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TÓPICOS ESSENCIAIS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

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TÓPICOSESSENCIAIS DE

IMPROBIDADEADMINISTRATIVA

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Redes Sociais

Luís ValeProcurador do Estado de Alagoas, nomeado

Procurador Federal, aprovado em 1º lugar para

Advogado da Petrobrás, Coach pela Ohio Uni-

versity, Mestre em Direito Processual Civil pela

Universidade Federal de Alagoas, Professor de

Direito Processual Civil e Empresarial, Especia-

lista em Provas Orais.

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Probidade x Moralidade: A doutrina

diverge quanto aos conceitos de probidade e

moralidade, já que ambas as expressões são

mencionadas pelo texto constitucional.

Uma primeira corrente entende que a

probidade é um subprincípio da moralidade, ou

seja, a moralidade é mais ampla (Wallace Paiva

Martins Júnior e Eurico Bitencourt Neto). Para

uma segunda corrente, a probidade é mais am-

pla que a moralidade, pois abarcaria não ape-

nas atos desonestos ou imorais, mas também

atos ilegais (Emerson Garcia e Rogério Pacheco

Alves). Há, ainda, uma terceira corrente, segun-

do a qual as expressões são equivalentes, pois

o agente ímprobo sempre se qualificará como

violador do princípio da moralidade (José dos

Santos Carvalho Filho). Para fins de concurso

público, é interessante o candidato saber que

existe essa divergência, sem necessidade de

aprofundar o tema.

Conceito eFonte Normativa

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da apenas do ponto de vista objetivo, gerando

a responsabilidade objetiva. Quando não se faz

distinção conceitual entre  ilegalidade e  impro-

bidade,  ocorre a aproximação da responsabi-

lidade objetiva por infrações”. (STJ. 1ª Turma.

REsp 1.193.248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes

Maia Filho, julgado em 24/4/2014 - Info 540).

Outros julgados do STJ, no mesmo sen-

tido:

• “(...) ao considerar a gravidade das sanções e restrições a serem impostas ao agen-te público, a exegese do art. 11 da referida lei deve ser tomada com temperamentos, pois uma interpretação ampliativa poderia ter por ímprobas condutas que são mera-mente irregulares, por isso susceptíveis de correção administrativa, visto que ausente a má-fé e preservada a moralidade pública, o que extrapolaria a real intenção do leg-islador. Assim, a má-fé torna-se premissa do ato ilegal e ímprobo: a ilegalidade só

Improbidade x Ilegalidade: Todo ato

ilegal configura ato de improbidade? O STJ tem

reafirmado em diversos julgados que NÃO. A

confusão conceitual é proveniente do art. 11,

caput, da Lei nº 8.429/92 (LIA), que aponta

como ímproba qualquer ação ou omissão que

viole os princípios da Administração Pública,

entre os quais se insere o da legalidade (art. 37

da CF/88).

Segundo a jurisprudência dominante, o

art. 11 da LIA não pode ser interpretado no

sentido de que toda ilegalidade é improbi-

dade. Para que o ato ilegal seja considerado

ímprobo exige-se um plus, que é o intuito do

agente de atuar com má-fé. Para o STJ “a im-

probidade  é uma  ilegalidade  qualificada pelo

intuito malsão do agente, atuando com deso-

nestidade, malícia, dolo ou culpa grave. (...) Em

nenhuma das hipóteses legais, contudo, se diz

que possa a conduta do agente ser considera-

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indispensável, para a caracterização de impro-

bidade, que a conduta do agente seja dolo-

sa, para a tipificação das condutas descritas

nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo

menos eivada de culpa grave, nas do artigo

10’” (AIA 30-AM, Rel. Ministro Teori Albino Za-

vascki, Corte Especial, DJe 28/9/2011) (REsp

1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin,

julgado em 26/8/2015, DJe 17/2/2016 – Info

577).

Fonte constitucional: a primeira cons-

tituição brasileira a tratar sobre a improbidade

administrativa foi a Carta de 1946. Na CF/88, o

principal dispositivo é o art. 37, § 4º:

“Os atos de improbidade administrativa im-portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibili-dade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (norma de eficácia limitada, regulamentada pela

adquire o status de improbidade quando a conduta antijurídica ferir os princípios constitucionais da Administração Pública e se somar à má intenção do administra-dor.” (REsp 909.446-RN, Rel.  Min. Luiz Fux, julgado em 6/4/2010 – Info 429)

a) “(...) a Segunda Turma já teve oportunidade

de decidir que ‘A Lei 8.429/1992 objetiva coibir,

punir e afastar da atividade pública todos os

agentes que demonstraram pouco apreço

pelo princípio da juridicidade, denotando uma

degeneração de caráter incompatível com

a natureza da atividade desenvolvida’ (REsp

1.297.021-PR, DJe 20/11/2013). É certo que o

STJ, em alguns momentos, mitiga a rigidez

da interpretação literal dos dispositivos acima,

porque ‘não se pode confundir improbidade

com simples ilegalidade. A improbidade é

ilegalidade tipificada e qualificada pelo ele-

mento subjetivo da conduta do agente. Por

isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera

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aplica a eventuais abusos perpetrados por

agentes públicos durante abordagem poli-

cial, caso os ofendidos pela conduta sejam

particulares que não estavam no exercício

de função pública. Confira-se o julgado:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE AD-

MINISTRATIVA E CONDUTA DIRECIONADA A

PARTICULAR.

Não ensejam o reconhecimento de

ato de improbidade administrativa (Lei

8.429/1992) eventuais abusos perpetrados

por agentes públicos durante abordagem

policial, caso os ofendidos pela conduta se-

jam particulares que não estavam no exercí-

cio de função pública. O fato de a probidade

ser atributo de toda atuação do agente público

pode suscitar o equívoco interpretativo de que

qualquer falta por ele praticada, por si só, re-

presentaria quebra desse atributo e, com isso, o

sujeitaria às sanções da Lei 8.429/1992. Contu-

Lei nº 8.429/92).

A Constituição Federal trouxe um rol

exemplificativo de sanções, que foi ampliado

pela Lei de Improbidade Administrativa, que

incluiu ainda a possibilidade de decretação da

perda de bens ou valores acrescidos ilicita-

mente ao patrimônio, pagamento de multa ci-

vil, proibição de contratar com o Poder Público

e proibição de receber benefícios ou incentivos

fiscais ou creditícios (art. 12 da Lei nº 8.429/92).

Outros dispositivos constitucionais que

tratam sobre o tema: art. 14, § 9º; art. 15, V; art.

85, V da CF; art. 97, § 10, III, do ADCT.

No informativo 573 (novembro/2015), o

STJ asseverou que o conceito de improbidade

administrativa é INELÁSTICO, ou seja, não pode

ser ampliado para abranger situações que não

tenham sido contempladas no momento da

sua definição. Assim, concluiu que a LIA não se

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autoridade “o ato lesivo da honra ou do patrimô-

nio de pessoa natural ou jurídica, quando pra-

ticado com abuso ou desvio de poder ou sem

competência legal”, está muito mais próxima do

caso - por regular o direito de representação do

cidadão frente a autoridades que, no exercício

de suas funções, cometerem abusos (art. 1º) -,

de modo que não há falar-se em incidência da

Lei de Improbidade Administrativa.” 

(Resp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão

Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015, DJe

9/11/2015).

Nesse contexto, é importante contrapor

o julgado acima com outro divulgado no infor-

mativo 577 do STJ, segundo o qual a tortura

de preso custodiado em delegacia, pratica-

da por policial, constitui ato de improbidade

administrativa que atenta contra os princí-

pios da administração pública. (STJ. 1ª Seção.

REsp 1.177.910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin,

do, o conceito jurídico de ato de improbidade

administrativa, por ser circulante no ambiente

do direito sancionador, não é daqueles que a

doutrina chama de elásticos, isto é, daque-

les que podem ser ampliados para abran-

ger situações que não tenham sido contem-

pladas no momento da sua definição. Dessa

forma, considerando o inelástico conceito de

improbidade, vê-se que o referencial da Lei

8.429/1992 é o ato do agente público frente

à coisa pública a que foi chamado a adminis-

trar. Logo, somente se classificam como atos

de improbidade administrativa as condutas de

servidores públicos que causam vilipêndio aos

cofres públicos ou promovem o enriquecimento

ilícito do próprio agente ou de terceiros, efeitos

inocorrentes na hipótese. Assim, sem pretender

realizar um transverso enquadramento legal,

mas apenas descortinar uma correta exegese,

verifica-se que a previsão do art. 4º, “h”, da Lei

4.898/1965, segundo o qual constitui abuso de

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d) o primordial é verificar se, dentre todos os

bens atingidos pela postura do agente, existe

algum que seja vinculado ao interesse e ao

bem público. Se assim for, como consequên-

cia imediata, a Administração Pública será vul-

nerada de forma concomitante.

e) no caso, a conduta dos policiais afrontou

não só a Constituição da República (arts. 1º, III,

e 4º, II) e a legislação infraconstitucional, mas

também tratados e convenções internacionais,

a exemplo da Convenção Americana de Direit-

os Humanos (Decreto nº 678/92);

f) ao torturar, o agente público cria ao Es-

tado, de maneira praticamente automática, o

dever de indenizar, nos termos do art. 37, § 6º,

da CF.

julgado em 26/8/2015 - Info 577). Principais

fundamentos do STJ:

b) afora repercussões nas esferas penal, civil

e disciplinar, a conduta de torturar pode config-

urar improbidade administrativa, porque, além

de atingir a pessoa-vítima, alcança, simultane-

amente, interesses caros à Administração em

geral, às instituições de segurança pública em

especial, e ao próprio Estado Democrático de

Direito.

c) a detida análise da Lei n. 8.429/1992

demonstra que o legislador não determinou

expressamente quais seriam as vítimas medi-

atas ou imediatas da atividade desonesta para

fins de configuração do ato como ímprobo.

Essa ausência de menção explícita certamente

decorre da compreensão de que o ato ímprobo

é, muitas vezes, um fenômeno pluriofensivo, ou

seja, ele pode atingir bens jurídicos diversos.

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A Lei nº 8.429/92 traz essencialmente

regras de direito processual e sanções de na-

tureza civil, sendo da competência privativa

da União legislar sobre tais matérias (art. 22, I,

CF/88).

Portanto, a LIA tem caráter nacional, ou

seja, deve ser aplicada também no âmbito dos

Estados, Distrito Federal e Municípios, com ex-

ceção do art. 13 (declaração de bens como con-

dição para a posse e exercício de agente públi-

co), art. 14, § 3° (apuração de ato de improbidade

pela autoridade administrativa na forma da Lei

nº 8.112/90), e art. 20, parágrafo único (afasta-

mento cautelar do agente público pela autori-

dade administrativa), quando é considerada

lei federal. Segundo Rafael Oliveira e José dos

Santos Carvalho Filho, tais dispositivos tratam

de matéria administrativa e se destinam ape-

nas à União, em razão do respeito à autonomia

federativa.

Competência para Legislar

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A jurisprudência do STJ é pacífica no

sentido de que “a Lei de Improbidade Adminis-

trativa não pode ser aplicada retroativamente

para alcançar fatos anteriores a sua vigência,

ainda que ocorridos após a edição da Consti-

tuição Federal de 1988.” (REsp 1129121/GO, Rel.

Ministra Eliana Calmon, Rel. p/ Acórdão Minis-

tro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em

03/05/2012, DJe 15/03/2013). A razão para

tanto é que o dispositivo constitucional (art. 37,

§ 4º), mesmo na condição de veículo legitima-

dor de sanções, é norma de eficácia limitada e

estava na dependência de legislação que lhe

desse efetiva aplicação, o que ocorreu apenas

com a Lei 8.429/1992, que, por ser norma esta-

tal punitiva, não pode retroagir, em observân-

cia ao artigo 5º, inciso XL, da CF.

Aplicação da Lei no Tempo

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1. PASSIVO

Sujeito passivo é a pessoa jurídica (de di-

reito público ou privado) que a lei indica como

vítima do ato de improbidade (art. 1º, caput, e

parágrafo único da Lei nº 8.429/92). Possui le-

gitimidade ativa ad causam para ajuizar a ação

de improbidade administrativa, concorrente-

mente com o Ministério Público.

A seguir, quadro esquematizado do blog

“Dizer o Direito”:

Sujeitos do Ato de Improbidade

Quem pode ser SUJEITO PASSIVO Exemplos

1) órgãos da Administração direta. União, Estados, DF, Municípios.

2) entidades da Administração indireta. Autarquias, fundações, associações públicas, empresas públi-cas, sociedades de economia mista.

3) empresas incorporadas ao patrimônio público. A doutrina critica essa previsão, considerando que, se a empresa foi incorporada, ela deixou de existir, fazendo parte agora do pa-trimônio público como órgão ou entidade.

4) empresas incorporadas ao patrimônio público ou de entidade cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual.

Empresas públicas e sociedades de economia mista (o legislador foi redundante para reforçar a incidência da LIA).

5) entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo (fis-cal ou creditício), de órgão público.

Entidades do terceiro setor (organizações sociais, OSCIP etc.), en-tidades sindicais, partidos políticos.

6) entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual.

Sociedades de propósito específico, criadas para gerir parcerias público-privadas (art. 9º, § 4º da Lei n.° 11.079/2004).

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as demais sanções do art. 12 serão aplicáveis

normalmente conforme a natureza do autor e a

extensão dos efeitos do ato.”

Para exemplificar, se o Poder Público

participa do capital de uma empresa com me-

nos de 50%, e o gerente revela segredo corpo-

rativo, sem causar prejuízos, não houve prática

de ato de improbidade, em razão da inexistên-

cia de repercussão patrimonial.

A doutrina destaca que as empresas

concessionárias e permissionárias, que pres-

tam serviços públicos por delegação do Esta-

do, não são consideradas, em regra, sujeitos

passivos da improbidade, pois não se enqua-

dram na definição do art. 1º da LIA.

É oportuno relembrar que, nas conces-

sões tradicionais (Lei nº 8.987/95), a remune-

ração ocorre por meio de tarifa ou receita al-

ternativa, e, nas parcerias público-privadas

Em relação às entidades enumeradas

nos itens 5 (entidades que recebem subven-

ção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício de

órgão público) e 6 (entidades cuja criação ou

custeio o erário haja concorrido com MENOS de

50% do patrimônio ou da receita anual), a tutela

da lei é somente sobre o PATRIMÔNIO da enti-

dade, e a sanção patrimonial (ex: ressarcimento

do dano, perda de bens) se limita à repercus-

são do ilícito sobre a parcela oriunda dos cofres

públicos (art. 1º, parágrafo único, da LIA).

Segundo Carvalho Filho, “consequente-

mente, se o prejuízo exceder a tal limite [parcela

oriunda do erário], caberá à entidade pleitear o

ressarcimento por outra via, que não pela ação

de improbidade. Além disso, se o ato não se re-

lacionar com o patrimônio, o agente não esta-

rá sujeito às sanções da Lei nº 8.429/1992, mas

sim àquelas previstas na lei reguladora adequa-

da. Como a lei se referiu à ‘sanção patrimonial’,

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e 3º da Lei nº 8.429/92), podendo ser agente

público ou terceiro. É o legitimado passivo (réu)

na ação de improbidade.

(Lei nº 11.079/04), através da contraprestação

pecuniária do Poder Concedente. Nesse con-

texto, Rafael Oliveira leciona que “de qualquer

forma, a remuneração nas concessões tradicio-

nais e especiais não se confunde com ‘subven-

ção, benefício ou incentivo’, pois as concessio-

nárias recebem remuneração pela prestação

de determinado serviço público, ou seja, o va-

lor pago tem relação direta com os custos e o

lucro inerentes à atividade prestada, o que não

ocorre nas subvenções, benefícios ou incentivos

que podem ser conferidos às pessoas privadas

como forma de estímulo para efetivação de me-

tas econômicas e/ou sociais.”

2. ATIVO

Sujeito ativo é a pessoa física ou jurídi-

ca que pratica o ato de improbidade, concorre

para a sua prática ou dele de beneficia (arts. 2º

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O art. 2º da Lei nº 8.429/92 adotou con-

ceito amplo de agente público, englobando

todas as pessoas físicas que exercem manda-

to, cargo, emprego ou função, com ou sem re-

muneração nas entidades descritas no art. 1º

da LIA. Abrange os agentes públicos de direi-

to: a) agentes políticos; b) servidores públicos

(estatutários, trabalhistas ou celetistas e tem-

porários); e c) particulares em colaboração; e

os agentes públicos de fato: a) putativos; e b)

necessários.

ATENÇÃO: os árbitros não são conside-

rados agentes públicos para fins de improbi-

dade administrativa. O art. 17 da Lei nº 9.307/96

equipara o árbitro ao agente público apenas

para fins penais (“os árbitros, quando no exer-

cício de suas funções ou em razão delas, ficam

equiparados aos funcionários públicos, para os

efeitos da legislação penal”).

ATENÇÃO: Segundo o STJ, o estagiário

Agente Público

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1186787/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado

em 24/04/2014).

Agentes políticos: há grande polêmica

acerca da submissão ou não dos agentes po-

líticos à LIA, em virtude da existência da Lei nº

1.079/50, que regula os crimes de responsabi-

lidade.

O STJ tem entendido que os agentes

políticos sujeitos a crime de responsabilidade

se submetem às sanções por ato de improbi-

dade administrativa, ressalvados os atos co-

metidos pelo Presidente da República (art. 86

da CF) e pelos Ministros do Supremo Tribunal

Federal. (Precedentes: REsp 1191613/MG, Rel.

Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Tur-

ma, julgado em 19/03/2015, DJe 17/04/2015;

REsp 1168739/RN, Rel. Ministro Sérgio Kuki-

na, Primeira Turma, julgado em 03/06/2014,

DJe 11/06/2014; EDcl na AIA 45/AM, Rel. Mi-

nistra Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em

que atua no serviço público, ainda que transi-

toriamente, remunerado ou não, está sujeito

à responsabilização por ato de improbidade

administrativa. Isso porque o conceito de agen-

te público para fins de improbidade abrange

não apenas os servidores públicos, mas todo

aquele que exerce, ainda que transitoriamente

ou sem remuneração, por eleição, nomeação,

designação, contratação ou qualquer outra for-

ma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,

emprego ou função na Administração Pública.

(STJ, 2ª Turma, REsp 1352035-RS, Rel. Min. Her-

man Benjamin, julgado em 18/8/2015 – Info

568).

ATENÇÃO: Os notários e registradores

estão abrangidos no amplo conceito de “agen-

tes públicos”, na categoria dos “particulares

em colaboração com a Administração”. Dessa

forma, encontram-se no campo de incidên-

cia da Lei nº 8.429/1992 (STJ. 1ª Turma. REsp

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SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primei-ra Turma, DJe 20/02/2015; AgRg no REsp 1.425.191/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 16/03/2015.

No âmbito do STF, há precedente no

sentido de admitir a aplicação da LIA em re-

lação aos Governadores:

• “IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – AGEN-TE POLÍTICO – COMPORTAMENTO ALE-GADAMENTE OCORRIDO NO EXERCÍCIO DE MANDATO DE GOVERNADOR DE ESTA-DO – possibilidade de dupla sujeição tan-to ao regime de responsabilização política, mediante ‘impeachment’ (Lei nº 1.079/50, desde que ainda titular de referido man-dato eletivo, quanto à disciplina normativa da responsabilização civil por improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92).” (STF - AC: 3585 RS, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 02/09/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 24-10-2014 PUBLIC 28-10-2014).

21/05/2014, DJe 28/05/2014).

Nessa linha de entendimento, o STJ ad-

mite a aplicação da LIA a Prefeitos e Verea-

dores:

• “É pacífico o entendimento no Superior Tri-bunal de Justiça segundo o qual o conceito de agente público estabelecido no art. 2º da Lei 8.429/1992 abrange os agentes políti-cos, como prefeitos e vereadores, não hav-endo bis in idem nem incompatibilidade entre a responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967, com a responsabilização pela prática de ato de improbidade administrativa e respectivas sanções civis (art. 12, da LIA)”. Precedentes: REsp 1662580/GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 10/05/2017; AgRg no REsp 1368359/ES, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 26/10/2017; AgRg no AREsp 369.518/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 28/03/2017; AgRg no AREsp 447.251/

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por erro grosseiro inescusável

b) obrigatório: o administrador é obrigado a

solicitar o parecer do órgão consultivo, ou seja,

o parecer integra o processo de formação do

ato. Se o administrador discordar da conclusão

técnica e pretender praticar o ato de forma di-

versa, deverá submetê-lo a novo parecer. Em

regra, o parecerista não se qualifica como sujeito

ativo do ato de improbidade, salvo quando agir

com culpa ou por erro grosseiro inescusável.

Aqui está o parecer jurídico nas licitações (art.

38, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93).

c) vinculante: o administrador é obrigado a

solicitar o parecer do órgão consultivo e não

poderá decidir senão nos termos da conclusão

do parecer ou, então, não decidir. Nesse caso,

o parecerista é SOLIDARIAMENTE responsável

com a autoridade administrativa, havendo uma

partilha do poder de decisão entre ambos. As-

sim, o parecer deixa de ser meramente opina-

Em 2012, o STF reconheceu a existência

de repercussão geral em relação ao proces-

samento e julgamento de prefeitos, por atos

de improbidade administrativa, com base na

Lei nº 8.429/92 (Tema 576 – RE nº 976.566). A

matéria ainda não foi julgada pelo Plenário. Im-

portante acompanhar.

Agente público com atribuição con-

sultiva (parecerista): O parecer constitui ato

administrativo enunciativo, que veicula a opi-

nião técnica do seu subscritor. Em julgamen-

to do STF (MS nº 24.631/DF, Rel. Min. Joaquim

Barbosa, DJe 01/02/2008), foram delineados 3

tipos de parecer:

a) facultativo: o administrador não é obriga-

do a solicitar o parecer do órgão consultivo,

podendo discordar da conclusão técnica de

forma fundamentada. Em regra, o parecerista

não se qualifica como sujeito ativo do ato de

improbidade, salvo quando agir com culpa ou

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Terceiro é aquele que não é agente pú-

blico, mas INDUZ (planta ideia antes inexisten-

te), CONCORRE (participa do ilícito, presta au-

xílio) para prática do ato ou dele se BENEFICIA

direta ou indiretamente.

Convém destacar que o terceiro somen-

te pode ser responsabilizado por ação DOLO-

SA, pois a culpa não se compatibiliza com a

percepção de vantagem indevida e nem com

as condutas de induzir ou concorrer. A mera

instigação não configura improbidade.

Um ponto extremamente importante

definido pelo STJ é que a responsabilização

de terceiros está condicionada à prática de um

ato de improbidade por um agente público.

Assim, não é possível a propositura de ação

de improbidade exclusivamente contra o

particular, sem a concomitante presença de

agente público no polo passivo da demanda.

(STJ. 1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sér-

gio Kukina, julgado em 25/2/2014 – Info 535;

Terceiro

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dos atos de improbidade sujeitam-se à Lei

8.429/1992” (STJ - REsp 1.122.177/MT, DJE

27/04/2011). Ressalte-se que as sanções serão

aplicadas no que couber, sendo incompatíveis

a perda da função e suspensão de direitos po-

líticos.

O STJ também já decidiu que, “conside-

rando que as pessoas jurídicas podem ser be-

neficiadas e condenadas por atos ímprobos, é

de se concluir que, de forma correlata, podem

figurar no polo passivo de uma demanda de

improbidade, ainda que desacompanhada

de seus sócios.” (REsp 970.393/CE, Rel. Minis-

tro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TUR-

MA, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012).

No tocante aos herdeiros, podem figu-

rar no polo passivo da ação de improbidade

como sucessores, mas estarão sujeitos apenas

às sanções patrimoniais até os limites da he-

rança (art. 8º da LIA).

STJ - AgRg no AREsp 574500/PA, Rel. Minis-

tro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado

em 02/06/2015, DJe 10/06/2015).

O STJ também sedimentou entendi-

mento no sentido de que não há litisconsórcio

passivo necessário entre o agente público e

os terceiros beneficiados com o ato ímpro-

bo (STJ - AgRg no REsp 1421144/PB, Rel. Mi-

nistro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, jul-

gado em 26/05/2015, DJe 10/06/2015; REsp

1261057/SP, Rel. Ministro Humberto Martins,

Segunda Turma, julgado em 05/05/2015, DJe

15/05/2015). Portanto, se a ação foi proposta

apenas contra o agente público, não é obriga-

tório que o terceiro também componha o polo

passivo.

Em relação às pessoas jurídicas, ape-

sar de existir divergência na doutrina, prevale-

ce no STJ o entendimento de que “as pessoas

jurídicas que participem ou se beneficiem

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Redes Sociais

Os tipos de atos de improbidade es-

tão previstos no art. 9º (enriquecimento ilícito),

art. 10 (dano ao erário), art. 10-A (concessão ou

aplicação indevida de incentivo financeiro ou

tributário relativo ao ISS) e art. 11 (violação a

princípios da Administração Pública) da Lei nº

8.429/92, e ainda no art. 52 da Lei nº 10.257/01

(Estatuto da Cidade), aplicável especificamente

aos Prefeitos (e também Governador do DF).

ATENÇÃO para a nova Lei nº 13.425/2017

(“Lei Boate Kiss”), que, no seu art. 13, traz hipó-

tese de ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da Administração

Pública (art. 11 da LIA) à o Prefeito que deixar

de editar normas especiais de prevenção e

combate a incêndio e a desastres para lo-

cais de grande concentração e circulação de

pessoas, no prazo máximo de 2 anos a contar

da vigência da Lei nº 13.425/2017.

Os arts. 9º, 10 e 11 apresentam rol exem-

Tipos de Atos de Improbidades

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os subitens 7.02 (obras de construção civil), 7.05

(reformas) e 16.01 (transporte coletivo munici-

pal) da lista anexa da LC 116/2003 (art. 8º-A, §

1º, da LC nº 116/03).

Notadamente, tais hipóteses de atos de

improbidade relacionadas ao ISS foram incluí-

das pelo legislador com o objetivo de proteger

o patrimônio público e evitar a guerra fiscal en-

tre os municípios.

No tocante ao elemento subjetivo, a

doutrina e jurisprudência majoritária entendem

que os atos que causam prejuízo ao erário

(art. 10 da LIA) são os únicos que a lei admite

a forma culposa. Em relação aos demais tipos

de atos de improbidade (arts. 9º e 11 da LIA e

art. 52 do Estatuto da Cidade), é necessária a

demonstração do dolo.

Nas hipóteses do novel art. 10-A da LIA,

há divergência doutrinária. Para Rafael Oliveira

plificativo (numerus apertus) de condutas, já

que a lei utiliza a expressão “notadamente” an-

tes de enumerá-las.

Por sua vez, o art. 10-A da LIA, incluído

pela LC nº 157/2016, ao fazer remissão a qual-

quer ação ou omissão contrária ao art. 8º-A,

caput e § 1º da LC nº 116/03, acabou definindo

as situações específicas que caracterizam ato

de improbidade, quais sejam:

a) fixação da alíquota mínima do ISS inferior

a 2% (art. 8ª-A, caput, da LC nº 116/03); e

b) concessão de isenções, incentivos ou

benefícios tributários ou financeiros relativos

ao ISS, inclusive de redução de base de cálcu-

lo ou de crédito presumido ou outorgado, ou

sob qualquer outra forma que resulte, direta ou

indiretamente, em carga tributária menor que a

decorrente da aplicação da alíquota mínima de

2%, exceto para os serviços a que se referem

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dentes: REsp 951.389/SC, Rel. Ministro Herman

Benjamin, Primeira Seção, DJe 04/05/2011;

REsp 1532378/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina,

Primeira Turma, DJe 18/12/2017; AgInt no REsp

1678066/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell

Marques, Segunda Turma, DJe 17/10/2017).

Interessante observar que, caso o ato

provoque múltiplos resultados (ex: desvio de

dinheiro público que enriqueceu ilicitamente o

agente público e causou dano ao erário) deve

prevalecer a conduta mais gravosa (enriqueci-

mento ilícito) – princípio da consunção.

Se houver atuação conjunta do agente

público com terceiro, será a conduta do servi-

dor que definirá o tipo de ato de improbidade.

Nesse contexto, João Lordelo esclarece que “se

não houve enquadramento por enriquecimento

ilícito do agente, mas o terceiro se enriquece, o

ato é um só: lesão ao erário (para o agente e o

terceiro). Ex: contrato superfaturado, sendo que

e Márcio Cavalcante (Dizer o Direito), exige-se

a conduta dolosa, já que o ato de improbida-

de administrativa só pode ser punido a título

de mera culpa se isso estiver expressamente

previsto na lei. Noutro sentido, Carvalho Filho

defende que “em nosso entender, porém, a ti-

pificação da improbidade do art. 10-A decorre-

rá não só de dolo como de culpa, interpretação

que se harmoniza com o art. 10, que, tendo o

mesmo alvo protetivo [tutela do patrimônio pú-

blico], admite ambos os elementos subjetivos.”

Essa discussão ainda não chegou aos tribunais

superiores.

A jurisprudência do STJ sedimentou-se

no sentido de que é suficiente para a configu-

ração de improbidade administrativa o dolo

genérico, consistente na simples vontade

consciente de aderir à conduta, produzindo os

resultados vedados pela norma jurídica. Não se

exige a presença de dolo específico. (Prece-

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ato de improbidade:

• É cabível a aplicação da pena de ressar-cimento ao erário nos casos de ato de improbidade administrativa consistente na dispensa ilegal de procedimento lic-itatório (art. 10, VIII, da Lei 8.429/1992) mediante fracionamento indevido do ob-jeto licitado. (STJ. 2ª Turma. REsp 1.376.524-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 - Info 549).

OBS: Para o STJ, em casos de fraciona-

mento de compras e contratações com o objeti-

vo de se dispensar ilegalmente o procedimento

licitatório o prejuízo ao erário é considerado

presumido (in re ipsa), na medida em que o Po-

der Público, por força da conduta ímproba do

administrador, deixa de contratar a melhor pro-

posta, o que gera prejuízos aos cofres públicos.

• A prática de assédio moral enquadra-se na conduta prevista no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92, em razão do evidente

o agente público não se enriqueceu (apenas um

amigo dele, dono da empresa que vendeu de

forma superfaturada). Há dano ao erário e não

enriquecimento ilícito, pois o que importa é a

conduta do servidor.”

Conforme lições de Rafael Oliveira,

“tem prevalecido o caráter residual do art. 11

e das sanções enumeradas no art. 12, III, da Lei

8.429/1992, uma vez que tais normas somen-

te serão aplicadas nas hipóteses em que não

for constatado o enriquecimento ilícito ou a le-

são ao erário, pois tanto o enriquecimento ilícito

quanto a lesão ao erário pressupõem a viola-

ção aos princípios. A recíproca, no entanto, não

é verdadeira, sendo possível, conforme já assi-

nalado, a violação aos princípios, independen-

temente do enriquecimento ilícito ou da lesão

ao erário.”

A seguir, alguns casos analisados pela

jurisprudência do STJ sobre a configuração do

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• A conduta de contratar diretamente serviços técnicos sem demonstrar a sin-gularidade do objeto contratado e a notória especialização, e com cláusula de remuneração abusiva, fere o dever do ad-ministrador de agir na estrita legalidade e moralidade que norteiam a Administração Pública, amoldando-se ao ato de improbi-dade administrativa tipificado no art. 11 da Lei de Improbidade. É desnecessário per-quirir acerca da comprovação de enriquec-imento ilícito do administrador público ou da caracterização de prejuízo ao Erário.  O dolo está configurado pela manifesta vontade de realizar conduta contrária ao dever de legalidade, corroborada pelos su-cessivos aditamentos contratuais, pois é in-equívoca a obrigatoriedade de formalização de processo para justificar a contratação de serviços pela Administração Pública sem o procedimento licitatório (hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação). (STJ. 2ª Turma. REsp 1377703/GO, Rel. p/

abuso de poder, desvio de finalidade e malferimento à impessoalidade, ao agir deliberadamente em prejuízo de alguém. (STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013).

• A tortura de preso custodiado em deleg-acia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que aten-ta contra os princípios da administração pública. (STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 – Info 577).

• Ainda que não haja dano ao erário, é pos-sível a condenação por ato de  improbi-dade administrativa que importe enriquec-imento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.(STJ. 1ª Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016 (Info 580).

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va instaurada contra servidor público fed-eral concluir que a infração funcional em tese praticada está capitulada como ilíci-to penal, a autoridade competente deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente da imedia-ta instauração do processo disciplinar (art. 154, parágrafo único, da Lei nº 8.112/90). A autoridade que deixa de fazer esse en-caminhamento incorre na prática de ato de  improbidade administrativa prevista no art. 11, II, da Lei nº 8.429/92 (“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”). (STJ. 1ª Turma. REsp 1312090/DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 08/04/2014).

• Não comete ato de  improbidade ad-ministrativa o médico que cobra hon-orários por procedimento realizado em hospital privado que também seja con-veniado à rede pública de saúde, desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde.

Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 03/12/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 1444874/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/02/2015).

• Para a configuração dos atos de improbi-dade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública (art. 11 da Lei 8.429/1992), é DISPENSÁVEL a comprovação de efetivo prejuízo aos cof-res públicos. (STJ. 1ª Turma. REsp 1192758-MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 4/9/2014 - Info 547).

• Configura ato de improbidade adminis-trativa a propaganda ou campanha pub-licitária que tem por objetivo promover favorecimento pessoal, de terceiro, de partido ou de ideologia, com utilização in-devida da máquina pública. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 496566/DF, Rel. Min. Hum-berto Martins, julgado em 27/05/2014).

• Se o relatório da sindicância administrati-

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vir na liberação de preso para compare-cimento em enterro de sua avó, uma vez que não está presente o dolo, ou seja, a manifesta vontade, omissiva ou comissiva, de violar princípio constitucio-nal regulador da Administração Pública. A conduta do agente, apesar de ilegal, teve um fim até mesmo humanitário, pois conduz-iu-se no sentido de liberar provisoriamente o preso para que este pudesse comparecer ao enterro de sua avó, não consistindo, portan-to, em ato de improbidade, em razão da aus-ência do elemento subjetivo do tipo, o dolo. (STJ. 1ª Turma. REsp 1414933/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013).

• A ausência de prestação de contas, quan-do ocorre de forma dolosa, acarreta vi-olação ao Princípio da Publicidade. To-davia, o simples atraso na entrega das contas, sem que exista dolo na espé-cie, não configura ato de  improbidade.  Para a configuração do ato de  improbi-

(STJ. 1ª Turma. REsp 1414669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014 (Info 537).

OBS: Na situação concreta, o parto foi

custeado pelo plano de saúde e, apesar disso, o

médico também cobrou os valores da gestante.

Não houve, contudo, prestação de serviços pelo

SUS. Logo, o médico não atuou na qualidade

de agente público, pois a mencionada qualifi-

cação somente restaria configurada se o servi-

ço tivesse sido pago pelos cofres públicos.

• Configura ato de improbidade adminis-trativa a contratação temporária irregular de pessoal (sem qualquer amparo legal) porque importa em violação do princípio constitucional do concurso público. (STJ. 1ª Turma. REsp 1403361/RN, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/12/2013).

• Não configura ato de improbidade a conduta do agente político de inter-

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dade  previsto no art. 11, inc. VI, da Lei nº 8.429/92, não basta o mero atraso na prestação de contas, sendo necessário demonstrar a má-fé ou o dolo genérico. As-sim, por exemplo, se o Prefeito não presta contas, para que ele seja condenado por im-probidade administrativo será necessário provar que ele agiu com dolo ou má-fé. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1382436-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2013 - Info 529)

• Configura ato de improbidade administra-tiva a conduta de professor da rede públi-ca de ensino que, aproveitando-se des-sa condição, assedie sexualmente seus alunos. Isso porque essa conduta aten-ta contra os princípios da administração pública, subsumindo-se ao disposto no art. 11 da Lei nº 8.429/1992. (STJ. 2ª Turma. REsp 1255120-SC, Rel. Min. Humberto Mar-tins, julgado em 21/5/2013 - Info 523).

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As sanções estão previstas no art. 12 da

LIA, de acordo com cada tipo de ato de impro-

bidade:

OBS: as sanções de perda da função pública

e suspensão dos direitos políticos somente

podem ser aplicadas após o trânsito em jul-

gado. É possível o afastamento preventivo (de

natureza cautelar) do agente público pela au-

toridade administrativa ou pelo juiz, em casos

Sanções

Enriquecimento ilícito (art. 9º)

Dano ao erário (art. 10)

Violação a princí-pios (art. 11)

Concessão ou aplicação indevida de benefícios do ISS (art. 10-A)

Suspensão de direi-tos políticos

8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos 5 a 8 anos

Multaaté 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial

até 2 vezes o valor do dano

até 100 vezes o valor da remuneração

até 3 vezes o valor do benefício

Proibição de con-tratar com o Poder Público ou receber

benefícios

10 anos 5 anos 3 anos XXX

Perda de bens Perda de bens XXX XXX

Perda da função Perda da função Perda da função Perda da função

Ressarcimento ao erário

Ressarcimento ao erário

Ressarcimento ao erário

XXX

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são adequados à dosimetria da sanção de im-

probidade.

Impende salientar que o art. 52 do Esta-

tuto da Cidade tipifica as condutas enumeradas

como ato de improbidade, sem, contudo, fixar as

respectivas sanções. A partir de uma interpreta-

ção sistemática com a Lei nº 8.429/92, deve-se

analisar, no caso concreto, se o ato acarretou

enriquecimento ilícito, dano ao erário ou viola-

ção aos princípios, a fim de aplicar as sanções

previstas no art. 12 da LIA.

Convém destacar a previsão do art. 39,

VII, “c” e § 2°, da Lei nº 13.019/2014, segundo o

qual, as organizações da sociedade civil, sem

fins lucrativos, sancionadas por qualquer ato de

improbidade administrativa, não poderão cele-

brar parcerias com a Administração Pública, en-

quanto perdurarem os efeitos das sanções pre-

vistas no art. 12 da Lei 8.429/1992 ou enquanto

não houver o ressarcimento ao erário.

excepcionais, quando houver risco de prejuízo

à instrução processual (art. 20, caput e pará-

grafo único da LIA).

Segundo Carvalho Filho, as sanções da

Lei de Improbidade são de natureza extrapenal

e, portanto, têm caráter de sanção civil.

Em observância ao princípio da propor-

cionalidade, o magistrado deverá aplicar as

sanções de forma isolada ou cumulativamen-

te, de acordo com a gravidade do fato, levando

em consideração a extensão do dano causado

e o proveito patrimonial obtido pelo agente (art.

12, caput e parágrafo único). Para Carvalho Fi-

lho, o legislador disse menos do que deveria,

existindo outros elementos valorativos que o

juiz poderá se amparar para a fixação da san-

ção (intensidade do dolo, reincidência, nature-

za da participação dos agentes, circunstâncias

do fato, etc.). Defende que os elementos de

valoração previstos no art. 59 do Código Penal

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nº 7.347/85).

ATENÇÃO: A ação de ressarcimento ao

erário decorrente de ato de improbidade é

IMPRESCRITÍVEL. Em importante precedente,

o STF decidiu que a ressalva contida na parte

final do § 5º do art. 37 da CF/88 deve ser inter-

pretada de forma estrita, em conjunto com o §

4º, aplicando-se, em princípio, apenas aos ca-

sos de improbidade administrativa. Assim, de-

finiu que é prescritível a ação de reparação de

danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito

civil (RE 669.069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki,

julgado em 03/02/2016 - repercussão geral),

entendimento que não alcança os prejuízos

oriundos de atos de improbidade.

Desse modo, continua aplicável a juris-

prudência do STJ no sentido de que “a even-

tual prescrição das sanções decorrentes dos

atos de improbidade administrativa não obsta

o prosseguimento da demanda quanto ao plei-

A seguir, breves comentários sobre cada

tipo de sanção:

a) Perda de bens ou valores acrescidos il-

icitamente ao patrimônio: busca inibir o en-

riquecimento ilícito. Se o bem ainda estiver em

poder do agente, deverá ser objeto de reversão

ao patrimônio público. Na impossibilidade de

devolução, a sanção deve ser substituída pelo

ressarcimento do dano.

b) Ressarcimento integral do dano: tem

natureza indenizatória e pressupõe a existên-

cia de dano ao patrimônio público (vide art. 21,

inciso I, da LIA). A doutrina majoritária admite

indenização por dano moral. O ressarcimento

atinge a totalidade de bens do réu, inclusive

os anteriores à prática do ato de improbidade.

Os recursos serão destinados à pessoa jurídica

lesada, diferentemente do que ocorre na ação

civil pública, em que a indenização, em regra,

é revertida a um fundo específico (art. 13 da Lei

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tem previsão na Lei de Improbidade”. Todavia,

o STJ já admitiu a cassação de aposenta-

doria de agente público condenado por ato

de improbidade: “A Lei 8.429/92 não comina,

expressamente, a pena de cassação de apo-

sentadoria a agente público condenado pela

prática de atos de improbidade em sentença

transitada em julgado. Todavia, é consequên-

cia lógica da condenação à pena de demissão

pela conduta ímproba infligir a cassação de

aposentadoria a servidor aposentado no curso

de Ação de Improbidade.” (MS 20.444/DF, Rel.

Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,

DJe 11/03/2014).

No tocante aos membros do Legislativo,

os Deputados Federais e Senadores estão su-

jeitos a regime especial e, conforme o art. 55 da

CF, a perda de mandato resulta de decisão da

Câmara dos Deputados ou do Senado ou de

declaração da Mesa da Casa respectiva. Nos

to de ressarcimento dos danos causados ao

erário, que é imprescritível (art. 37, § 5º da CF)”

(STJ - AgRg no AREsp 663951/MG, Rel. Minis-

tro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,

julgado em 14/04/2015, DJe 20/04/2015).

c) Perda da função pública: aplicável exclu-

sivamente aos agentes públicos, não se esten-

dendo a terceiros, já que não mantêm vínculo

com o Estado. A sanção é efetivada pela cas-

sação (agente titular de mandato), demissão

(servidor estatutário), rescisão do contrato de

trabalho (servidor trabalhista ou temporário),

ou revogação da designação da função (agen-

te apenas exerce uma função pública).

Em relação aos aposentados, Carva-

lho Filho entende que “a sanção não incide

sobre aposentados, cuja vinculação jurídica já

sofreu prévia extinção; o vínculo previdenciário

só se extingue por outro tipo de punição, a cas-

sação de aposentadoria, que, entretanto, não

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Redes Sociais

8.429/92. Os dois sistemas convivem harmoni-

camente. Assim, foi definido que “é possível, no

âmbito de ação civil pública de improbidade

administrativa, a condenação de membro do

Ministério Público à pena de perda da função

pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/1992.”.

Portanto, a perda do cargo pode decorrer do

trânsito em julgado da sentença condenató-

ria proferida por juiz de primeiro grau em ação

de improbidade. (STJ. 1ª Turma. REsp 1191613-

MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em

19/3/2015 - Info 560).

d) Suspensão de direitos políticos: a sen-

tença deve ser expressa ao aplicar essa sanção,

ao contrário do que ocorre na sentença penal,

em que a suspensão de direitos políticos é

imediata após o trânsito em julgado (art. 15, III,

da CF).

e) Pagamento de multa civil: não possui

natureza indenizatória, mas sim de sanção civ-

termos do art. 27, § 1º, da CF, a mesma prerro-

gativa quanto à perda de mandato foi esten-

dida aos Deputados Estaduais. Portanto, não

podem sofrer a sanção de perda da função pú-

blica por ato de juiz em ação de improbidade.

Em relação aos Vereadores, é possível o ma-

gistrado de primeiro grau aplicar a cassação do

mandato em ação de improbidade.

Quanto aos agentes dotados de vitali-

ciedade (magistrados, membros do MP e dos

Tribunais de Contas), a polêmica refere-se ao

órgão competente para aplicar a sanção de

perda do cargo. As Leis Orgânicas dessas car-

reiras preconizam uma série de requisitos para

a perda do cargo, que somente pode ser de-

cretada por decisão do respectivo tribunal. Se-

gundo decidiu o STJ em 2015, as ações especí-

ficas previstas na LC nº 75/93 e Lei nº 8.625/93

não impedem que o agente também seja

processado e condenado com base na Lei nº

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a administração pública, direta e indireta, de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios. Portanto,

não atinge apenas a entidade prejudicada com

o ato de improbidade.

O candidato deve atentar que, ao con-

trário das demais sanções, na hipótese de proi-

bição de contratar e receber benefícios, o pra-

zo previsto pelo legislador é fixo. Assim, não há

um intervalo de tempo para o juiz aplicar o pra-

zo que entender mais adequado.

Importante destacar que, nos termos do

art. 12 da LIA, a sanção aplicada à pessoa física

também se estende à pessoa jurídica da qual

faz parte o ímprobo como sócio majoritário. Se

houver simulação de cessão de cotas pelo ím-

probo com o objetivo de tornar-se sócio mino-

ritário e a empresa voltar a ser contratada pelo

Poder Público, na tentativa de burlar a penali-

dade aplicada na decisão judicial, a Adminis-

il (a indenização corresponde ao ressarcimento

integral do dano, visto no item “b” acima). O pro-

duto da multa civil deve ser destinado à pessoa

jurídica lesada.

O STJ já decidiu que “a condenação

pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa

por infringência às disposições contidas na Lei

n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a

imposição de nenhuma das sanções previstas

na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Ad-

ministrativa), inclusive da multa civil, pelo ato

de improbidade decorrente da mesma con-

duta.” (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606.352-

SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em

15/12/2015 - Info 576).

f) Proibição de contratar com o Poder Pú-

blico e receber benefícios: a doutrina ma-

joritária (Carvalho Filho, Emerson Garcia, Roge-

rio Pacheco Alves), entende que a expressão

“Poder Público” contida no art. 12 da LIA alcança

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tração poderá (poder-dever) desconsiderar a

personalidade jurídica da sociedade. Assim,

afasta-se a autonomia da pessoa jurídica para

também estender a ela a proibição de contra-

tar, aplicada a seu sócio.

Em relação à proibição de receber be-

nefícios, a sanção alcança incentivos fiscais ou

creditícios de natureza pessoal (ex: anistia fis-

cal, remissão tributária, isenção restrita, sub-

venções e subsídios pessoais). Não devem ser

excluídos os benefícios genéricos (ex: isenção

geral), sob pena de ofensa ao princípio da im-

pessoalidade tributária.

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Redes Sociais

Encontra-se previsto nos artigos 14 a 16

da Lei nº 8.429/92 e implica a instauração de

processo administrativo para apurar ato de im-

probidade.

O art. 14, § 1º, da LIA dispõe que a repre-

sentação à autoridade administrativa (incluí-

da no direito de petição – art. 5º, XXXIV, “a”, da

CF/88) seja escrita ou reduzida a termo, con-

tendo a qualificação do representante. Todavia,

é importante destacar que a jurisprudência tem

admitido que o Poder Público seja provocado

por denúncia anônima. Nesse caso, a Adminis-

tração deve adotar medidas informais, de ave-

riguação sumária, preliminar, a fim de apurar

a verossimilhança dos fatos narrados e a pos-

sível ocorrência de ilicitude. Assim, caso seja

averiguado que a denúncia anônima possui

indícios de veracidade e seriedade, poderá

(poder-dever) ser instaurado o processo ad-

ministrativo. Esse entendimento também se

Procedimento Administrativo

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A ação de improbidade administrati-

va constitui relevante instrumento de controle

judicial sobre a Administração Pública, assim

como o mandado de segurança individual e

coletivo, mandado de injunção, habeas data,

ação popular, ação civil pública, cada um com

seu objetivo específico, conforme definido no

ordenamento jurídico. Segundo Rafael Oliveira,

“a ação de improbidade administrativa é o ins-

trumento processual que tem por objetivo apli-

car sanções aos agentes públicos ou terceiros

que praticarem atos de improbidade adminis-

trativa”.

A doutrina e jurisprudência majoritária

entendem que a natureza da ação de improbi-

dade é de ação civil pública, com algumas re-

gras procedimentais próprias, previstas na Lei

nº 8.429/92.

Processo Judicial (Ação de Improbidadde)

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LIA, introduzido pela LC nº 157/2016, conside-

ra-se interessado o município situado no polo

ativo da obrigação tributária do imposto sobre

serviços de qualquer natureza (ISS), em razão

do que preceitua o ato de improbidade do art.

10-A.

Oportuno destacar a posição do profes-

sor Márcio Cavalcante (Dizer o Direito) em am-

pliar a extensão do referido § 13 do art. 17 da

LIA, incluindo também o município prejudica-

do pela guerra fiscal (ex: município que reduziu

a alíquota do imposto abaixo de 2%, atraindo

novas empresas prestadoras de serviços, pre-

judicou o município vizinho). O autor assevera

que “a ‘pessoa jurídica interessada’ não é ape-

nas o Município no qual o ato de improbidade

está sendo praticado. O Município que está sen-

do prejudicado pela concessão de isenção em

desacordo com o art. 8º-A da LC 116/2003 tam-

bém deve ser considerado como ‘pessoa jurídica

LEGITIMIDADE:

A legitimidade ativa é concorrente entre

o Ministério Público e a pessoa jurídica interes-

sada (lesada). Se o MP não ajuizar a ação, atua-

rá obrigatoriamente como custos legis (art. 17,

§ 4º, da LIA). Quando o MP é o autor da ação,

aplica-se a inversão de legitimidade prevista

no § 3º do art. 6º da Lei da Ação Popular (Lei

4.717/65), segundo o qual a pessoa jurídica po-

derá atuar ao lado do MP, desde que tal provi-

dência atenda ao interesse público (art. 17, § 3º,

da LIA).

Se houver desistência da pessoa jurídi-

ca que ajuizou a ação, o MP poderá assumir o

polo ativo (sucessão processual), em aplicação

analógica da norma prevista no microssiste-

ma das ações coletivas – art. 9° da Lei 4.717/65

(LAP) e art. 5º, § 3°, da Lei 7.347/85 (LACP)

Segundo o disposto no art. 17, § 13, da

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clarar a inconstitucionalidade do art. 84, § 2º, do

CPP, definiu que não há foro por prerrogativa

de função na ação de improbidade, pois cabe

exclusivamente à Constituição Federal instituir

tal foro especial (ADI 2797).

Na hipótese de verbas federais transferi-

das a município mediante convênio, o STJ tem

entendido que, se os recursos forem incorpo-

rados ao patrimônio municipal, a competên-

cia será da Justiça Estadual (regra). Todavia,

se a União (ou autarquia federal, fundação

federal ou empresa pública federal) mani-

festar interesse de intervir na causa, a com-

petência será da Justiça Federal, em virtude

do art. 109, I, da CF/88 (exceção). Confira-se

a jurisprudência do STJ, especialmente no que

tange à aplicação das Súmulas 208 e 209 no

âmbito cível:

• Súmula 208 STJ - Compete à Justiça Fed-eral processar e julgar Prefeito Municipal

interessada’ e poderá propor a ação de improbi-

dade ou intervir no processo como interessado.”.

A jurisprudência dos tribunais superiores ainda

não se manifestou sobre essa questão.

A legitimidade passiva é atribuída a

quem cometeu o ato de improbidade, abran-

gendo agentes públicos e terceiros. Importan-

te relembrar duas teses definidas pelo STJ:

a) não é possível a propositura de ação de

improbidade exclusivamente contra o partic-

ular, sem a concomitante presença de agente

público no polo passivo da demanda; e

b) não há litisconsórcio passivo necessário

entre o agente público e os terceiros beneficia-

dos com o ato ímprobo

COMPETÊNCIA:

A ação de improbidade será ajuizada

perante o juízo de primeiro grau. O STF, ao de-

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“verba sujeita a prestação de contas peran-te órgão federal” (Súmula 208), trata-se de “verba transferida e incorporada ao patrimô-nio municipal” (Súmula 209). Ocorre que es-ses enunciados provêm da Terceira Seção do STJ e, por isso, versam sobre hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que basta o interesse da União, de suas autarquias ou empresas públicas para deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. No âmbito cível, entretanto, deve-se observar uma distinção na aplicação desses enunciados, visto que o art. 109 da CF elenca a competência da Justiça Fed-eral em um rol taxativo em que, em seu in-ciso I, menciona as causas a serem julga-das por juízo federal em razão da pessoa, competindo a este último “decidir sobre a existência [ou não] de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas” (Súmula 150 do STJ). Assim, a despeito de a

por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

• Súmula 209 STJ - Compete à Justiça Estad-ual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimô-nio municipal.

• Compete à Justiça Estadual - e não à Justiça Federal - processar e julgar ação civil pública de improbidade administra-tiva na qual se apure irregularidades na prestação de contas, por ex-prefeito, rel-acionadas a verbas federais transferidas mediante convênio e incorporadas ao patrimônio municipal, a não ser que exis-ta manifestação de interesse na causa por parte da União, de autarquia ou empresa pública federal. Nessa situação, pode-se, em tese, visualizar conflito entre as Súmulas 208 e 209 do STJ, que determinam, respec-tivamente, hipóteses de competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual. Isso porque, embora a ação tenha por objeto

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praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de con-vênio federal, o simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal. (...) (STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 139.562/SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Conv. do TRF 1ª Região), julgado em 25/11/2015)

O procedimento da ação de improbida-

de pode ser resumido nas seguintes fases:

1. Propositura da ação (prevenção da com-

petência do juízo – art. 17, § 5º, da LIA);

2. Notificação do requerido para manifes-

tação prévia, que pode ser instruída com docu-

mentos, no prazo de 15 dias (art. 17, § 7º, da LIA);

3. Juiz decide se:

a) rejeita a inicial e extingue o processo

Súmula 208 do STJ afirmar que “Compete à Justiça Federal processar e julgar pre-feito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão fed-eral”, a competência absoluta enunciada no art. 109, I, da CF faz alusão, de forma clara e objetiva, às partes envolvidas no processo, tornando despicienda, dessa maneira, a análise da matéria discutida em juízo. Nesse contexto, a Segunda Tur-ma do STJ já decidiu que “A competência da Justiça Federal, em matéria cível, é aquela prevista no art. 109, I, da Constituição Feder-al, que tem por base critério objetivo, sen-do fixada tão só em razão dos figurantes da relação processual, prescindindo da análise da matéria discutida na lide” (REsp 1.325.491-BA, DJe 25/6/2014). CC 131.323-TO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/3/2015, DJe 6/4/2015 – Info 559)

• Nas ações de ressarcimento ao erário e de  improbidade  administrativa ajuiza-das em face de eventuais irregularidades

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tição inicial da ação de improbidade deve ser

recebida pelo juiz, pois, na fase inicial prevista

no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n.° 8.429/92, vale

o princípio do in dubio pro societate, a fim de

possibilitar o maior resguardo do interesse pú-

blico. No caso concreto, o STJ entendeu que

deveria ser recebida a petição inicial de ação

de improbidade no caso em que determina-

do prefeito, no contexto de campanha de es-

tímulo ao pagamento do IPTU, fizera constar

seu nome, juntamente com informações que

colocavam o município entre outros que deti-

nham bons índices de qualidade de vida, tan-

to na contracapa do carnê de pagamento do

tributo quanto em outros meios de comunica-

ção. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.317.127-ES,

Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em

7/3/2013 - Info 518).

4. Instrução processual.

5. Sentença. Nesse ponto, são de grande

com ou sem resolução do mérito, quando con-

vencido da inexistência do ato de improbidade,

a improcedência do pedido ou a inadequação

da ação à Recurso: APELAÇÃO; ou

b) recebe a inicial, se houver indícios da

prática do ato de improbidade, e ordena a cita-

ção do réu para apresentar contestação. Esse

juízo preliminar é chamado de juízo de deliba-

ção à Recurso: AGRAVO DE INSTRUMENTO.

Ainda que a decisão receba a inicial, mas a re-

jeite em relação a alguns réus, cabe o agravo

de instrumento. Nesse caso, o STJ, aplicando

o princípio da fungibilidade recursal, já admi-

tiu o conhecimento da apelação, desde que

não haja má-fé. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp

1305905-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julga-

do em 13/10/2015 - Info 574).

OBS: De acordo com a jurisprudência do

STJ, existindo meros indícios de cometimento

de atos enquadráveis na Lei nº 8.429/92, a pe-

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Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei 4.717/1965, as sentenças de improcedência de Ação Civil Pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário (REsp 1.108.542/SC, Rel. Min-istro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 29/5/2009).

Julgada improcedente Ação de Improbidade Administrativa, há necessidade de remessa oficial, independente do valor da sucum-bência.” (STJ - AgInt no REsp 1379659/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN-DA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 18/04/2017)

OBS: havia julgado da 1ª Turma do STJ em

sentido contrário (vide REsp 1.220.667-MG, 1ª

Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,

julgado em 4/9/2014 - Info 546).

Nos termos do § 1º do art. 17, é vedada a

transação, acordo ou conciliação nas ações

de improbidade. Portanto, não cabe Termo de

relevância os seguintes julgados do STJ:

• “A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de  im-probidade  administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na apli-cação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65.” (STJ. 1ª Seção. EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 - Info 607).

• “É patente a possibilidade de utilização da lei de regência da Ação Popular (Lei 4.717/1965) como fonte do microssistema processual de tutela coletiva, prevalecendo, inclusive, sobre disposições gerais do Código de Pro-cesso Civil. A existência dos microssiste-mas processuais em nosso Ordenamento Jurídico é reconhecida em diversas searas de direitos coletivos, de forma que os seus instrumentos podem ser utilizados com o escopo de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

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A LIA prevê a possibilidade de decreta-

ção da indisponibilidade de bens (art. 7º), se-

questro de bens (art. 16) e afastamento cautelar

do agente público (art. 20, parágrafo único). A

única que a lei permite que seja aplicada di-

retamente pela autoridade administrativa é o

afastamento cautelar do servidor (vimos que

se trata de norma federal, destinada à União).

Esse afastamento temporário não possui prazo

(a duração é enquanto for necessário à instru-

ção processual) e é efetivado sem prejuízo da

remuneração do servidor. As demais providên-

cias devem ser requeridas ao juízo competente

(reserva de jurisdição).

Convém salientar que o Novo CPC su-

primiu as medidas cautelares como procedi-

mentos autônomos, passando a incluí-las no

âmbito da tutela de urgência de natureza cau-

telar (art. 301 do CPC/15).

ATENÇÃO para a indisponibilidade de

Medidas Cautelares

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• É possível a decretação de indisponibili-dade e sequestro de bens antes mesmo do recebimento da petição inicial da ação civil pública destinada a apurar a práti-ca de ato de improbidade administrativa. (AgRg no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julga-do em 07/03/2013, DJe 13/03/2013 - INFO 518).

• Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode recair so-bre aqueles adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar em consider-ação, o valor de possível multa civil como sanção autônoma. (REsp 1461892/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN-DA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015; REsp 1461882/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julga-do em 05/03/2015, DJe 12/03/2015).

OBS: é irrelevante se a indisponibilidade

recaiu sobre bens anteriores ou posteriores ao

bens, prevista no art. 7º da LIA, que tem o obje-

tivo de evitar a dilapidação patrimonial por par-

te do réu. A jurisprudência do STJ tem fixado di-

versos entendimentos importantes. Confira-se:

• É possível o deferimento da medida acau-telatória de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa nos autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notifi-cação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92. (AgRg no AREsp 460279/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN-DA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 27/11/2014; REsp 1197444/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEI-RA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe 05/09/2013)

OBS: trata-se da concessão de liminar

inaudita altera pars (sem ouvir o réu) com vistas

a assegurar o resultado útil da tutela jurisdicio-

nal, qual seja, o ressarcimento ao erário.

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ato tido como ímprobo.

• Em que pese o silêncio do art. 7º da Lei n. 8.429/92, uma interpretação sistemática que leva em consideração o poder geral de cautela do magistrado induz a concluir que a medida cautelar de indisponibilidade dos bens também pode ser aplicada aos atos de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios da ad-ministração pública, mormente para asse-gurar o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, se houver, e ainda a multa civil prevista no art. 12, III, da Lei n. 8.429/92” (AgRg no REsp 1.311.013/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TUR-MA, julgado em 4/12/2012, DJe 13/12/2012; MC 24.205/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 19/04/2016).

• Pode ser decretada a  indisponibili-dade dos bens ainda que o acusado não esteja se desfazendo  de seus  bens. É

desnecessária a prova  de  que os réus estejam dilapidando efetivamente seus patrimônios ou  de que eles estariam na iminência de fazê-lo (prova de periculum in mora concreto). O requisito do pericu-lum in mora está implícito no referido art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 8.429/1992, que visa assegurar “o integral ressarcimen-to” de eventual prejuízo ao erário, o que, in-clusive, atende à determinação contida no art. 37, § 4º, da CF/88. 

Como a indisponibilidade dos bens visa evitar que ocorra a dilapidação patrimonial, não é razoável aguardar atos concretos direciona-dos à sua diminuição ou dissipação, na me-dida em que exigir a comprovação de que esse fato estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da medi-da cautelar em análise. 

Além do mais, o disposto no referido art. 7º em nenhum momento exige o requisito da urgência, reclamando apenas a demon-

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está implícito no comando do art. 7º, parágra-

fo único, da LIA, em razão da natureza do bem

protegido. Nessa esteira, o STJ concluiu ainda

que a indisponibilidade de bens prevista na LIA

consiste em uma tutela de evidência, pois bas-

ta a comprovação da plausibilidade do direito

alegado (fumus boni iuris).

• Os bens de família podem ser objeto de medida de indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que há apenas a limitação de even-tual alienação do bem. (REsp 1461882/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEI-RA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 12/03/2015; REsp 1260731/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, jul-gado em 19/11/2013, DJe 29/11/2013).

OBS: Segundo o STJ, o caráter de bem

de família de imóvel não tem a força de obs-

stração, numa cognição sumária, de que o ato  de  improbidade causou lesão ao pat-rimônio público ou ensejou enriquecimento ilícito.

Vale ressaltar, no entanto, que a decre-tação da indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do ris-co de dilapidação do patrimônio, não é uma medida  de  adoção automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena  de  nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar  de  constrição patrimonial. (REsp 1319515/ES).

(STJ. 1ª Seção. REsp 1366721-BA, Rel. Min. Na-poleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 26/2/2014 (recurso repetitivo) - Info 547).

OBS: o candidato deve atentar que o STJ

não dispensou o periculum in mora. Tal requisito

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Percebe-se que o entendimento acima

exposto é contraditório com julgados do STJ

que afirmam que é possível que a indisponibi-

lidade recaia sobre bem de família, que, como

se sabe, é impenhorável.

• É possível que se determine a indisponib-ilidade de bens em valor superior ao indi-cado na inicial da ação, visando a garantir o integral ressarcimento  de  eventual pre-juízo ao erário, levando-se em consider-ação, até mesmo, o valor de possível multa civil como sanção autônoma. Isso porque a  indisponibilidade  acautelatória prevista na Lei  de  Improbidade Administrativa tem como finalidade a reparação integral dos danos que porventura tenham sido cau-sados ao erário. (REsp 1176440-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013).

• É desnecessária a individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer re-cair a indisponibilidade prevista no art.

tar a determinação de sua indisponibilidade

nos autos de ação civil pública, pois tal medi-

da não implica em expropriação do bem (REsp

1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda

Turma, julgado em 16/05/2013).

• A indisponibilidade de bens prevista na LIA pode alcançar tantos bens quantos necessários a garantir as consequências financeiras da prática de improbidade, excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei. (AgRg no AREsp 436929/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 31/10/2014; REsp 1461892/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN-DA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015)

OBS: o STJ fundamenta que, como os

bens não poderão assegurar uma futura execu-

ção, não pode ser decretada sua indisponibili-

dade.

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7º, parágrafo único, da Lei n.°  8.429/92. (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mau-ro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/09/2012).

• Ainda que proferida por juízo absoluta-mente incompetente, é válida a decisão que, em ação civil pública proposta para a apuração de ato de improbidade adminis-trativa, tenha determinado — até que haja pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. (STJ. 2ª Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013 (Info 524).

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O prazo prescricional para ajuizamento

da ação de improbidade é fixado pelo art. 23

da LIA de acordo com a natureza do vínculo do

agente ao Estado:

a) servidor que ocupa mandato, cargo

em comissão ou função de confiança: 5 anos

após o término do mandato ou do exercício

do cargo ou função – inciso I.

Observa-se que o início do prazo ocor-

re a partir da extinção do vínculo. Assim, na hi-

pótese de reeleição, o prazo somente se inicia

após o término do último mandato. Atenção

para o seguinte julgado do STJ:

O prazo prescricional em ação de im-

probidade administrativa movida contra pre-

feito reeleito só se inicia após o término do

segundo mandato, ainda que tenha havido

descontinuidade entre o primeiro e o segun-

do mandato em razão da anulação de pleito

Prescrição:

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tados da data da apresentação à Adminis-

tração Pública da prestação de contas final

– inciso III.

ATENÇÃO: Se o agente que praticar o

ato de improbidade ocupa, cumulativamen-

te, cargo efetivo e cargo comissionado, qual o

prazo prescricional? Segundo o STJ, por inter-

pretação teleológica, aplica-se o prazo previs-

to para o cargo/emprego efetivo (inciso II), pois

o vínculo entre o agente e a Administração não

cessa com a exoneração do cargo em comis-

são.

ATENÇÃO: Se o agente que praticou o

ato de improbidade é servidor temporário (art.

37, IX, da CF/88), qual o prazo prescricional?

Há divergência doutrinária. Para Rafael Oliveira,

Emerson Garcia e Márcio Cavalcante, aplica-se

o inciso I, eis que o dispositivo menciona outros

agentes com vínculos não duradouros com a

Administração (mandato, função de confiança

eleitoral, com posse provisória do Presidente

da Câmara, por determinação da Justiça Elei-

toral, antes da reeleição do prefeito em no-

vas eleições convocadas. (STJ. 2ª Turma. REsp

1414757-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julga-

do em 6/10/2015 – Info 571).

b) servidor efetivo ou ocupante de

emprego público: no prazo prescricional con-

templado em lei específica para a pena de

demissão a bem do serviço público (na esfera

federal, esse prazo é de 5 anos – salvo se a in-

fração também for crime – contados a partir da

data em que o fato se tornou conhecido – art.

142 da Lei 8.112/90) – inciso II.

c) entidades referidas no parágrafo

único do art. 1º da LIA (que recebem sub-

venção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício

de órgão público ou cuja criação ou custeio o

erário haja concorrido com MENOS de 50% do

patrimônio ou da receita anual): 5 anos con-

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de improbidade, conforme jurisprudência do

STJ:

• “O STJ, interpretando o art. 23 da LIA, que regula o prazo prescricional para a proposi-tura da ação de improbidade administrativa, já consolidou entendimento no sentido de que não se mostra possível decretar a ocorrência de prescrição intercorrente nas ações de improbidade administrati-va, porquanto referido dispositivo legal so-mente se refere a prescrição quinquenal para ajuizamento da ação, contados do término do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de confiança. Prec-edente: REsp 1.218.050/RO, Rel. Min. Na-poleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 20/9/2013 (AgInt no AREsp 962.059/PI, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/04/2017, DJe 29/05/2017).

Por fim, conforme vimos anteriormente,

a prescrição não atinge o direito da Adminis-

e comissionados). Já para Carvalho Filho, apli-

ca-se o inciso II, pois o autor entende que “as

hipóteses do inciso I são expressas e as do inciso

II excluem apenas mandatos, cargos em comis-

são e funções de confiança, contidos naquele”.

Em relação à prescrição em face de ato

de improbidade praticado por TERCEIRO, a

lei é omissa, havendo divergência doutrinária.

A jurisprudência do STJ é firme no sentido

de que prevalece o mesmo prazo prescri-

cional aplicável ao agente público envolvi-

do (AgInt no AREsp 986.279/RJ, Rel. Ministro

Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em

24/10/2017, DJe 30/10/2017; AgRg no REsp

1.541.598/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell

Marques, Segunda Turma, DJe de 13/11/2015;

REsp 1.156.519/RO, Rel. Min. Castro Meira, jul-

gado em 18/06/2013).

Outro ponto que merece destaque é

que não há prescrição intercorrente na ação

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tração Pública de pleitear o ressarcimento de

danos ao erário decorrente de ato de improbi-

dade. Nessa hipótese, a ação é imprescritível.

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• Nas ações civis por ato de improbidade ad-ministrativa, o prazo prescricional é inter-rompido com o mero ajuizamento da ação de improbidade dentro do prazo de 5 anos contado a partir do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação do réu seja efetivada após esse prazo.  Assim, se a ação de improbidade foi ajuiza-da dentro do prazo prescricional, eventual demora na citação do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte autora. (STJ. 2ª Turma. REsp 1391212-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 - Info 546).

• No caso de condenação pela prática de ato de  improbidade  administrativa que aten-ta contra os princípios da administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de proibição de con-tratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou cred-itícios não podem ser fixadas abaixo de 3

Jurisprudência Aplicável ao Tema

Improbidade Administrativa

(outros julgados):

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ração de ato ímprobo atribuído a magis-trado mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo órgão ministerial inves-tigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Pú-blico para apuração de suposta conduta ím-proba não viola o disposto no art. 33, IV, da

LC nº 35/79 (LOMAN). (STJ. 1ª Turma. RMS

37151-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia

Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina,

julgado em 7/3/2017 - Info 609).

• Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença condenatória em ação civil pública de improbidade admin-istrativa que determinam o ressarcimen-to ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do

anos, considerando que este é o mínimo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe autorização na lei para es-tipular sanções abaixo desse patamar. (STJ. 2ª Turma. REsp 1582014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 – Info 581).

• O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previs-tas no art. 12 da Lei 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a grav-idade e as consequências da infração.

• (Precedentes: AgRg no AREsp 538656/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 05/08/2015; AgRg no AREsp 239300/BA, Rel. Ministro OG FER-NANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 01/07/2015)

• É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apu-

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• Apesar de não ter havido pedido expres-so para redução da multa civil, em sede de Apelação e, a despeito da regra de cor-relação ou congruência da decisão, pre-vista nos arts. 128 e 460 do CPC [arts. 141 e 492 do CPC/2015], pela qual o Juiz está restrito aos elementos objetivos da deman-da, entende-se que, em tratando-se de matéria de Direito Sancionador, e reve-lando-se patente o excesso ou a despro-porcionalidade da sanção aplicada, pode o Tribunal reduzi-la, ainda que não tenha sido alvo de impugnação recursal. (STJ - REsp 1293624/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, ju-lgado em 05/12/2013, DJe 19/12/2013)

• As punições aplicáveis no PAD são inde-pendentes em relação às sanções de-terminadas na ação judicial de  improbi-dade  administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja punido nas duas

esferas. (STJ. 1ª Seção. MS 15848/DF, Rel.

Min. Castro Meira, julgado em 24/04/2013).

valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do

título remanescente. (STJ. 1ª Turma. REsp

1413674-SE, Rel. Min. Olindo Menezes (De-

sembargador Convocado do TRF 1ª Região),

Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçal-

ves, julgado em 17/5/2016 – Info 584).

• O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública cujo pedido seja a condenação por  improbidade  ad-ministrativa de agente público que tenha cobrado taxa por valor superior ao custo do serviço prestado, ainda que a causa de

pedir envolva questões tributárias. (STJ. 1ª

Turma. REsp 1387960-SP, Rel. Min. Og Fer-

nandes, julgado em 22/5/2014 - Info 543).

OBS: nesse caso,  a análise da questão

tributária é apenas a causa de pedir, estando,

portanto, fora do alcance da vedação prevista

no art. 1º da LACP, que se relaciona ao pedido.

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1) (Ano: 2017/Banca: VUNESP/Órgão: Câmara

de Sumaré – SP/Prova:  Procurador Jurídi-

co) Suponha-se que a Câmara Municipal in-

staure procedimento administrativo disci-

plinar em face de servidor público com base

em denúncia na qual se afirma que o agen-

te está praticando atos com a finalidade de

enriquecer ilicitamente em função do exer-

cício de suas atividades no Poder Legislativo.

A Comissão responsável pelo julgamento do

processo entende que houve a prática de ato

de improbidade administrativa, recomendan-

do a demissão a bem do serviço público.

A respeito da situação hipotética e com base

na Lei n° 8.429/92, assinale a alternativa cor-

reta.

Parte superior do formulário

a) Comprovado o enriquecimento ilícito do ser-

vidor, é desnecessária a comprovação de dolo

Abordagem Prática nos Concursos

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e) O Município, caso autorizado pelo Ministé-

rio Público, poderá transacionar para reaver os

prejuízos eventualmente suportados, ficando

a pena do agente causador dos danos, nesse

caso, reduzida.

2) (Ano:  2017/Banca:  FMP Concursos/

Órgão: PGE-AC/Prova: Procurador do Estado)

Considere as seguintes afirmativas sobre as

ações de ressarcimento oriundas de ilícitos,

praticados por qualquer agente, que ocasio-

nem prejuízos ao erário.

I - Possui repercussão geral a controvérsia rela-

tiva à prescritibilidade da pretensão de ressar-

cimento ao erário, em face de agentes públicos,

em decorrência de suposto ato de improbidade

administrativa.

II - O Supremo Tribunal Federal já fixou entendi-

mento no sentido de que é prescritível a ação de

ou culpa para que os seus atos se enquadrem

como improbidade administrativa

b) A Administração, diante da suspeita de im-

probidade, deverá oficiar ao Ministério Público

para que ingresse com a ação, uma vez que o

Município não dispõe de titularidade para ajui-

zar ação de improbidade.

c) A denúncia apresentada à Administração por

suspeita de improbidade administrativa será

escrita ou reduzida a termo e assinada, conte-

rá a qualificação do representante, as informa-

ções sobre o fato e sua autoria e a indicação

das provas de que tenha conhecimento.

d) Somente com o encerramento do processo

administrativo poderá a Comissão processante

representar ao Ministério Público ou à procu-

radoria oficiante para que requeira o sequestro

de bens.

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c) III e IV. 

d)  I, II e III.

e) I, II, III e IV.

3) (Ano:  2017/ Banca:  Quadrix/ Órgão:  CFO-

DF/ Prova: Procurador Jurídico) Com base em

conhecimentos relativos a direito processual

civil e à legislação correlata, julgue o próximo

item. 

As ações destinadas a levar a efeito as sanções

de improbidade administrativa são imprescrití-

veis.

4) (Ano: 2017/ Banca: CESPE/ Órgão: Prefeitura

de Belo Horizonte – MG/ Prova:  Procurador

Municipal) De acordo com o disposto na

reparação de danos à Fazenda Pública decor-

rente de ilícito civil.

III - Situada a premissa da imprescritibilidade

das ações de ressarcimento oriundas de ato de

improbidade administrativa que causem prejuí-

zos ao Estado, é razoável apontar para o con-

sectário lógico de que referido tratamento igual-

mente abrangeria as ações de ressarcimento de

danos decorrentes de ilícitos penais.

IV - A interpretação que embasa a tese da im-

prescritibilidade da ação de ressarcimento ao

erário por ato de improbidade administrativa

decorre literalmente da hipótese normativa iso-

lada constante do artigo 37, §5°, da Constituição

da República de 1988.

Estão CORRETAS apenas as afirmativas: 

a)  I e III.

b) II e III.

Certo Errado

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te ao seu patrimônio, ao ressarcimento integral

do dano e à perda dos direitos políticos.

5) (Ano: 2017/ Banca: CESPE/ Órgão: Prefeitura

de Fortaleza – CE/ Prova: Procurador do Mu-

nicípio)

Um servidor da Procuradoria-Geral do

Município de Fortaleza, ocupante exclusivamen-

te de cargo em comissão, foi preso em flagran-

te, em operação da Polícia Federal, por fraudar

licitação para favorecer determinada empresa.

Com referência a essa situação hipotética, jul-

gue o item subsequente tendo como funda-

mento o controle da administração pública e

as disposições da Lei de Improbidade Adminis-

trativa e da Lei Municipal n.º 6.794/1990, que

dispõe sobre o Estatuto dos Servidores do Mu-

nicípio de Fortaleza.

Lei de Improbidade Administrativa — Lei n.º

8.429/1992 —, assinale a opção correta.

a) A efetivação da perda da função pública, pe-

nalidade prevista na lei em apreço, independe

do trânsito em julgado da sentença condena-

tória.

b) A configuração dos atos de improbidade ad-

ministrativa que importem em enriquecimen-

to ilícito, causem prejuízo ao erário ou atentem

contra os princípios da administração pública

depende da existência do dolo do agente.

c) O sucessor do agente que causou lesão ao

patrimônio público ou que enriqueceu ilicita-

mente responderá às cominações da lei em

questão até o limite do valor da sua herança.

d) O responsável por ato de improbidade está

sujeito, na hipótese de cometimento de ato

que implique enriquecimento ilícito, à perda

dos bens ou dos valores acrescidos ilicitamen-

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6) (Ano:  2017/Banca:  CESPE/

Órgão:  Prefeitura de Fortaleza – CE/Pro-

va:  Procurador do Município) A respeito de

bens públicos e responsabilidade civil do Es-

tado, julgue o próximo item.

Se, após um inquérito civil público, o MP ajuizar

ação de improbidade contra agente público

por ofensa ao princípio constitucional da publi-

cidade, o agente público responderá objetiva-

mente pelos atos praticados, conforme o en-

tendimento do STJ.

Certo Errado

7) (Ano: 2017/Banca: FGV/Órgão: ALERJ/Pro-

va:  Procurador) A década de 1990 estabele-

ceu um novo marco quanto ao controle da

Administração, ante a edição da nominada

Lei de Improbidade.

Mesmo que o servidor mencionado colabore

com as investigações e ressarça o erário, não

poderá haver acordo ou transação judicial em

sede de ação de improbidade administrativa.

Certo Errado

Segundo o entendimento do STJ, caso o refe-

rido servidor faleça durante a ação de improbi-

dade administrativa, a obrigação de reparar o

erário será imediatamente extinta, dado o cará-

ter personalíssimo desse tipo de sanção.

Certo Errado

Nesse caso, a sentença criminal absolutória

transitada em julgado que negar a autoria vin-

culará, necessariamente, a esfera administrati-

va.

Certo Errado

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creditícios podem ser fixadas aquém do míni-

mo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/1992,

diante das peculiaridades do caso concreto;

c) não configura bis in idem a coexistência de

título executivo extrajudicial (acórdão do TCE

ou TCU) e sentença condenatória em ação civil

pública de improbidade administrativa que de-

terminem o ressarcimento ao erário e se refi-

ram ao mesmo fato, desde que seja observada

a dedução do valor da obrigação que primei-

ramente foi executada no momento da execu-

ção do título remanescente;

d) ainda que não haja dano ao erário, é possí-

vel a condenação por ato de improbidade ad-

ministrativa que importe enriquecimento ilícito

(art. 9º da Lei nº 8.429/1992), incluindo a possi-

bilidade de aplicação da pena de ressarcimen-

to ao erário, diante dos danos imateriais sofri-

dos pelo ente.

Em relação às sanções pela prática de ato de

improbidade administrativa, a jurisprudência

do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de

que:

a) o prazo para ajuizamento de ação que vise

ao ressarcimento ao erário (seja em sede de

ação de improbidade com pedido de ressar-

cimento, seja em ação com o fim exclusivo de

ressarcir o erário) e o prazo para o TCU ou TCE,

por meio de tomada de contas especial, exigir

do ex-gestor público municipal a comprovação

da regular aplicação de verbas federais ou

estaduais repassadas ao respectivo Município

são imprescritíveis;

b) no caso de condenação pela prática de ato de

improbidade administrativa que atenta contra

os princípios da administração pública, as pe-

nalidades de suspensão dos direitos políticos e

de proibição de contratar com o Poder Público

ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou

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Redes Sociais

De acordo com a jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça: 

a) o agente penitenciário responderá pelo cri-

me de tortura e por infração disciplinar, mas não

poderá ser responsabilizado por ato de impro-

bidade administrativa, eis que a vítima imediata

do ato ilícito não foi a Administração Pública e

não houve dano ao erário; 

b) o detento vítima do ato de tortura deverá

pleitear diretamente do agente penitenciário

que praticou o ato ilícito indenização pelos da-

nos sofridos, com base na responsabilidade ci-

vil subjetiva, não se aplicando o art. 37, § 6º, da

Constituição Federal por ausência de omissão

do poder público; 

c) o agente penitenciário responsável dire-

to pelo ato ilícito e o Secretário de Estado de

Administração Penitenciária responderão, em

tese, solidariamente pelo crime de tortura, por

e) a condenação pela Justiça Eleitoral ao paga-

mento de multa por infringência às disposições

contidas na Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições)

não impede a imposição de nenhuma das san-

ções previstas na Lei nº 8.429/1992, exceto da

multa civil, pelo ato de improbidade decorren-

te da mesma conduta, para evitar a ocorrência

de bis in idem. 

8) (Ano:  2017/Banca:  FGV/Órgão:  ALERJ/

Prova:  Procurador) A Assembleia Legislativa

instaurou comissão parlamentar de inquéri-

to para apurar as condições estruturais, ma-

teriais e de pessoal do sistema penitenciário

estadual, diante da reiteração de denúncias

de tortura e maus tratos aos detentos. A con-

clusão da CPI foi no sentido da procedência

das representações, inclusive com a identifi-

cação de agentes penitenciários responsáveis

pelas torturas.

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Redes Sociais

alizado contratação direta sem suporte legal,

determinado agente público é réu em ação

civil pública por improbidade administrativa,

sob o argumento de violação ao princípio de

obrigatoriedade de licitação, tendo-lhe sido

imputado ato de improbidade previsto no art.

11 da Lei de Improbidade Administrativa (vio-

lação aos princípios da administração públi-

ca).

A respeito dessa situação hipotética, julgue o

item subsecutivo.

Para que haja condenação, deverá ser compro-

vado o elemento subjetivo de dolo, mas não há

necessidade de que seja dolo específico, bas-

tando para tal o dolo genérico de atentar con-

tra os princípios da administração pública.

Certo Errado

Não poderá ser aplicada a medida cautelar de

indisponibilidade dos bens, dada a natureza do

infração disciplinar e por ato de improbidade

administrativa, o primeiro por ato comissivo e o

segundo por omissão;

d)  a violência policial arbitrária não é ato apenas

contra o particular-vítima, mas sim contra a

própria Administração Pública, ferindo suas

bases de legitimidade e respeitabilidade, razão

pela qual o agente penitenciário responderá

apenas na esfera penal, não havendo que se

falar em improbidade administrativa; 

e) a tortura de preso custodiado no sistema pri-

sional praticada por agente penitenciário cons-

titui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da Administração

Pública, fora as demais repercussões nas esfe-

ras penal e disciplinar.

9) (Ano:  2016/Banca:  CESPE/Órgão:  PGE-

AM/Prova:  Procurador do Estado) Por ter re-

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Redes Sociais

independentes as temáticas da “moralidade”

e da “improbidade”, afirma que esta última se-

ria sempre subjetiva, de modo que o legislador

pune a conduta do administrador desonesto e

não a do incompetente.

III. Nos termos da Lei nº 8.429/92, somente os

atos praticados em prejuízo ao erário são pas-

síveis de punição na forma culposa; os demais

devem dar-se dolosamente para que se confi-

gure a improbidade.

IV. Consoante a Lei nº 8.492/92, a medida cau-

telar de indisponibilidade de bens exige a de-

monstração do periculum in mora, isto é, de que

o réu está dilapidando seu patrimônio, ou na

iminência de fazê-lo.

Quais estão corretas?

a) Apenas I e II.

b) Apenas I e III.

ato imputado ao réu — violação dos princípios

administrativos.

Certo Errado

10) (Ano:  2016/Banca:  FUNDATEC/

Órgão:  Prefeitura de Porto Alegre – RS/ Pro-

va:  Procurador Municipal - Bloco II e III) Em

relação à configuração ou não de improbi-

dade, analise as assertivas abaixo:

I. Não comete ato de improbidade o Administra-

dor Fiscal que concede benefício administrativo

ou fiscal sem a observância das formalidades

legais ou regulamentares e que age negligente-

mente na arrecadação de tributo ou renda, por-

que isso constitui, tão somente, violação à Lei

de Responsabilidade Fiscal.

II. A posição majoritária nos Tribunais brasileiros,

que compreende ter a Lei nº 8.429/92 tornado

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69

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a saber, ter participado do consórcio que con-

struiu o Parque Olímpico na cidade do Rio de

Janeiro. Ofereceu-se, também, ao Procura-

dor-Geral do Município, Túlio Cícero, para

fazer a reforma de sua residência na cidade,

incluindo a construção de uma piscina, sob

a condição de que o Procurador desse pare-

cer de conformidade do Edital com as leis.

Ocorrido o certame licitatório, foi vencedora

a empresa Acquedutos Lutetia Ltda., porque

era a única que atendia às exigências do Ed-

ital. Ao mesmo tempo em que iniciou a obra

de construção da piscina olímpica pública,

a empresa Bracara Construções Ltda., coli-

gada da Acquedutos Lutetia Ltda., iniciou a

construção da sauna seca na residência de

Cláudia Gabba e a reforma na residência de

Túlio Cícero. Considerando as disposições da

Lei nº 12.846/13 e da Lei nº 8.492/92 e diante

das assertivas abaixo, assinale V, se verda-

deiras, ou F, se falsas.

c) Apenas I e IV.

d) Apenas II e III.

e) Apenas II e IV.

11) (Ano:  2016/Banca:  FUNDATEC/

Órgão:  Prefeitura de Porto Alegre – RS/ Pro-

va:  Procurador Municipal - Bloco II e III) Caio

Toríbio, diretor da empresa Acquedutos Lute-

tia Ltda., pretendendo participar de licitação

para a construção de uma piscina olímpi-

ca no Município de Olisipo, RS, procurou o

Secretário Municipal de Obras do Município,

Sr. Aurélio Gabba, oferecendo-se para con-

struir, às suas expensas, uma sauna seca na

residência da Sra. Cláudia Gabba (irmã do

Secretário), no valor de R$ 1.000.000,00 (um

milhão de reais), desde que fosse incluído,

no Termo de Referência do Edital para a lici-

tação, condição que só sua empresa atendia,

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70

Redes Sociais

coligadas serão responsabilizadas objetiva-

mente, nos âmbitos administrativo e civil, inde-

pendentemente da responsabilidade de seu

dirigente, e, além de pagar a multa previsto em

lei, deverão reparar integralmente os danos

causados.

A ordem correta de preenchimento dos parên-

teses, de cima para baixo, é:

a) V – F – F – V.

b) V – V – F – F.

c) F – V – F – V.

d) F – F – V – V.

e) V – F – V – F.

12) (Ano: 2016/Banca: FCC/Órgão: Prefeitura

de Campinas – SP/Prova: Procurador) Nas pa-

lavras de MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO

( ) Aurélio Gabba (Secretário de Obras), Túlio

Cícero (Procurador-Geral) e Caio Toríbio (diretor

da Acquedutos Lutetia Ltda.) cometeram ato

de improbidade administrativa que causa dano

ao erário.

( ) As empresas Acquedutos Lutetia Ltda. e

Bracara Construções Ltda. não podem ser

condenadas por ato lesivo à administração pú-

blica, nos termos da Lei anticorrupção, porque

a responsabilidade pelos atos ilícitos é exclusi-

vamente de seus dirigentes.

( ) Se responsabilizadas, as empresas Acque-

dutos Lutetia Ltda. e Bracara Construções Ltda.

somente deverão pagar a multa prevista em

lei, porque, no caso, a responsabilidade é sub-

sidiária.

( ) Caio Toríbio, dirigente de ambas as empre-

sas, será responsabilizado pelos ilícitos come-

tidos na medida de sua culpa; já as empresas

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Redes Sociais

c) ato de improbidade, em qualquer de suas

modalidades, exigida a demonstração de dolo

em todas as condutas, prescindindo, no entan-

to, da demonstração de prejuízo ao erário. 

d) ato de improbidade, desde que cause pre-

juízo ao erário, tendo em vista que não se trata

de conduta específica, mas sim de tipo aberto. 

e) ato de improbidade, desde que aliado àque-

las condutas haja o enriquecimento ilícito por

parte de seu agente, o que prescinde da confi-

guração de dolo.

13) (Ano: 2016/ Banca: IBEG/Órgão: Prefeitura

de Guarapari – ES/Prova: Procurador Munici-

pal) À luz da jurisprudência do STJ, no tocante

a improbidade administrativa, marque a

alternativa correta.

a) Os Conselheiros dos Tribunais de Contas dos

“... também é possível falar em legalidade em

sentido amplo, para abranger não só a obe-

diência à lei, mas também a observância dos

princípios e valores que estão na base do or-

denamento jurídico” (Direito administrativo,

São Paulo: Atlas, 28ª edição, p. 971), tanto que

a legislação vigente tipifica “...  qualquer ação

ou omissão que viole os deveres de hones-

tidade, imparcialidade, legalidade e lealdade

às instituições” como

a) ato de improbidade, salvo se houver apena-

mento específico na esfera administrativa para

as mesmas condutas e seu agente for servidor

público, pois o vínculo funcional prefere à res-

ponsabilização na esfera civil. 

b) ato de improbidade que atenta contra os

princípios da Administração pública, além do rol

constante da respectiva lei, cabendo a demons-

tração de dolo para configuração da conduta. 

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14) (Ano:  2016/Banca:  VUNESP/

Órgão: Câmara de Marília – SP/Prova: Procura-

dor Jurídico) Considere a seguinte situação

hipotética. Empresa privada X atua fraudu-

lentamente e causa prejuízo a fundo de in-

vestimento pertencente à Administração

Pública. O Ministério Público ajuíza ação de

improbidade administrativa, com base da Lei

Federal n° 8.429/92 em face da Empresa X

e das pessoas físicas que dirigem a referida

empresa, visando à condenação pelo ato de

improbidade e o ressarcimento dos valores ao

erário. Não é incluído nenhum agente públi-

co no polo passivo da demanda. Consideran-

do os contornos dados à ação de improbi-

dade administrativa no ordenamento jurídico

pátrio, é correto afirmar que a hipotética ação

de improbidade do caso em tela.

a) não merece prosperar, pois não figurando no

polo passivo qualquer agente público, não há

como o particular figurar sozinho como réu em

Estados, por serem agentes políticos possuem

foro por prerrogativa de função nas ações de

improbidade administrativa. 

b) Configura ato de improbidade administrati-

va a conduta de professor da rede pública de

ensino que, aproveitando-se dessa condição,

assedie sexualmente seus alunos. 

c) Para a configuração dos atos de improbidade

administrativa que causem prejuízo ao erário é

dispensável a comprovação de efetivo prejuízo

aos cofres públicos, se essa for presumível.

d) O atraso do administrador na prestação de

contas, configura, por si só, ato de improbidade

administrativa que atente contra os princípios

da Administração Pública.

e) Somente é possível a decretação de indis-

ponibilidade e sequestro de bens após o rece-

bimento da petição inicial da ação civil pública

destinada a apurar a prática de ato de improbi-

dade administrativa.

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bidade administrativa pode ter no polo passi-

vo agentes públicos e particulares na qualida-

de de pessoas físicas, não cabendo, portanto,

constar pessoa jurídica do polo passivo da de-

manda.

15) (Ano: 2016/Banca: FCC/Órgão: Prefeitura

de São Luiz – MA/Prova:  Procurador do Mu-

nicípio) Diante de uma hipótese de configu-

ração de ato de improbidade praticado por

servidor público, o terceiro beneficiado em

razão daquela atuação, 

a) não figura como litisconsorte necessário do

servidor público, devendo ser analisada sua

conduta para demonstrar sua participação para

atingimento do resultado.

b) depende da comprovação de enriquecimen-

to ilícito para também ser considerado respon-

sável pelo ato de improbidade e poder figurar

ação de improbidade administrativa.

b) merece prosperar, pois não é necessário

comprovar que o particular tenha atuado em

coautoria com o agente público, por exemplo,

para induzir, ou seja, incutir no agente público o

estado mental tendente à prática do ilícito que

caracterize o ato de improbidade.

c) não merece prosperar, pois a ação de im-

probidade administrativa somente pode ter

no polo passivo agente público, considerado

aquele que exerce, ainda que transitoriamente

ou sem remuneração, mandato, cargo, empre-

go ou função.

d) merece prosperar, pois não é necessário

comprovar que o particular tenha atuado em

coautoria com o agente público, por exemplo,

conjuntamente com o agente público para a

prática do ato de improbidade.

e) não merece prosperar, pois a ação de impro-

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sinale a opção correta de acordo com o dis-

posto na Lei de Improbidade Administrativa.

a) Se alguém que causou lesão ao patrimônio

público vier a falecer, seu sucessor ficará sujei-

to às cominações da Lei de Improbidade Ad-

ministrativa até o limite do valor da herança.

b) Caso seja iniciada ação judicial por improbi-

dade, o juiz deverá extinguir o processo com

julgamento de mérito se verificar a inadequa-

ção da ação em qualquer fase do processo.

c) O juiz que determinar o afastamento de agen-

te público do exercício do cargo, emprego ou

função poderá ordenar a suspensão da remu-

neração recebida por esse agente na tentativa

de evitar maior prejuízo aos cofres públicos.

d) O agente público que se recusar a apresen-

tar declaração dos seus bens dentro do prazo

determinado deverá ser punido com suspen-

são, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

no pólo passivo da ação judicial respectiva. 

c) pode responder por ato de improbidade, in-

dependentemente da comprovação de culpa,

pois é legalmente considerado agente público

para essa prática. 

d) não responde por improbidade, salvo se par-

ticipou, dolosa e ativamente, do ato de impro-

bidade na modalidade que causa prejuízo ao

erário. 

e) figura como litisconsorte necessário do ser-

vidor público, sofrendo os efeitos do reconhe-

cimento do ato de improbidade, seja em rela-

ção ao ato praticado, seja quanto às sanções

impostas aos responsáveis.

16) (Ano:  2015/ Banca:  CESPE/

Órgão:  Prefeitura de Salvador – BA/Pro-

va:  Procurador do Município – 2ª Classe) As-

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ceu antes do cumprimento da ordem, deix-

ando o herdeiro Tício, também empresário, e

uma herança de quatrocentos mil reais. Com

a sucessão, o Ministério Público requereu

a indisponibilidade dos bens de Tício, até o

montante de um milhão de reais, a fim de as-

segurar o integral ressarcimento do dano. Em

havendo prova pré-constituída do fato, o pe-

dido deverá ser

a) deferido, pois o sucessor daquele que causa

lesão ao patrimônio público tem responsabili-

dade objetiva de assegurar o integral ressarci-

mento do dano.

b) indeferido, pois Mévio não era agente

público, não se sujeitando, assim como Tício,

às consequências previstas para os atos de im-

probidade administrativa.

c) deferido em parte, pois o sucessor daquele

que causa lesão ao patrimônio público respon-

e) Considera-se ato de improbidade que causa

prejuízo ao erário o recebimento de vantagem

econômica para promover a intermediação da

liberação de verba pública de qualquer natu-

reza.

17) (Ano: 2014/Banca: FCC/Órgão: PGE-RN/

Prova: Procurador do Estado de Terceira Classe)

Caio, funcionário público, mancomunado

com Mévio, empresário, envolveram-se em

esquema de desvio de verbas que resultou

em prejuízos de um milhão de reais ao pat-

rimônio público. Ao tomar conhecimento da

fraude, a autoridade administrativa represen-

tou ao Ministério Público, que requereu, em

ação por improbidade administrativa, a indis-

ponibilidade de bens tanto de Caio como de

Mévio, o que foi deferido. Cumprida a ordem

em relação a Caio, constatou-se que este

não possuía bens. Por sua vez, Mévio fale-

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Nessa situação hipotética, segundo a Lei n.º

8.429/1992 — Lei de Improbidade Administrati-

va —, o ressarcimento do dano

a) só seria devido se a conduta tivesse sido

omissiva, caso em que teria de ser comprova-

do o dolo ou a culpa do agente público. 

b) será devido tão só em razão de a conduta ter

sido comissiva, pouco importando, nesse caso,

a comprovação de ter havido dolo ou culpa.

c) só seria exigível caso a conduta em questão

se tivesse dado de forma omissiva, já que não

houve dolo.

d) não poderá ser cobrado do agente público,

independentemente de a conduta ser omissiva

ou comissiva, uma vez que não houve a com-

provação de dolo.

e) será devido independentemente de a con-

duta ser omissiva ou comissiva, sendo suficien-

de apenas até o limite do valor da herança.

d) deferido apenas se comprovado que Tício

conhecia a fraude.

e)indeferido, pois a pena não pode passar da

pessoa do infrator.

18) (Ano:  2018/Banca:  CESPE/Órgão:  TCE-

PB/Prova: Auditor de Contas Públicas - Demais

Áreas) Por ter permitido a alienação de um imó-

vel integrante do patrimônio de uma autarquia

pública estadual por preço inferior ao de merca-

do, determinado agente público causou lesão

ao erário.

Durante o processo, provou-se que o agente

agiu de forma imprudente, bem como consta-

tou-se o nexo causal entre a conduta e o dano.

Porém, não houve comprovação de enriqueci-

mento pessoal do agente, nem indício de má-fé.

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va que atenta contra os princípios da adminis-

tração pública.

c) configurou ato de improbidade administrati-

va, pois a tortura é expressamente prevista no

rol de condutas ímprobas na Lei de Improbida-

de Administrativa.

d) não configurou ato de improbidade admi-

nistrativa, que pressupõe lesão direta à própria

administração, e não a terceiros.

20) (Ano:  2017 / Banca: CESPE / Órgão: TJ-

PR/Prova:  Juiz Substituto) De acordo com

o entendimento jurisprudencial e a Lei n.º

8.429/1992, assinale a opção correta a res-

peito da improbidade administrativa.

a) Conforme o STJ, a tipificação do ato de im-

probidade administrativa que atenta contra os

princípios da administração pública exige a de-

te para tal a comprovação da culpa do agente

público.

19) (Ano:  2017/Banca:  CESPE/Órgão:  MPE-

RR/Prova: Promotor de Justiça Substituto)

Após a captura em flagrante de um ho-

mem, policiais o detiveram na delegacia, onde

o torturaram na tentativa de obter dele a confis-

são da prática de determinado crime. O MP ajui-

zou ação de improbidade administrativa contra

esses policiais.

Nessa situação hipotética, conforme o enten-

dimento do STJ, a conduta dos policiais

a) não configurou ato de improbidade adminis-

trativa, que se caracteriza como ato imoral com

feição de corrupção de natureza econômica,

conduta inexistente no tipo penal de tortura.

b) configurou ato de improbidade administrati-

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monstração de dolo específico.

b) A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido

de que os agentes políticos municipais não se

submetem aos ditames da Lei de Improbida-

de Administrativa, porquanto já estão sujeitos

à responsabilização política e criminal prevista

no decreto-lei que trata dos crimes de respon-

sabilidade de prefeitos e vereadores.

c) Segundo o STF, compete ao primeiro grau

de jurisdição o julgamento das ações de im-

probidade administrativa contra agentes polí-

ticos, ocupantes de cargos públicos ou deten-

tores de mandato eletivo, independentemente

de eles estarem, ou não, em atividade.

d) Para o STJ, nos atos de improbidade admi-

nistrativa que causem lesão ao erário, a res-

ponsabilidade entre os agentes ímprobos é

subsidiária.

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*OBS: lembrar que somente a ação que veicula

pedido de ressarcimento ao erário é imprescri-

tível. As demais sanções previstas na LIA são

prescritíveis.

**OBS: lembrar que a responsabilidade do

agente público é sempre subjetiva, ou seja, de-

pende da demonstração de dolo ou culpa. Não

confundir com a responsabilidade objetiva do

Estado, prevista no art. 37, § 6º, da CF/88 para

as pessoas jurídicas de direito público ou de di-

reito privado prestadoras de serviços públicos.

RESPOSTAS DAS QUESTÕES:

1 C 2 D

3 E* 4 C

5CERTO / ERRADO

/ CERTO6 ERRADO**

7 C 8 E

9 CERTO / ERRADO 10 D

11 A 12 B

13 C 14 A

15 A 16 A

17 C 18 E

19 B 20 C

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Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Ceará

Pós-Graduada em Direito Tributário pra Universidade Anhanguera-Uniderp

Procurador do Estado de Alagoas

Mestre em Direito pela Universida-de Federal do Alagoas

Marcela Vila Nova Luís Vale

Aprovações:

Procurador do Município de Fortaleza (2º lugar)

Procurador do Estado do Mato Grosso

Analista do MPU (4º Lugar)

Analista do TCE-CE

Analista Judiciário do TRE-CE desde 2012 (3º lugar)

Aprovações:

Procurador do Estado de Alagoas

Procurador Federal (27º Lugar)

Advogado da Petrobras (1º Lugar)

Procurador Autárquico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará.

Analista da Justiça Federal

Procurador do Estado de Alagoas

Idealizadores

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