Metabolismo - 20% é metabolizado no fígado por vias oxidativas pelo sistema citocromo hepático P450 e, sob condições hipóxicas, por vias redutoras. Os principais metabólitos são o ácido trifluoroacético, os sais de brometo e cloreto (por via oxidativa) e sais de fluoreto (por via redutora). O pico de concentração de metabólitos é alcançado 24 horas após a cirurgia, sendo os mesmos eliminados por via renal durante a semana seguinte

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FARMACODINAMICA:

Na farmacodinâmica do halotano são discutidos os seguintes pontos:

Mecanismo de ação como o de todos os agentes anestésicos, é desconhecido. O efeito depende da obtenção de concentração terapêutica no SNC. Não há um receptor específico dos anestésicos inalatórios, assim como não há um local único de ação: sistema reticular ativador, córtex cerebral, núcleo cuneado, córtex olfatório e hipocampo.

Eles deprimem transmissões excitatórias na medula (interneurônios do corno dorsal), e, agem também, no tronco cerebral. Em nível microscópico, a transmissão sináptica é muito mais sensível que a condução axonal. Hipótese unitária: todos os anestésicos inalatórios possuem o mesmo mecanismo de ação (potência diretamente relacionada com a lipossolubilidade- Meyer-Overton). Incorporação de anestésicos lipofílicos às membranas lipídicas causariam alterações metabólicas: ao penetrar nas membranas celulares alterariam o volume celular (teoria do volume crítico), bloqueando canais iônicos.

Existe a possibilidade de que os anestésicos inalatórios liguem-se a receptores específicos.

Quando inalado, o Halotano é absorvido através dos alvéolos até a corrente sangüínea, onde circula até o principal local de ação, o cérebro, causando uma depressão progressiva do sistema nervoso central, que se inicia nos centros mais altos (córtex cerebral) e espalha-se para os centros vitais na medula. Esta depressão é reversível.

CUIDADSO PARA USO:

O uso do halotano requer os seguintes cuidados:

Deve ser usado apenas por médico anestesiologista habilitado. Fator de risco C na gravidez. No transoperatório a monitorização deve constar de no mínimo monitor não

invasivo da pressão arterial, ECG (ritmo e freqüência cardíaca), ventilometria

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(volume minuto: freqüência respiratória x volume corrente), oximetria de pulso e capnografia.

Evitar que o absorvente de CO permaneça em uso quando estiver seco este deve ser substituído antes da administração do halogenado.

A administração sob ventilação espontânea deve ser cuidadosamente monitorada e deve ser assistida se necessário.

Assim como para todos os anestésicos halogenados a repetição da anestesia dentro de curto espaço de tempo deve ser considerada com cuidado.

Cirrose, hepatite viral ou outra doença hepática pré-existente pode ser a razão para selecionar um anestésico que não seja halogenado.

APLICAÇOES CLINICAS:

É um anestésico volátil, adequado para a indução e a manutenção da anestesia geral em todos os tipos de cirurgia, para pacientes de todas as idades. Agente inalatório de odor bem tolerado.

Anestésico geral intravenoso: PROPOFOL

FARMACOCINETICA:

O declínio das concentrações de propofol após uma dose em bolus ou após o final de uma infusão pode ser descrito por um modelo tricompartimental aberto. A primeira fase é caracterizada por uma distribuição muito rápida (meia-vida de 2-4 minutos), seguido por rápida eliminação (meia-vida de 30-60 minutos) e uma fase final mais lenta, representativa da redistribuição do propofol por tecidos pouco perfundidos.

O propofol é amplamente distribuído e rapidamente eliminado do corpo (depuração total: 1,5-2 litros/minuto). O clearance ocorre através de processos metabólicos, principalmente no fígado, para formar conjugados inativos de propofol e seu quinol correspondente, os quais são excretados na urina.

Quando propofol é usado para manter a anestesia, as concentrações sanguíneas de propofol aproximam-se assintoticamente do valor do estado de equilíbrio para a dada velocidade de administração. A farmacocinética de propofol é linear ao longo da faixa recomendada de velocidades de infusão.

FARMACODINAMICA:

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Seguidamente resumem-se as principais propriedades farmacodinâmicas do Propofol:

Efeitos sedativos: Altamente lipofílico; atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica (BHE), o que resulta num rápido início de acção; A profundidade da sedação aumenta de uma forma que depende da dose; Distribuição rápida nos tecidos periféricos, resultando numa rápida sedação. Mais rápida do que com o Midazolam; O nível de sedação adequado é atingido com concentrações plasmáticas na ordem de 0,2-2,1 mg/L.

Efeitos hemodinâmicos: Provoca diminuição da pressão sanguínea de uma forma que depende da dose; hipotensão transitória que está associada à administração em bólus; A frequência cardíaca fica diminuída e é mais baixa do que aquela observada com Midazolam; Reduz o consumo total do oxigénio do organismo; Modula a produção de óxido nítrico (NO) regulando o tónus vascular.

Efeitos respiratórios: Causa um ligeiro efeito depressor da respiração, que é dependente da dose; Parece ter um efeito broncodilatador suave.

Efeitos neurológicos: Mantém ou diminui a pressão intracraniana; Mantém a pressão da irrigação sanguínea cerebral; Alguns pacientes podem desenvolver tolerância durante a utilização a longo prazo (> 5 dias) exigindo aumento da dose.

Efeitos no metabolismo dos lípidos: Infusões a longo prazo (> 3 dias) podem aumentar os triglicerídeos do soro em consequência do veículo lipídico em que o fármaco é incorporado; O uso de uma formulação de Propofol a 2% reduz a quantidade de lípidos administrados e pode ser considerada para uso a longo prazo.

Efeitos no sistema endócrino: As concentrações de cortisol e adrenalina no soro são menores em doentes sedados com Propofol do que com Midazolam após cirurgia de bypass da artéria coronária.

Efeitos no sistema imunitário: Inibe a função imune; Possui propriedades anti-inflamatórias.

Alem de outros efeitos, como propriedades antioxidante e frequentemente Provoca sonhos intensos, quase sempre agradáveis, e às vezes, com expressão erótica.

CUIDADOS COM O USO:

O propofol é contra indicado para:

Doentes com hipersensibilidade ao Propofol, ovos e produtos de soja (devido aos excipientes da formulação);

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Indução da anestesia geral em crianças com idade inferior a 3 anos e na manutenção da anestesia geral em crianças com idade inferior a 2 meses;

Sedação de crianças com difteria ou epiglotite a receber tratamento intensivo; Doentes em unidades de cuidados intensivos com idade igual ou inferior a 16

anos; Não deve ser usado em doentes com insuficiência cardíaca ou outras doenças

graves do miocárdio; Não está recomendado em associação com terapia electroconvulsiva (ECT); Não deve ser usado para anestesia em obstetrícia; Não deve ser usado durante a gravidez.

E Antes de utilizar o Propofol, deve informar o seu médico ou farmacêutico se:

Está grávida, planeia engravidar ou amamentar; Tem alergia a algum medicamento, alimento ou outras substâncias; Tem inflamação do pâncreas; Tem níveis elevados de lípídios (triglicerídeos e colesterol) no sangue; Tem epilepsia; Consome com frequência bebidas com álcool ou cafeína; Fuma ou usa drogas ilícitas. Os pacientes devem ser avisados de que após a anestesia geral, o desempenho

de actividades que exijam maior capacidade mental pode ser afectado, como a condução de veículos, a utilização de máquinas ou assinar documentos legais.

O doente deve ser acompanhado no regresso a casa após a anestesia.

APLICAÇOES CLINICAS:

O Propofol é um agente anestésico intravenoso de acção curta, indicado para: indução e manutenção de anestesias gerais; sedação de doentes adultos ventilados em regime de cuidados intensivos (estados sépticos graves, traumatismos cranianos graves e status epilepticus); sedação consciente de indivíduos adultos durante procedimentos cirúrgicos e de diagnóstico. O Propofol é muito utilizado e tem substituído o Tiopental como anestésico de 1ª escolha para indução anestésica e sedação, uma vez que produz um estado de euforia no paciente e não causa náuseas e vómitos no período pós-anestésico]

É necessária suplementação com narcóticos para analgesia. Devido ao seu efeito antiemético, o Propofol está a ser testado para a biodisponibilidade oral para uso em pacientes com cancro. O Propofol também é usado em medicina veterinária.

Page 8: Trabalho Anestesicos Gerais

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Farmacocinética dos Anestésicos Inalatórios - Renato Ângelo Saraiva - REDE SARAH DE HOSPITAIS – 1996.

Ferreira MA, Martins AL. Farmacodinâmica dos anestésicos inalatórios, cap 23 in Manica J et al. 2004 3ed.

GOODMAN, L. S. & GILMAN, A. As bases farmacológicas da terapêutica. 9.ed. Rio de

Janeiro, McGraw-Hill, 1996.

KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica & Clínica. 10ª ed. Porto Alegre, McGraw-Hill,

2010.

SILVA, P. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0910/propofol/farmacologia.html acesso em 10/06/2012 às 16hs

www.saj.med.br/uploaded/File/novos_artigos/120.pdf acesso em 10/06/2012 às 16hs e 17min