trabalho 1 - psicopedagogia - 11-2009

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Page 1: trabalho 1 - psicopedagogia - 11-2009

São Luiz Gonzaga2009

JANAINA GRUNDEMANN

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

INSTITUCIONAL

DISCUTINDO OS FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:

OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

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São Luiz Gonzaga2009

DISCUTINDO OS FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:

OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia Institucional da UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas de Psicopedagogia Institucional: Políticas, normas e código de ética do fazer Psicopedagógico; Psicologia Evolutiva; Aspectos Neurológicos dos processos de aprendizagem

Orientador: Professores: Michele Fabiane A. S. Garcia; Maria J. Scicchitiano Orsi; Aparecido José Andrade.

JANAINA GRUNDEMANN

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GRUNDEMANN, Janaina. Discutindo os Fundamentos da Psicopedagogia Institucional: Os Problemas de Aprendizagem. 2009. 14 folhas. Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia Institucional – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, São Luiz Gonzaga - RS, 2009.

RESUMO

Este trabalho discute como era vista a educação no passado e como a mesma é vista atualmente, e como eram os problemas de aprendizagem. A criança que tem uma família bem estruturada que lhe dê atenção, afeto e estímulo, dificilmente apresentará algum problema de aprendizagem, porém não são somente esses fatores que influenciam, pois não adianta ter estímulo em casa e não tem no meio social e na escola. O aluno com dificuldades não deve ser necessariamente um fracassado, ele deve ser conduzido a vencer barreiras através de estratégias eficazes, com o apoio dos pais, psicólogos e educadores.

Palavras-chave: Aprendizagem, Problemas, Educação, Criança.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo abordar o histórico da

psicopedagogia e da educação em si, como eram vistas e tratadas as crianças

antigamente e nos dias atuais, como era a educação tempos atrás. Como e porque

surgiu este novo olhar para a educação que é a psicopedagogia; irá discutir os

fundamentos da Psicopedagogia Institucional, onde surgiu e sua caracterização e

contextualização no Brasil e no mundo.

Será abordado também sobre os problemas de aprendizagem,

analisar suas fontes, ver a diferença dos problemas de aprendizagem antes, como

eram vistas as crianças que apresentam um problema de aprendizagem, será que é

da mesma maneira que é vista atualmente? Através de vários estudos vamos

perceber que muita coisa mudou, nem tudo é como antes, os problemas são os

mesmos, mas o modo de entende-los e trata-los é diferente.

Com base nos resultados das pesquisas referentes aos fatores

geradores dos problemas de aprendizagem encontram-se os de ordem biológica,

psicológica, pedagógica e social, o que torna o estudo dos problemas de

aprendizagem bastante complexo.

Partindo da realidade de que todos os alunos são diferentes, tanto

em suas capacidades quanto motivações, interesses, estilos de aprendizagem, etc.,

e entendendo que todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas

contextuais e relativas, é necessário colocar o acento no próprio processo de

interação ensino/aprendizagem.

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DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho irá mostrar os como eram vistos os problemas

de aprendizagem antigamente e como são vistos hoje em dia. Para isso devemos

recorrer a historia da Psicopedagogia, mais ainda, como eram tratadas as crianças

antigamente.

Na Europa, na Idade Media, a sociedade feudal tinha o poder e suas

leis, a criança era considerada um pequeno adulto, não havia distinção de que o

desenvolvimento da criança era diferente do adulto, e também não havia muita

expectativa de vida para s crianças de classe social inferior, o importante era as

crianças crescerem rápido para entrar na vida adulta.

Já na Idade Moderna surgem as primeiras propostas de educação e

moralização infantil, neste momento a criança passa a ser alguém que precisa ser

cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura. Essa missão é

incumbida aos colégios, mas primeiramente aos meninos, para as meninas foi a

partir do século XVIII. Mesmo assim, dentro da escola havia a separação das

classes, os nobres separados da classe operária.

Na segunda metade do século XVII a política retardou a entrada das

crianças na escola, pois consideravam a criança como fraca, imbecil e incapaz. Cria-

se o primário para as classes populares, com o objetivo de formar mão-de-obra, o

ensino secundário para a burguesia e aristocracia para formar eruditos, pensantes e

mandantes.

Foi somente depois da Segunda Guerra Mundial que houve uma

preocupação assistencialista social, onde se preocupavam com as necessidades

sociais e emocionais das crianças. A partir daí cresceu o interesse por estudiosos

em estudar o desenvolvimento da criança, a evolução da linguagem e a interferência

dos primeiros anos em atuações futuras. Era ai então que reaparecia o a

preocupação com o método de ensino.

No Brasil Escravista, a criança escrava entre 6 e 12 anos já fazia

atividades como auxiliares e a partir dos 12 anos era considerada como um adulto,

já a criança branca aos 6 anos era iniciada nos primeiros estudos da língua.

Com a Abolição e a Proclamação da Republica, a sociedade abria

as portas para uma nova sociedade. Em 1919 foi criado o Departamento da Criança

no Brasil, para amparar os direitos das crianças.

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Em 1970 existe uma crescente evasão escolar e repetência de

crianças de classes pobres. Em virtude disso foi instituído a educação pré-escolar,

para suprir as necessidades culturais existentes na educação familiar da classe

baixa. Porém nos anos 80, ocorreram problemas referentes a essa educação pré-

escolar, como a ausência de uma política global e integrada, dentre outros

problemas.

Com a Constituição de 1988, há a reafirmação da gratuidade do

ensino público em todos os níveis, inclusive a pré-escola.

Primeiramente as pré-escolas surgiram com um caráter

assistencialista, para afastar as crianças pobres do trabalho servil, tinha como

função principal a guarda das crianças. Já no século XIX, a pré-escola tem a ideia

de “educação”, a função aqui é a de compensar as deficiências das crianças, sua

miséria e a negligencia da família.

Quando dizemos que a pré-escola tem uma função pedagógica

estamos nos referindo a um trabalho que toma a realidade e os conhecimentos

infantis como ponto de partida e assim vai ampliando-os, através de atividades que

tem um significado concreto para a vida dessas crianças e que assim adquirem

novos conhecimentos.

Agora que sabemos um pouco desta vasta historia da educação

vamos ver como e porque surgiu a psicopedagogia.

Para Piaget, a educação deve favorecer à criança um

desenvolvimento global e dinâmico desde o inicio do desenvolvimento sensório-

motor até o operatório formal. (ORSI, 2009).

Com o início das escolas, constataram-se as dificuldades de

aprendizagem, sejam elas por aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais

ou pedagógicos, e com isso surgiu a necessidade de uma ciência para resolver ou

atenuar essas dificuldades. Surge então a Psicopedagogia, que não é somente a

aplicação da psicologia à pedagogia, é muito mais que isso, é a integração de várias

áreas, tais como: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Neuropsicologia

psicológica, fonoaudiologica, neuropsicológica e psicolingüística.

O objeto central de estudo da psicopedagogia é a aprendizagem

humana e suas dificuldades.

Segundo Bossa (2007, p.24):

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a psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem - colocando em um território pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia e evoluiu devido a assistência de recursos ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se assim em uma prática.

Em 1946, na Europa, foram fundados os primeiros Centros

Psicopedagógicos, com direção médica e pedagógica. Estes centros uniam

conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, eles tentavam

readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou em

casa e atender crianças com dificuldades de aprendizagem. (Bossa, 2000, p.39)

A união Psicologia-Psicanalise-Pedagogia, pretendia conhecer a

criança e seu meio, para que fosse possível compreender os caso para determinar

uma ação reeducadora. A preocupação da época era diferenciar os que não

aprendiam, apesar de serem inteligentes, dos que apresentavam alguma deficiência

física, mental ou sensorial.

Nota-se que antigamente a preocupação era com as deficiências

sensoriais e com deficiências mentais.

Foi em 1988 que surgiu a primeira iniciativa de médicos e terapeutas

no campo da reeducação, foram assim instituídas as primeiras “classes especiais”, e

também as primeiras consultas para o encaminhamento das crianças com retardo

mental.

Ainda nessa época, com a incorporação de conceitos psicanalíticos,

a explicação era de que é na criança e no ambiente familiar que estavam as causas

para os problemas ou desajustes infantis.

A cidade de Buenos Aires, na Argentina, foi a primeira a oferecer o

curso de Psicopedagogia, sobre influencia Européia, mas bem antes disso já existia

a atividade psicopedagógica.

Na década de 70 surgiram os CENTRO DE SAUDE MENTAL, onde

as equipes de psicopedagogos atuavam fazendo o diagnostico e tratamento das

crianças que não estavam preparadas para o ensino regular. Mesmo depois de um

ano de tratamento, foi percebido que aqueles problemas haviam sido resolvidos,

porém manifestaram-se novos problemas, distúrbios de personalidade como

deslocamento de sintoma, e a partir desse novo problema incluíram a Psicanálise no

seu trabalho, ligando assim a Psicopedagogia da Argentina a duas áreas: Saúde e

Educação.

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No Brasil, a Psicopedagogia chegou na década de 70, cujas

dificuldades eram explicadas, assim como na Europa, como produto de fatores

orgânicos, as dificuldades eram associadas a uma disfunção neurológica

denominada Disfunção Cerebral Mínima (DCM).

No final da década de 70 surgiu no Brasil os primeiros cursos de

especialização em Psicopedagogia, para complementar a formação de Pedagogos e

Psicólogos que buscavam soluções para os problemas de aprendizagem.

Com esta visão de formação independente, porém complementar, o

Brasil recebeu contribuições de profissionais da Argentina, para o maior

desenvolvimento da área psicopedagógica.

O professor Argentino Jorge Visca foi um dos maiores contribuidores

da difusão da prática psicopedagógica no Brasil, pois ele foi o criador da

Epistemologia Convergente, que propõe um trabalho com a aprendizagem

integrando três linhas da Psicologia: Psicogenética de Piaget, Escola Psicanalítica –

Freud e Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Riviére.

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento

psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de

prevenção, dando origem ao método clinico pedagógico.

...quando se fala de psicopedagogia clinica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p.16).

Seja na clinica ou na instituição, o psicopedagogo busca

compreender o significado de cada particularidade, ou seja, cada caso é um caso.

A Psicopedagogia Institucional atende a estes contextos: hospitais,

empresas, escolas, etc...

Na escola é que o trabalho é bem mais amplo, pois é dever do

psicopedagogo analisar e compreender a prática escolar e a sua relação com a

aprendizagem, apoiar os trabalhos da escola, prevenir os fracassos de

aprendizagem, propondo medidas preventivas e reparativas.

Ao pensarmos em aprendizagem devemos levar em conta o

processo: escola, família e sociedade. Quando um psicopedagogo trabalha na

escola ele deve levar em consideração questões metodológicas, relacionais e

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socioculturais, desse aluno que esta envolvido com a aprendizagem.

O psicólogo Samuel Kirk (SANCHEZ, 1998) observou que as

dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças eram inexplicáveis, pois

não se encaixavam na educação especial, tampouco com o nível de inteligência,

ambiente familiar ou instrução oferecida, pois eram perfeitamente adequados, para

isso usou o termo Dificuldades de Aprendizagem, referindo-se a problemas na

aprendizagem acadêmica.

Kirk restingiu os critérios de classificação das DA e identificava estas

crianças como:

“a) que mostravam uma discrepância entre seu potencial de aprendizagem e o de execução; b) em que o atraso acadêmico não se devia a outras deficiências sensoriais; c) que não tinham aprendido pelos métodos usuais e que necessitavam de métodos especiais de instrução” (CASAS, 1994, apud Cruz, 1999)

Autores como Lozano e Rioboo (1998), dizem que há três fatores

gerais que afetam as dificuldades de aprendizagem: os dependentes da

personalidade do próprio sujeito, os dependentes das instituições educativas, e os

dependentes dos contextos familiares e sociais. Embora as dificuldades de

aprendizagem sejam de causa por parte de problemas intrínsecos aos alunos, os

mesmos são frequentemente afetados pelo ambiente em que vivem. As condições

em casa e na escola podem fazer a diferença entre uma leve dificuldade e um

problema verdadeiramente incapacitante. Por isso é fundamental entender como os

ambientes domésticos e escolar afetam o desenvolvimento intelectual da criança.

Existem inúmeras pesquisas que dizem que um ambiente

estimulante e encorajador, tanto escolar e familiar, produz estudantes aptos e

dispostos a aprender, mesmo em crianças cuja saúde e/ou inteligência foram

comprometidas de alguma maneira. Os pais devem dar estimulo e afeto aos filhos,

mesmo no caso em que os pais não tenham muito tempo disponível, deve-se

aproveitar o pouco tempo para dar atenção a eles, dar carinho, afeto, encorajar para

aprender, as crianças devem ter segurança em si próprias e nos pais que a

encorajam.

Quanto ao ambiente escolar, as crianças devem estar prontas e ser

capazes de aprender e também ter oportunidades apropriadas de aprendizagem e,

se o sistema educacional não oferecer isso, os alunos talvez nunca possam

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desenvolver sua faixa plena de capacidades, mesmo não havendo nada fisicamente

errado com eles, e mesmo eles tendo um bom convivo e estímulo em casa.

Uma das manifestações de conduta mais evidentes de DA, é o baixo

rendimento, pois o aluno que pode sofrer fracasso na aprendizagem apresenta uma

das seguintes características: atraso de um ou mais anos quando a idade é

relacionada a áreas de leitura, escrita e matemática; pertence a grupos em

desvantagem econômica e cultural; e tem a possibilidade de abandonar a escola,

seja por razões sociais, de saúde ou educacionais e percebem suas dificuldades em

aprender.

Raramente as Dificuldades de aprendizagem tem origens apenas

cognitivas. Atribuiu ao próprio aluno seu fracasso, considerando que haja algum

comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou

emocional, desestruturação familiar, sem considerar, as condições de aprendizagem

que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem

a não-aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem na escola, podem ser

consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. É

preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há varias

formas de aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar

vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, reforçando cada vez

mais esses vínculos.

De acordo com GUZZO (2001) é necessário que haja um

deslocamento do paradigma da doença para a saúde. Indica a pertinência de se

trabalhar com a promoção de qualidades positivas, tais como satisfação, esperança,

otimismo, sensibilidade, na construção da subjetividade. Essas qualidades positivas

estão presentes nos alunos, mas os professores e psicólogos tem dado mais

importância a identificação de problemas, dificuldades ou distúrbios.

O aluno ao perceber que esta com dificuldades de aprendizagem,

muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, agressividade, etc. A

dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta rendimento baixo por

vontade própria.

Num passado ainda próximo, nos casos detectados de DA, a criança

era encaminhada para classes ou escolas especiais que possuíam um ensino

diferenciado. Mas assim a criança acabava por ser estigmatizada e fazer parte de

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um segmento social marginalizado, onde as oportunidades de ampliação de suas

potencialidades eram reduzidíssimas. Mesmo hoje, diante de qualquer desvio do

padrão de comportamento, principalmente na escola, a primeira hipótese de

explicação ainda faz referencia a um possível problema mental. Devemos mudar

esse modo de pensar e diagnosticar com precisão essa criança, para saber

realmente qual é sua dificuldade.

Durante muitos anos os alunos foram penalizados,

responsabilizados por seu próprio fracasso, sofriam punições e críticas, mas com o

avanço da ciência, hoje não podemos acreditar nisso, as dificuldades de

aprendizagem, são uma questão muito mais complexa, onde vários fatores podem

interferir na vida escolar, tais como os problemas de relacionamento professor-

aluno, as questões de metodologia de ensino e os conteúdos escolares.

As crianças que manifestam uma dificuldade específica de

aprendizagem em certas ocasiões, manifestam também outras geradas por esta, e

crianças que manifestam dificuldades gerais de aprendizagem, com freqüência,

mostram uma competência considerável em uma área determinada do

funcionamento especifico; isso ocorre, quando se consideram em separado grupo

com dificuldades de aprendizagem de etiologia distinta. Consequentemente, esse

tipo de discrepância pode causar problemas com a estigmatização do sujeito, alem

de rotular as crianças com apenas uma característica, quando muitas delas na

realidade apresentam mais de uma dificuldade.

Como se vê, a preocupação em diagnosticar as dificuldades de

aprendizagem é antiga, mas é fundamental reconhecer que sua presença baseia-se

na presença de dificuldades significativas, em uma discrepância entre o resultado

escolar esperado e o alcançado pela criança. Isso fez surgirem questionamentos

sobre a formação do professor, recursos e técnicas utilizadas, falta de pesquisa e

verbas para tal, porem deveria partir também do interesse pessoal do professor

especializar-se para ajudar a diagnosticar os problemas de aprendizagem.

Atualmente, fica cada vez mais evidente que se faz necessário

considerar o aspecto orgânico como importante na avaliação do problema de

aprendizagem, no entanto, é também, indispensável, que os aspectos cognitivos e

afetivos sejam ponderados na elaboração do diagnóstico, como também no

tratamento indicado.

Os estudos mencionados evidenciam a importância de se estudarem

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as dificuldades de aprendizagem não só a partir da relação com as atividades

cognitivas das crianças, mas também com os aspectos da personalidade e

emocionais do próprio sujeito, considerando o seu envolvimento com o ambiente em

que se está inserido.

É também indispensável registrar que equipes multidisciplinares,

compostas por médicos, pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, professores e

demais profissionais envolvidos, cada vez mais, se colocam a serviço dos casos de

problemas de aprendizagem, colaborando para que as crianças encaminhadas

possam desfrutar plenamente sua cidadania.

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CONCLUSÃO

As explicações e conceitos sobre as origens da educação, da

psicopedagogia e dos problemas de aprendizagem, que foram encaminhadas até

aqui, apontam que os tempos mudaram; pelo menos no que se diz à educação, que

tempos atrás era somente para instruir o trabalho servil e para as classes mais

favorecidas, mas como tudo foi mudando hoje a educação é direito e dever de todos,

desde crianças à adultos.

O olhar que se tem sob os problemas de aprendizagem também

mudou muito, porém não devemos parar por aí, pois antes pensava-se somente

numa causa orgânica, hoje sabemos que há vários outros fatores envolvidos nos

problemas de aprendizagem, sabemos que a criança deve estar inserida num meio

social e cultural favorável, ter apoio e afeto da família, ter uma boa relação escolar, e

também cabe aos professores, psicólogos, psicopedagogos, ajudar na formação

desta criança, diagnosticar a dificuldade de aprendizagem e encaminhar para um

devido tratamento, pois todas as crianças tem direito a educação de qualidade.

Por fim, sabemos que o processo de aprendizagem é complexo e

que estão incluídas inúmeras variáveis: aluno, professor, concepção e organização

curricular, metodologias, estratégias, recursos. Mas a aprendizagem do aluno não

depende somente dele e sim do grau de ajuda do professor. Se o ajuste entre

professor e aluno for apropriado, o aluno aprenderá e apresentará progressos,

qualquer seja seu nível ou se possua algum problema de aprendizagem. É na

interação que nasce a educação.

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REFERÊNCIAS

BOSSA, Nadia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil - Contribuições a partir da prática - 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas do Sul, 2000.

BOSSA, Nadia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil - Contribuições a partir da prática - 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas do Sul, 2007.

CRUZ, V. Dificuldades de Aprendizagem – fundamentos. Lisboa: Porto Editora, 1999.

GUZZO, R. S. L. Saúde Psicológica, sucesso escolar e eficácia da escola: desafios do novo milênio para a psicologia escolar. Campinas: Alínea, 2001.

LOZANO, B. A e RIOBOO, P. A. Ddificultades de aprendizaje: categorias e classificación, factores, evaluación y proceso de intervención psicopedagogica. IN Santiuste Bermejo. Madrid: Síntesis, 1998.

ORSI, Maria Julia Scicchitano. Psicologia Evolutiva. Contribuições da Teoria cognitiva, psicanalítica e sócio interacionista. Londrina: 2009.

PAES, Michele Fabiane A. S. G. Fundamentos da Psicopedagogia. Londrina, 2009.

PIAGET, J.; GRECO, P. Aprendizagem e conhecimento. São Paulo: Freitas Bastos, 1974.

SANCHEZ, J. N. G. Historia y concepto de las dificultades de aprendizaje. Espana: Sintesis, 1998.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica: Epistemologia Convergente Porto Alegre: Artes Médicas, 1987