trabalhador rural

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1. INTRODUÇÃO Um dos problemas mais frequentes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e principal causa que leva à negativa de concessão de benefícios rurais, decorre da falta de comprovação da qualidade de segurado especial, diante da ausência do tempo de exercício da atividade rural. O INSS é o órgão responsável pelo pagamento dos benefícios. Já a Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. Desse modo, para que alguém tenha direito à concessão do benefício requerido, é preciso que preencha os requisitos para tal concessão, seja contribuindo, seja comprovando o efetivo exercício da atividade rural. Nesse sentido, trataremos principalmente da comprovação da qualidade de segurado especial, afim de assegurar os benefícios destinados aos trabalhadores rurais. 2 Trabalhador Rural O trabalhador rural foi definido pela Lei nº 4.214/63 (Estatuto do Trabalhador Rural) como a pessoa física que presta serviços a empregador rural, em prédio rústico, mediante remuneração em dinheiro, in natura ou mista. Decompondo esta definição, temos cinco elementos que configuram a relação jurídica envolvendo o trabalhador rural: (I) pessoa física, (II) prestação de serviço, (III) empregador, (IV) local e (V) remuneração. As duas primeiras características são imprescindíveis, caso contrário não haveria trabalho subordinado. Considera-se empregador rural a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividades agrícolas, pastoris ou na indústria rural, em caráter temporário ou permanente, diretamente ou através de prepostos. 3 Segurado Especial O Segurado Especial é a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (I) agropecuária; (II) seringueiro ou extrativista vegetal; (III) pescador artesanal. Também são segurados especiais os respectivos cônjuges ou companheiros desses trabalhadores rurais, afora seus filhos maiores de dezesseis anos ou ale equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. Esses trabalhadores devem exercer suas atividades individualmente em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros. O regime de economia familiar enfoca a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados. Não se confunde com o auxílio eventual de terceiros, exercido ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, sem remuneração e sem subordinação entre as partes. QR. 302, Conjunto 01, Edifício Fórum, térreo, Samambaia Sul, CEP: 72.360-030 Telefones: (61) 3357-2616 / 3103-2617

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Trabalho Rural

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1. INTRODUOUm dos problemas mais frequentes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e principal causa que leva negativa de concesso de benefcios rurais, decorre da falta de comprovao da qualidade de segurado especial, diante da ausncia do tempo de exerccio da atividade rural.O INSS o rgo responsvel pelo pagamento dos benefcios. J a Previdncia Social o seguro social para a pessoa que contribui. uma instituio pblica que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados.Desse modo, para que algum tenha direito concesso do benefcio requerido, preciso que preencha os requisitos para tal concesso, seja contribuindo, seja comprovando o efetivo exerccio da atividade rural.Nesse sentido, trataremos principalmente da comprovao da qualidade de segurado especial, afim de assegurar os benefcios destinados aos trabalhadores rurais.

2Trabalhador RuralO trabalhador rural foi definido pela Lei n 4.214/63 (Estatuto do Trabalhador Rural) como a pessoa fsica que presta servios a empregador rural, em prdio rstico, mediante remunerao em dinheiro,in naturaou mista.Decompondo esta definio, temos cinco elementos que configuram a relao jurdica envolvendo o trabalhador rural: (I) pessoa fsica, (II) prestao de servio, (III) empregador, (IV) local e (V) remunerao.As duas primeiras caractersticas so imprescindveis, caso contrrio no haveria trabalho subordinado.Considera-se empregador rural a pessoa fsica ou jurdica, proprietrio ou no, que explore atividades agrcolas, pastoris ou na indstria rural, em carter temporrio ou permanente, diretamente ou atravs de prepostos.3Segurado EspecialO Segurado Especial a pessoa fsica residente no imvel rural ou em aglomerado urbano ou rural prximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxlio eventual de terceiros a ttulo de mtua colaborao, na condio de produtor, seja proprietrio, usufruturio, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatrio ou arrendatrio rurais, que explore atividade: (I) agropecuria; (II) seringueiro ou extrativista vegetal; (III) pescador artesanal.Tambm so segurados especiais os respectivos cnjuges ou companheiros desses trabalhadores rurais, afora seus filhos maiores de dezesseis anos ou ale equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.Esses trabalhadores devem exercer suas atividades individualmente em regime de economia familiar, ainda que com o auxlio eventual de terceiros. O regime de economia familiar enfoca a atividade em que o trabalho dos membros da famlia indispensvel prpria subsistncia e exercido em condies de mtua dependncia e colaborao, sem a utilizao de empregados. No se confunde com o auxlio eventual de terceiros, exercido ocasionalmente, em condies de mtua colaborao, sem remunerao e sem subordinao entre as partes.No integram o grupo familiar do segurado especial, igualmente, os filhos e as filhas casados, os genros, noras, sogros, sogras, tios, tias, sobrinhos, sobrinhas, primos, primas, netos, netas e os afins.A princpio, o membro do grupo familiar que possui outra fonte de rendimento, qualquer que seja a sua natureza, no poder ser enquadrado como segurado especial.Exceo regra repousa naqueles rendimentos originrios (I) de penso por morte deixada pelo segurado especial, (II) de auxlios-acidente, auxlios-recluso e penses, cujos valores sejam inferiores ou iguais ao menor benefcio de prestao continuada, (III) de auxlio pecunirios de carter assistencial concedidos pelas diversas esferas do Poder Pblico, exceto o benefcio de Amparo Social, previsto no art. da Lei n 8.742/93 (Lei Orgnica da Assistncia Social) e (IV) da comercializao de artesanato rural, bem como seus subprodutos e os resduos obtidos por meio deste processo, dentre outros ( 4, art. 7, IN MPS/INSS n 2/2007).De todo modo, para fins previdencirios, trabalhador rural gnero do qual so espcies os contribuintes segurado empregado, segurado individual, segurado avulso e at segurado especial.Assim, os trabalhadores que comprovadamente desempenham atividades rurais, independentemente da natureza da atividade do empregador, tm direito ao prazo reduzido, previsto no art. 201, 7, II da CF/88, para fins de concesso de aposentadoria por idade.So trabalhadores rurais, na categoria de segurados empregados, os assalariados rurais safristas, conforme os arts. 14, 19 e 20 da Lei 5.889/73.Finalmente, concluindo os conceitos atrelados ao segurado especial, temos o pescador artesanal, profissional que faz da pesca sua profisso habitual ou seu meio principal de vida, sem a ajuda de empregados.3.1 Perodode GraaComo ensina Wladimir Novaes Martinez, o tempo durante o qual, mesmo sem o exerccio da atividade sujeita filiao e sem contribuio, o titular (e seus familiares) mantm a filiao e, consequentemente, os direitos at ento assegurados.Perodo de graa o lapso pelo qual o segurado mantm sua qualidade, independentemente do recolhimento de contribuies sociais previdencirias.Durante o perodo de graa, o segurado conserva todos os seus direitos perante a previdncia social, podendo solicitar benefcios normalmente. Indevidamente, a legislao previdenciria impede a concesso de auxlio-acidente a segurados desempregados. A mesma vedao existe, parcialmente ao salrio-maternidade (Ibrahim, 2008). possvel averiguar esses lapsos de preservao no art. 15 da Lei n 8.213/91. Confira-sein verbis:Art.15.Mantm a qualidade de segurado, independentemente de contribuies:I - sem limite de prazo, quem est em gozo de benefcio;II - at 12 (doze) meses aps a cessao das contribuies, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdncia Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remunerao;III - at 12 (doze) meses aps cessar a segregao, o segurado acometido de doena de segregao compulsria;IV - at 12 (doze) meses aps o livramento, o segurado retido ou recluso;V - at 3 (trs) meses aps o licenciamento, o segurado incorporado s foras Armadas para prestar servio militar;VI - at 6 (seis) meses aps a cessao das contribuies, o segurado facultativo.O prazo de doze meses disposto no inciso II supramencionado ser prorrogado para at vinte e quatro meses se o segurado tiver mais de cento e vinte contribuies quitadas (sem interrupo que acarrete a perda da qualidade de segurado).Acaso os segurados especiais, produtores rurais pessoas fsicas, produtores rurais pessoas jurdicas, trabalhadores rurais empregados, trabalhadores rurais avulsos e trabalhadores rurais contribuintes individuais apresentem at cento e vinte contribuies efetivamente recolhidas, ter-se- a mantena de sua condio de segurado independentemente de qualquer recolhimento, por doze meses contados a partir da data do encerramento das atividades laborais. Caso tais segurados tenham mais de cento e vinte contribuies, o perodo de graa elevar-se- para vinte e quatro meses.Mantm ainda a qualidade de segurado, independentemente de contribuies e sem limite de prazo, quem est em gozo de benefcio previdencirio.Apesar de a legislao falar em perodo de doze ou vinte e quatro meses, o declnio da qualidade de segurado ocorre aps treze ou vinte e cinco meses, acrescidos de dez ou quinze dias, conforme a espcie de contribuinte e a data de recolhimento das contribuies sociais previdencirias ( 4, art. 15 da Lei n 8.213/91).3.2 CarnciaPerodo de carncia o nmero mnimo de contribuies mensais mnimas que o segurado deve efetivar para ter direito a benefcio, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competncias.Wladimir Novaes Martinez aponta que no Direito Previdencirio, significa nmero mnimo de cotizaes mensais impostas para o beneficirio fazer jus determinada prestao e transcurso do tempo correspondente. A carncia medida em contribuies mensais e no em meses.Para o segurado especial que no opta pelo recolhimento como contribuinte individual, que so a grande maioria, o perodo de carncia contado a partir do efetivo exerccio da atividade rural.Perodo de carncia o tempo correspondente ao nmero mnimo de contribuies mensais indispensveis para que o beneficirio faa jus ao benefcio, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competncias.Para o segurado especial, considera-se perodo de carncia o tempo mnimo de efetivo exerccio de atividade rural, ainda que de forma descontnua, igual ao nmero de meses necessrio concesso do benefcio requerido.Atualmente, a concesso das prestaes pecunirias do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) depende dos seguintes perodos de:a) auxlio-doena e aposentadoria por invalidez: doze contribuies mensais;b) aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuio e aposentadoria especial: cento e oitenta contribuies mensais;c) salrio maternidade para as seguradas contribuintes individuais e especiais: dez contribuies mensais.Por outro lado, independe de carncia as seguintes prestaes:a) penso por morte, auxlio-recluso, salrio-famlia e auxlio-acidente decorrente de acidente de qualquer natureza;b) salrio maternidade para as segurada empregadas e trabalhadora avulsa;c) auxlio-doena e aposentadoria por invalidez, nos casos de acidente de qualquer natureza, inclusive decorrente do trabalho, bem como nos casos em que o segurado, aps filiar-se ao RGPS, for acometido por determinadas doenas ou infeces (tuberculose ativa, hansenase, alienao mental, etc.);d) a reabilitao profissional.Para fins de concesso de benefcio, cujo perodo de carncia de doze meses, o segurado especial dever apresentar apenas um dos documentos h pouco exemplificados, comprovando a atividade rural no referido lapso (ltimos doze meses). Em se tratando de benefcio que no exija carncia, o segurado especial tambm dever apresentar apenas um dos referidos documentos, o qual dever comprovar que o exerccio da atividade rural antecede a ocorrncia do evento.3.3. Aposentadoria por idade e Comprovao da qualidade de Segurado EspecialA aposentadoria por idade ser devida aos segurados trabalhadores rurais e aos segurados especiais que completarem sessenta anos, se homem, e cinqenta e cinco anos, se mulher.A comprovao do exerccio de atividade rural ser feita em relao aos meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefcio, durante o perodo igual ao da carncia exigida para sua concesso. No haver contratempos se tal comprovao pontuar lapsos descontnuos.O procedimento se justifica: imaginemos um homem que tenha exercido todas as atividades profissionais na rea urbana e, ao atingir 59 anos de idade, venha a se instalar em rea rural e trabalhar como empregado poder aposentar-se por idade aos 60 anos? Certamente no, pois apesar de ser trabalhador rural, e mesmo que tenha a carncia, deve comprovar que tenha trabalhado tempo idntico carncia em atividade rural (Ibrahim, 2008).H que se falar ainda em comprovao documentalcontemporneaaos perodos a serem contados, mencionando, inclusive, as datas de incio e trmino das atividades.Servem como prova, dentre outros, os seguintes documentos:- comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA);- declaraes de sindicatos de trabalhadores rurais ou colnias de pescadores, desde que homologadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);- contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;- bloco de notas do produtor rural;- licena de ocupao ou permisso outorgada pelo INCRA;Na falta de documentos contemporneos, podem ser aceitos certificados ou certides de entidade oficial dos quais constem os dados acima previstos, desde que extrados de registros efetivamente existentes e acessveis fiscalizao previdenciria.Para o segurado especial que contribui facultativamente, o produtor rural pessoa fsica e o produtor rural pessoa jurdica, as contribuies existentes no Cadastro Nacional de Informaes Sociais (CNIS) sero consideradas para fins de carncia, observando-se os valores e data da efetivao dos recolhimentos (Marcel Cordeiro, 2008)Nesses casos, a contagem da carncia inicia-se a partir da data do efetivo recolhimento da primeira contribuio sem atraso, no sendo consideradas as exaes quitadas com atraso referente s competncias anteriores.A fim de facilitar o requerimento de quaisquer benefcios previdencirios, muito importante que o segurado especial se cadastre em uma das agncias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).A inscrio do segurado especial ser feita de forma a vincul-lo ao seu respectivo grupo familiar e conter, alm das informaes pessoais, a identificao de propriedade em que desenvolve a atividade e a que ttulo, se n nela reside ou municpio onde reside e, quando for o caso, a identificao e inscrio da pessoa responsvel pela unidade familiar.O cadastro contemporneo pode evitar a necessidade de outros documentos para a comprovao do exerccio da atividade.Se houver a perda da qualidade de segurado, qualquer que seja a poca da inscrio ou da filiao na Previdncia Social, as contribuies anteriores a essa data s podero ser computadas para efeito de carncia depois que o segurado contar, a partir da nova filiao ao RGPS, com, no mnimo, 1/3 do nmero de contribuies exigidas para a concesso da respectiva prestao.CONCLUSOA Previdncia Social, atravs da contribuio de todos, reconhece e concede benefcios aos segurados especiais, sem que eles contribuam com pagamento em dinheiro, bastando comprovar a atividade rural em regime de economia familiar por um certo perodo de tempo, chamado de perodo de carncia.Nesse caminho, o legislador constituinte preveniu na Constituio Federal, inmeras adversidades da vida que afligem a sociedade, impondo a esta, um sistema que, por meio de contribuies, os segurados contribuintes e seus dependentes recebam certa cobertura acaso um daqueles eventos previstos ocorra.Conclui-se, portanto, que para que o Segurado Especial faa jus ao benefcio de Aposentadoria por Idade, necessrio que comprove o exerccio de atividade rural nos meses imediatamente anteriores data do requerimento do benefcio, caso contrrio, estar descaracterizada tal qualidade.

QR. 302, Conjunto 01, Edifcio Frum, trreo, Samambaia Sul, CEP: 72.360-030Telefones: (61) 3357-2616 / 3103-2617