torÇao de peÇas de seÇao aberta com hastes de … · sanchez filho, emi l de souza ... meu...

149
TORÇAO DE PEÇAS DE SEÇAO ABERTA COM HASTES DE PAREDES DELGADAS DE CONCRETO ARMADO Emi l de Souza Sânchez Filho TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇAO DOS PROGRAMAS DE PÕS-GRADUAÇAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JA NEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENÇAO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS DE.ENGENHARIA CIVIL (M.Sc.). Aprovado por: PROF. SYDNEY MARTINS GOMES DOS SANTOS PRESIDENTE ) PROF. ADOLPHO POLI LLO Rio de Janeiro, RJ. - BRASIL JANEIRO de l9S!l

Upload: tranduong

Post on 27-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

TORÇAO DE PEÇAS DE SEÇAO ABERTA COM HASTES DE

PAREDES DELGADAS DE CONCRETO ARMADO

Emi l de Souza Sânchez Filho

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇAO DOS PROGRAMAS DE

PÕS-GRADUAÇAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JA

NEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENÇAO DO

GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS DE.ENGENHARIA CIVIL (M.Sc.).

Aprovado por:

PROF. SYDNEY MARTINS GOMES DOS SANTOS

PRESIDENTE )

PROF. ADOLPHO POLI LLO

Rio de Janeiro, RJ. - BRASIL

JANEIRO de l9S!l

i i

SANCHEZ FILHO, Emi l de Souza

TORÇÃO DE PEÇAS DE SEÇÃO ABERTA COM PAREDES DE

HASTES DELGADAS DE CONCRETO ARMADO

xxii, 128 p., p_.29,7cm (COPPE/UFRJ, M.Sc. Engenharia

Civil, 1987)

Tese - Uni ve rs idade Federal do Ri o de Janeiro, COPPE/

UFRJ

l. Hastes de Paredes D~lgadas

11. Título (Série)

1 . COPPE/UFRJ

A

Sandra, Yuri e Natália

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Professor vfrgilio de Bastos Freire Filho da Uni-

versidade Federal de Juiz de Fora, meu Mestre e iniciador na Re­

sistência dos Materiais.

Ao Professor Sydney Martins Gomes dos Santos, Mestre,

orientador e interlocutor de méritos e saberes incontestáveis, a

quem sempre recorri nos momentos de dúvidas.

Aos companheiros da COPPE, em especial aos sinceros e

leais amigos, Eduardo Rizzatti, Miguel Angel Castro Cisterna e

Jul ián Quejada.

V

RESUMO DA TESE APRESENTADA A COPPE/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISI­

TOS NECESSÃRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊN­

CIAS DE.ENGENHARIA CIVIL ( M.Sc.),

TORÇÃO DE PEÇAS DE SEÇÃO ABERTA COM HASTES DE PAREDES

DELGADAS DE CONCRETO ARMADO

Emi 1 de Souza Sánchez Fi 1 ho

JANEIRO de 1938

ORIENTADOR: Sydney Martins Gomes dos Santos

PROGRAMA Engenharia Civi 1

O presente trabalho analisa as peças de concreto arma­

do sujeitas à solicitação de torção, diferindo o comportamento me­

cânico das peças em hastes de paredes delgadas face à torção. de . Saint-Venant e torção de empenamento.

Uma rápida explanação do desenvolvimento ocorrido nas

três Últimas décadas no estudo da torção de peças de concreto ar

mado é realizado.

O desenvolvimento minucioso da Teoria de Vlassov para

torção visa suprir as carências bibliográficas em português e en

candear o raciocínio para uma análise em regime não-linear fissu

rado, caso geral do concreto armado.

vi

ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO COPPE/UFRJ AS FULFILLMENT OF

THE REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER OF SCIENCE tN.CIVIL

ENGINEERING (M.Sc.).

TORSION OF OPEN THIN-WALLED PIECES OF REINFORCED CONCRETE

Em i I d e Souza Sá n eh e z F i I h o "

Janeiro· de:1988.

CHAIRMAN: Sydney Martins Gomes dos Santos

PROGRAMA: Civil Engineering

The present work analyses pieces of Reinforced Concrete

sub j e e te d to s o I i e i ta t i o n o f To r s i o n , d e f e r i n g the mechan i e behav i or

of thin-walled pieces dueto Saint-Venant's and warping torsion.

A quick explanation of development of the last three

decades about torsion of pieces of reinforced concrete has been

real i zed.

The detai led development of Vlassov's Torsion Theory

supplies a bibliography in portuguese wich the original was

lacking and linkes the reasoning for an analysis in .pnonê-linear

cracked rule, general case of reinforced concrete.

vi

NOTAÇÕES

- areada seçao transversal

da pelos estribos

area; areada seçao compreendi-

A - areada seçao transversal fissurada c

Ash - armadura transversal

A. - area de uma barra longitudinal genérica 1

As! - arm~dura longitudinal

A - areada armadura na direção x e y, sy

- area definida pela linha média do perfil

respectivamente

do tubo

a - cota no sistema cartesiano; maior dimensão da seçao retan-

guiar

B - bimomento

B - bimomento na seçao fissurada c

b - cota no sistema cartesiano; menor dimensão da seçao retan-

guiar

V j i i

C - momento de inércia a torção (constante torsional)

C - momento de inércia ã torçao da peça fissurada cr

C G - rigidez torsional de Saint-Venant apos a fissuração cr cr

d1

, d2

- dimens~es da seçao transversal

E - môdulo de elasticidade longitudinal

E1

- môdulo de elasticidade longitudinal reduzido

E - módulo de elasticidade longitudinal do aço s

E - môdulo de elasticidade longitudinal do concreto c

E , E - momentos estáticos em relação aos eixos y e z, respect~ y z

vamente

E - momento setorial estático w

E - momento setorial estático em relação ao ~entro de cisalha WG

mento

E E - produtos setoriais de inércia em relação aos éi~os y.w' z.w

y e z, respectivamente.

ix

EJ - rigidez torsional ao empenamento w

(EJ) - rigidez torsional ao empenamento apos a fissuração w cr

e - deslocamento na direção do eixo n.

F - tensao na armadura longitudinal

- força na armadura transversal

força na armadura longitudinal

,tensao na armadura 0 transversal

- tensão de compressao máxima no concreto

- tensão de escoamento da armadura na direção x

respectivamente

f - tensão de escoamento do aço y

fs - tensão no aço

G - módulo, de elasticidade. transversal

H - altura do perfil

h - espessura da seçao vazada fictícia

e y

X

h . - espessura da seçao vazada fictícia WI

J - rigidez torsional de Saint-Venant da seçao fissurada cr

J , J - momento de inircia segundo os eixos y e z, respectiva -y z

mente

J - produto de inircia yz

Jp - momento de inircia polar

J - momento setorial de inircia w

J - momento setorial de inircia da seçao fissurada WC

* J - momento setorial de inircia devido ao empenamento transver- :. w

sal

J1

- lQ invariante do tensor de tensões

K - comprimento característico

L - largura da mesa do perfil

~- - vao

xi

M - momento fletor

M , M - momentos fletores segundo os eixos y e z, respectivame~ y z

M , M y; z c c

te

momentos fletores segundo os eixos y e z, respectiva­

mente, da seção fissurada

md - momento torçor uniformemente distribufdo

m, m, m - momentos uniformemen.'fê:-distribuídos,'seg\irido os;eixos X y Z

x~ y.e z respectivamente.:··

N - açao normal

n - relaçao entre os módulos de elasticidade longitudinais

n , n - esforços normais atuantes no painel fissurado X y

P - açao normal

ph - perímetro da linha média dos estribos

px' py' p2

- carga uniformemente distribuída segundo os eixos x,

y e z, respectivamente

p0

- perímetro do fluxo de tensões cisalhantes

Xi i

Qy' Qz - esforços cisalhantes segundo os eixos y e z, respectiv~

mente

q - fluxo de tensões cisalhantes

R - raio

Rh - resultante da armaçao transversal

Ri - resultante da armaçao longitudinal

r - distância do eixo n ao centro de cisalhamento n

S - areada seçao transversal

s coordenada ao longo do eixo midio da seçao; espaçamento dos

estribos

T - momento torçor

T - torçao de Saint-Venant s

T - torção devida ao empenamento longitudinal w

* T - torçao devida ao empenamento transversal

w

xi

T - torçor Ültimo u

t - espessura da parede da seçao

u deslocamento linear segundo o eixo x; perímetro dos estri-

bos

* u deslocamento linear segundo o eixo x (empenamento transver

sal)

v - deslocamento linear segundo o eixos

W - trabalho

X,Y,Z - coordenadas cartesianas

X,Y - dimensões da seçao retangular plena

y , z c c

coordenadas cartesianas da seçao fissurada

ângulo; ângulo de inclinação das fissuras; coeficiente di

mensional

ªe - relação entre os módulos de elasticidade longitudinais

xiv

- coeficiente adimensionJl

Y~s - distorção devida ao empenamento longitudinal

Yxn - distorção devida ao empenamento transversal

E - deformação específica

n - deslocamento linear segundo o eixo Z; coeficiente ad.imenido

nal

e - ãngulo de torção

µ - coeficiente de Poisson

v - coeficiente de Poisson

- deslocamento 1 inear segundo o eixo y

a tensao normal

a - tensão de compressao no concreto; tensao na seçao fissurada e

a , a - tensões de compressao np.pai nel fi ssurado ex cy

- tensao normal de flexão na biela de concreto devido a tor

çao

XV

o1

, o1

- tensões de tração no painel fissurado X y

a a - tensões normais no painel fissurado x' y

0:, o- G/ - tensões principais 1 . 2' 3

, - tensao tangencial

'Q - tensão tangencial

T - tensao tangencial xn

's - tensao tangencial

devida a Q ou Q y z

* devida a T w

devida a T s

'xy - tensão tangencial no painel fissurado

'w - tensão tangencial devida a T w

1, 1 - taxas mecinicas das armaduras segundo os eixos x e y, X y

respectivamente

- curvatura· da biela comprimi da

~ - ingulo de ruptura do concreto

w - coordenada setorial

w - coordenada setorial da seçao fissurada 'C

xvi

INDICE

Páginas

1 NTRODUÇÃO ............•.•.......... , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O 1

CAPÍTULO 1 - CONCEITOS INICIAIS ....................•.

1 .1 - DEFINIÇÃO DAS PROPRIEDADES GEOME­

TRICAS DE UMA SEÇÃO

1 • 1 • 1 - Conceituação

05

05

05

1 .1 .2 - Centro de Cisalhamento . . . .. .. .• 13

1 .1.3 - Sistemas de Coordenadas . ..•. .•. 15

1. 2 - DEFINIÇÃO DE PEÇAS COM HASTES DE

PAREDES DELGADAS

1 . 2. 1 - Prólogo

1 7

"·· 1 7

1.2.2 - Definições Clássicas . . . . .. . . . . . 17

1.2.2.1 - Vlassov ...........•.......... 17

1.2.2.2 - Kollbrunner .................. 18

1.2.2.3 - T.H.G. Megson ..........•..... 18

1.2.2.4 - Zbirohowski-Kõscia ........... 19

1 .2.3 - Caso Particular do Concreto Ar-

mado ........................... 20

XV i i

1 .3 - ESTUDO ANALÍTICO DO BIMOMENTO . . . . 22

1.3.1 - Equilíbrio Estãtico das Solicit~

çoes • . . • • • . . . . . . . . . . . . • • . . • . • . . 22

1 .3.1 .1 - Eixos Coordenados • . •. •• .. .. •• 22

1 .3.1 .2 - Carregamentos Atuantes .•• .. .• 22

1.3.2 - Hipóteses Bãsicas ••...........• 24

1 • 3. 3 - Condições de Equilíbrio 25

1 .3.lt - Condições Cinemãticas ..•. .• .• .• 28

1 • 3. 5 - Deformaçiec Específica. 32

1.3.6 - Tensões Normais - Bimomento.... 33

1 • 3 . 7 - Tensões Tangenciais 35

1 .. 3. 8 - Torção de Empenamento . • . • . . . . . . 36

1. 3. 9 - Equação Diferencial da T.or.çãô com

Empenamento 38

1 .3.10 - Equação Diferencial do Bimomento 40

1.3.11 - Particularidades do Compr.imento

Característico . • . . . . . . . . • . . • . . . 41

1 .3.12 - Considerações Finais • .. . . •. .. .. !ili

1. li - EMPENAMENTO TRANSVERSAL . . . • . • . . . • 46

XV i i i

CAPíTULO li - MECANISMOS DE RESISTENCIA A TORÇÃO...... 51

11 .1 - REVI SÃO DO ESTUDO DA TORÇÃO . • . . • 51

11.1.1 - Torção em Peças de Material Ho-

mogeneo . . .. • • . . • . . • . • • . • . . . • . . 51

11.1.1.1 - Seção Circular.............. 51

11.1.1.2 - Seção Retangular............ 53

11 .1. 1. 3 - Seção Composta de Retângu 1 os

de Paredes Delgadas 55

11. 1 .1. 4 - Seções Vazadas - Fôrmu 1 as de

Bredt . • • . . • . . • . . • . . • . . . • . • . . 57

11. 2 - TORÇÃO DE SAI NT-VENANT EM PEÇAS DE

CONCRETO ARMADO - COMPORTAMENTO ME

CI\NICO • . .• . • . . .• . . • . . • . • . . .• . . •. 60

11.2.1 - Considerações Iniciais........ 60

11 .2.2 - Peças Plenas Somente com Armad~

ra Longitudinal .••.••..•....•. 61

11.2.3 - Peças Plenas com Armadura Longi

tud i na 1 e Transversa 1 . . . . • . . . • 63

11.2.4 - Modelo da Treliça Espacial Gen~

rali zada . . • . . . . . . . . • . . . . • . . . . . 65

11.2.4.1 - Escôrço Histórico........... 65

11.2.4.2 - Conceitos Bisicos • .... ••.. .. 67

xix

11.2.4.3 - Modelo Mecânico . . . . . . . . . . . . . 67

11.2.4.4 - Seção Transversal em Caixão 68

11 .2.5 - Teoria do Campo de Compressão

Diagonal . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 72

1 1 • 2. 5. 1 - Escôrço Histórico 72

11.2.5.2 - Premissas Bisicas ........... 73

11.2.5.3 - Processo Iterativo de Anilise 75

11.2.5.4 - Comentirios Finais .......... 77

CAPÍTULO 111 - ANALISE DAS PEÇAS DE CONCRETO ARMADO SU­

JEITAS A EMPENAMENTO 79

111.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS . .... .... 79

111.2 - PEÇAS NÃO FISSURADAS COM COMPOR-

TAMENTO ELAST 1 CO • . . . . . . . . . . . • . . 79

111.2.1 - Hipóteses Simplificadoras..... 79

1 1 1 . 2. 2 - Anilise das Tensões 81

111 .3 - PEÇAS FISSURADAS COM COMPORTAME~

TO ELASTICO . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 82

111.3.1 - Equações de Equilíbrio Interno 82

111 .3.2 - Tensões em Peças Fissuradas . . 84

XX

CAPfTULO IV - ESTUDO DA RIGIDEZ TORSIONAL •.•.••••.•••• 88

1 V. 1 - INrRODUÇllO .•.•••••.•••••.••.••••. 88

IV.2 - TEORIAS EXISTENTES - TORÇ710 DE

SAI NT-VENANT • • • • • • • . • • • • . . • • . • • . 89

IV.2.1 - Mitodo de Hsu •• •• •• .• •• •• •• •• . 89

IV.2.2 - Mitodo de Karlsson-Elfgren . • •• 91

IV.3 - RiGIDEZ TORSlONAL'AO.EMPENAMEJHO. 92

IV.3.1 ·-Conceituação.................. 92

IV.3.2 - Modelo de Hwang-Hsu • • • • • • • • • • • 93

CAPTTULO V - DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS' - ESTUDO DA

CHAPA ••.••••.•••.••••••.•.••••••• •. •. •• · 95

V. 1 - PRÕLOGO • • • • • . • • . . • . • • • • • • • • • • • . • . 95

V.2 - CONCEITOS DA TEORIA DA PLASTICIDADE

V. 2. 1 - Teoremas Fundamentais • • • • • • . • • • 96

V.2.2 - Comportamento dos Materiais • • • • 97

V.3 - FORMULAÇllO DA ANALISE 98

V.3.1 - Painel Fissurado •••••••.•••••.• 98

xi i

V.3.2 Método Estático •••••••••••••••• 1 O O

V.4 APLICAÇÃO A UM CASO PARTICULAR ••. 104

V. 4. 1 Cálculo Analítico ............. . 1 O 4

V.4.2 Elaboraçio de Tabela ••.•••.•••• 1 O 5

V.4.3 Gráfico ..•••••.••••••.•••.••••• 107

CAPÍTULO VI EXEMPLO NUMERICO •••••••.•••••••••.•.•••• 109

CAPÍTULO V 1 1. - CONCLUSÕES .. .. . • . • .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 119

BIBLIOGRAFIA •••••.•••••••.•••••••••••• , •••••.•••••. , ••• , 123

O 1

INTRODUÇAO

A Teoria da Elasticidade teve um grande desenvolvimen­

to no Século XIX, em conjunto com sua variante técnica-aplicati­

va que vem a ser a Resistência dos Materiais, contudo, até o pr~

meiro quarto do século atual houve uma redução ponderável nas

contribuições significativas ao corpo dessas ciências. O estudo

da torção, primeiramente solucionado por Saint-Venant, sonos i­

dos da década de trinta recebeu grande impulso e generalização~

través da obra grandiosa do cientista soviético V.Z. Vlassov. P~

rem, a quase inexistência de intercâmbio técnico-científico en­

tre o Ocidente e a União Soviética. fez com que os trabalhos des

se teminente Professor ficassem desconhecidos fora das frontéi­

ras de seu país. A tradução de seus livros para o inglês e fra~

ces nos idos de sessenta, despertou o interesse da comunidade ci

entÍfica do Ocidente, surgindo contribuições várias aos concei­

tos e expressoes iniciais.

No campo de pesquisa do comportamento das peças de co~

ereto armado sujeitas ã torção, décadas se passaram sem contri

buição substancial ao conceito do Modelo Mecânico da Treliça fo~

mulada .por Rausch em 1929. Em 1968, ano que pode ser considera­

do como o de uma reavaliação do estudo da torção em peças de co~

ereto armado e protendido, o ACI (American Concrete lnstitute)

realizou em Detroit um Seminário, o qual contribuiu grandemente

para os estudos realizados posteriormente. Simultaneamente na

Europaemvários 0 lnstitutos de pesquisas.voltaram-se os cientistas

para uma reavaliação dos coBceitos e modelos mecânicos de resis-

02

tência à torçao no concreto armado. Embora diferindo no caminha

mente das pesquisas, os norte-~mericanos adotando o Modelo de

Flexão Obl Íqua (ou Esconsa) e os europeus o da Treliça Espacial

Generalizada, as conclusões obtidas pouco diferem em alguns ca-

sos; contudo, atualmente, face ao seu apurado rigor conceituai

baseado nas experiências de laboratório e grande capacidade de

generalização para quaisquer tipo,;de seção transversal e solici-

tação externa, o Modelo da Treliça Espacial Generalizada possui

maior aceitação. Estes modelos traduzem somente o comportamento

mecânico face à torção comumente denominada de Saint-Venant, e­

x~stindo ainda vários pontos e tópicos carentes de pesquisa teó­

rico-experimental mais apurada.

A análise de peças de concreto armado sujeitos a tor­

çao com empenamento, ou seja, com surgimento de tensões normais

oriundas do Bimomento, foi relegada a um plano secundârio, a po!!_

to de engenheiros do gaba ri to de. Fritz Leonhard expressarem· o des

conhecimento do seu comportamento estrutural com a seguinte •.ex­

pressão: "Para vigas com seções com rígidez à torção, as tensões

devidas ao impedimento do empenamento de~rescem com a fissuração

do concreto no Estádio.11, tendo por isso uma importância secun-

dá ria na segurança estrutural. Recomenda-se armar a região de

pertubação como para tensões de coação, visando 1 imitar a abertu

ra de fissuras". O desenvolvimento do. presente trabalho, 1 imita

do apenas a teoria matemática, mostrará quão distante da verdade

estão as palavras do eminente Professor, o que tão brilhante de­

monstrou teoricamente Ki;\SCIA(3l. ThÜrlimann mais recentemente,

quando do estudo da Teoria da Treliça Espacial Generalizada diz

que "Para seçoes abertas sujeitas a empenamento, esta teoria so

03

ê aplicada para membros nos quais o empenamento nao ê restringi-

do no suporte ou por tipo de carregamento. Neste caso o torçor

ê absorvido somente pela torção de Saint-Venant. Em outros ca

sos o empenamento pode ser da mesma ordem de grandeza que a tor-

çao de Saint-Venant. Atê aqui as soluções não foram estudadas p~

ra a resistência última nesses casos. Relembrando que com a. oco.!:.

rência do fissuramento, a rfgidez torsional diminui mais signif!

cativamente que a rígidez a flexão. Isto impõe uma grande influ

ência da torção de empenamento na carga última".

A bibliografia pesquisada mostr.ou-se farta .em notações

e símbolos para um mesmo conceito ou expressão; optou-se então

pela manutenção da grafia de cada autor consultado, ressaltando­

se que em casos esporidicos algumas alterações foram efetuadas.

Contudo, procurou-se definir as grandezas junto às expressões as

quais integram.

O presente trabalho, início de uma linha de pesquisa: ini

dita no Brasil, procura ser um ponto de partida para os que .. se.i!

teressam.peUo estudo da torção de empenamento em materiais homogê­

neos ou concreto armado e, em especial, um fundamento para pes­

quisas posteriores que. venham a ser realizadas.

O avanço tecnológico na execuçao de estruturas em con­

creto armado, oriundo da criatividade arquitetônica dos projetos

e necessidades econômicas, fari em futuro próximo que o estudo da

torção mista tenha um maior desenvolvimento, desejando-se que ob

tenha um grau de conhecimento .igual ao da flexão, com teori·a's eco~:

sistentes e de fiei! aplicação pritica. Na irea de prê-moldados

04

protendidos diversos problemas patológicos ocorrem e os engenhel

ros, por desconhecimento da Teoria da Torção Mista nao conseguem

diagnosticar os casos que se lhe apresentam, conforme constatado

junto a profissionais atuantes no ramo.

05

CAPITULO I

CONCEITOS INICIAIS

J,l DEFINICÃO DAS PROPRIEDADES.GEOMÉTRICAS DE UMA SECÃO ' '

1. 1. 1 - Conceituação:

As peças de material homogêneo comumente estudadas pe­

la:.Resistência dos Materiais,dãq,l_ugar .. ,a expressões da geometria

das massas a seguir relacionadas, complementadas pelo conce:itodas

c a r a c te ri s t i c a s s e to r i a i s a o se t r a ta r d e peças em h a s te s d e par~

des delgadas.

Areada seçao transversal:

S - f S dS ..... .

2

Dimensão: [ L]

Momentos de 1~ ordem (Momentos Estáticos):

E - f s zdS ........ '

y

Ez = f s ydS ........

- 3 DIMENSÃO: LL]

Momentos de 2~ ordem (Momentos de Inércia):

( 1 • 1 )

( 1 • 2) \.·

( 1 • 3)

06

J = JS y z 2 dS ......... ( 1 . li )

Jz = JS

y 2 dS ......... ( 1 . 5) 4

DIMENSÃO: [L]

Produto de Inércia:

yz d S ......•• ( 1 . 6)

DIMENSÃO: [ L] 4

O símbolo de integral denota a realização de integra­

çao sobre toda a área da seção transversal, referenciada a um s.i..§.

tema arbitrário "ZOY".

Para as peças abertas, compostas de hastes de paredes

- -delgadas, estes elementos da geometria das massas nao sao sufici

entes para caracterizar todas as propriedades geométricas da se­

ção transversal. VLASSOV( 29 ) definiu então os elementos comple­

mentares necessários, tendo em conta o conceito de área setorial.

llrea setorial:

Para as peças de pequena espessura em comparaçao com as

demais dimensões da seção transversal, pode-se admitir a efeti­

vação do estudo de suas propriedades geométricas tendo-se em con

ta a linha média de seu perfil (Fig. 1.1).

7

.. y

• z

Fi Q. I. t

. . Definida uma origem "O" qualquer, denominada pÕlo, pe­

la qual fica definido o sistema de eixos "ZOY"; iniciando-se o

cami nhamento da coordenada "ds" situada sobre o contorno da 1 i­

nha média a partir do ponto "I", delimita-se uma área elementar

11 dS 11• Seguindo a mesma orientação e abordagem do problema efe-

tuada por SANTOS( 7 ):

l\rea elementar:

fazendo:

d s = rds

2

dw = 2d S = rd s

Integrando sobre todo o contorno da 1 inha mjdia do perfil:

~ rd s ........•. ,., = f so ( 1 • 7l

08

2

A dimensão de "w" e a de uma a rea: [ L ]

A grandeza definida pela equaçao (7), VLASS0V(29

) cha­

mou de coeficiente de empenamento, denominação que com o desen­

volvimento do estudo das peças abertas de paredes em hastes del­

gadas, mostrar-se-á justificada.

Sendo a expressao do coeficiente de empenamento obtida

através de um caminhamento sobre a 1 inha média da seção transver

sal, é necessário a adoção de uma convençao de sinais para este

coeficiente, a qual adota como positivo o sentido em que o vetor

+ "r" varre a área "S" do eixo "Oy" para o eixo "Oz" (sentido dos

ponteiros do relógio).

A origem para a medição da abscissa curvilínea "s", p~

de estar situada em um ponto qualquer da 1 inha média da

transversa 1.

seçao

A arbitrariedade na escolha do pólo implica em um estu

do da variação do valor do coeficiente de empenamento quando

da mudança de posição do mesmo. Demonstra-se a seguir (Fig.l .2)

que a definição do_pólo é primordial no cálculo da área setorial.

z dz

Fig. 1.2

09

Para o triângulo AOC:

1 A1 = dz•y

2

Para o triângulo BOC:

A2 = dy (z + dz) 2

Logo para o triângulo AOB, obtém-se:

A = 2

[ ydz - zdy - dy•dz ]

Desprezados os infinitésimos de ordem superior:

A = 2

[ ydz - zdy ]

como:

w = 2S

dw = ydz - zdy ...... . ( 1 • 8)

O sistema de eixos coordenados em relação ao qual e o~

tida a área setorial, deve ser escolhido de modo a facilitar os

cálculos.

Na(Fig. 1,3)estão indicados os sistemas coordenados, a

linha média do contorno da seção transversal e o ponto "l "a par_­

ti r do qual sera medida a variação da abscissa curvilínea "s".

1 O

y Y, Y2

V º2

b º1 o

Oc_ _________ z

Fiq. 1.3

Fazendo "w 1 (s)" a area setorial em relação ao sistema

através de:

( 1 • 9)

As relações entre os sistemas de referência sao dadas

por:

z 2 =z 1 -a y 2 =y 1 -b

Logo, reescrevendo a equaçao (1 .9):

( 1 .9a)

Então:

1 1

(1)() (1)() w 2 ( s) =w i( s) - b (z - z

1 1

) + a ( y -y 1

1 ) ( 1 . 1 O)

O índice superior entre parênteses indica em relação a

qual sistema se refere a coordenada. Sendo as coordenadas dos

pontos 111

11 e referidas a um sistema de eixos arbitrários"ZOY",

pode-se escrever:

( 1 • 1 1 )

Observa-se então que o deslocamento do pólo faz com que

a area setorial apresente variação de sua grandeza, relacionand~

se linearmente com as coordenadas do sistema arbitrário "ZOY".

A mudança do ponto 11 111, origem em relação a qual foi

marcada a abscissa curvilínea "s", altera o valor numérico da ex

pressao (1.11), pois o limite de integração inferior influi de um

valor constante na magnitude final da área setorial

matematicamente traduzida por:

w = f: r d s = f: 1

r d s + (z 1 1 - z 1 )r ..... .

y

Fig. 1.4

(Fig. 1 .4),

(1.12)

12

Definidos o conceito e expressao matemática para o

coeficiente de empenamento, por simples analogia, ficam defini­

das as demais propriedades setoriais da seção transversal.

Momento setorial estático:

Ew = f S w • d S •.......•

4

Dimensão: [ L J

Produtos Setoriais de Inércia:

= f y 0 wd S ••..•.. s

Dimensão: [ L JS

( 1 · 1 3)

( 1 • 1 4)

( 1 • 1 5)

O Índice 11 0" define o pÓlo em relação ao qual foi obti

do o produto setorial de inércia.

Momento setorial de inércia:

J w = f S w' • d S ...... .

6

Dimensão: [ L J

( 1 • 1 6)

l 3

1.1.2 - Centro de Cisalhamento

A definição de centro de cisalhamento, ponto em torno

do qual girará a seção transversal quando solicitada por um mo­

mento torçor, é apresentada de maneira sucinta.

Para os sistemas coordenados mostrados na Fig. l.5 es-

tão indicados todos os elementos necessários para a dedução mate

mática que se segue.

y

o,~-------- z,

L-------------Z

Fiq. 1.5

Tendo- se em conta a exp res sao ( 1. 11) para os sistemas

11 Z G Y 11 , bar i cê n t r i c o e "Y I OI Z 1 " q u a l quer :

wG = w - b (z -z 1) + a (y -y 1

)

Com o ponto "A" (Centro de Cisalhamento) coincidente com

"0 1 " (origem do sistema de coordenadas arbitrário), tal que os

produtos setoriais se anulem:

l 4

= o

As relações entre as coordenadas dos dois sistemas se

escrevem:

b = y-y, a = z -z 1

Fazendo-se, por hipôtese, Ewz = EwY = O, tem-se:

Ewz = f5

wbdS

Substituindo o valor de "b":

O ponto "I" pode ser escolhido de modo a anular o mo­

mento estático setorial:

f s wdS = o

Substituindo o valor de 11 wG":

onde:

1 5

Com as simplificações devidas ãs propriedades dos ei­

xos baricêntricos principais de inércia, para os quais:

obtém-se:

JS YdS = JS yzdS = JS zdS = O

z = A

De maneira anâloga:

y = A

J y

1.1.3 - Sistemas de Coordenadas

( 1 • 1 7)

( 1 . 1 8)

Um sistema de coordenadas com pólo e raio inicial quais-

quer e denominado sistema bâsico, sendo definidas as seguintes

grandezas geométricas para o mesmo: S, Ey, E2 , Jy, J 2 , JYz' Ew,'

J w

Denomina-se sistema de eixos normalizados, o sistema

baricêntrico, com pÓlo qualquer e raio inicial tal que E = O,pa w -

ra o qual ficam definidas as grandezas geométricas:

Quando os eixos forem baricêntricos principais de inér

eia, o pÕlo for o centro de cisalhamento e o raio inicial for tal

que Ew = O, este sistema é denominado sistema de coordenadas prin

16

cipais, sendo as grandezas da geometria das massa as seguintes:

sas

O gráfico de posição das grandezas da geometria das mas

sugerido por V.M.W. Bornscheuer e transcrito por SANTOS( 7

)

ilustra de modo sugestivo as variáveis em função do sistema de

coordenadas adotado (Fig. 1 • 6) .

w· w

w

y z

F iQ. 1. 6

1 7

1.2 DEFINIÇÃO DE PEÇAS COM HASTES DE PAREDES DELGADAS

1.2.1 - Prólogo

A abordagem do estudo das estruturas compostas de p~

ças com hastes de paredes delgadas, se faz, primeiramente, atra

ves de uma definição concisa do que seja este tipo de elemento.

Os autores clássicos pouco divergem quando do estabelecimento de

um limite entre uma haste de paredes delgadas e uma haste espes­

sa. Todas as definições formulam relações simples entre as di­

mensoes geomêtricas das peças.

1.2.2 - Definições Clássicas

1.2.2.1 -Vlassov

Define as hastes com paredes delgadas como aquelas que

possuem a relação entre a maior espessura das paredes e a menor

dimensão da seção transversal e a relação entre a maior dimensão

da seção transversal e o comprimento da peça, ambas, menor ou

igual a um dêcimo.

e

1 O 1 O

onde:

18

t espessura da parede

dimensões transversais (altura ou largura)

comprimento da peça

1.2.2.2 - Kol lbrunner

Apresenta uma definição similar à anterior, caracter i

zando qualitativamente as peças com hastes de paredes delgadas

de eixo reto ou curvo, como as que possuem seção transversal que

contêm elementos de espessura pequena, relativamente as demais

dimensões, altura e largura.

1.2.2.3 - T.H.G. Megson

São os elementos estruturais cuja relação entre a es­

pessura máxima das hastes que compõem a seção transversal e a me

nor dimensão dessa seçao (largura ou altura), não exceda a um

décimo.

t -max

b

t -max

b 1 O

espessura máxima da seçao

menor dimensão da seçao (largura ou altura)

1 9

1 .2.2.4 - Zbirohowski-KÕscia

Define hastes com paredes delgadas de maneira mais re-

finada, tendo em conta o "comprimento característico" das

tes, que se expressa atravês de:

onde:

G mõdulo de deformação transversal do material

E1

- mõdulo de elasticidade ou deformação longitudinal,

em conta o efeito de Poisson

Jt momento de inêrcia a torção

Jw momento de inêrcia setorial

has-

( 1 • 1 9)

tendo

Este autor estabelece os seguintes limites entre os va

rios tipos de hastes:

Hastes com paredes espessas:

- 1 k > 1 , O po 1 = 2,54 - 1

cm

Hastes com paredes espessas ou delgadas:

- 1 - 1 1,0 pol > k > 0,5 pol ou 2,54 cm-l > k > 1,27 cm-l

Hastes com paredes delgadas:

k < O, 5 po 1 - 1 = 1 , 2 7

20

- 1 cm

Complementa sua definição com a observação que o mome~

to de inércia principal setorial deverá ser diferente de zero

1.2.3 - Caso Particular do Concreto Armado

O concreto armado, como ficará demonstrado no Capítu­

lo 111, apresenta um comportamento à torção diferente das estru­

turas de aço, visto ser sujeito à fissuração, que altera sobre­

maneira as "características geométricas da seção transversal". A

rígidez torsional de Saint-Venant "GJt"• sofre grande influência

neste tipo de comportamento peculiar ao concreto armado, decres­

cendo para cerca de 20% de seu valor original (peça não fissura-

d a) . A rfgidez ao empenamento "E J "ou "EJ "para valores prá-1 w w

ticos, varia com a fissuração da peça, contudo, em menor magnit~

de que a rigidez torsional de Saint-Venant. Um estudo mais apu-

rado das rijLzas, torsional em fluxo de tens5es e de empenamen­

to, será efetuado no Capítulo IV.

A sugestão de Kóscia de definir o tipo de haste de a­

cordo com o valor do "comprimento característico", válida para

estruturas de aço, não se mostra eficiente para uma análise das

peças de concreto armado, visto que o valor de "k" apresentava-

riação para os diversos estágios de solicitação. Esta abordagem

não é recomendável para elementos de concreto armado.

2 1

A definição de Vlassov, levando em conta a relação en­

tre dimensões da seção transversal e a relação entre uma dimen­

sao transversal e o comprimento da peça, possibilita o enquadra­

mento do estudo das peças com hastes de paredes delgadas em duas

categorias: longas e curtas. Aplica-se de maneira simples e efi

ciente aos elementos de concreto armado.

22

J,3 ESTUDO ANALÍTICO DO BIMOMENTO

1.3.1 - Equilíbrio Estático das Solicitações

1.3.1.1 - Eixos Coordenados

A Figura 1.7 ilustra o sistema de eixos cartesianos con

siderado sendo "A" sua origem. Introduz-se também uma coordena-

da setorial, isto é, orientada ao longo do eixo médio da

transversal. Para efetivação das deduções matemáticas,

seçao

conside

ra-se um ponto 11 8 11, qualquer, situado sobre o eixo médio da se­

ção, o qual serve para orientação do sistema coordenado setorial.

dy

li

y

B

Fig. 1.7

1. 3. 1. 2 - Carregamentos Atuantes

Os carregamentos externos atuantes, no caso mais ge-

ral, sao apresentados na Figura 1.8. Com exceçao do carregame~

to "px"' os demais podem ser substituídos por sua resultante. A

23

hipótese da rfgidez transversal simplifica a análise, visto po­

der-se deduzir parte das equações de equilíbrio estático como se

a peça fosse as usualmente consideradas na Resistência dos Mate-

r _ia is.

F i9 . 1 . 8

24

1 .3.2 - Hipóteses Básicas

No estudo das peças em hastes de paredes delgadas sao

feitas as seguintes premissas simplificadoras:

1) A forma da seçao transversal permanece inalterada.

2) A distorção na superfície média da haste é desprezada.

3) Um elemento linear perpendicular à superfície média da seçao

transversal, após a deformação da peça, permanece reto e per­

pendicular a superfície média deformada, sem alteração de com

primento.

Além das hipóteses enumeradas, pode-se acrescentar no

presente estudo as seguintes considerações:

a) No regime de pequenas deformações, estas nao influenciam as

ações ou esforços na seção.

b) O eixo médio da seção transversal e retilíneo por partes.

c) A seçao transversal e constante por partes.

d) O material que compõe a peça possui comportamento rígido-plá~

tico ou elasto-plástico.

e) O comportamento como placa e desprezado face ao comportamento

como chapa.

CHAPA PLACA

Fig. 1.9

25

Supõe-se que a seçao apresente rigidez transversal su

ficiente para que seja considerada rígida. Esta premissa é fun-

damental para o desenvolvimento teôrico do presente estudo. A

consideração de material rígido-plástico, por ser mais geral, en

globa os materiais elasto-lineares, com as relações a seguir ob-

tidas servindo para este caso particular. A assertiva (e) perm.!_

te que seja desprezado o efeito da torção de Saint-Venant neste

estudo.

1 .3.3 - Condições de Equilíbrio

Seja a peça representada pela su.a superffci·emédi.a seçao

transversa 1. Considere-se um trecho elementar "dx"; para as

açoes representadas na Figura 1 .10, tendo-se em conta as equa-

ções de equilíbrio estático e adotando-se as hipôteses

anteriormente enunciadas, obtêm-se as seguintes relações:

Q•dQ'-d,l ' d,

'M•~-d li .., d:ii: J;

dM M,~·d•

Zr·dx d,

F i9. 1. 10

básicas

26

na direção O.Z:

(Q + z

dQ z

dx = o • dx) + p dx - Q z z

dQ z Pz = -

dx

- ( M + z

dM z • dx) - m z

dx + r dx•! dx + M + (Q }dx=O y 2 z y dx

dM z -- + º·y

dx

na direção OY:

dQ ( Q + _j_

Y dx • dx) + p dx - Q y y

- (My +

dQ p y = - _j_

dx

dM _y • d X) - my dx

dM my = - _j_

dx

na direção O.X.:

(T + ~-dx) dx

m X

= +. dT dx

-

........

1 dx + Pz dx •- dx 2

o ·,: ........

--·m dx-T=O X

- o

+ M - Qz dx = o y

( 1 • 2 O)

( 1 • 2 1 )

( 1 . 2 2)

( 1 . 2 3)

(1.24)

27

Para o caso particular em que "px" coincide com o eixo

"AX" tem-se:

(N + dN dx) + p dx - N = O X

dx

= - dN

dx (1.24a)

A rfgidez da seçao permite que na direção transversal

as açoes sejam substituídas por suas resultantes, o mesmo nao o­

corre na direção longitudinal, visto que a peça pode empenar pa-

ra fora do plano da seção.

se reduz a uma resultante.

t z

A ação normal "p" (Figura 1.11) nao X

Fig.I. 11

28

1.3.4 - Condições Cinemáticas

Na Figura 1.12 a seçao transversal é dotada de um sis­

tema setorial de coordenadas que em conjunto com o sistema car­

tesiano baricêntrico mostrado, define, para cada ponto da peça,

os deslocamentos i;(s,x), n(s,x), 8(s,x) em relação ao ponto "G";

com a consideração de rijeza transversal, estes deslocamentos p~

dem ser escritos como funções i; (x), n (x), 8 (x).

II

z

Fig . r. 12

A distorção do eixo médio do contorno é considerada nu

la, traduzindo-se matematicamente por (Figura 1.13):

au av Yxs = + - = O

as ax ( 1 • 25)

Logo:

au av =-- ( 1 • 26) as ax

.. "C

s

29

õu du = as ·ds ----I

I I I I I I I -------

M

dx

Fig. 1.13

M --, --I I I I I I " ,:, --- >I" ,0,0

" > "C

X

As expressoes deduzidas por Vlassov partem da conside­

raçao do eixo médio da seção transversal não deformada e o eixo

médio desta após a deformação (Figura 1.14), podendo-se escrever

para v(x,s), deslocamento do ponto "M" em relação ao deslocamen

to do ponto "A", a seguinte expressão:

v(x,s)=~(x)cosa(s)+n(x)sena(s)+h(s)8(x) ( 1 • 2 7)

onde os termos do membro direito da equaçao traduzem deslocamen­

tos lineares e angulares, os quais estão definidos na Figura 1.14.

o<(. j

y

TANGENTE NO PONTO U

3 o

z

F i O. 1. 14

M

M'

DEFORMADA

Integrando a equaçao (1.26) ao longo da coordenada se­

torial, obtém-se para o deslocamento u(x,s) do ponto "M":

u(x,s) = uo(x~

sendo uo {x).

- J: dV • ds dX

(1 .28)

ume função de integração.

Derivando-se em r e 1 ação a i:i x 11• e te n -

do em conta que o ângulo "a" e a distância "h" sao funções ape-

nas da coordenada setorial "s", chega-se a:

31

ov(x,s) = di';(x) cosa(s) + dn(x) sena(s) + d8(x) • h(s) ...•.. ( 1 . 2 9) dX dx dx dx

de considerações geométricas (Fig. 1.14), deduz-se:

cosa(s) = d z ( s)

( 1 . 3 O) ......... ds

sena(s) = d y ( s)

(1.31) ......... ds

h ( s) = dw(s)

(1 .32) ........ ds

As expressoes (1.30), (1.31) e (1.32) substituídas em

(1.29), originam:

ov(x,s) = i=;'(x) dzís) + n' (x) dy(s) + 8 , (x) dw(s) ( 1 • 3 3) dX ds ds ds

Expressão que 1 evada a equaçao ( 1. 28), fornece:

u(x,s) = u 0 (x) - [/=;' (x) J: dz(s) + n' (x) I: dy(s) +

+ 8' (x) J: dw(s) J ( 1 • 3 4)

Efetuando as integrações:

u(x,s) = uo (x) -F;' (x) (z-zo)-n' (x) (y-yo)-8' (x)(w-wo) .... (1.35)

32

Os produtos I;' (x)z 0 , n' (x)yo, 8' (x)wo, de constantes

numéricas por derivadas primeira de funções dependentes apenas

de "x", podem ser agrupadas à função uo (x,) , originando a ex

pressao final para o deslocamento do ponto "M" ao longo do eixo

u(x,s)=uo (x) -1;' (x)z(s)-n' (x)y(s)-e' (x)w(s) ( 1 • 3 6)

onde uo(x) e uma nova função de, 11 x 11•

As funções que compoem a equaçao ( 1. 36) sao:

u o (x ) deslocamento linear normal ao longo do eixo GX

i;' (x) deslocamento angular segundo o eixo GY

n 1 (X) deslocamento angular segundo o eixo GZ

6 ' (X) deslocamento angular segundo o eixo GX

z(s),y(s) - coordenadas cartesianas do ponto 11 M 11

w ( s) - coordenada setorial do ponto 11 M".

A função w(s) traduz o empenamento do ponto "M" para

fora do plano da seção transversal. Esta parcela foi inicialmen

te concebida por Vlassov em seu estudo sobre peças em hastes de

paredes delgadas.

1.3.5 - Deformação Específica

Para o ponto "M", qualquer, tendo-se em conta a conhe­

cida fórmula da teoria da elasticidade para obtenção da deforma­

ção específica segundo uma direção dada, escreve-se:

e(x,s) -

logo:

clu (x, s)

dX

33

(1.37)

6 (X, S) =u 1 (X, ) , -f; 11 (X) Z ( S) -n 11 (X) y ( S) -8 11 (X) W ( S) • • • ( 1 . 3 8) o

1.3.6 - Tensões Normais-Bimomento

Para um regime elástico linear determina-se a tensão

normal através de:

........... ( 1 • 3 9)

sendo:

E ( 1 • 4 O) 1 - v 2

onde:

E módulo de elasticidade longitudinal

E1 módulo de elasticidade longitudinal reduzido

v coeficiente de Poisson.

Substituindo a equaçao (1.38) em (1.39), tem-se:

o (x,s) = Edu' (x ) -f; 11 (x)z(s)-n 11 (x)y(s)-8 11 (x)w(s)] X O

( 1 • 4 1 )

Adotando-se um sistema de eixos principais e um diagr~

ma setorial principal, as seguintes considerações são assumidas:

34

E ; J yzdS; O yz s

E ; f wzdS; O , wy s

E ; J wydS; O wz s

E2

; J yd S ; O

s

Ey ; J zd S ; O

s

E - f wdS; O w - s

onde dS(s) ; dydz é um elemento de area e as expressoes anterio­

res sao as conhecidas da geometria das massas.

Multiplicando-se a equaçao (1.41) por dS, ydS, zdS e

wdS, sucessivamente, realizando-se as integrações e eliminando­

se os termos nulos, chega-se a:

com

N; J o(x,s)dS(s);

s

E1S u' (x) o

My; f o(x,s)z(s)dS(s)

s

M2

; f cr(x,s)y(s)dS(s); - E1 J2

11"(x)

s

( 1 • 4 2)

( 1 • 4 3)

( 1 . 4 4)

( 1 • 4 5)

B = J cr(x,s)w(s)dS(s) =

s

ou

N M z ( s) M

2y(s)

a (x,s) y = - + + X s J J y z

35

Bw ( s) + .........

J w

sendo as três primeiras parcelas do termo direito

(1 .47) já conhecidas da Resistência dos Materiais.

(1 .46)

( 1 • 4 7)

da equaçao

A expressao matemática (1.46) foi denominada bimomen-

to por Vlassov. O bimomento não pode ser determinado por sim-

pies considerações de equilfbrio e, portanto, uma ação fictfci~

auto-equilibrada e não influencia os deslocamentos lineares e an

guiares do eixo da peça e nem a rotação da seção transversal .Foi

um artiffcio lógico idealizado por Vlassov para explicar matemá­

tica e fisicamente o empenamento da seção transversal.

1 .3.7 - Tensões Tangenciais

Seja o elemento retirado da peça em análise ( Figura

1.15).

s A

7 X

Px Fig. 1. 15

36

Para a condição de torção pura, tendo-se em conta que

a açao externa "p " é nula e a espessura da parede é variável ao X

longo do contorno médio e do comprimento do perfil, escreve-se a

seguinte equação baseada no equilíbrio estático do elemento:

acr(x,s)t(s)

dX = - a,(x,s)t(s)

as ( 1 .48)

frisando que ,(x,s)t(s) = q(x,s) denota o fluxo de cisalhamento.

1 ntegrando a equaçao ( 1 .48):

,(x,s) = - -­t ( s)

acr(x,s)t(s)

ax • d s

Na tor~ão pura a tensão normal se reduz a:

cr(x,s) = - E16"' (x)w(s) ........

Substituindo-se (1.50) em (1.48) resulta:

onde Ew(s) = f w•dS denota o momento estático setorial.

s

1 .3.8 - Torção de Empenamento

( 1 . 4 9)

( 1 • 5 O)

( 1 • 5 1 )

O momento de torção em relação ao centro de cisalhamen

to produzido pelas tensões cisalhantes se escreve:

37

Tw(x) = J ,(x,s)t(s)h(s)ds

s

com dw = h(s)ds, tem-se:

Tw(x) = J ,(x,s)t(s)dw ....... .

s

Integrando esta Última equaçao por partes:

s o

- J = ,(x,s)t(s)

o s

a,(x,s) t(s)w(s)ds , as

e como as

( 1 . 5 2)

( 1 • 5 3)

con-

dições de contorno indicam tensão cisalhante nula nos bordos li­

vres da peça, isto e, para s=O e s=so, logo:

ou

a,(x,s) t(s)w(s)ds · · · · · · as

Substituindo (1.48) em (1.54) vem:

-E,8'''(x)J w

e• ' ' (x) =

(1 .54)

( 1 • 5 5)

( 1 • 56)

Eliminando a variãvel 8"' (x) da expressao ( 1 .56) atra

ves da substituição de (1.51) nesta, tem-se:

38

,(x,s) = T (x) E (s) w w

( 1 . 57)

Ressalta-se a semelhança de (1.57) com a fÕrmula de

Zhuravski para as tensões cisalhantes na flexão simples.

O momento torçor total atuante na seçao e composto por

duas parcelas, uma referente ã torção de empenamento e outra re­

ferente ã torção de Saint-Venant. Adota-se a forma aditiva para

formular esta relação:

T = T + T s w

( 1 • 5 8)

ou:

T ; 6' GJ - 6''' E1 J t w

. . . . . . . . ( 1 • 5 9)

Através do princípio da superposição dos efeitos pode­

se escrever, para o caso geral de solicitação de torção e açao

cisalhante, a seguinte expressão:

T ; T Q + ( T +T ) s w

1 .3.9 - Equação Diferencial da Torção com Empenamento

( 1 • 6 O)

Ao segmento "dx" do elemento da peça, sujei to as sol i­

ci tações torçoras indicadas na Figura 1.16, aplica-se a equaçao

de equilíbrio estático:

como

ou

39

Fig. 1. 16

dT = dT + dT , vem s w

dT s

-- + dx

dT w

Utilizando as relações

dT s

dx = GJ 6 11

t e dT

w

dx = E J e 1v

1 w

( 1 • 6 1 )

40

que substituídas em (1.61) resulta

= [ -1 ( 1 . 6 2)

sendo:

( 1 • 6 3)

A equaçao ( 1.62) e a equaçao diferencial da torção com

empenamento em função do ângulo de torção e docomprimento carac­

terístico.

1 .3.10 - Equação Diferencial do Bimomento

A expressao ( 1 .62), tendo em conta as relações

e.. = - E J B 6IV = 1 w ' - E J B" 1 w

pode ser escrita da seguinte forma:

d 2 B dT - k2 B =

dx 2 dx

e

que e a equaçao diferencial do bimomento.

A solução de ( 1 .64) e da forma

dT

dx

( 1 • 6 4)

41

sendo "f" uma solução particular desta equaçao. p

A obtenção dos valores das constantes "c 1 " e "c 2 " e

feita através das condições de contorno do problema especffico em

estudo. Sendo para:

- Extremidades Engastadas

Rotação nula do eixo da peça - 8 = O

Inexistência de empenamento - 8' = O

- Extremidades Livres a Deformação

Dados - B; T = Ts + Tw

ou T = O s

- Engastes que Permitem Empenamento ("Apoio em Garfo")

Inexistência do Bimomento - B = O ou 8"=0

Rotação nula do eixo da peça - 8=0

1 .3.11 - Particularidades do Comprimento Caracterfstico

O comprimento caracterfstico possui importância funda-

mental no estudo das peças sujeitas a torção. Alguns autores a-

tribuem a este parâmetro a condlção d e fixar os l i mi te s d e d e-

finição do tipo do elemento em análise, ou seja, peças compostas

de hastes de paredes delgadas ou não. Porém, a essência da defi

nição desta variável é sua função de estabelecer a preponderân -

eia de um tipo de torção sobre o outro. Define pois se a torção

de empenamento prevalece sobre a torção de Saint-Venant ou vice-

versa, permitindo, de acordo com a sua magnitude, uma analogia

42

das fórmulas deduzidas para torção com as conhecidas

da flexão simples.

expressoes

Para valores de "k" próximos de zero ou nulos, a equa­

çao (1.64) pode ser assimilada ã equação diferencial da linha e­

lástica da flexão simples, simplificando os cálculos a serem efe

tuados.

similar a

Logo:

d 4 6

dx 4 = - ( 1 • 6 5)

( 1 . 6 6)

O caso particular em que k=O representa a torção de em

penamento pura, sendo nula a torção de Saint-Venant. O Quadro I.J

sintetiza a analogia existente.

Para valores muito grandes de "k" esta analogia nao se

aplica, como e o caso da torção de Saint-Venant pura,

J +O e k+00 • w

ou seja ,

A analogia demonstrada é intrínseca ã formulação does

tudo das peças abertas em hastes de paredes delgadas, visto as

premissas adotadas para esta análise serem as mesmas da flexão

simples. Estas peças especiais podem ser consideradas como pe-

ças bidimensionais referenciadas ao sistema de eixos "sOX".

QUADRO I.l

TIPO DE AÇÃO EXTERNA

Py Pz mt

CARREGAMENTO Q' E J slV Q' E1J n IV T' E1J 8

1v Py = - = Pz = - = mt = - = y l y z z ·w w

1 1 1

ESF.DE CIS. E MOM. TORÇOR Qy = M' = - E1J s Qz = M' = - E1J n ••• T = B' = - E1J 8 , •• y y z z ll) w

MOM. FLETOR E BIMOMENTO M = - E 1 J S 1 1 M = - E 1 J 2

n,, B = - E 1 J41 8 , ,

y y z

DEFLEXÃO s n e

ROTAÇÃO s' n' 8'

44

1.3.12 - Considerações Finais:

O conceito matemático de bimomento requer uma visual!

zaçao física para que o mesmo possa ser inserido nos cálculos

usuais de engenharia. A interpretação desta "solicitação" como

um "momento de segundo grau", isto devido à análise dimensional,

induz representá-la como indicado na Fig. 1 .18.

\.

Fig. 1.18

B = Ml', ( 1 . 6 7)

Nos cálculos hiperestáticos a representação adotada e

a da Figura 1.19.

a UI ® ~b r A A ("

15. ) )

l i j i

© l 1 l2 l3

Fig. 1 .19

A seta usual indica bimomento positivo na seçao esque~

da do apoio e a seta invertida indica bimomento negativo na se-

45

çao direita deste apoio, em tudo similar às notações e conceitos

da hiperestática clássica aplicada ao estudo da flexão.

Os apoios indicados na Figura 1.19 sao, da esquerda p~

ra a direita, em obediência a seqüência de ordenação, apoio sim­

ples, "apoios em gar-Fos" e, finalmente, engastes.

O exemplo clássico de torção pura do perfil "I", reti-

rado de 0 ( 3) -

K SCIA , mostra claramente as deformaçoes sofridas pe-

lo mesmo e as solicitações que as originam (Figura 1.20).

ft rt ':::::- <q_ ~ -T l 9 lrs - + Tw

u > <:zt -Fig.1-ZO

A mesa e alma sofrem devido a torção de Saint-Venant

uma rotação 11 8 11, constante para todos os pontos. A torção de em

penamento origina um deslocamento linear "li" em cada mesa.

O bimomento, torção de empenamento e torção de Saint­

Venant podem surgir em peças abertas em hastes de paredes delga­

das sem que exista a ação externa de torção.

46

l,4 EMPENAMENTO TRANSVERSAL

As peças com espessura considerãvel ressaltam a pecu­

liaridade da não uniformidade da distribuição de tensões normais

ao longo desta dimensão. A premissa de distribuição linear, não

uniforme, das tensões normais na espessura, acarreta uma flexão

em relação à 1 inha média do contorno, originando tensões cisalhan

tes.

---

Ú ( ,, 1)

y Fig. 1. 21

Referindo-se a peça em análise ao sistema cartesiano

principal e acrescentando-se um eixo "n" contido no plano da se­

ção transversal e normal à 1 inha média do contorno (Figura ) .22),

pode-se estabelecer relações matemáticas para esse empenamento.

47

n

~'f-------~º·

X

y Fig. 1.22

As tensões cisalhantes "T "oriundas da flexão devida xn

a distribuição linear não uniforme de tensões normais, originam

uma torção de empenamento secundária IIT * li {j) • Considerando-se a d is

tância 11 r II do eixo 11 n11 ao centro de cisalhamento, tem-se, n

a torção pura, o deslocamento segundo este eixo dado por:

e = r • e n

para

(1 .68)

O estudo do empenamento transversal faz-se tendo em

conta os deslocamentos segundo o sistema de eixos "nO'x" (Figura

1.23), admitindo-se como válida a hipótese da distorção nula no

eixo médio do contorno.

onde:

48

n

__ -, * au* -------- / du = êls .ds - /

1

/ I

/ / e--"1 e --'O ---

m M 'O

o du*

1 d•

Fig. 1. 23

* 3e 3u + - : o 3n

Oo equilíbrio estãtico vem:

OT xn ao* X

+ --on ox

: o

/ /

/ " 'O

mi" "' '° H m

'O

M'

X

o* - tensão normal devido ao empenamento transversal. X

logo:

u* : - J n

u* = - r n

3e d n

3x

d8 n -

dx

dn

( 1 . 6 9)

(1.70)

( 1 • 7 1 )

49

Analisando-se as condições de contorno tem-se que para

n = O obtém-seu*= O, portanto:

* d 2 8 (J * E

3u E = = - r n -- .. . . . .

X ax n dx 2

Levando (1.72) em (1.70) e integrando:

'[ xn

= E r n

r ndn + To

J n

. . . .

Como To= T para n = O e T = O para n = ± xn xn

t

2

( 1 . 7 2)

isto

e, nao existe tensão cisalhante na superfície da peça, obtém-se:

E r 8 111

'[ = n ( 1 • 7 3)

xn 2

A tensao cisalhante "T "dada por (1.73) produzirá um xn

torçor de empenamento, denominado secundário, dado por:

J. r r t/ 2 1

T* = r 1 1 '[ dn d s ........ ( 1 • 7 4)

ú! n

1 Lt12

xn

l )

T* = - EJ* 8 111 ( 1 • 7 5) w w

Através do desenvolvimento da Equação ( 1. 74) chega-se

a seguinte expressão para o momento de inércia setorial secundá-

ri o:

J * = w 1 2

50

t 3 r 2 ds n

( 1 • 7 6)

O momento de inércia setorial total se compoe de duas

parcelas, uma devida ao empenamento longitudinal e a outra origl

nária do empenamento transversal segundo o eixo "n".

JTOTAL w

= J w

+ J* w

( 1 • 7 7)

O empenamento transversal só apresenta finalidade de

estudo para peças com espessura apreciável. Para corpos homogê-

KRPAN(3a)

neos, J;, segundo ,

prezível portanto.

é da ordem de 2 a 3% de "J" w ' des-

51

CAPiTULO II

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA A TORCÃO '

II.l REVISÃO DO ESTUDO DA ToRCÃO '

11. 1. 1 - Torção em Peças de Ma teria 1 Homogêneo

11 .1 .1 .1 - Seção Circular

O estudo do comportamento das peças circulares de mat~

ria] homogêneo solicitadas à torção, foi desenvolvido primeira-

mente por Coulomb em 1784, sendo produto

comportamento das cargas elétricas(i).

de seu estudo sobre o

são a seguir apresent~

das , as hipóteses básicas e as relações obtidas para as peças,

cheias ou vazadas de parede fina, de seção circular.

Hipóteses:

a) A forma da seçao transversal permanece inalterada apos a de­

formação de torção

b) Não há empenamento da seçao, isto e, a seçao permanece pla­

na após a deformação de torção.

Das hipóteses pode-se concluir que a tensão de cisalha

mento e proporcional a deformação angular.

52

Fórmulas

Relação tensão-deformação: T=Gy ....... .

onde:

G módulo de elasticidade

T tensão de cisalhamento

y distorção

E módulo de elasticidade

µ coeficiente de Poisson

sendo:

G = E

2 ( 1 +µ)

A 8

e o,.

T

l

transversal

longitudinal

fig.11.1

A -L.._ B

D· e- D r

( 1 1 • 1 )

( 1 1 . 2)

53

Equação de compatibilidade: y = Re .......

onde:

R raio da seçao

e ângulo de torção

Equação de equil Íbrio:

onde:

T = GJ 8 p

Jp -momento de inércia polar da seçao

T -momento torçor.

( 1 1 • 3)

(11.4)

Uma outra apresentação da equaçao de equilíbrio e

(Fig. 11.1).

T = T.R

J p

(11.5)

11 .1 .1.2 - Seção Retangular

As hipóteses utilizadas para a seçao circular, quando

aplicadas a seções de forma retangular, apresentam discrepâncias

da ordem de 20%( 1), motivo pelo qual não podem ser aplicadas a

este estudo. Foi Saint-Venant quem primeiramente, em 1853, ob-

teve a solução para a torção aplicada a seções retangulares,atr~

vés da aplicação da teoria da elasticidade. Apresentam-se, res~

midamente, as relações obtidas para as peças retangulares maci­

ças (Fig. 11.2).

54

Fórmulas:

Equação de equilíbrio: T T , = max a a b2

( 1 1 • 6)

onde:

a coeficiente dado na tabela 11 .1

a maior dimensão da peça

b menor dimensão da peça

Distorção: y = S a b 3 G

( 1 1 • 7)

onde:

S coeficiente dado na tabela 11 .1

i comprimento da peça

FiQ. 11.2

55

TABELA Il.1

a/b 1 1 ,il 1, 75 2 2,5 3 4 6 8 10 .. "' 0,208 0,231 0,239 0,246 0,258 0,267 0,282 0,299 0,307 0,313 0,333

~ 0,141 o, 196 0,214 0,229 0,249 0,263 0,281 0,299 0,307 0,313 0,333

11 1,000 0,859 0,820 0,795 0,766 0,753 0,745 0,743 0,742 0,742 0,742

11 .1.1.3 - Seção Composta de Retângulos de Paredes Delgadas

Para as seçoes em forma de T, L, U, etc ... , foi desen­

volvida por BACH(i) uma formulação aproximada para o comportame~

to à torção. Apresentam-se, resumidamente, as hipôteses básicas

e as relações obtidas paras estes casos.

Hipõteses:

a) A espessura de cada parede do perfil e pequena, quando comp~

rada com as demais dimensões do mesmo.

b) A forma da seçao transversal permanece inalterada apos a de-

formação de torção (o ângulo de torção e o mesmo para

os componentes do perfil).

todos

1 L

FÕrmulas:

.. -t,

..

56

L

' ~1

t'

Fig. 11.3

1 l L

' • :1

t, t, .. -..

Relações geométricas: t 1 << L, t 2 << H, t 1 << H (Fig. 11 .3)

Equação de equilíbrio: T = Ge E

onde:

C = E 3

T = T X ,

max

.e

3

X3 Y - constante torsional

x3 v ..... .

X , - maior espessura de um componente retangular max

X - dimensão da peça

Y - dimensão da peça

( 1 1 . 8)

( 1 1 • 9)

57

11 .1.1 .4 - Seções Vazadas - Fórmulas de Bredt

As expressoes (ll.14)e(ll.17)aseguir deduzidas, conheci

das na 1 iteratura técnica corrente como 1~ e 2~ fórmula de Bredt,

sao de suma importância na análise de peças estruturais, sobret!:!_

do as de concreto armado, visto que no presente, as peças maci­

ças do referido material são assimiladas à perfis fechados com

paredes de pequena espessura, daí uma explanação um pouco

detalhada destas expressões.

mais

A análise será feita tendo-se em consideração um corpo

prismático, vazado, com parede de pequena espessura, não necess~

riamente constante, de material elástico linear (Fig. 11.4).

A tensão de cisalhamento, por tratar-se de tubo de pa­

rede fina, é admitida tangente à linha média do perfil, sendopo__r:_

tanto, iguais, as tensões nas faces interna e externa do mesmo.

O equilíbrio no elemento indicado na Fig, 11 .4 se estabelece a­

través de:

- Ttl1x + (T + dT t,s) (t + dt t,s) •l',x = O ••••• ( 1 1 . 1 O) ds ds

sendo:

T tensão de cisalhamento

t espessura da parede

s comprimento sobre a linha média do perfil

x comprimento ao longo da peça

58

As

Visto se(Jundo

Fig. 11.4

Desprezando grandezas de ordem superior:

d

ds (-rt)=O ...... . (11.11)

Da expressao (11.11) resulta a importante conclusão de

que o fluxo de cisalhamento é constante ao longo do contorno me­

dio do perfil.

A equaçao que traduz o equil Íbrio entre o momento de

torção externo e o produzido pelas tensões tangenciais se escre-

ve:

{Tt) ds ( 1 1 • 1 2)

A integral fechada em(ll.12) indica o somatório efetua-

59

do ao longo do perímetro do eixo médio do perfil.

onde:

T -+ r -A -

o

Da análise vetorial vem:

f+ +

rAd s +

= 2A i o

Logo conclui-se que:

T = T

2A t o

momento de torção

raio do eixo médio em relação

area definida pela 1 i nha média

ao ponto li o li

do per f i 1 do

( 1 1 . 1 3)

( 1 1 • 1 4)

tubo

No regime elástico 1 inear, com carregamento monotôni­

co e crescente, faz-se uso do princípio da conservação da ener­

gia, igualando-se o trabalho externo originário do momento tor­

çor aplicado e a energia de deformação interna, ocasionada pela

deformação do eixo da peça. Ou seja:

WEXTERNO = WINTERNO (11.15)

ou:

T• 8 = ( 1 1 • 1 6) 2 2 G

60

Logo:

d6 T = (11.17)

sendo:

e ângulo de torção

G módulo de elasticidade transversal

t comprimento da peça.

II. 2 ToRcÃo DE SAINT-VENANT EM PEcAs DE CONCRETO ARMADO -' '

COMPORTAMENTO MECÂNICO

11.2.1 - Considerações Iniciais

As peças de concreto armado sujeitas a torção possuem

três estágios distintos de funcionamento. Para ações solicitantes

pequenas, a fissuração praticamente inexiste, podendo-se então

considerar a seção transversal como integral, aplicando-se os pr.9.

cedimentos utilizados em peças homogêneas e elásticas. Em um nf

vel intermediário de cargas, o qual é limitado arbitrariamente,

nao possuindo 1 imites definidos, as teorias elásticas, apesar do

aparecimento de fissuras, ainda podem ser utilizadas; porem, o

mecanismo de resistência interna da peça já possui modificação

considerável de funcionamento. No Último estágio, com a peça a­

presentando fissuração desenvolvida, o mecanismo de resistência

passa a ser inelástico, requerendo um modelo matemático mais ela

ttorado, que traduza adequadamente o seu comportamento.

61

O estabelecimento dos limites entre os três estágios

é difícil, pois a peça apresenta fissuras para valores baixos de

solicitação. Como um valor arbitrário para limitar os estágios

elástico,com pouca fissura e inelástico, COLLINS( 4 ) recomenda o

valor da tensão do aço menor que a tensão de escoamento do mesmo

e a tensão máxima do concreto como 50% de sua resistência a com

pressao, isto é:

f < f s y

e

São transcritas as principais considerações sobre o

comportamento mecânico das peças de concreto armado, obtidas na

1 iteratura corrente.

11 .2.2 - Peças Plenas somente com Armadura Longitudinal

O comportamento das peças lineares de concreto armado,

cuja armação é composta apenas de armadura longitudinal, aprese~

ta a curva momento torçor versus ângulo de torção por unidade de

comprimento conforme indicado pela Fig. 11 .5.

T

o~---=-----------~ 8CR 8

Fig. 11.5

62

Para valores inferiores ao momento torçor de fissura-

çao (Cracked) TCR' o delineamento da curva momento torçor versus

ângulo de torção por unidade de comprimento é similar aos das p~

ças de concreto simples, não apresentando a armadura longitudi-

nal qualquer acréscimo ponderável na resistência da peça ao efel

to de torção. Por este motivo, o estudo das peças compostas ap~

nas de armadura longitudinal, pode ser desenvolvido, aproximada­

mente, através da teoria de Saint-Venant aplicada ao concreto

simples, conforme indica HSU( 1 ). Para as peças com pequena taxa

de armadura longitudinal, a ruptura pode se dar imediatamente a-

pós ao momento torçor de fissuração. Peças com armadura longit~

dinal de grande monta, apresentam resistência a ruptura da ordem

de 15% superior ao torçor de fissuração (Fig. 11.6).

T

TMÁX ..;:;;;._...""'-;~=--FORTEMENTE ARMADA

FRACAMENTE ARMADA

o '---~---------=-e-8cR

Fig. 11.6

Os ensaios demonstram que somente a armadura longitudl

na 1 e i nüt i 1, indiferentemente de sua posição na seçao transver-

sal da peça, isto é, nos cantos ou distribuída nas faces. Ao se

desprezar os efeitos secundários, encavilhamento e"efeito de re­

bi te"da armadura, a peça funciona, aproximadamente, como se de con

ereto simples fosse.

63

11 .2.3 - Peças Plenas com Armadura Longitudinal e Transversal

Os ensaios executados para as peças cuja a armaçao e

composta em igual percentagem de barras longitudinais e estribos

verticais, mostraram a existência na curva momento torçor versus

ângulo de torção por unidade de comprimento de duas fases distin

tas (Fig. 11.7).

600 ~ ~

~

' :!' 500

~

o ~ ~

o 400 ... o ... z ~ .. o 300 "

A TORÇOR ~E { 200 B F ISSU RAÇAO

100

( GC lsr. Venant o L--'-----'-----.l----'----'---'---'--'

O 20 40 60 80 100 120

ÃNGULO OE TORÇÃO POR UNIDADE OE COMPRIMENTO _, (10 DEG/IN)

Fig. li. 7

Na fase 1 a peça ensaiada apresenta uma linearidade fÍ

sica, nao apresentando ainda fissuração, o que corresponde ao

trecho "OA" do gráfico plotado. Após atingir um patamar de es-

coamento, trecho "AB", a peça se deforma ã torção com um carreg~

menta constante, apresentando as primeiras fissuras. Na fase 2,

já com a fissuração em pleno desenvolvimento, a peça atinge o es

tado final de ruptura, trecho "AC". Na fase 1, peça com respos-

ta 1 inear, a tangente do ângulo formado pelo trecho "OA" com o eixo hori-

64

zonta l é o mõdu lo de torção de Sai nt-Venant "CG", de fác i 1 obten

çao gráfica ou analiticamente. As dificuldades se tornam maio-

res quando da anã li se da fase 2, pois o mõdu 1 o de torção "CG" ª.!!

teriormente mencionado nao se aplica ao caso, sendo necessário

um cálculo mais apurado do mesmo, tendo em conta a fissuração da

peça.

A Fig. 11.8, transcrita de HSU(i), realça o comporta-

mento de várias peças com diferentes taxas de armadura total res

saltando que a rigidez torsional "CG" é pouco influenciada pelo

aumento da percentagem de armadura total das peças, corroboran-

do o fato de o cálculo da peça como concreto simples ser satisfa

tório. Esta e uma das razões para a consideração, no estágio i-

nicial não fissurado, de se aplicar a teoria de peças homogêneas

e elásticas.

600 fl ~

~

"é 500

~ o ~ ~

o 400 ,_ o ,_ z w ,. o ,. 300

TORÇOR ~E { 200 FISSURAÇAO

100

Pt, S.3%

lit ~,'

2.3%

Pt ~ PercenfoQem total de armadura ( illcluindo igual p1rc1ntoo111 dt armadura longltudinol e estribos J

(GC lst. Venant o L-..L...-L---'----'---'---'----'----'

O 20 40 60 80 100 120

ÃNGULO OE TORÇÃO POR UNIDADE OE COMPRIMENTO _, ( 10 DEG/ IN)

Fig. 11.8

O mecanismo de equ i 1 Íbr i o interno de uma peça de con­

creto armado sujeita à torção faz com que junto as arestas (Fig.

11.9), as bielas de concreto (modelo da treliça generalizada) tr~

balhando à flexo-compressão e os estribos solicitados a tração,

originem um sistema de forças que tende a expulsar o capeamento

existente nestas arestas. Para carregamentos elevados o estribo

não é capaz de evitar o rompimento destas capas de concreto. E~

ta fragmentação do concreto de cobertura não influencia o momen

to torçor de ruptura, mas afeta o momento torçor de

ou seja, para maiores espessuras de cobrimento das

tem-se um acréscimo nesta grandeza.

fissuração,

armaduras,

·-..: .. ·. : ,O. . -.;· •. ··:· . :-' =- / Troçõo no Estribo~ - -,', 1.~ .. ........ ~.,.'f/ \!_ .. =-..•

I 1o·: ·:: . #. ·)· : : • :_ =-. j .. . .

:'• comprenõo no concreto

comprusõo no concreto

Face exterior .. •Õ V do concrt~ t f t

J--TrOÇÕO cobri1tento

na ESfribo ------J pleno

cobrimento fr01J1Rtntodo

Fi;.11.9

11.2.4 - Modelo da Treliça Espacial Generalizada

11.2.4.1 - Escôrço Histórico

A idéia de explicar o funcionamento do mecanismo inter

no de resistência à açao cortante das peças de concreto armado

através da concepção de um modelo de trel.iça, originou-se com

Ritter e Morsch nos primórdios do século. A capacidade do mode-

66

lo de treliça, inicialmente concebido com ângulo de inclinação

das bielas comprimidas igual a 45°, foi corroborada pelos ensaios

experimentais realizados, motivo pelo qual este processo de aná­

lise foi adaptado às normas de diversos países e com algumas po~

cas modificações chegou aos dias atuais.

Em 1929, Rausch, seguindo a idêia original de Ri tter-

Morsch, desenvolveu uma tese sobre o modelo de treliça espacial

com bielas comprimidas a 45º, que se mostrava adequado para ana­

lisar o comportamento de peças de concreto armado sujeitasà tor

-çao. Contudo, talvez devido ao fato de os ensaios à torção se-

rem poucos, esta teoria nâo recebeu acrêscimos importantes duran

te os anos seguintes.

A partir da dêcada de sessenta houve um súbito interes

se na pesquisa experimental das peças de concreto armado -prote~

dido sujeitas à solicitação de torção. Em 1968 foi rea 1 i zado na

cidade de Detroit um seminário do American Concrete lnstitute

(ACI), culminando com a publicação "Torsion of Structural Concrete

SP-18", que contêm interessante coletânea de ensaios realizados.

Os trabalhos dessa publicação norteavam-se pela teoria formulada

por Lessig, denominada teoria da flexão oblíqua

Theory).

(Skew Bending

Em contrapartida, surgia na Europa, principalmente na

Suíça, Alemanha e França, uma linha de pesquisa teórico-exper_!_

mental ,vis'ando a generalizar o modelo de treliça espacial. Este

modelo de análise, com alguns resultados coincidentes com os ob­

tidos pela teoria da flexão oblíqua, possui mais arcabouço cientí

fico, ê adaptável a qualquer tipo de seção transversal e fornece

67

um tratamento uniforme aos casos de solicitações combinadas de

torção com flexão e torçao com flexão e cortante. A treliça es­

pacial generalizada permite o estudo da r(gidez torsional apõs a

fissuração.

11.2.4.2 - Conceitos Básicos

A treliça espacial generalizada é um modelo da peça

fissurada, atuando pois em regime plástico; tendo-se em conta que

a mesma so estará sujeita à ruptura dúctil, isto é, que ela e

sub-armada, os dois teoremas básicos da plasticidade podem ser

aplicados.

Teorema Estático ("Lower-Bound"):

Dado um carregamento para o qual existe um estado de

tensões (ou esforços internos), estável e estaticamente admi ss í­

ve l, este sera menor ou igual ao carregamento de colapso.

Teorema Cinemático ("Upper-Bound")

Dado um carregamento para o qual existe um estado cine

mático de deslocamentos, admissível e instável, este sera maior

ou igual ao carregamento de colapso.

11.2.4.3 - Modelo Mecânico

O modelo mecânico para uma seçao transversal genérica,

formada de trechos retilíneos (Fig. 11.10) e composta de armadu­

ras longitudinais distribuídas ao longo do perímetro da seção (na

68

análise serao consideradas agrupadas nos cantos) as quais funcio

nam como "tirantes"; estribos verticais com espaçamento constan

te e bielas diagonais de concreto sujeitas à flexo-compressão sl

tuadas entre duas fissuras inclinadas. O ângulo das "diagonais

de compressão" com o eixo longitudinal da peça e considerado cons

tante para cada face da seção transversal.

IDEALIZAÇÃO

z

Fig.11.10

A consideração de seção sub-armada e a utilização de

um diagrama elasto-plástico perfeito para os tipos de aço, longl

tudinal e transversal, torna possível a aplicação dos dois teore

mas básicos da teoria da plasticidade.

il.2.4.4 - Seção Transversal em Caixão

A importância da seçao transversal em caixão provem do

fato que atualmente a concepção estrutural das pontes de grandes

vaos e de adotar este tipo de seção, com suas variantes multice-

1 u 1 ar. Outro fato que a destaca, é que as seçoes retangulares

maciças se comportam à torção como se em caixão fossem.

11. 11 ilustra o modelo considerado.

A Fig.

Ili'

~

69

' q

__!_ Ao tz;, t_ ..

----b"

b'

b

Fig. 11.11

2

.

J h' b

.

Através de considerações de equilíbrio, utilizando- se

a 1~ equação de Bredt, a tensão na diagonal comprimida,

da de um ângulo "a", se obtém através de:

T

2A0

tsenacosa

i nc 1 i na

( 1 1 • 1 )

E as equaçoes que permitem obter as forças na armaçao

longitudinal e nos estribos são, respectivamente:

R Q, l: F Q, T.u

( 1 1 . 2) = = cotga ............ 2A

o

Fh T.s tga ( 1 1 • 3) = ............... 2A

o

70

onde:

Rt = ~ Ft - resultante das forças longitudinais nas armaduras

u perímetro dos estribos

A0

área delimitada pelo perímetro dos estribos que interligam

as armaduras longitudinais agrupadas nos cantos da seção

s espaçamento dos estribos.

A aplicação do teorema estático permite escrever:

( 1 1 • 4)

( 1 1 • 5)

sendo 11 A 11 11 A 11 e 11 f 11 11 f 11 as areas das armaduras e ten-st ' sh yt 7h

sões de escoamento das mesmas, na direção longitudinal e trans-

versal, respectivamente.

Para o momento de torção último têm-se as relações:

donde:

T = u

Tu=

tga

2A A 0 •f 0 O Sx. yx.

u

s

/

A •f •u = sh yh

A •f •s st y t

t ga ..•.......... ( 1 1 • 6)

cotga ( 1 1 • 7)

( 1 1 • 8)

71

(A 0 •f 0 ){A h•f h) S,<, X"' s y (11.9)

u.s

O ângulo de inclinação das bielas comprimidas deve a­

tender a seguinte limitação:

0,5 (; tga (; 2 ( l 1 • 1 O)

A equaçao (11.10) e uma adaptação da análise teórica

das considerações cinemáticas referentes a abertura das fissuras

e às deformações específicas nas armaduras longitudinais e trans

versais, à real idade dos ensaios efetuados

10 ESCOAMENTO

e:R DO AÇO

e:y LONGIT.

8 ER 2 -g;- = 1 +cot oc

6

5

4

2

o o• 15°

130º 45° so• 75º 90°

tg .. ~ / 2,0 015 IIIE

Fig.11.12

72

O modelo da treliça espacial generalizada, fecundo em

resultados teóricos comprovados pela experimentação, e estudado

minuciosamente por THÜRLLIMANN( 31) e LAMPERT et.:alii ( 32

)

As bielas de concreto sofrem uma solicitação de flexo­

compressão, necessitando de uma superposição de efeitos de com­

pressão uniforme e de flexão. A tensão devida à flexão pode a­

tingir de duas a três vezes o valor da tensão proveniente da com

pressão uniforme.

(11.11)

onde:

a - tensão de compressao uniforme na biela devida a torção. c

ºF - tensao de flexão devida a torçao.

11 .2.5 - Teoria do Campo de Compressão Diagonal

11.2.5.1 - Escórço Histórico

Com o desenvolvimento do modelo da treliça espacial g~

n era 1 i z a d a , M I Te H E L l e e o L L f N s( 4 2 ) for m u 1 a r a m nos i d os d os anos

setenta a teoria do campo de compressão diagonal para a anál i­

se de peças de concreto armado-pretendido sujeitas à torção. Es

ta teoria baseia-se na pesquisa de Wagner efetuada em 1929, so­

bre o comportamento dos perfis de aço com almas delgadas face a

ação cortante, após a flambagem dos mesmos.

73

11 .2.5.2 - Premissas Básicas

O modelo mecânico adotado leva em conta as seguintes con

siderações:

1. Após a fissuração da peça a torção é resistida através de um

campo de tensões diagonais de compressao no concreto, que foL

ma uma espiral com inclinação constante ao longo do eixo lon

gitudinal da peça.

2. Impõe a igualdade entre o ângulo de inclinação da tensão pri~

cipal de compressao e o ângulo de inclinação da deformação es­

pecífica principal de compressao.

A curvatura das bielas inclinadas é levada em conta,

sendo consideradas como espessuras das mesmas a distância entre

a face externa da peça e a 1 inha neutra da mesma, visto que a s~

licitação a que estão sujeitas é a de flexo-compressão(Fig.11.13).

A deformação específica "€ds" é suposta distribuída 1 inearmente

através da espessura da biela de compressão. Os coeficientes 110. 111

e "B" mostrados na Fig. 11.12 transformam o diagrama real de ten

sões em um diagrama retangular equivalente.

•1,

FLUXO DE CISALHAMENTO - q

74

Fig. 11.13

RESULTANTE DAS TENSÕES

fdticit;o

A relação entre a curvatura da biela comprimida e o

ângulo de torçao se escreve:

</> = 8 se n 2a. ........•..•. ( 1 1 • 1 1 )

Combinando esta expressao com a relação entre a curva­

tura e a deformação específica de compressão da biela "6ds" reti

rada da Fig. 11.13, tem-se:

</> = (11.12)

De ( 11 .12) fica demonstrado que a deformação específl

ca máxima está situada na face externa da seção transversal.

Aplicando o princípio da mínima energia complementar,

obtém-se a equação de compatibilidade entre o ângulo de inclina

çao da tensão principal de compressão e as deformações específi

cas nas bielas de compressão, na armação longitudinal e na arma-

çao transversal.

onde:

6d + € (2) h p

o

75

ph perímetro da 1 inha média dos estribos

p0

perímetro do fluxo de tensões cisalhantes

( 1 1 . 1 3)

A posição da resultante de compressao na biela obtida

no diagrama retangular, é igual a O,Sa (Fig. 11 .13), o que dete~

mina a área delimitada pelo fluxo de cisalhamento

rímetro "p0

" do caminho deste fluxo.

IIA li

o e o pe-

A determinação completa de todos os parâmetros neces­

sários a análise é obtida através de um processo iterativo, par-

tindo-se de valores inicialmente arbitrados para 11€ 11

ds ·

11.2.5,3 - Processo Iterativo de Análise

O roteiro da análise técnica e mostrado resumidamente

a seguir:

1. Arbitrar "6ds" (deformação específica da biela de compressao

na superfície da peça) e através do diagrama tensão-deforma­

ção específica do concreto, obter os valores de "a'" e "S",

transformando-o em um diagrama retangular equivalente.

76

2. Estimar o valor de 11 a 11 (altura do diagrama retangular de ten

sões) através de:

a = Btd ........ . ( 1 1 • 14)

3. Com o valor de "a" dado por (11.14) e a geometria da seçao

transversal obter 11A 11 e 11P ,. o o .

4. Calcular a tensão na armadura longitudinal e transversa 1:

e Po [ ,, ph ", J ( 1 1 . 1 5) = -- + Ehtga -+ 2A tga Po sen2a

o

Sendo as expressoes (11.16) e (11.17) obtidas através

das relações geométricas e condições de equilíbrio:

a'B f A c o ( 1 - ! ) 2

- E ( 1 -ds

Sendo 11 s 11 o espaçamento entre estribos.

(11.16)

( 1 1 • 1 7)

Entrando-se com 11 6 11 e "E II no diagrama tensão-deforma h t

çao específica do aço das armaduras, tem-se 11 ft 11 e 11 fh 11' as ten-

sões nas armaduras longitudinal e transversal, respectivamente.

5. Calcular "a":

a = o. 1 f p

c o

+

77

o.'f S c

(11.18)

6. Comparar os valores de "a" obtidos nos passos "3" e "5". Se

nao forem iguais, repetir os passos 11 311,

11 411,

11 5 11 e 11 6 11 até

uma convergência.

7. Calcular o torçor e o ângulo de torção:

( 1 1 . 1 9)

e = E ds

( 1 1 . 20) 2 q

T = 2A0

q .. , ..••... (11.21)

Repetir os passos 11 1 11,

11 2 11,

11 3 11,

11 4 11,

11 5 11,

11 6 11, e 11 7 11

para vãrios valores de 11 €ds" para se ter uma completa

à torção.

11 .2.5.4 - Comentãrios Finais

resposta

Esta teoria analisa as seçoes simetricamente armadas

longitudinalmente com seção transversal genérica, sujeitas ape-

nas a so 1 i citação de torção. Pesquisa a taxa de armadura que g~

rante a ruptura dúcti 1 da peça (escoamento do aço). A aplicabi-

78

lidade desta análise se restringe ao caso de torção de

Venant, nao prediz, portanto, o comportamento de peças

à torção de empenamento.

Saint-

sujeitas

79

CAPÍTULO III

ANALISE DAS PECAS DE CONCRETO ARMADO SUJEITAS • A EMPENAMENTO

III.l CONSIDERACÕES INICIAIS •

Para as peças de concreto armado as fissuras surgem em

uma fase inicial, visto que as peças, mesmo durante a sua confec

çao, já apresentam fissuramento proveniente do tipo de cura ado­

tado e retração hidráulica. Por este motivo a elaboração dos

cálculos, tendo-se em conta a consideração da seção plena não fis

surada em regime elástico e pura abstração, podendo-se na mai~

ria dos casos chegar-se a valores totalmente discrepantes da rea

1 idade.

A necessidade do estudo da análise elástica de tensões

de peças não fissuradas, visa, sobretudo, ao encadeamento de i­

déias e estabelecimento de expressões mais gerais, procurando tr~

duzir da melhor maneira o comportamento real das peças. Adotando

esta sistemática, KàSCIA (,) obteve expressoes que relacionam a

fase elástica 1 inear não fissurada com a fase elástica fissura-

da.

III.2 PECAS NAO FISSURADAS COM COMPORTAMENTO ELÁSTICO

111.2.1 - Hipóteses Simplificadoras

As hipóteses básicas para a formu 1 ação de uma teoria de

80

análise de tensões, para peças homogêneas com comportamento 1 i-

near, sao:

a) as tensões sao proporcionais as deformações específicas;

b) o concreto nao resiste a tração

c) as superfícies planas permanecem planas

Em peças com paredes delgadas as mesmas podem empenar,

devendo-se então complementar com as seguintes hipóteses:

d) a forma da peça permanece inalterada sob a açao externa, is-

to ê, sofrendo uma rotação ou translação os pontos da peça

manterão sua posição relativa inalterada no plano da seçao

transversal, mas nao no sentido longitudinal.

e) a distorção na superfície média das hastes que compoem a pe­

ça e desprezada.

f) um elemento linear perpendicular à superfície média da seçao

transversal, após a deformação da peça, permanece reto e pe.!:_

dicular à superfície média deformada, sem alteração do com­

primento.

A hipótese (d) e justificada desde que a peça nao apr~

sente grandes deformações, pois considera a seção transversal s~

ficientemente rigida para absorver tensões transversais sem apr~

sentar deformações acentuadas. A hipótese (e) é uma general iz~

ção da hipótese (c), na qua 1 o efeito do cortante na deformab i 1 i

dade da seção ê desprezado; indica, portanto, que as tensões de

cisalhamento oriundas da torção de Saint-Venant, apresentam dis­

tribuição linear e anti-simétrica em relação à linha média dahas

te que cornpoe a peça (Fig.

-- - -, --+i I t~7~-+

1 j -

81

1 1 1 • 1 ) •

1: -~ -----'----~ - ---- -t ----·--·-----------

1:

Fig. 111. 1

A hipótese (f) é a de Kirchhoff-Love para placas, jus­

tificada pela pequena espessura das hastes na seção transversal

em relação às demais dimensões desta e ao comprimento da peça.

111 .2.2 - Anãl i se das Tensões

Adota-se na anãl ise de tensões a forma aditiva para a

obtenção da tensão máxima atuante, isto é, superpõem-se os efei­

tos através da sorna algébrica das tensões para cada tipo de soli

citação atuante.

Para o caso geral de solicitação composta de momentos

fletores, esforço normal, cortante e bimomento, tem-se a expres­

são para a tensão normal:

(J = p

A

B•w +

J w

(111.1)

82

Os termos indicados em (ltt.1) possuem o seguinte signifi-

cado:

a tensão normal resultante

P ação normal

M - momento fletor segundo o eixo OZ z My - momento fletor segundo o eixo OY

J2

momento de inércia segundo o eixo OZ

J - momento de inércia segundo o eixo OY y

Z abscissa

Y ordenada

B bimomento

w coordenada setorial

Jw momento de inércia setorial

A área da seção transversal.

A predominância de uma das parcelas da equaçao (111.1) so

bre as outras, é função dos esforços atuantes e das dimensões ge~

métricas da seção transversal. A parcela referente ao bimomen­

to é geralmente desprezada em peças espessas; contudo, em estru­

turas compostas de peças com hastes de paredes delgadas, sua con

tribuição é ponderável, sendo às vezes preponderante no somató­

rio final das tensões normais.

III.3 PECAS FrssURADAS COM COMPORTAMENTO ELÁSTICO '

111.3.1 - Equações de Equilíbrio Interno

Para as peças fi ssuradas em regime elástico, KÕSCIA ( 3),

83

generaliza a hipótese das seçoes planas do seguinte modo: "As ten

sões internas em ambas seções, fissurada e nao fissurada, de con

ereto adequadamente armadas, se equivalem".

As relações entre as fases fissurada e nao

sao obtidas a partir das equações de equilíbrio:

fissurada

( 1 1 1 . 2)

a •Y •dA e e

(111.3)

a •Z•dA e e (111.4)

cr•w•dA - f a •w•dA - e e e

( 1 1 1 . 5)

Os índices nos termos a direita indicam tratar-se de

seçoes fissuradas (cracked) e as demais notaçoes possuem o mesmo

significado indicado anteriormente.

A indicação de f;·dA mostra

lizada na seção plena não fissurada e

tratar-se de integração rea

J ... dAc uma integração so­e

bre a área de concreto fissurado. A segunda integração é efetua

da levando em conta a área de concreto comprimida e a area de con

ereto tracionado, através da utilização da relação entre os mo­

dules secantes dos materiais.

84

A condição primordial para a validade da generalização

da hipótese das seções planas, é a armação adequada das peças,de

modo que o momento setorial de inércia da seção, fissurada ou

nao, sejam ambos ou nenhum deles igual a zero. Eliminando-se as

sim, a contradição de existir um momento de inércia setorial pa­

ra a peça não fissurada com valor diferente de zero e igual a z~

ro para a peça fissurada, tornando impossível a formulação mate­

mática do problema.

111 .3.2 - Tensões em Peças Fissuradas

As Figuras 111.2 e 111,3, retiradas de KÕSCIA( 3), ilus­

tram o significado das notações utilizadas e convenção de sinais.

A formulação matemática para a tensão normal e obtida

de forma aditiva:

Mz Y My Z c c c c + --- +

JZc JYc

B w c c

onde para a seçao fissurada, leia-se:

a tensão na seçao fissurada (no aço ou no concreto) c

Ac área da seção fissurada

Y ordenada c

Zc abscissa

JZc momento de inércia segundo o eixo OZ

J - momento de inércia segundo o eixo Oy Yc

Bc bimomento

( 1 1 1 . 6)

85

WC coordenada setorial

J momento de inércia setorial WC

Mzc - momento fletor segundo o eixo 02

My c - momento fletor segundo o eixo OY.

X

;v~~ ? + My COMPRESSÃO - POSITIVO T TRAÇÃO-NEGATIVO

Fig.111.2

y

F iQ .111.3

As coordenadas (~Z.~Y) sao referentes ao centro de gr~

vidade da seção fissurada e os pontos "A" e "B", sao, respecti-

vamente, os centros de cisalhamento da seçao fissurada e nao fis

surada.

As relações geométricas entre os eixos principais da se

çao nao fissurada e fissurada se expressam por:

( 1 1 1 • 7)

As propriedades geométricas da seçao fissurada sao tra

duzidas através de:

A = Jc

dA c c

Jc z z c

JYc = cosa

J z y

86

.......

dA c

dA c

= Jc

y z dA c c

se na

J Y y dA c c c c c

---'------ -

J WC

sena

dA c

w2 c

cosa

........

Sendo a coordenada setorial da seçao fissura:

( 1 1 1 • 8)

( 1 1 1 . 9)

( 1 1 1 • 1 O)

( 1 1 1 • 1 1 )

onde "D" é uma constante de integração que depende da posição i -

nicial do centro de cisalhamento.

As novas coordenadas do centro de cisalhamento sao:

= - ( 1 1 1 . 1 2)

f z c

Y • dA c c ( 1 1 1 • 1 3)

87

As relações entre os esforços internos atuantes na se­

çao fissurada e não fissurada, são obtidos facilmente através de

simples algebrismo, tendo-se em conta as relações e propriedades

geométricas de ambas as seções, donde:

Mzc = (M 2 - P•t:.Y) cosa - (MY - P•t:.Z) sena ... ( 111 .14)

Mvc = (M 2 - P•t:.Y) sena + (MY - P•t:.Z) cosa ...• ( 11 1. 15)

My J w •Y•dA + -c Jy A

w •Z•dA c

(111.16)

Este estudo mostra a necessidade da obtenção das carac

terísticas geométricas da seção transversal para um estágio fi~

surado. As relações deduzidas mostram a importância da fissura­

ção no cálculo dos esforços solicitantes. As fórmulas obtidas re

!acionam apenas a ação normal e os momentos fletores, não incluem,

portanto, a ação cisalhante.

88

CAPITULO IV

ESTUDO DA j;.JGIDEZ TORSIONAL

IV.l INTRODUCÃO '

O Estudo da Rigidez Torsional de Saint-Venant no está

gio fissurado começou a ser abordado mais cientificamente nos i­

dos dos anos setenta, partindo-se, primeiramente, de fórmulas em

píricas baseadas em ensaios de laboratório. Este procedimento

mostrou-se incapaz de predizer o comportamento de tipos qua i,s-

quer de seção transversal, visto a falta de arcabouço teórico p~

ra a sua genera I i zação.

Com a retomada da idéia da treliça espacial para o es-

tudo da torção, inúmeras teorias foram desenvolvidas; umas basea

das em condições de equilíbrio estático conjugadas com equaçoes

de compatibilidade de deformações específicas, outras fundamenta

das em conceitos de energia de deformação espec Íf i ca. Estes dois

caminhos de pesquisa visam generalizar o tipo de seção transver­

sal e prever, aferindo-se através de testes de laboratório, o

comportamento da rigidez torsional no estágio Último de fissura-

çao.

A necessidade da obtenção de expressoes para exprimir

a rigidez torsional de Saint-Venant da peça fissurada advém do

fato que a fissuração acarreta uma queda de cerca de noventa po~

cento desta com relação ã rigidez torsional inicial da seção nao

89

fissurada. Para estruturas hiperestáticas, as condições de com-

patibi !idade de deformações requerem um conhecimento da rigidez

torsional, pré e pós fissuração. KARLLSON et alii (20) obtiveram,

para seções retangulares, redução de até 95% entre estas rijezas.

A rígidez à torção de empenamento da peça fissurada a-

presenta maior dificuldade de expressao. Para um tipo qualquer

de seçao transversal é obtida a curva B x 8", que pode ser traç~

da através de cálculos numéricos iterativos. Cada nível de soli

citação resultará em um valor específico de (EJW)CRº A fissura-

ção reduz o valor dessa variável, porem, em menor escala que a

sofrida pela rigidez torsional de Saint-Venant.

JV,2 TEORIAS EXISTENTES - TüRCÃO DE SA!NT-VENANT '

IV.2.1 - Método de HSU:

( l 2 3 ) A Teoria proposta por HSU ' parte de um novo con-

ceita para o módulo de cisalhamento da peça fissurada, podendo

ser aplicada a qualquer tipo de seção transversal. A premissa de

que o volume de concreto interior à armadura nao interfere na ri

gidez torsional, sendo o caminho do fluxo de cisalhamento parte

de uma camada de concreto que encobre exteriormente e internamen

te as armaduras, permite obter a rigidez torsional da peça maci-

ça fissurada como se vazada fosse. A expressão matemática obti-

da baseia-se no modelo da treliça espacial com bielas de concre­

to inclinadas a 45ºe diferentes taxas volumétricas de armaduras,

sendo aplicável somente no caso de torção pura.

90

A expressao final obtida por HSU se escreve:

( 1 V . l ) 4nA l

u2( __ c + - + -)

onde:

GCR - Módulo de cisalhamento da peça fissurada

CCR - Momento de inércia a torção da peça fissurada

E - Módulo de elasticidade longitudinal do aço s

A - Areada seçao compreendida pelos estribos

A - Areada seçao transversal c

u - Perímetro dos estribos

h - Espessura da seçao vazada fictícia

E s

n = - Relação entre os módulos de elasticidade longitudinais E

c

p 9, - Taxa volumétrica da armadura longitudinal

Ph - Taxa volumétrica da armadura transversal.

91

IV.2.2 - Método de KARLSSON - ELFGREN:

Esta teoria para determinação da rigidez torsional pa­

ra o caso de torção pura e baseada na analogia da treliça clássl

ca. Partindo-se da energia de deformação específica armazenada

por unidade de comprimento da peça fissurada, chega-se a expres­

sao final de "JcR".

= JCR

+

sendo

onde:

E c

E s

A o

A sv

E c

4A

A rigidez torsional para a peça fissurada se escreve:

1 k h 1 i h

[ l 2 ..

I +-- I h 1 i + h 1 i + 1 + A2

~ h 16a A.

o = wi e = 1

b s I h 1 i ( 1 V. 2)

a sv e =

- Rigidez torsional no estágio fissurado

- Módulo de elasticidade longitudinal do concreto

- Módulo de elasticidade longitudinal do aço

- Area compreendida pelo caminho do fluxo de cisalha-

menta

- Area de uma perna de estribo

A. l

h . WI

92

- Area de uma barra longitudinal genérica

- Espessura da seçao vazada fictícia

Comprimento do trecho genérico medido de centro

centro das armaduras longitudinais

a

Es a = - Relação entre os módulos de elasticidade longitu-

e E c

d i n a i s

s - Espaçamento dos estribos.

!V.3 RiGIDEZ TORSIONAL AO EMPENAMENTO

IV.3.J Conceituação

O estudo da rígidez torsional ao empenamento da seçao,

ao contrãrio da rfgidez torsional de Saint-Venant, nao possui

uma teoria formulada com equações explíticas, as quais para uma

dada seção transversal forneceriam a ri'jeza pesquisada.

Para cada estãgio de solicitação a fissuração do con­

creto acarreta uma mudança do centro de cisalhamento, modifican­

do as propriedades setoriais da seçao e alterando o mecanismo me

cânico de resistência interna.

A continuidade da função que expressa o ângulo de tor­

çao permite a elaboração de um modelo de anãlise iterativo, ali­

cerçado na noção de módulo secante no ponto.

93

1 V. 3. 2 Modelo de HWANG-HSU

( 2 )

HWANG et ali i , baseados nas considerações relata -

das anteriormente, elaboraram um modelo de análise de rigidez to.::_

sional de empenamento da peça fissurada, como mostrado na Figura

IV. l., que denota para a função genérica B ~ B(8") a variação

da rijeza ao empenamento que vem a ser (EJw)CR'

Fig. IlZ'. 1

O gráfico B x 8" é traduzido por uma função contínua

que fornece para um ponto genérico duas rijezas, uma tangente e

outra secante, sendo esta ultima adotada O processo iterativo

elaborado pesquisa o valor de (EJw)CR' isto é, a rigidez torsio­

nal ao empenamento na fase fissurada para um dado estágio de so­

licitação. O valor obtido para (EJw)CR não engloba a parcela r~

ferente ao empenamento transversal, devendo-se adicionar os dois

valores provenientes do mesmo estágio de solicitação. O concre-

to não absorve ações trativas e os ditos efeitos secundários, en

94

cavilhamento e "efeito de rebite" sao desprezados. O aço traba-

lha apenas ã traçao e nao atua na região da seção transversal su

jeita ã compressao, o que parece ser uma simplificação sem res­

paldo, pois as peças em hastes de paredes delgadas não possuem

dimensões transversais de concreto de grande monta, o que acarr~

ta pequena colaboração deste na rijeza torsional face ao aço

(maior módulo de deformação longitudinal). O trabalho experime~

tal dos autores anteriormente mencionados fornece valores maio­

res que os obtidos teoricamente, o que corrobora a assertiva adi

cional da participação do aço na zona comprimida da seção trans

versa 1. Para peças super-armadas a ruptura pode ocorrer por em-

penamento transversal, assunto que carece de um estudo teórico­

experimental mais aprimorado.

95

CAPÍTULO V

DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS - ESTUDO DA CHAPA

V.l PRÓLOGO

O desmembramento das peças em hastes_de p~redes delga­

das em partes, permite que cada elemento que a compoe possa ser

adequadamente dimensionado. O cálculo atravês da Teoria da Tre-

1 iça Espacial Generalizada nao se aplica à esses elementos estru

turais, tornando essenclaJ a pesquisa de um processo para obten

ção das armaduras necessárias para resistir à ação de torção. A

Teoria da Plasticidade mostra-se adequada a esse fim e sera o

meio adotado na análise efetuada a seguir.

Na bibliografia(2

) ê desenvolvido um processo de cálcu

lo da rfgidez torsional ao empenamento de peças em h~stei de P!

~edes delgadas, seção canal, em fase fissurada; porém, quando

da anã! ise do comportamento da armadura das peças, os ensaios de

laboratório indicaram discrepâncias com os valores calculados p~

ra a rfgidez torsional de Saint-Venant. Os autores corrigiram

essas divergências com a adoção de um coeficiente empírico - fa

to não recomendável - o que em nada vem esclarecer a natureza do

comportamento mecânico interno da peça.

O dimensionamento das armaduras longitudinal e trans­

versal das peças em hastes-de paredes delgadas, na bibliografia

pesquisada mostrou-se impróprio, visto a adoção do Modelo da

Treliça Espacial Generalizada, teoria inadequada para o caso de

espessuras reduzidas das peças.

96

O presente capítulo procura desenvolver fórmulas apl i­

cáveis a torção mista, tendo-se em conta o estudo da peça des­

membrada em partes, as quais serãcestudadas como chapas. A apli­

cação dos conceitos da Teoria da Plasticidade é primordial na ob

tenção das expressões para o dimensionamento das armaduras.

V.2 CONCEITOS DA TEORIA DA PLASTICIDADE

V.2.1 Teoremas Fundamentais

Os teoremas básicos da Teoria da Plasticidade - Teore­

ma Estático e Teorema Cinemático - são essenciais para a justifl

cação rigorosa e a demonstração da consistência das equações fu~

damentais desse ramo da ciência aplicada. A utilização desses

teoremas torna possível a resolução de problemas sem a integra-

ção das equações diferenciais, o que torna esse procedimento, f~

ce as dificuldades dos casos práticos, tentador, quiçá único pa­

ra atingir as soluções almejadas.

Foram desenvolvidos primeiramente por A.A.Gvozdev, emi

nente cientista soviético, em 1936 e posteriormente e independe~

temente por W.Prager nos idos da década de cinq~enta, pesquisador

esse que criou uma verdadeira "escola" para a Teoria "da Plastici

d ade.

Os teoremas nao serao aquí enunciados, pois já o foram

no Capítulo 11.

97

V.2.2 Comportamento dos Materiais

A Teoria da Plasticidade supoe o comportamento rígido-

plástico perfeito dos aços das armaduras, conforme mostrado na

Figura V.1.

f ft

- IDNITUDIIIAI. - TR&NSVEIISAL

fl----- ftl----

o € o

-, ----1 F1

Fig. V.1

O diagrama tensao x deformação para o concreto.e o usual,

ou seja, parábola, parábola-retângulo ou retangular.

A hipótese admitida para o comportamento do concreto é

de que o mesmo resista à tração, o que pode ser expresso através

do critério de Coulomb-Mohr conjugado com o critério de Rankine,

ilustrados na Figura V.2.

98

a,

o ft

Fig. 1Z'. 2

V.3 FORMULAÇÃO DA ANÁLISE

V.3.1 Painel Fissurado

O estudo do painel fissurado ~~r-se-á tendo em conta

tão somente o Método Estático; pesquisa-se assim a armadura para

a carga mínima de ruptura.

Seja o painel fissurado dado na Figura V.3, referencia

do a um sistema de eixos"XOY"com armaduras ortogonais edesiguars.

99

t To ---y

.. o+------x

Fig. V. 3

Sejam as tensões nas armaduras:

- longitudinal: F

- transversal Ft

Os esforços exteriores sao:

- n n , 1 x' y normais e cisalhantes

As tensões normais e tangenciais sao, respectivamente:

- o o ' '[ X' y xy

1 O O

V.3.2 Método Estático

O equilíbrio estático do painel fissurado, com fissu­

ras inclinadas de um ângulo "a" em relação ao eixo "OX" e armadu

ras ortogonais e diferentes nas duas direções, permite escrever:

n = o + "f X X

'( =-, xy

V. 1

V.2

V.3

As tensões principais atuantes na chapa sao dadas por:

o + o / ['' O ) 2 X y + y '( 2 01 +

2 2 v.4

Oz = o V.5

o + o / (º -O )2 X y - X y + 2 03 = '(

2 2 V.6

ou ainda:

2

Txy = (ox - 03) (oy - 03) V.7

2 (01 - O ) (01 - O ) v.8 '~x y =

X y

= O + O = 01 + 03 X y

V.9

lo l

Definindo-se as taxas mecânicas das armaduras como:

onde:

- f c

A sx

f t c

A sy

f t· e

tensao de escoamento do aço na direção "x" e

respectivamente.

-tensao de compressao no concreto.

r imposta a condição:

-A equaçao V.12 garante que a ruptura nao ocorrera

direção "2", direção da tensão principal intermediária.

V. 1 O

V. 11

llyll,

V. 1 2

na

No desenvolvimento da análise, em obediência às expre~

soes V.4 e V.6, tem-se, para quaisquer valores de "o", X

11 0 11 e y

"T" que: 0 1 :>' O e o 3 < O, isto e, a tensão principal na direção

11 1" sera sempre de tração e a tensão principal na direção "3" se

rã sempre de compressão.

O critério de ruptura de Coulomb-Mohr em sua forma ge­

ral se expressa:

l O 2

[ II <P

1 o ~ - f + o. tg2 -- + V. 1 3 c J 4 2

Para a chapa em estudo, tem-se:

[ II <P l 03 = - f + 01 tg2 + V. 1 4 c 4 2

)

sendo:

q, - angulo de ruptura do concreto.

Substituindo V.4 e V.6 em V.14 e utilizando o conceito

de taxas mecânicas das armaduras, chega-se a:

1

f c

- sen<t,

2

(q,2 + X

q,2) + q, q, 11 + --- +2 r--1 - senq,I 1 11 + sen<Pl

2

Y l sen<t, - l x Y l 1 - sen<P J (1>1>)·

X y

A fórmula V.15 é a expressao mais geral que

sen<t, 1 - sen<P

+ 1

V. 1 5

relaciona

as taxas mecânicas das armaduras, ângulo de ruptura e tensão de

compressão do concreto com a tensao de cisalhamento, atendendo a

a • - - -1 - c o n d I ç a o d e r u p t u r a a d o ta d a , q u e e o c r i te r i o d e Cou l omb-Moh r . A

suposição de que o concreto resista à tração, impõe uma 2~ condi­

ção de ruptura, que é o critério de Rankine, o qual a tensão prin­

cipal de tração 11 0 111 deverã atender, logo:

01i ft V. 16

l 03

sendo:

ft - tensão de ruptura a tração do concreto.

Substituindo V.4 em V.16 e utilizando o conceito de ta

xas mecânicas das armaduras, chega-se a:

T

f c

= <!> <!> X y

ft + - . (<!> +

X f

<!> ) y V. 1 7

c

A interseção das superfícies representadas por V.15 e

V.17 é obtida igualando-se essas expressões, o que resulta na

equaçao dada por:

2 <!> )

y [

-1 - sencJ,j'

se n<jl - 1 + <!> <!>

X y li+ l11 + sencJ,J

12

l L 1 sen'P J +

+ 2(<!> + <!> ) X y r sencj, ) + 1) _ ir~i 2

ll - sencj, [fc + <!> <!> +

X y

+ ft

( <!> = o V. 18 X

fc

A equação V.18, para casos particulares do ângulo de - .,f tll

ruptura "cj,", da relaçao - e de uma taxa mecânica suposta cons fc

tan te, leva a uma equaçao

taxa mecânica.

do 2~ grau, cuja variável é a outra

l 04

V.4 APLICAÇÃO A UM CASO PARTICULAR

V.4.1 Cálculo Analítico

Seja dado o caso particular cujas as características do

-concreto sao:

ft

f c

= 0,125, sen~ = 0,6 (~ - 37°)

As expressoes V.15, V.17 e V.18 se transformam, respe~

tivamente, em:

T

f c

T

f c

= 0,2

=

- 4(<1> 2 +<1> 2) + 17<1> q, +3(<1> +<!>) + 1

X y X y X y

<!> <!> + 0,125 (<!> + <!>) + 0,0156 X y X y

(<!> 2 + <!> 2) + 2,0000 <!> <!> + 0,0325 (<!> + <!> ) - 0,1523 = O

X y X y X y

Fazendo 11 <ll 11

X igual a li q, 11

y ' as expressoes calculadas

necem:

de V.19: T

0,5000 (valor máximo) f

c

V. 1 9

V.20

V.21

for

de V.19:

de V.20:

; <)l y

T

f c

T

f c

l o 5

= o 'o:

; 0,2000, condição de Coulomb-Mohr

= 0,1250, condição de Rankine

- da expressao V.21: Coulomb-Mohr conjugado com Rankine

T

f c

; 0,3125 para <P X

; <)l y

0,1875

Dos resultados anteriores observa-se que a elaboração

de tabelas para o dimensionamento do painel fissurado é de fácil

obtenção, tornando o dimensionamento possível para um caso geral

de solicitação.

V.4.2 Elaboração de Tabela

Os resultados anteriores possibilitaram a geraçao da

TabelaV.1 que possibilita o dimensionamento para o caso geral.

Os valores dentro do perímetro em traço forte foram ob

tidos através da equação V.20 - condição de Rankine - e são limi

tados superiormente pela equação V.21 (interseção das duas condi

ções de ruptura), sendo os limites máximos para a condição de

Rank i ne os dados pelos pares (<Jl ; <)l ) : X y

(0,0000; 0,3743); (0,1000; 0,2473); (0,2000; 0,1743);

(0,3000; 0,0986); (0,3743; 0,0000).

l o 6

WlELA Y.1

( ft/fc) = 0, 125 aen cp = 0,6

~ 'o/fc

º·º :>,IO o,20 0,30 0,40 Of,IJ 01ft) 0,70 OIJJ 0,90 1,00 X

º·º .1250 .1676 .20!5 .2304 .2'498 - - - - - -0.10 .1676 .2249 .2704 .3040 3162 .3231 .3250 - - - -0,20 .2015 .2704 .3200 .3464 .3667 .3816 .3919 .3980 .4000 - -0,30 .230I .3040 .3464 .3800 .4069 .4285 .4454 .4583 - - -~ 2498 .3162 .3667 .4069 .4682 .4673 .4899 - - - -

u

' , 0,50 - .3231 .3816 .4285 .4673 .SCXXJ - - - - -0/jO - .3250 .3919 4454 .4899 - - - - - -0,70 - - .3980 .4583 - - - - - - -

0/!JO - - .4000 - - - - - - - -0,90 - - - - - - - - - - -1,00 - - - - - - - - - - -

1 O 7

O caso particular em que as taxas mecânicas de arma

dura sao iguais e ambos os critérios de ruptura sao atendidos

simultaneamente, corresponde ao par (0,1875; 0,1875) sendo

T = 0,3125. f

c

Os ensaios de laboratório demonstram que somente a

armadura longitudinal é inútil, indiferentemente de sua posição

na seçao transversal da peça, isto é, nos cantos ou distribuída

nas faces. Ao se desprezar os efeitos secundários - encavi lhamen

to e"efeito de rebite"da armadura - a peça funciona,

mente~omosede concreto simples fosse.

V.4.3 Gráfico

aproximad~

Plotando-se os resultados obtidos na geraçao da Tabela

V.1,obtém-se o giáfico dado pela Figura V.4, o qual permite uma

visualização perfeita da relação entre as variáveis adotadas no

dimensionamento do painel fissurado.

0,5000

0,2304

;-1 0,IO 0,20 0,30 0,40

lll

~ o

0.50 0,60

.., CD

~ o

0,70

/Jy: 0,30

.!!.. =o 125: sen ro=o s ~ • T •

,/'\ .. ,a. + .. oe,

0,80 0,90 1,00

o ex,

1 09

CAPITULO VI

EXEMPLO NUMÉRICO

A viga de concreto armado mostrada na Figura VI .1, es­

tá sujeita à solicitação de torção uniformemente distribuída ao

longo de seu vão. Pede-se efetuar uma análise do comportamento

estrutural da mesma e dimensionar as armaduras para a ação soli­

citante. Os coeficientes de segurança são iguais à unidade.

Dados:

- aço CA-SOA: f (X) = y

f ( y) = y

soo MPa

- concreto f c

= 30 MPa

- 9, 5,00m

- mD 40 KNm/m9,

(J ~ (.)

"111 .., " ..

- -r -· --- ---, 1 1 ~ ' ' ' CG 1

~

1 .. " ' " '

y

' ' ' ' ,li l ' l 1

' J L.l. - ._ z

Fig. 'lZI. 1

l lo

FASE ELASTICA (seção homogênea):

- Centro de cisalhamento:

d = d; 18,5 cm

b 2

3

- Momentos de inércia:

c

J z = b 2 t 2

=

l b. t: 1 1

[~ + ~i

2 1 2

Jt - 1,0728 m4

J - 57,2624 m• z

J -121,9652m 6

w

- Comprimento característico:

k =

- Esforços

T s

T (0

= z' -

2

k

z

k - 0,06 m

internos:

cosh kz - cosh kz' + --

k senh kJl

cosh kz - cosh kz'

senh kJl

l l l

senh kz + senh B =

s en h k,Q,

Estes esforços, para as seçoes com cotas (0,00; 5,00),

(2,50; 2,50) e (5,00; 0,00), denominadas, respectivamente, de 1,

11 e 111, estão resumidos no Quadro VI .1.

QUADRO 'llI. 1

COTASlml ESFORÇOS INTERNOS SEÇAO ~ 'li Ts INml TwlNml 81Nm21

I 0,00 5,00 8,2 991,8 o

n 2.50 2,50 o o 1 058 ,2

m 5,00 0,00 -8,2 -991,8 o

- Tensões tangenciais:

Na figura Vl.2, é ilustrada a variação do momento seto

rial estático da seção e da coordenada setorial.

logo:

E ( C) = w

Fig. 'lZI. 2

- b1b2 (b1 - 2d)

t

4

t

4

t

4

l l 2

t

8

~ -'O .. '

E (A) = w

E ( B) = w

- 6,2149 m4

- 3,1860 m4

E(C)=-1,3850 m4

w

As expressões para cálculo sao dadas a seguir. Os va­

lores obtidos foram transcritos no Quadro VI .2.

T s

T t s

T (JJ

T E ~ {.,~

de:

l l 3

As tensoes normais (Quadro Vi.2) foram obtidos através

a =

PCWTO

A

e

e

1

2

3

4

B • w

j (Jj

1T

---1 ,6

-0,5

0,5

-1 ,6

QUADRO "!ZI. 2

TENSÕES ( MPa.l ~. ~Ili

0,5 -8,4

0,5 - 4.3

0,5 • 1, 9

- -- -- -- -

- Dimensionamento das armaduras:

'l.s + g m

- 7,9

- 3,8

-1,4

----

A Figura Vl.3 esclarece a orientação dos eixos adota­

dos para o dimensionamento dos painéis.

11 4

Bs2

y

A

1

Fig. 1lI. 3

painéis laterais: a tensão tangencial máxima está loca

lizada no ponto 11 A11 e a mínima em 11 8 11, isto é,

(A) T = 7,9 MPa T(B) = 3,8 MPa

A Tabela V.) fornece os seguintes resultados:

armadura mínima:

<I> = <I> = 0,20 X y

T = 0,3200 x 30 = 9,6 MPa > 7,9

armadura máxima: anti-econômica

<I> = <I> = 0,50 X y

l l 5

para um par de taxas mecânicas qualquer:

<I> ; 0,30 , <I> ; 0,10, T; 9,1 MPa > 7,9 X y

logo:

A ; s

X

A ; s y

<!> X

<!> y

f t b1 c

f y

f t c

f y

A s

4,86 cm 2 - 2 x 5$8

X

1 O O A

s = 3,60 cm 2 - estribos ~5C12 5

y

painel horizontal: através do procedimento anterior tem-se,

armadura mínima:

<!> ;<!> ;0,10 X y

T; 6,8 MPa > 3,8

armadura adotada:

<!> ; O , 2 O <!> O , 1 O T ; 8 , 1 MPa > 3,8 X y

<!> f t 100 A X c A 7,20 cm 2 - 9910, adotaremos ; ;

s f s X X y

<!> f t b2 A c A ; 2, 1 2 cm 2 - estribos d,5 e 2 o ;

sy f s y

y

1 0$ 1 O

As tensões normais máximas sao obtidas através das

expressões aditivas:

1 1 6

o ( 1 + <p ) f c X c

X

o = - ( 1 + <p ) f c y c y

ºr = <p f + ft X c X

ºr = <p f + ft y c y

logo,

painéis laterais o = - 39,0 M Pa, o =,-33,0 M Pa, c c

X y

ºr = 1 2 , 8 MPa ºr = 6,8 MPa X y

painel horizontal: o = - 36,0 MPa, o = - 33,0 MP a, e c X y

o = 9,8 MPa, ºr = 6,8 MPa CT

X y

Nos detalhes das armaçoes (Figura VI .4) nao serao con­

siderados problemas de ancoragens da armadura longitudinal e ou­

tros pormenores; está mostrado apenas a seção transversal com as

armaduras calculadas.

l l 7

10 010

/ ~ L/ 1/ \~

.. 13

5 .. 13 1

CO'

e ,j 19

º

O' .. 1 Q .. '

º !!! .., u <t UI 151

1

º 4

,,_ - == = ,_ t-.. 4

-F19."lZI.4

Comentários finais: é de fácil comprovaçao que as ten­

soes normais devidas ao bimomento, considerando-se os esforços

elásticos com seção plena e homogênea, são desprezíveis.

do, a modificação do mecanismo interno de resistência da

Contu-

peça

apresenta grande variação com a fissuração do concreto, sendo que

tal fato não foi analisado no exemplo numérico. As armaduras cal

culadas, principalmente no sentido longitudinal da peça, deverão

ser verificadas para essa ação solicitante através de

.. d •d. b'bl' f'( 2). 1terat1vo~, os quais o escrito na 1 1ogra 1a e

processos

um exemplo;

nas conclusões deste trabalho serao tecidos comentários mais po~

menorizados a esse respeito.

118

Na bibliografia pesquisada nao foi encontrado um mêto­

do racional de cálculo das armaduras de uma peça em haste de pa-

redes delgadas quando da solicitação de torçao; os autores que

se empenharam na análise dessas estruturas, adotam o Modelo da ô

Treliça Espacial, a 45 ou Generalizada, o qual ê inadequado pa-.

ra a análise em questão. Em ( 2 )

, ve-se claramente a discrepân-

eia que tal procedimento acarreta quando da comparaçao com os en

saios de laboratório.

119

CAPÍTULO VII

CONCLUSOES

A vasta bibliografia pesquisada, da qual procurou-se

extrair os conceitos fundamentais e as teorias que regem o com­

portamento mecânico das peças sujeitas à ação de torção, princi­

palmente as constituídas de hastes em paredes delgadas, mostrou­

se carente no que se refere ao dimensionamento das armaduras des

se tipo peculiar de peça. Autores como Krpan, Collins, Hwang,

Hsu e KÕscia, adotam mêtodos inadequados a esse cálculo, porem,

após a ''adoção" de determinadas armaduras, procedem à análise da

resposta estrutural da peça assim armada. O desenvolvimento de

um processo de dimensionamento baseado em critêrios de ruptura

(Coulomb - Mohr em conjunto com o de Rankine), permite a resolu­

ção do problema; contudo, um estudo pormenorizado levando-se em

conta o Teorema Cinemático da Teoria da Plasticidade faz-se ne­

cessário.

tes:

Dentre as diversas conclusões, destacam-se as seguin-

Peças Espessas - Torção de Saint-Venant:

1) A rigidez torsional de Saint-Venant da peça fissura

da ê apenas uma fração, da ordem de 20 a 10%, do seu

valor inicial (seção homogênea plena) em regime elás

tico não fissurado.

l 2 O

2) O estudo da torção de Saint-Venant em peças de con-

ereto armado de seção plena ou vazada, apresentou

grande desenvolvimento nas Últimas duas décadas.

Contudo, um conhecimento mais satisfatório do mecanis­

mo mecânico de resistência interna e o aprimoramente do modelo de

Treliça Espacial Generalizada, visando a interação das diversas

ações solicitantes (cisalhamento, flexão, torção e ação normal),

faz-se necessârio. Alguns tópicos, tais como, bielas comprimidas

e rigidez torsional para diversos estâgios de solicitação, neces

sitam de uma anâlise mais completa.

Peças em Hastes de Paredes Delgadas - Torção Mista:

1) A classificação das peças em hastes de paredes del­

gadas de concreto armado deve ser feita, "a priori",

tendo-se em conta suas dimensões geométricas. O

"comprimento característico" não deve ser utilizado

como um 11 classificador 11, pois o mesmo varia para di

ferentes estágios de solicitação.

2) O modelo da Treliça Espacial Generalizada e a Teo­

ria do Campo de Compressão Diagonal não se aplicam

ao dimensionamento das peças em hastes de paredes

delgadas.

3) Peças consideradas espessas podem apresentar campo~

tamento análogo ao de peças em hastes de paredes

delgadas, pois a fissuração reduz a rigidez torsio-

l 2 1

nal de Saint-Venant e a rigidez ao empenamento em

proporções diferentes, ocasionando uma mudança no

mecanismo mecânico de resistência interna, fenômeno

esse que em pesquisas futuras pode ser analisado a

través do estudo do "comprimento característico" p~

ra os diversos estágios de solicitação.

4) Um estudo teórico para o estágio elástico fissura­

do, tendo-se em conta as tensões tangenciais faz-se

5)

necessário. ( 3 )

K0SCIA estudou somente o comporta-

menta estrutural face as tensões normais quando da

fissuração.

( 3 ) KÕSCIA demonstrou teoricamente que a açao do bi-

momento surge apos a fissuração das peças em hastes

de paredes delgadas, mesmo quando essa açao e nula

quando da seção plena não fissurada; a expressao ma

temática para essa peculiaridade é:

B c

w c

M dA +

J

X M J w ydA + ...:i.. c J A

X y

w xdA c

6) O centro de cisalhamento apresenta uma modificação

em sua posição original (peça não fissurada - seção

homogênea plena). A sua localização para cada está

gio de solicitação e fundamental para o estudo da

rígidez torsional ao empenamento.

122

7) O processo iterativo proposto por HWANG et ai i i (2

)

permite o cálculo da rigidez torsional ao empena­

mento para diferentes estágios de solicitação. Es

se processo generalizou as expressões obtidas por

K0SCIA(1l, pois o regime de solicitação pesquisado

é não-1 inear, traduzido pelas curvas "o x E: 11 dos

materiais componentes do concreto armado.

8) Uma generalização do processo iterativo

( 2 ) em pode ser obtida tendo-se em conta a

descrito

contri-

buição da armadura nas regiões comprimidas, o que

modifica consideravelmente a carga Última.

9) A análise do painel fissurado, inicialmente desen-

(44) volvida por NIELSEN , mostrou-se um método ade-

quado à obtenção da armadura para as peças em has­

tes de paredes delgadas.

10) O estudo do painel fissurado, tal como desenvolvi­

do neste trabalho, permite a obtenção de tabelas

gerais ou programas de computador para o dimensio­

namento das armaduras.

li) A condição<!> + <!> ,; 1 exclui a hipótese de ruptu-x y

ra na direção da tensão principal intermediária, o

que permite desprezar na análise desenvolvida a con

tribuição do empenamento transversal.

123

BIBLIOGRAFIA

( 1) HSU, T.T.C. - "Torsion of Reinforced Concrete" - Van Nostrand

Reinhold Company - 1984.

(2) HWANG, C.S; HSU, T.T.C. - "Mixed Torsion Analysis of Rein

forced Concrete Channel Beams - A Fourier Series Approach"­

ACI Journal, Proceedings V.80, n? 5, Setembro - Outubro

1 983.

( 3) ZBIROHOWSKI-KOSCIA, K. F. - "Stress Analysis of Cracked Rein

forced and Prestressed Concrete Thin-Walled Beams and

Shells". - Magazine of Concrete Research, V. 20 n? 65,

Dezembro 1968.

( 4) KRPAN, P.; COLLINS, M.P. - "Predicting Torsional Response of

Thin-Walled Open Reinforced Concrete Members" - Journal

of Structural Division, ASCE, Vol. 107, n? ST6, Junho 1981.

( s) KRPAN, P.; COLLINS, M.P. - "Testing Thin-Walled Open Rein-

forced Concrete Structures in Torsion" Journal of

Structural Division, ASCE, Vol. 107, n? ST6, Junho 1981.

( 6) THURLIMANN, B. - "Shear Strength of Reinforced and Prestressed

Concrete Beams" - ACI Symposium, Abril 1976, Filadélfia,

E.U.A.

( 1) SANTOS, SYDNEY M.G. dos SANTOS - "Estudo das Hastes de Pare

des De 1 gadàs com Seção Aberta" - PUC Rio de Janeiro, '1967.

124

(a) SANTOS, SYDNEY M.G. dos SANTOS - "Notas de Aula - Estrutu -

rasem Hastes de Paredes Delgados - COPPE/UFRJ, 1983.

( 9) ILG, 1. - "Vigas Contfnuas com Hastes de Paredes Delgadas-

Estudo da Torção" - Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, 1983.

( 10) KAVYRCHINE, M. - "Quelques Aspects du Comportement du Béton

de Structures Lié a L' lnfluence des Zones Tendues ou Fis

surées" - Annales de I.T.B.T.P., Maio, 1980.

(11) PR(, M. - "Analyse Plastique des Poutres-Caissons en Béton

Armé Sous Chargement Combiné" - Annales de I.T.B.T.P, Ju

nho, 1980.

(12) YOUSSEF, M.A.; BISHARA, A.G. - "Dowel Action in Concrete

Beams Subject to Torsion" - Journal of the Structural

Division, ASCE, Vol. 106, n? ST6, Junho, 1980.

(13) COLLINS, M.P. - "Towards a Rational Theory for Reinforced

Concrete Members in Shear" - Journal of the Structural

Division, ASCE, Vol. 104, n? ST4, Abril, 1978.

(") ROY, S.K.; MURKHOPADHYAY, M. - "Prestressed Concrete T Beams

under Combined Bending an Torsion" - Proceedings

Civil Engineering, Dezembro, 1977.

lnst.

(15

) SOLANKI, H.T. - "Behaviour of Reinforced Concrete Beams in

Torsion" - Proceedings lnst. Civil Engineering,

l 9 8 3 •

Março,

125

(16) KHAN, A.H.; TOTTENHAM, H. - "The Method of Bimoment Distribu_!.

ion for the Analysis of Continuous Thin-Walled Structures

Subject to Torsion" - Proceedings lnst. Civi 1 Engineering,

Dezembro, 1977.

(11) SMITH, B.S., TARANATH, B.S. - "The Analysis of Tall Core-

Supported Structures Subject to Torsion"

lnst. Civil Engineering, Setembro, 1972.

Proceedings

(ia) EWIDA, A.A.; McMULLEN, A. - "Concrete Member under Combined

Torsion and Shear" - Journal of the Structural Division,

ASCE, Vol. 108, n? ST4, Abril, 1982.

(19) SOLANKI, H.T. - "Reinforced Concrete Beams in Pure Torsion"

Journal of the Structural Division, ASCE, Vol. 107, n?

ST12, Dezembro, 1981.

(20) KARLSSON, 1.; ELFGREN, L. - "Torsional Stiffness of Rein-

forced Concrete Member Subjected to Pure Torsion" - Mag~

zine of Concrete Researc.h, Vol. 24, n? 80, Setembro, 1972.

(21) SANDEGREN, D.S; YU, C.W. - "Torsional Stiffness of Rein-

forced Concrete Rectangular Members" -Magazine of Concrete

Research, Vol. 31, n? 109, Dezembro, 1979.

( 22) PR!:'., M. - "l"tude de la Torsion Dans le Bétom PréContrai nt

par la Méthode du Treillis Spatial Evolutiff" - Annales

de I.T.B.T.P., n? 385, Julho-Agosto, 1980.

126

(23) HSU, T.T.C. - "Post-Cracking Torsional Rigidity of Reinforced

Concrete Sections" - ACI Journal, Proceedings V. 70, n~

5, Maio, 1973.

(24) FAUCHART, J; DEMORIEUX, J.M; LACHIZE, J.P; MORISSET, A.;

VILLATOUX, J.P. - "Ruptures des Poutres de Sections Rec­

tangulaire en Béton Armé ou PréContraint, par Torsion et

Flexion Circulaire Combinées" - Annales de I.T.B.T.P. n~

301, Janeiro, 1973.

(2s) COLLINS, M.P.; MITCHELL, D. - "Shear and Torsion Design of

Prestressed and Non-Prestressed Concrete Beams" - PCI

Journal, V. 25, n~ 5, Setembro-Outubro, 1980.

(2G) POPOV, E.P. - "Introdução ã Mecânica dos Sôlidos" - Editora

Edgard Blücher Ltda - 1978.

(21) FEODOSIEV, V.I. - "Resistencia de Materiales" - Editorial

Mir Moscou, 1972.

(2a) LANGENDONCK, T.V. - "Vocabulário de Teoria das Estruturas" -

Associação Brasileira de Cimento Portland, 1982.

(29) VLASSOV, B.Z. - "Pieces Longues en Voi les Minces" - E'.ditions

Eyrolles, 1962.

(3o) SHAMES, IRVING, H. - "Introdução à Mecânica dos SÕlidos"

Prentice/Hall do Brasil, 1983.

127

(31) THURLIMANN, B. - "Torsional Strength of Reinforced a nd

Prestessed Concrete Beams" - ACI Symposium, Abril, 1976,

Filadélfia, E.U.A.

(32) LAMPERT, P.; THURLIMANN, B. - "Ultimate Strenght and Design

of Reinforced Concrete Beams in Torsion and Bending"

lnternational Association for Bridge and Structural Engi

neering, Zurique, Suíça - Publicação 31-1, 1971.

( 3 3) COELHO, LUIZ HERKENHOFF - "Tensões Devi das ao B i -Momento em

Tabuleiros de Pontes de Concreto Armado Bi-Apoiadas e com

Contrapesos Maciços" - Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, 1984.

(34) MEGSON, T.H.G. - "Linear Analysis of Thin-Walled

Structures" - Surrey University Press, 1974.

Elastic

(35) PRESTES, JOSI: ANTONIO SOARES - "Análise Linear de Estrutu-

ras Planas com Elementos de Paredes Delgadas" - Tese de

Mestrado, COPPE/UFRJ, 1983.

(36) PR!:, M. - "Notas de Aula - Tópicos Especiais de Concreto Ar

ma do ou Protend ido", COPPE/UFRJ, 1980.

(37) PRI:, M. - "Torsion, Flexion et Effort Tranchant dans 1 es

Poutres - Caissons Rectangulaires en Bêton Précontraint"

- Tese de Doutorado, Université Pierre et Marie Curie

Paris, 1978.

128

(3a) KARPAN, P. - "The Behaviour of Open Thin-Walled, Restrained,

Reinforced Concret Members in Torsion" - Tese de Doutora

do, University of Toronto - Toronto, 1974.

(39) NIELSEN, M.P. - "On the Strength of Reinforced Concret Discs"

- ACTA Polytechnica Scandinavica, Ci 70, Copenhague, 1971.

("º) CARNEIRO, F.L.L.B. - "Aplicações da Teoria da Plasticidade

ao Concreto" - COPPE/UFRJ, n? 1 /68.

(<!) CARNEIRO, F.L.L.B. - "Notas de Aula - Aplicações da Teoria

da Plasticidade ao Concreto" - COPPE/UFRJ, 1985.

(•2) MITCHELL, D.; COLLINS, M.P. - "Diagonal Compression Field

Theory - A Rat iona l Model for Structura I Concrete in Pure

Torsion" - ACI Journal, Proceedings V. 71, Agosto, 1974.

(<3) REGAN, P.E. - "Design of Reinforced and Prestressed Concre­

te Members" - COPPE/UFRJ, 1983.

(••) NIELSEN, M.P. - Limit Analysis and Concrete Plasticity

Prentice-Hall - 1984.

(••) KOLLBRUNNER, C.F.; Hajdin, N. - Dünnwandige Stibe, band 1 -

Springer-Verlag - 1975.

(os) GJELSVIK, A. - The Theory of Thin Walled Bars-Willey

lnterscience Publication - 1981.